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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
“ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO DAS COMUNIDADES DE
COLLEMBOLA PODUROMORPHA EM ÁREAS PRESERVADAS E IMPACTADAS NA RESTINGA DE MARICÁ, ESTADO DO RIO DE
JANEIRO, BRASIL”
Liliane Henriques Fernandes 2006
ii
“ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO DAS COMUNIDADES DE
COLLEMBOLA PODUROMORPHA EM ÁREAS PRESERVADAS E IMPACTADAS NA RESTINGA DE MARICÁ, ESTADO DO RIO DE
JANEIRO, BRASIL”
LILIANE HENRIQUES FERNANDES Tese apresentada à Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Zoologia), Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Ciências Biológicas(Zoologia) Orientador: Profo Dr Jorge Luiz Nessimian Co-Orientadora: Profª Dra Maria Cleide de Mendonça
Rio de Janeiro Julho/2006
iii
“ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO DAS COMUNIDADES DE
COLLEMBOLA PODUROMORPHA EM ÁREAS PRESERVADAS E
IMPACTADAS NA RESTINGA DE MARICÁ, ESTADO DO RIO DE
JANEIRO, BRASIL”
Liliane Henriques Fernandes
Orientador: Profo Dr Jorge Luiz Nessimian
Co-Orientadora: Profª Dra Maria Cleide de Mendonça Tese apresentada à Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Zoologia), Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Ciências Biológicas(Zoologia) Aprovado por: ______________________________________________ Presidente, Prof. Dr. ______________________________________________ Prof. Dr. ______________________________________________ Prof. Dr. ______________________________________________ Prof. Dr. ______________________________________________ Prof. Dr.
Rio de Janeiro Julho/2006
iv
Trabalho realizado no Laboratório de Apterigotologia do Departamento de
Entomologia do Museu Nacional/UFRJ
Orientador Profo Dr Jorge Luiz Nessimian
Departamento de Zoologia, Instituto de Biologia/UFRJ
Co-Orientadora Profª Dra Maria Cleide de Mendonça
Departamento de Entomologia, Museu Nacional/UFRJ
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Figura da Capa
Primeiro cordão arenoso da APA de Maricá- Maricá.
Foto: Eduardo Assis Abrantes
vi
FICHA CATALOGRÁFICA
FERNANDES, Liliane Henriques
Estrutura e Composição das Comunidades de Collembola Poduromorpha em áreas
preservadas e impactadas na Restinga de Maricá, Estado do Rio de Janeiro, Brasil/ Liliane
Henriques Fernandes. -Rio de Janeiro: UFRJ/MN, 2006.
xx, 125f.
Orientador: Jorge Luiz Nessimian
Tese (Doutorado)- UFRJ/ Museu Nacional/ Programa de Pós-Graduação em
Ciências Biológicas (Zoologia), 2006.
Referências Bibliográficas: 107-119f.
1. Collembola 2. Poduromorpha 3. Ecologia
4. Taxonomia 5. Bioindicador 6. Restinga de Maricá
I. Nessimian, Jorge Luiz
II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional
III. Título
vii
Para meus pais sempre presentes em meu coração, Jeferson e Nanci, pelo
exemplo de determinação e perseverança, que foram fundamentais para minha
formação profissional e pessoal.
Para minhas irmãs, Rosane e Adriana, e para meus sobrinhos, Maria Clara,
Lucas, Arthur e Mauricio, por todos os momentos compartilhados.
viii
“O teu trabalho é o cântico de tua própria vida.
Imprime nele onde estiveres a nota azul do teu amor.
Estuda a Natureza:
Age o vento compondo melodias.
O rio mostra a força e convida ao serviço na cachoeira a estrondear.
Não busque a tarefa que te cabe com a tristeza do escravo.
O teu trabalho é a oficina em que podes forjar a tua própria luz”.
Emmanuel
ix
AGRADECIMENTOS
Ao Profo Dr. Jorge Luiz Nessimian, do Departamento de Zoologia do Instituto
de Biologia/UFRJ, pela generosidade e confiança com que aceitou me orientar não uma
mas duas vezes e que hoje pode ser considerado um “expert” em Collembola.
À Profa Dra Maria Cleide de Mendonça, do Departamento de Entomologia do
Museu Nacional/UFRJ, que além da oportunidade de iniciar meus estudos em
Collembologia, contribuiu para minha formação pessoal, com seu exemplo de
profissionalismo, dedicação, amizade, seus imprescindíveis ensinamentos e incentivo, e,
principalmente, por nossa convivência harmoniosa durante todos estes anos.
Às Profas Dras Heloísa Alves de Lima Carvalho, Maria Célia Bezerra Pinheiro,
à Bióloga Dra Maria Célia Rodrigues Correia e à Bióloga MSc Ana Tereza Araújo
Rodarte, do Departamento de Botânica do Museu Nacional/UFRJ, por seus preciosos
serviços na identificação das espécies vegetais. Em especial à Heloísa, ainda pelo dedicado
e indispensável amparo nos trabalhos de campo, pela leitura criteriosa do manuscrito e
valiosas sugestões.
Ao amigo Eduardo Assis Abrantes pelo companheirismo nos trabalhos de
campo, por compartilhar comigo horas de sofrimento na triagem dos colêmbolos, pelas
fotografias da área e pelo apoio computacional durante o curso.
À amiga Zilda dos Santos Ribeiro pela companhia nos trabalhos de campo e
pela agradável convivência no Laboratório de Apterigotologia.
Ao amigo Décio Ferreira de Moraes Júnior, do Departamento de Vertebrados
do Museu Nacional/UFRJ, por sua companhia no trabalho de campo, pelas fotografias das
áreas e pela marcação dos pontos de coleta com GPS.
Aos amigos André Luiz Gomes da Silva e Rejane Gomes, do Departamento de
Botânica do Museu Nacional/UFRJ, pela constante troca de informações sobre a Restinga
de Maricá.
Ao Profo Antônio Carlos Magalhães Macedo pelo incentivo, pelos sábios
conselhos e pela colaboração bibliográfica e cultural.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico- CNPq
pela concessão de Bolsa de Pós-Graduação.
x
Ao 6º Distrito de Meteorologia do Instituto Nacional de Meteorologia pelo
fornecimento dos dados de temperatura, precipitação, umidade relativa do ar e insolação da
Estação Meteorológica de Maricá.
Ao Laboratório de Água, Solos e Plantas da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (EMBRAPA), Centro Nacional de Pesquisa de Solos, pela análise física e
química do solo das amostras coletadas.
À Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas
(Zoologia) do Museu Nacional e à Secretária Anete Luz Costa pelo apoio oferecido
durante todo o curso.
À Biblioteca do Museu Nacional e seus funcionários que gentilmente me
auxiliaram na consulta de diversas obras.
Aos membros da Banca de Qualificação, Profo Dr. Jorge Luiz Nessimian, Profo
Dr. Elidiomar Ribeiro da Silva (UNIRIO) e Profa Dra Valéria Cid Maia (Museu
Nacional/UFRJ), pelas críticas e sugestões que contribuíram para o aperfeiçoamento deste
trabalho.
A todos que, de alguma forma, contribuíram para a elaboração desta tese e
compartilharam comigo meus desafios, vitórias e inquietações.
Muito obrigado.
xi
RESUMO “Estrutura e Composição das Comunidades de Collembola Poduromorpha em
áreas preservadas e impactadas na Restinga de Maricá, Estado do Rio de Janeiro, Brasil”
Resumo da Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Zoologia) do Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro- UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Ciências Biológicas.
Representantes da Ordem Poduromorpha (Collembola) foram estudados do
ponto de vista taxonômico e ecológico nos ambiente de vegetação halófila psamófila
reptante e de primeiro cordão arenoso em áreas preservadas e impactadas da Restinga de
Maricá. Durante o ano de 2003 foram realizadas 128 amostras nos meses de janeiro, junho,
julho e dezembro, que totalizaram 8.125 colêmbolos, dos quais 4.264 eram representantes
da Ordem Poduromorpha, distribuídos em 5 famílias, 16 gêneros e 23 espécies. O estudo
morfológico destas espécies permitiu acrescentar novos caracteres à descrição original de
Aethiopella littoralis, Brachystomella ceciliae, Maricaella duna e Rapoportella pitomboi.
As espécies Paraxenylla piloua, Friesea claviseta, F. mirabilis e F. magnicornis foram
registradas pela primeira vez no Brasil. Demonstrou-se através de um quadro
representativo as espécies fundamentais, acessórias e acidentais em cada um dos ambientes
amostrados. Nas áreas preservadas, para cada ambiente, verificou-se um padrão de
distribuição das espécies. Através do teste de espécies indicadoras foram apontadas duas
espécies indicadoras de área impactada, uma de área preservada, três de ambiente da
vegetação halófila psamófila reptante e quatro de primeiro cordão arenoso, destacando-se
Austrogastrura travassosi como indicadora de ambiente de vegetação halófila psamófila
reptante em áreas impactadas. Os maiores valores de diversidade, riqueza e equitabilidade
foram observados no ambiente de primeiro cordão arenoso da área impactada de Itaipuaçu.
A Análise de Correspondência Canônica mostrou que os fatores mais importantes na
distribuição espaço-temporal das espécies foram o pH, a umidade do solo e o conteúdo de
matéria orgânica. A variabilidade da fauna foi mantida nas áreas preservadas em cada um
dos ambientes amostrados.
Palavras-chave: Bioindicador, Collembola, Ecologia, Poduromorpha, Restinga de Maricá,
Taxonomia.
Rio de Janeiro Julho/2006
xii
ABSTRACT
“Structure and composition of Collembola Poduromorpha communities in preserved and
impacted areas in Restinga de Maricá, Rio de Janeiro State, Brazil”
Abstract da Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Zoologia) do Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro - FRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Ciências Biológicas.
Representatives of Order Poduromorpha (Collembola) was studied in
morphological and ecological view on intertidal zone vegetation and first sand barrier
areas in preserved and impacted areas of Restinga de Maricá. Along the year 2003, in the
months of January, June, July and December, were collected 128 samples, totaling 8,125
springtails from witch 4,264 are representatives of Order Poduromorpha, distributed in 5
families, 16 genera and 23 species. The morphological study of those species allowed
adding new characters in the original descriptions of Aethiopella litorallis, Brachystomella
ceciliae, Maricaella duna and Rapoportella pitomboi. The species Paraxenylla piloua,
Friesea claviseta, F. mirabilis and F. magnicornis were recorded for the first time to
Brazil. A representative picture of the fundamentals, accessories and accidentals species in
each environment was shown. A distribution pattern of the species was detected in
preserved areas in each environment. The indicator species test showed two indicators
species to preserved areas and one to impacted areas, three to intertidal zone vegetation
and four to first sand barriers vegetation, remarks to Austrogastrura travassosi as indicator
of impacted intertidal zone vegetation areas. The impacted first sand barrier in Itaipuaçu
showed the largest diversity, richness and equitability of species. The canonical
correspondence analyses indicate pH, soil humidity and organic matter content as the most
important factors on space-temporal distribution of species. The fauna variability in
preserved areas was maintained.
Key-words: Bioindicator, Collembola, Ecology, Poduromorpha, “Restinga de Maricá”,
Taxonomy.
Rio de Janeiro
July/2006
xiii
SUMÁRIO
Capítulo 1- Introdução 01
1.1- Ordem Poduromorpha 01
1.2- Ecologia de Collembola 04
1.3- Ação bioindicadora dos colêmbolos 05
1.4- Objetivos 06
Capítulo 2- Histórico 07
2.1- A fauna de Poduromorpha no litoral brasileiro 07
Capítulo 3- Material e Métodos 09
3.1- Área de estudo 09
3.2- Procedimentos de campo 19
3.3- Procedimentos de laboratório 19
3.4- Fatores abióticos 20
3.5- Nomenclatura e Distribuição Geográfica 21
3.6- Tratamento estatístico 22
3.7- Abreviaturas 23
Capítulo 4- Resultados e Discussão 25
4.1- A fauna de Poduromorpha na Restinga de Maricá 25
4.2- Caracterização das espécies 27
Friesea claviseta (Axelson,1900) 27
Friesea magnicornis Denis, 1931 30
Friesea mirabilis (Tullberg, 1871) 32
Friesea reducta Denis 1931 35
Pseudachorutes difficilis Denis, 1931 36
Aethiopella littoralis Fernandes & Mendonça, 2002 38
Neotropiella sp. 40
Arlesia sp. 41
Hylaeanura infima (Arlé, 1959) 43
xiv
Brachystomella agrosa Wray, 1953 45
Brachystomella ceciliae Fernandes & Mendonça, 2004 47
Brachystomella contorta Denis, 1931 49
Maricaella duna Mendonça & Fernandes, 1997 51
Rapoportella pitomboi Mendonça & Fernandes, 1995 53
Austrogastrura travassosi (Arlé, 1939) 54
Xenylla maritima Tullberg, 1869 57
Xenylla welchi Folsom, 1916 59
Paraxenylla piloua Thibaud & Weiner, 1997 62
Acherontiella globulata Thibaud & Massoud, 1979 65
Thalasaphorura sp. 66
Fissuraphorura cubanica Rusek, 1991 68
Mesaphorura amazonica Oliveira & Thibaud, 1992 71
Mesaphorura yosii (Rusek, 1967) 73
4.3- Fatores abióticos 75
4.3.1- Clima 75
4.3.2- Solo 76
4.4- Relação das áreas preservadas e impactadas com
os fatores do solo 80
4.5- Relação dos ambientes amostrados com os fatores do solo 81
4.6- Distribuição espaço-temporal da fauna de Poduromorpha 84
4.7- Coeficiente de freqüência das espécies 85
4.8- Percentagem de contribuição das espécies 87
4.9- Espécies Indicadoras 89
4.9.1- Áreas impactadas e preservadas 89
4.9.2- Ambientes de vegetação halófila psamófila
reptante e de primeiro cordão arenoso 90
4.10- Relação das espécies com fatores ambientais 91
xv
4.11- Análise de Correspondência Canônica 96
5- Conclusões 105
Referências Bibliográficas 107
Apêndices 120
xvi
ÍNDICE DE FIGURAS Fig. 1 Mapa do Município de Maricá (RJ), sua divisão em distritos
e pontos de coletas. 11 2 Vista aérea do município de Maricá (RJ) com delimitação da APA
de Maricá (em amarelo) e pontos de coletas 11 3 Vista aérea da Praia de Itaipuaçu (área impactada), com destaque
para os ambientes de vegetação halófila psamófila reptante (IPA) e de primeiro cordão arenoso (IPB) 15
4 Vista aérea da área de Itaipuaçu- APA de Maricá (área preservada), com destaque para os ambientes de vegetação halófila psamófila reptante (IAA) e de primeiro cordão arenoso (IAB) 16
5 Vista aérea da área de Maricá- APA de Maricá (área preservada), com destaque para os ambientes de vegetação halófila psamófila reptante (MAA) e de primeiro cordão arenoso (MAB) 17
6 Vista aérea da Praia de Barra de Maricá (área impactada), com destaque para os ambientes de vegetação halófila psamófila reptante (MPA) e de primeiro cordão arenoso (MPB) 18
7 Distribuição das regiões biogeográficas para Collembola segundo Bellinger et al. 1996-2006 21
Friesea claviseta (Axelson,1900)
8 Antenômeros III e IV 28 9 Tibiotarso e unha da perna I, face ventral e dorsal 28 10 Tibiotarso e unha da perna III, face dorsal e ventral 28 11 Mucrodens 28 12 Tergito abdominal VI 28 13 Quetotaxia dorsal e ventral 28 14 Distribuição de Friesea claviseta na área de estudo 29
Friesea magnicornis Denis, 1931 15 Antenômero IV e porção distal do antenômero III 31 16 Olhos 31 17 Tibiotarso e unha da perna III 31 18 Tenáculo 31 19 Região posterior do abdômen 31 20 Mucrodens 31 21 Face ventral da dens 31 22 Tergito abdominal VI 31 23 Espinhos anais 31 24 Distribuição de Friesea magnicornis na área de estudo 32
Friesea mirabilis (Tullberg, 1871) 25 Antenômeros III-IV 33 26 Tibiotarso e unha da perna III, face dorsal e ventral 33 27 Furca e abertura genital da fêmea 33 28 Quetotaxia dorsal 33 29 Distribuição de Friesea mirabilis na área de estudo 34
xvii
30 Distribuição de Friesea reducta na área de estudo 36 31 Distribuição de Pseudachorutes difficilis na área de estudo 38 32 Distribuição de Aethiopella littoralis na área de estudo 40 33 Distribuição de Neotropiella sp. na área de estudo 41
Arlesia sp. 34 Olhos 42 35 Mandíbula 42 36 Cerdas labrais 42 37 Tibiotarso e unha da perna III 42 38 Mucro 42 39 Distribuição de Arlesia sp. na área de estudo 43 40 Distribuição de Hylaeanura infima na área de estudo 45 41 Distribuição de Brachystomella agrosa na área de estudo 47 42 Distribuição de Brachystomella ceciliae na área de estudo 49 43 Distribuição de Brachystomella contorta na área de estudo 51 44 Distribuição de Maricaella duna na área de estudo 52 45 Distribuição de Rapoportella pitomboi na área de estudo 54
Austrogastrura travassosi (Arlé, 1939) 46 Antenômeros III-IV 56 47 Olhos e órgão pós-antenal 56 48 Tibiotarso e unha da perna III 56 49 Tubo ventral 56 50 Dens, mucro e tenáculo 56 51 Abertura genital do macho 56 52 Quetotaxia dorsal 56 53 Distribuição de Austrogastrura travassosi na área de estudo 57 54 Distribuição de Xenylla maritima na área de estudo 59
Xenylla welchi Folsom, 1916 55 Antenômeros III-IV 61 56 Tibiotarso e unha da perna III 61 57 Dens e mucro 61 58 Quetotaxia dorsal e ventral 61 59 Distribuição de Xenylla welchi na área de estudo 62
Paraxenylla piloua Thibaud & Weiner, 1997 60 Antenômeros III-IV 64 61 Tibiotarso e unha da perna I 64 62 Tenáculo 64 63 Furca 64 64 Abertura genital da fêmea 64 65 Quetotaxia dorsal 64 66 Distribuição de Paraxenylla piloua na área de estudo 65 67 Distribuição de Acherontiella globulata na área de estudo 66
xviii
Thalassaphorura sp.
68 Orgão pós-antenal 67 69 Unha e apêndice empodial da perna III 67 70 Tubo ventral 67 71 Área furcal 67 72 Abertura genital da fêmea 67 73 Pseudocelo 67 74 Distribuição de Thalassaphorura sp. na área de estudo 68
Fissuraphorura cubanica Rusek, 1991 75 Antenômeros III-IV 70 76 Órgão pós-antenal e pseudocelo 70 77 Abertura genital do macho e valvas anais 70 78 Quetotaxia dorsal cefálica e torácica 70 79 Quetotaxia dorsal do abdômen 70 80 Distribuição de Fissuraphorura cubanica na área de estudo 71 81 Distribuição de Mesaphorura amazonica na área de estudo 73 82 Distribuição de Mesaphorura yosii na área de estudo 75 83 Umidade e temperatura do solo nas áreas impactadas
nos meses de coletas 79 84 Umidade e temperatura do solo nas áreas preservadas
nos meses de coletas 80 85 (A-I) Valores máximos, mínimos, médias e desvio padrão
dos fatores do solo: Ca, Mg, K, Na, Al, H, P assimilável, matéria orgânica e umidade do solo, designadas respectivamente A-I, nas áreas preservadas e impactadas, p significativo 82
86 (A-G)- Valores máximos, mínimos, médias e desvio padrão dos fatores do solo: Ca, K, Al, H, pH, matéria orgânica e umidade do solo, designadas respectivamente A-G, nos ambientes de vegetação halófila psamófila reptante e de primeiro cordão arenoso, p significativo 83
87 Percentagem de contribuição das espécies de Poduromorpha nas áreas de amostragem (as spp com menos de 5 exemplares no total, foram excluídas) 88
88 Análise de Correspondência Canônica baseada em “espécies versus amostras versus fatores ambientais” 98
89 Análise de Correspondência Canônica baseada em “espécies versus amostras versus fatores ambientais” 99
90 Análise de Correspondência Canônica baseada em “espécies versus amostras de vegetação halófila psamófila reptante versus fatores ambientais” 101
91 Análise de Correspondência Canônica baseada em “espécies versus amostras de primeiro cordão arenoso versus fatores ambientais” 103
xix
ÍNDICE DE TABELAS
Tab.
1 Espécies vegetais e sua ocorrência nos ambientes estudados(VP - vegetação
halófila psamófila reptante; PC - primeiro cordão arenoso) 12
2 Dados meteorológicos da Estação de Maricá, durante o ano de 2003. Os
meses de coleta estão sombreados 76
3 Caracterização físico-química do solo nas áreas de estudos (Médias- em
negrito e itálico e Desvio Padrão- normal) 78
4 Resultado obtido do Teste de Tukey aplicado para verificar a relação dos
fatores do solo com as áreas impactadas e preservadas 80
5 Resultado obtido do Teste de Tukey aplicado para verificar a relação dos
fatores do solo com os ambientes de vegetação halófila psamófila
reptante e de primeiro cordão arenoso 81
6 Abundância total das espécies de Poduromorpha, Diversidade de Shannon-
Weaver, Riqueza de Margalef e Equitabilidade de Hill nas áreas de estudo 84
7 Espécies fundamentais, acessórias e acidentais na vegetação halófila
psamófila reptante das quatro áreas amostradas 86
8 Espécies fundamentais, acessórias e acidentais na vegetação do primeiro
cordão arenoso das quatro áreas amostradas 86
9 Resultados obtidos do teste de espécies indicadoras de áreas
preservadas e impactadas da Restinga de Maricá, para p*<0,05 90
10 Resultados obtidos do teste de espécies indicadoras de ambientes
de vegetação halófila psamófila reptante (VP) e de primeiro cordão
arenoso (PC) da Restinga de Maricá, para p*<0,05 91
11 Sumário da Análise de Correspondência Canônica e coeficientes
de correlação obtidos entre os fatores ambientais e os eixos de ordenação 96
12 Sumário da Análise de Correspondência Canônica e coeficientes
de correlação obtidos entre os fatores ambientais e os eixos de
ordenação no ambiente de vegetação halófila psamófila reptante 100
13 Sumário da Análise de Correspondência Canônica e coeficientes
de correlação obtidos entre os fatores ambientais e os eixos de
ordenação no ambiente de primeiro cordão arenoso 102
xx
ÍNDICE DE APÊNDICES
Apend.
1 (A-D)- A- Quetotaxia dorsal de Xenylla sp. (modificada de
Gama, 1987); B- cerdas labrais (modificada de Massoud, 1967);
C- Tibiotarso III com cerda M (modificada de Deharveng, 1989);
D- quetotaxia das valvas anais (modificada de D’Haese, 2000) 121
2 Número de indivíduos coletados por área e ambiente no mês
de janeiro de 2003 (VP- vegetação halófila psamófila reptante
e PC- primeiro cordão arenoso) 122
3 Número de indivíduos coletados por área e ambiente no mês
de junho de 2003 (VP- vegetação halófila psamófila reptante e
PC- primeiro cordão arenoso) 123
4 Número de indivíduos coletados por área e ambiente no mês
de julho de 2003 (VP- vegetação halófila psamófila reptante e
PC- primeiro cordão arenoso) 124
5 Número de indivíduos coletados por área e ambiente no mês
de dezembro de 2003 (VP- vegetação halófila psamófila reptante
e PC- primeiro cordão arenoso) 125
1
1- Introdução
1.1- Ordem Poduromorpha
A Classe Collembola é a mais abundante e amplamente distribuída dos
Hexapoda Entognata (HOPKIN, 1997). Embora análises morfológicas e moleculares de
CARPENTER & WHEELER (1999) e WHEELER et al. (2001) apontem a permanência
do grupo entre os Hexapoda, outros estudos conduzidos por GIRIBET et al. (2001) os
colocam em Pancrustacea, juntamente com os insetos.
Poduromorpha sensu BORNER (1913), pertencente à Classe Collembola,
compreende um grupo grande e diversificado que inclui atualmente cerca de 2.800
espécies distribuídas em 292 gêneros presentes em todos os ambientes e regiões
zoogeográficas (BELLINGER et al. 1996-2006). Seus representantes caracterizam-se pelo
corpo alongado com nítida divisão dos segmentos, sendo estes subiguais; protórax visível e
provido de cerdas. Esta Ordem está constituída atualmente pelas famílias Neanuridae
Cassagnau, 1955; Brachystomellidae Stach, 1949; Odontellidae Massoud, 1967; Poduridae
Lubbock, 1870; Hypogastruridae Börner, 1906; Pachytullbergiidae Stach, 1954;
Paleotullbergiidae Deharveng, 2004; Gulgastruridae Lee & Thibaud, 1998; Onychiuridae,
Börner, 1901; Tullbergiidae Bagnal, 1935 e Isotogastruridae Thibaud & Najt, 1992.
Neanuridae, a mais diversa e intensamente estudada dentre os Poduromorpha,
inclui 158 gêneros e 1.273 espécies amplamente distribuídas. Seus representantes
caracterizam-se principalmente por modificações nas peças bucais, sendo a mais notável, a
perda da placa molar da mandíbula que está presente na grande maioria dos colêmbolos
mastigadores. Neste caso, a mandíbula e a maxila sofreram conspícuas modificações,
representadas pelo alongamento e estreitamento dando origem ao aparelho bucal do tipo
picador-sugador o que acarretou uma maior diferenciação na dieta alimentar.
Brachystomellidae, anteriormente considerada uma subfamília de Neanuridae,
compreende até o momento cerca de 130 espécies incluídas em 18 gêneros (BELLINGER
et al., 1996-2006). Seus representantes são caracterizados pela ausência de mandíbula,
exceto em Probrachystomellides nicolaii, onde as mesmas ocorreram em tamanho
reduzido (WEINER & NAJT, 1991). De acordo com NAJT et al. (2005), nesta família o
2
lábio exibe cerda L em papila (Apêndice 1); a quetotaxia labral é estável, seguindo a
fórmula 2/2334; as cerdas prelabrais são em número de duas e a linha m está presente. Esta
família, que inclui geralmente indivíduos de pequeno porte, é amplamente distribuída,
sendo a maioria dos gêneros e espécies ocorrentes no hemisfério sul, especialmente na
Região Neotropical (NAJT & WEINER, 1996).
Odontellidae, também considerada anteriormente uma subfamília de
Neanuridae, foi elevada por DEHARVENG (1981) com base na modificação das peças
bucais, onde ocorreu o desaparecimento do cardo, ficando a estipe diretamente articulada
ao fulcro. Esta família, de distribuição cosmopolita (PALÁCIOS-VARGAS et al., 2000) e
facilmente identificável pelo formato cônico da antena e pelo mucro bilobado, está
constituída atualmente por 124 espécies pertencentes a 12 gêneros (BELLINGER et al.,
1996-2006).
Poduridae, com apenas um representante, Podura aquatica Linnaeus, 1758, de
distribuição holártica e típico de vegetação marginal de rios e lagos, apresenta cabeça
hipognata, peças bucais mastigadoras, furca conspícua representada por um manúbrio curto
e dens longa, bastante curva.
Hypogastruridae, de distribuição cosmopolita, é formada por 659 espécies
distribuídas em 40 gêneros (BELLINGER et al., 1996-2006). Segundo THIBAUD et al.
(2004) os representantes desta família se caracterizam pelo habitus alongado e
segmentado, pelo segmento torácico I desenvolvido, com uma fileira de cerdas dorsais.
Além disso, apresentam peças bucais fortes e mastigadoras, geralmente são pigmentados,
desprovidos de pseudocelos e de papilas protetoras no órgão sensorial do antenômero III.
Pachytullbergiidae, constituída de 2 gêneros e 2 espécies, respectivamente,
Pachytullbergia scabra Bonet, 1947 e Sensiphorura marshalli Rusek, 1976, sem
ocorrência para o Brasil, é desprovida de olhos, pigmento, pseudocelos e furca. Apresenta
peças bucais mastigadoras; órgão sensorial do antenômero III complexo, com sensilas
diferenciadas protegidas por 5 papilas tegumentares e 5 cerdas simples; órgão pós-antenal
e espinhos anais presentes (BONET, 1947).
Paleotullbergiidae, com um único representante, Paleotullbergia primigenia
Dellamare Deboutteville, 1951 descrita da África (Costa do Marfim), é desprovida de
pigmento, olhos, órgão pós-antenal, pseudocelos, furca e espinhos anais. Apresenta peças
bucais mastigadoras e órgão sensorial do antenômero III formado por 3 vesículas.
(DELAMARE DEBOUTTEVILLE, 1951).
