Post on 28-Jun-2015
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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL LUCAS MACHADO – FELUMA
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS – FCMMG
INSTITUTO DE PÓS-GRADUAÇÃO – IPG
CIÊNCIAS MÉDICAS VIRTUAL - CMV
MARCOS KELER PEREIRA
EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL A POEIRA MINERAL NO SETOR DE
SELEÇÃO ELETRÔNICA EM ARMAZÉNS DE CAFÉ:
Avaliação da Exposição Ocupacional a Sílica Livre Cristalizada
BELO HORIZONTE2010
MARCOS KELER PEREIRA
EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL A POEIRA MINERAL NO SETOR DE
SELEÇÃO ELETRÔNICA EM ARMAZÉNS DE CAFÉ:
Avaliação da exposição ocupacional à sílica livre cristalizada
Artigo submetido à conclusão do curso de pós-graduação em Higiene Ocupacional, como requisito parcial de aprovação da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. Orientador: Prof. Dr Airton Marinho Silva.
BELO HORIZONTE2010
RESUMO
A colheita de café na região leste de Minas Gerais é predominantemente manual. O café e retirado do galho manualmente e jogado no chão sobre um pano. O pano serve somente para reunir os grãos e não evitar o contato com poeira. Depois o café é colocado em sacos e levado para o terreiro para secar. Após a secagem o grão é encaminhado para o armazenamento. O rebeneficiamento do grão de café que ocorre em armazéns constitui a limpeza e selecionamento dos grãos. Analisando as atividades exercidas e tarefas executadas no setor de seleção eletrônica em armazém de café, notaram que há partículas suspensas presentes no setor. Necessita, portanto, avaliar a composição desta poeira. Podendo constituir uma poeira orgânica (poeira de café) identificada através de uma primeira inspeção (obviamente devido ao tratamento do grão de café no setor), ou poeira inorgânica (poeira mineral). A existência ou não da poeira mineral é fruto de uma análise critica da realidade do processo de colheita, transporte e armazenagem do grão de café. Portanto, é necessário determinar a concentração de sílica livre cristalizada e avaliar a exposição ocupacional dos trabalhadores que exercem suas tarefas no setor de seleção eletrônica em armazéns de café.
Palavras-chave: poeira. Café. Armazéns. Sílica
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Selecionadora eletrônica. Fonte: www.coffeetraveler.net................... 13
Figura 2: Trabalhador na selecionadora eletrônica Fonte: Fotografia colhida pelo
autor em dezembro de 2010.............................................................................. 13
Quadro 1: Resultados das amostragens Fonte: Elaborado pelo pesquisador.. 16
LISTA DE SIGLAS
ACGIH American Conference of Governmental Industrial Hygienists.
ANAMT Associação Nacional de Medicina do Trabalho.
CID Classificação Estatística Internacional de Doenças e
Problemas Relacionados com a Saúde
EPC Equipamento de Proteção Coletiva.
EUA Estados Unidos da America.
GHE Grupo Homogêneo de Exposição.
NHO Norma de Higiene Ocupacional.
NR Norma Regulamentadora.
Sio2 Dióxido de silício.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................7
2 DOENÇAS RESPIRATÓRIAS CAUSADAS POR AERODISPERSÓIDES SÓLIDOS........9
3 METODOLOGIA...................................................................................................................11
4 RESULTADOS.....................................................................................................................14
5 DISCUSSÃO.........................................................................................................................16
6 CONCLUSÃO.......................................................................................................................18
CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................................19
REFERÊNCIAS.................................................................................................................................20
ANEXOS............................................................................................................................................22
1 INTRODUÇÃO
Em uma primeira inspeção, aparentemente as atividades exercidas e tarefas
executadas no setor de seleção eletrônica em armazéns de café não demonstram
exposição ocupacional a poeira mineral, ou seja, sílica livre cristalizada.
