Post on 29-Dec-2018
TEXTO E IMAGEM: POTENCIALIDADES EXPLORÁVEIS
Irene Chabowski1
Jaime dos Reis Sant’ Anna2
Resumo Pensar a leitura em seu sentido amplo, considerando o professor como mediador para conduzir esse conhecimento na construção do leitor, sendo essa uma interação entre o leitor e interlocutor. Propor aos educandos a reflexão sobre as imagens que lhe são postas diante dos olhos é uma das tarefas urgentes da escola e cabe ao professor criar as oportunidades, em todas as circunstâncias, sem esperar a socialização de suportes tecnológicos mais sofisticados para as diferentes escolas e condições de trabalho. Assim, quando é proposto um trabalho envolvendo a análise interpretativa de imagem e texto, podem-se despertar habilidades e fazer com que os alunos percebam o sentido real da leitura verbal e não verbal. Com esse trabalho, espera-se construir novos olhares acerca da leitura, tendo como base principal a utilização das obras do artista plástico Aldemir Martins e os minicontos de Elias José. O objetivo é desenvolver uma proposta diferenciada e produtiva para os educandos e estimular as habilidades da leitura e a interpretação para a formação de um leitor consciente e crítico. Palavras- chave: Texto. Imagem. Aprendizagem. Leitura.
INTRODUÇÃO
‘Um bom leitor tem o poder de captar cheiros, cores, formas, gostos
e as sonoridades textuais.’ Elias José
Este artigo apresenta os resultados das reflexões que realizei para pensar
qual é papel da leitura na vida do educando do Ensino Fundamental. O trabalho foi
realizado entre a professora PDE e com o orientado professor IES e com a
participação dos alunos da escola pública do Paraná, onde em conjunto pude
realizar o Projeto ‘Texto e Imagem: Potencialidades Exploráveis’, envolvendo o
Projeto, Produção Didática Pedagógica, Intervenção e o Artigo Final.
Ao optar pelo Gênero Textual, em particular os minicontos, para executar o
trabalho, utilizei o livro Fantasia do Olhar, de Elias José, inspirado nas obras do
artista plástico Aldemir Martins, publicado pela Editora Moderna. A produção didática
pedagógica é apresentada em sete oficinas, nas quais foram oferecidas as
sugestões, as explicações e as ilustrações das respectivas tarefas, com uma
1 Licenciada em Letras pela Universidade do Oeste Paulista de Presidente Prudente. Pós-Graduação em Leitura e Produção Textual Pela FAFIJAN - Professora PDE 2012 pela UEL. Professora de Língua Portuguesa no Colégio Estadual Rio Branco Ensino Fundamental e Médio de Rio Branco do Ivaí da Rede Estadual do Paraná.
2 Bacharel em Letras (FFLCH-USP); Licenciado em Letras (FE-USP); Mestrado e Doutorado (FFLCH-USP) Docente da Universidade Estadual de Londrina.
programação bem diversificada, com imagens, textos, músicas, vídeos e slides,
dentre outras atividades.
E ao planejar esse projeto o que me levou a escolher esse tema foi
observação que fiz dos anos anteriores, que os alunos do ensino fundamental não
tem o hábito de ler e por isso apresentam grandes dificuldades de interpretação e
compreensão. Visando amenizar esse problema, elenco alguns objetivos como
reconhecer as diferenças entre as diversas linguagens e compreender os elementos
internos que compõem o texto e o contexto interno e externo.
A prática cotidiana prova que é preciso trazer significados aos educandos
para que possam entender e compreender o real poder da leitura na vida escolar e
social. Manifesto neste artigo que o trabalho com a leitura de texto e imagem
envolvendo o minicontos de Elias José, inspirados nas obras de Aldemir Martins,
pode dar uma nova visão de que a imagem e o texto podem proporcionar ao
educando novas ideias na construção de leitura e na produção de textos, permitindo
aos educandos um novo olhar e maior compreensão sobre as ações da leitura e
imagem que porventura sejam introduzidas nas atividades diárias dos mesmos.
Nas oficinas foi apresentada uma infinidade de sugestões com diversas
atividades para a turma de 6°ano. Essas atividades podem ser aplicadas também
em outros anos do Ensino Fundamental, desde que contemplem os mesmos
conteúdos. Todavia, deve-se atentar para um nível de maior complexidade para
obtenção de um aprendizado da turma. Sabendo dessa grande influência, os
educadores devem oferecer ao educando condições de apropriação do
conhecimento.
Cabe à escola garantir que os alunos possam interpretar adequadamente
tanto o texto escrito quanto as imagens, atribuindo–lhes possibilidades, para
entenderem e realizarem a leitura. É também incumbência da escola garantir aos
alunos acesso aos requisitos necessários ao processo cognitivo, facultando-lhes a
interpretação das duas linguagens - escrita e imagética. Muitos dos alunos do 6°ano
já trazem consigo uma trajetória de sua vida escolar, e já passaram pela Educação
Infantil, Ensino Fundamental - fase I, e para o Ensino Fundamental - fase II;
percebe-se, então, a necessidade de trabalhar a leitura, que a maioria dos alunos é
desmotivada e carece de estímulos que lhes resgate o interesse.
Todas as atividades contidas na unidade didática estão diretamente ligadas
ao Projeto, uma vez que permitirão um conhecimento aprofundado sobre a questão
da leitura, oralidade e escrita. Pois a leitura é muito mais do que apenas decodificar
letras, e sim conhecer e analisar os gestos presentes como os sons e imagens. Ter
o domínio desses códigos e permitir ao indivíduo fazer uma interpretação da
realidade e do mundo, proporcionando uma nova visão para compreensão das
diferentes linguagens existentes.
