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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS - CCT
ENGENHARIA CIVIL
CARLOS MANUEL CARVALHO LOPES
A FORMAÇÃO, O RECRUTAMENTO, A SELEÇÃO E O ACOMPANHAMENTO DA
MÃO - DE - OBRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL
JOINVILLE, SC
2012
CARLOS MANUEL CARVALHO LOPES
A FORMAÇÃO, O RECRUTAMENTO, A SELEÇÃO E O ACOMPANHAMENTO DA
MÃO - DE - OBRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Trabalho de Graduação apresentado á
Universidade do Estado de Santa Catarina,
como requisito parcial para obtenção do título
de Engenheiro Civil.
Orientador (a): José Carlos Vieria
JOINVILLE, SC
2012
CARLOS MANUEL CARVALHO LOPES
A FORMAÇÃO, O RECRUTAMENTO, A SELEÇÃO E O ACOMPANHAMENTO DA
MÃO - DE - OBRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Trabalho de graduação aprovado como requisito parcial para a obtenção do título de
Engenheiro do curso de Engenharia Civil da Universidade do Estado de Santa Catarina.
Banca Examinadora Orientador (a): ___________________________________________________
Prof. José Carlos Vieria - Especialista UDESC - CCT
Membro: ____________________________________________________
Prof. Marco Otávio Bley do Nascimento - Especialista UDESC - CCT
Membro: ____________________________________________________
Prof. Ivo Hamilton Persike - Mestre UDESC - CCT
Joinville, 05/06/2012
Aos meus pais, pela oportunidade que me
deram de seguir sempre os meus sonhos
e contrariando todas as dificuldades
tornaram tudo isto possível.
Á minha Irmã, que simplesmente me
acompanhou em toda a minha vida, sendo
um exemplo presente em todas as horas.
Um apoio único e indispensável.
Aos familiares que de forma presente
contribuíram na minha educação humilde,
destacando-se os meus avós.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que contribuíram para a realização deste trabalho.
Obrigado familia, obrigado pai Jaime Lopes, obrigado mãe Maria Fernanda, obrigado
irmã Lucia Lopes e obrigado cunhado Bruno Assunção, vocês tornaram tudo isto
possível. Com o meu esforço, junto com o de vocês, tornamos possível esta viagem ao
Brasil e com ela, proporcionaram mudanças na minha vida, que nunca esquecerei.
Obrigado irmã Lucia Lopes, pelo acompanhamento constante em todos os
momentos da minha vida incluindo este, obrigado por me ouvires, por me corrigires, por
me ajudares, me criticares e elogiares sempre de forma construtiva.
Obrigado Gabriel Melo, obrigado por fazeres parte da minha vida, obrigado por
conseguires vencer a distância e ser sempre como um irmão para mim.
Obrigado Veronica Quiceno, obrigado por estares ao meu lado nesta fase da minha
vida e me ajudares a vencer cada obstáculo.
Obrigado Vasco Soares, obrigado porque sem ti, esta passagem pelo brasil não seria
a mesma coisa, sem ti seria mais dificil passar os momentos maus e não seria a mesma
coisa festejar os momentos bons.
Obrigado aos meus amigos, obrigado aqueles que sabem que mesmo estando longe
os trago junto a mim.
Obrigado professor José Carlos Vieira, por me orientar. Pelas conversas que além de
me ajudarem no trabalho, guardarei para a minha vida.
Obrigado professor Marco Otávio Bley do Nascimento, que numa simples conversa,
conceguiu posicionar-me no caminho certo, e ajudar-me a definir uma prespetiva para o
trabalho.
“Quantas vezes, segurei a colher de
pedreiro e com o pulso firme, levantei uma
parede junto com o meu funcionário.
Numa conversa longa, construindo laços
que nos tornavam uma equipa, expliquei,
entre o início e o final da parede, que o
prumo, nível e alinhamento, são o segredo
de qualidade e lucro. Quantas vezes, perdi
a oportunidade de segurar a colher de
pedreiro e exigí que me ouvisse, quando
simplesmente poderia ter o prazer de me
ouvir.” (Carlos Lopes)
CARLOS MANUEL CARVALHO LOPES
A FORMAÇÃO, O RECRUTAMENTO, A SELEÇÃO E O ACOMPANHAMENTO DA
MÃO - DE - OBRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL
RESUMO
Este trabalho tem como foco orientar as entidades de comando da construção civil
sobre: recrutamento, seleção, formação e acompanhamento da mão-de-obra.
