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Mato Grosso/Brasil, março de 2020 – E08_20 – Diagnóstico dos dados produtivos e econômicos dos criadores da planície
pantaneira de Mato Grosso
1. Introdução
O estado de Mato Grosso possui o maior rebanho bovino
do país, com 30,53 milhões de cabeças (Indea-MT, 2019), o
que representa em torno de 14,0% do rebanho nacional. A
pecuária de corte está presente em todos os municípios do
estado, e, portanto, é desenvolvida nos biomas Amazônico,
Cerrado e Pantanal.
Em relação ao Pantanal, sua extensão territorial em Mato
Grosso é de 6,10 milhões de hectares, o equivalente a 6,74%
da área do estado. A produção de gado de corte nos
municípios inseridos nesse bioma chama atenção, devido às
dificuldades que os pecuaristas de lá enfrentam.
Isso porque, cerca de 90,7% de sua área de pastejo é
alagável (Imea, 2019) o que leva a reduzir a oferta de
pastagem durante o período chuvoso, quando normalmente
ocorre o contrário. Além disso, a baixa fertilidade do solo, as
longas distâncias e dificuldades de transportes tornam difícil
o manejo dos animais.
Ademais, o sistema de produção na região é focado na cria
de bezerros de forma extensiva e as fazendas geralmente são
extensas.
Diante do exposto, o presente estudo pretende analisar os
dados produtivos e resultados econômicos da pecuária de
corte, especificamente da cria de bezerros no baixo Pantanal
mato-grossense em 2019. Além disso, buscou-se identificar os
principais gargalos enfrentados pelos criadores, tendo em
vista que, devido as particularidades daquela região, os
bovinocultores possuem demandas que se diferenciam dos
demais pecuaristas do estado.
Esse trabalho é embasado na importância da pecuária de
corte no Pantanal, sendo uma das principais atividades que
geram empregos naquela localidade, e, como os dados
apontam, tem ocorrido a redução do rebanho bovino nesse
bioma, sendo preciso buscar alternativas a fim de que a
criação de bezerros seja intensificada.
2. Metodologia
O presente estudo foi divido em duas partes, sendo a
primeira parte relacionada a caracterização da região do
Pantanal tendo como foco analisar o perfil da pecuária de cria
e a segunda parte visando expor os dados econômicos e
financeiros dos produtores de cria dessa região.
No que tange à caracterização do Pantanal esse bloco foi
dividido em análise dos aspectos sociais e econômicos e
análise dos aspectos produtivos.
A análise dos aspectos sociais e econômicos foi composta
por dados populacionais, atividades desenvolvidas na região,
Valor Bruto da Produção e empregos gerados pelas atividades
agropecuárias.
Os dados utilizados nesta primeira parte foram: o número
de habitantes presentes nos municípios que englobam o
bioma Pantanal do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), sendo eles: Barão de Melgaço, Cáceres,
Poconé, Curvelândia, Santo Antônio do Leverger, Porto
Esperidião, Nossa Senhora do Livramento, Itiquira, Mirassol
d’Oeste, Glória d’Oeste, Cuiabá, Figueirópolis d’Oeste, Várzea
Grande, Juscimeira e Lambari d’Oeste.
Quanto ao método utilizado para o cálculo do Valor Bruto
da Produção das atividades desta região, para a agricultura foi
coletado os dados de produção, preço e comercialização para
soja, milho e algodão (pluma e caroço) através dos números
do Imea, realizando a seguinte equação:
(1) 𝑉𝐵𝑃 = 𝑃𝑟𝑜𝑑. ∗ 𝑃 ∗ (𝐶2 − 𝐶1)
Em que:
VBP = Valor Bruto da Produção
P = Preço
𝐶2 − 𝐶1 = Comercialização do mês atual menos a do mês
anterior
Já para a pecuária, foram coletadas as informações de
abate através dos dados do Indea-MT, peso de carcaça do
E08_20 – Diagnóstico dos dados produtivos e econômicos dos criadores da
planície pantaneira de Mato Grosso
INSTITUTO MATO-GROSSENSE DE ECONOMIA AGROPECUÁRIA
IMEA
Março 2020
Mato Grosso/Brasil, março de 2020 – E08_20 – Diagnóstico dos dados produtivos e econômicos dos criadores da planície
pantaneira de Mato Grosso
IBGE e preço médio mensal do Imea, para as cadeias da
bovinocultura de corte, suinocultura e avicultura.
Para tanto, foi realizado a seguinte equação:
(2) 𝑉𝐵𝑃 = (𝐴 ∗ 𝑃𝑚𝑐) ∗ 𝑃
Em que:
VBP = Valor Bruto da Produção
A = Abate
Pmc = Peso médio das carcaças
P = Preço
No tocante aos aspectos econômicos, foi analisado onde
se concentra a produção agrícola e pecuária da região para
compreender as principais atividades desenvolvidas na área
da planície pantaneira e os empregos gerados a partir destas
atividades.
No caso da produção de soja, milho, algodão e
bovinocultura os dados utilizados foram do Imea e para a
produção de cana de açúcar foi baseado no IBGE.
A respeito dos empregos gerados na região através destas
atividades, buscou-se os dados da Relação Anual de
Informações Sociais (RAIS) disponíveis na plataforma online
da Secretaria do Trabalho do Ministério da Economia.
A partir dos números de emprego obtidos, estimou-se a
quantidade de empregos indiretos e induzidos gerados a cada
emprego direto desenvolvido nas atividades agropecuárias,
com foco, sobretudo, na pecuária.
Para obter esses dados, utilizou-se a matriz insumo-
produto inter-regional Mato Grosso e resto do Brasil – 2007,
sendo esse basicamente um instrumento de contabilidade
social que permite conhecer os fluxos de bens e serviços
produzidos em cada setor da economia (Figueiredo et al.,
2007).
No que se diz respeito aos empregos indiretos e induzidos,
utilizou-se a seguinte equação:
(3) 𝐸𝑖 = 𝐸𝑑 ∗ 𝐶𝑚𝑒
Em que:
Ei = Emprego indireto ou induzido
Ed = Emprego direto
Cme = Coeficiente multiplicador de emprego
A segunda parte dentro da caracterização do Pantanal,
aborda os aspectos produtivos da região, com o objetivo de
demonstrar o perfil do pecuarista pantaneiro, para
posteriormente apresentar os resultados financeiros da
atividade.
Desta forma, na seção dos resultados financeiros, essa
parte também foi dividida em duas, sendo a primeira uma
caracterização dos custos produtivos e a segunda parte
aborda os resultados financeiros da pecuária de cria no baixo
Pantanal em 2019.
Para tanto, os dados foram coletados por meio do projeto
Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS), que é realizado pelo
Sistema Famato em parceria com a Associação dos Criadores
de Mato Grosso (Acrimat) e a Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa Pantanal).
Além disso, para fins de comparação entre os resultados
das fazendas no Pantanal e em Mato Grosso, foram utilizados
os dados dos painéis realizados pelo Imea em cada região do
estado.
Em linhas gerais, o método utilizado pelo projeto (FPS) foi
o levantamento de dados em painel em 15 propriedades
espalhadas entre os municípios de Barão de Melgaço,
Cáceres, Itiquira, Poconé, Santo Antônio do Leverger, sendo
cada propriedade estudada de forma individualizada.
Semelhantemente, os dados de custos de produção do
Imea referente as macrorregiões de Mato Grosso são
levantados por meio de aplicação de painel. Todavia, ao invés
de coletar dados de um produtor específico, o painel do
instituto reúne entre 8 e 10 pecuaristas em municípios com
forte aptidão para pecuária de corte, para juntos formularem
o custo de produção modal das propriedades de cada região
do estado. Posteriormente, foi feito a média dos dados a fim
de encontrar o custo médio de Mato Grosso.