Portanto, com as propostas de aprofundamento com a leitura e a
interpretação o educando poderá adquirir um novo olhar para leitura e incorporá-la
ao seu cotidiano. O contato com a imagem e texto escrito serve de apoio e suporte
para posições mais coerentes e conscientes, proporcionando ao educando a
ampliação do horizonte e do pensamento. O mesmo corre com seu repertório e seu
imaginário, desenvolvendo sua percepção visual e gráfica, significativamente, para
assim poder ler e entender melhor o mundo em que vive.
Fundamentação Teórica
A leitura, ao longo dos tempos, tem sido discutida intensamente, sendo que
são muitas as indagações no que se refere ao ato de ler, e ao real significado do
valor da leitura. Muitas também são as dificuldades que se apresentam ao leitor e as
razões que o envolvem nesse processo em todos os níveis de escolaridade. É
responsabilidade de todos os envolvidos com a educação, independentemente da
formação de cada um, quando o assunto é leitura. Precisamos, então, entender os
fatores que estão a ela relacionados e envolvem dependentes do momento histórico.
Assim se expressam as DCE de Língua Portuguesa:
No processo de ensino-aprendizagem, é importante ter claro que quanto maior o contato com a linguagem, nas diferentes esferas sociais, mais possibilidades se tem de entender o texto, seus sentidos, suas intenções e visões de mundo. A ação pedagógica referente à linguagem, portanto, precisa pautar-se na interlocução, em atividades planejadas que possibilitem ao aluno a leitura e a produção oral e escrita, bem como a reflexão e o uso da linguagem em diferentes situações. Desse modo, sugere-se um trabalho pedagógico que priorize as práticas sociais (PARANÁ, 2008, p. 55).
Podemos entender que qualquer texto tem um sentido em aberto; cabe ao
leitor selecionar os sentidos, a partir de sua experiência com as palavras e montar
um conjunto coerente que produza a interpretação. Como aponta Orlandi (1996, p.
9), ‘a linguagem é sempre possível de equívoco [...] os sentidos não se fecham, não
são evidentes, embora pareçam ser’.
Compete ao professor promover diferentes momentos que sejam instigantes e
gerem perguntas sobre diversas visões apresentadas pelo texto, para que os alunos
possam exercitar sua capacidade de interpretação e compreensão. As Diretrizes
Curriculares do estado do Paraná para a disciplina de Língua Portuguesa na
educação básica postulam:
No ambiente escolar, a racionalidade se exercita com a escrita, de modo que a oralidade, em alguns contextos educacionais, não é muito valorizada; entretanto, é rica e permite muitas possibilidades de trabalho a serem pautadas em situações reais de uso da fala e na produção de discursos nos quais o aluno se constitui como sujeito do processo interativo (PARANÁ, 2008, p.55).
Para pensar em leitura com um sentido amplo, devemos considerar a
formação do professor como o principal desafio nas atividades de formação do leitor,
a qual possui dois parceiros fundamentais interagindo – o professor e o aluno –, pois
como o professor é o mediador nesse conhecimento, ele deve ser iniciado na
educação infantil e prosseguir por toda a vida; deve enfocar o poder da leitura na
vida das crianças. Afirma Isabel de Solé (1998, p. 61):
Desde muito pequenas, as crianças constroem conhecimentos relevantes sobre a leitura e a escrita e, se tiverem oportunidades – isto é, se alguém for capaz de se situar no nível desses conhecimentos para apresenta-lhes desafios ajustados- poderão ir construindo outros novos.
Quando se fala em leitura, é possível afirmar que, mesmo antes de nascerem,
os seres humanos já reagem aos diversos estímulos do exterior, fazendo a
interpretação das reações maternas. Trata-se de uma realidade em que se envolve
o homem com a natureza e a sociedade. E ele vem constituindo textos codificados
que levam o sujeito a decifrá-los e interpretá-los. O sujeito vai percorrendo etapas no
percurso do aprendizado e percebe as várias denominações entre as leituras
existentes a leitura sensorial, a emocional e a racional. Nessa construção do sentido
do texto é necessária a interação entre dois sujeitos (autor e leitor) mediada pelo
texto. Diz Orlandi (1998, p. 59):
Queiramos ou não, quando fazemos parte do conjunto dos chamados sujeitos-leitores além de construir um publico com suas implicações e
consequências estão fazendo parte de um processo do qual resulta a institucionalização dos sentidos. O cerne da produção dos sentidos está no modo de relação (leitura)entre o dito e o compreendido.
Ensina José Luiz Fiorin (1988, p. 9) que ‘para enxergar no texto produções
geniais ele apresenta duas respostas: para analisar um texto, é preciso ter
sensibilidade; para descobrir os sentidos do texto, é necessário lê-lo uma, duas, três,
n vezes’. É preciso fazer com que o educando leia atentamente, várias vezes,
mostrando-se a ele, como observar e o que observar, pois a sensibilidade não é algo
que nasce com ele, mas sim deve ser trabalhada e cultivada: ‘A fala, em si mesma,
não sofre qualquer determinação social, pois ela é a simples exteriorização do
discurso. É o ato concreto, momentâneo e individual de manifestação da linguagem’
(FIORIN, 1988, p. 12). Ainda segundo Fiorin (1988, p. 18), ‘O falante organiza suas
estratégias discursiva em função de um jogo de imagens: a imagem que ele faz do
interlocutor, a que ele pensa que o interlocutor tem dele, a que ele deseja transmitir
ao interlocutor, etc.’.
