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UMA ANÁLISE DE VALORAÇÃO CONTINGENTE PARA A PRAIA DA
AVENIDA EM MACEIÓ
Área de Conhecimento: Meio Ambiente, Recursos Naturais e Sustentabilidade.
Geanne Daniella Clementino da Silva1
Eliane Aparecida Pereira de Abreu2
Alexandra Maria Rios Cabral3
Gilberto Gomes da Silva Junior4
Joelma Maria Batista de Araujo5
Kellyane Pereira dos Anjos6
RESUMO
A cidade de Maceió é dotada de belezas naturais tais como praias e lagoas, sendo esse o fator que
contribui para que a referida cidade tenha um elevado potencial para o desenvolvimento do setor
turístico. Entretanto, as praias e lagoas sofrem com o escoamento do esgoto urbano nas mesmas.
Como a Praia da Avenida constitui a praia urbana mais afetada pelo despejo de esgoto o estudo em
questão tem como objetivo, através da aplicação do método de Valoração Contingente, identificar a
máxima disposição a pagar dos usuários pela recuperação da praia. A identificação da disposição a
pagar da população pode subsidiar as decisões de investimento público ambiental para recuperação
do recurso ambiental. Para atingir o objetivo supracitado foi realizada pesquisa de campo nas praias
urbanas de Maceió, no período de 06 a 08 de setembro de 2006.
Palavras-chave: valoração econômica; economia ambiental; valoração contingente.
ABSTRACT
The city of Maceió is endowed with natural beauties such as beaches and lakes, and this is
one of the factors that contributes to that the city has a high potential for the development of the
tourism sector. However, the beaches and lakes suffer from the disposal of urban sewage in them.
As the Avenida Beach is the city most affected by sea dumping of sewage into question the study
aims at using the method Contingent Valuation, identify the maximum available to pay the users of
the beach. The identification of the provision to pay the population can support the decisions of
public investment for the recovery of the resource environment. To achieve the above objective was
accomplished field research in urban beaches of Maceió, in the period from 06 to 08 September
2006.
Keywords: economic valuation, environmental economics, contingent valuation
I. INTRODUÇÃO
A idéia de conciliar os recursos ambientais não renováveis e as necessidades humanas é alvo
de estudos e pesquisas econômicas em todo o mundo. Por isso, a valoração de ativos ambientais
busca auferir o preço que um recurso ambiental possui, tornando possível a identificação de
políticas que visem conciliar a manutenção e conservação do meio ambiente com as necessidades
humanas e econômicas.
1 Mestranda em Economia Aplicada FEAC – UFAL
2 Professora Adjunta do Curso de Economia FEAC - UFAL
3 Professora Assistente do Curso de Economia FEAC - UFAL
4 Mestrando em Economia Aplicada FEAC - UFAL
5 Bolsista do Programa de Educação Tutorial de Economia (PET- Economia) - UFAL
6 Bolsista PIBIC do Curso de Economia FEAC - UFAL
A Praia da Avenida foi escolhida dentre as praias de Maceió como alvo desse estudo por se
tratar da praia mais poluída da orla marítima de Alagoas, segundo relatórios do IMA (Instituto do
Meio Ambiente), e pelo fato de estar localizada próximo ao centro comercial de Maceió. Conhecida
antigamente por Avenida da Paz, era a preferida para a construção de bangalôs, onde viviam as
mais tradicionais famílias alagoanas; constituindo um cartão postal, praia limpa, com areia branca,
palco do carnaval de rua além de desfiles estudantis e militares.
Em decorrência do exposto no parágrafo precedente esse estudo tem como objetivo
identificar, através da valoração contingente, a disposição a pagar das famílias alagoanas pela
recuperação da Praia da Avenida em Maceió; o qual servirá de subsídios para tomada de decisão
governamental referente a projetos de investimentos para recuperação da Praia da Avenida.
De acordo com Silva (2003), a importância da valoração ambiental está no fato de que esta é
essencial para criar um valor de referência que indique uma sinalização de mercado, possibilitando,
assim, o uso “racional” dos recursos ambientais. Baseado nisso, os agentes públicos e privados
terão subsídios para avaliação econômica na tomada de decisões políticas sobre a utilização
eficiente desses ativos. Logo, a criação de um valor de referência para um bem ambiental fornece
informações ao poder público, à sociedade civil organizada e às organizações não-governamentais,
possibilitando um gerenciamento mais eficiente desses recursos.
Para atender ao objetivo apresentado esse trabalho foi dividido em sete etapas, sendo elas:
essa introdução; a segunda seção que apresenta discussões sobre as preocupações recentes com
questões ambientais; a terceira na qual será realizada uma analise sobre a evolução histórica de
Maceió; a quarta seção apresenta o método de valoração contingente; a quinta seção que trata da
metodologia, na sexta são analisados os resultados obtidos ao longo do estudo e na última seção são
apresentadas as considerações finais.
II. A PREOCUPAÇÃO COM O MEIO AMBIENTE
As preocupações com questões ambientais surgiram de forma veemente após um acidente de
poluição atmosférica, decorrente da industrialização, que causou a morte de cerca de mil e
seiscentas pessoas no ano de 1952 na Inglaterra. Como uma primeira obra sobre o assunto pode ser
citada „O Homem e a Natureza‟7 conhecida também como „Geografia Física Modificada Pelo
Homem‟; por outro lado o primeiro parque nacional foi criado em 1872 nos Estados Unidos, o
chamado Yellowstone. Considerando o Brasil especificamente, o Parque da Cidade foi o primeiro,
datando de 1896 e fica em São Paulo.
A preocupação com o meio ambiente pode ser visualizada nas diversas conferências,
relatórios e órgãos internacionais que vêm buscando erradicar o analfabetismo ambiental. A União
Internacional para a Conservação da Natureza (UINC) surgiu decorrente da Conferência
Internacional de Fontambleau, na França em 1948, com o apoio da Organização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Após três anos o órgão publicou o Estudo da
Proteção da Natureza no Mundo.
No que se refere aos encontros internacionais os principais em Educação Ambiental foram:
A 1ª Conferência Intergovernamental Sobre EA em 1977, em Tbilisi. Constitui um marco histórico
para a EA, suas principais considerações estão no „livro azul‟, La Educación Ambiental: Las
Grandes Orientaciones de la Conferência de Tbilisi, publicado pela UNESCO em 1980. O
documento revela que a interferência antropológica no meio ambiente desestabilizou-o, deixando-o
sensível a mudanças irreversíveis e prejudiciais não só para a natureza como também para o
homem.
Em 1987 realizou-se o Congresso Internacional da UNESCO-PNUMA (Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente) sobre Educação e Formação Ambiental em Moscou. As
discussões giraram em torno dos avanços alcançados, assim como também as dificuldades
encontradas desde Tbilisi.
7 Lançada em 1864 pelo norte americano Georges Perkins Marsh
A Conferência de Thessaloniki, realizada em1998, teve como principal objetivo exortar as
nações à cumprirem os compromissos assumidos durante as conferências das Nações Unidas,
constatando que, até aquele momento, houve pouco progresso quanto ao cumprimento das metas e
reafirmou a indispensabilidade da EA para o crescimento sustentado.
Alguns dos principais relatórios foram: Em 1975 a Carta de Belgrado lançada apoiada na
recente Declaração das Nações Unidas para uma Nova Ordem Econômica Internacional; ajudou a
pregar um novo conceito de desenvolvimento que estimulava os cidadãos a interferirem nas
decisões, afim de que o crescimento econômico não traga malefícios à natureza e à humanidade.
