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Reciprocidade e Conveniência Imposições britânicas e políticas Bragantinas (1808-1821) Rosângela Ferreira Leite* Atada a um absolutismo fraco e de curta duração, a Inglaterra jogou-se, muito cedo, ao mar. As principais conseqüências dessa imersão foram, segundo Perry Anderson, a desmilitarização e o fortalecimento do parlamento. O domínio sobre os oceanos e a substituição da guerra terrestre pela naval fizeram com que os interesses da classe dominante, pouco a pouco, seguissem o curso do regato que desembocava nas agitadas águas do Atlântico. Nascia, assim, uma nova orientação comercial. 1 A expansão das redes comerciais representou um momento decisivo para a ampliação do consumo de alimentos, diversificando as dietas e aprimorando as receitas. 2 Nas mesmas mesas que repousaram os novos produtos, sentaram-se nobres e burgueses. Por longo período, a aristocracia e a nascente burguesia tiveram que coexistir, no entanto, um valor cada vez mais acentuado foi a identificação das etiquetas. 3 Apreciar as diferenças sociais e lhes dar expressões materiais representava uma forma específica de 1 Perry Anderson. Linhagens do Estado Absolutista. 3ª Edição. São Paulo: Brasiliense, 2004., p. 125-133. 2 Fernand Braudel. Civilização Material e Capitalismo Séculos XV-XVIII . Rio de Janeiro: Edições Cosmos, 1970. Tomo I, p. 148. 3 Norbert Elias. O Processo Civilizador. Uma História dos costumes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1989. Vol. I, p. 86. 1

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Reciprocidade e ConveniênciaImposições britânicas e políticas Bragantinas

(1808-1821)

Rosângela Ferreira Leite*

Atada a um absolutismo fraco e de curta duração, a Inglaterra jogou-se, muito

cedo, ao mar. As principais conseqüências dessa imersão foram, segundo Perry

Anderson, a desmilitarização e o fortalecimento do parlamento. O domínio sobre os

oceanos e a substituição da guerra terrestre pela naval fizeram com que os interesses da

classe dominante, pouco a pouco, seguissem o curso do regato que desembocava nas

agitadas águas do Atlântico. Nascia, assim, uma nova orientação comercial.1

A expansão das redes comerciais representou um momento decisivo para a

ampliação do consumo de alimentos, diversificando as dietas e aprimorando as receitas.2

Nas mesmas mesas que repousaram os novos produtos, sentaram-se nobres e burgueses.

Por longo período, a aristocracia e a nascente burguesia tiveram que coexistir, no

entanto, um valor cada vez mais acentuado foi a identificação das etiquetas.3 Apreciar as

diferenças sociais e lhes dar expressões materiais representava uma forma específica de

conduta social. Apenas no século XVIII, o dinheiro se tornou um importante

identificador das disparidades entre grupos humanos.4 A partir de então, aos gostos e

aos costumes vieram-se somar os habitus de enriquecimento por meio da produção e do

comércio.

Ao passo que ocorreu a lenta ascensão da burguesia, suas características sociais

exclusivas se transformaram em símbolos nacionais.5 Essa passagem foi lenta e

matizada por contradições. Para Reinhart Koselleck, a relação entre crítica praticada e

crise emergente escapou aos testemunhos do século XVIII. O anonimato político do

1 Perry Anderson. Linhagens do Estado Absolutista. 3ª Edição. São Paulo: Brasiliense, 2004., p. 125-133.2 Fernand Braudel. Civilização Material e Capitalismo Séculos XV-XVIII. Rio de Janeiro: Edições Cosmos, 1970. Tomo I, p. 148.3 Norbert Elias. O Processo Civilizador. Uma História dos costumes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1989. Vol. I, p. 86.4 Idem, p. 115.5 Idem, p. 49.