No que diz respeito ao texto, Ângela Kleiman (2000) crítica uma concepção
veiculada a respeito do trabalho com texto, entendido como um depósito de
informações, veiculadas pelas palavras. Sendo assim, o trabalho do leitor consiste
em buscar o sentido das palavras, uma a uma, para chegar à mensagem. Ela
adverte:
Parte constitutiva do ensino de leitura consiste em conscientizar o aluno da intencionalidade do autor, refletida na escolha das palavras. Substituir aquela palavra escolhida pelo autor por um sinônimo, que mais ou menos mantém o sentido original tencionado, vai contra essa conscientização (KLEIMAN, 2000, p. 20).
Maria Helena Martins (1985) diz que ler e interpretar tornam-se sinônimos; à
luz das teorias da linguagem hermenêutica, ela sintetiza as teorias da leitura em dois
grupos:
1- como decodificação mecânica de signos linguísticos, por meio de aprendizado estabelecido a partir do condicionamento estímulo-resposta (perspectiva benhaviorista cognitivo- sociológica )
2- como processo de compreensão abrangente, cuja dinâmica envolve componentes sensórias, emocionais, intectuais, fisiológicos, neurológicos, bem como culturais, econômicos e políticos (cognitivo-sociológica) (MARTINS, 1885, p. 31).
Nesse percurso de significação do mundo, ele vai percorrendo as etapas:
‘Duas concepções o do ledor e leitor e têm-se três camadas diferentes que apoiam o
sensorial, emocional e racional’ (MARTINS, 1885, p. 37-81).
A leitura e os signos de mundo dentro da linguagem podem ser vistas como
um meio de comunicação que se realiza por sinais que são representados por
palavras, frases ou gestos. No que se refere à linguagem, Viégas (2004, p. 7), diz:
A linguagem é o instrumento ao qual o homem modela os seus pensamentos, emoções e sentimentos, além de ser um sistema de signos capaz de produzir um número ilimitado de signos, os quais traduzem os fatos da consciência, assim’ é através da linguagem que o ser humano se constitui como sujeito e adquire significância cultural.
A língua provoca em nós uma aparente dominância; mas, na maioria das
vezes, não tomamos consciência de que, por estarmos no mundo, como indivíduos
sociais, devemos recorrer a uma rede intrínseca e plural de linguagem, isto é,
comunicamos também através da leitura produzindo formas, volumes, massas,
interações de forças, movimentos etc. Também nos comunicamos e nos orientamos
através de imagens, gráficos, sinais, setas, números e luzes.
No fenômeno da linguagem deve-se levar em conta a Semiótica, pois ela é
vista como parte integrante da leitura, ou, nas palavras de Nojima (2008, p. 221), ‘é
uma disciplina do domínio da comunicação que tem por objeto a linguagem
entendida como um sistema estruturado de signos.’
Nesse sentido, Eco (1977, p. 21) afirma que a semiótica é ‘uma técnica de
pesquisa que consegue dizer-nos de um modo bastante exato como funcionam a
comunicação e a significação’. Para Santaella e Nöth (1985, p. 8), por sua vez,
Quando alguma coisa se apresenta em estado nascente, ela costuma ser frágil e delicada e um campo aberto a muitas possibilidades ainda não inteiramente consumidas, esse é justamente o caso da semiótica: algo nascendo e em processo de crescimento, é esse algo é uma ciência, um território do saber e do conhecimento ainda não sedimentado, indagações e investigações estão ainda em processo. Um processo com tal não pode ser traduzido em uma única definição cabal, sob pena de se perder justo aquilo que nele vale a pena, isto é , o engajamento vivo, concreto e real no caminho e do conhecimento, toda definição acabada é uma espécie de morte, porque, sendo fechada, mata justo a inquietação e curiosidade que nos impulsionam para as coisas que, vivas, palpitam e pulsam.
Pode-se dizer que um signo ‘representa’ algo para a ideia que provoca ou
modifica. Ou assim é um veículo que comunica à mente algo do exterior. O
‘representado’ é seu objeto; o comunicado, a significação; a ideia que provoca o seu
interpretante. O objeto de interpretação é uma representação que a primeira
representação interpreta. Pode conceber-se que uma série sem fim de
representações, cada uma delas representando a anterior, encontre um objeto
absoluto como limite. Santaella (1985, p. 78) nos mostra o seguinte exemplo:
[...] a palavra casa, a pintura de uma casa, o desenho de uma casa, a fotografia de uma casa, o esboço de uma casa, um filme de uma casa, a planta de uma casa, a maquete de uma casa, ou mesmo o seu olhar para uma casa, são todos signos do objeto casa. Não são a própria casa, nem a ideia geral que temos de casa. Substituem-na, apenas, cada um deles de um certo modo depende da natureza do próprio signo. A natureza de uma fotografia não é a mesma de uma planta baixa.
Dessa forma, o signo faz a mediação entre o objeto que ele substitui e a
representação desse objeto na mente do intérprete, o que vem a ser o interpretante.
Tal interpretante produz na mente interpretadora um outro signo, traduzindo, assim,
o significado.
Pois, quando realizamos qualquer atividade, por exemplo, lendo um livro, os
exemplos a que somos expostos, como as letras, imagens e cores, evocam em
nossa mente diversas associações, dificilmente distinguidas por nós. No instante em
que esses objetos semióticos encontram um intérprete, eles já se constituem como
signos. Tal processo traduz esses signos observados em representações mentais e
também signos, que diferem de pessoa para pessoa. Durante a leitura, por exemplo,
cada signo observado provoca primeiramente um signo psíquico e interpretante na
mente do leitor/intérprete, que o traduz para outro sistema que é o verbal, sonoro e
visual. É assim, por meio de várias traduções, que o pensamento humano se
desenvolve: ‘Entende-se dessa forma que o signo é o único elo entre o mundo
interior e o exterior, é algo que representa outra coisa’ para alguém, ou seja, cria na
mente desse alguém outro signo, que é interpretante do primeiro.