A ferramenta de coleta de dados por meio de painel,
permite tirar uma “foto” da propriedade, visando obter os
índices zootécnicos e resultados econômicos, seja de um
produtor específico, que é o caso do FPS, ou da moda da
região, como é o caso dos painéis desenvolvidos pelo Imea.
Em relação a periodicidade da coleta dos dados, o
levantamento das despesas do produtor é mensal, o que
permite no final de cada ano avaliar o desempenho da
atividade.
Ademais, com os indicadores zootécnicos, custos de
produção, produtividade, preço, entre outros, é possível
calcular a receita por arroba vendida e/ou por hectare.
Dessa forma, foi possível realizar a Demonstração do
Resultado do Exercício (DRE) a fim de fazer a comparação dos
resultados econômicos das fazendas pantaneiras com a média
de Mato Grosso.
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pantaneira de Mato Grosso
3. Resultados
3.1. Caracterização da região do Pantanal
3.1.1. Aspectos sociais e econômicos
Em Mato Grosso, 15 municípios são abrangidos pelo
Pantanal. Se considerada a área total desses municípios (9,8
milhões de hectares), a área do Pantanal representa 62,5%,
totalizando 6,10 milhões de hectares (tabela 1).
Tabela 1 – Área total e área do Pantanal dos municípios que possuem o bioma Pantanal em Mato Grosso.
Porém, a região apresenta 10 municípios mais
representativos no quesito de área pantaneira. Sendo assim,
as próximas análises foram realizadas somente com o foco
nesses municípios.
De acordo com as estimativas do IBGE para 2019, a
população dos 10 municípios mais representativos do
Pantanal em Mato Grosso é de 226,9 mil habitantes,
representando 6,5% da população total do Estado (3,8
milhões de habitantes), conforme tabela 2.
Tabela 2 – Estimado de habitantes nos municípios mais representantes do Pantanal mato-grossense em 2019.
O Valor Bruto da Produção (VBP) das principais atividades
agropecuárias presentes nos municípios pantaneiros
(produção de algodão, soja, milho, bovinos, suínos e aves) em
2019 totalizou R$ 1,8 bilhão, o equivalente a 2,27% do VBP
total.
Gráfico 1. Estimativa do Valor Bruto da Produção (VBP) das principais atividades agropecuárias desenvolvidas na região do Pantanal.
Ao comparar com o VBP de Mato Grosso nota-se que o
desempenho econômico das atividades agropecuárias no
Pantanal não apresentou o mesmo ritmo. Isso porque no
comparativo anual, enquanto Mato Grosso obteve um
incremento de 16,80%, no Pantanal o acréscimo foi de
14,18%, ou seja, 2,62 p.p menor (gráficos 1 e 2).
Gráfico 2. Estimativa do Valor Bruto da Produção (VBP) de Mato Grosso.
Em relação à estratificação do VBP no Pantanal, o maior
destaque está na bovinocultura de corte, com valor nominal
de R$ 1,5 bilhão e representatividade de 81,7% do total da
região. Isso ocorre devido a bovinocultura de corte ser a
Município Área total (ha) Área de
Pantanal (ha)
Participação
(%)
Barão de Melgaço 1.136.960,2 1.136.960,2 100,0% Cáceres 2.458.672,9 2.084.820,9 84,8%
Poconé 1.723.357,2 1.447.714,9 84,0%
Curvelândia 35.688,5 24.285,5 68,0%
Santo Ant. do Lever.
1.197.826,3 712.649,1 59,5%
Porto Esperidião 590.102,0 239.608,0 40,6%
Nossa Senh. do Livr. 548.168,7 202.422,5 36,9% Itiquira 963.819,2 195.804,2 20,3%
Mirassol D'Oeste 107.165,3 22.465,2 21,0%
Glória D'Oeste 84.184,6 11.342,4 13,5%
Cuiabá 315.746,4 14.791,6 4,7%
Figueiró. D’Oeste 91.034,3 3.701,4 4,1%
Várzea Grande 88.922,3 1.800,4 2,0%
Juscimeira 235.004,3 2.019,7 0,9% Lambari D'Oeste 177.796,9 155,9 0,1%
Total 9.754.449,10 6.100.541,9 62,5%
Fonte: Imea
Municípios População (hab.)
Cáceres 94.376,0 Curvelândia 5.219,0
Glória D'Oeste 3.026,0 Itiquira 13.345,0
Mirassol D'Oeste 27.739,0 Nossa Senhora Do Livramento 13.216,0
Poconé 32.843 Porto Esperidião 12.017
Santo Antônio Do Leverger 16.628 Barão de Melgaço 8.564
Total 226.973
MT 3.484.466 Share 6,5%
Fonte: IBGE
Fonte: Imea
R$ 69,3
R$ 80,9
R$ 62,0
R$ 64,0
R$ 66,0
R$ 68,0
R$ 70,0
R$ 72,0
R$ 74,0
R$ 76,0
R$ 78,0
R$ 80,0
R$ 82,0
2018 2019
Bilh
ões
Fonte: Imea
R$ 1,6
R$ 1,8
R$ 1,5
R$ 1,5
R$ 1,6
R$ 1,6
R$ 1,7
R$ 1,7
R$ 1,8
R$ 1,8
R$ 1,9
R$ 1,9
2018 2019
Bilh
ões
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pantaneira de Mato Grosso
principal atividade econômica daqueles municípios, contando
com abate total de 464,4 mil cabeças em 2019.
Apesar da cultura da soja não ser muito presente nos
municípios pantaneiros, seu alto valor agregado resulta em
um VBP de R$ 211,1 milhões, ocupando assim o segundo lugar
entre as atividades avaliadas (gráfico 3).
Gráfico 3. Estimativa do Valor Bruto da Produção (VBP) das principais atividades agropecuárias desenvolvidas na região do Pantanal em 2019 (milhões de R$).
Diferente do cenário do Pantanal, a atividade de destaque
do VBP em Mato Grosso é a produção de soja, com valor
nominal de R$ 35,4 bilhões, enquanto a bovinocultura de
corte (principal produção do Pantanal) ocupa a quarta posição
das principais atividades do estado (gráfico 4).
Gráfico 4. Estimativa do Valor Bruto da Produção (VBP) das principais atividades agropecuárias desenvolvidas em Mato Grosso em 2019 (milhões de R$).
Quanto à geração de empregos diretos, indiretos e
induzidos, estima-se que a região do Pantanal registrou em
2019 cerca de 10,7 mil postos de trabalhos, conforme
demonstrado na tabela 1 do Anexo. A bovinocultura de corte
representa 91,7% do total de empregos diretos, indiretos e
induzidos da região do Pantanal (gráfico 5).
Vale lembrar que, o multiplicador de emprego da matriz
insumo-produto, permite auferir quantos empregos são
gerados na economia a partir dos empregos diretos em cada
setor. Com isso, há um impacto nos empregos indiretos de
acordo com a variação da demanda e posteriormente nos
empregos induzidos, através do consumo das famílias.
Gráfico 5. Empregos diretos e estimativas de empregos indiretos e induzidos gerados na região do Pantanal em 2019.
Em Mato Grosso, por sua vez, estima-se que a
agropecuária contabilizou em 2019 cerca de 559,7 mil postos
de trabalhos. Nesse caso, a soja é a atividade que mais gera
empregos diretos, indiretos e induzidos no estado,
representando 67,7% do total, enquanto a bovinocultura de
corte representa 24,8% (gráfico 6).