Em 1987 ocorreu a divulgação do relatório „Nosso Futuro Comum‟, conhecido como
relatório de Brundtland, no qual foi inaugurada a terminologia „desenvolvimento sustentável‟, que
foi obviamente, o eixo de discussão do texto. Um ano depois, a Declaração de Caracas sobre Gestão
Ambiental na América Latina chamou atenção à necessidade de mudanças no modelo de
desenvolvimento em função da cooperação internacional nas questões ambientais. Em 1991 a União
Nacional para a Conservação da Natureza (UINC), o PNUMA e Fundo Mundial para a Natureza
(WWF) lançaram em mais de sessenta países a II Estratégia para o Futuro da Vida (a 1ª foi em
1980), intitulado Cuidando do Planeta Terra. O documento defende o respeito e o cuidado com as
comunidades de seres vivos; a minimização do esgotamento de recursos naturais não renováveis; a
melhoria da vida humana e a conscientização da humanidade para o cuidado com o planeta.
No Brasil, a Agenda 21 de 1992, fruto da conferência realizada no Rio de Janeiro,
denunciou que a consciência de inter-relação meio ambiente e homem ainda é insipiente para as
pessoas, por este motivo a Agenda 21 indica a promoção de treinamento como instrumento
indispensável para fazer o mundo transitar para a sustentabilidade.
O Protocolo de Kyoto foi implantado em 1997, na cidade japonesa de Kyoto. Na reunião,
oitenta e quatro países se dispuseram a aderir ao protocolo e o assinaram comprometendo a
implantar medidas com intuito de diminuir a emissão de gases poluentes e responsáveis pelo
aquecimento global. Vale ressaltar que o protocolo não apenas discute e implanta medidas de
redução de gases, mas também incentiva e estabelece medidas com intuito de substituir produtos
oriundos do petróleo por outros que provocam menos impacto.
Os principais órgãos que cuidam de assuntos relacionados ao meio ambiente e Educação
Ambiental que foram apresentados são: a União Internacional para a Conservação da Natureza
(UINC); a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO);
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e o Fundo Mundial para a Natureza
(WWF). Além dos órgãos oficiais muitas ONGs e sociedades ambientalistas tem ajudado a difundir
os princípios da EA pelo mundo em busca do crescimento sustentado.
A discussão precedente evidencia uma maior preocupação da sociedade com o crescimento
sustentável, sendo esse último termo visto como a manutenção dos recursos naturais para as
gerações futuras. Nesse cenário as discussões sobre valoração ambiental tem ganhado espaço, pelo
fato das mesmas permitirem a obtenção de uma estimativa para o valor de um recurso ambiental, o
qual pelo fato de constitui um bem público dificulta a definição de seu preço com os arcabouços
teóricos tradicionais da microeconomia.
Antes da análise específica sobre valoração ambiental apresentar-se-á, na próxima seção,
uma caracterização sobre a economia foco do estudo, ou seja, a economia alagoana.
III. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DE MACEIÓ
Segundo Martins (1991), Maceió teve origem num antigo engenho de açúcar, sendo que o
nome da cidade surgiu da denominação tupi Maçayó ou ego o-k, que significa o que tapa o
alagadiço. A cidade possui um único aeroporto, o Aeroporto dos Palmares, que se situa, entretanto,
no município de Rio Largo, distando 20 quilômetros do centro de Maceió, sendo servida pelas
rodovias federal BR 316 e BR 101 e pela estadual AL 101.
Até meados do século XVIII Maceió não passava de um pequeno povoado, pertencente ao
engenho de açúcar e possuía uma capelinha sob a invocação de Nossa Senhora dos Prazeres. No
começo do século XIX, apesar de ainda ser uma pequena vila, apresentando um conjunto de ruelas e
habitações rústicas, com a mata à beira do casario, o pântano da Boca de Maceió e os mangues da
lagoa, já era, entretanto, um centro comercial de certa notoriedade, servindo de empório a uma vasta
zona agrícola, que se desenvolvia pelo vale do Mundaú e do Paraíba, cortado por dois grandes
caminhos abertos pela necessidade da penetração sertaneja, com diversos núcleos açucareiros
marginais.
A exportação era feita pelo porto de Jaraguá, tendo o açúcar como principal produto. Como
era necessário passar pelo povoado para ir ao porto de Jaraguá, escoadouro dos produtos, Maceió
foi progredindo ao ponto de ameaçar ultrapassar em importância a vila de Alagoas. Em 1815, pelo
alvará régio de 5 de dezembro, Maceió foi elevada à categoria de vila, sendo-lhe doadas 7 léguas de
costa, desmembradas do distrito da antiga vila de Alagoas.
Sobre os recursos naturais da Cidade de Maceió tem-se, em termos de lagoas, além da lagoa
Mundaú, com profundidade média de 15 metros e cujas águas procedem do rio do mesmo nome e
seus afluentes, encontram-se ainda as lagoas da Anta (com águas do riacho do Ferro), Peixinhos,
Diogo, Azul, Queima-Roupa, Ouro e Caçamba. Dentre os rios que merecem destaque, encontram-
se: Santo Antônio, Sauassuí, (também chamado de ego e Arrodeio), Jacarecica, Reginaldo (nasce
com nome de ego da Pitanga, denominando-se também Massayó e Salgadinho), Garça Torta,
Ipioca, Ipioquinha, Mirim, Pratagi, Santo Antônio Mirim, Sapucaí, Senhor e Guaxuma.
Dos riachos mais importantes, de cursos perenes, merecem destaque o Bebedouro, Bomba,
Catolé, Doce, Estiva, Jenipapo, Jacaré, Lago, do Meio, Messias, Pitanguinha, Prata, Prazeres,
Oriente, Braço Frio, Gameleira, Água Negra, Brejo dos Passarinhos, Saúde, Bom Jardim, Ibura,
Bosque, Cemitério, Lagoa do Fogo, Aurora, Riacho Maria Ribeira, Serra, Xixi e Braço Frio.
Destaque para os açudes Três Bocas, Catolé e Rio da Silva.
Como acidentes geográficos que ainda merecem importância, encontramos ainda a Gruta da
Pedra do Amolar, os canais da Levada, Trapiche da Barra e Bebedouro e as serras Bititinga,
Capinzal, Caranguejo, Raiz, Pacavira e Pedra Preta.
A ponte dos Fonsecas, localizada um pouco antes do Clube Fênix, na entrada para a Praça
Sinimbu, era o curso natural do Riacho Maceió, atual Salgadinho e dividia a cidade em duas partes:
o centro e o bairro de Jaraguá. Ramos (2003, p.68).
É impossível fazer um estudo sobre a Praia da Avenida sem relatar a importância histórica
do Bairro de Jaraguá, suas transformações e cultura. No pequeno trecho inserido entre o mar, o
Poço e o Centro da cidade, surgiram os primeiros surtos de desenvolvimento da então vila, que
cresceu tanto e superou a capital da Capitania, a então cidade de Alagoas, atual Marechal Deodoro,
provocando a luta da transferência da capital para Maceió, onde já residia o governador e sediava as
principais repartições públicas. Esse desenvolvimento do bairro deve-se ao seu porto, que
transformou o local num imenso comércio com negócios de todos os rumos.
Na década de 60, a novidade era o Edifico Breda, com seus 10 andares, onde a moçada se
dirigia para usar o elevador exemplo de uma modernidade que chegava a capital. Era o ponto de
encontro dos apaixonados, que subiam para admirar a orla e a lagoa mundaú. Na Avenida da paz
nesse mesmo período é construído o Edifico São Carlos, com 11 andares e 22 apartamentos, foi o
primeiro residencial da cidade. Outro grande marco foi à escada rolante da Lobrás, todos queriam
experimentar e conhecer um magazine.
Aos poucos a arquitetura da época foi sendo modificada. No auge da sua historia, o
comércio era atacadista e varejista. Jaraguá disputava com o Centro a preferência dos
consumidores. Possuía grandes lojas de tecidos, chapéus, sapatarias, farmácias e outros
estabelecimentos comerciais. Porém o seu forte mesmo sempre foi o atacado, por ser um bairro
portuário. Ainda existiam muitas residências, ocupadas, principalmente, por comerciantes,
bancários funcionários públicos. Destaque para o Banco do Brasil e o Banco de Londres que entre
outros, mantinham agencias no bairro, para atender a grande clientela. Moradores de vários bairros
da cidade iam de bonde até o Jaraguá para fazer as compras.
