Post on 16-Dec-2018
1
UNISALESIANO CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM
CURSO DE ENFERMAGEM
Ana Laura Ribeiro Flores Danielle Ramos de Faria Pereira
DIFICULDADES DE ATUAÇÃO ENCONTRADAS PELA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL NA IMPLANTAÇÃO DO CAPS I
LINS – SP 2015
2
ANA LAURA RIBEIRO FLORES DANIELLE RAMOS DE FARIA PEREIRA
DIFICULDADES DE ATUAÇÃO ENCONTRADAS PELA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL NA IMPLANTAÇÃO DO CAPS I
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Enfermagem sob a orientação da Prof.ª Esp. Fabiana Aparecida Monção Fidelis e orientação técnica da Prof.ª. Ma. Jovira Maria Sarraceni.
LINS – SP
2015
3
ANA LAURA RIBEIRO FLORES
DANIELLE RAMOS DE FARIA PEREIRA
DIFICULDADES DE ATUAÇÃO ENCONTRADAS PELA EQUIPE
MULTIPROFISSIONAL NA IMPLANTAÇÃO DO CAPS I
Monografia Apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,
para a obtenção do título de Bacharel em Enfermagem.
Aprovada em: ___/___/___
Banca Examinadora:
Profº Orientadora: Fabiana Aparecida Monção Fidelis
Titulação: Esp. em Administração em Serviços de Saúde pela Inseto, em
Saúde Pública pela USC e Saúde Mental pela UNAERP
Assinatura _____________________________________
1º Prof. (a) ______________________________________________________
Titulação _______________________________________________________
Assinatura _____________________________________
2º Prof. (a) ______________________________________________________
Titulação _______________________________________________________
Assinatura_____________________________________
4
Dedico esta monografia ao meu
pai, Aparecido Flores (in memoriam),
pois mesmo ele não podendo partilhar
desse momento junto a mim, acredito
que, onde quer que ele esteja, também
realizou um sonho.
À minha mãe, que não mediu
esforços para fazer com que eu
chegasse até aqui, e a todos que, de
forma direta ou indireta, estiveram
comigo nessa minha vitória.
Ana Laura
5
Dedico esta monografia à minha amada avó
Marcia Ramos de Jesus Mantovani, que sempre
esteve ao meu lado me apoiando em todos os
momentos, sem a sua ajuda esse sonho não estaria
se tornando realidade.
Ao meu amado avô Romeu Mantovani (in
memoriam) que teve a oportunidade de partilhar
metade desse sonho comigo, sempre esteve ao meu
lado dando conselhos e dizendo o quanto era
importante estudar, sei que se estivesse entre nós
estaria alegre por esta conquista, sem ele não teria
conseguido.
Danielle
6
Agradecimentos
Tudo conquistado nesta trajetória, por meio de esforços e muita dedicação, só foi
possível porque algumas pessoas fizeram parte deste momento da minha vida. Sendo
assim, a todas elas agradeço pela realização deste trabalho.
Primeiramente а Deus que permitiu que tudo isso acontecesse, não somente durante
esses seis longos anos, mas durante toda a minha vida.
Á minha companheira de monografia e de graduação, Danielle. Que esteve comigo
durante essa jornada de seis anos, onde passamos por vários obstáculos juntas e quando
uma pensava em desistir, tinha o apoio e a força da outra. Que a distância não termine com
essa nossa amizade. Enfim, “ acaboooou Dani ”.
À minha orientadora, Prof.ª Fabiana Aparecida Monção Fidelis, que contribuiu
com sua experiência de profissão e esteve sempre disposta à nos ajudar.
À todos os professores que fizeram parte da minha formação, partilhando seus
conhecimentos e experiências.
Aos meus professores de estágio, Viviane e Paulo que além de professores e amigos,
foram “mãe e pai”, defendendo e ensinando seus “ filhos” para a vida. Todas as vezes que
surgiam dificuldades, com apenas um olhar, conseguiam me compreender. Obrigada por
me confortar quando eu sentia medo, por me fazer refletir inúmeras vezes durante esse
tempo, por me incentivar quando eu pensava em desistir, por me entender sempre.
Vocês me ensinaram coisas que serão importantes na minha vida profissional, além de
outras lições que não estavam nos livros. Sou grata e honrada pelos professores que tive,
pelos ensinamentos que absorvi e pela certeza da contribuição árdua desses profissionais,
não somente em minha profissão, mas também em minha vida.
Ao meu pai, que mesmo ausente fisicamente, está sempre presente em meu coração
e pensamento. Se hoje conquisto mais uma vitória é porque um dia você esteve ao meu lado
e me ensinou a lutar pelos meus sonhos. Sei que estará sempre do meu lado e no momento
em que eu estiver em minha colação oficial, sentirei sua presença com o peito cheio de orgulho
7
e seus olhos repletos de lágrimas, serei capaz de ouvir seus aplausos. Poderia dizer-lhe
tanta coisa, mas não vou conseguir. Apenas o silêncio mostrará um amor enorme e a
saudade.
À minha mãe, que mesmo diante de todas as dificuldades que passamos, nunca
mediu esforços para fazer com que eu chegasse até aqui. Sempre focada em meus estudos,
me ajudando sempre. Incontáveis foram as vezes que meu cansaço e preocupação foram
compartilhados por você, procurando amenizar minha ansiedade, mantendo-me firme
diante dos obstáculos, e me forçando a prosseguir quando eu pensava em parar. O momento
que vivo agora é fascinante e só existe porque você aceitou viver comigo o meu sonho, e me
presenteou com o estudo.
À toda minha família e amigos que sempre me elogiaram e me ajudaram. Durante
todo esse tempo me apoiaram, especialmente este ano. Inúmeros obstáculos surgiram e não
encontrava outra maneira, a não ser desistir, e vocês estavam sempre presentes, me
aconselhando e me confortando sempre com a frase “ Jajá acaba, Laura. ”.
Todos vocês são participantes desta conquista!
Ana Laura
Agradecimentos
8
Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado força e sabedoria para enfrentar
minhas dificuldades e chegar até aqui.
Agradeço a minha mãe Andréa, aos meus irmãos e familiares por sempre me
incentivarem nos momentos mais difíceis dessa caminhada. Amo vocês!!
A minha amiga Ana Laura, por sempre estar ao meu lado. Existem amigos mais
chegados que irmãos, quero agradecer por ser esta amiga maravilhosa, pelo carinho,
companheirismo e paciência que teve comigo, não media esforços para me ajudar quando
mais precisava, você é uma pessoa especial em minha vida. Que a distância não nos afaste
e que possamos fazer muitos churrascos ainda. Amo você!!
Aos meus professores que no decorrer dessa jornada não mediram esforços para
me ajudar. Em especial a Viviane, que foi mais que uma professora, foi uma amiga, você
é meu espelho, tanto como pessoa quanto uma profissional excelente. A Fabiana pela
paciência e disponibilidade para orientar esse trabalho. Ao Paulo por ser esse professor
competente e dedicado. Obrigada por contribuírem em meu crescimento profissional, admiro
cada um de vocês.
Aos meus amigos por me apoiarem em minhas decisões e por contribuírem de forma
direta ou indiretamente para a minha formação.
Danielle
9
RESUMO
O Centro de Atenção Psicossocial I (CAPS I) é um serviço de atenção, que foi criado com a finalidade de implantação de atendimento especializado em pacientes adultos com transtornos mentais. O serviço realiza uma integração social e familiar, oferecendo ao usuário apoio para que ele tenha autonomia. É oferecido acompanhamento clinico e psicossocial. Os usuários são atendidos de acordo com o planejamento terapêutico, realizado pela equipe multidisciplinar. Além das consultas, os usuários têm oficinas terapêuticas e culturais e conversas individuais. Trate-se de um estudo que tem por objetivo analisar as dificuldades de atuação encontradas pela equipe multiprofissional, na implantação do CAPS I na cidade de Cafelândia-SP. Trata-se de uma pesquisa descritiva de caráter exploratório, com abordagem qualitativa e metodologia de pesquisa de campo e observação sistemática. Foram entrevistados os profissionais da equipe multiprofissional, por meio de um roteiro de entrevista semiestruturado, com a finalidade de saber quais dificuldades de atuação foram encontradas pelos profissionais da equipe, durante a implantação do CAPS I na cidade de Cafelândia-SP. Após a realização da pesquisa, compreendemos que a implantação de um serviço novo, apresenta insegurança e dificuldades na equipe multiprofissional, pela falta de experiência ou vivência na área.
Palavras-chave: Saúde Mental. Equipe Multiprofissional. CAPS I.
10
ABSTRACT
The Psychosocial Care Center I (CAPS I) is a service, which was created for the purpose of implementation of specialized care in adult patients with mental disorders. The service performs a social and family integration, providing user support for it has autonomy. It is offered clinical and psychosocial support. Users are served according to the therapeutic planning, carried out by a multidisciplinary team. In addition to queries, users have therapeutic and cultural workshops and individual conversations. It is a study that aims to analyze the difficulties of operation found by the multidisciplinary team in CAPS I establishment in the city of Cafelândia-SP. It is a descriptive research with a qualitative approach and field research methodology with systematic observation. They were interviewed professionals in the multidisciplinary team, through a script of interview structured, in order to know what difficulties were found by team members during the implementation of CAPS in the city of Cafelândia I-SP. After the achievement of the research, we understand that the implementation of a new service gets insecurity and difficulties in the multiprofessional team, by the lack of experience in the area.
Keywords: Mental Health. Multidisciplinary team. CAPS I.
11
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
CAPS - Centro de Atenção Psicossocial CAPS ad - Centro de Atenção Psicossocial álcool e droga
CAPS i – Centro de Atenção Psicossocial infanto juvenil
C.S.II – Centro de Saúde de Cafelândia II
CRAS – Centro de Referência de Assistência Social
DAS – Síndrome de Dependência do Álcool
PSF - Programa Saúde da Família
PACS – Programa de Agentes Comunitários de Saúde
PTS - Projeto Terapêutico Singular
TAB – Transtorno Afetivo Bipolar
12
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................. 14
CAPÍTULO I - A REFORMA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL ............................. 16
1 HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA .................................................................... 16
1.1 Reforma Psiquiátrica ............................................................................... 17
1.2 O desenvolvimento dos CAPS ................................................................ 18
1.2.1 CAPS I ................................................................................................. 19
1.2.2 CAPS II ................................................................................................ 20
1.2.3 CAPS III ............................................................................................... 21
1.2.4 CAPSi .................................................................................................. 22
1.2.5 CAPSad ............................................................................................... 23
CAPITULO II - CAPS I ..................................................................................... 25
1 FUNCIONAMENTO DO CAPS I ................................................................ 25
1.1 Equipe multiprofissional e sua atuação ................................................... 26
1.2 Projeto terapêutico singular .................................................................... 28
1.3 Patologias Atendidas na Instituição ........................................................ 29
1.3.1 Esquizofrenia ....................................................................................... 29
1.3.2 Depressão ........................................................................................... 30
1.3.3 Transtorno Bipolar ............................................................................... 30
1.3.4 Alzheimer ............................................................................................. 30
1.3.5 Álcool e Outras Drogas ........................................................................ 31
1.4 Legislação em Saúde Mental .................................................................. 31
CAPITULO III - A PESQUISA .......................................................................... 32
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 32
2 Local da pesquisa ...................................................................................... 32
3 Métodos...................................................................................................... 33
4 Técnica ....................................................................................................... 34
5 Depoimentos .............................................................................................. 34
5.1 A palavra do médico clínico. ................................................................... 34
5.2 A palavra do Médico Psiquiatra............................................................... 35
5.3 A palavra da Enfermeira ......................................................................... 36
5.4 A palavra do Técnico em Enfermagem ................................................... 37
13
5.5 A Palavra da Psicóloga 1 ........................................................................ 39
5.6 A palavra da Psicóloga 2 ........................................................................ 40
5.7 A Palavra da Assistente Social ............................................................... 41
5.8 A Palavra da Terapeuta Ocupacional ..................................................... 42
6 Discussão ................................................................................................... 43
CONCLUSÃO ................................................................................................... 45
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ..................................................................... 46
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 47
APÊNDICES ..................................................................................................... 50
ANEXOS ........................................................................................................... 55
14
INTRODUÇÃO
O tema abordado refere-se as dificuldades de atuação, encontradas por
uma equipe multiprofissional que atua diretamente com o paciente, na
implantação de um serviço novo, CAPS I. O serviço tem como objetivo
ressocialização de seus usuários, fazendo com que eles possam desenvolver
suas atividades perante a sociedade sem riscos para ambos, sendo um cuidado
eficiente e personalizado que promove estratégia conjunta e o enfrentamento
dos problemas.