Limitando-se o estudo a três profissões da construção civil (servente, pedreiro e
carpinteiro), o trabalho inicia com exemplos de formação para cada uma das profissões,
agrupando assim conhecimentos indispensáveis para os dois itens seguintes. A lacuna
no processo de recrutamento e seleção da mão-de-obra na construção civil é um
desses itens e enumeram-se neste trabalho possíveis seguimentos a adotar pelas
empresas de construção. O outro item, que remete para o acompanhamento de mão de
obra, lembra a importância da motivação e liderança dentro de uma equipa de
construção. Em suma, o trabalho inicia por uma coleta de informação sobre cada uma
das profissões, sendo que a principal entidade de pesquisa foi o SENAI. Seguindo-se
para uma explicação de práticas de seleção e recrutamento. Lembrando a importância
da motivação e da liderança. Finalizando o trabalho apresenta-se a análise de uma
amostra de funcionários e também uma comparação entre duas empresas de
construção.
Palavras-chave: Recrutamento, Seleção, Formação, Motivação, Liderança,
Acompanhamento, Construção Civil, Mão-de-obra
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Traços de argamassa……………………………………………………... 27
Tabela 2 – Traços de concreto para uso em obras…………………………………. 28
Tabela 3 – Dimensionamento de Vergas……………………………………….……. 48
Tabela 4 – Dimensionamento de Contra – Verga…………………………….…...... 48
Tabela 5 – Designação dos Pregos…………………………………..………………. 64
Tabela 6 – Aplicações e caraterísticas dos pregos………………………..……...... 65
Tabela 7 – Matriz de treinamento em segurança……………………..…………...... 94
Tabela 8 – Linhas convencionais…………………………………………………....... 111
Tabela 9 – Cálculo de áreas………………………………………………………....... 126
Tabela 10 – Cálculo de volumes…………………………………………………........ 127
Tabela 11 – Perfil Funcional do Servente……………………………………………. 140
Tabela 12 – Amor e liderança…………………………………………………………. 155
LISTA DE ABREVIATURAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas DDS Diálogo Diário de Segurança EPS Poliestireno Expandido NR 18 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção SENA Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SIADAP Sistema Integrado de Avaliação do Desempenho da Administração
Pública
SINDUSCON Sindicato da Indústria da Construção Civil
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 13 1.1 PROBLEMA…………………………………………………………………….. 13 1.2 JUSTIFICATIVA………………………………………………………………... 14 1.3 OBJETIVOS…………………………………………………………………….. 14 2 A FORMAÇÃO PROFISSIONAL NA CONSTRUÇÃO……………………. 15 2.1 A FORMAÇÃO DO SERVENTE……………………………………………… 15 2.1.1 Limpeza e organização……………………………………………………… 16 2.1.2 Compactação e aterro……………………………………………………….. 21 2.1.3 Abertura de valas e poços………………………………………………….. 22 2.1.4 Fazer argamassa e concreto……………………………………………….. 23 2.1.5 Separação e corte de madeira……………………………………………… 29 2.1.6 Acompanhar um profissional………………………………………………. 31 2.2 A FORMAÇÃO DO PEDREIRO……………………………………………… 32 2.2.1 Conhecimentos/conceitos……………………………………………….…. 32 2.2.1.1 Prumo…………………………………………………………………………… 32 2.2.1.2 Nivelamento…………………………………………………………………….. 34 2.2.1.3 Esquadrejamento………………………………………………………………. 36 2.2.1.4 Alinhamento…………………………………………………………………….. 36 2.2.1.5 Planicidade……………………………………………………………………… 37 2.2.2 Locação da obra……………………………………………………………… 38 2.2.3 Escavação e fundação………………………………………………………. 39 2.2.4 Alvenaria……………………………………………………………………….. 41 2.2.5 Colocação de vergas e contra vergas 46 2.2.5.1 Verga……………………………………………………………………………. 48 2.2.5.2 Contra – verga………………………………………………………………….. 48 2.2.6 Revestimento de paredes…………………………………………………… 49 2.2.6.1 Chapisco………………………………………………………………………… 49 2.2.6.2 Taliscamento…………………………………………………………………… 52 2.2.6.3 Mestras………………………………………………………………………….. 54 2.2.6.4 Reboco………………………………………………………………………….. 55 2.2.7 Revestimento de teto………………………………………………………… 57 2.2.8 Contrapiso……………………………………………………………………... 58 2.3 A FORMAÇÃO DO CARPINTEIRO………………………………………….. 60 2.3.1 Conhecimentos/conceitos………………………………………………….. 61 2.3.1.1 Marcações e riscos…………………………………………………………….. 61 2.3.1.2 Pregar…………………………………………………………………………… 62 2.3.1.3 Nivelamento…………………………………………………………………….. 68 2.3.1.4 Prumo…………………………………………………………………………… 68 2.3.1.5 Esquadrejar…………………………………………………………………….. 69 2.3.1.6 Peças utilizadas na execução de fôrmas……………………………………. 70 2.3.2 Formas de pilares…………………………………………………………….. 72 2.3.3 Formas de vigas………………………………………………………………. 76