Costumeiramente, há poeira mineral em locais de trabalho como pedreiras,
marmorarias e britadores. Estes ambientes de trabalho não se assemelham ao setor
de seleção eletrônica de grãos. Sugerem que as partículas suspensas no setor de
seleção eletrônica são provenientes dos grãos de café quando estes realizam seu
rebeneficiamento. Portanto, parece uma poeira orgânica (poeira de café). Entretanto,
o reconhecimento da poeira mineral é devido ao possível contato dos grãos de café
com a sílica na colheita, no transporte e armazenagem.
Reconhecimento: Esta etapa consiste no reconhecimento dos agentes ambientais que afetam a saúde dos trabalhadores, o que implica no conhecimento profundo dos produtos envolvidos no processo, métodos de trabalho, fluxo do processo, lay out das instalações, número de trabalhadores expostos, etc. Esta etapa compreende também o planejamento da abordagem do ambiente a ser estudado, seleção dos métodos de coleta, bem como dos equipamentos de avaliação. (SALIBA, 2006, p. 21)
No caminho transcorrido pelo grão de café até seu rebeneficiamento, pode
haver contato com a sílica durante a colheita. Quando o grão aguarda no chão para
ser transportado. Acrescenta o fato de alguns produtores de café não possuírem
terreiro asfaltado ou cimentado para secar o café colhido, nestes casos utilizam
áreas de chão batido ao ar livre. Também o transporte do café é realizado por
estradas de terra.
Como bem observam Mauricio Torloni e Antonio Vladimir Vieira, citado o trabalho de Kitamura: A sílica, ou dióxido de silício (SiO2), é um dos minerais mais abundantes na natureza, representando cerca de 60% da crosta terrestre. (PEREIRA, 2005, p.320).
Estudos realizados na Califórnia (EUA) relacionam a presença de sílica no
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ambiente laboral de trabalhadores rurais:
Objetivo: Autópsia no pulmão para determinar se a exposição de poeira mineral nos trabalhos agrícolas leva a pneumoconiose.Conclusão: A exposição à poeira mineral está associada com aumento doença das vias respiratóras e pneumoconioses entre trabalhadores rurais da Califórnia; no entanto, a importância da clínica e história natural dessas alterações necessita novos estudos. (University of Califórnia, 2009).
A efetiva monitoração ambiental é de suma importância:
Finalidades para monitorização ambiental. - Verificar se as concentrações dos agentes químicos, determinados em amostras ambientais, estão de acordo com os padrões de segurança estabelecidos legalmente ou recomendados e aceitos por um grupo de especialistas de forma consensual. (MARTINS, 2004, p.28)
Na outra frente de trabalho prevencionista, o especialista em medicina do
trabalho que deve observar a orientação do Conselho Federal de Medicina:
De acordo com a Resolução 1488/98 do Conselho Federal de Medicina, aplicável a todos os médicos em exercício profissional no país, para o estabelecimento do nexo causal entre os transtornos de saúde e as atividades do trabalhador, alem do exame clinico (físico e mental) e os exames complementares, quando necessários, deve o medico considerar: - O estudo do local de trabalho. - A identificação de riscos físicos, químicos, biológicos, mecânicos, estressantes e outros. Recomenda-se, ademais, incluir nos procedimentos e no raciocínio medico - pericial:... - Grau de intensidade da exposição: é ele compatível com a produção da doença?... - Tempo de exposição: é ele compatível com a doença? (ANAMT, 2000).
Nas considerações acima, a importância da prevenção de doenças
ocupacionais acrescentou as orientações do Ministério da saúde:
A prevenção de doenças do trato respiratório relacionadas ao trabalho baseia-se nos procedimentos de vigilância em saúde do trabalhador... Estes procedimentos podem ser resumidos em: - Reconhecimento prévio das atividades e locais de trabalho onde existam substancias químicas, agentes físicos e biológicas e fatores de risco decorrentes da organização do trabalho causadores de
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doenças. (Brasil, 2001).