Com o tempo, o local foi sendo ocupado por casas de prostituição, e os consumidores
desapareceram, preferindo mesmo o Centro. A Igreja Nossa Senhora Mãe do Povo, que durante
muito tempo era bastante freqüentada pela comunidade católica do bairro, passou alguns anos
fechada por falta de fiéis, deteriorando-se. As antigas ruas residenciais são tomadas por casas de
comércio, escritórios de prestação de serviços, consultórios médicos e outras atividades produtivas.
Ruas como Uruguai, Silvério Jorge, Minas Gerais, Praça Rayol e outras detêm poucos moradores. E
a intenção é esse comércio se estender mais ainda com o projeto de revitalização, principalmente no
que se refere ao ramo de lazer e cultura. Mas o projeto de revitalização, que esta sendo executado
pela prefeitura, trás de voltar o esplendor do século XIX O tradicional Bairro de Jaraguá, seus
sobrados, suas ruas, suas praças tudo volta a ter a cara do século passado.
A Praia da Avenida está localizada no centro da cidade de Maceió e é conhecida também
pela antiga denominação de Avenida da Paz, atual Duque de Caxias. A referida praia é de águas
mansas e já foi a mais freqüentada por nativos e turistas, na qual os sobrados do centro
emolduravam a paisagem atípica de uma capital de província, destaque para o Hotel Bela Vista,
localizado na Praça Palmares, com suas varandas com vista para o mar, mostrando sinais de um
mercado aberto para o turismo.
A partir da década de 60 a intensificação da ocupação urbana nas proximidades do
Salgadinho, riacho que deságua na Praia da Avenida, em conjunto com a ausência de saneamento
básico tornou a Praia da Avenida poluída; acresce a esse aspecto a destruição do calçamento, a fraca
iluminação e o pouco policiamento, tais fatores não condizem com o nome e a beleza natural da
referida Praia.
A recuperação da Praia da Avenida proporcionará o retorno dos turistas para aquela área
tendo impactos também no setor hoteleiro e imobiliário, acresce-se a isso o fato dessa recuperação
implicar positivamente nos indicadores de saúde da população residente naquela área. Nesse
contexto, os estudos sobre valoração ambiental constituem subsídios para a tomada de decisão
governamental, tal afirmativa decorre do fato que a identificação do valor que a população se dispõe
a pagar para recuperação do ativo ambiental permitir ao governo sinalização de quanto poderia
arrecadar para implementação de projetos de recuperação.
Na próxima seção será apresentado o Método de Valoração Contingente que será adotado ao longo
desse estudo.
IV.VALORAÇÃO AMBIENTAL
A valoração de um recurso ambiental tem como objetivo identificar o valor que a sociedade
atribui ao mesmo; entretanto, o fato do recurso ambiental, em geral, constituir um bem público
dificulta a identificação do preço que as pessoas pagariam por ele. Vale ressaltar que o pagamento
feito por um individuo pelo bem estudado não inviabiliza seu consumo pelas demais pessoas.
Em termos teóricos tem-se que o valor do recurso ambiental pode ser dividido em:
• Valor de Uso que refere ao valor que as pessoas atribuem ao recurso ambiental em função da
utilização do mesmo em atividades no momento presente ou futuro. Esse valor subdivide em:
- Valor de uso direto que representa o valor atribuído em função da utilização do recurso ambiental,
como exemplo pode ser colocado a atividade pesqueira;
- Valor de Uso Indireto que são decorrentes da função ecológica do recurso ambiental, como
exemplo pode ser colocado a estabilidade climática;
- Valor de Opção que constitui o pagamento para que o recurso ambiental esteja disponível para
utilização futura;
• Valor de Não Uso ou Valor de Opção que representa o pagamento sem pretensão de utilização do
recurso ambiental quer seja no momento presente, quer seja futuramente.
Sobre os métodos que podem ser utilizados para valoração ambiental Serroa da Motta
(1998) destaca que eles podem ser agrupados em três classes:
Métodos da Função de Produção: método da produtividade marginal, método de mercados
substitutos e método do custo de oportunidade.
Métodos de mercados de bens complementares: métodos dos preços hedônicos e método do
custo de viagem.
Dentre os métodos de valoração econômica o método de valoração contingente foi escolhido
pelo fato deste ser o único capaz de encontrar o valor de existência do bem em estudo. A seguir
discorrer-se-á com mais detalhes esse método.
4.1 O MÉTODO DE VALORAÇÃO CONTINGENTE
O método de Valoração Contingente8 fundamenta-se na teoria da utilidade do consumidor
que estima as mudanças de bem-estar em termos monetários associando as mudanças do nível de
preços com as mudanças nas quantidades consumidas. Este método de valoração permite que seja
estimado o valor econômico de bens e serviços, baseado no conceito de disposição a pagar – DAP
como medida monetária. O referido Método pode ser definido como técnicas baseadas em
avaliações pessoais, do valor monetário que viria a ser dedicado ao aumento ou redução da
qualidade ou da quantidade de um bem ou serviço ambiental; permitindo que além da DAP seja
estimada a disposição a aceitar- DAA, como parâmetro das mudanças no bem-estar dos indivíduos.
O MVC tem melhor sido aplicado para mensuração de recursos comum, recursos de
amenidades ambientais 9 e ainda em situações em que dados de preços de mercados não tenham
sido encontrados.
De acordo com Pearce e Turner (1990), Seroa da Motta (1998), e Freeman III (2003) a
aplicação do Método de Valoração Contingente – MVC apresenta seis fases distintas. A preparação
dos procedimentos que serão aplicados, o levantamento de dados, o cálculo da média da DAA, a
estimativa de uma curva que permite a investigação dos determinantes da DAA ou da DAC,
estimação do valor econômico do bem e por fim a apreciação do método visando sua precisão e
aceitabilidade.
O principal objetivo é deduzir avaliações ou ofertas que se assemelhem ao máximo com
àquelas que seriam reveladas se o mercado existisse. Para que seja encontrado esse valor é
necessário que seja feita simulação de cenários ambientais o mais próximos possível da realidade,
de modo que as preferências reveladas nas pesquisas reflitam decisões que os agentes tomariam de
fato, caso existissem um mercado para o bem ambiental em questão.
Grande parte dos estudiosos sobre este método concorda que é importante que três
elementos fundamentais constem no questionário utilizado: a) é preciso definir alguma questão na
entrevista que revele a DAP do indivíduo pelo bem ou recurso ambiental; b) a pesquisa deve ser
constituída de uma descrição detalhada do bem ou serviço ambiental que esta sendo avaliado; c) é
necessário buscar outras variáveis sócio-econômicas que indiquem a percepção desse indivíduo
com relação ao problema ambiental em questão.
Em relação à pesquisa de campo para a avaliação contingente é necessário além da
elaboração de um mercado hipotético, já citado anteriormente, levar em conta as dificuldades dos
entrevistados em avaliar bens fora dos hábitos normais de mercado (como despoluição de rios e
praias, esgoto, segurança, etc.) como conseqüência dessa dificuldade os valores encontrados nem
sempre refletem o valor de uso, mas apenas o valor de existência do bem.
