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caso clínico

CÂNCER RENAL SINCRÔNICO A CÂNCER DE COLON DIREITO: UMA RARA ASSOCIAÇÃO

Dr. Juliano Cesar Moro Disciplina de Urologia,– FCM - UNICAMP

HISTÓRIA CLÍNICA Paciente do sexo masculino, de 47 anos e de profissão agricultor. Em programa para cirurgia bariátrica, realizou ultrassonograma do abdome como parte da rotina pré-operatória do grupo de obesidade com evidência de lesão expansiva no rim esquerdo. Negava hematúria, dor e qualquer sintomas urinários.

INVESTIGAÇÃO: Encaminhado ao serviço de urologia para investigação da lesão. Apresentava como comobidades: obesidade mórbida, hipertensão arterial e Diabetes Melito tipo 2. Negava cirurgias prévias. Ao exame físico encontrava-se em bom estado geral, corado, hidratado, eutrófico, IMC: 41. Sistema cardiopulmonar sem alterações e abdome globoso, flácido, indolor, sem tumor palpável. Exames laboratorias normais exceto a glicemia de jejum 130 mg/dL

Ultrassonografia de vias urinárias: Rim direito sem alterações. Rim esquerdo com lesão expansiva, volumosa, sólido-cística, ocupando predominantemente o pólo superior do rim esquerdo. Bexiga: Sem alterações. Próstata: Sem alterações.

Tomografia computadorizada do abdome: Lesão extensa (Fig.1) acometendo polo superior do rim esquerdo, medindo 11,6x9,7x9cm, com impregnação heterogênea do contraste, sugestivo de neoplasia renal. Sinais de invasão do sistema coletor. Ausência de linfonodomegalia. Veia renal esquerda livre.

Diagnóstico: Tumor renal esquerdo

Paciente realizou nefrectomia radical esquerda sem intercorrências com boa evolução pós-operatória.

Anatomopatológico: carcinoma renal convencional de células eosinófilas e predominantemente claras, Fuhrman 1/2, arranjo sólido e tubular, com freqüentes áreas de necrose. Vasos do hilo renal livres de neoplasia. Ausência de invasão do seio renal e do tecido fibroadiposo peri-renal. Nota da macroscopia: Os limites da glândula supra-renal não foram constatados à inspeção.

No seguimento após seis meses de cirurgia que não revelou alterações laboratoriasi e radiológicas exceto pela glicemia. No seguimento de um ano, a tomografia computadorizada mostrou as seguintes alterações:

-Presença de lesão expansiva (Fig. 2), de limites bem definidos, contornos irregulares, medindo 6x5x4cm, ocupando a loja renal esquerda, com impregnação heterogênea do contraste endovenoso, mantendo intimo contato com a cauda do pancreas e o baco. -Nota-se ainda espessamento da parede do colon transverso, numa extensão de aproximadamente 4cm, em sua porção próxima à flexão hepatica.

Devido ao achado do espessamento do colon, foi indicado colonoscopia que mostrou as seguintes alterações: -Alcançado topografia de transverso onde se evidencia lesão vegetante e ulcerada, recoberta por mucosa irregular, avermelhada e friável que acomete a luz do órgão circunferencialmente e impede a progressão do aparelho. Foram realizadas biópsias da lesão. -Demais segmentos cólicos avaliados e sem alterações.

Anatomopatológico da biopsia do colo: adenocarcinoma moderadamente diferenciado do colon transverso.

Com os achados radiológicos e com resultado da biópsia do colo considerou-se os seguintes diagnósticos: Recidiva de neoplasia renal esquerda

Neoplasia de colon (tumor sincrônico ?)

CONDUTA

Considerando a história clínica e os achados de imagem, foi indicado tratamento cirúrgico que resultou nos seguintes atos cirúrgicos:

Colectomia total (Fig. 3) + Ressecção de recidiva em loja renal esquerda + linfadenectomia.

A ressecção cirúrgica da recidiva, devido aos achados intra-operatório, envolveram a esplenectomia e pancreatectomia caudal (Fig. 4). Além disso, ao final das ressecções foi necessário realização de ileostomia em alça para proteção da anastomose.

