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Contributo do Projeto reAct Reactivating Teachers and Learners - para a motivação escolar e desenvolvimento da cidadania Relatório de Projeto PATRÍCIA ISABEL DUARTE DOS SANTOS Trabalho realizado sob a orientação de Maria Antónia Belchior Ferreira Barreto Leiria, Junho 2013 Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação, área de Especialização em Educação e Desenvolvimento Comunitário Instituto Politécnico de Leiria

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Contributo do Projeto reAct – Reactivating Teachers and

Learners - para a motivação escolar e desenvolvimento da

cidadania

Relatório de Projeto

PATRÍCIA ISABEL DUARTE DOS SANTOS

Trabalho realizado sob a orientação de

Maria Antónia Belchior Ferreira Barreto

Leiria, Junho 2013

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação, área de Especialização em

Educação e Desenvolvimento Comunitário

Instituto Politécnico de Leiria

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Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

Dedicado à minha filha Mariana que me dá força para lutar todos os dias pelos meus/nossos

objetivos e sonhos.

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Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

AGRADECIMENTOS

Muito obrigada:

Ao IPL, nomeadamente, à Escola Superior de Educação e Ciências Sociais

de Leiria e aos docentes do Mestrado em Ciências da Educação – especialização

em Desenvolvimento Comunitário, pela qualidade global do mestrado e contributos

que se viriam a revelar essenciais para a conclusão deste trabalho final, em

particular à Professora Maria Antónia Barreto pelo incentivo, apoio e orientação.

A todos os meus familiares e amigos, sem a ajuda e apoio dos quais a

realização do mesmo, não teria sido possível.

Á Escola Secundária D. Inês de Castro do Mega agrupamento de Cister,

nomeadamente ao Diretor Gaspar Vaz por ter aceitado a proposta de realização de

um estudo sobre uma das ofertas pedagógicas da escola e em especial à

Professora e Coordenadora Anabela Luís, coordenadora do Projeto reAct pela

disponibilidade e atenção demonstradas.

Aos alunos entrevistados pelo seu contributo e colaboração.

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Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

RESUMO

A escola representa atualmente um importante papel na mediação entre o

sujeito/aluno e a sociedade, principalmente na medida em que o insucesso e o

abandono escolar representam hoje em dia alguns dos temas mais preocupantes

em torno da Educação.

Diversos autores defendem que compete à escola acompanhar as mudanças

profundas e constantes que as sociedades têm vindo a registar, através da

implementação de estratégias educativas que permitam o desenvolvimento de novos

valores e competências por parte dos jovens em fase de transição para a vida ativa

e integração na sociedade e mercado de trabalho.

São apontadas várias causas para justificar os índices de abandono escolar e

constata-se que, muitos deles apontam a motivação escolar e a forma como o

professor e o aluno se relacionam e interagem como factores cruciais. A corrente

pedagógica da Escola Nova que conduziu ao modelo do Construtivismo parece ter

tido um papel fundamental ao restruturar métodos de ensino que vieram a contribuir

para o combate ao insucesso escolar. A Escola Construtivista valoriza o método que

realça os procedimentos e as estratégias cognitivas que conduzem o aluno à sua

própria aprendizagem e que acentua a importância do papel do professor enquanto

mediador e não só como responsável por transmitir e incutir conhecimentos, como é

visto no modelo da escola Tradicional.

Seguindo a perspetiva de que a escola deve assumir o papel de agente de

inovação e mudança social e de que todo o cidadão deve ser consciente de que

existe um conjunto de responsabilidades quando integrado num todo tão complexo

como pode ser uma sociedade., o projeto reAct segue uma metodologia em que os

alunos descobrem fazendo o que os motiva. O objetivo deste projeto é o de preparar

as novas gerações para uma intervenção mais ativa e responsável na sociedade

civil.

Este projeto surgiu graças às evoluções ao nível das tecnologias Web 2.0 que

vieram potenciar as relações sociais. Esta explosão é prova de que o ciberespaço

constitui um fator crucial no incremento do capital social e cultural e daí, um

facilitador do desenvolvimento da cidadania. Por outro lado, pretende-se que, os

alunos, num contexto de utilização educacional das novas TIC, tenham a

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Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

oportunidade de aceder a informação, de construir o seu próprio conhecimento

levando ao desenvolvimento de competências de cidadania participativa.

É neste âmbito que se insere o presente trabalho, levado a cabo junto dos 12

alunos que frequentam o curso de Educação e Formação escolar tipo C na Escola

Secundária D. Inês de Castro de Alcobaça, ao abrigo do projeto reAct – reactivating

teachers and learners. Procurou-se entender em que medida é que realmente as

metodologias utilizadas neste projeto conduzem, por parte dos alunos, ao aumento

dos seus níveis de motivação escolar e promovem competências de cidadania.

Optou-se pela investigação de carácter qualitativo e pelo método do estudo

de caso. Os dados foram recolhidos através de entrevistas semiestruturadas

aplicadas com base num guião que permitiu uma análise de conteúdo por

categorias, sendo estas: Aprendizagem e tecnologias, Motivação para o estudo,

Relações interpessoais e cooperação, Integração na vida ativa e Defesa de

questões sociais.

Os resultados revelaram que projeto reAct, promove a autonomia e a

motivação do aluno, proporcionando-lhe um estilo de aprendizagem cooperativo e

acentuando o papel da escola como agente socializador na preparação do mesmo

para a inserção na vida ativa. Na perspetiva dos entrevistados, o projeto reAct

garante que o aluno aprenda num ambiente social porque assim desenvolve

habilidades de pensamento crítico que promovem uma nova forma de lidar com as

exigências da sociedade, através da utilização das novas tecnologias como

ferramentas pedagógicas.

Palavras-chave: Redes Sociais, Motivação Escolar e Cidadania, Aprendizagem

cooperativa e Comunidades virtuais.

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Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

ABSTRACT

The school currently represents an important role in mediation between the

students and the society, especially to the extent that the school drop-out and failure

represent nowadays some of the most troubling issues around education.

Several authors argue that it is up to the school follow the profound changes

and constants that companies have been experiencing, through the implementation

of educational strategies that allow the development of new values and

competencies on the part of young people in transition to the active life and

integration into society and the labour market.

Been cited several reasons to justify the school drop-out rates and notes that

many of them pointed out the school motivation and how the teacher and the student

relate and interact as crucial factors. The current new school teaching led to the

model of Constructivism seems to have had a key role to restructure teaching

methods that came to contribute to the fight against failure at school. The

Constructivist School adds value to the method that enhances the procedures and

the cognitive strategies that lead students to their own learning and stresses the

importance of the role of the teacher as mediator and not only as responsible for

conveying and instilling knowledge, as is seen in Traditional school model.

Following the perspective that the school should take on the role of innovation

and social change agent and that every citizen should be aware that there are a

number of responsibilities when integrated into a whole as complex as can be a

society, the project reAct follows a methodology where students learn by doing what

motivates them. The goal of this project is to prepare new generations to a more

active and responsible involvement in civil society.

This project came about thanks to developments at the level of the Web 2.0

technologies that came to enhance social relations. This explosion is proof that

cyberspace is a crucial factor in the development of social and cultural capital and

hence, a facilitator of development of citizenship. On the other hand, it is intended

that the students, in a context of educational use of new technologies, have the

opportunity to access information, build your own knowledge leading to the

development of participatory citizenship skills.

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Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

It is in this context that the present study, carried out among twelve students

who attend the course of “Educação e Formação de Adultos escolar tipo C” in high

School D. Inês de Castro, Alcobaça, under project react - reactivating teachers and

learners. We tried to understand to what extent is that really the methodologies used

in this project lead, on the part of students, to increase their levels of motivation and

promote citizenship skills.

We opted for qualitative research and case study method. The data were

collected through semi-structured interviews applied on the basis of a script that has

a content analysis categories, these being: learning and technology, motivation for

the study, interpersonal relations and cooperation, integration in active life and

defense of social issues.

The results revealed that reAct project, promotes the autonomy and motivation

of the student, providing you with a cooperative learning and stressing the role of the

school as a socializing agent in preparation for active life insertion. From the

perspective of respondents, the project reAct ensures that students learn in a social

environment because it develops critical thinking skills that promote a new way of

dealing with the demands of society, through the use of new technologies as

teaching tools.

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Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

ÍNDICE GERAL i

Agradecimentos .......................................................................................................... 3

Resumo .......................................................................................................................4

Abstract .......................................................................................................................6

Índice Geral ................................................................................................................ 8

Índice de Figuras ...................................................................................................... 10

Índie de Anexos ……………………………………………………………………………11

Introdução ................................................................................................................. 12

I - Enquadramento teórico......................................................................................... 10

1. A escola: fatores mobilizadores da aprendizagem

1.1. O Abandono escolar…………………………………………………….….…16

1.2. Correntes de pensamento pedagógico e a relação professor/aluno

1.2.1 - Escola Tradicional …………………………………………………17

1.2.2 - A Escola Nova …………………………………………………..…18

1.3. A Motivação para a aprendizagem ………………………………………….22

1.4. A integração das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no

sistema educativo ……………………………………………………………….....26

2. A Escola na promoção da cidadania

2.1. Conceito de cidadania ………………………………………………………..28

2.2. A operacionalização pedagógica da cidadania na escola como agente de

transformação social ………………………………………………………..……..30

2.3. TIC e cidadania ……………………………………………….………………32

3. O Projeto reAct ……………………………………………………………………..33

II – Estudo Empírico

1. Metodologia

1.1. Problemática, pergunta de partida, objetivos ………………………………39

1.2. Desenho de Investigação …………………………………………………....40

1.3. Instrumentos de recolha de dados e tratamento de dados …………..….41

1.4. População-alvo ……………………………………………….…….…………42

2. Apresentação, análise e comentário dos dados

2.1. Aprendizagem e Tecnologias ……………………………………………….43

2.2. Motivação para o Estudo …………………………………………………….45

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Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

2.3. Relações Interpessoais e Cooperação …………………………………….50

2.4. Integração na Vida Ativa ………………………………………….……….…51

2.5. Defesa de Questões Sociais …………………………………………….…..53

Conclusões ............................................................................................................... 56

Bibliografia ………………………………………………………………………………….59

Anexos ……………………………………………………………………………………...65

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Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

ÍNDICE DE FIGURAS

Pirâmide de Maslow …………………………………………………………….…1

Triângulo da Cidadania ……………………………………………………………2

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Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

ÍNDICE DE ANEXOS

Guião de Entrevistas …………………………………………………….……….…1

Entrevistas testadas…………………………………………………….……………2

Entrevistas ……………………………………………………………………………3

Grelhas de análise de conteúdo …………………………………….…………….4

Introdução

O Trabalho final de seguida apresentado faz parte integrante do Mestrado em

Ciências da Educação – especialização em Desenvolvimento Comunitário, conferido

pela Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria. A razão da escolha

deste tema prende-se com um interesse particular pessoal e profissional do qual

surgem dúvidas e questões relacionadas com o abandono escolar e com o

desenvolvimento de competências para a vida ativa dos jovens em fase de

conclusão do ensino secundário. A pertinência deste estudo prende-se, portanto,

com a necessidade emergente e constante em procurar medidas educativas que

atuem a favor quer do desenvolvimento da cidadania, nos jovens alunos, quer na

prevenção dos elevados índices de abando escolar por parte dos mesmos.

Do meu ponto de vista esta investigação assume um especial interesse

devido à situação atual do sistema educativo, nomeadamente relacionada com

factores de insucesso e desmotivação escolar sentido, de um ponto de vista geral,

pelos alunos, assim como outros tais como o abandono escolar e a transição

precoce, dos mesmos, para o mercado de trabalho, com índices de escolaridade e

qualificação baixos. Os métodos de ensino atuais parecem não incentivar os alunos

para os estudos, daí a agravante de, para além da atual crise ao nível da conjuntura

económica, se viver também numa crise de valores, incluindo a falta de objetivos,

interesses e visão de futuro por parte dos mesmos. Interessa, então, perceber se a

implementação de métodos de ensino/aprendizagem mais inovadores e menos

tradicionais, nomeadamente os que recorram às novas tecnologias, funcionam como

uma estratégia pedagógica eficaz a este nível. Procuramos, também comprovar se

estes métodos, que recorrem essencialmente à Internet, às redes sociais e ao

facebook em particular, promovem, nos alunos, uma atitude mais positiva perante a

aprendizagem, assim como a capacidade de socialização dos mesmos, diferentes

competências ao nível da cidadania e da sua preparação para a vida ativa e/ou

mercado de trabalho. Partimos do princípio de que seguindo esta linha orientadora

de base no sistema de aprendizagem, o ensino será mais aliciante, o que permitirá

ao aluno aprender de uma forma mais proactiva, cooperativa e autónoma.

Procuramos então responder à seguinte pergunta de partida “O projeto reAct

promove, do ponto de vista dos formandos, a motivação escolar e a

desenvolvimento para a Cidadania?”

Este trabalho é constituído por dois capítulos.

No primeiro capítulo é apresentada toda a contextualização e

fundamentações teóricas relacionadas com as temáticas da Educação,

Desenvolvimento e Cidadania. É apresentada a relação entre as metodologias de

ensino e as correntes pedagógicas com as novas tecnologias, nomeadamente as

que envolvem as redes sociais.

Faz parte integrante também deste mesmo capítulo a apresentação de temas

do abandono e motivação escolar, a relação professor/aluno à luz de correntes de

pensamento pedagógico – Escola Tradicional, Escola Nova e Construtivismo -, e a

integração das novas TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) no Sistema

Educativo como ferramenta inovadora, dando especial enfâse às tecnologias Web

2.0 que, através das redes sociais, promovem uma aprendizagem autorregulada e

cooperativa. Procuraremos demonstrar que este método de ensino implica uma nova

perspetiva em relação aos papéis assumidos pelo professor e pelo aluno,

assumindo, este último, uma postura mais dinâmica e responsável pelo seu próprio

processo de aprendizagem e o professor uma função mais orientadora, não detendo

diretamente a responsabilidade na transmissão de conhecimentos mas estimulando

os alunos á descoberta dos mesmos.

Neste capítulo será feita ainda uma abordagem aos conceitos fundamentais

de cidadania e ciberdemocracia e ao papel da escola como entidade promotora da

transformação social que, pensamos poder refletir e resultar da implementação das

metodologias acima mencionadas.

Concluiremos este capítulo com a apresentação do projeto reAct, sobre o qual

incide o estudo e que reflete um exemplo prático e atual levado a cabo pela Escola

Secundária D. Inês de Castro e através do qual poderemos analisar, do ponto de

vista dos alunos abrangidos, qual o impacto do mesmo ao nível da sua motivação

escolar e desenvolvimento de competências de cidadania, úteis à sua transição para

a vida ativa.

No segundo capítulo abordaremos os pressupostos metodológicos

orientadores do presente estudo. Usamos a metodologia qualitativa enquanto

paradigma e técnica de investigação que tenta compreender os sujeitos a partir das

suas vivências e experiências, assente numa perspetiva naturalista, indutiva,

holística e humanística. A técnica de investigação utilizada neste estudo pressupõe

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a aplicação de entrevistas exploratórias e semiestruturadas com questões abertas e

objetivas.

Pretende-se, com as afirmações defendidas pelos alunos entrevistados,

responder à pergunta de partida e fundamentando através dos pressupostos

teóricos, chegar aos objetivos estabelecidos para este estudo.

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Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

CAPÍTULO I

ENQUADRAMENTO TEÓRICO

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Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

1. A ESCOLA: FACTORES MOBILIZADORES DA APRENDIZAGEM

1.1 - O ABANDONO ESCOLAR

A escola representa atualmente um importante papel na mediação entre o

sujeito/aluno e a sociedade. Foi essencialmente, a partir de 1930, com a

industrialização e o fortalecimento do Estado-nação, que a educação começou a

ganhar a devida relevância, sendo o governo a deter o poder e responsabilidade

pela organização do sistema educativo de uma forma estruturada, mesmo que

controlada. Nesta época, a escola era um espaço onde o ensino estava centrado no

professor, o detentor de todo o saber. O professor exercia, assim, uma ação

repressora, autoritária e coerciva, como representante do estado, cumprindo as

orientações e diretrizes impostas pelos representantes políticos da época que

definiam quais os matérias curriculares e estratégias de ensino, convenientes,

digamos assim, ao regime político que vigorava na altura.

O insucesso e o abandono escolar são hoje em dia alguns dos temas mais

preocupantes dos sistemas de ensino, tendo em conta que as mudanças profundas

e constantes que as sociedades têm vindo a registar, impõem a necessidade de

desenvolvimento de novos valores e competências por parte dos jovens em fase de

transição para a vida ativa e integração na sociedade e mercado de trabalho.

São apontadas para as várias causas do abandono escolar três focos

principais sendo estes a escola, a família e o mercado de trabalho: para este autor

num destes focos reside a explicação da maioria das situações de abandono

escolar. Existem, portanto, fatores de cariz social, cultural e económico que

condicionam o sucesso escolar e, por conseguinte, o abandono precoce do sistema

de ensino. Destacam-se, entre outros, a desmotivação dos alunos, uma vez que o

tipo de ensino que a escola atual proporciona é ainda muito centrado em conteúdos,

enquanto deveria se mais no saber-fazer, levando a que muitos alunos acabem por

se desinteressar pelas matérias e a revelar falta de empenho na resolução das

tarefas propostas pelos professores; a desestruturação das famílias como é o caso

das famílias monoparentais ou famílias desfavorecidas no plano cultural e

económico. Face a estas dificuldades económicas e perante uma sociedade

consumista, muitos jovens acabam por ingressar precocemente no mercado de

trabalho; os problemas pessoais que podem muitas vezes estar ligados diretamente

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Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

à falta de apoio dos pais, à influência de “más companhias” que podem conduzir os

jovens por caminhos ilícitos e desviantes e, daí, a desvalorizarem a escola; e outros

como a desmotivação, as dificuldades de aprendizagem, o facto de não gostarem da

escola, o insucesso escolar, ….

É possível constatar que a escola é assim, ainda em grande parte,

responsável por muitos casos de abandono escolar, pois não consegue motivar os

alunos para os estudos, não entendendo as necessidades individuais de cada um.

Efetivamente, o insucesso escolar contribui para que o jovem se sinta mal no

ambiente escolar, ficando desmotivado com a escola, acabando por reprovar. Esta

situação pode provocar a rutura do jovem com a escola.

A motivação de um jovem na escola, que tem dificuldades de aprendizagem e

de integração, diminui quando ele experimenta uma situação de reprovação e a

própria autoestima do jovem é afetada e isso pode ter consequências negativas quer

a nível do seu percurso escolar, quer a nível da sua vivência em sociedade.

Por outro lado, o absentismo, o desinteresse pelas matérias académicas, o

mau comportamento que não possibilita que este esteja atento à aula, o pouco

tempo dedicado aos estudos são, também algumas das razões que podem dar

origem ao insucesso e, consequentemente, ao abandono escolar. A relação que o

jovem estabelece com o professor, ou professores, tem, igualmente, muita influência

no modo como os jovens encaram a escola e o facto de se gostar, ou não, da escola

também vai condicionar o abandono da mesma. O gosto pela escola passa, muitas

vezes, pela relação professor/aluno, embora não seja só nesta relação que se

baseia o gosto pela escola e pelos estudos, mas pode-se dizer que esta relação é a

base de tudo o que se passa na escola e que pode, portanto, condicionar bastante o

abandono escolar.

1.2 - CORRENTES DE PENSAMENTO PEDAGÓGICO E A RELAÇÃO

PROFESSOR/ALUNO

1.2.1 - Escola Tradicional

Este modelo educativo, utilizado nas escolas desde o século XVII, considera o

aluno como uma tábua rasa que se pode moldar e a quem se pode incutir um

conjunto de conhecimentos necessários à sua vida futura. Neste modelo cabe ao

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Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

Professor o papel de transmitir conhecimentos, uma vez que é o mestre detentor de

do saber. Ao aluno competia, por sua vez, através de uma atitude passiva, receber

os ensinamentos submetendo-se aos métodos propostos que eram essencialmente

a memorização, o trabalho, o esforço, a disciplina e a regra. Aspetos como a

curiosidade, a iniciativa e a investigação são, pelo contrário e nesta perspetiva,

obstáculos à transmissão/aquisição de conhecimentos. O ensino é, portanto, aqui

centrado na pessoa do professor que, pelo seu potencial, dá instrução. É o que se

chama de magistercentrismo. A Educação Tradicional assenta assim no princípio da

transmissão de saberes como base de um processo educativo em que o aluno é

comparável a um objeto - aluno-objeto.

A essência da Escola Tradicional está na transmissão de conhecimentos e

valores do património cultural da nação subjacentes aos contextos políticos e

religiosos da época, sem permitir ao aluno a interpretação crítica ou opinião própria

acerca dos conhecimentos a assimilar.

O clima educativo tinha por base a disciplina, sem ter em conta as

características pessoais dos alunos. Daí a relação pedagógica ser caracterizada por

um certo distanciamento, indiferença e alheamento aos problemas do aluno e suas

necessidades ou opiniões.

Educar, na Escola Tradicional, é portanto instruir com base num

doutrinamento que transmite verdades que não podem ser questionáveis. Este

método magistral mantém-se também alheio à realidade circundante como fonte de

conhecimento, baseando-se num tipo de ensino essencialmente livresco e

intelectual.

No que respeita à transmissão dos valores sociais e da moral, a Escola

Tradicional contempla-os através de um ensino teórico, não recorrendo a uma

pedagogia que os desenvolva através da prática. Tal como Dewey (1959) afirma

privilegia ensinamentos para o individualismo e egoísmo, em prol de outros como o

trabalho em equipa e a cooperação.

1.2.2 - A Escola Nova

A Escola Nova é um movimento que iniciou no século XX, mas que se

inspirou em pedagogos e filósofos do século XVIII e que segue uma ideologia

sociopolítica democrática que valoriza a liberdade e a igualdade entre os homens.

19

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

Ao privilegiar o aluno como indivíduo, neste paradigma, a educação surge

como resultado de um novo sentimento dos adultos em relação ao mesmo, onde

este merece cuidados especiais e é visto como detentor de um potencial de

aprendizagem ativa.

Foi a partir da Idade Moderna que se deram algumas rupturas em relação aos

modos como as pessoas percebiam, tratavam e se relacionavam com as crianças.

Destacam-se como exemplos que justificam essa mudança de mentalidade: (I) a

constituição da família burguesa, que se estrutura com base em novas lógicas de

relações, agora baseados na fortificação dos laços familiares, onde as crianças

tornam-se alvo das preocupações dos adultos; (II) o advento da industrialização, que

se estrutura e apoia na ideia de que os homens precisam de se preparar para a

mão-de-obra, algo que condicionou a busca de uma educação adequada para os

sujeitos em períodos de vida específicos; (III) a emergência de um novo paradigma,

que tinha como pressuposto o ideal de um ser humano que conhece e pode tudo e,

(IV) a construção de teorias, em especial as da Psicologia, que focalizaram nos seus

estudos a compreensão do universo infantil. As conceções sobre a criança

transformaram-se intensamente no decorrer do século XVIII. Antes a criança era

percebida e tratada como um adulto em miniatura tal como afirma (Ariés, P., 1981).

Com o surgir deste movimento da Escola Nova, tornou-se especialmente

explícito um conflito de contornos bem definidos entre dois modelos pedagógicos:

um em que o aluno é comparado a um objeto a formar por uma ação exterior a

exercer sobre ele por referência a um determinado conjunto de valores e normas

ideais – aluno-objeto - e outro que considera que o aluno tem consigo os meios

necessários para ser sujeito da sua própria formação. É a libertação do aluno da

tutela do adulto, para que a sua personalidade se realize pela autonomia – aluno-

sujeito.

O modelo organizativo da Escola Nova foi, portanto, desde o início, uma clara

reação contra o modelo da Escola Tradicional. Estaríamos agora perante uma

escola aberta, descentralizada e crítica da sociedade, em que o objetivo seria o de

conhecer o aluno e reconhecer nele a sua capacidade de investigação, de

apropriação do real e como portador de conhecimento através das suas próprias

experiências. O magistercentrismo dá assim lugar ao puerocentrismo.

Apesar da questão do doutrinamento continuar a estar presente, sendo que o

professor não deixa de ser o detentor do conhecimento que vai transmitir ao aluno,

20

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

na Escola Nova, esta passa aqui a representar um papel mais ativo no processo

educativo. A partir do momento em que isto acontece passa-se a valorizar o conceito

de “learning by doing” de J. Dewey (in Baloi, Jochua Abraão,2009).

Trata-se de um contexto de conhecimento em que é valorizada a natureza do

aluno e perante isto, exige-se uma nova postura por parte do professor em que este

deve, não só conduzir e impor conhecimentos e moldar o aluno, mas também

estimular os seus interesses e despertar o mesmo para novas curiosidades e para a

compreensão e análise crítica dos assuntos. Sendo assim, a relação pedagógica é

caracterizada por uma proximidade entre professor/aluno em que o primeiro está

mais atento aos problemas do segundo e presta um apoio mais individualizado e

personalizado.