2 DOENÇAS RESPIRATÓRIAS CAUSADAS POR AERODISPERSÓIDES
SÓLIDOS
Para compreender melhor os aerodispersóides a American Conference of
Governmental Industrial Hygienists (ACGIH) classifica os particulados da seguinte
forma:
Particulado inalável: deposição em qualquer parte do trato respiratório e
diâmetro de corte para 50% da massa das partículas igual a 100 µm;
Particulado torácico: deposição na região traqueobrônquica e diâmetro de
corte para 50% da massa das partículas igual a 10 µm;
Particulado respirável: deposição na região de troca de gases (alveolar) e
diâmetro de corte para 50% da massa das partículas igual a 4 µm.
Ambientes com a presença de sílica e a permanecia de trabalhadores
desprotegidos nestes ambientes podem agravar o risco de contrair silicose.
Silicose é um modelo de fibrose pulmonar causa conhecida. Fibrose não tem atualmente nenhum tratamento curativo...A fibrose é o espessamento e a cicatriz do tecido pulmonar reduzir gradualmente suas funções fisiológicas permitidas em troca gasosa entre o ar e sangue. (Fundación para la Prevención de Riesgos Laborales, 2009)
Os pulmões são os órgãos da respiração que estão em contato com a
atmosfera, particularmente com o ar e seus componentes. Quando expostos a
poeira, seus dispositivos naturais de defesa, como os cílios, muco, pelos do nariz
entram em ação, contribuindo para a atenuação dos malefícios. Malefícios estes que
acometem desde nariz até o espaço pleural. Das partículas que estão suspensas na
atmosfera, que são aspiradas, nem todas chegam aos pulmões, pois o nariz obstrui
a passagem das de maiores tamanhos até que sejam eliminadas ao se adotar
medidas de higiene, ou por meio do espirro. Algumas das partículas passam pelos
pêlos do nariz e chegam até a traquéia, os brônquios e os bronquíolos. Podendo ser
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eliminadas através do muco, responsáveis pela expulsão de significativa quantidade
do particulado inalado por meio da tosse, do espirro, do escarro, etc. Caso chegue
aos alvéolos pulmonares os macrófagos atuam na defesa. As poeiras inorgânicas
vêm dos minerais como a pedra e o solo. As poeiras orgânicas têm origem nas
plantas e nos animais e contêm grande quantidade de substâncias, como exemplo
poeira que provém do manejo de grãos. (Brasil, 2000)
As poeiras minerais ocupam boa parte dos recursos do seguro social, bem como se constituem em causa de vultosas indenizações a comprometerem as empresas quanto às doenças do trabalho.Apresentam-se, em sua quase totalidade, como agentes provocadores de doenças do trato respiratório, sendo causadoras de asmas ocupacionais, pneumonites, bronquites e pneumoconioses, além de outras doenças. Conforme o tamanho das partículas respectivas, podem as poeiras ter diferente ação sobre o trato respiratório. (PEREIRA, 2005, p.294).
Entre os fatores que influenciam os efeitos da exposição a esses agentes
estão às propriedades químicas e físicas do agente químico aspirado pelo
trabalhador, bem como das características do próprio individuo, como herança
genética, doenças preexistentes e hábitos de vida, como o tabagismo. Patologias
relacionadas à exposição a poeiras orgânicas podem ser rinites alérgicas. O
Ministério da Saúde do Brasil registra casos de asma ocupacional, pneumonite por
hiperssensibilidade a poeira orgânica (CID-10: J67.-) e pneumonite de
hipersensibilidade devida a poeira orgânica não-especificada. Patologias
relacionadas à exposição à sílica, ou seja, poeira inorgânica determinou a
pneumoconiose devida a poeira de sílica, ou silicose (CID-10: J62-8), caracterizada
pela inalação de quartzo, sílica cristalina, Si02. (Brasil, 2000).
