Post on 18-Jan-2019
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AVM FACULDADE INTEGRADA
A DOENÇA DE ALZHEIMER E A PSICOMOTRICIDADE
Por: Marizeli Luzardo Veríssimo da Silveira Lopes
Orientador: Profª Maria Esther de Araújo
Co-orientadora: Profª Giselle Böger Brand
Rio Grande do Norte-RN
2013
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A DOENÇA DE ALZHEIMER E A PSICOMOTRICIDADE
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre – Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Psicomotricidade
Por: Marizeli Luzardo Veríssimo da Silveira Lopes
RESUMO
Este estudo investigou e analisou a história, desenvolvimento e as intervenções da Psicomotricidade. A pesquisa debruçou-se sobre o envelhecimento, a demência e a Doença de Alzheimer, abordando aspectos como sintomatologia, diagnóstico, etapas e intervenção. Mostrando assim, a importância da aplicabilidade da Psicomotricidade nos portadores da Doença de Alzheimer.
METODOLOGIA
A pesquisa é do tipo bibliográfico, qualitativo, com natureza de resumo de assuntos. Serão pesquisados um número significativo de livros e artigos sobre a Doença de Alzheimer e a eficiência da Psicomotricidade no tratamento. O estudo limita a revisão de literatura, sobre indivíduos no quadro evolutivo da Doença de Alzheimer e, como se dá o processo de tratamento com a Psicomotricidade. Sendo mencionados principais autores que servirão de embasamento teórico como: LE BOULCH, Jean. O desenvolvimento psicomotor: do nascimento aos 6 anos. Trad. Por Ana Guardiola Brizolara. 7ª edição. Porto alegre: Artes Médicas, 1992.; OLIVEIRA, Gislene de Campos. Psicomotricidade: Educação e Reeducação num enfoque Psicopedagógico. 5ª edição. Petrópolis: Editora Vozes, 2001.; LORENZON, Agnès Michele Marie Delobel. Psicomotricidade: Teoria e Prática. Porto Alegre: Edições Est, 1995.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I - A Doença de Alzheimer 11
1.1-Definição 11
1.2- Sintomatologia 12
1.3-As etapas da Doença de Alzheimer 12
1.4-Diagnóstico 13
1.5-Prevenção 15
CAPÍTULO II - O Tratamento da Doença de Alzheimer 16
CAPÍTULO III – Psicomotricidade 21
CAPÍTULO IV – Intervenção da Psicomotricidade 26
4.1 Objetivos 28
4.2 Fatores Psicomotores 28
4.3 Competências Sociais 29
4.4 Estratégias 30
4.5 Terapias Expressivas 30
4.6 Avaliação 31
INTRODUÇÃO
A escolha deste tema partiu inicialmente por um interesse em estudar o
envelhecimento e a diminuição progressiva das faculdades mentais, que
normalmente estão presentes em pessoas idosas. Entre os diversos tipos, a
Doença de Alzheimer é a que vem recebendo maior destaque devido ao seu
grau de severidade. Trata-se de uma doença neurológica degenerativa,
progressiva e de cura ainda desconhecida. Serão mencionadas algumas
formas eficazes de tratamento ressaltando a psicomotricidade como
instrumento indispensável para uma melhor qualidade de vida do portador. A
Doença de Alzheimer é a causa mais comum de alienação mental entre idosos.
Trata-se de partes do cérebro que controlam o pensamento, memória e
linguagem. A deterioração progressiva, destas funções vai interferindo
significativamente na capacidade para o trabalho, com as atividades sociais e
com as relações interpessoais. A Doença de Alzheimer prejudica a capacidade
de uma pessoa na razão, raciocínio, memória, realizar cálculos simples e
realizar tarefas de rotina. Ao longo do tempo, o paciente pode tornar-se ansioso
ou agressivo. Em etapas posteriores, eles podem esquecer como fazer tarefas
básicas, como escovar os dentes ou vestir-se. Eventualmente, os pacientes
precisam de cuidado total. A doença de Alzheimer (DA) é a principal causa de
perda cognitiva em adultos, e principalmente em idosos, sendo o tipo mais
frequente de demência. A importância deste trabalho está em desenvolver
atividades psicomotoras como condutas de tratamento e de atividades de vida
diária do portador de Doença de Alzheimer, tanto na reabilitação motora quanto
no retorno das relações interpessoais e na obtenção de independência.
A perda de memória é o sintoma inicial e mais marcante na doença, e as
manifestações subsequentes são de certa forma, heterogêneas, e seguem
cronologia imprevisível, e permitindo ainda assim observarmos os estágios da
Doença de Alzheimer.
Numa etapa avançada, a enfermidade traz dificuldades de expressão,
movimentação e poder de reconhecimento perceptivo sensorial. As alterações
psíquicas e comportamentais ocorrem em até 75% dos casos, comprometendo
a vida social e ocupacional.
O objetivo será investigar e avaliar as mudanças ocorridas em pacientes
portadores da Doença de Alzheimer, junto aos benefícios da Psicomotricidade
na doença. Buscar uma forma de orientação e conhecimento, para o
profissional de Psicomotricidade sobre a Doença de Alzheimer. Mostrando
também de forma clara e teórica, que a Psicomotricidade pode melhorar
significativamente a qualidade de vida do paciente. Revisar o trabalho da
Psicomotricidade na Doença de Alzheimer, promovendo o bem-estar,
prevenindo doenças, e assim melhorar a qualidade de vida do paciente.
Muitas pesquisas a respeito das causas da Doença de Alzheimer e os
benefícios da Psicomotricidade já foram realizados, e alguns aspectos e
conclusões de cientistas serão estudados. A Psicomotricidade tem o objetivo
de educar e reeducar o indivíduo, proporcionando assim um processo evolutivo
de perdas físicas, fisiológicas, cognitivas e emocionais.
Nessa monografia, será abordada a definição e a importância da
psicomotricidade, aos portadores da Doença de Alzheimer. O objetivo será
mostrar que a Psicomotricidade pode levar á prática por meio de providências
concretas na mediação com os indivíduos que apresentam a Doença de
Alzheimer. O presente estudo, limita a revisão de literatura, sobre indivíduos no
quadro evolutivo da Doença de Alzheimer e, como se dá o processo de
tratamento com a Psicomotricidade.
No primeiro capítulo, será abordada a problemática da Doença de
Alzheimer, também conhecida como Mal de Alzheimer. É uma doença cerebral
progressiva e irreversível que lentamente destrói a memória e a capacidade de
raciocínio e eventualmente até a capacidade de desempenhar tarefas simples.
Será enfocado o meio envolvente das pessoas portadoras da Doença de
Alzheimer passando pela definição, diagnóstico, sintomatologia, as etapas da
Doença de Alzheimer e prevenção.
Já no segundo capítulo, irá falar do tratamento da Doença de Alzheimer.
O tratamento atual de pacientes com doença de Alzheimer visa a manutenção
de qualidade de vida, melhorando a função e a independência, minimizando as
perdas cognitivas e tratando as alterações de humor e comportamento.
No capítulo III, será direcionado para mostrar a definição de
Psicomotricidade tem como objetivo abordar a história e o desenvolvimento
da psicomotricidade, sua definição, conceitos e seu desenvolvimento, e ainda
outros aspectos, como: a definição de psicomotricista e suas respectivas áreas
de trabalho e intervenção, clientela e mercado de trabalho. Este estudo poderá
de fornecer subsídios para outras de pesquisas sobre o assunto, auxiliando
estudantes e pesquisadores da área, e consequentemente, em uma possível
melhor intervenção e compreensão em suas respectivas áreas.