3
Gulgastruridae, anteriormente considerada uma subfamília de Hypogastruridae,
foi elevada à condição de família por LEE & THIBAUD (1998) devido à sua singular
morfologia caracterizada pela perda do órgão sensorial do antenômero III, do órgão pós-
antenal, de olhos e de pseudocelos. Apresenta, ainda, o órgão apical do antenômero IV
constituído por um conjunto de 30 ou mais papilas, algumas ramificadas, alojadas em uma
cavidade; furca reduzida a dois tubérculos granulares e tubo ventral com mais de uma
dúzia de cerdas de cada lado. Esta família inclui até o momento uma única espécie,
Gulgastrura reticulosa Yossi, 1966, encontrada em caverna calcária na Coréia.
Os Onychiuridae, representados por 47 gêneros e 602 espécies, estão
amplamente distribuídos por todo o mundo. Seus representantes são caracterizados pela
ausência de olhos; pela e presença de pseudocelos distribuídos ao longo do corpo; por um
complexo órgão sensorial no antenômero III e por um elaborado órgão pós-antenal. São
geralmente alongados, providos de espinhos anais e desprovidos de furca e de pigmento.
Tullbergiidae, com 33 gêneros e 208 espécies, é amplamente distribuída
(BELLINGER et al., 1996-2006). Seus representantes, esbeltos e de tamanho reduzido, são
desprovidos de olhos; peças bucais mastigadoras; órgão sensorial do antenômero III
formado por 1-3 massas sensoriais entre as quais se localizam um par de bastonetes; corpo
com poucos pseudocelos; espinhos anais sempre presentes; órgão pós-antenal complexo
(JORDANA et al., 1997).
Isotogastruridae, de posição questionável, apresenta caracteres comuns às
ordens Poduromorpha e Entomobryomorpha. O protórax é desprovido de cerdas, como em
Entomobryomorpha, e bem desenvolvido, como em Poduromorpha. A segmentação do
corpo é isomórfica como nos Isotomidae e nos Poduromorpha e a quetotaxia é primitiva
como em Hypogastruridae. Suas características peculiares referem-se à ausência da
microsensila s’ nos segmentos torácicos II e III; abertura glandular na parte ântero-mediana
do tergito abdominal V; órgão sensorial complexo, localizado na parte basal da face dorsal
do antenômero IV; órgão pós-antenal, pseudocelos e escamas ausentes (THIBAUD &
NAJT, 1992). Esta família inclui um único gênero com 5 espécies ocorrentes em areias de
praias do México, Nova Caledônia e Pequenas Antilhas (BELLINGER et al., 1996-2006).
4
1.2- Ecologia de Collembola
Os colêmbolos têm sido utilizados em estudos de âmbito ecológicos, em parte,
pela grande diversidade de meios por eles habitados e pelas suas reações imediatas às
variações ambientais (POZO et al., 1986). Juntamente com os ácaros podem constituir até
98% do total da mesofauna sendo por isto considerados um dos grupos mais importantes
nos processos da gênese, dinâmica e evolução dos solos (ATHIAS et al., 1974;
PALÁCIOS-VARGAS, 1985; MIRANDA-RANGEL & PALACIOS-VARGAS, 1992
EATON et al., 2004 e ZEPPELINI & BELLINI, 2004).
A maioria das publicações sobre esta classe trata indubitavelmente de
taxonomia, mas o número de artigos referentes à ecologia é grande e vem aumentando a
cada ano (PETERSEN, 2002). Nos últimos 30 anos, acumularam-se informações sobre
levantamentos faunísticos, biogeográficos, dinâmica populacional e composição de
espécies nas regiões temperadas (PONGE & PRAT, 1982; POZO, 1986; POZO et al.,
1986; GAMA et al., 1991, 1994, 1995 e 1997; FERREIRA et al., 1994, THIBAUD, 2001
e SOUZA et al., 2003). No entanto, somente a partir de 1985, os colêmbolos de litoral,
receberam maior atenção por diversos especialistas, dentre os quais destacam-se trabalhos
de taxonomia (THIBAUD, 1993, 1994, 1995, 1996, 2002 e 2004), de biodiversidade
(THIBAUD & CHRISTIAN, 1997) e de estrutura das comunidades (MALLOW et al.,
1984; EHRNSBERGER et al., 1997).
Nas regiões tropicais e subtropicais ainda é notável a falta de estudos
biológicos e ecológicos para avaliação da estrutura e composição das comunidades
conforme preconizado por LAVELLE et al., 1981; PALACIOS-VARGAS, 1981, 1985 e
VILLALOBOS, 1990. No Brasil, estes estudos são ainda mais escassos, principalmente os
voltados para a fauna colembológica de litoral havendo apenas alguns registros de espécies
ocorrentes neste ambiente. Na Restinga de Maricá (RJ), o primeiro estudo neste sentido foi
realizado por VALLEJO & VALLEJO (1981), ao qual, após longo período, foram sendo
somadas novas contribuições relacionadas, principalmente, à taxonomia e biodiversidade
(MENDONÇA & FERNANDES, 1997; THIBAUD & PALACIOS-VARGAS, 1999;
FERNANDES, 2001; FERNANDES & MENDONÇA, 2002 e 2004; ABRANTES &
MENDONÇA, 2005; MENDONÇA et al., 2006 e ABRANTES, 2006).
5
1.3- Ação bioindicadora dos colêmbolos
Os colêmbolos são numerosos na maioria dos solos e particularmente
dominantes naqueles perturbados e em estágio inicial de sucessão, onde a estrutura da
comunidade mudou ao longo de um gradiente de poluição (PETERSEN, 2002). Sua
sensibilidade e percepção às mudanças ambientais os qualificam como bioindicadores em
vários tipos de sistemas edáficos (PRAT & MASSOUD, 1980, PINTO et al., 1997,
GREENSLADE, 1997; GOMEZ-ANAYA & PALACIOS-VARGAS, 2004). Esta
atividade bioindicadora vem sendo utilizada em estratégias de conservação e
monitoramento em ecossistemas naturais e perturbados por poluição e outros impactos
antropogênicos (KOPESKI, 1997 e CULIK & ZEPPELINI-FILHO, 2003). A presença de
numerosa e diversificada fauna colembológica intersticial em sedimentos arenosos,
encontrada por THIBAUD & CHRISTIAN (1997), permitem interessantes comparações
do grupo nas suas diversas comunidades confirmando sua excelência enquanto indicador
ecológico.
Diversos pesquisadores vêm utilizando determinados gêneros da Ordem
Poduromorpha, por exemplo, Mesaphorura, como indicadores ecológicos (RUSEK, 1979)
e em estudos biocenóticos para verificação de acidofilia (HAGVAR, 1990 e PONGE,
2000). A espécie Mesaphorura krausbaueri Borner, 1901 tem sido considerada indicadora
de fertilidade do solo e pioneira em sucessão secundária de solos cultivados (DUNGER,
1986) e como indicadora de solos compactados por máquinas agrícolas (HEISLER, 1995).
Outras espécies, como, Onychiurus armatus (Tullberg, 1869), têm sido utilizadas para
estudar os efeitos da poluição e das atividades humanas na reprodução, na mortalidade e no
crescimento populacional (BENGTSSON et al., 1983, 1985) e o impacto da compactação
em solos agrícolas (LARSEN et al., 2004). Estudos envolvendo adaptações da cutícula
(KING et al., 1990), crescimento, reprodução, mortalidade (WITTEVEN & JOOSSE,
1987), regulação iônica e osmótica (WITTEVEN et al., 1987) e habilidade de
sobrevivência às condições de transporte marinho (COULSON et al., 2002) vêm sendo
realizados com algumas espécies de litoral.
As restingas, localizadas entre os ecossistemas marinhos e continentais,
apresentam uma complexidade e diversidade superadas apenas pelas florestas pluviais.
Este ecossistema caracteriza-se por solos arenosos, geralmente pobres em argila e matéria
orgânica, com baixa capacidade de retenção de água e nutrientes, não obstante a grande
6
proporção da entrada anual deste último, sob a forma do salsugem (HAY & LACERDA,
1984 e MENEZES & ARAUJO, 2000). As areias de praia, segundo WEINER &
THIBAUD (1991), OLIVEIRA et al. (1994) e THIBAUD & CHRISTIAN (1995),
parecem constituir um biótopo menos rico em indivíduos e em espécies, além de ser
considerado bastante pobre troficamente e de condições de vida reinantes extremas.
Deste modo, foram escolhidas áreas das restingas de Itaipuaçu e Barra de
Maricá como objeto deste estudo não somente em virtude do reduzido número de espécies
conhecidas, mas também pelo acelerado grau de deterioração que este ecossistema vem
sofrendo ao longo dos últimos anos, provocado principalmente pela especulação
imobiliária. Outros eventos, igualmente danosos, como retirada de areia e plantas
consideradas ornamentais, extração madeireira, queimadas ou deposição de lixo
transformam grande parte de suas áreas em fragmentos da vegetação original. Tudo isto
vem causando danos irreversíveis aos seus componentes biológicos e paisagísticos e
colocando em risco um valioso patrimônio genético.
1.4- Objetivos
O objetivo central da presente tese é comparar a fauna de Poduromorpha em
áreas impactadas e preservadas, e verificar suas respostas ao impacto antrópico. Além disto,
outros objetivos foram propostos, como:
- Inventariar e caracterizar a fauna de Poduromorpha na Restinga de Maricá;
- Registrar novas ocorrências para o Brasil e para a área de estudo;
- Determinar e quantificar as espécies habitantes do ambiente de vegetação halófila
psamófila reptante e de primeiro cordão arenoso;
- Verificar a relação das áreas amostradas com os fatores do solo;
- Verificar a estrutura das populações nas áreas estudadas e comparar aspectos de riqueza e
diversidade entre as mesmas;
- Determinar a constância das espécies nas localidades amostradas;
- Determinar a contribuição de cada espécie para as áreas amostradas;
- Determinar as espécies indicadoras dos ambientes amostrados, bem como, de áreas
impactadas e preservadas;
- Verificar a relação das espécies com os fatores ambientais;
- Identificar os fatores que determinaram a estrutura das comunidades de Poduromorpha.
7
2- Histórico
2.1- A fauna de Poduromorpha no litoral brasileiro
Estudos envolvendo poduromorfos no litoral brasileiro, revelaram a presença
de 29 espécies, sendo a maioria pertencente à família Neanuridae.
O primeiro registro incluindo representante desta ordem foi feito por ARLÉ
(1959) no qual assinalou a presença de Anurida maritima (Guérin, 1838) em faces
rochosas do litoral brasileiro.
Em um estudo sobre a biologia e ecologia da fauna marinha brasileira
realizado por SCHUSTER (1965), Anurida maritima foi registrada para o Recife e
Pseudanurida sawayana foi descrita com base em material procedente de mangue
localizados em Recife (PE) e em Cananéia (SP).
ARLÉ (1966a) descreveu um novo gênero e uma nova espécie, Halachorutes
schusteri, abundante na faixa intercotidal entre pedras e cirripédios da região de
Salinópolis (PA) e Baía de Sepetiba (RJ). ARLÉ (1981), em um relato de suas observações
realizadas sobre o litoral do Pará, discutiu a bionomia de H. schusteri, considerando-a
talassobionte. Neste mesmo artigo, o autor referiu-se à presença de Pseudanurida
sawayana em mangue no Recife (PE), e indicou a ocorrência de Anurida maritima desde
Pernambuco até o litoral sul.
O primeiro registro para a Restinga de Maricá foi realizado por MENDONÇA
& ARLÉ (1992), ao estudarem a variação quetotáxica de Brachystomella agrosa, baseada
em exemplares coletados na região.
THIBAUD & PALACIOS-VARGAS (1999) ampliaram o conhecimento das
espécies ocorrentes no litoral dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, através do
registro de nove espécies de Poduromorpha: Ceratophysella bengtssoni (Agren, 1904);
Mesogastrura cf. ojcoviensis (Stach, 1918); Austrogastrura travassosi (Arlé, 1939);
Willemia brevispina Hüther, 1962; Friesea cubensis Potapov & Banasko, 1985; Friesea
josei Palácios-Vargas, 1986; Fissuraphorura cubanica Rusek, 1991; Mesaphorura yosii
(Rusek, 1967) e Mesaphorura sp. gr. atlantica.
Outra importante contribuição para o conhecimento da diversidade e
distribuição de Collembola no Brasil foi realizada por CULIK & ZEPPELINI-FILHO
8
(2003). Os autores fizeram uma compilação da bibliografia até maio de 2002 na qual
assinalaram a ocorrência de 199 espécies de colêmbolos, sendo a maioria destes registros
para os estados do Amazonas e Rio de Janeiro. Ainda neste artigo, os autores incluíram
uma lista completa das espécies com suas respectivas referências, distribuição e hábitat
onde foram encontradas.
Em 1995 foi criado o Projeto “Estudo Taxonômico e Ecológico de Collembola
(Insecta) da Restinga de Maricá/Itaipuaçu, Rio de Janeiro, RJ, Brasil” objetivando o
conhecimento da composição e estrutura das comunidades ocorrentes nesta localidade.
Este projeto resultou, em uma primeira instância, nas descrições de um novo gênero e uma
nova espécie, Maricaella duna por MENDONÇA & FERNANDES (1997), pertencente
aos Brachystomellidae; e da espécie Aethiopella littoralis por FERNANDES &
MENDONÇA (2002) da subfamília Pseudachorutinae.
Ainda como resultado do estudo das espécies de Poduromorpha da Restinga
de Maricá, FERNANDES & MENDONÇA (2004) descreveram quatro novas espécies:
Mesaphorura maricaensis, Brachystomella ceciliae, Arlesia intermedia e Micranurida
fluminensis) e registraram a ocorrência de mais 10 espécies na região: Xenylla maritima
Tullberg, 1869; Acherontiella globulata Thibaud & Massoud, 1979; Onychiurus cf.
mariapetrae Thibaud, 1993; Mesaphorura amazonica Oliveira & Thibaud, 1992;
Brachystomella contorta Denis, 1931; Brachystomellides compositus Arlé, 1959;
Rapoportella pitomboi Mendonça & Fernandes, 1995; Friesea reducta Denis, 1931;
Pseudachorutes difficilis Denis, 1931; Hylaeanura infima (Arlé, 1959).
Este projeto resultou ainda na produção de duas dissertações de Mestrado,
FERNANDES (2001) e ABRANTES (2006), além da presente tese, que amplia para 34 o
número de espécies conhecidas no litoral brasileiro, ao anexar o registro de Paraxenylla
piloua Thibaud & Weiner, 1997; Xenylla welchi Folsom, 1916; Friesea claviseta (Axelson,
1900); Friesea magnicornis Denis, 1931 e Friesea mirabilis (Tullberg, 1871).
9
3- Material e Métodos
3.1- Área de estudo
As restingas estendem-se ao longo de 79% do litoral brasileiro,
aproximadamente 5.000 km. No Estado do Rio de Janeiro ocorre de Itabapoana, na divisa
com o Estado do Espírito Santo, até a Praia de Trindade, em Parati (ARAÚJO &
HENRIQUES, 1984).
O presente trabalho foi conduzido na Restinga de Maricá, a qual integra a
grande “planície litorânea arenosa quaternária” que ocorre ao longo de toda a costa
brasileira (SUGUIO & TESSLER, 1984). Esta área está situada no litoral fluminense a
leste da cidade do Rio de Janeiro, sob as coordenadas geográficas 22º57’50’’S e
42º50’44’’W.
O clima da região de Marica é do tipo tropical quente superúmido com
subseca (NIMER, 1977). Apresenta médias anuais de temperatura máxima de 28°C e
mínima de 15,3°C, sendo a temperatura média de 23,6°C; valores médios mensais de
umidade relativa do ar variando de 78,3% a 84%; total médio anual de precipitação
pluviométrica de 1130,8mm e insolação média de 188,6 horas (MANTOVANI &
IGLESIAS, 2001).
A flora da região é rica e heterogênea, sendo a vegetação remanescente
associada ao sistema lagunar, que constitui um hábitat altamente especializado e
indispensável à perpetuação de inúmeras espécies animais (LOURO & SANTIAGO,
1984), principalmente pela produção e variedade de flores e frutos que durante o ano
inteiro representam um importante chamariz para insetos e aves (MACIEL, 1984).
O solo da Restinga de Maricá se caracteriza pelo alto conteúdo de areia, baixa
percentagem de argila (menos de 0,5%) e de nutrientes. A entrada dos nutrientes nos
ecossistemas de restinga se dá através da precipitação seca, deposição de salsugem, chuva,
fixação de nitrogênio, ventos, animais migratórios, dispersão de frutos e sementes. A
principal saída ocorre pela lixiviação do solo e escoamento da água para o lençol freático
que é facilitada pela baixa capacidade de retenção dos solos arenosos (HAY &
LACERDA, 1984).
10
O município de Maricá é formado por quatro distritos: Maricá, Ponta Negra,
Inoã e Itaipuaçu, dentre os quais foram escolhidas duas áreas protegidas pela legislação e
duas impactadas pela atuação antrópica, cada uma delas situada entre as praias de Itaipuaçu
e Barra de Maricá, respectivamente nos distritos de Itaipuaçu e Maricá (Figs 1 e 2).
As áreas preservadas pela legislação ambiental, que constituem a segunda e
terceira localidades de coleta, estão situadas na Área de Proteção Ambiental (APA) de
Maricá, criada através do Decreto Estadual nº 7.230 de 23 de abril de 1984. Esta APA
ocupa uma área total de 8,3 Km2 entre as coordenadas 22º52’ a 22º54’S e 42º48’ a
42º54’W.
As áreas estudadas foram divididas em dois ambientes, sendo o primeiro
compreendido pela vegetação halófila psamófila reptante e o segundo pelo primeiro cordão
arenoso. Os termos usados para designar estes ambientes basearam-se em ARAÚJO &
HENRIQUES (1984).
O ambiente de vegetação halófila psamófila reptante consiste em uma faixa
livre do alcance das marés, mas ainda sujeita à força das ressacas. A vegetação presente
neste ambiente é representada por espécies rasteiras, herbáceas, capazes de conviver com a
elevada salinidade, a exposição direta aos raios solares e aos ventos. É uma área pobre em
nutrientes, onde são típicas as espécies: Alternanthera maritima, Blutaparon portulacoides,
Sporobulus virginicus, Mariscus pedunculatus, Ipomoea pes-caprae, Ipomoea littoralis
(SILVA & OLIVEIRA, 1989).
O primeiro cordão arenoso possui formato irregular, no qual a vegetação
predominantemente arbustiva e baixa, é em geral abrigada pelas dunas, formando, em
alguns trechos, um emaranhado de difícil penetração (SILVA & OLIVEIRA, 1989). Esta
área está adaptada aos efeitos da salinidade do solo, mobilidade do substrato e sofre mais
intensamente a ação dos ventos (SILVA & SOMNER, 1984). As espécies típicas desta
área são: Eugenia uniflora, Schinus terebenthifolius, Clusia lanceolata, Clusia fluminense,
Cereus fernambucensis, Allagoptera arenaria e Neoregelia cruenta (SILVA &
OLIVEIRA, 1989).
A identificação das espécies vegetais em cada área e ambiente estudado foi
realizada pela Profª Dra Heloísa Alves de Lima Carvalho, pela bióloga Dra Maria Célia
Rodrigues Correia e pela Doutoranda Ana Tereza Araujo Rodarte, pertencentes ao
Departamento de Botânica do Museu Nacional/UFRJ. As espécies encontradas nos
ambientes estão assinaladas na Tabela 1.
11
Figura 1- Mapa do Município de Maricá (RJ), sua divisão em distritos e pontos de coletas. (●- Praia de Itaipuaçu, ●- Itaipuaçu-APA, ●- Maricá- APA e ●- Praia de Barra de Maricá)
Figura 2- Vista aérea do município de Maricá (RJ) com delimitação da APA de Maricá (em amarelo) e pontos de coletas (IPA- Praia de Itaipuaçu, vegetação halófila psamófila reptante; IPB- Praia de Itaipuaçu, vegetação de primeiro cordão arenoso; IAA- Itaipuaçu- APA, vegetação halófila psamófila reptante; IAB- Itaipuaçu- APA, vegetação de primeiro cordão arenoso; MAA- Maricá- APA, vegetação halófila psamófila reptante; MAB- Maricá- APA, vegetação de primeiro cordão arenoso; MPA- Praia de Barra de Maricá, vegetação halófila psamófila reptante; MPB- Praia de Barra de Maricá, vegetação de primeiro cordão arenoso). Imagem capturada pelo programa Google Earth em 03 de outubro de 2005.
12
Tabela 1- Espécies vegetais e sua ocorrência nos ambientes estudados (VP - vegetação
halófila psamófila reptante; PC - primeiro cordão arenoso).
Família Espécie VP PCAIZOACEAE Mollugo verticillata L., 1753 XAMARANTHACEAE Blutaparon portulacoides (A. St-Hil.) Mears, 1982 XANACARDIACEAE Schinus terebinthifolius Raddi, 1820 XARACEAE Philodendron corcovadense Kunth, 1841 XARECACEAE Allagoptera arenaria (Gomes) Kuntze, 1891 XASCLEPIADACEAE Ditassa banksii Schult., 1820 X Oxypetalum banksii Schult., 1820 X Peplonia asteria (Vell.) Fontella & E. A. Schwarz, 1983 XASTERACEAE Mikania cordifolia (L.f) Willd., 1803 XBROMELIACEAE Aechmea nudicaulis (L.) Griseb., 1864 X Bromelia antiacantha Bertol., 1824 X Neoregelia cruenta (Graham) L. B. Sm., 1939 X Tillandsia stricta Sol. ex Sims, 1813 XCACTACEAE Pilosocereus arrabidae (Lem.) Byles & G. D. Rowley, 1957 X Selenicereus setaceus (Salm-Dyck) A. Berger ex Werderm., 1933 XCAPPARACEAE Capparis flexuosa (L.) L., 1762 XCLUSIACEAE Clusia fluminensis Planch. & Triana, 1860 X Clusia lanceolata Cambess., 1828 XCONVOLVULACEAE Ipomoea imperati (Vahl) Griseb., 1866 X X Ipomoea pes-caprae (L.) Sweet, 1818 XCYPERACEAE Remirea maritima Aubl., 1775 XERYTHROXYLACEAE Erythroxylum ovalifolium Peyr., 1878 XEUPHORBIACEAE Chamaesyce thymifolia (L.) Millsp., 1916 X Dalechampia micromeria Baill., 1865 XFABACEAE Canavalia rosea (Sw.) DC., 1825 X X Chloroleucon tortum (Mart.) Pittier ex Barneby & J.W. Grimes, X Senna pendula (Willd.) H. S. Irwin & Barneby, 1982 XMALPIGHIACEAE Stigmaphyllon paralias A. Juss., 1833 [1832] X Tetrapterys sp. XMARCGRAVIACEAE Norantea brasiliensis Choisy, 1824 XMYRTACEAE Eugenia nitida Cambess., 1832 X Eugenia rotundifolia Casar. X Eugenia uniflora L., 1753 XNYCTAGINACEAE Guapira obtusata (Jacq.) Little, 1968 XOCHNACEAE Ouratea cuspidata (A. St.-Hil.) Engler XORCHIDACEAE Vanilla sp. XPASSIFLORACEAE Passiflora haematostigma Mart. ex Mast., 1872 XPOACEAE Panicum racemosum (P. Beauv.) Spreng., 1825 X Sporobolus virginicus (L.) Kunth., 1829 XRUBIACEAE Alibertia humilis K. Schum., 1889 X Borreria cymosa (Spreng.) Cham. & Schltdl., 1828 X Richardsonia sp. X Tocoyena bullata (Vell.) Mart., 1841 XSAPINDACEAE Allophylus puberulus (Cambessedes) Radlk. X Paullinia coriacea Casar. X Paullinia weinmanniaefolia Mart., 1837 XSAPOTACEAE Manilkara subsericea (Mart.) Dubard, 1915 XSMILACACEAE Smilax sp. XSOLANACEAE Brunfelsia latifolia (Pohl) Benth., 1846 XVERBENACEAE Stachytarpheta schottiana Schauer X
13
A primeira área é representada pela Praia de Itaipuaçu, estando sob
coordenadas, 22º58’S e 42º56’W. Esta área sofre o impacto da ação antrópica
principalmente pelo pisoteio, acúmulo de lixo e loteamento, onde uma estrada separa os
dois ambientes amostrados, que distam entre si cerca de 40 metros (Fig. 3). A vegetação
halófila psamófila reptante é caracterizada pela presença de Ipomoea imperati, Remirea
maritima, Sporobulus virginicus, Chamaesyce thymifolia e Blutaparon portulacoides. A
vegetação do primeiro cordão arenoso é constituída predominantemente por Allagoptera
arenaria e por Schinus terebinthifolius. Encontram-se ainda nesta área as espécies
Philodendron corcovadense, Pilosocereus arrabidae, Chloroleucon tortum, Tocoyena
bullata, Guapira obtusata, Ouratea cuspidata, Bromelia antiacantha, Senna pendula,
Clusia fluminensis, Clusia lanceolata, Selenicereus setaceus e Canavalia rósea, inclusive
duas invasoras, Crotalaria sp. e Poacea (indeterminada).
A segunda área, denominada Itaipuaçu-APA, estabeleceu-se a 4 km da
primeira, sob coordenadas 22º58’S e 42º53’W (Fig. 4). A vegetação halófila psamófila
reptante é representada pelas espécies: Ipomoea imperati, Ipomoea pes-caprae, Remirea
maritima, Sporobulus virginicus, Chamaesyce thymifolia, Blutaparon portulacoides e
Richardsonia sp. A vegetação do primeiro cordão arenoso é composta predominantemente
por Manilkara subsericea e Guapira obtusata, sendo caracterizada também pela presença
de Ipomoea imperati, Allagoptera arenaria, Philodendron corcovadense, Pilosocereus
arrabidae, Bromelia antiacantha, Ditassa banksii, Eugenia nitida, Paullinia coriacea,
Paullinia weinmanniaefolia, Mikania cordifolia, Smilax sp., Selenicereus setaceus,
Tocoyena bullata, Neoregelia cruenta, Alibertia humilis, Peplonia asteria, Vanilla sp.,
Capparis flexuosa e Clusia fluminensis. Estes ambientes distam entre si cerca de 120
metros.
A terceira área, distante 2 km da área anterior, foi denominada Maricá-APA,
sob coordenadas 22º57’S e 42º 52’W (Fig. 5). A vegetação halófila psamófila reptante é
representada por Ipomoea imperati, Ipomoea pes-caprae, Remirea maritima, Blutaparon
portulacoides, Sporobulus virginicus, Mollugo verticillata, Panicum racemosum e
Richardsonia sp. A vegetação de primeiro cordão arenoso é caracterizada pelas espécies
Neoregelia cruenta, Aechmea nudicaulis, Guapira obtusata, Pilosocereus arrabidae,
Tocoyena bullata, Allagoptera arenaria, Philodendron corcovadense, Manilkara
subsericea, Chloroleucon tortum, Tetrapterys sp., Passiflora haematostigma,
Erythroxylum ovalifolium, Bromelia antiacantha, Senna pendula, Eugenia rotundifolia,
14
Brunfelsia latifolia, Norantea brasiliensis e Stachytarpheta schottiana. Estes ambientes
distam entre si 90-110 metros.
A quarta área, situada a uma distância de 5,3 km da área anterior, corresponde
a Praia de Barra de Maricá, sob coordenadas 22º57’S e 42º49’W (Fig. 6). O impacto
ambiental nesta área está representado pelo pisoteio, retirada de areia, acúmulo de lixo e
devastação. A vegetação halófila psamófila reptante é caracterizada pelas espécies
Ipomoea pes-caprae, Canavalia rosea, Blutaparon portulacoides, Sporobulus virginicus e
um representante de Poaceae. A vegetação do primeiro cordão arenoso é formada por
fragmentos de moitas, com grande quantidade de gramíneas nos espaços entre elas. As
coletas foram realizadas em duas moitas, uma delas representada pelas espécies, Ipomoea
imperati, Eugenia uniflora, Stachytarpheta schottiana, Tocoyena bullata, Capparis
flexuosa, Guapira obtusata, Dalechampia micromeria, Pilosocereus arrabidae, Tillandsia
stricta, Borreria cymosa e Allophylus puberulus. A segunda moita é caracterizada pela
predominância de Stigmaphyllon paralias e Guapira obtusata, onde ocorrem também as
espécies Philodendron corcovadense, Pilosocereus arrabidae, Neoregelia cruenta,
Tocoyena bullata e Oxypetalum banksii. Os ambientes amostrados distam cerca de 150
metros.