No Reino Unido, a asma ocupacional corresponde a 26% de todas as doenças profissionais respiratórias. No Japão, estima-se que 15% de todos adultos asmáticos têm asma ocupacional. (ANAMT, 2000)
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3 METODOLOGIA
As pesquisas ocorreram em três armazéns de café na região leste de Minas
Gerais. O armazém “A” é uma cooperativa de pequenos produtores rurais, onde há o
armazenamento e o rebeneficiamento do café. O armazém “A” possui um setor de
seleção eletrônica de grãos (as tarefas estão relacionadas adiante). Os armazéns
“B” e “C” são armazéns particulares e também possui setor de seleção eletrônica de
grãos.
Nas diversas atividades exercidas nos armazéns de café, o estudo baseou-se
na análise a respeito da efetiva exposição do trabalhador a poeiras suspensas. O
estudo se restringiu ao setor de seleção eletrônica de grãos pelo fato de que
visualmente há poeiras suspensas neste ambiente de trabalho. A Figura 1 abaixo
ilustra a selecionadora eletrônica. No mesmo setor há somente um trabalhador
especializado executando suas tarefas. No setor as poeiras suspensas são
constantes, o que não foi identificado nos demais setores. Por apresentar,
possivelmente, um maior risco a saúde dos trabalhadores o estudo se baseou neste
setor.
As selecionadoras eletrônicas são equipamentos que funcionam com feixes
de luz e sensores que fazem a leitura das cores refletidas. Se o grão de café estiver
com problemas, sua normalmente está alterada e, é retirada por um jato de ar
comprimido. Atualmente algumas máquinas possuem programas que conseguem ler
mais de 250.000 cores diferentes, outras que “enxergam” no espectro infravermelho,
outras no ultravioleta.
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Figura 1: Selecionadora eletrônica. Fonte: www.coffeetraveler.net
Durante o rebeneficiamento do grão de café, uma tarefa específica é
selecionar o grão pela cor. Esta tarefa é executada pela seleção eletrônica, cujo
princípio de funcionamento foi descrito anteriormente. O setor de seleção eletrônica
possui um trabalhador responsável pela inspeção do funcionamento da seleção
eletrônica, registrado na Figura 2. Suas tarefas principais são: operar máquina
seleção eletrônica no controle de processos de produção do armazém, verificar
câmaras de análise, conferir ajuste de válvulas, verificar sincronismo da máquina no
desenvolvimento de produção diária, verificar sistema de ar comprimido das
máquinas, operar painel de controle e conferir funcionamentos dos sistemas de
operação de máquinas, liberar café para as máquinas dessimétricas para a limpeza
de impurezas do café, realizar a regulagem das máquinas de acordo com cada tipo
de café utilizado, elaborar e preencher relatórios de produtividade e check list de
inspeção; realizar a limpeza e conservação do maquinário e dos locais de trabalho,
acompanhar a qualidade do café e elaborar relatório de produção diária.
Figura 2: Trabalhador na selecionadora eletrônica Fonte: Fotografia colhida pelo
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autor em dezembro de 2010.
Os estudos se basearam na análise quantitativa das poeiras suspensas no
ambiente de trabalho e efetiva exposição do trabalhador. Foram realizadas
avaliações de poeira total e poeira respirável em três armazéns de café. Obedeceu a
metodologia da Norma de Higiene Ocupacional NHO 03 (Análise Gravimétrica de
Aerodispersóides sólidos coletados sobre filtros de membrana) e NHO 08 (Coleta de
material particulado sólido suspenso no ar de ambientes de trabalho: procedimento
técnico). Avaliar poeira respirável e total baseia-se na verificação de exposição
ocupacional em relação aos limites de tolerâncias descritos no Anexo 12 da NR 15
do Ministério do Trabalho e Emprego, conforme Equações 3 e 4 abaixo,
respectivamente. A escolha do Grupo Homogêneo de Exposição (GHE) obedeceu
ao princípio N=n. Ou seja, o número de trabalhadores do GHE (N) foi igual ao
número de trabalhadores amostrados (n).
