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Universidade Federal de Campina Grande
Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino 1
ANAIS ELETRÔNICOS ISSN 235709765
RESUMO ACADÊMICO: UM GÊNERO FLUTUANTE?
Isabelle Guedes da Silva SOUSA isaguedessilva@gmail.com
Universidade Federal de Campina Grande Guilherme Arruda do EGITO guilhermeegito@gmail.com
Universidade Federal de Campina Grande
RESUMO
Nos últimos anos têm crescido as investigações sobre escrita na universidade, tanto no que se refere à pesquisa sobre a produção de gêneros específicos, como artigos científicos, abstracts, resenhas acadêmicas, entre outros (MOTTA-ROTH; HENDGES, 2010), quanto pela percepção das dificuldades apresentadas pelos acadêmicos para produção desses gêneros. Assim, neste artigo objetivamos analisar 30 abstracts publicados na revista Leia Escola entre os anos de 2009 e 2011. Nosso aporte teórico consiste, principalmente, em Biasi-Rodrigues e Hemais (2005) e Ramos (2011) sobre Sociorretórica; Motta-Roth e Hendges (2010) sobre escrita acadêmica e Biasi-Rodrigues (2009) sobre estrutura retórica de abstracts. Para a realização desse artigo, empreendemos uma metodologia de pesquisa quantitativo-qualitativa, do tipo documental e exploratória. A produção desses abstracts constitui-se alvo da Linguística aplicada, na qual assumimos uma perspectiva indisciplinar (MOITA LOPES, 2003; 2006), pois há um atendimento as demandas de contexto de ensino, em nível superior, que exigirá conhecimento de áreas distintas para compreensão do nosso objeto. Percebemos com os dados que há uma estrutura prototípica específica dos abstracts publicados na revista que diverge do padrão proposto por pesquisas sobre a estrutura de abstracts. Verificamos também disformidade no uso dos marcadores metadiscursivos, principalmente, nos verbos. Concluímos que a produção de abstracts, nessa revista, atende aos propósitos comunicativos da comunidade em que é produzido, mas que apesar da área em que são publicados, divergem do padrão academicamente proposto para abstracts.
Palavras-chave: Abstract. Estrutura Retórica. Gêneros Acadêmicos. Sociorretórica.
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Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino 2
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1. Considerações iniciais
A preocupação de pesquisadores, professores e estudantes com a produção
acadêmica têm crescido nos últimos anos. Isto ocasiona uma produção exacerbada
que muitas vezes focaliza a quantidade de produções, em detrimento da qualidade do
que se produz, pois como afirma Motta-Roth e Hendges (2010, p. 13) “na cultura
acadêmica, a produtividade intelectual é medida pela produtividade na publicação”.
Surgem, diante desse contexto, alguns questionamentos sobre a produção de
abstracts: 1. Qual a estrutura prototípica dos abstracts produzidos para publicação na
revista Leia Escola e 2. De que modo os marcadores metadiscursivos e linguísticos
contribuem na organização desses abstracts.
Desse modo, definimos como objetivo geral analisar 30 abstracts publicados
na revista Leia Escola, entre 2009 e 2011 e, especificamente objetivamos: 1. Identificar
a estrutura prototípica dos abstracts publicados na revista Leia Escola, 2. Elencar e
avaliar os marcadores metadiscursivos mais recorrentes à construção da UR1 desses
abstracts.
Considerando a importância assumida pelo abstract, posto que seja
considerado um dos três gêneros centrais no meio acadêmico: Artigo de Pesquisa
(doravante, AP), abstract e resenha, segundo Motta-Roth e Hendges (2010), como
também percebemos sua inserção em diversos outros gêneros acadêmicos (seminário,
artigo de pesquisa, monografias, painéis, etc.) e, quando não está escrito
adequadamente, pode comprometer sua compreensão, diminuir a credibilidade do
texto e confundir o leitor quanto à qualidade da pesquisa realizada.
