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www.innovatio.org.br NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA Willian Correa dos Santos APRESENTAÇÃO Neste curso, você irá encontrar informações sobre um tema cada dia mais atual: a tecnologia na sala de aula. Para isso, começamos com uma descrição do cenário atual da maioria das nossas salas de aulas pelo Brasil a fora.

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NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Willian Correa dos Santos

APRESENTAÇÃO

Neste curso, você irá encontrar informações sobre um tema cada dia mais

atual: a tecnologia na sala de aula. Para isso, começamos com uma descrição do

cenário atual da maioria das nossas salas de aulas pelo Brasil a fora.

Na sequência, são apresentados autores que trabalham essa temática e que

trazem uma abordagem atual, fazendo uma reflexão importante sobre como a escola

é responsável por apresentar formas conscientes de utilizar a tecnologia: uso e

reflexão. Nessa seção, você irá encontrar os seguintes tópicos:

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Uma nova forma de ensinar para um novo perfil de aluno;

A inovação das práticas tecnológicas; e

Aprendizagem aliada às novas tecnologias.

Para a composição deste trabalho, foi realizada uma pesquisa com

professores de um colégio público e de um colégio particular. Apresentamos a

preparação para as entrevistas, como: a descrição do corpus, os perfis e as

perguntas realizadas. Depois, há as cinco entrevistas com os professores.

Já caminhando para o final do curso, realizamos a análise das entrevistas à

luz do embasamento teórico. Para isso, a base foi os seguintes tópicos:

Escolas públicas e privadas: diferenças;

Conhecimento metodológico e novas tecnologias;

Suporte técnico: o real e o necessário; e

Novas metodologias: contribuições.

No final, são apresentadas propostas de trabalho, utilizando alguns recursos

tecnológicos nas aulas de língua portuguesa. As propostas são direcionadas para

professores que contam com uma sala básica de multimídia.

INTRODUÇÃO

Um computador ligado à internet em cada sala de aula é melhor do

que nada, mas não é mais do que um mísero e pequeno passo em

direção à verdadeira mudança.

Seymour Papert

O compromisso em incluir as novas tecnologias metodológicas no sistema de

ensino e no planejamento diário escolar tem sido a grande preocupação dos

professores tanto da rede pública como os que atuam no setor privado. Tal

dificuldade encontra-se, principalmente, em aliar as práticas tecnológicas ao

universo escolar de modo efetivo e significativo, fato este que não tem sido uma

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tarefa fácil aos docentes, que acabam à margem deste processo e que, por sua vez,

ficam estanques da prática em si. Outro fator agravante é a falta de preparação,

treinamento e atualização do uso dos recursos tecnológicos em sala de aula, bem

como a falta de suporte técnico em algumas instituições escolares. Considerando

que estamos diante de uma nova era que se desenvolve em meio aos avanços

tecnológicos, entendemos que a escola não pode estar à margem dessas novas

tecnologias. Devemos integrá-las ao processo de ensino-aprendizagem para que a

eficácia da aprendizagem seja significativa.

Para tanto, este conteúdo se desenvolveu por meio de entrevistas realizadas

com cinco professores, sendo dois de escola particular e três de escola pública,

indagando, basicamente, sobre o uso das novas tecnologias na área de Língua

Portuguesa e de seus resultados no processo de ensino-aprendizagem. Como

fundamentação, a construção deste conteúdo partiu de conceitos de pesquisadores

como Sancho, Leite, Moran e Brito, que apresentam estudos baseados na atuação

profissional docente e no uso das novas tecnologias em sala de aula e seus

resultados ligados aos processos educativos. De acordo com os resultados obtidos,

percebem-se diferenças na atuação dos profissionais do magistério, já que alguns

demonstram pouca familiaridade com o uso das novas tecnologias.

Ao longo dos anos, a tecnologia vem evoluindo em grande velocidade, mas

a educação parece não acompanhar esta evolução. O quadro de giz está

presente no ambiente escolar há muito tempo e o seu uso predomina nas salas

de aula. Mesmo quando há a inserção das novas tecnologias, o uso limita-se a

cumprir as mesmas funções do quadro de giz. As metodologias que integram as

novas tecnologias prometem ser uma inovação para colaborar no processo de

ensino-aprendizagem, porém todo o potencial trazido por tais tecnologias não é

usado.

Percebe-se, em alguns casos, que os professores utilizam os recursos

tecnológicos sem contextualização, fazendo o uso desses instrumentos sem o

conteúdo estar inserido em uma grande proposta de trabalho. É o chamado uso

pelo uso!

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Uma das grandes dificuldades de se propor novas práticas a partir da adoção

de novas tecnologias se encontra em romper os paradigmas existentes no âmbito

escolar, pois os educadores que as utilizam em suas aulas acreditam que sua

prática é correta e eficaz, sem conseguir mensurar se a sua metodologia contribui ou

não no processo aprendizagem de seus alunos.

Para ocorrer qualquer mudança nas técnicas de ensino com a incorporação

de tecnologias, pressupõe-se, necessariamente, o domínio das ferramentas

tecnológicas por parte dos docentes, a fim de cumprir a formação escolar voltada ao

pensamento crítico, reflexivo e legitimado do estudante.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação (LDB – Lei 9.394/96), que vêm no sentido de fundamentar as novas

diretrizes educacionais, realizam um caminho inverso: institui-se primeiramente um

novo sistema educacional, porém o professor não reconhece nessa nova

organização uma proposta efetiva para o seu trabalho em sala, pois nem sempre

tem o domínio e o conhecimento necessário para utilização dessas propostas. De

acordo com Edith Litwin

As reformas para serem realmente reformas deveriam gerar novas

propostas de capacitação docente, com o objetivo de pôr ao alcance dos

professores e professoras os novos temas, problemas ou enfoques. Em

segundo lugar, seria adequado estabelecer os novos planos de formação

docente para, em seguida realizar o estudo e a análise de novas propostas

curriculares nas Instituições. [...] Quando não se examinam processos

lentos, onde as reformas se instalam primeiro na capacitação e a seguir na

formação, e os docentes capacitam-se num novo desenvolvimento antes

que este seja proposto, podem produzir-se situações onde esses docentes,

simplesmente se transformam em operários do sistema educacional (1997,

p. 6).

Portanto, faz-se necessário abordar as reais dificuldades e habilidades dos

professores de língua portuguesa com o uso das novas tecnologias em sala de aula,

possibilitando uma reflexão acerca de sua metodologia para tornar sua prática mais

eficaz.

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A relevância do tema em análise está em consonância com o nível

tecnológico em que o mundo se encontra, em que tudo está informatizado:

Smartphones, Tablets, sites de relacionamento, blogs, videologs, games interativos.

Um dos desafios dos educadores é contribuir para que os alunos tenham contato

com diversas metodologias de aprendizagem, que incluam os recursos aliados à

tecnologia: lousa digital, multimídias, softwares educacionais, portais educacionais.

Acompanhar a evolução da sociedade é função da escola, neste caso estar

alinhada à tecnologia e proporcionar aos seus alunos uma prática significativa do

uso desta.

PANORAMA BIBLIOGRÁFICO

A introdução de novos recursos na escola sempre vem acompanhada pela

crença de alguns professores de que eles, por si só, garantirão melhorias na

qualidade da educação, enquanto que outros resistem à ideia de experimentar o

novo e, por isso, negam a sua existência. Contudo, não podemos desconsiderar

que, para muitos, a escola é a única porta de acesso ao conhecimento formal,

construído pela humanidade e que, também, é o espaço para formação da

sensibilidade (ética e estética) e da cidadania. Ela representa a possibilidade do

educando apropriar-se do conhecimento elaborado e, ainda, de ter acesso aos

novos recursos tecnológicos e comunicacionais que uma parcela de crianças e de

adolescentes já possui mesmo sem frequentá-la.

UMA NOVA FORMA DE ENSINAR PARA UM NOVO PERFIL DE ALUNO

A tecnologia vem revolucionando todas as áreas do conhecimento de uma

forma muito rápida, mas na área educacional, que deveria ser a emissora daquilo

que é novo, essa agilidade não se encontra. As escolas oferecem diversas

ferramentas, variando de uma escola para outra, pública ou particular, mas o que

percebemos é a falta de preparo dos profissionais da educação no manuseio das

novas tecnologias. Além disso, quando fazem o uso desses recursos, o fazem sem

uma reflexão, como analisado por Brito e Purificação

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Entendemos que o profissional competente deve não apenas saber

manipular as ferramentas tecnológicas, mas incluir sempre em suas

reflexões e ações didáticas a consciência de seu papel em uma sociedade

tecnológica (2006, p. VII).

Usar as novas tecnologias apenas para ser “moderno” ou para chamar a

atenção do aluno e assim manter a motivação da aula não é fazer uso efetivo das

tecnologias. As mesmas autoras afirmam que:

[...] o computador é uma tecnologia educacional, quando seu uso se faz na

formação de um se no/para o mundo em transformação e que possa

desencadear uma mudança de atitude em relação ao problema do

conhecimento, superando a visão fragmentada e restrita do mundo (BRITO;

PURIFICAÇÃO, 2006, p. VII-VIII).

A escola, como espaço de aprendizagem, deve estar em busca de

atualização de suas ferramentas para que os alunos possam fazer uso das

tecnologias que chegam às suas mãos a cada dia. Chegamos a um novo tempo em

que nossos alunos são novos cidadãos do mundo (BRITO; PURIFICAÇÃO, 2006, p.

21), ou seja, diferente de seus professores, esses alunos não conheceram um

mundo sem tecnologia. Para eles, andar sem celular e pesquisar sem internet é algo

impensável.

Segundo as autoras, a comunidade escolar depara-se com três caminhos:

A comunidade escolar depara-se com três caminhos: repelir as tecnologias

e tentar ficar fora do processo, apropriar-se da técnica e transforma a vida

em vida em uma corrida atrás do novo, ou apropriar-se dos processos,

desenvolvendo habilidades que permitam o controle das tecnologias e de

seus efeitos (BRITO, PURIFICAÇÃO, 2006, p. 22).

Portanto, as novas tecnologias devem fazer parte, também, do meio

educacional, pois qual é o sentido de manter a escola longe desse meio tecnológico

ou fazer uso dessas ferramentas sem nenhuma reflexão? Segundo Brito e Vermelho

[...] o computador na escola não deve ser mais encarado apenas como um

mero suporte, nem como um meio pelo qual o professor poderá mudar sua

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postura, mas, sim, deve ser incorporado no cotidiano do meio social escolar

enquanto um recurso desenvolvido pela humanidade que tem muitas

possibilidades ainda não descobertas (1996, s.p.).

A INOVAÇÃO DAS PRÁTICAS TECNOLÓGICAS

A inovação das práticas tecnológicas deve ser urgente, para que professores

e outros profissionais da área da educação saibam atender aos novos sujeitos,

como sugere Lévy

Novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no mundo

das telecomunicações e da informação. As relações entre os homens, o

trabalho, a própria inteligência depende, na verdade, da metamorfose

incessante de dispositivos informacionais de todos os tipos. Escrita, leitura,

visão, audição, criação, aprendizagem, são capturadas por uma informática

cada vez mais avançada. Não se pode mais conceber a pesquisa científica

sem uma aparelhagem complexa que redistribui as antigas divisões entre

experiência e teoria. Emerge, neste final de século XX, um conhecimento

por simulação que os epistemologistas ainda não inventariaram (apud

CARMO, 2002).

É indubitável a necessidade que há em inovar as práticas pedagógicas.

Sendo assim, estudiosos buscam apresentar como as metodologias em sala devem

estar atualizadas e conectadas aos perfis dos alunos.

