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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL
JULIANA PEDRA DE OLIVEIRA MUNIZ
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PÓS – OPERATÓRIO DE
REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO
Salvador – BA 2011
JULIANA PEDRA DE OLIVEIRA MUNIZ
ASSITÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PÓS – OPERATÓRIO DE REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO
Artigo científico apresentado à Atualiza como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Enfermagem em UTI, sob a orientação do Profº Fernando Espírito Santo.
Salvador – BA 2011
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PÓS OPERATÓRIO DE REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO
Juliana Pedra de Oliveira Muniz 1
Fernando Reis do Espírito Santo (Orientador) 2
Este estudo aborda sobre a Revascularização do Miocárdio, procedimento cirúrgico que visa reestabelecer a perfusão ideal do músculo cardíaco, uma vez comprometido pela doença arterial coronariana, e o papel singular que o profissional enfermeiro tem no processo de reabilitação no período pós - operatório. O objetivo é evidenciar, a partir da literatura, a assistência de enfermagem no pós – operatório aos pacientes submetidos à Revascularização do Miocárdio. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, de natureza qualitativa e de cunho exploratório. A literatura foi obtida pela biblioteca virtual através dos sites: Bireme, Scielo e Lilacs. Foi realizada a leitura e comparação de artigos e monografias, selecionando o referencial teórico necessário para o alcance do objetivo proposto. Os resultados desta pesquisa nos mostram que o enfermeiro é participante ativo no período operatório, e é fundamental a busca do conhecimento teórico-científico para exercer suas atividades de forma crítica, centralizada, promovendo a satisfação das necessidades humanas básicas do paciente revascularizado.
Palavras chave: Revascularização do Miocárdio; Pós - operatório; Assistência de Enfermagem.
CUIDADOS DE ENFERMERÍA PARA DESPUÉS DE LA CIRUGÍA DE REVASCULARIZACIÓN MIOCÁRDICA
Este estudio se centra en la revascularización del miocardio, procedimiento quirúrgico que tiene como objetivo restaurar la perfusión óptima del músculo cardíaco, una vez comprometida por la enfermedad de las arterias coronarias, y el papel único que la enfermera se encuentra en proceso de rehabilitación en el post - operatorio. El objetivo es mostrar, desde la literatura, la atención de enfermería en el post - operatorio pacientes sometidos a revascularización miocárdica. Se trata de una investigación cualitativa y la naturaleza exploratoria. La literatura se obtuvo a través de la biblioteca virtual a través de la web: Bireme, Scielo y Lilacs. Se realizó el análisis y comparación de artículos y monografías seleccionando el marco teórico para alcanzar el objetivo. Estos resultados nos muestran que la enfermera es un participante activo en el postoperatorio, y es fundamental para la búsqueda del conocimiento y la teoría científica para llevar a cabo sus actividades de manera crítica, en el centro, la promoción de la satisfacción de las necesidades humanas básicas del paciente.
Palabras clave: Revascularización del miocardio; post - operatorio, cuidados de enfermería.
1 Bacharel em Enfermagem pela Universidade católica do Salvador /Email: julipedra@yahoo.com.br
2 Doutor em educação pela PUC/SP-Professor Adjunto da UFBA
1 INTRODUÇÃO
Apresentação do objeto de estudo
A doença cardiovascular é a principal causa de morte no Brasil e no mundo,
representa a principal causa de incapacidades nesses tipos de agravos. A pesquisa
relacionada com a identificação e tratamento da doença cardiovascular inclui,
atualmente, todos os segmentos da população afetados por patologias cardíacas,
inclusive mulheres, crianças e pessoas de diversas origens raciais e étnicas.
(SMELTZER, 2005, p. 726).
A doença arterial coronariana (DAC) é o tipo mais prevalente de doença
cardiovascular nos adultos. O principal mecanismo patogenético da DAC é a
obstrução arterial causada pela placa aterosclerótica, bem como anormalidades
congênitas das coronárias e arterite associada às vasculites e pós-radiação, levando
à isquemia miocárdica. (NOBRE; SERRANO JR.; 2005).
Para estes autores, de acordo com a gravidade da lesão arterial e das disfunções
ventriculares, os pacientes têm indicação cirúrgica de Revascularização do
Miocárdio (RM) ou Angioplastia Coronariana Transluminal Percutânea (PTCA),
sobretudo diante da falha do tratamento farmacológico.