Partimos do pressuposto de que, nas disciplinas cursadas pelos autores dos
abstracts, na época e produção, alunos de mestrado acadêmico, há um tratamento
específico com os textos (considerando as condições de produção específicas da esfera
acadêmica), com atendimento às características composicionais e linguísticas, e
consequentemente discursivas sobre os mesmos. Desse modo, nossa análise dos
abstracts destes alunos publicados na Revista Leia Escola é relevante, considerando
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que o meio acadêmico/científico exige ações de produzir e socializar trabalhos de
pesquisa, mas é preciso avaliar a qualidade do que se tem produzido.
Para a fundamentação de nossa pesquisa buscamos sobre a Sociorretórica em
Biasi-Rodrigues e Hemais (2005) e Ramos (2011). Sobre produção textual na
comunidade acadêmica Motta-Roth e Hendges (2010); Clemente Silva (2012); e sobre o
gênero resumo/abstract em Biasi-Rodrigues (2009); Maria da Silva (2012).
Nesse sentido, este trabalho de pesquisa se organiza em mais quatro partes
além destas considerações iniciais: 2. Os procedimentos metodológicos, 3.Referencial
teórico, 4.Análise dos abstracts da revista Leia Escola, e 5. O que concluímos.
2. Os procedimentos metodológicos
Após essa descrição geral sobre a pesquisa realizada, faremos nesta parte a
descrição do processo de realização da pesquisa. Apresentaremos o corpus
descrevendo o processo de seleção e coleta dos dados. Em seguida, situaremos quanto
à natureza e tipo de pesquisa realizada.
Como mencionado anteriormente, o corpus da pesquisa situa-se na área de
linguagem retirado de artigos publicados na revista Leia Escola nos volumes 09,
volume 10, volume 11 (nº01) e volume 11(nº02). Todos os resumos selecionados são
produzidos na área da linguagem, dos quais podemos distribuir dezessete (17) na
subárea da linguística, nove (09) na subárea de literatura, um (01) na sua área de
Língua estrangeira inglesa, dois (02) na subárea de Língua estrangeira Francês, um (01)
de Língua estrangeira espanhola e 01 de Língua estrangeira (sem especificação).
Esses abstracts são produzidos em artigos acadêmicos de alunos de mestrado
de um Programa de pós-graduação em instituição Federal, nos quais os consideramos
escritores proficientes, tendo em vista os seus níveis de escolaridade, bem como de
seus orientadores1.
1 Segundo a página do Programa todos os professores do programa são doutores (acesso em 07 de abril
de 2013).
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Acessamos os abstracts na página eletrônica do programa e as amostras
analisadas são representativas por serem publicações que podem nos demonstrar se a
estrutura prototípica do abstract é atendida na área em que este gênero é objeto de
pesquisa. Para realização da análise, fizemos uma adaptação numérico-alfabética, na
qual, retiramos apenas os nomes dos autores e classificamos de acordo com a tabela
abaixo. Alguns dados foram mensurados em gráficos para serem analisados a partir
dos objetivos específicos desta pesquisa.
O número refere-se ao volume da revista e a letra representa a ordem de
publicação na referida revista:
REFERÊNCIA DA REVISTA CLASSIFICAÇÃO
DA REVISTA
CLASSIFICAÇÃO DOS
ARTIGOS DE ACORDO COM
A ORDEM DE PUBLICAÇÃO
NA REVISTA
Leia Escola: Revista de Pós-Graduação
em Linguagem e Ensino da UFCG v. 9,
n. 1, 2009.
R1 1A– 1B – 1C – 1D – 1E – 1F –
1G – 1H – 1I – 1J – 1K
Leia Escola: Revista de Pós-Graduação
em Linguagem e Ensino da UFCG v.
10, n. 1, 2010.
R2 2A– 2B – 2C – 2D – 2E –2F –
2G – 2H – 2I
Leia Escola: Revista de Pós-Graduação
em Linguagem e Ensino da UFCG v.
11, n. 1, 2011.