Essa tecnologia metodológica é o “saber fazer do professor”, a fim de tornar o

aluno o sujeito na prática escolar. Conforme afirma Leite (2003, p. 13): “o aluno deve

apropriar-se da tecnologia como sujeito”. Mas, para que isso ocorra, o professor tem

que dominar esse fazer pedagógico, ou seja, atualizar-se a fim de conhecer o que

há de novo e fazer tal conexão com o conteúdo, para que a tecnologia se torne

presente no cotidiano escolar, mesmo daqueles que não a tenham em suas vidas

(LEITE, 2003).

A preocupação, portanto, não se limita mais à simples definição da concepção

das novas tecnologias, mas sim no saber “criar e gerenciar esse ambiente”, como sugere José Manuel Moran (PORTAL EDUCACIONAL, 2010).

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Os PCN sugerem que a escola deva fazer parte do mundo e que sua função

seja estar aberta a incorporar novos hábitos, comportamentos e, é claro, novas

percepções, incluindo as novas tecnologias.

Sendo assim, Moran afirma que

As tecnologias de comunicação não mudam necessariamente a relação

pedagógica. As Tecnologias tanto servem para reforçar uma visão

conservadora, individualista como uma visão progressista. A pessoa

autoritária utilizará o computador para reforçar ainda mais o seu controle

sobre os outros. Por outro lado, uma mente aberta, interativa, participativa

encontrará nas tecnologias ferramentas maravilhosas de ampliar a interação

(2010b).

APRENDIZAGEM ALIADA ÀS NOVAS TECNOLOGIAS

Há um novo contexto educacional, com o surgimento de novas tecnologias,

que abrangem variadas técnicas de ensino. Por essa razão, há várias pesquisas

voltadas no sentido de alcançar, em curto prazo, novas possibilidades na abordagem

curricular dos alunos. Busca-se a aprendizagem significativa, cujos parâmetros

estão pautados em competências e habilidades, conforme aponta a LDB.

Segundo Juan de Pablos,

As potencialidades educativas das redes informáticas obrigam a repensar

muito seriamente a dimensão individual e coletiva dos processos de ensino-

aprendizagem, os ritmos ou tempos de aprendizagem, as novas formas de

estruturar a informação para a construção do conhecimento, as tarefas e as

capacidades de professores, alunos, etc. As possibilidades de apoiar nesses

recursos as práticas educativas integradoras, de uma perspectiva disciplinar

são evidentes. Mas não podemos esquecer que a tecnologia, em si mesma,

não significa uma oferta pedagógica como tal. O que acontece é que sua

validez educativa se sustenta no uso que os agentes educativos fazem dela.

Assim a formação pedagógica dos professores em [novas tecnologias] se

converte em um dos fatores-chave para seu uso. Isso implica a construção

de uma nova pedagogia baseada nesses novos recursos, que possibilite ou

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integre o local com o global; que contemple as diferentes opções

multidisciplinares, interdisciplinares e transdisciplinares mesmo que em

diferentes graus de interação (2006, p. 73).

O estudo de Glaucia da Silva Brito e Paulo Filho Negri (2009) aponta para

essa nova tendência como fruto da necessidade de interação entre novas

tecnologias, a aprendizagem, o aluno e o professor.

[...] as tecnologias educacionais possibilitam uma aproximação dos

estudantes com novas formas de ver e pensar os conteúdos, aproximação

com a realidade social, com a crítica e criatividade não se pode negar [...]

Embora voltemos a destacar que as tecnologias não fazem mágicas;

professor e alunos são estrelas de todo o processo (BRITO; NEGRI, 2009,

p. 20).

As práticas pedagógicas, utilizando essas tecnologias, associadas ao

aprendizado são também uma maneira de estimular os alunos, fatores que

envolvem o processo de ensino-aprendizagem e criam novas maneiras de

construção do conhecimento. Considerando a área de Língua Portuguesa e a

afirmação de Brito:

O professor de Língua Portuguesa tem consciência de que a criança e o

adolescente de hoje não aprendem somente com ele, mas também com a

família, a televisão, a rede mundial de computadores (internet) e com as

outras tecnologias de informação e comunicação tão presentes na

sociedade atual. Estas crianças e adolescentes chegam à escola com

muitas informações, ainda que fragmentadas, obtidas de diversas formas, e

o professor de Língua Portuguesa, terá que saber o que fazer com essas

informações para ensiná-los a ler, escrever e falar (2009, p. 3).

Sancho afirma:

[...] Muitas crianças e jovens crescem em ambientes altamente mediados

pela tecnologia, sobretudo a audiovisual e a digital. Os cenários de

socialização das crianças e jovens de hoje são muito diferentes dos vividos

pelos pais e professores. O computador, assim como o cinema, a televisão

e os videogames, atrai de forma especial a atenção dos mais jovens que

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desenvolvem uma grande habilidade para captar suas mensagens (2009, p.

19).

Sabemos que a tecnologia como um fim em si mesma não proporcionará

resultados imediatos, principalmente se considerarmos que a utilização dessas

novas práticas pelos docentes estão aquém do esperado. Todavia a construção de

novos conceitos e desafios diante de tecnologias como internet, computadores, TV,

quadro de giz, jornais e revistas mostram-se como fatores que propiciam um novo

leque de possibilidades de aprendizagem e uso das determinantes para uma

melhoria nos ambientes de ensino-aprendizagem. Uma das maneiras de

compreender essa nova abordagem é ratificada por José Manuel Moran

Não podemos deslumbrar-nos com a pesquisa na Internet e deixar de lado

outras tecnologias. A chave do sucesso está em integrar a Internet com as

outras tecnologias – vídeo, televisão, jornal, computador. Integrar o mais

avançado com as técnicas já conhecidas, dentro de uma visão pedagógica

nova, criativa, aberta (2010a).

E ainda:

O educador autêntico é humilde e confiante. Mostra o que sabe e, ao

mesmo tempo está atento ao que não sabe, ao novo. Mostra para o aluno a

complexidade do aprender, a sua ignorância, suas dificuldades. Ensina,

aprendendo a relativizar, a valorizar a diferença, a aceitar o provisório.

Aprender é passar da incerteza a uma certeza provisória que dá lugar a

novas descobertas e a novas sínteses (2010a).

CARACTERIZAÇÃO DAS ESCOLAS

Como falado anteriormente, foi feita a opção de realizar entrevistas em dois

colégios de diferentes ambientações para servir de base documental: um particular e

outro estadual. Definido o perfil dos colégios, decidiu-se pelas instituições Colégio

Bom Jesus Nossa Senhora de Lourdes e Colégio Estadual Professor Victor do

Amaral. Esses são colégios bem representativos de Curitiba e abarcam várias

características comuns a outros colégios dos mesmos segmentos, ou seja, em

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nenhum há alguma particularidade, que possa distorcer resultados ou impedir

semelhanças em comparações que precisem ser estabelecidas.

PREPARAÇÃO PARA AS ENTREVISTAS

Depois da análise das escolas e da revisão bibliográfica, foi preparado um

questionário e foram selecionados os professores. O corpus ficou da seguinte forma:

5 professores de língua materna do ensino fundamental, sendo 3 de escolas

públicas e 2 de escolas particulares de 5ª e 6ª séries. Mesmo sendo um reduzido

número de professores, ele é justificável pelo fato de que as entrevistas

aconteceram com todos os docentes de 5ª e 6ª dos dois colégios.

A entrevista ficou dividida entre o perfil do entrevistado, o perfil da escola e,

enfim, as perguntas para a construção da análise dos usos de novas tecnologias

pelos professores nas aulas de Língua Portuguesa. Abaixo, segue cada uma das

partes especificadas:

Perfil

Idade.

Tempo de atuação no magistério.

Ano de conclusão da graduação.

Teve alguma disciplina teórica específica na graduação sobre o uso da tecnologia

educacional?

Fez pós-graduação? Qual curso?

Número de aulas semanais.

Participa de cursos de atualização que abordem as tecnologias?

Perfil da escola:

Pública / Privada.

Localização

Número de alunos.

Níveis de ensino.

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Público da comunidade.

Tempo de funcionamento.

Número de professores.

Número de funcionários.

Infraestrutura (laboratórios, sala de multimídia, TVs, computadores, biblioteca –

acervo com DVDs).

Questionário

1ª Quais são as tecnologias que você usa em suas aulas?

2ª Com qual periodicidade você utiliza a tecnologia em suas aulas?

3ª O uso da tecnologia contribui de alguma forma na composição/construção de seu

plano de aula? Como?

4ª Quais são as dificuldades encontradas no uso da tecnologia em sala de aula?

5ª Verifica/observa alguma diferença no aprendizado quando as tecnologias

integram o desenvolvimento de sua aula?

ENTREVISTAS

Nesta seção, iremos ver cada uma das respostas que os professores deram

nos questionários. O que é importante nessa leitura? Ir construindo a sua análise e

vendo pontos de semelhança ou divergência da sua prática em sala de aula ou,

caso ainda seja estudante, como pensa ser a prática na sala de aula. Trechos das

entrevistas serão retomados na parte de análise, que virá na sequência.

Entrevistas do Colégio Bom Jesus Nossa Senhora de Lourdes

Entrevista 1

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Perfil da Entrevistada – 5ª série

31 anos

4 anos de magistério

Concluiu a graduação em 2005

Não teve disciplina teórica na graduação sobre o uso da tecnologia

educacional

Fez pós-graduação na área de literatura

15 horas-aula

Não participa de cursos de atualização que abordem as tecnologias

1ª Quais são as tecnologias que você usa em suas aulas?

Eu uso o quadro de giz e o data show. Eu começo um pouco na história, o que eles

já sabem sobre os verbos, aí eles vão me contando, eles vão me dando

informações, aí vemos os sentidos das frases, analisamos algumas frases no

quadro, depois que eu vou contextualizar nos textos, no Power Point. Daí eu já

apresentei os nomes dos modos verbais. É mais ou menos assim que eu faço, não

vou direto no slide, não. Primeiro eu situo eles naquilo que eles vão aprender, se é o

texto, se é o gênero textual, se é alguma parte da gramática, análise linguística. Eu

passo slide e depois vou para os exercícios, ou é no livro ou no preparado que a

gente recebe no Plano de Atividades [Coletânea de atividades preparada pelo

colégio].

2ª Com qual periodicidade você utiliza a tecnologia em suas aulas?

Eu uso muito. Principalmente quando vou começar o conteúdo. Aqui no BJ as salas

têm o multimídia agora. Mas como a gente tava conversando antes, antigamente

tinha que fazer o agendamento. Eu acho que se tivesse que fazer o agendamento

seria muito mais limitado o uso.

3ª O uso da tecnologia contribui de alguma forma na composição/ construção de seu

plano de aula? Como?

Com certeza contribui. Eu contextualizo uma história em quadrinhos, coloco efeitos

de Power Point, que eles adoram, e acho que isso fixa mais para eles. Tanto é que a

primeira pergunta quando eu chego em sala é se eu vou usar o multimídia. Os

alunos estão nessa, eles já sabem mexer no Power Point, não é nada perto da

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gente. Então se a gente ficar no quadro de giz, eles não vão, né? E agora mesmo eu

vou fazer um trabalho com o livro literário mais para o final do semestre que eles vão

preparar a tecnologia deles, seja com Power Point, seja com música, eles vão trazer.

4.ª Quais são as dificuldades encontradas no uso da tecnologia em sala de aula?

Minha principal dificuldade era em montar as aulas utilizando as novas tecnologias.

Ano passado tinha uma professora de matemática não regente. Era fenomenal, eu

falava para ela “O que seria da minha vida sem você”. Esse ano ela não está, mas

me deixou uma grande bagagem, eu já consigo me virar. Então eu dava a ideia para

ela, vinha com o material e aí ela montava para mim. Ela montava me ensinando.

Várias vezes por telefone, ela me passando informação para eu fazer.

Um dia, aconteceu de dar vírus nos computadores e nós não pudemos usá-los.