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Iluminismo cumpriu-se na soberania da utopia que, separada da moral, transformou-se

nas mãos do homem dos tempos modernos num capital sem provisão política.6

A dicotomia entre moral e política significou a privação do Estado absolutista de

seus fundamentos políticos e, ao mesmo tempo, a dissimulação das conseqüências dessa

fratura.7 Os movimentos de colonização, ocorridos no início do século XIX, carregavam

o peso dessas mudanças. Ao crescimento da burguesia, veio se somar: uma ação militar

acentuada, a intervenção direta de grandes comerciantes em diversas esferas sociais e a

ampliação dos aparelhos burocráticos coloniais. As demandas e anseios desses grupos

geraram uma politização das identidades coletivas. Nascia, assim, uma opinião pública

empenhada em propagar os princípios econômicos e políticos em curso, brotava,

também, dissidências cada vez mais profundas.8

A ação comercial voltada para os mares não estava em oposição ao fortalecimento

dos Estados nacionais. Segundo Eric Hobsbawm, a ascensão dos nacionalismos

representou a síntese do desenvolvimento da sociedade burguesa, moderna, liberal e

progressista. Por Estado-Nação no século XIX deve-se compreender, portanto, um tipo

específico de Estado liberal. Não se trata de qualquer nação, nem de qualquer

movimento nacional, as formas do mundo burguês, encetadas pela Revolução Francesa,

criaram pensamentos, comportamentos e práticas garantidoras desse novo fenômeno

político.9

Tanto a expansão comercial como os nacionalismos formaram, portanto, notas

diferenciadas de um mesmo movimento, sincronizado pelas cordas da diplomacia. De

fato, quando Benedict Anderson cunhou o termo “comunidade imaginada”, um dos

elementos que fazia da nação imaginada enquanto comunidade, segundo o autor, era o

fato de que independente da desigualdade e da exploração reais que pudessem

prevalecer em cada uma das nações, ela era sempre concebida como uma agremiação

horizontal e profunda.10 Por outro lado, o nacionalismo pode ser entendido como

6*Professora de História Contemporânea da Universidade Federal de São Paulo, Campus Guarulhos. Reinhart Koselleck. Crítica e Crise. Uma Contribuição à Patogênese do Mundo Burguês. São Paulo: Contraponto, 1999. , p.161.7 Idem, p. 129 8 Anthony Howe. Britain and the World Economy. In: Chris Williams (org.). A Companion to Nineteenth Century Britain. Oxford: Blackwell, 2006. , p. 17.9 Eric Hobsbawm. Nacões e Nacionalismo Desde 1780. São Paulo: Paz e Terra, 1990.10 Benedict Anderson. Comunidades Imaginadas. Reflexões sobre a origem e expansão do nacionalismo. Lisboa: Edições 70, 1991., p. 27.

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resposta necessária – e rigorosamente funcional – à Grande Transformação da

sociedade agrária no mundo da indústria mecanizada e da comunicação.11

Quando a Nação transformou-se em conteúdo essencial da evolução política e

econômica, resultante das revoluções Francesa e Industrial, teve início um profícuo

debate sobre os sentidos e os limites dos impérios coloniais.12

A reconfiguração das tendências políticas tornava-se cada vez mais freqüente e a

Europa era varrida por movimentos que reivindicavam a modificação do aparelho de

Estado, abrindo possibilidades, criando experiências revolucionárias e estabelecendo

novos vocabulários políticos. A Revolução Francesa representara a mais intensa

mobilização burguesa no sentido de construção de respostas à inoperância do Estado

Absolutista moderno. Seus desdobramentos, durante toda a primeira metade do século

XIX, garantiram o surgimento de modelos democráticos, aristocráticos e despóticos que

foram reelaborados e testados num cenário de lutas e ajustes sociais.