O ambiente de vegetação halófila psamófila reptante das quatro áreas
estudadas sofre o acúmulo de lixo em suas margens, trazido pelas marés.
15
Figura 3- Vista aérea da Praia de Itaipuaçu (área impactada), com destaque para os ambientes de vegetação halófila psamófila reptante (IPA) e de primeiro cordão arenoso (IPB). Imagem capturada pelo programa Google Earth em 09 de janeiro de 2006. Fotografias dos ambientes por Abrantes & Fernandes.
16
Figura 4- Vista aérea da área de Itaipuaçu- APA de Maricá (área preservada), com destaque para os ambientes de vegetação halófila psamófila reptante (IAA) e de primeiro cordão arenoso (IAB). Imagem capturada pelo programa Google Earth em 09 de janeiro de 2006. Fotografias dos ambientes por Abrantes & Fernandes.
17
Figura 5- Vista aérea da área de Maricá- APA de Maricá (área preservada), com destaque para os ambientes de vegetação halófila psamófila reptante (MAA) e de primeiro cordão arenoso (MAB). Imagem capturada pelo programa Google Earth em 09 de janeiro de 2006. Fotografias dos ambientes por Abrantes & Fernandes.
18
Figura 6- Vista aérea da Praia de Barra de Maricá (área impactada), com destaque para os ambientes de vegetação halófila psamófila reptante (MPA) e de primeiro cordão arenoso (MPB). Imagem capturada pelo programa Google Earth em 09 de janeiro de 2006. Fotografias dos ambientes por Abrantes & Fernandes.
19
3.2- Procedimentos de campo
Foram realizadas coletas nas duas estações típicas da região, uma seca
(inverno) e outra chuvosa (verão), que corresponderam aos meses de janeiro, junho, julho e
dezembro de 2003. Nas quatro áreas e nos dois ambientes anteriormente determinados
foram realizadas quatro amostras de solo/folhiço no período compreendido entre 10:00 h e
15:00 h.
Com o auxílio de uma sonda cilíndrica, medindo 10 cm de diâmetro por 12 cm
de altura, foram efetuadas amostras padronizadas que consistiram na retirada do substrato
até uma profundidade de 10 cm. Essas amostras foram acondicionadas em sacos plásticos,
vedadas, etiquetadas e enumeradas.
Em cada ponto de coleta foi registrada a temperatura do solo através de um
termômetro de mercúrio introduzido no substrato por cerca de três minutos.
3.3- Procedimentos de laboratório
O material coletado foi pesado em balança digital de precisão e colocado em funis
de Berlese-Tullgren (TULLGREN, 1917) para extração da fauna a uma temperatura de 25oC,
durante 7 dias. Após este período, cada amostra foi novamente pesada para o cálculo da
umidade, através da fórmula preconizada por ALLEN & GRINSHAW (1974), onde PU
corresponde ao peso úmido, e PS ao peso seco:
( ) 100×−= PUPSPUU
A triagem dos colêmbolos foi feita com o auxílio de microscópio
estereoscópico, sendo a seguir, contados e acondicionados em tubos Duran 7X40mm
contendo etanol 96º GL.
O estudo da morfologia externa foi realizado com auxílio de microscópio
óptico Zeiss (Modelo Axioskop 2), utilizando-se a objetiva de imersão (100x). Para isto, os
colêmbolos foram montados entre lâmina e lamínula, utilizando-se o líquido conservador e
clarificador e precedendo-se de descoloração quando se tratava de espécimes fortemente
pigmentados, conforme metodologia descrita em ARLÉ & MENDONÇA (1982). O
líquido conservador e clarificador consiste numa mistura de 10ml de glicerina, 10ml de
20
ácido láctico e 10g de hidrato de cloral. Para a despigmentação total ou parcial, os
exemplares foram colocados em lâmina escavada contendo duas gotas de ácido clorídrico
(HCl) e quatro gotas de solução saturada de bicromato de potássio. As lâminas
permanentes foram etiquetadas e vedadas utilizando-se o cimento de Rondeau de Noyer
(1918) apud: LANGERON (1949) obtido através de uma mistura de 4 partes de Resina
Damar e 1 parte de lanolina colocada em banho-maria. A aplicação deste cimento é feita à
quente com o auxílio de uma espátula metálica.
Os desenhos dos táxons foram realizados com auxílio de câmara clara acoplada
ao microscópio óptico e as medidas com escala micrométrica.
A identificação taxonômica do material foi realizada com o auxílio de chaves e
publicações de SALMON (1964), MASSOUD (1967), CHRISTIANSEN & BELLINGER
(1980), CHRISTIANSEN & BELLINGER (1992), WEINER (1996), JORDANA et al.
(1997), POMORSKI (1998), THIBAUD et al. (2004), BELLINGER et al. (1996-2006).
No estudo taxonômico das espécies, para cada uma delas foi discriminada uma
lista de sinonímias e de material examinado de acordo com suas áreas de ocorrência.
Foram feitas caracterizações e tecidas considerações sobre suas variações morfológicas e
distribuição geográfica. Para indicação de ocorrência de cada espécie nas localidades de
estudo, utilizou-se um mapa no qual destacam-se as siglas na cor verde, para o ambiente de
vegetação psamófila reptante, e na cor vermelha, para o ambiente de primeiro cordão
arenoso.
Todo o material coletado foi depositado na Coleção de Collembola do Museu
Nacional/UFRJ, sob a sigla CM/MNRJ.
3.4- Fatores abióticos
Para cada amostra coletada foram realizadas análises de umidade do substrato;
conteúdo de matéria orgânica, Carbono, Nitrogênio; pH em água e em KCl; fósforo
assimilável e complexo sortivo (Ca, Mg, K, Na, Al, H) pelo Laboratório de Água, Solos e
Plantas (LASP) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA- SOLOS).
Informações sobre temperaturas máximas, médias e mínimas, precipitação,
umidade relativa do ar e insolação referentes à Estação Meteorológica de Maricá, sob
21
coordenadas geográficas 22o55’S e 42o49’W, foram obtidas no 6º Distrito de Meteorologia
do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).
3.5- Nomenclatura e Distribuição Geográfica
A nomenclatura, organização sistemática e distribuição biogeográfica das
espécies seguiram BELLINGER et al. (1996-2006). Esta distribuição biogeográfica é
indicada por 37 números correspondentes às regiões geográficas preconizadas por Good
(1953), modificadas por Christiansen & Bellinger (1995) e Culik & Zeppelini (2003)
(Fig. 7).
1- Ártica e Subártica; 2a- Europa; 2b- Norte da Eurásia; 3a- Sino Japonesa; 3b- Himalaia; 4- Oeste e Asia Central; 5- Mediterrânea; 6- Macronésia; 7a- Norte da América do Norte; 7b- Sul da América do Norte; 8- América do Norte, Costa do Pacífico; 9- Deserto África-Índia; 10- Estepe Sudanesa; 11- Planície Nordeste Africana;
12- Floresta tropical Oeste Africana; 13- Estepe Leste Africana; 14- África do Sul; 15- Madagascar; 16- Ascenção e Santa Helena; 17- Índia; 18- Sudeste Continental Asiático; 19- Malásia; 20- Hawaii; 21- Nova Caledônia; 22- Melanésia e Micronésia; 23- Polinésia; 24a- Costa Caribenha; 24b- Antilhas e Sul da Flórida;
25- Venezuela e Guiana; 26- Amazônia; 27- Brasil Central, Nordeste e Sudeste; 28- Andes; 29- Pampas; 30- Juan Fernandez; 31- Sul da África do Sul; 32- Leste e Norte da Austrália; 33- Oeste e Sul da Austrália; 34- Austrália Central; 35- Nova Zelândia; 36- Patagônia; 37- Antártica e Subantártica
Figura 7- Distribuição das regiões biogeográficas para Collembola segundo Bellinger et al. 2006.
22
3.6- Tratamento estatístico
A partir dos valores de freqüência obtidos para cada área foram realizadas
análises estatísticas para verificar similaridades entre as áreas de coleta, relações das
espécies com fatores ambientais e variações espaço-temporais.
Foi realizado o teste Tukey Honest para verificar a relação dos fatores abióticos
tanto com as áreas impactadas e preservadas, quanto com os ambientes de vegetação
halófila psamófila reptante e de primeiro cordão arenoso.
Diferenças na composição da comunidade de cada área foram calculadas
usando-se os índices: Diversidade (Shannon-Weaver), Riqueza (Margalef) e Equitabilidade
(Hill) (LUDWIG & REYNOLDS, 1988).
Para a obtenção da freqüência das espécies, utilizou-se o coeficiente de
MORAZA et al. (1980) apud MIRANDA-RANGEL & PALÁCIOS-VARGAS (1992), no
qual as espécies são classificadas em: fundamentais (mais de 51% de freqüência); acessórias
(entre 26% e 50%) e acidentais (com menos de 26%). Este coeficiente foi obtido através da
fórmula:
100XamostrasdetotalXcomamostrasCf ⎟
⎠⎞⎜
⎝⎛=
A percentagem de abundância das espécies também foi calculada nos dois
ambientes estudados em cada área amostrada. As espécies com percentagem de abundância
menor ou igual à 1% foram excluídas.
Utilizou-se o teste de espécies indicadoras (DUFRENE & LEGENDRE, 1997)
para verificar as espécies características de áreas impactadas e preservadas, e, as espécies
características de vegetação halófila psamófila reptante e de primeiro cordão arenoso. Os
resultados foram submetidos ao teste de Monte Carlo com 1000 permutações, a fim de
verificar sua significância, sendo aceitos os valores de p<0,05.
A Análise de Correspondência Canônica (LUDWIG & REYNOLDS, 1988) foi
utilizada como método de ordenação para detectar e visualizar a relação entre táxons e
variáveis ambientais e calcular quais os fatores que determinam a distribuição das espécies.
Nesta análise, duas matrizes de dados foram usadas: amostras X táxons e amostras X
23
parâmetros ambientais. Os dados da primeira matriz foram transformados em log (X+1) e
os da segunda em ( )σ
xxi − , onde xi = valor observado; x = média e σ = desvio padrão.
Os programas estatísticos PC-ORD for Windows (McCUNE & MEFFORD,
1999), STATISTICA for Windows (STATSOFT, 1997) e DivEs - Diversidade de Espécies
(RODRIGUES, 2005) foram usados para a realização das análises.
3.7- Abreviaturas
Espécies: Acgl- Acherontiella globulata Thibaud & Massoud, 1980
Aeli- Aethiopella littoralis Fernandes & Mendonça, 2002
Arls- Arlesia sp.
Aust- Austrogastrura travassosi (Arlé, 1939)
Brag- Brachystomella agrosa Wray, 1953
Brce- Brachystomella ceciliae Fernandes & Mendonça, 2004
Brco- Brachystomella contorta Denis, 1931
Ficb- Fissuraphorura cubanica Rusek, 1991
Frcl- Friesea claviseta (Axelson,1900)
Frmg- Friesea magnicornis Denis, 1931
Frmi- Friesea mirabilis (Tullberg, 1871)
Frre- Friesea reducta Denis 1931
Hyin- Hylaeanura infima (Arlé, 1959)
Madn- Maricaella duna Mendonça & Fernandes, 1997
Meam- Mesaphorura amazonica Oliveira & Thibaud, 1992
Meyo- Mesaphorura yosii (Rusek, 1967)
Neot- Neotropiella sp.
Psdf- Pseudachorutes difficilis Denis, 1931
Pxsp- Paraxenylla piloua Thibaud & Weiner, 1997
Rapi- Rapoportella pitomboi Mendonça & Fernandes, 1995
Thal- Thalasaphorura sp.
24
Xema- Xenylla maritima Tullberg, 1869
Xewe- Xenylla welchi Folsom, 1916
Pontos de coleta: IPA- Praia de Itaipuaçu, vegetação halófila psamófila reptante
IPB- Praia de Itaipuaçu, vegetação de primeiro cordão arenoso
IAA- Itaipuaçu- APA, vegetação halófila psamófila reptante
IAB- Itaipuaçu- APA, vegetação de primeiro cordão arenoso
MAA- Maricá- APA, vegetação halófila psamófila reptante
MAB- Maricá- APA, vegetação de primeiro cordão arenoso
MPA- Praia de Barra de Maricá, vegetação halófila psamófila reptante
MPB- Praia de Barra de Maricá, vegetação de primeiro cordão arenoso
V1- estação chuvosa 1 (janeiro)
V2- estação chuvosa 2 (dezembro)
I1- estação seca 1(junho)
I2- estação seca 2(julho)
Material examinado:
ex.- exemplar
exs- exemplares
25
4- Resultados e Discussão
4.1- A fauna de Poduromorpha da Restinga de Maricá
As 128 amostras coletadas totalizaram 8.125 colêmbolos, dos quais, 4.264
corresponderam à Ordem Poduromorpha, distribuídos em 5 famílias, 16 gêneros e 23
espécies, listadas a seguir:
Família Neanuridae (9 spp.)
Subfamília Frieseinae Massoud, 1967
Friesea claviseta (Axelson,1900)
Friesea magnicornis Denis, 1931
Friesea mirabilis (Tullberg, 1871)
Friesea reducta Denis 1931
Subfamília Pseudachorutinae Börner, 1906
Pseudachorutes difficilis Denis, 1931
Aethiopella littoralis Fernandes & Mendonça, 2002
Neotropiella sp.
Arlesia sp.
Hylaeanura infima (Arlé, 1959)
Família Brachystomellidae (5 spp.)
Brachystomella agrosa Wray, 1953
Brachystomella ceciliae Fernandes & Mendonça, 2004
Brachystomella contorta Denis, 1931
Maricaella duna Mendonça & Fernandes, 1997
Rapoportella pitomboi Mendonça & Fernandes, 1995
Família Hypogastruridae (5 spp.)
Austrogastrura travassosi (Arlé, 1939)
Xenylla maritima Tullberg, 1869
Xenylla welchi Folsom, 1916
Paraxenylla piloua Thibaud & Weiner, 1997
Acherontiella globulata Thibaud & Massoud, 1980
26
Família Onychiuridae (1 sp.)
Thalasaphorura sp.
Família Tullbergiidae (3 spp.)
Fissuraphorura cubanica Rusek, 1991
Mesaphorura amazonica Oliveira & Thibaud, 1992
Mesaphorura yosii (Rusek, 1967)
Dentre as famílias ocorrentes no presente estudo, Neanuridae, com nove
espécies, foi a mais representativa e teve no gênero Friesea, com 4 espécies, seu melhor
representante. A família menos expressiva, Onychiuridae, teve apenas um representante.
As espécies Paraxenylla piloua, Friesea claviseta, F. mirabilis e F. magnicornis
foram registradas pela primeira vez para o Brasil. Além destas, Xenylla welchi e
Fissuraphorura cubanica, já registradas para o estado do Espírito Santo, tiveram sua área de
ocorrência estendida para o estado do Rio de Janeiro. A espécie Austrogastrura travassosi de
ocorrência já conhecida para o Rio de Janeiro, foi encontrada pela primeira vez na Restinga
de Maricá.
Não obstante às condições extremas de vida nos solos arenosos, considerados
troficamente pobres (HAY & LACERDA, 1984; WEINER & THIBAUD, 1991; THIBAUD
& CHRISTIAN, 1995) foi constatada a boa representatividade taxonômica de Poduromorpha
(53%) na Restinga de Maricá, confirmando o que já havia sido observado por FERNANDES
& MENDONÇA (2004) quando registraram 39,3% de indivíduos desta Ordem na Restinga
de Itaipuaçu.
Além disto, constatou-se predominância das formas hemiedáficas e euedáficas,
representadas, respectivamente por 53% e 47%, e de um grande número de formas jovens,
conforme preconizado por THIBAUD & CHRISTIAN (1995, 1997) para a fauna
colembológica habitante de solos arenosos. Segundo estes autores, os indivíduos encontrados
nestes ambientes eram, na grande maioria, formas jovens, de pequeno porte, estreitos,
alongados, despigmentados, microftalmos ou anoftalmos, antenas e pernas curtas, furca
reduzida ou ausente. Acredita-se que, no presente estudo, a presença numerosa dessas formas
jovens deveu-se provavelmente a uma estratégia ecológica que provoca uma maior produção
de ovos e um ciclo de vida curto em ambientes com temperaturas elevadas como a que ocorre
em ecossistema de restinga. Estudos realizados por JOOSSE (1969) e GRÉGOIRE-WIBO
(1979) sobre a influência de altas temperaturas no ciclo de vida de populações de campo e em
laboratório confirmam a presente observação.
27
4.2- Caracterização das espécies
Neanuridae Börner, 1901 sensu Deharveng, 2004
Subfamilia Frieseinae Massoud, 1967
Gênero Friesea Dalla Torre, 1895
Friesea claviseta (Axelson,1900)
(Figs. 8-13)
Sin: Friesea claviseta var. emucronata Stach, 1922. Ann. Hist. Nat. Mus. Natl. Hung., 19: 6
MATERIAL EXAMINADO. BRASIL, Rio de Janeiro: Maricá. L.H. Fernandes & E.A. Abrantes
col. MAA: Nº 1312, 1 ex., 25/VI/2003.
CARACTERIZAÇÃO. Fêmea. Comprimento do corpo: 0,73 mm. Coloração cinza azulada.
Habitus fusiforme. Tegumento finamente granuloso. Antenômero IV com 6 sensilas
subcilíndricas, sendo as mais internas mais finas, vesícula apical simples, 1 organito subapical
e 1 microsensila lateral; órgão sensorial do antenômero III formado por 2 papilas
subcilíndricas e curvas, direcionadas no mesmo sentido, alojadas numa dobra do tegumento,
lateralmente protegidas por 2 sensilas de guarda subcilíndricas e 1 microsensila ventral (Fig.
8); antenômeros I e II com respectivamente 7 e 13 cerdas. 8+8 olhos; órgão pós-antenal
ausente. Peças bucais típicas do gênero; mandíbula com 7-8 dentes; cone bucal truncado;
lábio típico do gênero, com a cerda L em papila; quetotaxia labral seguindo a fórmula 4/352.
Tibiotarsos I, II e III respectivamente com 18, 18 e 17 cerdas, dais quais 5, 5 e 5 são
capitadas; cerda M ausente. Unha simples (20μm), sem dente; apêndice empodial ausente
(Figs 9 e 10). Tubo ventral com 4+4 cerdas. Tenáculo com 2+2 dentes. Furca presente
(20μm); dens curta com 3 cerdas dorsais; mucro em forma de gancho fusionado a dens (Fig.
11). Parte distal do tergito abdominal VI com 3 espinhos anais sobre papilas, medindo cerca
de 20μm (Fig. 12). Placa genital da fêmea com 2 cerdas eugenitais e 14 cerdas circungenitais
dispostas em duas fileiras. Valvas anais com 2+2 cerdas hr. Quetotaxia do corpo formada por
cerdas finas e lisas; nos dois últimos tergitos abdominais as cerdas são mais longas, farpadas e
fortemente capitadas (Fig. 13).
28
Figuras 8- 13- Friesea claviseta (Axelson,1900). 8- antenômeros III e IV; 9- tibiotarso e unha da perna I, face ventral e dorsal; 10- tibiotarso e unha da perna III, face dorsal e ventral; 11- mucrodens; 12- tergito abdominal VI; 13- Quetotaxia dorsal e ventral. Modificado de Jordana et al., 1997.
811
8
12
9
10 13
11
29
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. O gênero Friesea Dalla Torre, 1895, de distribuição
mundial, inclui atualmente 159 espécies (BELLINGER et al., 1996-2006). No Brasil,
foram registradas as espécies F. arlei Massoud & Bellinger, 1963 para o Alto Xingu (MT)
(ARLÉ, 1966b); F. cubensis Potapov & Banasko, 1985, F. josei Palacios-Vargas, 1986 e
F. reducta Denis, 1931 para estado do Rio de Janeiro (THIBAUD & PALACIOS-
VARGAS, 1999; FERNANDES & MENDONÇA, 2004).
A espécie Friesea claviseta, de distribuição holártica (FJELLBERG, 1985;
JORDANA et al., 1997), é registrada pela primeira vez no Brasil. Esta espécie, já ocupante
das Regiões Biogeográficas 1, 2a, 2b, 4, 5, 6, 7a, 7b, 8, 9, 13, 14, 21, 23, 24a e 31, teve, na
presente tese, um novo registro incluído para a região 27.
COMENTÁRIOS. Segundo GREENSLADE & DEHARVENG (1997), F. claviseta se
distingue das demais espécies do gênero quanto à presença de 3 espinhos anais, 8 olhos, furca
reduzida com dens portando 3 cerdas, mucro pequeno em gancho e fusionado à dens,
macroquetas clavadas nos tergitos abdominais V-VI e tibiotarsos com 4-5 ergots
distintamente clavados.
Os exemplares coletados na Restinga de Maricá concordaram com as descrições e
ilustrações de GROW & CHRISTIANSEN (1974) e JORDANA et al. (1997), porém sem o
dente na crista interna da unha observado por THIBAUD & NAJT (1993) e JORDANA &
ASIAIN (1981) em material proveniente, respectivamente, do Atol de Fangataufa (Polinésia
Francesa) e Navarra (Espanha).
A presença de F. claviseta foi restrita ao ambiente de vegetação halófila psamófila
reptante da área preservada de Maricá (MAA) conforme ressaltado na figura abaixo.
Figura 14 - Distribuição de Friesea claviseta na área de estudo.
30
Friesea magnicornis Denis, 1931
(Figs 15-23)
MATERIAL EXAMINADO. BRASIL, Rio de Janeiro: Maricá. L.H. Fernandes & E.A. Abrantes
col. IPA: Nº 1256, 1 ex., 28/I/2003.
CARACTERIZAÇÃO. Jovem. Comprimento do corpo: 0,40mm. Coloração azulado clara.
Habitus fusiforme. Tegumento do corpo finamente granuloso. Antenômero IV com vesícula
apical simples; órgão sensorial do antenômero III formado por 2 papilas dobradas,
direcionadas no mesmo sentido, alojadas numa dobra do tegumento e protegidas por 2
sensilas de guarda longas, sinuosas e subcilíndricas (Fig. 15); antenômeros I e II,
respectivamente, com 7 e 12 cerdas. 8+8 olhos; órgão pós-antenal ausente (Fig. 16). Peças
bucais típicas do gênero. Tibiotarsos com 5 ergots (Fig. 17). Unha simples, sem dente;
apêndice empodial ausente. Tenáculo com 2+2 dentes (Figs 18 e 19). Dens, com 3 cerdas
dorsais, fusionada ao mucro em forma de gancho (Figs 20 e 21). Espinhos anais sobre papilas,
sendo o distal um pouco mais longo que os demais (Figs 22 e 23). Quetotaxia geral de cerdas
lisas e finas; sendo nos dois últimos segmentos abdominais mais longas, levemente farpadas e
capitadas.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. Friesea magnicornis, registrada pela primeira vez no Brasil, e
já registrada nas regiões biogeográficas 24a, 24ac, 24b, tem um novo registro para a região
27, incluído na presente tese.
COMENTÁRIOS. O material aqui estudado correspondeu às descrições e ilustrações de DENIS
(1931) e MASSOUD & THIBAUD (1980), sendo, portanto, uma espécie bem definida
morfologicamente.
Foi encontrado apenas um exemplar desta espécie em ambiente de vegetação
halófila psamófila reptante da área impactada de Itaipuaçu, representada em destaque por IPA
(Fig. 24).
31
Figuras 15-23- Friesea magnicornis Denis, 1931. 15- antenômero IV e porção distal do antenômero III; 16- olhos; 17- tibiotarso e unha da perna III; 18- tenáculo; 19- região posterior do abdômen; 20-mucrodens; 21- face ventral da dens; 22-tergito abdominal VI; 23- espinhos anais. Modificado de Denis, 1931.
19
16
18
17 15
20
23
22
21
Abd. III Abd. IV Abd. V Abd. VI
32
Figura 24- Distribuição de Friesea magnicornis na área de estudo.
Friesea mirabilis (Tullberg, 1871)
(Figs 25-28)
Sin: Triaena mirabilis Tullberg, 1871. Ofvers. K.Vetensk. Akad. Forh., 28(1): 155
Friesea mirabilis (Tullberg): Dalla Torre, 1895. Programm K. K. Staats- Gymnasium
Innsbruck, 46: 14
MATERIAL EXAMINADO. BRASIL, Rio de Janeiro: Maricá. L.H. Fernandes & E.A. Abrantes
col. MAA: Nº 1314, 1 ex., 25/VI/2003; MPA: Nº 1280, 3exs; Nº 1281, 18 exs, 28/I/2003; Nº
1320, 2 exs, 25/VI/2003; Nº 1359, 2 exs, Nº 1360, 1 ex., 31/VII/2003.
CARACTERIZAÇÃO. Comprimento do corpo variando de 0,60mm a 0,98mm. Coloração
azulada. Habitus fusiforme. Tegumento com granulação média. Antenômero IV com 6
sensilas subcilíndricas, das quais as três mais internas são finas; vesícula apical simples, 1
organito subapical e 1 microsensila lateral; órgão sensorial do antenômero III formado por 2
papilas dobradas, direcionadas no mesmo sentido, alojadas numa dobra do tegumento e
protegidas por 2 sensilas de guarda longas e subcilíndricas (Fig. 25); antenômeros I e II com
respectivamente 7 e 12 cerdas. 8+8 olhos; órgão pós-antenal ausente. Peças bucais típicas do
gênero; cone bucal truncado; lábio típico do gênero, com cerda L em papila; quetotaxia labral
com fórmula 4/352; mandíbula com 7-8 dentes. Tibiotarso I, II e III respectivamente com 18,
18 e 17 cerdas, sendo 4, 4 e 4 mais longas e afiladas; cerda M ausente.
33
Figuras 25-28- Friesea mirabilis (Tullberg, 1871). 25- antenômeros III-IV; 26- tibiotarso e unha da perna III, face dorsal e ventral; 27- furca e abertura genital da fêmea; 28- quetotaxia dorsal. Figuras 25 e 26 modificadas de Jordana et al., 1997.
25 26
27
28
34
Unha simples (12μm), sem dente; apêndice empodial ausente (Fig. 26). Tubo ventral com
4+4 cerdas. Tenáculo com 2+2 dentes. Furca presente; dens com 3 cerdas dorsais, medindo
cerda de 12μm; mucro em crochet, com cerca de 6μm (Fig. 27). Região distal do tergito
abdominal VI com 3 espinhos anais (12μm) sobre papilas. Placa genital da fêmea com 2
cerdas eugenitais e 7-9 circungenitais dispostas em duas fileiras (Fig. 27); placa genital do
macho com 24 cerdas, sendo 4+4 próximas a fenda genital e 16 circungenitais. Valvas anais
com 3+3 cerdas hr. Quetotaxia do corpo formada de cerdas lisas e finas, sendo nos dois
últimos tergitos abdominais mais longas e levemente capitadas. Tergito torácico I com 4
cerdas; tergito torácico II com cerdas a5 e m4 ausentes; tergito torácico III com cerdas a2, a5 e
m4 ausentes. Tergitos abdominais I-III com cerda p3 ausente; tergito abdominal IV com cerda
m2 ausente; tergito torácico V com cerda a2 ausente (Fig. 28).
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. Friesea mirabilis, de distribuição provavelmente cosmopolita
(JORDANA et al., 1997), é registrada pela primeira vez no Brasil. Segundo BELLINGER et
al. (1996-2006) esta espécie ocorre nas Regiões Biogeográficas 1, 2a, 2b, 3a, 4, 5, 6, 7a, 8, 14,
18, 24a, 24b, 33, 34, sendo um novo registro para a região 27 incluído na presente tese.
COMENTÁRIOS. Os exemplares coletados concordaram perfeitamente com as descrições e
ilustrações de GROW & CHRISTIANSEN (1974) e JORDANA et al. (1997).
Esta espécie foi encontrada apenas em ambiente de vegetação halófila psamófila
reptante, tanto em área impactadas quanto preservadas (Fig. 29).
Figura 29- Distribuição de Friesea mirabilis na área de estudo.
35
Friesea reducta Denis 1931
MATERIAL EXAMINADO. BRASIL, Rio de Janeiro: Maricá. L.H. Fernandes & E.A. Abrantes
col. IPB: Nº 1258, 2 exs; Nº 1259, 38 exs, 28/I/2003; Nº 1339, 13 exs; Nº 1342, 5 exs,
31/VII/2003; Nº 1423, 4 exs; Nº 1424, 2 exs; Nº 1425, 5 exs; Nº 1426, 6 exs, 09/XII/2003;
IAB: Nº 1267, 3 exs; Nº 1268, 2 exs, 28/I/2003; Nº 1310, 3 exs, 25/VI/2003; Nº 1431, 18 exs;
Nº 1432, 13 exs, 09/XII/2003; MAB: Nº 1274, 4 exs; Nº 1275, 16 exs; Nº 1276, 12 exs; Nº
1277, 2 exs, 28/I/2003; Nº 1356, 8 exs; Nº 1358, 4 exs, 31/VII/2003; Nº 1440, 5 exs; Nº 1442,
1 ex., 09/XII/2003; MPB: Nº 1284, 1 ex.; Nº 1285, 6 exs, 28/I/2003; Nº 1326, 1 ex.,
25/VI/2003; Nº 1363, 2 exs; Nº 1364, 13 exs, 31/VII/2003; Nº 1449, 3 exs; Nº 1450, 3 exs,
09/XII/2003.
