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8/14/2019 Rotas do Mundo Antigo China, Roma e o Sistema Mundial Nos Sculos I ao III d.c. Andr Bueno
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APRESENTAO
O objetivo deste trabalho investigar como foiconstrudo, entre os sculos I ao III d.C., umprocesso de relao e interao entre dois grandesimprios antigos, Roma e a China an, centrosgeradores de poder capa!es de organi!ar umsistema de comunicao e comrcio "ueatravessava toda a #sia e "ue se manifestavaplenamente na estruturao de suas economias e
sociedades, configurando de uma formacompletamente nova as rela$es polticas "ueabrangiam diversas sociedades da %ntig&idade.
'sta relao teve alguns antecedentes hist(ricos,como veremos adiante, mas ela se consolida defato na poca "ue buscamos analisar. )al fato sedeve, provavelmente, a estabilidade poltica e
econ*mica "ue se desenvolve no perodo, "uandoambas as civili!a$es se achavam consolidadas emsuas foras. +... -as o "ue caracteri!ou essainterao, e por"ue ela ocorria Como ela se deu%s respostas podem ser encontradas nadocumentao antiga, mediante uma dissecaoapurada/ em variados trechos vemos aparecer,tanto nas fontes romanas "uanto nas chinesas,men$es sobre o outro, a"uele "ue durante um
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bom tempo foi negligenciado pelos tradicionaisestudos ocidentais. 'ste outro o estrangeiro,a"uele cujo povo envia ou recebe gente e produtos,"ue se destaca pela sua diferena, e "ue por elafica sendo conhecido. 0o caso dos romanos, v1riosso os povos estrangeiros "ue esto alm do limes2e os chineses so um deles. Igualmente, veremosnos documentos orientais men$es sobre osindianos, os partos e a"ueles "ue nos interessamtanto "uanto interessavam aos antigos/ osromanos3 %parentemente todas estas sociedades j1
se conheciam de alguma forma, mas este t(picono parece ter despertado grande interessehist(rico para a maior parte dos especialistas atento.
4ara e5plicar essa relao 6 e para retir16la doterreno do acaso 6 temos "ue lanar mo, porm,de algumas indaga$es fundamentais, j1 citadas
anteriormente/ como se dava essa interao 'm"ue nvel ocorria 7ual sua funo poltica eecon*mica Como se desdobrava no meio social8amos buscar responder uma a uma estas"uest$es.
-as...9eja :em 8indo ao meu ;ivro sobre as Rotasdo -undo %ntigo3 )odo o material a"ui presente fa!
parte da minha dissertao de -estrado defendidana ??>. 8oc@ encontrar1informa$es sobre as rotas da seda, sistemamundial, China, Roma, o intercAmbio entrecivili!a$es do mundo antigo e suas trocas culturaise materiais.
'spero "ue voc@s aproveitem a 8isita3 7ual"uerdBvida, entrem em contato comigo ou d@em uma
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configurando de uma forma completamente nova as
rela$es polticas "ue abrangiam diversas sociedades da
%ntig&idade.
'sta relao teve alguns antecedentes hist(ricos, como
veremos adiante, mas ela se consolida de fato na poca "ue
buscamos analisar. )al fato se deve, provavelmente, a
estabilidade poltica e econ*mica "ue se desenvolve no
perodo, "uando ambas as civili!a$es se achavam
consolidadas em suas foras. H neste momento, por
e5emplo, "ue vamos ter o desenvolvimento completo da
rota da seda, "ue foi oficialmente organi!ada e controladaalgumas dcadas antes pelo imperador chin@s da dinastia
an Ju Ei+K. -as o "ue caracteri!ou essa interao, e
por"ue ela ocorria Como ela se deu
%s respostas podem ser encontradas na documentao
antiga, mediante uma dissecao apurada/ em variados
trechos vemos aparecer, tanto nas fontes romanas "uanto
nas chinesas, men$es sobre o outro, a"uele "ue duranteum bom tempo foi negligenciado pelos tradicionais estudos
ocidentais. 'ste outro o estrangeiro, a"uele cujo povo
envia ou recebe gente e produtos, "ue se destaca pela sua
diferena, e "ue por ela fica sendo conhecido. 0o caso dos
romanos, v1rios so os povos estrangeiros "ue esto alm
do limes2 e os chineses so um deles. Igualmente, veremos
nos documentos orientais men$es sobre os indianos, os
partos e a"ueles "ue nos interessam tanto "uanto
interessavam aos antigos/ os romanos3 %parentemente
todas estas sociedades j1 se conheciam de alguma forma,
mas este t(pico no parece ter despertado grande interesse
hist(rico para a maior parte dos especialistas at ento.
4ara e5plicar essa relao 6 e para retir16la do terreno do
acaso 6 temos "ue lanar mo, porm, de algumas
indaga$es fundamentais, j1 citadas anteriormente/ como
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se dava essa interao 'm "ue nvel ocorria 7ual sua
funo poltica e econ*mica Como se desdobrava no meio
social 8amos responder uma a uma estas "uest$es.
Inicialmente, temos de reconhecer "ue o processo de
articulao entre as sociedades da %ntig&idade a"ui
envolvidas se dava atravs do comrcio+>, tendo em vista
"ue no e5istiam fronteiras comuns entre algumas delas.+L
'ste comrcio internacional centrava6se no flu5o de
produtos estrangeiros de lu5o e de alto valor, utili!ados em
todas as partes do mundo antigo pelas elites locais para
demonstrar seu prestgio e sua fora econ*mica perantesuas pr(prias sociedades Me no caso de Roma e China,
tambm, perante as outrasN. 0este ponto somos obrigados
a contestar a viso de -. =inle, "ue acreditava ser o papel
do comrcio secund1rio no mundo cl1ssico.+P Com o
aumento dos empreendimentos ar"ueol(gicos neste campo,
tem6se mostrado "ue a circulao de mercadorias na
%ntig&idade era muito maior do "ue a"uela apresentada
unicamente pelos mercados locais, o "ue contesta a visoao "ual se apegava este autor.+Q
'sta relao comercial cumpria, como afirmamos, uma
funo indispens1vel s sociedades da poca/ reprodu!ir as
desigualdades internas e e5ternas, tanto atravs do controle
econ*mico da atividade "uanto pela demonstrao de
prestgio e poder, manifestada pela utili!ao de
mercadorias e5(ticas e de lu5o. O impressionante nessa
relao ser1 observar "ue, em "uase todas as partes desse
mundo antigo, tal pr1tica se reprodu!ia, e muitas ve!es
mediante a utili!ao de alguns produtos especficos, tais
como a seda chinesa.
'5istiam algumas dificuldades nas estruturas deste canal de
comunicao/ sendo o comrcio feito por terra+S, pela rota
da seda, ou por via martima, atravs do oceano Dndico+T ,
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os agentes componentes deste flu5o Mmercadores, produtos,
informa$esN se viam obrigados a passar por territ(rios cuja
ordenao e estabilidade poltica eram vari1veis e no
necessariamente articuladas aos Uinteresses sino6romanosV/
a 41rtia, por e5emplo, conseguiu a inimi!ade de ambos os
imprios, tantas foram suas tentativas de controlar este
flu5o, en"uanto os Wushans do norte da Dndia se mostraram
menos agressivos e mais diplom1ticos, mandando
embai5adas tanto para o Ocidente "uanto para o Oriente,
embora no sculo II j1 estivessem bem enfra"uecidos a
ponto de aceitar uma presena chinesa mais ativa no seu
territ(rio. ' podemos, igualmente, falar em interesse sino6romano )alve! sim/ em pe"uenos detalhes da
documentao, observaremos "ue, por ve!es, os literatos
chineses projetaram em Roma uma nao ideal2 e os
romanos viram nos distantes 9ericos uma pot@ncia to forte
como a sua+X, o "ue nos leva a pensar "ue em alguns
casos a curiosidade, ajudada pela distAncia, criava o desejo
do mBtuo conhecimento. -as este desejo aparece sempre
ligado aos objetos "ue despertam o fascnio um do outro/ asmercadorias de lu5o.
Observamos, portanto, "ue o comrcio a grande via desta
relao/ mas como faremos para compreender o seu papel
de integrao entre as mais diversas sociedades "ue
compunham o mundo antigo Compartilhando da viso
relativa teoria Centro 6 4eriferia, entendemos "ue houve a
construo de uma relao hier1r"uica mut1vel entre as
regi$es submetidas politicamente ao controle dos centros de
poder MRoma e ChinaN, "ue interagiam neste processo como
geradoras de e5cedentes negoci1veis e 1reas de consumo,
alm de atuarem necessariamente como terreno de
fronteira. 'sse territ(rio, a 4eriferia, era o lugar de encontro
das rotas comerciais, das feiras, dos povos diferentes/ se
tomarmos o Imprio romano, por e5emplo, veremos "ue
uma destas 1reas mais importantes foi a do Oriente
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4r(5imo, palco de um intenso movimento de luta pelo
controle dos n(s comerciais "ue atravessavam esta regio
em torno dos sculos I d.C. ao III d.C.
% relao de desigualdade e depend@ncia gerada pela
construo desses imprios em diversas 1reas sistemati!ou
a organi!ao do modelo Centro 6 4eriferia Mpara a
%ntig&idadeN de acordo, portanto, com uma srie de
pressupostos ra!oavelmente definidos "ue condicionavam o
funcionamento da poltica e da economia das sociedades a
uma teia de rela$es comple5as e de dinAmica internacional.
8eremos, mais adiante, a estruturao destes pontos.
%s considera$es "ue faremos, no entanto, nos permitem
supor "ue a noo de integrao entre as sociedades da
%ntig&idade estaria vinculada no somente ao interesse
poltico, mas tambm, s possibilidades geradas por um
sistema de poder "ue era capa! de unir as regi$es
perifricas numa mesma estrutura de funcionamento, o "ue
terminava por beneficiar, algumas ve!es, 1reas dominadas"ue se viam favorecidas pela entrada de tcnicas e
investimento romano e chin@s. 0o devemos pensar, no
entanto, "ue o processo de dominao unidirecional/ como
bem observa Yardoulias+Z, por ve!es as periferias podiam
negociar, em certo nvel, sua participao no sistema
colonial. -as ainda assim estariam sempre, em Bltima
instAncia, vinculadas aos interesses dos Centros geradores
de poder2 e as culturas destas metr(poles acabariam sendo,
assim, o fator determinante de organi!ao das rela$es de
e5plorao, como veremos adiante.
