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PROJETO BANCO DO NORDESTE/PNUD BRA 93/012
Técnicas de Dinâmica de Grupo
para uma Capacitação Ativa
Ricardo Ramos de Cerqueira
Série Cadernos Metodológicos - Nº 3
RECIFE-PE
1997
PROJETO BANCO DO NORDESTE/PNUD
2
Diretora Institucional
SILVANA PARENTE
Coordenadora Executiva
TANIA ZAPATA
Coordenador Técnico-Pedagógico
ARTURO JORDÁN GONI
TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO PARA UMA CAPACITAÇÃO ATIVA
Autor
RICARDO RAMOS DE CERQUEIRA
Colaboração
ANA CLÁUDIA RAMOS DE OLIVEIRA
ARTURO JORDÁN GONI
Programação Visual
ANDRÉ DE ALMEIDA QUEIROZ
Está autorizada a reprodução total ou parcial desta publicação,
desde que se mencione a fonte.
Série Cadernos Metodológicos - Nº 3
Recife
1997
Sumário
Página
Introdução
As Técnicas de Dinâmica de Grupo como Instrumentos
da Capacitação Ativa
Painel Progressivo
Retrato da Vida
Painel Duplo
Entrevista
Duplas Rotativas
Grupos Rotativos
Construção Coletiva de Conceito
Estudo de Caso
Painel Regressivo
Grupos de Questionamento
Quadro Resumo das Técnicas e Indicações de Uso
Bibliografia
3
APRESENTAÇÃO
4
Introdução
Ao iniciarmos processos de capacitação em apoio ao desenvolvimento
de Organizações de Produtores é muito comum encontrarmos pessoas
desmotivadas e descrentes. Costumam dizer que já estão cheias de
“blá-blá-blá” e de tanta reunião. Dizem que precisam de ações concretas
que venham a melhorar a situação em que se encontram e não de
“conversa mole” .
Esta realidade se reflete, entre outras coisas, no tipo de reunião a que
estão acostumadas: muita conversa e pouco resultado. Reflete, também,
uma postura de comodismo por parte dos produtores; uma história de
paternalismo e assistencialismo por parte de Instituições governamentais
e não governamentais e o despreparo dos técnicos no assessoramento
a essas Organizações.
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O comodismo se revela na postura dos produtores, ao acreditarem que
as ações concretas que irão resolver os seus problemas virão de fora, do
ambiente, e não de um processo interno de reflexão e discussão sobre a
realidade; da proposição de soluções e do comprometimento da
Organização com a viabilização das ações propostas.
O apoio do Estado e de algumas Organizações não governamentais às
Organizações de pequenos produtores tem se dado principalmente
através de apoio material e financeiro, mesmo que de maneira
insuficiente e assistemática. Não tem se caracterizado por investimentos
nos seus recursos humanos, num processo permanente e contínuo de
capacitação que venha a contribuir para o crescimento e fortalecimento
dessas Organizações. Ao contrário, tem servido para reforçar a
fragilidade organizacional e a dependência das mesmas em relação a
essas Instituições.
Aliado a esses fatores aparece o despreparo dos técnicos para lidar com
questões organizacionais. A maioria dos nossos profissionais não
recebeu formação acadêmica para tal. Foram formados através da
própria atividade profissional, caracterizada, na maioria dos casos, por
uma prática onde o saber do técnico se sobrepõe ao saber popular; por
processos não participativos, baseados em métodos de condução de
reuniões eminentemente discursivos, onde a comunicação se estabelece
unilateralmente no sentido palestrante-ouvintes e na restrita utilização de
materiais pedagógicos de apoio à aprendizagem.
O desgaste dos produtores em relação às reuniões aparece, então,
como resultado de uma série de posturas equivocadas, tanto das
Instituições de apoio quanto das próprias Organizações, que se refletem
na forma não participativa e não produtiva de condução destes
encontros.
Felizmente esse quadro vem se modificando. Os produtores começam a
tomar consciência da necessidade da Capacitação como instrumento de
desenvolvimento empresarial e de gestão participativa das
Organizações. Passam a demandar das Instituições de apoio, sejam
elas governamentais, não governamentais ou privadas, um
assessoramento apropriado, que venha a contribuir, de fato, para a
construção da autonomia e sustentabilidade das sua Empresas
Associativas.