Assim, os sinos dobravam ora pela expansão territorial, ora pelas afirmações

nacionais. A saída francesa foi o próprio continente, a Inglesa, a conquista de novas

terras. Esse momento de formação da burguesia foi intrínseco à redefinição dos sentidos

da propriedade privada da terra, das relações de trabalho e da formação de novos

espaços urbanos. A situação era realmente excepcional, com ênfase para a redefinição

das áreas de trabalho, e separação entre espaço de moradia e de produção. Em 1808, na

cidade de Londres formou-se um comitê para reorganização da cobrança de impostos,

inspeção sobre as oficinas e identificação dos trabalhadores e dos desocupados.13 A

transformação das formas de vida e a redefinição social da pobreza estavam atreladas às

discussões sobre os sentidos da colonização, do império e do comércio. Esse foi

também o período de nascimento de uma nova sociedade de consumo.

O trabalho de pesquisa que desenvolvo atualmente concentra-se no estudo da

relação entre Brasil e Reino Unido no que concerne à diplomacia, comércio, população

e construção de novos habitus de consumo, no período entre 1808 e 1821. Nesta

11 Sobre este ponto de vista, consulte-se Esnest Guellner. O Advento do Nacionalismo e Suas Interpretações. In: Gopal Balakrishnan. (org). Um Mapa da Questão Nacional. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.12 Tem-se utilizado nesta comunicação os The Parliamentary Debates from the year 1803 to the Present Time. London: I. C. Hansard, 1813, vol 25. Sabe-se, no entanto, que este corpus documental cobre apenas uma esfera da problemática. A documentação portuguesa para o mesmo período será analisada em etapa consecutiva.13 Report from de Committee on the State of the Manufacture of England. London: English Historical Documents, vol VIII, 1808, p. 508.

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comunicação, no entanto, pretende-se apresentar alguns apontamentos sobre as

transformações em curso na esfera do comércio. Por esse foco, as estratégias discutidas

no parlamento inglês para organização do trato no Brasil formam um corpus documental

importante. Ao mesmo tempo, torna-se necessário considerar a diversidade de respostas

da corte portuguesa frente às pressões inglesas.

Parte-se do pressuposto que o consumo não é um fenômeno social autônomo e

não pode ser deslocado das sociedades e dos tempos que o produziram. Em cada época

o atendimento das necessidades vitais dos indivíduos esteve envolvido por estratégias

de vida, valores culturais, interesses econômicos e ações políticas.

A especificidade do caso brasileiro – com ênfase para a praça do Rio de Janeiro –

é bastante reveladora: ao abrir-se ao comércio inglês, o império português geriu uma

situação que lhe avalizou, através de instrumentos de longa duração, a manutenção do

trono e de seu Império Colonial. Por outro lado, as pressões inglesas não foram

pequenas e o mundo britânico também redefinia, nesse mesmo período, suas políticas de

conquista e suas áreas de atuação. O ajuste entre Corte Portuguesa e a Britânica,

ocorrido nas duas primeiras décadas do século XIX, representou uma encruzilhada

única entre imperialismos e colonialismos. As experiências de consumo, gestadas sob

essas condições, merecem ser estudas com maior atenção.

No estágio atual das pesquisas, explicar o aumento do consumo, no Rio de Janeiro

do início do século XIX, apenas pelo aumento de mercadorias, ocasionado pela abertura

dos portos, parece bastante insuficiente. Por outro lado, centrar o argumento sob a tese

de ampliação do consumo a partir da mudança de mentalidade e transformação do gosto

na ordem burguesa, representa um esvaziamento dos fatores relativos à vida material e

ao papel das instituições no mundo contemporâneo.

Na América Portuguesa, junto à corte bragantina, desembarcou a pesada arca de

prerrogativas de D. João. A Lei de Abertura dos Portos foi o dobre de finados do Antigo

Regime. O Rio de Janeiro se tornava sede do Império português, tornava-se, também,

praça comercial aberta aos interesses britânicos.14

14 Para José Jobson de Andrade Arruda, desde 1800 já estavam dadas as condições para abertura do comércio brasileiro para a Inglaterra. Veja-se: José Jobson de Andrade Arruda. Uma Colônia Entre Dois Impérios. A Abertura dos Portos Brasileiros 1800-1808. Bauru: Edusc, 2008.