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+K O Imperador Ju Ei, de KPK6XT a.C. foi considerado o
Uinaugurador oficialV da rota da seda por ser um dos
primeiros soberanos a investir na construo de uma infra6
estrutura para estas vias comerciais, anteriormente
desordenadas e espontAneas. 4ara saber mais sobre este
overnante, pode6se consultar suas biografias no 9hi ji de
9ima 7ian e no an 9hu de :an u Mdetalhados adiante,
como veremosN ou ler um resumo de sua vida no livro de
4%;
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centroperiferia, sendo "ue suas considera$es parecem ser
v1lidas igualmente para o nosso trabalho.
HISTORIOGRAFIA
Observemos, neste momento, de "ue forma foi elaborada a
discusso historiogr1fica a respeito do tema.
4odemos dividir em duas partes o desenvolvimento dos
estudos em torno das rela$es Roma e China na
%ntig&idade. Iniciemos pelas "uest$es te(rico 6metodol(gicas.
0os Bltimos anos, com o surgimento gradual de novas
descobertas ar"ueol(gicas, alguns setores da ist(ria
comearam a dedicar mais ateno ao estudo dos contatos
internacionais em perodos recuados no tempo. %
investigao desses achados levou parte dos especialistas
envolvidos a duvidar da compartimentao hist(rica "ueatribumos s civili!a$es mundiais e de sua capacidade
cultural e produtiva independente e aut(ctone, tendo em
vista "ue o nvel de trocas entre os setores produtivos da
sociedade dei5ava parecer "ue e5istiriam contatos profusos
entre os mais variados povos desde perodos remotos. Isto
no tirava a originalidade dos mesmos, mas forava os
pes"uisadores a analisar mais profundamente em "ue
condi$es temporais e materiais certos processos hist(ricosreali!aram6se, e "ual a sua relao com outros fen*menos
an1logos.
O resultado do desenvolvimento desse ponto de vista foi a
construo do j1 citado modelo Centro4eriferia, articulado
idia de ciclos hist(ricos nos "uais a presena de Centros
hegem*nicos organi!aria a estrutura poltica mundial Mou o
sistema mundialN, no conte5to de pr1ticas colonialistas de
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diversos nveis e tipos diferenciados.
Eois grandes representantes dessa linha so I. Jallerstein e
%ndr under =ranW, "ue construram uma significativa
parte dos modelos analticos utili!ados pelos adeptos da
teoria Centro4eriferia+K. % idia de sistema mundial "ue
iremos utili!ar, porm, a da 'Wholm e =riedman+> em
conjunto com as proposi$es de Ro\lands+L, "ue se
encarregou de adaptar esse "uadro te(rico6metodol(gico
para o conte5to da %ntig&idade, dando condi$es para "ue
os sistemas imperiais cl1ssicos e o panorama das rela$es
internacionais na poca pudessem ser entendidos lu!desta linha de trabalho.
%ssim sendo, a utili!ao desse modelo deu6nos condio de
articular, de maneira mais efetiva, as informa$es
disponveis a respeito do sistema Roma China "ue j1
haviam sido estudadas no campo historiogr1fico e liter1rio.
Ee fato, algumas pes"uisas em torno do assunto tinhamsido feitas, mas nenhuma de forma plena. irth, autor
ingl@s do sculo I identificou na documentao chinesa
refer@ncias aos romanos, mas no se preocupou em
entender a dinAmica dessa relao, tal como =illio!at, "ue
na =rana, j1 investigava no incio do algo sobre as
rela$es entre Ocidente e Oriente na literatura cl1ssica
greco 6 romana.+P 0esta mesma poca, o ar"ue(logo %urel
9tein percorreu a rota da seda e fe! inBmeras descobertas
significativas, algumas at mesmo ligadas "uesto Oriente
6 Ocidente, mas sem formular nenhum coment1rio mais
profundo sobre o assunto.+Q 'm KZLZ, =. )eggart+S
publicou seu livro, no "ual estabelecia uma correlao entre
o Imprio romano e o Imprio chin@s, tornando6se um
marco neste campo de estudo. )ais pes"uisas, no entanto,
caram no v1cuo at a dcada de Q? do sculo , "uando
outro ingl@s, 9ir -ortimer Jheeler+T, ar"ue(logo
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especiali!ado na Dndia e no Oriente, levantou alguns dados
interessantes sobre a "uesto, principalmente em seu livro
Rome beond the Imperial frontiers, no "ual abordava o
relacionamento do limes romano com foras e5ternas.
Citando o comrcio "ue e5istiria entre as na$es do Oriente
com Roma, este autor retomou a instigante teoria de
)eggart+X sobre a desestruturao do Imprio Ocidental,
cujo fundamento seria uma interrupo abrupta das rotas
"ue abasteciam a 'uropa atravs do Oriente -dio, e "ue
se ligariam diretamente rota da seda.+Z,
concreti!aram um grande volume de informao a respeito
dessas possveis rela$es, mas careciam justamente de um
modelo te(rico6metodol(gico "ue pudesse p*r ordem em
seus achados de maneira a criar uma concepo mais
abrangente e e5plicativa da estrutura de funcionamento
destes contatos Oriente Ocidente. 4odemos adicionar
ainda os trabalhos pioneiros de Cimino+KL, inru+KP e
da"ueles "ue estudaram especificamente a "uesto da rota
da seda+KQ.
4or conseguinte, pela fuso destes dados com as
propostas apresentadas pelas teorias de Centro4eriferia e
9istema -undial+KS "ue podemos finalmente construir
nossas hip(teses, e da inferir um modelo apropriado para
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respond@6las.
Eevemos, porm, considerar um ponto importante neste
nosso trabalho. 9e fi!ermos uma an1lise breve dos autores
"ue abordam a "uesto das rela$es culturais entre as
civili!a$es antigas, veremos "ue e5istem, em alguns, a
tend@ncia em caracteri!ar um processo de difuso cultural
tendo por base a civili!ao "ue o pr(prio pes"uisador
analisa. %ssim, comum ver sin(logos "ue di!em "ue Uos
romanos "uase ignoravam os chineses, en"uanto a China
conhecia ra!oavelmente o OcidenteV+KT, en"uanto alguns
classicistas simplesmente olham o mundo antigo girando emtorno de Roma e rcia.+KX 0ossa posio, diante destas
an1lises, "ue cada autor teve um processo de formao
especfico, o "ue por ve!es no nos os possibilitou de
fa!erem estudos mais abrangentes sobre certos casos Me o
"ue, por ve!es, tambm no eram seus objetivos diretosN2
em segundo lugar, o processo de trocas culturais acabou
por formar um conjunto sobre o "ual as civili!a$es tinham
influ@ncia, mas no controle direto. %ssim sendo, detectar aorigem de certos valores ou conceitos interessante, mas
devemos ter cuidado ao analisa6las, evitando criar
preconceitos ou processos de hierar"uia cultural err*neos
Mtais como acreditar "ue a China era UdonaV da rota da
seda, e5cluindo a participao dos outros centrosN.
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+K J%;;'R9)'I0, I. )he modern \orld sstem/ capitalist
agriculture and the origins of the 'uropean \orld econom
in the si5teenth centur. 0e\ [orW/ %cademic 4ress, KZTP.
8er tambm =R%0Y, %. . U)he modern \orld sstem
revisited6rereading :raudel and JallersteinV in
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9%0E'R9O0, 9. et alli Civili!ations and Jorld 9stem.
;ondon/ %ltamira 4ress KZTQ.
+> 'YO;-, Y. ] =RI'E-%0, ^. UCapitalV imperialism and
e5ploitation in %ncient Jorld 9stemsV. In =R%0Y, %. . et
alli )he Jorld sstem/ five hundred ears or five thousand
;ondon/ Routledge, KZZL. p. QZ6XK.
+L Cf. 0ota Q.
+P IR), =. China and Roman Orient. ;eip!ing, KXXQ e
=I;;IO_%), ^. ;`Inde vue de Rome. 4aris, :elles ;ettres,KZKZ.
+Q ?L6>KPN.
+X )'%R), =., op. cit., p. v65ii Mpref1cioN2 >>Q6>PK.
+Z Ibidem, 0otas KS e KT.
+K? Cf. 0ota Q.
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+KK -%_%'R[, %. publicou v1rios livros e artigos, dos
"uais utili!amos dois neste trabalho. Cf. 0ota Q.
+K> Cf. 0otas Q e S.
+KL CI-I0O, R. 9. et alli %ncient Rome and %ncient India/
commercial and cultural contacts bet\een the roman \orld
and India., KZZS.
+KP I0R
+KX )al como ;'8'7
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econ*micas entre Roma e China constituram um ei5o cuja
importAncia se manifesta no processo de relao das
estruturas de poder em ambos os imprios, bem como em
seus espaos internos.
:uscamos entender, fundamentalmente, a noo de sistema
mundial, "ue consistiria na integrao de centros geradores
de poder e cultura com regi$es perifricas, criando uma
relao de depend@ncia em "ue o papel do comrcio fosse
importante como integrador poltico e econ*mico atravs da
circulao de informao e de mercadorias de lu5o "ue
cumprissem uma funo de peso, monet1ria e socialmente.'ste sistema estaria organi!ado de acordo com os seguintes
pontos/
n % 'scala de integrao entre as regi$es no era baseada
na fronteira fsica, e sim na concepo de interdepend@ncia
entre as elites.
n % Integrao se d1 de formas variadas, segundo recursose mtodos de e5plorao.
n % periferia tambm serve de centro geopoltico,
reprodu!indo as diretri!es da metr(pole mediante a
organi!ao dos meios produtivos, da relao de trocas e do
controle social e administrativo local.
n Controle politicamente motivado, no "ual a interveno
econ*mica varia segundo interesses particulares, mas no
necessariamente articulados ao do 'stado Mo "ue nos
permite observar as diferenas entre as diversas formas de
interveno estatais fomentadas por Roma, China, 41rtia e
Yushana, cada "ual com uma poltica especficaN.
n Integrao "ue segue um padro desigual, tendo por base
a superioridade dos interesses do Centro.
