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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E ARTES
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO
MARÍLIA LUNA ALVES
RELATÓRIO FINAL DO ENSAIO PACIENTES
UM PROCESSO DE IMERSÃO FOTOGRÁFICA NO CAPS - CAAPORÃ
JOÃO PESSOA – PB
2015
MARÍLIA LUNA ALVES
RELATÓRIO FINAL DO ENSAIO PACIENTES
UM PROCESSO DE IMERSÃO FOTOGRÁFICA NO CAPS - CAAPORÃ
Relatório apresentado ao Curso de Comunicação
Social da Universidade Federal da Paraíba, como
parte dos requisitos para obtenção do título de
Bacharel em Comunicação Social, habilitação
Jornalismo.
Orientadora: ProfªMa. Agda Aquino
JOÃO PESSOA – PB
2015
MARÍLIA LUNA ALVES
RELATÓRIO FINAL DO ENSAIO FOTOGRÁFICO PACIENTES
UM PROCESSO DE IMERSÃO FOTOGRÁFICA NO CAPS - CAAPORÃ
APROVADA em _____/_____/_____
Banca Examinadora
_____________________________________________
Profº. Ma. Agda Aquino(Orientadora)
____________________________________________
Profº. Me. Arthur Lins
____________________________________________
Profº. Ma. Isabella Chianca Bessa Ribeiro do Vale
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Lourdes Luna e João Alves, por todos os esforços e as renúncias, pelo
eterno incentivo e apoio incondicional. A Gian Orsini, meu companheiro de aventuras, que
também participou desta estando presente em todas as etapas deste trabalho, opinando,
questionando e exigindo o melhor de mim. A Lorena Gil, Jéssica Henrique, Priscila
Cavalcante, Israel Luna, ao TS, e todos os amigos que compreenderam a ausência, ou a
presença conturbada, e aguentaram todas as reclamações e o turbilhão de emoções que se
apossaram de mim. A Priscila Berbert, Natália Luna, Ingrid Heckler e Carolina Orsini pela
gentileza em ler este trabalho antecipadamente. A Beto Pessoa, Flávia Lopes, Jacyara
Araújo, minhas flores do cacto, e Jéssica Magliano, por serem as melhores companhias em
dias de estresse, o melhor grupo para seminários e trabalhos, e por terem participado das
melhores memórias que levarei da universidade. A minha orientadora, Agda Aquino, por
aceitar esta função, pelos direcionamentos, correções, livros emprestados e pela paciência. A
diretora do CAPS, Rochelle Caramuru, por abrir as portas da instituição para este projeto. A
equipe do CAPS pela colaboração, em especial a psicóloga Viviane Queiroz, pela companhia
e pelas caronas até Caaporã. E claro, a todos os usuários do serviço, e seus responsáveis,
por acreditarem no meu trabalho e viabilizar a sua execução dentro daquilo que eu havia
imaginado.
Muito obrigada!
Para aqueles me conduziram até aqui, sem que eu
deixasse de caminhar com minhas próprias
pernas: meus pais.
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO ............................................................................................................ 7
2 JUSTIFICATIVA.............................................................................................................. 9
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................. 11
3.1 Expressões do gênero retrato .............................................................................. 11
3.2 Relação entre fotografia documental e jornalística ............................................. 14
3.3 Diane Arbus dentro da fotografia documental .................................................... 16
4 ETAPAS DE EXECUÇÃO ............................................................................................. 21
4.1 Pré-produção ..................................................................................................... 21
4.2 Produção ............................................................................................................ 22
4.3 Pós-produção ..................................................................................................... 24
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 26
6 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 27
APÊNDICE ........................................................................................................................ 28
APÊNDICE A - Informações técnicas das fotografias............................................... 29
ANEXO .............................................................................................................................. 35
ANEXO A -Fotografias de Diane Arbus (Referência)............................................... 36
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1 APRESENTAÇÃO
Quando falamos em fotojornalismo é natural pensarmos em imediatismo, em
registros espontâneos e realistas, imagens em que não há interferência direta do fotógrafo. Em
geral, a fotografia tem a intenção de narrar imageticamente aos espectadores uma história,
sejam elas de registro como são conhecidas a fotografia jornalística e documental, ou com
inspirações artísticas como fotografias de moda e publicidade.
Entretanto é possível ter acesso à imagens de registro que não foram realizadas ao
acaso ou em alguns minutos na surdina. Retratos da sociedade não pautados ou produzidos
inesperadamente. Diane Arbus é uma das fotógrafas que apresenta em sua coleção o exemplo
deste gênero fotográfico, afinal documentou com propriedade uma parte específica dos
moradores de Nova York, retratando o cotidiano daqueles que a sociedade rejeitou: os
marginalizados. Anões, travestis, doentes mentais, deficientes físicos, prostitutas, deformados,
nudistas, personagens circenses, velhos, atores desvalidos, entre outros indivíduos
condenados ao olhar preconceituoso daquela população, foram alvo de suas lentes.
Certa do que desejava registrar, Diane Arbus saía à procura de locais que pudessem
ser uma boa fonte de materiais, seja próximo à sua casa, onde encontrou bailes de travestis e
hotéis mantidos pela previdência recheados de modelos verdadeiramente bizarros; ou mais
distante, como o campo de nudismo que fotografou em New Jersey. Apesar das fotografias
posadas e muitas vezes em posições obviamente impostas por Arbus, podemos dizer que
através de uma obra como a sua conseguimos compreender mais do submundo em que viviam
estes personagens. Seu diferencial, acima do assunto que decidiu abordar, é o vínculo que
mantém com esta temática. Arbus explicou que fotografar anomalias produzia nela “uma
euforia tremenda”. “Tudo é tão esplêndido e comovedor. Eu avanço rastejando pelo chão
como nos filmes de guerra.” (SONTAG, 2006, p.51)
Seu método consistia em “pesquisas, marcações prévias de encontros, e
principalmente, a construção de uma relação com o sujeito a ser fotografado”
(SZWERTSARF, 2012, p.5). O aprofundamento na convivência com seus objetos fez Arbus
captar a essência daquelas criaturas. Ela conseguia alcançar sua intimidade, seus
pensamentos. Para isto, muitas vezes dedicou anos até sentir que captou a fotografia ideal.
Seu empenho era visivelmente reconhecido pelos seus personagens que se entregavam tão
genuinamente à câmera e o fruto era uma fotografia que expressava toda esta conexão da
fotógrafa com o fotografado. Com esta forma particular de ver o mundo, imergindo
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completamente no desconhecido, com verdadeira devoção à ideia de retratar estes seres
estranhos, Arbus realizou um trabalho de destaque entre os fotógrafos de sua geração.
É com base nas experiências desta fotógrafa que este projeto busca sua inspiração,
mergulhando com afinco dentro do objeto escolhido: os usuários, termo utilizado pelos
profissionais da área, do serviço CAPS – Centro de Atenção Psicossocial, do município de
Caaporã. O intento é estreitar relações com aqueles a serem fotografados, passar a fazer parte
de seu cotidiano, entender sua rotina, seu modo de vida e conhecer mais profundamente
aquele que é também o nosso objeto de estudo.
O ensaio fotográfico intitulado "Pacientes" foi realizado ao longo de seis meses, com
visitas quase sempre semanais, onde a pretensão da fotógrafa era apenas ser mais uma
inserida naquele universo, sem que apontar uma câmera fosse um evento, ou ao menos,
motivo de estranhamento. O objetivo é convidar o espectador a se confrontar com uma
realidade fora do convencional, fora do contexto midiático e também se distanciando da
abordagem dos meios de comunicação atuais.