2.3.4 Formas de laje………………………………………………………………… 79 2.3.5 Procedimento para desforma………………………………………………. 81 2.4 A FORMAÇÃO COMUM………………………………………………………. 82 2.4.1 Lixo e reciclagem, separação e reaproveitamento…………………….. 82 2.4.2 Segurança, saúde e higiene no trabalho…………………………………. 87 2.4.2.1 Proposta de formação de segurança, saúde e higiene no trabalho……… 91 2.4.3 Leitura de desenhos e projetos……………………………………………. 101 2.4.3.1 Projeto Arquitetónico…………………………………………………………... 114 2.4.3.2 Projeto estrutural de formas…………………………………………………... 117 2.4.4 Matemática e física utilizada na construção…………………………….. 120 2.4.4.1 Conhecimentos de física……………………………………………………… 120 2.4.4.2 Conhecimentos matemáticos………………………………………………… 124 3 O PROCESSO DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DOS
PROFISSIONAIS DA CONSTRUÇÃO………………………………………
127 3.1 LISTA DE COMPETENCIAS DE UM ASSISTENTE OPERACIONAL…... 128 3.1.1 Realização e orientação para os resultados…………………………….. 128 3.1.2 Orientação para o serviço público………………………………………… 129 3.1.3 Orientação para segurança…………………………………………………. 129 3.1.4 Adaptação e melhoria contínua……………………………………………. 129 3.1.5 Iniciativa e autonomia……………………………………………………….. 130 3.1.6 Inovação e qualidade………………………………………………………… 130 3.1.7 Otimização de recursos……………………………………………………... 130 3.1.8 Organização e método de trabalho……………………………………….. 131 3.1.9 Responsabilidade e compromisso com o serviço……………………... 131 3.1.10 Relacionamento interpessoal………………………………………………. 132 3.1.11 Tolerância à pressão e contrariedades…………………………………... 132 3.1.12 Trabalho de equipa e cooperação…………………………………………. 132 3.1.13 Coordenação………………………………………………………………….. 133 3.1.14 Conhecimentos e experiencias……………………………………………. 133 3.2 METODOLOGIA INERENTE AO PROCESSO DE SELEÇÃO E
RECRUTAMENTO……………………………………………………………..
134 3.2.1 Análise de funções…………………………………………………………… 135 3.2.1.1 Plano de implantação…………………………………………………………. 136 3.2.1.2 Relatório de análise de funções……………………………………………… 138 3.2.2 Perfil Funcional / Competências…………………………………………… 139 3.2.3 Fontes de recrutamento…………………………………………………….. 140 3.2.4 Aplicação dos métodos de seleção……………………………………….. 142 3.2.4.1 Testes psicotécnicos…………………………………………………………... 143 3.2.4.2 Testes de personalidade……………………………………………………… 145 3.2.4.3 Prova de grupo…………………………………………………………………. 146 3.2.4.4 Prova situacional……………………………………………………………….. 146 3.2.4.5 Prova situacional individual…………………………………………………… 146 3.2.4.6 Entrevistas……………………………………………………………………… 147 3.2.4.7 Testes físicos…………………………………………………………………… 149 3.2.5 Escolha do candidato/contrato de experiência…………………………. 149
4 A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO E LIDERANÇA……………………... 149 5 ESTUDO DE CASO…………………………………………………………… 160 5.1 METODOLOGIA……………………………………………………………….. 160 5.1.1 Questionário sobre vida laboral…………………………………………… 161 5.1.2 Questionário de caraterísticas……………………………………………... 163 5.1.3 Reuniões individuais e coletivas………………………………………….. 166 5.1.4 Observações in loco…………………………………………………………. 166 5.2 RESULTADOS DAS DIFERENTES FUNÇÕES……………………………. 166 5.2.1 Resultados do servente……………………………………………………... 166 5.2.1.1 A vida laboral do servente…………………………………………………….. 166 5.2.1.2 Caraterísticas do servente……………………………………………………. 170 5.2.2 Resultados do pedreiro……………………………………………………… 176 5.2.2.1 A vida laboral do pedreiro…………………………………………………….. 176 5.2.2.2 Caraterísticas do pedreiro…………………………………………………….. 178 5.2.3 Resultados do carpinteiro…………………………………………………... 184 5.2.3.1 A vida laboral do carpinteiro………………………………………………….. 184 5.2.3.2 Caraterísticas do carpinteiro………………………………………………….. 186 5.2.4 Conclusões dos resultados das diferentes funções…………………... 192 5.3 RESULTADOS COMUNS…………………………………………………….. 192 5.4 A REALIDADE DAS EMPRESAS ESTUDADAS…………………………… 194 5.4.1 Processo de recrutamento e seleção dos profissionais da
construção……………………………………………………………………..
