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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESCCENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCTCURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA
Polímeros Condutores
Ana Paula MartinsDebora Mariano
Jessica Hüller
Trabalho apresentado para a disciplina OQP0001 – Química de Polímeros, Profa. Carla Dalmolin
JOINVILLE, 2014
1
Polímeros Condutores
1. Introdução
Nos últimos anos, o desenvolvimento da tecnologia de síntese e
caracterização dos polímeros, tornou-se um dos assuntos mais importantes.
Foi a partir da Segunda Guerra Mundial que houve uma ampla popularização
do uso de polímeros pela sociedade, onde surgiram diversos grupos de
pesquisas em todo o mundo que buscavam solucionar questões importantes
sobre a estrutura, composição e durabilidade desses novos materiais. 1
O estudo de polímeros condutores vem atraindo muitos pesquisadores.
Esses materiais combinam propriedades típicas de plásticos com propriedades
ópticas e elétricas de metais e de semicondutores inorgânicos. Outra classe de
materiais condutores são os polímeros intrinsecamente condutores, que são
considerados como uma nova classe de materiais chamados de “metais
sintéticos”. 2
Um dos importantes usos dos polímeros intrinsecamente condutores que
foi relatado recentemente por cientistas da Universidade do Texas, foi o uso de
um novo biomaterial, um polímero condutor aditivado com açúcar. Este material
foi usado para acelerar o crescimento e reparação de nervos danificados, com
bons resultados. Até recentemente, este biomaterial só havia sido testado em
células de tecidos de ratos. Se for bem sucedido em humanos, ele poderá ser
muito útil na recuperação de pacientes com danos severos em nervos das
pernas ou braços, rompidos em acidentes. 3
2. História
Durante muito tempo, estudiosos tentaram obter um polímero condutor.
Foi somente no início da década de 70 que uma classe de polímeros foi
produzida com grande capacidade de conduzir eletricidade, embora a ideia de
que sólidos orgânicos apresentassem alta condutividade elétrica, comparável à
dos metais, tenha sido proposta há mais de meio século. 4
2
A descoberta dos polímeros intrinsecamente condutores (PICs) ocorreu acidentalmente em Tóquio, no laboratório de Hideki Shirakawa no ano
de 1976, onde um dos alunos de Shirakawa, na tentativa de sintetizar o
poliacetileno (um pó preto), produziu um lustroso filme prateado, parecido com
uma folha de alumínio. 4
Foi no ano de 1977 que Shirakawa verificou que após a dopagem do
poliacetileno com iodo, o filme prateado flexível, que foi produzido pelo seu
aluno, tornou-se uma folha metálica dourada, onde sua condutividade elétrica
era sensivelmente aumentada. 4
A descoberta do poliacetileno condutor mostrou que não havia nenhuma
razão para que um polímero orgânico não pudesse ser um bom condutor de
eletricidade. Então, outros polímeros condutores foram preparados. 4
3. Condução elétrica de Polímeros Condutores
Os polímeros condutores são formados por cadeias contendo duplas
ligações insaturadas conjugadas, permitindo assim o fluxo de elétrons em
condições específicas. Os orbitais π podem facilmente reduzir (receber
elétrons) ou oxidar (doar elétrons) formando assim um íon. 2
Os polímeros condutores não apresentam nenhuma condutividade no
estado neutro. Sua condutividade intrínseca resulta da oxidação, redução ou
dopagem da cadeia polimérica. Os agentes de carga que efetuam a redução
ou a oxidação do polímero, tornando-o, de isolante para condutor são
chamados de dopantes, em analogia à dopagem em semicondutores. Na
Tabela 1 são apresentados alguns polímeros condutores e suas condutividades
máximas e o tipo de dopagem. 2
Tabela 1: Polímeros condutores e suas condutividades máximas e o tipo de
dopagem. 2
3
A dopagem é o processo pelo qual o polímero passa do estado isolante
para condutor. A dopagem ocorre através de métodos químicos de exposição direta do polímero a agentes de transferência de carga (dopantes), em fase gasosa ou em solução, ou ainda por oxidação ou redução eletroquímica. Na dopagem de um polímero, ao contrário de um semicondutor, as impurezas não são introduzidas nas cadeias, mas sim nas suas “vizinhanças” e a interação impureza-cadeia gera os chamados “defeitos carregados” localizados (polarons e bipolarons), responsáveis pelo aumento da condutividade. 3