Deve-se deixar claro que será apresentada uma situação atípica aos indivíduos
interrogados, que precisam responder quanto pagariam por uma mudança imaginária em um bem
público, bem este que não faz parte de sua rotina de trocas. Apesar de não haver uma abordagem
padrão são necessários procedimentos rigorosos na formulação da pesquisa para produzir resultados
8 Os métodos baseados em preços de mercados simulados são empregados quando não existe informação de mercado
ou ela é insuficiente para ser usada como uma aproximação da informação verdadeira. Neste caso, é feita uma pesquisa
de campo em amostra(s) representativa(s) das populações humanas para levantar dados sobre a disposição a pagar
(DAP) ou disposição a receber (DAR) pelos benefícios dos bens e serviços derivados da diversidade biológica. O
método da Valoração Contingente é o mais conhecido destes métodos. Extraído do site oficial do IBAMA (2007). 9 Do termo em inglês, amenity resources, como características paisagísticas, cultural, ecológica, histórica ou
singularidade.
confiáveis. Ë indispensável definir o objeto da pesquisa, antes da montagem do cenário hipotético, o
entrevistado deve saber o que esta pagando ou deixando de pagar, como será pago e as
conseqüências de sua escolha. Após aplicação de questionários, os resultados são tabulados e
submetidos a uma analise econométrica de maneira a derivar valores médios dos lances da DAP. A
literatura prioriza a DAP como uma mensuração clássica, mas não descarta o uso da DAA em casos
específicos em que se pretende analisar ganhos.
Há varias maneiras de perguntar ao entrevistado sobre a sua DAP ou sua DAA, de forma
aberta, onde o entrevistado é que escolhe o valor a ser pago, ou de forma indireta que envolve uma
escolha do entrevistado, cabendo-lhe apenas responder sim ou não.
Os métodos indiretos são aqueles que fornecem apenas uma indicação da verdadeira DAP
do individuo. A maneira como as questões são projetadas lançam um conjunto de valores que não
representa, diretamente, a máxima disposição a pagar. A interpretação das respostas do entrevistado
requer, por tanto, um tratamento adicional aos dados com a finalidade de se obter a verdadeira
DAP. O modelo referendum é feito através da criação de um conjunto de valores possíveis que
podem representar a máxima disposição a pagar do indivíduo. A partir desse conjunto de valores, o
entrevistador escolhe, de forma aleatória, um valor e o apresenta ao entrevistado perguntando:
“Você estaria disposto a pagar X R$ para que esse bem estivesse disponível para uso? Pode ser feito
um conjunto de resposta representado por 1 se a resposta for sim e 2 se a resposta for não. Feita a
opção pela resposta 1 implica que a máxima disposição a pagar do individuo pelo bem em questão é
maior ou igual ao valor que lhe foi apresentado no questionário.Do mesmo modo,caso a resposta
seja 2, implica que a máxima disposição a pagar do individuo é inferior ao valor que lhe foi
sugerido.
Os métodos diretos apresentam sempre a mesma forma de se obter a DAP através de
questionários. Da maneira como é feita a pergunta, a resposta do indivíduo é um valor monetário
que já representa a sua máxima disposição a pagar pela melhora do recurso ambiental e
conseqüentemente seu bem estar. Se o questionário conseguir deter essas respostas, bem como as
outras variáveis, como renda, escolaridade, pode-se obter uma curva de demanda pelo bem público
em questão e, como conseqüência o beneficio recebido pelo individuo a mudança ambiental através
do cálculo do excedente do consumidor. Nesse modelo, de questão aberta, após a realização da
pesquisa resta apenas a interpretação dos dados. Os valores obtidos com esses questionários são as
medidas de bem-estar desses indivíduos, alcançados usando o conceito de excedente do
consumidor.
Alguns vieses afetam a confiabilidade do método de valoração contingente, podendo, no
entanto, serem reduzidos no momento em que os questionários forem elaborados e no processo de
definição da amostra. Isto pode ocorrer, quando o questionário induz a determinadas respostas ou
quando há compreensão equivocada dos cenários.
O viés estratégico relaciona à percepção dos entrevistados acerca da obrigação de
pagamento às suas perspectivas quanto à provisão do recurso em questão. O viés hipotético que está
relacionado com o comportamento dos indivíduos, que podem entender que não sofrerão custos,
pensando trata-se apenas de simulações. O viés da informação faz referência à relação da
informação dada nos cenários hipotéticos na resposta recebida. E o viés do entrevistador que está
relacionado ao tipo de abordagem feita por ele. E há ainda o viés do instrumento de pagamento que
existe quando os entrevistados não são totalmente indiferentes em relação ao veículo de pagamento
associado à disposição a pagar.
Em relação a outros métodos de valoração tem-se que o método de Valoração Contingente
é o único que permite estimar valores de existência. Essa afirmativa decorre do fato de que no MVC
não se observa o comportamento dos indivíduos em mercados correspondentes ao do recurso em
questão, mas se cria um cenário hipotético no qual os indivíduos expressam suas preferências. A
precisão pode ser testada através de comparações dos resultados, obtidos através do MVC, com
aqueles gerados por outras técnicas baseadas em substituições de mercado.
O Método de Valoração Contingente já foi aplicado em vários estudos sobre economia
ambiental no Brasil. Dentre eles destaque para BELUZZO JR (1995), que estimou a disposição a
pagar pela despoluição do Tiête; RIBEIRO (1998) que estimou a disposição a pagar pela
despoluição do rio Meia Ponte em Goiânia; AGUIRRE E FARRIA (1996), que estimaram os
benefícios oriundos da principal área urbana do estado do Espírito Santo.
Na próxima seção será apresentada a metodologia que será adotada, ao longo do estudo, no
processo de identificação da disposição a pagar da população maceioense pela recuperação da Praia
da Avenida em Maceió.
V. METODOLOGIA
Para apresentar os procedimentos adotados ao longo desse estudo optou-se por apresentar a
Metodologia em duas etapas, na primeira será apresentada a base de dados utilizada ao longo do
estudo e, posteriormente, o método que será utilizado.
5.1 BASE DE DADOS
A base de dados, utilizada ao longo desse estudo, foi obtida através da aplicação de
questionários aos freqüentadores das praias urbanas de Maceió. A opção de escolher os
freqüentadores de todas as praias urbanas e não apenas da Praia da Avenida decorre de dois
aspectos:
1º) O nível de poluição da Praia da Avenida tem inviabilizado a mesma para o banho, sendo os
entrevistados naquela área constituídos de pessoas que trabalham na vizinhança e banhistas que
arriscam apesar da observação visual constituir indicativo de que a referida praia não ser propícia ao
banho;
2º) As praias urbanas de Maceió são muito próximas uma das outras, portanto, os banhistas que
freqüentam as praias vizinhas dispõem de informações acerca das condições da Praia da Avenida,
ou seja, extensão de área, tipo de onda e do nível de poluição.
Como a população que circula nas praias urbanas não é finita utilizou-se a seguinte
fórmula no cálculo da amostra:
Equação 5.1
Onde: n = tamanho da amostra t = abscissa da curva normal padrão, fixado um nível de confiança.
Considerando um nível de significância de 5%, logo t = 1,96 e erro amostral de 3%
identificou-se que o tamanho da amostra seria de 1066. Na divisão dos questionários entre as
diversas praias urbanas de Maceió optou-se pela aplicação de um número maior nas praias mais
próximas à Praia da Avenida, mais especificamente: 434 na Praia da Pajuçara; 120 na Praia da
Avenida; 150 no Pontal da Barra; 401 na Praia da Jatiúca e Ponta Verde; e 236 na Praia de Cruz das
Almas e Jacarecica; vale ressaltar que os questionários foram aplicados do dia 2 a 8 de setembro de
2006.
O questionário continha perguntas que visavam à coleta de variáveis socioeconômicas dos
indivíduos amostrados, assim como de opiniões pessoais sobre os bens e serviços disponibilizados
na Praia da Avenida. Com relação à disposição a pagar os entrevistados foram questionados se
estariam dispostos a pagar R$10,0010
, valores acima ou abaixo desse valor de referência pela
recuperação da Praia da Avenida, sendo o pagamento efetuado em parcela única.