194 5.4.2 Estrutura de comando e acompanhamento da mão-de-obra………… 195 5.4.3 Conclusões da realidade das empresas estudadas…………………… 195 6 CONCLUSÕES GERAIS……………………………………………………... 196 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS………………………………………… 198
13
1 INTRODUÇÃO
“Eu trago a minha ferramenta de casa para trabalhar, mas como a empresa não
me valoriza, vou fazer como os outros. Não tenho ferramenta, não trabalho.”
Frases como esta deveriam preocupar cada vez mais as entidades de comando.
Broch (2012) afirma, “hoje as pessoas ainda ficam na Construção Civil enquanto não
encontram emprego em outras áreas. É preciso uma política de valorização,
remunerar e qualificar mais, para que os trabalhadores se sintam atraídos.”
A rotatividade de pessoal, resultado de um deficiente processo de recrutamento e
seleção e de um mau acompanhamento e formação da mão-de-obra, são cada vez
mais um indicador que prejudica os prazos de entrega das obras provocando assim
um menor lucro às empresas. Este trabalho, em três ponto fulcrais, visa orientar as
entidades de comando com exemplos e propostas de: formação (Pedreiro,
Carpinteiro e Servente), recrutamento e seleção. Valoriza-se ainda a importância da
motivação e liderança, como complementos essenciais ao bom acompanhamento da
mão-de-obra. É importante referir que, este trabalho se desenvolve apenas em torno
do estudo de três profissões consideradas fundamentais na construção civil: O
Pedreiro, o Carpinteiro e o Servente.
O último ponto do trabalho descreve o estudo de caso realizado. Primeiramente,
escolheu-se uma amostra pequena de mão-de-obra, analisando esta através de
questionários, reuniões e observação in loco. Finalmente, escolheu-se duas
empresas com características diferentes, para que fosse possível analisar de que
forma o fato de esta ser incorporadora ou não incorporadora, influência o seu
desenvolvimento.
1.1PROBLEMA
A Construção, encarada como o último recurso para conseguir um emprego e,
associada a pessoas sem qualquer tipo de formação, é uma realidade inegável e
que se acredita ser possível mudar. A falta de preparação das entidades de
comando para desenvolver bons métodos de: formação, recrutamento e seleção e,
acompanhamento (motivando e liderando) da mão-de-obra da Construção Civil é
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possivelmente o ponto-chave para essa mudança. Por essa razão se elaborou este
trabalho.
1.2 JUSTIFICATIVA
Sendo a Construção essencialmente uma arte passada de gerações em
gerações, ensinamentos que passam de pessoas mais velhas, e com experiencia,
para pessoas que querem aprender a arte do bem construir, parece ser possível
desenvolver trabalho, no sentido de melhorar e valorizar os mecanismos de
formação, recrutamento e seleção e, acompanhamento da mão-de-obra na
Construção Civil.
1.3 OBJETIVOS
Orientar as entidades de comando: propondo exemplos de formação,
apresentando métodos de recrutamento e seleção e referindo a importância da
motivação e liderança para um bom acompanhamento da mão-de-obra na
Construção Civil. Iniciar uma nova mentalidade sobre mão-de-obra, procurando a
sua valorização, o seu desenvolvimento e a sua evolução.
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2 A FORMAÇÃO PROFISSIONAL NA CONSTRUÇÃO
As possíveis formações em seguida apresentadas têm como base algumas
apostilas, observações e experiencias in loco, diálogo com mestre-de-obras,
engenheiros, estagiários, carpinteiros, pedreiros e serventes. Importante será referir
que, a formação apresentada não é apenas um conjunto de práticas, muito menos
será um conjunto de definições de materiais e ferramentas. Não se pretende aqui
apresentar técnicas inovadoras nem os novos modelos de construção. A análise
desses tópicos, não menos importantes, dariam matéria para um novo estudo e uma
nova apresentação.
Assim, neste trabalho, apresenta-se um modelo de formação que pretende
orientar profissionais de comando num possível treinamento para serventes,
pedreiros e carpinteiros. Um treinamento que se acredita não ser possível apenas
numa sala de aula, mas sim complementado dentro da própria obra com um
acompanhamento contínuo de todos os funcionários, buscando o desenvolvimento
destes, de uma forma progressiva e com bases aprendidas desde o primeiro contato
com a obra. Buscando práticas antigas, conceitos que passam de geração em
geração e que nunca perdem o seu valor por mais que o tempo passe, encontrando
características e competências pessoais, desenvolvendo características e
competências importantes de uma forma sequenciada.
2.1 FORMAÇÃO DO SERVENTE
“operário não especializado da construção civil que desempenha tarefas secundá
rias”1
Num pensamento idealista, um servente de hoje será o pedreiro ou carpinteiro de
amanhã.