Primeiro por que eu não estava preparada com aquilo, daí eu já pensei logo numa

banca, que eu alguém ia me pegar na banca. Olha que erro meu, porque daí eu fui

para casa e me preparei para o outro dia, pois eu já sabia que não ia dar [para usar

os computadores]. Eu acho que a gente perde tempo, muito tempo, porque até você

sentar para preparar uma aula de Power Point, às vezes eu fico viajando quando eu

vejo já passaram duas horas, principalmente quando tem imagens. Eu acho que as

vantagens: a gente ganha tempo, a aula fica diferente, por que são cinco aulas de

língua portuguesa. A gente já tem o perfil de chata, por ser professor de língua

portuguesa, professora porre, que dá coisa que eu não entendo, sem pé nem

cabeça, aí às vezes eu levo uma música, já quando o conteúdo está dado,

analisado. Falo muito de linguagem formal e informal, levo as duas para comparar.

Em termos de aprendizagem eles fixam mais, eu acho que as imagens do slide

ficam mais na cabeça deles.

5ª Verifica/observa alguma diferença no aprendizado quando as tecnologias

integram o desenvolvimento de suas aulas?

Observo sim. Tanto que eu sinto, que eu dei modos verbais essa semana, comecei

semana passada, coloquei várias tirinhas, da Mônica, do Hagar, umas tirinhas que

também têm na Folha de S. Paulo, e quando eu vou falar no modo verbal eles se

remetem a tirinha. Eles se lembram da tirinha que eles viram no slide.

Entrevista 2

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Perfil da Entrevistada – 6ª série

40 anos

16 anos de magistério

Conclui a graduação em 1993

Teve uma aula semanal de informática na graduação. Era uma disciplina

técnica, para se conhecer os programas, mas não de metodologia.

Não fez pós-graduação

20 horas-aula

Não participa de cursos de atualização que abordem as tecnologias

1ª Quais são as tecnologias que você usa em suas aulas?

Data show, por que eu trabalho muito com o Power Point, Movie Maker, agora eu

aprendi e posso dizer que eu aprendi mais com os alunos do que ensinei, eu sabia

um pouquinho na medida em que eu propus um trabalho para eles, eu acabei

aprendendo muito com eles, enfim eu sei que eu propus um trabalho para eles e

resultado foi muito satisfatório, inclusive eu acabei aprendendo com eles.

2ª Com qual periodicidade você utiliza a tecnologia em suas aulas?

Eu gosto bastante de utilizar, não é sempre, porém sempre que possível porque eu

percebo, por parte dos alunos, há uma interação melhor, enfim, na visão deles é

como saísse da mesmice: quadro, giz. Enfim, o resultado muitas vezes é o mesmo,

mas por você ver o seu aluno um pouco mais motivado, você acaba usando a

tecnologia para esse intuito, em usar alguma coisa diferente.

3ª O uso da tecnologia contribui de alguma forma na composição/construção de seu

plano de aulas? Como?

Contribui bastante, mas a forma que eu uso varia bastante de conteúdo para

conteúdo. Às vezes eu trago uma dinâmica, apresento um vídeo, uma apresentação

de slides de uma história para iniciar o conteúdo. Às vezes eu trago o próprio

conteúdo no multimídia, se for mais fácil a visualização. Porém se nós formos

construir o conceito, aí eu uso o quadro de giz.

4ª Quais são as dificuldades encontradas no uso da tecnologia em sala de aula?

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Hoje, em especial, eu vejo que aqui no Lourdes, nós tempos todos esses recursos

na sala de aula. Não tem que fazer o agendamento, e não há o risco de a aula que

você preparou acabar não acontecendo. Hoje como todos os professores têm esse

recurso em sala, está tudo mais acessível.

5ª Verifica/observa alguma diferença no aprendizado quando as tecnologias

integram o desenvolvimento de sua aula?

Eu posso dizer sim, até pela interação que eles acabam tendo. Eu não posso te

dizer se há um aprendizado 100%, mas o que fica visível ao professor sim é uma

empolgação maior e daí você vê o entendimento do aluno, eles acabam

participando.

Entrevista do Colégio Estadual Professor Victor do Amaral

Entrevista 3

Perfil da Entrevistada – 5ª série

35 anos

13 anos de magistério

Concluiu a graduação em 1999

Não teve nenhuma disciplina teórica na graduação sobre o uso da tecnologia

educacional

Não terminou a pós-graduação em Língua Estrangeira.

16 horas-aula

Não participa de cursos de atualização que abordem as tecnologias

1ª Quais são as tecnologias que você usa em suas aulas?

Eu uso o pen drive. Para gente trabalhar aqui, nós temos menos recursos. Por

exemplo, lá na Facinter, tem o data show, o computador, você leva os alunos para o

laboratório, mas aqui é difícil.

2ª Com qual periodicidade você utiliza a tecnologia em suas aulas?

Hoje seriam pelo menos três vezes por semana.

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3ª O uso da tecnologia contribui de alguma forma na composição/construção do seu

plano de aula? Como?

Bastante, você prende a atenção dos alunos. Eles nasceram nessa era da

tecnologia, então a gente não pode ficar só restrito a métodos tradicionais, quadro,

giz, livro. Se tivesse recursos, com certeza trabalharia mais com eles. Na questão da

atenção, da memorização também, por que a questão das imagens, do visual os

alunos acabam gravando com mais facilidade. É fantástico você trabalhar com

recursos diferentes, a internet.

4ª Quais são as dificuldades encontradas no uso da tecnologia em sala de aula?

Já surgiram dificuldades, por exemplo na questão do próprio manuseio do controle.

Você programa aquela aula, chega na hora dá mau contato no cabo na hora de ligar

a tomada, já aconteceram situações assim, o vídeo não funcionar ou o aparelho de

DVD tava quebrado. Tem aquela expectativa, eu vou assistir a algo bacana. Mas

com a 5ª série é complicada, por que daí você sempre tem que ter uma aula na

manga, por que numa situação que não funcione o computador ou a televisão eles

se exaltam. Ainda que você fala “Hoje vamos ter uma aula com vídeo”, aí não

funciona. Isso já aconteceu umas três vezes.

Com os alunos tem a questão da faixa etária que você sabe como é, você pegar

uma quinta série, eles vão ficar doidos. Daria para trabalhar, mas acho que isso tem

que se pensar num sistema mais direcionado, tem que ter mais recursos. Se fosse

uma escola toda voltada para tecnologia, talvez até os alunos encarassem isso com

mais naturalidade. O fato de ser coisa nova, a tecnologia, os computadores, entre

outros recursos, o que eles vão fazer, vão acabar se exaltando. E aqui ainda

acabamos dividindo o espaço com o laboratório de química.

5ª Verifica/observa alguma diferença no aprendizado quando as tecnologias

integram o desenvolvimento de sua aula?

Percebo, percebo bastante. Depois o próprio aluno exige mais, ele fica mais

motivado para aprender aquela matéria, aquele tema passado em sala de aula, eles

cobram isso depois. E, sem dúvida, você ensinar com essa tecnologia, o aluno se

desenvolve muito mais rápido.

Eles lidam com isso o tempo todo, é comum eles perguntarem: “Professora, você

tem email, você tem Facebook?” Eles mesmos já me ajudaram a mexer com o

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controle é bacana essa interação. Se você precisa passar um assunto, como é

grupo já de adultos então a gente tem essa troca de informação por email, sites de

relacionamentos. Coisa que não dá para fazer com adolescentes, crianças.

Entrevista 4

Perfil da Entrevistada – 6ª série

42 anos

15 anos de magistério

Concluiu a graduação em 1996

Não teve nenhuma disciplina teórica na graduação sobre o uso da tecnologia

educacional

Não tem pós-graduação

40 horas-aula

Participa de cursos de atualização que abordam as tecnologias, oferecidos

pelo Estado

1ª Quais são as tecnologias que você usa em suas aulas?

Eu uso muito pouco, no ensino médio um pouco mais, no ensino fundamental

menos. No ensino fundamental aqui, por exemplo, eu já usei o data show, uma vez,

mas costumo usar mais aparelhagem de vídeo e som, no ensino médio que eu

costumo usar um pouco mais. Aqui nunca eu os levei na sala de informática, por que

tem alguns problemas em sala de aula que eu tenho medo de acontecer na sala de

informática e acabar dando algum tipo de complicação, mas no ensino médio eu

consigo trabalhar um pouco mais. Você tem que programar com muita antecedência,

daí aparece de um dia para o outro você quer programar alguma coisa, mas daí não

dá tempo.

2ª Com qual periodicidade você utiliza a tecnologia em suas aulas?

Não tem uma periodicidade certa. Geralmente dentro do que eu estou trabalhando

eu tento encaixar determinada tecnologia. Por exemplo, o data show eu encaminhei

dentro de um processo que a gente estava encaminhando de ver um filme para

depois elaborar outras coisas, mas eu não costumo depois da tecnologia elaborar a

aula, geralmente é dentro da aula que eu encaixo o que eu for usar.

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3ª O uso da tecnologia contribui de alguma forma na composição/construção de seu

plano de aulas? Como?

Talvez contribua um pouco mais para a atenção deles. Por exemplo, quando você

coloca um pen drive com um vídeo, diferenciado para algum conteúdo que você vai

trabalhar, às vezes você consegue perceber um pouco de motivação, mas também

não é assim aquela aula maravilhosa que você consiga a atenção de todos, mas

pelo menos você consegue motivar um pouco mais o assunto, dependendo do

assunto, se tiver uma coisa visual, é bem melhor.

4ª Quais são as dificuldades encontradas no uso da tecnologia em sala de aula?

A dificuldade maior é realmente conseguir chamá-los para isso, e depois conseguir

fazer com que eles se atentem para aquilo que você elaborou. Às vezes é uma aula

tão difícil de ser elaborada você às vezes passa semanas, dias tentando elaborar e

chega na hora os alunos não dão muita conta daquilo ou então até querem mexer,

por que hoje a tecnologia atrai a mexer. Esses tempos eu estava dando uma aula

onde a menina foi lá e mexeu no DVD e travou o filme inteiro que estava passando.

Então atrai para o bem e tira a atenção de certa forma. Eu não vejo nenhum

problema para não usar mais, mas são os problemas cotidianos.

5ª Verifica/observa alguma diferença no aprendizado quando as tecnologias

integram o desenvolvimento de sua aula?

Isso sim, com certeza, principalmente com vídeo, sabe? Que você procura colocar

para ele ter uma visão do que você está falando. Você está trabalhando determinado

texto de determinada época, daí você coloca um vídeo daquela época ou alguma

para materializar aquilo para deixar de ser só no papel ou deixar de ser apenas

imaginativo, passa a ser mais prático. Então disso eles gostam, isso é verdade para

deixar mais concreto para eles.

Entrevista 5

Perfil da Entrevistada – 6ª série

34 anos

16 anos de magistério

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Concluiu a graduação em 1996

Não teve nenhuma disciplina teórica na graduação sobre o uso da tecnologia

educacional

Fez pós-graduação em Literatura

60 horas-aula (prefeitura e estado)

Não participa de cursos de atualização que abordem as tecnologias

1ª Quais são as tecnologias que você usa em suas aulas?

Todas as disponibilizadas pela escola: data show, rádio e a TV Pen Drive. Eu não

passo filmes completos, apenas trechos, por que se não eu perco muito tempo.

2ª Com qual periodicidade você utiliza a tecnologia em suas aulas?

Sempre que tiver que jogar algo com aspecto visual eu uso tecnologia. Pelo menos

umas duas vezes por semana eu utilizo, tanto em gramática como literatura.

3ª O uso da tecnologia contribui de alguma forma na composição/construção de seu

plano de aulas? Como?

R: Com certeza, 100%. Em quanto eles olham, eles acompanham melhor por

questões visuais. A parte de literatura que é muita chata só na oralidade, no visual

há uma grande diferença. Se fosse na minha época talvez eu até me interessasse

pelo conteúdo.

4.ª Quais são as dificuldades encontradas no uso da tecnologia em sala de aula?