Durante o processo de coleta utilizou-se da bomba gravimétrica de poeira
Gillian BDXII, que consiste numa bomba de uso individual. Com filtro de PVC, com 5
µm de poro e 37 mm de diâmetro, o que retém partículas de 0,5 µm a 10 µm. O filtro
foi disposto num cassete de poliestireno e devidamente apoiado em um papelão.
Devidamente pré-pesado. Para análise de poeira respirável houve necessidade do
separador de partículas (ciclone). A bomba gravimétrica foi devidamente calibrada
através de calibrador de bolha de sabão, obedecendo as exigências da Norma de
Higiene Ocupacional NHO 07. O resultado das análises para determinação de
quartzo foi feita por difração de raios X no Laboratório CEAQ & MA de Contagem
(MG).
No período que foram coletadas as amostras as condições climáticas
apresentavam sol, com temperatura média de 23° C. Umidade relativa do ar em
65,4% e velocidade do vento de 0,4 m/s. Durante a coleta das amostras não
apresentaram alterações nas tarefas e/ou condições ambientais de modo a dificultar
ou não tornar o resultado o mais parecido possível com a realidade laboral no setor.
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4 RESULTADOS
Os resultados das concentrações de poeira respirável e de sílica no ar são
calculados dividindo-se os valores de massa correspondentes pelo volume de ar
amostrado (Equação 1), ou seja:
C = m (1)
v
Onde: C = concentração da poeira ou de SiO2 (mg/m3); m = massa da amostra de
poeira ou de SiO2 na poeira (mg); e V = volume de ar amostrado (m3).
O volume de ar amostrado, para cada amostra, se calcula de acordo com a seguinte
expressão (Equação 2):
V = Qm x T (2)
1000
Onde: V = volume de ar amostrado (m3); Qm = vazão média (L/min); T = tempo total
de coleta (minutos).
Os valores de concentração calculados, em mg/m3, são comparados com os limites
de exposição ocupacional de referência. Na legislação brasileira (NR-15, 1978) se
estabelece o limite de tolerância para a sílica livre cristalizada em função da
porcentagem de quartzo na poeira coletada. Para a poeira respirável e total se
aplica, respectivamente, as Equações 3 e 4:
Respirável LT = 8 mg m3 (3)
% quartzo + 2
Total LT = 24 mg m3 (4)
% quartzo + 3
Comparando os resultados das amostras com o respectivo limite de tolerância
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(LT) calculado. Sendo as amostras coletadas em um período de 75% da jornada de
trabalho. Os resultados foram alcançados e comprovados de acordo com o Quadro
1 abaixo. Para poeira respirável utilizou na bomba gravimétrica a vazão inicial e final
de 1,7 l/m (litros por minutos). Para poeira total a vazão inicial e final foi de 1,5 l/m.
Quadro 1
Armazém
PoeiraRespirável
(R)
Total (T)
Peso da amostra
(mg)
TEMPOVolume
(m3)
Concentração sílicaSiO2(%)
Resultado da
amostra
(mg/m3)
Limite de Tolerância
(L.T.)(mg/m3)
Horário Inicial
HorárioFinal
TotalMinuto
s
“A” R 1.89 7:10 15:45* 395 0,592 12.45 3,19 0.55
“A” T 3.37 7:15 15:10* 415 0,622 3.37 5.41 3.76
“B” R 0.45 8:05 15:05* 360 0,612 ND 0,73 4
“B” T 0.75 7:15 15:50* 455 0,773 ND 0,97 8
“C” R 0,68 8:30 15:45* 375 0,637 ND 1,06 4
Quadro 1: Resultados das amostragens Fonte: Elaborado pelo pesquisador
Pelos resultados apresentados, há exposição à sílica livre cristalizada no
material particulado em suspensão no setor de seleção eletrônica em armazéns de
café, segundo nossa constatação. Contudo nos armazéns estudados, 1/3
apresentou a presença do quartzo acima dos limites legais de tolerância, sendo que
os 2/3 restantes não apresentaram a presença da sílica acima dos limites de
tolerância ou nível de ação, conforme determina a NR 9:
9.3.6.1 Para os fins desta NR, considera-se nível de ação o valor acima do qual devem ser iniciadas ações preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições a agentes ambientais ultrapassem os limites de exposição. As ações devem incluir o monitoramento periódico da exposição, a informação aos trabalhadores e o controle médico.9.3.6.2 Deverão ser objeto de controle sistemático as situações que apresentem exposição ocupacional acima dos níveis de ação, conforme indicado nas alíneas que seguem: a) para agentes químicos, a metade dos limites de exposição ocupacional... (Brasil, 1994).