O produto foi divulgado por meio da plataforma de publicação online ISSUU, onde se
encontra disponível para visualização e download no endereço:
http://issuu.com/marilialuna_/docs/e_pacientes_marilia_luna
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2 JUSTIFICATIVA
Nos últimos 20 anos, o CAPS tem sido a principal estratégia dentro do processo da
reforma psiquiátrica no Brasil. O serviço acolhe pacientes que sofrem de transtornos mentais
e intenso sofrimento psíquico de forma que não fiquem internados e consigam dar andamento
a outros setores de suas vidas. Esta é uma das maneiras de reintegrar à sociedade estas pessoas
que sempre estiveram à sua margem.
Pensar em retratar doentes mentais nos dias de hoje é fazer parte deste processo de
reinserção social e também familiar. É tentar desconstruir a imagem que está entranhada no
imaginário popular e apresentar ao público uma realidade muitas vezes desconhecida,
mostrando pessoas que comumente são tratadas com descaso, sendo na quase sempre
realmente ignoradas pela sociedade.
Por outro lado, Annateresa Fabris revela em Identidades Virtuais - Uma Leitura do
Retrato Fotográfico, ao relatar os experimentos do psiquiatra Hugh Welch Diamond, que a
fotografia também é capaz de ajudar os próprios pacientes.
Diamond acreditava que a fotografia era um precioso auxiliar no tratamento: os pacientes demonstravam, em geral, interesse pelo próprio retrato, sobretudo quando
nele estavam registradas as marcas do progresso e da cura de um 'severo ataque de
Aberração Mental'. (FABRIS, 2004, p.48)
Sendo assim as fotografias de Diane Arbus, realizadas quando a reforma psiquiátrica
ainda era um movimento embrionário, surgem como inspiração ideal para a realização destes
retratos. Arbus nos traz fotografias em que se é difícil permanecer indiferente. Podemos
afirmar que não é uma obra que passe sem ser notada, mesmo diante de olhares desatentos ou
leigos. Através de sua singularidade Arbus alcançou o reconhecimento conquistando um
espaço até então pouco explorado, com seus retratos que exerciam no público um efeito
perturbador. Não havia compaixão ou dramatização das pessoas para com aqueles que Arbus
decidia fotografar, porém as fotos enlaçavam o espectador, seus personagens povoavam seu
imaginário, faziam com que ele se mantivesse próximo do tema. Essa era uma das intenções
de Arbus, mostrar às pessoas outro mundo, um submundo, renegado pela própria sociedade.
Apesar de não ter seu nome diretamente vinculado ao jornalismo, escolhemos Diane
Arbus como inspiração para este projeto devido à sua devoção ao tema escolhido. Por que
dedicar apenas um dia ao que se deseja registrar quando se pode dedicar 10 anos? Por que ser
um mero visitante deste universo particular se você pode habitá-lo? Este é o pensamento de
Arbus que desejamos trazer para este ensaio:a imersão no mundo dos personagens, a
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convivência, o envolvimento e o entendimento de seus hábitos e pensamentos. Conhecer sua
rotina, participar de sua vida. Em épocas em que não só as fotografias são realizadas de forma
tão imediata, como todas atividades jornalísticas, é válido repensar em como empenhar um
pouco mais de tempo pode surtir diferenças significativas em seu resultado, trazendo para o
público imagens palpáveis, de quem conheceu e imergiu naquela realidade apresentada.
Também será característica deste ensaio a fotografia posada, o retrato, outra marca
registrada de Diane Arbus. O ato de posar é criar um novo ser, como Barthes explica: “A
partir do momento que me sinto olhado pela objetiva, tudo muda, fabrico-me
instantaneamente um outro corpo.” (BARTHES, 1984, p.22). Entretanto este indivíduo que
surge através das lentes pode dizer mais sobre si mesmo do que aquele captado em uma
postura aleatória. Susan Sontag explica sobre este poder de Diane Arbus, de extrair o
verdadeiro ser de seus personagens em um negativo. “Sentadas ou de pé, o ar afetado, esses
personagens nos aparecem desse modo como a própria imagem do são.” (SONTAG apud
DUBOIS, 2006, p.43)
Sendo assim, este produto procura apresentar a obra da fotógrafa norte-americana
Diane Arbus como um importante referencial dentro da fotografia documental e analisar seu
trabalho de forma a entender melhor a metodologia por ela elegida, mostrando a ligação entre
o estilo de fotografar da artista com a reportagem fotográfica. Investigamos o conceito e a
relação com a fotografia documental, compreendemos melhor a relação pose e retrato,
apresentamos a obra de Diane Arbus junto à análise e seus retratos, por fim realizamos um
ensaio baseado em suas experiências e relatamos as etapas desta prática relacionando com a
metodologia da fotógrafa.
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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 Expressões do gênero retrato
O retrato pode parecer um gênero artístico atual, atrelado diretamente ao surgimento
da fotografia, mas esta representação havia se consolidado muito antes por meio da pintura e a
fotografia veio para popularizá-lo. Se hoje em dia a idealização da própria imagem
representada é tão comum, séculos atrás não deixava de ser, e a pintura era capaz de suprir
essa necessidade humana sobre o ideal social que cada um tinha de si mesmo. Até hoje,
aquele que está sendo fotografado espera se ver da melhor forma em um retrato. Quando em
ocasiões marcantes, se preparam para aquele momento exibindo a melhor versão que
acreditam ter de si mesmo. O jornalista, cartunista e também fotógrafo, Felix Nadar, chegou a
ser considerado nos anos 1870 o retratista mais requisitado de Paris devido a aura que
conseguia captar de seus modelos. Ele era capaz de trazer para os retratos a personalidade dos
fotografados. Mas para a que obra seja fiel e agrade ao mesmo tempo, é necessário saber o
que captar.
A opinião que cada um tem das próprias qualidades físicas é tão benevolente que a
primeira impressão de todo modelo diante das provas de seu retrato é,
inevitavelmente, de desapontamento e de recusa. (é supérfluo esclarecer que estou
falando de provas perfeitas). (NADAR apud FABRIS, 2004, p.27)
Figura 1 - Felix Nadar, Retrato de
Jules Verne, 1878.
Nadar tinha a habilidade de trazer a idealização que a pintura era capaz de cumprir
para as fotografias. Ele chamava de "sentimento de luz" a relação da luz com o rosto que fazia
com que as imagens refletissem exatamente a moral do modelo, e como ele esperava ser
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retratado. Enquanto Fabris se refere ao retrato como "tradução fiel, severa e minuciosa do
contorno e do relevo do modelo", podemos dizer que a fotografia, mesmo sob as mais
diferentes perspectivas, não deixa de ser um espelho da realidade. Cabe ao fotógrafo escolher
como contar esta realidade, e era o que Nadar fazia. Ele estudava bem os seus modelos e
explorava bem a iluminação, quase sempre se concentrando nas expressões faciais.
Na época, Nadar registrou imagens de grandes intelectuais franceses, como Jules
Verne, Charles Baudelaire, Alexandre Dumas (pai), Gustave Doré, entre outros, ou seja, a
clientela era basicamente aristocrática em virtude do valor alto do daguerreótipo, um dos
primeiros instrumento fotográficos. Mas a invenção do formato cartão de visitas, por André
Adolphe Eugène Disderi iria transferir a acessibilidade do retrato para outras camadas sociais:
a burguesia.