Gráfico 6. Empregos diretos e estimativas de empregos indiretos e induzidos gerados em Mato Grosso em 2019.
Fonte: Imea
35.451,2
11.747,5
12.778,4
14.952,7
1.441,6
1.937,01.349,7
Soja
Milho
Algodão
Bovinos
Cana de açúcar
Aves
Suínos
Fonte: Matriz Insumo-produto (2007)/MTE. Elaborado por Imea
56,1 40,4
84,151,3
238,4
47,2
378,6
138,8
14,4 10,0 9,3 8,50,0
50,0
100,0
150,0
200,0
250,0
300,0
350,0
400,0
Soja
Bo
vino
s
Alg
od
ão
Can
a-d
e-aç
úcar
Ave
s
Suín
os
Diretos Indiretos Induzidos
Fonte: Imea
1.499,3
211,1
64,0
39,2 20,20,3
Bovinos
Soja
Milho
Algodão
Suínos
Aves
Nota: Os empregos demonstrados no gráfico se referem aos valores totais dos 10 principais municípios que possuem o bioma do Pantanal. Fonte: Matriz Insumo-produto (2007)/MTE. Elaborado por Imea
5,8
1,6
3,3
10,7
0,70,1 0,0 0,1 0,1
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
Bo
vino
s
Soja
Can
a-d
e-aç
úca
r
Alg
od
ão
Suín
os
Ave
s
Mil
emp
rego
s Diretos Indiretos Induzidos
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pantaneira de Mato Grosso
3.1.2. Aspectos produtivos
Como visto, a principal atividade econômica desenvolvida
na região pantaneira é a pecuária, com predominância da
bovinocultura de corte. O rebanho de bovinos nas principais
cidades da região do Pantanal contou em 2019 com 3,7
milhões cabeças, representando 12,3% do rebanho mato-
grossense (tabela 3).
Tabela 3. Comparativo entre o rebanho de bovinos total do município e o rebanho de bovinos na área do Pantanal em Mato Grosso em 2019*.
O rebanho bovino na região do Pantanal tem um maior
percentual de animais com idade acima de 36 meses,
representando 51,2% da manada bovina (gráfico 7).
Gráfico 7. Perfil do rebanho de bovinos da região do Pantanal
em Mato Grosso em 2019.
Da mesma forma, em Mato Grosso a maior parte do
rebanho é acima de 36 meses, contudo, a representatividade
é menor se comparada à da região pantaneira (36,2%). Isso
indica que o Pantanal não possui o mesmo perfil de produção
que o restante do estado e há menos animais de faixa etária
mais jovem.
Isso está atrelado às particularidades da região que é
focada em cria. Com isso, as propriedades obtêm maior
número de matrizes. Por outro lado, isso também reflete a
dificuldade da região em engordar animais pecoces, em
virtude de que o pasto fica alagado em determinados
períodos e as técnicas de suplementação ainda não é bem
difundida.
Gráfico 8. Perfil do rebanho de bovinos em Mato Grosso em
2019.
Em relação aos índices zootécnicos do rebanho, a média
de produtividade de alguns indicadores nas propriedades de
corte no Pantanal é relativamente baixa quando comparado
com o média dos indicadores a nível estadual.
Nesse sentido, a mortalidade pós-desmama no Pantanal é
elevada, e isto reflete, entre outros fatores, os casos de morte
de bezerros por ataque de onças.
Tabela 4. Índices zootécnicos da produção pecuária da região do Pantanal e em Mato Grosso em 2019.
Outro fator a ser destacado é a taxa de desfrute do
rebanho pantaneiro, que é de 23,0%, sendo, portanto, um dos
principais gargalos no âmbito reprodutivo dentro das
Fonte: Indea-MT
51,2%
15,1%
13,9%
10,8%
9,0% Acima de 36 meses
25 a 36 meses
13 a 24 meses
05 a 12 meses
00 a 04 meses
Resultados Média Pantanal Média MT
Tx de mortalidade pré-desmama (%) 7% 7%
Tx de mortalidade pós-desmama (%) 4% 1%
Intervalo entre partos (meses) 19 19
Idade da primeira cria (meses) 33 35
Tx de prenhez em 12 meses (%) 43% 45%
Tx de desfrute (%) 23% 31%
Produtividade (@/ha) 3,01 3,56
Lotação do pasto (UA/ha) 0,90 0,92
Fonte: Projeto FPS (Sistema Famato/Acrimat/Embrapa Pantanal)
Municípios Rebanho total do
município
Cáceres 1.082.333
Curvelândia 65.354
Glória D'Oeste 99.674
Itiquira 357.151
Mirassol D'Oeste 164.381
Nossa Senhora Do Livramento 192.252
Poconé 492.299
Porto Esperidião 556.079
Santo Antônio Do Leverger 542.758
Barão de Melgaço 172.395
Total Pantanal 3.724.676
Total MT 30.336.370
(%) 12,3%
Fonte: Indea-MT. *Maio/19
Fonte: Indea-MT
36,2%
21,0%
18,7%
17,4%
6,7%
Acima de 36meses
13 a 24 meses
25 a 36 meses
05 a 12 meses
00 a 4 meses
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pantaneira de Mato Grosso
propriedades. Isso porque, a rentabilidade do sistema de cria
é fortemente influenciada pelo número de bezerros
produzidos. Da mesma forma, a produtividade em @/ha é
menor do que a de Mato Grosso e indica que em média os
terneiros são entregues mais leves para a recria.
Gráfico 9. Perfil das propriedades de bovinos de corte em
Mato Grosso em 2019.
De acordo com os dados do Indea-MT, 80,5% das
propriedades que atuam com a bovinocultura de corte em
Mato Grosso possuem até 250 cabeças. Na região do Pantanal
esse cenário também se repete, sendo que 79,7% das
propriedades de bovinos de corte se encontram nessa
categoria (gráfico 10).
Gráfico 10. Perfil das propriedades de bovinos de corte dos
municípios que possuem o bioma Pantanal em 2019.
Ao analisar a área de pastagem, verifica-se direções
divergentes entre Mato Grosso e o Pantanal. Isso porque
enquanto a área de pastagem total do estado está em
decréscimo, a da região pantaneira está em relativa
estabilidade.
Esses movimentos podem ser explicados por dois fatores:
a área de pastagem do estado está em queda devido à
necessidade do aumento da produtividade do produtor mato-
grossense, ou seja, mais produção em menos área para
diluição dos custos que estão cada vez mais altos.
Gráfico 11. Evolução da pastagem e rebanho em Mato Grosso.
Com isso, observa-se arrendamento dessas terras para a
agricultura, que aumentam a fertilidade do solo, favorecido
pelo potencial de aptidão agrícola. Estima-se que há 14,20
milhões de hectares com aptidão agrícola no estado (Imea,
2019.
Outro fator atrelado à estabilidade na área de pastagem verificado no Pantanal, é a exigência da conservação de pastagem nativa, o que configura a manutenção das áreas de pasto na região.
Gráfico 12. Evolução da pastagem e rebanho dos municípios que possuem o bioma do Pantanal em Mato Grosso.