R3 3A
Leia Escola: Revista de Pós-Graduação
em Linguagem e Ensino da UFCG v.
11, n. 2, 2011. Julho a dezembro.
R4 4A– 4B – 4C – 4D – 4E – 4F –
4G – 4H – 4I
Tabela 1 – Corpus da análise
Fonte: Egito e Sousa, 2013.
Dessa forma, esta pesquisa é de natureza quantitativo-qualitativa, com uma
abordagem definida que “em vez de coletar dados quantitativos por meio de técnicas
quantitativas tais como levantamentos e questionários fechados, argumenta-se que os
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pesquisadores sociais deveriam coletar dados qualitativos por intermédio de técnicas
projetadas para revelar as perspectivas dos atores”. (MOREIRA; CALEFFE, 2008, p. 56).
Nesse sentido, considerando que a área de atuação desta pesquisa inscreve-se
em torno do trabalho com gêneros, mais especificamente sob a abordagem da
sociorretórica, tornando-se importante ressaltar que a principal motivação em tal área
diz respeito às suas implicações em eventos comunicativos de um determinado
contexto específico, em que a linguagem serve de mediação para a interação social.
Assim, pode-se apontar que tal investigação é de extrema importância para a
comunidade acadêmica, visto que as múltiplas possibilidades de emprego da língua
materializam-se através do uso concreto de um gênero, como o abstract, e que
encontra uma função efetiva na comunidade científica. Por isso, assumimos um dos
métodos que toma como abordagem a materialização do gênero, a Sociorretórica.
Quanto ao tipo, esta pesquisa é documental e exploratória, como destaca Spink
(1999), já que se utiliza de documentos do domínio público como objeto de sua
análise. Para isso, tal investigação levará em conta as recorrentes especificidades
encontradas, na medida em que todo e qualquer documento fala por determinado
grupo social e destaca em si discursos que podem ser depreendidos através da
investigação documental.
3. Referencial teórico
Neste tópico, nos dedicaremos à descrição dos textos utilizados como
referencial teórico, situando a área de conhecimento da pesquisa realizada, como
também discutindo estes fundamentos teóricos com o propósito de firmar um
posicionamento a respeito dos conceitos apresentados.
3.1. As produções textuais realizadas no espaço acadêmico e a contribuição de
Swales
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Algumas pesquisas e propostas recentes sobre o ensino e produção de textos
acadêmicos (MARIA DA SILVA, 2012; CLEMENTE SILVA, 2012), têm revelado uma
diversidade de exigências quanto à estrutura retórica prototípica de textos produzidos,
principalmente em resenhas, resumos, artigos de acadêmicos, seminários que é
organizada de acordo com o contexto da disciplina em que o texto é produzido. Essa
constatação reforça a existência de múltiplos letramentos no espaço escolar,
descaracterizando a ideia dos que concebem a escrita como uma atividade mecânica e
unitária (RUSSELL, 1994, apud, SILVA, 2012, p. 99).
Ainda assim, compreendemos a existência de uma unidade textual que permeia
a materialização do texto, mesmo em comunidades distintas da esfera acadêmica. Essa
materialização realiza-se na forma de gêneros. Conforme Swales (1990, apud, Biasi-
Rodrigues et al, 2009a) o gênero constitui-se um atividade social determinada pela
comunidade discursiva, e não apenas pelos elementos linguísticos que organizam o
texto. Para defini-lo, o autor, elenca cinco características determinantes: 1. A ideia de
gênero como uma classe de eventos comunicativos, em que seus exemplares têm as
mesmas condições de produção; 2. O propósito comunicativo, que motiva a produção
do gênero; 3. A prototipicidade que se define como os padrões semelhantes
assumidos pelos textos. Esses padrões, quando constituem uma maioria das
características definidas pelo gênero, representam um protótipo; 4. A lógica,
intimamente relacionada ao propósito do gênero, que determina o conteúdo,
estrutura e forma; 5. E, a terminologia, nomenclaturas específicas determinadas pela
comunidade discursiva: seminário, artigo de pesquisa, abstract, etc.