Para que o cenário hipotético ficasse o mais próximo possível do real, aos entrevistados
foram apresentadas fotos antigas e atuais da Praia da Avenida. A apresentação das fotos teve como
10
Vale ressaltar que o valor de referência de R$10,00 foi obtido através da aplicação de uma pesquisa piloto junto aos
alunos da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade – FEAC.
objetivo possibilitar que os entrevistados confrontassem a realidade atual da Praia da Avenida com
o cenário possível através da implementação de um projeto de recuperação da mesma.
5.2 MÉTODOS DE ANÁLISE
Após coletados os dados, estes foram tratados e organizados, para que fossem analisados e
dessem início ao processo de especificação das variáveis e do modelo respectivo ao método de
valoração ambiental, nesse caso o MVC.
Antes de analisar especificamente a disposição a pagar – DAP optar-se-á pela identificação
do perfil dos entrevistados, ou seja, com base na amostra de todas as praias serão calculados
indicadores de escolaridade, idade e renda.
Considerando a escolaridade tem-se que no questionário foram apresentadas como opções
ensino fundamental, médio, superior, sem escolaridade e outros. Para identificar o perfil será
calculada a participação percentual de cada indicador de escolaridade na amostra total, mais
especificamente:
n
TAE i (5.2)
Onde TAEi = Total da amostra do nível de escolaridade i, i é o indicativo do nível de escolaridade
e n constitui a amostra total em todas as praias.
Com respeito à idade o questionário continha os seguintes intervalos: 15 – 25 anos, de 26 a
35 anos, de 36 a 45 anos e acima de 45 anos. Para que o perfil possa ser identificado utilizar-se-á a
seguinte fórmula:
n
TAI j (5.3)
Onde: TAIj= o número total da amostra que pertencem ao intervalo de idade j, j é o
indicativo do intervalo de idade e n= a amostra total em todas as praias.
Em relação à renda, no questionário foram apresentados intervalos de renda distribuídos em
de intervalo 1 – R$350, 00, intervalo 2 – de R$ 350,00 a R$1050, 00, intervalo 3-de R$1050,00 a
R$1750,00 e intervalo 4 – acima de 1750,00. Para que se possa ser traçado o perfil por renda será
utilizado a formula abaixo:
(5.4)
Onde TARr = o número total da amostra que se insere no intervalo de renda r, r é o
indicativo do intervalo de renda e n = amostra total em todas as praias.
Os indicadores apresentados nas equações (3.2) – (3.4) permitirão identificar o perfil dos
amostrados em termos de renda, escolaridade e idade; na seqüência do estudo será discutido se
essas variáveis influenciam a disposição a pagar dos entrevistados.
Após traçar o perfil dos entrevistados será calculada a disposição a pagar média por cada
praia, ou seja, o somatório dos valores respondidos será dividido pelo número de entrevistados em
cada praia. Em síntese, efetuar-se-á o seguinte cálculo:
DAPMJ =j
ij
n
DAP (5.5)
Onde DAPMj representa a disposição a pagar média por praia , DAP é a disposição a pagar, i
indicativo do entrevistado, j o indicativo da praia e n o total dos entrevistados.
n
TAR r
Depois de encontrado a disposição média a pagar foi calculado o desvio padrão por praia
com o intuito de observar o quanto os valores respondidos estão se distanciando da média,
encontrada com base na equação (5.5). Para esse cálculo foi utilizada a formula abaixo.
ij =j
MJ
n
DAPDAPij 2)( (5.6)
Onde ij = ao desvio padrão por praia, n j = o número da amostra por praia.
De acordo com os dados obtidos através das equações anteriormente demonstradas será feito
o cruzamento dos dados como: a escolaridade, a idade e a renda com a disposição a pagar com o
objetivo de demonstrar a relação que estes possam ter com o valor da DAP e ainda com a opção por
pagar ou não pagar. Por último serão discutidos os motivos que gerarão resposta negativa quanto à
disposição a pagar e qual papel que a escolaridade e o nível de renda exercerão sobre estes.
VI ANÁLISE DOS RESULTADOS
Nesse momento serão apresentados os principais resultados obtidos através da análise das
informações coletadas. Como foi ressaltado, no Capítulo Metodológico, a análise será efetuada em
duas etapas, na primeira será analisado os aspectos socioeconômicos dos entrevistados;
posteriormente, apresentar-se-á os cálculos da disposição a pagar para nas diferentes praias.
6.1 RESULTADOS GERAIS
Mantendo o que foi citado anteriormente a análise inicia com o perfil social dos
entrevistados em cada praia. A figura 1 mostra o nível de escolaridade dos entrevistados, onde pode
ser observado que 22% dos entrevistados possuem ensino fundamental completo. O maior
percentual encontrado foi o dos entrevistados que afirmaram possuir o nível médio, 49%, já os que
afirmaram possuir o nível superior representam 25%. Aproximadamente 3% dos entrevistados
declaram-se analfabetos ou sem escolaridade e outros 1%.
A participação mais significativa dos níveis de escolaridade de ensino fundamental e
médio pode ser decorrente do fato da amostra ter sido selecionada considerando todas as praias
urbanas de Maceió, logo, a amostra incorpora os diversos segmentos sociais, portanto, o resultado
do indicador de escolaridade tende a refletir a realidade apresentada pela população de Maceió
como um todo. Um segundo fator que corrobora essa afirmativa constitui o fato de que no intervalo
de aplicação do questionário ter ocorrido feriados e finais de semana que terminam por refletir uma
freqüência mais significativa da população trabalhadora e de bairros mais afastados nas praias
urbanas.
A figura 2 trata do perfil dos entrevistados por idade. A maioria, ou seja, 36% declarou ter
entre 15 – 25 anos de idade; 33% responderam que tem de 26 a 35 anos. Aproximadamente 19%
dos entrevistados, afirmaram está na faixa etária de 36 a 45 anos e os 12% restante, disseram estar
acima de 45 anos de idade.
O resultado para o indicador de idade evidencia que a população mais jovem tende a
utilizar a praia como opção de lazer em relação às pessoas com níveis de idade mais elevado. Como
a amostra foi selecionada apenas nas praias urbanas essa participação mais intensa da população
mais jovem pode decorre do fato deste grupo ainda não encontrar-se financeiro estável e,
consequentemente, apresentarem mais restrições para deslocar para praias que não se encontram
localizadas na área urbana de Maceió.
A figura 3 apresenta o nível de renda familiar dos entrevistados, evidenciando que
aproximadamente 15% declararam possuir renda familiar até R$ 350,00; 45%, tem renda entre R$
350,00 a R$ 1050, 00, e cerca de 18%, declararam possuir renda entre R$ 1050,00 – R$ 1750, 00,
há ainda os 22% restante que afirmaram ter uma renda familiar acima de R$ 1750,00 por mês.
Figura 1 – Gráfico do Percentual de entrevistados por nível de escolaridade.
Fonte: Elaboração Própria
Figura 2 – Gráfico do Percentual de entrevistados por idade.
Fonte: Elaboração Própria
O parágrafo precedente evidencia que 60% dos entrevistados possuem renda até 3 salários
mínimos11
. Esse resultado corrobora as constatações com relação a idade, ou seja, uma participação
mais expressiva da população jovem implica em um peso maior da população que não se encontra
ainda estabelecida no mercado de trabalho, logo, encontra-se nas faixas de renda menores.
Os resultados apresentados até o momento evidenciam que os entrevistados na sua maioria
são jovens, possuem níveis de escolaridade menores e encontram-se nas faixas de renda menores.
Na próxima seção será apresentada a disposição a pagar – DAP por praia tornando possível
identificar como os aspectos gerais apresentados até o momento afetam a DAP dos entrevistados.
11
No período de aplicação do questionário o salário mínimo era de R$350,00.
Figura 3 – Gráfico do Percentual de entrevistados por nível de renda familiar.
Fonte: Elaboração Própria
6.2 RESULTADOS DO MÉTODO DE VALORAÇÃO CONTINGENTE
Com base nos dados obtidos na pesquisa de campo será efetuada, neste momento, a analise
da Disposição a Pagar (DAP). A tabela 1 reúne as DAP‟s e os desvios padrão das praias de Maceió
que foram alvo dessa pesquisa:
Tabela 1 – Médias e Desvios Padrões das DAP’s por praias.