Em função do porte cirúrgico, paciente apresentou recuperação prolongada com necessidade de 5 dias de internação em unidade de terapia intensive e 4 dias em unidade de internação comum, tendo recebido alta em bom estado geral.

Anatomopatológico : Adenocarcinoma moderadamente a pouco diferenciado em cólon transverso, medindo 7,0x4,0x0,9cm, infiltrando o tecido adiposo pericólico (pT3)

Metástases para 3 de 105 linfonodos examinados (pN1b).

Margens livres Estadiamento patológico: pT3, pN1b. Estadio mínimo: III B

Recidiva em loja renal esquerda: Carcinoma renal convencional de células claras proveniente de glândula adrenal esquerda medindo 10,5x5,0x4,5cm.

COMENTÁRIO - Dr. Carlos AR Martinez - Disciplina de Porctologia, FCM - UNICAMP

A concomitância de tumores primários desenvolvendo-se simultaneamente no cólon e nos rins é um evento raramente descrito. A revisão da literatura mostra que na maioria das vezes as publicações relacionam-se a relatos de caso. A etiologia e a patogênese do desenvolvimento dos tumores que se desenvolvem de modo sincrônico no intestino grosso e rim ainda são controversas. Recente estudo mostrou que os doentes com câncer urológico esporádico situado no ureter e pelve renal apresentam maior risco de desenvolvimento de tumores de cólon que a população normal e vice-versa. Acredita-se que essa associação bidirecional possa estar associada à exposição aos mesmos fatores carcinogênicos (fumo, dieta, etc.). Todavia, com a melhor compreensão da biologia e patologia molecular desses tumores verificou-se que a associação entre neoplasias uro-epiteliais e renais com o câncer colorretal podem surgir devido mutações genéticas ora conhecidas. Atualmente já existem aproximadamente 10 síndromes genéticas bem definidas e relacionadas ao risco aumentado de vários tipos de neoplasias renais. Há anos já se conhece as alterações genéticas detectadas em tumores renais de origem uro-epitelial e o câncer colorretal hereditário não associado à polipose (HNPCC) ou síndrome de Lynch. Nessa doença genes relacionados ao sistema de reparo do DNA (hMLH1,

hMSH2, hMLh6) encontram-se funcionalmente defeituosos. Como consequência os portadores da mutação em um desses genes possuem um risco de 80% de desenvolvimento de câncer do cólon, endométrio, ovário ureteres e rim. Contudo, cabe destacar que os tumores relacionados à síndrome de Lynch que se desenvolvem no rim e vias excretoras têm origem uro-epitelial, diferente do descrito no presente caso onde o enfermo apresentava um carcinoma renal de células claras. Recentemente, demonstrou-se que a inativação somática do gene supressor de tumor associado à doença de Hippel-Lindau (VHL), localizado no cromossomo 3 (3p25-26) apresenta importância no desenvolvimento do carcinoma renal de células claras e do câncer colorretal, como no doente do presente relato. A inativação somática dos genes supressores de tumores e da doença de Hippel-Lindau é considerada um evento precoce sendo descrita em mais de 60% dos portadores de carcinoma de células claras do rim. Outro exemplo de relação entre alteração genética e desenvolvimento de tumores primários sincrônicos no rim e cólon, aliada ao aparecimento de pneumotórax de repetição, é a doença de Birt-Hogg-Dubé, onde ocorre uma mutação no gene FLCN, localizado no braço curto do cromossomo 17 (17p11.2), que codifica uma proteína supressora de tumores (foliculina). Diante dessas novas evidências e com a melhor compreensão dos mecanismos genéticos envolvidos na carcinogênese humana, a associação de tumores primários em diferentes sítios, como descrito no presente relato não deve ser encarada como uma simples coincidência, tornando a pesquisa genética uma ferramenta importante na identificação desses doentes e no aconselhamento genético de seus familiares.