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3.2. A constituição do abstract: definição e estrutura prototípica
A abordagem de Swales, denominada de Sociorretórica, considera a análise do
gênero a partir de “modelos retóricos” que constituem a regularidade na distribuição
das informações em um gênero (SWALES, 1990, apud, Biasi-Rodrigues et al, 2009a).
Dentre os gêneros textuais produzidos no meio acadêmico, indicamos a
importância do abstract. Em pesquisas sobre produções acadêmicas, Motta-Roth e
Hendges (2010, p. 152), conceituam o abstract como um texto curto, conciso e seletivo
produzido para a publicação de trabalhos acadêmicos em congressos, seminários etc.,
com o objetivo de apresentar as informações relevantes do texto integral na intenção
de convencer o leitor à aceitação do trabalho apresentado.
Para atender essa função definida pelas autoras, Ramos (2011, p. 43) afirma
que o gênero abstract tem como função “fornecer ao leitor um resumo do texto
estendido, apresentando, sucintamente, uma organização que contenha o tópico da
pesquisa, a metodologia, os resultados e a conclusão”. Os abstracts têm um propósito
mais modesto e urgente: convencer os leitores de que o AP vale a pena ser lido.
(HYLAND, 2004, apud RAMOS, 2011, p. 64).
Biasi-Rodrigues (2009b, p. 60), na análise de resumos de dissertações de
mestrado na área de Linguística Aplicada, sinaliza essa organização do texto em uma
definição também baseada na proposta de Swales e afirma que os abstracts mais
representativos devem sinalizar uma estrutura retórica que contenha: (1)
Apresentação da pesquisa, (2) Contextualização da pesquisa, (3) Apresentação da
metodologia, (4) Sumarização dos resultados e (5) Conclusão da pesquisa.
Entretanto, apesar desta sugestão de estrutura retórica de abstracts, que não
deve ser concebida como uma estrutura estável e estanque, a pesquisadora percebeu
que não há uniformidade quanto à produção do gênero. Biasi-Rodrigues (2009b, p.
57), a partir de entrevistas realizadas com professores da subárea de Linguística,
aponta que na maioria das vezes o abstract é produzido em função das exigências
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propostas pelo evento em que ele será publicado, o que pode indicar irregularidade na
produção de resumos da comunidade acadêmica a que pertencem. Essa constatação
sugere a possibilidade de produzir abstracts com uma estrutura livre.
Podemos definir a partir destas concepções apresentadas que o abstract
objetiva apresentar resumidamente as informações relevantes de natureza teórico-
metodológica e avaliativa do texto-fonte através das Unidades Retóricas (doravante,
UR) para não apenas socializar os conhecimentos, mas também convencer o leitor à
leitura do texto-fonte.
Apesar da pouca uniformidade verificada na estrutura retórica, os textos dos
autores pesquisados apontam para a presença de marcadores metadiscursivos na
sinalização das seções presentes no abstract. Biasi-Rodrigues (2009b, p. 61-62) define
os marcadores metadiscursivos como mecanismos formais e linguísticos que atuam na
coesão, sequência organizada principalmente por justaposição ou conexão nesses
textos. Há marcadores metadiscursivos específicos para sinalizar a contextualização da
pesquisa (Para tanto, Para tal fim), apresentação da metodologia (Para isso, Desta
forma) e conclusão da pesquisa (Dessa forma, Enfim). Motta-Roth e Hendges (2010,
p.159-160) acrescentam a esses alguns marcadores para definição do problema
(explorações recentes em), objetivo (este artigo discute) e resultados (os resultados
apontam).
Tomamos em consideração para nossa análise a estrutura de movimentos
retóricos proposta por Biasi-Rodrigues (1998, apud BIASI-RODRIGUES, 2009b, p. 60)
para abstracts, produzida a partir da proposta de Swales (2000), conforme verificamos
na tabela abaixo:
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Unidade retórica 1 – Apresentação da pesquisa
Subunidade 1A – Expondo o tópico principal e/ou
Subunidade 1B – Apresentando o(s) objetivo(s) e/ou
Subunidade 2 – Apresentando a(s) hipótese(s).
