Post on 01-Jul-2015
SUPERVISÃO SUPERVISÃO PEDAGÓGICA:PEDAGÓGICA:
DA AÇÃO EXERCIDA DA AÇÃO EXERCIDA À AÇÃO REPENSADAÀ AÇÃO REPENSADA
Michele Roos MarchesanSupervisora Pedagógica
BREVE HISTÓRICOBREVE HISTÓRICO Associada ao “controle”;
O modelo de Supervisão com maior incidência sobre o nosso é o do Estados Unidos; que surgiu em meados do Século XVIII – Inspeção Escolar;
Remete a ideia de Foucault (1977) – Panóptico – super – visão – como expressão do desejo de
controle total sobre os movimentos dos outros.
Supervisão Educacional foi criada num contexto de ditadura – Lei n. 5692/71 – função predominantemente tecnicista e controladora;
A introdução da Supervisão traz para o interior da escola a divisão social do trabalho;
Divisão entre os que pensam, decidem, mandam e os que executam;
DEFINIÇÃO NEGATIVA DO DEFINIÇÃO NEGATIVA DO PAPEL PAPEL
, AQ U ILO Q U E A S U P ER VIS ÃO N ÃO É O U N ÃO :D EVER IA S ER
DEFINIÇÃO POSITIVA DO DEFINIÇÃO POSITIVA DO PAPEL PAPEL
Articulador do Projeto PolíticoPedagógico;
Organizador de reflexões;
O núcleo de definição e de articulação da supervisão – o PEDAGÓGICOPEDAGÓGICO;
Foco nos processos de ensino e aprendizagem
dos(as) alunos(as);
A concepção de supervisão – não se centra na figura do supervisor mas na função supervisora;
Antes de mais nada é um educador combate a tudo aquilo que desumaniza a escola:
o autoritarismo; o conhecimento desvinculado da
realidade; a evasão; a lógica classificatória e excludente; a discriminação social na e através da escola.
Foco de atenção do Supervisor no Foco de atenção do Supervisor no trabalho de formação é tanto:trabalho de formação é tanto:
Individual: deve contribuir com o aperfeiçoamento profissional de cada um dos professores;
Coletivo: ao mesmo tempo ajudar a constituílos enquanto grupo;
Sua práxis contempla as dimensões: Sua práxis contempla as dimensões:
REFLEXIVA
ORGANIZATIVA
CONECTIVA
INTERVENTIVA
AVALIATIVA
MEDIAÇÃOMEDIAÇÃO
O supervisor se relaciona com o professor visando sua relação – diferenciada e qualificada – com os alunos;
Articulação entre a pedagogia da sala de aula e a pedagogia institucional – para o mesmo fim – a formação humana.
COMO MEDIADOR...COMO MEDIADOR... Acolhe o professor em sua realidade, em suas
angústias, reconhece suas necessidades e dificuldades;
Faz a crítica dos acontecimentos;
Trabalha em cima da ideia de processo de transformação;
Busca caminhos alternativos; fornece materiais; provoca para o avanço;
Acompanha a caminhada no seu conjunto.
Existe aqui um movimento de alternância entre
CRIAR e ALIVIAR TENSÃOCRIAR e ALIVIAR TENSÃO
ABERTURA PARA UM NOVO PARADIGMA
PASSAR DE “SUPER” VISÃO PARA “OUTRA”VISÃO!
DESDOBRAMENTO DA FUNÇÃO DESDOBRAMENTO DA FUNÇÃO SUPERVISORASUPERVISORA
Em função do espaço em que atua tem tanto a interface com o “chão da sala de aula” quanto com a administração;
A comunidade em que a escola está inserida
“A educação, não importando o grau em que se dá, é
sempre uma teoria do conhecimento que se põe
em prática.(...) O supervisor é um educador e, se
ele é um educador, ele não escapa na sua prática a
esta natureza epistemológica da educação. Tem a
ver com o conhecimento, com a teoria do
conhecimento. O que se pode perguntar é: qual o
objeto de conhecimento que interessa diretamente
ao supervisor? Aí talvez a gente pudesse dizer:
é o próprio ato de conhecimento ato de conhecimento que se
está dando na relação educador/educando.”