Bibliografia sugerida:

1. Aarnio M, Säily M, Juhola M, Gylling A, Peltomäki P, Järvinen HJ, Mecklin JP. Uroepithelial and kidney carcinoma in Lynch syndrome. Fam Cancer. 2012;11(3):395-401. 2. Zinnamosca L, Laudisi A, Petramala L, Marinelli C, Roselli M, Vitolo D, Montesani C, Letizia C. Von Hippel-Lindau disease with colon adenocarcinoma, renal cell carcinoma ans adrenal pheocromocitoma. Inter Med. 2013;52(14):1599-603. 3. Kashiwada T, Shimizu H, Tamura K, Seyama K, Horie Y, Mizoo A. Birt-Hogg-Dubé syndrome and familial polyposis: na association or a coincidence? Intern Med. 2012;51(13):1789-92. 4. Palmirotta R, Savonarola A, Ludovici G, Donati P, Cavaliere F, DE Marchis ML, Ferroni P, Guadagni F. Association between Birt-Hogg-Dubé syndrome and cancer predisposition. Anticancer Res. 2010;30(3):751-7. 5. Haas NB, Nathanson KL. Hereditary kidney syndromes. Adv Chronic Kidney Dis. 2014;21(1):81-90.

COMENTÁRIO - Dr. Daniel Lahan Martins - Departamento de Radiologia, FCM - Unicamp

O diagnóstico inicial da neoplasia renal esquerda não foi de grande dificuldade, pois se tratava de uma volumosa lesão e suas características à tomografia computadorizada - TC (lesão vascularizada, heterogênea e com áreas de necrose) admitiam como principal tipo histológico o carcinoma de células renais convencional. Durante o controle por imagem 1 ano após a nefrectomia esquerda foi diagnosticada lesão sólida e heterogênea ocupando a loja cirúrgica, achado que é compatível com recidiva tumoral. Também se detectou espessamento parietal do cólon transverso, com características tumorais, o que exigiu prosseguimento da investigação. Mesmo em pacientes considerados curados após terapêutica inicial do carcinoma de células renais, recorrência tumoral local ou metástases a distância ocorrem em cerca de 20-50% dos casos e requerem terapia adicional. O tumor pode recidivar localmente, especialmente se o tumor primário for grande, de alto grau histológico ou se tiver estadiamento “T” avançado. Embora os protocolos para seguimento evolutivo de pacientes tratados por neoplasia renal sejam variáveis, a TC ou RM são indispensáveis na detecção da recidiva. A ressonância magnética (RM), que tem sensibilidade próxima à TC, é indicada preferencialmente no seguimento de pacientes jovens (que requerem exames seriados ao longo do seguimento oncológico) e naqueles com alergia ao meio de contraste iodado. Nos demais pacientes a TC é o método indicado. Tanto na TC quanto na RM a recidiva tumoral no leito cirúrgico renal deve ser suspeitada sempre que se detecta pequeno nódulo ou lesão expansiva sólida, com realce pelo meio de contraste (por esse motivo é indispensável o uso de meio de contraste venoso nesses exames). A lesão pode envolver o músculo quadrado lombar e o músculo psoas, deslocando ou invadindo as estruturas retroperitoneais. Pode também invadir a glândula adrenal caso esta tenha sido preservada na cirurgia. Outro ponto interessante do caso em questão foi a presença simultânea de neoplasia de cólon, que foi diagnosticada no mesmo exame do diagnóstico da recidiva local da neoplasia renal. Embora na Síndrome de Lynch existam claras evidências de associação de carcinoma colorretal e carcinoma urotelial, o mesmo não ocorre para carcinoma colorretal e carcinoma de células renais (como no caso em questão). Mesmo assim, tais pacientes aparentemente tem risco aumentado para outros tumores malignos e, portanto, requerem rastreamento e seguimento mais cuidadosos.