Fonte: Indea-MT
80,5%
9,3%
5,3%2,8% 1,0%
1,2%Entre 1 a 250
Entre 251 a 500
Entre 501 a 1.000
Entre 1.001 a2.000
Entre 2.001 a3.000
Acima de 3.000
Fonte: Imea/Indea-MT
25,5 24,4
25,9
30,1
1,0
1,2
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
15,0
17,0
19,0
21,0
23,0
25,0
27,0
29,0
31,0
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
20
17
20
18
Pastagem (milhões de hectares)Rebanho (milhões de cabeças)Cabeças/hectare
Fonte: Indea-MT
79,7%
8,4%
5,8%
3,2%
1,2%1,7% Entre 1 a 250
Entre 251 a 500
Entre 501 a 1.000
Entre 1.001 a2.000
Entre 2.001 a3.000
Acima de 3.000
Fonte: Imea/Indea-MT
2,0 2,0
2,9
3,8
1,4
1,9
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
2,00
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
20
08
2009
20
10
20
11
20
12
20
13
2014
20
15
20
16
20
17
20
18
Pastagem (milhões de hectares)
Rebanho (milhões de cabeças)
Cabeças/hectare
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pantaneira de Mato Grosso
Assim, nota-se que a ocupação de animais por hectare nos
municípios que possuem o bioma do Pantanal é 51,7% maior
que a média de Mato Grosso (gráficos 11 e 12).
Vale destacar que esta característica não está relacionada
ao aumento do rebanho na região pantaneira, pois desde
2016 o movimento de incremento de cabeças na região
parou. Desta forma, isso está pautado na menor área de
pastagem na região ante a de Mato Grosso.
3.2. Análise financeira na planície pantaneira
3.2.1. Caracterização do custo de produção
A produção de gado de corte no Pantanal é marcada pelo
regime de inundações e secas sazonais. Nesse sentido, é
comum ocorrer o alagamento das pastagens, o que dificulta o
manejo dos animais, reduz a oferta de pasto, bem como afeta
a sanidade do rebanho, principalmente dos bezerros.
Além disso, a legislação ambiental, restringe total ou
parcialmente a depender do município, o uso de aditivos na
pastagem. Desta forma, os pecuaristas da região precisam
tocar sua atividade conciliando a legislação vigente com as
peculiaridades que o meio ambiente impõe.
Essas barreiras, muitas vezes, se refletem em aumentos de
custos para o pecuarista e dificultam o aumento na
produtividade dentro das propriedades no Pantanal.
Para exemplificar esse cenário, o gráfico 13 demonstra o
COE por arroba vendida na etapa de cria de bezerros na região
do Pantanal e na média em Mato Grosso. O motivo de ter sido
feita a análise sobre o COE por arroba vendida está atrelado a
maior facilidade de constatação de eficiência produtiva.
Gráfico 13. Comparativo do custo operacional efetivo (COE) da arroba vendida na fase de cria do projeto FPS no Pantanal e a média em Mato Grosso em 2019.
Nesse sentido, o produtor que obtém maior produtividade, consegue diluir os custos de produção, obtendo, portanto, um custo por arroba mais baixo, ao contrário do que apresenta baixa eficiência produtiva.
De acordo com os dados do Imea e do projeto Fazenda
Pantaneira Sustentável (FPS) realizado em parceria entre o
Sistema Famato, Acrimat e a Embrapa Pantanal, o custo
operacional efetivo (COE) da arroba vendida na fase de cria no
Pantanal é de R$ 148,37/@, enquanto que na média de Mato
Grosso, o custo é de R$ 79,18/@, o que denota que o COE no
bioma pantaneiro é 77,70% superior à média do estado de
Mato Grosso.
Isto porque, em razão da pecuária de corte no Pantanal ser
desenvolvida em sua maioria de forma extensiva, ou seja, a
criação dos animais ocorre em grandes áreas à pasto, os
produtores necessitam de maior quantidade de mão-de-obra.
Além disso, devido aos problemas ocasionados pelos
alagamentos nos meses de chuva, os produtores da região
precisam despender recursos para arrendar terras a fim de
alocar os animais, algo que não é comum nas demais
propriedades do estado.
Segundo os dados do Imea, o principal custo de produção
dos criadores de bezerros no estado é a suplementação
animal, seguido pela mão de obra.
Gráfico 14. Composição do custo operacional efetivo por arroba vendida na média do estado de Mato Grosso em 2019.
Já no Pantanal o cenário é diferente, uma vez que o
pecuarista dispende maior quantidade de recursos com o
quadro de funcionários (29,0%). Esse resultado fica em linha
com o que foi exposto no gráfico 5, que demonstra que a
pecuária é a atividade que mais gera emprego no agro na
região do Pantanal.
Na sequência, outros custos – assistência técnica,
combustível e despesas gerais – (15,0%) e a suplementação
Fonte: Imea
35%
15%
13%
10%
8%
6%6% 4%
3%
Suplementação
Mão de Obra
Aquisição de Animais
Outros Custos
Impostos e Taxas
Manutenção
ManejoSanitário/ReprodutivoDespesas Financeiras
Pastagem
Nota: A média MT foi calculada com base nos painéis realizados pelo Imea em todas as regiões do estado, enquanto a média Pantanal é o resultado do projeto FPS. Fonte: Projeto FPS (Sistema Famato/Acrimat/Embrapa Pantanal)
79,18
148,37
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
140,00
160,00
Média MT Média Pantanal
R$/
@
Mato Grosso/Brasil, março de 2020 – E08_20 – Diagnóstico dos dados produtivos e econômicos dos criadores da planície
pantaneira de Mato Grosso
animal (14%) representam partes relevantes dos custos dos
pecuaristas de cria na região do Pantanal.
Gráfico 15. Composição do custo operacional efetivo por arroba vendida do projeto FPS no Pantanal em 2019.
Vale salientar, que as despesas financeiras representam
11,0% do custeio dos criadores no Pantanal, em razão dos
financiamentos que foram tomados pelos pecuaristas, sendo
mais uma peculiaridade dos produtores desse bioma, dado
que, as despesas financeiras não se configuram como um dos
principais custos dos demais produtores do estado.
Em outras palavras, as despesas financeiras por parte dos
produtores no Pantanal (11,0%) são quase três vezes
superiores aos dos demais pecuaristas no estado (4,0%). Com
isso, constata-se que os pecuaristas inseridos nesse bioma
necessitam de uma atenção diferenciada nesse quesito,
porquanto, ainda que a taxas de juros tem retraído nos
últimos anos, o prazo dos financiamentos nem sempre se
adequa ao fluxo de caixa dos bovinocultores.
Ainda mais, devido às dificuldades de acesso naquelas
propriedades, a assistência técnica é pouco acessível, o que
pode afetar no cumprimento dos cronogramas estipulados
nos projetos de financiamentos.
3.2.2. Resultados financeiros
Os resultados financeiros do projeto FPS indicam que as
margens dos produtores de cria no Pantanal estão apertadas,
dado que em média, a atividade tem obtido apenas lucro
operacional, representado pelo Lajida*, de R$ 125,00/ha
(gráfico 16).
Já na média do estado de Mato Grosso, o Lajida em 2019
foi de R$ 371,92/ha, valor quase duas vezes superior ao do
produtor pantaneiro. Esse resultado já era esperado, em
razão de que os custos para os pecuaristas no Pantanal são
maiores, enquanto a produtividade é menor. Nesse sentido,
tais fatores pressionam a margem da atividade, no entanto,
no curto prazo o pecuarista pantaneiro consegue se manter
na atividade.
Gráfico 16. Resultados econômicos da cria de bezerros do projeto FPS do Pantanal e em Mato Grosso em 2019.
Por outro lado, ao considerar as despesas com
depreciação, custo da terra e demais obrigações que não
compõem os custos operacionais, o criador no Pantanal fica
no vermelho (-R$ 82,04/@), enquanto o produtor mato-
grossense continua com saldo positivo (R$ 211,33/ha).