Pode-se entender a construção do sentido do texto coma leitura de várias
formas, ela pode ser compreendida com atribuição de sentido, com objeto de
linguagem de qualquer natureza, tem-se a possibilidade de leitura, então pode-se ler
tanto um livro , como uma figura, uma obra de arte etc. Tudo isso remete uma ampla
abordagem de compreensão da leitura e do ato de ler, o ato de ver e produzir
pensamentos novos pode ser chamado de leitura de imagem, assim a leitura
desenvolve a habilidade de ver, julgar e interpretar uma imagem dentro do seu
contexto histórico, social, político e cultural. Assim como as DCEs da Língua
Portuguesa afirma que:
O trabalho com os gêneros, portanto, deverá levar em conta que a língua é instrumento de poder e que o acesso ao poder, ou sua crítica, é legítimo e é direito para todos os cidadãos. Para que isto se concretize, o estudante precisa conhecer e ampliar o uso dos registros socialmente valorizados da língua, como a norma culta (PARANÁ, 2008, p. 53).
Por outro lado, a literatura só consegue exercer de forma plena todas as suas
funções, se ela for realmente compreendida com a real importância que lhe cabe,
podendo interpretá-la e compreendê-la em seu significado mais correto. Isso resulta
em uma ação cotidiana que é a prática da leitura.
O texto literário permite múltiplas interpretações, uma vez que é na recepção que ele significa. No entanto, não está aberto a qualquer interpretação. O texto é carregado de pistas/estruturas de apelo, as quais direcionam o leitor, orientando-o para uma leitura coerente. Além disso, o texto traz lacunas, vazios, que serão preenchidos conforme o conhecimento de mundo, as experiências de vida, as ideologias, as crenças, os valores, etc., que o leitor carrega consigo. Feitas essas considerações, é importante pensar em que sentido a Estética da Recepção e a Teoria do Efeito podem servir como suporte teórico para construir uma reflexão válida no que concerne à literatura, levando em conta o papel do leitor e a sua formação (PARANÁ, 2008, p. 59).
Quanto aos procedimentos de leitura e à formação do leitor competente, há
também três passos fundamentais. O primeiro passo é o mais familiar; trata-se da
leitura estruturalista /tradicional, a leitura superficial, a leitura das linhas ou leitura
horizontal, as decodificações linguísticas, as informações explícitas do texto e os
procedimentos mecânicos ou o analfabetismo funcional. Esses são considerados a
assimilação do FAZER-SABER.
O segundo passo relaciona-se também à semiótica, visto que sua principal
função é compreender o valor do texto, com a leitura dos sentidos do texto, a leitura
profunda, a leitura das entrelinhas ou verticalizada, a análise do texto, o
desvelamento, que são temas parciais a partir das figuras do texto, as informações
explícitas e implícitas, a ideologia do texto que é a intenção da obra, o procedimento
reflexivo, o desenvolvimento do raciocínio analítico (leitor crítico), as oposições
semânticas. Assim, a grande questão é o FAZER-CRER, saber o que há de verdade
no texto (veridicção).
O terceiro passo é o referente ao interacionismo, centrado na transformação
do leitor, é aquele no qual acontece a leitura ideológico-argumentativa, a (RE)
contextualização do leitor, que consiste em encaixar em uma realidade a ideologia
do leitor, consiste também em dar opiniões pessoais sobre o texto; é o FAZER-
FAZER.
Quando refletimos sobre o cotidiano da sala de aula, na questão da
construção do sentido do texto, seguindo os três passos mencionados na formação
do leitor. Aqui, recorremos a Jauss (1994), que elaborou a teoria conhecida como
Estética da Recepção, na qual formula sete teses com a finalidade de propor uma
metodologia para reescrever a história da literatura. Na primeira tese, ele aborda a
relação entre leitor e texto, afirmando que existe um diálogo entre o leitor e a obra;
na segunda, destaca sobre o saber prévio do leitor, que evidencia sua reação
individual diante da leitura, influenciado que é por um contexto social; na terceira,
ressalta os novos horizontes de expectativas, afirmando que é possível medir o
caráter artístico de uma obra literária tendo como referência o modo e a sua
aceitação pelo público nas diferentes épocas em que foi lida; na quarta, referente à
relação dialógica do texto, ele responde aos questionamentos do leitor; na quinta,
discute sobre o enfoque diacrônico, que trata do contexto em que a obra foi
produzida e a maneira como ela foi recebida e reproduzida em diferentes momentos
históricos, como processo histórico de recepção e produção estética; na sexta, ele
se refere ao corte sincrônico, no qual o caráter histórico da obra literária é visto
como atual - o autor defende que a historicidade literária pode ser mais bem
compreendida quando há um trabalho conjunto do enfoque diacrônico com o corte
sincrônico. Finalmente, na última tese, o caráter emancipatório da obra literária
relaciona a experiência estética com a atuação do homem em sociedade e, em
razão disso, acontece a emancipação e ele passa a desempenhar um papel atuante
no contexto social.
A partir desse conceito, no que diz respeito à leitura literatura, as DCEs
propõem:
Que o ensino da literatura seja pensado a partir dos pressupostos teóricos da Estética da Recepção e da Teoria do Efeito, visto que essas teorias buscam formar um leitor capaz de sentir e de expressar o que sentiu, com condições de reconhecer, nas aulas de literatura, um envolvimento de subjetividades que se expressam pela tríade obra/autor/leitor, por meio de uma interação que está presente na prática de leitura. A escola, portanto, deve trabalhar a literatura em sua dimensão estética. Trata-se, de fato, da relação entre o leitor e a obra, e nela a representação de mundo do autor
que se confronta com a representação de mundo do leitor, no ato ao mesmo tempo solitário e dialógico da leitura. Aquele que lê amplia seu universo, mas amplia também o universo da obra a partir da sua experiência cultural (PARANÁ, 2008, p. 58).