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As Técnicas de Dinâmica de Grupo como Instrumentos da Capacitação
Ativa
Uma forte característica do mundo atual é a importância do
conhecimento e da informação frente aos outros fatores de produção. A
capacitação tornou-se um dos processos mais importantes para o
crescimento econômico, nos permitindo afirmar com segurança que sem
educação, sem capacitação, não haverá organização, empresa
associativa e vida familiar melhor. Isso é indiscutível!
A questão está no tipo de capacitação que as Organizações Associativas
de pequenos produtores precisam. Nós comungamos com a linha de
educadores que acreditam que é preciso converter a própria capacitação
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num processo ativo de troca e produção de conhecimento e não
somente de difusão de informações. Um conhecimento apropriado e
contextualizado a cada realidade.
Para que este processo aconteça é fundamental que os produtores
tomem consciência da necessidade de se construir conhecimento a partir
da sua própria prática, pessoal e organizacional. É preciso entretanto
desenvolver nas Organizações um ambiente de reflexão e discussão,
com a participação de todos e onde alguém assuma a tarefa de apoiar a
sistematização e moderação da discussão. Este é um papel que poderá,
pelo menos no início, ser desempenhado pelos técnicos que assessoram
a Organização, desde que o façam com competência, responsabilidade
e compromisso.
Numa proposta de capacitação ativa não há espaço para aquele tipo de
reuniões arcaicas, às quais a maioria dos técnicos e produtores estão
acostumados. É uma proposta que exige do técnico a postura de
“facilitador de processo” no lugar do “condutor de processo”. Uma
postura que potencialize a participação dos produtores; a integração do
saber popular com o saber dos técnicos; a análise crítica das
informações; a criatividade e a iniciativa que emerge do próprio grupo
para encaminhar suas ações.
Como forma de facilitar o processo de Capacitação Ativa, as Técnicas
de Dinâmicas de Grupo apresentam-se como instrumentos eficazes,
uma vez que facilitam o processo de aprendizagem individual e
organizacional.
A Utilização de Técnicas Durante o Processo de Capacitação
Encaradas como instrumentos, as técnicas a serem utilizadas devem
estar sempre subordinadas aos objetivos pedagógicos que se pretende
alcançar e aos princípios metodológicos da capacitação. Devem refletir,
uma proposta de capacitação que atenda aos reais interesses dos
produtores e da Organização.
A utilização das técnicas de dinâmica de grupo não podem portanto, ser
feitas de maneira aleatória nem por pessoas que não consigam
identificar suas limitações ou compreender toda amplitude de seus
objetivos. O conhecimento das fases de desenvolvimento do grupo
ajuda o facilitador a escolher e programar o uso das técnicas durante o
processo de capacitação.
Segundo William Schutz, os grupos passam por três fases principais:
Inclusão, Controle e Afeição.
A Fase de Inclusão acontece normalmente no início do processo de
grupo quando os indivíduos experimentam o sentimento de ser ou não
ser aceito. Nestes primeiros contatos as pessoas se sentem um pouco
inseguras, por não saberem o que poderá ocorrer naquele contexto.
Suas expectativas geralmente são muito altas e o fato de ser uma nova
situação traz como consequência o medo de errar, o medo de arriscar e
o medo de não agradar.
Nesta fase, o facilitador deve utilizar jogos pedagógicos e vivências que
envolvam contatos e encontros entre as pessoas, como é o caso de
muitas técnicas de apresentação dos participantes, de aprofundamento
de relações interpessoais ou simplesmente atividades para “quebrar o
gelo”. Alguns jogos e vivências dessa natureza são apresentados na
série Cadernos Metodológicos Nº 2 (vide bibliografia).
A Fase de Controle coincide normalmente com a fase intermediária dos
eventos, quando os participantes já estão mais familiarizados entre si. É
quando despontam as lideranças, os questionamentos, a distribuição de
poder e o compartilhamento de responsabilidades.
Recomenda-se, nesta etapa, a aplicação de técnicas nas quais o grupo
possa exercer seus próprios controles e que permitam a autonomia na
discussão e no processo decisório. A maioria das Técnicas de Dinâmica
de Grupo apresentadas neste trabalho são apropriados para esta fase.