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do centroN e articulando seu funcionamento+S. %s periferias
so, por conse"&@ncia, os grupos sociais, cidades, regi$es,
1reas, territ(rios e tribos "ue sofrem alguma espcie de
ao do centro, seja por sua importAncia estratgica, seja
por sua pro5imidade geogr1fica. O "ue caracteri!a uma
periferia a e5ist@ncia de um grupo ou sociedade local "ue
se articula ao centro hegem*nico por motivos polticos
Maliana ou dominaoN, econ*micos Mgerao de
e5cedentes negoci1veis eou consumo de produtos de
circulao controlada pelo centroN e ainda culturais
Minflu@ncia de h1bitos, pr1ticas e costumes advindos do
mesmo centroN+T. 0enhum destes fatores e5clui ou outro,mas ajudam6nos a determinar o grau de importAncia de
uma periferia dentro do sistema. %pesar de estarem
tambm inseridas num sistema de relao hier1r"uica, cujos
procedimentos so, em geral, definidos pelo centro,
algumas periferias provavelmente possuam uma
capacidade de negociao maior do "ue outras, fosse pela
importAncia de sua produo, sua locali!ao geogr1fica,
etc.+X 0este conte5to, curioso notar "ue a articulaodessas sociedades, fosse com o Imprio romano ou com o
mundo chin@s, foi respons1vel, s ve!es, por uma
substancial melhoria material das mesmas, dado "ue foram
includas em um Ambito de rela$es muito maior do "ue
a"uele "ue anteriormente possuam.
'm um nvel de gradao, podemos ainda definir as semi6
periferias como 1reas "ue sofrem menos interfer@ncia, ou s(
interfer@ncia ocasional, dos centros geradores de poder.
9eriam as regi$es "ue possuiriam fronteiras m(veis com os
limites imperiais tanto de Roma "uanto da China Mmas "ue
ocasionalmente reali!avam trocas com as periferiasN, no
possuindo, portanto, uma insero direta no sistema
mundial mas "ue participavam, ainda assim, do flu5o
comercial e cultural.
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criadores de preos. % concorr@ncia s( aparece nos
mercados criadores de preos. '5istem ainda elementos "ue
podemos chamar funcionais/ situao geogr1fica, produtos
"ue so trocados, costumes e leis. 7uanto instituio de
mercado chamada UpreoV, entende6se como um caso
especial da categoria das e"uival@ncias2 os preos
competitivos e, portanto, mut1veis, flutuantes, so
relativamente recentes em seu aparecimento hist(rico. 0o
enfo"ue formalista, considera6se o preo como resultado do
comrcio e da troca e, no, como sua condio. 0a definio
realista, o preo define rela$es "uantitativas entre
produtos de diferentes tipos, atingidas mediante escamboou regateio. )rata6se da forma de e"uival@ncia tpica das
economias integradas por meio da troca. -as as
e"uival@ncias, em si, no dependem de trocas/ podem ligar6
se integrao redistributiva.
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como comrcio de mercado, en"uanto todo dinheiro
encarado como dinheiro para troca. O mercado aparece
como instituio geradora de "ue comrcio e dinheiro so
fun$es.
%chei "ue seria v1lido citar esta considerao tendo em
vista "ue, com relao ao tema mercado, nosso trabalho
pareceu apro5imar6se, num primeiro momento, da idia
formalista de uma instituio rgida e centrali!adora "ue,
controlando o flu5o de mercadorias atravs de uma l(gicade trocas definidas pela oferta e procura, acabava por
determinar tanto o preo "uanto a importAncia das
mercadorias.
-. 9ilver discutiu as assertivas de 4olani acerca da
formao de preos, dos portos de troca e dos centros de
coleta de ta5as aduaneiras+KP entendendo "ue o mercado
funcionava, justamente, como um diretor do processo deflu5o comercial, concentrando as atividades de cAmbio e
produo num Bnico setor das atividades sociais.
0o entanto, a e5ist@ncia dos mercados, na %ntig&idade, no
pode ser compreendida por esta l(gica rgida, tendo em
vista as formas diferenciadas pelo "ual estes se
organi!avam e se relacionavam com as institui$es polticas
e sociais. % relao de oferta e procura seria uma das
formas pela "ual se reali!avam os processos de cAmbio de
mercadorias, mas no a Bnica2 a busca Mou absoroN de
produtos de origem estrangeira por motivos ideol(gicos,
religiosos ou sociais criaria, por e5emplo, demandas "ue
poderiam corresponder formao de um novo setor do
mercado, cuja definio de preos seria regulada por
critrios diferenciados Me no somente pela oferta ou
procuraN. %lm disso, a via comercial no seria a Bnica
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forma de troca, tendo em vista "ue polticas de distribuio
de presentes ou de suborno Mcomo as praticadas pela
dinastia anN terminavam por interferir no uso do dinheiro e
na e5ecuo do comrcio, o "ue acabava se manifestando
na constituio dos preos das mercadorias. %ssim, o
mercado no pode ser entendido como uma entidade fi5a,
mas sim como um elemento fle5vel "ue conjuga diversos
campos das atividades produtivas e culturais de uma ou
mais sociedades num processo dinAmico de cAmbio, "ue
sofre a influ@ncia de uma gama variada de fatores polticos,
econ*micos, sociais e religiosos na definio das formas de
troca e na constituio dos preos.
4or conta disso, percebemos "ue as idias formalistas sobre
preo e mercado no funcionariam de pleno acordo com a
maneira pelo "ual se desenvolveu o flu5o comercial entre os
imprios formadores do sistema mundial no perodo
abordado MI ao III d.C.N. %s formas pelo "ual se
constituiriam as rela$es de demanda, a regulao de
preos e a organi!ao de mercados nos permitem supor"ue as sociedades possuam uma influ@ncia definitiva na
organi!ao destes elementos, e diversas motiva$es
ideol(gicas, culturais, econ*micas e polticas teriam sido as
respons1veis pela importAncia "ue o comrcio ad"uiriu, em
determinado momento, na dinami!ao dos intercAmbios
entre as sociedades do sistema mundial. )al multiplicidade
de fatores "ue e5plica, por e5emplo, o interesse
diferenciado dos governos em interferir ou no nos
processos econ*micos2 e, da mesma forma, como
determinadas mercadorias alcanaram um grande valor
sist@mico no s( atravs da valorao de seus preos, mas,
tambm, por suas valora$es culturais e polticas.
% "uesto do valor sist@mico de suma importAncia para
entender as problem1ticas "ue envolvem as mercadorias de
circulao internacional. 'le representaria a importAncia Mem
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termos de valorN de uma determinada mercadoria no
processo de transao entre duas sociedades. 'ste valor
seria definido pela conjugao de uma srie de atributos
econ*micos, culturais e polticos "ue envolvem a produo,
a troca e a especificidade do produto. 4ara "ue uma
mercadoria tivesse, portanto, um significativo valor
sist@mico, era necess1rio "ue ela fosse reconhecida por
mais de uma civili!ao como um elemento de troca com
importantes atributos ideol(gicos, culturais e econ*micos.
0o bastava "ue determinado produto fosse apenas objeto
de e5portao para alcanar um alto valor sist@mico. 9e
observarmos o caso do coral mediterrAnico, por e5emplo,veremos "ue ele devia conseguir um bom preo em prata
nos mercados chineses, mas dentro do pr(prio imprio
romano ele no possua grande valor, o "ue
conse"&entemente diminua sua importAncia sist@mica.
;ogo, o fato de um produto ser custoso em determinada
sociedade no o torna, necessariamente, um elemento de
valor sist@mico/ no entanto, geralmente uma mercadoria de
grande valor sist@mico acabava, normalmente, atingindo umalto preo, j1 "ue seu consumo estava ligado a grupos
especficos da sociedade. %ssim, esta valorao sist@mica
aambarcava tambm o reconhecimento da importAncia
ideol(gica e cultural de um produto para as sociedades
envolvidas no processo de troca. O "ue nosso trabalho
prop$e "ue a elaborao de um sistema mundial na
%ntig&idade alou um grupo de objetos condio de
elementos de cAmbio comum, servindo como
demonstradores de prestgio e poder pelas elites dos centros
hegem*nicos, ligadas por um sistema de interdepend@ncia
"ue configurava a ordenao das pr1ticas sociais e polticas
de poder. ;ogo, estes produtos ad"uiriram um valor
sist@mico por serem aceitos em todas estas sociedades
Mtanto centrais como perifricasN de forma semelhante, ou
seja, como artigos de lu5o importantes para reproduo de
uma hierar"uia social e para manuteno do consumo
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conspcuo.
'ste valor sist@mico nos obriga a fa!er certas considera$es
sobre a conformao das 1reas envolvidas neste sistema
mundial/ em primeiro lugar, e5istia a importAncia
econ*mica da circulao das mercadorias, "ue constituiu um
fator significativo para a sobreviv@ncia dos imprios da
China, 41rtia e Yushana, cuja produo em certos nveis era
sempre problem1tica. % necessidade deste comrcio como
forma de obter divisas para manter a estrutura destas
sociedades fica patente na movimentao em torno das
rotas comerciais no perodo abordado, "uando a pr(priadinastia an incentivou, de forma institucional, a
distribuio de produtos chineses ao longo da rota da seda,
assim como no estabelecimento de pontos de comrcio ao
longo da mesma Mpr1tica essa j1 iniciada com o
anteriormente citado imperador Ju Ei+KQN. O reino 4arto
muito provavelmente via a situao de forma semelhante,
j1 "ue disputava com os romanos o domnio de v1rios
pontos de encontro de rotas Mn(s comerciaisN, comoobservamos atravs das constantes guerras travadas no
perodo dos Cl1udios, =l1vios, %ntoninos e 9everos, alm da
citada pr1tica de dificultar a passagem dos mercadores
estrangeiros por seu territ(rio2 e por fim, as alfAndegas
Wushans+KS, bem como as t1buas de trAnsito an+KT so
uma demonstrao e5ata "ue as ta5a$es e5istiam e "ue o
fisco era uma forma de acBmulo de capital+KX e5ecutada
pelas burocracias estatais+KZ.
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nvel estrutural se reprodu!ia nas desigualdades econ*micas
e5istentes entre 1reas mais ricas e periferias2 em ambos os
casos, a pujana material servia para identificar os
detentores do poder.
'ssa situao fica bem marcada com a adoo por %ugusto,
por e5emplo, da seda pBrpura imperial, smbolo de ri"ue!a
e cuja cor carregava atributos de poder no Ocidente, tal
como no Oriente era a cor de reis.