Unidade retórica 2 – Contextualização da pesquisa
Subunidade 1 – Indicando área(s) de conhecimento e/ou
Subunidade 2 – Citando pesquisas/teorias/modelos anteriores e/ou
Subunidade 3 – Apresentando um problema.
Unidade retórica 3 – Apresentação da metodologia
Subunidade 1A – Descrevendo procedimentos gerais e/ou
Subunidade 1B – Relacionando variáveis/fatores de controle e/ou
Subunidade 2 – Citando/descrevendo o(s) método(s).
Unidade retórica 4 – Sumarização dos resultados
Subunidade 1A – Apresentando fato(s) achado(s) e/ou
Subunidade 1B – Comentando evidência(s).
Unidade retórica 5 – Conclusão(ões) da pesquisa
Subunidade 1A – Apresentando conclusão(ões) e/ou
Subunidade 1B – Relacionando hipótese(s) a resultado(s) e/ou
Subunidade 2 – Oferecendo/apontando contribuição(ões) e/ou
Subunidade 3 – Fazendo recomendação(ões)/sugestão(ões).
Tabela 2: Movimentos retóricos do gênero abstract
Fonte: BIASI-RODRIGUES, 2009, p. 60.
4. Análise dos abstracts da revista Leia Escola
Neste tópico, procedemos à análise e discussão dos dados com base no
protótipo de estrutura retórica proposto por Bernadete Biase-Rodrigues (2009),
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produzido em sua tese de doutorado, na qual ela analisou resumos de dissertações de
mestrado na subárea de linguística. Desse modo, dividimos nossa análise em duas
categorias: 4.1. Estrutura prototípica dos abstracts: características na configuração do
gênero, no qual avaliamos como se organiza o modelo prototípico dos abstracts
publicados na revista Leia Escola; 4.2 Os marcadores metadiscursivos na construção da
UR1, em que elencamos os marcadores da subunidade mais recorrente.
4.1. Estrutura prototípica dos abstracts: características na configuração do gênero
Nos trinta (30) abstracts analisados verificamos que há a realização das cinco
UR, proposta por Biasi-Rodrigues (2009). Contudo, essa ocorrência em um mesmo
texto, é verificada somente em dois abstracts do corpus, conforme sinalizamos2 em
negrito, no exemplo 2C:
Resumo 2C: (UR1-1B) Neste artigo, investigamos quais
princípios subjazem à literatura específica sobre as propostas
de ensino de análise linguística. (UR3 – 1A) Para tanto,
partimos de uma breve problematização sobre o ensino de
gramática, discutindo questões relativas à tradição escolar.
(UR2-2) Após a análise de textos teóricos de alguns autores
(COSTA VAL, 2002; GERALDI, 1984, 1996; MENDONÇA, 2006a,
2006b; NEVES, 2004) que investigam o ensino de análise
linguística, (UR4 – 1A) chegamos à sistematização de seis
princípios gerais subjacentes à literatura, os quais são
discutidos e analisados. (UR5 – 2) Por fim, após essa
sistematização realizada, apresentamos alguns
2 Os textos dos abstracts foram transcritos fidedignamente ao modo como foram publicadas na revista,
havendo apenas a inserção de parênteses, realizadas por nós pesquisadores, para sinalizar as UR sugeridas no texto e destaque de algumas palavras, identificadas pelo negrito em todos os exemplos.
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questionamentos que podem desencadear novas pesquisas e
contribuir com a investigação sobre o tema.
Palavras-chave: Análise linguística. Princípios subjacentes.
Ensino.
