2000 · Ao Eng.º João Ponte pede-se que se adapte e se inteire rapida-mente dos grandes...

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Agricultor 2000 Nº 112 NOVEMBRO DE 2016 www.aasm-cua.com.pt Editorial Jorge Alberto Serpa da Costa Rita A base da economia dos Açores é e continuará a ser a Agricultura O novo Governo dos Açores recentemente empossado na Assembleia Legislativa Regional trouxe ao setor agrícola, algumas novidades, nomeadamente, pela al- teração da sua orgânica, deixando de estar a agricultu- ra associada ao ambiente, e também na sua composição, com a nomeação dum novo secretário regional da agricultura e flores- tas, que embora seja reconhecido pelo trabalho realizado noutras áreas, nunca lidou diretamente com o setor. O novo secretário terá de enfrentar grandes desafios, e deve ser um elemento ativo na procura de soluções para a melhoria dos rendimentos dos agricultores, que têm decrescido significativa- mente nos últimos anos, devido a vários fatores, fundamental- mente europeus e mundiais, como no caso da fileira do leite, on- de a abolição das quotas leiteiras, o embargo russo ou a dimi- nuição da procura dos produtos lácteos, têm tido consequências dramáticas para muitas das explorações agropecuárias regionais. Este são problemas reais, que a par doutros dossiers, como a re- visão do Posei, a execução do Prorural+, a realidade dos setores da carne ou da diversificação agrícola, exigem de quem decide conhecimento e disponibilidade para que sejam encontradas as melhores soluções adaptáveis a todas as ilhas dos Açores. Também, numa época de mudança de elementos do governo regional como esta, importa reconhecer os méritos de quem se dedicou ao longo dos últimos quatro anos ao setor agrícola neste cargo, e assim, o Eng.º Luis Viveiros (e sua equipa) merece uma palavra de reconhecimento pelo mandato que exerceu, num período muito difícil, onde a conjuntura internacional foi das piores das últimas décadas, nomeadamente, nestes dois anos fi- nais, mas que, mesmo perante as dificuldades e adversidades, sempre demonstrou conhecimento dos assuntos, tendo sido leal, rigoroso e sério no relacionamento com os parceiros sociais. Ao Eng.º João Ponte pede-se que se adapte e se inteire rapida- mente dos grandes desígnios da Agricultura dos Açores, esperan- do-se igualmente dos restantes elementos do governo regional li- gados ao setor, empenho e vontade no exercício das suas funções, sabendo que dos parceiros sociais, podem contar com total dis- ponibilidade, numa colaboração que se pretende proveitosa para todos, porque o diálogo e a discussão das matérias, são decisivos na adoção das políticas agrícolas adequadas. A Agricultura continua e continuará a ser a base da economia regional, porque as suas implicações na coesão da região são evi- dentes e amplamente percetíveis por todos, por isso, não pode- mos concordar com alguma desvalorização do setor de algumas tendências políticas existentes, que tendem a desprezar e a dimi- nuir um setor de futuro nos Açores, pelo que, aguardamos que o Presidente do Governo dos Açores não abdique deste setor, mas ao contrário, o acarinhe e o ponha no seu devido lugar, porque se tal não acontecer, pode estar a cometer um erro histórico, com repercussões nas próximas gerações. DIRETOR: Eng.º NUNO SOUSA II SÉRIE Jorge Rita defende aumento do preço do leite Associação Agrícola de São Miguel presente no Agri Milk Show Cofinanciado por: Página 12 “Não há turismo de sucesso nos Açores com uma agricultura falida” Páginas 2e3

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Agricultor2000 Nº 112

NOVEMBRO DE 2016

www.aasm-cua.com.pt

Editorial

Jorge Alberto Serpa da Costa Rita

A base da economiados Açores é e continuará a ser a Agricultura

Onovo Governo dos Açores recentemente empossadona Assembleia Legislativa Regional trouxe ao setoragrícola, algumas novidades, nomeadamente, pela al-teração da sua orgânica, deixando de estar a agricultu-

ra associada ao ambiente, e também na sua composição, com anomeação dum novo secretário regional da agricultura e flores-tas, que embora seja reconhecido pelo trabalho realizado noutrasáreas, nunca lidou diretamente com o setor.