Por outro lado a Escola Nova também pretende ver desenvolvido o espírito

ativo, criador e criativo do aluno, contrariamente à Escola Tradicional onde este era

apenas convidado a reproduzir o modelo que lhe era apresentado. No modelo da

Escola Nova valoriza-se a criança, os seus interesses, a sua curiosidade, a sua

sensibilidade e as suas necessidades como pontos de partida para a organização e

apropriação do real e, por conseguinte, de todo o ambiente educativo.

Valorizam-se as funções do professor como um estimulador e facilitador da

aprendizagem; valoriza-se a escola ativa, aberta á vida e à integração desta na

escola e valoriza-se ainda a vivência individual de valores concretos pelos alunos e

não a sua imposição na forma de opressão e imposição antidemocrática.

Todos os pedagogos da Escola Nova insistem no recurso à atividade do

aluno, observando e experimentando, não apenas para contemplar o mundo, mas

agindo para se adaptar a ele e adaptá-lo a si. A palavra "atividade" tem um sentido

muito próprio no âmbito da Escola Nova ou Ativa, o de a criança em relação com o

meio.

No seguimento do paradigma emergente da Escola Nova surge a Escola

Construtivista - do aluno-objeto ao aluno-sujeito.

O modelo da Escola Construtivista aparece associado às contribuições no

domínio da psicologia cognitivista de Jean Piaget. Surge nos anos 60, quando se

começa a falar da necessidade de ensinar aos alunos o processo da sua própria

aprendizagem. Ensinar a aprender implicaria diversificar os conteúdos dos currículos

deixando de ser importante aprender somente conceitos, conteúdos culturais, como

unidades fechadas e passando a dar-se uma enorme importância aos

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Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

procedimentos e às estratégias cognitivas que conduzem o aluno à sua própria

aprendizagem, tendo especialmente em conta as normas, os valores e os princípios

que estão subjacentes ao contexto da mesma.

O professor é aqui um mediador no processo de ensino/aprendizagem e

compete-lhe programar, orientar, organizar, proporcionar recursos, e animar as

diferentes atividades a desenvolver pelos alunos. Ele ajuda o aluno a relacionar os

novos conhecimentos com os anteriores, deixando que o aluno participe ativamente

em todo o processo – aluno-sujeito.

Desta perspetiva e de um ponto de vista educativo, conclui-se que a

aprendizagem é desenvolvimento e requer invenção e auto-organização por parte do

aluno, o que implica que os professores devam permitir que os alunos levantem as

suas próprias questões, que giram as suas próprias hipóteses e testem a sua

viabilidade – conceito de conflito cognitivo. De acordo com Fosnot (1989), no que

respeita ao ambiente de aprendizagem, há que considerar a sala de aula como uma

comunidade de debate empenhada na atividade, reflexão e conversação, na qual os

alunos representam um papel central na sua própria aprendizagem.

Para que um ambiente de ensino seja construtivista é fundamental que o

professor conceba o conhecimento sob a ótica levantada por Piaget, ou seja, que

todo e qualquer desenvolvimento cognitivo só será efetivo se tiver por base uma

interação muito forte entre o sujeito e o conhecimento.

Este ambiente deve proporcionar uma interação do aprendiz com o objecto de

estudo. Esta interação, deve passar por uma integração do objecto de estudo à

realidade do sujeito, dentro das suas condições, de forma a estimulá-lo e desafiá-lo,

permitindo que as novas situações criadas possam ser adaptadas às estruturas

cognitivas já existentes, propiciando, assim, o seu desenvolvimento. A interação

deve abranger, não só o universo do aluno e o objeto de aprendizagem mas,

preferencialmente, também a interação aluno/professor. O ser humano aprende à

medida que vivencia experiências e desenvolve o pensamento. O pensamento é a

maneira da inteligência se expressar, portanto, é no pensamento que mora a

aprendizagem. A cada mudança do pensamento, o aluno produz o seu próprio

conhecimento.

Para Piaget, o desenvolvimento do pensamento dá-se da relação do

aprendente com o mundo que o rodeia, por isso é importante que o ambiente seja

repleto de estímulos e desafios para que o mesmo possa organizar os seus

22

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

processos internos e adaptar-se à realidade. É nesta interação social, através da

conversa e do trabalho com outras pessoas, conhecendo outros pontos de vista,

favorecendo e amadurecendo o seu convívio com o outro, que o aluno adquire

experiência e daí, conhecimento.

Na atualidade, o desafio reside em identificar e analisar os principais

processos através dos quais os sujeitos podem regular a sua aprendizagem,

perspectivando-se assim uma aprendizagem mais autónoma, autorregulada e um

aluno-sujeito mais ativo, autónomo e responsável, características fundamentais para

uma adaptação adequada às exigências das constantes mutações na sociedade.

1.3 - A Motivação para a aprendizagem

A palavra motivação deriva do latim motivus, movere, que significa deslocar-

se, mover-se. Desde sempre que teóricos como Descartes e Darwin que vêm

defendendo a conceção de que o facto de o ser humano ser racional faz com que as

suas opções, decisões e a sua ação sejam orientadas pelo pensamento e por um

motivo que conduz a uma ação.

Para Nuttin (1985, pp 15-16) “O que torna dinâmica a relação que une o

indivíduo ao seu ambiente é o facto comprovado de que o ser vivo, em geral, e a

personalidade humana, em particular, não são indiferentes aos objetos e situações

com os quais se relacionam: certas formas de contato e de interação são preferidas

a outras; algumas são procuradas e mesmo requeridas para o funcionamento ótimo

do indivíduo; outras, pelo contrário, são evitadas …”. Para este autor motivo é o

estado do organismo pelo qual a energia corporal é mobilizada e dirigida a

determinados elementos do meio; é, no fundo, a razão que leva o organismo a agir.

O conceito de motivo implica a compreensão dos conceitos de necessidade e

impulso. Sendo necessidade o estado de falta fisiológica ou psicológica que dá

origem ao impulso. Este, por sua vez, é o processo interno que conduz a pessoa à

ação, ou seja, a um conjunto de comportamentos que permitem atingir um objetivo.

É com a satisfação da necessidade que o motivo deixa de orientar o

comportamento.

O psicólogo Kurt Lewin (Varela, S. e Moraes, C. R., 2007) foi também um dos

teóricos a propor que o comportamento humano resultaria da interação entre a

pessoa e o ambiente que a rodeia. De acordo com este autor, o fim ou objetivo de

23

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

um comportamento representa, para a pessoa, uma espécie de apelo que surge a

partir de uma tensão interna gerada por uma necessidade e das qualidades de um

determinado estímulo ou atividade externa. Este sistema pode ser representado por

forças de atração ou repulsa que determinados estímulos do ambiente ou atividades

desencadeiam no indivíduo e que faz com que este dirija o seu interesse mais para

umas coisas do que para outras.

Já para Maslow (in Solomon,1977) comportamento humano é ditado por

motivações diversas, resultantes de necessidades de carácter biológico, psicológico

e social hierarquizados como uma pirâmide.

Figura 1: Pirâmide de Maslow adaptado Morais, C. R. E Varela, S. (2007)

Na base da pirâmide encontram-se as necessidades fisiológicas que tendem

a ser mais intensas, enquanto não forem satisfeitas. São básicas e necessárias para

a subsistência. À medida que estas são satisfeitas, a motivação direciona-se para

uma outra e passa a dominar o comportamento da pessoa. De seguida vem a

necessidade de segurança ou autoperservação. Satisfeitas as duas primeiras,

surgem as necessidades a nível social, de participação ou amor/relacionamento.

Como o homem é um ser social, precisa de ter um grupo de convívio em que é

aceite e desempenha um papel. Porém, esse papel não é qualquer um, daí, surge

então a necessidade de autoestima e reconhecimento social. A satisfação destas

produz sentimentos de confiança em si mesmo, de prestígio, de poder e de controlo.

Quando não satisfeita pode conduzir a comportamentos destrutivos em que o

24

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

indivíduo pode tornar-se rebelde, negligenciar o seu trabalho ou discutir com os

companheiros, por exemplo. Finalmente, vem a necessidade de autorrealização que

está ligada ao sentimento de cada um maximizar o seu próprio potencial, seja qual

for. A motivação de realização pode definir-se como o desejo intrínseco de se ser

bem-sucedido em situações desafiantes e de ultrapassar obstáculos para alcançar

objetivos quer pessoais quer profissionais. Considera-se que é possível intervir junto

de alunos e professores, por exemplo, ensinando-lhes algumas técnicas que os

orientem para o sucesso, garantido que este produz em cada pessoa uma satisfação

interna e esta passa a realizar ações pelo próprio prazer da sua realização.

Mais atual mas seguindo o mesmo raciocínio, é a definição de Varela e

Moraes (2007) que defendem que a motivação é um estado interno resultante de

uma necessidade que desperta um determinado comportamento, com o objetivo de

acabar com a mesma.

O tema motivação ligado à aprendizagem está sempre em evidência nos

ambientes escolares exigindo uma postura ativa por parte dos professores,

assumindo estes o papel de principais agentes motivadores.

Cabe aqui, ao nível do contexto escolar, fazer uma diferenciação entre

interesse e motivação. Os assuntos ou matérias que interessam, e por isso prendem

a atenção dos alunos, podem ser vários, no entanto, é possível que nem todos

tenham a força suficiente para conduzir à ação, a qual exige esforço e vontade. O

interesse mantem atenção, no sentido de um valor que se deseja, o motivo, porém,

conduz a uma determinada ação perante o estímulo que despertou o interesse.

Nem sempre os alunos percebem e reconhecem o valor e a necessidade dos

trabalhos escolares e, daí, acabam por não compreender a relação existente entre

importância da aprendizagem e uma aspiração de valor para a sua vida (como por

exemplo arranjar um emprego, tirar um curso, entre outros), o que faz com que,

muitas vezes, não se empenhem nas tarefas escolares.

O segredo motivacional do aluno está em conseguir conciliar o

desenvolvimento da motivação intrínseca, com o apoio da motivação extrínseca ou

externa. A motivação intrínseca refere-se à escolha e realização de uma

determinada atividade por sua própria iniciativa e vontade, por esta ser interessante,

atraente ou, de alguma forma, geradora de satisfação. Já a motivação extrínseca

tem sido definida como a motivação para trabalhar em resposta a algo externo à

tarefa ou atividade, como para a obtenção de recompensas materiais ou sociais e de

25

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

reconhecimento, tendo como objetivo atender às pressões de outras pessoas ou

para demonstrar competências ou habilidades.

Para Burochovitch e Bzuneck (2004) a motivação intrínseca permite que o

aluno entenda que a participação numa determinada tarefa é a principal

recompensa, não sendo necessários estímulos/incentivos externos. A motivação

intrínseca do aluno não resulta de treino ou de instrução embora possa ser

influenciada principalmente pelas ações do professor. Os professores facilitadores

da autonomia dos seus alunos promovem as suas necessidades psicológicas

básicas de autodeterminação, de competência e de segurança. Para que isso

ocorra, devem ser criadas oportunidades de escolha e de feedback significativos,

que reconheçam e apoiem os interesses dos alunos, fortalecendo, assim, a sua

autorregulação autónoma e permitindo que estes, por acréscimo, procurem

alternativas que conduzam à valorização da educação e da aprendizagem.

. Fundamentalmente, é possível distinguir dois tipos de regulação da

aprendizagem: a regulação externa, realizada pelos professores, livros e

computadores e a regulação interna ou autorregulação, levada a cabo pelo próprio

aluno. A autorregulação na aprendizagem seria, então, encarada segundo três

diretrizes, sendo estas: o grau de envolvimento ativo no processo de aprendizagem

por parte do aluno (incluindo as vertentes cognitivas, motivacionais e

comportamentais); o processo de mudança de comportamentos (que envolve o

planear, o controlar a eficácia e a vontade de se envolverem na tarefa e a reflexão

sobre os resultados obtidos) e a dependência de aspectos motivacionais (o que

afectará o grau de envolvimento ativo podendo relacionar-se com as estratégias de

controlo e com crenças na sua aplicabilidade). Sintetizando, um aluno autorregulado

é aquele que usa estratégias próprias (skills), testando de uma forma contínua a sua

eficácia e que se sente motivado para o fazer. A motivação e a autorregulação são

processos interdependentes.

Esta perspetiva da autorregulação na aprendizagem considera, assim, que a

aprendizagem é um processo que o aluno pode iniciar, controlar e desenvolver e de

acordo com Zimmerman (1989, citado por Sousa, P.M.L., 2006), para maximizar o

desempenho académico é necessário potencializar e atualizar a capacidade do

aluno para aprender de forma mais autónoma.

26

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

1.4 - A INTEGRAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E

COMUNICAÇÃO (TIC) NO SISTEMA EDUCATIVO

O funcionamento das nossas escolas e dos processos educativos nasceram

no início do séc. XIX, em plena Sociedade Industrial, tempos em que os valores que

reinavam, na altura, eram os de um mundo mecanizado no qual a competência

essencial seria operar com uma máquina. De acordo com Figueiredo, 2002 as

escolas seguiam o mesmo modelo de perfeição mecanicista, transformando-se em

linhas de montagem para a produção massificada dos recursos humanos destinados

a alimentar a Sociedade Industrial. As metodologias de ensino, os conteúdos

curriculares, o ambiente educativo e, sobretudo, a relação entre professor e aluno

refletiam o paradigma mecanicista herdado da Sociedade Industrial. Os professores

seriam como que peças mecanizadas do um sistema, na sua função de executarem

os programas oficiais e o conhecimento era como que o produto destinado a ser

transferido de acordo com o modelo de Escola Tradicional. Num ambiente

mecanicista, o aluno-peça-de-máquina (Visão Tradicionalista da Educação) aprendia

isolado, inserido numa multidão de outros alunos-peças-de-máquina.

A sociedade moderna tem evoluído no sentido de uma maior complexidade

tecnológica e a gerar alterações profundas nas práticas sociais, culturais e

económicas. Estas mudanças, alteraram os processos tradicionais de produção de

conhecimento e de circulação da informação, promoveram novas formas de

socialização e uma nova cultura. Surge, aqui o conceito de “Aldeia Global” que é

criado na década de 60 por Herbert Marshall McLuhan, professor na Escola de

Comunicações da Universidade de Toronto, que defende se tratar de um conceito

que está diretamente relacionado com a globalização e que corresponde a uma

nova visão do mundo que só seria possível através do desenvolvimento científico e,

por conseguinte, das modernas tecnologias de informação e de comunicação.

Segundo este autor, os meios electrónicos de comunicação à distância não

permitiam apenas ampliar os poderes de organização social das comunidades, mas

também abolir, em grande medida, a sua separação espacial permitindo que

qualquer acontecimento em determinada parte do mundo tenha reflexos noutra mais

distante geograficamente.

Surge, também, após a Sociedade Industrial, o conceito de Sociedade do

Conhecimento que é compreendida como aquela na qual o conhecimento é o

27

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

principal fator estratégico de riqueza e poder, tanto para as organizações quanto

para os países, sendo que, a inovação tecnológica, passa a ser uma condição

fundamental e importante para a produtividade e para o desenvolvimento económico

dos países. A Internet e as tecnologias digitais contribuíram para o aparecimento

deste novo paradigma social, descrito por alguns autores, como sociedade da

informação ou sociedade em rede. Um mundo onde o fluxo de informações é

intenso, em permanente mudança, e onde o conhecimento é um recurso flexível,

fluido, sempre em expansão e em mudança. Um mundo, onde não existem barreiras

de tempo e de espaço para que as pessoas se comuniquem. Uma nova era que

oferece múltiplas possibilidades de aprendizagem, em que o espaço físico da

escola, tão valorizado em outras décadas, deixa de ser o local exclusivo para a

construção do conhecimento e preparação do cidadão para a vida ativa.

E a escola? Como responde a todo este processo de mudança, como local

onde se “formam” cidadãos críticos e conscientes do seu papel na sociedade? Uma

sociedade em transformação exige uma escola que não seja apenas o reflexo

dessas transformações mas que seja, em grande medida, o agente impulsionador

dessas mesmas transformações. A escola deve assumir, portanto, o papel de

agente de inovação e mudança social. É imprescindível formar alunos com espírito

empreendedor, que sejam criativos e que tenham capacidade de resolver problemas

aos mais diversos níveis.

Atualmente as Tecnologias da Informação e Comunicação permitem que os

alunos assumam um papel mais ativo e responsável pela sua própria aprendizagem.

Através dos chamados ambientes em rede, proporcionados pelas redes sociais e a

utilização da Internet como ferramenta de ensino/aprendizagem, os alunos-em-rede,

membros de uma comunidade virtual, sentem que a construção do seu

conhecimento é um desafio coletivo – uma aventura onde constroem os seus

saberes e onde contribuem também, para a construção dos saberes de outros.

O futuro de uma aprendizagem enriquecida pelo recurso às tecnologias da

informação não se encontra apenas na construção e na distribuição de conteúdos -

transmissão de conhecimentos a partir de grandes repositórios de saberes, está

também em tornar possível a construção dos saberes pelos próprios alunos, em

ambientes ativos e ricos. O grande desafio da escola atual é o de criar comunidades

educativas onde a aprendizagem se constrói de uma forma coletiva e onde os

alunos assumem a responsabilidade não só pela construção do seu próprio saber

28

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

mas também da construção de espaços de pertença onde a aprendizagem

cooperativa tem lugar.

Para se adaptar às novas realidades e cumprir os objetivos que lhe são

atribuídos, a escola tem que mudar. Esta mudança não se reporta ao currículo. É

necessário alterar a concepção do ensino-aprendizagem em vários aspetos como a

relação entre professor-aluno, o que se deve ensinar e como se deve ensinar.

A potencialidade pedagógica das novas TIC pode ser explorada a vários

níveis: cognitivo, na medida em que estimula e diversifica a capacidade intelectual

do aluno; ao nível afectivo, porque desenvolve de forma positiva o autoconceito dos

alunos, aos fazê-los sentirem-se autores do processo de construção do seu próprio

conhecimento e, ao nível das relações sociais, porque promovem a cooperação

entre os alunos.

2. A ESCOLA NA PROMOÇÃO DA CIDADANIA

2.1 - CONCEITO DE CIDADANIA

Com o desenrolar da história da humanidade, tornou-se muito comum

confundir-se cidadania com direitos humanos. A cidadania não é um termo que tem

uma definição estática e se desenvolve com o passar do tempo, estando, antes,

relacionada com tudo aquilo que a humanidade conseguiu ao longo dos séculos.

A cidadania é a expressão máxima de tudo aquilo que diz respeito a direitos:

direito a viver, direito a ser livre, direito a possuir, direito a ser igual, etc. No entanto,

deve dizer –se que a cidadania não é somente usufruir destes direitos, uma vez que

implica também a existência de deveres. O cidadão deve ser consciente de que

existe um conjunto de responsabilidades quando integrado num todo tão complexo

como pode ser uma sociedade.

O termo Cidadania provém do latim “civitas” que tem como significado

“cidade”. Este estabelece uma série de normas que devem ser seguidas pelos

indivíduos de uma comunidade, país, Estado, etc.

Na Roma Antiga, era cidadão (polites) quem tivesse cargos públicos e

tomasse parte na administração da justiça. Já na Grécia antiga, na época de Platão

e Aristóteles, todos aqueles que estivessem em condições de dar a conhecer as

suas opiniões sobre quais os caminhos devia seguir a sociedade, eram

29

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

considerados cidadãos. Os comerciantes, os escravos e as mulheres, estavam

excluídos e não podiam opinar sobre o destino do Estado, não sendo então,

considerados cidadãos. Neste grupo de excluídos também estavam os estrangeiros.

O princípio da ideia de cidadania consolidou-se a partir das revoluções do

século XVIII, no início da chamada Idade Contemporânea onde surgiu um novo tipo

de Estado que viria substituir as monarquias absolutistas, o Estados de Direito onde,

legalmente, todos teriam direitos iguais, nomeadamente o direito ao voto.

Após a II Guerra Mundial, o desejo imperioso da paz, o avanço tecnológico, a

economia social de mercado e as tentativas de coordenação da economia mundial

criaram nas nações ocidentais outra perspetiva da cidadania que surge associada

ao exercício de novos direitos e deveres. No que respeita aos regimes democráticos

contemporâneos, que se seguiram, importa mostrar que não bastaria o voto para

definir a cidadania. Esta envolvia também outros direitos e deveres de um individuo

quando integrado numa comunidade regida por um conjunto de políticas promotoras

de democracia. Transformou o súbdito em cidadão, em resposta aos desafios dos

contextos históricos e sociais. O desenvolvimento da cidadania estaria agora ligado

à participação cívica e à construção de sociedades mais justas e preocupadas com

o ambiente, o urbanismo, a qualidade de vida, a exclusão social, o emprego, os

direitos das minorias, a transparência na administração e, naturalmente, a utilização

das tecnologias da informação e da comunicação. Uma cidadania ativa exigia

sentido de identidade, cultura cívica, formação e participação. Um dos princípios

fundamentais da filosofia de Rousseau era a liberdade do indivíduo, quer tomada no

sentido filosófico de livre arbítrio, quer no sentido prático de um homem poder

desafiar as convenções sociais e viver da maneira que considerasse justa.

Atualmente, cidadania abrange um conjunto de direitos e deveres aos quais o

cidadão está sujeito no seu relacionamento com a sociedade em que vive.

A prática da cidadania constitui um processo participado, individual e coletivo,

que apela à reflexão e à ação sobre os problemas sentidos por cada indivíduo e pela

sociedade onde está inserido. A cidadania traduz-se em atitudes, comportamentos e

modos de estar em sociedade que tem como referência os direitos humanos,

nomeadamente os valores da igualdade, da democracia e da justiça social.

O homem sempre sentiu necessidade de viver em comunidade e de partilhar

espaços de convívio e colaboração. É o espaço local ou virtual (no caso das redes

sociais dos novos softwares tecnológicos) o contexto que mais aproxima o cidadão

30

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

de um efetivo exercício da cidadania ativa. E esse exercício pode desenvolver-se

sob várias formas: participação na vida política local, intervenção na vida

comunitária ou no associativismo local, vinculando-se a um princípio de

responsabilidade pessoal.

2.2 - A OPERACIONALIZAÇÃO PEDAGÓGICA DA CIDADANIA NA

ESCOLA COMO AGENTE DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL

De acordo com Ramos (s.d.) a ideia de educar para a cidadania está

associada as diferentes dimensões: responsabilidade social e moral, participação na

comunidade e literacia política”. e as suas finalidades não se cumprem sem

educação, o que coloca a escola perante a tarefa difícil e urgente de envolver a

comunidade escolar nas tarefas da educação para a cidadania.

Preparar as novas gerações para uma intervenção mais ativa e responsável

na sociedade civil implica ajuda-las a viver a cidadania no espaço escolar, tarefa que

não pode dispensar uma estratégia global de educação para a cidadania.

Nas sociedades democráticas ocidentais, a educação para a cidadania tem

sido objecto de designações e intencionalidades diversas e faz parte dos currículos

escolares ao nível da educação formal. Aparece com o nome de “educação cívica”,

“formação cívica” ou “educação para a cidadania”. Nos programas incluem-se

questões éticas e morais, desenvolvimento pessoal e social. O objetivo geral é

sensibilizar para a participação responsável ou seja orientada para a procura do bem

comum e da justiça.

A operacionalização pedagógica das diferentes dimensões da cidadania

resulta da conjugação dos três domínios no chamado triângulo da cidadania. Na

base do triângulo encontramos os domínios cognitivo e afectivo, entre os quais se

estabelece uma relação de interdependência. No nível cognitivo, identificamos

alguns objectivos específicos ligados à compreensão de direitos e deveres, ao

desenvolvimento do raciocínio moral, à reflexão crítica, à transmissão e à

consciência dos valores. No domínio afectivo, podemos eleger objectivos específicos

ligados ao desenvolvimento da autoestima, dos sentimentos de identidade e

lealdade, assim como as atitudes perante os outros e as comunidades de pertença.

Os dois domínios convergem para o domínio da ação, isto é do comportamento e da

expressão. Este terceiro domínio considera especificamente a concretização dos

31

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

valores e das competências em comportamentos e traduz-se no exercício da

responsabilidade pessoal no confronto com as situações e problemas da vida social

e política.

Figura 2: Triângulo da Cidadania – Reis, J (2000)

Na identificação e clarificação de conteúdos, podem considerar-se duas

componentes: ético-moral e sociopolítica, que, embora fortemente interligadas,

envolvem áreas temáticas essenciais à integração a formação para a cidadania nas

escolas. Na componente ético-moral, consideram-se os conteúdos relacionados com

o desenvolvimento da responsabilidade social e moral e os que enfatizam a

formação do cidadão como agente moral. Na componente sociopolítica incluem-se

os conteúdos relacionados com a participação na comunidade e a literacia política.

Relativamente à componente ético-moral, esta tem a ver com valores como a justiça,

a honestidade, a lealdade, a solidariedade, a verdade nas relações interpessoais e o

pluralismo entendido como tolerância e respeito pelas diferenças.