Disderi, diferentemente de Nadar, se preocupava em registrar o restante do corpo,
tornando o rosto um elemento secundário. É quando a pose ganha destaque, uma vez que o
fotógrafo se interessava pela teatralização da postura de seus clientes, e também pelo seu
traje. Sendo assim, o trabalho de Disderi passa a ser não um retrato individual, mas a
representação de um grupo, de uma classe social e também um retrato seu. O que importa não
é representar a individualidade de cada cliente, mas, antes, conformar o arquétipo de uma
classe ou de um grupo, valorizados e legitimados pelos recursos simbólicos que se inscrevem
na superfície da imagem. (FABRIS, 2004, p.31)
Figura 2 - André Adolphe Eugène Disderi, Príncipe Lobkowitz
(The Metropolitan Museum of Art, New York), 1858.
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Este momento da história da fotografia é marcado por mudanças significativas. Para
retratar seus clientes de corpo inteiro, é necessário que o fotógrafo mantenha uma maior
distância de seu modelo, e ainda assim consiga captar a sua "pose característica". De acordo
com Disderi, a "pose característica" é "aquela capaz de exprimir não um momento particular,
mas "todos os momentos". (FABRIS, 2004, p. 36)
Fabris afirma em Retratos Virtuais que "todo retrato é simultaneamente um ato social
e um ato de sociabilidade", e é desta forma que percebemos os retratos de Disderi, que se
tornou reconhecido pela sua coletânea de imagens que refletem a sociedade daquela época, e
o seu trabalho como fotógrafo. O cliente, enquanto indivíduo, acaba se tornando apenas uma
peça de um enorme quebra-cabeça.
[...]diversos momentos de sua história obedece a determinadas normas de
representação que regem as modalidades de figuração do modelo, a ostentação que
ele faz de si mesmo e as múltiplas percepções simbólicas suscitadas no intercâmbio
social. O modelo oferece à objetiva não apenas seu corpo, mas igualmente sua
maneira de conceber no espaço material e social, inserindo-se em uma rede de
relações complexas, das quais o retrato é o emblema mais significativo. (FABRIS,
2004, p. 38)
Em busca de seu desejo de auto definição o sujeito acaba por fotografar uma
encenação de si mesmo, frente à objetiva, a pose que escolhe faz parte daquilo que deseja ser.
A fotografia equestre é um símbolo desta busca por algo que não se é, este estilo que se
tornou popular em 1861 trazia os modelos posando sobre cavalos que não eram seus, mas a
foto, o que seria eternizado, dizia que eles os tinham, ao menos naquele momento.
Essa exibição que o modelo faz frente às câmeras, causada pela vontade de ter sua
imagem representada somada ao seu ideal social, reflete sua percepção do mundo, é através
desta personificação que conhecemos mais de nosso modelo. Apesar de Disderi, que fazia uso
da teatralização da pose, e também de Nadar, que expressava a personalidade do modelo
através da iluminação, Baudrillard revela que a fotografia é a "arte da desaparição".
Afirmando que a fotografia é a arte de afastar tudo aquilo que se interpõe entre o
indivíduo e o mundo, o sociólogo francês coloca o retrato sob o signo de sujeito
ausente, ou seja, sob o signo de uma encenação tão complexa a ponto de obrigar a
câmera a realizar uma operação de desfiguração e despojamento do caráter do
fotografado. (FABRIS, 2004, p. 13)
Logo, existe algo específico que deve ser captado no sujeito fotografado, algo único de
cada um que está além da expressão facial, da postura e do modo de se vestir. Algo que vai de
encontro com esta encenação, essa peculiaridade que só é percebida e registrada em raros e
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inusitados momentos, visíveis para a câmera durante um micro espaço de tempo. É no
momento em que o sujeito se descuida que a sua "alteridade secreta", segundo Fabris, é
revelada, que o transforma no ser singular que ele é, diferente da faceta repetitiva que ele
insiste em mostrar de acordo com o grupo que reafirma ou deseja pertencer.
De acordo com Baudrillard esse momento captado seria a verdadeira natureza da
imagem, que a destacaria de todas as demais, fazendo com que todos os sujeitos se
comuniquem e sejam transparentes uns aos outros, incluindo o fotógrafo, que para poder
retratar todo o vazio encontrado no fotografado naquele momento específico também
precisaria ser "a um só tempo, inexistente e um deles". (FABRIS, 2004, p. 14).
3.2 Relação entre fotografia documental e jornalística
Por muitas décadas, o tempo foi um dos principais inconvenientes relacionados ao ato
de fotografar. Além da duração da captação, era necessário levar em consideração o tempo de
revelação e claro, o intervalo que levaria até a sua publicação. Hoje, todas estas barreiras
ficaram para trás e com os avanços tecnológicos na área, o número de imagens que figuram
nas mídias são imensas. As dificuldades técnicas também foram transpostas e qualquer pessoa
pode ser responsável pelas fotografias que são divulgadas nos veículos de comunicação. "Para
quem não tem experiência no ramo, é como se apenas o olho e o dedo do fotógrafo atuassem
aqui, deixando para um segundo plano a interpretação da situação segundo a sua inteligência,
cultura, competência, visão de mundo.". (BUITONI, 2011, p. 132)
Entretanto, apesar das imagens fotográficas serem um elemento recorrente na
composição de matérias, reportagens e notícias dos mais diversos meios midiáticos, nem
todas elas podem ser consideradas "fotos de imprensa". De acordo com Dulcilia Buitoni, que
traz reflexões de Pepe Baeza em Fotografia e Jornalismo - A informação pela imagem, a
fotografia de imprensa se divide em fotojornalismo e fotoilustração. A fotoilustração seria
todas as imagens oriundas do processo fotográfico, podendo ser montagem ou colagem, que
facilitam a compreensão do leitor, muitas vezes elaboradas junto a gráficos, sempre
procurando ilustrar uma ideia. Enquanto a foto jornalística seria aquela imagem "vinculada a
valores informativos" e dotada de "relevância social e política, relacionada a atualidade e de
caráter noticioso". (BUITONI, 2011, p. 91)
Dentro deste gênero também teríamos a fotografia documental. Para Buitoni e Baeza,
os dois gêneros tem uma profunda ligação e compartilham o compromisso com a realidade,
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entretanto, a fotografia documental "dedica-se mais a fenômenos estruturais do que a uma
conjuntura noticiosa limitada por prazos pequenos de produção e edição" (BUITONI, 2011,
p.91), ou seja, não é o tipo de fotografia atualmente em destaque pelos veículos de
comunicação, que antes de tudo prezam pelo instantâneo.
Foi atribuída uma importância tão grande à agilidade na captação da fotografia, que
fez com que estas qualidades ditassem a veracidade da imagem, especialmente para o público.
Segundo Stella Senra a "crença na suposta transparência e neutralidade" foi o que levou a
imprensa a valorizar o instantâneo. Mas não é só isso, a mídia também precisa alimentar esta
concepção na mente de seu público, por motivos ideológicos e mercadológicos.