PRAIAS MÈDIAS DESVIOS
PADRÔES
COEFICIENTE
DE
VARIAÇÃO
Pajuçara 9, 907216495 16, 6254 1,67801
Avenida 4, 708333 8, 934303 1,89755
Pontal 12,6 15,18 255 1,20494
Jatiúca e Ponta Verde 11, 58456 18, 98119 1,63849
Jacarecica e Cruz das
Almas 8, 251064 13, 55873
1,64327
Fonte: Elaboração Própria
A Tabela 1 evidencia que a Praia da Avenida apresentou a menor média cerca de R$ 4,7,
possuindo um desvio Padrão de R$ 8,93. A praia do Pontal apresentou a maior DAP cerca de
R$12,6 e um desvio padrão de R$15, 18255. A Praia da Pajuçara obteve em média uma DAP de R$
9,91 e um desvio padrão de R$ 16, 6254. Nas praias de Jatiúca e Ponta Verde observou-se a
segunda maior DAP de R$ 11,58 e um desvio padrão de R$18,98 e, finalmente, nas praias de
Jacarecica e Cruz das Almas a média da DAP R$ 8,25 com um desvio padrão de R$13,56.
O que pode ser extraído dos dados expostos anteriormente é que embora, a maior DAP
(disposição a pagar) seja a dos freqüentadores da praia do Pontal, a referida Praia também
apresentou o maior desvio padrão e o menor coeficiente de variação. Esse resultado evidencia que
os valores da DAP encontram-se mais dispersos em torno da média, ou seja, pode haver um grupo
de entrevistados que apresentam valores muito acima e/ou abaixo da DAP média, logo, considerar a
DAP média como indicador do valor que a população entrevistada pagaria é menos preciso em
relação às Praias com desvio padrão menor.
A Praia da Avenida apresentou resultado inverso, ou seja, menor DAP e menor desvio padrão
e maior coeficiente de variação, isso implica que os valores das DAP‟s encontram-se mais próximos
da DAP média, constituindo essa última um indicador melhor de quanto a população pagaria pela
recuperação da Praia da Avenida.
Na seqüência são apresentadas nas Figuras 4 e 5 as DAP‟s e médias e o desvio padrão por
praia e por sexo, o que permitirá verificar se o sexo tende a interferir na disposição a pagar dos
entrevistados.
Figura 4 – Média das DAPs por paia e sexo dos entrevistados
Fonte: Elaboração Própria
Observando a figura (4) nota-se que, de um modo geral, os homens estão dispostos a pagar
mais pela revitalização da Praia da Avenida; mas o Gráfico (3) evidencia que os homens
apresentam maior desvio padrão. Portanto, as DAP‟s dos homens apresentaram uma maior
discrepância de um indivíduo para outro, novamente tem-se que as DAP‟s média masculina
constitui um indicador menos confiável em relação aquele apresentado pelas DAP‟s média
feminina.
Com relação às mulheres tem-se que suas DAPs foram menores se comparada as DAPs do
homens, isto é, as mulheres com relação aos homens estão dispostas a pagar menos pela
revitalização da praia da Avenida. Entretanto, o desvio padrão das DAP‟s feminina foram menores,
constituindo indicativo de maior precisão dos valores médios.
Na Seção 4.1 foi apresentado o perfil dos entrevistados e dentro dos indicadores utilizados
foi incorporado o nível de renda das famílias. Como em cada praia circulam banhistas de níveis de
renda distintos e os níveis de renda podem interferir na disposição a pagar, a seguir será apresentado
as diferenças entre as DAP‟s em decorrência dos diferenciais de renda.
A Tabela (2) evidencia que na praia de Pajuçara dos entrevistados que afirmaram possuir
renda de R$ 350,00 tem-se que 54,05% não estaria disposto a pagar pela recuperação da Praia da
Avenida. No nível de renda de R$ 350,00 a R$ 1050,00 o mesmo padrão se manteve, a maioria
respondeu que não pagaria isto é 45,11% dos entrevistados. No intervalo de renda de R$ 1050,00 a
R$ 1750,00 no que 44,44 % pagaria R$10,00. Com relação aos entrevistados que afirmaram possuir
um nível de renda acima de R$ 1750,00 a maioria continuou afirmando não pagar.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Pajuçara Avenida Pontal Jatiuca e
Ponta
Verde
Jacarecica
e Cruz das
Almas
Homem
Mulher
Figura 5 – Desvio Padrão por praia sexo dos entrevistados.
Fonte: Elaboração Própria
Considerando a opção não pagar constata-se que até a faixa de renda de R$1750,00 ocorre
redução no percentual de pessoas que não pagaria nenhuma valor pela revitalização da Praia da
Avenida. Esse comportamento constitui indicador de que para esse intervalo de renda quanto maior
a renda maior a propensão a pagar um valor diferente de zero pela recuperação da área ambiental.
Tabela 2 – Participação % da disposição a pagar por níveis de renda: Pajuçara.
Níveis de Renda Até 350 350 a 1050 1050 a 1750 Acima 1750 Todas as
Faixas
Paga R$10,00 21,62 29,35 44,44 34,92 30,93
Paga Acima R$10,00 18,92 22,28 9,26 14,29 18,40
Paga Abaixo R$10,00 5,41 3,26 9,26 4,76 4,80
Não Paga 54,05 45,11 37,04 46,03 45,87
Total 100 100 100 100 100
Fonte: Elaboração Própria
Tabela 3 – Participação % da disposição a pagar por níveis de renda: Praia da Avenida.
Níveis de Renda Até 350 350 a 1050 1050 a 1750 Acima 1750 Todas as
Faixas
Paga R$10,00 0,00 16,07 43,48 20,83 20,00
Paga Acima R$10,00 0,00 5,36 4,35 29,17 9,17
Paga Abaixo R$10,00 0,00 3,57 17,39 4,17 5,83
Não Paga 100,00 75,00 34,78 45,83 65,00
Total 100 100 100 100 100
Fonte: Elaboração Própria
0
5
10
15 20
25
30
35
40
45
50
Pajuçara Avenida Pontal Jatiuca e
Ponta
Verde
Jacarecica
e Cruz das
Almas
Homem
Mulher
A Tabela (3) evidencia que os entrevistados na Praia da Avenida todos que possuem renda
até R$ 350,00 responderam que não pagariam pela recuperação da praia; para o intervalo de renda
de R$ 350,00 a 1050,00 75% deles afirmaram que não pagariam; no intervalo de 1050 a 1750 a
disposição a pagar R$10,00 eleva para 43,48% e na última faixa de renda há redução nesse
percentual.
Novamente tem-se que até a terceira faixa de renda há uma relação direta entre a disposição
a pagar e o nível de renda, sendo isso evidente pela redução no percentual na opção não paga, sendo
esse comportamento alterado na última faixa de renda. Uma informação que merece ressalva é que
no último nível renda o percentual dos que estariam dispostos a pagar acima dos R$10,00 é bastante
elevado, ou seja, com o crescimento da renda as pessoas pagariam pela recuperação da praia, pois
ao somarmos o percentual dos que estariam dispostos a pagar apenas os R$10,00 a os que pagariam
acima o resultado é 50%.
Tabela 4 – Participação % da disposição a pagar por níveis de renda: Praia do Pontal.
Níveis de Renda Até 350 350 a 1050 1050 a 1750 Acima 1750 Todas as
Faixas
Paga R$10,00 0,00 13,85 37,21 20,00 20,67
Paga Acima R$10,00 0,00 12,31 9,30 33,33 14,67
Paga Abaixo R$10,00 0,00 10,77 4,65 3,33 6,67
Não Paga 100,00 63,08 48,84 43,33 58,00
Total 100 100 100 100 100
Fonte: Elaboração Própria
Na Praia do Pontal constata-se o mesmo resultado da Praia da Avenida para o primeiro nível
de renda, isto é, 100% dos entrevistados não estariam dispostos a pagar; sendo que esse percentual
se reduz à medida que a renda aumenta. A redução do percentual da opção não pagar evidencia que
na Praia do Pontal a renda apresenta uma relação direta com a disposição a pagar para todas as
faixas de renda.