Bibliografia sugerida:

- American College of Radiology (ACR) Appropriateness Criteria. Post-treatment Follow-up of Renal Cell Carcinoma. 1996, last update: 2013 (http://www.acr.org/~/media/ACR/Documents/AppCriteria/Diagnostic/PostTreatmentFollowUpRenalCellCarcinoma.pdf). - Itano NB, Blute ML, Spotts B, Zincke H. Outcome of isolated renal cell carcinoma fossa recurrence after nephrectomy. J Urol. 2000;164(2):322-325. - Steinhagen E, Moore HG, Lee-Kong SA, Shia J, Eaton A, Markowitz AJ, Guillem RP. Patients With Colorectal and Renal Cell Carcinoma Diagnoses Appear to Be at Risk for Additional Malignancies. Clinical Colorectal Cancer 2013;12:23-27.

aprendendo por imagem

TRANSPLANTE RENAL COM RIM EM FERRADURA

Edilson Fernando da Cruz dos Santos Silva; Dr. Marcelo Lopes Lima

HISTÓRIA CLÍNICA

Durante a captação renal, notou-se a variação anatômica no doador falecido correspondente a rim em ferradura (Figura 1). Realizado preparo do órgão em backtable e perfusão do mesmo com solução de perfusão; optado por ressecção renal, na região do istmo renal, para implante de rins em separado; metade direita (novo rim direito) e metade esquerda (novo rim esquerdo); viabilizando-se dois rins para implante em dois pacientes distintos(Figura 2). Isolados artéria e veia renais únicas e ureter único bilateralmente (Figura 3).

O implante do novo rim esquerdo separado foi na fossa ilíaca direita, as anastomoses foram arterial término-terminal na artéria ilíaca interna, venosa término-lateral em veia ilíaca externa, ureteral segundo técnica de Lich Gregoir modificado (Figura 4). O implante do novo rim direito separado foi feito no segundo receptor em fossa ilíaca esquerda de forma semelhante.

O tempo de isquemia foi estimado em 16 horas do primeiro implante e 20horas do segundo. Os pacientes evoluíram bem no pós-operatório, realizaram Ultrasom Doppler no 1º PO que evidenciou fluxo arterial e venoso presentes em todo parênquima renal.

Os pacientes receberam alta hospitalar no 9º PO e 13º PO em bom estado geral com diurese 2700 ml e Cr: 1,2 mg/dL para o primeiro paciente e 2400 ml e Cr:1,7 mg/dl para o segundo.

RECEPTORES

Paciente de 53 anos, masculino, renal crônica dialítico foi convocado para transplante renal no HC UNICAMP. Paciente com hipertensão arterial como

doença de base, em IRC há 2 anos, apresenta 1000 ml de diurese residual. O outro receptor tratava-se de paciente, 59 anos, masculino , renal crônico por evolução de diabetes e hipertensão arterial, em terapia dialítica há 5 anos, sem diurese residual.

Figura 1: Rim em ferradura do doador falecido.

A seta vermelha evidencia a artéria aorta antes de se bifurcar nas renais do rim em ferradura .

A seta preta identifica a veia renal em direção à porção esquerda do rim em ferradura. Já as setas brancas mostram os ureteres

Figura 2: Ressecção medial do rim em ferradura. A seta preta identifica o local exato da ressecção renal , preservando parênquima renal e estruturas do hilo para ambos as porções.

Figura 3: Rim separado à esquerda.

A seta preta identifica a artéria renal esquerda, a seta vermelha a veia renal esquerda enquanto a seta branca evidencia o ureter esquerdo.

Figura 4: Rim transplantado em fossa ilíaca direita evidenciado pela seta preta e a pelve renal dilatada identificada pela seta branca.