Para a construção do sentido do texto existem vários conceitos a serem
apreendidos, referentes aos minicontos, narrativas curtas, mas de grande
importância para estimular a leitura. Pode-se dizer que o miniconto tem origem
remota; em todos os tempos, os povos valeram-se das narrativas para expor seus
feitos, relatar fatos manter a tradição e disciplinar os indivíduos, sempre oralmente.
Muito mais tarde, somente com o advento da escrita, os contos ganharam forma e
puderam perpetuar-se através dos tempos.
Com as mudanças ocorridas na vida política, social e cultural das escolas,
foram surgindo novas modalidades de contos, surgindo também uma maneira nova
de narrar, tendo o autor liberdade de produzir seu estilo individual em sala de aula.
Essa nova perspectiva de escrita de contos deve ser o enfoque principal para a
escrita dos alunos, em razão de propiciar liberdade poética, incentivando as novas
formas de escrita, que dispensam as estruturas prontas e inflexíveis, a linguagem
culta, padrão, entendendo-se que o momento da escrita deve proporcionar
aconchego e se aproximar da realidade do aluno sem oprimi-lo com regras e
convenções linguísticas, e assim ele possa dar largas a sua força criativa,
principalmente na representação dos acontecimentos humanos, que, não raras
vezes, levados pelas fantasias e sonhos, passam os limites da realidade. Entende-
se que, este gênero deve ter um enfoque especial na sala de aula, em todos os
níveis de ensino.
O foco central da utilização do miniconto abrange o começo e o final, a não
ser que se consiga trabalhar com miniconto a partir de flash, como afirma Ernest
Hemingway. Para o final, é recomendável a assim dita reviravolta, como no
miniconto convencional ou na crônica. A reviravolta dá-se, geralmente, porque o
miniconto não tem tempo nem espaço para mostrar como a trama afetou os
personagens. Então, uma boa frase resolve a história e carrega a mensagem.
Assim, identificando ou produzindo um miniconto, observa-se algumas
características, como a linguagem simples e direta, que não explora muito as figuras
de linguagem ou considerações ambíguas; os personagens são poucos e estão
envolvidos numa mesma ação, que caminha sempre para um mesmo desfecho. O
miniconto possui somente um eixo temático, um conflito e as ações acontecem em
um único espaço.
É preciso pensar no miniconto como um corte de uma história maior, uma
fatia de bolo cujos ingredientes possibilitam a quem degusta usufruir o sabor do
bolo. O mesmo ocorre com o conto; um breve momento de leitura pode mostrar ao
leitor uma pequena parcela da vida. O conto é um gênero propicio para explorar a
criatividade dos alunos incentivando-os a contar histórias de um ponto de vista
diferente, servindo ainda como um ótimo exercício de criação, que faz com que os
educandos usem provérbios e poucos adjetivos e a empregar verbos de ação, sendo
suas características a concisão, a narratividade, a totalidade, o subtexto, a ausência
de descrição e o retrato de ‘pedaços da vida’’.
Dessa forma, o gênero não serve para mostrar somente um extenso
vocabulário; o miniconto tem o objetivo de estimular a criatividade facultando narrar
uma história em espaço limitado, o que não é o mesmo que pobreza de recursos
expressivos, mas sim aplicação de uma regra que serve para todos os gêneros, pois
é preciso ter a consciência de que ‘Escrever é selecionar’. Evidenciam-se nos
minicontos de Elias José, inspirados na obra de Aldemir Martins, um precioso
trabalho por meio da leitura visual das pinturas, das leituras de mundo, das
reflexões, que envolvem o fazer artístico, e das atividades que ensinam, fazendo
com que o aluno possa sensibilizar seu olhar e ampliar seu repertório imagético,
criando uma consciência mais crítica da sociedade em que vive, e com isso
capacitando-se para no futuro agir mais conscientemente.
Essa leitura visual se dá a partir de um processo de dissociação e associação, no qual o aluno destaca e reorganiza os elementos constitutivos da obra observada ou do recorte visual da realidade, segundo um critério próprio e individual, entre o ver/fazer e fazer/ver, se torna o meio do qual o pensamento analógico e o divergente se fazem presente, é um processo, onde o olhar do aluno como interpretante procura observar a pintura como uma segunda realidade, um signo novo, subsidiado pelo pensamento divergente, dessa forma busca-se também reconhecer visualmente os elementos estruturais da linguagem plástica (ponto, linha, forma, cor, espaço, superfície, composição), relacionando-os entre si para descobrir, na singularidade de cada composição, não só os elementos formais, mas o conteúdo por eles revelado (BUORO, 1998, p.17).
A autora também afirma que ‘o aluno deve chegar a compreender a leitura
visual com tradutora da visão de mundo de cada leitor, uma vez que o repertório
individual também está incluso neste processo de tradução, sintonizado coma
particularidade de visão do autor’ (BUORO, 1998, p. 21).
Nesse sentido, agindo dessa forma, o educando adquirirá uma estrutura de
pensamento e um repertório próprio, que é o desenvolvimento das suas
potencialidades como se propõe no âmbito da cultura e da troca. Assim, o
conhecimento a ser construído pelo aluno se processa a partir da movimentação que
ele faz entre o repertório imaginário individual e o repertório cultural e grupal.
Na questão do ato de ler, Paulo Freire (1985, p. 11) afirma que ‘ler não se
esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita’ e
acrescenta ‘Se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo
precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir
da leitura daquele’. O mesmo autor nos ensina que a leitura do mundo precede a
leitura das palavras; na sequência, as duas leituras irão caminhar lado a lado.
