URGÊNCIAS E EMERGENCIAS CLÍNICAS 2007.2

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Urgências/Emergências Clínicas.

Por: Enfª. Ana Paula Santos Cruz

Profª. Especialista

Faculdade São Lucas

Emergências Cardiovasculares.

Emergências Cardiovasculares

Várias situações clínicas/patológicas do sistema cardiovascular, que mesmo sob tratamento podem gerar uma urgência ou emergência.

Angina e Infarto Agudo do Miocárdio.

Definições: Angina do peito: dor precordial, decorrente da

deficiência de oxigenação para o miocárdio (músculo cardíaco). Também chamada angina estável.

Angina instável: dor precordial ou retroesternal, podendo ter irradiação para membros superiores, palidez, sudorese, dispnéia e extremidades frias. Dor que dura entre 20 e 30 minutos. Responde ao uso de nitrato sublingual.

Infarto: dor precordial retroesternal, de forte intensidade, com duração acima de 30 minutos, podendo irradiar para MMSS ou braço esquerdo. Dor em forma de queimação. Pode ter início como dor epigástrica, irradiando em seguida para o peito e braço. Apresenta também náuseas, vômito, sudorese fria, ansiedade, taquicardia.

O que fazer fora do ambiente hospitalar.

Manter a vítima deitada e tentar tranqüilizá-la, orientando-a sobre o que pode estar acontecendo.

Se ela já faz uso de nitrato, administrar um comprimido sublingual.

Chamar socorro médico. Verificar pulso. Manter a cabeceira elevada, facilitando a

oxigenação. Manter as roupas da vítima afrouxadas,

principalmente cintos e botões. Aguardar socorro juntamente com a vítima.

Assistência de Enfermagem na hospitalização:

Manter o paciente deitado, em decúbito dorsal, com a cabeceira ligeiramente elevada;

Manter vias aéreas superiores impermeáveis, ou seja, ventiladas, com uso de O2 sob cateter nasal até 4 litros/minuto;

Providenciar um eletrocardiograma (ECG); Instalar o monitor cardíaco e oxímetro de

pulso;

Verificar e anotar pulso e PA; Seguir as orientações médicas quanto a infusão de

medicamentos; Puncionar veia para acesso venoso, de “grosso

calibre”; Na punção, colher amostra de sangue para

dosagem de enzimas e eletrólitos; Ocorrendo a sedação por parte médica, atenção

especial aos sinais vitais e monitorização, pois o paciente permanecerá mais relaxado;

Deixar o desfibrilador montado para uma possível cardioversão elétrica;

Após a estabilização do quadro, manter vigilância constante desse paciente, tranqüilizá-lo;

Orientar o paciente quanto a tudo que houve, e como está no momento. Isso deve ser feito sob acompanhamento médico;

Comunicar os familiares.

Observações: Repouso: a vítima ou paciente deve manter-se

deitado, para diminuir o esforço do músculo cardíaco, evitando assim, complicações do infarto.

Nitratos: seu uso imediato alivia a dor e previne novas crises, melhorando a função ventricular.

Betabloqueadores: diminuem o consumo de O2 pelo miocárdio, reduzindo a freqüência cardíaca e a pressão arterial.

Dieta: deve permanecer por até 24h em jejum para evitar o vômito.

Sedação: evita o estresse do paciente.

Ação medicamentosa sobre as Emergências cardiovasculares.

Dinitrato de isossorbida: V.admV.adm.– sublingual. Ação: promover rápida vasodilatação coronariana.

Nitroglicerina: V.adm.V.adm. – endovenosa. Ação: promover potente vasodilatação.

Atenolol: V.admV.adm. – oral. Ação: é um betabloqueador que diminui a freqüência cardíaca.

Ácido acetilsalisílico: V. adm. – oral. Ação: é um antiagregante plaquetário, que inibe a formação de trombos.

Morfina: V. admV. adm. – endovenosa. Ação: promove o alivio da dor e diminui o estado de ansiedade.

Ansiolíticos: V.admV.adm. – oral, endovenosa e intramuscular. Ação: promover diminuição no estado de ansiedade e atuar como miorrelaxante, contribuindo para aliviar dor e tensão. Diazepan mais utilizado.