Nos outros 28 resumos há uma variabilidade quanto à ocorrência das unidades
e subunidades retóricas como verificamos na tabela que demonstra sua frequência nos
abstracts:
UR1 UR2 UR3 UR4 UR5
1B 1A 2 2 1 3 1A 2 1B 1A 1B 2 3 1A 1B
24 12 01 10 06 00 10 04 03 11 01 08 03 00 00
79,6
%
40
%
3,4
%
33,3
%
20
%
00
%
33,3
%
13,3
%
10
%
36,6
%
3,3
%
20
%
10
%
00
%
00
%
Tabela 3. Ocorrência das UR e suas subunidades3
Fonte: Os autores
Com essa tabela, observamos a ocorrência significativa, nos abstracts, da UR1-
1B, que apresenta os objetivos, como também a mínima ocorrência da UR5 que
ocasiona uma tendência de apagamento desta UR, fato também evidenciado por
Ramos (2011) em sua pesquisa de doutorado, com a análise de 150 abstracts em que
esta tendência de apagamento só foi evidenciada no corpus da área de educação.
Essa mínima ocorrência sugere que ao produzirem seus abstracts, os autores
buscam conferir credibilidade a sua pesquisa não pelos resultados alcançados, mas
pelo que se almeja com a pesquisa (UR1-1B), pela teoria que orienta a pesquisa (UR2-
2) e pelo processo de condução da pesquisa (UR3-1A), acrescentando também que a
ocorrência da UR3 é maior que a UR5.
3 A organização da tabela tomou como critério a ocorrência das UR e suas subunidades, nos abstracts,
em ordem crescente, por isso estão diferentes da tabela demonstrada na metodologia.
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A flexibilidade da estrutura retórica dos abstracts produzidos reorganiza a
ocorrência das UR no contrafluxo dos modelos propostos previamente. Essa nova
estrutura pode estar relacionada ao atendimento de propósitos específicos da
comunidade discursiva, pois o abstract é divulgador dos pressupostos sociais e
epistemológicos de sua disciplina e mostra como os membros se posicionam dentro de
sua comunidade disciplinar (RAMOS, 2011, p. 44).
Verificamos mais dois aspectos importantes. Primeiro, a UR4 foi verificada em
onze (11) abstracts e destes, apenas dois apresentam também a UR5: a exposição do
resultado (UR4) pode ocasionar o entendimento de que seriam informações
suficientes dispensando a presença da conclusão (UR5).
A partir dessas características, os abstracts publicados na revista Leia Escola, no
período de 2009 a 2011, revelam a seguinte estrutura prototípica:
Unidade retórica 1 – Apresentação da pesquisa
Subunidade 1B – Apresentando o(s) objetivo(s) e/ou
Subunidade 1A – Expondo o tópico principal e/ou
Unidade retórica 2 – Contextualização da pesquisa
Subunidade 2 – Citando pesquisas/teorias/modelos anteriores e/ou
Subunidade 1 – Indicando área(s) de conhecimento
Unidade retórica 3 – Apresentação da metodologia
Subunidade 1A – Descrevendo procedimentos gerais e/ou
Subunidade 2 – Citando/descrevendo o(s) método(s).
Subunidade 1B – Relacionando variáveis/fatores de controle e/ou
Unidade retórica 4 – Sumarização dos resultados
Subunidade 1A – Apresentando fato(s) achado(s) e/ou
Subunidade 1B – Comentando evidência(s).
Unidade retórica 5 – Conclusão(ões) da pesquisa
Subunidade 2 – Oferecendo/apontando contribuição(ões) e/ou
Subunidade 3 – Fazendo recomendação(ões)/sugestão(ões).
Tabela 4. Estrutura prototípica dos abstracts na revista Leia Escola 2009-2011.
Fonte: Os autores
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Assim, retomamos que há ocorrência das cinco UR propostas por Biase-
Rodrigues (2009), mas a ausência e a baixa ocorrência de algumas subunidades
configuram essa nova proposta de modelo retórico em abstracts publicados na revista.