Tabela 5 – Participação % da disposição a pagar por níveis de renda: Jatiúca e Ponta Verde.
Níveis de Renda Até 350 350 a 1050 1050 a 1750 Acima 1750 Todas as
Faixas
Paga R$10,00 29,17 42,06 51,85 29,08 37,88
Paga Acima R$10,00 12,50 18,25 14,81 34,75 22,73
Paga Abaixo R$10,00 0,00 3,97 1,23 0,71 1,77
Não Paga 58,33 35,71 32,10 35,46 37,63
Total 100 100 100 100 100
Fonte: Elaboração Própria
A Tabela (5) evidencia que nas Praias da Jatiúca e Ponta Verde o resultado difere daquele
obtido nas praias anteriormente analisadas, no primeiro nível de renda, embora a maioria continue
afirmando que não pagaria esse percentual é bem menor, apenas 58,33%; sendo que apenas para o
nível de renda acima de R$ 1750,00 é que a maioria continua respondendo não pagar. Em todos os
níveis de renda analisados exceto o primeiro o projeto foi considerado possível de ser realizado;
isso decorre do fato de que a soma dos percentuais dos entrevistados que estariam dispostos a pagar
os R$10,00 ou que pagariam acima é maior que os que não estariam dispostos a pagar.
Tabela 6 – Participação % da disposição a pagar por níveis de renda: Jacarecica e Cruz das Almas.
Níveis de Renda Até 350 350 a 1050 1050 a 1750 Acima 1750 Todas as
Faixas
Paga R$10,00 18,75 28,35 26,92 23,68 26,01
Paga Acima R$10,00 3,13 14,96 23,08 31,58 17,04
Paga Abaixo R$10,00 21,88 10,24 19,23 15,79 13,90
Não Paga 56,25 46,46 30,77 28,95 43,05
Total 100 100 100 100 100
Fonte: Elaboração Própria
No que diz respeito aos entrevistados nas Praias de Cruz das Almas e Jacarecica a Tabela
(6) evidencia que: no primeiro nível de renda o percentual dos entrevistados que responderam não é
a maioria, fato que não difere dos resultados obtidos nas demais praias. A analise do percentual dos
que afirmaram que estariam dispostos a pagar pela recuperação da Praia da Avenida nota-se que
para todos os níveis de renda os entrevistados deram uma resposta positiva; acresce a isso o fato da
opção não pagar reduzir à medida que a renda eleva, revelando novamente uma relação direta entre
o nível de renda e a disposição a pagar.
A análise dos níveis de renda com a disposição a pagar proporciona dois resultados: o
primeiro constitui o fato de que nas menores faixas de renda a opção não pagar predomina, o que
pode ser explicado pelo poder aquisitivo dos entrevistados; nas faixas de renda intermediárias
constata-se elevação da DAP média com aumento na renda; a faixa de renda mais elevada, acima de
1750, apesar da incidência do não pagar constata-se participação elevada dos que pagam acima de
R$10,00.
Um segundo aspecto que pode afetar na disposição a pagar é o nível de escolaridade, sendo
essa afirmativa decorrente de dois aspectos: maior grau de escolaridade poderia implicar em maior
consciência da necessidade de recuperação do meio ambiente e o segundo fator constitui a analise a
priori dos dados que indicador diferenciais em decorrência do nível de escolaridade do indivíduo.
Tabela 7 – Participação % da disposição a pagar por nível de escolaridade: Pajuçara.
Nível de Escolaridade Fundamental Médio Superior Sem Escolaridade Outros
Paga R$10,00 12,64 35,38 39,24 10,00 0,00
Paga Acima R$10,00 28,74 14,15 15,19 30,00 50,00
Paga Abaixo R$10,00 6,90 7,08 7,59 10,00 50,00
Não Pagar 51,72 43,40 37,97 50,00 0,00
Fonte: Elaboração Própria
A Tabela (7) evidencia que, para a Praia de Pajuçara, à medida que o nível de escolaridade
se eleva do nível fundamental ao superior o percentual dos que não pagariam se reduz passando de
51,72% para 43,40% e posteriormente para 37,97% . Esse comportamento evidencia uma relação
direta entre nível de escolaridade e disposição a pagar pela recuperação da Praia da Avenida.
Tabela 8 – Participação % da disposição a pagar por nível de escolaridade: Praia da Avenida.
Nível de Escolaridade Fundamental Médio Superior Sem Escolaridade Outros
Paga R$10,00 4,35 25,40 25,00 0,00 0,00
Paga Acima R$10,00 4,35 1,59 32,14 0,00 0,00
Paga Abaixo R$10,00 4,35 7,94 3,57 0,00 0,00
Não Paga 86,96 65,08 39,29 100 100
Fonte: Elaboração Própria
Na Praia da Avenida, Tabela (8), dos entrevistados com o nível fundamental a maioria
respondeu não pagar, esse mesmo resultado permanece para o nivel médio e os sem escolaridade.
Já para os individuos com o nivel superior, embora o percentual dos que não estariam dispostos a
pagar seja alto, quando somarmos os que pagariam os R$ 10,00 aos que pagariam acima o resulatdo
é superior. Entretanto, novamente constata-se redução do percentual não paga à medida que o nível
de escolaridade eleva, evidenciando que o nivel de esclaridade tem grande influencia a disposição a
pagar.
Tabela 9 – Participação % da disposição a pagar por nível de escolaridade: Praia do Pontal.
Nível de Escolaridade Fundamental Médio Superior Sem Escolaridade Outros
Paga R$10,00 11,76 19,78 40,91 0,00 0,00
Paga Acima R$10,00 0,00 12,09 36,36 0,00 100
Paga Abaixo R$10,00 2,94 8,79 0,00 0,00 0,00
Não Paga 85,29 59,34 22,73 0,00 0,00
Fonte: Elaboração Própria
Analisando o perfil dos entrevistados na Praia do Pontal, Tabela (9), nota-se que do total
da amostra 0% não tem escoalridade; os entrevistados com nível fundamental tem-se que a maioria
responderam não pagar, esse mesmo resultado foi constatado para o nível médio; os entrevistados
com nível superior a maioria afirmou pagar os R$ 10,00 e 36,36 % afirmou pagar acima dos
R$10,00. Seguindo o mesmo padrão das demais praias analisadas constata-se que à medida que o
nível de escolaridade eleva aumenta a disposição a pagar.
Tabela 10 – Participação % da disposição a pagar por nível de escolaridade: Jatiúca e Ponta Verde.
Nível de Escolaridade Fundamental Médio Superior Sem Escolaridade Outros
Paga R$10,00 15,6 13,1 23,6 0,00 6,50
Paga Acima R$10,00 20,3 19,6 19,7 0,00 29,00
Paga Abaixo R$10,00 6,3 3,0 3,9 36,40 0,00
Não Paga 57,8 64,3 52,8 63,60 0,00
Fonte: Elaboração Própria
Nas Praias de Jatiúca e Ponta Verde, Tabela (10), para todos os níveis de escolaridade
exceto o nível outros, que em sua maioria representa os pós graduados, a opção com maior destaque
foi a de não estaria disposto a pagar. Entretanto, novamente tem-se que a disposição a pagar eleva
com o aumento da renda.
Tabela 11 – Participação % da disposição a pagar por nível de escolaridade: Cruz das Almas e Jacarecica.