COMENTÁRIO - Prof. Dr. William C. Nahas - Professor Titular de Urologia - Hospital das Clínicas da FMUS

O rim em ferradura é uma anomalia de fusão renal relativamente comum, tendo incidência que varia de 1 a 600-800 adultos. Esta variação anatômica geralmente está acompanhada de alterações vasculares e ureterais, sendo usual a presença de múltiplas artérias e veias, provenientes da Aorta / Cava e vasos ilíacos. A vascularização do rim em ferradura se apresenta de forma tão complexa de modo que em apenas um terço dos casos a artéria renal é única para cada lado. A estenose da junção ureteropiélica pode ocorrer em até 35% dos pacientes. Contudo, a escassez de órgãos para suprir a crescente demanda dos pacientes em fila de transplante renal tem tornado a utilização dos rins em ferradura uma opção interessante. A maioria das publicações descrevendo a técnica do transplante do rim em ferradura são relato de casos ou pequenas séries de casos(1, 2). Este pode ser transplantado em bloco ou após divisão na altura do istmo, como bem ilustrado no caso apresentado. Essa decisão deve se basear na morfologia do istmo renal, na posição e número de vasos renais e na anatomia do sistema coletor. Até 2008, 34 rins em ferradura haviam sido transplantado em 50 receptores, sendo que 15 receberam rins em bloco e 35 após divisão (3 unidades renais foram descartadas pela complexidade de sua vascularização). Em um seguimento de seis meses, 82% dos enxertos apresentavam boa função. Vinte um receptores apresentavam seguimento igual ou superior a 1 ano, apresentando todos uma boa evolução. Apesar da complexidade vascular, apenas 1 caso evoluiu com trombose do enxerto(3). Atualmente, acredita-se que os resultados do transplante com o rim em ferradura sejam similares ao do transplante com rim normal(4). Portanto, esta prática deve ser difundida e incentivada, de modo a aumentar o número de rins disponíveis para transplante e diminuir a fila de espera.

Bibliografia sugerida:

1. Nelson RP, Palmer JM. Use of horseshoe kidney in renal transplantation: technical aspects. Urology. 1975;6(3):357-9. 2. Nahas WC, Hakim NS, Mazzucchi E, Antonopoulos LM, Eltayar AR, Labruzzo C, et al. Transplantation of horseshoe kidney en bloc. International surgery. 2000;85(3):272-4. 3. Pontinen T, Khanmoradi K, Kumar A, Kudsi H, Cheng Kung S, Chewaproug D, et al. Horseshoe kidneys: an underutilized resource in kidney transplant. Experimental and clinical transplantation. 2010;8(1):74-8. 4. Stroosma OB, Schurink H, Kootstra G. Current opinions in horseshoe kidney transplantation. Transplant international. 2002;15(4):196-9.

novas tecnologias

COLOCAÇÃO NA PAREDE VESICAL DE MARCADOR DE OURO PARA OTIMIZAR RADIOTERAPIA NO TRATAMENTO DO CÂNCER DA BEXIGA MÚSCULO INVASIVA NA PRESERVAÇÃO DA BEXIGA

Maurice M. Garcia1, Alexander R. Gottschalk, Jonathan Brajtbord, Badrinath R. Konety, Maxwell V. Meng, Mack Roach, III, Peter R. Carroll

PLOS ONE |March 2014 | Volume 9 | Issue 3 | e89754

RESUMO

A cistectomia radical é o tratamento padrão do câncer de bexiga músculo invasivo. No entanto, em pacientes cujo risco cirúrgico é desencorajador, a terapia trimodal (RTU, quimio e radioterapia) é a alternativa. Idealmente, os casos devem ser de baixo estadio e doença focal passível de completa ressecção transuretral. Não há estudos randomizados comparando cistectomia versus terapia trimodal.

Existem 2 desafios principais para radioterapia no tratamento com preservação vesical: a contínua movimentação da bexiga e a não identificação do leito tumoral ressecado através da TC. Como tentativa de melhorar o alvo da radio, formulou-se hipótese de implantar marcadores ao redor do leito tumoral a fim guiar a terapia. Este trabalho visa descrever o marcador adotado, a técnica de implante, sua segurança e a experiência inicial com os primeiros 18 pacientes (pT2NxM0).

O marcador utilizado foi um dispositivo de ouro 24 K de 2,1 mm que possui micro-farpas (foto). O ouro foi escolhido por ser um metal de alta densidade e, por conseguinte, excelente visualização através dos métodos de imagem. Os dispositivos foram implantados na submucosa vesical a 1 cm da margem da RTU com agulha de cistoscópio (adaptada). Ao todo, 3 a 5 marcadores eram colocados juntamente com uma porção de Gelfoam morcelado para impedir a migração. O implante dos dispositivos foi executado sob enchimento vesical padrão de 60 mL de solução contrastada para fluoroscopia simultânea com arco em C.