E no capítulo IV, será abordado sobre a importância da Intervenção da
Psicomotricidade, onde se destaca por apresentar resultado significativamente
positivo em relação ao aspecto motor e social. O aspecto social do indivíduo
em questão mostra modificações relevantes quando em referências
comportamentais.
CAPÍTULO I
A DOENÇA DE ALZHEIMER
Com o aumento substancial da expectativa de vida da população
mundial verificado nas últimas décadas, a Doença de Alzheimer tornou-se um
sério e importante problema de saúde individual e coletiva, em decorrência da
significativa incapacidade que acarreta os pacientes, das influências sobre
familiares e cuidadores, além dos custos diretos e indiretos que ocasiona. A
Doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência em indivíduos com
mais de 60 anos.
Segundo Ramos(1987)em sua pesquisa mostra que a expectativa de
vida passou de 57 anos para 70 anos, o que se percebe é que a cada década a
pirâmide etária terá a sua base cada vez mais estreitada se tornando de forma
similar, como é representado nos países desenvolvidos.
Nessa monografia, será abordada a definição e a importância da
psicomotricidade, aos portadores da Doença de Alzheimer. O objetivo será
mostrar que a Psicomotricidade pode levar á prática por meio de providências
concretas na mediação com os indivíduos que apresentam a Doença de
Alzheimer. Será enfocado o meio envolvente das pessoas portadoras da
Doença de Alzheimer passando pela definição, diagnóstico, sintomatologia, as
etapas da Doença de Alzheimer e prevenção.
1.1 DEFINIÇÃO
É uma doença cerebral progressiva e irreversível que lentamente destrói a
memória e a capacidade de raciocínio e eventualmente até a capacidade de
desempenhar tarefas simples.
A doença de Alzheimer, também conhecida como mal de Alzheimer, é uma
doença cerebral progressiva irreversível que lentamente destrói a memória e
capacidade de raciocínio, e eventualmente até a capacidade de desempenhar
tarefas simples. Na maioria das pessoas com doença de Alzheimer, os
sintomas aparecem depois dos 60 anos de idade.
A doença de Alzheimer é a causa mais comum em pessoas idosas.
Definida pela perda de funções cognitivas raciocínio, pensamento e memória. A
uma extensão que interfere na vida e atividades cotidianas.
O nome doença de Alzheimer foi dado por causa do Dr. Alois Alzheimer.
Em 1906, Dr. Alzheimer notou alterações no tecido cerebral de uma mulher que
morreu com uma doença mental incomum. Seus sintomas incluíam perda de
memória, problemas de linguagem, e comportamento imprevisível. Depois da
morte dessa mulher, Dr. Alzheimer examinou seu cérebro e encontrou muitos
blocos anormais (agora chamados placas amilóides) e emaranhados de feixes
de fibras (agora chamados emaranhados neurofibrilares). As placas e
emaranhados no cérebro são duas das principais características da Doença de
Alzheimer. A terceira característica principal é a perda de conexões entre as
células nervosas (neurônios) no cérebro.
Embora ainda não saibamos o que começa o processo da doença de
Alzheimer, sabemos que danos ao cérebro começam até de 10 a 20 anos
antes dos problemas serem evidentes. Os emaranhados começam a
desenvolver profundamente no cérebro, em uma área chamada córtex
entorrinal, e placas formam em outras áreas.
A medida que mais e mais placas e emaranhados formam em áreas
particulares do cérebro, neurônios saudáveis começam a funcionar menos
eficientemente. Então, eles perdem a capacidade de funcionar e comunicar
entre si, e eventualmente morrem.
Esse processo degenerativo espalha para uma estrutura próxima, chamada
hipocampo, a qual é essencial na formação de memórias. À medida que a
morte de neurônios aumenta, as regiões do cérebro afetadas começam a
encolher. No estágio final da doença de Alzheimer, os danos estão espalhados,
e o tecido cerebral já encolheu significativamente.
1.2-DIAGNÓSTICO
Atualmente, os médicos agora têm vários instrumentos e métodos para
ajuda-los a determinar com bastante precisão se a pessoa que está tendo
perda de memória tem “doença de Alzheimer possível” (os sintomas podem ser
decorrentes de outra causa) ou “doença de Alzheimer provável” (nenhuma
outra causa para os sintomas pode ser encontrada).
Para diagnosticar a doença de Alzheimer o médico, fará perguntas sobre
a saúde geral do paciente, problemas médicos anteriores, capacidade de
desempenhar atividades cotidianas, e alterações no comportamento e
personalidade. Conduzirá, também testes de memória, resolução de
problemas, atenção, contas e linguagem. Pedirá ainda exames médicos, como
testes de sangue, urina e fluido espinhal. Exames de imagem do cérebro, como
tomografia computadorizada ou ressonância magnética, serão previamente
solicitadas.
1.3-SINTOMATOLOGIA
Quanto a Sintomatologia, podemos dividir a doenças em três fases:
inicial; intermediário e terminal.
Fase inicial
A doença começa, geralmente, entre os 40 e 90 anos. No começo são
os pequenos esquecimentos, normalmente aceitos pelos familiares como parte
do processo normal de envelhecimento, que vão agravando gradualmente.
Consciente destes esquecimentos, o indivíduo pode se tornar confuso e por
vezes agressivos causando mudanças de humor, de personalidade, distúrbios
de conduta e chegando até não conhecer a si mesmo diante do espelho
gerando um quadro de ansiedade e depressão.
Ocorre a perda da memória recente, dificuldade para aprender e reter
novas informações, distúrbios de linguagem, dificuldade progressiva para as
tarefas da vida diária, falta de cuidado com a aparência pessoal, irritabilidade,
desorientação. Nesta fase os pacientes ainda apresentam boa qualidade de
vida social, permanecendo alerta.
Fase intermediária
O paciente é completamente incapaz de aprender e reter novas
informações. A pessoa se torna cada vez mais dependentes de terceiros,
iniciam-se as dificuldades de locomoção, a comunicação se inviabiliza e
passam a necessitar de cuidados e supervisão integral, até mesmo para as
atividades elementares do cotidiano como alimentação, higiene, vestuário, etc.
Inicia perda do controle da bexiga (incontinência).
Fase final
O paciente está totalmente incapaz de andar (restrito ao leito), não fala
mais, risco de pneumonia, desnutrição e úlceras por ficar deitado. Perda do
controle da bexiga e do intestino (incontinência); dificuldades para engolir
alimentos, evoluindo para uso de sonda enteral ou gastrostomia (sonda do
estômago).
1.4-AS ETAPAS DA DOENÇA DE ALZHEIMER
Na maioria das vezes a causa da morte não tem relação com a Doença,
mas sim com outros fatores ligados à idade avançada.
Quanto as Etapas da Doença de Alzheimer, de acordo com Barreto, a
doença de Alzheimer apresenta as seguintes fases: na fase Inicial da doença,
os sintomas são leves e difíceis de detectar. Teoricamente, esta fase tem a
duração de dois a quatro anos. Caracteriza-se pela existência de problemas
moderados de memória, sobretudo de memória episódica. Estes problemas
podem desenvolver na pessoa com demência constrangimento e receio,
fazendo com que esta tente evitar que os familiares ou os amigos se
apercebam disso. Este problema é agravado, posteriormente, pelas
dificuldades de atenção. A pessoa com demência pode por exemplo não saber
as etapas para preparar uma simples refeição ou usar um utensílio caseiro
(memória de procedimentos).
O doente tende a sentir dificuldade em comunicar com os outros,
apresentando dificuldades em encontrar palavras adequadas (memória
semântica), ou ainda alterações na duração das frases, assim como
dificuldades ao nível da gramática.