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No Tratado de Comércio de 1810 ficava patente a idéia de que a Grã Bretanha e

Portugal julgavam “adotar um sistema liberal de comércio fundado sobre as bases de

reciprocidade e mútua conveniência.”15

Remessas de produtos ingleses jorraram, a partir de 1811, no porto do Rio de

janeiro. Abundaram também idéias, comerciantes, plenipotenciários. Cada qual tinha

um projeto comercial, uma leitura do novo espaço de comércio e uma reivindicação

endereçada à corte portuguesa.16 A população, por seu turno, não ficou ausente a essas

transformações. Comerciantes locais criaram novas formas de exportação de suas

mercadorias e construíram redes de negócios diversificadas envolvendo mascates,

costureiras, alfaiates, lojistas.

Enquanto os ingleses conquistavam novos mercados coloniais e procuravam

aumentar a escala dos produtos destinados para essas regiões, o governo português

buscava manter seu império e sua supremacia política. É nesse sentido que se deve

compreender a expressão “reciprocidade e conveniência” no texto do Tratado de 1810.

Vale ressaltar que a situação da corte transmigrada deu às partes do Brasil uma

condição excepcional no cenário da expansão inglesa. Portugal era um parceiro

comercial importante e a corte joanina, encarnada em sua colônia, tornava-se, ao mesmo

tempo, receptora e parceira dos interesses britânicos. As relações comerciais e os ajustes

políticos entre essas duas coroas modificavam-se muito rapidamente.17 Esses arranjos

provisórios eram substancialmente diferente dos obtidos na China, ou na Índia. No

Brasil, o núcleo das relações comerciais pautava-se por uma reciprocidade, muito

embora sob forças desiguais. Ainda segundo o Tratado de 1810,

Todos os gêneros, mercadorias, e artigos, quaesquer que sejam, da produção,

manufactura e industria ou invenção dos domínios e vassalos de sua majestade

britânica, serão admitidos em todos, e em cada uma dos portos e domínios de sua

alteza real o Principe regente de Portugal.18

15 Tratado de Comércio e Navegação entre D. João, Príncipe Regente de Portugal, e Jorge III, Rei da Inglaterra, Assinado em 18 de janeiro, Pelos Plenipotenciários e Ratificado em 26 de Fevereiro Por Suas Majestades. Coleção das Leis do Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1808-1821. (Grifos meus).16 Consulte-se: A Cidade, A Corte e a Intendência Geral de Polícia. In: Andréa Slemian. Vida Política em Tempo de Crise: Rio de Janeiro (1808-1821). São Paulo: Hucitec, 2006.17 Sobre a complexidade crescente do manejo da política no momento de transmigração da corte joanina para a América Portuguesa, consulte-se István Jancsó e João Paulo G. Pimenta. Peças de Um Mosaico (ou apontamentos para o estudo da emergência da identidade nacional brasileira). In: Carlos Guilherme Mota (org.). Viagem Incompleta. A experiência brasileira (1500-2000). São Paulo: Senac, 2000. ,p.129-175.

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Enquanto a Grã Bretanha pressionava pela entrada indiscriminada de seus

produtos, D. João escrevia aos súditos portugueses indicando que suas manufaturas e

produtos agrícolas estariam resguardados da concorrência desleal Inglesa. Promessa

difícil de cumprir, que representava, todavia, esforço de independência e controle sobre

as diferentes partes do Reino.19

À reciprocidade, definida no Tratado, deve-se somar a expressão conveniência,

que no seu sentido original (palavra cunhada por volta de 1489) podia significar

convenção, ou norma.20 Assim, a ação dos comerciantes individuais, num momento

inicial de comércio com a Inglaterra, foi substituída, a partir de 1810, pela regulação

desse intercâmbio. A norma torna-se um aspecto basilar. Sobre ela recaiu a consciência

de uma transição da ordem social. Este foi um passo decisivo à consolidação do mundo

burguês.