Stolf e Jatene (1998), afirmam que há mais de trinta anos introduziram-se os
princípios básicos da cirurgia cardíaca, e a sua aplicabilidade se expandiu
rapidamente, por causa da alta prevalência e da alta mortalidade da doença
coronária.
Devido à técnica cirúrgica e a complexa via de acesso, podem surgir complicações
que constituem a maior causa de morbidade no pós-operatório. Por isso, após o
procedimento cirúrgico esses pacientes permanecem por certo período de tempo na
Unidade de Terapia Intensiva (UTI), visando observação mais precisa para pleno
restabelecimento.
Segundo Einloft (1996), a Unidade de Terapia Intensiva é a área hospitalar que
concentra uma equipe especialmente treinada e equipamentos sofisticados para que
os pacientes sejam tratados de forma eficiente, onde o sucesso do seu
funcionamento depende de uma criteriosa interação entre recursos tecnológicos,
estrutura organizacional, área física e funcionários qualificados.
Dias et al (1988), acrescenta que tal unidade é conhecida como local do hospital que
recebe pacientes recuperáveis, graves e de alto risco, em que a vigilância contínua é
primordial, visto que mudanças rápidas nos parâmetros clínicos podem demandar
decisões imediatas e precisas.
A atuação de médicos, cirurgiões, anestesistas, enfermeiros e demais profissionais é
imprescindível para o cuidado do paciente submetido à cirurgia cardíaca. A
enfermagem merece destaque diante do rigoroso acompanhamento nas primeiras
horas do pós-operatório e por causa do cuidado direto ao paciente em toda sua
internação.
Portanto, torna-se necessário que o profissional enfermeiro se familiarize com as
várias manifestações das patologias das artérias coronárias e com os métodos para
avaliar, prevenir e tratar essas condições por meios clínicos e cirúrgicos. É
imprescindível que o enfermeiro ofereça cuidados expressivos, que adquiriu não
apenas com a habilidade técnica, mas também por intermédio de sua percepção.
Justificativa
A crescente ocorrência da doença arterial coronariana impõe cada vez mais, a
necessidade de buscar uma compreensão mais precisa sobre a terapêutica
instituída, a fim de nortear a assistência de enfermagem ao indivíduo portador de
DAC, bem como ao paciente submetido à revascularização do miocárdio.
A revascularização do miocárdio, procedimento cirúrgico que tem como finalidade
restabelecer a perfusão ideal do músculo cardíaco, tem se tornado uma constante
no âmbito médico-hospitalar e constitui um recurso que visa garantir a sobrevida do
indivíduo com qualidade.
Afirmam Dantas & Aguilar (2001), a cirurgia de revascularização do miocárdio é uma
das opções no tratamento dos pacientes com doença isquêmica cardíaca e tem
como objetivos prolongar a vida, promover alívio da dor da angina e melhorar a
qualidade de vida.
O enfermeiro, por ser um profissional que tem maior proximidade com o paciente e
família, deve estar capacitado para promover cuidados expressivos, identificando as
necessidades humanas básicas afetadas desse indivíduo, nível de compreensão,
crenças, valores e o autoconhecimento de suas condições de saúde.
Bittar, Pereira e Lemos (2006), destacam que o atendimento ao cliente deve ser
baseado em um modelo de assistência sistematizada, conhecimento teórico-
científico permitindo, de forma qualificada, o atendimento integral, individualizado e
humanístico.
Sendo assim, o profissional enfermeiro deve esforçar-se no sentido de conhecer as
particularidades desse procedimento, pois o conhecimento científico é o pilar para
uma intervenção de enfermagem segura, sobretudo, no pós – operatório que
constitui a fase mais crítica desse processo, em virtude do risco potencial de
instabilidade hemodinâmica.
Problema
O que diz a literatura sobre a assistência de enfermagem no pós - operatório de
revascularização do miocárdio?
Objetivo
Evidenciar, a partir da literatura, a assistência de enfermagem no pós – operatório aos
pacientes submetidos à revascularização do miocárdio.