(FREIRE, 1982: 95)
CONDIÇÕES SUBJETIVAS CONDIÇÕES SUBJETIVAS PARA AÇÃO SUPERVISORAPARA AÇÃO SUPERVISORA
SENSIBILIDADE...SENSIBILIDADE...
Assim como o professor não pode desistir do aluno, o supervisor não pode desistir do professor;
Uma das grandes virtudes que se aponta hoje para a função supervisora é a sensibilidade, a capacidade de estar aberta, perceber o outro, reconhecer suas demandas, suas lacunas, bem como seu potencial, seu valor.
Esta sensibilidade leva ao cuidado de não generalizar. Exemplo: “os” professores são resistentes.
As generalizações apagam as diferenças;
Ter capacidade de identificar e valorizar as práticas novas que estão acontecendo;
Dá uma certa leveza ao tão desafiador trabalho de formação – principalmente quando consideramos a necessidade de desconstruir conceitos, hábitos e atitudes já enraizados.
CONFIANÇA...CONFIANÇA... Os professores precisam notar que os
supervisores estão com eles, no sentido de ajudálos a terem um trabalho mais adequado do ponto de vista pedagógico;
A confiança não vem por decreto; conquistase com o tempo.
VER,OUVIR, FALAR,
COMPREENDER, PREZAR
OLHAROLHARDa minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver
noUniverso...Por isso a minha aldeia é tão grande como outraterra qualquer.Porque eu sou do tamanho do que vejoE não do tamanho da minha altura...
Fernando Pessoa
O olhar ativo – que presta atenção
Na tarefa de supervisão pedagógica, de formação, é muito importante prestar atenção no outro, em seus saberes, dificuldades, angústias.
Um olhar atento, sem pressa, que acolha as mudanças, as semelhanças e as diferenças; um olhar que capte antes de agir.
Nosso olhar sempre tem uma perspectiva – nossos objetivos, pressupostos, tendências, crenças teóricas, critérios.
Enfim... O ponto de vista em relação ao homem e ao mundo que carregamos e que temos conosco.
A amplitude do olhar:
Olhar imediato Olhar imediato de curto alcance que nos aproxima às pessoas e aos problemas do
cotidiano;
Olhar mais amplo Olhar mais amplo – que nos faz projetar o futuro, o que desejamos construir a médio
e a longo prazos.
OUVIROUVIR Rogers (1983) fala de duas experiências com as quais
muito aprendeu sobre relações interpessoais: 1) a alegria em conseguir realmente ouvir 1) a alegria em conseguir realmente ouvir
alguém:alguém:
“Quando digo que gosto de ouvir alguém estou mereferindo evidentemente a uma escuta profunda. Quero
dizer que ouço as palavras, os pensamentos, a tonalidadedos sentimentos, o significado pessoal, até mesmo osignificado que subjaz às intenções conscientes do
interlocutor”. (1983: 5)
2) A alegria em ser ouvido2) A alegria em ser ouvido
A tentativa de um ouvir ativo e de uma fala consequente torna mais confortável o relacionamento da supervisão pedagógica com os professores.
FALARFALARLutar com palavrasÉ a luta mais vã.Enquanto lutamosMal rompe a manhã.São muitas, eu pouco.Algumas, tão fortesComo o javali.Carlos Drummond de Andrade
Pode ser organizadora, sistematizadora do pensamento do professor ou bloqueadora;
Ela tanto pode destruir como fortalecer um relacionamento interpessoal;
É na atuação que a fala é reconhecida, a atuação legitima a fala.
Tanto o olhar atento como o ouvir ativo são prérequisitos para uma fala que seja significativa para o professor;
Se a relação pedagógica é a relação professoralunoconhecimento, a relação da supervisão com o professor também é pedagógica, porque é mediada pelo conteúdo da formação.