“Estes Centros devem oferecer atendimento à população de seu
município de abrangência, realizando acompanhamento e estimulando a
reinserção social dos usuários, através do acesso ao trabalho, educação, lazer,
convívio familiar e comunitário, dentre outras ações. Por meio de atendimento
em regime de atenção diário, além dos gerenciamentos de projetos terapêuticos
individualizados, os CAPS implementam ações de prevenção em Saúde Mental.”
(AITH:TORRONTEGUY;LUCA, 2013. p. 58).
Os CAPS são classificados em três níveis: CAPS 1, CAPS 2 e CAPS 3,
definidos por ordem crescente de porte, complexidade e abrangência
populacional. As três modalidades de serviços cumprem a mesma função no
atendimento público em saúde mental, devendo se constituir em serviço
ambulatorial de atenção diária. Deverão estar capacitados para realizar
prioritariamente o atendimento de pacientes com transtornos mentais graves e
persistentes em sua área territorial, em regime de tratamento intensivo, semi-
intensivo e não-intensivo. (ANDREOLI et al, 2004).
O CAPS que se pretende implantar corresponde ao CAPS 1. Este possui
capacidade operacional para atendimento em municípios com população entre
20.000 e 70.000 habitantes. Deve funcionar das 8 às 18 horas e de segunda a
sexta-feira. Os CAPS devem contar com espaço próprio e adequadamente
preparado para atender à sua demanda específica, sendo capazes de oferecer
um ambiente continente e estruturado. (BRASIL, 2004).
O município de Cafelândia não possuía quantidade de habitantes
suficientes para a implantação do CAPS I, porem fez-se uma junção com outros
municípios para atingir o número de habitantes necessário para a abertura do
mesmo. Além de prestar atendimentos aos usuários de seu município,
15
Cafelândia também atende usuários dos municípios conveniados a esse sistema
de junção. Tendo um espaço próprio para seu atendimento, com uma boa
infraestrutura e uma equipe multiprofissional em que alguns profissionais são
novos na área o CAPS vem desenvolvendo um trabalho de qualidade, onde, a
equipe vem se desenvolvendo juntamente com a implantação deste serviço.
Este trabalho teve como objetivo analisar as dificuldades encontradas
pela equipe multiprofissional na implantação do Centro de Atenção Psicossocial
I, assim levantando a seguinte pergunta: Quais dificuldades encontradas pela
equipe multiprofissional na implantação de um novo serviço ‘Centro de Atenção
Psicossocial I (CAPS I)’, e quais medidas devem ser tomadas para que as
dificuldades sejam resolvidas?
Em resposta temos a seguinte hipótese: acredita-se que a implantação de
um serviço novo possa apresentar insegurança da equipe multiprofissional pela
falta de experiência ou vivência na área.
A pesquisa foi descritiva de caráter exploratório, com abordagem
qualitativa e metodologia de pesquisa de campo através de um questionário
direcionado os profissionais e observação sistemática.
O capítulo I deste trabalho irá falar brevemente sobre a história da
psiquiatria, a reforma psiquiátrica no Brasil e o surgimento dos CAPS. O capítulo
II abordará sobre o CAPS I, o surgimento, o desenvolvimento, o seu
funcionamento e as patologias por ele atendidas. O capítulo III abordará a
pesquisa realizada no CAPS I do município de Cafelândia. Onde irá falar sobre
o seu funcionamento, sobre a equipe multiprofissional e os projetos realizados.
E também descrever sobre as dificuldades encontradas pela equipe
multiprofissional na implantação deste serviço.
16
CAPÍTULO I
A REFORMA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL
1 HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA
Segundo Nunes, Bueno e Nardi (2000) no século V a.C. acreditava-se que
as pessoas que sofriam de transtornos mentais eram possuídas por algum tipo
de demônio ou praga dos deuses e não um distúrbio cerebral que causava os
transtornos. Cada tipo de manifestação era caracterizado por um tipo de
demônio, por exemplo:
Incubus era o demônio que atacava as moças castas e succubus o demônio feminino que molestava os homens. O exorcismo de pessoas supostamente possuídas por intrusos perigosos, muitas vezes incluindo os doentes mentais, tornou-se uma pratica frequente na Idade Média. (NUNES; BUENO; NARDI, 2000, p. 2).
Com o passar do tempo a pratica psiquiátrica começou a ser
sistematizada e começou a entender-se que os transtornos mentais não era
possessão de demônios e sim um transtorno causado na mente humana. Sendo
assim a psiquiatria começou a se desenvolver em critérios racionais e em
processos científicos. Dois grandes nomes dominaram a psiquiatria no final do
século XIX e durante todo o século XX, são eles: Emil Kraepelin e Sigmund
Freud.
Emil Kraepelin diferenciou com clareza, e com base na evolução natural,
a demência precoce (depois denominada esquizofrenia) da insanidade maníaco-
depressiva (transtornos do humor). Este foi o passo decisivo para uma pratica
clinica com base na observação e evolução. Sigmund Freud foi um importante
representante no progresso para a compreensão da mente humana no campo
psicológico. Com isso, vários tratamentos biológicos surgiram na metade do
século XX, como a malarioterapia (retirava sangue de um paciente infectado por
malária e injetava no paciente com transtorno mental para provocar um choque
e um ataque febril), e a lobotomia (retirada de uma parte do cérebro). Em seguida
veio à descoberta da clorpromazina (neuroléptico antipsicótico) e citrato de lítio.
(NUNES; BUENO; NARDI, 2000).
17
Antigamente os hospitais psiquiátricos eram denominados manicômios e
hospícios onde eram internadas as pessoas com transtornos mentais, o
tratamento nesses hospitais era totalmente desumano. Os pacientes eram
retirados do seu meio de convívio e colocados nesses hospitais com o intuito de
ficarem presos e não oferecer riscos para a sociedade, ou seja, era como se
fosse uma prisão para loucos. Nessa época era feito vários tipos de tratamento
com o paciente, muitas vezes sem base cientifica, a fim de fazer testes para uma
possível cura. No século XIX o tratamento nos manicômios era baseado,
principalmente, na reeducação do paciente, no respeito às normas e no
desencorajamento das condutas inconvenientes, os pacientes sofriam com
medidas físicas como duchas frias, chicotadas, máquinas giratórias e sangrias,
ou seja, o paciente era tratado como um objeto de estudo e não como uma
pessoa que precisava de tratamento e cuidados.
1.1 Reforma Psiquiátrica
Segundo AMSTALDEN; PASSOS (2003) a partir da metade do século XX
deu-se início a uma radical crítica e transformação do saber, do tratamento e das
instituições psiquiátricas impulsionadas pelo psiquiatra italiano Franco Basaglia,
que repercutiu o mundo inteiro e particularmente o Brasil, iniciando o movimento
da Luta Antimanicomial, que tem como ideia a defesa dos direitos humanos e o
resgate da cidadania dos pacientes com transtornos mentais, dando início a
Reforma Psiquiátrica. A Reforma teve como objetivo, denunciar os maus tratos
e a violência vivida pelos doentes mentais nos manicômios e propunha a
construção de uma rede de serviços e estratégias comunitárias, solidarias e
liberarias. No Brasil a Reforma teve início na década de 70 com a mobilização
dos profissionais de saúde mental juntamente com os familiares desses
pacientes. Lutavam pela redemocratização do país e a mobilização político-
social que ocorria na época. No ano de 1989, Paulo Delgado lutou no congresso
com um projeto de lei que propunha a regulamentação dos direitos das pessoas
com transtornos metais e a extinção progressiva dos manicômios no país dando
início nas lutas do movimento da Reforma Psiquiátrica no campo legislativo e
normativo. Apesar de toda essa luta, somente no ano de 2001, após 12 anos de
18
tramitação desse projeto no Congresso Nacional é sancionada a Lei 10.216 de
6 de abril de 2001, popularmente conhecida como Lei Paulo Delgado.
Hoje, a psiquiatria apresenta-se como uma especialidade médica voltada para ajudar o doente mental, desvendando as causas biológicas, genéticas, sociais e psicológicas do seu adoecer. Podemos dizer que a psiquiatria é atualmente uma especialidade médica ambulatorial. As internações só ocorrem em emergências, por breves períodos, ou em casos raros de gravidade acentuada. Há uma revalorização do diagnóstico e a busca de se diagnosticar melhor, com mais precisão de concordância, usando classificações internacionais e métodos laboratoriais auxiliares. E, por fim, apresentando tratamentos ressocializantes, psicológicos e biológicos (principalmente medicamentos) que visam curar quando possível e, fundamentalmente, melhorar a qualidade de vida de quem sofre de um transtorno mental. (NUNES; BUENO; NARDI, 2000, p. 5).
1.2 O desenvolvimento dos CAPS
Com a Reforma Psiquiátrica surgiram os Centros de Atenção Psicossocial
(CAPS) que tem como objetivo a ressocialização dos pacientes com transtornos
mentais, estimulando sua integração social e familiar.
Segundo Pitta (2001) o primeiro CAPS foi inaugurado em março de 1986 na
cidade de São Paulo com o seguinte nome: Centro de Atenção Psicossocial
Professor Luiz da Rocha Cerqueira, dando início em suas atividades somente
em junho do mesmo ano.
Desde sua criação é um serviço de assistência, ensino e pesquisa, inserido na rede pública de atenção à saúde mental. Destina-se ao atendimento de pacientes graves. Ao longo dos anos foi ampliando suas funções: formando pessoal para a rede de atendimento, oferecendo estágio para estudantes e desenvolvendo sua vocação como local de reabilitação. (PITTA; 2001, p. 34).