Convicta da fidelidade da representação fotográfica, ela [a imprensa] reconheceu na
velocidade incorporada ao aparelho, uma garantia maior da sua objetividade, devido
à supressão de um tempo no qual a reflexão ainda poderia atuar como uma
mediação. (A recusa da foto "posada" pela imprensa, o prestigio das imagens "naturais" fundou uma estética da foto jornalística cuja origem deve muito a esta
concepção do aparelho e do seu modo de atuação"). ( SENRAapud BUITONI, 2001,
p. 132)
A realidade sempre foi questionada dentro da fotografia. Em O Ato Fotográfico,
Phillipe Dubois inicia sua obra apresentando os três consensos mais populares entre os
teóricos sobre a relação da interpretação da realidade dentro da representação através da
imagem fotográfica: a fotografia como espelho do real, que declara a foto como a mais
perfeita imitação do real; a fotografia como transformação do real, em que a imagem atua
como elemento de análise do real, sendo algo parcial; e a fotografia como traço do real, onde
a fotografia seria utilizada para sua própria desconstrução. A primeira é trabalhada por André
Bazin, no texto Ontologia da Imagem Fotográfica.
Mesmo com a evolução da tecnologia e da criação de milhares de softwares capazes
de alterar o que aparece ou não em uma imagem, a credibilidade que uma fotografia tem é
indiscutível. É ela que é solicitada sempre em que se há dúvida quanto a veracidade de um
fato, ou seja, ela funciona como prova e instância de realidade, usualmente tomada como
verdade. Esta reputação pode surgir pelo fato inédito, até então, de uma máquina criar
"sozinha" a representação de um objeto, como explica Bazin:
Pela primeira vez, uma imagem do mundo exterior se forma automaticamente, sem a
intervenção criadora do homem, segundo um rigoroso determinismo. A
personalidade do fotógrafo não entra em jogo senão pela escolha, pela orientação,
pela pedagogia do fenômeno; por mais visível que seja na obra acabada, já não
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figura nela como a do pintor. Todas as artes se fundam sobre a presença do homem;
unicamente na fotografia que fruímos de sua ausência. (BAZIN, 2014, p. 31)
Com a insistência da mídia pelas imagens visivelmente instantâneas, como relata
Senra, somada ao apelo mecânico citado por Bazin, que traz a realidade sendo mediada por
uma máquina e não pelo homem, o espectador automaticamente relaciona fotojornalismo a
imagens que mostram o fato no instante em que ocorreu e sempre fazendo associação a um
feito que não poderia ser reproduzido da mesma forma outra vez. Assim, o trabalho do
fotodocumentarista acabou se distanciando dos meios de comunicação, fazendo com que o
público talvez sequer o considere como parte do fotojornalismo. Mas é por meio da fotografia
documental que diversas realidades são abordadas mais aprofundadamente, trazendo reflexões
e uma forma de conhecer mais autenticamente diferentes culturas e acontecimentos a longo
prazo.
O fotodocumentarista busca uma forma de descobrir e registrar visualmente o
mundo para melhor entendê-lo, dando visibilidade a um leque imenso de problemas
sociais com uma visão crítica e autoral do contexto em que as situações se desenvolvem. (BUITONI, 2011, p. 133)
Optar por um estilo fotográfico capaz de transformar relações sociais, promovendo
uma imersão e consciência cultural, é uma forma promissora de fugir da excessiva quantidade
de imagens cuja função se resume a ilustrar uma notícia provavelmente esquecida após ler a
próxima. Através da fotografia documental, aquele que possui a câmera em mãos é capaz de
se aprofundar nas questões que aborda, ao invés de resumir fatos, e assim causar um impacto
real na sociedade.
3.3 Diane Arbus dentro da fotografia documental
Ao fundamentar o conceito da fotografia como transformação do real, Dubois faz
referência ao trabalho de Diane Arbus. Segundo o teórico, Arbus interfere no resultado das
suas fotografias de modo a torná-las condizentes com a realidade. "Ao fazer seus modelos
posarem deliberadamente, os leva de fato, pelo código e nele, a revelar sua verdade
autêntica", explica.
Para absorvermos a obra de Diane Arbus é necessário entender sua afinidade com a
temática que decide concentrar-se durante 15 anos de sua vida. Em uma empreitada única,
Arbus desiste de sua carreira como fotógrafa de moda e se lança destemidamente em um novo
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projeto; Assim, partiu em busca daquelas pessoas consideradas aberrações pela sociedade da
época, conheceu seus personagens em circos, casas de shows de travestis, convenções de
gêmeos, casas de horrores, asilos, hospitais psiquiátricos, etc. Arbus queria fugir do cotidiano,
e conseguiu, se encantou com o submundo até então pouco conhecido e mergulhou nele com
afinco.
Arbus era obstinada a respeito do que queria fotografar, com seus sujeitos ela era
sempre atenciosa e dedicava-se integralmente, não perdia o objeto de vista e voltava sempre
ao local até que eles confiassem nela. Só então pedia para fotografá-los.
Ela era gentil e paciente, indo lá todos os dias, conversando com todos, para que se acostumassem com sua presença, até que “ela se tornou uma da gangue”, disse
Presto, que estava apresentando seu ato de comer fogo no Hubert’s Museum.
(BOSWORTH apud SZWERTSZARF, 2012, p. 7)
Em suas fotos “perfilavam monstros seletos e casos extremos - na maioria, feios; com
roupas grotescas ou degradantes; em ambientes desoladores ou áridos", personagens que
aceitaram posar para suas lentes de forma franca, impondo com segurança respeito ao
espectador. Susan Sontag afirmava que sua obra não exigia do público a identificação "com
os párias e pessoas de aspecto miserável que ela fotografou.” (SONTAG, 2006, p. 45).
Para realizar suas fotos, Sontag explica que Arbus se manteve distante da ideia de
fotografar seus objetos desprevenidos, a mágica de suas fotografias estava em como seus
temas posavam de forma serena e imóvel. A princípio, os sujeitos se mostravam embaraçados,
então, para atingir seu objetivo Arbus teve que conhecê-los, tranquilizá-los e ganhar sua
confiança, assim conseguia algo inacreditável: que seus personagens se oferecessem tão
gentilmente para a câmera.
O envolvimento de Arbus com seus personagens era visível. Estar frente à estas
criaturas e diante da oportunidade de fotografá-las produzia em Arbus uma emoção profunda,
a deixava eufórica, transformava o seu estado de espírito. Cada local novo que descobria, as
novas pessoas que conhecia, a tornava cada vez mais interessada, a fazia buscar sempre mais,
como um vício.
Arbus tinha, talvez, uma visão demasiado simples do encanto, da hipocrisia e do
desconforto de confraternizar com as anomalias. Em seguida ao entusiasmo da
descoberta, havia a emoção de ter ganhado a confiança deles, de haver dominado a
própria aversão. (SONTAG, 2006, p.51)
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Após imergir no universo dos párias, Arbus não fotografava outro tipo, sua ligação era
cada vez mais profunda. Seus objetos se transformaram em amigos, como é o caso de Lauro
Morales, o anão mexicano que Arbus teve oportunidade de fotografar durante dez anos. Na
célebre foto conhecida de Lauro, Mexican dwarf, de 1970, é transparente a relação de
intimidade entre ele e Arbus.
Figura 3 - Diane Arbus, Mexican Dwarf
in his hotel room, N.Y.C, 1970.