Depois de uma pesquisa, percebeu-se que não existe qualquer tipo de material de
formação específico para este profissional. Uma lacuna que, deveria ser preenchida,
1 Dicionário da língua portuguesa, Acordo ortográfico, Porto: Porto Editora, 2011
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uma vez que se trata do profissional menos controlado, tornando-se por vezes
problemático o relacionamento com este na construção.
Em termos de custos, os gastos com o pagamento de serventes representam
sempre um valor expressivo, ocupando os primeiros lugares das curvas ABC de
insumos das obras.
Propôs-se então desenvolver um exemplo de formação para este profissional,
tendo em atenção observações in loco, diálogos com mestres-de-obras, colegas
engenheiros e próprios serventes, acompanhamento de professores do SENAI, dada
a experiencia de formação.
Além da formação comum, que será descriminada num tópico único, apresenta-se
em seguida os conhecimentos e competências que um servente deve adquirir. A
ordem de formação é propositada. A maior parte das vezes, este profissional, não
tem qualquer conhecimento de obra quando entra em serviço. Assim, tendo como
objetivo o desenvolvimento das competências deste profissional, acredita-se que
deverá existir uma sequência lógica para que este profissional aprenda de uma
forma controlada e produtiva.
2.1.1 Limpeza e organização
Considera-se que, no primeiro contato com a obra, o servente deverá exercer
esta função: deixar a obra limpa, garantindo um ambiente sem sujeira e sem perigos
para todos os profissionais. Entende-se por perigos, por exemplo, madeira com
pregos, restos de ferro pela obra, entre outros. Com efeito, o servente deverá
remover todos os pregos de madeira que já não está sendo utilizada, deverá
recolher todo o material espalhado pela obra, organizando este de acordo com o que
será explicado no tópico de organização. As áreas de obra deverão ser varridas
recolhendo todo o entulho produzido. O servente deve também ter atenção se está
levantando muita poeira, pois esta é prejudicial para ele e para os seus colegas de
trabalho, sendo que deverá usar mascara enquanto está varrendo as áreas que
levantam poeira. Se está executando este serviço perto de outros profissionais, deve
molhar toda a área e então depois varrer, prevenindo assim que a poeira levante e
prejudique a saúde do próprio e dos colegas.
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Deixar em perfeito estado a ferramenta usada na obra faz também parte do tópico
Limpeza. A ferramenta deverá ficar limpa no final do dia, para, assim, no dia
seguinte de trabalho estar em perfeitas condições de uso. Restos de argamassa ou
concreto devem ser removidos.
A tarefa limpeza vai permitir ao servente ter um primeiro contacto com a obra e
com os colegas, com os materiais e com as ferramentas. Considera-se que o
servente deve ter treinamento numa primeira fase para poder desempenhar esta
tarefa com alguma autonomia, sem precisar de ser constantemente acompanhado.
Poderá dizer-se que a limpeza e a organização, em seguida abordada, deveriam
ser, para um servente iniciando em obra, uma tarefa que ele pudesse garantir, sem
que para isso, seja necessário pedir-lhe.
Limpeza incluiu, claro, reciclagem, mas este assunto será discutido no tópico de
formação comum, pois entende-se que é de grande importância que todos os
profissionais tenham esse conhecimento.
Ferramentas necessárias
Balde Plástico
Talhadeira ou ponteira
Pá
Carrinho de mão
Enxada
Vassoura e vassourão
Martelo
Marreta
Equipamentos Segurança
Capacete
Sapatão
Mascara
Óculos
Luvas
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Passando agora à organização, esta é uma tarefa que caminha em paralelo com
a limpeza, mas não só. A organização é essencial em toda a obra, do início ao fim,
fazendo parte de cada profissional de construção. Por essa razão considera-se
extremamente importante que, numa fase inicial, um servente ao entrar em obra
pela primeira vez, entenda a sua importância e a aprenda. Não cabe ao servente,
apenas recolher todo o material e entulho espalhado pela obra, mas também
separá-los e organizá-los.
É prática comum na construção observar pregos espalhados pela obra. Entende-
se essa prática como incorreta, pelo que propõe-se que ao retirar os pregos da
madeira espalhada pela obra, se recolham todos os pregos, usando um balde, por
exemplo, e se joguem depois no depósito de separação de metal. Quanto à madeira,
muitas vezes esta é reaproveitada, devendo então o servente ter um treinamento
sobre o reaproveitamento de material, mais um conhecimento indispensável para
toda a sua carreira profissional dentro da construção. Organizar a madeira por
tamanhos, ou por larguras, é uma prática aconselhável dentro da obra. Existindo um
lugar previamente definido para separação da madeira do restante material, esta
deve ser organizada desta forma.