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À medida que as questões de controle vão sendo trabalhadas, os temas
afetivos vão ganhando destaque. Esta fase, conhecida como Fase de
Afeição, baseia-se na formação da ligação emocional, na criação de
vínculos e na demonstração de afeto e amizade entre os participantes.
Demanda atividades que criem espaço para os mais diversos
sentimentos de aproximação que possibilitem a integração emocional do
grupo.
Técnicas Utilizadas pelo Projeto Banco do Nordeste/PNUD
Apresentamos a seguir algumas Técnicas de Dinâmica de Grupo que
poderão servir de suporte pedagógico ao facilitador na condução de
reuniões e eventos de capacitação, uma vez que facilitam o processo de
comunicação, participação e de tomada de decisão do grupo. São de
eficácia comprovada e vêm sendo utilizadas intensivamente pela equipe
do Projeto Banco do Nordeste/PNUD.
Vale a pena salientar que estas técnicas são simples artifícios para o
grupo realizar seus fins. Elas não são absolutas nem intocáveis, mas
meros instrumentos que o facilitador pode modificar, adaptar ou
combinar quando bem entender. Aliás, ele deveria estar criando novas
técnicas mais adequadas ao grupo, aos conteúdos que se quer trabalhar
e às condições físicas do local de realização dos eventos.
Painel Progressivo
Indicação: Levantamento de Informações (elementos de diagnóstico,
expectativas dos participantes, avaliações, opiniões sobre
determinado tema, etc.).
Representação Esquemática
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Condução da Técnica
Inicialmente solicita-se que os participantes reflitam individualmente
sobre o tema ou questão em discussão;
Divide-se os participantes em duplas para que socializem a reflexão
individual e aprofundem a discussão sobre o tema ou questão,
durante cinco minutos;
Em seguida, juntam-se as duplas, duas a duas, formando grupos de 4
pessoas, para continuarem a discussão e aprofundamento do tema
(tempo aproximado: cinco minutos);
Os grupos vão se juntando dois a dois, aprofundando e
sistematizando a discussão (cinco minutos para cada etapa de
discussão), até chegar a um único grupo que equivale à plenária;
Na plenária é elaborada a síntese final do trabalho que é anotada em
um cartaz, como resultado da participação de todos no processo de
discussão.
Observações / Variações na Condução
Esta técnica é uma das mais simples no que diz respeito à condução.
É indicada para levantamento de elementos de diagnóstico (“Quais as
principais que vocês enfrentam ... ?”, “Quais as principais
potencialidades desta organização?”); de opiniões (“Qual a
importância da capacitação para as organizações de produtores
rurais?”); de expectativas (“Quais as suas expectativas em relação a
este evento?”); de demandas (“Quais as necessidades de
capacitação desta Empresa) e para avaliação (“Quais os pontos fortes
e os pontos fracos deste curso?”, “Quais são as suas sugestões para
o próximo encontro?”);
Pode ser usada tanto com participantes alfabetizados quanto com
analfabetos. No caso de analfabetos, deve-se atentar para que o
tema em discussão seja bem objetivo e seja do interesse do grupo,
pois normalmente eles têm menor poder de síntese e raciocínio
abstrato menos desenvolvido;
O tempo destinado para a discussão (especificado na condução
como sendo de cinco minutos) não é rígido. O facilitador deve levar
em consideração o “tempo do grupo”. O importante é manter o
interesse dos participantes na discussão. Se o facilitador perceber que
a maioria dos grupos já concluiu a discussão, poderá partir para a
próxima etapa;
O Painel Progressivo é uma técnica que não apresenta limitações
quanto ao número de participantes. Para grupos de até 30 pessoas,
deve-se seguir o roteiro de condução descrito anteriormente. Para
grupos maiores, deve-se garantir a reflexão inicial (individualmente) e
nas duplas. Mas, em seguida deve-se formar grupos maiores, por
exemplo: 1) reflexão individual; 2) reflexão e discussão em duplas; 3)
reflexão em discussão em grupos de 6 (3 duplas); 4) reflexão e
discussão em grupos de 12 (6 duplas) e assim por diante. Com isto se
evitará que a técnica fique cansativa (discussão repetitiva) e se
manterá as suas características: participação de todos e
aprofundamento gradual da discussão.