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5 DISCUSSÃO
Há presença de sílica livre cristalizada no setor de seleção eletrônica em
armazéns de café. Entretanto somente no armazém “A” os níveis de exposição
ocupacional foram superiores aos limites de Tolerância da Legislação Brasileira. No
que concerne a poeira orgânica, a American Conference of Governmental Industrial
Hygienists (ACGIH) tem desde 1988 determina um limiar limite de valor (TLV) do
total de grãos de poeira de 4 miligramas por metro cúbico de ar (4 mg/m3), em
média um dia de trabalho de oito horas. O Departamento de Saúde britânico e de
Segurança tem um limite de exposição no local de trabalho de 10 mg/m3 para a
poeira de grãos, em média um dia de trabalho de oito horas.
Estudos realizados na Europa demonstram:
Nos Países Baixos não é nenhum valor limite específico de exposição à poeira de grãos. O Comitê Holandês de peritos em Segurança no Trabalho recomenda uma saúde com base profissional recomendado limite de exposição de poeira de grãos inalável de 1,5 mg/m3, como uma média ponderada no tempo de 8 horas. (Comitê Holandês de Peritos em Segurança no Trabalho, 2010).
A boa prática da higiene ocupacional e examinando este caso concreto, em
relação à recomendação do Comitê Holandês de Peritos de Segurança no Trabalho,
todas as demonstrações relacionadas no Quadro 1 estão acima do Nível de Ação,
exigindo a implantação de medidas de prevenção e monitoramento exigidas pela
Norma Regulamentadora NR9.
Outro estudo realizado na Califórnia (EUA) traz o seguinte resultado:
Objetivo: Autópsia no pulmão para determinar se a exposição de poeira mineral nos trabalhos agrícolas leva a pneumoconiose.Resultado: As vias respiratórias demonstraram pouca acumulação de poeira mineral, mas brônquios, membranas respiratórias tinham espessamento da parede, remodelando e inflamação associada a deposição de poeira carbonizadas e minerais. Essas alterações foram independente associadas a trabalhos agrícolas, fumo do
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cigarro e maior de idade. Poeira mineral vias respiratórias pequena doença, pneumoconiose fibrogênica (máculas e nódulos) e muda patológicos consistente com bronquite crônica, enfisema, e fibrose intersticial predominou em trabalhadores rurais em comparação com trabalhadores não rurais. (Department of Public Health Sciences and Center for Health and the Environment University of California, 2009).
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6 CONCLUSÃO
Os resultados apresentados neste estudo conduzem a vários
questionamentos em relação aos reais fatores que determinaram a diferença nos
resultados das amostras de armazéns diferentes. No entanto, numa primeira análise,
os armazéns que não apresentaram a sílica acima dos níveis de ação, possuem
equipamentos de proteção coletiva (EPC) instalados (filtros de manga). O armazém
cujo resultado foi superior aos limites de tolerância não disponibiliza filtros de
manga. Os armazéns “B” e “C” não aceitam sacarias defeituosas, estas são
dispensadas e os grãos são acondicionados em sacarias novas. Por fim, o armazém
“A” constitui uma cooperativa de pequenos produtores, enquanto os armazéns “B” e
“C” são terceirizados, atendendo a empresas exportadoras. Esclarecendo que as
exportadoras necessitam de grãos de café de alta qualidade, e que para obter este
nível e qualidade, os grãos de café são lavados e despolpados na propriedade rural.