Outro material reaproveitado é o ferro, este também deve ter um local próprio
para, quando recolhido pelo servente, ser depositado de forma organizada. No caso
do ferro é aconselhável ser organizado por bitola, para fácil identificação quando
necessário.
Outros materiais como EPS, plástico, papel, sacos de cimento, sacos de cal,
latas de tinta e gesso, por exemplo, também deverão ser devidamente separados e
serão novamente abordados no tópico sobre lixo abordado na formação comum.
Quanto ao entulho, e entende-se por entulho de obra restos de argamassa,
concreto, tijolos ou blocos, deve ser também depositado em local próprio, para
coleta ou para utilização em aterros dentro de obra.
Tal como foi referido anteriormente, seguiu-se uma sequência logica para
organizar a formação de servente. Com estas duas funções (limpeza e organização)
pretende-se, pois, passar para o servente, conhecimento de materiais, ferramentas,
importância da organização e do reaproveitamento, importância de um local limpo e
sem perigos. Pretende-se ainda um primeiro contacto com os outros e com o bem-
estar destes. Não sujeitar os colegas a poeira quando podem molhar o local antes
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da limpeza ou eliminar os perigos dentro de obra, vai transmitir ao servente um
espirito de equipa e companheirismo. O fato de serem tarefas que este profissional
deve fazer sem que para isso tenha de ser mandado ou chamado à atenção,
incutindo isso no seu treinamento, desenvolverá no servente um sentido de
responsabilidade e competência, igualmente importantes em todo o seu percurso
dentro da construção.
Não se pode deixar de referir a importância de existirem locais próprios para que
seja possível a organização, essa responsabilidade não é do servente e uma vez
que a formação aqui proposta tem em vista orientar um possível treinamento em
obra, cabe às entidades de comando proporcionarem um local de trabalho com as
condições necessárias ao desenvolvimento das competências de cada profissional.
Locais e práticas de armazenamento em obra:
Lixeira com depósitos para reciclagem
- Papel
- Plástico
- Madeira que não pode ser reaproveitada
- Metal que não pode ser reaproveitado
Local para restos de madeira que poderá ser reaproveitada
- Pode-se considerar madeira superior a 80 centímetros
Local para restos de ferro e aço que poderá ser aproveitado
- Pode-se considerar ferro superior a 60 centímetros
Caçamba ou local próprio para entulho
Caçamba ou local próprio para depósito de restos de Gesso
Caçamba ou local próprio para depósito de restos de EPS
Caçamba para sólidos contaminados
- Latas com restos de tinta
- Sacos de massa corrida
- Sacos de grafeato e/ou textura
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Armazém para materiais com espaço para separação destes
Refere-se aqui como materiais, aqueles mais comuns em obra: ferro, madeira,
tijolos ou blocos, EPS, areia, brita, cimento, cal e gesso.
Algumas práticas aconselhadas no armazenamento e cuidado destes materiais
serão em seguida citadas e acredita-se que devam ser incluídas no treinamento do
servente, dando assim a este uma responsabilidade de manter o material sempre
em devidas condições de uso.
Os sacos de cimento, cal gesso e argamassa devem ser guardados em local seco
e fechado, de forma a serem usados do mais antigo para o mais recente. Para não
terem contato com a umidade devem ser armazenados em estrado de 30
centímetros de altura e afastados da parede 30 centímetros também. O
empilhamento máximo para o cimento e gesso são 10 sacos, para cal 15 sacos e
para argamassa 20 sacos. O armazenamento deve ser feito próximo da betoneira.
Empilhar blocos e/ou tijolos com no máximo 1,5 metros de altura, para que assim
quando necessário usar estes, não ser preciso subir numa escada, evitando assim o
uso dos próprios blocos e/ou tijolos para subir a alturas exageradas. Devem ser
travados (amarrados) no seu empilhamento para que não tombem. Não devem estar
em contacto direto com o solo nem sujeitos a intempéries, devendo, por isso, ser
armazenados em estrado de madeira e em local coberto. Quando não é possível
local coberto então devem ser cobertos no final do dia com uma lona.
Peças de metal enferrujam, como tal devem ser guardas em local coberto.
A areia e a brita devem ser cobertas com lona ou outro material no final do dia,
para que assim não estejam sujeitos às intempéries, nem à mistura com impurezas
de obras.
O aço, deve ser separado por diâmetro, e não deve ficar em contacto direto com o
solo. O tempo de estucagem máximo a céu aberto é de 90 dias, como tal é
aconselhável que este se armazene em local coberto não ficando assim sujeito as
intempéries que provocam a oxidação do mesmo e sucessiva perda de resistência.