Ainda que os dados representem a média dos resultados
financeiros da pecuária de cria no Pantanal que foram
mensurados pelo projeto FPS, é preciso considerar uma
ressalva. Duas propriedades não registraram comercialização
de animais para gerar caixa em 2019.
Sendo assim, ao desconsiderar esses dois casos da média,
o cenário é suavizado, mas ainda assim a atividade no
Pantanal não cobre os custos totais.
Em outros termos, o quadro abaixo visa ilustrar a variação
no lucro líquido do pecuarista pantaneiro em R$/ha, de
acordo com o custo por hectare e o número de rebanho em
sua propriedade.
Quadro 1. Tabela de sensibilidade de análise do lucro líquido.
Fonte: Projeto FPS (Sistema Famato/Acrimat/Embrapa Pantanal)
29%
15%
14%
11%
11%
5% 5% 5%4%
1%
Mão de Obra
Outros Custos
Suplementação
Pastagem
Despesas Financeiras
ManejoSanitário/ReprodutivoAquisição de Animais
Manutenção
Nota: A média MT foi calculada com base nos painéis realizados pelo Imea em todas as regiões do estado, enquanto a média Pantanal é o resultado do projeto FPS. *Lucros Antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização. Fonte: Projeto FPS (Sistema Famato/Acrimat/Embrapa Pantanal)
125,00
371,92
-82,04
211,33
-200,00
-100,00
0,00
100,00
200,00
300,00
400,00
Média Pantanal Média MT
R$/
ha
Lajida Lucro líquido
Análise de lucro líquido
(R$/ha)
Nº de cabeças na propriedade
449 505 561 617 673
Cu
sto
do
bo
i ven
did
o (
R$/
ha)
R$ 75,74 -40,08 -12,46 15,02 39,14 60,06
R$ 100,98 -65,33 -37,71 -10,23 13,89 34,81
R$ 113,61 -77,95 -50,33 -22,85 1,27 22,19
R$ 126,23 -76,79 -62,96 -35,47 -11,35 9,57
R$ 138,85 -90,57 -75,58 -48,09 -23,98 -3,06
R$ 151,48 -115,82 -88,20 -60,72 -36,60 -15,68
R$ 176,72 -141,07 -113,45 -85,96 -61,84 -40,93
Fonte: Projeto FPS (Sistema Famato/Acrimat/Embrapa Pantanal)
Mato Grosso/Brasil, março de 2020 – E08_20 – Diagnóstico dos dados produtivos e econômicos dos criadores da planície
pantaneira de Mato Grosso
Primeiramente, cabe destacar que os valores expostos
acima são de uma fazenda específica. Isto porque, no que
tange ao custeio, índices zootécnicos e ao número de
rebanho, os dados dessa propriedade são mais próximos da
faixa de produtores que mais necessitam de auxílio. Além
disso, a fazenda se encontra no baixo Pantanal, onde não
pode utilizar defensivos e ocorre alagamentos no período
chuvoso.
Desta forma, a propriedade em questão registrou em 2019
um custo de R$ 126,33/ha e um rebanho de 561 cabeças. Com
esses indicadores, o lucro líquido é negativo em R$ 35,47/ha.
Para que esse produtor não fique no vermelho, seria preciso
aumentar seu plantel sem alterações no custo.
Nesse sentido, torna-se necessário financiamentos que
tenham o foco de levar o produtor a aumentar seu rebanho
naquela região, bem como linhas de crédito que fomentem
investimentos na pastagem obedecendo a legislação
ambiental, a fim de que a oferta de forragem seja suficiente
para suportar o aumento de lotação no pasto.
Além do mais, é preciso incentivar os pecuaristas a
melhorar a produtividade, tendo em vista que isso levaria a
diluição dos custos, e consequentemente um lucro líquido
maior. Esse cenário exige uma linha de financiamento
específica que fomente a inserção tecnológica na atividade,
visando melhorar, por exemplo, os indicadores de
reprodução, a fim de aumentar a geração de receita nas
propriedades.
4. Conclusão
Os dados apontam que uma das principais dificuldade dos
criadores de bovinos no Pantanal mato-grossense é o custo de
produção elevado se comparado aos demais produtores do
estado, sendo as principais despesas com a mão-de-obra,
outros custos que envolvem assistência técnica, combustível,
bem como suplementação animal e financiamentos.
Esse panorama pode ser explicado pelas peculiaridades
produtivas que a região exige, reforçada pelo perfil do
pecuarista do Pantanal, o qual a maior parte se encaixa em
rebanhos até 250 cabeças.
As receitas oriundas da atividade cobrem apenas os
custos operacionais, enquanto o lucro líquido é negativo, o
que pode ter levado a tendência de queda no rebanho do
Pantanal desde 2016. Esse cenário é preocupante para a
planície pantaneira, tendo em vista que, a pecuária de corte é
a principal atividade rural que gera empregos naquela região,
bem como possui uma participação de 81,7% sobre o Valor
Bruto da Produção.
Considerando a atual conjuntura da atividade, que é de
custos cada vez mais elevados, o setor precisa buscar maior
eficiência por meio de incrementos na produtividade. Isto
pode ser incentivado com linhas de financiamentos
específicas à esses produtores, dado que o perfil dos
pecuaristas pantaneiros se diferencia dos demais produtores
do estado.
Dentre as necessidades dos produtores que as novas
linhas de financiamentos podem contemplar estão a
assistência técnica, taxa de juros acessíveis e prazos
diferenciados de acordo com a possibilidade de pagamento,
uma vez que, como ficou constatado as despesas financeiras
dos pecuaristas pantaneiros são praticamente duas vezes
maiores do que dos demais produtores no estado de Mato
Grosso.
Além disso, devido as peculiaridades da região, pode ser
incentivada a aquisição de animais vinculada com melhorias
na pastagem.
Ademais, o suporte aos pecuaristas pode se manifestar
por meio da redução de prejuízo causado pelas mortes de
animais por causa de ataques de predadores, como é
recorrente naquela realidade.
Portanto, sem a mudança da vigente caracterização
exposta do Pantanal a sustentabilidade do setor pode ficar
prejudicada e influenciar negativamente toda a sociedade que
depende da atividade.
5. Referências Bibliográficas
FIGUEIREDO, M. G., et. al. Construção da matriz insumo-
produto interregional Mato Grosso e resto do Brasil – 2007.
Estado de Mato Grosso, 2010.
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estimativa
populacionais para os municípios brasileiros, 2014.
Disponível em: <
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estima
tiva2014/estimativa_dou.shtm>.
INDEA-MT. Relatórios: Trânsito de animais. Disponível em: <
http://www.indea.mt.gov.br/-/8523220-relatorios?ciclo=>.
MTE, Ministério do Trabalho e Emprego. Programa de
Disseminação de Estatísticas do Trabalho. Disponível em:<
http://acesso.mte.gov.br/portal-pdet/home/>.
Mato Grosso/Brasil, março de 2020 – E08_20 – Diagnóstico dos dados produtivos e econômicos dos criadores da planície
pantaneira de Mato Grosso
PRESIDENTE Normando Corral
SUPERINTENDENTE Daniel Latorraca Ferreira
ELABORAÇÃO Marianne Tufani e Ricardo Silva
EQUIPE TÉCNICA
Analistas: Cleiton Gauer, Emanuel Salgado, Francielle Lima, Iury Rodrigues, Jéssica Brandão, Marianne Tufani, Marcel Durigon, Miqueias Michetti, Milena Barbosa, Monique Kempa, Ricardo Pereira, Rondiny Carneiro, Sâmyla Sousa, Tainá Heinzmann,
Talita Takahashi, Tiago Assis e Vanessa Gasch.
