Santillana sermao adaptado

Post on 08-Jan-2017

1.127 views 1 download

Transcript of Santillana sermao adaptado

Sermão de Santo António aos Peixes

Padre António Vieira

ppt adaptado

Estrutura do Sermão

Para o Padre António Vieira, um sermão «é um ato verbal

que se concebe e executa dispondo os argumentos

e calculando os efeitos como quem prepara um combate».

Vitorino Nemésio (introdução a Padre A. Vieira, Sermões Escolhidos,

Lisboa, Bertrand, 1959).

PENSAR

Sermão de Santo António aos Peixes

Pregado em São Luís do Maranhão, em 1654, no dia 13 de junho, dia de Santo António.

Luís Miguel Cintra como Padre António Vieira, numa cena de Palavra e Utopia(2000), de Manoel de Oliveira.

«Pregado na cidade de S. Luís do Maranhão,

ano de 1654. Este sermão (que é alegórico)

pregou o autor três dias antes de se embarcar ocultamente

para o reino, a procurar o remédio da salvação dos Índios.»

Alegoria:

Peixes = representação dos homens

Crítica indireta aos homens

1. Exórdio — Capítulo IO orador apresenta o seu tema e capta a atenção dos ouvintes.

Estrutura do Sermão

2. Exposição e confirmação — Capítulos II, III, IV e V

O orador desenvolve o tema e apresenta argumentos e exemplos.

3. Peroração — Capítulo VI

O orador adverte, novamente, os ouvintes e finaliza o sermão.

Exórdio

cap.I

Jacopo del Conte, Pregação de São João Baptista

(século XVI).

I. Apresentação do conceito predicável

S. Mateus, 5 — «Vós estis sal terrae» / «Vós sois o sal da terra»

Proposição que contém uma metáfora

Ponto de partida do raciocínio que o orador irá desenvolver:

Pregadores = sal da terra

(impedem a corrupção da alma dos ouvintes)

MAS a terra está corrupta Porquê?

Os pregadores não são «sal» (não impedem a corrupção das almas)

ou

Os ouvintes (a «terra») recusam a ação do «sal» (não ouvem a pregação)

• Solução para

O sal não salga / os pregadores não são verdadeiro «sal»

Deitar fora o «sal» = afastar e desprezar o pregador (solução apresentada por Cristo)

• Solução para

A terra rejeita o sal / os ouvintes não ouvem o pregador

Mudar de «terra» = mudar de auditório, sem desistir da doutrina (solução apresentada pelo «grande português Santo António»)

Deixou o auditório que o atacou e foi pregar aos peixes

II. Apresentação de soluções para e

O conceito predicável é «curto» para Santo António

Ele foi «sal da terra e foi sal do mar»

O Padre António Vieira irá demonstrá-lo

— irá falar sobre Santo António —

pregando «como» ele

Pregar como Santo António significa:

voltar-se da terra para o mar

deixar os homens e falar aos peixes

III. O exemplo de Santo António

Garcia Fernandes, Santo António Pregando aos Peixes (século XVI).

Exposição

cap.II

Capítulo II

I. Explicação pormenorizada do conceito predicável

Ser «sal» significa:

impedir a corrupção da terra = afastar as almas do mal

preservar aquilo que é «são» = louvar o bem

Propriedades dos sermões de Santo António

Propriedades do sermão do Padre António Vieira

Estrutura do sermão relacionada com as duas propriedades do «sal»

Preocupação do orador com a «clareza» do seu discurso,

dividido em duas «partes»:

«no primeiro [ponto] louvar-vos-ei as vossas virtudes,

no segundo repreender-vos-ei os vossos vícios» )

Confirmação (louvores em geral)

cap.II

Gerolano Bassano, Entrada dos animais na Arca de Noé (século XVI).

II. Enumeração das virtudes dos peixes

Primeiras criaturas criadas

e nomeadas por Deus;

Criaturas mais numerosas

e as maiores;

Bons ouvintes (ouviram Santo

António) e obedientes;

Salvadores de Jonas, que havia sido

lançado no mar pelos homens;

Livres e puros por viverem longe

dos homens (não se deixam domesticar

nem corromper).

CRÍTICA AOS HOMENS:

Deixam-se levar pelas

vaidades;

Não respeitam os pregadores

da palavra de Deus;

Possuem o «uso da razão»

mas agem irracionalmente;

Aprisionam e corrompem.

Confirmação (repreensões em geral)

cap.IV

Pieter Brueghel, Os Peixes Grandes Comem os Pequenos (1556).

Capítulo IV

Enumeração das repreensões aos peixes:

Comem-se uns aos outros: facto

agravado por uma circunstância» —

os grandes comem os pequenos.

Morrem por um «pedaço de

pano», devido à cegueira e à

ignorância: quando veem um

«pedaço de pano», correm na sua

direção e acabam por morrer.

Exemplos do mundo dos homens:

No Maranhão, os «brancos» também

se «comem» (exploram) uns aos

outros de muitas maneiras; e os mais

poderosos exploram os mais fracos.

Os moradores do Maranhão são

enganados pelos vendedores: gastam

o que não têm e ficam presos pelas

suas dívidas.

Confirmação (repreensões em particular)

cap.V

Capítulo V

Repreensões aos peixes «descendo ao particular»

O orador diz «o que tem contra alguns» dos peixes

Roncador: apesar de pequeno,

ronca muito.

Pegador: é pequeno e pega-se

aos costados de um peixe grande.

Voador: mete-se a ser ave,

voando.

Polvo: esconde-se e muda

de cor.

Analogia com o mundo humano (vícios):

A soberba, característica dos que se atrevem

a comparar-se a Deus.

O oportunismo e o parasitismo dos que vivem

colados aos poderosos.

A ambição extrema.

O monstro dissimulado: assemelha-se a um monge e parece bom e santo; esconde-se para atacar, sendo «o maior traidor do mar».

Capítulo V

Repreensões aos peixes «descendo ao particular»

O orador diz «o que tem contra alguns» dos peixes

Analogia com o mundo humano (vícios):

A soberba, característica dos que se atrevem

a comparar-se a Deus.

O oportunismo e o parasitismo dos que vivem

colados aos poderosos.

A ambição extrema.

O monstro dissimulado: assemelha-se a um monge e parece bom e santo; esconde-se para atacar, sendo «o maior traidor do mar».

Santo António:

perfeita antítese

destes tipos humanos

Santo António:

perfeita antítese

destes tipos humanos

Roncador: apesar de pequeno,

ronca muito.

Pegador: é pequeno e pega-se

aos costados de um peixe grande.

Voador: mete-se a ser ave,

voando.

Polvo: esconde-se e muda

de cor.

Peroração

cap.VI

Peter Paul Rubens,Santo Inácio de Loyola

(início do século XVII)

Último elogio aos peixes (explicação simbólica

do facto de não serem sacrificados).

Autocrítica do orador (pode ofender a Deus com

a memória, o entendimento ou a vontade).

O orador apela ao louvor a Deus.

«Com esta última advertência vos despido»