Considera-se, então que o que está aqui em causa é a necessidade de deixar

de ver a escola, não só como um sistema de repetição de informações, mas

também, como um sistema de produção de saberes, capaz de integrar as

diferenças, valorizando e incentivando o acréscimo da diversidade interna, entendida

como uma riqueza e não como um obstáculo à ação. A escola passaria a ser

encarada, nesta perspectiva, como um meio de vida onde se multiplicam as

oportunidades de aprendizagem, baseadas em métodos ativos que promovem as

relações de permanente interatividade e de cidadania.

32

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

A Educação para a Cidadania continua consignada na Revisão da Estrutura

Curricular de 26 de março de 2012, implementada pelo Ministério da Educação e

Ciência: “Mantem-se como área curricular na qual se pretende “reforçar o caráter

transversal da Educação para a Cidadania, estabelecendo conteúdos e orientações

programáticas, mas não a autonomizando como disciplina de oferta obrigatória”.

2.3 - TIC E CIDADANIA

O surgimento da Web 2.0 veio potenciar as relações sociais e representa uma

segunda geração de comunidades e serviços que se assume como uma mudança

na forma como a Internet é encarada, proporcionando um ambiente de interação e

participação virtual. Conceitos como o de “inteligência coletiva” são cada vez mais

recorrentes, resultando da explosão das comunidades virtuais e das redes digitais. O

conceito de rede é definido por Machado e Tijiboy (2005) como uma arquitetura das

relações em rede que emerge na sociedade contemporânea como uma nova forma

de relação distribuída, conectando diferentes elementos numa teia dinâmica e

acabando com o antigo modelo de relações hierarquizadas Essas formas vêm

conquistando novos espaços e formas de agir baseadas na colaboração e

cooperação. Esta explosão é prova de que o ciberespaço constitui um fator crucial

no incremento do capital social e cultural e daí, será um facilitador do

desenvolvimento da cidadania.

Rheingold, (citado por Costa, 2005), já defendia também que as comunidades

virtuais eram um meio para atingir determinados fins, graças a colaboração que

promove, entre pessoas. Estava lançada assim a ideia de que a interconexão de

computadores poderia dar nascimento a uma nova forma de atividade coletiva,

centrada na difusão e troca de informações, conhecimentos e interesses.

Castells (1999) refere-se à comunidade virtual como uma rede electrónica de

comunicação interativa, autodefinida, organizada em torno de um interesse ou

finalidade compartilhados que promove as relações humanas”. Os softwares sociais

podem facilitar o encontro de pessoas com interesses similares e múltiplas visões,

facilitando a comunicação e ampliando as atividades de cooperação e de

reconhecimento do outro, o que implica uma mobilização coletiva.

33

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

As novas TIC, numa visão socioeducativa "não tecnicista", são meios

poderosos que podem potenciar a autonomia e a realização pessoal e que devem

estar presentes nos projetos de vida atual, contribuindo para que cada um

desenvolva sentidos de pertença e de participação social. Favorecem, através da

circulação e abrangência de informações e conhecimentos, o exercício de uma

cidadania baseada no conhecimento científico e social, de uma cidadania de

indignação, de uma cidadania contra a pobreza e de uma cidadania promotora de

um desenvolvimento sustentável.

Os alunos, num contexto de utilização educacional das novas TIC, tem a

oportunidade de aceder a informação, de construir conhecimento, que favorece a

cidadania participativa, entendida como a capacidade e liberdade de escolha

consciente e de intervenção baseada no conhecimento. Este é necessário para que

se tomem iniciativas e se desenvolva um espírito empreendedor capaz de efetuar

escolhas informadas e de sustentar ações.

Existe uma forte correlação entre educação, desenvolvimento e exercício da

cidadania. Esta constitui-se como um novo paradigma educativo na sociedade

tecnológica digital, que conduz práticas de ensino e de aprendizagem.

Numa reflexão sobre ciberdemocratização, considera-se que todas as

ferramentas informáticas que permitem o uso do multimédia, das redes sociais, da

realidade virtual, introduzem transformações importantes, nomeadamente nas

relações sociais, nas formas de se trabalhar, de se informar, de se formar, de se

distrair, de consumir, de falar, de escrever, de entrar em contacto com alguém, de

consultar e de decidir.

3. O PROJETO reAct

React é um projeto transnacional europeu que foi aprovado no âmbito da

Ação-chave 3: Informação e Comunicação do Programa de Aprendizagem ao Longo

da Vida da União Europeia e tem uma duração de dois anos com data de Início:

01/01/2011 e término: 31/12/2012.

O projeto reAct tem como objetivo desenvolver uma metodologia para apoiar

os alunos desmotivados a voltar à escola. Este processo tem o apoio de um

conjunto de ferramentas de TIC ligadas num ambiente virtual semelhante às redes

sociais. Estas são configuráveis pelo utilizador, com base no conceito de Ambiente

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Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

de Aprendizagem Personalizada (PLE), ambiente que permite que os alunos criem

os seus próprios projetos de trabalho com outras pessoas de diferentes países e

posteriormente os integrem na atividade formativa principal.

A concepção de atividades específicas e as estratégias metodológicas tem

como intenção desenvolver a motivação intrínseca dos alunos, através do

envolvimento pessoal em tarefas criativas significativas para a pessoa e através da

interação com outros alunos.

O projeto reAct foi implementado, no ano lectivo 2011/2012 no curso

Educação e Formação de Adultos tipo C na Escola Secundária D. Inês de Castro de

Alcobaça (ESDICA), seguindo a missão do projeto pedagógico da mesma:

“Construir uma Escola de Qualidade, exigente nos procedimentos, aberta,

inclusiva e incentivadora do mérito e da competência, fundada nos valores da

Cultura, do Humanismo e da Educação para a Cidadania que, num contexto

global, se afirme como uma escola portuguesa e europeia, tolerante e

valorizadora da diferença como fator de enriquecimento.”

www.esdica.pt – Projeto Educativo 2011-2012

O objetivo principal é que os alunos passem a assumir um papel mais ativo,

participando em atividades criativas, definidas e dirigidas por eles próprios e que

sejam significativas porque estão relacionadas com as suas vidas e também com os

conteúdos programáticos.

Pretende-se proporcionar ao aluno outras experiências e outros pontos de

vista de pessoas que vivem em outros ambientes culturais e geográficos,

promovendo relações com diferentes origens culturais, através da cooperação. O

projeto reAct inclui, igualmente o desenvolvimento de competências cognitivas e

outras habilidades de pensamento crítico que ensinam aos alunos uma nova forma

de lidar com as exigências da sociedade e do mundo do trabalho. O projeto reAct

considera que a motivação intrínseca está associada a níveis de escolaridade mais

elevados porque os conteúdos são interessantes e fonte de prazer para os alunos. O

interesse dos alunos está intimamente relacionado com a “sensação de

envolvimento pessoal e de compromisso com a tarefa, com tarefas que o indivíduo

acha relevantes e significativas, e com a interação com outras pessoas em torno

35

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

destas tarefas. Assim, uma pessoa aprende melhor num ambiente social, fazendo

algo que seja significativo para ele ou para ela.” (www.reactproject.eu)

Neste sentido, acredita-se que um trabalho ou tarefa escolar serão muito mais

motivadores se forem conduzidos, de forma autónoma, por parte do ator-aluno, em

ambiente criativo e que envolva colaboração. A dinâmica da escola tradicional e da

sala de aula opõe-se totalmente a estes aspectos fundamentais. No entanto,

atualmente e à luz do Paradigma da Escola Nova e do Construtivismo, através das

novas tecnologias prevê-se uma nova dinâmica no processo educativo, que poderá

desencadear mais interesse e motivação pela aprendizagem. O objetivo do projeto

reAct é explorar essa possibilidade e pô-la em prática.

Alguns alunos acabam por ser afetados pela falta de articulação que existe nos

currículos académicos, que definem o que deve ser ensinado em sala de aula e a

forma como os conteúdos dos mesmos são ou não importantes e relevantes para

quem os aprende. A consequência desta falta de articulação é a desmotivação que,

acaba por afetar o desempenho e o rendimento escolar, resultando em muito dos

casos, em abandono escolar.

Existem alguns programas de formação, como é o caso dos que incluem

períodos de estágio e componentes de formação prática nos cursos profissionais

que fazem parte da oferta pedagógica da Escola Secundária D. Inês de Castro

Alcobaça, que procuram “resgatar” os alunos para a escola, estimulando uma atitude

positiva perante a aprendizagem e as tarefas académicas.

O projeto reAct surge porque acredita que a motivação intrínseca está

associada a níveis de escolaridade mais elevados porque os conteúdos são

interessantes e fonte de prazer para os alunos. O interesse dos alunos está

intimamente relacionado com a “sensação de envolvimento pessoal e de

compromisso, com tarefas que o indivíduo acha relevantes e significativas, e com a

interação com outras pessoas em torno destas tarefas. Assim, uma pessoa aprende

melhor num ambiente social, fazendo algo que seja significativo para ele ou para

ela.” (www.reactproject.eu). A forma como o projeto está organizado e estruturado

visa, essencialmente, ajudar os alunos a recuperar a sua motivação para aprender e

fazer com que estes olhem para a escola como uma oportunidade pessoal e não

como uma última alternativa.

Acredita-se que um trabalho ou tarefa escolar serão muito mais motivadores

se forem conduzidos, de forma autónoma, por parte do ator-aluno, em ambiente

36

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

criativo e que envolva colaboração. A dinâmica da escola tradicional e da sala de

aula opõe-se totalmente a estes aspectos fundamentais. Através das novas

tecnologias prevê-se uma nova dinâmica no processo educativo, que poderá

desencadear mais interesse e motivação pela aprendizagem. O objetivo do projeto

reAct é explorar essa possibilidade e pô-la em prática.

O projeto reAct segue uma metodologia, em que os alunos descobrem

fazendo o que os motiva, e através deste processo, desenvolvem uma série de

habilidades cognitivas que lhes permitem agir de forma autónoma, resolver e

entender as situações de aprendizagem como novas oportunidades.

A forma como o projeto está organizado e estruturado visa, essencialmente,

ajudar os alunos a recuperar a sua motivação para aprender e fazer com que estes

olhem para a escola como uma oportunidade pessoal e não como uma última

alternativa. Fazem parte do projeto uma série de atividades e projetos a propor aos

alunos no início do programa que permitirão aos alunos uma total autonomia para

que possam criar algo novo e próprio e que possa ser elaborado em conjunto com

alunos de outros países. As fases seguintes envolvem um regresso progressivo ao

programa de formação. A ideia fundamental é que, depois das atividades iniciais, a

relação entre professor e aluno decorra de uma forma mais aberta em que o

professor orienta o aluno no seu trabalho e promove a autonomia na realização das

tarefas. Os parceiros do projeto são nacionais e regionais, administrações públicas,

instituições ligadas ao sistema educativo e centros de formação profissional, com o

foco na formação de jovens e adultos desempregados e, especialmente, o uso de

novas tecnologias no domínio da educação e formação. O consórcio é composto por

sete parceiros de seis países europeus com uma vasta experiência na educação e

formação e com um conhecimento aprofundado das questões que o projeto

pretende abordar.

O Departamento de avaliação, formação e aprendizagem do SERVEF

(Comunidade Valenciana, Espanha), coordena o projeto e os parceiros são

organizações envolvidas na educação e formação na Europa, entre os seguintes:

Tiroler Bildungsservice – Innsbruck (Austria)

BFI Tirol Bildungs GmbH – Innsbruck (Austria)

KEK KRONOS Ltd. – Psachna (Grécia)

Training 2000 – Mondavio (Itália)

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Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

DELFT UNIVERSITY OF TECHNOLOGY – Delft (Países Baixos)

Centro Novas Oportunidades D. Inês de Castro – Alcobaça (Portugal).

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Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

CAPÍTULO II

Estudo empírico

39

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

1. METODOLOGIA

1.1 - PROBLEMÁTICA, PERGUNTA DE PARTIDA, OBJETIVOS

A problemática deste trabalho esta focada nas razões do abandono escolar

por parte dos jovens e como este pode ser colmatado com a implementação de

projetos com recurso às novas TIC que, como ferramenta pedagógica inovadora e

eficaz, irá promover a motivação escolar e o desenvolvimento de competências de

cidadania nos alunos.

A problemática que se coloca está relacionada com os elevados índices de

abandono escolar e com as respostas educativas e formativas que procuram

“resgatar” os alunos para a escola, estimulando, nestes, uma atitude positiva perante

a aprendizagem e as tarefas académicas, evitando assim a integração precoce no

mercado de trabalho que em nada contribui para a atual conjuntura que reflete a

falta de profissionais qualificados e com poucas competências para a vida ativa.

O insucesso e o abandono escolar são, portanto, hoje dos temas mais

preocupantes dos sistemas de ensino, tendo em conta as mudanças profundas e

constantes que as sociedades têm vindo a registar, quer na socialização dos jovens

quer nas exigências que estas fazem, cada vez mais, à sua participação em

diferentes contextos sociais.

Perante estas situações, novos métodos pedagógicos se impõem e na

tentativa de encontrar outras formas de ensino e de aprendizagem, apontam-se,

muitas vezes, o recurso às novas tecnologias como uma hipótese de solução. As

estratégias e medidas educativas aqui implementadas acreditam que um trabalho ou

tarefa escolar serão muito mais motivadores se forem conduzidas, de forma

autónoma, por parte do ator-aluno, em ambiente criativo e que envolva colaboração

com outros alunos e que, assim, desenvolva competências mais eficazes de

inserção na vida ativa.

O que importa é então, perceber se o Projeto reAct, atuando com base na

participação em comunidades virtuais como um estímulo à formação de inteligências

coletivas, às quais os indivíduos podem recorrer para trocar informações e

conhecimentos, promove a educação para a cidadania num mundo complexo e “em

40

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

crise”, estimulando dois aspetos essenciais: a responsabilidade social e moral e a

participação na comunidade e literacia política.

Orientámos o nosso estudo pela seguinte pergunta de partida: “O projeto

reAct promove, do ponto de vista dos formandos, a motivação escolar e a

desenvolvimento para a Cidadania?” e definimos os seguintes objetivos:

• Compreender, na perspetiva dos formandos, a relação entre as metodologias

de ensino ativas e a sua motivação escolar;

• Analisar a relação estabelecida, no âmbito do projeto, entre a utilização dos

modelos pedagógicos utilizados e o desenvolvimento de competências de

cidadania;

1.2 - DESENHO DE INVESTIGAÇÃO

O método constitui um conjunto de operações, cujo encadeamento lógico

permite a prossecução dos objetivos definidos (Madeleine Grawitz, 1993). É a partir

dos pressupostos e normas que orientam a investigação de forma organizada que

se procede a seleção de técnicas. Aos procedimentos de operações rigorosas

devidamente e que podem ser novamente usadas sob as mesmas condições dá-se

o nome de técnicas. Estas são escolhidas em função dos objetivos a atingir e em

sintonia com a problemática em causa, o que permitirá a confrontação das várias

perspetivas e contextos.

Optou-se pela investigação de carácter qualitativo e pelo método do estudo

de caso que, permite estudar um conjunto de fenómenos, limitado no tempo e na

ação, incidindo sobre a perceção dos alunos que constituem a amostra acerca do

contributo do método educativo utilizado no projeto reAct, na sua motivação escolar

e desenvolvimento de competências de cidadania e integração na vida ativa,

procurando compreender os sujeitos de investigação a partir das suas perspetivas e

experiências pessoais e profissionais.

Trata-se, portanto, de um paradigma que utiliza a perspetiva fenomenológica,

através da qual é possível entender os comportamentos, as interações e o sentido

de contextos distintos e assenta numa dinâmica indutiva, subjetiva e estruturalista

orientada para o processo (Reichard e Cook, 1986 in Carmo e Ferreira, 1998).

41

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

1.3 - INSTRUMENTOS DE RECOLHA DE DADOS E TRATAMENTO DE

DADOS

Por se tratar de um estudo de caráter qualitativo há uma incidência na

perspetiva do entrevistado, havendo uma abertura em termos de flexibilidade e

liberdade ao nível das respostas. O investigador tem ainda a possibilidade de

aprofundar os seus temas em função das respostas do entrevistado, não

pretendendo a generalização dos fatos.

Para a recolha de informação foi utilizada a técnica da entrevista

semiestruturada, com perguntas abertas de acordo com os objetivos que se

pretendem atingir no final do projeto.

O guião de entrevista foi testado em duas jovens com idades dentro da faixa

etária dos alunos que constituem a amostra, as quais sugeriram alterações em

algumas questões e que levaram a uma modificação ao nível da estrutura de

algumas questões. O guião constitui o anexo 1. As Entrevistas foram levadas a

cabo, mediante um contato prévio a confirmar a disponibilidade dos entrevistados,

durante o mês de Novembro de 2012 em ambiente de cordialidade, tranquilidade,

confiança e neutralidade. Em média, cada entrevista, demorou entre 30 e 40

minutos, durante as quais procurámos sempre adotar uma postura empática,

mostrando interesse no conteúdo das respostas dos entrevistados e mantendo o

ritmo e fluência das entrevistas. Era necessário uma atenção constante para que

não houvesse lugar a delongas, nem a respostas descontextualizadas, ainda que o

entrevistado gozasse de liberdade para expressar e concretizar opiniões. Uma das

dificuldades encontradas prende-se com o ajustamento das disponibilidades para a

realização das entrevistas, uma vez que foi feita uma constante insistência com os

alunos para que estes comparecessem no dia marcado, acontecendo três situações

em que o dia acabou por ter de ser remarcado, por esquecimento do Entrevistado.

As entrevistas diretas e presenciais foram áudio gravadas e transcritas (anexo

2) à posteriori. Tal processo permitiu, por um lado, conferir fidedignidade aos dados,

e, por outro, perceber não só as reações e atitudes mas também os receios e

preocupações dos entrevistados, conferindo maior veracidade à informação

recolhida.

42

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

Foram definidas cinco categorias de análise, sendo estas: Aprendizagem e

tecnologias, Motivação para o estudo, Relações interpessoais e cooperação,

Integração na vida ativa e Defesa de questões sociais.

1.4 - POPULAÇÃO-ALVO

A população em estudo é a turma do curso de Educação e Formação de

Adultos tipo C da Escola Secundária D. Inês de Castro, formada por 12 alunos,

sendo 4 do sexo masculino e 8 do sexo feminino.

Para conhecer melhor os elementos da turma, foi dada permissão pelo

Presidente do Conselho Executivo e pela Coordenadora do Projeto, assim como

dada autorização, por parte dos professores, para se poder assistir e falar com os

alunos em sala de aula. Estes foram questionados informalmente, durante duas idas

à sala de aula e através de perguntas diretas e fechadas de forma a recolher os

seguintes dados: idades, localidade/freguesia da sua residência, situação face ao

emprego e no caso de estarem a trabalhar quanto tempo de experiência possuem, a

escolaridade com a qual entraram no curso, a prática de atividades culturais,

desportivas e sociais e algumas atitudes perante a utilização das Tecnologias da

Informação e Comunicação (TIC), nomeadamente em que contextos e com que

regularidade.

Constatamos que: a maioria dos alunos tem idades compreendidas entre os

18 e os 20 anos, cerca de metade reside mesmo em Alcobaça e outra metade nas

freguesias arredores; somente dois alunos já estão integrados na vida ativa e muitos

estão a frequentar a Universidade ou um curso de formação profissional. A grande

maioria abandonou o sistema de ensino diurno e procurou logo outra alternativa;

todos entraram para o curso com o 12º ano incompleto e, no geral, já com bons

conhecimentos ao nível das TIC. Por questões relacionadas, na grande maioria dos

casos, com as tarefas escolares e por motivos de lazer, utilizam as novas TIC

diariamente, enumerando como principais interesses: conversar com os amigos no

chat, jogar, pesquisar notícias e descarregar fotografias. Ao nível escolar, estas

representam a ferramenta mais utilizada na sala de aula diariamente uma vez que

os trabalhos desenvolvidos são elaborados através de diferentes programas

(facebook, youtube, PowerPoint, entre outros) e apresentados online.

43

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

2 - APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E COMENTÁRIO DOS DADOS

2.1 - APRENDIZAGEM E TECNOLOGIAS

De um ponto de vista geral, a grande maioria dos alunos, defende a

importância das novas tecnologias como ferramenta fundamental na aprendizagem,

reconhecendo, também a sua importância para o futuro e na preparação para a

integração social das pessoas e mais especificamente dos jovens. O Entrevistado 4

diz por exemplo: “… ajudou bastante e como hoje em dia o mundo está tão

informatizado é importante que os jovens se preparem bem.”

Os alunos destacam igualmente o facto de as aprendizagens feitas através da

utilização das novas tecnologias possibilitarem um maior dinamismo no ensino e de

facilitarem o acesso a novas informações e conhecimentos – através dos fóruns

temáticos, por exemplo, chegando alguns deles, a nomear conceitos como “Aldeia

Global” e “Sociedade do Conhecimento”, para exemplificar a necessidade das

escolas se adaptarem a esta nova realidade, adquirindo equipamentos e estruturas

adequadas que permitam a utilização das novas tecnologias como instrumento de

apoio ao ensino. O Entrevistado 1 diz que “… leva-nos a outro patamar e enfatiza a

ideia de Aldeia Global, daí ser importante na formação dos alunos, irá ser o nosso

futuro.” e o Entrevistado 7 defende “… daqui para a frente vai ser cada vez mais

importante porque vivemos numa sociedade de conhecimento. Os jovens que

procuram informações e pesquisam assuntos através das novas tecnologias vão

estar mais bem preparados para o futuro”.

Outro fator, também referenciado a favor da implementação das Tecnologias

na aprendizagem foi o contato com outros países que permite o conhecimento de

outras culturas e o desenvolvimento das línguas estrangeiras: “… devido às línguas

…fez com que nos tivéssemos de aprender a falar um pouco de tudo …”” –

(Entrevistado 2). Pelo recurso à tecnologia, a escola assume, nos tempos de hoje, o

papel de agente de inovação e mudança social, levando a cabo uma prática de

aprendizagem em ambientes em rede – ambientes escolares nos quais os alunos

estão num contexto de aprendizagem mais ativo e rico utilizando as novas

tecnologias como instrumento de trabalho. Os alunos que frequentaram o EFA

escolar pelo projeto reAct são alunos-em-rede, membros de uma comunidade

escolar e sentem que a construção do seu conhecimento é um desafio coletivo –

44

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

uma aventura onde constroem os seus saberes através de uma aprendizagem

coletiva e cooperativa. Estes jovens vêm a sua passagem por este percurso escolar

como uma mais-valia uma vez que acompanha a evolução da sociedade, e

proporciona um maior enriquecimento pedagógico e cultural que os prepara para a

vida ativa, tal como os próprios indicam: “As novas tecnologias estão a assumir um

papel importante na sociedade e daí na educação. A informação que circula e a

partilha de conhecimentos facilita, sem dúvida a aprendizagem.” e “… quando nós

ganhamos a prática de pesquisar e explorar temas sem estarmos só dependentes

da transmissão do conhecimento dos professores, acabamos por ganhar.”

(Entrevistado 10); “… daqui para a frente vai ser cada vez mais importante porque

vivemos numa sociedade de conhecimento. Os jovens que procuram informações e

pesquisam assuntos através das novas tecnologias vão estar mais bem preparados

para o futuro” (Entrevistado 7).

Rheingold (1996, citado por Costa, 2005), classificou este fenómeno de redes

como o de comunidades virtuais, sendo que estas representam um meio para se

atingirem determinados objetivos, em função da colaboração entre pessoas e

funcionando numa perspetiva de inteligência coletiva. Esta interconexão, através dos

novos softwares informáticos, resulta numa nova forma de atividade coletiva,

centrada na difusão e troca de informações, conhecimentos e interesses. Sendo

assim, o projeto reAct promove o desenvolvimento de competências cognitivas e

outras habilidades de pensamento crítico que ensinam aos alunos uma nova forma

de lidar com as exigências da sociedade e do mundo do trabalho.

Neste sentido e numa sociedade de informação o professor já não pode ser

considerado o único detentor de um saber que apenas lhe basta transmitir e incutir,

tal como é entendido pelos defensores da Escola Tradicional. Seguindo a

perspectiva do Modelo Construtivista, o professor é, antes, um mediador no

processo de ensino/aprendizagem e a ele compete programar, através da adoção de

inovadoras metodologias de ensino, entre as quais as que recorrem à introdução

das novas TIC, as suas aulas de forma a ajudar o aluno a relacionar os novos

conhecimentos com os anteriores, deixando que este participe ativamente em todo o

processo – aluno-sujeito, nomeadamente incentivando-o também à pesquisa de

informações na Internet.