A madeira deve ser empilhada de acordo com a altura máxima aconselhada pelo
fabricante, para evitar a deformação da mesma. Apesar de existirem defensores que
a madeira poder ser guardada a céu aberto, aconselha-se nesta formação que esta
seja guardada em local coberto. Evitar o contacto com o solo. Devidamente
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separada por larguras e tipos de madeira. A madeira será reaproveitada durante a
obra como tal deverá ser devidamente cuidada para evitar desperdícios.
O EPS também deve ser guardado em local coberto devidamente separado por
larguras, as mais habituais são de 10 ou 15 centímetros.
Almoxarifado
Fala-se em almoxarifado no treinamento do servente, pois, acredita-se que as
ferramentas de uso comum, como, pá, enxada, carrinho de mão entre outras devam
ser guardadas após limpeza das mesmas. Quanto às ferramentas de cada
profissional, deverá ser responsabilidade do próprio manter estas guardadas e
limpas nos devidos locais.
Seguem-se agora as práticas que buscam o desenvolvimento das competências
do servente, com vista a que este possa crescer dentro da profissão e evoluir para
um nível superior.
2.1.2 Compactação e aterro
Contrariamente à limpeza e organização, que se acredita ser uma função a
realizar sem qualquer ordem, a compactação e aterro de uma determinada área,
necessitam de uma ordem superior. Um servente não vai fazer aterro ou
compactação de livre vontade e em qualquer lugar, mas sim no lugar onde esse
procedimento é necessário, cabendo ao mestre ou ao encarregado informar o
servente do local onde é necessário tal procedimento. Inclui-se agora no treinamento
o conceito de ordem, do saber ouvir, o conceito de tarefa com tempo e prazo para
ocorrer. Quando se fala em compactação, não se fala em compactação com cilindro
ou maquinaria pesada, mas sim em pequenas compactações, para execução de
contra piso, por exemplo. Estas podem ser realizadas pelo servente, devendo ser-
lhe explicado como deve ser feita uma compactação, para que fique bem executada.
Em Joinville, onde o solo é maioritariamente argiloso a compactação deve ser
bastante cuidada recorrendo muitas vezes a drenos para saída de água. Este
trabalho deverá ser acompanhado pelo mestre-de-obras ou encarregado, que
deveram sempre verificar se a compactação está em conformidade com o exigido. O
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servente percebe agora que o trabalho tem acompanhamento e verificações
constantes no decorrer da construção, e, desta forma, entende a importância da
qualidade de execução de serviço.
Ferramentas:
Soquete
Compactador de percussão
Carrinho de mão
Enxada
Pá
Equipamentos de segurança
Capacete
Sapatão
Protetor auricular
Óculos
2.1.3 Abertura de valas e poços
A abertura de valas e poços exigem conhecimentos sobre medida. Insere-se
então o conceito de medida no treinamento. Esta é uma função que também exige a
ordem de alguém, pois a abertura de valas e poços ocorre numa etapa certa na
obra, diferente da limpeza e organização que devem estar presentes em qualquer
altura da construção. Considera-se, pois, importante um primeiro contacto com o
projeto no desenvolvimento destas tarefas. O mestre ou o encarregado, ao pedir a
execução deste serviço, deve então explicar ao servente onde se encontra essa
abertura no projeto e porque será feita. O conceito de medidas e unidades, tal como
alguns conhecimentos teóricos, serão abordados no tópico sobre formação comum.
Também será desenvolvido nesse tópico um conhecimentos básico de projetos.
Volta-se a referir, que a formação aqui apresentada, tem em vista dar uma
orientação para as pessoas de comando, apresentando a estes uma possível forma
de como acompanhar os profissionais de construção e não ser um manual oferecido
a estes profissionais para aprenderem sozinhos. Acredita-se que a formação destes
23
profissionais deve ser crescente e constante dentro da obra, como tal é importante
que engenheiros, mestres ou encarregados, saibam acompanhar e desenvolver as
capacidades destes profissionais.
Ferramenta:
Picareta
Pá
Enxada
Carrinho de mão
Trena
Equipamentos de segurança
Sapatão ou bota
Capacete
Óculos
Protetor auricular
Nas duas funções de seguida apresentadas, poderia existir já, uma separação do
profissional servente. Fazer massa, encaminhando este para próximo do pedreiro ou
realizar corte e organização de madeira, encaminhando este para próximo do
carpinteiro. Contudo, aconselha-se a que não exista já esta separação, pois
considera-se importante que o servente atue um pouco próximo das duas áreas,
uma vez que poderá definir com mais clareza o que gosta de fazer e ainda porque
futuramente poderá ambicionar ter os dois conhecimentos. Note-se que neste
trabalho se estuda apenas estas três profissões, servente, pedreiro e carpinteiro, por
essa razão não se fala aqui sobre conhecimento de armador e tarefas que
aproximem o servente desta profissão.