Quando falamos em imagem sabemos que o mundo, em pleno século XXI,
está repleto de imagens e, ao mesmo tempo, faz uso dessas imagens, consideradas
facilitadoras, concordamos com esse autor que o exercício da leitura e a relação que
estabelecemos com o mundo, nos propiciam um grande aprendizado. Devemos
desenvolver também leituras que contenham cores, movimentos, formas, linhas,
padrões, tamanhos, unidade, função. Podemos fazer uso das imagens para explorar
a leitura de modo significativo; a ideia deve nos orientar quando tratamos da leitura.
Segundo Freire (1985), a imagem deve estar associada à nossa visão de
mundo. Quando lemos, nós lemos no mundo e lemos o mundo; isso implica o
diálogo entre o leitor, o texto e a várias maneiras de construção que levam os novos
sentidos no ato de ler. ‘’O professor que pensa certo deixa transparecer ao
educando que uma das bonitezas de nossa maneira de estar no mundo e com o
mundo, como seres históricos, é a capacidade de intervir no mundo, conhecer o
mundo (FREIRE, 1996, p. 31).
Ressalte-se a utilização das imagens com a produção de sentido, as quais
são vistas como textos autônomos, mas que podem englobar inúmeros enfoques
com pensamentos que se têm a respeito delas, e os meios pelos quais elas são
distribuídas e difundidas, como diz Camargo (2007, p. 98): ‘uma imagem, é de fato
um texto, uma presença plena capaz de significar.’
Na sociedade contemporânea, há grande necessidade de programas de
atividades que não só envolvam leituras de imagens e todas as manifestações
imagéticas capazes de levar o sujeito leitor a fazer a observação do fato, mas
também o ajudem na reconstrução do saber, dando-lhe diferentes possibilidades de
leitura de mundo. Assim afirma Pierre (1988, p. 59):
Importante observar que o jogo combinatório sobre o qual assenta a percepção da imagem implica a existência de três níveis: o nível da realidade sensível, que transmite os estímulos, o nível do percepcionado, isto é, daquilo que os nossos sentidos nos permitem captar e o nível do imaginário, ou seja, da criatividade mental de cada um de nós.
Percebendo a grande importância da imagem na vida das pessoas, Buoro
(1998, p. 149) enfatiza: ‘O olhar sobre a pintura é, para nós, a possibilidade de
aproximar a criança do objeto estético, estimulando-a a criar seu trabalho de arte
movido pelo contato visual e discussões que a fundamentam’.
Portanto, só se percebe a literatura quando ela se concretiza, quando o autor
faz fluir o diálogo do leitor com o texto ou imagem, com propostas e metodologias
que contribuam para que ele se sinta dentro do processo criativo, seja da obra seja
da leitura, percebendo a importância da relação entre leitor e texto e entre texto e
leitor e deixando despertar em si a diversidade de pontos de vista e fazendo os
ajustes para efetivar o real sentido da atividade proposta.
Sequência didática desenvolvida
Neste trabalho após muitos estudos foi construído o projeto, a intervenção e o
resultado. Ele foi apresentado à escola de atuação na semana pedagógica para todo
o corpo docente e funcionários para conhecimento e acompanhamento. E também
apresentado às pessoas responsáveis pelos educandos que apoiaram e se
comprometeram a ajudar e finalmente aos alunos do 6°ano para seu conhecimento
e apreciação. A intervenção contou com sete oficinas construídas e desenvolvidas
em forma de unidade didática.
A primeira oficina trouxe um trabalho de socialização, trabalho este, que
considero importante para o relacionamento dos colegas de sala e a professora.
Com a interpretação da música em vídeo ‘Aquarela’, de Toquinho, pude sentir que
ela trouxe alegria luz e brilho ao trabalho, pois foram vários questionamentos e
momentos de descontração. No momento do desenho e ilustração, percebeu-se a
sensação de que música foi fascinante, estimulando a produção de muitos
desenhos. Percebi, então, que foi uma forma de deixar o lado artístico fluir, ao colorir
aquela imagem pode perceber a personalidade de cada um deles, sendo essa uma
experiência significativa.
Para conhecer e perceber realmente o perfil da turma aplica-se um
questionário para identificar o perfil do educando. Nessa pesquisa quantitativa, pude
levantar diversas perguntas como, quais são seus pensamentos e seus
conhecimentos referentes à leitura em sua vida familiar e pessoal. Com a tabulação
dos dados obtidos, percebemos que as respostas não foram tão diferentes do se
imaginava e já que havia sido detectado nos anos anteriores. Notei que os mesmos
dão pouca importância à leitura em sua vida e são pouco estimulados pela família e
também pela própria escola.
Em face da grande expectativa dos alunos, iniciei a 2ª Oficina apresentando o
resultado da pesquisa. E fiz uma sinopse do que é leitura, para que serve no que ela
pode ajudar. E também no gênero textual conto e o miniconto, ele que é o ponto
chave para esse trabalho. São alunos que estão chegando nessa escola, e
aproveitei para apresentar a biblioteca para eles, e expressar a minha alegria ao
passar por lá e poder usufruir da infinidade de livros que podem se lidos. E desta
maneira tentar contagiá-lo com todo o meu entusiasmo e vivência. Aproveitamos a
visita e cada um já levou consigo um livro para leitura.
Na sala de aula foi distribuído aos alunos sete pastas contendo 13 obras
literárias de vários autores e em especial a do autor Elias José que circulou entre os
alunos no decorrer do projeto e a termino os mesmos foram distribuídos como forma
de incentivo a leitura.