4.2 Os marcadores metadiscursivos na construção da UR1.
Percebemos, na UR1, da maioria dos abstracts o uso dos demonstrativos “Este”
(14) e “Neste” (06), e os vocábulos “artigo” (12) e “trabalho” (08) como entrada lexical
da subunidade que aborda a finalidade do artigo. Entretanto, o elemento linguístico
que determina a UR1-1B são, principalmente, o verbo e em menor recorrência (08
abstracts) vocábulos ou expressões relacionadas ao léxico “objetivo”, conforme a
tabela abaixo:
Verbos que marcam os objetivos na UR1 Sinônimos que sinalizam os objetivos do
artigo
Realizamos – Objetivamos – Intentamos –
Investigamos – Buscamos investigar –
Analisará – Levantarei – Apresentaremos –
Pretende-se – Investigaram-se – Discorre-se –
Visa Trazer – Focaliza – Realiza – Versa –
Discute – Busca – apresenta.
Objetivamos
Tem como objetivo
O objetivo deste artigo
O nosso objetivo
Nosso objetivo
Objetiva
Tabela 5. Marcadores metadiscursivos para exposição do objetivo do artigo.
Fonte: Egito e Sousa, 2013.
De acordo com a tabela, percebemos que há a manutenção da impessoalidade
nos abstracts (artigos) utilizando verbos na 1ª pessoa do plural.
Verificamos que em alguns abstracts há uma falta de uniformidade quanto ao
uso dos verbos para a UR1-1B: em um mesmo resumo ora o foco é na pesquisa e os
verbos são colocados na 3ª pessoa do singular, ora o foco é o autor com os verbos na
1ª pessoa do plural, como sinalizamos no resumo abaixo, em que recortamos a UR1-
1B, em análise:
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Resumo 3E: Este estudo busca investigar as estratégias de
aprendizagem (EAs) usadas no ensino de inglês como língua
estrangeira (LE) em três escolas de idiomas em Curitiba.
Dos trinta (30) resumos analisados contamos apenas seis (06) resumos com
uniformidade no uso dos verbos dentro do texto, quando a voz é do autor, como
destacamos no exemplo 3C:
Resumo3C: Neste artigo, investigamos quais princípios
subjazem à literatura específica sobre as propostas de ensino
de análise linguística. Para tanto, partimos de uma breve
problematização sobre o ensino de gramática, discutindo
questões relativas à tradição escolar. Após a análise de textos
teóricos de alguns autores (COSTA VAL, 2002; GERALDI, 1984,
1996; MENDONÇA, 2006a, 2006b; NEVES, 2004) que investigam
o ensino de análise linguística, chegamos à sistematização de
seis princípios gerais subjacentes à literatura, os quais são
discutidos e analisados. Por fim, após essa sistematização
realizada, apresentamos alguns questionamentos que podem
desencadear novas pesquisas e contribuir com a investigação
sobre o tema.
Palavras-chave: Análise linguística. Princípios subjacentes.
Ensino.
Inusitada é a ocorrência de dois resumos com verbos no tempo futuro para
sinalizar a fala do autor, além da falta de uniformidade quanto ao tempo/pessoa
verbais:
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Resumo 1K: (UR2-1) As diretrizes curriculares estaduais do
Paraná (DCE), assim como as orientações curriculares para o
Ensino Médio (OCEM) afirmam que o ensino das línguas
estrangeiras modernas (LEM) deve estar primordialmente
voltado à formação de cidadãos críticos e atuantes, conscientes
de seu papel cultural e social. Essa proposta é possível, devido
ao fato de que ao estudarmos uma LEM também podemos
estar estudando a nós mesmos, a nossa língua, a nossa cultura
e a nossa maneira de ver e interpretar o mundo, uma vez que
todas as línguas são indissociáveis de sua carga cultural e social.
(UR2-2) Logo, baseando-me nos estudos de Kramsh (1998) e
Cantoni (2005) (UR1-1B) levantarei algumas reflexões sobre
como essa proposta seria viável, tendo em vista o
desenvolvimento da competência intercultural em sala de aula.
Palavras-chave: Ensino de LEM, Competência intercultural,
Estereótipos, Cultura.