Os CAPS têm como objetivo oferecer atendimento a sua área de
abrangência com a realização do acompanhamento clínico do paciente com
transtornos mentais e a reinserção dos mesmos através de trabalho, lazer,
exercício dos direitos civis e fortalecendo os laços familiares e sociais.
Substituindo assim, as internações em hospitais psiquiátricos, que acontece
somente em casos de extrema gravidade. Eles oferecem vários tipos de
atividades terapêuticas, como por exemplo: psicoterapia individual ou em grupo,
oficinas terapêuticas, atividades comunitárias, atividades artísticas, orientação e
acompanhamento do uso de medicação, atendimento domiciliar e aos familiares.
19
Dessa forma, o CAPS pode articular cuidado clínico e programas de reabilitação psicossocial. Assim, os projetos terapêuticos devem incluir a construção de trabalhos de inserção social, respeitando as possibilidades individuais e os princípios de cidadania que minimizem o estigma e promovam o protagonismo de cada usuário frente à sua vida. Como vimos, muitas coisas podem ser feitas num CAPS, desde que tenham sentido para promover as melhores oportunidades de trocas afetivas, simbólicas, materiais, capazes de favorecer vínculos e interação humana. (BRASIL; 2004, p.18).
1.2.1 CAPS I
Segundo Brasil (2004), os CAPS são diferentes quanto ao tamanho do
equipamento, estrutura física, profissionais e diversidade nas atividades
terapêuticas, especificidade da demanda, isto é, para crianças e adolescentes,
usuários de álcool e outras drogas ou para transtornos psicóticos e neuróticos
graves.
Dentre os tipos de CAPS, existe o CAPS I, que são para atendimento
diário de adultos, em sua população de abrangência, com transtornos mentais
severos e persistentes. (BRASIL, 2004).
Os CAPS funcionam, pelo menos, durante os cinco dias úteis da semana.
Seu horário e funcionamento depende do tipo de CAPS. O funcionamento do
CAPS I acontece: Das 8:00 ás 18:00 horas, de segunda a sexta – feira. São
instalados com municípios com população entre 20.000 e 70.000 habitantes.
(BRASIL, 2004).
Os profissionais que trabalham nos CAPS possuem diversas formações e integram uma equipe multiprofissional. É um grupo de diferentes técnicos de nível superior e de nível médio. Os profissionais de nível superior são: enfermeiros, médicos, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, pedagogos, professores de educação física ou outros [...]. (BRASIL, 2004, p.26).
A equipe mínima para a formação do CAPS I é: 1 médico psiquiatra ou
médico com formação em saúde mental, 1 enfermeiro, 3 profissionais de nível
superior de outras categorias profissionais: psicólogo, assistente social,
terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto
terapêutico, 4 profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem,
técnico administrativo, técnico educacional e artesão. Isto para um atendimento
de 20 pacientes por turno, no máximo 30 por dia, em atendimento intensivo.
20
Atendimento Intensivo: trata-se de atendimento diário, oferecido quando a pessoa se encontra com grave sofrimento psíquico, em situação de crise ou dificuldades intensas no convívio social e familiar, precisando de atenção contínua. Esse atendimento pode ser domiciliar, se necessário. (BRASIL, 2004, p.16)
Segundo Brasil (2004), a assistência oferecida ao paciente no CAPS I
inclui as seguintes atividades:
a) atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação,
entre outros);
b) atendimento em grupos (psicoterapia, grupo operativo, atividades de
suporte social, entre outras);
c) atendimento em oficinas terapêuticas executadas por profissional de
nível superior ou nível médio;
d) visitas domiciliares;
e) atendimento à família;
f) atividades comunitárias enfocando a integração do paciente na
comunidade e sua inserção familiar e social; e
g) os pacientes assistidos em um turno (quatro horas) receberão uma
refeição diária, os assistidos em dois turnos (oito horas) receberão
duas refeições diárias.
1.2.2 CAPS II
Segundo Brasil (2004), o CAPS II tem a capacidade de atendimento em
municípios com população entre 70.000 e 200.000 habitantes, e como o CAPS
I, eles também são para atendimento diário de adultos, em sua população de
abrangência, com transtornos mentais severos e persistentes, com
funcionamento das 8 ás 18 horas, em dois turnos, cinco vezes na semana,
podendo haver um segundo turno até ás 21 horas.
A equipe técnica mínima, para o atendimento no CAPS II, são:1 médico
psiquiatra; 1 enfermeiro com formação em saúde mental; 4 profissionais de nível
superior entre as seguintes categorias profissionais: psicólogo, assistente social,
enfermeiro, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário
ao projeto terapêutico; 6 profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de
enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e artesão.
21
Isto para um atendimento de 30 pacientes por turno, tendo como limite máximo
45 pacientes/dia, em regime intensivo.
A assistência prestada ao paciente do CAPS II são as mesmas aplicadas ao
funcionamento do CAPS I, citado logo acima.
1.2.3 CAPS III
Segundo Brasil (2004), o CAPS III tem a capacidade de atendimento em
municípios com população acima de 200.000 habitantes, com atendimento 24
horas diariamente, também nos feriados e finais de semana.
A equipe técnica mínima para o CAPS III são: 2 médicos psiquiatras; 1
enfermeiro com formação em saúde mental; 5 profissionais de nível superior
entre as seguintes categorias: psicólogo, assistente social, enfermeiro, terapeuta
ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico;
8 profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico
administrativo, técnico educacional e artesão.
Isto para o atendimento de 40 pacientes por turno, com limite máximo de 60
pacientes/dia, em regime intensivo.
Para o período de funcionamento noturno, em plantões corridos de 12
horas, a equipe deve ser composta por: 3 técnicos/auxiliares de enfermagem,
sob supervisão do enfermeiro do serviço; 1 profissional de nível médio da área
de apoio.
Para as 12 horas diurnas, nos sábados, domingos e feriados, a equipe
deve ser composta por: 1 profissional de nível superior entre as seguintes
categorias: médico, enfermeiro, psicólogo, assistente social, terapeuta
ocupacional, ou outro profissional de nível superior justificado pelo projeto
terapêutico;3 técnicos/auxiliares técnicos de enfermagem, sob supervisão do
enfermeiro do serviço; 1 profissional de nível médio da área de apoio. (BRASIL,
2004).
A assistência prestada é em geral como no CAPS I e CAPS II, porém com
as seguintes atividades diferentes:
Acolhimento noturno, nos feriados e fins de semana, com no máximo cinco leitos, para eventual repouso e/ou observação; Os pacientes assistidos em um turno (quatro horas) receberão uma refeição diária; os assistidos em dois turnos (oito horas) receberão duas refeições diárias,
22
e os que permanecerem no serviço durante 24 horas contínuas receberão quatro refeições diárias; A permanência de um mesmo paciente no acolhimento noturno fica limitada a sete dias corridos ou dez dias intercalados em um período de 30 dias. (BRASIL, 2004, p. 33).
1.2.4 CAPSi
Segundo o Brasil (2004), o CAPSi tem a capacidade de atendimento em
municípios com população acima de 200.000 habitantes, com atendimento das
8 ás 18 horas, de segunda a sexta – feira, podendo ter um terceiro período
funcionando até as 21 horas.
A equipe técnica mínima para o funcionamento é de 1 médico psiquiatra,
ou neurologista, ou pediatra com formação em saúde mental; 1 enfermeiro; 4
profissionais de nível superior entre as seguintes categorias profissionais:
psicólogo, assistente social, enfermeiro, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo,
pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico; 5 profissionais
de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo,
técnico educacional e artesão. Isto para o atendimento de 15 crianças e/ou
adolescentes por turno, tendo como limite máximo 25 pacientes/dia.
O CAPSi é um serviço de atenção diária destinado ao atendimento de crianças e adolescentes gravemente comprometidos psiquicamente. Estão incluídos nessa categoria os portadores de autismo, psicoses, neuroses graves e todos aqueles que, por sua condição psíquica, estão impossibilitados de manter ou estabelecer laços sociais. A experiência acumulada em serviços que já funcionavam segundo a lógica da atenção diária indica que se ampliam as possibilidades do tratamento para crianças e adolescentes quando o atendimento tem início o mais cedo possível, devendo, portanto, os CAPSi estabelecerem as parcerias necessárias com a rede de saúde, educação e assistência social ligadas ao cuidado da população infanto-juvenil. (BRASIL, 2004, p. 23).
As psicoses da infância e o autismo infantil são condições clínicas para
as quais não se conhece uma causa isolada que possa ser responsabilizada por
sua ocorrência. Apesar disso, a experiência permite indicar algumas situações
que favorecem as possibilidades de melhora, principalmente quando o
atendimento tem início o mais cedo possível, observando-se as seguintes
condições:
23
Não se conhece uma causa isolada que possa responsabilizar as
condições clinicas de uma psicose na infância e o autismo infantil, porém as
experiências podem facilitar as possibilidades de melhora, e quanto mais cedo
possível for iniciado o tratamento, vai ser melhor para a criança.
Algumas das situações que favorecem a possibilidade de melhora, são
quando o tratamento com a criança é realizado em seu ambiente doméstico e
familiar, a família fazer parte do tratamento, ter no tratamento objetivos múltiplos,
que não envolva ações somente na clínica, mas também Inter setoriais, fazer
com que ocorra uma melhora no ambiente em que vive a criança e adolescente,
as equipes técnicas sempre atuando de forma interdisciplinar. Mesmo quando
não houver hipótese de eliminação total do problema apresentado pela criança
ou adolescente, é importante trabalhar com a obtenção de progressos. E realizar
atividades que inclua os pacientes na sociedade e em âmbito escolar também.
Em geral, as atividades desenvolvidas nos CAPSi são as mesmas oferecidas nos CAPS, como atendimento individual, atendimento grupal, atendimento familiar, visitas domiciliares, atividades de inserção social, oficinas terapêuticas, atividades socioculturais e esportivas, atividades externas. Elas devem ser dirigidas para a faixa etária a quem se destina atender. Assim, por exemplo, as atividades de inserção social devem privilegiar aquelas relacionadas à escola. (BRASIL, 2004, p. 23).
1.2.5 CAPSad
Segundo Brasil (2004), o CAPSad tem a capacidade de atendimento em
municípios com população de até 100.000 habitantes, com funcionamento das 8
ás 18 horas, de segunda a sexta – feira, podendo ter um terceiro período
funcionando até as 21 horas.
A equipe técnica mínima para o funcionamento é de 1 médico psiquiatra;
1 enfermeiro com formação em saúde mental; 1 médico clínico, responsável pela
triagem, avaliação e acompanhamento das intercorrências clínicas; 4
profissionais de nível superior entre as seguintes categorias profissionais:
psicólogo, assistente social, enfermeiro, terapeuta ocupacional, pedagogo ou
outro profissional necessário ao projeto terapêutico; 6 profissionais de nível
médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo, técnico
24
educacional e artesão. Isto para o atendimento de 25 pacientes por turno, tendo
como limite máximo 45 pacientes/dia.
Os CAPS I, II e III, não atendem a condições clínicas cujo o problema é o
uso de álcool e drogas, sendo o foco de atendimento o transtorno mental. Para
paciente cujo o problema é o uso de álcool e drogas, surge em 2002 o CAPSad.