Outro caso de extrema entrega da parte de Diane Arbus se trata de uma folha de
contatos em que ela se encontra nua, deitada no colo de um rapaz negro. Esta foto é prova de
que a fotógrafa buscava viver naquele mundo, experimentar.
Figura 4 - Diane Arbus, Folha de contato #44567
de um casal no sofá.
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Vemos através da pose nas fotos (Mexican dwarf), que todo o trabalho era fruto de
uma imensa colaboração mútua. Essa relação que Diane mantinha com quem
fotografava é o que fez dela uma fotógrafa inteira, generosa e não perversa. O tempo
e a intimidade permitiram a Diane apurar sua sensibilidade. (SZWERSZARF, 2012,
p. 9)
Para Diane Arbus, a foto era mais que uma foto, aquela imagem era o registro da
aventura em que se metera, prezava por este registro como se fosse um prêmio de uma grande
história que tinha pra narrar. Não se satisfazia em apenas contar que tirou uma foto, seu prazer
era descrever os fatos ocorridos, como chegou até aquele sujeito, em que local ela teve que
adentrar, as conversas e os silêncios. Tampouco almejava despertar piedade ou pesar por
aqueles seres grotescos escolhidos um a um. A intimidade alcançada se resumia ao
fotografado e à fotógrafa, nas imagens registradas permanecia um ar frio e distante em relação
ao público, que apesar de pensarmos que o normal seria expressarem repúdio, se veem presos
às imagens.
O início da carreira de Diane Arbus como fotógrafa autônoma tem relação direta ao
repúdio pela vida perfeita fabricada nas revistas de moda para qual trabalhava anteriormente.
O desprezo pelo convencional, pelo comum e pelo considerado normal imposto por uma
sociedade que ela julgava hipócrita e que não permitia a integração daqueles seres
imperfeitos, defeituosos, anômalos e grotescos. Foi em consequência a este fator que Arbus
resolveu fotografar os não fotografados, os esquecidos, os rejeitados pela sociedade. Ela dizia:
“Existem coisas que ninguém veria se eu não as fotografasse” (PIRES apud CARVALHO,
2013, p. 5)
No meio da rua, Diane Arbus normalmente nunca optava pelo coletivo. Se algum
evento estivesse acontecendo, ela iria fotografar de maneira isolada, selecionando seu modelo
e separando-o da multidão. De acordo com Kuramoto ela dispensaria o teor jornalístico do
evento, “elegia seu modelo, isolava-o contra uma parede e operava sua típica composição
centrada. Não se envolvia pelo acontecimento histórico que desenrolava a sua frente.”
(KURAMOTO, 2006, p. 14). Entretanto estes registros não deixam de ser documentos de um
evento, retratos da sociedade daquela época.
De um lado, seus retratos são vistos como transparentes, veículos metonímicos para a verdade social ou psicológica de seus assuntos. Arbus extrai significado de seus
modelos.No outro extremo, encontra-se uma projeção metafórica. A obra
expressaria sua visão trágica (uma visão confirmada por seu suicídio); cada imagem
é nada mais que uma contribuição para seu auto-retrato. (SEKULA apud
KURAMOTO, 2006, p.14)
20
Embora tudo que Arbus almejasse com sua coleção de imagens fosse compilar para si
a mais completa seleção de personagens bizarros, por mais grotesca ou anômala que ela se
qualificasse, e não realizar retratos de cunho jornalístico ou com forte apelo social, o que
vemos é uma composição de fotografias que resgatam parte da história norte-americana. É
por este fator sua obra é relevante objeto de teor documental e a trazemos como referência
para a fotografia de registro atual, de forma a realizar um ensaio com base em seus métodos.
21
4 ETAPAS DE EXECUÇÃO
4.1 Pré-produção
O encanto pelo trabalho fotográfico de Diane Arbus surgiu logo que fui apresentada à
sua obra dentro de uma das disciplinas do curso. Isto aconteceu ainda no terceiro período da
universidade e por sempre haver me fascinado o universo retratado pela fotógrafa, mantive
desde então o desejo de apresentar meu trabalho de conclusão de curso relacionado ao seu
legado.
Dentre as figuras que Arbus eternizou a que tinha maior relação comigo eram
exatamente os doentes mentais, personagens que foram especialmente retratados em seu
último trabalho: Untittled. Escolher este tema era essencial para mim e, ao mesmo tempo
difícil, do ponto de vista de produção. Por se tratar de pessoas que na maioria dos casos não
respondem por si, a primeira barreira já estava imposta e este foi o ponto de partida para a
execução deste projeto: a escolha do local onde fotografar.
Desde sempre, a minha primeira opção foi o Complexo Psiquiátrico Juliano Moreira,
em João Pessoa, que em conversas informais, enquanto o ensaio ainda era um esboço, havia
concordado com a realização das fotografias. Entretanto, quando decidi iniciar de fato os
registros, a autorização foi negada. Foi quando se iniciou uma nova série de ideias para este
trabalho, cogitando inclusive mudar o tema. Ainda dentro dele as opções eram as unidades do
CAPS – Centro de Atenção Psicossocial e a Residência Terapêutica, por sorte o CAPS do
município de Caaporã abraçou a ideia do trabalho e logo foi possível iniciar os retratos.
Resolvido o primeiro desafio, pude me concentrar na escolha do equipamento e nas
ideias de como transmitir a intenção deste ensaio, como conseguir alcançar sua proposta.
Sabia que poderia realizar estes retratos sem que fosse necessário uma grande variedade de
equipamentos, como tripé, rebatedores e até mesmo objetos de direção de arte. Minha própria
câmera, uma Canon Rebel T31 com lente 18-55mm seria suficiente, providenciei apenas uma
lente que julguei importante para este trabalho: uma 50mm ef 1.8. Articulei-me ainda com
amigos para poder aumentar a variedade de lentes, mas sabia que este empréstimo seria algo
que aconteceria sempre às vésperas dos dias de trabalho, uma vez que dependeria de sua
disponibilidade.
Ainda dentro da etapa de pré-produção, é claro que não deixei de estudar a variedade
de fotografias tomadas por Diane Arbus, que seriam fonte de inspiração não só pelo seu modo
de trabalho, quanto pela estética que deu origem a imagens únicas. Como tive uma grande
22
dificuldade para adquirir seus livros, a maior parte desta pesquisa aconteceu através da
internet.
4.2 Produção
Inicialmente, a proposta que tinha em mente era que o processo de imersão dentro do
CAPS acontecesse durante todo o semestre disponibilizado para a realização do trabalho de
conclusão, mas, logo foi decidido que o trabalho fotográfico seria realizado nos dois primeiros
meses. Este tempo seria o suficiente para mergulhar dentro deste novo universo e me deixaria
disponível para desenvolver o relatório do ensaio.
Assim, em 28 de agosto de 2014 dei início a este projeto fazendo minha primeira visita
ao local, algo que aconteceria semanalmente durante dois meses e se estenderia, mais
esporadicamente, até janeiro. Neste contato inicial sabia que não me sentiria confortável
suficiente para apontar minha câmera, entretanto a levei para qualquer eventualidade.
Aproveitei para conversar com todos nas reuniões que as psicólogas fazem tanto no turno da
manhã quanto da tarde, os chamados “grupos”, expliquei a proposta do projeto e adiantei a
importância da autorização por parte de seus responsáveis. Tentei me integrar ao local, me
familiarizar com a rotina e me mostrei aberta aos seus possíveis questionamentos. Alguns de
imediato se propuseram a colaborar com meu trabalho, a maioria parecia simpática, entretanto
nenhum deles parecia encarar de maneira natural a ideia de posar para estas fotos.