CARACTERIZAÇÃO. Comprimento variando de 0,44 mm a 0,70 mm. Coloração variando
de cinza médio a escuro. Habitus fusiforme. Tegumento finamente granuloso. Antenas
mais curtas que a diagonal cefálica; antenômero IV composto por vesícula apical
unilobada, 1 organito subapical alojado em fosseta, 1 microsensila dorso-externa, 6
sensilas subcilíndricos; órgão sensorial do antenômero III formado por 2 papilas dobradas,
direcionadas no mesmo sentido, alojadas numa dobra do tegumento e protegidas por 2
sensilas de guarda subcilíndricas, sendo a ventral levemente em S; face ventral portando 1
microsensila; antenômeros I e II com 7 e 12 cerdas, respectivamente. 8+8 olhos em placa
ocular fortemente pigmentada; órgão pós-antenal ausente. Mandíbula com 7 dentes,
dispostos em 2 planos: no primeiro, 4 distais subiguais, e no segundo, 2 subiguais e 1 basal
mais longo que os demais; capítulo maxilar rombo com 2 dentes e lamela interna com
vários dentículos; cerdas labrais dispostas conforme fórmula 2/5,5,2; cerda labial F mais
longa que as demais. Tibiotarsos I, II e III respectivamente com 18, 18 e 17 cerdas e 4, 5 e
5 ergots capitados, cerda M ausente. Unha sem dente na crista interna; apêndice empodial
ausente. Tubo ventral com 4+4 cerdas. Furca, tenáculo e espinhos anais ausentes. Placa
genital da fêmea com 2 cerdas eugenitais e 4-6 cerdas circungenitais; placa genital do
macho com cerca de 20 cerdas circungenitais. Valvas anais com 15+15 cerdas e 2+2 cerdas
hr. Quetotaxia geral de cerdas finas e lisas; com tergitos abdominais V e VI apresentando
cerdas longas, engrossadas e capitadas, dispostas linearmente em número de 6 no tergito V
e em 3 séries (4, 4 e 2) no tergito VI.
36
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. Friesea reducta, espécie neotropical e já conhecida no Brasil
(FERNANDES & MENDONÇA, 2004), tem sua ocorrência registrada nas Regiões
Biogeográficas 12, 24a, 24b, 27.
COMENTÁRIOS. A presença de 4, 5 e 5 ergots, respectivamente, nos tibiotarsos I, II e III,
constatada nos exemplares aqui estudados, já havia sido observada por MASSOUD &
THIBAUD (1980) em material procedente das Pequenas Antilhas e por FERNANDES &
MENDONÇA (2004) em exemplares da Restinga de Maricá, em oposição à descrição de
DENIS (1931), onde os mesmos são tidos como ausentes.
Na Restinga de Maricá foi encontrada apenas no ambiente de primeiro cordão
arenoso das quatro áreas amostradas (Fig. 30).
Figura 30- Distribuição de Friesea reducta na área de estudo.
Subfamília Pseudachorutinae Börner, 1906
Gênero Pseudachorutes Tullberg, 1871
Pseudachorutes difficilis Denis, 1931
MATERIAL EXAMINADO. BRASIL, Rio de Janeiro: Maricá. L.H. Fernandes & E.A. Abrantes
col. IPB: Nº 1260, 10 exs, 28/I/2003; Nº 1342, 4 exs, 31/VII/2003; Nº 1424, 1 ex., Nº 1425, 1
ex., 09/XII/2003; IAB: Nº 1269, 1 ex., 28/I/2003; Nº 1431, 1 ex.; Nº 1432, 1 ex.,
09/XII/2003; MAB: Nº 1274, 1 ex., Nº 1276, 3 exs, 28/I/2003; Nº 1440, 1 ex.; Nº 1441, 1 ex.;
Nº 1442, 2 exs, 09/XII/2003; MPB: Nº 1284, 1 ex.; Nº 1285, 1 ex., 28/I/2003; Nº 1364, 5 exs;
Nº 1366, 1 ex., 31/VII/2003; Nº 1447, 1 ex., 09/XII/2003.
37
CARACTERIZAÇÃO. Comprimento variando de 0,46 mm a 0,61 mm. Coloração azulada
com face ventral, pernas e cone bucal mais claros. Habitus pseudachorutiforme, alongado
e sem paratergitos salientes. Tegumento finamente granuloso. Antenas mais curtas que a
diagonal cefálica; antenômero IV com vesícula apical unilobada, 1 organito subapical
alojado em fosseta, 1 microsensila dorso-externa, 6 sensilas subcilíndricas; órgão sensorial
do antenômero III formado por 2 microsensilas curvas dirigidas no mesmo sentido e
protegidas por 2 sensilas de guarda longas e subcilíndricas, 1 pequena sensila na face
ventral; antenômeros I e II com 7 e 12 cerdas, respectivamente. 8+8 olhos em placa ocular
fortemente pigmentada; órgão pós-antenal com 7-11 lóbulos dispostos em roseta. Maxila
estiliforme; mandíbula com 3 dentes, sendo 2 apicais minúsculos e 1 basal grande e
saliente; cerdas labiais com cerda E mais longa que as demais. Tibiotarsos I, II e III
respectivamente com 19, 19 e 18 cerdas, destacando-se 1 mais longa que as demais; cerda
M ausente. Unha com 1 dente na crista interna; apêndice empodial ausente. Tubo ventral
com 4+4 cerdas. Tenáculo com 3+3 dentes. Dens com 6+6 cerdas na face dorsal e mucro
em colher com lamela externa alargada da base ao ápice, cobrindo a lamela interna.
Relação de comprimento dens: mucro = 1: 0,50. Placa genital da fêmea com 2 cerdas
eugenitais e 4 cerdas circungenitais; placa genital do macho com cerca de 16 cerdas.
Valvas anais com 14+14 cerdas e 2+2 cerdas hr. Quetotaxia geral de cerdas simples e
curtas, e cerdas sensoriais lisas e acuminadas medindo cerca de 2 vezes o comprimento das
cerdas proximais de fórmula por meio-tergito: 022/11111. Tergito torácico I com 3+3
cerdas; tergitos torácicos II com 3+3 cerdas centrais entre as sensoriais proximais e
portando 1+1 microsensila na lateral; tergito torácico III com 3+3 cerdas centrais entre as
sensoriais proximais. Tergitos abdominais I-V com 3+3 cerdas centrais entre as sensoriais;
tergitos abdominais V e VI com cerdas mais longas que as demais.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. O gênero Pseudachorutes Tullberg, 1871, de distribuição
cosmopolita, inclui atualmente 93 espécies (BELLINGER et al., 1996-2006), das quais P.
herberti Arlé & Rufino, 1976, P. massoudi Arlé, 1966, P. bifasciatus e P. gilvus Oliveira
& Deharveng, 1994 foram descritas para a região amazônica. A espécie P. difficilis Denis,
1931 anteriormente assinalada para a região sudeste por FERNANDES & MENDONÇA
(2004), tem sua ocorrência registrada para as Regiões Biogeográficas 24a, 27, 28.
38
COMENTÁRIOS. Os exemplares de P. difficilis coletados concordaram em todos os
aspectos com a revisão do material-tipo realizada por NAJT et al. (1991). Esta espécie foi
encontrada apenas no ambiente de primeiro cordão arenoso das quatro áreas amostradas
(Fig. 31).
Figura 31- Distribuição de Pseudachorutes difficilis na área de estudo.
Gênero Aethiopella Handschin, 1942
Aethiopella littoralis Fernandes & Mendonça, 2002
MATERIAL EXAMINADO. BRASIL, Rio de Janeiro: Maricá. L.H. Fernandes & E.A. Abrantes
col. MPB: Nº 1283, 1 ex.; Nº 1284, 1 ex.; Nº 1285, 1 ex., 28/I/2003; Nº 1448, 2 exs,
09/XII/2003.
CARACTERIZAÇÃO. Comprimento variando de 0,67 mm a 2 mm. Coloração cinza azulada
distribuída uniformemente, face ventral e cone bucal mais claros. Habitus ovóide e
robusto. Tegumento fortemente granuloso. Antenas mais curtas que a diagonal cefálica;
antenômero IV composto por vesícula apical trilobada, 1 organito subapical alojado em
fosseta, 7 sensilas finas e subcilíndricas entre cerdas de comprimentos variados; órgão
sensorial do antenômero III constituído de 2 pequenas sensilas retas protegidas por 2 tubos
olfativos de guarda, 1 pequena sensila na face ventral; antenômeros I e II com 7 e 11
cerdas, respectivamente. 8+8 olhos em placa ocular bastante escura; órgão pós-antenal
moruliforme constituído de 13-15 tubérculos. Maxila estiliforme com extremidade em
crochet, mandíbula com 9-10 dentes, sendo os 3 basais maiores que os demais; cerdas
39
labiais com cerdas A=C=F>B=D=E=G. Tibiotarsos I, II e III respectivamente com 18, 18
e 17 cerdas, além de 1 ergot longo e afilado; cerda M ausente. Unha com 1 dente na crista
interna, sem dente lateral; apêndice empodial ausente. Tubo ventral com 3+3 cerdas.
Tenáculo com 3+3 dentes. Manúbrio constituído por cerca de 16 cerdas, sendo 2+2 entre as
basais e 1+1 entre as apicais mais longas que as demais; dens com 6+6 cerdas na face
dorsal; mucro rombo com extremidade em crochet , lamela interna reta e externa em aba
não atingindo o ápice. Relação dens: mucro = 1: 0,50. Placa genital da fêmea com 2 cerdas
eugenitais e 7 cerdas circungenitais; placa genital do macho com cerca de 20 cerdas.
Valvas anais com 15+15 cerdas e 2+2 cerdas hr. Quetotaxia constituída por três tipos de
cerdas: cerdas simples e curtas, cerdas engrossadas e farpadas e cerdas sensoriais longas,
finas e levemente capitadas; fórmula sensorial por meio-tergito: 022/11111. Região dorsal
cefálica constituída por cerdas simples e curtas e cerdas engrossadas e farpadas, com
predominância destas últimas.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. O gênero Aethiopella Handschin, 1942, de distribuição
aparentemente pantropical, inclui atualmente 22 espécies (BELLINGER et al., 1996-
2006). Para o Brasil, foram descritas até o momento A. delamarei Arlé, 1959 procedente de
Itajubá (MG) e A. littoralis Fernandes & Mendonça, 2002 da Restinga de Itaipuaçu (RJ).
A espécie A. littoralis mostrou até o momento uma ocorrência restrita para a
Restinga de Maricá, tendo, portanto como único registro a Região Biogeográfica 27.
COMENTÁRIOS. O exame dos exemplares de A. littoralis permitiu ampliar a descrição
original de FERNANDES & MENDONÇA (2002), através dos seguintes caracteres: valvas
anais com 15+15 cerdas e 2+2 cerdas hr e tibiotarsos com cerda M ausente. Também foi
constatada a variação de cerdas nos antenômeros I e II, que se apresentaram em número 6-7 e
10-11 cerdas, respectivamente.
Os exemplares coletados foram encontrados no ambiente de primeiro cordão
arenoso da área impactada de Maricá (Fig. 32).
40
Figura 32- Distribuição de Aethiopella littoralis na área de estudo.
Gênero Neotropiella Handschin, 1942
Neotropiella sp.
MATERIAL EXAMINADO. BRASIL, Rio de Janeiro: Maricá. L.H. Fernandes & E.A. Abrantes
col. IPB: Nº 1424, 1 ex., 09/XII/2003.
CARACTERIZAÇÃO. Comprimento do corpo: 1,4mm. Coloração geral azulada, com
pigmento distribuído uniformemente na cabeça e concentrado em manchas no corpo.
Antenômero IV constituído por vesícula apical trilobada. Com 5+5 olhos em placa ocular
fortemente pigmentada; órgão pós-antenal moruliforme composto por 22 tubérculos.
Maxila estiliforme com lamelas soldadas e ápice em crochet. Tibiotarsos I, II e III
respectivamente com 19, 19 e 18 cerdas, sem ergot capitado; cerda M presente. Unha com
1 dente na crista interna; apêndice empodial ausente.Tubo ventral com 3+3 cerdas.
Tenáculo com 3+3 dentes. Furca normalmente desenvolvida; dens medindo 70μm e mucro
com 22μm. Quetotaxia do corpo de cerdas finas e lisas; cerdas sensoriais longas (60μm) e
levemente capitadas, medindo cerca de 4 vezes o comprimento das cerdas proximais
(15μm); fórmula sensorial por meio-tergito: 022/11111.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. O gênero Neotropiella Handschin, 1942, de distribuição
descontínua, inclui 14 espécies (BELLINGER et al., 1996-2006). No Brasil, foram descritas
N. denisi e N. meridionalis (Arlé, 1939) ambas para o estado do Rio de Janeiro.
Posteriormente, N. denisi teve sua ocorrência ampliada para o estado do Mato Grosso (ARLÉ,
41
1962 e 1981), e N. meridionalis para os estados de Minas Gerais, Pará, e Amazonas (ARLÉ,
1962, 1966b, 1968; CASSAGNAU & RAPOPORT, 1962 e OLIVEIRA & DEHARVENG,
1995). Além destas, foram registradas as espécies, N. arlei Najt, Thibaud & Weiner, 1990, N.
digitomucronata Thibaud & Massoud, 1982 e N. wanderdrifti Massoud, 1963 para o
Amazonas (OLIVEIRA & DEHARVENG, 1995); N. carli (Denis, 1924) para Amapá,
Amazonas e Pará (ARLÉ, 1960, 1962, 1966b e 1981); N. quinqueoculata (Denis, 1931) para
o Rio de Janeiro, Amazonas, Amapá, Mato Grosso e Pará (CASSAGNAU & RAPOPORT,
1962 e ARLÉ, 1966b).
Este gênero, segundo BELLINGER et al. (1996-2006), tem sua ocorrência
registrada nas Regiões Biogeográficas 25, 26, 24a, 27, 24b, 28, 19, 8, 29, 11?.
COMENTÁRIOS. Devido à presença de um único exemplar, julgou-se prudente apenas
registrar a ocorrência do gênero para a região, uma vez que não foi possível visualizar
seguramente caracteres importantes na identificação, como sensilas do antenômero IV, órgão
sensorial do antenômero III, mandíbula, cerdas da dens e quetotaxia. Esta espécie foi
encontrada em ambiente de primeiro cordão arenoso da área impactada de Itaipuaçu (Fig. 33).
Figura 33- Distribuição de Neotropiella sp. na área de estudo.
Gênero Arlesia Handschin, 1942
Arlesia sp.
(Figs 34-38)
MATERIAL EXAMINADO. BRASIL, Rio de Janeiro: Maricá, L.H. Fernandes & E.A. Abrantes
col. MPB: Nº1447, 1 ex., 09/XII/2003.
42
CARACTERIZAÇÃO. Comprimento do corpo cerca de 1,0 mm. Coloração cinza com face
ventral, pernas, cone bucal e extremidade das antenas mais claros. Habitus típico de
Pseudachorutinae com paratergitos arredondados. Tegumento fortemente granuloso.
Antenas mais curtas que a diagonal cefálica; antenômero IV composto por vesícula apical
trilobada, 5 sensilas subcilíndricas; órgão sensorial do antenômero III constituído de 2
túbulos retos e protegidos por 2 sensilas de guarda, 1 pequena sensila na face ventral. 5+5
olhos em placa ocular levemente pigmentada; órgão pós-antenal ausente (Fig. 34).
Mandíbula com 4 dentes (Fig. 35); maxila estiliforme com lamelas soldadas; cerdas labrais
conforme figura 36. Tibiotarsos I, II e III respectivamente com 19, 19 e 18 cerdas; sem
ergot capitado; cerda M presente. Unha com 1 dente na crista interna; apêndice empodial
ausente (Fig. 37). Tenáculo com 3+3 dentes. Furca normalmente desenvolvida; mucro reto
com extremidade em crochet (Fig. 38). Quetotaxia do corpo de cerdas finas e lisas, e
cerdas sensoriais longas, lisas e levemente capitadas, medindo cerca de 3 vezes o
comprimento das cerdas proximais.
Figuras 34-38- Arlesia sp. 34- Olhos; 35- mandíbula; 36- cerdas labrais; 37- tibiotarso e unha da perna III; 38- mucro.
34 3536
37 38
43
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. O gênero Arlesia Handschin, 1942, com distribuição
predominantemente neotropical, inclui atualmente 8 espécies (BELLINGER et al., 1996-
2006), sendo quatro descritas para o Brasil: A. fluminensis (Arlé, 1939), A. proxima (Arlé,
1939) e A. intermedia Fernandes & Mendonça, 2004 para o estado do Rio de Janeiro e A.
arleana Mendonça & Fernandes, 1999 para o estado de Pernambuco. A espécie A. albipes
(Folsom, 1927), com ampla distribuição no Brasil, foi registrada para o Rio de Janeiro,
Pernambuco, Pará, Minas Gerais e Amazonas (ARLÉ, 1962, 1966b e ARLÉ & RUFINO,
1976).
Este gênero, segundo BELLINGER et al. (1996-2006), tem sua ocorrência
assinalada nas Regiões Biogeográficas 24a, 24b, 25, 26, 27, 28.
COMENTÁRIOS. Devido à presença de um único exemplar, julgou-se pertinente apenas
registrar a ocorrência desta morfoespécie na região de estudo, uma vez que não foi possível
visualizar seguramente caracteres importantes na identificação, como número de cerdas na
dens e a quetotaxia dos tergitos. Arlesia sp. foi encontrada em ambiente de primeiro cordão
arenoso da área impactada de Maricá (Fig. 39).
Figura 39- Distribuição de Arlesia sp. na área de estudo.
Gênero Hylaeanura Arlé, 1966
Hylaeanura infima (Arlé, 1959)
MATERIAL EXAMINADO. BRASIL, Rio de Janeiro: Maricá. L.H. Fernandes & E.A. Abrantes
col. MAB: Nº 1442, 1 ex., 09/XII/2003.
44
CARACTERIZAÇÃO. Comprimento do corpo: 0,67 mm. Coloração inteiramente branca.
Habitus típico de Pseudachorutinae, sem paratergitos salientes. Tegumento fortemente
granuloso. Antenas mais curtas que a diagonal cefálica; antenômero IV com vesícula
apical trilobada, 1 organito subapical alojado em fosseta, 6 tubos sensoriais fortemente
engrossados, sendo 4 dorso-internos e 2 dorso-externos, 1 tubo sensorial dorso-externo
menos engrossado que os demais; órgão sensorial do antenômero III constituído por 2
microsensilas tubulares protegidas lateralmente por 2 sensilas de guarda longas e
cilíndricas, 1 microsensila na face ventral; antenômeros I e II com 7 e 11 cerdas,
respectivamente. Olhos e órgão pós-antenal ausentes. Mandíbula com 2 dentes finos,
maxila estiliforme e ligeiramente curva; cerdas labiais com cerdas A=C=F>B=D=E=G.
Tibiotarsos I, II e III respectivamente com 15, 15 e 14 cerdas e desprovidos de ergot. Unha
sem dente na crista interna; apêndice empodial ausente. Tubo ventral com 3+3 cerdas.
Tenáculo com 2+2 dentes. Furca reduzida a 2 tubérculos portando 3+3 cerdas. Placa
genital da fêmea com 2 cerdas eugenitais e 4 cerdas circungenitais. Valvas anais com
12+12 cerdas e 1+1 cerda hr. Quetotaxia de cerdas finas e lisas; cerdas sensoriais um
pouco mais longas e engrossadas que as proximais e obedecendo à seguinte fórmula por
meio-tergito: 022/11111. Tergito torácico I com 4+4 cerdas; tergito torácico II com 3+3
cerdas centrais entre as sensoriais proximais, e 1+1 microsensilas laterais; tergito torácico
III com 3+3 cerdas centrais entre as sensoriais proximais. Tergitos abdominais I-IV com
3+3 cerdas centrais entre as sensoriais; tergito abdominal V com 2+2 cerdas centrais entre
as sensoriais.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. O gênero Hylaeanura Arlé, 1966, inclui atualmente as
espécies: H. infima (Arlé, 1959) (Brasil); H. nepalensis (Yosii, 1966) (Himalaia) e H.
nohbecana Vázquez, Cutz & Palacios-Vargas, 1998 (México).
A espécie H. infima, já registrada para a restinga de Itaipuaçu por FERNANDES
& MENDONÇA (2004), teve no presente estudo sua ocorrência estendida para o distrito de
Maricá. Segundo BELLINGER et al. (1996-2006), esta espécie tem sua ocorrência registrada
nas Regiões Biogeográficas 24a, 24b, 26, 27.
COMENTÁRIOS. O único exemplar de H. infima coletado mostrou concordância em todos
aspectos com as descrições e ilustrações de ARLÉ (1959), ARLÉ (1966b) e THIBAUD &
MASSOUD (1983). Esta espécie foi encontrada no ambiente de primeiro cordão arenoso da
45
área preservada de Maricá (Fig. 40).
Figura 40- Distribuição de Hylaeanura infima na área de estudo.
Família Brachystomellidae Stach, 1949
Gênero Brachystomella Agren, 1903
Brachystomella agrosa Wray, 1953
Sin: Brachystomella maxima Cassagnau & Rapoport, 1962
MATERIAL EXAMINADO. BRASIL, Rio de Janeiro: Maricá. L.H. Fernandes & E.A. Abrantes
col. IPA: Nº 1254, 1 ex., 28/I/2003; IPB: Nº 1260, 1 ex.; Nº 1261, 43 exs, 28/I/2003; Nº
1424, 1 ex.; Nº 1425, 21 exs, 09/XII/2003; IAB: Nº 1268, 2 exs; Nº 1269, 6 exs, 28/I/2003;
MPA: Nº 1320, 1 ex., 25/VI/2003; MPB: Nº 1282, 1 ex.; Nº 1283, 1 ex.; Nº 1284, 2 exs; Nº
1285, 17 exs, 28/I/2003; Nº 1364, 13 exs; Nº 1365, 1 ex., 31/VII/2003.
CARACTERIZAÇÃO. Comprimento variando de 0,50 mm a 1,62 mm. Coloração rosada,
acinzentada, azulada em tons variando de claro a muito escuro. Habitus ovóide e robusto.
Tegumento fortemente granuloso. Antenas subiguais à diagonal cefálica; antenômero IV
com vesícula apical trilobada, 1 organito dorso-externo, 1 microsensila subapical alojada
em fosseta, 3 a 5 sensilas subcilíndricas pouco diferenciadas das demais cerdas, face
ventral com cerdas curtas e levemente truncadas; órgão sensorial do antenômero III
constituído de 2 microsensilas globulosas protegidos por 2 tubos olfativos subcilíndricos
de tamanhos aproximadamente iguais, 1 pequena sensila na face ventral; antenômeros I e II
46
com 7 e 12 cerdas, respectivamente. 8+8 olhos em placa ocular fortemente pigmentada;
órgão pós-antenal constituído de 4 lóbulos em roseta, medindo aproximadamente o dobro
do diâmetro de 1 cornéula. Maxila globulosa, típica do gênero, com 9-10 dentes; labro
apresentando fórmula 2/2334; cerdas labiais com L em papila e F mais longa que as
demais. Tibiotarsos I, II e III respectivamente com 19, 19 e 18 cerdas, portando 1 ergot
longo e afilado; cerda M presente. Unha com 1 dente na crista interna e 1 na crista lateral;
apêndice empodial ausente. Tubo ventral com 3+3 cerdas. Tenáculo com 3+3 dentes. Furca
normalmente desenvolvida; manúbrio com 18 cerdas; dens com 5 cerdas na face dorsal;
mucro reto com ápice ligeiramente curvado; relação dens:mucro = 2:1. Placa genital da
fêmea com 2 cerdas eugenitais e cerca de 8-11 cerdas circungenitais; placa genital macho
com cerca de 20 cerdas circungenitais. Valvas anais com 14+14 cerdas; 2+2 cerdas hr.
Quetotaxia de cerdas lisas e finas; cerdas sensoriais medindo cerca de 3 vezes o
comprimento das demais e levemente capitadas, obedecendo à seguinte fórmula sensorial
por meio-tergito: 022/21111. Tergito torácico I com 3+3 cerdas; tergitos torácicos II e III
com 3+3 cerdas entre as sensoriais. Tergito abdominal V com 2+2 cerdas entre as
sensoriais.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. O gênero Brachystomella Agren, 1903, de ampla distribuição
mundial, está constituído atualmente por 67 espécies (BELLINGER et al., 1996-2006). No
Brasil foram descritas as espécies: B. villalobosi, Cassagnau & Rapoport, 1962 para o estado
de Pernambuco e B. ceciliae Fernandes & Mendonça, 2004 para o estado do Rio de Janeiro.
Além destas, foram registradas as espécies: B. parvula (Schaeffer, 1896) para o estado do
Amazonas (ARLÉ, 1962); B. contorta Denis, 1931 para os estados do Amazonas e do Rio de
Janeiro (ARLÉ, 1962; FERNANDES & MENDONÇA, 2004); B. agrosa Wray, 1953 para os
estados do Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia e São Paulo (MENDONÇA & ARLÉ, 1992;
FERNANDES & MENDONÇA, 2004).
A espécie B. agrosa, de distribuição neotropical e já conhecida no Brasil, tem
sua ocorrência registrada nas Regiões Biogeográficas 24a, 24b, 25, 26, 27.
COMENTÁRIOS. O estudo dos exemplares de B. agrosa procedentes da Restinga de Maricá
mostrou-se concordante com as descrições e ilustrações de CASSAGNAU & RAPOPORT
(1962); MASOUD & THIBAUD (1980); NAJT et al. (1990); MENDONÇA & ARLÉ
(1992); WEINER & NAJT (2001). O material aqui examinado confirma as observações
47
anteriormente registradas por FERNANDES & MENDONÇA (2004) no tocante à presença
de numerosas cerdas centrais cefálicas.
Esta espécie foi observada em ambientes de vegetação halófila psamófila
reptante e de primeiro cordão arenoso, principalmente em áreas impactadas (Fig. 41).
Figura 41- Distribuição de Brachystomella agrosa na área de estudo.
Brachystomella ceciliae Fernandes & Mendonça, 2004
MATERIAL EXAMINADO. BRASIL, Rio de Janeiro: Maricá. L.H. Fernandes & E.A. Abrantes
col. IPB: Nº 1423, 1 ex., 09/XII/2003; IAB: Nº 1267, 1 ex., Nº 1269, 2 exs, 28/I/2003; Nº
1348, 7 exs, 31/VII/2003; Nº 1431, 1 ex.; Nº 1432, 1ex., 09/XII/2003; MAA: Nº 1273, 2 exs,
28/I/2003; MAB: Nº 1276, 5 exs; Nº 1277, 1 ex., 28/I/2003; Nº 1356, 1 ex.; Nº 1358, 1 ex.,
31/VII/2003; Nº 1440, 1 ex., 09/XII/2003; MPA: Nº 1280, 1 ex., 28/I/2003; Nº 1320, 10 exs,
25/VI/2003; Nº 1359, 1 ex., 31/VII/2003; MPB: Nº 1282, 1 ex.; Nº 1283, 3 exs, 28/I/2003.
CARACTERIZAÇÃO. Comprimento variando de 0,40 mm a 0,60 mm. Coloração cinza claro
com antenas, pernas e face ventral mais claras. Habitus ovóide e robusto. Tegumento
mediamente granuloso. Antenas mais curtas que a diagonal cefálica; antenômero IV
constituído por vesícula apical unilobada ou bilobada, 1 organito subapical alojado em
fosseta, 1 microsensila dorso-externa, 5 sensilas subcilíndricas; órgão sensorial do
antenômero III formado por 2 microsensilas dobradas, voltadas na mesma direção e
protegidas por 2 tubos olfativos subcilíndricos de tamanhos diferentes, 1 pequena sensila
na face ventral; antenômeros I e II com 7 e 12 cerdas, respectivamente. 8+8 olhos em placa
48
ocular fortemente pigmentada; órgão pós-antenal constituído de 4 lóbulos em roseta,
medindo aproximadamente o diâmetro de 1 cornéula. Maxila globulosa com 8 dentes;
labro apresentando fórmula 2/2334. Tibiotarsos I, II e III respectivamente com 18, 18 e 17
cerdas; 1 ergot longo e afilado. Unha longa e fina com 1 dente no terço médio da crista
interna; apêndice empodial ausente. Tubo ventral com 3+3 cerdas. Tenáculo com 3 +3
dentes. Furca normalmente desenvolvida; manúbrio com cerca de 22 cerdas, sendo 1+1
entre as basais, 1+1 entre as centrais e 1+1 entre as apicais maiores que as demais; dens
com 6 cerdas na face dorsal; mucro alongado com ápice pontudo medindo
aproximadamente metade do comprimento da dens, lamelas externa e interna estreitas.