Entre os polímeros condutores mais conhecidos destacam-se o
poliacetileno, o polipirrol, o politiofeno e a polianilina cujas estruturas estão
representadas na Figura 1. 2
Figura 1: Estrutura de alguns polímeros condutores. 8
A consequência da ocorrência de reações de oxidação ou redução na
cadeia polimérica é a formação de cargas deslocalizadas que podem ser
positivas ou negativas, as quais são balanceadas pela incorporação de contra-
íons (ânions ou cátions) denominados de dopantes. 6
O modelo de bandas foi o primeiro modelo usado para explicar a
condutividade dos polímeros condutores assumindo que os elétrons oriundos
na dopagem, eram removidos da banda de valência e adicionados à banda de
4
condução.6 Os níveis ocupados de mais alta energia constituem a banda de
condução (BC), e os níveis eletrônicos vazios de mais baixa energia constituem
a banda de valência (BV). Estes dois níveis de energia estão separados por
uma faixa de energia proibida, a qual é chamada de gap. A largura do gap
determina as propriedades elétricas intrínsecas do material. Na figura 2 é
apresentado um esquema de bandas para materiais isolantes, semicondutores
e condutores. 3
Figura 2: Esquema de bandas para materiais isolantes, semicondutores
e condutores.3
A condutividade dos polímeros, pelo modelo de bandas, se dá pela
movimentação de elétrons na banda de condução (dopagem do tipo “n”, ou
redução do polímero) ou pela movimentação de vacâncias na banda de
valência (dopagem do tipo “p”, ou oxidação do polímero). Não há condução
quando as bandas estão completamente cheias ou vazias. 3
Quando um elétron é removido por oxidação da banda de valência, nos
polímeros conjugados, é gerado um cátion-radical. A densidade de carga
localizada que surge no polímero é chamada de polaron, e faz com que ocorra
uma deslocalização parcial sobre algumas unidades monoméricas, causando
uma distorção estrutural local, formando bandas de energia localizadas no
meio do gap. 3 No processo de formação do polaron, a banda de valência
permanece cheia e a banda de condução vazia, e não há o aparecimento do
caráter metálico, uma vez que o nível parcialmente ocupado está localizado no
band-gap. 5
Ao remover um segundo elétron por oxidação, ou este elétron pode ser
retirado de um segmento diferente da cadeia dando origem a mais um polaron,
ou o elétron é retirado de um nível polarônico já existente, levando assim à
5
formação de um dicátion radical ou bipolaron. 3 A formação de um “bipolaron”
leva a uma diminuição da energia de ionização do polímero, motivo pelo qual
um “bipolaron” é termodinamicamente mais estável que dois “polarons”. 1
Quando um polaron como também um bipolaron são expostos a um
campo elétrico, os mesmos podem mover-se ao longo da cadeia polimérica
através de um rearranjo das ligações duplas e simples que ocorre em um
sistema conjugado, e é esta movimentação que gera a condutividade elétrica
dos polímeros condutores (Figura 3). 3
Figura 3: Modelo esquemático para a PAni de um polaron e um bipolaron.1
A condutividade ocorre devido ao salto dos portadores de carga que são
os polarons e os bipolarons entre as cadeias poliméricas. Três elementos
contribuiriam para a mobilidade dos portadores, neste caso: o transporte ao
longo da cadeia do polímero, o transporte entre duas cadeias adjacentes e o
salto dos portadores entre duas partículas do polímero. 7
Assim como nos semicondutores inorgânicos, os polímeros condutores
devem ser dopados para apresentar maior condutividade. O processo de
dopagem para a maioria dos polímeros condutores, como polipirrol e
politiofeno, ocorre simultaneamente com a oxidação da cadeia. Os elétrons são
retirados da cadeia durante a oxidação e é inserido contraíons (dopantes) para
balancear a carga. 5
Os mais conhecidos aceptores e doadores de elétrons, incluindo-se
agentes fortes e fracos, são: AsF5, I2, Br2, BF3, HF, Li, Na e K, respectivamente.
