Post on 24-Jan-2019
Revestimentos
de
Alto Desempenho - RAD
O mercado de revestimentos para pisos de concreto se
desenvolveu mais expressivamente no Brasil na década
de 1980. Foi nesse momento que os revestimentos au-
tonivelantes de epóxi começaram a ocupar um espaço
fundamental em vários segmentos industriais devido às
suas destacadas propriedades mecânicas, resistência
química, fatores estéticos e grande facilidade de limpe-
za.
Apesar das décadas de 80 e 90 serem marcadas por
grande instabilidade econômica, houve forte expansão
da base industrial, sobretudo nos setores automotivo,
alimentos e bebidas, papel e celulose e farmacêutico,
que fizeram com que o setor de revestimentos para
pisos começasse a ofertar uma grande quantidade de soluções específicas para cada segmento.
Se por um lado a expansão do setor foi um fato relevante, a falta de normas e de critérios apropriados para a fabri-
cação e aplicação de revestimentos colocou a reputação do setor em risco, uma vez que obras de revestimentos
executadas com produtos inadequados e aplicação incorreta tiveram a ocorrência de patologias.
Um grupo de trabalho composto por fabricantes de revestimentos e de equipamentos, consultores e laboratórios
de pesquisa e ensaios de materiais foi criado para discutir e estabelecer práticas para normalização dos vários tipos
de revestimento e de suas aplicações.
Com o apoio da ABCI (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto) e do Ibracon (Instituto Bra-
sileiro do Concreto), foi criado um grupo de trabalho denominado GT-RAD (Grupo de Trabalho de Revestimentos
de Alto Desempenho), que liderou o processo de pesquisa sobre o assunto e deu origem à elaboração da norma
técnica NBR 14050, que foi lançada em 1997 em evento técnico internacional no Instituto de Engenharia, em São
Paulo (SP).
A obtenção de bons resultados no revestimento de um piso não depende apenas do produto empregado, mas também das condições em que o revestimento é aplicado. Para a modernização de pisos existentes, existem vá-rios sistemas de instalação rápida que podem ser aplicados em finais de semana. No caso de pisos novos, deve ser observado o tempo necessário para a cura e endurecimento do concreto e para que o substrato atinja o teor de umidade máximo admissível para cada tipo de RAD. Sempre devem ser tomadas precauções para que, se ne-cessário, haja um sistema de aquecimento, iluminação e ventilação apropriados durante a aplicação.
A preparação das superfícies é um item de indiscutível importância para garantir a boa performance do revestimento. A escolha de um dos vários métodos dis-poníveis para a preparação do substrato depende do tipo de RAD a ser aplicado, do tempo disponível para a aplicação e das condições específicas e necessidades impostas por cada obra. Técnicas mecâ-nicas de preparação são eficazes e muito rápidas.
O substrato a receber o revestimento
deve estar íntegro, resistente e limpo.
Para a remoção de óleos e graxas superficiais, são disponíveis removedores específicos, seguidos por lavagem
com água e sabão neutro. Se estas contaminações estiverem impregnadas numa certa espessura do concreto, é
necessário a completa remoção da camada afetada. Reparos de fissuras e de áreas anômalas devem ser efetua-
dos com materiais e técnicas apropriados, já bem conhecidos pelos técnicos do setor e empresas aplicadoras
especializadas.
A correta preparação, proteção e selamento das juntas, também é de vital importância. Juntas de isolamento, de controle e de movimentação devem ser seladas com produtos específicos e compatíveis com as solicitações atu-antes, para prevenir a penetração de líquidos e de partículas sólidas. Existe no mercado uma grande variedade de selantes para esta finalidade. A proteção de bordas com cantoneiras metálicas previamente fixadas é reco-mendada para áreas vulneráveis a danos ocasionados por impacto ou por tráfego intenso.
Sugere-se ainda que o revestimento seja aplicado por equipes treinadas e supervisionadas e que a instala-ção do RAD seja acompanhada e gerenciada por pro-fissionais e empresas de consultoria especializadas, garantindo a conformidade dos produtos e da aplica-ção, com as especificações do projeto. As obras que têm registrado maior sucesso, consideram o estabele-cimento de um gerenciamento conforme o citado, além de um sistema de garantia da qualidade eficaz, empregando ensaios apropriados de controle de campo e de laboratório.
Principais
Tipos de RAD
Principais tipos de RAD à base de cimento
Tipo Espessura
típica Uso
1. Produtos à base de cimento e óxido de alumí-nio incorporados ao concreto fresco denomina-dos “endurecedores de superfície”(A)
2 a 3 mm Aumento de resistência à abrasão em pisos de con-creto novos, em áreas industriais, em depósitos e garagens
2. Revestimentos espatulados à base de cimen-to, agregados minerais e aditivos especiais(B) 8 a 20 mm
Materiais para o reparo de pisos de concreto exis-tentes
3. Revestimentos espatulados à base de cimento modificado com polímero (SBR ou acrílico), agre-gados minerais e aditivos especiais
4 a 10 mm
Aumento de resistência à abrasão no revestimento de pisos de concreto novos ou existentes. Baixa permeabilidade a óleo e graxa. Pigmentos especiais e o polimento superficial podem propiciar efeito decorativo para uso em áreas comerciais
4. Revestimentos autonivelantes à base de ci-mento modificado com polímero (SBR ou acríli-co), agregados minerais e aditivos especiais
10 a 40 mm
De execução fácil e rápida, se prestam principal-mente à renovação de pisos existentes cujas super-fícies encontram-se deterioradas. Para a aplicação são utilizados misturadores-bomba especiais.