Em passar os programas do Windows para o Linux, que é o sistema operacional

utilizado pela TV Pen Drive. Esse é o meu principal problema, pois como eu tenho o

Linux em casa, tem que chegar na escola e transformar o arquivo para o Linux,

porém as vezes não funciona.

5.ª Verifica/observa alguma diferença no aprendizado quando as tecnologias

integram o desenvolvimento de sua aula?

Sim, para melhor. Quando eu não uso a aula fica meio chata, alguns dormem. A

experiência que eu tenho é de quando eu não usava a tecnologia e agora que eu

uso, e eu noto diferença.

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ANÁLISE DOS RESULTADOS

Percebeu-se que em total ajuste às concepções teóricas citadas no item 3 e à

realidade exposta pelos docentes, pode-se dividir a análise em quatro categorias

distintas, sendo que todas partem das mesmas matérias de estudo: as entrevistas

feitas nos colégios já citados, o PPP de cada instituição, o plano de atividades e o

plano de conteúdos, e em estudos de documentos nacionais (PCN e LDB).

Chamaremos, pois, as etapas analisadas de categorias de análise, sendo elas:

escolas públicas e privadas: diferenças; Conhecimento metodológico e novas

tecnologias; Suporte técnico: o real e o necessário; Novas metodologias:

contribuições.

ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS: DIFERENÇAS

Fazendo uma análise mais aprofundada em relação à estrutura dos dois

colégios em que foram realizadas as entrevistas, é possível afirmar que o uso efetivo

das novas tecnologias tem como fator determinante a forma como esses recursos

estão disponíveis para os professores.

No Colégio Bom Jesus Nossa Senhora de Lourdes, os professores têm à

disposição multimídia em todas as salas – o que dispensa o agendamento e demais

problemas de não ter uma aparelhagem ligada sempre que o professor precisar,

como se percebe na resposta de uma das entrevistadas quando perguntada sobre a

frequência:

Eu uso muito. Principalmente quando vou começar o conteúdo. Aqui no BJ

as salas têm o multimídia agora. Mas como a gente tava conversando

antes, antigamente tinha que fazer o agendamento. Eu acho que se tivesse

que fazer o agendamento seria muito mais limitado o uso. (Entrevista 1,

Pergunta 2)

Situação bem diferente encontrada pelos professores do Colégio Estadual

Professor Victor do Amaral, em que há apenas uma sala multimídia, espaço este

dividido com o laboratório de química. Conforme uma resposta de uma das

entrevistas desse colégio, o uso é demasiadamente difícil

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Eu uso muito. Principalmente quando vou começar o conteúdo. Aqui no BJ

as salas têm o multimídia agora. Mas como a gente tava conversando

antes, antigamente tinha que fazer o agendamento. Eu acho que se tivesse

que fazer o agendamento seria muito mais limitado o uso (Entrevista 3,

Pergunta 4).

Esses dois colégios retratam bem as diferenças nos mais diversos

estabelecimentos de ensino – públicos e privados. Os colégios particulares, hoje,

quase todos já se encontram com o data show e este já é um recurso utilizado há

algum tempo, pensando na velocidade com que as novas tecnologias surgem. O

mais novo recurso tecnológico disponível em alguns poucos colégios é a lousa

digital, que não foi encontrado em nenhum dos dois colégios deste estudo.

O Colégio Estadual Professor Victor do Amaral, por sua vez, ilustra bem como

os governos estaduais cuidam de suas escolas. Existe um aparelho, e isso parece

acontecer pelo fato de que eles fornecem o equipamento apenas para dizer que a

escola tem, mas muitas vezes não fornece a estrutura mínima. Como falado

anteriormente, nesse colégio, a sala multimídia divide espaço com o laboratório de

química, o que gera preocupação na primeira entrevistada do Victor, que tem receio

em levar os alunos de 5.ª série para passar os conteúdos no data show, por não ter

como cuidar de todos nesse laboratório de química. Muitas são as escolas estaduais

em que o governo fornece os computadores, mas não oferece a mínima

infraestrutura necessária para que eles possam funcionar (construção/reforma de

salas, bancadas para os computadores, cadeiras etc.).

No Colégio Bom Jesus, caso algum aparelho apresente defeito em sala, há

inspetores nos corredores para dar assistência ao professor, encaminhando um

técnico para ajudar solucionar o problema. No Victor, há uma pessoa responsável

para este setor, porém, ao observar a caracterização da escola, percebe-se que o

apoio técnico ao professor não acontece de maneira efetiva. A sala multimídia, como

não é usada frequentemente, geralmente não está com os aparelhos ligados, e

quase sempre falta um cabo para que tudo funcione. E, com isso, o tempo da aula

acaba sendo utilizado para tentar solucionar problemas que não fazem parte do

plano proposto pelo professor.

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Mesmo com todas as limitações, um sistema encontrado nessas escolas são

as TVs Pen Drive (programa implementado no ano de 2008). Como o próprio nome

diz, são televisões, e essas sim em todas as salas, em que o professor insere seu

pen drive (quando da criação do projeto, o governo estadual disponibilizou este

dispositivo aos professores) com o seu conteúdo preparado. Uma das grandes

dificuldades encontradas para o uso da TV Pen Drive é a questão da visualização,

pois a tela é pequena (29”) em relação ao tamanho da sala. Pensando em uma sala

com mais de 30 alunos, a visibilidade e a atenção ficam prejudicadas realmente,

além da falta de conhecimento técnico dos professores quanto ao tipo de arquivo

compatível com as TVs.

A semelhança nos dois colégios é a questão da falta de instrução dos

professores, que já devem vir preparados para o uso da tecnologia. Não que as

escolas devam obrigatoriamente fazer uma preparação para os professores, mas,

então, qual seria a melhor forma do professor utilizar todos os recursos que os

colégios oferecem? Outra questão é sobre a falta de preparo dos professores em

suas graduações, pois, retomando o perfil de todas as entrevistadas, apenas uma

teve aula de informática em sua graduação, mas nada voltado para uso

metodológico na sala de aula.

O dinheiro destinado às novas tecnologias deveria ser investido também na

capacitação dos professores, pois como é possível perceber a presença de recursos

na sala de aula não é garantia na melhora dos planos de aula dos professores. O

recurso tecnológico tem que servir ao professor, para que este possa oferecer um

melhor aprendizado ao seu aluno, e não ser apenas um chamariz, no caso dos

colégios particulares, ou uma justificativa de melhora no ensino, no caso dos

colégios públicos.

A introdução do livro Tecnologias para transformar a educação traz uma

perfeita constatação do que vem acontecendo na maioria das instituições de ensino

[...] as políticas deveriam centrar-se mais na inovação da prática educativa e

deixar de se obcecar pela dança dos números, ou seja, pelas frias

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estatísticas sobre o número de computadores por estudante ou sobre os

recursos disponíveis em cada escola (SANCHO et al., 2006, p. 12).

CONHECIMENTO METODOLÓGICO E NOVAS TECNOLOGIAS

O uso da tecnologia, sua inserção e integração no universo escolar, é um

grande desafio, como afirma Leite (2003), principalmente quando se trata do uso das

novas tecnologias.

A partir da pesquisa realizada sobre as novas tecnologias, pode-se perceber o

baixo nível e/ou grau de conhecimento que os professores entrevistados possuem.

Sendo assim, constata-se que nem todos os professores têm a percepção do que de

fato representam as novas tecnologias, como se pode perceber na resposta dada

por uma das entrevistadas, ao questionarmos sobre a forma de uso da tecnologia:

Eu contextualizo uma história em quadrinhos, coloco efeitos de Power Point,

que eles adoram, e acho que isso fixa mais para eles. Tanto é que a

primeira pergunta quando eu chego em sala é se eu vou usar o multimídia

(Entrevista 1, Pergunta 2).

Fica evidente aqui que há professores que usam os meios tecnológicos

apenas como um recurso visual de fixação dos conteúdos, transferindo o que faziam

no quadro de giz para o projetor, sendo assim, a prática efetiva das novas

tecnologias não atinge sua competência no processo de ensino.

Leite (2003) afirma que o uso da tecnologia não garante qualidade nem

dinamismo à prática pedagógica, mas, infelizmente, é assim que alguns professores

têm a encarado, o que fica evidente na forma como usam a tecnologia, apenas

como transferência de suporte. Percebe-se, portanto, que não há uma reflexão, um

planejamento capaz de introduzir as novas tecnologias de forma adequada.

Ao perguntar a uma das entrevistadas sobre sua percepção quanto à

contribuição das novas tecnologias aos alunos, percebe-se que ela acredita que

seus alunos estão tendo uma melhoria no aprendizado quando têm acesso aos

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recursos tecnológicos, porém, ao analisar sua reposta, percebe-se que há um

equívoco entre conceito do uso das novas tecnologias e o “uso pelo uso”:

Sinto. Tanto que eu sinto, que eu dei modos verbais essa semana, comecei

semana passada, coloquei várias tirinhas, da Mônica, do Hagar, umas

tirinhas que também têm na Folha de S. Paulo, e quando eu vou falar no

modo verbal eles se remetem a tirinha. Eles se lembram da tirinha que eles

viram no slide (Entrevista 1, Pergunta 5).

Essa resposta demonstra que a docente realiza as aulas de maneira

expositiva apenas e não de maneira capaz de envolver o domínio contínuo e

crescente das tecnologias que estão presentes no meio escolar segundo Leite

(2003).

Percebe-se, ainda, que não há um levantamento das atividades considerando

os objetivos a serem atingidos, como sugere Leite (2003), quando analisa o

conhecimento que se tem sobre os alunos, o que permitiria o acesso a essa

tecnologia de forma democratizada, mas não a inclusão da tecnologia de maneira

aleatória, apenas como um mecanismo de motivação, como se nota na fala de uma

das entrevistadas, quando perguntada qual o tipo de tecnologia ela trabalha:

Eu gosto bastante de utilizar, não é sempre, porém, sempre que possível,

porque eu percebo, por parte dos alunos, há uma interação melhor, enfim,

na visão deles é como saísse da mesmice: quadro, giz. Enfim, o resultado

muitas vezes é o mesmo, mas por você ver o seu aluno um pouco mais

motivado, você acaba usando a tecnologia para esse intuito, em usar

alguma coisa diferente (Entrevista 1, Pergunta 2).

Portanto, a situação nos leva a acreditar que o aluno nesse processo de

aprendizagem, em que as novas tecnologias se fazem presentes, são meros

telespectadores, agentes passivos, o que deduz obviamente, que a ideia da

educação bancária, postulada por Paulo Freire, em que há um depósito de

conteúdo, continua acontecendo, ou seja, o tempo passa e o tradicionalismo fica

mantendo a estrutura antiquada.

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Nas entrevistas com os professores do Colégio Bom Jesus Nossa de

Lourdes, percebe-se que estes possuem a mesma postura metodológica dos

professores do Colégio Estadual Professor Victor do Amaral, apenas diferenciando-

se pela frequência em que os recursos são utilizados, fato este que se dá pela

facilidade de acesso às ferramentas:

Eu uso o quadro de giz e o data show. Eu começo um pouco na história, o

que eles já sabem sobre os verbos, aí eles vão me contando, eles vão me

dando informações, aí vemos os sentidos das frases, analisamos algumas

frases no quadro, depois que eu vou contextualizar nos textos, no Power

Point. Daí eu já apresentei os nomes dos modos verbais. É mais ou menos

assim que eu faço, não vou direto no slide, não. Primeiro eu situo eles

naquilo que eles vão aprender, se é o texto, se é o gênero textual, se é

alguma parte da gramática, análise linguística. Eu passo slide e depois vou

para os exercícios, ou é no livro ou no preparado que a gente recebe no

Plano de Atividades [Coletânea de atividades preparada pelo colégio]

(Entrevista 1, Pergunta 1).