Como descrito anteriormente, o processo de dopagem pode ser realizado por
métodos químicos ou apenas pela exposição dos polímeros condutores aos
vapores dos agentes de transferência de carga. 5
6
4. Aplicações dos polímeros condutores
Devido à alta aplicabilidade dos polímeros condutores, há um grande
interesse em estudá-los. O que deu o inicio a esse desenvolvimento foi a
descoberta que o poliacetileno podia funcionar como eletrodo ativo em uma
bateria secundária. Além de baterias, os polímeros condutores são
apresentados como materiais potenciais para a fabricação de dispositivos
eletrocrômicos, coberturas antiestáticas, eletrocatalisadores, dispositivos
eletrônicos, sensores e etc. Os polímeros condutores podem ser utilizados em
muitas aplicações. Os polímeros condutores só conseguem entrar no mercado
quando oferecerem “algo mais” que os compostos já existentes. Na Tabela 2
são apresentados algumas aplicações dos polímeros condutores, seus
fenômenos e usos. 8
Tabela 2: Aplicações dos Polímeros condutores. 5
Seria interessante mostrar por que os polímeros condutores podem ser usados nessas aplicações. Quais as reações / propriedades que garantem essas aplicações
5. Vantagens dos polímeros condutores
Os polímeros condutores podem ser utilizados em um vasto número de
7
aplicações que nos trazem vantagens nos ramos tecnológicos, sociais e
ambientais, porém em contrapartida algumas desvantagens e dificuldades são
encontradas na utilização desses polímeros.
A corrosão metálica é um grave problema tecnológico que causa
grandes despesas anuais no mundo todo. Atualmente, o mundo não está
preocupado unicamente com gastos financeiros para manutenção de materiais
metálicos, pois está havendo uma excessiva preocupação quanto aos métodos
de recobrimento empregados para proteção anticorrosiva principalmente a
cromatação. Cromatos e dicromatos são extremamente prejudiciais ao meio
ambiente e podem provocar tumores carcinogênicos aos seres humanos. Por
isso, revestimentos estratégicos de polímeros intrinsecamente condutores
eletrônicos para a proteção à corrosão metálica têm-se destacado.9
Outra vantagem em relação aos polímeros condutores é que estes
inclusos na composição de produtos de pequena escala e alto valor agregado,
podendo destacar nesse caso os filmes eletrocrômicos que servem para
controlar a luminosidade e a troca de calor com o ambiente externo. Várias
aplicações têm sido propostas para os dispositivos eletrocrômicos, sendo que
as mais visadas estão na área de arquitetura como, claraboias decorativas,
vidros privativos ou de divisórias, com resultados bem mais eficientes do que
os vidros “fumados” ou espelhados, capazes de isolar a luz, mas não o calor.10
Estes também podem ser utilizados na produção de supercapacitores,
na qual são condensadores eletroquímicos quem tem uma extraordinária
capacidade de armazenamento de energia quando comparado a capacitores
comuns de grande aplicação em aparelhos e veículos elétricos, em proteção de
memória de computadores e aparelhos de comunicação. Os supercapacitores
feitos com polímeros condutores custariam muito menos e teriam a mesmo
desempenho dos supercapacitores comerciais, utilizados em componentes
eletrônicos.11
Na área de fontes alternativas de energias, os polímeros condutores
estão sendo estudados para uso como componentes ativos de células
fotovoltaicas. Eles substituiriam o silício, normalmente utilizado nestes
dispositivos, cuja função é transformar energia luminosa em corrente elétrica.