Conse"&entemente, estabelece6se a um di1logo material
entre dominado e dominador, no "ual a apresentao dosartigos estrangeiros funciona no s( como demarcador
social, mas tambm como fonte de ri"ue!a, rentabilidade e
segurana, estabelecendo para o comrcio internacional
MespecificamenteN um patamar de aceitao diferente do
comrcio local, apesar da proposta de =inle+>? lhes
atribuir importAncias menores em relao as outras
atividades produtivas e de acumulao da poca. 'm
compensao, se podemos observar "ue no Imprio romanoo comrcio no era algo limitado e restrito, e sim, uma
pr1tica de nveis diferenciados, na China a mentalidade
institucional+>K estimulava6o como forma de reali!ao
material e como parte integrante da estrutura social
e5istente. ', como se observou, a dinastia an empregou
tambm os produtos estrangeiros como smbolos de
prestgio, o "ue denotava a e5ist@ncia de uma pr1tica
comum do consumo conspcuo na %ntig&idade como
reprodutora de estruturas sociais.
4odemos, ento, constituir nosso modelo de investigao
atravs dos a5iomas apresentados. )emos, portanto, a
noo do sistema mundial atravs de um conjunto de
rela$es "ue articulam os Centros e 4eriferias, integrando6
os numa estrutura relacional em "ue o valor sist@mico das
mercadorias se torna um fator de articulao atravs de sua
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importAncia como reprodutor de diferencia$es sociais e
ideol(gicas, vinculadas, por conseguinte, formao de um
mercado de produtos de prestgio intrinsecamente
relacionados ao comrcio internacional, cujo papel de
ligao entre esses grupos se manifesta na sua
movimentao poltica, econ*mica e cultural.
%ssim, partindo dos princpios indicados, voltamos
documentao para identificar as fontes "ue fundamentam
nossa pes"uisa. 0o entanto, necess1rio organi!ar esse
material, tendo em vista sua multiplicidade e diferenciao.
=16lo6emos na pr(5ima parte, dedicada e5clusivamente an1lise e a apresentao das fontes.
6666666666666666666666666666666666666666666666666666666666666666666
6666666666666
+K ROJ;%0E9, -., op. cit., p.K6KZ.
+> 'stes a5iomas t@m por base o te5to de ROJ;%0E9, -.
UCenter and 4eripher/ a revie\ of conceptV in ROJ;%0E9,
-. et alli Center and 4eripher in the %ncient Jorld.
Cambridge/ Cambridge
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alli Center and 4eripher in %ncient Jorld. Cambridge/
Cambridge 9I;8'R, -., op. cit., p. ZQ6KQL e KQL KTZ.
+KL Cf. 0ota LT.
+KP 9I;8'R, -., op. cit., p. ZT K?L.
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+KQ Cf. 0ota K.
+KS J'';'R, -. op. cit., p.KX>6>?T.
+KT Cf. ;O'J', -. Records of an %dministration.
Cambridge/ Cambridge
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anN e finalmente o [antienlum, ou )ratado do sal e do
ferro Mao "ual nos remeteremos mais adianteN.
DOCUMENTAO
8amos analisar as fontes, e entender de "ue modo elas
fundamentam nossos conceitos b1sicos.
% princpio, entendemos "ue fosse ade"uado dividir nosso
corpus em grupos especficos de fontes, conte5tuali!ando6as
segundo o g@nero. 'ssa classificao foi necess1ria por"ues( no caso romano, por e5emplo, encontramos tr@s tipos de
documentao diferentes, sem contar seus aspectos
temporais/ temos 4lnio, O 8elho,+K e seu livro ist(ria
0atural, junto com os %nais de )1cito e a Res estae de
%ugusto includos no g@nero hist(rico2 4tolomeu, 'strabo e
4omp*nio -ela no grupo dos ge(grafos, e ainda, o dos
poetas, formado por Ovdio, -arcial e or1cio. %pesar das
diferenas de conte5to "ue cercam cada uma dessas obras,temos a possibilidade de agrup16las na busca de dados,
como integrantes dos te5tos "ue sirvam a nossos objetivos.
Eesta forma, as e5plica$es tcnicas de 4lnio acerca da
seda so, por e5emplo, complementadas pelas informa$es
geogr1ficas do grupo de 'strabo, dei5ando a cargo dos
poetas as informa$es "ue nos transmitem sobre as
concep$es do imagin1rio romano sobre os 9in, ou 9ericos,
MchinesesN. )emporalmente, todos os autores situam6se noperodo entre os sculos I a.C. e II d.C.
%s fontes chinesas constituem um corpo de informa$es de
diversos tipos, condensado em biografias ou hist(rias.
4odemos encontrar nas obras de 9ima 7ian Mo 9hi jiN como
de :an u e =an [e Man 9huN uma redao bem
documentada, resultante de um trabalho comple5o e
aprofundado mas, ao mesmo tempo, complementado por
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indica$es de cunho mitol(gico e mstico. 0o entanto, todas
essas obras foram patrocinadas e aprovadas pelos governos
da dinastia an Mcom e5ceo de =an [e, como veremos a
seguirN e devemos investig16las lu! de sua proced@ncia Ma
elite, e feitas para a mesmaN, bem como do mtodo
utili!ado para constitu6las.
Eevemos por fim definir o "ue podemos utili!ar da"uilo "ue
foi produ!ido pelos partos, Wushans e sassAnidas, "ue no
nos legaram muitos escritos, infeli!mente. 9obre a 41rtia e
o Imprio 9assAnida, temos somente an1lises do material
ar"ueol(gico e um te5to, produ!ido pelo Bltimo, chamadoYarnamiW I %rdashir, "ue seriam as mem(rias hist(ricas
do fundador dessa dinastia, %rdashir I+>. 0o entanto, os
estudos sobre a cultura material desses povos, seus
vestgios ar"ueol(gicos, estilos artsticos e ar"uitet*nicos,
nos proporcionam os elementos dos "uais necessitamos
para concreti!ar nosso trabalho. 0o mais, e5istem tambm
as refer@ncias encontradas sobre eles na documentao
romana e chinesa, "ue utili!aremos sempre "ue possvel.
8amos, ento, analisar mais especificamente as obras "ue
temos em mos.
'm primeiro lugar, temos o trabalho do grupo dos
ge(grafos, representado por 4tolomeu, 'strabo e 4omp*nio
-ela. O esforo destes tr@s autores em retratar as fronteiras
"ue envolvem e comp$em o mundo romano foi um fruto
direto do processo de e5panso "ue o Imprio promoveu ao
longo dos tr@s sculos a"ui abordados. 9eus mapas indicam
a presena dos 9in Mou 9eros, 9eres ou 9ericosN na
geografia e no conhecimento "ue os romanos t@m sobre os
mesmos. % evoluo das formas de cartografia
apresentadas por estes autores demonstra uma mudana na
perspectiva da sociedade imperial romana em compreender
o mundo sua volta, e5pandindo seus hori!ontes para alm
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do limes, embora este processo tivesse muito haver com o
intuito dos romanos em se diferenciarem dos b1rbaros
mediante a delimitao de suas fronteiras fsicas e culturais.
'm segundo lugar, temos o grupo representado por
%ugusto, 4lnio, O 8elho e )1cito, denominado como
hist(ricos. 0ele inclumos os autores respons1veis pela
leitura dos eventos sociais e da hist(ria romana, e, apesar
do te5to de 4lnio ser substancialmente diferente dos outros,
os trechos a "ue recorreremos em sua ist(ria 0atural
possuem as caractersticas necess1rias para en"uadra6loneste grupo Mo "ue nos permitiu concluir, portanto, "ue no
seria preciso criar um novo corpus apenas para abrigar esta
obraN. %ugusto fe! no seu testamento apenas uma breve
meno s na$es conhecidas dos romanos, mas "ue nos
interessa pelos nomes citados, "ue vo at a Dndia. 4lnio,
no sculo I, escreveu sobre a seda e sua utili!ao na corte
romana. 9eu objetivo era demonstrar a origem dos produtos
orientais, descrev@6los e, por fim, criticar a elite romana "ueabusava desses smbolos de prestgio. '5plica6se/ 4lnio era
adepto das idias de austeridade pregadas por )ibrio e via
no consumo da"ueles produtos uma forma conden1vel de
ostentao. Ee 4lnio retiramos os principais achados "ue
contribuem para nossa idia de "ue esses produtos eram
empregados para demonstrar poder e status por parte da
elite, transformando em necessidade a pr1tica do comrcio
internacional, respons1vel pelo abastecimento desse tipo de
mercadoria. ^1 )1cito escreve sobre um perodo comple5o,
em sua viso, "uando o comrcio j1 desenvolvido permeia
um mundo romano cosmopolita, mosaico de culturas
abaladas por guerras, conflitos e uma incrvel profuso de
trocas de informao. O sistema mundial estava, ento,
modificando6se em toda a sua estrutura, reorgani!ando e
estabelecendo novas configura$es de funcionamento, cuja
interdepend@ncia afetava tanto o Ocidente romano "uanto o
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Oriente chin@s.
4or fim, temos o grupo da poesia. 'le representa tr@s
gera$es temporais, convocando nossa leitura a recorrer ao
imagin1rio constitudo pelos romanos sobre os 9in, ou
9eros. Com or1cio MSQ6X a.C.N, temos as primeiras notcias
dos 9in, durante o reinado de %ugusto. Eepois, Ovdio nos
introdu! no mundo do sculo I, citando por ve!es os
chineses em suas obras como os fabricantes das sedas
maravilhosas "ue tanto apeteciam vaidade feminina. ^1
-arcial reprodu!iu, em seus epigramas, a mentalidade forte
e con"uistadora "ue atravessava a sociedade romana do I eII sculo/ ele nos apresenta os 9eros como uma pot@ncia
militar, um imprio poderoso e temvel.
Eessa forma, temos com estes tr@s grupos de autores a
possibilidade de cru!ar informa$es e acompanhar, em cada
conte5to, o processo de desenvolvimento das pr1ticas de
ostentao, assim como de formao do imagin1rio romano
acerca dos chineses, manifestao derivada do aumento dainterao entre o Imprio romano e as 1reas perifricas com
o outro centro de poder da %ntig&idade, a China. 7uanto s
men$es "ue os mesmos fa!em sobre a 41rtia ou sobre a
Dndia, n(s as utili!aremos "uando for necess1rio, embora
este no seja o nosso foco principal. 'm geral, as cita$es
sobre a 41rtia so bem vivas, dado "ue os romanos se
envolviam em numerosos processos polticos e econ*micos
com esta civili!ao. ^1 as refer@ncias sobre os indianos so
menores, abordando basicamente as rela$es econ*micas e
fa!endo algumas cita$es sobre sua cultura+L. Os romanos
no fa!iam muita distino entre os Wushans e os outros
pe"uenos reinos indianos, relacionando a todos como vindos
da IndiWa.