A orientação temporal não é muito afetada neste estádio, ao contrário da
orientação espacial que tende a ficar comprometida (podendo perder-se num
ambiente familiar, como a sua casa).
Muitas pessoas com doença começam a demonstrar falta de
espontaneidade e iniciativa, com tendência para uma vida mais isolada. Em
certos casos, a pessoa mostra-se desconfiada (em relação aos amigos,
colegas) e com traços de emotividade ciumenta.
A fase Avançada pode durar cerca de três a cinco anos, caracterizando-
se fundamentalmente pelo agravamento dos sintomas apresentados na fase
inicial da doença.
Nesta altura, iniciam-se as afasias (perturbação da linguagem,
incapacidade total ou parcial para descodificar códigos linguísticos, sob a forma
escrita ou oral),das apraxias(incapacidade de executar movimentos
apropriados para um determinado fim) e das agnosias (incapacidade de
reconhecimento perceptivo sensorial, auditivo, visual, tátil, entre
outros).(Barreto,2005)
Outra característica que marca esta fase é o inicio das dificuldades
motoras, tais como a lentidão global dos movimentos, o aumento do tônus
muscular e uma diminuição da massa muscular, que resultam na diminuição da
estabilidade da postura corporal que pode comprometer a marcha.
A gravidade dos sintomas leva as pessoas com demência a
abandonarem o emprego e deixarem de conduzir, tornando-se assim cada vez
mais dependente de terceiros (Gil e Mendes, 2005).
Os problemas de memória agravam-se, embora a memória para
acontecimentos distantes permaneça intacta por mais tempo. A perda de
memória pode levar as pessoas com demência a pensarem que os seus
familiares e amigos não os visitam há muito tempo, mesmo quando estas
acabaram de sair. Uma vez desaparecida a associação entre o rosto e o nome,
os idosos sentem dificuldade em reconhecer a sua própria família. Assim, a
perda de memória, a confusão e a dificuldade em manipular objetos fazem com
que as atividades diárias como o lavar e o vestir, sejam impossíveis de
executar sem ajuda (Caldas, 2005).
Nesta fase, as pessoas com demência começam a dormir mais de dia
do que de noite. A diferença entre o dia e a noite perde o seu significado. A
noção de tempo e de espaço passa a estar afetada, sendo comum
apresentarem quadros de agitação e alucinações, que ocorrem praticamente
em metade das pessoas com demência. A agitação psicomotora, ilusões e as
alucinações relacionam-se diretamente com o grau de severidade da
demência, as pessoas tendem, também, a sofrer de mudanças bruscas e
frequentes de humor (Oliveira, Morais e Guimarães, 2006).
A incontinência pode também estar presente como resultado de falhas
de memória, problemas de comunicação, dificuldades de ordem prática ou até
mesmo como resultado de uma lesão cerebral.
Nesta fase, também costuma estar presente a repetição de frases e de
palavras, sem interrupção e sem nexo. As frases são curtas, incompreensíveis
e mal construídas sintaticamente, perdem a capacidade de ler, de calcular, de
pensar de forma abstrata, de julgar e de entender o que lhes é dito ou pedido
segundo Caldas( 2005).
A terceira e última fase, a terminal pode durar entre um a três anos. O
desenvolvimento da doença conduz à morte de maior parte de tecido nervoso,
originando o desaparecimento das funções cognitivas.
A pessoa perde a capacidade de entender ou utilizar a linguagem,
podendo simplesmente repetir os finais das frases, sem compreender o seu
significado. Deixa de poder andar, sentar, sorrir e engolir e a incontinência
passa a ser total. Aumenta a predisposição para as pneumonias e, se a pessoa
não for regularmente posicionada, podem-se desenvolver úlceras de pressão
(escaras) (Barreto, 2005).
O doente torna-se rígido, perde os reflexos aos estímulos e pode tornar-
se agitado e irritável, sendo necessário o seu acompanhamento constante. No
entanto, muitos ainda respondem bem ao toque e às vozes familiares, apesar
da gravidade dos sintomas neste estágio.
1.5-PREVENÇÃO
Não existe maneira totalmente eficaz de prevenção, mas já foram
identificados alguns fatores que podem mudar o seu curso. Pessoas com alta
escolaridade e atividade intelectual intensa apresentam os sintomas somente
quando a atrofia cerebral está em um estágio mais avançado do que em
pessoas com baixa escolaridade, ou seja, nessas pessoas com maior atividade
intelectual é necessária maior perda de neurônios para que apareçam os
mesmos sintomas de pessoas com menor atividade intelectual.
Do mesmo modo, o uso de vitamina E em alta dose e a reposição de
hormônios, para as mulheres que entraram na menopausa, podem diminuir a
chance da doença, fazendo com que ela apareça mais devagar. Mais
recentemente demonstrou-se um efeito semelhante com o uso de anti-
inflamatórios. Como se pode ver, aspectos fundamentais da doença ainda são
desconhecidos.
CAPÍTULO II
O TRATAMENTO DA DOENÇA DE ALZHEIMER
A abordagem do tratamento deve ser global, e dentro do possível, multi-
profissional e multidisciplinar, e deve incorporar: tratamento não- farmacológico
e tratamento farmacológico.
A equipe multi-profissional / multidisciplinar deve ser coordenada pelo
profissional mais diretamente envolvido na avaliação e tratamento desse
paciente, em geral atribuído ao medico. Pode envolver um enfermeiro, uma
equipe de fisioterapeutas, psicólogos ou fonoaudiólogos, psicomotricistas,
terapeutas ocupacionais, além de nutricionistas e farmacêuticos.
Por intervenção não-farmacológica designamos um conjunto de
intervenções com o objetivo de maximizar o funcionamento cognitivo e o bem-
estar da pessoa, bem como ajudá-la no processo de adaptação à doença. As
atividades desenvolvidas têm como fim a estimulação das capacidades da
pessoa, preservando, pelo maior período de tempo possível, a sua autonomia,
conforto e dignidade (Guerreiro, 2005).
Como mostram alguns estudos científicos, as medicações eficazes para
doença de Alzheimer estabilizam a progressão da doença, ou ainda, diminuem
a taxa de piora da doença. Isto representa manutenção das funções cerebrais
da pessoa por mais tempo, repercutindo em maior qualidade de vida tanto para
os pacientes como para os cuidadores. Atualmente as duas classes de
medicação para a doença de Alzheimer têm indicação específica para cada
uma das fases da doença, sendo mais eficaz se observados estes critérios.
Portanto o médico deve ser capaz de orientar a família sobre qual
medicação deva se utilizada, dependendo de qual fase o paciente se encontre.
São medicações que precisam de titulação, ou seja, devem se iniciar com
doses mais baixas e aumentar gradativamente para se evitar efeitos colaterais,
porém o aumento não depende da resposta do paciente, devendo ser tentado
sempre a máxima dose tolerada dentro da faixa de doses recomendadas. O
tratamento clínico farmacológico é bastante limitado.
O SUS oferece, por meio do Programa de Medicamentos Excepcionais,
a rivastigmina, a galantamina e o donepezil, remédios utilizados para o
tratamento do Alzheimer. É bom lembrar que os medicamentos não impedem a
evolução da doença, que não tem cura. Os medicamentos para a demência
têm alguma utilidade no estágio inicial, podendo apenas amenizar ou retardar
os efeitos do Alzheimer.
O primeiro tratamento para distúrbios de comportamento, para controlar
a confusão, a agressividade e a depressão, muito comuns nos idosos com
demência. Algumas vezes, só com remédio do tipo calmante e neurolépticos
(haldol, neozine, neuleptil, risperidona, melleril, entre outros) pode ser difícil
controlar. Assim, temos outros recursos não medicamentosos, para haver um
melhor controle da situação.
