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“Estrutura espacial das árvores da Mata Atlântica: fatores e processos” Valéria Forni Martins Pós-doutoranda e pesquisadora colaboradora no Departamento de Biologia Vegetal, Instituto de Biologia, UNICAMP. Foto de Nivea Dias

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“ Estrutura espacial das árvores da Mata Atlântica: fatores e processos ” Valéria Forni Martins Pós-doutoranda e pesquisadora colaboradora no Departamento de Biologia Vegetal, Instituto de Biologia, UNICAMP. Foto de Nivea Dias. “ Towards a Unified Theory of Biodiversity ”. - PowerPoint PPT Presentation

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“Estrutura espacial das árvores da Mata Atlântica:

fatores e processos”

Valéria Forni Martins

Pós-doutoranda e pesquisadora colaboradora no Departamento de Biologia Vegetal, Instituto de

Biologia, UNICAMP.

Foto de Nivea Dias

Page 2: “ Estrutura espacial das árvores da Mata Atlântica: fatores e processos ” Valéria Forni Martins

• Financiamento do ERC: 2,2 mi Euros.

• Entender a importância relativa de processos e fatores que governam a composição e a dinâmica de comunidades biodiversas: implicações para a proteção da biodiversidade.

• Abordagem inovadora: perspectiva espacialmente explícita para analisar as estruturas espaciais altamente complexas em florestas tropicais.

“Towards a Unified Theory of Biodiversity”

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Introdução

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• Alta diversidade em algumas comunidades, como florestas tropicais.

• A maior parte dos processos que contribuem para a coexistência de espécies tem um forte componente espacial.

• Premissa de que a estrutura espacial captura atributos essenciais e constantes em florestas tropicais: conhecimento sobre os mecanismos que promovem a coexistência.

• Maioria das espécies arbóreas tropicais ocorre com forte agregação em escalas que variam de poucos metros até algumas centenas de metros: por quê?

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• Indivíduos “grandes”.

• Populações com baixa densidade: mais agregadas.

1- Densidade de indivíduos potencialmente reprodutivos

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2- Sistema de reprodução

• Espécies dióicas apresentam menor densidade de fontes de semente: mais agregadas.

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Espécies com mecanismos que potencialmente resultam em dispersão a longa distância devem ser menos agregadas do que espécies com mecanismos sem potencial de dispersão a longa distância.

Relações distintas: uso das síndromes de dispersão.

3- Dispersão de sementes

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3- Dispersão de sementes

Altura máxima da espécie.

Espécies altas liberam suas sementes de alturas maiores e também de distâncias mais afastadas da base do tronco: maior distância de dispersão.

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4- Densidade da madeira

Espécies com baixa densidade da madeira: crescimento rápido, intolerantes à sombra e melhores colonizadoras.Rápida ocupação de clareiras: forte

agregação.

Espécies com alta densidade da madeira: crescimento lento, tolerantes à sombra e dominam estágios sucessionais finais.Podem ocorrer em ambientes com pouca luz:

menor agregação.Baixa densidade de indivíduos

reprodutivos: maior agregação.

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• Heterogeneidade ambiental:• Luz.• Solo.• Estresse hídrico.• Topografia

Maior agregação.

5- Processos pós-dispersão

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Maior agregação.

• Interações positivas:• Associação com micorrizas.• Facilitação.

5- Processos pós-dispersão

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• Mortalidade dependente de densidade:• Predação.• Ataque de patógenos.• Herbivoria.• Competição intraespecífica.

Menor agregação

5- Processos pós-dispersão

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Nenhum estudo avaliou a estrutura espacial em nível de comunidade na Mata Atlântica brasileira, um dos hotspots mundiais para conservação da biodiversidade.

Foto de Nivea Dias

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Determinar como densidade de indivíduos grandes, sistema de reprodução, síndrome de dispersão, altura máxima da espécie, densidade da madeira e processos pós-dispersão influenciam a estrutura espacial das espécies arbóreas da Mata Atlântica na porção norte da Serra do Mar, estado de São Paulo.

Objetivo

Foto de Nivea Dias

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Redução da agregação conforme a densidade populacional aumenta.

Espécies dióicas devem ser mais agregadas do que as homóicas e monóicas.