Fica evidente, portanto, que o uso das novas tecnologias feito pela professora

entrevistada é feito apenas como mero motivador, assim como se percebe nesse

comentário sobre quais são as vantagens no uso das novas tecnologias em sala:

[...] Eu acho que as vantagens: a gente ganha tempo, a aula fica diferente,

por que são cinco aulas de língua portuguesa. A gente já tem o perfil de

chata, por ser professor de língua portuguesa, professora porre, que dá

coisa que eu não entendo, sem pé nem cabeça, aí às vezes eu levo uma

música, já quando o conteúdo está dado, analisado. Falo muito de

linguagem formal e informal, levo as duas para comparar. Em termos de

aprendizagem eles fixam mais, eu acho que as imagens do slide ficam mais

na cabeça deles (Entrevista 1, Pergunta 4).

É claro que o fato de se ganhar tempo é bastante positivo, mas isso não

modifica o papel do aluno frente a essa nova forma de planejar e trabalhar uma aula.

O uso de computadores e de todas as outras novas tecnologias está presente

na vida dos alunos, e uma das novas funções da escola e do professor é fazer o

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ensino por meio dessas tecnologias, preparando os alunos para um uso consciente

desses recursos, como afirma Glaucia da Silva Brito e Ivonélia da Purificação

Esse novo cidadão do mundo insere-se cada vez mais na sociedade das

tecnologias, portanto, faz-se necessário propiciar-lhe o acesso a elas.

Contudo, ele deve estar consciente das potencialidades dessas tecnologias

e do seu uso para o bem de todos (2006, p. 21).

Sabe-se, entretanto, que existem professores que estão engajados de alguma

forma com o uso dessa tecnologia, como se pode perceber nesta resposta dada por

um professor da rede particular, quando perguntado sobre quais as ferramentas que

utiliza:

Data show, por que eu trabalho muito com o Power Point, Movie Maker,

agora eu aprendi e posso dizer que eu aprendi mais com os alunos do que

ensinei, eu sabia um pouquinho na medida em que eu propus um trabalho

para eles, eu acabei aprendendo muito com eles, enfim eu sei que eu

propus um trabalho para eles e resultado foi muito satisfatório, inclusive eu

acabei aprendendo com eles (Entrevista 2, Pergunta 1).

O “criar novas formas de expressão”, solicitada por Leite (2003), representa

um grande desafio que requer habilidade e envolvimento por parte do professor a

fim de que a mesmice citada por uma das entrevistadas seja superada, caso

contrário, se estará apenas fazendo uma transferência de suporte, o que em nada

enriquece o processo de ensino-aprendizado.

SUPORTE TÉCNICO: O REAL E O NECESSÁRIO

De acordo com os PCN, a escola está inserida dentro da sociedade e para

cumprir sua função deve estar preparada a incorporar novos hábitos,

comportamentos, percepções e demandas.

Considerando a dinâmica com que se dá a produção de conhecimento e a

circulação de informação no mundo atual, o uso das novas tecnologias irá contribuir

para melhoria da qualidade na educação. Contudo, a simples presença das

tecnologias na escola não é por si só a garantia dessa maior qualidade.

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Segundo os PCN, tal uso deve ser usado na escola para ampliar as opções

didáticas do docente, com o objetivo de criar ambientes de ensino-aprendizagem,

que fortaleçam a postura crítica, a autoridade, a observação e, principalmente, a

autonomia do aluno.

O educador continua sendo o principal agente dessa metodologia, porém,

abranger ensino, adaptações a novas técnicas e dar uma sequência eficaz nesse

processo é a grande dificuldade do novo educador.

Na LDB é garantida a formação/capacitação em seus artigos 61, 67 e 87,

inclusive em serviço, mas não basta constar em lei esse direito: é necessário que se

prepare os professores para atuar no mundo, no qual diversos meios levam ao

raciocínio e ao conhecimento e que a aprendizagem pode acontecer de várias

maneiras, além da tradicional aula expositiva. Nesse sentido, a escola e o professor

têm papel fundamental na formação do aluno para a sociedade tecnológica, sem

ficar à margem de seu processo, atingindo a todos com igualdade e possibilidades

para sua participação na construção de conhecimento relevante à sua vida no meio

social. A plena participação no mundo letrado também inclui conhecimento

tecnológico, cuja mediação está pautada no trabalho docente.

Mesmo este sendo um auxílio valioso aos professores, percebe-se ainda uma

lacuna quanto ao total suporte nos usos das novas tecnologias, tais como:

conhecimento quanto a softwares, manuseio de jogos, especialização em

informática, e muitas vezes noções básicas de como ligar, desligar e demais

periféricos que são também de extrema importância no dia a dia do ensino.

A LDB, na seção III, em que fala sobre o ensino fundamental, afirma

Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos,

gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por

objetivo a formação básica do cidadão, mediante:

[...]

II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da

tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;

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Esse trecho da LDB foi inserido à Lei de 1996 no ano de 2006 e traz a

tecnologia como um dos fundamentos a serem ensinados no ensino fundamental. O

uso das novas tecnologias permite aos educadores colaborarem, interagirem e

divulgarem o conhecimento que produzem, favorecendo novas situações para a

prática pedagógica. Quanto aos recursos tecnológicos, as escolas entrevistadas

possuem infraestrutura diferenciada, enquanto na rede pública temos a maior parte

das aulas com esse recurso na TV Pen Drive e em sessões agendadas, temos na

rede particular, à disposição dos docentes, data show em cada sala e

acompanhamento técnico na execução de softwares, criando, dessa forma,

oportunidades de aprendizagem em tempos e práticas distintas.

Pode-se perceber, sobre o uso das novas tecnologias, uma disposição por

parte de alguns dos entrevistados em proporcionar aos seus alunos tal vivência,

acreditando que o uso tecnológico contribua de forma significativa aos seus alunos,

como podemos observar nesta resposta:

Eu gosto bastante de utilizar, não é sempre, porém sempre que possível

porque eu percebo, por parte dos alunos, há uma interação melhor, enfim,

na visão deles é como saísse da mesmice: quadro, giz. Enfim, o resultado

muitas vezes é o mesmo, mas por você ver o seu aluno um pouco mais

motivado, você acaba usando a tecnologia para esse intuito, em usar

alguma coisa diferente (Entrevista 1, Pergunta 2).

Fica evidente que a entrevistada percebe o uso das novas tecnologias como

sendo um grande aliado para que sua aula não se torne tediosa. Porém, somente a

relação de boa vontade versus motivação por parte dos alunos não faz com que

aulas informatizadas sejam fáceis de serem ministradas. Há todo um aparato, um

preparo e diversos prerrequisitos que necessitam ser supridos no universo discente.

Lígia Silva Leite (2003, p. 37) afirma que:

Não basta utilizar as tecnologias, é necessário inovar as práticas

pedagógicas, assim o aluno se apropriará dela como sujeito. A tecnologia

muitas vezes chega na escola não por escolha do professor, mas por

imposição do governo federal, como por exemplo, TV, vídeo e antena, que

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chegou na década de 90.Isso tudo sem oferecer condições de uso pro

professor, ou seja uma formação, a alfabetização tecnológica do professor a

fim de que domine a tecnologia capaz de facilitar o aprendizado.

A respeito disso, observa-se entre os entrevistados uma grande dificuldade

em manusear os recursos disponíveis. Em nenhum deles aparece a participação em

cursos na área tecnológica nem mesmo em treinamentos para os próprios meios

oferecidos na escola. Em entrevista na rede pública, quando perguntada sobre as

dificuldades quanto ao uso das novas tecnologias em sala:

Já surgiram dificuldades, por exemplo, na questão do próprio manuseio do

controle. Você programa aquela aula, chega na hora dá mau contato no

cabo na hora de ligar a tomada, já aconteceram situações assim, o vídeo

não funcionar ou o aparelho de DVD tava quebrado. Ainda que você fala

“Hoje vamos ter uma aula com vídeo”, aí não funciona. Isso já aconteceu

umas três vezes [...] (Entrevista 3, Pergunta 4).

Dificuldades como essas, em destaque, ainda são frequentes, muitas vezes,

um simples cabo, ou uma ligação equivocada transforma a aula que o professor

levou horas preparando em um momento perdido e sem aquisição de conhecimento.

Os professores não conhecem os equipamentos e, em decorrência disso, não

conseguem solucionar problemas desde os mais simples, como diferenciação de um

cabo, aos mais restritos, como a extensão de um arquivo. Exemplo disso é a

dificuldade encontrada na questão 4, da entrevista 5 do Colégio Estadual Victor do

Amaral:

Em passar os programas do Windows para o Linux, que é o sistema

operacional utilizado pela TV Pen Drive. Esse é o meu principal problema,

pois como eu tenho o Linux em casa, tem que chegar na escola e

transformar o arquivo para o Linux, porém as vezes não funciona (Entrevista

5, Pergunta 4).

Percebe-se que o professor tenta reconhecer os sistemas e, mesmo assim,

os confundem e não se sente confiante em preparar uma aula que pode ou não dar

certo, fato esse que o leva a usar esporadicamente os meios tecnológicos e a

sempre reproduzir os mesmos programas que já lhe são confiáveis.

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NOVAS METODOLOGIAS: CONTRIBUIÇÕES

A sociedade do século XXI apresenta-se com uma rapidez constante de

informações veiculadas pelos meios de comunicação, sendo fundamental a

importância de reconhecer a expressão a partir dos princípios que norteiam o estudo

da Língua Portuguesa, posto que em seu cotidiano as pessoas estabelecem

diferentes formas de comunicação em situações específicas. É nesse contexto que

as tecnologias de informação inserem-se em âmbito escolar, sendo, portanto, úteis e

necessárias ao desenvolvimento do educando.

Ressalte-se, nesse sentido, que essas novas possibilidades de acesso à

informação e transformação do conhecimento, colocam o professor como um

gerenciador do processo de aprendizagem, articulando, dessa forma, maneiras de

proporcionar ao aluno embasamento teórico, estrutural, linguístico e temático, para

que ele possa compreender, refletir e apropriar-se de elementos que possam

subsidiar e fundamentar o processo de ensino-aprendizagem.

A pesquisa realizada em escolas particulares e estaduais, fundamentada por

meio de entrevistas com educadores regentes das 5ª e 6ª séries na área de Língua

Portuguesa, demonstra a preocupação dos educadores em alterar o processo de

ensino, buscando formas não só de motivação aos alunos, como também observar a

capacidade de assimilação dos educandos a partir da incorporação das novas

tecnologias.

Pensando nesse viés, as perguntas realizadas aos docentes convergiam ao

final para a seguinte situação observada em sala de aula: “Verifica/observa alguma

diferença no aprendizado quando as tecnologias integram o desenvolvimento de sua

aula?”. Nesse sentido, há no discurso dos entrevistados uma preocupação com as

mudanças comportamentais dos alunos observadas na aplicação dos conteúdos.

Ressalte-se, a seguir, uma das respostas da entrevistada da escola estadual:

Isso sim, com certeza, principalmente com vídeo, sabe? Que você procura

colocar para ele ter uma visão do que você tá falando. Você está

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trabalhando determinado texto de determinada época, daí você coloca um

vídeo daquela época ou alguma para materializar aquilo para deixar de ser

só no papel ou deixar de ser apenas imaginativo, passa a ser mais prático.

Então disso eles gostam, isso é verdade para deixar mais concreto para

eles (Entrevista 4, Pergunta 5).

Há, portanto, nessa resposta, um esforço contínuo, postulando uma forma

de aproximar o conteúdo à capacidade de interação do aluno. Sabemos que por

mais precisa que seja uma apresentação, ela sempre vai se alojar à maneira de

cada receptor. Este fato é que possibilita as diferentes interpretações de um

determinado texto ou época histórica. Esse prodígio da memória e da imaginação,

constatado pelo professor, de concretizar por meio de imagens de uma determinada

época, está presente em todas as leituras possibilitadas em âmbito escolar. Nesse

sentido, Aristóteles estava certo “nada está no intelecto que não tenha, antes,

passado pelos sentidos”. Podemos falar sem grandes riscos de leitura visual e

auditiva, entre outras.