Metodologia
Trata-se de um estudo bibliográfico, de natureza qualitativa e exploratória,
direcionado a aspectos que envolvem a doença arterial coronariana e os cuidados
de enfermagem no pós – operatório de revascularização do miocárdio em Unidade
de Terapia Intensiva.
Metodologia segundo Marconi, Lakatos, (2004) é o elemento da pesquisa científica
que responde em um só tempo às questões: como, com quê, onde e quando. É a
explicação minuciosa, detalhada, rigorosa e exata de toda ação desenvolvida no
método (caminho) do trabalho de pesquisa.
Foi eleita a pesquisa qualitativa caracterizada por Minayo et al. (1999), como uma
pesquisa que trabalha com uma gama de significados, motivos, aspirações, crenças,
valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos
processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de
variável.
A pesquisa exploratória, segundo Marconi e Lakatos (2004), tem como objetivo a
formulação de questões ou de um problema, com tripla finalidade: desenvolver
hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador com o ambiente, fato ou
fenômeno, para a realização de uma pesquisa futura mais precisa, modificar e/ou
clarificar conceitos.
A pesquisa bibliográfica abrange a leitura, análise e interpretação de todo material
relacionado à pesquisa. Todo material recolhido foi submetido a uma triagem, a
partir da qual foi possível estabelecer um plano de leitura. Trata-se de uma leitura
atenta e sistemática, acompanhada de anotações e fichamentos que colaboraram
para a fundamentação teórica do estudo.
Na fase exploratória, a seleção da literatura foi obtida através de uma busca na base
de dados na biblioteca virtual consultando sites acadêmicos como: Lilacs, Bireme e
Scielo, a fim de encontrar artigos e monografias que constassem as respostas ao
problema formulado.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2. 1 A Doença Arterial Coronariana (DAC)
A doença arterial coronariana (DAC) decorre do acúmulo de gordura nas células que
revestem a artéria coronária, causando obstrução, isquemia miocárdica e lesão
cardíaca.
A aterosclerose consiste no acúmulo anormal de substâncias lipídicas (gordurosas),
e tecido fibroso na parede vascular, causando uma resposta inflamatória repetitiva, e
uma alteração de forma progressiva nas propriedades biofísicas e bioquímicas,
causando bloqueios ou estreitamento do vaso, reduzindo o fluxo sanguíneo para o
miocárdio. Pode ser contida ou em alguns casos revertida. (SMELTZER; BARE,
2002).
Os sintomas e complicações ocorrem de acordo com o grau de estreitamento da luz
arterial, a formação do trombo, a obstrução do fluxo sanguíneo e a oferta
inadequada de oxigênio para o miocárdio. (SMELTZER; BARE, 2002).
A angina é um desconforto torácico associado à isquemia miocárdica. Normalmente
é percebida como um desconforto subesternal, pressão, peso ou sensação de
opressão, frequentemente se irradiando na porção média do tórax, ao braço
esquerdo, pescoço e mandíbula, podendo ou não apresentar dispnéia, diaforese ou
náuseas. Pode ser deflagrada pelo esforço físico ou estresse emocional, aliviando
de imediato pelo repouso ou medicamento. (BRAUNWALD; ZIPES; LIBBY, 2003).
Uma conseqüência ocasionada pela diminuição significante de oxigênio e/ou
duração expressiva é o infarto agudo do miocárdio (IAM), lesão irreversível, onde
ocorre necrose do músculo cardíaco. (SMELTZER; BARE, 2002).
As doenças coronárias que mais despertam interesse são as síndromes isquêmicas
agudas e o IAM, não só pelos altos índices de morbi-mortalidade, mas também pelo
fato da isquemia miocárdica poder ocorrer na ausência de sintomas.
Para Mussi (2004) a lesão vai além das células, ela atinge abruptamente o cotidiano
das pessoas, causando um rompimento que nos leva a crer na finitude do corpo e
no medo da morte. Este impacto na vida das pessoas explícita a necessidade de
medidas preventivas nos portadores de doenças coronarianas.
Os fatores de risco para as doenças coronarianas podem ser irreversíveis, isto é,
estão prioritariamente ligados aos aspectos biológicos e o indivíduo não pode alterá-
los ou controlá-los; ou reversíveis aqueles passíveis de controle ou prevenção, na
sua maioria são derivados do estilo de vida adotado. (LESSA apud LIMA e ARAÚJO,
2007).