Ao contrário do esperado, realizei sim, em minha visita inicial, os primeiros registros
deste processo, algo que considerei de extrema importância para o seu andamento. Apesar de
apenas duas pessoas terem se disponibilizado para as imagens neste dia isto significava que
eles estavam dispostos a se abrir antes do que eu imaginara.
Na semana seguinte, ao chegar para a segunda visita notei que uma paciente em
particular estava bem mais arrumada do que sete dias atrás, ela viera preparada para os
retratos. O fato foi confirmado por uma das psicólogas. Haviam novas pessoas naquele dia e
novamente me apresentei, desta vez os que já me conheciam explicavam para os outros
minhas pretensões. Neste dia, eu fui convidada a fotografar, alguns me puxavam pela mão, foi
um dia bastante produtivo, apesar de sentir que aquelas imagens não integrariam o ensaio,
elas já faziam parte do processo, eles estavam se entregando.
Conforme as semanas passaram, fui percebendo que me tornava parte daquele lugar.
Alguns dos pacientes ainda se mostravam receosos, mas outros eram tão desinibidos que
convidavam os mais tímidos a fotografar. Cada vez mais eu era questionada sobre o trabalho e
23
até mesmo sobre minha vida, queriam mexer na câmera ou entender um pouco da maneira
que eu trabalhava.
O processo foi sendo conduzido de maneira natural, a princípio eu orientava que eles
posassem do modo que desejassem. Minha intenção era ver como eles se portavam frente às
câmeras independente de mim, via isto também como uma maneira de conhecê-los e ver
como eles gostariam de ser vistos. Com o tempo consegui captar o que buscava, retratos que
se assemelhavam à sua essência. Tudo era mais ágil, mas ainda dentro da proposta, conseguia
aproveitar algo que eles já estavam fazendo, mas de forma posada e não de relance.
Iniciei este trabalho no final de agosto e continuei semanalmente até novembro, pouco
mais de dois meses, e apesar de sentir que o objetivo do ensaio foi cumprido, até mesmo antes
do que eu previa, eu não queria parar ali. Gostaria de continuar me aprofundando na
convivência com eles, e acabei estendendo as visitas até janeiro, entretanto a frequência foi
diminuindo. Quando a experiência começou, eu procurava ser mais observadora e sempre
media as palavras com os pacientes por achar que as psicólogas poderiam não gostar, achar
que eu pudesse influenciá-los de alguma forma. Mas ao final, eu era quem encerrava os
grupos iniciados pelas psicólogas, conversava com eles sobre política, fazia "brainstorm"
sobre o título do meu livro, e etc. Com certeza o processo de familiarização foi cumprido,
minhas últimas visitas inclusive aconteceram na casa de alguns deles.
Para produzir as imagens procurei sempre alterar a lente que usava de uma semana
para a outra, e isto não tinha relação com algum planejamento prévio, era apenas uma forma
de me obrigar a tentar fazer algo diferente e forçar o olhar em busca de novos ângulos. Todas
as fotografias foram feitas no modo manual da câmera, captando na maior qualidade
disponibilizada e salvando o arquivo no formato RAW. Sempre busquei registrar a imagem o
mais nítida possível, entretanto eu tinha tempo para realizar brincadeiras ou testes, e vez ou
outra tentava realizar alguma imagem diferente colocando a velocidade bem abaixo do
necessário, por exemplo. O foco é que me dividia, utilizando algumas vezes no modo manual,
e outras no automático, uma vez que foi algo que tive dificuldade. E como era de se esperar,
tive alguns problemas técnicos durante o processo, que atrasou meu trabalho, mas que hoje
vejo como aprendizado. Em um dos dias que tive um pequeno problema com a câmera, dia
optei por fotografar sem compromisso com o celular, e a foto acabou sendo uma das imagens
selecionadas para o livro.
Ainda dentro do tempo de execução do ensaio, tentei fazer uma pré-seleção de
fotografias para tentar ver qual forma o meu trabalho estava tomando e com quais
personagens eu não estava totalmente satisfeita com os registros, isto me fazia retornar mais
24
focada. Um dos livros da bibliografia, Contexto e Narrativa em fotografia, de Maria Short,
também me ajudou neste momento final dos registros, a obra é simples, mas levanta
questionamentos no fotógrafo sobre sua real intenção em cada foto, e na coleção como um
todo. Preparar-me antes de cada dia dedicado a estas imagens, também fazia parte da
produção e ajudava também a me inspirar.
Reparar mais atentamente nas fotografias também me fez despertar para o quanto eu já
me sentia sufocada naquele espaço, fazendo uso apenas daquele cenário para os registros.
Algumas imagens soavam um tanto repetitivas e por este motivo fiz questão de realizar
passeios com eles e até mesmo a questionar que casas eu poderia visitar para fazer os retratos.
Sempre pensei que fotografá-los em casa seria conseguir me aprofundar ainda mais em suas
vidas e ao final consegui fazê-lo com duas pacientes.
Algo que me deixou extremamente realizada com a execução deste trabalho foi poder
sentir o retorno dos meus personagens. Revelei as fotografias para dar a eles, algo que acabou
sendo uma forma de contrapartida social. A entrega aconteceu durante a confraternização
natalina e foi incrível poder ver suas reações, inclusive daqueles que não receberam por não
ter participado.
4.3 Pós-produção
A seleção das imagens já vinha acontecendo de maneira natural, a cada visita ao
CAPS eu realizava uma "pré-seleção", então já tinha consciência do que o material estava se
transformando. As ideias para a diagramação e estética do livro digital foram também
surgindo de forma espontânea ao longo do processo, entretanto pesquisei livros impressos de
fotografias, assim como livros digitais, para sentir as diferentes formas com que as fotos
poderiam ser apresentadas.
Ainda assim, a escolha das fotografias foi bastante difícil e demorada, o material
contemplava em torno de 2000 imagens das 16 visitas que realizei dentro e fora do CAPS. O
livro acabou se tornando resultado da relação com as pessoas com as quais aprofundei
contato, as que tive maior empatia e afinidade, e também as mais dispostas em me ajudar.
Antes da seleção, eu pensava em escolher apenas uma imagem, a melhor, de cada um dos
usuários do serviço, mas ao final, acabei optando por imagens que mostrassem a relação que
eu consegui estabelecer e escolher mais de uma imagem de alguns deles foi a minha maneira
de tentar trazer o trabalho que desenvolvi ali. Quando iniciei o processo de diagramação do
livro, novas dúvidas pairaram sobre a escolha das imagens, pois eu precisava adaptá-las bem
25
ao formato que escolhi publicar, então uma nova seleção foi realizada, desta vez pensada na
ordem e no tamanho com que seriam apresentadas.
Após compilação das imagens, realizei um tratamento básico nas imagens em um
software da Adobe, o Lightroom, que edita os arquivos em formato RAW, sem que haja perda
da qualidade do arquivo. Nele alterei pontos como exposição, contraste, sombras, realces,
brancos e pretos. Em algumas imagens realizei cortes para reenquadramento, inclusive devido
ao formato escolhido no livro, para que preenchesse as páginas maiores. No Photoshop, outro
software da Adobe, colori levemente em tons de magenta as imagens que seriam usadas na
abertura e no encerramento do livro, e coloquei todas as fotografias selecionadas dentro da
dimensão do livro.