VER, OUVIR, FALAR, VER, OUVIR, FALAR, COMPREENDER, PREZARCOMPREENDER, PREZAR
Mire veja: o mais importante e bonito do mundoMire veja: o mais importante e bonito do mundoé isto: que as pessoas não estão sempre é isto: que as pessoas não estão sempre
iguais,aindaiguais,aindanão foram terminadas – mas que elas vão sempre não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. mudando. Afinam ou desafinam. Afinam ou desafinam. Verdade maior.Verdade maior.É o que a vida me ensinou. É o que a vida me ensinou. Isso me alegra, montão.Isso me alegra, montão.João Guimarães Rosa João Guimarães Rosa
Ser autêntico – Ser autêntico – integração entre o pensar, o sentir e o agir, quando o facilitador se permite ser ele mesmo, sem máscaras ou fachadas;
Empatia – Empatia – recurso fundamental para levar ao crescimento – ser capaz de tomar o lugar de referência do outro, sem no entanto esquecer que é do outro.
Le g it im a a im p o r t â n c ia d a a t u a ç ã o d a ;s u p e r v is ã o p e d a g ó g ic a
E s t u d o c o m p a r a t iv o e n t r e o s is t e m a , . e d u c a c io n a l d e C u b a C h ile e B r a s il
O E s t a d o c u b a n o a c r e d it a e p r a t ic a u m s is t e m a h ie r a r q u ic a m e n t e d ir ig id o
; p a r a a t in g ir s e u s o b je t iv o s
D is t in g u e d o E s t a d o b r a s ile ir o e c h ile n o q u e o p t a r a m e m s e r m a is
, in d ir e t o s c a b e n d o à e s c o la e a o s , p r o f e s s o r e s e m s a la d e a u la c o m
, a u t o n o m ia q u a s e t o t a l d a r c o n t a d a im p le m e n t a ç ã o d a s r e f o rm a s
.e d u c a c io n a is
Em C u b a a p r o f is s ã o d e m a g is t é r io é c o b iç a d a p o r q u e o s p r o f e s s o r e s r e c e b e m u m s a lá r io u m p o u c o m a is
b a ix o q u e o d o s M é d ic o s e q u a s e o . m e s m o d o d e o u t r a s p r o f is s õ e s
E x is t e u m a c o m p e n s a ç ã o p e lo b a ix o , , s a lá r io e p o u c o p r e s t íg io o u s e ja o s
– s is t e m a s o p t a m p e la a u t o n o m ia – m e n o s c o n t r o le e x t e r n o c o m o f o rm a
d e c o m p e n s a r o q u e e le s e n x e r g a m . c o m o s a lá r io b a ix o e p o u c o p r e s t íg io
E s s a “ a u t o n o m ia ” q u e s e im p ô s, , g a r a n t e c o n f o rm e o a u t o r u m “ status
, p r o f is s io n a l” d o s p r o f e s s o r e s d e s a u t o r iz a n d o q u a lq u e r t ip o d e
.s u p e r v is ã o d ir e t a
O s p r o f e s s o r e s n o B r a s il e n o C h ile g a n h a r a m o “ d ir e it o ” d e t e r q u a s e
t o t a l a u t o n o m ia e m s u a s s a la s d e, a u la s e n d o r a r a m e n t e o b s e r v a d o s
. e m s a la p e lo s s e u s g e s t o r e s
O s g e s t o r e s s e t o r n a r a m c ú m p lic e s d e s t a r e a lid a d e e r e lu t a m e m
c r it ic a r o d e s e m p e n h o p r o f is s io n a l .d o s p r o f e s s o r e s
M a r t in C a r n o y c o n s t a t a q u e n o , B r a s il e n o C h ile c o m o e m o u t r o s, p a ís e s q u a s e n ã o h á s u p e r v is ã o