O novo secretário terá de enfrentar grandes desafios, e deve serum elemento ativo na procura de soluções para a melhoria dosrendimentos dos agricultores, que têm decrescido significativa-mente nos últimos anos, devido a vários fatores, fundamental-mente europeus e mundiais, como no caso da fileira do leite, on-de a abolição das quotas leiteiras, o embargo russo ou a dimi-nuição da procura dos produtos lácteos, têm tido consequênciasdramáticas para muitas das explorações agropecuárias regionais.

Este são problemas reais, que a par doutros dossiers, como a re-visão do Posei, a execução do Prorural+, a realidade dos setoresda carne ou da diversificação agrícola, exigem de quem decideconhecimento e disponibilidade para que sejam encontradas asmelhores soluções adaptáveis a todas as ilhas dos Açores.

Também, numa época de mudança de elementos do governoregional como esta, importa reconhecer os méritos de quem sededicou ao longo dos últimos quatro anos ao setor agrícola nestecargo, e assim, o Eng.º Luis Viveiros (e sua equipa) merece umapalavra de reconhecimento pelo mandato que exerceu, numperíodo muito difícil, onde a conjuntura internacional foi daspiores das últimas décadas, nomeadamente, nestes dois anos fi-nais, mas que, mesmo perante as dificuldades e adversidades,sempre demonstrou conhecimento dos assuntos, tendo sido leal,rigoroso e sério no relacionamento com os parceiros sociais.

Ao Eng.º João Ponte pede-se que se adapte e se inteire rapida-mente dos grandes desígnios da Agricultura dos Açores, esperan-do-se igualmente dos restantes elementos do governo regional li-gados ao setor, empenho e vontade no exercício das suas funções,sabendo que dos parceiros sociais, podem contar com total dis-ponibilidade, numa colaboração que se pretende proveitosa paratodos, porque o diálogo e a discussão das matérias, são decisivosna adoção das políticas agrícolas adequadas.

A Agricultura continua e continuará a ser a base da economiaregional, porque as suas implicações na coesão da região são evi-dentes e amplamente percetíveis por todos, por isso, não pode-mos concordar com alguma desvalorização do setor de algumastendências políticas existentes, que tendem a desprezar e a dimi-nuir um setor de futuro nos Açores, pelo que, aguardamos que oPresidente do Governo dos Açores não abdique deste setor, masao contrário, o acarinhe e o ponha no seu devido lugar, porque setal não acontecer, pode estar a cometer um erro histórico, comrepercussões nas próximas gerações.

DIRETOR: Eng.º NUNO SOUSA

II SÉRIE

Jorge Rita defende aumentodo preço do leite

AssociaçãoAgrícola de São Miguel presente noAgri Milk Show

Cofinanciado por:

Página 12

“Não há turismo de sucesso nosAçores com uma agricultura falida”

Páginas 2e3

NOVEMBRO DE 20162 Agricultor 2000

>> Na entrega do Prémio Produtor Excelente de 2015, promovido pela Associação de Jovens AgricultoresMicaelenses, o Presidente da Associação Agrícola de São Miguel referiu a necessidade de se valorizar "o melhor leite do mundo". Jorge Rita defendeu o aumento do preço do leite e a procura de novos mercados para a exportação, mas também uma ajudaextraordinária para o setor, tal como aconteceu há unsanos atrás quando o setor do turismo passou por dificuldades. Mas Jorge Rita alertou que "não há turismode sucesso nos Açores com uma agricultura falida"

Jorge Rita defende aumentodo preço do leite

OPresidente da Asso-ciação Agrícola deSão Miguel, e da Fe-deração Agrícola dos

Açores, Jorge Rita, esteve pre-sente na entrega do Prémio Pro-dutor Excelente de 2015 entre-gue pela Associação de JovensAgricultores Micaelenses.

Além da entrega dos prémios,houve lugar para um debate so-bre as dificuldades por que passao setor leiteiro na Região tendosido apontadas várias razões pa-ra a atual situação que se vive nosetor. O fim do regime de quotasleiteiras juntamente com o em-bargo russo provocaram "a tem-pestade perfeita" para que se ins-talasse a crise no principal pilarda economia dos Açores.