Interessante observar que ao longo das entrevistas e, uma vez finalizadas, há

uma série de pontos convergentes no que tange ao posicionamento dos

profissionais. Quando indagada a respeito do aprendizado de seus alunos, a

entrevistada número 1 do colégio particular Bom Jesus Nossa Senhora de Lourdes

aponta para a seguinte conclusão sobre o aprendizado observado:

Observo sim. Tanto que eu sinto, que eu dei modos verbais essa semana,

comecei semana passada, coloquei várias tirinhas, da Mônica, do Hagar,

umas tirinhas que também têm na Folha de S. Paulo, e quando eu vou falar

no modo verbal eles se remetem a tirinha. Eles se lembram da tirinha que

eles viram no slide (Entrevista 1, Pergunta 5).

Não há como não perceber os campos de visões associados entre si já que,

para os professores citados, a utilização das novas tecnologias em âmbito escolar,

sem dúvida, tende a melhorar o processo ensino-aprendizagem e proporcionar ao

aluno uma maneira diferente de vivenciar o conteúdo escolar. Se considerarmos que

ainda existem práticas escolares, cujos objetivos centram-se na memorização de

conteúdos e mais conteúdos e na apresentação de respostas prontas, esse

condicionamento torna-se mais lastimável. Sabemos que esse aprendizado não será

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significativo, pois durante um determinado tempo o aluno será capaz de reproduzi-lo,

todavia sem significação alguma. Por essa razão, essa nova mentalidade de

incorporação das novas tecnologias representa um espaço possibilitado por essas

tecnologias que utilizam como base o hipertexto.

Diante desse pressuposto e considerando a heterogeneidade presente nas

salas de aulas, sabemos que os discentes aprendem de maneiras diferentes,

portanto é importante apresentar as informações a partir de diferentes metodologias

tecnológicas para que tenhamos uma aprendizagem significativa, do contrário

teremos apenas produtos de uma educação ineficiente, ou seja, alunos copistas e

decodificadores apenas. De acordo com essa linha de raciocínio, Paulo Freire (apud

GADOTTI, 1989, p. 74) aponta-nos a seguinte observação: “Não basta saber ler

mecanicamente ‘Eva viu a uva’. É necessário compreender qual a posição que Eva

ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir uvas e quem lucra com

esse trabalho”.

Acrescentem-se, ainda, os PCN que, principalmente na área de Língua

Portuguesa, apresentam as seguintes considerações na capacidade de o aluno

inferir nas informações apresentadas no sentido de localizar, decodificar e analisá-

las: ler e escrever conforme seus propósitos e demandas sociais; expressar-se

apropriadamente em situações de interação oral diferentes daquelas próprias de seu

universo imediato; refletir sobre os fenômenos da linguagem, particularmente os que

tocam a questão da variedade linguística, combatendo a estigmatização,

discriminação e preconceitos ao uso da língua.

Constata-se que essa preocupação em identificar e descrever essa inter-

relação entre ensino/tecnologia fica clara a partir da resposta de uma das

entrevistadas:

Percebo, percebo bastante. Depois o próprio aluno exige mais, ele fica mais

motivado para aprender aquela matéria, aquele tema passado em sala de

aula, eles cobram isso depois. E, sem dúvida, você ensinar com essa

tecnologia, o aluno se desenvolve muito mais rápido. Eles lidam com isso o

tempo todo, é comum eles perguntarem: “Professora, você tem e-mail, você

tem Facebook?” Eles mesmos já me ajudaram a mexer com o controle é

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bacana essa interação. Se você precisa passar um assunto, como é grupo

já de adultos então a gente tem essa troca de informação por email, sites de

relacionamentos. Coisa que não dá para fazer com adolescentes, crianças

(Entrevista 3, Pergunta 5).

Não nos esqueçamos, entretanto, que ainda que o docente incorpore as

novas tecnologias em seu processo de ensino-aprendizagem essa dicotomia só terá

validade a partir da interação entre os pares: aluno/professor. Ainda que tenhamos a

tecnologia a serviço do ensino, a participação do professor ainda é um fator

intrínseco à educação, como afirma José Manuel Moran:

As tecnologias de comunicação não substituem o professor, mas modificam

algumas das suas funções. A tarefa de passar informações pode ser

deixada aos bancos de dados, livros, vídeos, programas em CD. O

professor se transforma agora no estimulador da curiosidade do aluno por

querer conhecer, por pesquisar, por buscar a informação mais relevante.

Num segundo momento, coordena o processo de apresentação dos

resultados pelos alunos. Depois, questiona alguns dos dados apresentados,

contextualiza os resultados, os adapta à realidade dos alunos, questiona os

dados apresentados. Transforma informação em conhecimento e

conhecimento em saber, em vida, em sabedoria o conhecimento com ética

(2010b).

Portanto, cabe ao professor a capacidade de interagir e reconhecer sua

importância na programação de planos de aulas. Qualquer tecnologia utilizada em

sala de aula deve ter um propósito, do contrário, servirá apenas como um suporte

superficial, utilizado de maneira mecânica, apenas como leitura, por exemplo, sem a

convicção de uma educação com objetivos pedagógicos. Note-se, nesse sentido,

que para alguns professores trata-se apenas de um artifício para motivar os alunos e

não como um instrumento enriquecedor dos conteúdos abordados, conforme afirma

uma entrevistada do colégio estadual:

Sim, para melhor. Quando eu não uso a aula fica meio chata, alguns dormem.

A experiência que eu tenho é de quando eu não usava a tecnologia e agora

que eu uso, e eu noto diferença (Entrevista 5, Pergunta 5).

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Essa forma de expressão em nada acrescenta ao universo escolar, ao

contrário, transforma as novas tecnologias em elementos ineficientes em sala de

aula, pois, aparentemente, não há um propósito definido e estabelecido a partir de

um plano de aula. Se um docente vê nas novas tecnologias apenas uma maneira de

não deixar que os alunos durmam em sala, ou ainda “com o não uso a aula fica meio

chata”, o objeto estudado não tem valor em contexto algum. É o que constata Brito e

Negri

[...] a apropriação das tecnologias e seus usos em sala de aula, não

garantem, de forma alguma, eficiência no processo ensino-aprendizagem.

Para que isto aconteça, é necessário que o fazer educativo se dê em

contexto pedagógico que vise renovação e educação mediante o

desenvolvimento integral do homem (aluno) que está inserido no processo

dinâmico de transformação social (2009, p. 20).

Sabemos que os recursos tecnológicos como o rádio, a televisão, o

computador, o retroprojetor e o giz, dentre outros, são suportes utilizados pelos

professores em sala de aula para uma aprendizagem significativa. Em uma

sociedade em que as tecnologias são cada vez mais inovadoras nesse processo, há

que se ter em mente que cabe ao professor buscar maneiras diferenciadas de

interagir com os alunos. As novas tecnologias propõem novas abordagens, tratam-

se de instrumentos que possibilitam a motivação dos alunos, colocando-os mais

próximos do objeto do conhecimento. Sendo assim, a escola encontra novas

maneiras de desvincular-se do tradicional, pelo fato de viabilizar o aprendizado de

maneira dinâmica e criativa, que conseguem prender a atenção do aluno. Para Brito

e Negri:

A condição da educação brasileira não mudará por si própria, tão pouco as

tecnologias farão esse trabalho. Os responsáveis por mudanças somos nós,

professores e alunos. Já temos consciência de que o país não crescerá sem

que a educação melhore, contudo temos que ter claro também que a

educação não se transformará sem o esforço de cada um de nós, sendo as

tecnologias educacionais um dos instrumentos para nos apoiar nesse

processo (2009, p. 108).

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Portanto, compete a nós educadores encontrar nesse suporte a necessária

interação entre professor/aluno/conhecimento. Somente dessa forma, estaremos,

indubitavelmente, realizando nosso papel, cujo sentido é o de orientar e formar

cidadãos críticos e capazes de inserir-se na sociedade como sujeitos ativos diante

das perspectivas sociais, históricas e culturais.

APLICAÇÃO PRÁTICA

Depois de tanta reflexão teórica e de conhecer o cotidiano dos professores,

vamos ver um pouco de prática. Porém, antes de iniciarmos, vamos nivelar o

conhecimento sobre a Sequência Didática, já que nas propostas não iremos passar,

necessariamente, por todas as etapas. As sequências didáticas são atividades

planejadas para serem desenvolvidas de maneira sequenciada, com a finalidade de

tematizar aspectos envolvidos na produção, de maneira a possibilitar aos alunos o

entendimento de todos os aspectos envolvidos nas propostas de trabalho.

Para que a sequência seja completa, é necessário considerar os seguintes

aspectos:

Preparação: análise de outros materiais produzidos, trazendo o contexto

da atividade para a sala de aula.

Produção: é o momento de fazer as atividades, de acordo com as

orientações do professor.

Correção: é uma das etapas do processo, mas não pode ser seu fim. É

daqui que o professor tira material para dar continuidade ao seu trabalho.

Análise teórica: nesta etapa, podem ser trabalhados os conceitos teóricos

da produção, retomando os mais importantes ou aqueles que a turma

ainda não assimilou completamente.

Refação: depois da análise do trabalho realizado, a refação é o momento

de rever os pontos da correção e fazer os ajustes necessários.

Publicização: todo o trabalho realizado tem que ter um público efetivo e

não apenas algo para o professor corrigir e atribuir nota.

Trabalhando com o método da sequência didática, espera-se que, com o

passar do tempo, o aluno vá assimilando os conhecimentos trabalhados nas aulas

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de preparação, tornando-se cada vez mais independente dos comentários do

professor.

Promover uma sequência didática não é tarefa das mais fáceis. O que se

recomenda é que durante o ano seja feita no mínimo uma sequência didática

completa, para que o aluno reconheça o valor da escrita, e que, ao longo do ano,

apenas alguns elementos da sequência sejam usados. Porém há algumas práticas

que nunca devem ser deixadas de lado como, por exemplo, a preparação das aulas

e a contextualização da produção.

ATIVIDADE 01: TRABALHANDO COM O FACEBOOK

Essa é uma excelente atividade para trabalhar com os conceitos de

segurança na rede, utilizando uma rede social tão difundida como o Facebook.

Nesta atividade, apresentamos uma proposta de trabalho, mas que o professor pode

ajustar de acordo com a sua realidade ou foco de trabalho.

Objetivo Segurança na Internet.

Cuidados na Internet.

Trabalhar com o gênero biografia.

Fazer perfis biográficos de autores do romantismo.

Anos 8º e 9º anos

Tempo estimado 6 aulas

Material necessário Computadores com acesso à internet.

Biografias.

Desenvolvimento

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Aula 1

Fazer uma abordagem sobre biografias e falar sobre as autorizadas e as não

autorizadas.

Ler o trecho de alguma biografia.

Falar como o Facebook acaba sendo uma biografia de cada um de nós, pois

tem as nossas informações e nossos gostos.

Fazer uma abordagem sobre como algumas informações e imagens podem

acabar nos prejudicando e pedir para que os alunos participem de um debate

sobre o assunto.

Aulas 2 e 3

Dividir a turma em grupos de 5 alunos.

Cada grupo deve pesquisar a vida de um escritor do Romantismo, pensando

em montar um perfil desse autor e como ele pode interagir com os outros

autores.

Aulas 4 e 5

Montagem dos perfis: informações básicas, postagens que reflitam a época e

a obra do autor.

Iniciar a interação entre os perfis.

Aula 6

Análise da produção: Todas as postagens foram adequadas? Algum dos

autores colocou informações muito pessoais?

É importante fazer um fechamento, mostrando como podemos fazer uma

análise de outros perfis que não sejam o nosso e, assim, fazer uma avaliação

dos nossos próprios perfis.

ATIVIDADE 02: LIVRO VIVO

Nesta atividade, o professor pode usar os celulares dos alunos – tão

problemáticos nas salas de aula – para filmagens de passagens do livro escolhido

pelo professor. Além da proposta apresentada, o professor pode incluir uma aula de

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produção de texto em que trabalhe a transposição do texto literário para o roteiro de

vídeo.