Contudo, trabalhar com diferentes formas de texto e aproximar o aluno à
literatura e saber que ela nos leva a compreender a construção da nossa cultura, de
entender épocas passadas, viajar pelos outros tempos e assim, compreender o
momento presente, pois a Literatura é outra forma de expressão que deve ser
conhecida e vivenciada pelo educando. É preciso levar o aluno, a reconhecer o
caráter da significação do texto, e isso só acontece quando ele é lido.
Apresentei o texto ‘Casal de Velhos’, que é um conto de Edson Gabriel, que
mostra a tensão, o suspense, o medo e a emoção. E também apresentei o miniconto
‘Galo Colorido’, de Elias José, para podermos perceber a diferença quanto à
extensão. Sabe-se que o miniconto apresenta-se limitado com uma brevidade, mas
não deixando perder o sentido e o tema. No laboratório de informática eles
pesquisaram outros minicontos para ajudar a reconhecer e interar-se para o nosso
trabalho.
Na 3° Oficina, apresentamos o renomado pintor Aldemir Martins e o ilustre
escritor Elias José. Suas bibliografias foram apresentadas em vídeos, na internet
(Wikipédia) para que entendessem como foram bem sucedidas e importantes para
divulgar as suas obras, tanto na escrita como na pintura.
E para valorizar a sua vida de estudante, foi feito um desafio para que eles
escrevessem a sua biografia, envolvendo sua vida pessoal e o seu histórico escolar,
essa tarefa foi muito interessante. Muitos tiveram dificuldade em lembrar-se de seus
ex- professores. Eles possuem pouco tempo de vida escolar e isso me deixou muito
preocupada, mas todos realizaram a tarefa com êxito.
Dando continuidade estamos na 4° oficina, onde foram apresentados os
slides ‘As tintas’, e em seguida foram trabalhados os valores presentes em nossa
vida. E em seguida no laboratório de informática apesar das dificuldades
encontradas ao usá-lo, sendo a internet é muito lenta. Assistiram ao vídeo:
Exposição de Aldemir Martins, que retrata a exposição e anotações visuais em
amostra em São Paulo, dia 19/11/2010, com duração de 3:11 (KLINTOVITZ, 2012).
E o importante é trazer a cultura até ele para que possa conhecer e entender esse
mundo fantástico que a pintura juntamente com literatura proporciona o
enriquecimento cultural.
Em grupo foi trabalhado o miniconto ‘Festa de Aniversário’, com atividades
orais e escritas, envolvendo gramática, compreensão e interpretação e produção.
Ela foi realizada com sucesso, dando uma continuidade nas atividades para uma
comparação, foi apresentado ‘Família de Gatos’ em formas de quebra cabeça, e
eles entenderam que se tratava da imagem que teria inspirado Elias José a escrever
a ‘Festa de Aniversário’, foi uma atividade bem espontânea e dinâmica e bem
colaborativa.
Na sequência, a 5° Oficina foi iniciada com a atividade realizada em grupo,
apreciando a obra de arte ‘Pássaro Redondo’, com um olhar mais profundo, dando
atenção aos pequenos detalhes para imaginar as hipóteses levantadas. Foram feitos
muitos questionamentos pela maioria dos educandos, mas ainda encontramos
aquele aluno que não quer ou que encontra muitas dificuldades para expressar–se.
Sempre precisando da ajuda do professor e em seguida realizamos a leitura do
miniconto idealizado por Elias José como novo título ‘O Pássaro Viúvo’ sempre
lembrando que é necessário dar um novo título ao nosso trabalho, pois é uma nova
versão. Eles realizaram exercícios referentes ao texto lido com atividade escrita.
Sabe-se que muitas coisas passam por nossa vida e muitas vezes
despercebidas, e que o nosso dia a dia é repleto de muitas imagens e nunca
valorizamos. Com esse olhar atento fomos ao um passeio pela nossa pequena e
acolhedora cidade, mas com um olhar diferenciado olhar biônico para captar os
pequenos elementos que deixam nossa vida mais alegre e transmitindo paz. Com
celulares e máquinas fotográficas nas mãos foram a campo e registraram tudo que
consideraram importantes. Essa atividade foi uma grande experiência para todos, foi
gratificante com muitos comentários e considerações. Ao retornar, cada um
escolheu uma foto que foi para um cartão postal como presente do projeto e como
uma recordação dos momentos especiais vivenciados com a turma.
Na 6° oficina, apresentei aos educandos a obra ‘Marinha com Jangada’ de
Aldemir Martins para observação e questionamentos para responder as questões,
descrevendo as imagens que perceberam e as sensações que as transmitirem. E
seguiu-se com muitos questionamentos individuais para melhor conhecer o perfil de
cada um.
Para dar maior ênfase e ligamento com a obra ouvimos a canção, ‘Suíte do
Pescador’ de Dorival Caymmi, onde ele apresenta os mesmos elementos da
passagem da obra de Aldemir Martins, mas apresenta-se com nova perspectiva de
trabalho e vários outros questionamentos realizados, fazendo a ligação com pintura
da ‘Marinha com Jangada’. Para perceber os elementos idênticos e os diferentes foi
apresentado o texto ‘Um fim de Semana Preguiçoso’ de Elias José para que
realmente eles pudessem traçar um paralelo entre o texto e a canção.
Outra tela do pintor cearense foi apresentada; desta vez, ‘Vaso com Flores’.
Foi preciso fazer com que eles possam sentir emoções nas pequenas coisas. E com
essa obra podemos fazer entender que flores nos trazem muitas alegrias, enfeitam e
decoram nossos lares dentro ou fora e tornam os ambientes especiais criando uma
beleza e encantamento, pois elas fazem parte de nossa vida. Fiz a introdução da
presença da família em sua vida, mostrei a importância que ela tem para todos nós.
Mostrar que independentemente do tipo de conceito familiar que possuo e o tipo que
ela se apresenta para ele. E muitos questionamentos foram realizados envolvendo
suas famílias.