O exemplo acima é bastante representativo da falta de uniformidade quanto ao
uso dos verbos: o autor inicia com a 3ª pessoa do singular no presente do indicativo
focalizando a área da pesquisa, em seguida utiliza o verbo no gerúndio, em 1ª pessoa
do singular para citar o referencial teórico utilizado e por fim utiliza o verbo na 1ª
pessoa do singular no tempo futuro para sinalizar o que se deseja alcançar com a
pesquisa.
Compreendemos que no primeiro verbo, o autor o utiliza no passado, pois os
documentos parametrizadores citados foram escritos e consultados antes do início da
análise, constituindo ações concretizadas antes do momento da escrita. Do mesmo
modo ela utiliza a forma verbal baseando-me, conduzindo-nos ao entendimento de
que os teóricos citados foram lidos antes da escrita do abstract.
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O uso do último verbo, no tempo futuro, nos permite inferir dois aspectos.
Primeiro, que o autor do abstract o escreveu antes da produção do AP, definindo esse
objetivo antes do momento da escrita. Segundo, como esse verbo constitui parte da
UR1-1B, que define o objetivo, entendemos que o alcance deste está refletido nos
resultados que aparecerão no AP, após o abstract, conduzindo o autor a utilizar o
verbo no futuro, porque seus “levantamentos” são apresentados depois.
Além disso, a produção de abstracts funciona basicamente como uma
estratégia de informar o leitor sobre o que contém o artigo. Pressupõe que ao produzir
seu resumo, o autor já tenha iniciado sua pesquisa e possa estar em fase de
constatação dos resultados. A presença de verbos no futuro indica ao leitor que a
pesquisa ainda será realizada. No meio acadêmico este tipo de construção confere
pouca credibilidade a pesquisa reforçada pela ausência da sumarização dos resultados
ou da conclusão (UR4/UR5) como afirma Ramos (2011, p. 44) “ele não é apenas uma
representação das diferentes seções do trabalho, mas uma seleção cuidadosa de
trechos importantes que ressaltam o valor do AP que ele precede”.
5. O que concluímos
Mediante a análise realizada, verificamos que a Sociorretórica tem muito a
contribuir com a produção acadêmica, e principalmente para minimizar a pouca
preocupação de muitos autores4 com a qualidade do que se tem produzido na
academia. Assim consideramos mediante a avaliação dos dados que o gênero abstract
não é um gênero flutuante, mas sim um gênero que sofre influências comunidade
discursiva em que é produzido, especificamente enquanto gênero que atua junto ao
AP, conforme verificamos também em Biase-Rodrigues (1998, apud, BIASE-
RODRIGUES, 2009) e Ramos (2011).
Esta conclusão é ilustrada ao contemplarmos o objetivo de identificar a
estrutura prototípica dos abstracts publicados na revista Leia Escola, em que definimos
4 Considerando autor como qualquer produtor de texto acadêmico.
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o modelo prototípico a partir das características subjacentes aos abstracts publicados
na revista Leia Escola, em que constatamos também que as UR4 e UR5 são utilizadas
em poucos abstracts.
Ressaltamos a importância dos marcadores metadiscursivos na orientação ao
leitor, atendendo ao nosso segundo objetivo que era elencar e avaliar os marcadores
metadiscursivos mais recorrentes à construção da UR1 desses abstracts. Verificamos
que eles contribuem na sinalização do conteúdo do AP e quando utilizados
inadequadamente podem destituir a credibilidade do AP produzido em meio à
comunidade discursiva (científica).
Contudo, os dados permitem que outras reflexões surjam não esgotando aqui a
realização desta pesquisa. Uma das sugestões é a busca pelos autores que tiveram
seus abstracts pesquisados para a continuação dessa reflexão em torno da produção
acadêmica de abstracts para AP publicados na Leia Escola. Sugerimos também
conduzir as evidências reveladas nesta pesquisa ao corpo editorial da revista Leia
Escola, contribuindo com a manutenção da qualidade deste instrumento.
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