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Esquema de Condução para Grandes Grupos:
Retrato da Vida
Indicação: Levantamento de informações (elementos de diagnóstico,
visão de futuro, etc.).
Representação Esquemática
Condução da Técnica
A técnica do Retrato da Vida consiste em expressar através de
símbolos, desenhos, cores, recortes, etc., os aspectos que estão em
discussão e análise por parte dos participantes;
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Divide-se os participantes em grupos. O número de participantes por
grupo vai depender do total de participantes (grande número de
participantes, grupos maiores). No entanto, o tamanho dos grupos
nunca poderá ser muito grande, pois poderá dificultar a participação
de todos nas discussões;
Os grupos poderão ser divididos de forma aleatória ou por grupos de
interesse (moradores de um mesmo setor, tipo de atividade produtiva,
sexo, etc.). Isto irá depender do objetivo da discussão;
Distribui-se, para cada grupo, uma folha de cartolina ou papel metro e
pincéis atômicos;
O facilitador explica o tema ou questão que será discutida pelos
grupos;
Em seguida, solicita aos grupos que, ao invés de responderem à
questão de forma escrita, deverão respondê-la através de desenhos.
Chama a atenção para que não haja nenhuma letra ou palavra escrita
no cartaz. Só desenhos!
Depois de concluídos os desenhos, os grupos se reúnem em plenária
para a discussão e síntese do trabalho. A discussão deve proceder da
seguinte forma:
- Os cartazes deverão ser afixados na parede, um a um, à
medida que os grupos forem se apresentando;
- Inicialmente, os participantes do grupo que está com o desenho
em discussão não se pronunciam. Os demais participantes deverão se
pronunciar, tentando descobrir o que aquele grupo quis dizer com os
desenhos. O facilitador vai registrando num cartaz as contribuições da
plenária em relação ao tema em discussão;
- Em seguida, o grupo que desenhou explica o significado do
desenho, confirmando ou não a interpretação da plenária;
- Os cartazes vão sendo apresentados, um a um, seguindo a
mesma dinâmica, até que todos os grupos se apresentem;
- Cabe ao facilitador ir buscando mais e mais informações sobre o
tema em discussão. Não devendo se limitar às informações contidas nos
cartazes. Os desenhos são, na realidade, um “mote” para puxar a
discussão de maneira lúdica e criativa;
A técnica é concluída em plenária, com a síntese feita num cartaz pelo
facilitador, a partir das informações dadas pelos desenhos dos grupos.
Observações / Variações na Condução
Como o próprio nome sugere, o Retrato da Vida é indicado para se
identificar elementos de diagnóstico (“como vem sendo a prática do
Bando do Nordeste no apoio às organizações de produtores rurais?”,
“como funciona o processo de comercialização dos produtores desta
cooperativa”?) e prognóstico (“Se não tomarmos nenhuma atitude,
como estará a nossa vida daqui a 5 anos?”), permitindo uma visão
global da realidade de determinada Organização e local;
É uma técnica que, por superar a barreira do analfabetismo, poderá
ser utilizada com sucesso por grupos de pequenos produtores,
permitindo o desenvolvimento da discussão com criatividade;
Uma variação da técnica poderá ser obtida, utilizando-se, no lugar dos
desenhos, recortes de jornal, revistas, etc. Para isto, se faz necessário
a preparação prévia destes materiais;
O Retrato da vida permite o enriquecimento da discussão, com a
análise dos elementos subjetivos que se encontram nos desenhos.
Para potencializar este aspecto, é importante que o facilitador valorize
também as análises feitas pela plenária e que não foram desenhadas
de maneira intencional pelo grupo que elaborou o cartaz. Se o
aspecto levantado corresponder à realidade do que está sendo
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discutido, então deve ser incorporado ao cartaz-síntese pelo
facilitador.
Painel Duplo
Indicação: Discussão de temas polêmicos.