Heparina: V.admV.adm. – endovenosa. Ação: anticoagulante, que contribui para a diminuição da viscosidade do sangue, evitando maiores complicações para o miocárdio.

Estreptoquinase: V.Adm.V.Adm. – endovenosa. Ação: trombolítica, dissolvendo os trombos e melhorando o fluxo sanguíneo para o miocárdio. Trata-se de droga vasoativa, que necessita de vigilância constante ao ser administrada, devendo ser infundida em bomba de infusão própria e monitoramento de pulso e pressão.

Hipertensão Arterial (HAS)

Definição:

Quando a pressão exercida sobre a artéria é maior do que a esperada.

De acordo com o III Consenso Brasileiro de HAS, o limite escolhido para definir HAS é o de igual ou maior de 140X90mmHg, quando encontrado em pelo menos duas aferições – realizadas no mesmo momento.

Definição:

É portanto definido como uma pressão arterial sistólica maior ou igual a 140 e uma pressão arterial diastólica maior ou igual a 90 em indivíduos que não estão fazendo uso de medicações anti-hipertensivas.

Fatores de risco:

Idade; História familiar; Peso corporal excessivo; Sedentarismo; Ingesta excessiva de sódio.

Sinais e Sintomas:

Cefaléia, Sudorese fria, Dor em região da “nuca”, porém sem

rigidez, Mal-estar geral, Ansiedade.

CLASSIFICAÇÃO DIAGNÓSTICA DA HA (>18ANOS)PAD(mmhg) PAS(mmhg) CLASSIFICAÇÃO

< 85 < 130 Normal

85-89 130-139 Normal limítrofe

90-99 140-159 HA leve (estágio I)

100-109 160-179 HA moderada (estágio II)

> ou = 110 > Ou = 180 HA grave (estágio III)

< 90 > ou = 140 Hipertensão sistólica isolada

O que fazer durante a crise de hipertensão fora do ambiente hospitalar.

Perguntar a vítima se é hipertensa, e se faz controle ou uso de medicamento próprio.

Manter a vítima em repouso e tranqüilizá-la, orientando sobre o que está ocorrendo.

Encaminhar a vítima para atendimento médico em posto de saúde, ambulatório ou hospital.

Observações:

Se possuir esfigmomanômetro, verificar a Pressão Arterial, anotar e encaminhar para atendimento médico.

Não indicar o uso de medicamento mesmo que a vítima já utilize algum tipo.

Os sintomas da hipertensão podem ser confundidos com o da hipotensão, e ao medicar sem indicação ou prescrição médica atual, pode ser provocado um efeito indesejável.

Assistência de Enfermagem na hospitalização:

Verificar e anotar os sinais vitais com atenção especial à PA;

Verificar PA a cada 2h e anotar em impresso próprio;

Manter o paciente em local tranqüilo, evitar visitas que possam ser desagradáveis e venham interferir no controle da pressão;

Verificar se a dieta está de acordo, ou seja, hipossódica, ficar atento ao que se consome entre uma refeição e outra, muitas vezes por conta própria, ou trazida por familiares;

Orientar quanto ao repouso relativo no leito; Administrar medicamentos dentro dos

horários, evitando assim atraso no seu ciclo de ação.

Ação medicamentosa sobre a HAS.

Nifedipina: V.adm.V.adm. – sublingual. Ação: age de forma rápida, causando hipofluxo cerebral.

Captropil: V.adm.V.adm. – sublingual e oral. Ação: diminuir a pressão arterial gradativamente sem causar danos cerebrais ao paciente.

Hidralazina: V.admV.adm. – endovenosa ou oral. Ação: age na musculatura do vaso, provocando vasodilatação de efeito imediato.

Furosemida: V.adm.V.adm. – oral ou endovenosa. Ação: diurético de alta potência que auxilia na diminuição da pressão.

Ansiolíticos: V.adm.V.adm. – oral, intramuscular ou endovenosa. Ação: relaxante, diminuindo a ansiedade quando a hipertensão está associada ao estresse.

Emergências Respiratórias

Definições: Bronquite: inflamação aguda ou crônica dos

brônquios com produção excessiva de muco. Apresenta como sintoma mal-estar geral, rouquidão, febre, tosse de início seca a produtiva.