Valvas anais com 14+14 cerdas; 3+3 cerdas hr. Quetotaxia constituída de cerdas finas e
lisas; cerdas sensoriais medindo cerca de 2 vezes o comprimento das demais e obedecendo
à seguinte fórmula por meio-tergito: 022/11111. Face dorsal da cabeça apresentando cerda
a0, c3 e c5; cerda sd1 ausente. Tergito torácico I com 3+3 cerdas; tergito torácico II com
4+4 cerdas centrais entre as sensoriais; tergito torácico III com 3+3 cerdas centrais entre as
sensoriais. Cerdas dos tergitos abdominais IV ao VI mais longas que as demais; tergito
abdominal V com 3+3 cerdas centrais entre as sensoriais.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. Brachystomella ceciliae mostrou até o momento uma
ocorrência restrita para a Restinga de Maricá, continuando, portanto, com registro apenas na
Região Biogeográfica 27.
COMENTÁRIOS. O exame dos exemplares de B. ceciliae, embora todos ainda jovens, permitiu
acrescentar à descrição original de FERNANDES & MENDONÇA (2004), os caracteres que
seguem, como, face dorsal da cabeça com as cerdas a0, c3 e c5 presentes e cerda sd1 ausente;
labro apresentando fórmula 2/2334; valvas anais com 14+14 cerdas e 3+3 cerdas hr.
Esta espécie mostrou-se bem distribuída nos dois ambientes de quase todas as
áreas amostradas (Fig. 42).
49
Figura 42- Distribuição de Brachystomella ceciliae na área de estudo.
Brachystomella contorta Denis, 1931
Sin: Brachystomella subandinensis Winter, 1962, nomen nudum
Brachystomella subandinensis Massoud, 1967, syn. nov.
MATERIAL EXAMINADO. BRASIL, Rio de Janeiro: Maricá. L.H. Fernandes & E.A. Abrantes
col. IPA: Nº 1257, 13 exs, 28/I/2003; IPB: Nº 1258, 14 exs, 28/I/2003.
CARACTERIZAÇÃO. Comprimento variando de 0,55 mm a 0,86 mm. Coloração cinza
azulado com face ventral e pernas esbranquiçadas. Habitus ovóide e alongado. Tegumento
finamente granuloso. Antenas mais curtas que a diagonal cefálica; antenômero IV
constituído por vesícula apical unilobada, 1 organito subapical alojado em fosseta, 1
microsensila dorso-externa, 5 sensilas finas e subcilíndricas; órgão sensorial do
antenômero III formado por 2 microsensilas protegidas por 2 tubos olfativos subcilíndricos
de tamanhos diferentes, 1 pequena sensila na face ventral; antenômeros I e II com 7 e 11
cerdas, respectivamente. 8+8 olhos em placa ocular pigmentada; órgão pós-antenal
constituído de 5 a 6 lóbulos em roseta, medindo aproximadamente o dobro do diâmetro de
1 cornéula. Maxila globulosa, típica do gênero, com 7 dentes; labro apresentando fórmula
50
2/2334; cerdas labiais com cerda L em papila e F mais longa que as demais. Tibiotarsos I,
II e III respectivamente com 19, 19 e 18 cerdas, sem ergot diferenciado; cerda M presente.
Unha com 1 dente na crista interna e 1 dente na crista lateral; apêndice empodial ausente.
Tubo ventral com 3+3 cerdas. Tenáculo com 3 +3 dentes. Furca normalmente
desenvolvida; manúbrio com cerca de 16 cerdas, sendo 1+1 entre as basais e 1+1 entre as
apicais maiores que as demais; dens com 5 cerdas na face dorsal; mucro rombo com forte
lamela interna afilando abruptamente antes do ápice, lamela externa alargada da base para
o ápice. Placa genital da fêmea com 2 cerdas circungenitais e 4-6 cerdas circungenitais;
placa genital do macho com cerca de 16 cerdas circungenitais, sendo1+1 menor que as
demais. Valvas anais com 14+ 14 cerdas e 2+2 cerdas hr. Quetotaxia formada por cerdas
lisas e finas; cerdas sensoriais medindo cerca de 2 vezes o comprimento das demais e
obedecendo à seguinte fórmula por meio-tergito: 022/21111. Face dorsal da cabeça sem
cerda a0 e sd1; c3 e c5 presentes. Tergito torácico I com 3+3 cerdas; tergitos torácicos II e
III com 3+3 cerdas entre as sensoriais. Tergito abdominal V com 2+2 cerdas entre as
sensoriais.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. Brachystomella contorta, com ampla distribuição
geográfica e já conhecida no Brasil, tem sua ocorrência assinalada nas Regiões
Biogeográficas 6, 8, 10, 12, 17, 19, 20, 24a, 24ac, 24b, 27, 28.
COMENTÁRIOS. B. contorta pertence a um grupo de Brachystomella que compartilha a
presença de 5 cerdas na face dorsal da dens e a ausência da cerda cefálica a0 (WEINER &
NAJT, 2001). Esta espécie, segundo NAJT & PALÁCIOS-VARGAS (1986), é
caracterizada principalmente pela forma de seu mucro que difere de todos os outros do
gênero. Os exemplares aqui examinados enquadraram-se perfeitamente nas descrições,
revisões e ilustrações de DENIS (1931), CHRISTIANSEN & BELLINGER (1992) e
WEINER & NAJT (2001).
A espécie B. contorta ocorreu nos dois ambientes amostrados da área
impactada de Itaipuaçu (Fig. 43).
51
Figura 43- Distribuição de Brachystomella contorta na área de estudo.
Gênero Maricaella Mendonça & Fernandes, 1997
Maricaella duna Mendonça & Fernandes, 1997
MATERIAL EXAMINADO. BRASIL, Rio de Janeiro: Maricá. L.H. Fernandes & E.A. Abrantes
col. IPB: Nº 1339, 6 exs; Nº 1342, 1 ex., 31/VII/2003; Nº 1423, 1 ex., 09/XII/2003; IAB: Nº
1268, 1 ex., 28/I/2003; Nº 1431, 1 ex., 09/XII/2003.
CARACTERIZAÇÃO. Comprimento variando de 0,60 mm a 0,82 mm. Coloração
inteiramente branca. Habitus delgado e fusiforme. Tegumento do corpo com granulação
média. Antenas mais curtas que a diagonal cefálica; antenômero IV com vesícula apical
trilobada, 1 organito subapical inserido em uma fosseta, 1 microsensila lateral, 5 sensilas
subcilíndricas e cerdas acuminadas simples; órgão sensorial do antenômero III formado
por 2 microsensilas arredondadas expostas em tênue dobra tegumentar, 2 sensilas de
guarda de formatos diferentes, sendo 1 ventral subcilíndrica e outra dorsal menor e
lanceolada, face ventral portando 1 microsensila; antenômeros I e II com 7 e 12 cerdas,
respectivamente. Olhos e órgão pós-antenal ausentes. Maxila globulosa com 8 dentes,
labro apresentando fórmula 2/2334; cerdas labiais com L em papila; F longa e cerdas E e
G menores que as demais. Tibiotarsos I, II e III respectivamente com 18, 18 e 17 cerdas,
sendo 1 mais longa e acuminada; cerda M presente. Unha com 1 dente na crista interna,
sem dente lateral; apêndice empodial ausente. Tubo ventral com 3+3 cerdas. Tenáculo com
3+3 dentes. Furca normalmente desenvolvida; manúbrio com cerca de 16 cerdas; dens com
5+5 cerdas na face dorsal e mucro reto, com ápice ligeiramente curvo. Placa genital da
52
fêmea com 2 cerdas eugenitais e 4-6 cerdas circungenitais; placa genital do macho com
cerca de 17 cerdas circungenitais. Valvas anais com 13+13 cerdas e 2+2 cerdas hr.
Quetotaxia constituída de cerdas lisas e finas esparsamente distribuídas; cerdas sensoriais
lisas e acuminadas medindo cerca de 2 vezes o comprimento das demais e obedecendo à
seguinte fórmula por meio-tergito: 022/11111. Tergito torácico I com 2+2 cerdas; tergito
torácico II com 3+3 cerdas entre as sensoriais e 1+1 microsensila na região lateral; tergito
torácico III com 3+3 cerdas entre as sensoriais. Tergitos abdominais I-III com 3+3 cerdas
entre as sensoriais; tergito abdominal IV e V com respectivamente, 4+4 cerdas e 2+2
cerdas entre as sensoriais.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. Maricaella duna, descrita por MENDONÇA & FERNANDES
(1997) com base em material procedente da restinga de Itaipuaçu, foi posteriormente
encontrada na região por FERNANDES & MENDONÇA (2004), continuando, portanto, com
registro apenas na Região Biogeográfica 27.
COMENTÁRIOS. O exame do material de M. duna permitiu ampliar a descrição original de
MENDONÇA & FERNANDES (1997), através dos seguintes caracteres: labro apresentando
fórmula 2/2334; cerdas labiais com cerda L em papila, F longa e cerdas E e G menores que as
demais; tibiotarso com cerda M presente; apêndice empodial ausente; valvas anais com
13+13 cerdas e 2+2 cerdas hr. Também foi constatada a variação no número de cerdas do
antenômero II, que se apresentou em número 11-12 cerdas; e no número de cerdas
circungenitais da fêmea variando de 4-6.
Esta espécie foi encontrada, mais uma vez, apenas em ambiente de primeiro
cordão arenoso na restinga de Itaipuaçu (Fig. 44).
Figura 44- Distribuição de Maricaella duna na área de estudo.
53
Gênero Rapoportella Ellis & Bellinger, 1973
Rapoportella pitomboi Mendonça & Fernandes, 1995
MATERIAL EXAMINADO. BRASIL, Rio de Janeiro: Maricá. L.H. Fernandes & E.A. Abrantes
col. IAA: Nº 1304, 1 ex., 25/VI/2003; IAB: Nº 1432, 1 ex., 09/XII/2003; MPA: Nº 1279, 1
ex., 28/I/2003; Nº 1320, 1 ex., 25/VI/2003.
CARACTERIZAÇÃO. Comprimento variando de 0,36 mm a 0,65 mm. Coloração cinza azulada.
Habitus fusiforme, delgado. Tegumento fortemente granuloso. Antenas mais curtas que a
diagonal cefálica; antenômero IV portando vesícula apical bilobada ou trilobada, 1 organito
alojada em fosseta e 1 pequena sensila, ambos na região subapical da face dorsal, 5 ou 6
sensilas subcilíndricas na região dorso-lateral e cerca de 12 cerdas aparentemente truncadas
entre cerdas finas e curtas na face ventral; órgão sensorial do antenômero III constituído por 2
microsensilas arredondadas e alojadas numa dobra do tegumento, protegidas por 2 sensilas
subcilíndricas de guarda e 1 pequena sensila ventral; antenômero III com cerdas de
comprimentos variáveis; antenômero I e II, respectivamente, com 7 e 12 cerdas. 8+8 olhos em
mancha ocular densamente pigmentada; órgão pós-antenal formado por 6+6 ou 7+7 vesículas
dispostas em círculo, e um pouco maior que uma cornéula. Cerdas labiais com L em papila, F
cerca de duas vezes o comprimento da cerda E, cerda B ausente; maxila longa com 7 dentes,
um apical e seis dispostos em duas séries de 4 e 2 dentes. Tibiotarsos I, II e III
respectivamente com 17, 17 e 16 cerdas, 1 ergot aparentemente engrossado no ápice; cerda
M ausente. Unha com pequeno dente na crista interna; apêndice empodial ausente. Tubo
ventral com 3+3 cerdas. Tenáculo com 3+3 dentes. Manúbrio com cerca de 21 cerdas na face
dorsal, destacando-se 1+1 entre as centrais, mais engrossadas que as demais; dens com 6+6
cerdas na face dorsal; mucro com lamela interna mais ou menos granulosa e lamelas externa e
ventral retas. Placa genital da fêmea com 2 cerdas eugenitais e 4 cerdas circungenitais; placa
genital do macho com cerca de 13 cerdas circungenitais. Valvas anais com 11+11 cerdas e
2+2 cerdas hr. Quetotaxia formada de cerdas lisas e finas; cerdas sensoriais medindo cerca de
três vezes o comprimento das cerdas comuns proximais e obedecendo à seguinte fórmula por
meio tergito: 022/21111. Tergito torácico I com 4+4 cerdas; tergitos torácicos II e III com 3+3
entre as sensoriais. Tergitos abdominais I-IV com 5+5 cerdas entre as sensoriais; tergito
abdominal V com 2+2 entre as sensoriais.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. O gênero Rapoportella Ellis & Bellinger, 1973, de ocorrência
54
predominantemente na região neotropical, inclui atualmente 12 espécies (BELLINGER et al.,
1996-2006). Dentre elas, somente R. pitomboi foi descrita para o Brasil por MENDONÇA &
FERNANDES (1995) com base em exemplares coletados em Itatiaia (MG) a 2.000m de
altitude e posteriormente registrada por FERNANDES & MENDONÇA (2004) na Restinga
de Itaipuaçu, continuando, portanto, com sua ocorrência assinalada apenas na Região
Biogeográfica 27.
COMENTÁRIOS. O exame dos exemplares de R. pitomboi permitiu acrescentar à descrição
original de MENDONÇA & FERNANDES (1995), os seguintes caracteres: cerdas labiais
com cerda L em papila; cerda M ausente no tibiotarso; valvas anais com 11+11 cerdas e
2+2 cerdas hr.
Esta espécie ocorreu nos dois ambientes amostrados da área preservada de
Itaipuaçu e no ambiente de vegetação halófila psamófila reptante da área impactada de
Maricá (Fig. 45).
Figura 45- Distribuição de Rapoportella pitomboi na área de estudo.
Família Hypogastruridae Börner, 1906
Gênero Austrogastrura Thibaud & Palácios-Vargas, 1999
Austrogastrura travassosi (Arlé, 1939)
(Figs 46-52)
Sin: Schoettella travassosi Arlé, 1939
Choreutinulla edaphica Rapoport, 1962
Choreutinulla travassosi (Arlé, 1970)
55
MATERIAL EXAMINADO. BRASIL, Rio de Janeiro: Maricá. L.H. Fernandes & E.A. Abrantes
col. MAA: Nº 1354, 1 ex., 31/VII/2003; MPA: Nº 1278, 764 exs; Nº 1279, 17 exs; Nº 1280,
68 exs; Nº 1281, 445 exs, 28/I/2003; Nº 1319, 10 exs; Nº 1320, 14 exs, 25/VI/2003; Nº 1359,
412 exs, Nº 1360, 111 exs, 31/VII/2003.
CARACTERIZAÇÃO. Comprimento do corpo de 0,53mm a 0,90mm. Sem pigmento, exceto na
mancha ocular. Habitus alongado, subcilíndrico. Tegumento de granulação média. Antenas
mais curtas que a diagonal cefálica; antenômero IV com 8 sensilas subcilíndricas, 1
microsensila lateral, 1 organito subapical, vesícula apical bilobada ou trilobada; órgão
sensorial do antenômero III formado por 2 microsensilas globulosas alojadas em uma dobra
tegumentar, 2 sensilas de guarda e 1 microsensila ventral (Fig. 46); antenômeros I e II, com
respectivamente 7 e 12 cerdas. 5+5 olhos em mancha ocular bem pigmentada; órgão pós-
antenal com cerca de 12 μm, com uma forte tendência a se dividir em 4 lobúlos periféricos e 1
central (Fig. 47). Tibiotarsos I, II e III respectivamente com 19, 19 e 18 cerdas, sem ergot; 2
cerdas pretarsais; cerda M presente. Unha simples (15μm) sem dentes; apêndice empodial
ausente (Fig. 48). Tubo ventral com 4+4 cerdas (Fig. 49). Tenáculo com 3+3 dentes. Furca
reduzida; dens pequena, com cerca de 30 μm, portando 6 cerdas dorsais, sendo 1 interna mais
longa que as demais; mucro fino, cerca de 1/3 do tamanho da dens, com uma chanfradura na
parte apical (Fig. 50). Placa genital da fêmea com 2 cerdas eugenitais e 5 cerdas
circungenitais; placa genital do macho com 4 pares de cerdas eugenitais e 13 circungenitais
(Fig. 51). Valvas anais com 15+15 cerdas e 3+3 cerdas hr. Sem espinhos anais. Quetotaxia do
corpo de cerdas simples, lisas e finas; cerdas sensoriais mais espessas e maiores que as cerdas
simples; cerdas dos segmentos abdominais V e VI mais longas que dos demais. Tergito
torácico I com 2+2 cerdas dorsais e 1 lateral; tergitos torácicos II e III com 2 sensilas (m6/7 e
p4) e 2 cerdas simples laterais de cada lado. Tergitos abdominais I-IV com 1 par de sensila na
posição p4, no tergito abdominal V na posição p3; cerda p2 ausente (Fig. 52).
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. O gênero Austrogastrura, criado por THIBAUD &
PALACIOS-VARGAS (1999), inclui atualmente as espécies A. travassosi (Arlé, 1939)
proveniente do estado do Mato Grosso, e A. lobata (Yosii, 1959) (THIBAUD et al., 2004) da
África do Sul. A espécie A. travassosi, registrada e redescrita por THIBAUD & PALÁCIOS-
VARGAS (1999) com base em material procedente de areias litorâneas de Prainha e
Marambaia, estado do Rio de Janeiro, continua registrada apenas na Região Biogeográfica 27.
56
Figuras 46- 52- Austrogastrura travassosi (Arlé, 1939). 46- antenômeros III-IV; 47- olhos e órgão pós-antenal; 48- tibiotarso e unha da perna III; 49- tubo ventral; 50- dens, mucro e tenáculo; 51- abertura genital do macho; 52- quetotaxia dorsal. Figuras 46 e 48 modificadas de Thibaud & Palácios-Vargas, 1999.
46
48
47
49
50
5152
57
COMENTÁRIOS. Os exemplares coletados na restinga concordaram perfeitamente com a
revisão desta espécie feita pelos autores acima citados.
Esta espécie ocorreu apenas em ambientes de vegetação halófila psamófila
reptante (Fig. 53).
Figura 53- Distribuição de Austrogastrura travassosi na área de estudo.
Gênero Xenylla Tullberg, 1869
Xenylla maritima Tullberg, 1869
Sin: Xenylla nitida Tullberg, 1871: Gisin, 1944
Xenylla nova-zealandia Salmon, 1941: Gama, 1969
Xenylla maritima meridionalis Stach, 1949
Xenylla maritima asiatica Martynova, 1975: Stebaeva & Potapov, 1994
MATERIAL EXAMINADO. BRASIL, Rio de Janeiro: Maricá. L.H. Fernandes & E.A. Abrantes
col. IPB: Nº 1259, 1 ex., 28/I/2003; IAA: Nº 1265, 5 exs, 28/I/2003; IAB: Nº 1266, 13 exs;
Nº 1269, 82 exs, 28/I/2003; Nº 1307, 1 ex.; Nº 1310, 9 exs, 25/VI/2003; Nº 1432, 3 exs,
09/XII?2003; MAB: Nº 1274, 7 exs; Nº 1276, 79 exs, 28/I/2003; Nº 1355, 3 exs; Nº 1356, 1
ex.; Nº 1358, 2 exs, 31/VII/2003; Nº 1440, 2 exs; Nº 1442, 20 exs, 09/XII/2003; MPB: Nº
1326, 22 exs, 25/VI/2003; Nº 1364, 5 exs; Nº 1365, 56 exs; Nº 1366, 56 exs, 31/VII/2003; Nº
1447, 67 exs; Nº 1448, 48 exs; Nº 1449, 133 exs; Nº 1450, 23 exs, 09/XII/2003.
58
CARACTERIZAÇÃO. Comprimento do corpo variando de 0,40 mm a 0,65 mm. Coloração
variando de cinza médio a escuro. Habitus fusiforme. Tegumento finamente granuloso.
Antenas mais curtas que a diagonal cefálica; antenômero IV com órgão apical unilobado
ou bilobado, 3 sensilas dorso-externas, 1 dorsal e 2 microsensilas sendo 1 subapical e outra
dorso-lateral alojadas em fosseta; órgão sensorial do antenômero III constituído por 2
microsensilas cilíndricas direcionadas no mesmo sentido, alojadas em uma dobra do
tegumento e protegidas lateralmente por 2 sensilas de guarda subcilíndricas; antenômeros I
e II com 7 e 12 cerdas, respectivamente. 5+5 olhos em mancha ocular pigmentada mais ou
menos circular; órgão pós-antenal ausente. Peças bucais mastigadoras típicas do gênero;
labro apresentando fórmula 2/4,5,5,4. Tibiotarsos I, II e III respectivamente com, 19, 19 e
18 cerdas, sendo 1, 2 e 2 ergots; cerda M presente. Unha com 1 dente na metade da crista
interna; apêndice empodial ausente. Tubo ventral com 4+4 cerdas. Tenáculo com 3+3
dentes. Manúbrio com cerca de 18 cerdas na face dorsal, destacando-se 1+1 entre as basais,
um pouco mais longas que as demais; dens com 2+2 cerdas na face dorsal; mucro
aproximadamente do tamanho da dens, com aspecto fusiforme e estreita lamela até a região
subapical formando um pequeno entalhe próximo a extremidade que se apresenta em um
gancho engrossado. Placa genital da fêmea com 2 cerdas eugenitais e 4-8 cerdas
circungenitais; placa genital do macho com cerca de 21 cerdas circungenitais. Valvas anais
com 14+14 cerdas, 1+1 cerda hr. Quetotaxia constituída de cerdas lisas e finas; cerdas
sensoriais dos tergitos medindo cerca de 2 vezes o comprimento das demais e obedecendo
à seguinte fórmula por meio-tergito: 022/11111. Região cefálica dorsal apresentando cerda
p1 e cerda S.s = L1. Tergito torácico I de tamanho reduzido, desprovido de cerda sensorial
e apresentando 6 cerdas medianas; tergitos torácicos II e III com 2+2 cerdas sensoriais.
Tergitos abdominais I a III apresentando cerda p5; tergito abdominal V com cerda a2
ausente; tergito abdominal VI portando 2 espinhos anais sobre papila.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. O gênero Xenylla Tullberg, 1869, de distribuição cosmopolita,
comporta atualmente 118 espécies (BELLINGER et al., 1996-2006) das quais, quatro são
assinaladas para o Brasil. Duas delas, X. brasiliensis Gama, 1978 e X. nirae Gama & Oliveira,
1994, foram descritas, respectivamente, para os estados de Minas Gerais e do Amazonas, e
outras duas, X. welchi Folsom, 1916 e X. maritima Tullberg, 1869, foram registradas,
respectivamente, para os estados do Espírito Santo (CULIK et al., 2002) e Rio de Janeiro
(FERNANDES & MENDONÇA, 2004).
59
A espécie X. maritima, de distribuição cosmopolita, tem sua ocorrência
registrada nas Regiões Biogeográficas 2a, 2b, 4, 5, 6, 24a, 24b, 27, 28, 31, 32, 33, 34, 35.
COMENTÁRIOS. Os exemplares de X. maritima concordaram com as descrições e ilustrações
de TULLBERG (1869), AXELSON (1912), FOLSOM, (1916), MILLS (1934), SALMON
(1940) e GAMA (1964), além das observações feitas por FERNANDES & MENDONÇA
(2004).
Esta espécie foi encontrada no ambiente de primeiro cordão arenoso de todas as
áreas estudadas e no ambiente de vegetação halófila psamófila reptante da área preservada de
Itaipuaçu (Fig. 54).
Figura 54- Distribuição de Xenylla maritima na área de estudo.
Xenylla welchi Folsom, 1916
(Figs 55- 58)
Sin: Xenylla subwelchi Denis, 1924: Gisin, 1960
Xenylla sensilis Folsom, 1932: Christiansen & Bellinger, 1980, 1998
Xenylla indus Yosii & Ashraf, 1964: Gama, 1969
MATERIAL EXAMINADO. BRASIL, Rio de Janeiro: Maricá. L.H. Fernandes & E.A. Abrantes
col. IAA: Nº 1263, 8 exs; Nº 1264, 1 ex., 28/I/2003; Nº 1304, 15 exs, 25/VI/2003; IAB: Nº
1266, 22 exs; Nº 1267, 9 exs; Nº 1269, 14 exs, 28/I/2003; Nº 1309, 1 ex.; Nº 1310, 1 ex.,
60
25/VI/2003; Nº 1347, 14 exs; Nº 1348, 97 exs, 31/VII/2003; Nº 1431, 243 exs; Nº 1432, 4
exs; Nº 1434, 22 exs, 09/XII/2003; MAA: Nº 1314, 4 exs, 25/VI/2003; MAB: Nº 1276, 304
exs, 28/I/2003; Nº 1356, 1 ex., 31/VII/2003; Nº 1442, 6 exs, 09/XII/2003; MPA: Nº 1280, 3
exs, 28/I/2003; Nº 1361, 19 exs, 31/VII/2003.
CARACTERIZAÇÃO. Comprimento do corpo variando de 0,46mm a 0,85mm. Coloração
azulada. Habitus fusiforme. Tegumento do corpo com granulação fina. Antenas mais
curtas que a diagonal cefálica; antenômero IV com vesícula apical unilobada, 1 organito
subapical, 1 microsensila lateral, 4 sensilas espessas, sendo 3 são dorso-externas e 1 dorso-
interna; órgão sensorial do antenômero II formado por 2 microsensilas cilíndricas
direcionadas no mesmo sentido, alojadas em uma dobra do tegumento e protegidas
lateralmente por 2 pequenas sensilas de guarda subcilíndricas; face ventral com 1
microsensila (Fig. 55); antenômeros I e II respectivamente com 7 e 12 cerdas. 5+5 olhos
em mancha ocular fortemente pigmentada; órgão pós-antenal ausente. Peças bucais
mastigadoras, típicas do gênero; lobo externo da maxila com 2-3 cerdas sublobais; labro
apresentando fórmula 4/554. Tibiotarsos I, II e III respectivamente com 19, 19 e 18 cerdas,
sendo 1, 2 e 2 ergots levemente capitados; cerda M presente. Unha simples com 1 dente na
crista interna, medindo cerca de 25μm; apêndice empodial ausente (Fig. 56). Tubo ventral
com 4+4 cerdas. Tenáculo com 3+3 dentes. Dens separada do mucro, portando 2 cerdas
dorsais; mucro com uma grande lamela interna quase alcançando o ápice e com
chanfradura ventro-lateral, que dependendo da orientação, nem sempre é facilmente
visível; relação dens:mucro= 1:0,5 (Fig. 57). Placa genital da fêmea com 2 cerdas
eugenitais e 6-9 cerdas circungenitais; placa genital do macho com cerca de 20 cerdas.
Valvas anais com 14+14 cerdas; presença de 1+1 cerda hr. Quetotaxia constituída de
cerdas lisas e finas; cerdas sensoriais lisas medindo cerca de 2 vezes o comprimento das
demais e obedecendo à seguinte fórmula por meio-tergito: 22/11111. Face dorsal da cabeça
apresentando cerdas c1 e c2; cerda L1 tão longa quanto L3. Tergito torácico I com 3+3
cerdas; tergitos torácicos II e III com cerdas centrais arranjadas em 3 linhas. Tergitos
abdominais I-III sem cerda p5; tergito abdominal V com cerda a2; tergito abdominal VI
com 2 pequenos espinhos anais (5μm), levemente curvados, alojadas em papila fracamente
desenvolvida (Fig. 58).
61
Figuras 55-58- Xenylla welchi Folsom, 1916. 55- Antenômeros III-IV; 56- tibiotarso e unha da perna III; 57- dens e mucro; 58- quetotaxia dorsal e ventral. Modificada de Jordana et al., 1997.
55
56
57 58
62
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. Xenylla welchi, de ampla distribuição mundial e já conhecida
no Brasil, tem sua ocorrência assinalada nas Regiões Biogeográficas 2a, 4, 5, 6, 7a, 7b, 8, 9,
17, 19, 20, 21, 24a, 24ac, 24b, 25, 27, 28, 29, 32, 34.