Enquanto o armazém “A” ainda armazena grãos de café em poupa, estes
geralmente não são lavados nas propriedades rurais. O fato de lavar o café antes do
armazenamento será outro fator a ser mais bem estudado para determinar sua
influência nos resultados ora obtidos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em busca do objetivo inicial, identificou a presença de sílica livre cristalizada
no setor de seleção eletrônica em armazéns de café, o que corrobora com nossa
primeira hipótese. Contudo, ainda há muito que se estudar para esclarecer a
respeito da grande diferença em relação aos resultados obtidos nos levantamentos
quantitativos de três armazéns diferentes. Este novo problema originará um novo
estudo e apresentar novas hipóteses a serem evidenciadas. Questões nele
levantadas deverão ser aprofundadas, aperfeiçoadas, adequadas à realidade de
cada ambiente. O que importa é o caminho andado no sentido de se oferecer
cooperação com a maior participação e a intenção de se estar acertando.
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REFERÊNCIAS
Análise gravimétrica de aerodispersóides coletados sobre filtros de membrana: método de ensaio. São Paulo: Fundacentro, 2001. 34 p. (Normas de higiene ocupacional, 3). Disponível em: <http://www.fundacentro.gov.br/ARQUIVOS/PUBLICACAO/l/NHO03.pdf>. Acesso em: 05 de jan 2010.
ANAMT - ASSOCIACAO NACIONAL DE MEDICINA DO TRABALHO. Informativo Anamt. n 10, vol 3. Florianópolis. 2000.Brasil. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 9: Programa de Proteção de Riscos Ambientais. Disponível em <http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr09at.pdf>. Acesso 05 jan 2011
Brasil. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 15: atividades e operações insalubres. Disponível em: <http://www.mte.gov.br/legislacao/normasregulamentadoras/nr15at.pdf>. Acesso 05 jan 2011
Brasil. Ministério da Saúde do Brasil, Doenças Relacionadas ao Trabalho, Manual Procedimentos para os Serviços de Saúde, 2001.
Calibração de bombas de amostragem individual pelo método da bolha de sabão: procedimento técnico. São Paulo: Fundacentro, 2002. 30 p. (Normas de higiene ocupacional, 7). Disponível em: <http://www.fundacentro .gov.br/ARQUIVOS/PUBLICACAO/l/NHO07.pdf >. Acesso em: Acesso em: 05 de jan 2010.
Coleta de material particulado sólido suspenso no ar de ambientes de trabalho: procedimento técnico. São Paulo: Fundacentro, 2009. (Normas de higiene ocupacional, 8). Disponível em: <http://www.fundacentro.gov.br/ARQUIVOS/PUBLICACAO/l/NHO08.pdf>. Acesso em: Acesso em: 05 de jan 2010.
MARTINS, DEOLINDA IZUMIDA. Curso de Especialização em Medicina do Trabalho. CEDAS, SP. 28 p
PEREIRA, ALEXANDRE DEMETRIUS. Tratado de Segurança e Saúde Ocupacional, vol III. – São Paulo. LTr 2005.
20
SALIBA, TUFFI MESSIAS. Manual Prático de Higiene Ocupacional e PPRA: Avaliação e Controle dos Riscos Ambientais. São Paulo. Ltr, 2006
University of California. Department of Public Health Sciences, and Center for Health and the Environment. Pneumoconiosis from Agricultural Dust Exposure among Young California Farmworkers. Davis. Disponível em <http://dx.doi.org> Acesso em 25 Fev. 2009.
UGT de Catalunya. SILICOSIS LABORAL. Disponível em < http://www.ugt.cat/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=595&Itemid=37 >. 2009. Acesso em: 10 jan. 2011
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ANEXOS.
Certificado de calibração da bomba gravimétrica.
Cópia dos Relatórios de Ensaio.
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