O segundo tratamento mais específico, dirigido para tentar melhorar o
déficit de memória, corrigindo o desequilíbrio químico do cérebro. Drogas como
a rivastigmina (Exelon ou Prometax), donepezil (Eranz), galantamina (Reminyl),
entre outras, podem funcionar melhor no início da doença, até a fase
intermediária. Porém, seu efeito pode ser temporário, pois a doença de
Alzheimer continua, infelizmente, progredindo. Estas drogas possuem efeitos
colaterais (principalmente gástrico), que podem inviabilizar o seu uso. Também
há o fato de que somente uma parcela dos idosos melhoram efetivamente com
o uso destas drogas chamadas anticolinesterásicos, ou seja, não resolve em
todos os idosos demenciados. Outra droga, recentemente lançada, é a
memantina (Ebix ou Alois), que atua diferente dos anticolinesterásico. A
memantina é um antagonista não competitivo dos receptores NMDA do
glutamato. É mais usado na fase intermediária para avançada do Alzheimer,
melhorando, em alguns casos, a dependência do portador para tarefas do dia a
dia.
A Doença de Alzheimer provoca comprometimento cognitivo, do
comportamento e das atividades de vida diária, podendo ocasionar estresse ao
cuidador. Estas alterações são o alvo do tratamento. O efeito comprovado
destes medicamentos é o de modificar as manifestações da Doença de
Alzheimer.
Cuidar de uma pessoa com doença de Alzheimer pode ter alto custo
físico, emocional e financeiro. As demandas dos cuidados diários, mudanças
nos papéis familiares, e decisões difíceis podem ser duras de lidar.
Ficar bem informado sobre a doença de Alzheimer é uma estratégia
importante a longo prazo. Programas que ensinam as famílias sobre os
diferentes estágios da doença de Alzheimer, e sobre estratégias práticas e
flexíveis para lidar com as situações difíceis, dão ajuda vital para cuidar de
pessoas com doença de Alzheimer.
Desenvolver boa capacidade de adaptação e forte rede de apoio de
familiares e amigos também são providências importantes para ajudar aqueles
que cuidam de pessoas com doença de Alzheimer a lidar com o estresse.
Manter-se fisicamente ativo também fornece benefícios físicos e emocionais
àqueles cuidando de alguém com doença de Alzheimer.
Algumas pessoas que cuidam de doentes com Alzheimer descobriram
que participar de grupos de apoio é muito importante. Esses grupos de apoio
permitem àqueles que cuidam de alguém com doença de Alzheimer expressem
suas preocupações, compartilhem experiências, tenham dicas, e recebam
conforto emocional.
A Doença de Alzheimer ainda não possui uma forma de prevenção. Os
médicos acreditam que manter a cabeça ativa e uma boa vida social permite,
pelo menos, retardar a manifestação da doença. Entre as atividades
recomendadas para estimular a memória, estão: leitura constante, exercícios
de aritmética, jogos inteligentes e participação em atividades de grupo.
Os pacientes com suspeita da doença devem ser encaminhados para
serviço especializado. Devem ser observados os critérios de inclusão e
exclusão de doentes neste protocolo, a duração e a monitorização do
tratamento, bem como a verificação periódica das doses prescritas e
dispensadas e a adequação de uso dos medicamentos.
Para dispensação dos medicamentos, é necessário relatório médico com
descrição da apresentação da doença, evolução, sintomas neuropsiquiátricos
apresentados e medicamentos empregados.
Existe uma busca de uma melhor qualidade de vida para os pacientes e
dos vários tipos de tratamento para a doença de Alzheimer, com o objetivo de
amenizar os sintomas. Porém, enquanto não for descoberta a etiologia dessa
patologia, torna-se difícil chegar á cura dessa doença.
Existem vários tipos de intervenção e diversas técnicas. No entanto,
estas devem ser ajustadas a cada pessoa, de modo a promover uma
intervenção individualizada e adequada às necessidades de cada caso,
valorizando a sua história, personalidade, saúde física e mental (Guerreiro,
2005).
Todos os estudos de medidas para prevenir ou atrasar os efeitos do
Alzheimer são frequentemente infrutíferos. Hoje em dia, não parecem existir
provas para acreditar que qualquer medida de prevenção é definitivamente
bem sucedida contra o Alzheimer. No entanto, estudos indicam relações entre
fatores alteráveis como dietas, risco cardiovascular, uso de produtos
farmacêuticos ou atividades intelectuais e a probabilidade de desenvolvimento
de Alzheimer da população. Mas só mais pesquisa, incluídos testes clínicos,
revelarão se, de facto, esses fatores podem ajudar a prevenir o Alzheimer.
A inclusão de fruta e vegetais, pão, trigo e outros cereais, azeite, peixe,
e vinho tinto, podem reduzir o risco de Alzheimer. Algumas vitaminas como a
B12, B3, C ou a B9 foram relacionadas em estudos ao menor risco de
Alzheimer, embora outros estudos indiquem que essas não têm nenhum efeito
significativo no início ou desenvolvimento da doença e podem ter efeitos
secundários. Atividades intelectuais como ler, escrever com a mão esquerda,
disputar jogos de tabuleiro (xadrez, damas, etc.), completar palavras cruzadas,
tocar instrumentos musicais, ou socialização regular também podem atrasar o
início ou a gravidade do Alzheimer.
Estudos realizados nestes últimos tempos revelam que a prática regular
de exercícios físicos têm sido de suma importância no tratamento da doença de
Alzheimer.
Conforme Manidi (2000), a atividade física deve estimular o paciente,
trazendo benefícios no sentido de: facilitar a redescoberta do esquema
corporal; preservar as capacidades funcionais remanescentes durante o
máximo de tempo possível; melhorar o aspecto moral e a confiança; restituir a
auto-estima e consequentemente, ajudar a manter certa qualidade de vida.
Em outra pesquisa feita pela UNIFESP, com 65 pacientes portadores da
doença que foram submetidos a um programa de musculação durante seis
meses, mostrou que houve uma melhora sensível nas funções cognitivas
como: raciocínio, coordenação motora, percepção e memória, além de diminuir
os índices de depressão e ansiedade, melhoraram também o humor e a
afetividade.
De acordo com Manidi (2001) e Brazão (2005), antes de se prescrever a
atividade física é necessário fazer uma avaliação médica completa das
condições clínicas, possibilidades físicas e a compreensão do paciente, este
último é indipensável. Além do mais, a avaliação vai permitir o melhor
acompanhamento do impacto positivo ou não do exercício físico.
Manidi (2001), explica também que o acompanhamento deve ser feito de
maneira regular, devido ao fato da evolução da doença. Além disso, os
exercícios devem ser adaptados às possibilidades físicas e práticas do
paciente, evitando confrontá-lo com eventuais fracassos que é visto como fator
negativo. É necessário também que o profissional que está tratando o paciente
seja flexível, facilitando assim, a vida de outras pessoas que cuidam do
paciente, respeitando as regras de segurança, sem colocar em risco a vida do
paciente.
De acordo com Rauchbach (1990), existem vários fatores a serem
trabalhados na atividade física, um deles é a reeducação postural, onde
através de estímulos proprioceptores e esteroceptores educando as
sensações, alcança-se uma boa integração do esquema corporal e de atitude,
facilitando desta maneira, as atividades diárias gastando menos energia e
mudando o comportamento social e afirmando a personalidade.
Os exercícios devem trabalhar o reconhecimento corporal e equilíbrio.
Exemplo: levantar o braço direito, mover a perna esquerda, inclinar o corpo à
direita. Também podem ser aplicados com o auxílio de um bastão, cadeira ou
colchonete.