8
Neste caso a eficiência de conversão dos polímeros seria inferior a do silício,
porém custo financeiro e energético seria muito menor.12
O principal problema enfrentado por estes polímeros em aplicações
comerciais é a dificuldade de se conciliar boa estabilidade química, alta
condutividade elétrica e resistência mecânica em um mesmo material. Porém
com o uso das técnicas de síntese e manipulação orgânica desenvolvida,
acredita-se que boa parte destes problemas possa ser resolvida. Vários
dispositivos eletrônicos têm sido desenvolvidos em laboratório ou encontrados
uso em escala comercial, como é o caso das baterias de polianilina, que
possuem uma alta densidade de energia elétrica acumulada e são mais leves
que as baterias metálicas. Outro fator é o fato de que os polímeros condutores
ainda não serem largamente explorados comercialmente e poucos são os
exemplos de sua utilização comercial.12
Existem também desvantagens específicas em relação aos vários tipos
de polímeros condutores, uma desvantagem, por exemplo, é em relação ao
poliacetileno, que embora tenha sido o primeiro polímero condutor sintetizado
apresenta algumas limitações como a baixa estabilidade ambiental, pois oxida
facilmente a presença de ar, o baixo grau de ordenamento ou cristalinidade e a
alta densidade de portadores e baixa mobilidade de portadores, porém esse
problema pode ser resolvido caso se obtenha o poliacetileno orientado e caso
as cadeias sejam orientadas depois da polimerização.13
6. Polianilina (PAni)
O termo polianilina se refere a uma classe de polímeros consistindo de
1000 ou mais unidades repetitivas. Devido as suas propriedades singulares
como, por exemplo, baixo custo do monômero, facilidade de polimerização,
estabilidade química de sua forma condutora em condição ambiente, dopagem
e alto rendimento, a polianilina, também conhecida como PAni, é o polímero
condutor mais estudado nos últimos 100 anos. A formula geral não dopada da
polianilina está representada na Figura 4, possuindo y e (1-y) unidades
repetitivas das espécies reduzidas e oxidadas, respectivamente. As
propriedades dos polímeros descritos por esta fórmula podem variar
9
dependendo de dois fatores: grau de oxidação e grau de protonação do
polímero. 3
Figura 4: Fórmula geral não dopada da polianilina. 3
Em princípio, o estado de oxidação da polianilina pode ser variado
continuamente desde o valor de y=1, para um polímero totalmente reduzido,
contendo somente nitrogênios amina, até o valor de y=0 no caso do polímero
totalmente oxidado, contendo somente nitrogênios imina. Existe ainda alem
desses estados de oxidação, um estado intermediário conhecido
correspondente ao valor de y=0,5. Estes três estados de oxidação são bem
definidos e possuem propriedades físicas e químicas bem distintas, sendo
conhecidos como leucoesmeraldina (y=1), esmeraldina (y=0,5) e pernigranilina
(y=0). 3 Na Tabela 3 é apresentado os diferentes estados de oxidação da
polianilina, sendo a forma base esmeraldina a mais estável.
Tabela 3: Estados de oxidação da polianilina e suas cores. 5
A forma base esmeraldina reage com ácidos fornecendo a forma
condutora sal esmeraldina. Dentre todas as formas possíveis de estado de oxidação e protonação da polianilina, somente é condutora a forma oxidada e protonada, conhecida como sal esmeraldina. 3 Além
10
da alta condutividade elétrica a polianilina possui outra propriedade
interessante que é a variação da cor em função do potencial e do pH. 2
A polianilina é o único polímero condutor que pode ter suas propriedades
elétricas reversivelmente controladas e alteradas, ocorrendo tanto por alteração
no estado de oxidação, quanto pelo grau de dopagem ou protonação. 3 A
polianilina dopada é formada por cátions radicais, chamados de
poli(semiquinona), que originam uma banda de condução polaronica. Na figura
5 é apresentado o mecanismo de condução via polaron na polianilina. 1
Figura 5: Mecanismo de condução polaronica da PAni. 1
No mecanismo de condução polaronica da PAni (Figura 5), os íons H+
em solução interagem com um átomo de nitrogênio, Figura 5.(a), retirando 1
elétron, e formando uma carga positiva e um nitrogênio quinoide (Imina), como
mostrado na Figura 5.(b). Então, por ressonância, o elétron restante, localizado
na ligação dupla irá migrar pelo anel benzênico, atraindo um elétron de outro
nitrogênio da cadeia polimérica (Figura 5.(c)), levando a uma transferência de
cargas que ocorre através das duplas ligações da cadeia polimérica da
polianilina (Figura 5.(d)). 1
A polianilina pode ser considerada não somente como uma base de
Brönsted, mas também como uma base de Lewis e pode ser dopada com
ácidos de Lewis. Portanto, a Pani, quando dopada com metais de transição,
doa elétrons para o grupo metálico. Isto pode acontecer tanto nos grupos
iminas ou aminas na estrutura da polianilina. 1
11
6.1 Síntese
Existem três métodos de polimerização que podem ser utilizados para
sintetizar os polímeros condutores: química, eletroquímica e fotoeletroquímica.