%s fontes chinesas merecem um outro tipo de an1lise
crtica, no entanto, dada a sua nature!a diferenciada. 'las
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constituem um conjunto de te5tos de diversos tipos, como
biografias, hist(rias, escritos tcnicos, geogr1ficos e
religiosos, permeados de dados msticos e folcl(ricos
utili!ados em sua composio.
%ssim, temos de investigar detalhadamente, em meio a
essa documentao, as partes "ue tratam objetivamente
das rela$es internacionais, presentes nas biografias e em
algumas refer@ncias hist(ricas. 0o entanto, esta mesma
nature!a comple5a das fontes chinesas nos permite apreciar
uma "uantidade ra!o1vel de impress$es e particularidades
dos seus contatos com o Ocidente.
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so preciosas para entender os fundamentos da e5panso
chinesa para o Ocidente. 9ima 7ian coletou dados em todas
as partes da China, continuando a tarefa de seu pai, para
escrever a ist(ria das dinastias chinesas, principalmente a
an.+Q 'm sua obra, "ue serviria de modelo para todos os
historiadores posteriores, ele nos conta a construo de
uma grande China, plena de her(is "ue con"uistam pases e
povos, com uma cronologia to bem articulada "ue nos
fornece datas "uase precisas at XPK a.C. M3N+S. 0este
conte5to, 9ima 7ian nos d1 as primeiras informa$es sobre
os reinos do Ocidente, como os %n 5i MpartosN e os reinos
greco6indianos da :actriana.
'stas cita$es surgem nos primeiros contatos dos an com
as civili!a$es da #sia central, "uando do estabelecimento
da rota da seda. Os chineses no tinham uma idia e5ata da
e5tenso do mundo alm das fronteiras partas, mas
prov1vel "ue j1 nessa poca tenham sabido da e5ist@ncia
dos romanos.
-as so :an u e =an e, autores do an 9hu M%nais da
dinastia anN, "ue nos contam a hist(ria das primeiras
tentativas de contato direto entre chineses e romanos
atravs da ist(ria de :an _hao, e da 8iagem de an [in.
'stes trechos so pe"uenos, mas significativos Mcom
e5ceo do e5tenso captulo biogr1fico sobre o general :an
_hao, her(i da poca, como veremos adianteN. :an Chao MI6
II d.C.N tornou6se um general famoso "uando foi enviado
para os e5tremos das fronteiras chinesas an para
assegurar a defesa da rota da seda, debelando uma revolta
no )ur"uesto chin@s, fomentando a criao de protetorados
e postos comerciais e buscando entrar em contato, por via
diplom1tica, com as na$es do Ocidente+T. ' foi seu
enviado, an [in, "ue terminou por nos contar suas
impress$es sobre o mundo do Oeste, embora no tenha
podido ir alm da 41rtia. :an u e =an [e no s( comentam
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este epis(dio como, fiis mentalidade estatal, relacionam
ainda as mercadorias ocidentais e a presena de
negociantes do Oeste em seu imprio.
%s fontes chinesas, nesse ponto, so bastante pertinentes/
elas comprovam, de fato, "ue e5istia um interesse chin@s
pelo mundo romano, e a compreenso resultante deste fato
levou os pr(prios chineses, em alguns momentos, a
parecerem "uerer uma espcie de aliana com os romanos
contra os partos ou contra os 5iong6nu.
)emos, porm, de analisar o processo de confeco do an9hu. Inspirado nos mtodos hist(ricos de 9ima 7ian, :an
u teria comeado a redigir seu livro no sculo I d.C.,
planejando escrever uma hist(ria e5tensa das dinastias an
anterior e posterior. '5plica6se a diferena entre as duas
dinastias/ entre > e >> d.C., um usurpador de nome Jang
-ang tentou estabelecer uma nova dinastia, tendo no
entanto falhado em seu intuito, o "ue permitiu a retomada
do poder pela casa dos an em >>6>L d.C. :an u s(conseguiu redigir sobre o primeiro perodo an, morrendo
em X> d.C. e foi sua irm, :an _hao+X, "ue continuou o
trabalho de escrever sobre a dinastia. %lm disso, o an
9hu foi fi5ado sobre a primeira redao de :an u, o "ue
fe! com "ue os escritos sobre o general :an Chao Mirmo de
:an u e :an _haoN no fossem diretamente adicionados ao
seu conteBdo. 'screvendo sobre a Einastia an %nterior,
:an u no teve, portanto, a oportunidade de abordar o
perodo da Einastia an 4osterior. :an _hao continuou,
porm, a recolher informa$es at morrer em
apro5imadamente K?> d.C. 4osteriormente, =an [e, nos
sculos I8 6 8, teria recopilado o an 9hu, denominando6o
%nais da an %nterior. Os escritos da dinastia an posterior
foram empregados na confeco de uma obra sua, "ue
ganhou o nome de ou an 9hu, ou %nais da an posterior.
Eesta forma, temos um trabalho feito a tr@s mos "ue, no
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entanto, conseguiu manter uma certa uniformidade.
'ngajados ideologicamente no discurso confucionista, o an
9hu e o ou an 9hu so, igualmente, obras de car1ter
hist(rico com os mesmos tipos de refer@ncia do 9hi ji aos
ocidentais e aos povos alm da fronteira. %crescentamos a
esta lista alguns escritos posteriores "ue remetem
igualmente a poca trabalhada/ o Jei ;u, o ^in 9hu, o ;iang
9hu e o 9ong 9hu Mprodu!idos entre os sculos I8 e 8I
d.C.N. 'stes anais, de dinastias ef@meras, cont@m, no
entanto, preciosas informa$es sobre as rela$es da China
com o Ocidente e podem ser empregados para observar a
trajet(ria do raciocnio cultural chin@s diante das civili!a$esdo Oeste. O "ue neles nos interessa um grupo de cita$es
curtas, algumas at copiadas de documentos mais antigos.
Outros trechos, porm, indicam as transforma$es no
processo de relao entre o Ocidente e o Oriente.
Os te5tos chineses so bastante concisos em suas
informa$es/ como foi dito, eles so e"uivalentes, em
conteBdo, aos te5tos do grupo hist(rico da documentaoocidental. Os autores eram precisos "uanto ao conte5to de
sua poca, determinavam listas dos produtos negociados e,
ainda, costumavam emitir breves coment1rios Mseus, ou
talve!, das elites "ue representavamN a respeito da
recepo "ue as mercadorias tinham em suas sociedades,
tanto como dos povos "ue as produ!iriam.
4ara finali!ar as "uest$es sobre a documentao chinesa,
importante falar tambm sobre o sistema de notao "ue
empregaremos2 como as fontes a"ui utili!adas no possuem
uma subdiviso numerada de linhas, versos ou par1grafos
em seus captulos, tal como encontramos nos te5tos gregos
e latinos, faremos somente a citao simples de cada
captulo, j1 "ue os mesmos no contm, em geral, te5tos
muito e5tensos. 8ale ressaltar "ue muitos destes escritos
nunca receberam um sistema de numerao formal2 alguns
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receberam mais de um, e como a escolha de um sistema se
presta confuso, optei, portanto, pela indicao simples
dos trechos, tal como encontramos no livro de irth+Z e
Jatson+K?.
8ale ressaltar "ue "uase todos os te5tos a"ui presentes em
grego ou latim foram colhidos em tradu$es "ue contavam
com a apresentao do te5to original. 0o caso das fontes
chinesas, a transliterao do an 9hu para o ingl@s uma
apresentao incompleta do original2 o 9hi ji em ingl@s est1
completo, e apesar de no contar com o te5to em chin@s,
seu tradutor, :urton Jatson, um dos mais renomadosespecialistas em lngua chinesa da atualidade, o "ue torna
sua verso uma fonte confi1vel. 7uanto aos outros te5tos
Mou an 9hu, Jei ;u, etc.N, o trabalho de =. irth para
vert@6los ao ingl@s M"ue a verso do "ual dispomosN
reconhecido com autoridade por todos os sin(logos e
autores a"ui empregados.
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com "ue os mesmos se tratem no como periferias, mas
sim como centros de poder, relegando aos grupos de
segunda ordem Mpartos, Wushans, etcN e s regi$es
perifricas o papel de b1rbaros ou de menos civili!adosV.
Eesta forma, acreditamos ser possvel construir nosso
trabalho em torno de uma base ra!oavelmente s(lida,
aplicando os conceitos referidos de acordo com o mtodo de
an1lise e os dados provenientes das fontes.
6666666666666666666666666666666666666666666666666666666666666666666
6666666666666
+K %pesar da obra de 4lnio possuir caractersticas "ue a
diferenciam em muito dos te5tos de )1cito e %ugusto, decidi
inclu6la no grupo dos hist(ricos por compreender "ue no
seria necess1rio criar uma nova categoria para a ist(ria
0atural, tendo em vista os trechos "ue dela utili!aremos.
+> Ee fato, a maior parte das refer@ncias te5tuais sobre os
partos e sassAnidas advm dos te5tos romanos ou chineses.
O YarnamiW I %rdashir no nos de grande valia no
caso, no possuindo informa$es significativas para nosso
trabalho.
+L )OR;'[, ^. U)he roman empire and the WushansV., op.
cit., p. KXK6KZ? e CI-I0O, R. U'uropean geographical
Wno\ledge about India in ancient timesV. Op. cit., p. L6T2
U)he idea of a universal empire. )he 4a5 %ugustaV. Op. cit.,
p. K>6KS2 Ueneral references from classical authorsV. Op.
cit., p. XP6XT in CI-I0O, R. et alli %ncient Rome and India /
Commercial and Cultural Contacts bet\een the Roman
Jorld and India, KZZS.
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cuidado muito grande dos chineses antigos com a "uesto
das data$es e da continuidade hist(rica.
+T -OR)O0, J., op. cit., p. TS6X?.
+X % famlia :an era composta por :an Chao, o general
famoso, seu irmo historiador :an u e a irm :an _hao,
escritora e tambm historiadora. O pai, :an :iao, havia sido
igualmente um renomado literato e poeta em sua poca.
+Z IR), . China and the Roman Orient, KXXQ.
+K? 9I-% 7I%0 9hi ji Rceords of the grand historian.
Columbia/ Columbia
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como identificador de grupos em Roma e na China, bem
como em suas depend@ncias, ainda "ue em escalas
vari1veis nos em nveis c@ntricos "uanto nos nveis
perifricos.