A potencialidade pedagógica das novas TIC pode ser explorada a vários

níveis: cognitivo, na medida em que estimula e diversifica a capacidade intelectual

45

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

do aluno; ao nível afectivo, porque desenvolve de forma positiva o autoconceito dos

alunos, aos fazê-los sentirem-se autores do processo de construção do seu próprio

conhecimento e, ao nível das relações sociais, porque promovem a cooperação

entre os alunos. Os alunos entrevistados falam dos benefícios que resultam da

utilização das novas TIC no âmbito do reAct a estes níveis: “Sim, claro, melhorei as

notas” (Entrevistado 6) – nível cognitivo; ”… tive a sorte de fazer trabalhos muito

interessantes com outros alunos de outros países e para os resultados serem bons

tínhamos que colaborar da melhor forma e saber trabalhar em equipa.” (Entrevistado

3) – nível das relações sociais; “… acho que saímos todos mais ricos e com

perspetivas mais abertas em relação ao futuro.” (Entrevistado 10) – nível afetivo.

A metodologia do projeto reAct recorre à utilização das tecnologias Web 2.0 e

esta linha de atuação vai ao encontro do modelo Construtivista de aprendizagem,

em que o aluno é um sujeito ativo que constrói o seu próprio conhecimento e

assume a responsabilidade de gerir as suas tarefas de aprendizagem, assumindo

aqui as novas TIC um papel fundamental e facilitador em todo este processo. ”Sem

dúvida que o conhecimento se faz através da recolha e partilha de informações e daí

estas tecnologias serem uma boa aposta nas escolas. Os fóruns temáticos por

exemplo são uma boa forma de nos esclarecermos acerca de certos assuntos.”

Entrevistado 9.

2.2 - MOTIVAÇÃO PARA O ESTUDO

Em relação à motivação para o estudo, os alunos realçam o papel do

professor como fundamental na sua promoção. O facto de este assumir um papel de

orientador e de possibilitar um ensino mais autónomo por parte dos alunos, fez com

que estes se empenhassem mais nas tarefas e que trabalhassem de uma forma

mais autónoma e com mais iniciativa e de forma mais proactiva. “ A relação da turma

toda com os professores era muito boa, parecia que estavam ali para nos incentivar

e dar apoio, ao contrário dos professores da escola diurna que só se preocupam em

dar matéria.” (Entrevistado 3)

Os entrevistados afirmam que esta relação de proximidade com o professor

promove a motivação escolar e incentiva os alunos a pesquisarem matérias e

assuntos de forma autónoma, ao contrário do que acontece quando estão integrados

46

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

num regime educativo mais tradicional em que o professor transmite conhecimentos

sem incentivar a aprendizagem autorregulada. Esta forma diferente de aprender,

implementada através do projeto reAct promove no aluno mais confiança em si

mesmo e nas suas capacidades e proporciona-lhe, ao mesmo tempo o sentido de

responsabilidade perante as suas “obrigações” sem sentir a pressão do tempo e das

avaliações. “… o curso talvez me tenha dado confiança na medida em que estive um

pouco desanimado com o facto de não conseguir acabar as disciplinas em atraso no

ensino diurno…” (Entrevistado 4)

Destaca-se também, a constatação, por parte dos alunos, de que o trabalho

em equipa é um fator motivador da aprendizagem, uma vez que possibilita a troca

de conhecimento, a partilha de conhecimentos e estimula a capacidade de

comunicação. “Sempre fui uma pessoa que me dou bem com todos e trabalho bem

em equipa, mas como o curso me dava a possibilidade de poder dar ideias e

explorar soluções esta minha tendência desenvolveu mais.” (Entrevistado 6).

As matérias estudadas são consideradas também, pelos alunos, como “mais

interessantes e pertinentes do que as estudadas no ensino regular”, como diz o

Entrevistado 4 no sentido em que se adaptam mais à realidade atual e permitem

uma melhor preparação para o seu futuro. Os alunos consideram que o método de

ensino seguido pelo projeto reAct não é um método rígido mas que, pelo contrário,

permite alguma liberdade de ação e autonomia, por parte do aluno, possibilitando,

desta forma, o aumento da motivação do mesmo pelos temas e matérias que se

propõe trabalhar. “As matérias da escola normal eram uma grande seca. No curso

nós tínhamos mais liberdade de escolher os temas que queríamos abordar e não

havia regras tão rígidas a cumprir.” (Entrevistado 6).

Alguns alunos admitem, ainda, que o aumento da sua motivação neste curso

se reflete nos níveis de concentração, autoconfiança e empenho nas tarefas, assim

como nas notas e no número de faltas de uma forma positiva. “…para mim era mais

interessante este método de estudo, acabei por deixar de faltar tanto e passei a

estar mais empenhado e motivado.” (Entrevistado 6)

A motivação escolar reflete-se no sucesso e no abandono escolar,

preocupações atuais que comprometem o desenvolvimento das competências

pessoais de integração na vida ativa e social dos jovens que tendem, cada vez mais,

a sair da escola com baixos níveis de escolaridade e, assim, a enfrentar, com mais

dificuldades, as exigências do mercado de trabalho e da vida em sociedade. Estes

47

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

jovens correm o risco de enveredarem pelo mercado de trabalho infantil, por razões

que estão, na sua grande maioria, relacionadas com a desmotivação escolar.

A principal razão que levou os alunos que fazem parte do estudo a

escolherem o curso de Educação e Formação de Adultos do projeto reAct, tem a ver

com o facto de estes terem também desenvolvido uma imagem negativa da escola.

Esta situação prova que o facto de se gostar ou não da escola também vai

condicionar o abandono da mesma e, a relação entre o Professor e o aluno é um

dos fatores fundamentais que condicionam o investimento dos jovens na escola.

Relacionando este fator com os contextos sociopolíticos e as diferentes correntes

pedagógicas podemos concluir que, de um ponto de vista geral, os alunos apontam

o ensino regular como algo repressor e limitativo, uma vez que reconhece o

professor como detentor absoluto do saber e não proporciona a liberdade de

pensamento e de descoberta aos alunos – Modelo da Escola Tradicional. O

magiscentrismo e o conceito de aluno-objeto são ideias defendidas por esta corrente

pedagógica e que, pelo que se verifica, ainda hoje e pela perspetiva dos

entrevistados, no ensino regular. Daí, grande parte das razões apontadas para a

escolha deste percurso escolar ter sido o facto de este seguir um método de ensino

mais prático e aliciante e da relação com o professor ser mais aberta. “A relação

com os professores era ótima, o que este curso tem a destacar é uma relação com o

professor mais próxima do que o ensino normal. As vantagens são ao nível da

motivação, interesse, etc.” (Entrevistado 8)

Por outro lado, o modelo pedagógico seguido pelo projeto reAct, parece ser

visto pelos alunos entrevistados como semelhante ao da Escola Nova. O conceito de

aluno/sujeito, defendido por esta corrente privilegia um estilo de

ensino/aprendizagem ativo, dando ao aluno um papel mais autónomo no seu

percurso escolar. O papel do professor no modelo da Escola Nova, que se

assemelha ao modelo seguido pelo projeto reAct, assume que aquele não deve só

conduzir e impor conhecimentos e moldar o aluno, mas estimular, também, os seus

interesses e desperta-lo para novas curiosidades e para a compreensão e análise

crítica dos assuntos. Neste sentido, no curso projeto reAct também se passa a

valorizar o conceito de “learning by doing”, em que o magistercentrismo dá assim

lugar ao puerocentrismo.

Os professores do EFA escolar assumem uma postura que facilita e estimula

a aprendizagem, passando não só a conduzir e a impor conhecimentos, mas

48

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

também a estimular as próprias potencialidades dos alunos e isto verifica-se através

dos trabalhos de grupo que os alunos fazem em rede sobre temáticas atuais tal e

qual como refere o Entrevistado 7 “…era mais fácil o tempo passar nas aulas neste

curso isto porque tínhamos muitos trabalhos e tarefas mais práticas para fazer, o

que fazia com que eu estivesse mais concentrado e empenhado.”

Por outro lado, as informações relatadas nas entrevistas pelos alunos indicam

também que, grande parte das metodologias implementadas pelo projeto reAct,

seguem as orientações defendidas pelo Modelo Construtivista. Neste é reforçado o

papel do Professor como, não sendo um mero instrutor, nem um simples avaliador,

mas passando a ser, tal como os entrevistados defendem “…nós os responsáveis e

o Professor o nosso Orientador.” (Entrevistado 1).

Os alunos que frequentam o curso de Educação e Formação de Adultos

escolar tipo C através do projeto reAct, são alunos-sujeitos, conceito defendido pelo

modelo construtivista, uma vez que são conduzidos numa prática que leva ao

desenvolvimento de tarefas que conduzem à descoberta de conhecimentos e à

aquisição de informações. Como diz o Entrevistado 2 “… a mim ajudou-me a mexer-

me mais, ir à procura, ter iniciativa para investigar e criar mais.”

Os construtivistas designam este processo como o de criar um conflito

cognitivo no aluno. De acordo com Piaget (1974), um dos principais defensores

deste paradigma, este não tende a acomodar-se à situação, criando uma futura

assimilação do objecto, dando origem às sucessivas adaptações do sujeito ao meio,

com o constante desenvolvimento da sua capacidade de aprendizagem. Isto poderá

indicar que os alunos entrevistados tenham desenvolvido capacidades que permitam

a adaptação a novas situações e desafios, como exemplifica o Entrevistado 3:

“…nos seis meses de curso fui incentivado a acreditar em mim próprio para fazer os

trabalhos de forma autónoma e responsável e isso agora dá-me motivação para

procurar emprego.”

O Construtivismo, defende que a aprendizagem é um processo de

construção de relações, em que o aprendiz (aluno), como ser ativo, na interação

com o mundo, assume parte da responsabilidade pela direção e pelo significado do

que aprende, o que parece coincidir com as afirmações dadas por alguns dos

entrevistados como é o caso do Entrevistado 3: “ A relação da turma toda com os

professores era muito boa, parecia que estavam ali para nos incentivar e dar apoio,

ao contrário dos professores da escola diurna que só se preocupam em dar

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Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

matéria.” e do o Entrevistado 6: “Uma relação cinco estrelas (com os professores).

Trabalhávamos todos como se fossemos uma equipa…os professores apoiavam

sempre e incentivavam bastante.”

Ainda em relação à motivação, e de acordo com a pirâmide de Maslow, a

necessidade de autorrealização (onde se inclui a concretização de objectivos

escolares e profissionais), os alunos demonstram que a frequência no curso de

formação, seguindo o método do projeto reAct, permitiu-lhes concretizar de uma

forma diferente e mais aliciante os seus objetivos e necessidades a este nível

passando a realizar as tarefas pelo prazer próprio da sua realização. Vejamos o que

diz o Entrevistado 8: “ … as matérias do curso EFA escolar são matérias mais

viradas para a vida em sociedade, adquirimos conhecimentos que na escola

«normal» não aprendíamos…a metodologia usada é mais atrativa do que o ensino

normal, o que faz com que, claro, uma pessoa ganhe mais entusiasmo para ir às

aulas e fazer os trabalhos.”

Para grande parte dos alunos deste estudo, a desmotivação e o abandono

escolar foram as condições que conduziram à integração dos mesmos no curso de

Educação e Formação de Adultos escolar do Projeto reAct. Nem sempre os alunos

percebem o valor dos trabalhos escolares e não conseguem compreender a relação

existente entre a aprendizagem e uma aspiração de valor para a sua vida, o que

pode conduzir a um desinvestimento nas tarefas escolares. Mas pelas afirmações

relatadas estes mudaram o seu ponto de vista ao ingressarem neste novo percurso

educativo, como podemos verificar através da afirmação relatada pelo Entrevistado

9: “ Para mim, que já estava farta do ensino normal que era só despejar teorias,

achei as matérias muito mais interessantes e úteis para o nosso futuro e para o

nosso dia-a-dia. Acho que saímos todos mais ricos e com perspetivas mais abertas

em relação ao futuro.” Trata-se, aqui, de uma motivação intrínseca porque a

atividade ou tarefa sugerida é interessante e gera satisfação. Esta é influenciada

principalmente pelas ações do professor. Os professores facilitadores da autonomia

dos seus alunos promovem as suas competências de autodeterminação, de

competência e de segurança e estas competências terão implicações ao nível do

desenvolvimento motivação escolar. Como afirma Burochovitch e Bzuneck (2004) a

motivação intrínseca permite que o aluno entenda que a participação e o seu

empenho numa determinada tarefa é a principal recompensa, não sendo

necessários estímulos/incentivos externos. Acaba, assim, por fazer uma

50

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

aprendizagem autorregulada, através da qual assume o controlo da mesma, de uma

forma autónoma, maximizando o seu potencial, através das suas próprias “skills”.

2.3 - RELAÇÕES INTERPESSOAIS E COOPERAÇÃO

Os alunos que frequentaram este percurso educativo destacam, com

relevância, o facto de este lhes ter permitido desenvolver a capacidade de

relacionamento interpessoal e de cooperação, uma vez que os trabalhos são

elaborados em grupo, entre alunos da sala e com outros alunos de outros países.

“Tive de fazer muitos trabalhos em grupo e foi interessantes esses trabalhos serem

feitos com alunos de outros países…” (Entrevistado 3). Os alunos admitem, ter

começado a assumir mais responsabilidade e liberdade para partilharem as suas

opiniões e darem o seu contributo, novas ideias e de explorar soluções. O facto de

lidarem com diferentes pontos de vista, de colaborarem, de ouvirem opiniões

diferentes e de terem de chegar a um consenso no final, implicou, como se verifica,

o desenvolvimento de competências sociais. Alguns realçam o facto de estas

competências estarem a ser úteis nos seus projetos atuais como é o caso do

Entrevistado 11 que frequenta a Universidade e afirma: “… agora na Universidade

também temos de fazer muitos trabalhos de grupo. Como me habituei no curso acho

que já vinha mais preparada para aceitar as opiniões e dar sugestões ao trabalhar

em equipa e desenvolver trabalhos em conjunto…”. Para estes alunos, a ideia de

pertença a um grupo pode ser explorada para o desenvolvimento de novas práticas

relacionais de solidariedade, cooperação, envolvimento e responsabilidade.

Sendo assim, os softwares sociais, podem facilitar o encontro de pessoas

com interesses similares e múltiplas visões, facilitando a comunicação e ampliando

as atividades de cooperação e de reconhecimento do outro, o que implica uma

mobilização coletiva. Isto exige uma maior autonomia por parte dos alunos e uma

maior responsabilidade para assumirem a direção das suas aprendizagens tendo o

professor como agente participante e orientador. Estamos, portanto, perante uma

Sociedade de Informação que gera conhecimento através da interação entre as

pessoas, neste caso, virtualmente, através das redes sociais.

Esta Era do conhecimento, promovida através do estabelecimento de projetos

de parcerias electrónicas, possibilita o desenvolvimento de um conjunto de

51

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

competências que ultrapassam o domínio curricular e que cruzam com o domínio da

cidadania: aprender a aprender em conjunto, partilhar pontos de vista, fazer

amizades, tomar consciência do modelo europeu de sociedade multilingue e

multicultural, entre outras. Tal como diz o Entrevistado 9: ““…os trabalhos exigiam

trabalho em equipa e tínhamos que saber lidar com pessoas diferentes e conhecer

pontos de vista diferentes do nosso e respeitá-los.” Esta metodologia escolar segue

claramente a perspetiva de uma aprendizagem coletiva, promovida pelas

comunidades virtuais.

Portanto, estas ferramentas de trabalho, e em especial a Internet, quando

utilizadas ao serviço da educação, de uma forma bem estruturada e organizada,

promovem situações de ensino e aprendizagem de valor pedagógico acrescido e de

promoção de competências sociais e da prática da cidadania como um processo

participado, individual e coletivo, que apela à reflexão e à ação sobre os problemas

sentidos por cada indivíduo e pela sociedade onde está inserido. “…acho que vou

acabar por me interessar por uma questão social e querer fazer parte de uma

associação ou criar uma que faz falta cá em Alcobaça.” (Entrevistado 12)

A cidadania traduz-se aqui em atitudes e comportamentos, que se refletem

num modo de estar em sociedade que tem como referência os direitos humanos.

Neste sentido, o projeto reAct, ao incentivar o trabalho em equipa, acaba por

promover nestes jovens a consciência de pertença que implica saber trabalhar em

equipa e em função de objetivos comuns e de um todo. Os trabalhos de grupo

aplicados no projeto reAct apelam à reflexão e à ação sobre os problemas sentidos

por cada indivíduo, A sala de aula representa um espaço local e virtual (no caso das

redes sociais dos novos softwares tecnológicos) que aproxima o aluno de um efetivo

exercício da cidadania ativa. “…fiz parte da Associação de Estudantes quando

estudava durante o dia e agora como estou na área da saúde estou mais atente

relativamente a uma problemática atual que é a da 3ª Idade e resolvi começara

afazer voluntariado para uma associação.” (Entrevistado 10)

2.4 - INTEGRAÇÃO NA VIDA ATIVA

Quando se trata da transição ou integração na vida ativa, os jovens

entrevistados referem que o curso funcionou, em parte, como um estímulo ou

incentivo a este processo. Alguns já definiram novos projetos e iniciativas pessoais

52

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

ou profissionais como por exemplo a intenção de vir a fazer parte da Associação de

Estudantes da Universidade que frequentam ou então de pretenderem a vir a

frequentar um curso, de prosseguir estudos na Universidade ou de procurar um

estágio profissional. Outros referem que o curso lhes permitiu o desenvolvimento da

confiança em si próprios e daí a adoção de uma postura mais positiva e ativa na

procura de um primeiro emprego“…estou a pensar arranjar um part-time para poder

ter algum dinheiro…(Entrevistado 4).

Do ponto de vista humanístico, motivar os alunos significa também encorajar

os seus recursos interiores, o seu sentimento de competência, de autoestima, de

autonomia e de autorrealização. Isto reflete-se no comportamento dos alunos na

categoria da integração na vida ativa, como é possível verificar através das

afirmações dadas pelos Entrevistados. Estes alunos autorregulados, isto é, que

gerem o seu processo de aprendizagem, são aqueles que usam as suas estratégias

próprias (skills). Vejamos pelo exemplo que dá o Entrevistado 3: “…nos seis meses

de curso fui incentivado a acreditar em mim próprio para fazer os trabalhos de forma

autónoma e responsável e isso agora dá-me motivação para procurar emprego.”

Também é destacado o facto da metodologia utilizada no projeto reAct, ter

despertado alguns alunos para interesses novos como por exemplo o de querer

defender causas sociais ou injustiças:“…entrar num grupo de voluntariado...”

Entrevistado 10.

É ainda mencionada a importância de terem sido promovidas competências

ao nível da autoconfiança, autonomia e iniciativa, e de estas estarem a ser úteis na

transição para novos percursos de vida, como é o caso de ir estudar e viver para

uma nova cidade e frequentar a Universidade: “…sempre fui um pouco tímida e

agora estou mais aberta e já me dou melhor em grupos de trabalho e também no

dia-a-dia.” (Entrevistado 5). Os trabalhos desenvolvidos pelos alunos, no decorrer do

seu percurso escolar pelo projeto reAct também permitiram que estes se

consciencializassem para a necessidade de haver uma constante adaptação ao

meio social e para a importância do desenvolvimento de determinadas competências

necessárias à sua integração no mercado de trabalho, mais especificamente no que

diz respeito à sua maneira de ser, estar e de agir. É neste sentido que Gustavo

Cardoso (1998) parte do princípio de que os utilizadores da Internet e do

ciberespaço não procuram apenas informação, mas também pertença, apoio e

afirmação. Dos alunos entrevistados, quem está inserido no mercado de trabalho,

53

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

admite que o curso permitiu despoletar uma atitude mais proactiva, responsável e

interventiva, permitindo confiar mais em si e facilitando, assim, uma melhor

integração num grupo de trabalho e na dinâmica de funcionamento de uma

empresa: “ …talvez no trabalho tenha passado a ter mais à vontade para propor

coisas ao meu patrão e formas de organizar o trabalho:” – (Entrevistado 7).

Há, também, alunos que já se sentem melhor em grupos de trabalho fora do

contexto escolar, sentem-se mais abertos e participativos e já projetam alguns

planos para o futuro como por exemplo arranjar um part-time ou concluir a

Universidade e estar mais bem preparado para o mercado de trabalho e enfrentá-lo

de forma mais ativa e responsável: “As aprendizagens que fiz levaram-me a procurar

o curso que gostava e a seguir em frente que é o de Fisioterapia e também me

motivou a procurar um estágio e um emprego na área no final do curso.”

(Entrevistado 2).

A maioria dos alunos que frequentou o curso, está ocupada de forma ativa: ou

a trabalhar ou a tirar um curso de formação profissional ou então a frequentar um

curso universitário. Arranjaram, também alguns, novas ocupações do foro mais

pessoal como foi o exemplo do Entrevistado 6: “Deu-me (o curso) mais

responsabilidade e vontade de querer fazer coisas minhas, por exemplo comecei a

ter interesse pela fotografia e agora já fiz dois workshops na área.”.

O projeto reAct valoriza uma aprendizagem enriquecida pelo recurso às

tecnologias da informação que, através da implementação de metodologias

pedagógicas que apelam á cooperação e à autonomia, visam preparar o futuro e de

o repensar conscientes de que estamos a passar por um período de constantes

mudanças, sendo que, à escola propõe-se que acompanhe a evolução da sociedade

e de todas as suas perplexidades, caminhando no sentido de um maior

enriquecimento pedagógico-cultural que prepare os jovens para a vida ativa.

2.5 - DEFESA DE QUESTÕES SOCIAIS

Os alunos, nas suas respostas e de uma forma geral, destacam e defendem a

importância da defesa das questões sociais. Por exemplo o Entrevistado 9 diz:

“Acho bem, as pessoas devem ter iniciativa para lutar pelos seus direitos e as

iniciativas acabam sempre por fazer a diferença.”.

54

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

Levantada a questão sobre a prática de alguma atividade, confessam que

ainda não levaram a cabo nenhuma iniciativa de defesa de questões sociais, embora

manifestem a intenção de o fazer como por exemplo de vir a fazer voluntariado ou

de criar uma associação de apoio a uma causa na sua zona de residência “…acho

que vou acabar por me interessar por uma questão social e querer fazer parte de

uma associação ou criar uma que faz falta cá em Alcobaça.” (Entrevistado 12). Outro

aluno, o Entrevistado 10, está implicado na defesa de questões sociais,

nomeadamente na defesa dos direitos humanos, de uma forma ativa: “…fiz parte da

Associação de Estudantes quando estudava durante o dia e agora como estou na

área da saúde estou mais atento relativamente a uma problemática atual que é a da

3ª Idade e resolvi começar a fazer voluntariado.”.

É realçada, também, a importância de haver uma atitude crítica perante o

futuro da sociedade e neste sentido, um dos alunos destacou já ter participado num

congresso de jovens de um partido político. Este aluno, acrescenta ainda que é a

favor do poder da “ massificação de uma opinião geral”: “Sim (participei) num

congresso de jovens de um partido”. Eu sou a favor da livre manifestação das

pessoas mas de uma forma cívica e controlada.… o que pode mudar é a

massificação de uma opinião geral.” (Entrevistado 8)

Os que não o fazem de forma direta e que não são “ativistas”, digamos assim,

utilizam o facebook para partilhar ideias e deixar opiniões relativamente a

determinadas causas sociais ou injustiças e outros assuntos pertinentes do

quotidiano e da sociedade: “…partilho imagens e mensagens de assuntos que são

injustos na sociedade … “ (Entrevistado 12).

De facto, a internet revolucionou o funcionamento da sociedade moderna e

isso fez com que ela adquirisse características entre as quais se destacam a

conexão, a integração, a rapidez no trânsito de informações e a facilidade de

comunicação, acabando por levar, assim, ao conceito de Sociedade da Informação.

Com este surge o conceito de Ciberdemocracia, também conhecida como

democracia online, democracia digital ou e-democracia, definindo-se como a

utilização das novas tecnologias da informação e comunicação, para a revitalização

da democracia, permitindo assim, uma maior participação popular.

O fator mais importante a favor da ciberdemocracia é perceber que ela visa

promover a interação dos cidadãos. Promover a democracia e facilitar a

comunicação é o papel das redes sociais na Internet quando refletem, por exemplo,

55

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

sobre o papel que estas tiveram nas últimas manifestações de rua realizadas em

Portugal contra as medidas governamentais. Para o Psicanalista Carlos Amaral

Dias, as redes sociais como é o caso do Twitter ou do Facebook "ampliam o

conceito de cidadania", pelo que a democracia aumenta com a maior liberdade de

expressão que proporciona. Esta afirmação reflete-se também nas afirmações de

alguns alunos da amostra: “…partilho imagens e mensagens de assuntos que são

injustos na sociedade … “ (Entrevistado 12), daí ser possível avançar com a

constatação de que as novas tecnologias e mais propriamente as redes sociais são

promotoras da democracia e promovem a o conceito de Cidadania.