COMENTÁRIOS. Os exemplares de X. welchi concordaram perfeitamente com a redescrição e
ilustrações de JORDANA et al. (1997).
Esta espécie foi encontrada nos dois ambientes amostrados de quase todas as
áreas de coleta, porém bem abundante nas áreas preservadas (Fig. 59).
Figura 59- Distribuição de Xenylla welchi na área de estudo.
Gênero Paraxenylla Murphy, 1965
Paraxenylla piloua Thibaud & Weiner, 1997
(Figs 60-65)
MATERIAL EXAMINADO. BRASIL, Rio de Janeiro: Maricá. L.H. Fernandes & E.A. Abrantes
col. IAA: Nº 1262, 4 exs; Nº 1263, 96 exs; Nº 1264, 6 exs, 28/I/2003; MAA: Nº 1272, 15 exs,
28/I/2003; Nº 1312, 16 exs; Nº 1314, 2 exs, 25/VI/2003; Nº 1352, 14 exs; Nº 1354, 41 exs,
31/VII/2003; Nº 1438, 11 exs, 09/XII/2003; MPA: Nº 1279, 19 exs; Nº 1280, 3 exs; Nº 1281,
28 exs, 28/I/2003; Nº 1319, 2 exs; Nº 1320, 25 exs, 25/VI/2003; Nº 1360, 78 exs,
31/VII/2003; Nº 1444, 58 exs, 09/XII/2003.
CARACTERIZAÇÃO. Comprimento do corpo variando de 0,50mm a 0,67mm. Coloração
cinza escura. Habitus fusiforme, típico de Hypogastruridae. Tegumento de granulação
63
média. Antenas mais curtas que a diagonal cefálica; antenômeros III e IV sem separação
nítida; antenômero IV composto por vesícula apical unilobada, 1 organito subapical, 1
microsensila lateral, 4 sensilas cilíndricas, sendo as duas dorso-externas mais espessas;
órgão sensorial do antenômero III clássico do gênero, formado por 2 microsensilas
globulosas, 2 sensilas de guarda longas e cilíndricas, 2 cerdas de guarda; face ventral
portando 1 microsensila (Fig. 60); antenômeros I e II com, 7 e 11 cerdas, respectivamente.
5+5 olhos em placa ocular fortemente pigmentada; órgão pós-antenal ausente. Peças bucais
clássicas do gênero; fórmula labral: 27/554. Tibiotarsos I, II e III respectivamente com 19,
19 e 18 cerdas, 4 ergots não capitados, sendo 2 internos mais longos; cerda M presente.
Unha simples, sem dente; apêndice empodial ausente (Fig. 61). Tubo ventral com 1+1
cerda. Tenáculo com 3+3 dentes (Fig. 62). Furca clássica do gênero; dens com 2 cerdas
dorsai; mucro longo e afilado, com uma lamela interna; relação mucro: dens= 1:1,5 (Fig.
63). Segmento abdominal VI em forma de cone truncado na extremidade; sem espinhos
anais; o ânus é terminal. Placa genital da fêmea com 2 cerdas eugenitais e 4-6 cerdas
circungenitais (Fig. 64); placa genital do macho constituída por 15 cerdas. Valvas anais
com 12+12 cerdas; sem cerdas hr. Quetotaxia representada por micro e mesoquetas; cerdas
sensoriais são indistintas das mesoquetas. Cerda c1 da cabeça ausente. Tergito torácico I
com 3+3 cerdas. Esternitos abdominais I-IV sem separação nítida; esternito abdominal II
com 1+1 cerda (Fig. 65).
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. Paraxenylla Murphy, 1965, pela primeira vez encontrado no
Brasil, tem distribuição provavelmente mundial nas costas marinhas (JORDANA et al.,
1997), e inclui até o momento 5 espécies (BELLINGER et al., 1996-2006). A presença de
P. piloua Thibaud & Weiner, 1997, na área estudada ampliou sua ocorrência,
anteriormente só conhecida na Nova Caledônia (Região Biogeográfica 21), para a Região
27.
COMENTÁRIOS. Este gênero é caracterizado pela presença de lâminas maxilares
hipertrofiadas, pelo ânus terminal e pela ausência de espinhos anais. Os exemplares de P.
piloua aqui estudados, corresponderam, de um modo geral, à descrição de THIBAUD &
WEINER (1997). No entanto, verificou-se 2+2 cerdas centrais no tergito torácico II, em
vez de 1+1 cerda central, descrita nos exemplares da série-tipo.
64
Figuras 60- 65- Paraxenylla piloua Thibaud & Weiner, 1997. 60- antenômeros III-IV; 61- tibiotarso e unha da perna I; 62- tenáculo; 63- furca; 64- abertura genital da fêmea; 65- quetotaxia dorsal. Figuras 60 e 61 modificadas de Thibaud & Weiner, 1997.
60
61 62
63
6465
65
Esta espécie foi encontrada somente em ambiente de vegetação halófila
psamófila reptante, principalmente nas áreas preservadas (Fig. 66).
Figura 66- Distribuição de Paraxenylla piloua na área de estudo.
Gênero Acherontiella Absolon, 1913
Acherontiella globulata Thibaud & Massoud, 1979
MATERIAL EXAMINADO. BRASIL, Rio de Janeiro: Maricá. L.H. Fernandes & E.A. Abrantes
col. MPA: Nº 1279, 2 exs, 28/I/2003; Nº 1320, 1 ex., 25/VI/2003.
CARACTERIZAÇÃO. Comprimento variando de 0,55 mm a 0,70 mm. Coloração
inteiramente branca. Habitus fusiforme. Tegumento mediamente granuloso. Antenas mais
curtas que a diagonal cefálica; antenômero IV desprovido de vesícula apical; região
subapical com 6 sensilas globulosas: 2 maiores dorso-externas, e 4 menores, sendo 2
dorso-externas, 1 sensila próxima ao organito dorso-externo e outra na face ventro-lateral
externa; órgão sensorial do antenômero III constituído de 2 microsensilas globulosas
alojadas em uma dobra do tegumento e cercadas por 2 sensilas de guarda subcilíndricas;
antenômeros I e II com 7 e 11 cerdas, respectivamente. Olhos e órgão pós-antenal
ausentes. Peças bucais mastigadoras; cerdas labrais dispostas conforme fórmula 2/5,5,4.
Tibiotarsos I, II e III respectivamente com 18, 18, 17 cerdas e 1 ergot longo e afilado;
cerda M presente. Unha curta e alargada, sem dente na crista interna; apêndice empodial
ausente. Tubo ventral com 4+4 cerdas. Tenáculo, furca e espinhos anais ausentes. Placa
genital da fêmea com 2 cerdas eugenitais e 3-4 cerdas circungenitais. Valvas anais com
66
14+14 cerdas, sem cerdas hr. Quetotaxia constituída de cerdas simples e finas,
esparsamente distribuídas; cerdas sensoriais medindo cerca de 2 vezes o comprimento das
demais; seguindo a fórmula sensilar por meio-tergito: 22/11111.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. O gênero Acherontiella Absolon, 1913, de distribuição
provavelmente cosmopolita, inclui atualmente cerca de 20 espécies (BELLINGER et.al.,
1996-2006). Desta apenas, A. globulata, descrita por THIBAUD & MASSOUD (1979) com
base material coletado em guano na Ilha de Maria Galante (América Central), foi registrada
no Brasil por FERNANDES & MENDONÇA (2004). Esta espécie, de distribuição
neotropical, continua com sua ocorrência assinalada nas Regiões Biogeográficas 24b, 27.
COMENTÁRIOS. Os três exemplares fêmeas de A. globulata estudados, corresponderam em
sua totalidade à descrição de THIBAUD & MASSOUD (1979).
Esta espécie mostrou uma distribuição restrita para o ambiente de vegetação
halófila psamófila reptante da área impactada de Maricá (Fig. 67).
Figura 67- Distribuição de Acherontiella globulata na área de estudo.
Família Onychiuridae Börner, 1901
Gênero Thalassaphorura Bagnall, 1949
Thalassaphorura sp.
(Figs 68-73)
MATERIAL EXAMINADO. BRASIL, Rio de Janeiro: Maricá. L.H. Fernandes & E.A. Abrantes
col. MPB: Nº1448, 1 ex., 09/XII/2003.
67
CARACTERIZAÇÃO. Fêmea. Comprimento do corpo: 1,2 mm. Coloração branca. Habitus
alongado e subcilíndrico. Tegumento com granulação média. Antenômero IV com 1
organito subapical, vesícula apical ausente; órgão sensorial do antenômero III composto
por 5 papilas, 5 cerdas de guarda, 1 microsensila ventral; antenômeros I e II
respectivamente com 7 e 11 cerdas. Sem olhos; órgão pós-antenal simples, com 24
tubérculos dispostos em duas fileiras (Fig. 68). Peças bucais mastigadoras. Tibiotarso com
9 cerdas no vértice distal e sem ergot. Unha sem dente; apêndice empodial presente,
medindo 20μm (Fig. 69). Tubo ventral com 6+6 cerdas (Fig. 70). Tenáculo e furca
ausentes; área furcal finamente granulada com 2+2 cerdas arranjadas em duas fileiras (Fig.
71). Presença de 2 espinhos anais com cerca de 30ųm. Placa genital da fêmea conforme
figura 72. Quetotaxia formada por microquetas e macroquetas lisas. Cerda d0 da cabeça
presente. Pseudocelo circular com filamentos internos concêntricos, medindo 6μm de
diâmetro (Fig. 73); fórmula pseudocelar por meio-tergito: 22/233/32334.
Figuras 68-73- Thalassaphorura sp. 68- órgão pós-antenal; 69- unha e apêndice empodial da perna III; 70- tubo ventral; 71- área furcal; 72- abertura genital da fêmea; 73- pseudocelo.
68
73
74
70
71 72
68
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. O gênero Thalassaphorura Bagnall, 1949, de distribuição
provavelmente mundial, inclui 34 espécies (BELLINGER et al., 1996-2006), sendo apenas
duas registradas para o Brasil, T. cryptopyga (Denis, 1931) para o estado do Rio de Janeiro
(CASSAGNAU & RAPOPORT, 1962) e T. encarpata (Denis, 1931) para o estado do
Espírito Santo (CULIK et al., 2002). Este gênero tem sua ocorrência registrada nas
Regiões Biogeográficas 2a, 5, 3b, 19, 20, 21, 24a, 24b, 27, 29, 7a, 1, 8, 18, 17, 3a, 4, 7b,
35.
COMENTÁRIOS. Devido à presença de apenas 1 exemplar coletado, julgou-se prudente
apenas registrar a ocorrência deste táxon na região, em ambiente de primeiro cordão
arenoso da área impactada de Maricá (Fig. 74), uma vez que não foi possível observar a
quetotaxia dorsal, o número de sensilas do antenômero IV e a forma das sensilas do órgão
sensorial do antenômero III.
Figura 74- Distribuição de Thalassaphorura sp. na área de estudo.
Família Tullbergiidae Bagnall, 1935
Gênero Fissuraphorura Rusek, 1991
Fissuraphorura cubanica Rusek, 1991
(Figs 75-79)
MATERIAL EXAMINADO. BRASIL, Rio de Janeiro: Maricá. L.H. Fernandes & E.A. Abrantes
col. IPA: Nº 1255, 3 exs, 28/I/2003; MPA: Nº 1278, 24 exs, Nº 1279, 6 exs, 28/I/2003.
69
CARACTERIZAÇÃO. Tamanho: 0,50 mm a 0,71 mm. Coloração inteiramente branca.
Habitus alongado e cilíndrico. Tegumento geral do corpo finamente granulado. Antenas
mais curtas que a diagonal cefálica; antenômero IV com 6 sensilas subcilíndricas e
espessas, 1 microsensila lateral, 1 organito subapical e 1 pequena vesícula apical; órgão
sensorial do antenômero III constituído por 2 pequenas sensilas alojadas em uma dobra do
tegumento, protegidas por 3 massas sensoriais e 3 papilas tegumentares; 1 sensila grande e
espessa na face ventral (Fig. 75); antenômero I e II com 7 e 11 cerdas, respectivamente.
Sem olhos; órgão pós-antenal composto de 6 vesículas (7μm) com sulco longitudinal,
dispostas em duas fileiras paralelas ao longo de um eixo transversal (Fig. 76). Peças bucais
mastigadoras. Tibiotarsos com 12 cerdas simples, desprovidos de ergot. Unha simples
(15μm) sem dente; apêndice empodial rudimentar. Tubo ventral com 6+6 cerdas. Tenáculo
e furca ausentes. Presença de 2 espinhos anais (15μm) sobre papilas. Placa genital da
fêmea com 2 cerdas eugenitais e 3 cerdas circungenitais. Valvas anais com 2+2 cerdas hr.
Quetotaxia do corpo formada de cerdas finas e lisas diferenciadas em microquetas e
macroquetas lisas. Pseudocelos circulares, medindo 8-10 μm, dispostos dorsalmente ao
longo do corpo segundo a fórmula 11/122/22221. Cerdas lanceoladas nos tergitos
abdominais III (p3), IV (p4) e V (p3) e no esternito abdominal V próximo à fenda genital;
tergito abdominal IV com cerda m4 (Figs 77 a 79).
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. O gênero Fissuraphorura Rusek, 1991, engloba até o
momento 6 espécies: F. cubanica Rusek, 1991, de Cuba; F. deharvengi Rusek, 1991, da
Indonésia; F. duplex (Gama, 1962), de Portugal; F. gisini (Selga, 1963), da Espanha; F.
miscellanea Barra, 1995, da África do Sul e F. selgae (Prabhoo, 1971), da Índia.
Fissuraphorura cubanica, de distribuição pantropical e já registrada para o Brasil
por THIBAUD & PALÁCIOS-VARGAS (1999), tem sua ocorrência assinalada nas Regiões
Biogeograficas 24a, 24b, 27.
COMENTÁRIOS. Os exemplares de F. cubanica concordaram perfeitamente com a
descrição e as ilustrações de RUSEK (1991), revelando tratar-se de um táxon bem
definido.
Esta espécie foi verificada apenas em ambientes de vegetação halófila
psamófila reptante das áreas impactadas (Fig. 80).
70
Figuras 75-79. Fissuraphorura cubanica Rusek, 1991. 75- Antenômeros III-IV; 76- órgão pós-antenal e pseudocelo; 77- abertura genital do macho e valvas anais; 78- quetotaxia dorsal cefálica e torácica; 79- quetotaxia dorsal do abdômen. Modificado de Rusek, 1991.
78
75
79
76
77
71
Figura 80- Distribuição de Fissuraphorura cubanica na área de estudo.
Gênero Mesaphorura Börner, 1901
Mesaphorura amazonica Oliveira & Thibaud, 1992
MATERIAL EXAMINADO. BRASIL, Rio de Janeiro: Maricá. L.H. Fernandes & E.A. Abrantes
col. IPB: Nº 1258, 1 ex., 28/I/2003; IAB: Nº 1431, 2 exs; Nº 1432, 1 ex., 09/XII/2003; MAA:
Nº 1273, 30 exs, 28/I/2003; MAB: Nº 1274, 1 ex., 28/I/2003.
CARACTERIZAÇÃO. Comprimento variando de 0,50 mm a 0,69 mm. Coloração
inteiramente branca. Habitus alongado e cilíndrico típico do gênero. Tegumento geral do
corpo finamente granulado. Antenas mais curtas que a diagonal cefálica; antenômero IV
composto por pequena vesícula apical simples, 1 organito subapical, 1 microsensila dorso-
externa, 5 sensilas subcilíndricas, sendo a, b e c mais engrossadas que as demais e c
apresentando um esporão na base; órgão sensorial do antenômero III constituído por 2
microbastonetes alojados em uma dobra do tegumento, protegidos lateralmente por 2
grossos túbulos curvos direcionados um para o outro e mais abaixo 3 cerdas proximais; na
face ventral presença de 1 túbulo engrossado; antenômeros I e II com 7 e 11 cerdas,
respectivamente. Sem olhos; órgão pós-antenal formado por cerca de 36 vesículas simples,
dispostas em duas fileiras paralelas ao longo de um eixo transversal. Peças bucais
mastigadoras; cerdas labrais dispostas conforme a fórmula 2/5,4,2. Tibiotarsos I, II e III
respectivamente com 11 cerdas simples e desprovidos de ergot, cerda M presente. Unha
curta e alargada, sem dente na crista interna; apêndice empodial rudimentar. Tubo ventral
72
composto por 6+6 cerdas, sendo 2+2 basais, 2+2 medianas e 2+2 apicais. Tenáculo e furca
ausentes. Placa genital da fêmea com 2 cerdas eugenitais e 3 cerdas circungenitais; placa
genital do macho com cerca de 12-13 cerdas. Valvas anais com 12+12 cerdas, presença de
2+2 cerdas hr. Quetotaxia formada por cerdas lisas e finas, esparsamente distribuídas,
diferenciadas em meso e macroquetas. Pseudocelos circulares (9μm) com bordos em
relevo irregular e região central com trabéculas sugerindo forma estrelar; estão dispostos
dorsalmente ao longo do corpo segundo a fórmula 11/022/11111. Região dorsal cefálica
constituída predominantemente por mesoquetas. Tergito torácico I de tamanho reduzido e
desprovido de pseudocelos apresentando dorsalmente 8 cerdas medianas; tergitos torácicos
II e III portando 1+1 microsensila lateral e pseudocelos situados entre as cerdas m5 e p5 e
entre p3 e p4. Tergitos abdominais I a IV com pseudocelos sob a cerda p3; tergito
abdominal V com 2+2 cerdas entre as macroquetas a4 e pseudocelo localizado sob a cerda
s lanceolada; tergito abdominal VI com 2 sulcos concêntricos na região anterior e 2
espinhos anais sobre papilas na região posterior; a relação de comprimento unha:espinho
anal apresentou-se 1:1.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. O gênero Mesaphorura Börner, 1901, de distribuição mundial,
está constituído atualmente por 51 espécies (BELLINGER et al., 1996-2006), incluindo M.
amazonica, descrita para o estado do Amazonas por OLIVEIRA & THIBAUD (1992) e,
posteriormente registrada para o estado do Rio de Janeiro por FERNANDES &
MENDONÇA (2004), e, M. maricaensis, descrita para o estado do Rio de Janeiro pelos
autores op. cit. Outras espécies foram somente registradas, como, M. iowensis Mills, 1932
para o estado de São Paulo (PALACIOS- VARGAS & DIAZ, 1995) e M. yosii (Rusek, 1967)
para os estados do Rio de Janeiro (THIBAUD & PALACIOS-VARGAS, 1999;
FERNANDES & MENDONÇA, 2004) e do Amazonas (OLIVEIRA & THIBAUD, 1992).
A espécie M. amazonica continua com sua ocorrência registrada para as
Regiões Biogeográficas 26, 27.
COMENTÁRIOS. Os exemplares de M. amazonica concordaram em grande parte com a
descrição original de OLIVEIRA & THIBAUD (1992) e com as observações verificadas por
FERNANDES & MENDONÇA (2004).
73
Esta espécie ocorreu nos dois ambientes amostrados, tanto de áreas impactadas
quanto preservadas (Fig. 81).
Figura 81- Distribuição de Mesaphorura amazonica na área de estudo.
Mesaphorura yosii (Rusek, 1967)
Sin: Tullbergia (Mesaphorura) yosiii Rusek, 1967. Acta Entomol. Bohemoslov. 64 (3): 191
Mesaphorura yosii (Rusek): Rusek, 1975. Can. J. Zool., 54(1): 35
MATERIAL EXAMINADO. BRASIL, Rio de Janeiro: Maricá. L.H. Fernandes & E.A. Abrantes
col. IPB: Nº 1258, 5 exs; Nº 1259, 3 exs; Nº 1260, 1 ex.; Nº 1261, 7 exs, 28/I/2003; Nº 1339,
2 exs; Nº 1340, 2 exs; Nº 1342, 2 exs, 31/VII/2003; Nº 1423, 1 ex.; Nº 1424, 1 ex.; Nº 1425, 2
exs; Nº 1426, 3 exs, 09/XII/2003; IAA: Nº 1262, 1 ex., 28/I/2003; IAB: Nº 1266, 1 ex.; Nº
1268, 2 exs, 28/I/2003; Nº 1431, 1 ex.; Nº 1432, 1 ex., 09/XII/2003; MAB: Nº 1275, 2 exs,
28/I/2003; Nº 1440, 1 ex.; Nº 1442, 2 exs, 09/XII/2003; MPA: Nº 1278, 3 exs, 28/I/2003;
MPB: Nº 1450, 2 exs, 09/XII/2003.
CARACTERIZAÇÃO. Comprimento variando de 0,44 mm a 0,58 mm. Coloração
inteiramente branca. Habitus alongado e cilíndrico típico do gênero. Tegumento geral do
corpo finamente granulado. Antenas mais curtas que a diagonal cefálica; antenômero IV
composto por pequena vesícula apical simples, 1 organito subapical, 1 microsensila dorso-
externa e 5 sensilas subcilíndricas, sendo b mais engrossada que as demais e d mais
afilada; órgão sensorial do antenômero III constituído de 2 micropapilas alojadas em uma
74
dobra do tegumento, protegidas lateralmente por 2 grossos túbulos curvos, direcionados
um para o outro, e, mais abaixo 3 cerdas proximais; na face ventral encontra-se 1 túbulo
engrossado; antenômeros I e II com 7 e 11 cerdas, respectivamente. Sem olhos; órgão pós-
antenal constituído por cerca de 30-40 vesículas simples, dispostas em 2 fileiras paralelas
ao longo de um eixo transversal. Peças bucais mastigadoras; cerdas labrais dispostas
conforme fórmula 2/5,4,2. Tibiotarsos I, II e III respectivamente com 11 cerdas simples e
desprovidos de ergot; cerda M presente. Unha curta e alargada desprovida de dente na
crista interna; apêndice empodial rudimentar. Tubo ventral composto por 6+6 cerdas,
sendo 2+2 basais, 2+2 medianas e 2+2 apicais. Tenáculo e furca ausentes. Placa genital da
fêmea com 2 cerdas eugenitais e 3 circungenitais. Valvas anais com 14+14 cerdas e 2+2
cerdas hr. Quetotaxia composta de cerdas finas e lisas diferenciadas em micro e
macroquetas, esparsamente distribuídas. Pseudocelos em forma de estrela; dispostos
dorsalmente ao longo do corpo segundo a fórmula 11/011/10011. Região dorsal cefálica
com predominância de microquetas. Tergito torácico I de tamanho reduzido e desprovido
de pseudocelos, apresentando 8 cerdas medianas; tergitos torácicos II e III portando 1
microsensila lateral e pseudocelos situados entre as cerdas p3 e p4. Tergitos abdominais I e
IV com pseudocelos entre as cerdas p2 e p3; tergito abdominal V apresentando 3+3 cerdas
entre as macroquetas a4 e pseudocelo localizado sob a cerda s lanceolada; tergito
abdominal VI com 2 bordos concêntricos na região anterior e 2 espinhos anais sobre
papilas na região posterior; a relação de comprimento unha:espinho anal apresentou-se
1:0,65.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA. A espécie M. yosii, de distribuição cosmopolita, tem sua
ocorrência registrada nas Regiões Biogeográficas 2a, 2b, 3a, 5, 7a, 7b, 8, 9, 13, 18, 19, 20, 21,
24a, 24b, 25, 27, 28, 32, 34.
COMENTÁRIOS. Os exemplares de M. yosii corresponderam em sua grande maioria às
descrições de RUSEK (1971) e de CHRISTIANSEN & BELLINGER (1992) e às
observações de NAJT et al. (1990), OLIVEIRA & THIBAUD (1992) e FERNANDES &
MENDONÇA (2004).
Esta espécie se mostrou bem distribuída em todos os ambientes e em quase todas
as áreas coletadas (Fig. 82).
75
Figura 82- Distribuição de Mesaphorura yosii na área de estudo.
4.3- Fatores abióticos
4.3.1- Clima
Segundo os dados obtidos na Estação Meteorológica de Maricá, no período de
janeiro a dezembro de 2003, o município de Maricá apresentou temperatura média anual de
23,7ºC; temperatura média mínima variando de 15,8ºC a 22,9ºC, respectivamente nos
meses de julho e janeiro; e temperatura média máxima de 33,8ºC a 25,2ºC, nos meses de
fevereiro e agosto. Os meses mais frios foram verificados de maio a setembro e os mais
quentes de janeiro a abril e de outubro a dezembro. A precipitação total anual foi de
1612mm; a precipitação média mensal foi de 134mm com 105 dias de chuva no ano, sendo
os meses mais chuvosos março, agosto e outubro, e os mais secos, fevereiro e junho. Os
valores médios mensais de umidade relativa do ar variaram entre 70% e 83%, sendo a
umidade relativa do ar menor no mês de fevereiro, com pico de insolação verificado no
mesmo mês, como mostra a Tabela 2.
Na restinga de Maricá a precipitação pluviométrica verificada no decorrer do
presente estudo foi concentrada no verão e reduzida no inverno, sendo similar ao padrão
encontrado para outras restingas da região sudeste do Brasil (ARAUJO & HENRIQUES,
1984). No entanto, nem sempre este padrão vem se repetindo ao longo dos últimos anos,
76
uma vez que meses de alta pluviosidade no inverno e baixa pluviosidade no verão, como
ocorreu no período da presente pesquisa, já havia sido constatado por MANTOVANI &
IGLESIAS (2001), para o ano de 1994. As médias dos dados de temperatura, umidade do
ar, precipitação pluviométrica, evaporação e insolação verificada pelos referidos autores
para os anos de 1989 a 2000 corresponderam em sua maioria aos dados observados para o
ano de 2003.
Tabela 2– Dados meteorológicos da Estação de Maricá, durante o ano de 2003. Os meses de coleta estão sombreados.
Meses
Temperatura média
compensada ºC
Temperatura média ºC
Máxima Mínima
Insolação(hs)
Umidade relativa do
ar (%)
Precipitação (mm)
Janeiro 26,7 31,1 22,9 5,8 82 168,2
Fevereiro 28,1 33,8 22,8 10,0 70 34,4
Março 26,5 31,3 22,5 6,3 76 221,2
Abril 24,7 29,7 20,4 7,4 80 72,7
Maio 21,9 27,3 17,5 6,4 80 88,9
Junho 21,9 27,4 17,2 7,3 83 59,0
Julho 20,8 26,8 15,8 6,6 79 71,8
Agosto 20,2 25,2 16,0 5,9 79 246,8
Setembro 21,5 26,3 17,3 5,3 79 67,0
Outubro 22,9 27,6 18,7 6,5 79 230,0
Novembro 24,5 29,1 20,4 5,4 79 195,5
Dezembro 25,5 30,2 21,9 4,9 83 156,5
4.3.2- Solo
As análises físico-químicas das 128 amostras coletadas e sintetizadas na
Tabela 3 mostraram que os ambientes de vegetação halófila psamófila reptante e de
primeiro cordão arenoso foram separados principalmente pelo pH, tanto em água quanto
em KCl. Segundo estudos de HAY & LACERDA (1984) na Restinga de Barra de Maricá,
77
no sentido horizontal, o solo se torna mais ácido, há um aumento do conteúdo de matéria
orgânica e da capacidade de troca catiônica até tornar-se constante a aproximadamente
100m da beira da praia, coincidentemente com os dados aqui observados em relação aos
ambientes amostrados. A análise dos dados também revelou elevada capacidade de troca
catiônica nas áreas impactadas o que deveu-se ao maior teor de matéria orgânica e à
elevada saturação por alumínio, conforme constatado também por HAY & LACAERDA
(1984) em estudos de ciclagem de nutrientes em restinga e por REIS-DUARTE et al.
(2002) ao pesquisarem a fertilidade do solo na Restinga da Ilha Anchieta (SP). Ainda de
acordo com estes autores, elevados níveis de alumínio devem representar um sério
impedimento para a recuperação de áreas degradadas em florestas de restinga, uma vez que
a presença do óxido de ferro e de alumínio indica que um processo de empobrecimento do
solo está em curso (SETZER, 194?). No tocante ao conteúdo de matéria orgânica, a maior
quantidade encontrada nas áreas impactadas deveu-se provavelmente ao maior acúmulo de
lixo nestas regiões, ou, como no caso da área impactada de Itaipuaçu (IPB), pela presença
predominante de Allagoptera arenaria (Arecacea). Segundo MENEZES & ARAÚJO
(2000) densas populações de A arenaria enriquecem o solo, uma vez que a matéria
orgânica é incrementada sob a cobertura de suas folhas senescentes o que,
conseqüentemente, potencializa o acúmulo de nutrientes. Além disto, seu sistema de raízes
finas e bastante ramificadas permite à planta reduzir a perda de nutrientes lixiviados no
solo, favorecendo o sucesso desta espécie vegetal nos ambientes de restinga impactados
pelo fogo.