No debate, que sentou à mes-ma mesa a produção, indústria,Governo Regional e eurodeputa-da, o Presidente da AssociaçãoAgrícola de São Miguel, JorgeRita, voltou a lembrar a qualida-de do leite que se produz na Re-gião. "O melhor leite do mundo",que a produção conseguiu man-ter com a qualidade que semprelhe foi exigida. Se a produção fez,e continua a fazer, a sua parte, é avez do Governo Regional e daindústria aproveitarem e valori-zarem devidamente este "produ-to de qualidade".

Quando o mercado nacio-nal, que absorve a maior partedo leite dos Açores, está satu-rado com leite e queijo de ou-tros países, a solução acreditaJorge Rita, é encontrar merca-dos alternativos para se con-seguir escoar os produtos lác-teos dos Açores.

Para enfrentar esta situação

que deixa os produtores açorianospreocupados e na expetativa, osapoios que foram anunciados pelaUnião Europeia são "humilhantese residuais", tal como os queprovêm do Governo da República.Jorge Rita lembrou que a lavourajá perdeu "30 milhões de euros dereceitas do leite só em 2015" desdeo fim das quotas e como conse-quência também do embargo rus-so, medidas políticas mas em que alavoura tem sido a principal preju-dicada.

Jorge Rita confidenciou mesmoque "não gosto de ver o atual mi-nistro da agricultura constante-mente a anunciar os mesmosmilhões para apoiar os produtoresde leite". Os quatro milhões, a que

se refere o Ministro da Agricultu-ra, são um valor que vem da UniãoEuropeia mas que "todas as sema-nas" é anunciado como um novoapoio. "Tudo isso somado dá mui-tos milhões, mas acabamos a con-tar tostões", referiu Jorge Rita quefez as contas e salientou que cadaprodutor vai receber, no máximo,900 euros de ajudas da União Eu-ropeia.

Já no que toca a apoios do Go-verno da República, o Presiden-te da Associação Agrícola de SãoMiguel destaca que "a solidarie-dade nacional para os agricul-tores dos Açores é residual", sen-do semelhante ao apoio concedi-do pelo anterior executivo.

É por isso que Jorge Rita defen-

de um apoio regional para colma-tar o período difícil que se viveatualmente no setor, à semelhançado que já aconteceu com o turis-mo. Apesar de reconhecer que "aRegião já canalizou mais apoiospara o setor do que a União Euro-peia e o Governo da República",Jorge Rita não concorda que a Re-gião esteja "a fazer um esforço tre-mendo para ajudar a lavoura. Oturismo está a ser uma lufada de arfresco na economia regional, masé preciso não esquecer que o Go-verno Regional chegou a pagarpassagens para as pessoas virempara cá de Inverno".

E a este propósito, depois determinadas as eleições regionais,Jorge Rita lamentou "profunda-mente" que durante a campanhaeleitoral "raramente se tenha fala-do do melhor setor económico dosAçores".

Referindo-se ao preço de leite,disse que mercado europeu re-gista uma subida de preços pa-gos aos produtores, mas que ain-da não tiveram quaisquer conse-quências junto dos produtores,pelo que, as indústrias dos Aço-res devem aumentar o preço deleite.

Jorge Rita referiu que "Asindústrias têm de realizar uma su-bida proximamente, porque osprodutores não podem aguentara atual situação durante mais tem-po e se existem sinais positivos co-mo os atuais, têm de ter reper-cussão junto da produção".

Falou também da questão dasegurança social que ainda não

“Não gosto de vero atual ministro da agricultura constantemente a anunciar os mesmos milhõespara apoiar os produtores de leite”

NOVEMBRO DE 2016Agricultor 2000 3

“O novo regime de apoio à agriculturafamiliar, embora tenha introduzidonovos escalões, não contribuiu para a resolução da maioria dos agricultoresinstalados após 2011, que continuam a pagar valores elevados e injustos”

está resolvida "já que o novo regi-me de apoio à agricultura fami-liar, embora tenha introduzidonovos escalões, não contribuiupara a resolução da maioria dosagricultores instalados após2011, que continuam a pagar va-lores elevados e injustos".

Jorge Rita voltou a reforçar aimportância da lavoura na econo-mia dos Açores e argumentou quemuito se pode apostar noutros se-tores, mas "não há turismo de su-cesso nos Açores com uma agri-cultura falida".