O projeto reAct atua no sentido de preparar os jovens para a vida ativa,

através da promoção da cidadania onde se incluem questões éticas e morais bem

como o desenvolvimento pessoal e social. A operacionalização pedagógica das

diferentes dimensões deste conceito, através do projeto reAct, dá-se ao nível

cognitivo, através do qual os jovens desenvolveram, de um ponto de vista geral,

competências ligadas à compreensão dos direitos e deveres, ao desenvolvimento do

raciocínio moral, à reflexão crítica e à transmissão e consciência dos valores

humanos. Já no domínio afectivo, podemos identificar alguns objectivos atingidos

ligados ao desenvolvimento da autoestima, ao sentimento de identidade e lealdade,

assim como às atitudes perante os outros e às comunidades de pertença.

Estes dois domínios convergem para o domínio da ação, isto é do

comportamento e da expressão. Este terceiro domínio considera especificamente a

concretização dos valores e das competências em comportamentos e traduz-se no

exercício da responsabilidade pessoal no confronto com as situações e problemas

da vida social e política: “Sim (participei) num congresso de jovens de um partido”

(Entrevistado 8). Neste sentido e através das informações dadas nas entrevistas

podemos constatar que, a grande maioria dos alunos, ainda não atua do domínio da

ação, uma vez que, embora defendendo e assumindo uma responsabilidade social e

moral, não leva a cabo práticas relacionadas com a sua participação enquanto

agentes ativos na comunidade, não sendo possível então constatar que tenham

desenvolvido uma cidadania participativa e promotora de desenvolvimento.

56

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

7 - CONCLUSÃO

A escola representa um importante papel na mediação entre o sujeito/aluno e

a sociedade e por isso, questões como o abandono e a desmotivação escolar são

algumas das preocupações mais debatidas atualmente ao nível da educação.

Neste sentido e porque o gosto pela escola passa, muitas vezes, pela

relação professor/aluno, as correntes pedagógicas tem vindo a contribuir com vista a

atribuir um novo sentido ao papel dos mesmos e à relação estabelecida entre ambos

no processo de ensino/aprendizagem. O modelo da Educação Tradicional segue o

princípio da transmissão de saberes como base de um processo educativo em que o

aluno é comparável a um objeto- aluno-objeto. Aqui o professor exerce uma ação

repressora, como representante do estado, cumprindo as orientações impostas pelo

regime político em vigor na época. Já na Escola Nova e no modelo Construtivista,

dá-se a libertação do aluno da tutela do professor, valorizando o conceito de J.

Dewey (in Baloi, Jochua Abraão,2009) de “learning by doing” que permite que, o

aluno, de forma autónoma, possa assumir um papel mais ativo na sua

aprendizagem.

Para se adaptar às novas realidades e cumprir os objetivos que lhe são

atribuídos, a escola teria que mudar. Esta mudança não se reporta somente ao

currículo mas também a implementação de métodos inovadores e incentivadores. A

potencialidade pedagógica das novas TIC, surge, neste sentido, como promotora da

motivação escolar, facilitadora da relação entre professor e aluno e, por conseguinte,

como responsável por estimular o desenvolvimento das competências de cidadania.

Preparar as novas gerações para uma intervenção mais ativa e responsável

na sociedade civil implica ajuda-las a viver a cidadania no espaço escolar, tarefa que

não pode dispensar uma estratégia global de educação para a cidadania. É esta a

intenção do projeto reAct que segue toda uma estratégia pedagógica de valorização

de um sistema de ensino mais ativo, através do recurso às novas TIC, que promove

a motivação escolar dos alunos e possibilita o desenvolvimento do exercício prático

de uma cidadania participativa.

Os assuntos estudados ao longo deste trabalho andam á volta das temáticas

de paradigmas teóricos que defendem que as redes sociais funcionam como um

instrumento pedagógico que, tal com aplicado no projeto reAct, promovem a

autonomia e a motivação do aluno, proporcionando-lhe um estilo de aprendizagem

57

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

cooperativo e acentuando o papel da escola como agente socializador na

preparação do mesmo para a inserção na vida ativa. A finalidade seria perceber, do

ponto de vista dos alunos que frequentam o curso de Educação e Formação de

Adultos escolar tipo C, se o projeto reAct garante que o aluno aprenda num

ambiente social e desenvolva habilidades de pensamento crítico que promovem uma

nova forma de lidar com as exigências da sociedade.

A opção pelo paradigma qualitativo pautou a investigação da perceção dos

alunos acerca do contributo do projeto reAct relativamente à sua motivação para o

ensino e ao desenvolvimento das suas competências de cidadania. Para tal

recorremos às entrevistas a fim de recolher opiniões que validassem a pergunta de

partida.

Existe a forte convicção de que este estudo venha a alertar os responsáveis

pela planificação curricular e o corpo docente relativamente à importância da

implementação de instrumentos pedagógicos que promovam a autonomia e a

aprendizagem cooperativa por parte dos alunos, optando pelas novas tecnologias

como uma ferramenta inovadora e facilitadora do processo de ensino/aprendizagem

e, posteriormente do processo de integração escolar e transição para a vida ativa.

Em conformidade com os pressupostos teóricos apresentados no Capítulo I

verifica-se que o método de ensino utlizado no projeto reAct segue o modelo

pedagógico do Construtivismo, uma vez que atribui ao professor e ao aluno

diferentes papéis, sendo que o aluno passa a trabalhar de uma forma mais

autónoma, o que o permite que este esteja mais motivado para o estudo e aumente

os seus níveis de auto-confiança. A análise de conteúdo das entrevistas realizadas

vai ao encontro do que é defendido por de J. Dewey, ou seja, ao valorizar o conceito

de “learning by doing” (citado por Rocha, F. 1988), fazemos com que o aluno

desenvolva a sua capacidade de concentração e empenho, refletindo-se esta no

aumento do sucesso e na diminuição do abandono escolar.

Os alunos que frequentaram o projeto reAct para concluir o 12º ano afirmam,

na sua grande maioria, que se tratou de um tipo de curso mais prático e aliciante, ao

contrário do ensino regular que vêm como algo repressor e limitativo. Os alunos que

frequentaram o projeto reAct são alunos auto-regulados (Cardoso, 1998) ou alunos-

sujeito responsáveis pela sua própria aprendizagem.

Este sistema de ensino, aliado às novas tecnologias e aos softwares sociais,

conduz-nos ao conceito de aprendizagem colaborativa, através de comunidades

58

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

virtuais, e permite a prática de métodos pedagógicos que conduzem à descoberta de

conhecimentos e aquisição de informações, motivando o aluno a criar, segundo

Piaget (1974) um processo de conflito cognitivo, facilitando assim a promoção de

competências que permitam a adaptação a novas situações e desafios. Daí a sua

importância no desenvolvimento da cidadania e na preparação para a vida ativa. Os

sujeitos do estudo, são alunos-em-rede e relatam provas de que o projeto reAct

permite-lhes desenvolver competências de auto-determinação, de trabalho em

equipa, cooperação e envolvimento nas suas tomadas de decisão no que respeita o

seu futuro.

A Internet é uma ferramenta de trabalho utilizada ao serviço da educação e a

escola é assim vista como agente de inovação e mudança social – uma escola que

acompanha a evolução da sociedade. Embora a maioria dos alunos entrevistados

não intervirem de uma forma direta nas questões sociais, defendem e apoiam a ideia

da Ciberdemocracia e que a Internet pode sim ser usada como ferramenta de

ativismo social tendo em conta que a liberdade de expressão e a cooperação

ampliam o conceito de Cidadania, visto despoletarem uma atitude mais proactiva,

responsável e interventiva, permitindo que cada um acredite mais nas suas

habilidades e se integre mais facilmente na sociedade.

Em resposta á pergunta de partida podemos então considerar que o projeto

reAct promove, do ponto de vista dos formandos, a motivação escolar e a

desenvolvimento para a Cidadania.

No final da elaboração e apresentação deste trabalho é conveniente sugerir

outros estudos que poderiam contribuir para o conhecimento desta temática

envolvente das novas TIC e educação. Seria pertinente, talvez, numa próxima

oportunidade estudar o ponto de vista dos professores do projeto reAct

relativamente ao impacto do mesmo ou então, analisar, junto dos alunos, a

existência de um possível impacto negativo que possa resultar de um uso excessivo

das tecnologias a favor da educação.

59

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N.º 166, de 30.08.2005, Páginas 5122 a 5138

63

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

ANEXOS

64

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

ANEXO 1

Guião de Entrevistas

GUIÃO DE ENTREVISTA

1. Porque é que abandonaste a escola?

2. Porque é que optaste por este curso?

3. O que está a fazer agora?

4. Achas que as matérias que deste no curso são mais importantes para o teu

dia-a-dia que as que tiveste nos anos anteriores? Porquê?

5. Adquiriste mais conhecimentos por trabalhares de uma forma mais

autónoma?

6. Adquiriste mais conhecimentos para trabalhares em equipa e em colaboração

com outros alunos? Como?

7. Sentes-te mais motivado neste tipo de curso? Explica como mudou a sua

atitude face as tuas obrigações escolares (se faltas menos às aulas, se te

empenhas mais nos trabalhos, se estás mais atento e concentrado, ….).

8. Melhoraste as tuas notas neste curso? Se sim, indica o que motivou.

9. Como era a tua relação com os professores, no curso? E quais as vantagens

que isso trouxe?

10. Achas que, desde que frequentas o curso, passaste a ter uma atitude mais

crítica e participativa nas questões da sociedade (se passaste a preocupar-te

ou a defender causas relacionadas por exemplo com a proteção do ambiente,

se estás mais atento às problemáticas sociais como a pobreza e o

desemprego e se já fizeste algo para ajudar alguém,….). Dá exemplos.

65

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

11. Sentes que passaste a ter mais competências que te ajudam a lidar com as

exigências da sociedade? Ultrapassar problemas, lidar com conflitos

interpessoais, tomar iniciativas … Dá exemplos.

12. Em que medida é que as aprendizagens que fizeste te têm ajudado na tua

integração na vida ativa? Por exemplo, em arranjar emprego, a procurar um

estágio, a progredir na carreira ou mudar de trabalho, a participar em

iniciativas sociais, a criar e levar a cabo projetos pessoais e sociais (integrar

num grupo sociocultural, (re)começar uma modalidade desportiva,…).

Exemplifica.

13. Achas que o ensino, através das redes sociais, promove mais conhecimento

e ajuda os alunos a desenvolverem outras capacidades importantes para o

seu futuro? Explica e dá exemplos.

14. Preocupas-te com as questões sociais e políticas? Sentes-te responsável por

essas questões e fazes alguma coisa para tentar mudar ou tentas resolver

situações problemáticas? Como?

15. Já mobilizaste alguma iniciativa ou organizaste algum evento através das

redes sociais/facebook? De que tipo e com que objetivo?

16. Já alguma vez aderiste ou participaste em algum evento social ou político?

Especifica.

17. O que achas das manifestações e das problemáticas sociopolíticas discutidas

nas redes sociais? Já participaste em alguma? Como? Em termos de

mudança, achas que teve algum impacto? Em que medida?

66

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

ANEXO 2

Entrevistas testadas

67

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

ANEXO 3

Entrevistas

Entrevistado 1

18. Porque é que abandonaste a escola?

R: Eu tinha duas disciplinas em atraso do 12º ano que não consegui acabar

por exame.

19. Porque é que optaste por este curso?

R: Fui logo pedir conselhos à Psicóloga da escola que me indicou este curso

e eu achei que era uma boa alternativa para acabar o secundário a tempo de

me candidatar ao Ensino Superior.

20. O que estás a fazer agora?

R: Estou na Universidade.

21. Achas que as matérias que deste no curso eram mais importantes para o

teu dia-a-dia que as que tiveste nos anos anteriores? Porquê?

R: Este curso tem matérias muito interessantes e pertinentes para a nossa

vida em sociedade porque permite adquirir competências essenciais para o

nosso futuro, falha um bocado no entanto em termos de preparação para o

Ensino Superior.

22. Adquiriste mais conhecimentos por trabalhares de uma forma mais

autónoma?

R: Sempre trabalhei de forma autónoma mas o curso talvez me tenha dado

confiança na medida em que estive um pouco desanimado com o facto de

não conseguir acabar as disciplinas em atraso e achar que não iria conseguir

entrar na faculdade.

23. Adquiriste mais conhecimentos para trabalhares em equipa e em

colaboração com outros alunos? Se sim, como?

68

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

R: Também e isso agora está me a ajudar na faculdade porque fazemos

muitos trabalhos de grupo também e é importante sabermos trabalhar em

equipa e lidar com pessoas diferentes.

24. Sentiste-te mais motivado neste tipo de curso? Explica como mudou a

tua atitude face as tuas obrigações escolares (se faltas menos às aulas,

se te empenhas mais nos trabalhos, se estás mais atento e concentrado,

….).

R: Nunca faltei às aulas e sempre fui uma aluna empenhada, acho eu, mas

neste curso consegui ficar mais à vontade, confiante e com mais iniciativa

para as coisas.

25. Melhoraste as tuas notas neste curso? Se sim, indica o que motivou.

R: Melhorei mas também não tive nem Matemática nem Física que eram as

disciplinas que não consegui fazer.

26. Como era a tua relação com os professores, no curso? E quais as

vantagens que isso trouxe?

R: Acho que neste curso os professores estão mais próximos dos alunos e

incentivam mais.

27. Achas que, desde que frequentaste o curso, passaste a ter uma atitude

mais crítica e participativa nas questões da sociedade (se passaste a

preocupar-te ou a defender causas relacionadas por exemplo com a

proteção do ambiente, se estás mais atento às problemáticas sociais

como a pobreza e o desemprego e se já fizeste algo para ajudar

alguém,….). Dá exemplos.

R: Acho que sim porque os trabalhos apelavam muito a isso e é impossível

uma pessoa ficar indiferente e não passar a pensar nas coisas que estão mal

à nossa volta.

28. Sentes que passaste a ter mais competências que te ajudam a lidar com

as exigências da sociedade? Ultrapassar problemas, lidar com conflitos

interpessoais, tomar iniciativas … Dá exemplos.

R: Também acho que sim porque embora eu na escola fosse desenrascada e

dinâmica, sempre fui um pouco tímida e agora estou mais aberta e já me dou

melhor em grupos de trabalho e também no dia-a-dia.

29. Em que medida é que as aprendizagens que fizeste te têm ajudado na

tua integração na vida ativa? Por exemplo, em arranjar emprego, a

69

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

procurar um estágio, a progredir na carreira ou mudar de trabalho, a

participar em iniciativas sociais, a criar e levar a cabo projetos pessoais

e sociais (integrar num grupo sociocultural, (re)começar uma

modalidade desportiva,…). Exemplifica.

R: Embora as disciplinas que tive não me tivessem dado muitas bases para

agora o curso de Gestão que frequento, depois do curso eu fiquei mais

confiante e mais sociável e daí estar a correr bem, de resto não fiz ainda mais

nada, estou a pensar arranjar um part-time para poder ter algum dinheiro mas

ainda não procurei.

30. Achas que o ensino, através das redes sociais, promove mais

conhecimento e ajuda os alunos a desenvolverem outras capacidades

importantes para o seu futuro? Explica e dá exemplos.

R: Sim, para mim funcionou e ajudou bastante e como hoje em dia o mundo

está tão informatizado é importante que os jovens se preparem bem.

31. Preocupas-te com as questões sociais e políticas? Sentes-te

responsável por essas questões e fazes alguma coisa para tentar mudar

ou tentas resolver situações problemáticas? Como?

R: Sim preocupo-me mas nunca fiz nada.

32. Já mobilizaste alguma iniciativa ou organizaste algum evento através

das redes sociais/facebook? Se sim, de que tipo e com que objetivo?

R: Não, nunca.

33. Já alguma vez aderiste ou participaste em algum evento social ou

político? Se sim, especifica.

R: Não, mas pode ser que agora na Universidade e não arranjando um part-

time possa vir a fazer voluntariado.

34. O que achas das manifestações e das problemáticas sociopolíticas

discutidas nas redes sociais? Já participaste em alguma? Como? Em

termos de mudança, achas que teve algum impacto? Em que medida?

R: Acho bem, concordo e apoio mas não de uma forma ativa. Acredito que

faz a diferença, as pessoas juntarem-se e unirem-se para alertar e dar

opiniões sobre questões que dizem respeito a todos.

Entrevistado 2

1. Porque é que abandonaste a escola?

70

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

R: Sinceramente já andava um bocado farto da escola e acabei por ir

deixando algumas disciplinas para trás.

2. Porque é que optaste por este curso?

R: Para concluir o 12º ano, porque um ano depois apercebi-me que, ao tentar

arranjar emprego, a falta de escolaridade é um problema para quem quer ter

estabilidade. Só conseguia arranjar trabalhos de fim de semana ou férias.

3. O que está a fazer agora?

R: Estou a trabalhar num Restaurante.

4. Achas que as matérias que deste no curso são mais importantes para o

teu dia-a-dia que as que tiveste nos anos anteriores? Porquê?

R: Completamente. As matérias da escola normal eram uma grande seca. No

curso nós tínhamos mais liberdade de escolher os temas que queríamos

abordar e não havia regras tão rígidas a cumprir. Isto foi bom porque tive de

ser eu próprio a definir as minhas tarefas e o tempo para as fazer.

5. Adquiriste mais conhecimentos por trabalhares de uma forma mais

autónoma?

R: Sim. Por exemplo? Deu-me mais responsabilidade e vontade de querer

fazer coisas minhas, por exemplo comecei a ter interesse pela fotografia e

agora já fiz dois workshops nesta área.

6. Adquiriste mais conhecimentos para trabalhares em equipa e em

colaboração com outros alunos? Se sim, como?

R: Nem por isso. Sempre fui uma pessoa que me dou bem com todos e

trabalho bem em equipa, mas como o curso me dava a possibilidade de poder

dar ideias e explorar soluções esta minha tendência desenvolveu mais.

7. Sentes-te mais motivado neste tipo de curso? Explica como mudou a

sua atitude face as tuas obrigações escolares (se faltas menos às aulas,

se te empenhas mais nos trabalhos, se estás mais atento e concentrado,

….).

R: Pois, lá está, como para mim era mais interessante este método de estudo,

acabei por deixar de faltar tanto e passei a estar mais empenhado e

motivado.

8. Melhoraste as tuas notas neste curso? Se sim, indica o que motivou.

R: Sim, claro.

71

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

9. Como era a tua relação com os professores, no curso? E quais as

vantagens que isso trouxe?

R: Uma relação cinco estrelas. Trabalhávamos todos como se fossemos uma

equipa ou um grande grupo de trabalho, principalmente no desenvolvimento

de projetos em que os professores apoiavam sempre e incentivavam

bastante.

10. Achas que, desde que frequentaste o curso, passaste a ter uma atitude

mais crítica e participativa nas questões da sociedade (se passaste a

preocupar-te ou a defender causas relacionadas por exemplo com a

proteção do ambiente, se estás mais atento às problemáticas sociais

como a pobreza e o desemprego e se já fizeste algo para ajudar

alguém,….). Dá exemplos.

R: Falo sobre alguns assuntos com os meus colegas mas não assumo um

papel muito ativo na prática de eventos.

11. Sentes que passaste a ter mais competências que te ajudam a lidar com

as exigências da sociedade? Ultrapassar problemas, lidar com conflitos

interpessoais, tomar iniciativas … Dá exemplos.

R: Eu sempre me dei bem com toda a gente mas o curso deu-me a

oportunidade de puxar pela minha capacidade de comunicar e de me

relacionar com as pessoas porque tínhamos muitos trabalhos em articulação

com outros alunos de outros paises.

12. Em que medida é que as aprendizagens que fizeste te têm ajudado na

tua integração na vida ativa? Por exemplo, em arranjar emprego, a

procurar um estágio, a progredir na carreira ou mudar de trabalho, a

participar em iniciativas sociais, a criar e levar a cabo projetos pessoais

e sociais (integrar num grupo sociocultural, (re)começar uma

modalidade desportiva,…). Exemplifica.

R: Eu comecei logo a trabalhar no Restaurante quando acabei o curso e

fiquei lá e a nível pessoal desenvolvi o gosto pela Fotografia e agora ocupo

muito do meu tempo com este passatempo.

13. Achas que o ensino, através das redes sociais, promove mais

conhecimento e ajuda os alunos a desenvolverem outras capacidades

importantes para o seu futuro? Explica e dá exemplos.

72

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

R: Claro que sim, principalmente para quem quer seguir artes como a

fotografia que assim pode estar a par das inovações. É igual para outros

alunos que tem mais oportunidade de procurar informações e adquirir

conhecimentos com mais facilidade.

14. Preocupas-te com as questões sociais e políticas? Sentes-te

responsável por essas questões e fazes alguma coisa para tentar mudar

ou tentas resolver situações problemáticas? Como?

R: Sim preocupo, falo com os meus colegas sobre isso no café por exemplo

mas nunca para mudar alguma coisa que estivesse mal.

15. Já mobilizaste alguma iniciativa ou organizaste algum evento através

das redes sociais/facebook? Se sim, de que tipo e com que objetivo?

R: Não.

16. Já alguma vez aderiste ou participaste em algum evento social ou

político? Se sim, especifica.

R: Não, que me lembre.

17. O que achas das manifestações e das problemáticas sociopolíticas

discutidas nas redes sociais? Já participaste em alguma? Como? Em

termos de mudança, achas que teve algum impacto? Em que medida?

R: Concordo, também é uma maneira das pessoas poderem se expressar e

mudar opiniões. Se todos o fizerem claro que vai haver resultados. A união

faz a força e a liberdade de expressão também.

Entrevistado 3

1. Porque é que abandonaste a escola?

R: Tinha deixado a escola de dia com o 12º ano por acabar porque arranjei

um part-time nas férias onde acabei por ficar a trabalhar e depois optei por

este curso porque até era mais rápido e dava para fazer as duas coisas.

2. Porque é que optaste por este curso?

R: Para concluir o 12º ano e como já disse porque comecei a trabalhar e dava

mais jeito estudar no horário pós-laboral.

3. O que está a fazer agora?

R: Continuo a trabalhar na loja de um familiar.

4. Achas que as matérias que deste no curso eram mais importantes para o

teu dia-a-dia que as que tiveste nos anos anteriores? Porquê?

73

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

R: Em algumas sim porque falamos de assuntos mais atuais e relacionados

com a realidade do nosso dia-a-dia em sociedade e de outras culturas por

exemplo.

5. Adquiriste mais conhecimentos por trabalhares de uma forma mais

autónoma?

R: Sim, em parte. Eu sempre fui uma pessoa com iniciativa mas acho que o

curso me permitiu ganhar mais confiança nas minhas tomadas de decisão e a

resolver algumas situações da minha ida profissional.

6. Adquiriste mais conhecimentos para trabalhares em equipa e em

colaboração com outros alunos? Se sim, como?

R: Quando eu andava na escola durante o dia, como estava também num

curso profissional, se calhar foi por isso, nós fazíamos muitos trabalhos de

grupo e o que agora mudou foi a parte que nós tínhamos de fazer trabalhos

com outros jovens de outros países e isso foi bom para conhecermos melhor

outras culturas.

7. Sentes-te mais motivado neste tipo de curso? Explica como mudou a

sua atitude face as tuas obrigações escolares (se faltas menos às aulas,

se te empenhas mais nos trabalhos, se estás mais atento e concentrado,

….).

R: Como eu queria muito acabar o 12º ano e ficar despachado acabei por não

faltar muito, o que nem sempre acontecia na escola de dia mas também era

mais fácil o tempo passar nas aulas neste curso isto que tínhamos sempre

muitos trabalhos e tarefas mais práticas para fazer o que fazia com que eu

também estivesse mais concentrado e empenhado.

8. Melhoraste as tuas notas neste curso? Se sim, indica o que motivou.

R: Melhorei porque durante o dia falta muito.

9. Como era a tua relação com os professores, no curso? E quais as

vantagens que isso trouxe?

R: A relação era boa, como eram aulas mais prática e eles nos davam mais

responsabilidade para fazermos os trabalhos, isso também faz com que uma

pessoa ganhe mais confiança naquilo que está a fazer e nos Professores

para nos orientarem.

10. Achas que, desde que frequentaste o curso, passaste a ter uma atitude

mais crítica e participativa nas questões da sociedade (se passaste a

74

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

preocupar-te ou a defender causas relacionadas por exemplo com a

proteção do ambiente, se estás mais atento às problemáticas sociais

como a pobreza e o desemprego e se já fizeste algo para ajudar

alguém,….). Dá exemplos.

R: Nunca fui muito dessas coisas, sempre participei em eventos desportivos

mas a nível social nunca defendi nenhuma causa. O curso desperta-nos para

isso mas por enquanto ainda não me deu para enveredar por esses caminhos

11. Sentes que passaste a ter mais competências que te ajudam a lidar com

as exigências da sociedade? Ultrapassar problemas, lidar com conflitos

interpessoais, tomar iniciativas … Dá exemplos.

R: Não acho que tenha sido só por causa do curso porque eu já tinha

começado a trabalhar e isso é que fez mais com que eu passasse a ter que

me desenrascar sozinho.