O papel dos Estados tornou-se cada vez mais central, muito embora à consciência

burguesa o mercado aparecesse como auto-regulável. Para Karl Polaniy essa

contradição está na essência do liberalismo praticado no século XIX. O comércio auto-

regulável implicava numa remota utopia e foi essa utopia que desencadeou as reações

de proteção. Para o autor, tal instituição não poderia existir em qualquer tempo sem

aniquilar a substância humana e natural da sociedade; ela teria destruído fisicamente o

homem e transformado seu ambiente num deserto. Inevitavelmente, a sociedade teria

que tomar medidas para se proteger, mas, quaisquer que tenham sido essas medidas elas

prejudicariam a auto-regulação do mercado, desorganizariam a vida industrial e, assim,

ameaçariam a sociedade em mais de uma maneira.21

O alargamento das necessidades e produtos, por si só, não representou uma

Grande Transformação. Foi do ajuste entre reciprocidades políticas e da fricção entre

normas e práticas estabelecidas que surgiram os indícios de uma nova relação entre

indivíduos e produtos.

18 Tratado de Comércio e Navegação entre D. João, Príncipe Regente de Portugal, e Jorge III, Rei da Inglaterra, Assinado em 18 de janeiro, Pelos Plenipotenciários e Ratificado em 26 de Fevereiro Por Suas Majestades. Coleção das Leis do Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1808-1821., p. 62.19 Manifesto de D. João, em 7 de Março de 1810, Dirigido ao Clero, Nobreza e Povo de Portugal, Justificando o Tratado de Comércio com a Inglaterra. Apud: José Jobson de Andrade Arruda. Op. Cit., p. 167-170.20 Raphael Bluteau. Vocabulário Português e Latino. Coimbra: Collegio das Artes, 1712.21Karl Polanyi. A Grande Transformação. As Origens de nossa época. 11° reimpressão. Rio Janeiro. Elsevier, 2000., p. 18.

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As formas de construção dessas normas foram largamente discutidas. Em 1813,

na câmara dos Lordes, travou-se um prolongado debate a respeito do monopólio da

Companhia das Índias sobre as terras conquistadas. Um interlocutor defendeu que:

Another more important question was the military Power in India, which, by

judicious and politic means and management had attained its present formidable

condition, but which by any unskifulness or miss direction was likely to disappoint

every hope depending on it from that subject, his lordship turned to the commerce of

India, which, by the renewal of the charter in its present form, would pour all its

advantages into for reign countries to the detriment of the English merchants. That

would no only be the case which respect to our settlement in India, but to China, and

all the newly acquired islands; and he besought their lordships (?) to considerer the

effect of the monopoly in preventing all the benefit of an open commerce between

those countries and the ports of South America, which, whatever might be the result

of the present contest in Europe, would, in all probability be soon laid open to a

general trade.22

Torna-se patente, no discurso acima citado, a relação entre as diferentes formas de

administração e contatos comerciais. Conquanto o impacto do monopólio fosse tomado

pelos agentes de época como fundamental para instalação da política colonial na Índia,

sobressaía, no texto do debate parlamentar, que esta forma de governo não havia sido

utilizada de maneira contínua. Já na China, o monopólio aparece como aspecto decisivo.

Para o parlamentar, essas formas fundamentais se deparavam com um novo contexto

internacional: o comércio com os países e portos da América do Sul.

Ao se renovar o comércio com a Índia, manter o controle sobre a China e

conceber, no horizonte, uma ampliação comercial com os Portos da América do sul, se

estabelecia um novo vocabulário político, cuja marca central era a passagem de uma

situação de colonialismo para uma ação imperial tramada e renhida.

É possível inferir, por meio da citação, que estavam sendo considerados como

pesos correlatos: os esforços repressivos do exército inglês, a manutenção da soberania

política sobre os territórios conquistados e a transformação dos acordos entre diferentes

grupos, cujo resultado seria uma distensão do monopólio.