Na análise ao setor leiteiro dosAçores que antecedeu uma mesaredonda sobre o tema 'Leite, pre-sente e futuro', promovida pela As-sociação de Jovens AgricultoresMicaelenses para promover e in-centivar a produção de qualidade,o então Secretário Regional daAgricultura e Ambiente, Luís Ne-to Viveiros, reconheceu a qualida-de do leite açoriano que deve servalorizado e deve ser uma apostanoutros mercados. "A forma comoproduzimos dá-nos vantagem

competitiva. Agora a indústria, co-mo está a fazer, deve apostar emprodutos diferenciados com valoracrescentado", disse.

Já o Presidente da Associaçãode Jovens Agricultores Micaelen-ses, César Pacheco, também se re-feriu às ajudas "muito curtas, nu-ma conjuntura já muito longa. Épreciso conseguir mais apoios pa-ra a produção de leite nos Açores

em virtude de não se perder essaatividade muito importante daeconomia regional".

Perante um setor muito desca-pitalizado e fragilizado pelo preçobaixo pago à produção, "precisa-mos de medidas de efeito imedia-to para relançar a economia agrí-cola da nossa ilha", referiu CésarPacheco que defendeu que o pré-mio por vaca de 45 euros não se de-ve cingir apenas a este ano crisemas se prolongasse no tempo.

Já no lado da indústria, Eduar-do Vasconcelos, representante daAssociação Nacional de Indústriasde Lacticínios (ANIL) e tambémda BEL, considerou que o camin-ho para os produtos lácteos dosAçores é a exportação para o es-trangeiro, ressalvando a necessi-dade de se criar "uma estratégia deexportação" em conjunto entre oGoverno e a produção. No entan-to, Eduardo Vasconcelos lembrouque "é preciso muito dinheiro" pa-ra a exportação e promoção dosprodutos regionais noutros mer-cados. Além disso, "vamos para o

Numa cerimónia que pre-miou a excelência da produçãodos jovens agricultores, o desâ-nimo tomou conta dos produ-tores premiados, sendo que foiponto assente que a promoçãodos produtos lácteos açorianosé essencial, principalmente emdeterminados nichos de merca-do que apreciem a qualidade eque tenham poder de comprapara valorizar a qualidade ex-cecional dos produtos dos Aço-res.

estrangeiro e muitas pessoas nemsabem se os Açores fazem parte daEuropa", alertou.

Também o Presidente da Lac-taçores, Gil Jorge, falou nas difi-culdades da exportação e nospreços baixos que produtos prove-nientes de outros países impõemno mercado, Gil Jorge adianta quea empresa tem vendido leite paraAngola mas a preços baixos, en-quanto o mercado da China era"uma grande ilusão" mas não estáa corresponder às expetativas.

“A solidariedadenacional para os agricultoresdos Açores é residual, sendosemelhante ao apoio concedidopelo anterior executivo”

“Não há turismo de sucesso nos Açores com uma agricultura falida”

NOVEMBRO DE 20164 Agricultor 2000

AVISO

Secretaria Regional da Agricultura e AmbienteDireção Regional da Agricultura

Fernando Moniz Sousa, Diretor Regional da Agricultura da Região Autónoma dosAçores, faz saber que:

1. Nos termos do artigo n.º 4 da Portaria n.º 30/2013 de 9 de maio é concedido umapoio anual para inseminação artificial de 25% do total do efectivo leiteiro das ex-plorações dos criadores que tenham aderido ao Programa de Incentivo à Pro-dução de Bovinos Cruzados nas Explorações Leiteiras da Região Autónomados Açores.

2. A adesão ao programa deve ser efectuada anualmente, e conforme a Portarian.º 137/2015 de 21 de outubro, de 1 a 30 de novembro de 2016, nos Serviços de De-senvolvimento Agrário de Ilha.

3. Avisa-se que os interessados, mesmo os que aderiram à campanha de 2016, de-vem dirigir-se aos serviços de Desenvolvimento Agrário de Ilha fazendo-se acom-panhar dos seguintes documentos:- Senha de acesso de beneficiário, atribuída pela Secretaria Regional da Agricul-tura e Ambiente;- Licença de exploração bovina. Caso não possua licença terá de apresentar um do-cumento justificativo emitido pelo Serviço de Desenvolvimento Agrário quefundamente esse incumprimento;- Terá que indicar, o subcentro de I.A. onde irá efectuar as inseminações.