Objetivo Estimular a leitura de uma obra literária, fazendo a filmagem dessa obra.

Anos Ensino Médio

Tempo estimado Um semestre.

Material necessário Livros literários.

Smartphones.

Computadores com Movie Maker.

Desenvolvimento Antes de iniciar a atividade, é preciso que o professor tenha uma boa leitura

do livro escolhido.

Já separar alguns trechos do livro que sejam representativos da história.

Preparar-se sobre o funcionamento do Movie Maker:

www.youtube.com/watch?v=1H_2_Q8akuA

Aula 1

Apresentar a obra selecionada.

Passar o contexto histórico e a importância literária.

Estipular o cronograma de leitura com os alunos.

Aula 2 (depois das leituras realizadas)

Fazer o planejamento das filmagens.

Estabelecer um dia de filmagem para cada grupo.

Aula 3 a 5 (depois das filmagens realizadas)

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No laboratório de informática, fazer a edição dos vídeos.

Aula 6 (depois dos vídeos editados)

Fazer a apresentação dos vídeos. Pode ser feito um evento com várias

turmas.

Segue um exemplo de vídeo realizado a partir da obra Lucíola, de José de Alencar.

https://www.youtube.com/watch?v=4fXYrzU61yE

ATIVIDADE 03: PAREM AS MÁQUINAS

Como falado no início desta seção, a publicização é uma das etapas mais

importantes da sequência didática. O foco aqui é a escrita de texto, mas criando um

ambiente em que o aluno esteja se sentindo em uma redação de jornal. A proposta

é de fazer um jornal mural.

Objetivo Trabalhar com os vários gêneros do suporte jornal.

Trabalho em equipe.

Anos 6º e 7º

Tempo estimado 12 aulas

Material necessário Computadores para a produção das matérias.

Smartphones para fazer as fotos.

Data show para o professor fazer a correção dos textos.

Espaço para colocar o jornal.

Desenvolvimento

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Aula 1

Levar jornais para a sala de aula e definir os gêneros que serão trabalhados

no jornal mural (reportagem, entrevista, classificados, editorial, etc.).

Aulas 2 e 3

Trabalhar a construção dos gêneros escolhidos.

Organizar o trabalho de captação de informações para a construção dos

textos.

Aula 4

Captação do conteúdo

Aulas 5 e 6

Produção dos textos na sala de informática

Aulas 7 e 8

Fazer a troca dos textos entre as equipes e trabalhar com o processo de

revisão do Word, marcando todas as alterações e deixando comentários com

sugestões ou dúvidas.

Aula 9 e 10

Professor faz a leitura das correções e vai aprovando à medida que os alunos

vão ajudando.

A importância dessa correção no data show, fazendo as aprovações no Word,

é utilizar a tecnologia na organização das correções.

Aulas 11 e 12

Revisão final e distribuição do jornal pela escola.

ATIVIDADE 04: LINHA DO TEMPO DA LÍNGUA PORTUGUESA

O atual acordo ortográfico começou a ser discutido no ano de 1990. Em 2009,

ele começou a vigorar e a data prevista de sua obrigatoriedade é 2016, caso não

adiem novamente. De maneira geral, nossos alunos têm que conhecer essas novas

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regras. A proposta para essa atividade é de estimular os alunos a fazerem uma

pesquisa sobre a evolução da língua e mostrar como os acordos ortográficos são

apenas acordos políticos.

Objetivo Estimular o conhecimento da evolução da língua e entender as mudanças do

acordo ortográfico.

Anos 8º e 9º anos

Tempo estimado 6 aulas.

Material necessário Sites da internet.

Ferramenta para a construção de linha do tempo.

Sala de informática.

Desenvolvimento

Aula 01 Falar sobre como as línguas evoluem e que isso não é diferente com a

Língua Portuguesa. Falar que eles irão fazer uma pesquisa sobre essa evolução e sobre o

Acordo Ortográfico. Utilizar os sites:

o http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/

lingua-viva-423717.shtml

o http://revistaescola.abril.com.br/novo-acordo-ortografico/

Orientá-los a separar informações para construção de uma linha do tempo.

Aulas 02 a 04

Levar os alunos para a sala de informática e deixem que eles escolham

qualquer um dos modelos de linha do tempo disponíveis nesse site:

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http://noticias.universia.com.br/atualidade/noticia/2014/04/15/1094875/7-

ferramentas-online-criar-linhas-tempo.html

Oriente-os a aplicar a pesquisa na linha do tempo e a ilustrá-la com vídeos e

imagens.

Aulas 05 e 06

Apresentação para a turma. Caso a escola tenha um portal, é possível

compartilhar com toda a escola. Depois disso, partir para as regras do acordo

ortográfico (na sessão de Dicas, tem alguns jogos como sugestão para

trabalhar com os alunos).

ATIVIDADE 05: DITADOS POPULARES ILUSTRADOS

Há um tempo, surgiu na internet imagens que um fotógrafo fez, representando

os ditados populares. A proposta da atividade é trabalhar a questão da língua e de

como essas expressões só fazem sentido na língua em que elas nascem. O uso da

tecnologia, nesse caso, são as câmeras dos celulares ou câmeras digitais. Fora

isso, teremos o trabalho de edição dessas fotos, a publicação. A sugestão é de

trabalhar em conjunto com a área de Artes da escola.

Objetivo Trabalhar a história da língua.

Trabalho em equipe.

Trabalho com linguagem não verbal.

Anos 6º e 7º

Tempo estimado 4 aulas

Material necessário Computadores para o trabalho de edição e divulgação das imagens.

Smartphones para fazer as fotos.

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Desenvolvimento

Aula 1

Fazer uma aula expositiva sobre ditados populares. Ver quais os alunos

conhecem.

Depois, selecione umas duas imagens que estão no site:

http://www.assuntoscriativos.com.br/2011/02/ditados-

populares.html#.VPdfl_nF_Uk

Escolha ditados com os alunos e os estimule a pensar como irão fazer para

recriá-los.

Aulas 2 e 3

Registro das imagens e edição no computador ou em aplicativos de celular.

Aula 4

Apresentação das imagens.

Apresente as fotos originais e peça para que os alunos as comparem.

ATIVIDADE 06: PODCAST

Antes de existir uma conexão boa de internet e muito antes do YouTube, os

programinhas apenas de áudio já faziam sucesso. Podcast tem de todos os

assuntos, inclusive sobre Educação. Mas a proposta aqui é a produção de podcasts

pela turma.

Objetivo Trabalhar oralidade.

Apresentar as diferenças entre a fala e a escrita.

Anos 7º e 8º

Tempo estimado

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6 aulas

Material necessário Computadores para o trabalho de gravação e edição dos áudios.

Microfone e fone de ouvido.

Desenvolvimento

Aula 1

Selecionar podcasts para os alunos conhecerem a proposta de trabalho.

Apresentar as diferenças entre oralidade e escrita.

Aulas 2 e 3

Orientar os alunos a pesquisarem os temas para seus podcasts.

Orientar os alunos na escrita dos roteiros de gravação, lembrando-os de

deixar o texto próprio para ser locutado (frases mais curtas, utilizar

marcadores textuais da oralidade).

Aulas 4 e 5

Gravação e edição de áudios. O site a seguir traz quatro sugestões de

programas que atendem essa demanda de gravação:

https://netshow.me/blog/os-4-melhores-programas-de-gravacao-de-audio/

Aula 6

Apresentação dos programas e divulgação no portal da escola ou outra forma

que a escola tenha disponível.

ATIVIDADE 07: BLOG DA TURMA

O mundo da internet faz com que mais pessoas sejam produtoras de

conteúdo e, com isso, temos pessoas apresentando conteúdos muito bons e outras

nem tanto. A proposta aqui é de trabalhar a produção de texto e, também, fazer uma

reflexão sobre a relevância de algumas publicações.

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Objetivo Trabalhar a criticidade do aluno.

Produção de textos mais curtos, voltados para o público leitor de internet.

Anos Ensino Médio

Tempo estimado 11 aulas

Material necessário Computadores com acesso a internet

Desenvolvimento

Aula 1

Levar para a sala de aula uma discussão sobre a produção de conteúdo na

internet, trabalhando os aspectos: qualidade de escrita, relevância do tema,

adequação ao público, conteúdo inédito ou apenas cópia de outras páginas,

entre outros pontos.

Aulas 2 a 4

Apresentar aos alunos a proposta de criação de um blog da turma.

Ajudá-los a decidirem um tema do blog, por meio de votação.

Orientar a pesquisa na internet para que analisem: Quantos blogs existem

sobre o tema escolhido? Qual a qualidade deles? O blog da turma será um

diferencial? A internet já está saturada com o tema escolhido?

Aulas 5 a 10

Após a apresentação da análise, iniciar a produção do conteúdo.

É importante que o professor seja apenas o orientador da produção, com a

função de editor-chefe do blog.

A sugestão para a construção do blog é que o professor utilize o Blogspot

(www.blogger.com/home)

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Aula 11

Lançamento do blog na internet e divulgação nas redes sociais e no portal da

escola.

É importante que os alunos deem andamento nas publicações. Essa é uma

ferramenta que pode ser utilizada o ano todo com a turma.

ATIVIDADE 08: WIKIPEDIA

Desde quando foi lançada, a Wikipédia é alvo de amor e ódio. Conforme os

anos passam, o ódio vai cada vez mais baixando e a Wikipédia vai se tornando uma

ferramenta de pesquisa interessante. A proposta aqui é a produção de texto e,

também, trabalhar a questão de como verificar uma fonte para a confiabilidade dos

dados.

Objetivo Trabalhar conceitos de trabalho cooperativo.

Produzir textos enciclopédicos.

Anos 8º e 9º

Tempo estimado 5 aulas (mínimo)

Material necessário Computadores para o trabalho de pesquisa e edição de texto.

Desenvolvimento

Aula 1

Começar falando sobre texto enciclopédico e como a Wikipedia é uma

evolução desse conceito.

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Apresentar o funcionamento da Wikipedia, de acordo com essa reportagem

as Revista Superinteressante: http://super.abril.com.br/cotidiano/wikipedia-

feita-milhoes-usuarios-620282.shtml.

Propor para esse primeiro trabalho que eles ajudem a atualizar os textos

exigentes, pois o foco aqui é mostrar o funcionamento de uma rede

colaborativa de editores de texto.

Aulas 2 e 3

Orientar os alunos para que façam o cadastro na Wikipedia, de acordo com

as instruções: http://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip

%C3%A9dia:Como_contribuir_para_a_Wikip%C3%A9dia

Pedir para que façam uma pesquisa e seleção dos artigos que irão trabalhar.

Aulas 3 e 4

Pesquisa e aplicação das atualizações nos artigos.

Aula 5 e demais

Aqui o professor escolhe quanto será a duração dessa atividade. Podem ser

agendadas aulas semanais para acompanhar a aprovação ou reprovação das

atualizações propostas. Como cada aluno fará a atualização em artigos

diferentes, com certeza alguns terão comunicação com os editores mais

antigos das páginas.

ATIVIDADE 09: COMO MANDAR UM E-MAIL

Por mais óbvia que possa parecer essa atividade, é preciso levar uma

atividade neste formato para a sala de aula. A proposta é trabalhar, também, com

adequação vocabular, de acordo com o contexto apresentado. Em um primeiro

momento, os alunos vão falar que não utilizam e-mail, que se comunicam por outros

meios. Nessa hora, é importante o professor falar sobre contextos formais em que o

uso do e-mail se fará importante, como em situações de busca de emprego.

Objetivo Preparar o aluno para situações formais de escrita.

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Anos Ensino Médio

Tempo estimado 4 aulas

Material necessário Computadores para o trabalho de simulação de trocas de e-mails.

Desenvolvimento

Aula 1

Apresentar o gênero textual e-mail, sua composição e seu formato.