Estagiários: Adriano Ferreira, Adriele Barros, Ana Paula Oliveira, Daniele Ajala, Emily Assis, Fernando Félix, Gabriel Thompson,
Hygor Camacho, Layanne da Silva, Luana Santana, Lucas Mendonça, Luiza Roesler, Max Gomes, Milena Habeck, Pedro
Sorrillo e Rafaela Pereira.
ANEXO 1
Tabela 5 – Empregos diretos, indiretos e induzidos por cultura gerados nos municípios pertencentes ao Pantanal em 2019.
Indicadores Bovinos Soja Cana-de-
açúcar Algodão Suínos Aves Total
Diretos 5.830 366 41 3 50 13 6.303
Indiretos 1.574 183 2 0 19 37 1.815
Induzidos 3.339 153 18 2 76 18 3.606
Total 10.743 702 61 5 145 68 11.719 Fonte: Imea/Matriz Insumo-produto (2007)/MTE.
1. Introdução
O estado de Mato Grosso possui o maior rebanho bovino
do país, contabilizando 30,53 milhões de cabeças em 2019 e
produziu 1,5 milhão de toneladas de carne bovina no mesmo
período, o que representa 18,65% da produção nacional.
A maior parte de produção de gado de corte no estado é
de forma extensiva, sendo o pasto a principal fonte de
alimento dos animais. Com isso, a sazonalidade é uma das
características da produção de gado no estado, havendo
maior oferta de animais para abate no período das chuvas,
quando há maior volume de forragem, ao passo que há menor
disponibilidade de animais no período de seca, quando reduz
a quantidade de pastagem.
Todavia, nos municípios abrangidos pelo bioma Pantanal o
período das chuvas, que ocorre entre outubro e março,
dificulta o manejo dos animais. Isso porque, 90,7% da área de
pastejo no Pantanal é alagável (Imea, 2019), o que leva a
reduzir a oferta de pasto nesse bioma no período chuvoso.
Além disso, de acordo com o Projeto Fazenda Pantaneira
Sustentável (FPS), realizado pelo Sistema Famato, Associação
dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e Embrapa Pantanal
o custo de produção nos municípios pantaneiros são maiores
do que na média estadual.
Portanto, este estudo objetiva analisar as principais linhas
de crédito que podem ser utilizadas para aquisição de
matrizes no Pantanal, visto que o principal sistema de
produção desenvolvido naquele local é a cria de bezerros. As
linhas de crédito que serão estudadas são o Programa
Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) e o
Fundo de Financiamento do Centro-Oeste (FCO).
Ademais, será realizado a viabilidade econômica a fim de
encontrar as características de financiamento que melhor se
adeque à situação financeira dos produtores pantaneiros.
A importância desse estudo é baseada no cenário de
queda no rebanho bovino no Pantanal, sendo uma situação
cautelosa para aquela região, tendo em vista que a
bovinocultura de corte é a atividade rural que mais gera
empregos no Pantanal.
2. Metodologia
A pesquisa que o presente estudo se propõe pode ser
considerada exploratória, visto que tem o intuito de
aprofundar o conhecimento acerca da evolução dos recursos
do crédito rural na aquisição de matrizes, assim como,
objetiva analisar a viabilidade econômica da pecuária de cria
no Pantanal, sendo um estudo de caso.
Além disso, foram utilizados dados primários e
secundários, em que os dados primários são os custos de
produção da criação de bezerros no Pantanal extraídos por
meio do projeto FPS, sabendo-se que o custo de produção é
fundamental para a elaboração do fluxo de caixa.
Já os dados secundários foram extraídos através da Matriz
de Dados do Crédito Rural no site do Banco Central do Brasil
(BCB), que são os recursos aplicados do Pronamp e do FCO
para aquisição de bovinos, enquanto as taxas de juros foram
coletadas no site do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa).
Por fim, o estudo possui abordagem quantitativa, visto
que foram utilizadas ferramentas estatísticas para
interpretação dos resultados e os dados serão expressos por
meio de gráficos e tabelas.
2.1. Recursos para aquisição de matrizes
Destaca-se que, o site do Banco Central não tem
especificado os recursos que são aplicados para aquisição de
matrizes, apenas é especificado aquisição de animais bovinos.
Nesse sentido, o Banco Central disponibiliza o montante
destinado para aquisição de animais tanto para investimento
quanto para custeio. No caso deste estudo, os dados
coletados para aquisição de animais são sob a ótica do
investimento, que abrange os animais para reprodução,
sendo as matrizes e os touros reprodutores.
Assim, como um touro pode ser utilizado para cruzamento
com até 40 vacas a depender da propriedade, os recursos
destinados para investimentos em aquisição de animais são
em maior parte para aquisição de matrizes. Portanto, este
estudo parte da premissa que o montante de recursos de
aquisição de animais é focado em matrizes de bovinos.
2.2. Viabilidade econômica
Para o cálculo da viabilidade econômica da cria de
bezerros no Pantanal, o CAPEX (despesas de capital) e o OPEX
(despesas operacionais) foram levantados por meio do
Projeto FPS, realizado em parceria entre o Sistema Famato,
Acrimat e Embrapa Pantanal.
E19_20 – Análise do PRONAMP e do FCO e a viabilidade econômica para
aquisição de matrizes no Pantanal de MT
INSTITUTO MATO-GROSSENSE DE ECONOMIA AGROPECUÁRIA
IMEA Abril/2020
Mato Grosso/Brasil, mar/20 – Análise do Pronamp e do FCO e a viabilidade econômica na aquisição de matrizes no Pantanal de MT
Após a definição do CAPEX e OPEX foi considerado o Custo
de Oportunidade de Capital (WACC, sigla em inglês),
correspondente a taxa de juros do Pronamp e do FCO. Em
seguida, foi projetado o Fluxo de Caixa, sendo a
movimentação das receitas e custos ao longo do tempo do
projeto.
Por fim, através dessas informações foi calculado o Valor
Presente Líquido (VPL), a Taxa Interna de Retorno (TIR) e o
Payback, importantes indicadores para avaliar a viabilidade
econômica do projeto. Vale destacar, que após a elaboração
da viabilidade com os dados descritos acima, buscou-se
identificar as características de uma linha de financiamento
que melhor se adeque a situação econômica dos produtores
no Pantanal.
3. Resultados
3.1. Análise do FCO
O Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-
Oeste (FCO) tem o objetivo de contribuir para o
desenvolvimento econômico e social da região Centro-Oeste,
mediante a execução de programas de financiamento aos
setores rural e empresarial (BRASIL, 1989).
O Fundo é formado pela arrecadação de 3% do Imposto de
Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Além disso, o recurso provém dos pagamentos efetuados
pelas pessoas físicas e jurídicas que pegaram financiamentos.
No tocante ao mercado pecuário, o FCO é fundamental
para os pecuaristas de Mato Grosso, tendo em vista que, na
safra 18/19 o estado foi responsável por 37,80% do volume de
recursos aplicados para investimentos totais em aquisição de
animais (matrizes), totalizando R$ 617,79 milhões em MT.
Gráfico 1 – Evolução dos recursos aplicados para aquisição
de animais (matrizes) pelo FCO em Mato Grosso.
*Dados acumulados entre jul/19 e mar/20. Fonte: BCB
Quando comparado com a safra 2017/18, quando houve o
maior montante aplicado da história (R$ 913,39 milhões em
MT), nota-se que houve uma queda de 32,36% no volume de
recursos tomados pelos produtores mato-grossenses.