Representação Esquemática
Condução da Técnica
O facilitador inicia colocando para a plenária o tema em discussão. O
tema escolhido é sempre sobre uma questão polêmica onde não haja
unidade de posição do grupo;
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Em seguida questiona a plenária sobre quais são os participantes que
concordam com a afirmação (grupo do SIM) e quais os que discordam
(grupo do NÃO). Solicita então algumas pessoas que queiram
defender a posição do SIM e do NÃO (3 a 5 representantes para cada
grupo);
É dado um tempo ( 10 minutos, por exemplo) para que o grupo do
SIM exponha seus argumentos e em seguida o grupo do NÃO. Daí
em diante apalavra é alternada entre um representante do SIM e outro
do NÃO;
O facilitador atua como o juiz, moderando a discussão entre os dois
grupos. Na primeira etapa do processo, só estes dois grupos se
manifestam. A plenária permanece em silêncio, observando e
analisando as argumentações (esta primeira fase dura de 20 a 40
minutos, a depender da complexidade do tema e da riqueza das
argumentações);
Na segunda etapa, a discussão é aberta à participação da plenária,
que poderá reforçar os argumentos apresentados pelos grupos;
Para finalizar, o ambiente de júri é desfeito e os participantes,
dispostos em círculo, avaliam as argumentações de cada grupo. Se já
for possível, chega-se a uma conclusão ou síntese da questão.
Observações / Variações na Condução
O painel Duplo ou Júri Simulado é uma técnica muito utilizada para
discussão e aprofundamento de temas polêmicos, onde não há
consenso do grupo. Ela facilita um aprofundamento conjunto da
reflexão e possibilita, se necessário, uma tomada de decisão mais
segura;
É importante que fique claro que o objetivo desta técnica é contribuir
para o processo de reflexão conjunta dos participantes, não sendo
necessário que o grupo chegue a uma posição definida logo após a
conclusão da técnica.
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Entrevista
Indicação: Fornecimento de informações.
Representação Esquemática
Condução da Técnica
A técnica da Entrevista permite a reflexão e discussão sobre
determinado tema ou conteúdo específico, através de
questionamentos feitos pelos participantes a pessoa(s) previamente
convidada(s) que tem informações e experiência sobre o assunto;
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Inicialmente, o grupo escolhe 5 participantes para serem os
entrevistadores. Eles formularão algumas questões em torno do tema.
A escolha poderá ser feita com bastante antecedência (no dia anterior
à entrevista, por exemplo), para que as perguntas reflitam, de fato, os
interesses e necessidades do grupo. Caso isto não seja possível, é
dado a este grupo um tempo de 10 a 15 minutos para que eles
organizem os seus questionamentos;
Para dar início à entrevista o(s) convidado(s) toma(m) assento no
lugar do(s) entrevistado(s) e os entrevistadores ao lado. O facilitador
assume o papel de mediador;
Os entrevistadores, um a um, fazem seus questionamentos, indicando
o convidado que deverá responder, no caso de haver mais de um
entrevistado;
Concluídas as perguntas dos entrevistadores, o moderador abre
espaço para a plenária que, de maneira organizada, poderá também
formular suas questões. Neste momento são levantados novos
questionamentos ou alguns outros que não ficaram suficientemente
esclarecidos;
Antes de finalizar a técnica, o moderador abre espaço para que os
convidados façam seus últimos comentários. Este momento é
imprescindível, pois o entrevistado poderá abordar algum aspecto que
ele considere relevante e que não tenha sido questionado pelo grupo.
Observações / Variações na Condução
Esta técnica substitui, com vantagens, as apresentações expositivas
de pessoas que vão apresentar determinada experiência ou levar
informações para o grupo. Pois a discussão gira em torno dos
interesses do próprio grupo, expressados através dos
questionamentos. Facilita também a apresentação do convidado que,
percebendo os interesses do grupo, contextualiza os seus
comentários e apresentação.
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Duplas Rotativas
Indicação: Discussão e análise de vários temas ou questões em
paralelo.