Direção Regional da Agricultura, 24 de outubro de 2016

O DIRETOR REGIONAL,

(Fernando Moniz Sousa)

PROGRAMA DE INCENTIVO À PRODUÇÃO DE BOVINOS CRUZADOSNAS EXPLORAÇÕES LEITEIRAS - CAMPANHA 2017

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AVISO III Concurso Micaelense Holstein Frísia de Outono

O III Concurso Micaelense Holstein Frísia de Outono irá decorrer entre os dias 25 e 27 de Novembro de 2016.

Todos os interessados em ter animais no Concurso Pecuário deverão contactar o gabinete de contraste leiteiro até ao próximo

dia 15 de Novembro para fazerem a inscrição.

João António Ferreira Ponte

Licenciado em Engenharia Eletrotécnica e Computadores pelo Instituto SuperiorTécnico de Lisboa, com formação avança-da em Gestão para Executivos, ministradapela Faculdade de Ciências Económicas eEmpresariais da Universidade CatólicaPortuguesa, tem 49 anos.Desempenhava funções de Presidente doConselho de Administração da empresapública de transporte marítimoAtlânticoline S.A., desde março de 2015.Foi Presidente da Câmara Municipal daLagoa entre 2005 e 2015, autarquia

onde também já tinha assumido a Vice-Presidência entre 2002 e 2004.Foi, ainda, vogal do Conselho Diretivo daAssociação Nacional de MunicípiosPortugueses, entre 2009 e 2013, assimcomo Diretor Regional das Obras Públicase Transportes Terrestres nos anos de2003 e 2004.Como experiência profissional apresenta,ainda, o desempenho dos cargos deAdministrador-Delegado da NormaAçores - Sociedade de Estudos e Apoio aoDesenvolvimento Regional, entre 1997 e2002, e de técnico superior daEletricidade dos Açores, de 1990 a 1997.

Novo Secretário Regional da Agricultura e Florestas

Ficha TécnicaPropriedadeCooperativa União Agrícola, CRLRecinto da Feira, Campo de SantanaSite: http://www.aasm-cua.com.ptTelf: 296 490 000Director: Engº Nuno SousaGráfica: Coingra, Lda.Tiragem Média: 2500 exemplaresTiragem desta edição: 3000 exemplares

Cooperativa União Agrícola, CRLRecinto da Feira Campo de Santana

Telf: 296 490 000

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Continua na próxima edição...

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Importância da transferênciaembrionária nas explorações leiteiras açorianasO

s açorianos, mais con-cretamente os micae-lenses, desde há muitodemonstram uma re-

lação muito forte com os bovinos.Para qualquer residente os bovi-nos já fazem parte integrante dapaisagem açoriana.

A partir da década de oitenta,quando as culturas industriais (ta-baco, beterraba, chicória, trigo,…)começaram a perder importânciana economia açoriana, a explo-ração de gado bovino para a pro-dução de carne e leite, foi crescen-do progressivamente, até se tornarno mais importante sector da eco-nomia açoriana. A dependênciaeconómica deste setor tornou-setão evidente, que foi apelidado demonocultura da vaca, o novo cicloeconómico dos Açores.

Os agricultores embalados poreste novo ambiente económicotrataram de investir no melhora-mento das suas explorações. Esteincidiu essencialmente no maneioalimentar, na sanidade e no mel-horamento genético dos seus efe-tivos, de forma obterem melhoresrendimentos.

O entusiasmo foi tão grandeque os agricultores organizaramdiversas amostras (feiras) de gado,pelos vários concelhos da ilha. Aorganização destes certames foimuito importante, quer para en-tusiasmar os mais jovens a se dedi-carem ao setor, quer para sedi-mentar a forte relação que a popu-lação Açoriana em geral tem comas vacas.