Não foram descritas complicações associadas aos marcadores e constatou-se uma taxa de 98% de permanência dos dispositivos no leito de implante até o final da radioterapia.

Estudos estão em andamento para avaliação dos pacientes irradiados guiados pelos marcadores de ouro. Deve-se verificar se há redução da dosimetria, diminuição do campo irradiado poupando orgãos vizinhos e os resultados oncológicos.

Figura A

Figura A

Figura C

notícias

Dia 26 de fevereiro - Sra. Adélia Lucio defendeu Tese de Doutorado na Disciplina de Urologia da Unicamp com o seguinte estudo: COMPARAÇÃO DA ELETROESTIMULAÇÃO TRANSCUTÂNEA DO NERVO TIBIAL E ELETROESTIMULAÇÃO INTRAVAGINAL NO TRATAMENTO DOS SINTOMAS DO TRATO URINÁRIO INFERIOR EM MULHERES COM ESCLEROSE MÚLTIPLA.

Professores membros da banca examinadora: Antonio Gugliotta (Suplente), Jose Tadeu Tamanini, Maria Helena Baena Lopes, Adelia Lucia (Candidata), Carlos D'Ancona (Orientador), Patricia Driusso, Simone Botelho Pereira, Maria Carolina Perisinnotto (Suplente).

OBJETIVOS: O objetivo do presente estudo é comparar duas modalidades de eletroterapia, mais utilizadas na prática clínica para o tratamento de sintomas do trato urinário inferior (STUI), a eletroestimulação transcutânea do nervo tibial e eletroestimulação intravaginal em mulheres portadoras de esclerose múltipla (EM) e sua influência na função sexual e Qualidade de Vida (QV) destas mulheres. MÉTODOS: Foi realizado um ensaio clínico prospectivo, randomizado e cego. Trinta mulheres com EM e STUI foram alocadas aleatoriamente em um dos três grupos e receberam tratamento durante 12 semanas: Grupo I: exercícios dos músculos do assoalho pélvico (MAP) com biofeedback eletromiográfico (EMG) e eletroestimulação placebo (GI, n= 10), Grupo II: exercícios dos MAP com biofeedback EMG e eletroestimulação intravaginal (GII, n= 10), Grupo III: exercícios dos MAP com biofeedback EMG e eletroestimulação transcutânea do nervo tibial (GIII, n= 10). As avaliações, realizadas antes e após o tratamento, foram: teste do absorvente de 24 horas, diário miccional de três dias, função dos MAP de acordo com o esquema PERFECT, tônus e habilidade de relaxamento dos MAP,

flexibilidade da abertura vaginal e estudo urodinâmico que avaliou a capacidade cistométrica máxima, complacência da bexiga, amplitude máxima da hiperatividade detrusora, fluxo máximo (Qmax), pressão do detrusor no Qmax e volume residual pós-miccional. Os questionários incluíram: OAB-V8, ICIQ-SF, Qualiveen e, o questionário de sexualidade, FSFI.

RESULTADOS: Após o tratamento, todos os grupos apresentaram redução no peso dos absorventes e redução dos episódios de urgência e urge incontinência. Apresentaram melhora em todos os domínios do esquema PERFECT e diminuição da pontuação dos questionários OAB-V8, ICIQ-SF e aumento na pontuação dos domínios excitação, lubrificação vaginal, satisfação e no escore total do questionário FSFI. GII melhorou significantemente quando comparado à GI e GIII em relação ao tônus, flexibilidade e capacidade de relaxamento dos MAP e na pontuação do questionário OAB-V8.