22 The Parliamentary Debates From the Year 1803 to the Present Time. London: I. C. Hansard, 1813, vol 25, p,231.

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Os números sobre esses comércios podem elucidar essa modificação na correlação

de forças:

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Tabela 1: Distribuição das Exportações do Reino Unido, 1808-1821

Ano

Europa do Norte

Europa do Sul

África

Ásia USA Índia Foreign West Índia

Brasil/América do

sul

América do Norte

Total

1808

9,016,003 633,125

3,524,823

5,241,739

16,591,871

35,007,591

1809

15,849,449

804,452

2,867,832

7,258,500

18,014,219

44,794,452

1810

15,627,806

595,031

2,977,366

10,920,752 15,640,166

45,761,121

1811

12,834,680

636,742

2,941,194

1,841,253

11,939,680

29,893,549

1814

14,113,775

12,775,816

372,212

2,340,417

8,129 11,429,452

1,791,167 2,683,151 45,494,119

1815

11,971,692

8,764,552

333,842

2,931,935

13,255,374

10,687,551

1,156,875 2,531,150 51,632,971

1816

11,369,086

7,284,469

351,674

3,071,197

9,556,577

7,016,410

860,948 1,147,479 41,657,858

1817

11,408,083

7,685,491

406,359

3,725,386

6,930,359

7,405,516

1,279,781 2,651,377 41,492,312

1818

11,809,243

7,630,139

390,586

3,876,677

9,451,009

7,789,780

1,169,609 3,995,757 46,112,800

1819

9,895,397 6,895,255

316,294

2,715,018

4,929,815

6,861,314

892,306 2,376,328 34,881,727

1820

11,289,891

7,139,612

393,298

3,810,290

3,875,286

5,756,864

939,781 2,921,300 36,126,322

1821

9,044,155 6,859,287

482,117

4,277,790

6,214,874

5,461,863

1,050,778 2,942,237   36,333,102

Fonte:English Historical Documents 1783-1832. London, Eyre & Spotiiswoode, 1959. , p.551.

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Os dados relativos ao Brasil foram contabilizados a partir de 1811. América do sul

e possessões na Índia aparecem como os novos mercados a partir de 1814. Ocorreu,

também, uma lenta expansão dos produtos enviados para a Ásia, muito embora esta

última permanecesse como uma ponta fundamental dessa rede comercial. Em 1824,

houve um salto no número das exportações para o Brasil. O conjunto da tabela aponta

uma curva de exportação crescente para diferentes partes do mundo, indicando,

inclusive, para uma nova relação comercial entre Grã Bretanha e EUA.

Esse modelo liberal fundado pela Inglaterra, além das conseqüências comerciais

recorrentemente tratadas pela historiografia, criou condições para o surgimento de uma

nova “política de massas”. Chales Tilly, muito embora despreze as lutas populares e

seus resultados nas transformações da primeira metade do século XIX, apontou com

acerto que o poder de barganhar dos grupos sociais ao lado da ampliação do aparelho

repressivo inglês construiu uma política de massa que prevaleceu até por volta de 1848.

È certo que o maior campo de atuação dessa política foi o império com intervenção

direta dos britânicos, contudo, seus efeitos foram sentidos com maior ou menor

intensidade em diferentes partes do globo.23

Na corte do Rio de Janeiro, à proporção que os interesses comerciais ingleses se

ampliavam, a atuação diplomática também se tornava mais renhida. A trajetória do

Visconde Strangford indica que sua estada no Rio de Janeiro foi marcada por acordos,