Os CAPSad devem oferecer atendimento diário a pacientes que fazem um uso prejudicial de álcool e outras drogas, permitindo o planejamento terapêutico dentro de uma perspectiva individualizada de evolução contínua. Possibilita ainda intervenções precoces, limitando o estigma associado ao tratamento [...]. (BRASIL, 2004, p. 24).
A assistência prestada ao paciente do CAPSad, é em geral como nos
CAPS I, II, e III, diferenciando apenas ao recurso de desintoxicação, realizado
nos dependentes químicos que se tratam na unidade.
25
CAPITULO II
CAPS I
1 FUNCIONAMENTO DO CAPS I
Segundo Aith, Torronteguy e Luca (2013), os CAPS foram peças-chave
na Reforma Psiquiátrica Brasileira que foi consolidada pela Lei 10.216/2001
(ANEXO B) e contribuiu para que se construísse uma rede que substituísse os
Hospitais Psiquiátricos no Brasil. Esses centros começaram a surgir no final da
década de 80, porém só foram reconhecidos e financiados pelo Ministério da
Saúde no ano de 2002, onde teve uma grande expansão. O CAPS é uma
unidade de tratamento especializado para pessoas que sofrem algum tipo de
transtorno mental e que necessite de cuidados diários.
O principal objetivo do CAPS foi substituir o confinamento das pessoas com transtornos mentais em Hospitais Psiquiátricos. A intenção é evitar internações prolongadas, que distanciam o doente da família. Assim, devem ser instalados em bairros de fácil acesso e em espaço físico próprio e adequadamente preparado para atender a sua demanda especifica com o intuito de que o usuário se sinta o mais confortável possível. (AITH; TORRONTEGUY; LUCA, 2013, p. 66).
O CAPS I tem a finalidade de atender pacientes adultos com transtornos
mentais severos e persistentes, oferecendo-lhes um suporte de qualidade para
que os mesmos sejam inseridos na sociedade de maneira que sejam capazes
de realizar suas atividades sem depender de seus familiares, ou seja, dando
autonomia necessária para que isso ocorra. Tem como dever oferecer
tratamento a população do município de abrangência, realizando
acompanhamento clínico e sempre estimulando a reinserção social e a melhora
no convívio familiar. (AITH; TORRONTEGUY; LUCA, 2013).
Essencialmente, o CAPS possui como funções institucionais básicas: prestar atendimento em regime de atenção diária; construir e gerenciar projetos terapêuticos individualizados; promover a inserção social do usuário através de ações Inter setoriais; regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental de sua área; dar suporte e supervisionar a atenção em saúde mental na rede básica, PSF (Programa de Saúde da
26
Família), PACS (Programa de Agentes Comunitários de Saúde); e coordenar junto com o gestor local, as atividades de supervisão de unidades hospitalares psiquiátricas que atuem no seu território. (AITH; TORRONTEGUY; LUCA, 2013, p. 67).
1.1 Equipe multiprofissional e sua atuação
Segundo Vasconcellos (2009), o trabalho em equipe multiprofissional no
CAPS iniciou-se logo após a reforma psiquiátrica no Brasil, visando
principalmente a melhora no atendimento ao usuário e dividindo o trabalho entre
a equipe, onde o enfermeiro faz o seu papel como enfermeiro, o psicólogo
exercendo sua função e assim por diante. Porém notou-se que alguns
funcionários não dividiam o trabalho e queria fazer tudo ao mesmo tempo, assim,
atrapalhando a conduta do seu colega de trabalho. Surge então a proposta de
equipe multiprofissional fazendo com que o trabalho realizado no CAPS melhore
cada dia mais, tanto no atendimento aos usuários quanto na interação da equipe.
A proposta interdisciplinar ganha força a partir da década de 1960, buscando superar a crescente fragmentação do conhecimento, estabelecida em um mundo cada vez mais complexo. O termo interdisciplinaridade não tem sentido único, mas, em geral, versa sobre a intensidade das trocas entre os especialistas e sobre o grau de integração das disciplinas em um projeto profissional, de ensino ou de pesquisa. (VASCONCELLOS, 2009, p. 02).
Segundo Feriotti (2009), as práticas de saúde em relação à equipe
multidisciplinar vêm mudando a cada dia, visando melhorar à qualidade no
atendimento do usuário e também a melhora na relação entre os profissionais
envolvidos num determinado setor. Tendo uma boa comunicação e um bom
diálogo com a equipe multiprofissional desenvolverá um ótimo trabalho. Quando
falamos em equipe multiprofissional, estamos falando de um trabalho onde
envolve vários tipos de pessoas com uma determinada formação visando o bem-
estar físico, psíquico e socioeconômico do paciente, por exemplo, no CAPS,
onde não só tratam a patologia do paciente, mas sim a sua qualidade de vida
dentro e fora do ambiente de tratamento.
As práticas interdisciplinares e transdisciplinares que visam à constituição da unidade ou integralidade sem, no entanto, perder a multiplicidade, pressupõe a vivência com a diversidade, uma vez que colocam em comunicação diferentes formas de descrever, analisar, explicar e intervir na realidade. Uma realidade que, embora descrita de forma fragmentada, mantém sua unidade. A interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade
27
podem, portanto, apoiar metodologias de análise e intervenção na realidade, assim como o desenvolvimento de relações sociais e interpessoais alinhadas aos novos paradigmas. O conceito de diversidade ocupa lugar de destaque na construção dessas relações. (FERIOTTI, 2009, p. 187,188).
Segundo Aith, Torronteguy e Luca (2013), o CAPS I é o centro de menor
porte oferecido aos usuários adultos, é disponibilizado para municípios com
população entre 20.000 e 50.000 habitantes, tendo equipe mínima de 9
profissionais sendo: 1 médico psiquiatra; 1 enfermeiro; 3 profissionais de nível
superior de outras categorias, como, psicólogo, assistente social, terapeuta
ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico e
4 profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico
administrativo, técnico educacional e artesão. Devem também oferecer recursos
físicos para um bom atendimento: consultório para atividades individuais, sala
para atividades grupais, espaço de convivência, sala de oficinas, refeitório,
sanitários e área externa para atividades. O funcionamento do CAPS I é feito nos
cinco dias uteis da semana no período das 8 às 18 horas em dois turnos (manhã
e tarde).
A assistência prestada ao paciente no CAPS I inclui as seguintes atividades: atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros); atendimento em grupos (psicoterapia, grupo operativo, atividades de suporte social, entre outras); atendimento em oficinas terapêuticas executada por profissional de nível superior ou nível médio; visitas domiciliares, atendimento à família; atividades comunitárias enfocando a integração do paciente na comunidade e sua inserção familiar e social; os pacientes assistidos em um turno (04 horas) receberão uma refeição diária, os assistidos em dois turnos (08horas) receberão duas refeições diárias. (AITH; TORRONTEGUY; LUCA, 2013, p. 70 e 71).
Segundo Brasil (2004) o médico psiquiatra ou clínico, da unidade, tem
como sua atuação: Diagnosticar, orientar e promover a execução de planos e
programas preventivos, dirigidos a pacientes em geral, internados, de
ambulatório e a seus familiares, ser responsável técnico pela prescrição de
medicamentos aos pacientes do CAPS.
O enfermeiro da unidade, tem como sua atuação: desempenhar ações
em conjunto, interligando-se e compreendendo-se naquilo que possa ser
melhor para o cuidar dos indivíduos com transtornos mentais. A equipe
28
organiza a assistência em si, realizando atividades assistência e atividades
burocráticas administrativas.
O psicólogo tem como atuação: atendimentos individuais, coordenação
de grupos, atendimento psicológico aos familiares, atuação com os/as
funcionários/as, visita domiciliar, trabalho em equipe multidisciplinar, atuação em
rede e na comunidade, pareceres, laudos e prontuários, gestão do serviço,
atividades extramuros, abordagens teóricas, entre outros.
O terapeuta ocupacional atua proporcionando ao indivíduo que dela necessita,
condições de readaptação por meio das atividades, e atua como agente
facilitador, minimizando o sofrimento psíquico e ampliando o elo de ligação do
indivíduo com a realidade externa, favorecendo a participação mais ativa na
família e na comunidade.
O assistente social promove a universalização dos direitos sociais dos
usuários, através da identificação dos recursos que possibilitem a defesa de tais
direitos. Tem o papel de intervir na realidade social dos usuários, a fim de
identificar as expressões da questão social relacionadas ao processo de uso de
substâncias psicoativas, para assim buscar formas de mudança da situação
social vivida por essas pessoas, a partir da integração em atividades sociais e
laborais.
1.2 Projeto terapêutico singular
O Projeto Terapêutico Singular (PTS) pode ser definido como uma estratégia de cuidado que articula um conjunto de ações resultantes da discussão e da construção coletiva de uma equipe multidisciplinar e leva em conta as necessidades, as expectativas, as crenças e o contexto social da pessoa ou do coletivo para o qual está dirigido. A noção de singularidade advém da especificidade irreprodutível da situação sobre a qual o PTS atua, relacionada ao problema de uma determinada pessoa, uma família, um grupo ou um coletivo. (BRASIL; 2013, p.55)
Segundo Ministério da Saúde (BRASIL,2004), a utilização do PTS como
modo de intervenção no atendimento, faz com que ocorra a necessidade de
encontros, reuniões, discussões, entre a equipe da unidade. Para a aplicação do
mesmo, é importante avaliar as condições do paciente, da família ou do grupo.
29
Embora o PTS possa ser utilizado como analisador qualitativo e apregoado para todos os usuários dos serviços estratégicos de Saúde Mental, como os CAPS, na Atenção Básica é importante estabelecer critérios de seleção dos casos que exigirão a construção de um PTS. Não é viável nem necessário elaborar um PTS para todas as pessoas atendidas em um serviço de Atenção Básica. Casos mais difíceis com maior gravidade e complexidade devem ser priorizados (BRASIL; 2013, p.55).
Segundo Brasil (2013), relata sobre a importância do contato com uma
pessoa, família ou mesmo um grupo, em que o acolhimento, uma escuta
cuidadosa com o paciente, favorece o vínculo e ajuda no diagnóstico situacional.
É importante criar um vínculo com o paciente, para que ele se sinta à vontade
em falar sobre seus problemas, suas expectativas.
A utilização do PTS como dispositivo de cuidado possibilita a reorganização do processo de trabalho das equipes de Saúde e favorece os encontros sistemáticos, o diálogo, a explicitação de conflitos e diferenças e a aprendizagem coletiva. Coordenar um PTS exige disponibilidade afetiva e de tempo para organizar e ativar diversas instâncias. Por isso sugerimos a distribuição dos casos complexos entre os diversos trabalhadores, de maneira a evitar sobrecarregar [...]. (BRASIL, 2013, p. 57)
1.3 Patologias Atendidas na Instituição
Segundo Brasil (2013) as Patologias mais comuns atendidas no CAPS I
são: Esquizofrenia, Depressão, Transtorno Bipolar, Alzheimer. Além de tratar
pacientes com transtornos mentais severos também foi estabelecido o
tratamento de transtornos decorrentes do uso de álcool e outras drogas.