Construir com os alunos um e-mail padrão, simulando uma situação de envio

de currículo com uma carta de apresentação.

Trabalhar com dicas de como escrever um e-mail, como estas:

http://www.portuguesfacil.net/como-escrever-um-bom-e-mail-em-6-passos/

Aulas 2 e 3

Pedir para que os alunos formem duplas para enviar um e-mail, como na

simulação acima.

Eles irão enviar e-mails entre as duplas. Depois disso, eles irão analisar o e-

mail, de acordo com o e-mail padrão definido na primeira aula.

Aula 4

Apresentação dos e-mails analisados, com a professora mediando os

principais problemas encontrados.

ATIVIDADE 10: TRABALHANDO RESUMO COM APRESENTAÇÕES NO POWER POINT

Nesta atividade, a proposta é trabalhar com resumo de uma forma diferente. A

ideia é fazer com que os alunos selecionem, de um texto previamente dado, os

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tópicos principais para uma apresentação. Para não ficar cansativo várias

apresentações sobre um mesmo tempo, a sugestão é escolher vários subtemas de

um tema maior. Por exemplo: panorama da literatura, classes de palavras.

Objetivo Preparar o aluno para situações de apresentação de trabalhos.

Treinar resumo, focando na etapa de seleção de tópicos.

Treinar oralidade.

Anos Ensino Médio

Tempo estimado 8 aulas

Material necessário Computadores para a preparação de apresentações em Power Point.

Desenvolvimento

Aula 1

Apresentar o gênero resumo.

Discutir uma apresentação Power Point modelo previamente preparada.

Sistematizar o passo a passo para a construção de uma apresentação

eficiente. Pode usar dicas como esta:

http://www.tccmonografiaseartigos.com.br/power-point-slides-apresentacao

Aulas 2 e 3

Trabalho de resumo do texto.

Aula 4 e 5

Elaboração das apresentações. Incentivar os alunos a usarem os recursos

moderadamente e a focarem na qualidade do conteúdo.

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Aula 6 a 8

Todos os alunos fazem sua apresentação. Dependendo do nível de

desenvolvimento da turma, incentivá-los a avaliar uns os trabalhos dos outros.

CONCLUSÃO

As novas tecnologias proporcionam novas formas de abordagem dos

currículos escolares e permitem maneiras diferenciadas de envolvimento entre os

participantes do processo de aprendizagem professor/aluno. Para tanto, cabe ao

docente tornar o currículo acessível aos discentes e ter predisposição em fazê-lo,

pois essas técnicas, a partir das novas tecnologias, conseguem abranger um

número maior de estudantes, auxiliando-os a superar as dificuldades de

aprendizagem. Contudo, essas mudanças conceituais requerem uma ação conjunta

entre os participantes da comunidade escolar e setores governamentais voltados à

área educacional.

Constata-se a preocupação dos governos federais e estaduais no sentido de

propiciar às instituições mecanismos que possam auxiliar os docentes a ministrar

aulas com o objetivo de fazer da aprendizagem algo significativo. Não se pode negar

que esses programas governamentais estão aquém da capacidade de

equipamentos das novas tecnologias em ambientes educacionais particulares.

Essas diferenças podem ser apontadas como um dos agravantes para otimizar o

aprendizado dos alunos de maneiras diferenciadas, principalmente, em âmbito

estadual e federal. Revela-se, nesse sentido, a inoperância de alguns professores

ao tentar usar tecnologias para aperfeiçoar o ensino dos conteúdos, pois nem

sempre, por exemplo, há material disponível para o número de alunos presentes em

sala, assim como aparatos tecnológicos como TV, rádio, DVD ou equipamento de

multimídia. Esse fato, sem dúvida, dificulta ainda mais a necessidade iminente de

encontrar nas novas tecnologias maneiras simples e efetivas de realizar

satisfatoriamente o processo ensino-aprendizagem.

Não podemos negar que há um discurso satisfatório em relação às

mudanças contemporâneas no que tange ao uso das novas tecnologias. Parece

evidente que modificações se processam em torno da educação, entretanto, embora

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as instâncias governamentais e/ou particulares realizem cursos voltados ao

aperfeiçoamento de seus profissionais, alguns são obsoletos, pois o objeto de

estudo nem sempre condiz com as diferentes realidades sociais e culturais, fato que

demonstra pouca familiaridade com a realidade do ensino brasileiro.

Esses fatores influenciam diretamente nas novas concepções educacionais,

pois o despreparo dos professores ocasiona a rejeição às novas tecnologias e cria-

se, dessa forma, um ensino pautado ainda em metodologias antigas e ineficientes.

Por outro lado, a tentativa de uso das novas tecnologias, segundo constatou-se,

passa a constituir não só uma maneira de inovar, mas também uma tentativa de aliar

o conteúdo a novas abordagens, ainda que de forma precária, pois ainda falta o

domínio dessas ferramentas por parte dos docentes.

Observa-se com clareza que, ainda que as ações no sentido de

implementação das novas tecnologias estejam presentes na mentalidade de

pesquisadores, professores, teóricos e corpo técnico dos colégios, na maioria das

vezes, ela está aquém do desejado. Para sua eficácia, é necessária a mudança

comportamental dos docentes no que tange a execução e uso das novas

tecnologias, no entanto essa postura de professor como agente de transformação e

não de transmissor de conteúdos ainda está longe de ser adotada, conforme se

constata nas categorias de análise.

É necessário um avanço nesses estudos e implementação das novas

tecnologias, a fim de viabilizar novas técnicas de aprendizagem que estejam em

acordo com a sociedade contemporânea. Tanto as novas tecnologias, como a

internet e o multimídia, quanto as já conhecidas como giz, apagador, jornais e

revistas são relevantes para o processo de ensino-aprendizagem e devem ser

incorporadas ao âmbito educacional, de acordo com as tendências tecnológicas de

nosso tempo.

A escola não pode ficar à margem dessas novas tendências. Sabemos que

estamos diante de uma geração diferenciada, em que o ensino não pode ser

ministrado como era no passado. Tanto a LDB quanto os PCN sinalizam essa

tendência de mudança. As transformações ocorridas a partir da década de 1990,

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com a popularização dos computadores, são muitas em vários setores da

sociedade. Essa nova geração cresceu com o domínio das ferramentas virtuais e

isso reflete nas instituições escolares. Sabemos que os professores não estão, em

sua grande maioria, indiferentes a essas mudanças.

Assim, são infinitas as possibilidades de concretizar o acesso ao

conhecimento por meio das novas tecnologias. Essa concepção permite que o

professor agregue ao planejamento uma prática capaz de tornar suas aulas

dinâmicas, mas é óbvio que esse conhecimento tem de estar aliado às ações para

que tenham um retorno positivo.

Para Sancho (2006) a integração entre teoria e prática vinculada às novas

tecnologias são maneiras de aperfeiçoar o processo de ensino-aprendizagem,

trazendo melhorias no âmbito educacional. Essa mesma forma de atuação dos

docentes é sugerida por Brito e Negri (2009) ao afirmar que todas as tecnologias

disponíveis, eletrônicas ou não, devem associar-se a esse processo a fim de tornar

as atividades, voltadas ao ensino, significativas para o aluno.

Apesar de muitos professores estarem usando a tecnologia apenas como

uma transposição de suporte, eles têm conseguido obter a atenção dos alunos, ou

seja, a prática não se torna totalmente efetiva, mas também não fica perdida no

processo. Contudo, infelizmente, diante dos estudos e da pesquisa realizada,

verifica-se que as novas tecnologias aparecem como meras coadjuvantes dentro do

plano de aula.

Mas isso não descarta a necessidade do professor conhecer melhor e saber

manuseá-la, a fim de não ficar limitado, pois com esse saber o professor conseguirá

de fato trazer o aluno pra ação, isto é, transformar o aluno ativo no processo ensino-

aprendizagem.

Pode-se afirmar que o processo de ensino se expande além da sala de aula

e deve nortear-se nos princípios de aprender a ensinar e ensinar a aprender. Sem

dúvida, essa dicotomia deve envolver os participantes dos ambientes educacionais,

professor e aluno, como protagonistas dessa mediação. A troca de experiências

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entre esses dois elementos pode mediar a construção de uma nova forma de

ministrar os conteúdos em sala e o desenvolvimento de uma aprendizagem

significativa para os envolvidos nesse processo.

DICASA seguir, apresentamos algumas dicas de aplicativos, jogos e sites

educacionais.

1. Jogos do Novo Acordo Ortográfico http://imagem.camara.gov.br/internet/midias/Plen/swf/Jogos/

jogo_da_nova_ortografia/jogo_da_nova_ortografia.swf http://www.penafielsul.com/navegar_quiz/portug2/acordo_ortog/

index_ao2.htm http://portal.fmu.br/game/ http://educarparacrescer.abril.com.br/regras-hifen/index.shtml http://www.webtraining.com.br/html/novaortografia/jogo/conteudo/html/

principal.html

2. Jogos de Língua Portuguesa

http://educarparacrescer.abril.com.br/jogos/

http://www.soportugues.com.br/secoes/jogos.php

http://guida.querido.net/jogos/

http://www.sitiodosmiudos.pt/sabedoria/default.asp?fich=lp

http://rachacuca.com.br/quiz/18402/lingua-portuguesa-gramatica/

3. Dicionários On line

http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php

http://www.dicionariodoaurelio.com/

http://www.dicio.com.br/

http://www.priberam.pt/DLPO/

4. Aplicativos para celular (basta fazer a busca do nome do jogo na loja do seu

celular: Play Store, Apple Store, Windows Phone)

Soletrando

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Gramática

Consulta VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa)

Dicionário Priberam

Dicionário da Língua Portuguesa (Porto Editora)

Adivinha Palavras

Jogo da Forca

Gabaritando Enem

Manual de Redação

REFERÊNCIAS

BRITO, G. da S.; VERMELHO, C. Ampliando os horizontes. O Estado do Paraná,

Curitiba, 22 set. 1996

BRITO, Glaucia da Silva; NEGRI FILHO, Paulo. Produzindo textos com “velhas” e “novas” tecnologias. Curitiba: Pró-Infantil Editora, 2009.

BRITO, Glaucia da Silva; PURIFICAÇÃO, Ivonélia da. Educação e novas tecnologias: um re-pensar. Curitiba: Ibpex, 2006.

CARMO, Josué Geraldo Botura do. A informática aplicada à educação e as políticas

públicas. 2002. Disponível em: <www.educacaoliteratura.com.br/index%2033.htm>.

Acesso em: 20 nov. 2010.

GADOTTI, Moacir. Convite à leitura de Paulo Freire. São Paulo: Scipione, 1989.

LEITE, Lígia Silva (Coord.). Tecnologia educacional: descubra suas possibilidades

na sala de aula. Petrópolis: Vozes, 2003.

LITWIN, Edith (Org.). Tecnologia educacional política, histórias e propostas.

Porto Alegre: Artmed, 1997.

MORAN, José Manuel. Como utilizar a internet na educação. Disponível em:

<www.eca.usp.br/prof/moran/internet.htm>. Acesso em: 03 dez. 2010a.

MORAN, José Manuel. Novas tecnologias e o re-encantamento do mundo.

Disponível em: <www.eca.usp.br/prof/moran/novtec.htm>. Acesso em 03 dez. 2010b.

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PABLOS, Juan de. A visão disciplinar no espaço das Tecnologias da Informação e

Comunicação. In: SANCHO, Juana María et al. Tecnologias para transformar a educação. Trad. de CAMPOS, Valério. Porto Alegre: 2006.

PORTAL EDUCACIONAL. A internet na educação. Entrevista de José Manuel

Moran para o Portal Educacional. Disponível em:

<www.eca.usp.br/prof/moran/entrev.htm>. Acesso em: 19 nov. 2010.

SANCHO, Juana María et al. Tecnologias para transformar a educação. Trad. de

CAMPOS, Valério. Porto Alegre: 2006.