Nível de Escolaridade Fundamental Médio Superior Sem Escolaridade Outros
Paga R$10,00 24,19 36,11 18,00 6,25 0,00
Paga Acima R$10,00 17,74 13,89 22,00 6,25 0,00
Paga Abaixo R$10,00 11,29 12,04 12,00 25,00 0,00
Não Paga 46,77 37,96 48,00 62,50 0,00
Fonte: Elaboração Própria
Nas Praias de Cruz das Almas e Jacarecica, Tabela (11) constata-se que apenas para o nível
médio a disposição a pagar é superior a não disposição. Entretanto, até o nível médio constata-se
elevação da disposição a pagar com a elevação no nível de escolaridade.
O principal objetivo da exposição das tabelas anteriormente analisadas era conseguir
descrever qual o perfil dos entrevistados que estariam dispostos a pagar se o projeto de recuperação
da Praia da Avenida fosse posto em prática, tendo em mãos esse perfil nasceu uma nova
necessidade: perceber quais os principais motivos alegados pelos que fizeram a opção por não
pagar.
Tabela 12 – Motivos alegados pelos entrevistados para não pagar pela recuperação da praia da avenida em (%).
Motivos não Pagar Pajuçara Avenida Pontal Jatiúca/ P.
Verde
C.
Almas/Jacarecica
Econômicos 16,09 42,31 31,23 5,73 18,45
Falta Interesse 11,49 3,85 6,90 12,00 7,77
Acredita que não Funciona 43,10 37,18 47,10 32,48 48,54
Falta Informação 1,24 8,97 5,57 0,64 2,91
Precisa de tempo para Pensar 1,15 2,56 0,00 0,00 0,00
Prefere outras Formas de
Pagamento 0,00 0,00 0,00 1,27 0,00
Outros 24,71 5,13 9,20 47,88 22,33
Total 97,78 100,00 100,00 100,00 100,00
Fonte: Elaboração Própria
A Tabela (12) nos mostra que na praia da Pajuçara dentre os motivos alegados pelos
entrevistados para não pagar pela recuperação da Praia da Avenida tem-se que eles julgam que o
projeto não funcionaria 43,10%; outros motivos 24,71%, e 16,09% alegaram motivos econômicos;
os demais entrevistados afirmaram não ter interesse 11,49% e 1,24% acharam que falta informação.
Na Praia da Avenida os motivos para não pagarem foram econômicos com 42,31%; o
projeto não funcionaria 37,18%; os que não se interessam 3,85%; para 8,97% falta informação;
2,56% afirmaram precisar de um tempo pra pensar e 5,13% alegaram outros motivos.
Na Praia do Pontal quase a metade dos entrevistados afirmaram não acreditar na
funcionalidade do projeto (47,13%); 31,23% alegaram motivos econômicos; 5,57% disseram que
falta informação e 9,20% que deram outros motivos pela sua negação ao pagamento.
Nas Praias de Jatiúca e Ponta Verde 47,77 % dos entrevistados alegaram outros motivos;
32,48 % disseram que não acreditam que o projeto vá funcionar; 12,10% não têm interesse; 1,27%
preferem outras formas de pagamento e por fim 5,73% alegaram motivos econômicos.
Nas Praias de Jacarecica e Cruz das Almas dentre os motivos alegados o principal foi a
falta de crença na funcionalidade do projeto com 48,54%; outros motivos representam 22,33%;
18,45% afirmaram que não pagaria por motivos econômicos; não se interessam ou os que
afirmaram faltar informações representam 7,77% e 2,91% respectivamente.
Para o cálculo do valor Econômico da Praia da Avenida foi utilizado os dados da tabela
acima, isto é, multiplicou-se o valor da DAP média pelo total da população dos bairros que
apareceram na amostra, encontrou-se o valor econômico total da Praia da Avenida cerca de R$
45.988 52,03 Constatou-se também que esse valor é superior ao valor encontrado na aplicação
método do custo de viagem que chegou aproximadamente 37 milhões de reais12
.
As discussões efetuadas ao longo dessa seção evidenciam, relação direta entre a DAP e o
nível de renda e escolaridade no que se refere ao motivo para não pagar. Constatou-se predomínio
da falta de crença na funcionalidade do projeto e restrições financeiras.
12
O método do Custo de Viagem foi demonstrado por Gilberto Gomes no trabalho de conclusão de curso na Faculdade
de Economia da Universidade Federal de Alagoas no ano de 2007.
Tabela 13-Relação da disposição a pagar dos entrevistados por Bairro.
Fonte: Elaboração Própria
VII. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto nota-se que os métodos propostos pela valoração econômica ambiental
constituem importantes instrumentos para o desenvolvimento das economias modernas. Com um
consumismo tão exacerbado no mundo de hoje, a valoração econômica se torna vital para que a
relação harmônica entre o homem e a natureza seja possível. Assim é essencial a busca por métodos
que proporcionem indicadores dos impactos da utilização de tais recursos ambientais, os custos para
sua recuperação, bem como permitam uma análise de custos benefício sobre o bem em estudo.
O resumo dos métodos de valoração evidenciou que ela pode ser realizada tomando como
referência a curva de demanda ou a curva de oferta. Os métodos, independente do foco na curva de
demanda ou na curva de oferta apresentam vantagens e desvantagens; as desvantagens podem
ocorrer em função da limitação do tipo de valor capturado pelo método, das dificuldades de
obtenção de dados mais precisos, dentre outras. Por outro lado, as vantagens constituem a geração
de indicadores que proporcione crescimento com qualidade melhor dos recursos não renováveis.
No geral constatou-se que ainda que os recursos ambientais sejam tratados de forma errônea
no que diz respeito a sua classificação como bem, é possível atribuir um valor econômico a este
recurso. Com que os serviços gerados pela praia constituem bem público há tendência de uso sem
preocupação com a preservação e nem a manutenção ocasionando efeitos negativos na saúde da
população, redução das opções de lazer para os residentes e arrefecimento no crescimento do setor
Bairros DAP População
Barro Duro 15,45 10.597
Bebedouro 2,33 10.523
Benedito Bentes 4,65 67.964
Cambona 5,38 13.599
Centro 4,92 3710
Chã da Jaqueira 5,00 16893
Cruz das Almas 10,05 9250
Farol 17,84 17343
Feitosa 8,02 25386
Fernão Velho 6,67 5655
Gruta 5,17 13687
Jaraguá 19,44 10582
Jacintinho 9,86 77.849
Jatiúca 15,40 33.758
Jacarecica 9,17 5.093
Levada 3,33 10.582
Pajuçara 10,41 3.229
Pinheiro 0,00 19667
Ponta Grossa 25,67 24186
Pontal 6,98 2331
Ponta Verde 10,04 16361
Ponta da Terra 0,00 9132
Prado 13,33 17925
Rio Novo 0,00 5743
Serraria 15,67 16170
Tabuleiro 11,50 55818
Trapiche 4,79 24257
Vergel 3,83 32307
Total 244,88 525.839
DAP Média 8,746
turístico. Neste sentido os esforços para tornar real a intenção de equilíbrio da ação humana tornam-
se vitais para manutenção da sustentabilidade dos mesmos.
Considerando os resultados apresentados para a Praia da Avenida temos:
As DAP‟S média são diferentes de zero em todas as praias observadas;
Os homens apresentaram DAP‟S e desvio padrão mais elevados em relação aos
entrevistados de sexo feminino;
A renda e o nível de escolaridade apresentam relação direta com a disposição a
pagar;
Dentre os motivos os motivos alegados para não pagar predominaram a falta de
crença e restrições orçamentárias.
Como proposta para avanços nesse estudo pode ser colocada à estimação de funções de
demanda para o Método do Custo de Viagem. Em conjunto com essa alteração analisar-se-á
também a disposição a pagar pelo Método de Valoração Contingente buscando identificar o valor
de existência, ou seja, quanto que a população maceioense pagaria para recuperar a Praia da
Avenida sem pretensão de uso e simplesmente para que a mesma esteja disponível para gerações
futuras.
VIII REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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