Espécies com síndromes de dispersão que favorecem a dispersão limitada devem apresentar agregação mais forte do que espécies com síndromes que possibilitam dispersão a longa distância.

Espécies mais altas devem ser menos agregadas do que espécies mais baixas.

Expectativas

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Espécies com menor densidade da madeira devem ser mais agregadas do que espécies com maior densidade da madeira se a distribuição dos indivíduos for dependente da disponibilidade de luz.

Se houver relação entre densidade de adultos e estrutura espacial, espécies com madeira mais densa devem ser mais agregadas do que as com menor densidade.

Se o ambiente e as interações positivas forem mais importantes para a estruturação espacial, é esperada uma maior agregação de indivíduos grandes em relação aos pequenos.

Expectativas

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Se houver menor agregação de indivíduos grandes em relação aos pequenos, interações negativas são mais importantes para a estruturação espacial.

Expectativas

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Material e métodos

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• Mata Atlântica é hotspot para conservação da biodiversidade: 7% da cobertura original.

• Maior porção contínua preservada inclui o PESM.

Área de estudo

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• PESM tem 315 mil ha e altitudes entre 0 m e 1.200 m: Mata Atlântica com diferentes fitofisionomias.

Área de estudo

http://www.ubatuba.com.br/pesm/index.htm

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• Floresta de Restinga: até 50 m de altitude.

• Floresta de Terras Baixas: entre 50 e 100 m de altitude.

• Floresta Submontana: entre 100 e 500 m de altitude.

• Floresta Montana: acima de 500 m de altitude.

Foto de Nivea Santos

Área de estudo

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• Projeto Temático “Gradiente Funcional” (Biota/FAPESP 03/12595-7) instalou 14 parcelas não-contíguas de 1 ha cada ao longo do gradiente altitudinal do PESM.

Adaptado de Joly & Martinelli (2006)

Espécies estudadas

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• Indivíduos arbóreos vivos (incluindo palmeiras) com PAP ≥ 15 cm foram marcados, mapeados, medidos (PAP) e identificados.

• Material testemunho depositado nos herbários UEC, IAC e HRCB.

Joly & Martinelli (2006)

Espécies estudadas

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• Costa (2011), Martins (2011) e Virillo (2010) estudaram em detalhes as estruturas de tamanho e espacial, e a mortalidade de nove espécies do PESM:• Coussarea accedens (Rubiaceae).• C. meridionalis var. porophylla (Rubiaceae).

• Eriotheca pentaphylla (Malvaceae).• Faramea picinguabae (Rubiaceae).• Garcinia gardneriana (Clusiaceae).• Mollinedia schottiana (Monimiaceae).• Pourouma guianensis (Urticaceae).• Sloanea guianensis (Elaeocarpaceae).• Virola bicuhyba (Myristicaceae).

Espécies estudadas

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• Densidade de indivíduos grandes: Projeto Temático.

• Sistema de reprodução: Gressler (2010), literatura especializada e ajuda de especialistas.

• Síndrome de dispersão: Cazotto et al. (in prep.), literatura especializada e ajuda de especialistas.

• Altura máxima: modelos de relação diâmetro-altura (Scaranello et al. 2012 e comunicação pessoal).

• Densidade da madeira: Chave et al. (2006), Alves et al. (2010) e dados não publicados de Luciana Alves.

• Processos pós-dispersão: indivíduos pequenos x grandes com base na mortalidade.

Fatores que influenciam a estrutura espacial

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• Pair-correlation function (g): versão normalizada da O-ring statistics O(r) = λg(r).

Análises espaciais

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• g não é cumulativa como a função K de Ripley, portanto não tem memória.

• g é uma função de probabilidade de densidade, podendo ser interpretada como densidade de vizinhança: mais intuitivo do que uma medida cumulativa.

• Densidade de vizinhança (g) de cada uma das espécies amostradas pelo Projeto Temático e das diferentes classes de tamanho das populações estudadas em maior detalhamento por Costa (2011), Martins (2011) e Virillo (2010).

Análises espaciais

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• Propriedades específicas dos agrupamentos (tamanho e número) para espécies com mais de 50 indivíduos/unidade amostral: modelo nulo de Thomas process, que incorpora explicitamente a agregação dos pontos na área de estudo.