Sabe-se que os animais transferem ao solo através de seus dejetos, compostos
nitrogenados e fosforados que são importantes para um funcionamento adequado da cadeia
de decomposição da matéria orgânica (MIRANDA-RANGEL & PALACIOS-VARGAS,
1992), e que, no entanto, são limitantes para o crescimento das populações microbianas
quando em altas concentrações (HASEGAWA & TAKEDA, 1996). No entanto, em
ecossistemas de restinga, a entrada de fósforo é feita principalmente através da deposição
de salsugem (HAY & LACERDA, 1984). A análise do fósforo encontrado nas áreas
estudadas, indicou maior teor deste elemento nos ambientes de vegetação halófila
psamófila reptante das áreas impactadas. Neste caso, pode-se também atribuir a dois
fatores representados pelo acúmulo de lixo nas suas margens ou pela presença de argila no
solo, que depositada neste ambiente para a construção de estrada, estaria fazendo a
retenção do mesmo.
78
Tabela 3– Caracterização físico-química do solo nas áreas de estudos (Médias- em negrito
e itálico e Desvio Padrão- normal).
Impactadas Preservadas Itaipuaçu Maricá Itaipuaçu Maricá VP PC VP PC VP PC VP PC
Ca++
0,09 0,3
2,01 1,4
0,84 1,2
1,34 1,4
0,53 2,1
0,56 1,1
0,00 0,0
0,16 0,3
Mg++
0,51 0,1
1,55 1,0
0,88 0,8
1,07 1,2
0,80 1,4
0,58 0,4
0,48 0,2
0,56 0,2
K+
0,02 0,0
0,10 0,1
0,05 0,0
0,07 0,1
0,01 0,0
0,02 0,0
0,02 0,0
0,03 0,0
Na+
0,10 0,1
0,27 0,2
0,20 0,2
0,12 0,2
0,08 0,1
0,03 0,0
0,12 0,2
0,08 0,1
Valor S (soma de bases)
0,71 0,3
3,91 2,5
1,96 1,8
2,59 2,8
1,41 3,5
1,18 1,5
0,61 0,3
0,83 0,4
Al+++
0,01 0,0
0,13 0,1
0,03 0,1
0,12 0,1
0,03 0,1
0,06 0,1
0,01 0,0
0,02 0,0
H+
0,09 0,1
3,29 2,4
0,27 0,6
2,34 2,0
0,10 0,1
0,96 1,0
0,05 0,1
0,96 0,6
Valor T (Capacidade de troca catiônica)
0,83 0,3
7,33 3,8
2,29 2,0
5,06 4,6
1,54 3,5
2,20 2,5
0,68 0,4
1,80 0,7
Valor V (saturação por bases)
88,06 14,6
54,94 21,2
87,63 17,2
50,25 16,6
85,56 15,1
50,94 12,1
93,06 11,0
48,13 15,0
110Al/S + Al+++
(saturação por Al) 0,75 3,0
5,06 6,7
0,88 0,8
5,63 1,9
0,19 7,0
5,63 7,8
1,44 4,0
1,81 3,9
P assim mg/kg
24,69 38,9
14,38 15,9
19,50 2,8
14,19 19,8
4,69 27,6
3,13 3,2
3,13 1,0
3,38 2,8
pH Água
6,97 0,5
5,49 0,5
7,16 0,9
5,37 0,5
6,94 0,6
5,38 0,3
6,85 0,5
5,56 0,3
pH KCl
6,51 0,6
4,63 0,6
6,71 1,0
4,60 0,7
6,40 0,7
4,46 0,4
6,35 0,6
4,68 0,4
C (g/kg)
0,96 0,5
17,13 12,4
2,84 4,2
11,41 10,7
0,86 0,4
3,94 4,4
0,63 0,3
4,89 2,9
N (g/kg)
0,13 0,1
1,27 0,9
0,31 0,3
0,86 0,7
0,11 0,0
0,38 0,5
0,11 0,0
0,31 0,1
Matéria orgânica(g/kg)
1,66 0,8
29,54 21,4
4,89 0,8
19,68 7,3
1,49 18,5
6,80 7,6
1,07 0,6
8,43 4,9
Umidade do solo
2% 0,0
11% 0,1
5% 0,0
4% 0,1
2% 0,0
3% 0,0
2% 0,0
3% 0,0
Temperatura do solo
25,25 3,3
25,63 1,7
26,81 3,5
26,63 3,8
26,72 2,6
25,31 2,2
28,56 3,7
26,56 2,2
Analisando ainda os fatores abióticos do solo relacionados à umidade e à
temperatura do solo nas áreas impactadas e preservadas (Fig. 83), verificou-se que nas
79
áreas impactadas a umidade do solo foi maior nos meses de verão, principalmente na área
de primeiro cordão arenoso em Itaipuaçu (IPB). Nesta área, a exemplo do que foi
constatado em relação ao elevado conteúdo de matéria orgânica, a presença de lixo
acumulado e de A. arenaria, com seu sistema de raízes finas e intrincadas, estariam
protegendo o solo da elevada evapotranspiração e mantendo a temperatura do solo mais
baixa nesta área do que nas demais. A maior temperatura do solo, registrada no ambiente
de vegetação halófila psamófila reptante da Praia de Barra de Maricá (MPA), pode ter sido
influenciada pelo acúmulo de calor, uma vez que esta era sempre a última localidade de
coleta.
Nas áreas preservadas as maiores temperatura e umidade do solo verificadas
nos meses de verão deveu-se ao período de altas temperaturas e pluviosidade típicas desta
estação (Fig. 84).
Área Impactada
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
14%
16%
18%
Jan
Jun
Jul
Dez Jan
Jun
Jul
Dez Jan
Jun
Jul
Dez Jan
Jun
Jul
Dez
VP PC VP PC
Itaipuaçu Maricá
0ºC
5ºC
10ºC
15ºC
20ºC
25ºC
30ºC
35ºC
Umidade do Solo Temperatura do solo
Figura 83- Umidade e temperatura do solo nas áreas impactadas nos meses de coletas.
80
Área preservada
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
14%
16%
18%Ja
n
Jun
Jul
Dez Jan
Jun
Jul
Dez Jan
Jun
Jul
Dez Jan
Jun
Jul
Dez
VP PC VP PC
Itaipuaçu Maricá
0ºC
5ºC
10ºC
15ºC
20ºC
25ºC
30ºC
35ºC
Umidade do Solo Temperatura do solo
Figura 84- Umidade e temperatura do solo nas áreas preservadas nos meses de coletas.
4.4- Relação das áreas preservadas e impactadas com os fatores do solo
Houve diferenças significativas para os fatores Ca, Mg, K, Na, Al, H, P
assimilável, matéria orgânica e umidade do solo, entre as áreas preservadas e impactadas
(Tab. 4). Os valores máximos, mínimos, médias e desvio padrão podem ser verificados na
figura 85(A-I).
Tabela 4- Resultado obtido do Teste de Tukey aplicado para verificar a relação dos fatores do solo com as áreas impactadas e preservadas, para p<0,05 (p altamente significativo- em negrito e itálico; ns- não significativo)
p Ca 0,0007845 Mg 0,0081553 K 0,0000009 Na 0,0007320 Al 0,0094359 H 0,0003166 P assimilável 0,0000220 pH em água 0,6868289 ns Matéria orgânica 0,0000730 Umidade do solo 0,0004103 Temperatura do solo 0,1867307 ns
81
4.5- Relação dos ambientes amostrados com os fatores do solo
Houve diferenças significativas entre os ambientes de vegetação halófila
psamófila reptante e de primeiro cordão arenoso com relação aos fatores Ca, K, Al, H, pH
em água, matéria orgânica e umidade do solo (Tab. 5). Os valores máximos, mínimos,
médias e desvio padrão podem ser verificados na figura 86.
Tabela 5- Resultado obtido do Teste de Tukey aplicado para verificar a relação dos fatores do solo com os ambientes de vegetação halófila psamófila reptante e de primeiro cordão arenoso, para p<0,05 (p altamente significativo- em negrito e itálico; ns- não significativo)
P Ca 0,004297 Mg 0,071178 ns K 0,001094 Na 0,973769 ns Al 0,000041 H 0,000009 P assimilável 0,236870 ns pH em água 0,000009 Matéria orgânica 0,000009 Umidade do solo 0,005394 Temperatura do solo 0,134310 ns
A partir destes resultados, pode-se afirmar que a umidade do solo, o conteúdo
de matéria orgânica e o complexo sortivo foram os fatores que influíram significativamente
para a distinção entre os ambientes amostrados e o tipo de impacto. Um outro fator
primordial na separação dos ambientes de vegetação halófila psamófila reptante e de
primeiro cordão arenoso foi o pH. Portanto, houve inequívoca separação entre os
ambientes amostrados e as áreas preservadas e impactadas o que possibilitará a utilização
das espécies levantadas no ecossistema de restinga como indicadoras das comunidades
vegetais e do impacto a que estão submetidas.
82
Ca
-2
0
2
4
6
8
10
impactadas preservadas
Mg
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
impactadas preservadas
K
-0,05
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
impactadas preservadas
Na
-0,1
0,1
0,3
0,5
0,7
0,9
1,1
impactadas preservadas
Al
-0,1
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
impactadas preservadas
H
-2
0
2
4
6
8
10
impactadas preservadas
P as
sim
iláve
l
-40
0
40
80
120
160
200
impactadas preservadas
Mat
éria
org
ânic
a
-20
0
20
40
60
80
100
impactadas preservadas
Um
idad
e do
sol
o
-0,04
0,02
0,08
0,14
0,20
0,26
0,32
impactadas preservadas
Figura85(A-I)- Valores máximos, mínimos, médias e desvio padrão dos fatores do solo: Ca, Mg, K, Na, Al, H, P assimilável, matéria orgânica e umidade do solo, designadas respectivamente A-I, nas áreas preservadas e impactadas, p significativo.
Máximo e Mínimo, média+DP e
média-DP, média
AB
C D
E F
G H
I
83
C
a
-2
0
2
4
6
8
10
veg. psamófila primeiro cordão
K
-0,05
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
veg. psamófila primeiro cordão
Al
-0,1
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
veg. psamófila primeiro cordão
Hid
rogê
nio
-1
1
3
5
7
9
11
veg. psamófila primeiro cordão
pH e
m á
gua
4
5
6
7
8
9
10
11
veg. psamófila primeiro cordão
Mat
éria
org
ânic
a
-10
10
30
50
70
90
110
veg. psamófila primeiro cordão
Um
idad
e do
sol
o
-0,04
0,02
0,08
0,14
0,20
0,26
0,32
veg. psamófila primeiro cordão
AB
C D
E F
G
Figura 86 (A-G)- Valores máximos, mínimos, médias e desvio padrão dos fatores do solo: Ca, K, Al, H, pH, matéria orgânica e umidade do solo, designadas respectivamente A-G, nos ambientes de vegetação halófila psamófila reptante e de primeiro cordão arenoso, p significativo.
Máximo e Mínimo, média+DP e média-DP, média
84
4.6- Distribuição espaço-temporal da fauna de Poduromorpha
Dentre as 23 espécies encontradas as mais abundantes foram Austrogastrura
travassosi, Xenylla welchi, Xenylla maritima e Paraxenylla piloua, todas pertencentes à
família Hypogastruridae (Tab.6).
As espécies, Mesaphorura yosii e Brachystomella ceciliae tiveram amplas
distribuições, ocorrendo em quase todas as áreas amostradas.
Tabela 6- Abundância total das espécies de Poduromorpha, Diversidade de Shannon-Weaver, Riqueza de Margalef e Equitabilidade de Hill nas áreas de estudo. Impactadas Preservadas Itaipuaçu Maricá Itaipuaçu Maricá VP PC VP PC VP PC VP PC Friesea claviseta 1 Friesea magnicornis 1 Friesea mirabilis 1 26 1 Friesea reducta 75 29 39 52 Pseudachorutes difficilis 16 9 3 8 Aethiopella littoralis 5 Neotropiella sp. 1 Arlesia sp. 1 Hylaeanura infima 1 Brachystomella agrosa 1 66 1 35 8 Brachystomella ceciliae 1 12 4 12 2 9 Brachystomella contorta 13 14 Maricaella duna 8 2 Rapoportella pitomboi 2 1 1 Austrogastrura travassosi 1841 1 Xenylla maritima 1 410 5 108 114 Xenylla welchi 22 24 427 4 311 Paraxenylla piloua 213 106 99 Acherontiella globulata 3 Thalassaphorura sp. 1 Fissuraphorura cubanica 3 30 Mesaphorura amazonica 1 3 30 1 Mesaphorura yosii 29 3 2 1 5 5 TOTAL 19 212 2153 496 137 608 138 501 Nº de táxons 5 10 10 9 5 10 7 8 Diversidade (Shannon-Weaver) 0,44 0,69 0,25 0,31 0,30 0,43 0,36 0,47 Riqueza (Margalef) 3,13 3,87 2,70 2,97 1,87 3,23 2,80 2,59 Equitabilidade (Hill) 2,00 3,00 1,22 1,22 1,68 1,66 1,78 2,07
85
Paraxenylla piloua, Acherontiella globulata, Austrogastrura travassosi,
Fissuraphorura cubanica e Friesea mirabilis tiveram suas distribuições restritas ao ambiente
de vegetação halófila psamófila reptante. Outras como Friesea reducta, Maricaella duna,
Pseudachorutes difficilis e Aethiopella littoralis mostraram distribuições restritas ao ambiente
de primeiro cordão arenoso.
Quanto à presença da fauna de Poduromorpha em áreas impactadas e
preservadas verificou-se que Acherontiella globulata, Austrogastrura travassosi,
Fissuraphorura cubanica, Friesea mirabilis, Brachystomella agrosa, Brachystomella
contorta e Aethiopella littoralis ocorreram apenas em áreas impactadas, ao passo que
Xenylla welchi e Mesaphorura amazonica foram encontradas em áreas preservadas.
Os maiores valores de diversidade, riqueza e equitabilidade observados na
área de primeiro cordão arenoso da Praia de Itaipuaçu (IPB) deveram-se provavelmente à
maior concentração de matéria orgânica e umidade do solo, conferindo uma maior
produtividade e, assim, favorecendo a composição e a estrutura da fauna.
Comparando os índices de diversidade e riqueza dos dois ambientes estudados
observou-se que o ambiente de primeiro cordão arenoso, nas quatro áreas de estudo,
apresentou os maiores valores. Considerando-se que os valores de diversidade e riqueza
das populações de colêmbolos estão estreitamente relacionados com a cobertura vegetal
dos biótopos em que vivem (ARBEA & BLASCO-ZUMETA, 2001), pode-se inferir que
este ambiente é mais estável e, portanto, favorável ao desenvolvimento da fauna.
Os menores valores de diversidade e riqueza em algumas áreas podem estar
relacionados com a alta abundância de algumas espécies, como por exemplo,
Autrogastrura travassosi, Xenylla maritima e X. welchi, que têm a propriedade de formar
agregados, o que conseqüentemente provoca a redução no índice de equitabilidade da área.
Alguns autores como POZO et al. (1986) e GAMA et al. (1995) já haviam observado este
fato quando estudaram populações de colêmbolos em diversas comunidades vegetais na
Europa.
4.7- Coeficiente de freqüência das espécies
No ambiente de vegetação halófila psamófila reptante das quatro áreas
amostradas nenhuma espécie mostrou-se fundamental (Tab. 7), o que de certa forma era
86
Tabela 7- Espécies fundamentais, acessórias e acidentais na vegetação halófila psamófila
reptante das quatro áreas amostradas.
Fundamentais Acessórias Acidentais
Itaipuaçu- Praia Fissuraphorura cubanica Friesea mirabilis F. magnicornis Brachystomella agrosa B. contorta
Itaipuaçu- APA Paraxenylla piloua Xenylla welchi X. maritima Mesaphorura yosii Rapoportella pitomboi
Maricá- Praia Austrogastrura travassosi Paraxenylla piloua Friesea mirabilis
Brachystomella ceciliae Xenylla welchi Fissuraphorura cubanica Acherontiella globulata Rapoportella pitomboi Mesaphorura yosii Brachystomella agrosa
Maricá- APA Paraxenylla piloua Xenylla welchi Austrogastrura travassosi Mesaphorura amazonica Friesea mirabilis F. claviseta Brachystomella ceciliae
Tabela 8- Espécies fundamentais, acessórias e acidentais na vegetação do primeiro cordão
arenoso das quatro áreas amostradas.
Fundamentais Acessórias Acidentais
Itaipuaçu- Praia Mesaphorura yosii Friesea reducta Brachystomella agrosa Pseudachorutes difficilis Maricaella duna Xenylla maritima Mesaphorura amazonica Brachystomella contorta B. ceciliae Neotropiella sp.
Itaipuaçu- APA Xenylla welchi Xenylla maritima Friesea reducta Brachystomella ceciliae
Mesaphorura yosii Pseudachorutes difficilis Mesaphorura amazonica Brachystomella agrosa Maricaella duna Rapoportella pitomboi
Maricá- Praia Xenylla maritima Friesea reducta Brachystomella agrosa Pseudachorutes difficilis
Aethiopella littoralis Brachystomella ceciliae Mesaphorura yosii Thalassaphorura sp. Arlesia sp.
Maricá- APA Friesea reducta Xenylla maritima Brachystomella ceciliae Pseudachorutes difficilis
Xenylla welchi Mesaphorura yosii M. amazonica Hyaleanura infima
87
esperado, uma vez que este ambiente está submetido à ação das marés, de salsugem, dos
ventos e da insolação. A espécie Paraxenylla piloua mostrou-se acessória nas áreas de Maricá
e Xenylla welchi mostrou-se acidental nas áreas em que ocorreu. Por outro lado,
Austrogastrura travassosi, ocorrente apenas em Maricá, mostrou-se acessória na área
impactada e acidental na área preservada.
No ambiente de primeiro cordão arenoso, Friesea reducta e Xenylla maritima
mostraram-se acessórias nas quatro áreas estudadas, ao passo que Brachystomella ceciliae
revelou-se acessória nas áreas preservadas e acidental nas impactadas. Por outro lado,
Pseudachorutes difficilis, acessória nas áreas Maricá, mostrou-se acidental em Itaipuaçu. Nas
áreas preservadas, Xenylla welchi mostrou-se fundamental em Itaipuaçu e acessória em
Maricá. Mesaphorura yosii, fundamental na área impactada de Itaipuaçu, mostrou-se
acidental nas demais áreas (Tab. 8). Nas áreas preservadas, o ambiente de primeiro cordão
arenoso ambiente apresentou um padrão na freqüência das espécies acessórias (Xenylla
maritima, Friesea reducta e Brachystomella ceciliae) e até mesmo acidentais, o que pode ser
atribuído à estabilidade, grande produtividade e constante entrada de energia, conforme
constatado neste ambiente. O mesmo padrão aqui descrito para a freqüência das espécies foi
registrado por PALACIOS-VARGAS (1985) e MIRANDA-RANGEL & PALACIOS-
VARGAS (1992) em estudos sobre a fauna colembológica mexicana que relacionaram estes
padrões à estabilidade ambiental. Outro aspecto interessante observado está ligado à
freqüência de uma determinada espécie, como por exemplo, Xenylla welchi ou Mesaphorura
yosii, que pode ser fundamental, acessória ou acidental em diferentes biótopos ou não ocorrer
em algum deles. Segundo MIRANDA-RANGEL & PALACIOS-VARGAS (1992), isto pode
ser atribuído às condições adequadas de um biótopo, subótimas ou mesmo adversas de outros
para o estabelecimento de cada espécie.
4.8- Percentagem de contribuição das espécies
Nas áreas preservadas Paraxenylla piloua mostrou-se mais abundante em
ambiente de vegetação halófila psamófila reptante (Itaipuaçu- 76% e Maricá-72%), ao
passo que no primeiro cordão arenoso as espécies mais representativas foram Xenylla
welchi, X. maritima e Friesea reducta (Itaipuaçu- 71%, 19% e 6% e Maricá-62%, 23% e
10%) (Fig. 87).
88
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
VP PC VP PC VP PC VP PC
Itaipuaçu Maricá Itaipuaçu Maricá
Impactadas PreservadasParaxenylla piloua Xenylla w elchi Xenylla maritima Austrogastrura travassosiFissuraphorura cubanica Mesaphorura yosii Mesaphorura amazonica Friesea reductaFriesea mirabilis Brachystomella agrosa Brachystomella contorta Brachystomella ceciliaeMaricaella duna Rapoportella pitomboi Pseudachorutes diff icilis Aethiopella littoralis
Figura 87– Percentagem de contribuição das espécies de Poduromorpha nas áreas de amostragem (as spp com menos de 5 exemplares no total, foram excluídas).
89
Nas áreas impactadas, em cada localidade e em cada ambiente amostrado
houve a predominância de uma ou duas espécies. No ambiente de vegetação halófila
psmófila-reptante em Itaipuaçu, as espécies mais abundantes foram Brachystomella
contorta (71%) e Fissuraphorura cubanica (17%); já em Maricá, Austrogastrura
travassosi predominou com 86% de contribuição. No ambiente de primeiro cordão arenoso
de Itaipuaçu observou-se maior abundância de Friesea reducta (36%) e Brachystomella
agrosa (31%); em Maricá, Xenylla maritima (83%) foi a que mais contribuiu na
distribuição das espécies.
A partir destes resultados pode-se afirmar que nas áreas preservadas, em cada
ambiente amostrado, há um padrão de distribuição, com predominância de algumas
espécies. No entanto, nas áreas impactadas esse padrão não ocorre e há predominância de
uma ou duas espécies em cada ambiente de cada localidade amostrada. Essa
predominância ocorre em razão da propriedade de algumas espécies de formarem
agregados, como, Austrogastrura travassosi e Xenylla maritima, ou em virtude da ampla
valência ecológica exibida por outras, como Brachystomella contorta e B. agrosa. Dados
semelhantes foram verificados por FOUNTAIN & HOPKIN (2004) ao mostrarem que em
comunidades sob estresse aumenta a abundância de indivíduos de poucas espécies
dominantes, enquanto que as sensitivas têm abundância reduzida.
4.9- Espécies indicadoras 4.9.1- Áreas impactadas e preservadas
Segundo o teste de espécies indicadoras para áreas impactadas e preservadas,
Austrogastrura travassosi e Brachystomella agrosa mostraram-se indicadoras de áreas
impactadas, ao passo que, Xenylla welchi atuou como indicadora de áreas preservadas
(Tab. 9).
90
Tabela 9- Resultados obtidos do teste de espécies indicadoras de áreas preservadas e impactadas da Restinga de Maricá, para p*<0,05. ( - indicadoras de áreas preservadas, -indicadoras de áreas impactadas) Impactadas Preservadas p * Friesea claviseta 0 3 0,4870 Friesea magnicornis 3 0 1,0000 Friesea mirabilis 13 0 0,0890 Friesea reducta 20 19 0,9280 Pseudachorutes difficilis 16 8 0,5520 Aethiopella littoralis 11 0 0,1270 Neotropiella sp. 3 0 1,0000 Arlesia sp. 3 0 1,0000 Hylaeanura infima 0 3 0,4630 Brachystomella agrosa 29 0 0,0110 Brachystomella ceciliae 6 19 0,2730 Brachystomella contorta 5 0 0,4790 Maricaella duna 6 1 0,6780 Rapoportella pitomboi 2 3 1,0000 Austrogastrura travassosi 21 0 0,0060 Xenylla maritima 15 15 0,9910 Xenylla welchi 0 49 0,0010 Paraxenylla piloua 9 14 0,6660 Acherontiella globulata 5 0 0,4820 Thalasaphorura sp. 3 0 1,0000 Fissuraphorura cubanica 8 0 0,2340 Mesaphorura amazonica 0 11 0,1290 Mesaphorura yosii 25 6 0,1100 Médias 9 7
4.9.2- Ambientes de vegetação halófila psamófila reptante e de primeiro cordão arenoso
Com relação ao tipo de ambiente, as espécies indicadoras de vegetação
halófila psamófila reptante foram representadas por Paraxenylla piloua, Austrogastrura
travassosi e Friesea mirabilis. Por outro lado, Xenylla maritima, Mesaphorura yosii,
Friesea reducta e Pseudachorutes difficilis foram indicadoras de primeiro cordão arenoso
(Tab. 10).
Austrogastrura travassosi foi a única espécie que se mostrou indicadora tanto
de ambiente de vegetação halófila psamófila reptante quanto de áreas impactadas (ver Tab.
9 e Tab. 10).
91
Tabela 10- Resultados obtidos do teste de espécies indicadoras de ambientes de vegetação halófila psamófila reptante (VP) e de primeiro cordão arenoso (PC) da Restinga de Maricá, para p*<0,05. ( - indicadoras de PC, -indicadoras de VP). VP PC p * Friesea claviseta 4 0 0,3600 Friesea magnicornis 4 0 0,3390 Friesea mirabilis 23 0 0,0050 Friesea reducta 0 61 0,0010 Pseudachorutes difficilis 0 37 0,0030 Aethiopella littoralis 0 9 0,2870 Neotropiella sp. 0 2 1,0000 Arlesia sp. 0 2 1,0000 Hylaeanura infima 0 2 1,0000 Brachystomella agrosa 0 25 0,0520 Brachystomella ceciliae 8 14 0,6890 Brachystomella contorta 2 1 1,0000 Maricaella duna 0 11 0,1500 Rapoportella pitomboi 10 0 0,1280 Austrogastrura travassosi 35 0 0,0010 Xenylla maritima 0 45 0,0030 Xenylla welchi 2 25 0,2060 Paraxenylla piloua 62 0 0,0010 Acherontiella globulata 8 0 0,1150 Thalasaphorura sp. 0 2 1,0000 Fissuraphorura cubanica 12 0 0,0550 Mesaphorura amazonica 4 1 0,9880 Mesaphorura yosii 1 35 0,0100 Médias 8 12
4.10- Relação das espécies com os fatores ambientais
Não foi verificado padrão de sazonalidade marcante nas espécies aqui
estudadas, assim como observado por POZO (1986), OLIVEIRA & DEHARVENG (1992)
e FERNANDES (2001) para populações de colêmbolos, respectivamente, na Espanha, em
floresta perturbada na Amazônia Central e na Restinga de Itaipuaçu. Apenas verificou-se
uma maior abundância das espécies Brachystomella agrosa, B. contorta, Fissuraphorura
cubanica e Mesaphorura amazonica nos meses de verão.
As espécies Rapoportella pitomboi, Maricaella duna e Hylaeanura infima,
registradas anteriormente por FERNANDES & MENDONÇA (2004) em áreas de segundo
cordão arenoso e área alagada, tiveram no presente estudo sua ocorrência ampliada para os
ambientes de vegetação halófila psamófila reptante e de primeiro cordão arenoso. Outras
92
como, Mesaphorura maricaensis, Onychiurus cf. mariapetrae, Micranurida fluminensis e
Arlesia intermedia, que também ocupavam as áreas de segundo cordão arenoso e área
alagada, não foram encontradas nos ambientes aqui amostrados, confirmando a preferência
destas espécies pelas áreas nas quais foram anteriormente encontradas.
Friesea mirabilis, considerada ecologicamente generalista (HAGVAR, 1982),
foi encontrada apenas em ambiente de vegetação halófila psamófila reptante, onde foi
credenciada como indicadora da mesma (p=0,0050, altamente significativo). Não obstante sua
acidofilia, preconizada por ÁCON (1974) e PONGE & PRAT (1982), sua presença em
ambiente de vegetação halófila psamófila reptante, com pH em torno de 7, indicou também
uma afinidade calcícola, inclusive já observada por HAGVAR & ABRAHAMSEN (1980).
Sua ocorrência em hábitats modificados (GREENSLADE & DEHARVENG, 1997) foi
confirmada no presente estudo pela maior abundância nas áreas impactadas. Sua presença em
areias de praia também foi assinalada na República de Malta por THIBAUD & CHRISTIAN
(1989) e nas Pequenas Antilhas por THIBAUD (1993), confirmando a preferência desta
espécie por ambientes arenosos.
Friesea reducta, já registrada por FERNANDES & MENDONÇA (2004) na
restinga de Itaipuaçu em substratos de dunas foi, no presente estudo, mais uma vez
encontrada apenas no ambiente de primeiro cordão arenoso das quatro áreas amostradas,
onde foi credenciada como indicadora (p=0,0001, altamente significativo). Sua localização
restrita ao ambiente de primeiro cordão arenoso da Restinga de Maricá, diverge da
condição generalista preconizada na literatura (MASSOUD & THIBAUD, 1980;
THIBAUD & MASSOUD, 1983).