Representação Esquemática
Condução da Técnica
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Distribui-se as cadeiras frente a frente, dispostas em dois círculos
concêntricos;
As questões, que são elaboradas previamente, são colocadas de
maneira sequenciada sobre as cadeiras, de modo que as cadeiras
colocadas frente a frente tenham a mesma questão;
Os participantes ocupam seus lugares sem deixar nenhuma cadeira
desocupada;
Inicia-se a técnica dando 5 minutos para que cada participante discuta
com o companheiro que está a sua frente a mesma questão;
Quando a grande maioria das duplas tiver encerrado a discussão,
solicita-se que os participantes, que estão sentados no círculo
externo, se levantem e passem para a cadeira vizinha, que está a sua
direita. Cada participante deverá levar consigo a sua questão e
anotações. É dado mais 5 minutos para que os participantes discutam
com o companheiro que está agora à sua frente. Vale a pena lembrar
que, a partir da primeira mudança de lugar, as pessoas discutirão
perguntas diferentes;
As mudanças de cadeira acontecerão até que todos os participantes
tenham discutido todas as questões;
Concluída a discussão inicial nos círculos, os participantes formam
grupos de acordo com o número da sua questão (por exemplo: as
pessoas que discutiram a questão número 1 formarão o grupo 1 e
assim por diante). O número de grupos será então correspondente ao
número de questões. Estes grupos deverão sistematizar as
discussões, levando em consideração as contribuições de todos os
participantes sobre aquela questão;
Concluídos os trabalhos nos grupos, estes se reúnem em plenária
para apresentá-los.
Observações / Variações na Condução
Esta técnica não é das que apresenta condução mais simples. Ela
exige mais preparo por parte do moderador e um planejamento
prévio;
É uma técnica que garante, de maneira rápida, a participação de
todos na discussão e aprofundamento de várias questões ao mesmo
tempo;
As questões utilizadas devem ser formuladas preferencialmente sob
forma de afirmativas, que concluem perguntando: O que você acha
desta afirmativa? Justifique a sua resposta. Esta forma favorece a
problematização da discussão (esta observação não é válida para
grupos com baixo nível de escolaridade). Exemplo de questões utilizadas
em eventos de capacitação do Projeto Banco do Nordeste/PNUD:
Toda técnica de dinâmica de grupo é boa! O sucesso de sua
utilização depende da habilidade de condução e do
conhecimento do instrutor. O que você acha desta afirmação?
Justifique.
A liberação de recursos financeiros pelo banco será suficiente
para garantir o desenvolvimento dos agentes produtivos, pois
a falta de dinheiro é o maior problema que eles enfrentam
atualmente. O que você acha desta afirmação? Justifique.
Planejamento é função do técnico. Execução é função do
produtor. Logo, qualquer projeto da cooperativa deve ser
concebido e elaborado pelos técnicos! O que você acha desta
afirmação? Justifique;
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No planejamento da técnica, o moderador deverá levar em
consideração o seguinte:
- O número de questões deverá ser divisor do número de duplas.
Por exemplo:
30 participantes 15 duplas 3 ou 5 questões
32 participantes 16 duplas 2, 4 ou 8 questões
40 participantes 20 duplas 2, 4, 5 ou 10 questões
- O número de mudanças de cadeira será sempre: (Número de
questões - 1). Por exemplo: 3 questões - 2 mudanças; 5 questões - 4
mudanças, etc.
- Serão estes cuidados que garantirão que todos os participantes
discutam todas as questões;
- Caso fiquem alguns participantes fora do círculo, estes deverão
agir como observadores durante a discussão das duplas e,
posteriormente, deverão se integrar a um dos grupos que vai elaborar a
síntese;
Esta técnica poderá ser utilizada também com analfabetos, desde que
sejam observadas algumas variações:
a) ao invés de questões escritas poderão ser utilizados cartões
coloridos. A cada cor corresponderá uma questão;
b) as questões deverão ser bem diretas e bastante explicadas
pelo moderador (as pessoas que não sabem ler normalmente tem
grande capacidade de memorização).
Grupos Rotativos
Indicação: Discussão e análise de vários temas ou questões em
paralelo.