É importante salientar que durante o exercício não deverá ocorrer
incômodos. Se o paciente não se sentir bem e seguro durante o exercício,
deverão ser tomadas as providências para que o problema seja corrigido.
Exemplo: se não estiver com as costas bem apoiadas, procurar um apoio
adequado ao tipo de exercício, se unir as pernas é for difícil, deixar as pernas
afastadas, etc. Deve-se sempre orientá-los em relação a curvatura da coluna e
posição da cabeça.
Podemos perceber que a atividade física tem influenciado de maneira
positiva no tratamento da doença de Alzheimer, trazendo benefícios como:
aumento da auto-estima, melhora a afetividade e humor, melhora a capacidade
de raciocino, coordenação motora, percepção e memória, diminuindo os
índices de depressão, ansiedade e internações, conforme mostram os estudos
já realizados.
Por isso, a prática regular de atividade física promove respostas
favoráveis para um envelhecimento saudável prevenindo e tratando de
doenças, reduzindo índices de mortalidade em portadores da doença de
Alzheimer, pois prolonga a qualidade e a duração de uma vida ativa,
melhorando a coordenação motora e neuromuscular.
Atividades que trabalham o esquema corporal, alongamento,
musculação, locomoção e até mesmo exercícios que enfoquem as atividades
da vida diária, podem auxiliar o processo de tratamento para essa doença.
Cabe ressaltarmos que toda atividade física deve respeitar as condições
clínicas e físicas dos alunos, dessa forma ela só tem a acrescentar, tornando-
se uma grande aliada no tratamento da doença de Alzheimer.
CAPÍTULO III
PSICOMOTRICIDADE
A Psicomotricidade no Brasil foi norteada pela escola francesa. Durante
as primeiras décadas do século XX, época da primeira guerra mundial, quando
as mulheres adentraram firmemente no trabalho formal enquanto suas crianças
ficavam nas creches, a escola francesa também influenciou mundialmente a
psiquiatria infantil, a psicologia e a pedagogia. Em 1909, a figura de Dupré,
neuropsiquiatra, é de fundamental importância para o âmbito psicomotor, já
que é ele quem afirma a independência da debilidade motora, antecedente do
sintoma psicomotor, de um possível correlato neurológico. Neste período o
tônus axial começava a ser estudado por André Thomas e Saint-Anné
Dargassie. Em 1925, Henry Wallon, médico psicólogo, ocupa-se do movimento
humano dando-lhe uma categoria fundante como instrumento na construção do
psiquismo. Esta diferença permite a Wallon relacionar o movimento ao afeto, à
emoção, ao meio ambiente e aos hábitos do indivíduo, e discursar sobre o
tônus e o relaxamento. Em 1935, Edouard Guilmain, neurologista, desenvolve
um exame psicomotor para fins de diagnóstico, de indicação da terapêutica e
de prognóstico. Em 1947, Julian de Ajuriaguerra, psiquiatra, redefine o conceito
de debilidade motora, considerando-a como uma síndrome com suas próprias
particularidades. É ele quem delimita com clareza os transtornos psicomotores
que oscilam entre o neurológico e o psiquiátrico. Ajuriaguerra aproveitou os
subsídios de Wallon em relação ao tônus ao estudar o diálogo tônico. A
relaxação psicotônica foi abordada por Giselle Soubiran (SBP, 2003) e (ISPE-
GAE, 2007).
Com estas novas contribuições, a psicomotricidade diferencia-se de
outras disciplinas, adquirindo sua própria especificidade e autonomia. Na
década de 70, diferentes autores definem a psicomotricidade como uma
motricidade de relação, enquanto na mesma época, profissionais estrangeiros
convidados vinham ao Brasil para a formação de profissionais brasileiros. Em
1977 é fundado GAE, Grupo de Atividades Especializadas, que veio a
promover a partir de 1980 vários encontros nacionais e latino-americanos. O 1°
encontro Nacional de Psicomotricidade foi realizado em 1979. O GAE é
responsável pela parte clínica e o ISPE, Instituto Superior de Psicomotricidade
e Educação, destinado à formação de profissionais em psicomotricidade, se
dedica ao ensino de aplicações da psicomotricidade em áreas de saúde e
educação. Em 1982, o ISPE-GAE realiza o vínculo científico-cultural com a
Escola Francesa através da exclusiva Delegação Brasileira da OIPR -
Organisation Internationale de Psychomotricité et de Relaxation. A SBP -
Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, entidade de caráter científico-cultural
sem fins lucrativos, foi fundada em 19 de abril de 1980 com o intuito de lutar
pela regulamentação da profissão, unir os profissionais da psicomotricidade e
contribuir para o progresso da ciência, promovendo congressos, encontros
científicos, cursos, entre outros.
Começa então, a ser delimitada uma diferença entre postura reeducativa
e uma terapêutica, já demonstrando diferenças em intervenções da
Psicomotricidade, e que, ao despreocupar-se da técnica instrumentalista e ao
ocupar-se do corpo em sua globalidade, vai dando progressivamente, maior
importância à relação, à afetividade e ao emocional, acompanhando as
tendências do momento por que passava. No entanto, sob o prisma do
discurso da SBP, a psicomotricidade não é a soma da psicologia com a
motricidade, ela tem valor em si. Para o psicomotricista, o conceito de unidade
ultrapassa a ligação entre psico e soma. O indivíduo é visto dentro de uma
globalidade, e não num conjunto de suas inclinações (SBP, 2003) e (ISPE-
GAE, 2007).
Nas palavras de Defontaine: “La Psychomotricité est le désir de faire, du
vouloir faire; lê savoir faire et le pouvoir faire” (DEFONTAINE apud OLIVEIRA,
2001, p. 28). “A psicomtricidade é um caminho, é o desejo de fazer, de querer
fazer; o saber fazer e o poder fazer” (ibidem, 2001, p. 34). Defontaine declara
que só poderemos entender a psicomotricidade através de uma triangulação
corpo, espaço e tempo. Defontaine define os dois componentes da palavra;´´
psico significando os elementos do espírito sensitivo, e motricidade traduzindo-
se pelo movimento, pela mudança no espaço em função do tempo e em
relação a um sistema de referência`` (ibidem, 2001, p. 35).
Já Fonseca afirma que se deve tentar evitar uma análise desse tipo para
não cair no erro de enxergar dois componentes distintos: o psíquico e o motor,
pois ambos são o mesmo (FONSECA apud OLIVEIRA, 2001). A
psicomotricidade para Fonseca não é exclusiva de um novo método ou de uma
“escola” ou de uma “corrente” de pensamento, nem constitui uma técnica, um
processo, mas visa fins educativos pelo emprego do movimento humano
(ibidem, 2001).
Para Nicola, uma conceituação atual de psicomotricidade é que esta
ciência nova, cujo objeto de estudo é o homem nas suas relações com o corpo
em movimento, encontra sua aplicação prática em formas de atuação que
configuram uma nova especialidade.´´ A psicomotricidade estuda o homem na
sua unidade como pessoa ``(NICOLA, 2004, p. 5).
No geral, os psicomotricistas não costumam gostar do termo
motricidade, pois enxergam a motricidade indissociável da psique humana. O
termo motricidade é mais utilizado pela área da educação física no âmbito da
perspectiva do treinamento esportivo, ligado à coordenação motora como
qualidade física, sendo interpretado de forma diferente da perspectiva da
Psicomotricidade.