disputas e profundas desavenças com a corte portuguesa.24 O Governo Inglês, em

algumas ocasiões, também se ressentiu do que chamou pouca firmeza do

plenipotenciário.25

Aos empenhos diplomáticos se somava a atuação direta de comerciantes

ingleses,26 por um lado, e de portugueses e brasílicos, por outro. Em julho de 1808, 23O limite das reflexões de Tilly - principalmente em sua crítica às teses de Edward Palmer Tompson sobre a formação da classe operária inglesa - consiste na inépcia em reconhecer os princípios burgueses de época como tradutores de uma especificidade histórica na qual Revolução Francesa e Industrial cumpriram um papel fundamental.24José Jobson de Andrade Arruda, em recente livro, reiterou a idéias de que ocorreu uma “abrupta mudança política externa na Grã-Bretanha”, no início do século XIX. Veja-se: José Jobson de Andrade Arruda. Uma Colônia Entre Dois Impérios. A abertura dos portos brasileiros 1800-1808. Bauru: EDUSC, 2008. P. 16.25 José Bernardes de Abrantes e Castro. O Investigador Português em Inglaterra, ou Jornal Literário, Político, e C. Junho de 1811., p. 33.26 Carta Circular de Guilherme Warren & Cia. a Destinatário Não Identificado Sobre o Futuro do Estabelecimento de Uma Casa de Comércio e Agência no Rio de Janeiro, para facilitar a Saída das

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fundou-se a associação dos Comerciantes ingleses que traficavam para o Brasil. O

Presidente foi John Princep.27 O quadro das embarcações oriundas das partes do Brasil

que atracaram nos portos do Reino Unido, revelam a intensidade dessas trocas

comerciais e indica para a variedade de interesses em curso:

Tabela 2: Entrada de Embarcações Portuguesa no Reino Unido

(julho de 1811)

Procedência Nome do Navio Capitães Destino

Maranhão Brutus Theaker LondresPernambuco Intrepd Finlay LiverpoolLisboa Providência Harford Dublin

Belle Collins DublinGeorge M, Free Limerick

Setuval Frederico MillerLisboa Argyle Purbis WestportFigueira Mary Cooper WaterfordLisboa Thomas Wrigh Londres

Prices Elizabeth FalmouthMaria Duplex BelfastFriends Curran NewryBee Dunn NewcastleLively Browm LondresSally GreenAnnaMaria HoffmanGeorge RusselTarantula Arnold Plymouth

Pernambuco Hawk Livingstone ClydeLisboa Lord Wellington Boyes Southampton

Kangarow MannFaro Wellington Hanger PlymouthMaranhão Liberty Sugden LiverpoolRio de Janeiro Janverin Tardiff GuernseySão Miguel London Packet Stickney LondresPernambuco Caroline Michell LiverpoolLisboa Reward Symonds Bristol

Duke of Kent FalmouthRio de Janeiro NoctonSetuval Bom Fim Cork

Produções do Brasil aos Portos de Costume. Londres, 2 de fevereiro de 1808. Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, Coleção Linhares, 29,20, 1, n° 113 a 114, microfilme 554. Apud: José Jobson de Andrade Arruda. Uma Colônia Entre Dois Impérios. Op. Cit., p. 158.27 Olga Pantaleão. A Presença Inglesa; In: Sérgio Buarque de Holanda. (org) História Geral da Civilização Brasileira. O Brasil Monárquico. Rio de Janeiro: Bertrand, 1992.Tomo II, vol. I. p. 64-100.

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Lisboa Free Briton Kaye LondresBragança Colles

Porto Nancy Wrigth LiverpoolBahia Rein deer ReidLisboa Caesar Goldlphin ClydeFigueira Friends Roche Swansea

saragosa M Kissok LondresBahia Brothers Powdich

Robert Tod Wise LiverpoolMercator ClarksonRoscius Roxburg

Maranhão RangerLisboa Firm Michell KirkaldyPernabuco Princesa do Brasil Santos LondresSetuval Pensamento Feliz Gabriel WaterfordLisboa Ana Maria YarmouthBahia Monte Alegre Salazar LondresCeará Paquete do Ceará Ramos PlymouthLisboa Duke of Clarence Johns Falmouth

Commerce Jefferson LondresFonte: José Bernardo de Abrantes e Castro. O Investigador Português em Inglaterra, ou Jornal

Literário, Político, e C. Londres: Junho de 1811.

