Post on 06-Jun-2015
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Sociedade de consumo e educação
Profa. Dra. Joice Araújo EsperançaUniversidade Federal do Rio Grande – FURGInstituto de EducaçãoDisciplina Mídias e Educação
Que tempo é esse?
“Modernidade Líquida”
“Os fluidos se movem facilmente. Eles ‘fluem’, ‘escorregam’, ‘respingam’, ‘transbordam’, ‘vazam’, ‘inundam’, ‘borrifam’, ‘pingam’; são ‘filtrados’, ‘destilados’; diferentemente dos sólidos, não são facilmente contidos” (BAUMAN, p. 2001, p.8)
Transição...
• Modernidade Sólida• Conjunto estável de
valores e modos de vida.• Solidez: firme e
inabalável.
• Modernidade Líquida• padrões, códigos e
regras, como pontos estáveis de orientação e pelos quais podíamos nos deixar guiar, estão cada vez mais em falta.
• Liquidez: inconstância, instantaneidade, mobilidade.
Transformações pelas quais passa a sociedade contemporânea: vida pública, privada,
relacionamentos, mundo do trabalho, Estado, instituições sociais.
• Liquidez do tempo, dos padrões, códigos e regras como
pontos estáveis de orientação.
• Efeitos sobre a condição humana, das formas de ser, estar e
agir no mundo.
“Modernidade Líquida”
Modernidade Líquida
• Condições cambiantes tempo/espaço;
• Avanços tecnológicos sem precedentes;
• “Borramento” fronteiras de classe, gênero e geração;
• reconfiguração público/privado;
• Desintegração do sentido de comunidade, individualização;
• Ênfase da produção para o consumo!
Sociedade de consumidores, vida
para consumo!
“O ambiente existencial que se tornou conhecido como sociedade de consumidores se distingue por uma
reconstrução das relações humanas a partir do padrão, e à semelhança, das relações entre os consumidores e
os objetos de consumo” (BAUMAN, 2008, p.19).
Sociedade de produtores – Sociedade de consumidores
Ponto de ruptura: Revolução consumista
Passagem do consumo ao consumismo
O “consumismo” chega quando o consumo assume um papel-chave, tornando-se um
atributo da sociedade.
• renegociação do sentido do tempo, compulsão à mudança;
• excesso, descarte, desperdício...• dissolução do sentido de comunidade –
individualização.• consumo: lógica da vida, a
transformação das pessoas em mercadorias.
Sociedade de consumidores:
“Embora elas [as crianças] tenham uma longa participação no mercado consumidor, até recentemente eram considerados pequenos agentes ou compradores de produtos. Elas atraíam uma pequena parcela dos talentos e recursos das indústrias e eram abordadas principalmente por intermédio de suas mães. Isso se alterou. Hoje em dia, crianças e adolescentes são o epicentro da cultura de consumo”(SCHOR, 2009, p.2).
Mudança de rumo histórico: a aliança crianças e consumo.
As crianças têm uma longa história como consumidoras e
como atores econômicos (SCHOR, 2009).
Efeitos sobre aspectos da sociedade, da cultura e da vida individual!
• Compulsão à mudança: permanente liquidez de idéias, das necessidades, dos desejos e da satisfação, dos compromissos (estão sempre em vias de se desfazer);
• “Os consumidores são acumuladores de sensações, são colecionadores de coisas apenas num sentido secundário e derivativo” (BAUMAN); colecionadores às avessas (SARLO, 2005).
• Pessoas desperdiçadas, “lixo humano”.• Os contratempos e incertezas fazem da
destinação ao “lixo” uma perspectiva global para todos (BAUMAN, 2007).
Cultura do consumo e efeitos sobre a condição humana...
Mídia: conjunto de meios de
comunicação, informação,
entretenimento...
Centralidade na produção e circulação de significados!
Pedagogias Culturais
Aprendizagens relacionada modos de ser,
a modos de pensar,
a modos de conhecer o mundo,
de se relacionar com a vida...
Sociedade de Consumidores...
Pedagogias Culturais...
Orientadas por intentos comerciais.
Mobilizam imensos recursos econômicos e tecnológicos.
Pedagogia do prazer, da sedução, da satisfação imediata...
Estratégias de endereçamento, interpelação...