1.3.1 Esquizofrenia
A definição atual de esquizofrenia indica uma psicose crônica idiopática, aparentando ser um conjunto de diferentes doenças com sintomas que se assemelham e se sobrepõem. A esquizofrenia é de origem multifatorial onde os fatores genéticos e ambientais parecem estar associados a um aumento no risco de desenvolver a doença. Esse artigo tem como objetivo fazer uma revisão de alguns aspectos englobando: história, sintomatologia, tratamentos e modelos experimentais da esquizofrenia. (SILVA, 2006, p.1)
30
1.3.2 Depressão
A depressão é um distúrbio afetivo que acompanha a humanidade ao longo de sua história. No sentido patológico, há presença de tristeza, pessimismo, baixa autoestima, que aparecem com frequência e podem combinar-se entre si. É imprescindível o acompanhamento médico tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento adequado. (BRASIL, 2005).
Segundo Brasil (2005) as causas quem fazem com que ocorra a
depressão são alterações químicas no cérebro do indivíduo deprimido. Muitos
pensam que os fatores psicológicos e sócias são os que levam a depressão, pois
se enganam, eles são apenas consequência e não causa. Existem pessoas com
predisposição a doença, devido aos fatores genéticos, então vale ressaltar que
o estresse pode precipitar a depressão em pessoas predispostas.
Em relação ao tratamento, além de medicamentoso, também são
realizados tratamentos preventivos e de manutenção.
1.3.3 Transtorno Bipolar
O transtorno afetivo bipolar (TAB) é um transtorno do humor caracterizado por alterações afetivas persistentes que podem durar semanas ou meses, com recorrência periódica ou cíclica, o que faz com que os pacientes não possam prever seus próprios estados emocionais. Há dois padrões básicos de sintomas: a fase depressiva, caracterizada por humor depressivo e redução da energia e da atividade; e a fase maníaca, caracterizada pelo estado de humor elevado e aumento da energia e da atividade. (BIN et al, 2014, p.2)
1.3.4 Alzheimer
Segundo Brasil (2011), o Alzheimer é uma doença de causa
desconhecida, é a forma mais comum de demência neurodegenerativa, e
acredita-se que é uma doença relacionada a genética.
A doença instala-se quando o processamento de certas proteínas do
sistema nervoso central começa a dar errado. Surgem, então, fragmentos de
proteínas mal cortadas, tóxicas, dentro dos neurônios e nos espaços que existem
entre eles. (BRASIL, 2011)
Brasil (2004) ressalta que, como consequência desse processo, ocorrem
perdas de neurônios em algumas regiões do cérebro, o que levará o indivíduo a
31
apresentar falhas na memória, dificuldades na linguagem e raciocínio,
dificuldades em estímulos sensoriais, entre outros.
Alzheimer é uma doença incurável, o seu tratamento apenas retarda a evolução
da doença, e preserva por mais tempo suas funções.
1.3.5 Álcool e Outras Drogas
O uso do álcool e drogas são graves problemas de saúde pública.
O quadro clínico do indivíduo que faz uso abusivo de álcool, apesar de ser
característico, muitas vezes passa despercebido. Conhecemos como SDA
(Síndrome de dependência do álcool), e os indivíduos que se enquadram neste
quadro, apresentam transtornos mentais e comportamentais.
Droga é qualquer substância capaz de modificar a função dos organismos vivos, resultando em mudanças fisiológicas ou de comportamento. Para farmacologia, todo produto capaz de desenvolver uma atividade farmacológica, independentemente de sua toxidade, seria considerado droga. (BRASIL, 2011).
1.4 Legislação em Saúde Mental
Segundo a Lei 10.216 de 6 de abril de 2001, (ANEXO B), assegura que o
paciente com transtorno em saúde mental tenha o melhor tratamento do sistema
de saúde de forma humanizada e visando sempre a ressocialização do mesmo,
garantindo também o apoio necessário aos seus familiares, de modo que a
internação seja o último recurso. Caso ocorra a internação hospitalar, que a
mesma não seja de longa duração e sim por um período curto de tempo
cumprindo assim os objetivos da lei, que propõe o convívio entre o paciente e
seus familiares. Neste novo modelo, a sociedade é chamada a assumir sua
responsabilidade com os portadores de transtornos mentais, o que certamente
implica a conscientização de que o regime aberto não oferece risco para
ninguém, que o doente mental não é um incapaz e de que a inserção social é
mais eficaz para a sua recuperação.
32
CAPITULO III
A PESQUISA
1 INTRODUÇÃO
Com o surgimento da reforma psiquiátrica na década de 70, resultado do
movimento da luta antimanicomial que visava um tratamento mais humanizado
ao paciente com transtornos mentais, surgiram os CAPS, que tem como objetivo
acabar com as internações em hospitais psiquiátricos proporcionando aos
mesmos um tratamento de melhor qualidade, assim atingindo seu objetivo que
é a ressocialização desses pacientes junto à sociedade e seus familiares.
O objetivo desta pesquisa foi analisar a vivência dos trabalhadores do
CAPS I - CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL I “DR. RAMALHO FRANCO”,
na cidade de Cafelândia - SP, em relação as dificuldades de atuação da equipe
multiprofissional da unidade, diante da implantação deste novo serviço de saúde
no município.
Trata- se de uma pesquisa descritiva de caráter exploratório, com
abordagem qualitativa e metodologia de pesquisa de campo e observação
sistemática. Para Rey (2005), a pesquisa qualitativa representa um processo
permanente, na qual envolve o pesquisador no campo de pesquisa,
considerando este como um cenário social, onde há um caso a ser estudado.
Esse tipo de pesquisa é utilizada para estudar as características de um
determinado grupo. (GIL, 2008).
Para o autor as pesquisas descritivas, juntamente com a pesquisa
exploratória, visam proporcionar uma maior familiaridade com o problema.
Nesse tipo de investigação deve ocorrer o contato entre o pesquisador e o sujeito
da pesquisa, na qual se aborda um assunto, de forma a assimilar e absorver as
informações coletadas de acordo com a realidade dos fatos.
2 Local da pesquisa
A pesquisa foi realizada no CAPS I – Centro de Atenção Psicossocial I “ Dr.
Ramalho Franco ”, situado a. Rua: João Pacheco, nº 76 – Cafelândia / SP.
(ANEXO C).
33
A instituição iniciou suas atividades em 2 de outubro de 2014, esta
Unidade de Saúde atende o município de Cafelândia e é referência para os
municípios de Pongaí e Uru. O horário de atendimento acontece das 7h às 17h,
de Segunda à Sexta-Feira. O município de Lins (SP) continua sendo referência
para os CAPS AD, CAPS i e CAPS III, porém todos os pacientes passão por
triagem com a equipe do CAPS I – Cafelândia.
A unidade possui uma estrutura, sendo elas dividas em: Posto de
Enfermagem, Consultório Médico, Sala de Triagem, Cozinha, Sala de Reunião,
Sala de Espera. A equipe responsável pelo atendimento no CAPS são: Dois
psicólogos, um terapeuta ocupacional, uma enfermeira, duas psicólogas, um
técnico em enfermagem, uma assistente social, dois auxiliares administrativos,
uma médica psiquiatra, uma médica clínica, um auxiliar de serviços gerais.
São atendidos no local cinquenta pacientes totais, sendo atendidos quinze
pacientes diários.
São realizadas pré e pós consulta com a enfermeira, e a triagem é
realizada em todos os pacientes de segunda a quinta, por todos os profissionais
de ensino superior. As maiores patologias atendidas no local são: esquizofrenia
e depressão. Nas sextas feiras são realizadas discussões entre a equipe
multidisciplinar, para discutirem as triagens de pacientes que se encontram em
tratamento no local, e também novos casos.
3 Métodos
Ao identificar o assunto a ser abordado, deve-se definir o método a ser
utilizado, neste caso foi empregado o método de estudo de caso.
Segundo Araújo et al. (2008) o estudo de caso trata-se de uma abordagem
metodológica de investigação especialmente adequada quando procuramos
compreender, explorar ou descrever acontecimentos e contextos complexos,
nos quais estão simultaneamente envolvidos diversos fatores.
Foi realizado um estudo de caso buscando identificar as dificuldades de
atuação que a equipe multiprofissional encontrou na implantação deste novo
serviço. Foram entrevistados oito profissionais da equipe multiprofissional, sendo
eles: dois Médicos, uma Enfermeira, um Técnico em Enfermagem, duas
Psicólogas, uma Terapeuta Ocupacional e uma Assistente Social. Todos os
34
entrevistados participaram da coleta de dados voluntariamente, assinando o
Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) – (ANEXO A). Os
profissionais que não participaram do estudo não obedeceram aos critérios de
inclusão propostos pela pesquisa.
4 Técnica
Para a coleta de dados, a técnica utilizada foi um roteiro semiestruturado.
Para Martins (2008), a entrevista semiestruturada é uma técnica para coletar
dados, onde o material da coleta é elaborado pelo investigador e aplicado aos
entrevistados, cujo objetivo é entender e compreender o significado das
questões e situações contextualizadas na entrevista.
Após aplicação e leitura dos questionários aplicados, transformamos as
informações coletadas em um texto organizado, que possibilita ao leitor analisar
o conteúdo com mais clareza e objetividade.
Técnicas utilizadas foram às seguintes:
Roteiro de Estudo de Caso (Apêndice A)
Roteiro de Observação Sistemática (Apêndice B)
Roteiro de Entrevista com a Equipe Multiprofissional (Apêndice C)
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO A)
5 Depoimentos
Participaram como entrevistados os seguintes profissionais: Um médico
clinico, um médico psiquiatra, uma enfermeira, um técnico de enfermagem, duas
psicólogas, uma assistente social, e uma terapeuta ocupacional.
5.1 A palavra do médico clínico.
Trata-se de um profissional do sexo feminino, 30 anos, tem como
experiência profissional atendimento em PSF (Programa Saúde da Família),
pronto socorro, ambulatório psiquiátrico e atualmente trabalha no CAPS I. Atua
na profissão há cinco anos.
A respeito das dificuldades que foram encontradas na implantação no
CAPS I, a mesma relatou que:
35
“À primeira vista não houve dificuldade aparente, com o
passar dos dias notei que necessitaria de maior tempo,
para maior qualidade no atendimento, visando melhoria
dos pacientes que ainda não tem remissão dos sintomas.
Há dificuldade também na quantificação de gravidade, que
poderia ser atendida nas unidades básicas, que não tem
experiência para atendimento de casos mais raros e
sobrecarrega o atendimento, o tempo e a demanda do
CAPS I”.
Quando questionado sobre os conhecimentos obtidos em sua formação,
em relação ao funcionamento do CAPS, disse que foram poucos. A respeito do
treino para o início das atividades no CAPS, ela disse que não fez, por já atuar
na área. A mesma refere estar cursando pós-graduação em psiquiatria. Em
relação ao trabalho Inter setorial, ela disse que funciona bem, que existe uma
boa comunicação. Em relação se a falta de experiência dos profissionais,
interferiu de algum modo nos cuidados e funcionamento, foi relatado:
“Acredito que não interferiu, pois há um interesse de
aprendizado em comum, uma dedicação ímpar de toda a
equipe”.