Smeltzer e Bare (2002) incluem nos seus escritos fatores de risco apontados pelos
estudos epidemiológicos que aumentam a probabilidade da cardiopatia se
desenvolver. São denominados de fatores de risco não-modificáveis e fatores de
risco modificáveis.
Para os autores supracitados os fatores de risco não-modificáveis são: história
familiar de cardiopatia coronariana, idade avançada, sexo (a cardiopatia ocorre três
vezes mais em homens do que em mulheres na pré-menopausa), e a raça
(incidência mais elevada de cardiopatia em afro-americanos que na raça branca).
Os fatores de risco modificáveis destacados pelos autores são: nível sanguíneo
elevado de colesterol, tabagismo, hipertensão arterial sistêmica, diabetes melitus,
falta de estrogênio nas mulheres, sedentarismo, obesidade, estresse e uso de
contraceptivos orais.
O objetivo do tratamento é diminuir os agravos que prejudicam as demandas de
oxigênio do miocárdio e aumentar seu aporte de oxigênio. Em nível clínico esses
objetivos são alcançados pela terapia farmacológica e controle dos fatores de risco.
(ADAIR; HAVRANEK, 1996).
2. 2 Assistência de Enfermagem na Revascularização do Miocárdio e a Unidade
de Terapia Intesiva
Durante as últimas décadas, aconteceu um avanço primordial na compreensão e
tratamento das doenças cardiovasculares. Novas técnicas, aparelhos e materiais
sofisticados foram desenvolvidos permitindo a realização de cirurgias cardíacas, de
maneira progressiva, mais complexa e com riscos cada vez menores.
A Revascularização do Miocárdio é o principal tratamento cirúrgico utilizado na
correção de isquemia miocárdica provocada pela obstrução das artérias coronárias,
de modo a aliviar a angina do peito, melhorar a qualidade de vida e evitar o infarto
agudo do miocárdio, onde um vaso sanguíneo de outra parte do corpo é enxertado
no vaso sanguíneo ocluído, de modo que o sangue possa fluir em torno da oclusão.
(NOBRE; SERRANO JR., 2005).
Para Galdeano et al. (2003) o objetivo desse tratamento é aliviar a angina e
preservar a função do miocárdio. Devido à complexidade dos cuidados requeridos
durante o período perioperatório as intervenções de enfermagem devem estar
fundamentadas em um método científico que privilegie a tomada de decisão e
organize a assistência.
Gomes (2004) postula que a cirurgia de revascularização do miocárdio se constitui
no tratamento padrão da doença coronária isquêmica em vários subgrupos de
indivíduos. A possibilidade de abordar todas as artérias coronárias comprometidas e
a manutenção dos resultados a médio e longo prazo torna essa cirurgia atrativa
como método de escolha quando comparada com outras terapêuticas.
Realizada sobre o efeito de anestesia geral, comumente o cirurgião faz uma
esternotomia mediana. Em seguida, um vaso sanguíneo de outra região do corpo do
paciente (por ex. veia safena, artéria mamária interna esquerda, artéria radial) é
enxertado distal na lesão da artéria coronária, desviando-se da obstrução, em
seguida a incisão é fechada e o cliente é internado numa unidade de terapia
intensiva. (NOBRE; SERRANO JR., 2005).
Indiscutivelmente, os pacientes que passam por cirurgia cardíaca apresentam
muitos receios, ansiedades e problemas interiores que sempre atrapalham a sua
recuperação. A associação do coração com a vida e a morte agrava as
necessidades emocionais e psicológicas.
Mello Filho (1992) complementa ressaltando que o fato da cirurgia ser cardíaca
causa mais ansiedade do que se fosse em outro órgão, por causa da simbologia do
coração como o centro da vida, trazendo pressentimento de destruição total do ser
e, consequentemente, receio da morte.
Para Ferraz (1982), “os pacientes devem conhecer sobre sua cirurgia para que
aceitem suas mudanças, mesmo que sejam temporárias e necessárias, ajustando-
se mental e fisicamente” (p. 20).
Gasperi e Randünz (2006) dimensionam a ampla atuação do enfermeiro em uma
unidade intensiva, levando sempre em consideração o atendimento integral,
assistindo o cliente em todos seus aspectos biopsicossociais, englobando neste
meio, sua família que aliada ao cuidado é um agente ativo no processo de cura e
reabilitação.