Dentre estes métodos, a síntese química é a mais utilizada e industrialmente é
a mais vantajosa por possibilitar a produção de grandes quantidades de
material. 5
A polianilina foi um dos primeiros polímeros condutores a ser
sintetizados. 1 Os métodos mais utilizados para sintetizar a polianilina são por:
polimerização química ou eletroquímica. Porém há outros métodos para
sintetizar a PAni como: fotoinduzida ou catalisada por enzimas. 3
A polianilina pode ser sintetizada tanto na forma de pó, empregando um
oxidante químico apropriado, ou na forma de filmes, que ocorre pela oxidação
eletroquímica do monômero (anilina), sobre eletrodos de materiais inertes. 1
Algumas das vantagens que a síntese eletroquímica possui sobre a
síntese química convencional, é que a mesma não necessita de agente
oxidante e catalisador, é de fácil caracterização por técnicas espectroscópicas
e é obtido diretamente na forma de filmes finos com um polímero com maior grau de pureza. No entanto, a síntese química convencional tem sido
a mais utilizada no estudo das propriedades físicas e aplicações tecnológicas. 1
A síntese da polianilina por oxidação eletroquímica é realizada em meio
ácido contendo altas concentrações de anilina e pode ser feita mediante um
potencial estático, em geral com um valor entre 0,7 V e 1,2 V ou por voltametria
cíclica, com o potencial sendo ciclado entre -0,2 V e 1,2 V com velocidades de
varredura variando entre 10 e 100 mV/s.3
A síntese da polianilina pela síntese química convencional ocorre também em meio ácido sob a ação de um agente oxidante, ocorrendo
precipitação do polímero na forma de um pó verde, dopado com o ácido
utilizado na síntese. A vantagem de utilizar esse método é a produção de um
polímero de alto peso molecular e em grandes quantidades. 3
12
Podem ser utilizados uma variedade de agentes oxidantes e ácidos
dopantes, sendo os compostos de persulfato de amônio ou cloreto férrico como
agentes oxidantes e soluções de ácidos inorgânicos (HCl,H2SO4, HClO4) como
dopantes os mais utilizados. O grupo funcional presente no ácido dopante, seja
ele inorgânico, orgânico ou poliácido, tem grande influência sobre a
solubilidade, dispersão, condutividade elétrica, etc. da polianilina sintetizada. 3
A polianilina pode ser preparada para apresentar determinadas
características, por conta da diversidade e facilidade dos métodos de síntese,
dependendo do dopante e das condições de síntese utilizadas. 3 Devido a
variados métodos existentes para a síntese química da polianilina a natureza e
propriedades dos produtos podem diferir de maneira drástica. O mecanismo
mais aceito para polimerização da polianilina está esquematizado na Figura 6. 1
Figura 6: Mecanismo proposto para a polimerização da polianilina. 1
É possível observar na primeira etapa da reação a oxidação da anilina a
um cátion radical, levando a formação de um dímero. Este dímero é oxidado
rapidamente, formando os íons diimina. O monômero anilina sofre um ataque
eletrofílico, tanto por íons nitrênio como por íons diimina, iniciando assim o
crescimento do polímero. A reação prossegue, chegando rapidamente ao
produto final. 1
O rendimento da reação de polimerização, como também a obtenção de
polímeros com maior valor de condutividade, é influenciado diretamente pela
13
relação monômero/oxidante. O parâmetro K (razão molar monômero/oxidante) da Equação 1 possui uma relação importante na
polimerização, pois tanto o rendimento quanto as propriedades do polímero final são afetados diretamente pelo mesmo. 3
(1)
nan: número de mols de anilina.
nox: número de mols do oxidante.
ne: número de elétrons envolvidos na redução do oxidante.
Obs: A constante 2,5 é o valor médio de elétrons perdidos por mol de anilina.
Estudos realizados demonstraram que quanto maior o valor de K, maior
a condutividade da polianilina, e menor o rendimento da reação. Além disto, um
excesso de oxidante pode resultar em degradação do polímero resultante.3
7. Referências Bibliográficas
1. FORNAZIER, F, Y. Síntese, Dopagem e caracterização da Polianilina com sais de (II) e Fe (III), 2009, 18p. Tese ( Mestrado na área de concentração Síntese e Caracterização de Materiais) – Universidade Federal do Espírito Santo - Centro de Ciências exatas, Vitória.