Para mostrar que com uma pequena demonstração de carinho pode-se fazer
toda diferença na vida das pessoas que amamos. Apresentou-se a obra de Aldemir
Martins ‘Vaso com Flores’ e miniconto de Elias José inspirado nesta tela dando um
novo título para sua produção ‘Bilhetes e Flores para Mamãe’ muito simples, mas
fazendo toda a diferença em seu âmbito familiar. E com as atividades de
interpretação e compreensão diferenciadas realizadas com muitas reflexões.
Com um novo vídeo ‘Um Toque de Luz para Você’’! Essa mensagem trouxe
muitas cores mostrando luz para o trabalho. Sabemos que as cores trazem boas
vibrações e que cada uma transmite algo em nossa vida. E pensar em família que é
o centro, em estrutura familiar independente da maneira como ela seja constituída
ela tem um amor incondicional para com seus filhos, sempre protegendo dando
carinho atenção e dedicação. Os filhos devem sentir também esse amor e
demonstrar de diferentes maneiras e gestos. Foi proposto um desenho que
demonstrasse esse carinho e gratidão para com sua mãe, ou seja, aquele que
exerce esse papel. E usando a sua imaginação eles produziram com papel cartão e
tintas nas mãos. Suas obras foram produções que transmitiram momentos de
emoções, cada um revelando seu lado artístico e se tornando grandes pintores e
com um grande objetivo homenagear. E ao término das pinturas inspirados em sua
obra criaram um miniconto.
As oficinas trouxeram percepções, ações e envolveram as atividades e todo
processo de interpretação e compreensão, todas com o objetivo o foco principal
leitura. E para mostrar que o pensamento vai mudando e surgindo novas ideias
lançou-se nesta última oficina, desenhar um peixe colorido, ou seja, peixe-jardim.
Sentindo-se artista realizaram a tarefa. E enfim apresento a verdadeira obra de
Aldemir Martins ‘Peixe’ e eles comparam as diversidades de ideia que surgiram
alguns até ficaram emocionados que as suas obras ficaram idênticas as do grande
artista e isso deu um prazer e realização muito grande. E novamente uma produção
surge e são expostas as ideia se confrontadas com a produção de Elias José grande
inspirador deste trabalho.
E para finalizar e dar continuidade a novas ideias assistiu-se ao vídeo: ‘Jornal
TV Sul° Contadores de História do Instituto Cultural Elias José’. Que seja fonte de
inspiração para futuros trabalhos.
Considerações Finais
Os estudos realizados em todas as etapas de PDE levam a rever nosso
posicionamento frente ao nosso trabalho escolar. E veio abrir espaço para novas
reflexões, novas leituras e reviver o espírito de criatividade. E fazer acreditar que
possível aplicar as práticas da escrita e da oralidade e com as produções e as
reflexões que realizamos. Poder produzir textos e voltar a sentir o prazer no ler
independente do tipo de leitura que seja proposto.
Durante os estudos realizados, percebi também que na maioria de nossas
práticas às vezes deixamos muito a desejar em nossas metodologias a maneira e
forma de criar nossas atividades. Não apenas palavras minhas, mas também de
meus colegas que realizaram o GTR e acompanharam as atividades. E nas
atividades realizadas nesse trabalho mostrou–me que vale a pena acreditar e
construir e investir em mim e para que possa levar até aos meus educandos novas
propostas e novos caminhos. Toda essa Intervenção, tanto on-line com o GTR,
quanto direta, e durante a implementação foram muito importante e muito rica. A
produção foi acompanhada por meus colegas que realizaram o GTR, ficando a
disposição para novas adequações para suas turmas para que pudessem aplicá-la e
também dar novas sugestões de melhoria. As interações com os cursistas e as
trocas de experiências realizadas trouxeram muitos aprendizados com resultados
positivos.
Ressalto que é inegável o ensino de Língua Portuguesa, uma vez que a
linguagem que circunda em todas as esferas sociais envolvendo todas as
disciplinas. Sendo ela a linguagem oral ou escrita como indispensável e responsável
na construção dos diversos conhecimentos em todas as áreas. É preciso que os
educandos sejam desafiados a dar o máximo de si, interessando-se cada vez mais
para o processo da leitura. Sabe-se que o pensamento e a linguagem são dinâmicos
e aos poucos o sujeito vai-se transformando em relação ao meio em que está
inserido. Para tanto, é preciso que ele se exercite, seja motivado para o hábito de
leitura e orientado com diferentes estratégias e técnicas a fim de adquirir uma nova
visão, para ampliar seu conhecimento.
Deste modo procurei desenvolver um trabalho envolvendo a arte, disciplina
que particularmente gosto, pois o lúdico é bastante atraente e da mais vida aos
trabalhos e abre novos os horizontes. Focalizei as reflexões fala/escrita usando a
gramática contextualizada. As atividades lúdicas contemplam os conteúdos dando
um valor maior e uma qualidade diferenciada transformando o lado artístico. Todas
as atividades desenvolvidas contemplaram o conteúdo estruturante, Discurso como
Prática Social e a interdisciplinaridade vieram dar oportunidades do educando
inserir, produzir e facilitar o ensino dos conteúdos de uma forma prazerosa.
Portanto, o objetivo geral dessa pesquisa foi o de propiciar aos educandos
condições de apropriar dos conhecimentos, desenvolvendo suas capacidades
discursivas e linguísticas, para assim tornarem-se leitores e produtores competentes
sendo capazes de identificar os elementos explícitos e implícitos nos diferentes tipos
de textos, podendo estabelecer situações e formação efetiva de cidadania dentro do
espaço escolar e na sociedade que cada vez mais exige uma participação ativa e
consciente do sujeito no mundo globalizado.
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