Quando cheguei na fase da diagramação, tentei ser o mais simples possível devido à
pouquíssima experiência com design gráfico e os programas para a execução. Neste momento
fiz diversos testes, de cores, de tamanhos, capas diferentes, experimentei fontes, compartilhei
com pessoas próximas o que estava sendo produzido para ter noção por onde seguir. Tentei
executar minhas ideias, tidas anteriormente, de forma acessível, algo não muito complexo,
mas que funcionasse, optando assim por uma estética mais minimalista. Apesar de levar em
consideração a opinião de outras pessoas, todas as concepções para o livro digital foram
minhas, apenas fiz inúmeras opções para tentar descobrir o que se encaixava melhor e
adaptando a forma ideal. Depois de todos estes testes, enfim o meu dispositivo midiático
estava finalizado.
26
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acredito que a realização do ensaio fotográfico "Pacientes" foi essencial para a
compreensão prática de todo este processo de imersão realizado por Diane Arbus e tantos
outros fotógrafos, além de ter aberto ainda mais a minha mente para a necessidade de veicular
fotografias de teor documental nos meios de comunicação, ou encontrar uma forma de
divulgação que seja funcional para este gênero. A elaboração do trabalho também me fez
entrar em contato com uma realidade que eu poderia nunca ter vivenciado, assim como me
deu a oportunidade de expor estes personagens tão característicos e que foram extremamente
compreensíveis e solícitos com a proposta do ensaio. Espero ter sido capaz de transmitir
através das imagens a relação mais íntima que estabeleci com os usuários do CAPS, e que os
espectadores consigam captar o impacto que eu causei neles e eles em mim.
É válido ainda relembrar que todos os registros foram realizados com a autorização
dos personagens e dos familiares ou responsáveis, assim como pela diretoria e equipe do
CAPS de Caaporã, que foram primordiais para viabilização do ensaio fotográfico.
27
6 REFERÊNCIAS
BARTHES, Roland. A câmara clara. 3.ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1984.
BAZIN, André. O que é cinema? São Paulo, SP: Cosac Naify, 2014.
BUITONI, Dulcilia Schroeder. Fotografia e jornalismo: a informação pela imagem. São
Paulo: Saraiva, 2011.
CARVALHO, Carlos André Rodrigues de. Freaks: O Teatro do Absurdo nas fotografias de
Diane Arbus. Recife, 2013.
DUBOIS, Philippe. O ato fotográfico e outros ensaios. 9. ed. Campinas: Papirus Editora,
2006.
FABRIS, Annateresa. Identidades virtuais - Uma leitura do retrato fotográfico. Belo
Horizonte, MG. Editora UFMG, 2004.
KURAMOTO, Emy. A representação diruptiva de Diane Arbus: do documental ao
alegórico. Dissertação de Mestrado. Campinas, [s:n], 2006.
LIRA, Bertrand. Sem título: a propósito da pose na fotografia de Diane Arbus. João Pessoa,
PB. 1996.
Saúde mental no SUS: os centros de atenção psicossocial / Ministério da Saúde, Secretaria
de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. - Brasília:
Ministério da Saúde, 2004.
SHORT, Maria. Contexto e Narrativa em fotografia. São Paulo: Gustavo Gili, 2013.
SONTAG, Susan. Sobre fotografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
SZWERTSZAF, Daniela. Anormais na obra fotográfica de Diane Arbus. Rio de Janeiro,
2012.
29
APÊNDICE A - Informações técnicas das fotografias
Foto 1 - Sorriso e Receptividade
Tamanho do Arquivo: 4.65 MB
Tamanho da Imagem: 5184 x 3456
Data: 28/08/2014
Lente: 50mm f/1.8
Distância Focal: 50mm
Abertura: f 1.8
Velocidade do Obturador: 1/125s
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-400
Balanço de Branco: Automático
Foto 2 - Contraste
Tamanho do Arquivo: 4.22 MB
Tamanho da Imagem: 5184 x 3456
Data: 12/09/2014
Lente: 50mm f/1.8
Distância Focal: 50mm
Abertura: f/5.6
Velocidade do Obturador: 1/650s
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-400
Balanço de Branco: Automático
Foto 3 - Orfã
Tamanho do Arquivo: 4.54 MB
Tamanho da Imagem: 5184 x 3456
Data: 18/09/2014
Lente: 18-55mm f/3.5-5.6
Distância Focal: 55mm
Abertura: f/5.6
Velocidade do Obturador: 1/60s
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-200
Balanço de Branco: Automático
Foto 4 - Encerrada
Tamanho do Arquivo: 4.89 MB
Tamanho da Imagem: 3456x5184
Data: 09/09/2014
Lente: 18-55mm f/3.5-5.6
Distância Focal: 42mm
Abertura: f/5
Velocidade do Obturador: 1/80
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-400
Balanço de Branco: Automático
Foto 5 -Da moda
Tamanho do Arquivo: 4.72 MB
Tamanho da Imagem: 3456 x 5184
Data: 09/09/2014
Lente: 50mm f/1.8
Distância Focal: 50mm
Abertura: f/6.3
Velocidade do Obturador: 1/50s
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-800
Balanço de Branco: Automático
Foto 6 - Pose na árvore
Tamanho do Arquivo: 6.70 MB
Tamanho da Imagem: 5184 x 3456
Data: 09/09/2014
Lente: 18-55mm f/3.5-5.6
Distância Focal: 20mm
Abertura: f/3.5
Velocidade do Obturador: 1/320 s
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-400
Balanço de Branco: Automático
Foto 7 - Antítese
Tamanho do Arquivo: 5.13 MB
Tamanho da Imagem: 5184 x 3456
Data: 09/09/2014
Lente: 18-55mm f/3.5-5.6
Distância Focal: 47mm
Abertura: f/5.6
Velocidade do Obturador: 1/200s
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-400
Balanço de Branco: Automático
Foto 8 - Chão, luz e reflexo
Tamanho do Arquivo: 4.48 MB
Tamanho da Imagem: 5184 x 3456
Data: 12/09/2014
Lente: 50mm f/1.8
Distância Focal: 50mm
Abertura: f/3.5
Velocidade do Obturador: 1/40s
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-200
Balanço de Branco: Automático
32
Foto 9 - A negação
Tamanho do Arquivo: 1.52 MB
Tamanho da Imagem: 1920 x 2560
Data: 09/10/2014
Lente: -
Distância Focal: 3mm
Abertura: f/2.7
Velocidade do Obturador: 1/33s
Modo de Exposição: Prioridade de abertura
Sensibilidade ISO: ISO-50
Balanço de Branco: Automático
Foto 10 - Da moda 2
Tamanho do Arquivo: 5.25 MB
Tamanho da Imagem: 3456 x 5184
Data: 30/10/2014
Lente: 50mm f/1.8
Distância Focal: 50mm
Abertura: f/5.6
Velocidade do Obturador: 1/80s
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-200
Balanço de Branco: Manual
Foto 11 - Unhas e fumaça