Baseado na literatura pode-se afirmar que uma assistência adequada depende de
toda equipe multiprofissional e o do desempenho de cada um, em especial da
equipe de enfermagem, pois são os que atuam de modo direto ao cliente por se
tratar de uma situação única.
Ao mencionar sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) Backes
et al (2001, p.38) comenta:
O processo de enfermagem possui um enfoque holístico, ajuda a assegurar que as intervenções sejam elaboradas para o indivíduo e não apenas para a doença, apressa os diagnósticos e o tratamento dos problemas de saúde potenciais e vigentes, reduzindo a incidência e a duração da estadia no hospital, promove a flexibilidade do pensamento independente, melhora a comunicação e previne erros, omissões e repetições desnecessárias.
Ao falar sobre enfermagem Smeltzer (2005, p. 2272), afirma que a enfermeira teve
educação, treinamento e experiência especializada para ganhar a competência na
avaliação e identificação de problemas de cuidados de saúde dos pacientes em
situações de crise. Além disso, a enfermeira estabelece prioridades, monitora e
avalia continuamente os pacientes lesionados ou agudamente doentes, apóia as
famílias e as atende.
Para Barreto et al. (1993), o período pós – operatório de cirurgia cardíaca é
caracterizado por uma “tempestade hemodinâmica” devido às alterações fisiológicas
em todos os sistemas, sendo exigida a monitorização de todas as funções orgânicas
vitais. Por causa desta instabilidade inicial, a recuperação em UTI é imprescindível.
Tal unidade é conhecida como o local do hospital que recebe pacientes
recuperáveis, graves e de alto risco em que a vigilância contínua é primordial, visto
que as mudanças rápidas nos parâmetros clínicos podem demandar decisões
imediatas e precisas. (Dias et al.,1988).
As intervenções de enfermagem objetivam: assegurar a permeabilidade dos drenos;
mensurar e registrar o aumento ou redução da drenagem; manter controle da
infusão de fluidos e drogas vasopressoras a fim de assegurar um débito cardíaco e
pressão arterial adequados, prevenir a necessidade de reexploração cirúrgica e
infecção no sítio cirúrgico.
Morton et al (2007) mencionam que o período pós-operatório depende da condição
pré-operatória do paciente, onde fatores podem aumentar a mortalidade (idade,
sexo, cirurgia similar prévia, ocorrência de infarto agudo) e outras condições
concomitantes (diabetes melitus, doença vascular periférica, insuficiência renal,
doença pulmonar obstrutiva crônica) onde o conhecimento dessas condições
permite antecipar problemas na avaliação dos processos fisiológicos e desta forma
prevenir intervenções.
Estas autoras relatam que as prioridades da enfermagem no pós-operatório são:
adequada manutenção da ventilação, oxigenação e da estabilidade hemodinâmica.
A maior parte dos pacientes de cirurgia cardíaca são extubados nas primeiras quatro
a doze horas depois da cirurgia. Alguns pacientes com doença pulmonar de base
poderão demandar ventilação mecânica prolongada.
Depois da extubação, é necessário estimular a tosse e respiração profunda, assim
como a mobilização precoce, o mais rápido possível. A esternotomia e os tubos de
drenagem ocasionam dor e podem intervir na tosse e na respiração profunda. A fim
de facilitar a higiene pulmonar, deve-se incentivar a respiração profunda e a tosse. É
fundamental apoiar a incisão, prevenindo deiscência e, administrar medicação para
dor.
A infecção da ferida operatória pode acontecer na incisão cirúrgica, no local de
inserção dos drenos e na incisão do membro inferior. O risco de infecção se
intensifica quando existe obesidade, diabetes mellitus, má nutrição, e, inclusive se o
tempo operatório for maior que seis horas, e caso seja necessária nova cirurgia
numa mesma admissão.
Infecção não é um problema pós-operatório precoce. É evidenciada depois da saída
do paciente da Unidade de Terapia Intensiva. A fim de prevenir infecção deve-se
conservar a incisão limpa e seca, renovando o curativo com técnica asséptica.