Para ela os profissionais não estão preparados para este novo contexto
de política em saúde mental:
“Não. Acredito que o paciente de saúde mental ainda é
atendido com preconceito em unidades básicas e PSF, que
os profissionais de saúde que não atuam na área, não têm
conhecimento de como atendê-los”.
5.2 A palavra do Médico Psiquiatra
Trata-se de uma profissional do sexo feminino, 50 anos, tem como
experiência profissional atendimento em ambulatório de saúde mental, hospital
psiquiátrico, consultório e clínica de recuperação de dependência química, e
36
atualmente trabalha no CAPS I. Atua na profissão há 24 anos. A respeito das
dificuldades que foram encontradas na implantação no CAPS I, a mesma relatou
que:
“Especificar qual exatamente o público a ser atendido, e
receber um público que já vinha sendo atendido em outros
serviços, pois houve necessidade de fazer uma reavaliação
sem uma ruptura substancial na linha de tratamento”.
Quando questionado sobre os conhecimentos obtidos em sua formação,
em relação ao funcionamento do CAPS, disse que apenas lhe foi fornecida
apostila sobre a estrutura do CAPS. A respeito do treino para o início das
atividades no CAPS, ela disse que para ela não, talvez pelo tempo de atuação.
A mesma refere possuir pós-graduação em psiquiatria. Em relação ao trabalho
Inter setorial, ela disse que há uma boa interação entre os setores.
Em relação se a falta de experiência dos profissionais interferiu de algum
modo nos cuidados e funcionamento, foi relatado:
“Não substancialmente, pois a equipe está bastante
empenhada em aprender. Também há bastante troca de
experiências entre a equipe”.
Para ela os profissionais estão sendo preparados para este novo
contexto de política em saúde mental:
“Acredito que estão se preparando e se habilitando para
isso”.
5.3 A palavra da Enfermeira
Trata-se de uma profissional do sexo feminino, 24 anos, tem como
experiência profissional, auxiliar administrativo, babá e vendedora e atualmente
trabalha no CAPS I. Atua na profissão há nove meses.
A respeito das dificuldades que foram encontradas na implantação no
CAPS I, a mesma relatou que:
37
“Quando eu entrei no CAPS I, já estava funcionando a três
meses, o conhecimento sobre como lidar com o paciente
na crise, trabalho em equipe multidisciplinar e as
medicações especificas da psiquiatria”.
Quando questionado sobre os conhecimentos obtidos em sua formação,
em relação ao funcionamento do CAPS, disse que foram muito bons, pois a
professora atuava na área, mas não teve estágio especifico. A respeito do treino
para o início das atividades no CAPS, ela disse que não fez. A mesma refere
estar cursando pós-graduação em saúde mental e atenção psicossocial.
Em relação ao trabalho Inter setorial, ela disse que encontra dificuldades,
mas que parcerias estão sendo feitas.
Em relação se a falta de experiência dos profissionais, interferiu de algum
modo nos cuidados e funcionamento, foi relatado:
“De certa forma sim, mas a equipe sempre foi prudente e
cautelosa nas decisões, e com a troca de experiência entre
a equipe a assistência sempre foi tomada em equipe”.
Ela acredita que os profissionais estão preparados para este novo
contexto de política em saúde mental:
“Acredito que sim, mas a especialização e o
aperfeiçoamento é necessário para a qualidade na
assistência e troca de experiência entre a equipe”.
5.4 A palavra do Técnico em Enfermagem
Trata-se de um profissional do sexo masculino, 30 anos, tem como
experiência profissional 6 anos de auxiliar de enfermagem, C.S.II (Centro de
Saúde de Cafelândia), 6 anos de agente socioeducativo e atualmente trabalha
no CAPS I. Atua na profissão há um ano.
A respeito das dificuldades que foram encontradas na implantação no
CAPS I, a mesma relatou que:
38
“Dificuldades com a parte de medicamentos,
principalmente de alto custo, muitas dúvidas com relação
aos preenchimentos dos papéis, muita burocracia, pouco
conhecimento técnico e administrativo no que diz respeito
ao CAPS I. Dificuldades também nos atendimentos a
situação de crise dos usuários, quais eram os
procedimentos a serem tomados no momento, dificuldades
também com a ausência de realização de procedimentos
técnicos mais invasivos no CAPS I, ou seja, muitas
dificuldades encontradas por ser um serviço novo, um
desafio para todos nós”.
Quando questionado sobre os conhecimentos obtidos em sua formação,
em relação ao funcionamento do CAPS, disse que foram poucos conhecimentos
teóricos e práticos, que realizou apenas estágio. A respeito do treino para o início
das atividades no CAPS, ele disse que participou do curso, de palestras e
educação continuada, oferecidos pelo CAPS I. Em relação ao trabalho Inter
setorial, ela disse que funciona através de troca de informações e discussões de
caso.
Em relação se a falta de experiência dos profissionais, interferiu de algum
modo nos cuidados e funcionamento, foi relatado:
“A falta de experiência acredito que não só no CAPS I, mas
em todas as profissões isso pode interferir na qualidade do
serviço prestado, principalmente por ser um serviço novo e
desafiador aos profissionais da saúde mental”.
Para ele os profissionais, no momento, não estão preparados para este
novo contexto de política em saúde mental:
“No momento acredito que não, os profissionais precisam
ser mais capacitados e ter um perfil diferenciado, pois
39
requer um cuidado muito especial quando se diz respeito a
saúde mental”.
5.5 A Palavra da Psicóloga 1
Trata-se de uma profissional do sexo feminino, 25 anos, tem como
experiência profissional monitoramento escolar, auxiliar administrativa,
telefonista, estágio e atualmente trabalha no CAPS I. Atua na profissão há um
ano e 10 meses.
A respeito das dificuldades que foram encontradas na implantação no
CAPS I, a mesma relatou que:
“As minhas dificuldades foram no trabalho com grupos, já
que minha formação é voltada para clínica. Inicialmente
tive insegurança nos relatos de ideações suicidas, porém
com o tempo e a troca de experiência com outros
profissionais e a divisão da responsabilidade com a equipe
contribui para a assertividade e segurança na conduta e
trato com os pacientes”.
Quando questionada sobre os conhecimentos obtidos em sua formação,
em relação ao funcionamento do CAPS, relatou ter tido pouco conhecimento. A
respeito do treino para o início das atividades no CAPS, ela disse que participou
das palestras oferecidas, visitas ao CAPS I e CAPS AD (Centro de Atenção
Psicossocial Álcool e Drogas) de Lins. Em relação ao trabalho Inter setorial, ela
disse que apresenta algumas dificuldades, mas que funciona por meio de
reuniões com discussões e se tem realizado parcerias.
Em relação se a falta de experiência dos profissionais, interferiu de algum
modo nos cuidados e funcionamento, foi relatado:
“Inicialmente sim, mas todos sempre tiveram cuidado e
respeito no trato com o paciente. A falta de experiência no
início e em alguns momentos geram insegurança na
conduta com o paciente”.
40
Para ela nem todos os profissionais estão preparados para este novo
contexto de política em saúde mental:
“Alguns sim, pois nesse contexto temos sempre que
acolher o paciente sem julgá-lo, dando continência”.
5.6 A palavra da Psicóloga 2
Trata-se de uma profissional do sexo feminino, 29 anos, tem como
experiência profissional atendimento no CRAS (Centro de Referência de
Assistência Social), Unidade Básica, clínica e atualmente trabalha no CAPS I.
Atua na profissão há sete anos.
A respeito das dificuldades que foram encontradas na implantação no
CAPS I, a mesma relatou que:
“Falta de experiência de toda a equipe na área de saúde
mental, e trabalho em rede”.
Quando questionada sobre os conhecimentos obtidos em sua formação,
em relação ao funcionamento do CAPS, disse que não teve informações sobre
o serviço, e também não buscava, porque nunca pensou em trabalhar na área.
A respeito do treino para o início das atividades no CAPS, ela disse que
participou de todas atividades oferecidas pelo CAPS. Em relação ao trabalho
Inter setorial, ela disse que ainda encontram bastante dificuldade, porém estão
buscando parcerias.
Em relação se a falta de experiência dos profissionais, interferiu de algum
modo nos cuidados e funcionamento, foi relatado:
“Todos da equipe foram aprendendo juntos e buscando
sempre novos conhecimentos”.
Para ela os profissionais hoje em dia já estão mais preparados para este
novo contexto de política em saúde mental:
41
“Hoje, o profissional já tem mais informações e
conhecimentos sobre a área”.
5.7 A Palavra da Assistente Social
Trata-se de uma profissional do sexo feminino, 36 anos, tem como
experiência profissional assistência administrativa e atualmente trabalha no
CAPS I. Atua na profissão há um ano.
A respeito das dificuldades que foram encontradas na implantação no
CAPS I, a mesma relatou que:
“O funcionamento as vezes de forma errada. Há setores
que encaminham pacientes para o atendimento no CAPS
I, quando não há necessidade, pois, o paciente não se
adequa ao perfil de atendimento da instituição, que tem
como foco os pacientes que apresentam transtornos
mentais graves e severos. O grande problema nestes
casos, é o grande aumento da demanda e o tempo
desprendido para selecionar os pacientes e encaminhá-los
para a instituição mais adequada para fazer o
acompanhamento necessário para estes pacientes”.
Quando questionada sobre os conhecimentos obtidos em sua formação,
em relação ao funcionamento do CAPS, disse que teve acesso mínimo a
informações. A respeito do treino para o início das atividades no CAPS, ela disse
que participou do treino oferecido antes dos inicios das atividades. Em relação
ao trabalho Inter setorial, ela disse que há projetos com outros setores, e que
está melhorando.
Em relação se a falta de experiência dos profissionais, interferiu de algum
modo nos cuidados e funcionamento, foi relatado:
“Obviamente que esbarramos em algumas dificuldades,
pela falta de experiência, mas a equipe sempre procurou
orientações com profissionais que já atuavam há mais
42
tempo na área, então não houve interferência significativa
na atenção e cuidados aos pacientes”.
Para ela os profissionais estão preparados para este novo contexto de
política em saúde mental:
“Sim. Porém, há necessidade de estar sempre se
aperfeiçoando”.
5.8 A Palavra da Terapeuta Ocupacional
Trata-se de uma profissional do sexo feminino, 29 anos, tem como
experiência profissional atendimento em escolas e atualmente trabalha no CAPS
I. Atua na profissão há três anos.
A respeito das dificuldades que foram encontradas na implantação no
CAPS I, a mesma relatou que:
“Em relação as minhas dificuldades, foram pelo serviço
novo e minha falta de experiência em saúde mental, e
como lidar com os pacientes”.
Quando questionado sobre os conhecimentos obtidos em sua formação,
em relação ao funcionamento do CAPS, disse que não lembra de ter visto algo
sobre o assunto na formação. A respeito do treino para o início das atividades
no CAPS, ela frequentou todas atividades oferecidas pelo CAPS. Em relação ao
trabalho Inter setorial, ela disse que através de parcerias, está ocorrendo uma
melhora no funcionamento.