H possvel ver, no mundo antigo, a e5ist@ncia de um sistema
"ue vinculava as sociedades pelo intercAmbio material e
cultural sistema esse no "ual se observa a manifestao
de hierar"uias estabelecidas pela diferenciao social e
econ*mica 6 e legitimadas, por conseguinte, pela
redistribuio do poder a partir dos Centros hegem*nicos.
)eria emergido, assim, uma economia de configuraogeogr1fica singular, onde determinados grupamentos ou
regi$es se encontravam em posio especialmente
privilegiada, fomentando um processo de polari!ao das
foras econ*micas e sociais de diversas sociedades. %
premissa "ue embasa o conceito dessas Ueconomias
mundiaisV "ue estas se dividem justamente entre centros
hegem*nicos e 1reas perifricas, no "ual o crescimento
gradual dos primeiros incorpora paulatina e"ualitativamente as regi$es pr(5imas em um regime de
rela$es econ*micas desiguais e dominantes.
%ssim, observamos "ue o perodo compreendido entre os
sculos I ao III d.C. constituiu6se em poca e5tremamente
propcia interao entre o Imprio Romano e o Imprio
an, o "ue buscaremos comprovar a seguir.
O TEMPO
O perodo de unificao de parte da 'uropa no sculo I d.C.
sob a gide de Roma foi definitivo para a consolidao das
rotas comerciais ligadas ao Oriente. % e5peri@ncia no era
nova/ %le5andre -agno j1 havia tentando, sculos antes,
estabelecer algo no g@nero, mas se politicamente sua
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tentativa de construir um grande imprio foi frustrada, os
gregos conseguiram criar bases dur1veis para a difuso de
sua cultura e de seus interesses econ*micos.+K O
estabelecimento dos reinos gregos da :actriana+> e mesmo
a influ@ncia de elementos hel@nicos no reino parto so
mostras da importAncia da cultura grega nestas 1reas+L,
sem contar as influ@ncias "ue os mesmos legaram arte
indiana nas escolas de andhara e -athura, aspecto "ue se
desenvolveria ainda mais com a solidificao da rota da
seda+P, como veremos mais adiante.
0o entanto, so os romanos de fato "ue do coeso estrutura do imprio mediterrAneo/ %ugusto MI a.C. I d.C.N
estende as fronteiras at o Oriente -dio, estabelece as
periferias romanas nessas 1reas e reformula o sistema
poltico com o estabelecimento do 4rincipado. O permetro
constitudo pela 9ria, 4alestina e %rm@nia seria, porm,
uma 1rea de atrito constante com a periferia dos partos,
instalados na 4rsia.+QRoma havia conseguido articular um
territ(rio dividido em provncias cujo trAnsito demercadorias foi favorecido pelo desenvolvimento do
comrcio, estabilidade poltica e uso da moeda romana.
%ssim sendo, a difuso de produtos estrangeiros foi
facilitada entre as elites locais, desejosas de reafirmar seu
prestgio perante Roma e em suas pr(prias sociedades de
origem.
%pesar do seu desenvolvimento nesta poca, este tr1fico
comercial tem origens anteriores ao Imprio Romano. 4ara
entend@6las, devemos saber mais sobre a ist(ria dos
outros tr@s centros e5istentes no perodo/ o Imprio an, a
41rtia e Yushana.
% hist(ria da Einastia an comea no sculo III a.C., com a
deposio da Einastia 7in M"ue havia unificado a ChinaN e a
ascenso ao trono de ;iu :ang, o primeiro Imperador an.
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'stabelecidos sobre uma base burocr1tica
administrativamente eficiente Mao menos neste perodo
inicialN, os chineses da poca se lanaram con"uista de
novos territ(rios, bem como impuseram um controle severo
aos ata"ues dos Ub1rbarosV do 0orte do pas, conhecidos
como iong 0u.+S %s periferias chinesas se estabili!aram
nessas 1reas, locali!adas em torno da rande -uralha da
China, cuja construo j1 perfa!ia, desde o tempo dos 7in,
uma grande parte da fronteira+T 'm direo ao 9ul, os an
chegaram at o 8ietn, tornando6o um protetorado Mem
torno do sculo I d.C.N. ', em relao ao Oeste, foram
variadas as tentativas dessa dinastia de descobrir o "uehavia alm de suas fronteiras com a Dndia.
9ob o reinado do j1 citado Ju Ei, no perodo I a.C., foi
enviada uma e5pedio oficial sob o comando de _hang
7ian para buscar aliados contra os iong 0u e verificar as
fronteiras do Oeste.+X%p(s uma srie de aventuras, a
embai5ada teria entrado em contato com os %n i Mpartos,
cujo nome em chin@s deriva do termo %rs1cida, designao"ue correspondia dinastia governanteN. Informa$es
posteriores foram acrescentadas no relato de :an u+Z,
tais como o nome das capitais partas e de algumas regi$es
do Ocidente.+K?)ratados foram firmados, tentando
assegurar a pa! entre estes dois poderosos reinos, cujas
rela$es eram regidas por desconfianas mBtuas "ue
aflorariam j1 no sculo seguinte, como no caso da
e5pedio do general :an Chao, "ue veremos seguir.+KK
O fato "ue Ju Ei, dispondo das informa$es colhidas por
seus emiss1rios, decidiu organi!ar um sistema comercial
controlado pela burocracia imperial "ue daria origem,
finalmente, rota da seda. _hang 7ian+K> havia
constatado "ue os produtos chineses eram muito apreciados
nas rotas comerciais percorridas2 e o imperador concluiu
disso "ue seria e5celente tanto para poltica como para
economia da China an "ue seus artigos fossem distribudos
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de forma ordenada por toda a #sia central e mesmo por via
martima+KL. 'sta poca marcou o incio da venda e do
presenteamento macio de seda e de mercadorias chinesas
para alm das fronteiras, alcanando at o Ocidente.+KP
'ste processo passou tambm por uma importante
necessidade de definir as fronteiras chinesas a Oeste. Os
an comearam a fortificar as 1reas onde estavam
presentes ao longo da rota da seda, chegando at as
fronteiras dos Wushans, instalados no norte da Dndia, hoje
em 1reas correspondentes ao 4a"uisto e ao %feganisto.
+KQ 'sta ponte sobre o 0orte da Dndia constituiu6se num
territ(rio "ue alternava entre ser uma periferia e uma semi6periferia end(gena ao territ(rio chin@s. 0o sculo I d.C., por
e5emplo, o supracitado general :an Chao foi enviado para
debelar uma revolta no territ(rio do )ur"uesto, e e5istem
indcios de "ue a mesma teria recebido au5lio dos partos.
+KS Ora, esta localidade, "ue os chineses haviam perdido
durante a crise do perodo Jang -ang M>6>> d.C.N, tinha
fronteiras com os Wushans, com a 41rtia ou, no m15imo,
com algum dos pe"uenos reinos de =ergana ou :actriana, o"ue "uer di!er "ue a fronteira entre as periferias desses
'stados era bastante fle5vel e vari1vel.
8@6se por estes dados "ue os an tiveram, portanto, muitas
oportunidades para desenvolver seu sistema comercial, e
tentaram aproveit16las ao m15imo.
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poca de Ju Ei+>?, at "ue, no sculo III d.C., ap(s uma
srie de crises sociais provocadas por perodos de escasse!,
fome, colheitas ruins e administrao ineficiente+>K, a
dinastia an enfra"ueceu6se em definitivo, at "ue a casa
imperial foi derrubada e o Umandato do cuV+>> saiu de
suas mos, dando origem a um perodo de diviso interna
do territ(rio.
9e considerarmos a fronteira chinesa como algo m(vel em
direo ao Oeste, devemos nos perguntar, ento, como se
organi!ava seu principal vi!inho, o reino Yushana, "ue
aparentemente se tornaria um satlite chin@s no perododos sculos II6III d.C.
0a verdade, a ist(ria dos Wushans comea com a UajudaV
indireta dos chineses. O povo "ue teria dado origem a este
reino era conhecido pelos an como [ueh _hi, e no sculo I
a.C. ele teria sido empurrado por guerras violentas
promovidas pelos iong 0u at o 0orte da Dndia.+>L O
movimento "ue a ocorreu teria como causa justamente oschineses, "ue haviam sido vitoriosos em suas lutas contra
os iong 0u e os haviam alijado de seus territ(rios no norte
da China. 'ste domin( lanou os [ueh _hi contra a
enfra"uecida dinastia dos 9haWa, instalada no territ(rio dos
atuais 4a"uisto e %feganisto. =inalmente, no sculo I d.C.,
Yujula Yadphises+>P teria fundado a dinastia Yushan,
conhecida pelos chineses como Yuei 9hang, ou Yuei
9huang, "ue durante algum tempo ainda lutou para se
estabelecer no territ(rio contra um reino satlite da 41rtia,
constitudo com os restos da dinastia 9haWa e vencido, por
fim, no mesmo sculo. 0o perodo dos sculos I e II d.C., a
dinastia Yushana teria conhecido seu 1pice sob o governo
de YanishWa, patrono das artes e religi$es.+>Q 0o so
raras as cita$es sobre os mesmos no 9hi ^i e no an shu.
-as, j1 no final do sculo II, suas estruturas polticas se
desagregaram/ o "ue no foi tomado pelos sassAnidas no
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sculo III terminou por sobreviver, precariamente, como
'stado dependente do poder chin@s. 1 tambm um srio
problema envolvendo a cronologia do reis Wushans, de difcil
soluo pela escasse! de informao sobre o assunto.+>S
'n"uanto constituam, porm, um grande reino, os Wushans
conseguiram significativos recursos controlando as 1reas por
onde passava a rota da seda em seu territ(rio. Isso fica
patente pelos dep(sitos alfandeg1rios encontrados por
Jheeler+>T, com tesouros de origem ocidental e oriental.
%lm disso, as rotas descritas pelo 4riplo+>X aportavam
em territ(rio Wushan, o "ue permitia a esse povo um certo
controle sobre o tr1fego martimo. )al posio permitiu "ueos Wushans fossem bem conhecidos no s( pelos chineses
como tambm pelos romanos.+>Z %ugusto, na primeira
parte no Res estae, comenta sobre a visita de v1rias
embai5adas estrangeiras, entre elas a dos indianos.+L?Eion
fala tambm sobre uma possvel embai5ada indiana a
)rajano+LK, e a Dndia aparece nitidamente nas primeiras
elabora$es geogr1ficas de 4omp*nio, 'strabo e 4tolomeu.