Representação Esquemática
Condução da Técnica
Esta técnica é uma variação das Duplas Rotativas. Também permite,
de maneira bastante rápida, a discussão de várias questões em
paralelo por todos os participantes;
Arruma-se previamente a sala, formando-se grupos de cadeiras em
círculo (o ideal é agrupar as cadeiras ao redor de uma mesa). O
número de grupos a serem formados deverá ser igual ao número de
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questões a serem discutidas e o número de cadeiras por círculo, igual
ao número de participantes em cada grupo;
As questões que serão discutidas são escritas em uma folha de
papel-ofício ou cartolina e afixadas no centro de cada grupo (se
houver mesa no centro dos grupos a questão é afixada nestas);
Os participantes distribuem-se pelos grupos e iniciam a discussão da
questão. Cada grupo escolhe um relator que vai registrando as
discussões (duração aproximada: 10 minutos);
Concluída esta etapa, os participantes se deslocam para outro grupo
e iniciam a discussão sobre a nova questão (duração aproximada: 10
minutos);
Os grupos continuam se deslocando até que todas as questões
tenham sido discutidas. Na última questão cada grupo deverá
elaborar um cartaz com a síntese da discussão desta questão;
Em plenária, todos os grupos apresentam seus cartazes e os demais
farão suas contribuições, uma vez que também discutiram a questão
que está sendo apresentada.
Observações / Variações na Condução
Esta técnica é de condução mais simples que as Duplas Rotativas,
não exigindo tanta experiência do facilitador. Exige entretanto a
preparação das questões e da sala antecipadamente;
Uma variação da técnica é, ao invés dos participantes se deslocarem,
deslocar as questões de um grupo para outro. Isso evita tumulto em
grupos muito grandes. Entretanto, em grupos menores (até 10
participantes por grupo) o movimento dos participantes ajuda na
quebra de monotonia dos trabalhos;
Deve-se evitar a utilização de mais de quatro questões (portanto 4
grupos), para que não se tornem repetitivas e previsíveis as trocas de
lugar.
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CONSTRUÇÃO COLETIVA DE CONCEITO
Indicação: Construção e nivelamento de conceitos.
Condução da Técnica
É uma técnica que permite colher várias idéias e opiniões do grupo
sobre determinado tema ou conceito;
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O facilitador apresenta o conceito que se quer construir. Por exemplo:
“O que entendemos por autonomia?” , “ o que entendemos por
sustentabilidade?” , etc.;
Os participantes apresentam, com total liberdade, o entendimento que
têm sobre o tema, sem censura, sem preconceito e sem limites de
idéia para cada um;
O facilitador vai anotando as opiniões num cartaz;
Quando os participantes já tiverem colocado suas opiniões, o
facilitador vai dando forma ao conceito a partir das idéias centrais que
apareceram. Ao mesmo tempo em que vai aprofundando a discussão
sobre cada idéia, vai questionando os participantes sobre o que eles
entendem sobre cada aspecto levantado;
O facilitador finaliza a dinâmica redigindo o conceito construído
coletivamente num cartaz.
Observações / Variações na Condução
As idéias colocadas pelos participantes, que não representem o
conceito, devem ser discutidas e descartadas pelo grupo. O facilitador
tem que ter habilidade para, sem inibir os participantes, não construir
um conceito equivocado sobre o tema;
Para finalizar a técnica, ao invés do facilitador redigir o conceito, ele
pode dividir os participantes em pequenos grupos para que eles
próprios o façam.
ESTUDO DE CASO
Indicação: Análise situacional.
Condução da Técnica
Esta técnica consiste na discussão e análise de determinada situação
dada pelo facilitador;
O facilitador deve elaborar previamente a descrição de um caso, real
ou fictício, que represente adequadamente uma situação próxima ao
que se quer discutir e analisar. Pode ser um artigo de revista, o
capítulo de um livro, um projeto produtivo, etc. Ao final do texto, deve
elaborar algumas questões que orientem as discussões nos grupos;
Divide-se os participantes em pequenos grupos e entrega-se uma
cópia do caso para cada um;
Os grupos lêem coletivamente e analisam o caso a partir das
perguntas dadas pelo facilitador;
Concluídas as discussões nos grupos, os participantes reúnem-se
em plenária para socializar as conclusões.
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PAINEL REGRESSIVO
Indicação: - Detalhamento de Planos de Ação;
- Aprofundamento de discussões (do geral para o
específico).
Representação Esquemática
Condução da Técnica
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Esta técnica é uma variação do Painel Progressivo, sendo que se
desenvolve no sentido inverso: da plenária para o individual;
Inicialmente o facilitador expõe para a plenária o tema que será
discutido e aprofundado;
A plenária inicia a discussão , focalizada nas questões maiores ou nas
grandes linhas;
Em seguida, o grupo vai sendo subdividido e a discussão vai sendo
aprofundada e detalhada. Passa-se do geral para o específico;
Os grupos se subdividem até que se chegue ao individual ou a
pequenos grupos de interesse. Esta definição irá depender do objetivo
do trabalho e do tema em discussão;
Ao final o resultado das discussões poderão ser apresentados para a
plenária ou não. Isto também será definido pelos objetivos.