Em relação se a falta de experiência dos profissionais, interferiu de algum
modo nos cuidados e funcionamento, foi relatado:
“Como em qualquer serviço novo, a falta de experiência
nos deixa um pouco inseguros, mas a equipe toda se
esforçou, e acredito que não tenha ocorrido interferências
significativas pela falta de experiência”.
43
Para ela os profissionais estão se preparando para este novo contexto
de política em saúde mental:
“Os profissionais estão procurando mais informações e
conhecimentos, e acredito que estão sim se atualizando e
se preparando para as mudanças”.
6 Discussão
Segundo Ferreira (2011) o trabalho em equipe multiprofissional exige uma
boa comunicação entre a equipe para que possa discutir sobre a evolução do
paciente, o que deve ser melhorado, o que deve ser evitado e quais as medidas
a serem tomadas nas próximas visitas do usuário na unidade de tratamento.
Quando se trabalha em equipe multiprofissional o trabalho é dividido por
etapas e o usuário tem um atendimento amplo e completo para seu tratamento,
tendo vista o cuidado não só de sua patologia, mas do paciente como um todo.
A equipe multiprofissional deve manter uma boa comunicação entre si,
para que erros não aconteçam e não interfiram no tratamento do paciente.
Devendo assim reunir-se pelo menos uma vez na semana para que seja
discutida a situação de cada usuário, e entrem em consenso para tomar as
medidas necessárias conforme o tratamento do mesmo. Procurando sempre
promover a melhora física, psíquica e socioeconômica de seus usuários.
Segundo Filizola, Milioni e Pavarini (2008) Uma das diretivas apontada
para a construção dos novos serviços da rede de atenção em saúde mental é o
trabalho em equipe multiprofissional organizado de forma interdisciplinar. Este
conceito surgiu no século XX, porém só passou a ser enfatizado na década de
60 como uma necessidade devido as novas adequações do serviço prestado
aos usuários.
Analisando a coleta de dados do presente estudo, se observou que os
funcionários entrevistados possuíam praticamente as mesmas dificuldades em
relação a suas perspectivas funções.
A principal dificuldade encontrada foi a falta de comunicação entre os
setores e a falta de experiência em atuar em uma área que não estão
44
acostumados a lidar. Muitos alegam não ter estudado a fundo em seus cursos
de formação sobre os centros de atenção psicossocial, visto que as instituições
não aprofundavam o conhecimento e acabavam passando o básico de saúde
mental aos alunos.
45
CONCLUSÃO Com o movimento antimanicomial e a Reforma Psiquiátrica que tem como
objetivo um tratamento humanizado e a ressocialização dos pacientes com
transtornos mentais surgiu o CAPS, que presta serviço de maneira integral e de
qualidade aos seus usuários.
Surgindo o CAPS nos anos 70, surgiu também a necessidade de um
trabalho em equipe, onde os profissionais têm que trabalhar em unidade, cada
um em sua função, porém com um mesmo objetivo, que é o tratamento
adequado aos pacientes. Até então os funcionários do CAPS se viam na
obrigação de fazer o trabalho por completo, o enfermeiro realizava o trabalho do
psicólogo, que realizava o trabalho do fisioterapeuta, que realizava o serviço do
terapeuta ocupacional e assim sucessivamente. Sendo assim surgiu o trabalho
em equipe multiprofissional, onde cada um dos profissionais realiza o seu
trabalho na sua determinada função alcançando o mesmo objetivo, o tratamento
adequado e a ressocialização do paciente perante a família e a sociedade.
Com os resultados analisados dessa pesquisa, foi possível compreender
melhor como uma equipe multiprofissional atua, e quais foram suas dificuldades
diante da implantação de um serviço novo, onde a maioria dos funcionários são
inexperientes na área de saúde mental.
Acreditamos, porém que as dificuldades apresentadas pela equipe, não
foram tão significativas, a ponto de dificultar o trabalho da equipe.
A pergunta problema e a hipótese, evidenciaram que sim, acredita-se que
a implantação de um serviço novo apresenta insegurança na equipe
multiprofissional pela falta de experiência ou vivência na área.
Para tanto, faz-se necessário compreender os motivos que trazem esse
problema para a equipe, bem como tentar solucioná-los sempre, buscando
alternativas que possam melhorar e colaborar com o trabalho da equipe, a
qualidade da assistência prestada e o acesso dos usuários no atendimento em
relação a saúde mental.
46
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
O seguinte trabalho teve como objetivo analisar as dificuldades de
atuação da equipe multiprofissional no CAPS I. Frente aos resultados obtidos
neste trabalho e visando a possível contribuição para a instituição sugere-se que:
a) sejam realizados palestras e cursos para os funcionários conforme as
suas dificuldades;
b) orientar cada funcionário quanto a importância do seu serviço e como
ele contribui para a melhora do paciente;
c) investir em cursos de capacitação profissional atendendo as
necessidades de cada profissional conforme a sua área de atuação;
d) a equipe multiprofissional continue se reunindo pelo menos uma vez
por semana para que haja a interação dos profissionais e também o
planejamento em conjunto de atividades que possam favorecer na
melhora do paciente;
Sugere-se também, que continuem com esta linha de pesquisa, sendo
que ainda há uma necessidade de estudos sobre o CAPS e o seu
desenvolvimento, visto que é um tema rico em informações e de grande
interesse para as instituições e para os profissionais que nelas atuam.
47
REFERÊNCIAS
AITH, F. M. A; TORRONTEGUY, M. A. A; LUCA, G. B. A regulação dos serviços de saúde mental no Brasil: Inserção da psicologia no sistema único de saúde e na saúde suplementar, Brasília: Ideorama, 2013.
AMSTALDEN, A; PASSOS, E. Programa de Volta pra Casa. HumanizaSUS/
Ministério da Saúde, Brasília, 2003. Disponível em:
<http://www.ccs.saude.gov.br/vpc/reforma.html>. Acesso em: 30 mai. 2015.
ANDREOLI, S. B. et al. Utilização dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) na cidade de Santos, São Paulo, Brasil. Cad. Saúde Pública [online]. 2004, vol.20, n.3, pp. 836-844. Disponível em: < http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2004000300021. > Acesso em: 25 mai. 2014.
ARAÚJO, Cidália et al. Estudo de Caso. Métodos de Investigação em
Educação. Instituto de Educação e Psicologia, Universidade do Minho, 2008.
Disponível em < http://grupo4te.com.sapo.pt/estudo_caso.pdf>. Acesso em: 6 de
out. 2015.
BIN, L. C. P. et al. Significados dos episódios maníacos para pacientes com transtorno bipolar em remissão: um estudo qualitativo. J. bras. Psiquiatria, vol.63, n.2, Rio de Janeiro. 2014. Disponível em: < http://dx.doi.org/10.1590/0047-2085000000018 > Acesso em: 10 set. 2015.
BRASIL. Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: Alzheimer, 2011. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/226_alzheimer.html>. Acesso em: 24 set. 2015.
BRASIL. Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: Depressão, 2005. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/76depressao.html>. Acesso em: 24 set. 2015.
BRASIL. Saúde mental no SUS: Os centros de atenção psicossocial. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
BRIGAGÃO, M. I. J; NASCIMENTO, V. L. V; BICHARA, C. A. T; SPINK, K. P. Práticas profissionais dos psicólogos nos centros de atenção psicossocial. 1.ed. Brasília: Liberdade de Expressão, 2009.
CASTRO, M. P. Atuação do enfermeiro no centro de atenção psicossocial. Ribeirão Preto, 2007.
Cadernos de atenção básica: Saúde Mental. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde – Brasília: Ministério da Saúde, 2013.
48
FERIOTTI, M. L. Equipe Multiprofissional, Transdisciplinaridade e Saúde:
Desafios do Nosso Tempo. Revista do NESME. São Paulo, v. 6, n. 2, p. 179-
192, nov. 2009. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-
24902009000200007&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 23 fev. 2015.
FERREIRA, A. B. Caminhos e Perspectiva na Busca do Cuidado Integral em
Saúde Mental: Uma revisão Integrativa. 2011 Monografia (Graduação em
Enfermagem) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul.
Filizola CLA, Milioni DB, Pavarini SCI. A vivência dos trabalhadores de um
CAPS diante da nova organização do trabalho em equipe. Rev. Eletr. Enf.
2008;10(2):491-503. Disponivel em:
<http://www.fen.ufg.br/revista/v10/n2/v10n2a20.htm>
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.ed. São Paulo/SP: Atlas,
2008. p. 41-44.
GIGLIOTTI, Analice and BESSA, Marco Antonio. Síndrome de Dependência
do Álcool: critérios diagnósticos. Rev. Bras. Psiquiatr. [online]. 2004, vol.26,
suppl.1, pp. 11-13. ISSN 1809-452X. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462004000500004> Acesso em: 24 set.
2015
MARTINS, G.A. Estudo de caso: Uma estratégia de pesquisa. São Paulo/SP:
2008
NUNES, E. P; BUENO, J. R; NARDI, A. E. Psiquiatria e saúde mental:
conceitos clínicos e terapêuticos fundamentais, Rio de Janeiro: Atheneu,
2000.
PITTA, A. Reabilitação psicossocial no Brasil, 2.ed. São Paulo: Hucitec, 2001.
REY. F.G. Pesquisa qualitativa e subjetividade: Os processos da
construção de informação. São Paulo/SP: Thomson, 2005, p. 78-90.
SILVA, R. C. B. Esquizofrenia: uma revisão. Psicol. USP [online]. 2006, vol.17,
n.4, pp. 263-285. ISSN 0103-6564. Disponível em: <
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-65642006000400014 >. Acesso em 23 ago.
2015
VASCONCELLOS, V. C. Trabalho em equipe na saúde mental: o desafio
interdisciplinar em um CAPS. SMAD: Saúde Mental Álcool e Drogas. São
Paulo, v. 6, n. 1, a. 14, p. 1-14, nov. 2009. Disponível em:
49
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S18066976201000
0100015&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 21 fev. 2015.
50
APÊNDICES
APÊNDICE A – Roteiro de Estudo de Caso
1. INTRODUÇÃO
O principal objetivo do estudo de caso será identificar os problemas enfrentados
pela equipe multiprofissional no atendimento aos usuários do CAPS I durante
sua implantação, observar o tipo de tratamento/acolhimento prestados no CAPS
I, relacionar as atividades da equipe, observar o desenvolvimento da equipe.
Relato do trabalho realizado referente ao assunto estudado
a) A pesquisa será descritiva de caráter exploratório, com abordagem
qualitativa e metodologia de pesquisa de campo e observação sistemática
utilizando a técnica de entrevista estruturada.
b) O depoimento será analisado através de entrevistas estruturadas com os
seguintes profissionais:1 Médico Clinico, 1 Médico Psiquiatra, 1 Enfermeira, 1
Técnico em Enfermagem, 2 Psicólogas, 1 Assistente Social e 1 Terapeuta
Ocupacional.
Discussão
Após a obtenção das respostas, os questionários foram analisados e
interpretados, para saber quais foram as dificuldades de atuação apresentada
pela equipe multiprofissional na implantação do CAPS I.
Parecer final sobre o caso e sugestão sobre a manutenção ou modificação
de procedimentos.