12. Em que medida é que as aprendizagens que fizeste te têm ajudado na

tua integração na vida ativa? Por exemplo, em arranjar emprego, a

procurar um estágio, a progredir na carreira ou mudar de trabalho, a

participar em iniciativas sociais, a criar e levar a cabo projetos pessoais

e sociais (integrar num grupo sociocultural, (re)começar uma

modalidade desportiva,…). Exemplifica.

R: Para já nada, talvez no trabalho tenha passado a ter mais à vontade para

propor coisas ao meu patrão e formas de organizar o trabalho.

13. Achas que o ensino, através das redes sociais, promove mais

conhecimento e ajuda os alunos a desenvolverem outras capacidades

importantes para o seu futuro? Explica e dá exemplos.

R: Acho que sim e daqui para a frente vai ser cada vez mais importante

porque vivemos numa sociedade de conhecimento e quanto mais acesso

tivermos a ele melhor. Os jovens que procuram informações e pesquisam

assuntos através das novas tecnologias vão estar mais bem preparados para

o futuro.

14. Preocupas-te com as questões sociais e políticas? Sentes-te

responsável por essas questões e fazes alguma coisa para tentar mudar

ou tentas resolver situações problemáticas? Como?

75

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

R: Tenho conhecimento sobre alguns assuntos, mas nunca fiz parte de nada

nem mudei assim a minha atitude, por enquanto, relativamente às coisas que

correm mal no país e no mundo.

15. Já mobilizaste alguma iniciativa ou organizaste algum evento através

das redes sociais/facebook? Se sim, de que tipo e com que objetivo?

R: Sim, a organização de eventos desportivos com os meus colegas e falar

com pessoas de iniciativas de surf que há pelo país.

16. Já alguma vez aderiste ou participaste em algum evento social ou

político? Se sim, especifica.

R: Ainda não.

17. O que achas das manifestações e das problemáticas sociopolíticas

discutidas nas redes sociais? Já participaste em alguma? Como? Em

termos de mudança, achas que teve algum impacto? Em que medida?

R: Concordo que as pessoas se manifestem e tentem mudar o que está mal,

mas não sei até que ponto isso faz alguma diferença. Como assim? Não sei

se os governantes ligam alguma coisa a isso.

Entrevistado 4

1. Porque é que abandonaste a escola?

- Muito por falta de fundo monetário, é complicado estudar hoje em dia. Por

isso é que a única maneira que encontrei de poder acabar o 12º ano foi faze-

lo a noite neste curso para poder trabalhar de dia e ter o meu próprio trabalho

e não andar sempre a pedir dinheiro aos meus pais.

2. Porque é que optaste por este curso?

- O curso acabou por me abrir uma grande oportunidade, visto que, como

trabalhava de dia, não disponibilizava de muito tempo, para além do fato de

não ter concluído uma disciplina, o pouco tempo de formação juntou o útil ao

agradável e penso que optei pela escolha mais correta. Qual foi o tempo de

duração do curso? Por ser o tipo C, em que só entrava que tivesse o 11º

ano completo, foram 300 horas que deram mais ou menos de Janeiro a Junho

de 2012.

3. O que estás a fazer agora?

- Neste momento estou em Évora, a tirar um curso de Especialização

Tecnologia de Treino Desportivo de Jovens Atletas. Que tipo de curso é

76

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

esse? É um CET que funciona na Universidade de Évora, depois deste dá-

me alguns créditos para continuar para uma Licenciatura na área do

Desporto, era mesmo o que queria fazer.

4. Achas que as matérias que deste no curso são mais importantes para o

teu dia-a-dia que as que tiveste nos anos anteriores? Porquê?

- No modo geral não, pois vim de Ciências e Tecnologias e acaba por ser um

curso mais completo porque tem mais disciplinas e agora dar-me-iam jeito

para ir depois deste curso que frequentou agora, para ir para o ensino

superior, mas aprendi muitas coisas no EFA, bastante práticas no dia-a-dia.

Como assim? Sei lá, a desenrascar-me melhor, a tomar a iniciativa de

continuar a estudar e a decidir sobre o futuro que quero para mim, por

exemplo.

5. Adquiriste mais conhecimentos por trabalhares de uma forma mais

autónoma?

- Sim sem dúvida, no curso basicamente éramos “obrigados” a apresentar

trabalho, eu como uma pessoa que nunca tinha estudado muito, ajudou-me a

criar novas metodologias de trabalho e a mexer-me mais, ir à procura, ter

iniciativa para investigar e criar mais.

6. Adquiriste mais conhecimentos para trabalhares em equipa e em

colaboração com outros alunos? Se sim, explica como?

- Numa perspetiva geral já possuía algumas capacidades que tem a ver com

a minha maneira de ser, mas adquiri muitos conhecimentos nesse aspeto, a

interligação com outros países e os projetos desenvolvidos por nós, deram-

me uma imagem bem mais abrangente do que podemos alcançar e do

número de oportunidades que estão lá fora e ao nosso alcance..

7. Sentiste-te mais motivado neste tipo de curso? Explica como mudou a

sua atitude face as tuas obrigações escolares (se faltavas menos às

aulas, se te empenhavas mais nos trabalhos, se estavas mais atento e

concentrado, ….).

- Não mudou muito, mas só de pensar que é uma das boas oportunidades

que temos para alcançar os nossos objetivos, porque não ter motivação e

tentar fazer tudo certo.

8. Melhoraste as tuas notas neste curso? Se sim, indica o que motivou.

77

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

- Por acaso não, mas muito por falta de disponibilidade, de trabalhar ao

mesmo tempo e não poder empenhar-me assim tanto nos trabalhos.

9. Como era a tua relação com os professores, no curso? E quais as

vantagens que isso trouxe?

- Apesar de algumas controvérsias, acabou por ser positiva, quando precisei

de ajuda numa determinada situação senti muita motivação e confiança por

parte de alguns professores o que me animou muito em tempo difíceis, mas é

de conhecimento geral que os feedbacks professor-aluno, aluno-professor

são muito importantes no desenvolvimento das capacidades dos alunos, e foi

completamente o que senti durante o curso. Então sentias os Professores,

digamos que “próximos” de ti? Sim, eu vejo as coisas como que um trabalho

de equipa, nós os responsáveis e o Professor o nosso Orientador ou Guia.

10. Achas que, desde que frequentas o curso, passaste a ter uma atitude

mais crítica e participativa nas questões da sociedade (se passaste a

preocupar-te ou a defender causas relacionadas por exemplo com a

proteção do ambiente, se estás mais atento às problemáticas sociais

como a pobreza e o desemprego e se já fizeste algo para ajudar

alguém,….). Dá exemplos.

- Uma pessoa não é completa, é normal que muitas das mensagens

transmitidas já tenham sido recebidas, mas aspetos fundamentais acerca

destes problemas nunca são demais. Valorizo mas “não me preocupo muito

com certas coisas, para já”.

11. Sentes que passaste a ter mais competências que te ajudam a lidar com

as exigências da sociedade? Ultrapassar problemas, lidar com conflitos

interpessoais, tomar iniciativas … Dá exemplos.

- Penso que não, isso não se ganha em 6 meses, as competências demoram

muito mais tempo a ser desenvolvidas e se não houver iniciativa própria mais

dificilmente será.

12. Em que medida é que as aprendizagens que fizeste te têm ajudado na

tua integração na vida ativa? Por exemplo, em arranjar emprego, a

procurar um estágio, a progredir na carreira ou mudar de trabalho, a

participar em iniciativas sociais, a criar e levar a cabo projetos pessoais

e sociais (integrar num grupo sociocultural, (re) começar uma

modalidade desportiva,…). Exemplifica.

78

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

- Sinceramente se tem, não me apercebi, mas como me trouxeram aqui hoje

penso que tem me ajudado muito, deram-me motivação e confiança, mas o

que é certo é que o curso me ajudou muito e transmitiu me muitas

aprendizagens ou no meu caso as desenvolveu.

13. Achas que o ensino, através das redes sociais, promove mais

conhecimento e ajuda os alunos a desenvolverem outras capacidades

importantes para o seu futuro? Explica e dá exemplos.

- Sim as redes sociais cada vez interagem mais com a vida de cada ser

humano, o fato de haver uma relação internacional leva-nos a outro patamar

e enfatiza claramente a ideia da Aldeia Global, dai serem importantes na

formação dos alunos, pois ao fim ao cabo, irá ser o nosso futuro.

14. Preocupas-te com as questões sociais e políticas? Sentes-te

responsável por essas questões e fazes alguma coisa para tentar mudar

ou tentas resolver situações problemáticas? Como?

- Com os problemas da nossa sociedade atual é difícil não nos

preocuparmos, mas este curso mostrou me algumas bases de ideias

relativamente á organização governamental que eu desconhecia. Por

exemplo? Não me estou agora a lembrar de nenhuma em especifica mas

talvez estas coisas dos cortes no salários e aumento de bens consumíveis.

15. Já mobilizaste alguma iniciativa ou organizaste algum evento através

das redes sociais/facebook? De que tipo e com que objetivo?

- Curiosamente já, neste novo passo da minha vida, procuro ser muito mais

dinâmico e evoluir as minhas capacidades, logo tive muita motivação e

empenho em criar eventos e grupos com os meus colegas de turma do curso

atual, com o objetivo de facilitar a comunicação entre a turma.

16. Já alguma vez aderiste ou participaste em algum evento social ou

político? Especifica.

- Ainda não, mas penso seriamente em participar na Associação de

Estudantes da Universidade.

17. O que achas das manifestações e das problemáticas sociopolíticas

discutidas nas redes sociais? Já participaste em alguma? Como? Em

termos de mudança, achas que teve algum impacto? Em que medida?

- Sinceramente não me oponho a muitas das ideias que são colocadas e ao

que é dito, sobre o que está a acontecer no nosso pais, mas posso dizer com

79

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

grande orgulho que não vou lá mandar “bitaites” ou chamar nomes aos

órgãos sociais, penso que é uma falta de senso comum, criticar sem

apresentar uma ideia concreta ou uma solução… sim encontro-me muito

indignado com a situação, mas o fato de andar julgar os outros não me vai

fazer sentir melhor. Se as pessoas pensam em mudar o pais e mudar o que

está mal, sigam as leis e as regras e tentem lutar contra o sistema com as leis

do sistema, é a única solução possível, não é queixar e não fazer nada para o

resolver.

Entrevistado 5

1. Porque é que abandonaste a escola?

Eu não tinha abandonado a escola, estava no 12º ano, (primeira vez), do

curso de Ciências e Tecnologias mas não tinha matemática de 11º ano feita e

aproveitei o curso para acabar o secundário.

2. Porque é que optaste por este curso?

Optei por este curso porque era via mais rápida para ingressar na faculdade,

caso contrário tinha de ficar no secundário mais um ano para completar

matemática A ou fazer por exame e era mais difícil.

3. O que está a fazer agora?

Neste momento estou no Ensino Superior a tirar uma Licenciatura, fiz os

exames e entrei na 1ª fase.

4. Achas que as matérias que deste no curso são mais importantes para o

teu dia-a-dia que as que tiveste nos anos anteriores? Porquê?

De uma certa forma sim, porque as matérias do curso EFA escolar são

matérias mais viradas para a vida em sociedade, adquirimos conhecimentos

que na escola “normal” não aprendíamos como por exemplo o código de

trabalho ou a consulta da constituição portuguesa, entre outros.

5. Adquiriste mais conhecimentos por trabalhares de uma forma mais

autónoma?

Sim. Porque neste curso a maioria dos trabalhos são de resolução autónoma,

tendo só as instruções iniciais do professor. Isto fez com que tivéssemos de

trabalhar bastante em equipa e em grupo. Para mim é bom porque agora na

Universidade também tenho de fazer muitos trabalhos de grupo.

80

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

6. Adquiriste mais conhecimentos para trabalhares em equipa e em

colaboração com outros alunos? Como?

Penso que não tanto, porque no ensino normal que frequentei antes esta

vertente do trabalho em grupo já era bastante desenvolvida.

7. Sentes-te mais motivado neste tipo de curso? Explica como mudou a

sua atitude face as tuas obrigações escolares (se faltas menos às aulas,

se te empenhas mais nos trabalhos, se estás mais atento e concentrado,

….).

Neste caso senti, visto que era a minha última hipótese de ingressar no

próximo ano lectivo na faculdade, mas de facto a metodologia usada é mais

atrativa do que o ensino normal, o que faz com que, claro, uma pessoa ganhe

mais entusiasmo para ir às aulas e fazer os trabalhos.

8. Melhoraste as tuas notas neste curso? Se sim, indica o que motivou.

Neste curso não havia notas quantitativas mas sim qualitativas não se

podendo comparar propriamente, mas o meu interesse era o mesmo. Mesmo

assim subi um bocadinho, por ser mais prático, talvez.

9. Como era a tua relação com os professores, no curso? E quais as

vantagens que isso trouxe?

A relação com os professores era ótima, o que este curso tem a destacar é

uma relação com o professor mais próxima do que no ensino normal. As

vantagens são ao nível da motivação interesse, etc.

10. Achas que, desde que frequentas o curso, passaste a ter uma atitude

mais crítica e participativa nas questões da sociedade (se passaste a

preocupar-te ou a defender causas relacionadas por exemplo com a

proteção do ambiente, se estás mais atento às problemáticas sociais

como a pobreza e o desemprego e se já fizeste algo para ajudar

alguém,….). Dá exemplos.

Não, eu já tinha essa atitude, de falar e discutir sobre estes assuntos e

defender pontos de vista sempre que possível.

11. Sentes que passaste a ter mais competências que te ajudam a lidar com

as exigências da sociedade? Ultrapassar problemas, lidar com conflitos

interpessoais, tomar iniciativas … Dá exemplos.

Não, penso que a esse nível não. Já tinha mais ou menos uma postura assim

e continuei a ter.

81

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

12. Em que medida é que as aprendizagens que fizeste te têm ajudado na

tua integração na vida ativa? Por exemplo, em arranjar emprego, a

procurar um estágio, a progredir na carreira ou mudar de trabalho, a

participar em iniciativas sociais, a criar e levar a cabo projetos pessoais

e sociais (integrar num grupo sociocultural, (re)começar uma

modalidade desportiva,…). Exemplifica.

As aprendizagens têm me ajudado na vertente da autonomia, na resolução de

dúvidas ou problemas a nível escolar e na adaptação à Universidade e a

pessoas diferentes porque no EFA nos trabalhávamos em rede com pessoas

dos outros países.

13. Achas que o ensino, através das redes sociais, promove mais

conhecimento e ajuda os alunos a desenvolverem outras capacidades

importantes para o seu futuro? Explica e dá exemplos.

Neste curso tivemos contacto com vários países vimos novas formas de

trabalho e outros pontos de vista e para além de ter sido uma atividade

extremamente enriquecedora.

14. Preocupas-te com as questões sociais e políticas? Sentes-te

responsável por essas questões e fazes alguma coisa para tentar mudar

ou tentas resolver situações problemáticas? Como?

Sim de todo. Nós como cidadãos de uma sociedade devemos de ter uma

atitude crítica porque de certa forma somos responsáveis por ela. Sou

membro de vários grupos sociais que tentam por exemplo apaziguar as

desigualdades da sociedade e ajudar os mais necessitados, é a minha forma

de tentar resolver esta situação.

15. Já mobilizaste alguma iniciativa ou organizaste algum evento através

das redes sociais/facebook? De que tipo e com que objetivo?

Não. Porquê? Mais por falta de tempo, mas agora depois desta fase inicial da

entrada na Universidade vou começar a fazê-lo.

16. Já alguma vez aderiste ou participaste em algum evento social ou

político? Especifica.

Sim. Congresso de jovens de um partido, etc.

17. O que achas das manifestações e das problemáticas sociopolíticas

discutidas nas redes sociais? Já participaste em alguma? Como? Em

termos de mudança, achas que teve algum impacto? Em que medida.

82

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

Sim já participei em algumas mas na vertente de discussão e da troca de

ideias. Eu sou a favor da livre manifestação das pessoas mas de uma forma

cívica e controlada. Acho que em termos de mudança a opinião de cada um

não conta muito e não altera muito pois cada pessoa tem uma opinião

diferente, o que pode mudar é a massificação de uma opinião geral.

Entrevistado 6

1. Porque é que abandonaste a escola?

R: Eu já tinha deixado de estudar há 2 anos porque desmotivei um bocado na

altura em que estudava de dia, com a área que tinha escolhido e a dificuldade

que estava a ter a algumas disciplinas. Como arranjei trabalho num

supermercado fui ficando.

2. Porque é que optaste por este curso?

R: Eu tinha na altura procurado várias respostas para acabar a escola e a que

me pareceu mais interessante e relativamente rápido. Quando me explicaram

como funcionava o programa do curso achei que podia ser mais motivador.

3. O que estás a fazer agora?

R: Trabalho ainda no supermercado mas penso candidatar-me à

Universidade.

4. Achas que as matérias que deste no curso eram mais importantes para o

teu dia-a-dia que as que tiveste nos anos anteriores? Porquê?

R: Para mim que já estava um bocado farta do ensino normal que era só

despejar teorias, achei as matérias muito mais interessantes e úteis para o

nosso futuro e para o nosso dia-a-dia. Acho que saímos todos mais ricos e

com perspectivas mais abertas em relação ao futuro.

5. Adquiriste mais conhecimentos por trabalhares de uma forma mais

autónoma?

R: Sim, sem dúvida e noto isso no meu trabalho e na relação com os meus

colegas e clientes. Nós no curso éramos incentivados a desenvolver trabalhos

com outras pessoas e de outros países e isso implicava comunicarmos uns

com os outros e sermos dinâmicos.

6. Adquiriste mais conhecimentos para trabalhares em equipa e em

colaboração com outros alunos? Se sim, como?

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Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

R: Sim, como eu falei os trabalhos exigiam trabalho em equipa e tínhamos

que saber lidar com pessoas diferentes e conhecer os pontos de vista

diferentes do nosso e respeita-los.

7. Sentes-te mais motivado neste tipo de curso? Explica como mudou a tua

atitude face as tuas obrigações escolares (se faltas menos às aulas, se

te empenhas mais nos trabalhos, se estás mais atento e concentrado,

….).

R: Apesar de não gostar muito de andar na escola durante o dia, nunca fui

muito de faltar mas estava muito menos interessada. Neste curso senti-me

mais motivada e empenhei-me mais.

8. Melhoraste as tuas notas neste curso? Se sim, indica o que motivou.

R: Melhorei porque tinha muito mais empenho a fazer os trabalhos.

9. Como era a tua relação com os professores, no curso? E quais as

vantagens que isso trouxe?

R: Na escola diurna eu acho que os Professores preocupam-se demasiado

em dar matéria e não havia muito tempo para fazermos trabalhos de grupo ou

visitas, aqui neste curso o professor parece que tem uma forma diferente de

agir connosco, dá-nos mais responsabilidade mas também à vontade para

sermos nós a pesquisar as matérias e ai não stressa tanto com o tempo e

com as avaliações.

10. Achas que, desde que frequentaste o curso, passaste a ter uma atitude

mais crítica e participativa nas questões da sociedade (se passaste a

preocupar-te ou a defender causas relacionadas por exemplo com a

proteção do ambiente, se estás mais atento às problemáticas sociais

como a pobreza e o desemprego e se já fizeste algo para ajudar

alguém,….). Dá exemplos.

R: Sim, embora eu já fizesse parte de grupos de voluntariado do Banco

Alimentar porque andei nos escuteiros, acho que agora estou ainda mais

empenhada nas questões sociais porque como fiz trabalhos com outros

alunos de outros países deu para perceber mais de perto a realidade das

dificuldades de certos grupos desfavorecidos.

84

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

11. Sentes que passaste a ter mais competências que te ajudam a lidar com

as exigências da sociedade? Ultrapassar problemas, lidar com conflitos

interpessoais, tomar iniciativas … Dá exemplos.

R: Sim, estou mais confiante pelo desafio constante que éramos sujeitos

durante o curso.

12. Em que medida é que as aprendizagens que fizeste te têm ajudado na

tua integração na vida ativa? Por exemplo, em arranjar emprego, a

procurar um estágio, a progredir na carreira ou mudar de trabalho, a

participar em iniciativas sociais, a criar e levar a cabo projetos pessoais

e sociais (integrar num grupo sociocultural, (re)começar uma

modalidade desportiva,…). Exemplifica.

R: No trabalho estou na mesma mas na parte social estou mais ativa e tenho

vontade de fazer alguma coisa. Talvez vá para um curso de Serviço Social.

13. Achas que o ensino, através das redes sociais, promove mais

conhecimento e ajuda os alunos a desenvolverem outras capacidades

importantes para o seu futuro? Explica e dá exemplos.

R: Sem dúvida que o conhecimento se faz através de recolha e partilha de

informações, daí estas tecnologias serem uma boa aposta nas escolas. Os

fóruns temáticos por exemplo são uma boa forma de nos esclarecermos

acerca de certos assuntos.

14. Preocupas-te com as questões sociais e políticas? Sentes-te

responsável por essas questões e fazes alguma coisa para tentar mudar

ou tentas resolver situações problemáticas? Como?

R: Sim, já disse que faço recolha de alimentos e se tivesse mais tempo fazia

mais coisas.

15. Já mobilizaste alguma iniciativa ou organizaste algum evento através

das redes sociais/facebook? Se sim, de que tipo e com que objetivo?

R: Nunca tomei a iniciativa mas quando são partilhados alertas no facebook

para ajudar algumas causas eu partilho também nem que seja para fazer

circular a informação.

16. Já alguma vez aderiste ou participaste em algum evento social ou

político? Se sim, especifica.

R: Só no Banco Alimentar nacional.

85

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

17. O que achas das manifestações e das problemáticas sociopolíticas discutidas

nas redes sociais? Já participaste em alguma? Como? Em termos de

mudança, achas que teve algum impacto? Em que medida?

R: Acho bem, as pessoas devem ter iniciativa para lutar pelos seus direitos e

as iniciativas acabam sempre por fazer a diferença.

Entrevistado 7

1. Porque é que abandonaste a escola?

R: Eu não deixei a escola, apenas fiquei com uma disciplina por terminar no

12º ano e decidi, em vez de ir a exame, frequentar o curso, também em parte

para ganhar mais tempo para me candidatar à Universidade.

2. Porque é que optaste por este curso?

R: Foi como eu disse atrás e como também não era assim muito tempo …..

3. O que está a fazer agora?

R: Estou na Universidade.

4. Achas que as matérias que deste no curso são mais importantes para o

teu dia-a-dia que as que tiveste nos anos anteriores? Porquê?

R: Para o nosso dia-a-dia sim porque não são só matérias teóricas, tem

também uma componente prática que aborda temas da atualidade que nos

preparam para o futuro em sociedade e também nos alertam para algumas

coisas.

5. Adquiriste mais conhecimentos por trabalhares de uma forma mais

autónoma?

R: Sim, alguns porque quando nós ganhamos a prática de pesquisar e

explorar temas sem estarmos só dependentes da transmissão do

conhecimento dos professores, acabamos por ganhar.

6. Adquiriste mais conhecimentos para trabalhares em equipa e em

colaboração com outros alunos? Se sim, como?

R: Pode-se dizer que também porque tive a sorte de fazer trabalhos muito

interessantes e com outros alunos de outros países e para os resultados

serem bons tínhamos que colaborar da melhor forma e saber trabalhar em

equipa.

86

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

7. Sentes-te mais motivado neste tipo de curso? Explica como mudou a

sua atitude face as tuas obrigações escolares (se faltas menos às aulas,

se te empenhas mais nos trabalhos, se estás mais atento e concentrado,

….).

R: As minhas obrigações escolares sempre foram cumpridas…eu queria ir

para a Universidade e como não estava a conseguir tirar uma boa média à

disciplina que deixei, acabei por anular a matricula, daí ter ido depois para o

curso e continuei a cumprir as minhas obrigações.

8. Melhoraste as tuas notas neste curso? Se sim, indica o que motivou.

R: Melhorei, as matérias também não são difíceis, dão trabalho mas fazem-se

bem.

9. Como era a tua relação com os professores, no curso? E quais as

vantagens que isso trouxe?

R: A minha relação com os professores, quer de dia, quer à noite sempre foi

boa, é só por dizer que com estes do EFA há uma relação mais próxima.

10. Achas que, desde que frequentaste o curso, passaste a ter uma atitude

mais crítica e participativa nas questões da sociedade (se passaste a

preocupar-te ou a defender causas relacionadas por exemplo com a

proteção do ambiente, se estás mais atento às problemáticas sociais

como a pobreza e o desemprego e se já fizeste algo para ajudar

alguém,….). Dá exemplos.

R: Eu já tinha algumas porque fiz parte da Associação de Estudantes quando

andava durante o dia e agora como estou na área da saúde, estou mais

atenta relativamente a uma problemática atual que é a da 3ª idade e resolvi

começar a fazer voluntariado para uma associação.

11. Sentes que passaste a ter mais competências que te ajudam a lidar com

as exigências da sociedade? Ultrapassar problemas, lidar com conflitos

interpessoais, tomar iniciativas … Dá exemplos.

