semiótica peirceana

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Charles Sanders Peirce (1839-1914), cientista, matemático, historiador, filósofo e lógico norte-americano, é considerado o fundador da moderna Semiótica. Graduou-se com louvor pela Universidade de Harvard em química, fez contribuições importantes no campo da Geodésia, Biologia, Psicologia, Matemática, Filosofia. Peirce, como diz Santaella (1983: 19), foi um "Leonardo das ciências modernas". Uma das marcas do pensamento peirceano é a amplição da noção de signo e, conseqüentemente, da noção de linguagem.

Peirce "foi o enunciador da tese anticartesiana de que todo pensamento se dá em signos, na continuidade dos signos“; do diagrama das ciências; das categorias; do pragmatismo.

Semiótica | Charles Sanders Peirce:

Charles Sanders Peirce

Segundo Peirce, a Semiótica é a ciência que tem por objeto de investigação todas as linguagens possíveis, ou seja, que tem por objetivo o exame dos modos de constituição de todo e qualquer fenômeno de produção de significação e de sentido; "é a ciência dos signos e dos processos significativos (semiose) na natureza e na cultura."

A Semiótica, como teoria geral dos signos, tem a sua etimologia do "grego semeîon, que significa ‘signo’, e sêma, que pode ser traduzido por ‘sinal’ ou ‘signo’."

Semiótica Peirceana:

Signo

Objeto Interpretante

Raízes das 3 categoriasRaízes das 3 categorias

• Fenômeno: tudo aquilo que se apresenta à percepção.

• Peirce procura as categorias mais universais da experiência.

• Primeiridade• Secundidade• Terceiridade

[...] quando analisamos o fundamento que é o nível primeiro dos signos, nesse nível

os signos nos aparecem como fenômenos, quer dizer, estamos ainda no domínio da

fenomenologia. Atravessamos esse domínio na direção da semiótica no momento em

que passamos a buscar nos fenômenos as três propriedades que os habilitam a agir

como signos: as qualidades, sua existência e seu aspecto de lei.

Para se ter um conhecimento implícito de algo, de um signo (algo que representa algo para alguém) é preciso

passar por essas 3 categorias criadas por Pierce (semiótica):

• A Primeiridade refere-se a tudo que está presente à consciência naquele instante. Refere-se a todo aspecto de qualidade que vivenciar tal experiência. O primeiro é espontâneo e imediato, original e livre. Primeiridade é a compreensão superficial de um texto.

• A secundidade é a reflexão envolvida nesse processo. É quando a pessoa lê com profundidade e compreensão o seu conteúdo. O observador faz uma compração com experiências e situações vividas por ele. 

• A terceiridade é a reflexão que você fará (pode ser uma ação, uma reflexão etc). É o pensamento em signos, a qual representamos e interpretamos.

PrimeiridadePrimeiridade

É o modo de ser daquilo que é tal como é, sem referência a qualquer coisa. Pura qualidade de sentimento.

“A mera qualidade em si mesma da vermelhidão, sem relação com nenhuma outra coisa, antes que qualquer coisa no mundo seja vermelha”.

Momento de suspensão do pensamento. A consciência aberta para aquilo que a ela se apresenta.

Secundidade

• É o modo de ser daquilo que é tal como é, em relação a qualquer outra coisa.

• É a nossa consciência que reage constantemente com o mundo.

• “[...] a qualidade sui generis do vermelho no ceu de um certo entardecer de outubro”.

• Momento da surpresa, do choque, do conflito.

TerceiridadeTerceiridade

• É o modo de ser daquilo que coloca em relação recíproca um primeiro e um segundo “numa síntese intelectual [...] pensamento em signo”.

• Primeiro: o simples e positivo azul• Segundo: o céu onde se encarna o azul• Terceiro: a síntese intelectual “o azul do

céu”.

Semiose ou ação do signoSemiose ou ação do signo

• A ação de ser interpretado em outro signo.

• Um signo provoca na mente de uma pessoa

um signo equivalente: o interpretante.

• O signo

• O objeto ao qual o signo se refere

• O interpretante

O objetoO objeto

• Objeto dinâmico: o objeto em si próprio. “Tudo aquilo sobre o qual podemos pensar ou falar ou ainda o tema que determina o signo”.

• O objeto imediato: o objeto tal como está representado. “Aquele aspecto que o signo recorta do objeto dinâmico ao representá-lo”.

Os três interpretantesOs três interpretantes

• Interpretante imediato. Tudo aquilo que um signo está apto a produzir em uma mente interpretadora.

• Interpretante dinâmico. Aquilo que o signo efetivamente produz em cada mente singular. Pode ser emocional, energético ou lógico.

• Interpretante em si ou final. Modo como qualquer mente reagiria ao signo, dadas certas condições.

Classificações de signosClassificações de signos

• As relações do signo com ele mesmo.

• As relações do signo com seu objeto

dinâmico.

• As relações do signo como seu

interpretante dinâmico.

A relação do signo com ele mesmo

• Qualisigno. Uma qualidade que é signo. A qualidade do azul sugerindo a imensidão do céu.

• Sinsigno. O qualisigno corporificado em um existente singular. Uma fotografia de um céu azul.

• Legisigno. Um signo que é lei, na maior parte das vezes convencional, arbitrado. O azul da bandeira do Brasil simbolizando o ceú do país.

Relação do signo com oRelação do signo com oobjeto dinâmicoobjeto dinâmico

• Ícone. Mostra uma qualidade que é similar à do objeto a que se reporta.

• Índice. Um signo que mantém uma conexão física ou relacional com seu objeto.

• Símbolo. Um signo que mantém uma relação baseada em uma lei de representação.

Relação do signo com seuinterpretante

• Como o signo é interpretado?

• Um rema. Uma conjectura.

• Um dicente.Um signo atual, existente.

• Um argumento. Um signo que é lei.

O percurso analítico consiste, em primeiro lugar, a lançar um olhar contemplativo para

os fenômenos, de modo que esses se apresentem como signos em si mesmos,

isto é, que mostrem apenas suas qualidades, ou seja, que se revelem somente como quali-signos e que

estabeleçam relações referenciais icônicas com possíveis objetos.

Após essa etapa, o olhar é dirigido para os signos torna-se observacional. Busca-se estar atento ao modo de

existência singular dos fenômenos e a sua dimensão de sin-signos.

Nesse momento, procuramos identificar os índices, isto é, a maneira específica como os signos indicam objetos.

O terceiro tipo de olhar é aquele que abstrai o geral do particular, que extrai de um determinado fenômeno aquilo

que ele tem em comum com todos os outros com que compõe uma classe geral. É quando se detectam os legi-signos. A função desempenhada pelos legi signos é a de

representar simbolicamente seus objetos. O processo representativo do símbolo é compreendido a partir de lei

determinada culturalmente, por convenção ou pacto coletivo.

[...] os sin-signos dão corpo aos quali-signos enquanto os legi-signos

funcionam como princípios guias para os sin-signos. Quali-sin-legi-signos, os três

tipos de fundamentos dos signos, são, na realidade, três aspectos inseparáveis que as

coisas exibem [...]