51
APENDICE B – ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO SISTEMATICA
Relatório de Visita
I - Local da Pesquisa
Centro de Atenção Psicossocial I (CAPS I) “Dr Ramalho Franco”
Rua João Pedro Pacheco, 76
Cafelândia - São Paulo
Data de Visita: 20.02.15
Horário: 09:00 horas.
II - Aspectos Observados
Foi observado durante a visita a maneira em que são realizadas as
atividades pela equipe e usuários, as etapas do processo na unidade e as
dificuldades do local. Participamos de uma reunião entre a equipe
multiprofissional, observando os resultados do trabalho da equipe.
52
APENDICE C – Roteiro de entrevista com os profissionais
Título da Pesquisa: DIFICULDADES DE ATUAÇÃO ENCONTRADAS PELA
EQUIPE MULTIPROFISSIONAL NA IMPLANTAÇÃO DO CENTRO DE
ATENÇÃO PSICOSSOCIAL I.
I IDENTIFICAÇÃO
Profissão, Função, Cargo:
Sexo:
Data de Nascimento:
Grau de Escolaridade:
Tempo de formado:
Quanto tempo atua na profissão:
Experiências anteriores:
II PERGUNTAS ESPECÍFICAS
1- Quais dificuldades foram encontradas de imediato por você na implantação
do atendimento no CAPS I?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
______________
2- Em sua formação, quais foram os seus conhecimentos obtidos sobre o
funcionamento do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
53
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
3- A falta de experiência dos profissionais desse local interferiu de algum modo
nos cuidados e na assistência oferecida por toda equipe aos clientes?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
___________________________________
4- Foi oferecido algum tipo de treinamento para o início de suas atividades no
Centro de Atenção Psicossocial?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_________________________________________________
5- Você já havia trabalhado em serviços de saúde mental? Se sim, qual?
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
6- Você possui especialização em saúde mental, ou está cursando?
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
54
7- Você acredita que os profissionais estão preparados para este novo contexto de política em Saúde Mental?
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
8- O trabalho Inter setorial, funciona de que maneira no Centro de Atenção Psicossocial I (CAPS I)?
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
55
ANEXOS
ANEXO A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA – CEP / UniSALESIANO
(Resolução nº 466 de 12/12/12 – CNS)
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
I – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE OU RESPONSÁVEL LEGAL
1. Nome do Paciente:
Documento de Identidade nº
Sexo:
Data de Nascimento:
Endereço:
Cidade: U.F.
Telefone:
CEP:
1. Responsável Legal:
Documento de Identidade nº Sexo: Data de Nascimento:
56
Endereço:
Cidade: U.F.
Natureza (grau de parentesco, tutor, curador, etc.):
II – DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA
1. Título do protocolo de pesquisa: Dificuldades encontradas pela equipe multiprofissional na implantação do Centro de Atenção Psicossocial I.
2. Pesquisador responsável: Fabiana Aparecida Monção Fidelis
Cargo/função:
Enfermeira
Inscr.Cons.Regional:
44.549
Unidade ou Departamento do Solicitante:
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
– Lins
3. Avaliação do risco da pesquisa: (probabilidade de que o indivíduo sofra algum dano como
consequência imediata ou tardia do estudo).
SEM RISCO RISCO MÍNIMO RISCO MÉDIO RISCO MAIOR
4. Justificativa e os objetivos da pesquisa (explicitar): O CAPS visa prestar atendimento em regime de
atenção diária; gerenciar os projetos terapêuticos individuais (PTI), cuidado eficiente e personalizado;
promover a inserção social dos usuários através de ações intersetoriais que envolvam educação,
57
trabalho, esporte, cultura e lazer, montando estratégias conjuntas de enfrentamento dos problemas.
(AITH;TORRONTEGUY;LUCA, 2013). Estes Centros devem oferecer atendimento à população de seu
município de abrangência, realizando acompanhamento e estimulando a reinserção social dos
usuários, através do acesso ao trabalho, educação, lazer, convívio familiar e comunitário, dentre
outras ações. Por meio de atendimento em regime de atenção diário, além dos gerenciamentos de
projetos terapêuticos individualizados, os CAPS implementam ações de prevenção em Saúde Mental.
(AITH:TORRONTEGUY;LUCA, 2013. p. 58). Hoje existem grandes dificuldades no CAPS em relação aos
cuidados da equipe junto ao seu usuário, e quando se trata de uma implantação de um serviço novo,
as dificuldades são maiores ainda. Os usuários frequentes neste serviço necessitam de um amplo
atendimento, por isso a importância da equipe multiprofissional, que não irá tratar somente a
patologia do paciente, mas sim o paciente como um todo, dando suporte médico, atendimento de
enfermagem, suporte psicológico e social.
5. Procedimentos que serão utilizados e propósitos, incluindo a identificação dos procedimentos que são experimentais: Serão entrevistados os profissionais da equipe multiprofissional, por meio de um roteiro semiestruturado após aprovação do Projeto pelo Comitê de Ética e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Serão observados também a rotinas destes profissionais.
6. Desconfortos e riscos esperados: Os riscos possíveis é o constrangimento da equipe em expor suas
dificuldades, porém serão feitas entrevistas individuais em lugares reservados, minimizando os riscos.
7. Benefícios que poderão ser obtidos: Orientação da equipe quanto a possíveis soluções para
minimizar as dificuldades na implantação de um serviço novo, facilitando os obstáculos encontrados.
8. Procedimentos alternativos que possam ser vantajosos para o indivíduo: Responder o
questionário individualmente para que não haja constrangimento do mesmo e em lugar reservado.
58
9. Duração da pesquisa: 1 mês
10. Aprovação do Protocolo de pesquisa pelo Comitê de Ética para análise de projetos de pesquisa
em / /
III - EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL
1. Recebi esclarecimentos sobre a garantia de resposta a qualquer pergunta, a qualquer dúvida acerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos relacionados com a pesquisa e o tratamento do indivíduo.
2. Recebi esclarecimentos sobre a liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e
deixar de participar no estudo, sem que isto traga prejuízo à continuação de meu tratamento.
3. Recebi esclarecimento sobre o compromisso de que minha identificação se manterá confidencial tanto quanto a informação relacionada com a minha privacidade.
4. Recebi esclarecimento sobre a disposição e o compromisso de receber informações obtidas
durante o estudo, quando solicitadas, ainda que possa afetar minha vontade de continuar
participando da pesquisa.
5. Recebi esclarecimento sobre a disponibilidade de assistência no caso de complicações e danos
decorrentes da pesquisa.
Observações complementares.
59
IV – CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO
Declaro que, após ter sido convenientemente esclarecido (a) pelo pesquisador
responsável e assistentes, conforme registro nos itens 1 a 5 do inciso IV da Resolução
466, de 12/12/12, consinto em participar, na qualidade de participante da pesquisa, do
Projeto de Pesquisa (colocar o nome do projeto de pesquisa).
________________________________ Local, / /.
Assinatura
____________________________________
Testemunha
Nome:
Endereço:
Telefone
R.G:
____________________________________
Testemunha
Nome:
Endereço:
Telefone:
R.G.:
60
ANEXO B – Lei Nº 10.216, De 6 de Abril de 2001
LEI No 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional
decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental, de que trata esta Lei, são assegurados sem qualquer forma de discriminação quanto à raça, cor, sexo, orientação sexual, religião, opção política, nacionalidade, idade, família, recursos econômicos e ao grau de gravidade ou tempo de evolução de seu transtorno, ou qualquer outra.
Art. 2o Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer natureza, a pessoa e seus familiares ou responsáveis serão formalmente cientificados dos direitos enumerados no parágrafo único deste artigo.
Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno mental:
I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas necessidades;
II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade;
III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração;
IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas;
V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua hospitalização involuntária;
VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;
VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento;
VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis;
IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental.
Art. 3o É responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde mental, a assistência e a promoção de ações de saúde aos portadores de transtornos mentais, com a devida participação da sociedade e da família, a qual será prestada em estabelecimento de saúde mental, assim entendidas as instituições ou unidades que ofereçam assistência em saúde aos portadores de transtornos mentais.
Art. 4o A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes.
§ 1o O tratamento visará, como finalidade permanente, a reinserção social do paciente em seu meio.
§ 2o O tratamento em regime de internação será estruturado de forma a oferecer assistência integral à pessoa portadora de transtornos mentais, incluindo serviços médicos, de assistência social, psicológicos, ocupacionais, de lazer, e outros.
§ 3o É vedada a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em instituições com características asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos mencionados no § 2o e que não assegurem aos pacientes os direitos enumerados no parágrafo único do art. 2o.
61
Art. 5o O paciente há longo tempo hospitalizado ou para o qual se caracterize situação de grave dependência institucional, decorrente de seu quadro clínico ou de ausência de suporte social, será objeto de política específica de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida, sob responsabilidade da autoridade sanitária competente e supervisão de instância a ser definida pelo Poder Executivo, assegurada a continuidade do tratamento, quando necessário.
Art. 6o A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico circunstanciado que caracterize os seus motivos.
Parágrafo único. São considerados os seguintes tipos de internação psiquiátrica:
I - internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário;
II - internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a pedido de terceiro; e
III - internação compulsória: aquela determinada pela Justiça.
Art. 7o A pessoa que solicita voluntariamente sua internação, ou que a consente, deve assinar, no momento da admissão, uma declaração de que optou por esse regime de tratamento.
Parágrafo único. O término da internação voluntária dar-se-á por solicitação escrita do paciente ou por determinação do médico assistente.
Art. 8o A internação voluntária ou involuntária somente será autorizada por médico devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina - CRM do Estado onde se localize o estabelecimento.
§ 1o A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas horas, ser comunicada ao Ministério Público Estadual pelo responsável técnico do estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse mesmo procedimento ser adotado quando da respectiva alta.
§ 2o O término da internação involuntária dar-se-á por solicitação escrita do familiar, ou responsável legal, ou quando estabelecido pelo especialista responsável pelo tratamento.
Art. 9o A internação compulsória é determinada, de acordo com a legislação vigente, pelo juiz competente, que levará em conta as condições de segurança do estabelecimento, quanto à salvaguarda do paciente, dos demais internados e funcionários.
Art. 10. Evasão, transferência, acidente, intercorrência clínica grave e falecimento serão comunicados pela direção do estabelecimento de saúde mental aos familiares, ou ao representante legal do paciente, bem como à autoridade sanitária responsável, no prazo máximo de vinte e quatro horas da data da ocorrência.
Art. 11. Pesquisas científicas para fins diagnósticos ou terapêuticos não poderão ser realizadas sem o consentimento expresso do paciente, ou de seu representante legal, e sem a devida comunicação aos conselhos profissionais competentes e ao Conselho Nacional de Saúde.
Art. 12. O Conselho Nacional de Saúde, no âmbito de sua atuação, criará comissão nacional para acompanhar a implementação desta Lei.
Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 6 de abril de 2001; 180o da Independência e 113o da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Jose Gregori
62
José Serra Roberto Brant
ANEXO C – Termo de Compromisso da Instituição do Local de Coleta
63
ANEXO D – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP
64