Observações / Variações na Condução
É uma técnica muito adequada para discussão de planos de ação ,
onde se parte do geral para o específico;
No caso de discussões que exijam desdobramentos práticos, os
grupos deverão ir se subdividindo a partir de interesses comuns,
relação de vizinhança, etc.
GRUPOS DE QUESTIONAMENTO
Indicação: Avaliação de aprendizagem.
Representação Esquemática
Condução da Técnica
A técnica “Grupos de Questionamento” é muito apropriada para fazer
avaliação dos conteúdos apresentados e discutidos durante
determinado evento;
Divide-se os participantes em 5 grupos (A,B,C,D e E) , dispostos na
sala em forma de estrela;
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É dado aproximadamente 10 minutos para que os grupos elaborem 2
questões sobre qualquer conteúdo apresentado ou discutido naquele
evento. Não pode ser pergunta do tipo: o que você acha.?. Tem que
ser perguntas cujas respostas possam ser julgadas como certa ou
errada;
Após a elaboração das perguntas o grupo A fará uma pergunta ao
grupo C. Escolherá um dos participantes do grupo C que deverá
respondê-la;
Se a resposta dada pelo participante for considerada certa, o grupo C
ganha 2 pontos. Se for errada, o grupo A, que questionou, ganha 1
ponto e é dado o direito de resposta a qualquer outro participante do
grupo C. Se este acertar, o grupo C ganha apenas 1 ponto, se perder,
o grupo que perguntou ganha mais 1 ponto;
O facilitador vai registrando num cartaz a contagem dos pontos de
cada grupo;
A técnica continua até que todos os grupos tenham feito e respondido
a duas perguntas.
Observações / Cuidados na Condução
Esta é uma técnica que, além de favorecer a verificação da
aprendizagem do grupo, também permite um reforço de conteúdos;
Por segurança é conveniente sugerir aos grupos, no início da técnica,
que elaborem 3 questões e não somente 2, pois é comum que
algumas das perguntas preparadas pelos grupos sejam
questionadas por outro;
O julgamento das respostas como certas ou erradas pode ser feito
pelo facilitador ou, preferencialmente, pelos outros 3 grupos que não
estão envolvidos com o questionamento e com a resposta no
momento.
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Quadro Resumo das Técnicas e Indicações de Uso
Indicações Técnicas
Levantamento de informações
diagnóstico
expectativas
visão de futuro
etc.
Painel Progressivo (pg_)
Retrato da Vida (pg_)
Fornecimento de informações
Entrevista (pg_)
Discussão e análise de questões
em paralelo
Duplas Rotativas (pg_)
Grupos Rotativos (pg_)
Discussão de temas polêmicos
Painel Duplo (pg_)
Análise situacional
Estudo de Casos (pg_)
Detalhamento de planos de ação
Painel Regressivo (pg_)
Aprofundamento de discussão (do
geral ao específico)
Painel Regressivo (pg_)
Construção e nivelamento de
conceitos
Construção Coletiva de
Conceito (pg_)
Avaliação de aprendizagem
Grupos de Questionamento
(pg_)
26
Bibliografia
BORDENAVE, Juan Diaz e PEREIRA, Adair Martins - Estratégias de
ensino-aprendizagem. Editora Vozes. Petrópolis, 1995
CASTRO, Guillermo W. O papel da capacitação na geração e
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no Seminário sobre descentralização, desenvolvimento local e gestão
social. Recife-PE, 20-22/11/96.
CERQUEIRA, Ricardo R. Jogos Pedagógicos na capacitação das
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Implementação de projetos associativos de produtores rurais e
urbanos - PROJETO BANCO DO NORDESTE/PNUD, Recife,1996.
GRAMIGNA, Maria Rita Miranda. Jogos de Empresa e Técnicas
Vivenciais. Makron Books. São Paulo,1995.
SCHUTZ, Will. Profunda simplicidade - uma nova consciência do eu
interior. Editora Ágora. São Paulo,1989