Também há uma área do conhecimento que trata a motricidade como
um dos seus objetos teóricos e práticos de estudo: é a da Ciência da
Motricidade Humana - CMH, ou Cineantropologia, articulada com um corpo
epistemológico próprio e que enfoca a motricidade sob um paradigma diferente
do da Psicomotricidade. Mas visto que, quando se aborda a motricidade
humana, a psique humana não é deixada de fora, certos embates semânticos
não merecem tantas linhas de discussão. È necessário observar os objetos de
estudos sob a perspectiva de cada área do conhecimento para uma
compreensão isenta de poluição epistemológica ou preconceito científico.
Segundo uma definição considerada por Jacques Chazaud, citada por
Alves,“psicomotricidade consiste na unidade dinâmica das atividades, dos
gestos, das atitudes e posturas, enquanto sistema expressivo, realizador e
representativo do “ser-em-ação” e da “coexistência” com outrem” (CHAZAUD
apud ALVES, 2003, p. 15).
Sob o ponto de vista do “ser-em-ação” e também abordando sob um
enfoque histórico-antropológico, podemos recorrer aos estudos de Harrow
(apud OLIVEIRA, 2001), que faz uma análise sobre o homem primitivo
ressaltando como o desafio de sua sobrevivência estava ligado ao
desenvolvimento psicomotor e seu caráter utilitário. As atividades básicas
consistiam em caça, pesca e colheita de alimentos e, para isto, os objetivos
psicomotores eram essenciais para a continuação da existência em grupo.
Necessitavam de agilidade, força, velocidade, coordenação. A
recreação, os ritos cerimoniais e as danças em exaltação aos deuses, a
criação de objetos de arte também eram outras atividades desenvolvidas por
eles. Tiveram que estruturar suas experiências de movimentos em formas
utilitárias mais precisas. Hoje, o homem também necessita destas habilidades
embora tenha se aperfeiçoado mais para uma melhor adaptação ao meio em
que vive.
Necessita ter um bom domínio corporal, boa percepção auditiva e visual,
uma lateralização bem definida, faculdade de simbolização, orientação espaço-
temporal, poder de concentração, percepção de forma, tamanho, número,
domínio dos diferentes comandos psicomotores como coordenação fina, global,
equilíbrio. Harrow cita ainda os sete movimentos ou modelos de movimentos
básicos inerentes ao homem que são: correr, saltar, escalar, levantar peso,
carregar (sentido de transportar), pendurar e arremessar; todos eles básicos
em trabalhos de práticas e vivências psicomotoras atuais.
Para Lapierre e para Le Boulch apud Oliveira, a educação psicomotora
deve ser uma formação de base indispensável (OLIVEIRA, 2001). Para
Oliveira, o movimento é um suporte que ajuda a adquirir o conhecimento do
mundo que o rodeia através de seu corpo, de suas percepções e sensações
(ibidem, 2001).
De acordo com esta autora, a psicomotricidade se propõe a permitir ao
homem “sentir-se bem na sua pele”, permitir que se assuma como realidade
corporal, possibilitando-lhe a livre expressão de seu ser; pois de acordo com a
autora, o indivíduo não é feito de uma só vez, mas se constrói, paulatinamente,
através da interação com o meio e de suas próprias realizações e a
psicomotricidade desempenha aí um papel fundamental (ibidem, 2001).
Le Boulch aponta correntes distintas na psicomotricidade, enquanto uma
aponta para a educação psicomotora, outra, para a terapia e reeducação
psicomotora (LE BOULCH, 1982). Estas correntes já apontam não só para
diferentes intervenções, de um modo superficial, sob a perspectiva de mercado
e atuação profissional, mas, sobretudo, de diferentes olhares.
Fonseca nos diz que, a psicomotricidade tende atualmente a ser
reconceitualizada, não só por introduzir fatores antropológicos, filogenéticos,
ontogenéticos, paralingüísticos, como essencialmente cibernéticos e
psiconeurológicos. È na integração transdisciplinar destas áreas do saber que
provavelmente se colocará no futuro a evolução e atualização do conceito de
psicomotricidade (FONSECA, 1995). Deste modo, Fonseca expõe um fato
comum que ocorre em todas as áreas da Ciência, devido à quantidade de
informações que devem ser compartilhadas, pelas atuações e trabalhos
transdisciplinares, e pelos diferentes novos olhares e abordagens que vêm
surgindo a todo instante nas mais diferentes áreas.
Para Lorenzon, em relação à definição da psicomotricidade convém
referir que seu estudo é recente, pois ainda no início deste século era tratada
excepcionalmente. Pouco a pouco, a psicomotricidade afirma-se em diversas
orientações que atualmente tentem agrupar-se (LORENZON, 1995). Neste
sentido é natural que instituições norteadoras da área, como a SBP, apontem
os conceitos, definições e abrangência de atuação. Neste caso,
Psicomotricista, segundo a SBP, é o profissional da área de saúde e educação
que pesquisa, ajuda, previne e cuida do Homem na aquisição, no
desenvolvimento e nos distúrbios da integração somapsíquica (SBP, 2003).
Suas áreas de atuação segundo a SBP são: “Educação, Clínica
(Reeducação, Terapia), Consultoria e Supervisão.” (ibidem, 2003). A
intervenção psicomotora também pode ser diversificada. Mas Mello aponta três
áreas básicas de atuação psicomotora: “Nos estudos dos pesquisadores
recentes, são apontados três principais campos de atuação ou formas de
abordagem da Psicomotricidade: 1. Reeducação Psicomotora; 2. Terapia
Psicomotora; e 3. Educação Psicomotora. Embora em certos trabalhos esses
três níveis de atuação cheguem a confundir-se, existem características próprias
em cada um deles.” (MELLO, 2002, p. 33).
De acordo com Neto, na atualidade, existe um grande número de
profissionais de áreas diversas que utilizam a motricidade ou a
psicomotricidade em diferentes contextos e em diferentes faixas etárias, como
em escolas, clínicas de reabilitação, academias, hospitais e outros (NETO,
2002). Segundo ele: “profissionais de medicina (pediatria, psiquiatria,
neurologia e reabilitação infantil); psicologia (psicologia evolutiva, do esporte e
especial); educação física e pedagogia (ensino regular e fundamental);
fisioterapia e fonoaudiologia. A análise dessa realidade leva à busca de
critérios claros que justifiquem tal situação de heterogeneidade – tanto no
âmbito da interpretação de aspectos teóricos fundamentais como nas decisões
relativas à sua aplicação.” (ibidem, 2002, p. 12).
Tamanha diversificação profissional, áreas e sub-áreas não muito bem
delimitadas, assim como, competências que acabam por invadir determinadas
intervenções, podem causar conflitos em áreas de intervenção profissional. O
atendimento pelo psicomotricista, como veremos, também é diversificada.
Segundo a SBP, esta clientela é a seguinte: “Crianças em fase de
desenvolvimento; bebês de alto risco; crianças com dificuldades/atrasos no
desenvolvimento global; pessoas portadoras de necessidades especiais:
deficiências sensoriais, motoras, mentais e psíquicas; pessoas que apresentam
distúrbios sensoriais, perceptivos, motores e relacionais em conseqüência de
lesões neurológicas; família e a 3ª idade.” (SBP, 2003).
CAPÍTULO IV
INTERVENÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE
A intervenção psicomotora nas pessoas acometidas da Doença de
Alzheimer tem como intuito a manutenção ou reabilitação dos fatores
psicomotores (tonicidade, equilíbrio, lateralidade, noção do corpo, estruturação
espaço-temporal, praxia global e praxia fina) com o objetivo de desenvolver
capacidades de adaptação às mudanças corporais e psicossociais, na
promoção do reconhecimento de um Eu corporal positivo e no desenvolvimento
de estratégias para ultrapassar as suas adaptações (Morais, 2007).