Depois da divulgação da dinâ-mica do setor nos diversos certa-mes, no fim da década de noven-ta, houve a necessidade de orga-nizar uma única exposição demaior dimensão, mais profissio-nalizada, na qual toda a ilha de SãoMiguel se sentisse representadaatravés das mais diversas explo-rações. A organização passou a es-tar a cargo da Associação Agríco-la de São Miguel (AASM). Esta,por sua vez, passou a investir mui-to nestes eventos, formando osprodutores, de forma a saberemselecionar e preparar os seus ani-mais, no sentido de evidenciaremtodas as qualidades morfológicas,tornando-os mais capazes de dis-putar os lugares de destaque nes-tes concursos. Nos últimos dozeanos tem-se organizado várioscursos, de juízes, preparadores deanimais e manejadores de animaisem pista.

Ao longo dos anos os concursostêm sido sempre julgados por juí-zes internacionais. As suas exigên-cias e recomendações têm sidoaproveitadas quer pelos organi-

zadores dos eventos, quer pelosprodutores, para melhorar a qua-lidade dos eventos e dos animaisexpostos. Os concursos têm atin-gido um elevado nível de qualida-de, de forma que obtiveram o re-conhecimento nacional e interna-cional, ao ponto de passarem a serconsiderados como autênticoscartazes turísticos para os Açores eilha de São Miguel em particular.

Para aqui chegarmos, houve umlongo e exigente caminho a per-correr no campo do melhoramen-to genético. Sem dúvida a insemi-nação artificial (IA), foi a técnicaque mais revolucionou o melhora-mento genético na região. Com oseu incremento a partir dos anosoitenta e com a forte adesão dosprodutores, rapidamente foramconseguidas melhorias que eramfacilmente notadas na qualidadedos animais. Ano após ano, as va-cas tornaram-se mais uniformesdo ponto de vista morfológico,mais funcionais e passaram a pro-duzir mais leite e matéria seca.

Os técnicos envolvidos no mel-horamento genético facilmenteidentificaram quais os pontos crí-ticos onde se devia intervir. Pro-dução de leite, melhoramento dosistema mamário e das pernas epés, foram aqueles parâmetros,que mais influenciarem a escolhados reprodutores masculinos co-mo produtores de sémen a utilizar.Rapidamente foram conseguidosresultados muito bons nos parâ-metros pretendidos. Isto entusias-mou de tal forma os produtores eos técnicos, que em conjunto defi-niram como objetivo melhorar a

componente morfológica das va-cas. Desde então a seleção de re-produtores machos que concilia-vam as componentes produção econformação, passou a ser umaexigência do programa de melho-ramento.

A obtenção de vacas altamenteprodutivas, funcionais, uniformese duradoiras, passou a ser um al-vo a atingir por parte dos produto-res. No início da década de noven-ta começou a ser utilizada nos Aço-res a técnica da transferênciaembrionária (TE), que veio revo-lucionar ainda mais o melhora-mento genético dos efetivos bovi-nos de São Miguel. Com a chegadaà região de um técnico canadianoespecialista nesta área (Dr. MartenRingelberg), iniciou-se uma novaetapa no melhoramento genético.Em 2001, este técnico foi contra-tado pela AASM/CUA para fazerparte da equipa de TE, dando-seinício a uma mudança de paradig-ma, no que respeita à conceçãoentão existente relativamente aomelhoramento.

A TE, como técnica avançadana reprodução/melhoramentopossui inúmeras vantagens, dasquais se destacam:

- A possibilidade de utilizar oelevado potencial genético de umafêmea em qualquer fase da vidaútil, e especialmente vacas em fimde vida produtiva;

- Utilizar fêmeas com baixo po-tencial genético como barrigas dealuguer;

- Reduzir o intervalo entre ge-rações (obtenção de várias filhaspor ano da mesma fêmea);

- Congelar e armazenar em-briões e utilizá-los em épocas e lo-cais diferentes;

- Possibilidade de disseminaranimais geneticamente superio-res, através da exportação de em-briões para outras regiões, paísesou continentes. Esta modalidade éaquela que melhor se adequa ànossa região, relativamente à ven-da de genética para o exterior.