Tamanho do Arquivo: 3.9 MB
Tamanho da Imagem: 5184 x 3456
Data: 12/09/2014
Lente: 50mm f/1.8
Distância Focal: 50mm
Abertura: f/3.2
Velocidade do Obturador: 1/160s
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-100
Balanço de Branco: Automático
Foto 12 - Gargalhada da insistência
Tamanho do Arquivo: 4.98 MB
Tamanho da Imagem: 3456 x 5184
Data: 02/10/2014
Lente: 18-55mm f/3.5-5.6
Distância Focal: 30mm
Abertura: f/5
Velocidade do Obturador: 1/800s
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-400
Balanço de Branco: Automático
Foto 13 - Riso fácil
Tamanho do Arquivo: 4.49 MB
Tamanho da Imagem: 3456 x 5184
Data: 27/11/2014
Lente: 50mm f/1.8
Distância Focal: 50mm
Abertura: f/4
Velocidade do Obturador: 1/100s
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-100
Balanço de Branco: Automático
Foto 14 - Ausência
Tamanho do Arquivo: 5.09 MB
Tamanho da Imagem: 3456 x 5184
Data: 02/10/2014
Lente: 18-55mm f/3.5-5.6
Distância Focal: 29mm
Abertura: f/6.3
Velocidade do Obturador: 1/250s
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-200
Balanço de Branco: Automático
Foto 15 - Fraternos
Tamanho do Arquivo: 4.97 MB
Tamanho da Imagem: 5184 x 3456
Data: 09/09/2014
Lente: 18-55mm f/3.5-5.6
Distância Focal: 23mm
Abertura: f/3.5
Velocidade do Obturador: 1/80s
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-400
Balanço de Branco: Automático
Foto 16 - Trio
Tamanho do Arquivo: 4.92 MB
Tamanho da Imagem: 5184 x 3456
Data: 27/11/2014
Lente: 50mm f/1.8
Distância Focal: 50mm
Abertura: f/5.6
Velocidade do Obturador: 1/400s
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-200
Balanço de Branco: Automático
33
Foto 17 - Banco
Tamanho do Arquivo: 4.79 MB
Tamanho da Imagem: 5184 x 3456
Data: 25/09/2014
Lente: 18-55mm f/3.5-5.6
Distância Focal: 18mm
Abertura: f/3.5
Velocidade do Obturador: 1/40s
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-200
Balanço de Branco: Automático
Foto 18 - Fachada viva
Tamanho do Arquivo: 5.22MB
Tamanho da Imagem: 5184 x 3456
Data: 10/01/2015
Lente: 18-55mm f/3.5-5.6
Distância Focal: 23mm
Abertura: f/14
Velocidade do Obturador: 1/200s
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-400
Balanço de Branco: Manual
Foto 19 - Disforme
Tamanho do Arquivo: 3.16 MB
Tamanho da Imagem: 5184 x 3456
Data: 23/10/2014
Lente: 50mm f/1.8
Distância Focal: 50mm
Abertura: f/9
Velocidade do Obturador: 1/13s
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-100
Balanço de Branco: Manual
Foto 20 - Irmãos e sombras
Tamanho do Arquivo: 3.39 MB
Tamanho da Imagem: 5184 x 3456
Data: 12/09/2014
Lente: 50mm f/1.8
Distância Focal: 50mm
Abertura: f/6.3
Velocidade do Obturador: 1/800s
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-100
Balanço de Branco: Automático
Foto 21 - Mudez e Inquietude (Irmãos)
Tamanho do Arquivo: 4.81 MB
Tamanho da Imagem: 5184 x 3456
Data: 12/09/2014
Lente: 50mm f/1.8
Distância Focal: 50mm
Abertura: f/3.2
Velocidade do Obturador: 1/160s
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-400
Balanço de Branco: Automático
Foto 22 - Pose
Tamanho do Arquivo: 5.22 MB
Tamanho da Imagem: 3456 x 5184
Data: 09/09/2014
Lente: 50mm f/1.8
Distância Focal: 50mm
Abertura: f/5.6
Velocidade do Obturador: 1/50s
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-400
Balanço de Branco: Automático
Foto 23 - Maria em crise
Tamanho do Arquivo: 4.14 MB
Tamanho da Imagem: 3456 x 5184
Data: 27/11/2014
Lente: 50mm f/1.8
Distância Focal: 50mm
Abertura: f/2.5
Velocidade do Obturador: 1/2000s
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-200
Balanço de Branco: Automático
Foto 24 - A Pomba Gira
Tamanho do Arquivo: 4.04 MB
Tamanho da Imagem: 5184 x 3456
Data: 27/11/2014
Lente: 50mm f/1.8
Distância Focal: 50mm
Abertura: f/2.5
Velocidade do Obturador: 1/2000s
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-200
Balanço de Branco: Automático
34
Foto 25 - A luz do quarto
Tamanho do Arquivo: 4.36 MB
Tamanho da Imagem: 5184 x 3456
Data: 10/01/2014
Lente: 18-55mm f/3.5-5.6
Distância Focal: 18mm
Abertura: f/7.1
Velocidade do Obturador: 1/50s
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-800
Balanço de Branco: Manual
Foto 26 - A recepcionista
Tamanho do Arquivo: 5.56 MB
Tamanho da Imagem: 5184 x 3456
Data: 09/09/2014
Lente: Canon 18-55mm f/3.5-5.6
Distância Focal: 20mm
Abertura: f/6.3
Velocidade do Obturador: 1/200s
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-400
Balanço de Branco: Automático
Foto 27 - Contido
Tamanho do Arquivo: 5.05 MB
Tamanho da Imagem: 5184 x 3456
Data: 25/09/2014
Lente: Canon 18-55mm f/3.5-5.6
Distância Focal: 18mm
Abertura: f/3.5
Velocidade do Obturador: 1/40s
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-200
Balanço de Branco: Automático
Foto 28 - Em casa
Tamanho do Arquivo: 4.77 MB
Tamanho da Imagem: 5184 x 3456
Data: 10/01/2015
Lente: Canon 18-55mm f/3.5-5.6
Distância Focal: 28mm
Abertura: f/4.5
Velocidade do Obturador: 1/40s
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-400
Balanço de Branco: Manual
Foto 29 - Ocupação
Tamanho do Arquivo: 6.06 MB
Tamanho da Imagem: 5184 x 3456
Data: 09/09/2014
Lente: Canon 18-55mm f/3.5-5.6
Distância Focal: 25mm
Abertura: f/4
Velocidade do Obturador: 1/1000
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-400
Balanço de Branco: Automático
Foto 30 - Em casa 2
Tamanho do Arquivo: 4.81 MB
Tamanho da Imagem: 5184 x 3456
Data: 10/01/2015
Lente: Canon 18-55mm f/3.5-5.6
Distância Focal: 18mm
Abertura: f/3.5
Velocidade do Obturador: 1/15s
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-800
Balanço de Branco: Manual
Foto 31 - Fortaleza
Tamanho do Arquivo: 7.27 MB
Tamanho da Imagem: 5184 x 3456
Data: 10/01/2015
Lente: Canon 18-55mm f/3.5-5.6
Distância Focal: 18mm
Abertura: f/9
Velocidade do Obturador: 1/200s
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-200
Balanço de Branco: Manual
Foto 32 - À sombra
Tamanho do Arquivo: 5.46 MB
Tamanho da Imagem: 5184 x 3456
Data: 02/10/2014
Lente: Canon 18-55mm f/3.5-5.6
Distância Focal: 18mm
Abertura: f/6.3
Velocidade do Obturador: 1/100s
Modo de Exposição: Manual
Sensibilidade ISO: ISO-200
Balanço de Branco: Automático