Pseudachorutes difficilis, já registrada por FERNANDES & MENDONÇA
(2004) em substrato de dunas e de áreas alagáveis da restinga de Itaipuaçu (RJ), foi
encontrada apenas no primeiro cordão arenoso das quatro áreas amostradas, onde foi
credenciada como indicadora (p=0,003, altamente significativo).
Aethiopella littoralis ocorreu no ambiente de primeiro cordão arenoso da área
impactada de Maricá, confirmando os estudos anteriores na região (FERNANDES &
MENDONÇA, 2004). Estes dados corroboram a preferência desta espécie por um ambiente
arenoso e impactado.
Hylaeanura infima, registrada na restinga de Itaipuaçu por FERNANDES &
MENDONÇA (2004) em áreas de segundo cordão arenoso e alagadas, teve no presente
estudo sua ocorrência estendida para o distrito de Maricá e para o ambiente de primeiro
93
cordão arenoso. Sua presença em ambientes de restinga e em ambientes higrófilos, como
litter e húmus de floresta bastante úmidos no Alto Xingu, Manaus, Belém e Peru amazônico
(ARLÉ, 1966b); em litter de bosque de arbustos, ramagens de árvores derrubadas, floresta
primária e secundária, musgos sobre troncos apodrecidos na Guiana Francesa (NAJT et al.,
1990), assim como em florestas degradadas nas Pequenas Antilhas (THIBAUD &
MASSOUD, 1983) enfatiza sua ampla valência ecológica.
Brachystomella agrosa, comum em toda a região neotropical e abundante no
Brasil, já havia sido registrada na restinga de Maricá em substratos de dunas e áreas alagadas
por FERNANDES & MENDONÇA (2004). No presente estudo, esta espécie foi mais
abundante em ambientes de primeiro cordão arenoso de áreas impactadas, sendo, portanto,
credenciada como indicadora de ambiente impactado (p=0,011, altamente significativo).
Brachystomella ceciliae foi encontrada por FERNANDES & MENDONÇA
(2004) em substratos de dunas e áreas alagáveis da restinga de Itaipuaçu, sendo freqüente ao
longo do ano. No presente estudo, mostrou-se bem distribuída nos dois ambientes amostrados
e em todas as áreas, confirmando sua estabilidade no ecossistema amostrado.
Brachystomella contorta ocorreu, no presente estudo, na área impactada da
restinga de Itaipuaçu, tanto no ambiente de vegetação halófila psamófila reptante quanto
no de primeiro cordão arenoso, nos quais já havia sido registrada sua presença
(FERNANDES & MENDONÇA, 2004). Esta espécie, de ampla distribuição geográfica e
de ampla valência ecológica (NAJT & PALÁCIOS-VARGAS, 1986), já foi registrada por
MASSOUD & BELLINGER (1963) em bosque de acácia degradado na Jamaica, por
CHRISTIANSEN & BELLINGER (1992) em áreas perturbadas no Havaí e por
MASSOUD & THIBAUD (1980) em sucessões edáficas litorâneas nas Pequenas Antilhas,
sugerindo que ambientes arenosos e impactados favoreçam a colonização por B. contorta.
Maricaella duna, anteriormente encontrada em litter e solo de dunas arenosas na
restinga de Itaipuaçu (MENDONÇA & FERNANDES, 1997; FERNANDES &
MENDONÇA, 2004), mostrou-se, no presente estudo, mais uma vez característica do
ambiente e da localidade amostrada.
Rapoportella pitomboi, registrada anteriormente por FERNANDES &
MENDONÇA (2004) em substratos de dunas e de áreas alagáveis na Restinga de
Itaipuaçu, foi aqui encontrada tanto em ambiente de vegetação halófila psamófila reptante
quanto em primeiro cordão arenoso de áreas preservadas e impactadas, mostrando tratar-se
de uma espécie bem distribuída na Restinga de Maricá. Curiosamente, esta espécie foi
94
descrita por MENDONÇA & FERNANDES (1995) com base em exemplares coletados em
grandes altitudes na Serra de Itatiaia e mostrou exemplares com coloração rósea, diferente
da azulada, exibida pelos exemplares da restinga.
Austrogastrura travassosi foi registrada e redescrita por THIBAUD &
PALÁCIOS-VARGAS (1999) com base em material coletado em areias de praias do Rio
de Janeiro (Prainha e Marambaia). Na Restinga de Maricá foi a mais abundante, mostrando
algumas vezes, formação em agregados. Além disto, atuou tanto como indicadora de
vegetação halófila psamófila reptante quanto de área impactada, respectivamente com
p=0,001 e p= 0,006, altamente significativos.
Xenylla maritima, mostrou alta abundância na Restinga de Maricá, ocorrendo
principalmente em ambientes de primeiro cordão arenoso, onde foi credenciada como
indicadora (p=0,003, altamente significativo). Esta espécie já havia sido registrada por
MENDONÇA & FERNANDES (2004) para a restinga de Itaipuaçu (RJ) em substrato de
dunas e áreas alagáveis, onde se apresentou como a mais abundante e freqüente das espécies
de Poduromorpha. As indicações aqui atribuídas a esta espécie são corroboradas por ARBEA
& JORDANA (1991) que ressaltaram sua condição xerófila, sua presença numerosa e sua
pouca exigência ecológica.
Xenylla welchi, geralmente encontrada em grande número de indivíduos e
formando agregados (BANDYOPADHYAJA & CHOUDHURI, 2002; THIBAUD et al.,
2004), ocorreu na Restinga de Maricá, em quase todas as áreas de coleta, sendo mais
abundante nas áreas preservadas, onde atuou como indicadora (p=0,001, altamente
significativo). Esta indicação diverge dos registros anteriores nos quais sua presença foi
assinalada em litter de áreas perturbadas no Havaí (CHRISTIANSEN & BELLINGER,
1992) e em solos agrícolas cultivados no estado do Espírito Santo (CULIK et al., 2002).
Paraxenylla piloua, espécie descrita por THIBAUD & WEINER (1997) com
base em exemplares coletados em areia de praia da Nova Caledônia, foi encontrada na
Restinga de Maricá somente em vegetação halófila psamófila reptante, onde foi
credenciada como indicadora (com p=0,001, altamente significativo). Sua alta abundância
neste ambiente foi verificada tanto em áreas impactadas quanto preservadas.
Acherontiella globulata, registrada pela primeira vez para a região por
FERNANDES & MENDONÇA (2004) em substrato de dunas, mostrou, no presente estudo,
uma distribuição restrita para a área de vegetação halófila psamófila reptante.
95
Fissuraphorura cubanica, espécie hemiedáfica-psamófila, já registrada no
Brasil em areias de praia no estado do Espírito Santo (THIBAUD & PALÁCIOS-
VARGAS, 1999), foi verificada no presente estudo em ambientes de vegetação halófila
psamófila reptante das áreas impactadas. Sua ocorrência também em areias de praia,
registrada no Vietnam (THIBAUD, 2002) e na Guiana Francesa (THIBAUD, 2004), bem
como, sua ocorrência em ambientes modificados pelo homem, observada por RUSEK
(1991) e MENDONÇA (comunicação pessoal) em solo e litter de jardins, respectivamente
em Cuba e no Brasil, corroboram sua presença em ambientes predominantemente arenosos
e impactados.
Mesaphorura amazonica ocorreu apenas nos meses de verão e mostrou uma
maior abundância nas áreas preservadas. Essa ocorrência restrita ao verão já havia sido
observada por FERNANDES & MENDONÇA (2004) em substrato de dunas na restinga de
Itaipuaçu. Esta espécie, descrita por OLIVEIRA & THIBAUD (1992) com base em
exemplares coletados em litter de floresta primária e secundária do estado do Amazonas,
parece apresentar uma ambivalência ecológica por estar presentes em ambientes tão distintos.
Mesaphorura yosii foi primeiramente registrada para a Restinga de Maricá por
THIBAUD & PALÁCIOS- VARGAS (1999) em areia de praia, e posteriormente por
FERNANDES & MENDONÇA (2004) na restinga de Itaipuaçu em substratos de dunas e de
áreas alagadas. No presente estudo, esta espécie se mostrou bem distribuída em todas as áreas
coletadas, sendo mais abundante nos ambientes de primeiro cordão arenoso, onde atuou como
indicadora (com p=0,01, altamente significativo). Esta preferência por ambientes com pH
ácido é corroborada por HAGVAR (1990) e PONGE (2000), que em seus estudos a
caracterizaram como acidófila. Sua presença abundante em ambiente perturbado, já havia sido
observada por OLIVEIRA & DEHARVENG (1995) na Amazônia Central, por
CHRISTIANSEN & BELLINGER (1992) no Havaí, assim como em areias de praias na Nova
Caledônia (THIBAUD & WEINER, 1997), indicando preferência por ambiente arenoso e
impactado.
Como foi encontrado apenas um exemplar de Friesea claviseta, F.
magnicornis, Neotropiella sp., Arlesia sp. e Thalassaphorura sp. não foi possível tecer
considerações a respeito de suas relações com os fatores ambientais, mas apenas registrar
suas ocorrências na Restinga de Maricá. Destas, F. claviseta já havia sido registrada em
solos de jardim na Austrália (GREENSLADE & DEHARVENG, 1997) e em áreas de
litoral na Irlanda (BOLGER, 1986). A espécie F.magnicornis também já havia sido
96
registrada em jardins nas Pequenas Antilhas (MASSOUD & TIBAUD, 1980) e em litoral
no Arquipélago de Galápagos (NAJT et al., 1991).
4.11- Análise de Correspondência Canônica
A Análise de Correspondência Canônica vem sendo amplamente utilizada em
comunidades de Collembola (CHAGNON & PARÉ, 2000; HASEGAWA, 2001; SOUSA
et al., 2003; GOMEZ-ANAYA & PALACIOS-VARGAS, 2004) para verificar a relação
das espécies com os fatores do solo e, conseqüentemente, suas mudanças.
A relação entre as espécies e os fatores ambientais que evidenciam as
diferenças na estrutura da comunidade nas áreas aqui estudadas foi obtida através da
Análise de Correspondência Canônica, que se revelou altamente significativa conforme
explicitada na Tabela 11.
Tabela 11- Sumário da Análise de Correspondência Canônica e coeficientes de correlação obtidos entre os fatores ambientais e os eixos de ordenação. Eixo 1 Eixo 2 Eixo 3 Autovalor 0,718 0,317 0,208 Variação % de variação explicada
13,6
6,0
3,9 % de variação explicada acumulada 13,6 19,5 23,5 Correlação de Pearson, Spp-Ambientes 0,908 0,796 0,680 Correlação de Kendall, Spp-Ambientes 0,536 0,486 0,332 Variáveis Ca 0,240 -0,548 0,198 Mg 0,089 -0,661 0,187 K 0,047 -0,559 0,015 Na -0,206 -0,498 -0,090 Al 0,364 -0,210 -0,036 H 0,537 -0,398 -0,048 P -0,171 -0,367 0,539 pH -0,858 -0,019 -0,091 C 0,403 -0,453 0,091 N 0,370 -0,356 0,111 Matéria orgânica 0,403 -0,454 0,091 Umidade do solo 0,144 -0,695 -0,111 Temperatura do solo 0,001 0,026 0,130
97
No eixo 1, representando 13,6% do total de variação, o fator que mais
influenciou a distribuição das espécies foi o pH do solo, o qual originou a separação das
espécies em dois grupos (Fig. 88).
Do lado esquerdo do gráfico reuniram-se Friesea mirabilis, Paraxenylla
piloua, Acherontiella globulata, Austrograstrura travassosi, Fissuraphorura cubanica,
Rapoportella pitomboi e Brachystomella contorta, ocorrentes no ambiente de vegetação
halófila psamófila reptante, onde o pH do solo foi menos ácido. Destas, P. piloua, A.
travassosi e F. mirabilis foram consideradas indicadoras deste ambiente (Tab. 10), sendo
esta última já assinalada como calcícola por HAGVAR & ABRAHAMSEN (1980).
Do lado oposto do gráfico acumularam-se Mesaphorura amazonica, M. yosii,
Xenylla welchi, X. maritima, Brachystomella ceciliae, B. agrosa, Maricaella duna, Friesea
reducta, Pseudachorutes difficilis e Aethiopella littoralis cuja distribuição no ambiente de
primeiro cordão arenoso está condicionada ao pH mais ácido do solo. Das espécies acima
referidas, F. reducta, P. difficilis, X. maritima e M. yosii foram ainda credenciadas como
indicadoras deste ambiente (Tab. 10), sendo esta última já assinalada como acidófila por
HAGVAR (1990), PONGE (2000) e KUPERMAN et al. (2002).
No eixo 2, que representou 6% do total de variação, os fatores que mais
influenciaram a distribuição das espécies foram a umidade do solo (US), Magnésio (Mg) e
Potássio (K). O ambiente de primeiro cordão arenoso da área impactada de Itaipuaçu (IPB)
mostrou-se fortemente ligado a esses fatores. Este eixo separou ainda as áreas preservadas
na sua parte superior (Fig. 89).
Os dados aqui observados no tocante ao pH do solo, estão em consonância
com THIBAUD & CHRISTIAN (1989) que indicaram a relação deste fator com a
repartição e a composição de colêmbolos encontrados em areias litorâneas mediterrâneas.
Outros autores como, POZO (1986), CASTAÑO-MENESES et al. (2001) e CUTZ-POOL
et al. (2003), identificaram também no pH um dos fatores mais importantes do solo, capaz
de atuar na distribuição dos organismos e afetar de maneira heterogênea populações
edáficas, beneficiando alguns grupos e provocando, em outros mais sensíveis, seu
desaparecimento. A distribuição das espécies ou grupo de espécies de colêmbolos em solos
ácidos, neutros ou alcalinos pode ser afetada por modificações ambientais provocadas pelo
homem, resultando na mudança de suas exigências ecológicas (SALMON et al., 2002).
A umidade do solo, aqui constatada como um fator determinante na
composição e na estrutura das comunidades analisadas, foi concordante com as
98
observações de FJELLBERG (1985), POZO (1986), VEGTER et al. (1988) e MIRANDA-
RANGEL & PALACIOS-VARGAS (1992) ao atestarem em seus estudos que os
colêmbolos são muito sensíveis às flutuações de umidade sendo, portanto, fortemente
afetados por ela.
Figura 88- Análise de Correspondência Canônica baseada em “espécies versus amostras versus fatores ambientais”. Triângulos cheios representam ambientes de vegetação halófila psamófila reptante; triângulos vazios representam ambientes de primeiro cordão arenoso; círculos amarelos representam espécies. Códigos conforme a seção 3.7 de Material e Métodos.
99
Figura 89- Análise de Correspondência Canônica baseada em “espécies versus amostras
versus fatores ambientais”. Triângulos cheios representam ambientes preservados;
triângulos vazios representam ambientes impactados; círculos amarelos representam
espécies. Códigos conforme a seção 3.7 de Material e Métodos.
100
Uma vez constatada a distinção entre os ambientes de vegetação halófila
psamófila reptante e de primeiro cordão arenoso, uma nova análise de correspondência
canônica foi realizada como tentativa de estabelecer uma relação mais estreita das espécies
com os fatores ambientais dentro de cada um desses ambientes.
Para o ambiente de vegetação halófila psamófila reptante, o eixo 1
representando 11,3% de variação, separou parcialmente as áreas preservadas no seu lado
esquerdo, com exceção de uma delas em Maricá (MAAI12) (Fig. 90). Neste eixo, os
fatores mais importantes foram Magnésio (Mg), Cálcio (Ca) e Hidrogênio (H) conforme
explicitado na Tabela 12.
No eixo 2, representando 7,4% de variação, os fatores que mais influenciaram
a distribuição das espécies foram o pH e o Hidrogênio (H).
Tabela 12- Sumário da Análise de Correspondência Canônica e coeficientes de correlação obtidos entre os fatores ambientais e os eixos de ordenação no ambiente de vegetação halófila psamófila reptante. Eixo 1 Eixo 2 Eixo 3 Autovalor 0,601 0,392 0,366 Variação % de variação explicada
11,3
7,4
6,9 % de variação explicada acumulada 11,3 18,7 25,6 Correlação de Pearson, Spp-ambientes 0,929 0,733 0,668 Correlação de Kendall, Spp-ambientes 0,716 0,544 0,522 Variáveis Ca 0,467 -0,258 0,091 Mg 0,492 -0,216 0,032 K 0,382 -0,057 0,122 Na 0,265 0,098 0,172 Al 0,146 0,013 0,121 H 0,421 -0,334 -0,055 P 0,354 -0,165 -0,035 pH 0,193 0,253 0,048 C 0,364 -0,237 -0,003 N 0,367 -0,222 0,023 Matéria orgânica 0,365 -0,237 -0,003 Umidade do solo 0,397 -0,074 0,081 Temperatura do solo -0,038 -0,290 -0,003
101
Figura 90- Análise de Correspondência Canônica baseada em “espécies versus amostras de
vegetação halófila psamófila reptante versus fatores ambientais”. Triângulos cheios
representam ambientes preservados; triângulos vazios representam ambientes impactados;
círculos amarelos representam espécies. Códigos conforme a seção 3.7 de Material e
Métodos.
102
Para o ambiente de primeiro cordão arenoso, o eixo 1, representando 12,8% de
variação, separou parcialmente as áreas preservadas em seu lado direito, com exceção de
uma amostra em Itaipuaçu (IABV13) (Fig. 91). Dentre as áreas impactadas, as amostras de
Itaipuaçu (IPB) se separaram das demais. Neste eixo, os fatores que mais influenciaram a
distribuição das espécies foram o Magnésio (Mg), Sódio (Na) e Potássio (K) conforme
explicitado na Tabela 13.
No eixo 2, representando 7,9% de variação, novamente os fatores que mais
influenciaram a distribuição das espécies foram o pH e a Umidade do solo (US).
Tabela 13- Sumário da Análise de Correspondência Canônica e coeficientes de correlação obtidos entre os fatores ambientais e os eixos de ordenação no ambiente de primeiro cordão arenoso. Eixo 1 Eixo 2 Eixo 3 Autovalor 0,347 0,213 0,118 Variação % de variação explicada
12,8
7,9
4,4
% de variação explicada acumulada 12,8 20,7 25,1 Correlação de Pearson, Spp-Ambientes 0,840 0,711 0,592 Correlação de Kendall, Spp-Ambientes 0,510 0,446 0,411 Variáveis Ca -0,591 -0,227 -0,152 Mg -0,722 -0,070 0,039 K -0,618 -0,102 -0,143 Na -0,626 0,024 -0,120 Al -0,250 -0,122 -0,216 H -0,508 -0,058 -0,341 P -0,531 -0,094 -0,146 pH 0,030 0,137 0,222 C -0,496 -0,058 -0,294 N -0,355 0,076 -0,218 Matéria orgânica (Morg) -0,497 -0,058 -0,294 Umidade do solo (US) -0,758 0,115 -0,098 Temperatura do solo (TS) 0,036 -0,283 0,027
103
Figura 91- Análise de Correspondência Canônica baseada em “espécies versus amostras de
primeiro cordão arenoso versus fatores ambientais”. Triângulos cheios representam
ambientes preservados; triângulos vazios representam ambientes impactados; círculos
amarelos representam espécies. Códigos conforme a seção 3.7 de Material e Métodos.
104
A partir dos resultados obtidos pelas análises canônicas, pode-se afirmar que a
variabilidade da fauna foi mantida nas áreas preservadas em cada um dos ambientes
(vegetação halófila psamófila reptante e primeiro cordão arenoso), sendo os fatores
determinantes na distribuição das espécies representados pela umidade do solo, pH e
complexo sortivo.
Além disso, verificou-se que na Restinga de Maricá diferentes grupos de
colêmbolos responderam diferentemente aos mesmos fatores conforme constatado no
estudo de Isotomidae realizado por ABRANTES (2006), cujos resultados foram distintos
daqueles encontrados para a fauna de Poduromorpha.
Um outro aspecto do conhecimento da fauna de Poduromorpha na Restinga de
Maricá, está relacionado ao amplo conhecimento da fauna nesta área, constatado pela
ausência de novas espécies, o que possibilitará a realização de novos estudos ecológicos.
Esta tese, representando um primeiro ensaio na utilização de espécies da
Ordem Poduromorpha como indicadores ecológicos e no monitoramento de ecossistemas
de restingas preservadas e impactadas, incrementou o conhecimento desta Ordem e
ampliou o número de espécies registradas para o Brasil. Estudos futuros visando o
levantamento de Poduromorpha em outras restingas serão de grande importância para
estudos de sistemática, comparação da estrutura e composição, bem como, a utilização de
espécies indicadoras na recuperação de áreas impactadas.
105
5- Conclusões
1. Vinte e três espécies, dezesseis gêneros e cinco famílias foram registrados para a
Restinga de Maricá, Rio de Janeiro, RJ. Dentre as famílias ocorrentes no presente estudo,
Neanuridae foi a dominante quanto ao número de espécies (9), tendo no gênero Friesea,
seu melhor representante (4 espécies). A família menos expressiva, Onychiuridae, teve
apenas um representante.
2. As espécies Paraxenylla piloua, Friesea claviseta, F. mirabilis e F. magnicornis foram
registradas pela primeira vez para o Brasil. Além destas, Xenylla welchi e Fissuraphorura
cubanica, já registradas para o estado do Espírito Santo, tiveram suas áreas de ocorrências
estendidas para o estado do Rio de Janeiro. A espécie Austrogastrura travassosi, de
ocorrência já conhecida para o Rio de Janeiro, foi encontrada pela primeira vez na Restinga
de Maricá.
3. O estudo morfológico das espécies encontradas permitiu ampliar a descrição de
Aethiopella littoraliis, Brachystomella ceciliae, Maricaella duna e Rapoportella pitomboi
através da inclusão de novos caracteres.
4. Os ambientes de vegetação halófila psamófila reptante e de primeiro cordão arenoso
foram separados principalmente pelo pH, que foi mais ácido neste último. A umidade do
solo e o conteúdo de matéria orgânica também foram responsáveis por uma nítida
separação tanto entre os ambientes amostrados, quanto entre as áreas impactadas e
preservadas.
5. Os maiores valores de diversidade, riqueza e equitabilidade foram observados no
ambiente de primeiro cordão arenosos da área impactada de Itaipuaçu.
6. O ambiente de primeiro cordão arenoso nas áreas preservadas apresentou um padrão de
freqüência das espécies acessórias (Xenylla maritima, Friesea reducta e Brachystomella
ceciliae) e até mesmo das acidentais que pôde ser atribuído à estabilidade, grande
produtividade e constante entrada de energia neste ambiente.
106
7. Nas áreas preservadas houve um padrão de distribuição das espécies com predominância
de Paraxenylla piloua no ambiente de vegetação halófila psamófila reptante, e de Xenylla
welchi, X. maritima e Friesea reducta no ambiente de primeiro cordão arenoso, tanto na
localidade de Itaipuaçu quanto na de Maricá. Nas áreas impactadas esse padrão não
ocorreu e houve predominância de uma ou duas espécies diferentes em cada ambiente e
localidade de coleta.
8. Austrogastrura travassosi e Brachystomella agrosa mostraram-se indicadoras de áreas
impactadas, ao passo que Xenylla welchi atuou como indicadora de áreas preservadas.
9. As espécies indicadoras de vegetação halófila psamófila reptante foram representadas
por Paraxenylla piloua, Austrogastrura travassosi e Friesea mirabilis. Por outro lado,
Xenylla maritima, Mesaphorura yosii, Friesea reducta e Pseudachorutes difficilis foram
indicadoras de primeiro cordão arenoso.
10. Austrogastrura travassosi revelou-se indicadora de vegetação halófila psamófila
reptante em áreas impactadas.
11. A variabilidade da fauna é mantida nas áreas preservadas tanto em ambiente de
vegetação halófila psamófila reptante quanto de primeiro cordão arenoso.
Sugere-se que o estudo dos colêmbolos, um dos elementos mais importantes
da mesofauna edáfica, seja utilizado nas áreas de restinga como mais um indicador do grau
de impacto ocasionado pela antropização. Estudos das relações das comunidades vegetais e
animais podem ainda incrementar programas de recuperação em restingas degradadas, e
restabelecer o equilíbrio destes ambientes.
107
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120
Apêndices
121
A D
C
B
Apend. 1 (A-D)- A- Quetotaxia dorsal de Xenylla sp. (modificada de Gama, 1987); B- cerdas labiais (modificada de Massoud, 1967); C- Tibiotarso III com cerda M (modificada de Deharveng, 1989); D- quetotaxia das valvas anais (modificada de D’Haese, 2000).
122
Apend. 2- Número de indivíduos coletados por área e ambiente no mês de janeiro de 2003 (VP- vegetação halófila psamófila reptante e PC- primeiro cordão arenoso). Impactadas Preservadas Itaipuaçu Maricá Itaipuaçu Maricá VP PC VP PC VP PC VP PC Friesea claviseta Friesea magnicornis 1 Friesea mirabilis 1 21 Friesea reducta 40 7 5 34 Pseudachorutes difficilis 10 2 1 4 Aethiopella littoralis 3 Neotropiella sp. Arlesia sp. Hylaeanura infima Brachystomella agrosa 1 44 21 8 Brachystomella ceciliae 1 4 3 2 6 Brachystomella contorta 13 14 Maricaella duna 1 Rapoportella pitomboi 1 Austrogastrura travassosi 1294 Xenylla maritima 1 5 95 86 Xenylla welchi 3 9 45 304 Paraxenylla piloua 50 106 15 Acherontiella globulata 2 Thalassaphorura sp. Fissuraphorura cubanica 3 30 Mesaphorura amazonica 1 30 1 Mesaphorura yosii 16 3 1 3 2
123
Apend. 3- Número de indivíduos coletados por área e ambiente no mês de junho de 2003 (VP- vegetação halófila psamófila reptante e PC- primeiro cordão arenoso). Impactadas Preservadas Itaipuaçu Maricá Itaipuaçu Maricá VP PC VP PC VP PC VP PC Friesea claviseta 1
Friesea magnicornis
Friesea mirabilis 2 1
Friesea reducta 1 3
Pseudachorutes difficilis
Aethiopella littoralis
Neotropiella sp.
Arlesia sp.
Hylaeanura infima
Brachystomella agrosa 1
Brachystomella ceciliae 10
Brachystomella contorta
Maricaella duna
Rapoportella pitomboi 1 1
Austrogastrura travassosi 24
Xenylla maritima 22 10
Xenylla welchi 15 2 4
Paraxenylla piloua 27 18
Acherontiella globulata 1
Thalassaphorura sp.
Fissuraphorura cubanica
Mesaphorura amazonica
Mesaphorura yosii
124
Apend. 4- Número de indivíduos coletados por área e ambiente no mês de julho de 2003 (VP- vegetação halófila psamófila reptante e PC- primeiro cordão arenoso). Impactadas Preservadas Itaipuaçu Maricá Itaipuaçu Maricá VP PC VP PC VP PC VP PC Friesea claviseta
Friesea magnicornis
Friesea mirabilis 3
Friesea reducta 18 15 12
Pseudachorutes difficilis 4 6
Aethiopella littoralis
Neotropiella sp.
Arlesia sp.
Hylaeanura infima
Brachystomella agrosa 14
Brachystomella ceciliae 1 7 2
Brachystomella contorta
Maricaella duna 7
Rapoportella pitomboi
Austrogastrura travassosi 523 1
Xenylla maritima 117 6
Xenylla welchi 19 111 1
Paraxenylla piloua 78 55
Acherontiella globulata
Thalassaphorura sp.
Fissuraphorura cubanica
Mesaphorura amazonica
Mesaphorura yosii 6
125
Apend. 5- Número de indivíduos coletados por área e ambiente no mês de dezembro de 2003 (VP- vegetação halófila psamófila reptante e PC- primeiro cordão arenoso). Impactadas Preservadas Itaipuaçu Maricá Itaipuaçu Maricá VP PC VP PC VP PC VP PC Friesea claviseta
Friesea magnicornis
Friesea mirabilis
Friesea reducta 17 6 31 6
Pseudachorutes difficilis 2 1 2 4
Aethiopella littoralis 2
Neotropiella sp. 1
Arlesia sp. 1
Hylaeanura infima 1
Brachystomella agrosa 22
Brachystomella ceciliae 1 2 1
Brachystomella contorta
Maricaella duna 1 1
Rapoportella pitomboi 1
Austrogastrura travassosi
Xenylla maritima 271 3 22
Xenylla welchi 269 6
Paraxenylla piloua 58 11
Acherontiella globulata
Thalassaphorura sp. 1
Fissuraphorura cubanica
Mesaphorura amazonica 3
Mesaphorura yosii 7 2 2 3