A circunstância de existirem al-guns constrangimentos relativa-mente à venda de animais vivospara fora da região, quer devido àscondições e preço do transportemarítimo, quer devido às res-trições sanitárias existentes, acres-ce ainda o fato, de todas as fêmeasserem vacinadas com a vacinaRb51, para controlar e erradicar aBrucelose bovina. Estes condicio-nalismos levaram a que, a comer-cialização e exportação de em-briões congelados, se tornassem amais consistente forma na vendade genética bovina. Muito prova-velmente só por esta via, é possívelprojetar a imagem da elevada qua-lidade das nossas vacas, em qual-quer país do mundo.

A elevada qualidade genéticadas nossas vacas, reflete-se no fac-to de 70% das vacas classificadascomo excelentes pela AssociaçãoPortuguesa de Criadores da RaçaFrísia (ACPRF), residem ou resi-diram nos Açores. Esta cir-cunstância pode ser comprovadapelo circuito de exportação de em-briões já existente entre os Açores(ilha de São Miguel), e o continen-te Português e Espanhol.

Como resultado da venda de

embriões para o exterior, muitasdas fêmeas deles resultantes,tem sido premiadas e vencedo-ras em vários concursos, realiza-dos em diversas zonas do conti-nente Português, o que atestabem da qualidade genética dosnossos efetivos bovinos.

Algumas explorações da re-gião com potencial genéticomais baixo, apostaram em mas-sa na TE, usando a maioria dasvacas como barrigas de aluguer.O resultado conseguido foi umaincrível melhoria na qualidadedas suas vacas num curto espaçode tempo, verificando-se umconsiderável encurtamento doespaço entre gerações. A técnicade sexagem do sémen nos últi-mos anos tem contribuído paraacentuar, ainda mais, o encur-tamento entre gerações. O fatode se poder utilizar sémen sexa-do, nas vacas submetidas a supe-rovulação, permitiu a obtençãode um maior número de em-briões de sexo feminino e conse-quentemente um maior númerode vitelas nascidas.

O aparecimento de novos emelhores materiais utilizadosna TE, como hormonas, meiosde lavagem e meios de conge-lação, tornaram a técnica cadavez mais eficaz e rentável. Foipossível aumentar, simultanea-mente, o número de embriõespor lavagem, a fertilidade dosmesmos e consequentementereduzir custos.

A CUA detém hoje um cen-tro de TE, com uma equipa cer-tificada, (composta por trêsmédicos veterinários) que aolongo dos anos vêm mantendouma atividade regular em ter-mos de colheitas. De 2010 a2015 foram efetuadas 422 lava-gens (média de 70 por ano), ob-tendo-se 2666 embriões viá-veis, em média 6,33 embriõestransferíveis por lavagem. Dototal de embriões viáveis, 492foram transferidos em fresco,os restantes 2174 foram conge-lados para serem implantadosna região, ou comercializadospara o exterior (Portugal Conti-nental e Espanha).

O interesse desta publicaçãoé, demonstrar que a TE tem si-do de enorme importância nomelhoramento genético dos bo-vinos de leite na ilha de São Mi-guel, e que esta será no futuro,sempre uma mais-valia, na ven-da de genética de qualidade parafora da região.

DR. JOÃO VIDAL MÉDICO VETERINÁRIO

NOVEMBRO DE 201610 Agricultor 2000

Gasóleo AgrícolaAnexo - Máquinas e Plafonds

NOVEMBRO DE 2016Agricultor 2000 11

ONova Optimizer é um dos pou-cos aditivos para chorume comefeito comprovado cujos resulta-dos foram demonstrados cien-

tificamente através de testes laboratoriais.Apesar de existirem aditivos para o choru-me há mais de 20 anos, o Nova Optimizeré um produto de nova geração, compostopor um tipo de minerais especial e com umapreparação específica.

O efeito de troca de iões eficaz melhora o ambienteCom este produto adicionado ao choru-me, os nutrientes são libertados median-te um processo lento, dando às plantasuma maior probabilidade de os utilizar.Tal impede que uma grande proporçãodos nutrientes se perca nas águas sub-terrâneas. O Nova Optimizer substitui osiões negativos por iões positivos, o quesignifica a ligação do amoníaco ao choru-me, reduzindo significativamente a suaevaporação e minimizando a poluição at-mosférica.

Maior redução do odor e do amoníacoO Nova Optimizer reduz a emissão deamoníaco até 25%, o mesmo se aplica aosodores desagradáveis. Estes resultados fo-ram obtidos em testes efetuados em labo-ratório e em estábulos.