R: Não foi em 6 meses que desenvolvi estas competências, já tinha algumas

e agora com a faculdade e depois o trabalho espero desenvolver outras.

12. Em que medida é que as aprendizagens que fizeste te têm ajudado na

tua integração na vida ativa? Por exemplo, em arranjar emprego, a

procurar um estágio, a progredir na carreira ou mudar de trabalho, a

participar em iniciativas sociais, a criar e levar a cabo projetos pessoais

87

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

e sociais (integrar num grupo sociocultural, (re)começar uma

modalidade desportiva,…). Exemplifica.

R: Acho que foi só a parte de entrar no grupo de voluntariado porque já antes

queria ir para a faculdade e depois vou querer fazer um estágio do meu curso.

13. Achas que o ensino, através das redes sociais, promove mais

conhecimento e ajuda os alunos a desenvolverem outras capacidades

importantes para o seu futuro? Explica e dá exemplos.

R: Sim, as novas tecnologias estão a assumir um papel importante na

sociedade e daí na educação. A informação que circula e a partilha de

conhecimentos facilita, sem dúvida, a aprendizagem.

14. Preocupas-te com as questões sociais e políticas? Sentes-te

responsável por essas questões e fazes alguma coisa para tentar mudar

ou tentas resolver situações problemáticas? Como?

R: Sim preocupo e como disse faço voluntariado numa associação de apoio

ao idoso.

15. Já mobilizaste alguma iniciativa ou organizaste algum evento através

das redes sociais/facebook? Se sim, de que tipo e com que objetivo?

R: Sim, já divulguei uma atividade que desenvolvemos na associação e

convidei pessoas a aderir.

16. Já alguma vez aderiste ou participaste em algum evento social ou

político? Se sim, especifica.

R: Sim, este na associação que foi a comemoração do dia do idoso.

17. O que achas das manifestações e das problemáticas sociopolíticas

discutidas nas redes sociais? Já participaste em alguma? Como? Em

termos de mudança, achas que teve algum impacto? Em que medida?

R: Acho muito bem e se eu tivesse mais tempo intervinha ou tomava a

iniciativa de promover algumas iniciativas que são tão importantes como é o

caso da luta contra o cancro ou as famílias pobres. Faz sempre a diferença,

nem que seja para ganhar fundos de apoio e a sensibilização de todos para

não ficarmos indiferentes.

Entrevistado 8

1. Porque é que abandonaste a escola?

88

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

R: Eu sempre tive alguma dificuldade em gostar da escola, por mi tinha ido

logo trabalhar depois do 9º ano mas com alguma pressão dos meus pais fui

fazendo o secundário até me fartar e deixar o 12º ano a meio.

2. Porque é que optaste por este curso?

R: Como não estava a ser fácil encontrar emprego achei que era melhor

acabar o 12º ano, talvez ajudasse e depois como eram só 6 meses passava

rápido e também porque me tinham dito que era mais interessante, fazer pela

Internet os trabalhos do curso.

3. O que está a fazer agora?

R: Estou à procura de emprego, não está fácil. Se não arranjar nada se calhar

vou tirar um curso profissional não sei bem em quê.

4. Achas que as matérias que deste no curso são mais importantes para o

teu dia-a-dia que as que tiveste nos anos anteriores? Porquê?

R: Mais interessantes sem dúvida e importantes também. Os temos estão

muito relacionados com a vida atual.

5. Adquiriste mais conhecimentos por trabalhares de uma forma mais

autónoma?

R: Sim, alguns. Por exemplo? Comecei por exemplo agora a pesquisar

ofertas de emprego mais na Internet e a concorrer aos concursos públicos, a

enviar currículos também pela net.

6. Adquiriste mais conhecimentos para trabalhares em equipa e em

colaboração com outros alunos? Se sim, como?

R: Tive de fazer muitos trabalhos em grupo e foi muito interessante esses

trabalhos serem feitos com alunos de outros países mas acho que sempre

colaborei bem com os outros.

7. Sentes-te mais motivado neste tipo de curso? Explica como mudou a

sua atitude face as tuas obrigações escolares (se faltas menos às aulas,

se te empenhas mais nos trabalhos, se estás mais atento e concentrado,

….).

R: Sim, apliquei-me mais porque as aulas não eram tão aborrecidas e

também não faltava tanto.

8. Melhoraste as tuas notas neste curso? Se sim, indica o que motivou.

R: Penso que sim.

89

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

9. Como era a tua relação com os professores, no curso? E quais as

vantagens que isso trouxe?

R: A relação da turma toda com os professores era muito boa, parecia que

estavam ali para nos incentivar e dar apoio, ao contrário dos professores da

escola diurna que só se preocupam em dar matéria.

10. Achas que, desde que frequentaste o curso, passaste a ter uma atitude

mais crítica e participativa nas questões da sociedade (se passaste a

preocupar-te ou a defender causas relacionadas por exemplo com a

proteção do ambiente, se estás mais atento às problemáticas sociais

como a pobreza e o desemprego e se já fizeste algo para ajudar

alguém,….). Dá exemplos.

R: Nunca tive assim grande interesse em envolver-me nessas questões mas

respeito quem o faça.

11. Sentes que passaste a ter mais competências que te ajudam a lidar com as

exigências da sociedade? Ultrapassar problemas, lidar com conflitos

interpessoais, tomar iniciativas … Dá exemplos.

R: Talvez sim, nos seis meses de curso foi incentivado a acreditar em mim

próprio para fazer os trabalhos de forma autónoma e responsável e isso

agora dá-me mais motivação para procurar emprego.

12. Em que medida é que as aprendizagens que fizeste te têm ajudado na

tua integração na vida ativa? Por exemplo, em arranjar emprego, a

procurar um estágio, a progredir na carreira ou mudar de trabalho, a

participar em iniciativas sociais, a criar e levar a cabo projetos pessoais

e sociais (integrar num grupo sociocultural, (re)começar uma

modalidade desportiva,…). Exemplifica.

R: Estou a fazer uma procura ativa de emprego e não desisto. Em relação às

atividades não tenho feito nada. Como faz a procura ativa de emprego? Vou

ao Centro de Emprego, mando currículos e cartas de apresentação, pesquiso

na net ofertas online.

13. Achas que o ensino, através das redes sociais, promove mais

conhecimento e ajuda os alunos a desenvolverem outras capacidades

importantes para o seu futuro? Explica e dá exemplos.

R: Acho que sim porque a tendência no futuro é estar tudo informatizado e

quem não se desenrasca com as novas tecnologias fica para trás.

90

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

14. Preocupas-te com as questões sociais e políticas? Sentes-te

responsável por essas questões e fazes alguma coisa para tentar mudar

ou tentas resolver situações problemáticas? Como?

R: Não muito.

15. Já mobilizaste alguma iniciativa ou organizaste algum evento através

das redes sociais/facebook? Se sim, de que tipo e com que objetivo?

R: Não.

16. Já alguma vez aderiste ou participaste em algum evento social ou

político? Se sim, especifica.

R: Não. Só adiro à vezes aos convites para festas que me fazem no

facebook.

17. O que achas das manifestações e das problemáticas sociopolíticas

discutidas nas redes sociais? Já participaste em alguma? Como? Em

termos de mudança, achas que teve algum impacto? Em que medida?

R: Acho que sim, que as pessoas devem manifestar-se se não concordam

com algo. Se nos acomodarmos todos, como eu (riso), então é que não

chegamos a lado nenhum. Já ouvi falar de manifestações em que se

conseguiu mudar alguma coisa, como foi aquilo da avaliação dos professores,

por exemplo. De resto não me lembro de mais nada.

Entrevistado 9

1. Porque é que abandonaste a escola?

R: Não abandonei a escola, apenas não conseguir fazer duas disciplinas

do secundário e decidi que o melhor era mesmo recorrer a este curso

para completar o 12º ano.

2. Porque é que optaste por este curso?

R: Optei por este curso porque não consegui acabar o 12º no ensino

regular, então decidi tentar com o EFA, e consegui. E porque não outra

alternativa? Porque não tinha muita motivação para frequentar as

disciplinas novamente, nem para fazer exames e este era relativamente

pouco tempo e com um método mais aliciante.

3. O que está a fazer agora?

R: Neste momento estou a frequentar um curso de Massagista, mas o

que quero seguir é Fisioterapia no Ensino Superior.

91

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

4. Achas que as matérias que deste no curso são mais importantes para o teu

dia-a-dia que as que tiveste nos anos anteriores? Porquê?

R: Não sei se são mais importantes, mas que também foram difíceis,

foram, a única coisa que tinha de vantajoso era não termos testes de

avaliação.

5. Adquiriste mais conhecimentos por trabalhares de uma forma mais

autónoma?

R: Por um lado sim, mas também reconheço que ao não termos de

estudar para os exames a matéria não nos fica tao presente na cabeça.

6. Adquiriste mais conhecimentos para trabalhares em equipa e em colaboração

com outros alunos? Como?

R: Sim, ao trabalharmos em equipa é sempre mais fácil e ajuda-nos a ser

mais autónomos e responsáveis por aquilo que estamos a fazer, devido

a que cada um tinha uma tarefa para fazer e isso dava-nos mais trabalho

e responsabilidade.

7. Sentes-te mais motivado neste tipo de curso? Explica como mudou a sua

atitude face as tuas obrigações escolares (se faltas menos às aulas, se te

empenhas mais nos trabalhos, se estás mais atento e concentrado, ….).

R: Não estava mais atenta e concentrada, mas ao saber que tinha de

fazer aqueles trabalhos todos para conseguir passar deu-me muita

motivação para alcançar o objetivo e o facto de estarmos sempre a

pesquisar também de certa forma nos dá mais vontade de pesquisar

mais e mais sobre os assuntos. O caso de faltar às aulas, só faltava

quando tinha mesmo de ser, acho que isso é igual ao ensino regular,

temos sempre responsabilidades.

8. Melhoraste as tuas notas neste curso? Se sim, indica o que motivou.

R: Sim melhorei as notas, motivou-me o facto de pensar que ia

conseguir acabar o 12º ano e com isso ter mais força de vontade para

estudar.

9. Como era a tua relação com os professores, no curso? E quais as vantagens

que isso trouxe?

R: A minha relação com os professores num modo geral era boa, tentava

sempre falar com eles para me ajudarem da melhor forma e eles viam

que estava emprenhada e isso trouxe muitas vantagens porque eu

92

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

estava a dar-lhes um sinal de como queria acabar o 12º da melhor forma

e com a ajuda deles.

10. Achas que, desde que frequentas o curso, passaste a ter uma atitude mais

crítica e participativa nas questões da sociedade (se passaste a preocupar-te

ou a defender causas relacionadas por exemplo com a proteção do ambiente,

se estás mais atento às problemáticas sociais como a pobreza e o

desemprego e se já fizeste algo para ajudar alguém,….). Dá exemplos.

R: Não isso acha que não, acho que nesse aspeto me sinto igual ao

tempo em que andava no ensino regular.

11. Sentes que passaste a ter mais competências que te ajudam a lidar com as

exigências da sociedade? Ultrapassar problemas, lidar com conflitos

interpessoais, tomar iniciativas … Dá exemplos.

R: Talvez, também devido aos trabalhos de grupo que fazíamos que

eram muitos, por exemplo mais para o fim do curso tomava muitas

iniciativas e dava ideias aos colegas de como fazer as coisas e talvez no

início do curso não fosse tanto assim.

12. Em que medida é que as aprendizagens que fizeste te têm ajudado na tua

integração na vida ativa? Por exemplo, em arranjar emprego, a procurar um

estágio, a progredir na carreira ou mudar de trabalho, a participar em

iniciativas sociais, a criar e levar a cabo projetos pessoais e sociais (integrar

num grupo sociocultural, (re)começar uma modalidade desportiva,…).

Exemplifica.

R: As aprendizagens que fiz levaram-me a procurar o curso que gostava

e a seguir em frente que é o de fisioterapia e também me motivou no fim

do curso a procurar um estagio e talvez um emprego na área no final do

curso.

13. Achas que o ensino, através das redes sociais, promove mais conhecimento

e ajuda os alunos a desenvolverem outras capacidades importantes para o

seu futuro? Explica e dá exemplos.

R: É possível, também devido às línguas, que acho que foi o principal a

nível das redes sociais porque em todo o mundo se fala diversas línguas

e isso fez com que nós tivéssemos de aprender a falar um pouco de

tudo ou pelo menos a tentar.

93

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

14. Preocupas-te com as questões sociais e políticas? Sentes-te responsável por

essas questões e fazes alguma coisa para tentar mudar ou tentas resolver

situações problemáticas? Como?

R: Não me preocupo muito com esse tema, não é um tema que me

entusiasme e cada vez me interessa menos devido aos problemas do

nosso país. Contudo, talvez devesse ser ao contrário, mas sinceramente

não consigo ter interesse no mesmo.

15. Já mobilizaste alguma iniciativa ou organizaste algum evento através das

redes sociais/facebook? De que tipo e com que objetivo?

R: Já, por exemplo festas, o facebook é uma rede social ótima para

promover festas/eventos com o objetivo das pessoas participarem e

aderirem cada vez mais.

16. Já alguma vez aderiste ou participaste em algum evento social ou político? Se

sim, especifica.

R: Não, nunca.

17. O que achas das manifestações e das problemáticas sociopolíticas discutidas

nas redes sociais? Já participaste em alguma? Como? Em termos de

mudança, achas que teve algum impacto? Em que medida?

R: O facto das manifestações e das problemáticas sociopolíticas serem

discutidas nas redes sociais faz com cheguem a mais pessoas de uma

modo mais rápido e o facto de chegarem a mais pessoas resulta a que

na prática mais pessoas participem nas manifestações e tenham uma

opinião política. Nunca participei em nenhuma manifestação, mas

apesar disso acho que podem ter algum impacto a nível social.

Entrevistado 10

1. Porque é que abandonaste a escola?

R: Não abandonei a escola, apenas não consegui fazer matemática A e optei

por outra solução de acabar o 12ºano. E porque esta solução? Pareceu-me

diferente, mais interessante.

2. Porque é que optaste por este curso?

R: Para concluir o 12º ano, uma vez que tinha uma disciplina por acabar.

3. O que está a fazer agora?

R: Estou na Universidade.

94

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

4. Achas que as matérias que deste no curso são mais importantes para o

teu dia-a-dia que as que tiveste nos anos anteriores? Porquê?

R: Em algumas matérias do curso sim. Porque abordamos mais questões

sobre a sociedade.

5. Adquiriste mais conhecimentos por trabalhares de uma forma mais

autónoma?

R: Sim, alguns. Por exemplo? A procurar o curso que frequento agora e a

perceber junto das entidades o que fazer para o frequentar.

6. Adquiriste mais conhecimentos para trabalhares em equipa e em

colaboração com outros alunos? Se sim, como?

R: Não. Porque no ensino regular já costumava trabalhar em equipa. Mas,

quando trabalhamos com outras pessoas aprendemos sempre com elas e

ainda por cima o curso implicava que fizéssemos trabalhos com alunos de

outros países e colegas de turma.

7. Sentes-te mais motivado neste tipo de curso? Explica como mudou a

sua atitude face as tuas obrigações escolares (se faltas menos às aulas,

se te empenhas mais nos trabalhos, se estás mais atento e concentrado,

….).

R: Senti porque queria muito concluir o 12º ano para poder ir para a

Universidade. Sem dúvida que me mudou porque permitia aprender coisas de

forma diferente e sei que ter um curso é muito importante para mim e aplico-

me muito mais, dou mais valor por ter esta oportunidade.

8. Melhoraste as tuas notas neste curso? Se sim, indica o que motivou.

R: Penso que mantive.

9. Como era a tua relação com os professores, no curso? E quais as

vantagens que isso trouxe?

R: A relação era boa. As vantagens são que tinha mais a vontade nas aulas e

corriam melhor.

10. Achas que, desde que frequentaste o curso, passaste a ter uma atitude

mais crítica e participativa nas questões da sociedade (se passaste a

preocupar-te ou a defender causas relacionadas por exemplo com a

proteção do ambiente, se estás mais atento às problemáticas sociais

como a pobreza e o desemprego e se já fizeste algo para ajudar

alguém,….). Dá exemplos.

95

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

R: Já tinha algumas e desde que frequentei o curso isso não mudou.

11. Sentes que passaste a ter mais competências que te ajudam a lidar com

as exigências da sociedade? Ultrapassar problemas, lidar com conflitos

interpessoais, tomar iniciativas … Dá exemplos.

R: Não sinto que o curso me tenha ajudado nisso. Só agora com a

experiência de vida é que me vou aperceber, talvez.

12. Em que medida é que as aprendizagens que fizeste te têm ajudado na

tua integração na vida ativa? Por exemplo, em arranjar emprego, a

procurar um estágio, a progredir na carreira ou mudar de trabalho, a

participar em iniciativas sociais, a criar e levar a cabo projetos pessoais

e sociais (integrar num grupo sociocultural, (re)começar uma

modalidade desportiva,…). Exemplifica.

R: Por enquanto em nada porque ainda quero acabar a faculdade, mas sei

que no final vou ter outro à vontade porque acostumei-me a ser responsável

pela elaboração de trabalhos e a tomar iniciativas de procurar e perceber as

coisas.

13. Achas que o ensino, através das redes sociais, promove mais

conhecimento e ajuda os alunos a desenvolverem outras capacidades

importantes para o seu futuro? Explica e dá exemplos.

R: Penso que ainda não. Por enquanto as redes sociais são só um meio de

comunicação em relação ao ensino, e fora do ensino sim podemos explorar

as redes sociais. No meu curso já foi um pouco explorado mas talvez daqui

para a frente todas as escolas estejam bem equipadas para promover um

ensino mais dinâmico através das redes sociais.

14. Preocupas-te com as questões sociais e políticas? Sentes-te

responsável por essas questões e fazes alguma coisa para tentar mudar

ou tentas resolver situações problemáticas? Como?

R: Sim preocupo mas nunca fiz nada para mudar isso.

15. Já mobilizaste alguma iniciativa ou organizaste algum evento através

das redes sociais/facebook? Se sim, de que tipo e com que objetivo?

R: Não.

16. Já alguma vez aderiste ou participaste em algum evento social ou

político? Se sim, especifica.

R: Não, que me lembre.

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Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

17. O que achas das manifestações e das problemáticas sociopolíticas

discutidas nas redes sociais? Já participaste em alguma? Como? Em

termos de mudança, achas que teve algum impacto? Em que medida?

R: Acho bem, é mais um meio de as pessoas se fazerem ouvir e mostrar que

estão revoltadas com a situação política, mas nunca tive a iniciativa de

participar em nenhuma.

Entrevistado 11

1.Porque é que abandonaste a escola?

R: Porque na altura das férias quando terminei o 11º ano apareceu uma

oportunidade de trabalho e acabei por ficar e foi então que depois resolvi

estudar à noite.

2.Porque é que optaste por este curso?

R: Um colega meu já tinha estado a frequentar o ano passado e achei bem

acabar o 12º ano assim de uma forma diferente, mais interessante e rápida.

3.O que estás a fazer agora?

R: Estou a trabalhar num escritório de advogados como assistente.

4.Achas que as matérias que deste no curso eram mais importantes para

o teu dia-a-dia que as que tiveste nos anos anteriores? Porquê?

R: Sim, são completamente diferentes. Acho que estas têm mais a ver com o

nosso quotidiano e prepara-nos, em certa parte, para a vida. As matérias da

escola “normal” são muito teóricas e muitas vezes não se percebe para que é

que servem.

5.Adquiriste mais conhecimentos por trabalhares de uma forma mais

autónoma?

R: Sim, e como eu comecei a trabalhar nas férias antes, este método de

trabalho, ao exigir mais de mim também fazia com que eu no escritório

adotasse uma postura mais responsável e proactiva.

6.Adquiriste mais conhecimentos para trabalhares em equipa e em

colaboração com outros alunos? Se sim, como?

R: Sem dúvida também, porque neste curso, ao trabalharmos em grupo

desenvolvemos a capacidade de trabalharmos em equipa e de uma forma

cooperada com vista num objetivo comum e o que faz também que nos

sejamos obrigados a respeitar o ponto de vista de outras pessoas diferentes.

97

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

7.Sentiste-te mais motivado neste tipo de curso? Explica como mudou a

tua atitude face as tuas obrigações escolares (se faltas menos às aulas,

se te empenhas mais nos trabalhos, se estás mais atento e concentrado,

….).

R: Eu era um pouco baldas durante o dia e neste curso mudei bastante

porque, mesmo estando cansada do trabalho, não me custava muito ir para

as aulas porque sabia que não corria tanto o risco de adormecer o professor a

falar porque estava mais ativa a fazer trabalhos.

8.Melhoraste as tuas notas neste curso? Se sim, indica o que motivou.

R: Melhorei porque empenhava-me muito mais. Eu gostava de fazer os

trabalhos, principalmente ligados à cidadania.

9.Como era a tua relação com os professores, no curso? E quais as

vantagens que isso trouxe?

R: Embora eu fosse uma aluna um pouco desmotivada durante o dia, nunca

dei assim muito trabalho e até me dava bem com os professores mas aqui há

uma relação mais próxima o que facilitava muito a dinâmica das aulas e até a

motivação dos alunos .

10.Achas que, desde que frequentaste o curso, passaste a ter uma

atitude mais crítica e participativa nas questões da sociedade (se

passaste a preocupar-te ou a defender causas relacionadas por exemplo

com a proteção do ambiente, se estás mais atento às problemáticas

sociais como a pobreza e o desemprego e se já fizeste algo para ajudar

alguém,….). Dá exemplos.

R: Tenho a certeza que sim, e ainda por cima como trabalho num gabinete de

advogados vou-me apercebendo dos casos que são defendidos,

principalmente da guarda de crianças e isto tem feito com que eu leia mais

coisas sobre as causas que vão aparecendo.

11.Sentes que passaste a ter mais competências que te ajudam a lidar

com as exigências da sociedade? Ultrapassar problemas, lidar com

conflitos interpessoais, tomar iniciativas … Dá exemplos.

R: Também acho que sim porque lá está vejo isso no meu trabalho. Sou a

mais nova lá mas como sou uma pessoa dinâmica e interessada, as pessoas

confiam em mim e deixam-me participar nos assuntos. Já me defendo melhor,

98

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

não sei se tem a ver diretamente com o curso mas é provável porque deu-me

muita liberdade para pensar sobre as coisas.

12.Em que medida é que as aprendizagens que fizeste te têm ajudado na

tua integração na vida ativa? Por exemplo, em arranjar emprego, a

procurar um estágio, a progredir na carreira ou mudar de trabalho, a

participar em iniciativas sociais, a criar e levar a cabo projetos pessoais

e sociais (integrar num grupo sociocultural, (re)começar uma

modalidade desportiva,…). Exemplifica.

R: Eu agora estou a fazer o estágio no escritório e espero muito bem que me

façam depois um contrato porque eu estou a interessar-me muito pelas

questões da advocacia e pela defesa de causas. Agora dou por mim a

partilhar tudo o que tem a ver com direitos humanos e outras questões, no

facebook.

13.Achas que o ensino, através das redes sociais, promove mais

conhecimento e ajuda os alunos a desenvolverem outras capacidades

importantes para o seu futuro? Explica e dá exemplos.

R: Para mim resultou bastante. Fui-me habituando a fazer tudo no

computador e através da Internet e hoje em dia acho que é um saber

essencial. Por exemplo até para tratar de coisas pessoais como ir aos sites da

Segurança Social e Finanças tratar de coisas, evita de irmos para os locais e

perder tempo em filas.

14.Preocupas-te com as questões sociais e políticas? Sentes-te

responsável por essas questões e fazes alguma coisa para tentar mudar

ou tentas resolver situações problemáticas? Como?

R: Sim preocupo-me agora cada vez mais mas nunca fiz parte de grupo de

apoio nenhum. Agora com a experiência que estou a adquirir no meu estágio

acho que vou acabar por me interessar por uma questão social e querer fazer

parte de uma associação ou criar uma que faz falta cá em Alcobaça.

15.Já mobilizaste alguma iniciativa ou organizaste algum evento através

das redes sociais/facebook? Se sim, de que tipo e com que objetivo?

R: Não, só partilho imagens e mensagens de assuntos que são injustos na

sociedade…como por exemplo coisas relacionadas com os maus-tratos.

16.Já alguma vez aderiste ou participaste em algum evento social ou

político? Se sim, especifica.

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Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

R: Não. Mas pode ser que um dia vá para a Universidade estudar Direito e

ainda me meta na política !!! (riso)

17.O que achas das manifestações e das problemáticas sociopolíticas

discutidas nas redes sociais? Já participaste em alguma? Como? Em

termos de mudança, achas que teve algum impacto? Em que medida?

R: Acho bem, concordo e tenho pena de não ter apoiado e participado mais.

Acho que ainda vou a tempo, há muita coisa para mudar neste país e não

podemos andar à espera de milagres, temos de agir se somos os principais

interessados.

Entrevista 12

1. Porque é que abandonaste a escola?

R: Eu não deixei a escola, só que como tinha uma disciplina por fazer do 12º

ano decidi voltar para concluir o secundário para poder candidatar-me ao

Ensino Superior.