Esse cenário pode estar atrelado, entre outros fatores, as
incertezas que vigoraram no mercado naquele período,
mediante a lenta recuperação econômica no país. Além disso,
o preço da arroba do boi gordo estava pressionado, refletindo
em desestímulo dos pecuaristas para investir na atividade.
Na safra atual (19/20) até mar/20, o valor dos recursos do
FCO tomados pelos produtores para aquisição de matrizes em
Mato Grosso se encontra em R$ 324,78 milhões. Ao comparar
com o mesmo período da temporada anterior, o montante do
FCO aplicado (R$ 477,42 milhões) para a compra de matrizes
no estado reduziu 31,97%.
De acordo com o levantamento do Imea com agentes do
setor financeiro, esse cenário está atrelado, entre outros
fatores, à estagnação de recursos alocados no FCO diante da
atual situação econômica delicada do país, bem como a
preferência do setor em aplicar recursos no mercado agrícola.
Aliado a isso, destaca-se que parte significativa das
propriedades que atuam na pecuária de corte em Mato
Grosso possui problemas com a regularização fundiária, o que
dificulta o acesso ao crédito. Ainda assim, Mato Grosso tende
a continuar sendo o responsável por mais de um terço da
aplicação dos recursos do FCO.
3.2. Análise do Pronamp
O Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural
(Pronamp), diferente do FCO, possui abrangência nacional e
visa promover o desenvolvimento das atividades dos médios
produtores rurais, proporcionando o aumento da renda e da
geração de empregos no campo.
Contudo, apesar de sua função econômico-social, a
relevância do programa nos negócios de aquisição de matrizes
no país está sendo limitada em razão da queda brusca no
montante aplicado para esse fim, o que mais uma vez denota
a restrição orçamentária da União, por causa do ajuste fiscal
nos últimos anos, que levou a redução do crédito destinado
ao Pronamp.
Gráfico 2 – Evolução dos recursos aplicados para aquisição
de animais (matrizes) pelo Pronamp no Brasil.
*Dados acumulados entre jul/19 e mar/20. Fonte: BCB
0,39 0,56 0,701,08 0,99 0,84
0,45
0,33
0,600,62
0,85 0,91
0,62
0,320,11
0,240,20
0,21 0,28
0,18
0,08
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
20
13
/14
20
14
/15
20
15
/16
20
16
/17
20
17
/18
20
18
/19
20
19
/20
*
Bilh
ões
de
R$
GO MT MS DF
0,8 0,60,3 0,3 0,4
0,001
0,4
0,30,2 0,2 0,2
1,7
1,2
0,5 0,60,8
0,20,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
20
13
/14
20
14
/15
20
15
/16
20
16
/17
20
17
/18
20
18
/19
20
19
/20
*
Bilh
ões
de
R$
MG PR PA SP MT Outros
Mato Grosso/Brasil, mar/20 – Análise do Pronamp e do FCO e a viabilidade econômica na aquisição de matrizes no Pantanal de MT
Nesse sentido, enquanto na safra 2013/14, o volume
aplicado para a compra de matrizes bovinas foi de R$ 3,75
bilhões no Brasil, na safra 2018/19 o montante foi de R$ 1,68
milhão, representando uma queda de 99,96%.
Em relação a Mato Grosso, o estado não era um dos
principais estados tomadores dos recursos do Pronamp para
aquisição de matrizes até a safra 2018/19, cenário que foi
revertido na temporada atual (2019/20).
Desta forma, na safra 2019/20 até março/20, os recursos
aplicados do Pronamp para aquisição e matrizes em Mato
Grosso totalizou R$ 30,33 milhões, fincando o estado em
segundo no ranking em escala nacional, ficando atrás
somente de Minas Gerais (R$ 39,16 milhões). Vale observar,
que o volume de recursos continua em patamar bem abaixo
do que já foi registrado anteriormente.
Esse cenário não deve se alterar, tendo em vista que de
acordo com o BNDES, os pedidos de financiamentos pelo
Pronamp para investimentos estão suspensos, devido ao
comprometimento total dos recursos disponíveis para o ano
safa 2019/20.
Em linhas gerais, apesar das dificuldades orçamentárias, o
crédito rural pode servir de instrumento para aquecer a
economia, pois auxilia na geração de empregos. No caso do
Pantanal mato-grossense, o Imea estima que a pecuária de
corte foi responsável por 10,70 mil empregos diretos,
indiretos e induzidos em 2019, o equivalente a 91,7% dos
empregos gerados pela agropecuária naquela região.
3.3. Viabilidade econômica para aquisição de
matrizes no Pantanal
O rebanho bovino no Pantanal apresenta tendência de
queda desde 2016, e com o intuito de incentivar a criação de
bezerros nas fazendas pantaneiras mediante a importância da
bovinocultura de corte para a região, foi elaborado dois
cenários de financiamento para aquisição de matrizes a fim de
identificar se há viabilidade econômica, um considerando o
investimento através da aquisição do crédito pelo FCO e outro
através do Pronamp. Ademais, buscou-se identificar critérios
para a criação de uma linha de financiamento compatível com
a realidade da região do Pantanal.
Tabela 1 – Indicadores utilizados no projeto de viabilidade
econômica para aquisição de matrizes no Pantanal.
- FCO Pronamp
Nº de matrizes 254 254
Valor financiado R$ 381.000,00 R$ 381.000,00
Taxa de juros (%) 6,75% 7,00%
Prazo (anos) 5 6
Carência (anos) 1 2
Fonte: Projeto FPS (Sistema Famato/Acrimat/Embrapa Pantanal)
No projeto considerou-se uma propriedade no município
de Poconé com extensão de 1000 hectares, área de pasto de
699 hectares, sendo a área de reserva de 301 hectares. O
sistema de produção é a cria de bezerros e foi considerado a
aquisição de 254 matrizes da raça Nelore, totalizando um
investimento de R$ 381.000,00. Vale destacar, que a
propriedade já detém de 296 matrizes da mesma raça,
portanto, presume-se que a lotação em UA/ha avance de 0,56
para 1,00 UA/ha na propriedade.
As simulações dos financiamentos foram realizadas com
base no FCO e no Pronamp. Além disso, foi considerado os
custos de produção da propriedade com base no projeto
Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS), para então elaborar os
fluxos de caixa dos empreendimentos, ambos com duração de
20 anos.
Porquanto, ao simular um financiamento pelo FCO, o
projeto apresentou viabilidade econômica com o payback do
investimento sendo no oitavo ano e a taxa interna de retorno
(TIR) de 17,37%.
Tabela 1: Resultado dos indicadores financeiros do projeto
de financiamento de aquisição de matrizes pelo FCO no
Pantanal.
Indicadores Valor
Taxa Interna de Retorno (TIR) 17,37%
Valor Presente Líquido (R$/ha/ano) R$ 36,81
Valor Presente Líquido (VPL) - milhões R$ 398.006,21
Payback (anos) 8
Índice de Lucratividade 2,04
Fonte: Projeto FPS (Sistema Famato/Acrimat/Embrapa Pantanal)
Contudo, destaca-se que o FCO possui um prazo de
pagamento de cinco anos com mais um ano de carência.
Diante disso, sob a ótica do Payback esse tipo de investimento
necessitaria de um prazo de pagamento maior para a região
do Pantanal.
Tabela 2: Resultado dos indicadores financeiros do projeto
de financiamento de aquisição de matrizes pelo Pronamp no
Pantanal.