Modernidade Líquida
Educação não acontece apenas no contexto das instituições educacionais modernas (escola, família, igreja...).
Mídia e Pedagogias Culturais.
Mídia como elemento central, opera a construção e circulação de significados, constitui identidades e subjetividades.
Mediação/negociação de sentidos...
Complexa relação entre produtores, criadores, emissores e os
receptores/consumidores...
Consumo midiático
Modernidade Líquida
Enfim... um tempo de fluidez com profundas implicações para a condição humana – novas gerações!
Modos de ser infantis...
Tempo de “Geração Net” (TAPSCOTT, 1999); “Infâncias Midiáticas” (BUCKINGHAM, 2007)...
Modos de ser infantis...
...de “Infâncias Hiper-realizadas”, mas também “Desrealizadas”
(NARODOWSKI,1999), de “Cybers-infâncias”, mas também de “Infâncias
Ninjas” (DORNELLES, 2005).
Infância e consumo...
N. é uma menina de nove anos. Seus pais realizam a coleta e separação do lixo que recolhem nos bairros situados no entorno da escola, a fim de venderem a parcela reciclável. Assim obtém seu sustento. Diariamente, a menina leva para a escola diversos objetos de consumo que seus pais selecionam para presenteá-la.
Dentre eles estão gibis e revistas, brinquedos, jogos, material escolar... Hoje, ela portava vários exemplares da Revista Recreio. Um deles tratava do seriado Power Rangers. As crianças da turma
demonstraram interesse e entusiasmo pelo conteúdo da revista. As conversas sobre o seriado culminaram com a organização de uma brincadeira, em que meninos e meninas protagonizaram os personagens do seriado que assistem na emissora Rede Globo
(Diário de Pesquisa, 2005).
Para refletir, uma cena...
“Eu ia comprar um monte se eu pudesse. Sabe a novela das nove?
Eu ia ser que nem a Irene: ia comprar um monte de coisa bonita,
roupa, jóia...” (menina, 8 anos).
“Sabe aquele programa do Caldeirão do Huck, que tem a lata velha? Ele
arrumou o carro e daí tinha som, TV, videogame. Eu queria ter um carro
assim” (menino, 7 anos).
“É a Barbie [aponta para um desenho]. Elas pegam as pranchas e vão surfar e depois tomar banho de piscina. Também tem um boné grátis que vem junto. Na propaganda, diz assim: você escolhe rosa
ou branco” (menina, 7 anos).
Eu vi na TV a bonequinha e vem com uma piscininha e com uma prancha. E daí era pra comprar na Loja Continental. K
Outras cenas...
Menino cuja família não possuía geladeira, mas havia adquirido uma TV de LCD a prestações; meninas e meninos cujas famílias recebiam auxílios governamentais e os empregavam na compra
do último celular com câmera fotográfica; meninas que, aos 9 anos, tingiam o cabelo e o alisavam para parecerem-se com
atrizes de telenovelas; grupos de meninas que se vestiam como integrantes do grupo “Rebeldes” e encenavam coreografias no
espaço do recreio e da sala de aula; adultos que relatavam sobre a insistência das crianças em adquirir brinquedos e aparelhos de MP3; crianças que realizavam a lavagem e guarda de carros para
adquirir brinquedos de séries televisivas e tênis Nike...
Acesso às mídias: mudanças no estatuto das crianças, no significado das infâncias...
Experiências cotidianas das crianças são repletas de narrativas, imagens e mercadorias produzidas pelas
grandes corporações globalizadas de mídia.
O próprio significado da infância nas sociedades contemporâneas está sendo criado e definido por meio das interações das crianças com as mídias eletrônicas
(BUCKINGHAM, 2007).
Levar uma vida social
eletronicamente mediada
não é mais uma opção,
mas uma necessidade do
tipo “pegar ou largar”
(BAUMAN, 2008).
Infância consumidora...
• As crianças brasileiras são as que mais assistem TV no mundo (média de 4h51min).
• 14% das crianças brasileiras estão obesas e 25% acima do peso.
• Heróis de filmes de ação e astros da música pop – modelos de papéis crianças de 12 anos no mundo.
Para operar no mundo (em contraste a ser "operado" por ele) é preciso entender como o mundo opera (BAUMAN, 2001, p.242).