d o p r o f e s s o r p e lo s g e s t o r e s d a s, e s c o la s o s p r o f e s s o r e s a t u a m p o r
, s u a p r ó p r ia c o n t a c a b e n d o s o m e n t e a e le s d e c id ir e m c o m o
e n s in a r o c u r r íc u lo a o s s e u s.a lu n o s
Em C u b a e x is t e u m a c u lt u r a d e s u p e r v is ã o e r e s p o n s a b il id a d e
, d o c e n t e p o r é m s e u p r o f is s io n a lis m o n ã o in c lu iu
a u t o n o m ia à c u s t a d a , a p r e n d iz a g e m d o s a lu n o s
- t r a b a lh a s e c o m e n f o q u e e m u m a .s u p e r v is ã o c o n s t r u t iv a
A p a r t ir d a a p r o p r ia ç ã o d e s t a c o m p r e e n s ã o é q u e o s g e s t o r e s
p o d e m im p le m e n t a r n a s e s c o la s a .s u p e r v is ã o d ir e t a e c o n s t a n t e
C o m o n o B r a s il e n o C h ile h á p o u c o o u n e n h u m a s u p e r v is ã o d ir e t a e
, a s s is t ê n c ia p e d a g ó g ic a o s s is t e m a s e d u c a c io n a is p r o c u r a r a m
n o s ú lt im o s a n o s m e lh o r a r a p r á t ic a d o c e n t e c o m f o rm a s d e
s u p e r v is ã o “ in d ir e t a ” a t r a v é s d e p r o v a s p a r a t e s t a r o d e s e m p e n h o
. d o s a lu n o s
O s d o is p a ís e s e v it a m a a v a lia ç ã o d o c e n t e e o a p o io m a is d ir e t o a o
, . p r o f e s s o r o q u e é r e g r a e m C u b a
O t r a b a lh o d o s s u p e r v is o r e s e m C u b a é d e f in id o p a r a a s s e g u r a r
q u e o s p r o f e s s o r e s e n s in e m o c u r r íc u lo o b r ig a t ó r io d e m o d o
e f ic a z e q u e o s a lu n o s a p r e n d a m , e s s e c u r r íc u lo a s u p e r v is ã o d o
p r o f e s s o r é v is t a c o m o f o rm a ç ã o . e m s e r v iç o
E s s a f o rm a d e p e n s a r e f a z e r a s u p e r v is ã o p e d a g ó g ic a é e s s e n c ia l
p o r q u e r e f le t e a m u d a n ç a d e /c o n c e p ç ã o d o p a p e l d o s u p e r v is o r
, g e s t o r d e b u r o c r a t a e in s p e t o r p a s s a n d o a a s s u m ir a
r e s p o n s a b il id a d e p e la f o rm a ç ã o c o n t in u a d a d o p r o f e s s o r e m
.s e r v iç o
(...) as crianças cubanas freqüentam (...) as crianças cubanas freqüentam escolas que são intensamente focadas escolas que são intensamente focadas no ensino e possuem uma equipe de no ensino e possuem uma equipe de professores bem capacitados e professores bem capacitados e regularmente supervisionados, em um regularmente supervisionados, em um ambiente social dedicado ao alto ambiente social dedicado ao alto desempenho acadêmico para todos os desempenho acadêmico para todos os grupos sociais (CARNOY, 2009, p.191).grupos sociais (CARNOY, 2009, p.191).
“ Lid e r a n ç a p e d a g ó g ic a e
s u p e r v is ã o s ã o a c h a v e p a r a a
: m e lh o r ia d o e n s in o in c e n t iv o s d e
m e r c a d o n ã o s ã o s u b s t it u t o s d a b o a
( , g e s t ã o ” C AR N O Y2 0 0 9 , .2 0 3 ). p
R EFER ÊN C IAS
CARNOY, MARTIN. : A VAN TAG EM AC AD ÊM IC A D E C U B A P O R Q U E .S EU S ALU N O S VÃO M ELH O R N A ES C O LA SÃO PAULO: EDIOURO,
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