Indicadores Valor
Taxa Interna de Retorno (TIR) 17,37%
Valor Presente Líquido (R$/ha/ano) R$ 36,02
Valor Presente Líquido (VPL) - milhões R$ 381.943,62
Payback (anos) 8
Índice de Lucratividade 2,00 Fonte: Projeto FPS (Sistema Famato/Acrimat/Embrapa Pantanal)
Semelhantemente, o financiamento pelo Pronamp
registrou viabilidade econômica, com o retorno (payback)
sobre o investimento ocorrendo também no oitavo ano. A TIR
obteve valor similar à do projeto anterior (17,37%) mesmo
com a taxa de juros sendo 0,25 p.p. acima do FCO, ou seja de
Mato Grosso/Brasil, mar/20 – Análise do Pronamp e do FCO e a viabilidade econômica na aquisição de matrizes no Pantanal de MT
7% a.a., em virtude de que no Pronamp o prazo de pagamento
é maior.
Ainda assim, como o prazo de pagamento do programa é
de seis anos com mais dois anos de carência, esse
investimento é de alto risco ao considerar a possibilidade de
pagamento para os produtores do Pantanal.
Portanto, como pôde ser observado, considerando o fluxo
de caixa, os projetos registraram viabilidade econômica com
o retorno do investimento ocorrendo no oitavo ano. Todavia,
pôde-se constatar, diante os dados produtivos e econômicos
dos produtores no Pantanal, que o prazo de pagamento das
linhas de financiamentos atuais é estreito.
Com base nesse cenário, torna-se necessário a criação de
linhas de financiamentos específicas aos produtores da região
do pantanal com o prazo de pagamento sendo no mínimo de
oito anos com acréscimo de carência de dois anos.
Ademais, com o intuito de demonstrar a importância
desse financiamento ao resultado econômico da propriedade,
o gráfico abaixo apresenta a Demonstração do Resultado de
Exercício (DRE), com e sem o impacto do investimento em
matrizes. A ilustração desse cenário foi possível por causa do
Projeto FPS, que dispõe de dados de propriedades que
desenvolvem a pecuária de cria no Pantanal.
Gráfico 3: Resultados econômicos da cria de bezerros no
Pantanal em 2019.
Fonte: Projeto FPS (Sistema Famato/Acrimat/Embrapa Pantanal)
Sendo assim, o resultado real da propriedade pantaneira
em 2019, sem o investimento em compra de registrou um
Lajida positivo (R$ 44,05), ou seja, esse produtor consegue se
manter na atividade no curto prazo. Porém, ao considerar as
despesas com depreciação, custo da terra, entre outros, o
lucro líquido ficou em -R$ 36,06/ha o que denota um alto risco
das propriedades pantaneiras se manterem na atividade
pecuária a longo prazo.
Ao considerar o financiamento, o cenário é diferente, visto
que houve aumento na produção de bezerros na propriedade,
o que refletiu em aumentos na receita. Dessa forma, o lucro
líquido passou a ser positivo estabelecendo-se em R$
97,27/ha.
4. Considerações finais
Diante do exposto, os recursos aplicados para aquisição de
matrizes bovinas no Brasil e em Mato Grosso estão em queda.
O Pronamp tem perdido relevância nesse mercado nos
últimos anos, podendo ser reflexo do ajuste fiscal que o Brasil
tem passado, que reduz o crédito subsidiado.
Similarmente, o FCO tem registrado sucessivas quedas no
volume aplicado em aquisição de matrizes. Mesmo assim, o
volume desse fundo é expressivo, registrando na safra 18/19
no Brasil R$ 1,63 bilhão e o estado de Mato Grosso é o
segundo em âmbito nacional a utilizar desse crédito, obtendo
participação de 37,80% no mesmo período. Esse cenário
tende a se manter na temporada atual (2019/20).
De acordo com as simulações desse estudo, o
financiamento para aquisição de matrizes no Pantanal
apresenta viabilidade econômica, tanto pelo FCO quanto pelo
Pronamp, sendo o gargalo para a realidade da região o prazo
de pagamento.
Nesse sentido, como o Pantanal apresenta dificuldades no
manejo diferente das demais regiões do estado, devido aos
alagamentos, bem como apresenta maiores custos
produtivos, torna-se necessário a criação de linhas de
financiamentos com recursos exclusivos aos produtores
pantaneiros, com o prazo de pagamento mínimo de oito anos
mais dois anos de carência.
Além disso, diante das necessidades de investimentos aos
pecuaristas pantaneiros para se manter competitivo na
atividade, sob o âmbito do crédito rural é necessário a
alocação de mais recursos em programas com características
que atendam a realidade do Pantanal.
Da mesma forma, ajustes sob a ótica de prazo de
pagamento podem ser feitos nos programas já existentes
como o FCO e Pronamp, assim como elevar o volume de
recursos destes programas, uma vez que foi constatado
redução expressiva no montante aplicado em aquisição de
matrizes nos últimos anos.
Essa demanda para o Pantanal mato-grossense é baseada
no fato de que a bovinocultura de corte é a atividade rural que
mais gera empregos na região, porém, tem ocorrido a redução
no rebanho desde 2016. Além disso, o impacto do
financiamento no resultado financeiro da atividade é positivo,
dado que auxilia os produtores com margens negativas,
aumentar sua produção e consequentemente obterem lucro
líquido.
44,05
225,41
-36,06
97,27
-50,00
0,00
50,00
100,00
150,00
200,00
250,00
Sem financiamento Com financiamento
R$
/ha
Lajida Lucro líquido
Mato Grosso/Brasil, mar/20 – Análise do Pronamp e do FCO e a viabilidade econômica na aquisição de matrizes no Pantanal de MT
5. Referências Bibliográficas
ASSOCIAÇÃO DOS CRIADORES DE MATO GROSSO. Disponível
em: <https://acrimat.org.br/portal/>. Acessado em: 15 abr.
2020.
BRASIL. Lei n° 7.827, de 27 e setembro de 1989. Regulamenta
o art. 159, inciso I, alínea c, da Constituição Federal e dá outras
providências. Brasília, DF 27 set. 1989. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7827.htm>.
Acessado em: 15 abr. 2020.
BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E
SOCIAL. Pronamp. Disponível em:
<https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financia
mento/produto/pronamp-investimento>. Acessado em: 14
abr. 2020.
BANCO DO BRASIL. Fundo Constitucional de Financiamento
do Centro-Oeste. Disponível em:
<https://www.bb.com.br/docs/pub/gov/dwn/CartilhaFCO.pd
f>. Acessado em: 14 abr. 2020.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA.
Disponível em: <https://www.embrapa.br/pantanal>.
Acessado em: 15 abr. 2020.
INSTITUTO MATO-GROSSENSE DE ECONOMIA
AGROPECUÁRIA. Disponível em:
<http://www.imea.com.br/imea-site/#>. Acessado em: 13
abr. 2020.
PRESIDENTE Normando Corral
SUPERINTENDENTE Daniel Latorraca Ferreira
ELABORAÇÃO Ricardo Pereira
EQUIPE TÉCNICA
Analistas: Cleiton Gauer, Emanuel Salgado, Francielle Lima, Iury Rodrigues, Jéssica Brandão, Marcel Durigon, Marianne Tufani, Miqueias Michetti, Milena Aragão, Monique Kempa, Ricardo Pereira, Rondiny Carneiro, Sâmyla Sousa, Tainá Heinzmann,
Talita Takahashi, Tiago Assis e Vanessa Gasch.
Estagiários: Adriele Barros, Emily Assis, Fernando Félix, Gabriel Thompson, Isabela Flanofa, Luana Santana, Lucas Ferreira,
Lucas Mendonça, Luiza Roesler, Máysa Ágata C. Santos, Max Gomes, Milena Habeck, Pedro Sorrillo, Stephany Balieiro e
Victor Beghini.