• Materiais à base de cimentos e aditivos especi-ais para reparos rápidos
5 a 150 mm Usados em reparos emergenciais e permanentes em pisos e em pavimentos de concreto, permitindo a rápida liberação para tráfego (1,5 hora)
Principais tipos de RAD à base de polímeros
Tipo Espessura
típica Uso
1. Seladores de baixa espessura, aplicados em 1 ou 2 demãos
0,1 a 0,15 mm
Selamento de revestimentos monolíticos espatula-dos ou de epóxi-terrazzo, conferindo-lhes maior resistência química e facilidade de limpeza
2. Pinturas de baixa espessura, aplicadas em 2 ou mais demãos(A)
0,1 a 0,2 mm
Alta resistência ao ataque químico e de fácil limpe-za. Uso em indústrias de higiene e limpeza, alimen-tícias, farmacêuticas, hospitais e laboratórios
3. Pinturas de alta espessura, aplicadas em 1 ou mais camadas(B) 0,3 a 1 mm
Alta resistência ao ataque químico e elevada resis-tência à abrasão, além de fácil limpeza. Uso em in-dústrias químicas, de higiene e limpeza, alimentí-cias, farmacêuticas, hospitais e laboratórios
4. Revestimentos espatulados 4 a 10 mm
Alta resistência mecânica, à abrasão e ao impacto, com superfície antiderrapante. Também oferece elevada resistência ao ataque químico, se selado com uma pintura adequada. Uso em indústrias me-talúrgicas, áreas de montagem e em áreas molha-das. O emprego de agregados coloridos os habilita como revestimento decorativo, em áreas comerci-ais
5. Revestimentos autonivelantes 1,5 a 6 mm
Alta resistência mecânica, à abrasão, ao impacto e elevada resistência química. A superfície lisa permi-te fácil limpeza e assepsia. Uso em indústrias de higiene e limpeza, alimentícias, farmacêuticas, hos-pitais e laboratórios
6. Revestimentos constituídos por camadas múl-tiplas
1,5 a 4 mm
Alta resistência à abrasão. Para uso em áreas que requerem boa resistência mecânica e química, mas não exigem resistência ao impacto. A adoção de agregados coloridos habilita o seu uso como reves-timento decorativo em áreas comerciais
7. Revestimentos laminados 0,6 a 2 mm Alta resistência química e à abrasão. Uso em indús-trias químicas, petroquímicas e em indústras de papel e celulose
8. Revestimentos anticorrosivos 5 a 40 mm
Revestimentos monolíticos ou para rejuntamento e assentamento de cerâmicas e tijolos anticorrosivos, constituídos por polímeros e cargas especiais. Uso como barreira química em sistemas anticorrosivos.
9. Revestimento decorativo Epóxi-terrazzo(C) 4 a 12 mm Alta resistência à abrasão e ao riscamento, de fácil limpeza. Uso em aeroportos, escolas, shopping cen-ters e edificações comerciais
• Revestimentos antiderrapantes 0,2 a 2 mm Para o revestimento de rampas e escadas
• Materiais para reparos rápidos 2 a 50 mm Para reparos rápidos e permanentes, reforço de bordas de juntas ou para a regularização de pisos existentes
Com a disponibilização de resinas e de endurecedores epóxi de última geração, bem como de aditivos que permitem a obtenção de sistemas de maior resistên-cias mecânica, à abrasão e ao riscamento, foram intro-duzidos recentemente no mercado norte-americano, RAD decorativos denominados “Epóxi-Terrazzo”(C). Além de uma aparência estética muito bonita, estes revestimentos apresentam vantagens importantes pa-ra este tipo de utilização, tais como: • Cores e efeitos estéticos e arquitetônicos ilimitados; • Elevada durabilidade e baixo custo de manutenção; • Ausência de juntas, menor sobrecarga e variedade de cor em relação a placas de pedras decorativas como o mármore e o granito e cerâmicas de alto padrão; • Fácil e rápida instalação, facilidade de limpeza e ele-vada resistência química.
Essa nova geração de RAD decorativos Epóxi-
Terrazzo vem se estabelecendo como uma
alternativa inteligente para grandes projetos
comerciais e institucionais e ainda, para edifi-
cações de uso público. A flexibilidade do sis-
tema no que tange a cores, tipo de acabamento
e possibilidade de inserir no piso logomarcas e
desenhos sofisticados, aliada às vantagens des-
critas, tem gerado uma forte tendência ao uso
deste tipo de RAD em projetos de grande por-
te. As características arquitetônicas e as eleva-
das resistências mecânicas deste sistema tam-
bém deverá estabelecer novas alternativas,
mesmo para pisos industriais, em áreas em que
se pretenda causar maior impacto estético.
Fonte: Revista Pisos Industriais / ANAPRE