+L>)horle cita ainda a possibilidade de %driano e %ntonino4io terem recebido visitas do g@nero.+LL4or fim, os
romanos parecem conhecer alguma coisa sobre a cultura
indiana, como aparece na obra de =ilostrato, a 8ida de
%pol*nio de )iana. +LP
8emos, assim, "ue os Wushans se estabeleceram, por
conseguinte Me en"uanto puderamN, como um centro poltico
forte, disposto a dar continuidade ao sistema de tr1fico
comercial elaborado pelos chineses, do "ual tiravam
significativo partido, sendo intermedi1rios amig1veis tanto
dos an "uanto de Roma.
Os motivos pelos "uais sua estrutura poltica iria ruir no
sculo III d.C. ainda so uma grande inc(gnita para a maior
parte dos historiadores. %ntes da diminuio do flu5o de
mercadorias "ue ocorreria partindo da China Mem virtude da
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"ueda da Einastia an, o "ue interferiria no comrcio, uma
importante fonte de recursos para os WushansN, vimos "ue
os mesmos, no sculo II, j1 sofriam interfer@ncias polticas
nos seus domnios. Ee imediato, s( podemos analisar
brevemente sua participao neste sistema mundial no
perodo indicado, dei5ando um aprofundamento maior na
"uesto para outra ocasio.
O reino Yushana tinha suas fronteiras delimitadas por um
outro 'stado bastante poderoso na poca, a 41rtia. 'sta
pot@ncia, "ue rivali!ava com Roma em grande!a e fora,
teve seu ciclo de e5ist@ncia locali!ado no perodo >PT a.C >>X d.C. Mou seja, nos sculos III a.C. a III d.C., num
movimento conte5tual bem semelhante ao da China e
pr(5imo das datas da e5panso romana e WushanN+LQ e
sua economia dependia em muito, tambm, das rotas
comerciais "ue passavam por seu territ(rio+LS.
% hist(ria dos partos surge no processo de desagregao do
domnio sel@ucida na #sia central. =ragmentados porrevoltas e guerras, "ue culminam com a independ@ncia de
algumas provncias+LT, os territ(rios dos gregos se
achavam fragili!ados e grupos n*mades vindos das estepes
se aproveitaram do momento para retirar o seu "uinho.
Eestes, os mais fortes foram os partos, "ue con"uistaram
as regi$es pr(5imas do C1spio em >PZ a.C. e fundaram sua
dinastia em >PT a.C. sob a liderana de %rsaces, "ue deu
nome mesma M%rs1cidasN.+LX 0o demoraram a solapar
o "ue restava dos domnios sel@ucidas, e um poderoso
soberano parto, -itrdates I MKTK6KLX a.C.N, finali!ou esta
carreira de vit(rias con"uistando a 4rsia e a :abil*nia.+LZ
'sta onda ecoou em territ(rios distantes/ em K?S a.C. Mno
perodo da segunda viagem de _hang 7ianN, os chineses
enviaram uma embai5ada a -itrdates II em
reconhecimento de sua fora.+P?-anobra h1bil dos
chineses/ eles haviam buscado, anteriormente, apoio nos
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reinos bactrianos+PK contra os iong 0u, mas pressentindo
as mudanas no panorama poltico, aproveitaram a
oportunidade e distriburam mais presentes para os partos
do "ue para os outros.+P>
O reino parto, porm, praticava uma poltica agressiva de
controle nas fronteiras e nas rotas comerciais, bem como na
disputa de territ(rio, o "ue terminou por coloc16lo em
situa$es de conflito e5tremo e de delicado relacionamento
internacional com as pot@ncias Wushan e chinesa, mas
principalmente com Roma.
O conflito entre 41rtia e Roma tornar6se6ia uma hist(ria de
sculos, em disputa, sempre, pelas regi$es da 9ria Mtomada
pelos romanos aos sel@ucidasN, %rm@nia e demais territ(rios
do Oriente -dio. %ugusto+PL ficou famoso por recuperar
as insgnias romanas perdidas por Crasso. ^1 )rajano+PP
foi, provavelmente, o mais bem sucedido de todos os
soberanos romanos na regio, estendendo ao m15imo as
fronteiras imperiais sobre a 1rea/ mas seria justamente-arco %urlio, o Uimperador fil(sofoV, "ue dei5aria seu nome
registrado nos documentos chineses como %n )un+PQ,
representado por uma embai5ada Mcujo car1ter duvidoso
veremos adianteN "ue se utili!ava do prestgio de seu nome
ap(s uma tremenda vit(ria infligida aos partos.
'ste, no entanto, o lado vitorioso romano/ se Roma no
tivesse disputado tantas ve!es suas provncias com as
foras partas, no haveria tantos her(is e con"uistadores na
sua ist(ria. -as o fato "ue os partos dese"uilibravam o
jogo das rela$es internacionais da poca com suas
constantes manifesta$es de fora. ^1 no sculo I d.C.,
"uando :an Chao recon"uistou o )ur"uesto+PS, sup$e6se
"ue ele teria recebido informa$es sobre a presena de
emiss1rios e foras partas Mou gregasN no local, terminando
por enfrent16las e venc@6las.+PT O rei da %rm@nia tambm
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buscou o apoio da distante dinastia an para seu reino,
diante desta instabilidade poltica, enviando embai5adas
corte chinesa.+PX
Eiante destes acontecimentos, vemos "ue os partos no se
sujeitariam facilmente inger@ncia de "ual"uer outro
governo em seu territ(rio2 e na sua poltica e5terna, o tom
conciliador vinha acompanhado de interesses econ*micos e
polticos bem definidos. -as, por isso mesmo, devemos crer
"ue, "uando possvel, este mesmo reino, cuja forte
interao com o flu5o comercial internacional era patente,
deveria buscar formas de administrar suas rela$es polticasnas fronteiras, tanto com as periferias romanas "uanto com
seus vi!inhos orientais, como forma indispens1vel de
sobreviv@ncia. Ea por"ue vemos esta sociedade encarando
o combate aos n*mades orientais+PZcomo uma UtarefaV e
cultivando a cultura grega como forma de arte e de
civili!ao UsuperiorV.+Q? %o partos tinham tr@s capitais
ar"uitetonicamente desenvolvidas, chamadas 'cbatana,
ecatomplos e Ctsifon+QK , "ue tambm possuam umaforte atuao comercial. 4or fim, esta sociedade bem
estruturada s( seria desarticulada, no sculo III, com a
chegada de outro povo vindo dos planaltos iranianos, os
sassAnidas, cuja cavalaria vitoriosa destruiria os
governantes partos+Q> e os substituiria na ameaa aos
romanos. Constitudos por um grupo de etnia persa, os
sassAnidas entram neste final de cena, liderados pelo seu
rei, %rdashir+QL, para constituir um novo reino no -dio
Oriente e assumir o controle das rotas comerciais para o
Ocidente. 'ste grupo, porm, foi mais h1bil na
administrao de seus conflitos e5ternos, e, apesar de sua
periculosidade e efic1cia na guerra contra os romanos,
soube conciliar o maior tempo possvel a e5ist@ncia pacfica
de suas periferias com Roma e com a Dndia, esta, j1 no final
do sculo III, fragmentada em diversos reinos.
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unificou as moedas, os pesos, as medidas, a escrita e as
ta5a$es. 4or conta disso, como o sistema chin@s abrangia
um grande territ(rio, as 1reas perifricas terminaram por
adotar parte das regras chinesas, visando facilitar seu
cAmbio com o Imprio Celeste.
+KP H o caso das cortinas de seda de ^ulio Csar, citado em
Eion, ;III, >P %4
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seria sempre forte.
+>K 4ara um estudo detalhado dessas crises, ver ;O'J',
-. Crisis and conflict in an dnast. ;ondon/ eorge %llen,
KZTP.
+>> %p(s a poca da dinastia _hou, os Imperadores
comearam a governar tendo por base a crena de "ue
recebiam um -andato do Cu, ou seja, um perodo
estabelecido pelas foras c(smicas e pelos deuses, no "ual
recebiam o encargo de administrar a vida na terra. % perda
deste mandato significava a runa de uma dinastia,provavelmente, segundo o imagin1rio poltico chin@s,
por"ue a"ueles "ue e5ecutaram o poder no o teriam feito
de forma correta, incorrendo em crimes contra o povo e
contra a nature!a.
+>L )OR;'[, ^., op. cit., p.T> este ponto mais bem
detalhado no livro de )%4%R, R. istor of India. ;ondon/
armonds\orth, KZSS p. Z>6K?Z e E%0I';OT J'';'R, -., op. cit., p. KSP6KTL2 KXL6>KP
+>X O te5to do 4eriplus indica v1rios pontos de trocas na
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+P? %s datas oscilam neste ponto entre K?S6ZK a.C. 0o 9hi
^i, Cap. CIII, temos uma segunda embai5ada de data no
precisada para os %n i. IR), . China and the Roman
Orient/ researches into their %ncient and -edieval relations
as represented in old chinese records. 9hangai ] ong
Yong, KXXQ p. LQ6ZS situa6a em ZK a.C.2 RO?? situam6na
em K?S a.C. % confuso ocorre por um motivo simples/ em
KKQ6K?Q a.C., temos a segunda viagem de _hang 7ian, o
"ue torna a embai5ada de ZK a.C. um empreendimento
desvinculado de sua figura.
+PK 4or eles nomeados como UEa [uanV. 9hi ^i, CIII.
+P> 9hi ^i, CIII.
+PL %ugustus >T a.C. KP d.C.
+PP )rajano ZTd.C. KKT d.C. Cf. Y'00'E[, E. Rome`sdesert frontier. %ustin/
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partos devem ter tentado enganar ou trapacear os orientais
"uanto origem das mercadorias "ue negociavam2 mas,
contanto "ue fossem respeitadas suas fronteiras, as atitudes
de desconfiana arrefeciam em relao aos estrangeiros, o
"ue lhes permitia ento serem mais abertos sobre a
proveni@ncia dos produtos.+Q
O coral mediterrAnico tambm era e5tremamente apreciado
por chineses e indianos, e os romanos, "ue no davam
muito valor ao mesmo, tratavam de e5plor16lo e revend@6lo
aos negociantes orientais, interessados no produto pelo seu
valor na #sia. ^1 o vidro era trocado por "uantidadesra!o1veis de seda, posto "ue os chineses no conheciam
corretamente a produo do mesmo e tendiam, desta
forma, a confundi6lo com alguma espcie de cristal.+S 4or
fim, os bordados e perfumes parecem ter sido provenientes
do Oriente 4r(5imo, onde as provncias romanas produ!iam6
nos em grande "uantidade para e5portao.+T'5istem
tambm interessantes refer@ncias ao tr1fico de escravos,
"ue eram apreciados pelas elites chinesas por seremestrangeiros, com cores de pele e fei$es diferentes das
suas, o "ue constitua um poderoso smbolo de prestgio.+X
0o "ue se relaciona ao Ocidente, porm, no foi preservada
Mou talve! no se produ!iuN nenhuma lista do g@nero,
comparada chinesa. 9abemos "ue, alm da seda, os
romanos e partos compravam especiarias da Dndia+Z,
tra!iam de l1 tecidos e objetos e5(ticos e admiravam
profundamente a "ualidade do ferro produ!ido na China.