• Thomas process assume que:• Os agrupamentos são aleatória e independentemente distribuídos na área de estudo.

• Cada agrupamento possui um número aleatório de pontos com média μ = λ/ρ.

• A localização dos pontos em relação ao centro do agrupamento segue a distribuição normal com variância σ2.

Análises espaciais

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• A população é mais agregada se há menos agrupamentos (i.e. ρ é menor) ou se o tamanho dos agrupamentos (2σ) é menor.

• Agregação na vizinhança = 1/(4πρσ2).

• Software Programita, de Thorsten Wiegand - Helmholtz Centre for Environmental Research - UFZ, Department of Ecological Modelling, Leipzig, Alemanha.

Análises espaciais

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Análise de contraste filogenético independente: evita pseudorréplica devido à presença de um ancestral comum entre as espécies.

Análise de sinal filogenético: características como sistema de reprodução e síndromes de dispersão são extremamente conservada filogeneticamente; ao se excluir os efeitos da filogenia, elas podem não ter influência sobre a estrutura espacial; porém, a própria filogenia pode influenciar a estrutura espacial.

Próximos passos

Espécie

Fitofisionomia g

Densidade populacional

Sistema de reprodução

Síndrome de dispersão

Altura

Densidade da madeira

Filogenia 1

Filogenia 2 …

                     

                     

                     

                     

                     

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Resultados preliminares

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Não houve relação com densidade de vizinhança (g), tamanho dos agrupamentos (σ), número de agrupamentos (ρ) e agrupamento na vizinhança (1/(4πρσ2)).

Processos dependentes de densidade diferem entre a comunidade arbórea da Mata Atlântica e outras florestas tropicais?

Densidade populacional

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Sistema de reproduçãog

aa

b

Dióicas Homóicas Monóicas

ρ

a

a

b

Dióicas Homóicas Monóicas

a, b

a

b

Agr

egaç

ão n

a vi

zinh

ança

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Sistema de reproduçãog

aa

b

Dióicas Homóicas Monóicas

ρ

a

a

b

Dióicas Homóicas Monóicas

a, b

a

b

Agr

egaç

ão n

a vi

zinh

ança

Dioicia funcional?

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Síndrome de dispersãog

Contagem

g

 

a, b

a, b

a, c

a, c

a, c

ca, c, b

a, c, b

a, b, c

a, b, c

• Poleiros, aves frugívoras muito especializadas?

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Altura

Não houve relação com densidade de vizinhança, tamanho dos agrupamentos, número de agrupamentos e agrupamento na vizinhança.

Topografia?

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Densidade da madeira

Não houve relação com densidade de vizinhança, tamanho dos agrupamentos, número de agrupamentos e agrupamento na vizinhança.

Maior agregação de espécies com baixa densidade da madeira se sua distribuição dependesse da presença de clareiras: componente temporal muito forte, com relação evidente somente quando são avaliadas clareiras em estágios iniciais de colonização.

Menor agregação de espécies com baixa densidade da madeira devido à maior abundância de adultos na população: não há relação entre densidade populacional e estrutura espacial.

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Processos pós-dispersão

Grande Pequeno

g

• Interações negativas são mais importantes do que heterogeneidade ambiental e interações positivas para a estruturação espacial das populações.

• Estrutura espacial da mortalidade com random labelling.

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Conclusão

A estrutura espacial das árvores da Mata Atlântica é influenciada por sistema de reprodução, dispersão de sementes (síndrome, mas não altura máxima da espécie) e interações negativas que ocorrem após o processo de dispersão.

Inclusão futura das análises filogenéticas no modelo final pode alterar os resultados prévios, mas possibilitará determinarmos com uma boa precisão a influência de cada fator estudado.

Estudos futuros podem determinar mais claramente como e quais interações negativas influenciam a estruturação espacial das populações.

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Entendimento dos fatores que influenciam a estrutura espacial de espécies arbóreas tropicais e, em específico, entendimento da organização da Mata Atlântica.

Discussão das teorias de nicho e neutra.

Avanço teórico na modelagem espacial de dados em padrão de pontos.

Difusão dos resultados encontrados para associações ambientalistas, ONGs e autoridades: projetos de reflorestamento e planos de manejo para áreas antropizadas.

Perspectivas