Pretende-se valorizar as capacidades do indivíduo, realçando as suas
forças de modo a incentivá-lo a enfrentar algumas limitações físicas e perdas, e
a estimular hábitos pessoais de saúde. Isto leva a que o idoso pense nas suas
atitudes aumentando as possibilidades de se adaptar às mudanças que vão
surgindo ao longo do envelhecimento (Ovando & Couto, 2010).
Segundo Rodríguez (2003) a psicomotricidade pode situar-se em três
níveis de intervenção: primária, secundária e terciária. A prevenção primária é
feita junto de idosos saudáveis, sendo o principal objetivo evitar possíveis
patologias resultantes de défices no processo de envelhecimento(Rodríguez,
2003).
A prevenção secundária é uma intervenção reabilitadora junto de idosos
que apresentam ligeiros défices cognitivos ou défices na capacidade funcional,
tendo como principal objetivo a manutenção de um bom funcionamento da
pessoa, mantendo as capacidades preservadas e estimulando as que estão em
fase de deterioração(Rodriguez, 2003).
Por fim, a prevenção terciária, ou seja, a intervenção quando a pessoa já
tem um diagnóstico estabelecido e são evidentes os défices ao nível cognitivo
e funcional tem como principal objetivo desenvolver estratégias para superar as
dificuldades, de forma a retardar os efeitos da deterioração associada à
patologia, promover a autonomia na realização das atividades, mantendo a
capacidade funcional e melhorando a qualidade de vida(Rodríguez, 2003).
A psicomotricidade não pode ser encarada como uma solução para o
envelhecimento mas um processo preventivo e atenuador das modificações ao
nível somático, psíquico e psicomotor, nomeadamente do equilíbrio, do
processamento de informação, da organização práxica, da estruturação
espaço-temporal e do processo relacional(Pereira, 2004).
O Psicomotricista representa o aspeto relacional e securizador, levando
a uma maior vivência das experiências propostas nas sessões de
psicomotricidade, assim como a um aumento da motivação para levar o idoso a
investir no seu mundo interno e externo(Pereira,2004).
De acordo com os estudos de Coste(1992),a Psicomotricidade é uma
nova abordagem do corpo humano.Ela estuda o indivíduo e suas relações com
o corpo.
Além disso, é uma terapia porque se dispõe a desenvolver faculdades
expressivas do invíduo. A psicomotricidade tem como objetivo o estudo do
corpo e sua expressão dinâmica, fundamentada por três conhecimentos
básicos: movimento, intelectual e o afeto.
A psicomotricidade, deverá ser estimulada com maior ênfase à
lateralidade, à auto-imagem, à percepção corporal, coordenação e ao equilíbrio
.A orientação quanto ao tempo e espaço e a estimulação da memória e do
raciocínio complementam a terapia.(Freitas,et al.,2002).
Na abordagem teórica de Almeida(2004),quatro fatores de movimentos
são trabalhados: o peso(leve e forte);o tempo(lento e rápido);espaço(direto e
indireto) e fluxo(livre e controlado).Esses movimentos podem ser trabalhados
através de atividades lúdicas. Ao longo do processo terapêutico, poderá ser
explorado estratégias de intervenção que propicie o reconhecimento do corpo e
articulação dos movimentos em dinâmicas variadas. Na terceira etapa consiste
em desenvolver a estruturação corporal. Os movimentos espontâneos, vão
auxiliar a ampliação da percepção da sua realidade subjetiva, além de aguçar
as estruturas cognitivas. Segundo Almeida(2004,p.104),´´esses movimentos
têm um sentido singular para cada sujeito e se expressa através da escolha do
movimento espontâneo que é liberado nas ações``.
Com clareza de que a Doença de Alzheimer tem como uma de suas
características o comprometimento cognitivo e, consequentemente,
apresentam limitações que dificultam uma avaliação relacionada ás respostas
de tratamentos efetuados (Dourado,et.al.,2005).
O trabalho em psicomotricidade privilegia o ato físico, associado ao
trabalho mental, em que se aprende a escutar, interpretar, imaginar, organizar,
representar, passar da idéia ao ato e do abstrato ao concreto, sendo bases
imprescindíveis ao aprendizado formal (NACARATO, 2001).
A evolução da psicomotricidade supõe a interação dinâmica da
maturação neurológica e da estimulação ambiental. A psicomotricidade
segundo Le Boulch (1988), define-se como uma ciência que estuda a conduta
motora como expressão do amadurecimento e desenvolvimento da totalidade
psico-física do homem, e tem como um dos objetivos principais fazer com que
o indivíduo descubra seu próprio corpo em relação ao seu mundo interno e
externo, e sua capacidade de movimento-ação.
A meta do desenvolvimento psicomotor é o controle do próprio corpo ate
ser capaz de extrair todas as possibilidades de ação e expressão que sejam
possíveis a cada um. Esse desenvolvimento envolve um componente externo
ou práxico (a ação),como também um componente interno ou simbólico (a
representação do corpo e suas possibilidades de ação) (COLL, PALACIUS,
MARCHESI, 1995).
Fonseca (2004) afirma que a psicomotricidade não pretende realçar, a
automação, a eficácia, a destreza motora ou o rendimento motor. Seu objetivo
é transformar o corpo em um instrumento de ação sobre o mundo e num
instrumento de relação e expressão com os outros, subentendendo ser um
componente relacional intra e interpessoal determinante. O mesmo autor afirma
que em psicomotricidade, o psíquico e o motor não são um efeito linear um do
outro; “ambos são componentes complementares da mesma totalidade
sistêmica, encarando o corpo e a motricidade como elementos essenciais da
estrutura psicológica do Eu, pois é na ação que se toma consciência de si
próprio e do mundo.” (FONSECA, 2004).
O Psicomotricista poderá tomar como recurso os canais de linguagem
receptiva e expressiva devendo acreditar no paciente lembrando que ele é um
indivíduo único com suas características, sentimentos e respeitando-o sempre,
pois ,é uma pessoa idosa em seu processo de envelhecimento, ficando assim a
critério de cada profissional pesquisar e estabelecer uma forma de terapia
relacionada à sintomatologia apresentada em cada paciente, visto que, os
sintomas não se apresentam de forma padronizada ,podendo variar de
indivíduo para indivíduo ,para isto, o terapeuta deverá estar sempre bem
informado sobre as pesquisas em andamento sobre novas formas de tratar
paciente.
O Psicomotricista que optar em trabalhar com o portador de Alzheimer
deve estar consciente das barreiras que irá enfrentar, devendo sempre colocar
o bem-estar do paciente, trabalhando sempre com o bom senso, sensibilidade
e amor, para que o trabalho flua com melhores resultados, sem cansar o
terapeuta e o paciente.
4.1Objetivos
As sessões de Psicomotricidade têm todas por base uma estrutura
idêntica que consiste num diálogo inicial, aquecimento, período de atividades,
retorno à calma e diálogo final.
Ao longo das sessões podem ser trabalhadas diversas áreas,
nomeadamente ao nível dos fatores psicomotores (tonicidade, equilibração,
lateralidade, noção do corpo, estruturação espácio-temporal, praxia global e
praxia fina) e também das competências sociais e interpessoais.
4.2Fatores psicomotores
A tonicidade diz respeito à tensão em que os músculos se encontram
refletindo a ativação inter, intra e suprasegmentares que asseguram as
adaptações posturais (Fonseca, 2007).
Neste parâmetro iremos trabalhar a capacidade de extensibilidade e
passividade do indivíduo promovendo o relaxamento de segmentos musculares
e ajudando a eliminar possíveis gastos desnecessários de energia ao longo do
dia.