Enfisema Pulmonar: é o acúmulo de ar entre as camadas que revestem os pulmões, podendo ocorrer dilatação dos pulmões. Apresenta como sintomas dificuldade respiratória e ruidosa, cianose de extremidades, cefaléia, fraqueza e até confusão mental.

Asma Brônquica: doença que se caracteriza pela dificuldade respiratória e obstrução dos bronquíolos (vias aéreas inferiores). Apresenta como sintoma sensação de peso no peito, tosse seca, ansiedade, dificuldade respiratória, sudorese, palidez, “chiados” no peito.

O que fazer fora do ambiente hospitalar. Manter a vítima em fowler ou semi-fowler,

possibilitando maior ventilação das vias aéreas.

Se a vítima já faz uso de algum “spray” para crise, administrá-lo com eficiência, verificando se a inalação foi feita corretamente.

Providenciar seu transporte para um posto médico ou hospital para que possa ser atendida, não havendo complicação do quadro.

Observações:

As orientações anteriores podem ser seguidas tanto pelo pessoal da saúde como por leigos.

Assistência de Enfermagem na hospitalização:

Manter o paciente em posição de fowler; Administrar medicamentos e inalações

CPM; Observar os horários de administração de

medicamentos, para que o ciclo deles não seja prejudicado;

Verificar e anotar sinais vitais com atenção à respiração;

Oferecer dieta leve e anotar a aceitação; Orientar quanto ao repouso nas primeiras

horas até que a crise se estabilize; O acesso venoso fica comprometido

durante o pico da crise; deixar sempre em acesso sorolizado e o material arrumado, para novas punções, se for necessário.

Emergências Diabéticas

Definição:

Cetoacidose diabética: caracterizada pelo quadro clínico de hiperglicemia, desidratação, cetose, decorrente da deficiência de insulina (tipo I).

Apresenta também prostação, cansaço, náuseas, poliúria. Devido à acidose metabólica, a respiração passa a ser hiperventilada (respiração Kussmaul).

Coma hiperosmolar não cetótico: caracterizado pela complicação aguda do diabetes insulino dependente (tipo II) com intensa hiperglicemia, desidratação, ausência de cetoacidose, alteração de consciência.

Pode estar associado a outra patologia de base que diminui a produção de insulina.

Coma hipoglicêmico: estado em que o índice de glicose é abaixo de 40 mg/dl, apresentando ansiedade, tremor, sudorese, palpitação, palidez, torpor, náuseas, cansaço, confusão mental, alterações do comportamento, convulsão e até coma.

O que fazer fora do ambiente hospitalar

Em qualquer uma das situações, manter o paciente deitado.

Verificar o nível de consciência desse indivíduo, fazer perguntas e observar suas respostas.

Verificar se ele já é insulino dependente, se já tem história anterior de diabetes e se fez uso da insulina nesse dia.

Procurar socorro médico, em um posto de saúde ou hospital, o mais rápido possível.

Se o paciente não for diabético, não teve história semelhante anteriormente e estiver consciente, oferecer um copo de água com açúcar, ou uma bala, e procurar atendimento médico.

Se o paciente estiver inconsciente, não dar nada para ingerir. Procure socorro médico imediatamente.

Observação:

As orientações citada podem ser seguidas por pessoal da área da saúde ou até mesmo por leigos.

Assistência de Enfermagem na hospitalização:

Manter o paciente em semi-fowler; Realizar teste de glicemia capilar a cada 3h,

ou segundo orientação médica; Puncionar acesso venoso de grosso calibre; Fazer quadro do controle do teste de

glicemia capilar e anotar resultados adequadamente;

Abservar a aceitação da dieta, respeitando e orientando quanto aos intervalos entre uma refeição e outra;

Fazer o esquema de insulina conforme a orientação e a prescrição médica, também anotando a quantidade e a região aplicada, fazer rodízio de aplicação;

Estar atento às queixas do paciente, principalmente com relação a “cãibras”, pois o potássio pode estar diminuindo, o que pode levar a hipoglicemia rapidamente;

Realizar balanço hídrico diário. Avaliar constantemente o nível de

consciência.