2. AUGUSTO, T. Introdução a Polímeros Condutores: Síntese e Caracterização Eletroquímica da Polianilina. 2009, 2p. Trabalho de conclusão - Universidade de São Paulo - Instituto de Química, São Paulo.
http://www2.iq.usp.br/pos-graduacao/images/documentos_pae/1sem2009/quimica_organica/quimica_analitica/tatiana.pdf
3. HANSEN, B. Metodologia para produção de biossensores amperométricos enzimáticos utilizando polímeros condutores: Caso Polianilina. 2011. Tese (Mestrado em Ciências e Tecnologias dos Materiais) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais – PPGEM, Porto Alegre.
4. ROCHA, F, C, R. Polímeros condutores: Descoberta e aplicações, 2000.Química Nova na Escola. n. 12, p. 11 -12, 2000. Disponível em:
http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc12/v12a03.pdf acesso em: 19 de setembro 2014.
5. FAEZ, R.; REIS, C.; SCANDIUCCI, F. P; KOSIMA, K, O; RUGGERI, G; PAOLI, M. Polímeros Condutores, 2000.
6. MEDEIROS, E, S; OLIVEIRA, J, E; CONSOLIN, F, N; PATERNO, L, G; MATTOSO, L, H, C. Uso de Polímeros Condutores em Sensores, p. 65-66, 2012. Disponível em:
http://cct.ufcg.edu.br/revista/index.php/REMAP/article/viewFile/310/250 acesso em: 19 de setembro 2014.
7. MATVEEVA, E. S. Residual Water as a Factor Influence the Electrical Properties of Polyaniline: The Role of Hydrogen Bonding of the Polymer With Solvent Molecules in
14
the Formation of a Conductive Polymeric Network. Synthetic Metals, 79 (1996) 127-139.
8. ZOPPI, A.R.; PAOLI, A.M. Aplicações tecnológicas de polímeros intrinsecamente condutores: Perspectivas atuais. p. 560 -561,1993. Disponível em:
http://submission.quimicanova.sbq.org.br/qn/qnol/1993/vol16n6/v16_n6_%20(11).pdf acesso em: 03 de outubro 2014.
9. TORRESI, R. M.; TORRESI, S. I. C. Proteção à Corrosão Utilizando Blendas de Polímeros Condutores Eletrônicos. Iq Usp. Disponível em:
http://www.iq.usp.br/rtorresi/portugues/interesse/protecao.htm Acesso em: 02 de outubro de 2014.
10. RIOS, E. C. Dispositivo Eletrocrômico Baseado No Poli(3-Metiltiofeno). 2007. Dissertação de Pós-Graduação - Universidade Federal do Paraná – Setor de Ciências Exatas, Curitiba.
11. CAPUCCI, H. G. Investigação da Influência de 2,5-Dimercapto-1,3,4-Tiadiazolnas Propriedades Eletroquímicas de Polipirrol e Nanotubos de Carbono. 2012. Dissertação de Pós-Graduação – Universidade Federal de Uberlândia – Uberlândia.
12. SANTOS, F. L. Polímeros Condutores. Unicap. Disponível em:
http://www.unicap.br/Chico/polimeros1.htm. Acesso em: 05 de outubro de 2014.
13. MAIA, D. J.; Paoli M.A.; ALVES, O. L. Conductive Polymer Synthesis in Solid Host Matrices. Química Nova, p.206, 1999. Disponível em:
http://www.lqes.iqm.unicamp.br/images/pontos_vista_artigo_revisao_daltamir.pdf Acesso: 24 de setembro de 2014.
A conclusão é antes das Referências Bibliográficas!
8. Conclusão:
Não há o que negar quanta presença de polímeros no cotidiano. Eles
estão presentes nos mais diversos ramos da indústria. As aplicações vão
desde o uso doméstico até desenvolvimento de peças para os mais diversos
ramos da indústria.
Desde a suposição de que seria possível sintetizar polímeros
condutores, até de fato sua síntese, muito se avançou, mas apesar dos
estudos e de apresentar diversas vantagens quanto ao seu uso, há ainda muito
a ser estudado e melhorado. A possibilidade de modelar esse tipo de material,
além de ser descartável e em certos casos até reciclável permite a
aplicabilidade em diferentes ramos, como foi apresentado na tabela 3.
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