A equilibração é uma condição indispensável ao ajustamento postural e
gravitacional determinante na construção de movimentos voluntários. Reúne
um conjunto de aptidões estáticas e dinâmicas abrangendo o controlo postural
e o desenvolvimento das aquisições motoras(Fonseca, 2007). Neste parâmetro
iremos trabalhar o equilíbrio estático e dinâmico o qual sofre uma grande
quebra com todo o processo de envelhecimento.
A lateralização diz respeito à especialização progressiva dos dois
hemisférios. A lateralização, nas suas várias componentes funcionais, ocular,
auditiva, manual e pedal, promove a estabilidade do universo vivido, do qual
partem todas as relações essenciais entre o indivíduo e o seu envolvimento
(Fonseca,2007)
A noção do corpo compreende a recessão, análise e armazenamento
das informações provenientes do corpo. Não avalia a sua forma ou as suas
realizações motoras centrando-se mais no estudo das suas realizações
psicológica e linguística (Fonseca, 2007). Neste parâmetro iremos trabalhar ao
nível da representação corporal e do conhecimento do esquema corporal.
A estruturação espácio-temporal está relacionada com a integração
cortical dos dados espaciais (sistema visual) e dos dados temporais (sistema
auditivo) (Fonseca, 2007).
Neste parâmetro iremos trabalhar ao nível da memória e noção rítmica,
assim como da autonomia promovendo uma maior participação da parte do
indivíduo nos espaços que o envolvem.
A praxia global diz respeito a tarefas sequenciais e globais que
envolvem a participação de grandes grupos musculares. Por sua vez a praxia
fina envolve tarefas de concentração, organização e de especialização
hemisférica (Fonseca, 2007).
4.3 Competências sociais
As competências sociais podem ser definidas como um conjunto de
comportamentos evidenciados por um indivíduo num contexto interpessoal em
que estes expressam as suas opiniões, sentimentos e respeitam os
comportamentos dos outros evitando assim conflitos e resolvendo situações
problemáticas (Caballo, 1997).
É fundamental para o idoso a capacidade de interagir socialmente de
modo a manter as suas redes de apoio social e a criar novas, aumentando
assim a sua qualidade de vida (Carneiro & Falcone, 2004).
Um estudo de Matos, Branco, Carvalhosa, Silva e Carvalhosa(2005) veio
evidenciar a importância da intervenção com a população idosa no intuito de
promover a autonomia, a participação social e os estilos de vida saudáveis.
Num estudo anterior de Carneiro e Falcone (2004) verificou-se que as
situações sociais em que a maioria dos idosos apresentaram maior dificuldade
eram situações que necessitavam de fazer um pedido de forma adequada
quando havia conflitos de interesses, identificar de modo socialmente aceite
alguém que o está a incomodar, recusar um pedido, aceitar críticas, e lidar com
alguém hostil. Por sua vez, as situações sem que mostravam maiores
competências eram aquelas que não envolviam conflitos(Carneiro & Falcone,
2004).
4.4 Estratégias
De modo a atingir os objetivos propostos irão ser utilizadas diversas
estratégias tendo por base as terapias expressivas.
4.5 Terapias expressivas
O termo “terapias expressivas” é utilizado para denominar as diferentes
artes plásticas utilizadas como recurso terapêutico (Riley & Machiodi, 1998).
Podemos dividir as terapias expressivas em 6 grupos: musicoterapia,
dançaterapia, dramaterapia, psicodrama e sociodrama, ludoterapia e
arteterapia.
Segundo Lacourt (1988, cit. in Sousa, 2005) a musicoterapia é uma
forma de psicoterapia ou reedução, utilizando o som e a música como forma de
expressão, comunicação, estruturação e análise da relação. A música atua ao
nível do sistema percetivo, da imaginação, da memória, do afeto, da linguagem
e da representatividade (Lacourt, 1980).
A musicoterapia tem como funções (Ruud, 1993 cit. inPadilhas, 2008) a
estimulação do desenvolvimento cognitivo-motor, a expressividade, a
estimulação da introspeção e a comunicação e mediação da interação.
A dançoterapia é “uma técnica psicoterapêutica que utiliza o movimento
como um processo que promove a integração emocional e física do indivíduo”
(ADTA, 2009). Esta técnica é aplicada em indivíduos com problemas sociais,
emocionais, cognitivos e físicos (Sousa, 2005).
Através da dança é possível promover o desenvolvimento de uma
identidade individual, melhorar as competências sociais, expressar através do
corpo, melhorar o funcionamento de uma capacidade, promover dinâmicas
entre vários indivíduos, promover a organização, interpretação e manipulação
do mundo (Payne, 1995).
A dramaterapia é uma terapia artística que tem por base a arte teatral
usando métodos de expressão corporal, movimento, mímica, rítmica, trabalho
de voz, jogo dramático, improvisação, representação, máscaras, metáforas e
rituais (Torres-Godoy, 2001).
A dramaterapia tem três objetivos fundamentais: o enriquecimento da
vida favorecendo o aumento da autoestima, a aprendizagem de objetivos
específicos nomeadamente a nível da manutenção das competências sociais e
a psicoterapia como forma de resolver conflitos e exteriorizar pensamentos e
sentimentos (Langley, 1994).
O psicodrama é uma modalidade terapêutica enquantoo sociodrama se
destina à área da educação (Sternberg & Garcia, 2000 cit. In Guenzburger,
2008).
Estas sessões seguem uma estrutura composta pelo aquecimento,
dramatização e uma última etapa de compartilha e são compostas por cinco
elementos distintos: o protagonista, a plateia, o público, o cenário, o ego
auxiliar e o diretor (Guenzburger, 2008).
A ludoterapia nos idosos visa promover um aumento da qualidade de
vida, da autonomia, da noção corporal, assim como desenvolver a autoestima e
autoconfiança e também uma maior mobilidade nas tarefas diárias(Filipetto,
1999, Acosta, 1999 cit. inPortella & Ormezzano, 2010)através de atividadesde
revisão da história de vida,do jogo simbólico e de jogos de cooperação.
A arteterapia é direcionada a indivíduos que procuram o bem-estar
através de uma reflexão sobre o desenvolvimento da personalidade, das
relações sociais e da resolução de conflitos (Urrutigaray, 2004 cit. inPortella &
Ormezzano, 2010).
Este tipo de terapia facilita a expressão dos processos internos
promovendo o autoconhecimento e autoconfiança por parte da pessoa idosa
(Sousa, 2002 cit. In Portella & Ormezzano, 2010).
Para tal iremos utilizar atividades de expressão plástica nomeadamente
ao nível da pintura, colagens, desenho e moldagem.
4.6 AVALIAÇÃO
De modo a perceber quais as necessidades da população e o impacto que o
programa de psicomotricidade teve nos idosos iremos fazer uma avaliação
inicial e uma avaliação final.
CONCLUSÃO
Verificou-se ,que esta pesquisa teve como objetivo conhecer a importância e o valor da Psicomotricidade no paciente portador da Doença de Alzheimer. Como observamos, o portador da Doença de Alzheimer impõe mudanças e renovações no estilo de vida: física e mental, interpessoal, relacional, afetiva e emocional. Adaptar-se ao processo de mudanças e perdas é um processo difícil para alguns, mas isto não deve resultar em isolamento, pois se pode fazer ajustes que permitam levar uma vida em sociedade saudável e satisfatória. Enfim, através de uma análise acerca da independência do portador da Doença de Alzheimer, o Psicomotricista tem condições de intervir no processo adaptativo do envelhecimento, que requer concordância entre valores, capacidades e atividades de uma pessoa que irá proporcionar ao portador atividades significativas, através de uma análise criteriosa de acordo com as necessidades e contexto, respeitando e valorizando este tempo livre, e de fundamental importância na manutenção do estado de saúde geral do portador da Doença de Alzheimer.
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