CONCLUSÃO: Os resultados sugerem que os exercícios dos MAP isoladamente ou em combinação com a eletroestimulação transcutânea do nervo tibial ou eletroestimulação intravaginal é eficaz no tratamento de STUI e função sexual de mulheres com EM, sendo que a combinação dos exercícios dos MAP com a eletroestimulação intravaginal oferece vantagens adicionais na redução do tônus muscular e STUI.

Palavras Chave: Exercícios dos músculos do assoalho pélvico, Eletroestimulação, Sintomas de Trato Urinário Inferior, Esclerose Múltipla. .

PORQUE FAZER PARTE DA INTERNACIONAL CONTINENCE SOCIETY (ICS)

O estudo das disfunções miccionais e Incontinência Urinária atingiu tal complexidade que não pode mais ficar restrito a uma determinada especialidade médica. Por esta razão foi criada a International Continence Society, uma entidade sem fins lucrativos que agrega várias especialidades médicas e não médicas com o objetivo de melhorar o diagnóstico e tratamento das diferentes disfunções miccionais bem como pesquisas relacionadas ao tema.

Por sua abrangência a ICS tornou-se a Sociedade que permite a Urologistas, Ginecologistas e outros especialistas a tomarem contato com os mais recentes avanços no diagnóstico e terapêutica dos distúrbios da micção sejam eles realizados por médicos, fisioterapeutas, enfermeiras etc e todos que promovem a melhoria da qualidade de vida da população baseado na melhora das condições miccionais dos pacientes.

A ICS oferece a seus associados grande variedade de material didático além de cursos e simpósios multidisciplinares com valores de inscrição reduzido para associados, permitindo a seus membros aprimorar seu conhecimentos e promover a continência urinaria em diferentes regiões do planeta. Além disso a Sociedade tem representação em diversas partes do mundo contribuindo para intercâmbio e troca de experiências entre profissionais de diferentes continentes. Dado seu caráter pluralista é uma sociedade que recebe amplamente todos os associados que desejam ocupar posições e trabalhar por seu aprimoramento. Aproveitem, fiquem membros da ICS e ganhem desconto de 25% na inscrição para o Congresso no Rio de Janeiro . Por todos estas razões acreditamos ser esta a entidade correta para filiações de todos os profissionais médicos e não médicos interessados em promover a continência urinária como instrumento de melhora da qualidade de vida da população.

Nucelio Lemos Scinetific Committee Chair

Carlos D’Ancona Annual Meeting Chair

VI CURSO URODINÂMICA SEM MISTÉRIOS - Escola de Urodinâmica da Unicamp

Realizado nos dias 28 e 29 de março de 2014, na Unicamp, com apoio da Dynamed, o curso reuniu profissionais das mais diversas regiões do país para aprofundar os conhecimentos em urodinâmicas. Com um perfil multiprofissional, com participações de urologistas, ginecologistas, cirurgiões pediátricos, fisioterapeutas e enfermeiras o curso manteve seu caráter prático e didático. Exames em animais de experimentação e intensas discussões de casos clínicos foram novamente o ponto alto deste evento que há seis anos, ininterruptamente, traz as novidades e difunde os conceitos relacionados ao estudo urodinâmico.

Os participantes contaram com computadores durante todo o curso para trabalhar em tempo real com os casos clínicos utilizados durante as discussões.

Alunos durante a aula prática: aprendendo a evitar artefatos e a realizar o exame de acordo com as padronizações.

Dividos em pequenos grupos e com monitorização contínua, os alunos puderam tirar na prática todas as dúvidas e adquirir novos e importantes conceitos.

Não perca esta oportunidade! ICS 2014, Rio de Janeiro - 20th - 24th October 2014

UROLOGIA SEM FRONTEIRAS - Reunião Semanal de Urologia Unicamp Online !

A última reunião semanal de cada mês terá transmissão ao vivo a partir do dia 26 de fevereiro. Esse projeto tem como objetivo compartilhar conhecimento e experiências com urologistas de todo Brasil e mundo. Não perca essa oportunidade de discussão de casos clínicos, sem sair de casa ou do consultório. Basta acessar o link Urologia sem Fronteiras e digitar Usuário (urologia) e Senha (semfronteiras).