Após a cirurgia cardíaca o paciente pode apresentar dor no local da incisão
cirúrgica, devido afastamento das costelas durante a cirurgia, no membro inferior e
na inserção dos tubos de drenagem. Mesmo que a percepção da dor varie de
pessoa para pessoa, a incisão da esternotomia mediana é normalmente menos
dolorosa que a da toracotomia e mais intensa nos primeiros três a quatro dias do
pós – operatório. A angina após cirurgia pode indicar falência do enxerto, logo, o
enfermeiro deve estar apto a diferenciar a angina da dor da incisão. (BORST, 1997).
O pós – operatório imediato de cirurgia cardíaca sempre ocorre na UTI e durante
este período, a ênfase maior do cuidado está relacionada com a recuperação da
anestesia e da estabilidade hemodinâmica. Entretanto, os profissionais nunca
deveriam esquecer que nesta etapa o paciente encontra-se fragilizado em
decorrência do estresse físico e emocional, que poderá ser agravado com as
atividades desenvolvidas neste ambiente.
O cuidado de enfermagem de acordo com Silva (1996) e Crossetti et al. (1996) se
constitui de cinco elementos que são: a tolerância, a disponibilidade, o diálogo, o
respeito e o amparo. Uma análise, realizada por Koizumi et al. (1979), destaca que
os principais problemas sentidos pelos pacientes gravemente enfermos foram: a
separação da família, os procedimentos de manutenção da respiração a que são
submetidos e o fato de estarem em um ambiente desconhecido e agressivo.
Acredita-se que no pós – operatório imediato de cirurgia cardíaca, em que o
paciente precisa de vigilância contínua, sentindo-se fraco e inválido, a presença de
uma pessoa amiga ou familiar pode sem muito significativa para seu processo de
recuperação. Corrobora Cleveland (1994) no momento em que diz que a visita dos
familiares não é um privilégio, porém uma necessidade para auxílio na terapêutica.
Crossetti (1997) salienta que a família e o paciente esperam da equipe de saúde
além da ação terapêutica, a compreensão e apoio para enfrentar o mundo do
hospital. Acredita-se que ser paciente em UTI deve ser bastante difícil, tanto para o
paciente quanto para o visitante, por isto o apoio de uma pessoa familiar pode
contribuir para sua recuperação.
Daí surge à importância do cuidado humanizado, de olhar o paciente não como uma
patologia, mas como um ser integral, que leva consigo seus valores, medos,
frustrações, ansiedade e toda uma história de vida que, certamente, explicará e
influenciará sua permanência na UTI.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após este estudo, destaca-se que a necessidade de adquirir novos conhecimentos e
habilidades para realizar intervenções eficazes é contínua. O profissional enfermeiro
deve buscar desenvolver seu exercício profissional através de visão crítica,
humanização, conhecimento teórico-científico e questionamento de rotinas e bases
não científicas de nossas ações.
Assistir plenamente as necessidades humanas básicas afetadas do paciente pós
revascularizado requer tempo e avaliação, para que se possa estabelecer um plano
de cuidados de forma individualizada, respeitando a singularidade de cada um.
Este estudo revela que o enfermeiro em sua função de educador dever manter o
paciente e família informados, tendo conhecimento do procedimento cirúrgico, o que
prever e prover cuidados que possam evitar problemas no pós-operatório.
Cabe ressaltar a importância do conhecimento técnico-científico que o enfermeiro
deve ter para prestar uma assistência adequada, isto norteia o decorrer de sua vida
profissional permitindo desenvolver ações de gerenciamento, supervisão e
assistência à equipe de trabalho, já que é profissional que atua de modo direto com
o paciente.
Com este estudo é possível afirmar que o objetivo da enfermagem é prover uma
assistência que atenda as necessidades do cliente em todo período operatório,
garantindo todos os seus diretos como ser humano visando à melhoria da qualidade
de vida.
Esta pesquisa concluiu que a enfermagem está inserida no processo de cuidar e
deve garantir o cuidado holístico ao paciente. Convém ressaltar que para isso os
enfermeiros necessitam basear os seus conhecimentos em múltiplos fatores, não se
fundamentando apenas na patologia ou no procedimento cirúrgico, mas também nos
vários fatores que se inter-relacionam com o paciente. (POTTER; PERRY, 2004).
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