2. Porque é que optaste por este curso?

R: Para concluir o 12º ano, essencialmente e candidatar-me à universidade,

por mais nada em especial.

3. O que está a fazer agora?

R: Estou na Universidade a tirar Serviço Social.

4. Achas que as matérias que deste no curso são mais importantes para o

teu dia-a-dia que as que tiveste nos anos anteriores? Porquê?

R: Para o dia-a-dia porque tratamos assuntos importantes mas para a

Faculdade não me tem ajudado muito porque tive de estudar para os exames

nacionais e as disciplinas do curso não ajudaram muito.

5. Adquiriste mais conhecimentos por trabalhares de uma forma mais

autónoma?

R: Sim, alguns, agora tenho de me desenrascar em Lisboa e nunca tinha

estado afastada de casa e como nós no curso tínhamos de ser muito

autónomos na realização de trabalhos e projetos, agora se calhar também me

100

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

ajudou como tenho de me valer mais a mim própria ao viver numa cidade

grande.

6. Adquiriste mais conhecimentos para trabalhares em equipa e em

colaboração com outros alunos? Se sim, como?

R: Sim e agora na Universidade também temos de fazer muitos trabalhos de

grupo. Como me habituei no curso acho que já vinha mais preparada para

aceitar as opiniões e dar sugestões ao trabalhar em equipa e desenvolver

trabalhos em conjunto.

7. Sentes-te mais motivado neste tipo de curso? Explica como mudou a

sua atitude face as tuas obrigações escolares (se faltas menos às aulas,

se te empenhas mais nos trabalhos, se estás mais atento e concentrado,

….).

R: Eu sempre fui aplicada e sempre quis ir para a Universidade, no entanto,

acho que o curso permite em parte que os alunos não criem muitas regras

porque ao dar autonomia e promovendo a capacidade de iniciativa para

fazerem os trabalhos, faz com que alguns se baldem um bocado.

8. Melhoraste as tuas notas neste curso? Se sim, indica o que motivou.

R: Sim melhorei.

9. Como era a tua relação com os professores, no curso? E quais as

vantagens que isso trouxe?

R: A relação era muito boa porque os professores trabalham connosco, não

estão propriamente a expor matéria.

10. Achas que, desde que frequentaste o curso, passaste a ter uma atitude

mais crítica e participativa nas questões da sociedade (se passaste a

preocupar-te ou a defender causas relacionadas por exemplo com a

proteção do ambiente, se estás mais atento às problemáticas sociais

como a pobreza e o desemprego e se já fizeste algo para ajudar

alguém,….). Dá exemplos.

R: Nem por isso.

11. Sentes que passaste a ter mais competências que te ajudam a lidar com

as exigências da sociedade? Ultrapassar problemas, lidar com conflitos

interpessoais, tomar iniciativas … Dá exemplos.

R: Talvez para algumas pessoas isso tenha acontecido mas eu sempre fui

muito metida comigo mesma e faço as coisas de uma forma muito discreta e

101

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

não sou muito de andar em grupo, só mais individualista, digamos assim, mas

o curso despertou-me para a importância do trabalhar em equipa e como

estou num curso de Serviço Social, sei agora que preciso de me começara

integrar mais e a intervir mais porque as saídas profissionais do Serviço

Social vão exigir que eu desenvolva esta parte em mim..

12. Em que medida é que as aprendizagens que fizeste te têm ajudado na

tua integração na vida ativa? Por exemplo, em arranjar emprego, a

procurar um estágio, a progredir na carreira ou mudar de trabalho, a

participar em iniciativas sociais, a criar e levar a cabo projetos pessoais

e sociais (integrar num grupo sociocultural, (re)começar uma

modalidade desportiva,…). Exemplifica.

R: Ainda não tanto, eu alcancei o meu objetivo que era entrar na Faculdade e

agora despertou em mim o desejo e a importância da necessidade de ser

mais ativa mas como sou uma pessoa muito fechada começo a fazê-lo aos

poucos.

13. Achas que o ensino, através das redes sociais, promove mais

conhecimento e ajuda os alunos a desenvolverem outras capacidades

importantes para o seu futuro? Explica e dá exemplos.

R: Acho que sim, é uma boa forma de comunicarmos com as pessoas e de

pesquisar e adquirir conhecimentos. É um mundo que facilita muito a

aprendizagem e quem quer aprender e formar-se.

14. Preocupas-te com as questões sociais e políticas? Sentes-te

responsável por essas questões e fazes alguma coisa para tentar mudar

ou tentas resolver situações problemáticas? Como?

R: Sim preocupo mas nunca fiz nada para mudar isso, por enquanto. Tenho

de ver se começo a “arrebitar” para começar a agir mais perante as coisas da

sociedade, que depois vai ser o meu trabalho, no futuro, pelo menos, espero

eu.

15. Já mobilizaste alguma iniciativa ou organizaste algum evento através

das redes sociais/facebook? Se sim, de que tipo e com que objetivo?

R: Já aderi mas não tomei nenhuma iniciativa, por exemplo colocar like numa

causa do facebook.

16. Já alguma vez aderiste ou participaste em algum evento social ou

político? Se sim, especifica.

102

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

R: Não.

17. O que achas das manifestações e das problemáticas sociopolíticas

discutidas nas redes sociais? Já participaste em alguma? Como? Em

termos de mudança, achas que teve algum impacto? Em que medida?

R: Concordo plenamente e gosto de ver a união e convicção das pessoas

perante uma causa. Eu nunca tive coragem para o fazer e espero mudar isso

nestes anos de faculdade e a começar a mobilizar mais ações para a

mudança.

ANEXO 4

Grelhas de análise de conteúdo

Categoria

de Análise

Subcategoria

Unidades de Registo - Entrevistas

Entrevistado 1

Promoção

da

Cidadania

Aprendizagem e

Tecnologias

“… leva-nos a outro patamar e enfatiza a ideia de Aldeia Global, daí ser

importante na formação dos alunos, irá ser o nosso futuro.”

Motivação para o

estudo

“… senti motivação e confiança por parte de alguns professores”; “bom

feedback professor/aluno…para o desenvolvimento das capacidades.”

”… trabalho de equipa, nós os responsáveis e o Professor o nosso

Orientador.”

Relações

Interpessoais e

Cooperação

“… a interligação com outros países …deram uma imagem…do que

podemos alcançar e do número de oportunidades que estão…ao nosso

alcance.”

“Neste momento estou em Évora, a tirar um curso de Especialização

Tecnológica de Treino Desportivo de Jovens Atletas.”

103

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

Integração na vida

ativa

“…aprendi muitas coisas no EFA, bastante práticas no dia-a-dia…a

desenrascar-me melhor, a tomar a iniciativa de continuar a estudar e a

decidir sobre o futuro que quero para mim, por exemplo.”

“…o curso ajudou-me muito e transmitiu-me muitas aprendizagens ou no

meu caso desenvolveu-as.”

Defesa de questões

sociais

“Valorizo (questões sociais) mas não me preocupo muito com certas coisas,

para já.”

“ … o curso mostrou-me algumas bases de ideias relativamente à

organização governamental que eu desconhecia.”

“…penso seriamente em participar na Associação de Estudantes da

Universidade.”

“…não me oponho a muitas das ideias que são colocadas (nas redes sociais)

…tentem lutar contra o sistema com as leis do sistema … não é queixar e

não fazer nada para o resolver.”

Categoria de

Análise

Subcategoria

Unidades de Registo - Entrevistas

Entrevistado 2

Promoção

da

Cidadania

Aprendizagem e

Tecnologias

“… devido às línguas …fez com que nos tivéssemos de aprender a

falar um pouco de tudo …”

Motivação para o

estudo

“… método mais aliciante.”

Relações

Interpessoais e

Cooperação

“…ao trabalharmos em equipa é sempre mais fácil e ajuda-nos a ser

mais autónomos e responsáveis por aquilo que estamos a fazer,

devido a que cada um tinha uma tarefa para fazer e isso dava-nos

mais trabalho e responsabilidade.”

Integração na vida

ativa

“Neste momento estou a frequentar um curso de Massagista mas o

que eu quero seguir é Fisioterapia no Ensino Superior”

“As aprendizagens que fiz levaram-me a procurar o curso que

gostava e a seguir em frente que é o de Fisioterapia e também me

motivou a procurar um estágio e um emprego na área no final do

104

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

curso.”

Defesa de questões

sociais

“Nunca participei em nenhuma manifestação mas apesar disso acho

que podem ter algum impacto a nível social.”

Categoria

de Análise

Subcategoria

Unidades de Registo - Entrevistas

Entrevistado 3

Promoção

da

Cidadania

Aprendizagem e

Tecnologias

“…sim porque a tendência no futuro é estar tudo informatizado e quem não

se desenrasca com as novas tecnologias fica para trás.”

Motivação para o

estudo

“Mais interessantes sem dúvida (as matérias) e importantes também. Os

temas estão muito relacionados com a vida atual.”

“ …apliquei-me mais porque as aulas não eram tão aborrecidas e também

não faltava tanto.”

“ A relação da turma toda com os professores era muito boa, parecia que

estavam ali para nos incentivar e dar apoio, ao contrário dos professores da

escola diurna que só se preocupam em dar matéria.”

Relações

Interpessoais e

Cooperação

“Tive de fazer muitos trabalhos em grupo e foi interessantes esses

trabalhos serem feitos com alunos de outros países…”

105

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

Integração na vida

ativa

“…nos seis meses de curso fui incentivado a acreditar em mim próprio para

fazer os trabalhos de forma autónoma e responsável e isso agora dá-me

motivação para procurar emprego.”

“Estou a fazer uma procura ativa de emprego…vou ao Centro de Emprego,

mando currículos e cartas de apresentação, pesquizo na net ofertas online.”

Defesa de questões

sociais

“ Acho que sim, que as pessoas devem manifestar-se se não concordam

com algo. Se nos acomodarmos todos, como eu, então é que não

chegamos a lado nenhum.”

Categoria de

Análise

Subcategoria

Unidades de Registo - Entrevistas

Entrevistado 4

Promoção

da

Cidadania

Aprendizagem e

Tecnologias

“… ajudou bastante e como hoje em dia o mundo está tão

informatizado é importante que os jovens se preparem bem.”

Motivação para o estudo

“Este curso tem matérias muito interessantes e pertinentes para a

nossa vida em sociedade porque permite adquirir competências

essenciais para o nosso futuro…”

“…o curso talvez me tenha dado confiança na medida em que

estive um pouco desanimado com o facto de não conseguir acabar

as disciplinas em atraso no ensino diurno…”

“Acho que neste curso os professores estão mais próximos dos

alunos e incentivam mais.”

Relações Interpessoais e

Cooperação

“Tive de fazer muitos trabalhos em grupo e foi interessantes esses

trabalhos serem feitos com alunos de outros países…”

106

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

Integração na vida ativa

“Estou na Universidade”.

“…sempre fui um pouco tímida e agora estou mais aberta e já me

dou melhor em grupos de trabalho e também no dia-a-dia.”

“…estou a pensar arranjar um part-time para poder ter algum

dinheiro…”

Defesa de questões

sociais

“…os trabalhos apelavam muito a isso (questões sociais) e é

impossível uma pessoa ficar indiferente e não passar a pensar nas

coisas que estão à nossa volta.”

“…preocupo-me (com as questões sociais) mas nunca fiz nada.”

“… …não arranjando um part-time posso vir a fazer voluntariado.”

“…concordo (com as questões sociais) mas não apoio de uma

forma ativa. Acredito que faz a diferença, as pessoas juntarem-se e

unirem-se para alertar e dar opiniões sobre questões que dizem

respeito a todos.”

Categoria

de Análise

Subcategoria

Unidades de Registo - Entrevistas

Entrevistado 5

Promoção

da

Cidadania

Aprendizagem

e Tecnologias

“No meu curso já foi um pouco explorado mas talvez daqui para a frente todas as

escolas estejam bem equipadas para promover um ensino mais dinâmico através

das redes sociais.”

Motivação para

o estudo

“Sem dúvida que me mudou porque permitia aprender coisas de forma diferente e

sei que ter um curso é muito importante para mim e aplico-me muito mais, dou

mais valor por ter esta oportunidade.”

“A relação (com os professores) era boa. As vantagens são que tinha mais a

vontade nas aulas e corriam melhor.”

Relações

Interpessoais e

Cooperação

“ .. quando trabalhamos com outras pessoas aprendemos sempre com elas e

ainda por cima o curso implicava que fizéssemos trabalhos com alunos de outros

países e colegas de turma.”

Integração na

vida ativa

“…quero acabar a Faculdade…sei que no final vou ter outro à vontade porque

acostumei-me a ser responsável pela elaboração de trabalhos e a tomar iniciativas

de procurar e perceber as coisas.”

107

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

Categoria de

Análise

Subcategoria

Unidades de Registo - Entrevistas

Entrevistado 6

Promoção

da

Cidadania

Aprendizagem e Tecnologias

“Claro que sim, principalmente para quem quer seguir artes….e

estar a par das inovações…mais oportunidades de procurar

informações e adquirir conhecimentos com mais facilidade.”

Motivação para o estudo

“As matérias da escola normal eram uma grande seca. No

curso nós tínhamos mais liberdade de escolher os temas que

queríamos abordar e não havia regras tão rígidas a cumprir.”

“…para mim era mais interessante este método de estudo,

acabei por deixar de faltar tanto e passei a estar mais

empenhado e motivado.”

“Sim, claro (melhorei as notas)”

“Uma relação cinco estrelas (com os professores).

Trabalhávamos todos como se fossemos uma equipa …os

professores apoiavam sempre e incentivavam bastante.”

Relações Interpessoais e

“Sempre fui uma pessoa que me dou bem com todos e trabalho

Defesa de

questões

sociais

“Sim, preocupo (com as questões sociais) mas nunca fiz nada para mudar isso.”

Acho bem, é um meio de as pessoas se fazerem ouvir e mostrar que estão

revoltadas com a situação política, mas nunca tive a iniciativa de participar em

nenhuma.”

108

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

Cooperação bem em equipa, mas como o curso me dava a possibilidade de

poder dar ideias e explorar soluções esta minha tendência

desenvolveu mais.”

Integração na vida ativa

“Estou a trabalhar num Restaurante.”

“Deu-me (o curso) mais responsabilidade e vontade de querer

fazer coisas minhas, por exemplo comecei a ter interesse pela

fotografia e agora já fiz dois workshops na área.”

Defesa de questões sociais

“Falo sobre alguns assuntos com os meus colegas mas não

assumo um papel muito ativo na ´prática de eventos.”

“Concordo, também é uma maneira das pessoas poderem se

expressar e mudar opiniões. Se todos o fizerem claro que vai

haver mais resultados. A união faz a força e a liberdade de

expressão também.”

Categoria de

Análise

Subcategoria

Unidades de Registo - Entrevistas

Entrevistado 7

Promoção

da

Cidadania

Aprendizagem e

Tecnologias

“… daqui para a frente vai ser cada vez mais importante porque vivemos

numa sociedade de conhecimento. Os jovens que procuram informações e

pesquisam assuntos através das novas tecnologias vão estar mais bem

preparados para o futuro”

Motivação para o

estudo

“…falamos de assuntos mais atuais e relacionados com a realidade do nosso

dia-a-dia em sociedade e de outras culturas …”

“…era mais fácil o tempo passar nas aulas neste curso isto porque tínhamos

muitos trabalhos e tarefas mais práticas para fazer o que fazia com que eu

estivesse mais concentrado e empenhado.”

“Melhorei muito (as notas) porque durante o dia faltava muito.”

“…aulas mais práticas…faz com que uma pessoa ganhe mais confiança

naquilo que está a fazer e nos professores que nos orientam.”

109

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

Relações

Interpessoais e

Cooperação

“nós tínhamos de fazer trabalhos com outros jovens de outros países e isso foi

bom para conhecermos melhor outras culturas.”

Integração na vida

ativa

“Continuo a trabalhar na loja de um familiar.”

“…acho que o curso me permitiu ganhar mais confiança nas minhas tomadas

de decisão e a resolver algumas situações na minha vida profissional.”

“ …talvez no trabalho tenha passado a ter mais à vontade para propor coisas

ao meu patrão e formas de organizar o trabalho:”

Defesa de

questões sociais

“Nunca fui muito dessas coisas, sempre participei em eventos mas a nível

social nunca defendi nenhuma causa….o curso desperta-nos para isso.”

110

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

Unidades de Registo - Entrevistas

Categoria

de Análise

Subcategoria

Unidades de Registo - Entrevistas

Entrevistado 8

Promoção

da

Cidadania

Aprendizagem e

Tecnologias

“… tivemos contacto com vários países…uma atividade extremamente

enriquecedora.”

Motivação para o

estudo

“ … as matérias do curso EFA escolar são matérias mais viradas para a vida em

sociedade, adquirimos conhecimentos que na escola «normal» não

aprendíamos…”

“…a metodologia usada é mais atrativa do que o ensino normal, o que faz com

que, claro, uma pessoa ganhe mais entusiasmo para ir às aulas e fazer os

trabalhos.”

“A relação com os professores era ótima, o que este curso tem a destacar é uma

relação com o professor mais próxima do que o ensino normal. As vantagens são

ao nível da motivação, interesse, etc.”

Relações

Interpessoais e

Cooperação

“…fez com que tivéssemos de trabalhar bastante em equipa e em grupo. Para

mim é bom porque agora na Universidade também tenho de fazer muitos

trabalhos de grupo.”

Integração na

vida ativa

“Neste momento estou no Ensino Superior…”

“As aprendizagens tem me ajudado da vertente da autonomia , na resolução de

dúvidas ou problemas a nível escolar e na adaptação à universidade ….”

Defesa de

questões sociais

“Nós como cidadãos de uma sociedade devemos de ter uma atitude crítica

porque de certa forma somos responsáveis…-“

“Sou membro de alguns grupos sociais.”

“Sim (participei) num congresso de jovens de um partido”

Eu sou a favor da livre manifestação das pessoas mas de uma forma cívica e

controlada.” … o que pode mudar é a massificação de uma opinião geral.”

111

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

Categoria de

Análise

Subcategoria Entrevistado 9

Promoção

da

Cidadania

Aprendizagem e

Tecnologias

“Sem dúvida que o conhecimento se faz através da recolha e partilha de

informações daí estas tecnologias serem uma boa aposta nas escolas. Os

fóruns temáticos por exemplo são uma boa forma de nos esclarecermos

acerca de certos assuntos.”

Motivação para o

estudo

“…neste curso o professor parece que tem uma forma diferente de agir

connosco, dá-nos mais responsabilidade mas também à vontade para

sermos nós a pesquisar as matérias e ai não stressa tanto com o tempo e

com as avaliações.”

“ Para mim, que já estava farta do ensino normal que era só despejar

teorias, achei as matérias muito mais interessantes e úteis para o nosso

futuro e para o nosso dia-a-dia. Acho que saímos todos mais ricos e com

perspectivas mais abertas em relação ao futuro.”

“ Neste curso senti-me mais motivada e empenhei-me mais”

“Melhorei (as notas) porque tinha mais empenho a fazer os trabalhos.”

Relações

Interpessoais e

Cooperação

“Nós no curso éramos incentivados a desenvolver trabalhos com outras

pessoas e de outros países e isso implicava comunicarmos uns com os

outros e sermos dinâmicos.”

“…os trabalhos exigiam trabalho em equipa e tínhamos que saber lidar

com pessoas diferentes e conhecer pontos de vista diferentes do nosso e

respeitá-los.”

Integração na vida

ativa

“Trabalho num supermercado mas penso candidatar-me à Universidade.”

“…na parte social estou mais ativa e tenho vontade de fazer alguma coisa.

Talvez vá para um curso de Serviço Social”

Defesa de

questões sociais

“…embora já fizesse parte do grupo de voluntariado do Banco Alimentar

porque andei nos escuteiros, acho que agora estou ainda mais empenhada

nas questões sociais porque como fiz trabalhos com outros alunos de

outros países deu para perceber mais de perto a realidade das dificuldades

de certos grupos desfavorecidos.”

“Acho bem, as pessoas devem ter iniciativa para lutar pelos seus direitos e

as iniciativas acabam sempre por fazer a diferença.”

112

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

Categoria

de Análise

Subcategoria

Unidades de Registo - Entrevistas

Entrevistado 10

Promoção

da

Cidadania

Aprendizagem e

Tecnologias

“As novas tecnologias estão a assumir um papel importante na sociedade e

daí na educação A informação que circula e a partilha de conhecimentos

facilita, sem dúvida a aprendizagem.”

“… quando nós ganhamos a prática de pesquisar e explorar temas sem

estarmos só dependentes da transmissão do conhecimento dos professores,

acabamos por ganhar.”

Motivação para o

estudo

“… com estes (Professores) do EFA há uma relação mais próxima.”

Relações

Interpessoais e

Cooperação

”… tive a sorte de fazer trabalhos muito interessantes com outros alunos de

outros países e para os resultados serem bons tínhamos que colaborar da

melhor forma e saber trabalhar em equipa.”

Integração na

vida ativa

“Estou na Universidade.”

“…entrar no grupo de voluntariado…e depois vou querer fazer um estágio do

meu curso.”

Defesa de

questões sociais

“…fiz parte da Associação de Estudantes quando estudava durante o dia e

agora como estou na área da saúde estou mais atente relativamente a uma

problemática atual que é a da 3ª Idade e resolvi começara afazer

voluntariado para uma associação.”

113

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

Categoria de

Análise

Subcategoria

Unidades de Registo - Entrevistas

Entrevistado 11

Promoção

da

Cidadania

Aprendizagem e

Tecnologias

“…é uma boa forma de comunicarmos com as pessoas e de pesquisar e

adquirir conhecimentos. É um mundo que facilita muito a aprendizagem e

quem quer aprender e formar-se.”

Motivação para o

estudo

Relações

Interpessoais e

Cooperação

“Sim e agora na Universidade também temos de fazer muitos trabalhos de

grupo. Como me habituei no curso acho que já vinha mais preparada para

aceitar as opiniões e dar sugestões ao trabalhar em equipa e desenvolver

trabalhos em conjunto.”

Integração na vida

ativa

“ …agora tenho de me desenrascar em Lisboa e nunca tinha estado afastada

de casa e como nós no curso tínhamos de ser autónomos na realização de

trabalhos e projetos, agora se calhar também me ajudou como tenho de me

valer mais a mim própria ao viver numa cidade grande.”

“ … mas o curso despertou-me para a importância do trabalhar em equipa e

como estou num curso de Serviço Social sei agora que preciso de começar a

integrar-me mais e a intervir mais porque as saídas profissionais do Serviço

Social vão exigir que desenvolva esta parte de mim.”

“…agora despertou em mim o desejo … de ser mais ativa”

Defesa de

questões sociais

“ Sim preocupo mas nunca fiz nada para mudar isso, por enquanto. Tenho de

ver se começo a “arrebitar” para começar a agir mais perante as coisas da

sociedade, que depois vai ser o meu trabalho…”

“Concordo plenamente e gosto de ver a união e convicção das pessoas

perante uma causa….espero…começar a mobilizar mais ações para a

mudança.”

114

Projeto Final de Mestrado em Ciências da Educação

Categoria de

Análise

Subcategoria

Unidades de Registo - Entrevistas

Entrevistado 12

Promoção

da

Cidadania

Aprendizagem e

Tecnologias

“Para mim resultou bastante. Fui-me habituando a fazer tudo no

computador e através da Internet e hoje em dia acho que é um saber

essencial.”

Motivação para o

estudo

“Eu era um pouco baldas durante o dia por isso mudei bastante porque,

mesmo estando cansada do trabalho, não me custava muito ir para as

aulas…”

“…aqui há uma relação mais próxima o que facilitava muito a dinâmica das

aulas e até a motivação dos alunos.”

Relações

Interpessoais e

Cooperação

“Neste curso ao trabalharmos em grupo desenvolvemos a capacidade de

trabalharmos em equipa e de uma forma cooperada com vista num objetivo

comum e o que faz também que nos sejamos obrigados a respeitar o ponto

de vista de outras pessoas diferentes.”

Integração na vida

ativa

“… como eu comecei a trabalhar nas férias antes, este método de trabalho,

ao exigir mais de mim também fazia com que eu no escritório adotasse

uma postura mais responsável e proactiva.”

“ …sou a mais nova (no meu trabalho) mas como sou uma pessoa

dinâmica e interessada, as pessoas confiam em mim e deixam-ma

participar nos assuntos. Já me defendo melhor…”

“ …estou a interessar-me muito pelas questões da advocacia e pela defesa

de causas….”

Defesa de

questões sociais

“…acho que vou acabar por me interessar por uma questão social e querer

fazer parte de uma associação ou criar uma que faz falta cá em Alcobaça.”

“…partilho imagens e mensagens de assuntos que são injustos na

sociedade … “

“…há muita coisa para mudar neste país e não podemos andar à espera

de milagres, temos de agir e somos os principais interessados.”