O quadro refere-se às embarcações de um único mês. Os barcos oriundos de

Portugal foram contabilizados junto aos das partes do Brasil. O comércio entre Portugal

e Inglaterra resguardava uma unidade. Diferentes pontos conectavam-se nessa ampla

rede de comércio. Vale ressaltar, que o bloqueio continental e o bloqueio marítimo

britânico, que prevaleciam na Europa nesse período, criavam obstáculos à exportação

brasileira.28

A produção do algodão funcionou como um fio que engastou os interesses locais

ao circuito mundial. Ao passo que era descarregado nos portos do Reino Unido, o

algodão se enleava numa ampla escala de produção, no qual se envolviam homens,

máquinas, e percepções sobre o trabalho.

Por meio do quadro acima, é possível identificar, ainda, uma maioria de capitães

com nomes de origem anglo-saxã. As especializações, também, se tornaram cada vez

mais freqüente nesse momento de organização do comércio. O homem liberal alcançara

28 Jorge Pedreira & Fernando Dores Costa. D. João VI Um príncipe Entre Dois Continentes. São Paulo: Companhia das Letras, 2008., p. 228-229.

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seu grau máximo e a industrialização seguia as trilhas que passavam por novos portos e

mares.

Na encruzilhada entre a industrialização e a construção do indivíduo liberal

moderno, a experiência do consumo surgiu como indicadora de novos anseios e, ao

mesmo tempo, resultante de um processo de subjetividade socializada.29 Tais

experiências desenvolveram-se junto à ampliação dos instrumentos de regulação do

Estado e à construção de novos desenhos mercantis. A cidade do Rio de Janeiro

concentrou interesses políticos díspares, acentuados pela supremacia comercial inglesa,

por um lado, e pela e ação bragantina, por outro. As tabelas 1 e 2 revelam essa

circulação.

Grande parte dos autores que estudou o consumo no mundo contemporâneo

argumentou que as histórias da civilização material, da cultura material e da vida

cotidiana contribuíram para a ampliação do escopo da História Econômica. Perpassa

essa afirmação, a idéia de que a História Econômica, preocupada com processos e

determinações ligadas à produção, não desenvolveu estudos profundos sobre a História

das Coisas Banais.30 Muito embora esse argumento seja válido, é preciso sopesar que se

a patogênese do mundo burguês se deu por meio de um processo em que a crise não foi

concebida politicamente, o resultado significou uma redução do sentido da política,

enquanto construção utópica do futuro. A grande herança da transição da época

moderna para o mundo contemporâneo foi, portanto, a modificação na percepção do

futuro.31 Essa é uma chave decisiva para o estudo do nascimento das sociedades de

consumo.

Para Max Weber, no momento em que o capitalismo pôde se apoiar em bases

mecânicas e se despir dos valores espirituais e do dever moral, o indivíduo renunciou a

lhe dar uma interpretação de sentido. Essa foi a condição básica para que o Nada

chegasse “a um grau de humanidade nunca antes alcançado”.32 Nesse cenário, o

processo de consumo das sociedades humanas deu lugar às sociedades de consumo.

No meio do caminho entre a renúncia de sentido ao objeto, como afirmou Weber,

e a construção de novos sentidos e representações às mercadorias foi que se formou, no 29 Jonathan Friedman. Consumption and Identity. USA: HOAP, 1991.30Daniel Roche. Histoire des Choses Banales. Naissance de la consommation XVII- XIX siècle . Paris : Fayard, 1997.,p. 10-11.31 Reinhart Koselleck. Op. Cit., p. 15. 32 Max Weber. Op. Cit., p.166.

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Rio de Janeiro do início do século XIX, uma ação política original. Neste texto buscou-

se apontar alguns matizes da política Britânica com relação ao Brasil. Resta reconhecer

como esses matizes se enlearam às relações diplomáticas, como se organizaram as redes

comerciais, e quem foram os agentes dessa transformação. Sem levar em conta esse

complexo de conexões que dão sentido à realidade histórica, o Nada poderá galgar

desimpedido pelos campos das Ciências Humanas e o estudo do consumo não passará

de reposição do anacronismo que entende consumismo como sinônimo de sociedade do

consumo.

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