+K?
0a formulao deste sistema de trocas, os centros
articulavam a produo das diversas periferias e5istentes
direcionando6as para as vias de comrcio estrangeiras. 0o
caso de Roma, vemos "ue seus metais preciosos vinham,
como foi dito, da 'spanha e do :1ltico2 "ue o vidro e os
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tecidos provinham da 9ria e do 'gito2 o coral, espalhado
por todo o -editerrAneo, era trabalhado para confeco de
j(ias em v1rias partes do imprio, inclusive no 0orte2 e da
'scandin1via, regio semiperifrica "ue fa!ia contato com as
provncias romanas, provinha o Ambar, "ue era vendido em
pedra ou utili!ado na produo de perfumes na 4alestina e
em outras partes do Oriente 4r(5imo.
Eo mesmo modo, o imprio chin@s controlava a produo e
distribuio da seda, bem como vigiava o trAnsito de
mercadorias e a cobrana das ta5as alfandeg1rias.+KK
%parentemente a seda era produ!ida em toda a China, maso sul obtinha melhores resultados pelo seu clima ameno,
mais ade"uado vida das lagartas, o "ue
conse"&entemente favorecia seu rendimento. O monop(lio
do 'stado afetava tambm a manufatura do ferro, do sal e
de outros produtos negoci1veis no estrangeiro.+K>'m
Roma, a interveno do 'stado nas atividades de comrcio e
produo no parece ter sido to forte, e o seu
direcionamento estaria mais espontaneamente ligado aointeresse econ*mico das elites locais em se articularem ao
sistema do imprio.
Eevemos agora analisar os aspectos geogr1ficos relativos a
estes contatos.
Como vimos, a idia de estabelecer uma rota oficial da seda
partiu do Imperador Ju Ei MI a.C.N, mas seu oficial, _hang
7ian, havia constatado "ue os comerciantes chineses j1
conheciam muito bem as vias de trAnsito na #sia central
"ue levavam Dndia e ao Ocidente.+KL
Os pontos de partida das rotas terrestres eram Chang %n e
;uoang, capitais do Imprio an. % primeira, cidade de
traado geomtrico, contava com uma parte especfica do
seu permetro urbano destinada somente aos mercados,
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onde se misturavam negociantes de todas as partes da
China, caravanas vindas do oeste longn"uo e embai5adas
dos mais diversos locais do mundo antigo.+KP )eria sido a
"ue os chineses haveriam recebido a Uembai5adaV de %n
tun+KQ em KSS d.C. ^. ernet identificou ainda outras
embai5adas Mmais provavelmente caravanasN "ue teriam
sido enviadas aos chineses em ;uoang e em 0anjing em
>>S e >XP.+KS %ntes disso, porm, os chineses j1 haviam
recebido tambm embai5adas da Dndia MXZ e K?Q d.C.N e de
9umatra MKL> d.C.N, alm das j1 mencionadas comitivas do
[ung u tiao de 9han Mo rei da %rm@niaN em XZ, K?S e K>?
d.C.+KT
Ea capital an+KX, a rota terrestre se dirigia cidade de
=engsiang, a Oeste e depois, atravs da regio do ansu,
cidade de %n5i, onde se dividia em dois caminhos, o
percurso sul e o percurso norte, "ue atravessavam
diretamente o deserto de ;iu 9ha, conhecido por n(s como
)aWlamaWam. % diferena entre estes dois caminhos parecia
residir Bnica e e5clusivamente na opo "ue se fa!ia peloso1sis ao longo de cada um deles. %mbos voltavam a se
encontrar, j1 na altura de Yashgar, no final do )ur"uesto,
em direo a 9amarcanda ou diretamente para -erv,
primeira cidade no territ(rio parto. %o passar pelo
induWush e pelo 4amir, os comerciantes chineses j1 se
encontravam em territ(rio Wushan, onde podiam transitar
livremente mediante o pagamento de ta5as, "ue ficavam
guardadas em dep(sitos aduaneiros "ue foram descobertos
por Jheeler.+KZ 9amarcanda, ponto importante desta rota
por ser a conflu@ncia entre mercadores vindos do oriente e
ocidente, esteve na maior parte do tempo em mos
Wushans, embora durante um breve perodo os partos
tenham tentado control16la atravs da imposio do reino
9haWa, mas sem sucesso.
Ee 9amarcanda seguia6se para os limites da 41rtia. avia
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uma proibio e5pressa por parte dos partos de "ue
comerciantes estrangeiros pudessem passar por seu
territ(rio, sendo obrigados a negociar seus produtos em
-erv. 0o temos conhecimento e5ato da e5tenso desta lei,
j1 "ue so os chineses "ue a comentam2 logo, no sabemos
se eram apenas seus representantes e aliados "ue estavam
proibidos de circularem pelo reino, ou se a proibio
alcanava realmente a todos os comerciantes. H difcil
precisar este ponto, j1 "ue os emiss1rios e viajantes
estrangeiros pareciam no ter a mesma dificuldade para
circular pelo territ(rio, salvo em caso de e5ce$es como a
de an [in. -as esta situao era compreensvel, sepensarmos "ue este enviado chin@s representava alguma
espcie de ameaa aos partos ap(s a esmagadora vit(ria de
:an Chao no )ur"uesto. 'ra sabido "ue os chineses
constituam um imprio poderoso e e5pansionista2 e, por
isso, os partos no podiam conceder facilidades a potenciais
inimigos.
Ee -erv, os comerciantes levavam suas mercadorias para osul, em direo ao olfo 4rsico, onde seriam negociadas
com os 1rabes eou levadas para a #frica2 ou ento,
continuavam a seguir as rotas para oeste, at a fronteira do
imprio romano, passando necessariamente pelas suas
capitais, ecatomplos+>?, 'cbatana+>K e por fim
Citsifon, nas "uais provavelmente as cortes retiravam sua
parte nas mercadorias negociadas.
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cortinas de brocado.+>L Ee Citsifon, as mercadorias fluam
atravs da fronteira pelo imprio romano, chegando a 4etra,
)iro, Eura6'uropos, 4almira e Eamasco, alm de ^erusalm.
Ee 'cbatana e5istia uma estrada "ue levava diretamente a
_eugma e tambm a %ntio"uia, cidade em crescimento na
poca.
Eestes mercados os produtos estrangeiros se propagavam
pelos territ(rios romanos, e para os mesmo lugares de
passagem afluam as mercadorias "ue seriam levadas para
o Oriente. Ea esta 1rea do Oriente 4r(5imo ser um
constante motivo de atrito entre romanos e partos/ domin16la seria uma forma de assegurar, para os Bltimos, um
monop(lio ainda maior sobre o flu5o de produtos
estrangeiros2 e para os primeiros, um caminho pelo "ual
pudessem estender sua influ@ncia sobre o Oriente.
Observamos "ue a conformao desta rota estruturava em
parte o trAnsito comercial do sistema mundial. -as e5istiam
ainda outras rotas, "ue devemos analisar.
8oltando a =engsian, encontramos uma via, em direo ao
sul, "ue era mais utili!ada na poca do vero, posto "ue no
inverno ele se tornava intransit1vel. 'ste caminho se dirigia
ao imalaia, atravessando a regio do 9inWiang, onde foram
catalogados inBmeros achados de mercadorias ocidentais e
orientais negociadas nesta 1rea atravs da rota.
+>P4assando por a, a rota seguia para o olfo de :engala,
onde os chineses vendiam ou trocavam nos pe"uenos reinos
hindustas e budistas "ue no estavam sobre o controle dos
Wushans2 ou, continuavam a seguir por terra, para oeste,
at o mar da %r1bia, j1 em territ(rio do reino Yushana ou
ainda, subiam novamente em direo norte at chegarem a
)a5ila, importante cidade "ue fa!ia a ligao entre esta
segunda rota e a primeira.
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4arece6nos "ue esta via no era somente uma opo s
rotas conhecidas como UprincipaisV em determinadas
esta$es do ano. %creditamos "ue ela e5istia pela
comodidade "ue oferecia aos chineses de negociarem
grande parte do tempo em seu pr(prio territ(rio, oferecendo
maior segurana. 0o entanto, prov1vel tambm "ue as
mercadorias indianas e ocidentais lhes chegassem com um
preo maior, devido ao grande nBmero de atravessadores
e5istentes at os portos de :engala e na Dndia central.
%s rotas "ue atravessavam o mar, porm, "ue atualmente
despertam os fascnios dos historiadores.+>Q %trecentemente, muito dos estudos "ue envolviam a
possibilidade de e5istirem vias martimas para o Oriente
resvalavam no realismo fant1stico, e por isso no eram
devidamente analisadas.+>S% evoluo da %r"ueologia
propiciou, no entanto, uma mudana deste panorama, "ue
aliada uma releitura dos te5tos cl1ssicos, nos permitiram
fa!er infer@ncias mais apro5imadas sobre a realidade das
trocas comerciais reali!adas pelo mar.
0esta poca, os chineses no eram ainda grandes
navegadores, preferindo dirigir6se para o interior do
territ(rio. -as acreditavam, de igual maneira, "ue dominar
as 1reas costeiras era importante para o monop(lio do
comrcio, j1 "ue diversas frotas mercantes e embai5adas
vinham por mar. +>T
Eesta forma, podemos compreender o avano chin@s em
direo pennsula da Indochina, chegando ao 8ietn e
controlando a os portos "ue fa!iam a ligao do imprio
chin@s com a -al1sia e 9umatra.+>X %creditamos "ue
nestes portos os chineses j1 se misturavam com
marinheiros de diversas nacionalidades, limitando suas
a$es de longo curso, tendo em vista "ue esta no a
poca, ainda, em "ue a China ser1 conhecida por formar
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'sta breve an1lise da estrutura das rotas