Vantagens da utilização do Nova OptimizerCom o Nova Optimizer conseguimos reduziros odores desagradáveis nos arredores da ex-ploração e do tanque do chorume e dos cam-pos onde é espalhado. A redução do amonía-co no ar do estábulo melhora as condições detrabalho, assim como tem um impacto po-sitivo na saúde respiratória dos animais. Aoreduzir o cheiro no momento de espalhar ochorume, o Nova Optimizer apresenta-se co-mo uma excelente ferramenta para diminuiro incómodo causado aos vizinhos.

Uma mais-valia para o agricultorO Nova Optimizer torna o chorume mais lí-quido, uma vez que a areia e as partes maissólidas do chorume são misturadas e distri-buídas pela restante massa, prevenindo asedimentação. Este facto leva a uma gestãodo chorume mais fácil, com melhor esva-ziamento dos canais, evitando a deposiçãono fundo da fossa e reduzindo a necessida-de de agitação do tanque, uma vez que ochorume se mantêm mais homogéneo.

AplicaçãoA dose de Nova Optimizer é de 20 g por m3de chorume. O produto pode ser aplicadosemanalmente dentro do estábulo, dissol-vendo a quantidade de produto necessá-ria para uma semana de produção de cho-rume. O produto pode também ser aplica-do diretamente na fossa, mantendo amesma dose. Escolhendo fazer a aplicaçãono estábulo, deve ser na primeira aplicaçãotambém colocado produto na fossa para aquantidade de chorume que já lá está. Aaplicação regular no estábulo aumentamais a fixação de amoníaco no chorumeque a aplicação na fossa.

Vantagens- Reduz os maus cheiros no estábulo, fossa eno espalhamento;

- Aumenta a quantidade de azoto nochorume, valorizando a sua capacidadecomo fertilizante;

- Ao tornar o chorume mais homogéneotambém a sua capacidade fertilizante é maishomogénea, levando a crescimentos dasplantas mais regular;

- Facilita o escoamento para fossa;- Reduz a quantidade de sedimentos que

se depositam e a utilização contínua dis-

Espaço NOVADAN

Nem todos os aditivos para chorumesão iguais

“(...) Apesar de existiremaditivos para o chorume há mais de 20 anos, o Nova Optimizer é um produto de novageração, composto porum tipo de mineraisespecial e com umapreparação específica”

solve o chorume que se acumula no fundoe paredes da fossa.

- Reduz o tempo e a frequência com queé necessário agitar a fossa.

Por estes motivos, Nova Optimizer é umproduto destinado a diminuir o incómododo causado pelo mau cheiro aos vizinhos,melhorar a fertilização do solo e diminuira carga de trabalho na agitação e esvazia-mento da fossa.

RUI CEPEDANOVADAN

NOVEMBRO DE 201612 Agricultor 2000

Associação Agrícola de São Miguel presente no Agri Milk Show Decorreu entre 3 e 6 de Novembro, oAgri Milk Show - Feira Internacional doAgro-Negócio Leite e Alimentação, naExponor, em Matosinhos, que foi umevento que pretendeu reunir produtores,tecnologia, equipamento agrícola, inves-tigação, biotecnologia e empresas ligadasao setor, tendo também ocorrido semi-

nários (Melhoramento Genético deBovinos Leiteiros, Caminhos para a efi-ciência nas explorações leiteiras eAlternativas na nutrição e alimentaçãode vacas leiteiras) e o 36º ConcursoNacional da Raça Holstein-Frísia.A Associação Agrícola de São Miguel orga-nizou uma viagem de associados que além

do acompanhamento do 36.º ConcursoNacional da Raça Holstein- Frísia, permitiutambém, que os participantes visitassemalgumas das explorações mais impor-tantes do norte do país.A Associação Agrícola de São Miguelmarcou igualmente presença neste even-to com um stand de produtos regionais,

onde estiveram presentes o leite, queijos,compotas, vinhos, licores, chá, enchidos,mel, açúcar, refrigerantes, aperitivos,pimenta, biscoitos / bolachas, ananás,água, atum, rebuçados e queijadas, tendosido muito visitado e apreciado portodos os que tiveram a oportunidade depassar pelo Agri Milk Show.