2.1.4 Fazer argamassa e concreto
Para completar este tópico usou-se a ‘Apostila do SENAI, Goiânia 2009’, junto
com o manual ‘Mãos à Obra’, contudo, é de referir que foram apenas usados como
complemento a um treinamento que pretende ser claro e objetivo.
24
Para realizar esta função, o servente deverá fazer um treinamento de como
operar a betoneira. Vários acidentes ocorrem operando a betoneira como tal é
aconselhado um treinamento de segurança para operadores de betoneira.
Argamassa e concreto resultam da mistura de várias componentes, usualmente
temos areia, cimento, cal e água para a argamassa e areia, cimento, brita e água
para o concreto. Não se pretende que o servente conheça todos os tipos de
argamassa ou concreto, mas é objetivo deste treinamento que o servente
complemente a sua formação com novos conceitos, o conceito de traço, quantidade
e mistura.
Traço
É importante que o servente tenha conhecimento sobre a leitura do traço, este
indica qual a proporção de materiais a usar. O traço é apresentado por três
algarismos: para a argamassa, o primeiro algarismo diz respeito à quantidade de
cimento, o segundo a quantidade de cal e o terceiro a quantidade de areia; para
concreto, o primeiro algarismo representa a quantidade de cimento, o segundo a
areia e o terceiro a brita. A título explicativo, sabe-se que quando o traço da
argamassa é 1:2:8, esta tem uma quantidade de cimento, duas vezes a mesma
quantidade de cal e oito vezes mais a mesma quantidade de areia. No concreto,
quando o traço é 1:2:4, isto significa que tem uma quantidade de cimento, duas
vezes a mesma quantidade de areia e 4 vezes mais a mesma quantidade de brita.
Temos então para argamassa - cimento:cal:areia e para concreto -
cimento:areia:brita.
Quantidade
É prática comum na construção medir a quantidade de materiais necessários de
acordo com o traço com uma pá, considera-se que esta prática é incorreta, pelo que,
torna-se importante adicionar o conceito de quantidade na formação do servente. A
quantidade de material deve ser medida com ferramenta própria, como é o exemplo
da padiola, em último recurso com um balde ou uma lata de dezoito litros. Esta
prática deve ser aprendida, uma vez que estas ferramentas permitem uma medição
25
exata das quantidades, contrariamente à medição por pá. A pá vai mais ou menos
cheia, a padiola, o balde ou a lata, têm uma medida exata e por essa razão a
medição dos materiais deverá ser dessa forma.
Mistura
A mistura pode ser executada de forma manual ou mecânica. Com o
aparecimento da betoneira, a forma manual tem caído em desuso, no entanto em
pequenos trabalhos o processo manual continua a ser usado.
O tempo de mistura deve ser o necessário para que os componentes fiquem bem
homogeneizados. A não homogeneidade prejudica a resistência do concreto e da
argamassa.
Concreto
Figura 2 - Mistura em betoneira de concreto Figura 1 - Mistura manual de concreto
Fonte: Mãos à obra Fonte: Mãos à obra
26
Argamassa
O local de mistura, seja ela manual ou mecânica, deve estar limpo, sendo que a
água a utilizar também deverá ser água limpa.
Ainda que o servente deva ser informado pelo pedreiro, encarregado ou mestre-
de-obras sobre o tipo de traço que deve usar, considerou-se interessante incluir na
formação de servente duas tabelas: uma com os tipos de argamassa e seus usos,
outra com os tipos de concreto e seus usos. Dá-se especial importância à tabela de
argamassas, uma vez que a crescente industrialização do concreto fez com que este
raramente seja executado em obra. Nestas tabelas o servente tem agora as
principais funções de um pedreiro, juntando a essas funções o tipo de argamassa
usada. Como já foi referido anteriormente, o objetivo da formação do servente é
proporcionar a este profissional um crescimento dentro da construção, como tal este,
tem agora oportunidade de conhecer algumas práticas do pedreiro.
Figura 4 - Mistura em betoneira de argamassa
Figura 3 - Mistura manual de argamassa
Fonte: Mãos à obra Fonte: Mãos à obra
27
Tabela 1 - Tabela de traços de argamassas
Fonte: Apostila do SENAI Goiânia, 2009
28
Tabela 2- Tabela prática de traços de concreto para uso em obras
Fonte: Apostila do SENAI Goiânia, 2009
29
Ferramentas:
Enxada
Pá
Carrinho de mão
Betoneira
Lata de 18 litros ou balde
Padiola
Equipamento de segurança:
Bota
Capacete
Luvas de borracha
Óculos
Protetor auricular
2.1.5 Separação e corte de madeira
A razão por que se colocou esta tarefa depois da realização de argamassa e
concreto, não é porque esta seja mais importante, mas sim porque a realização
desta tarefa exige um curso de como usar a serra circular. Tem-se a serra circular de
bancada e a serra circular manual, se operar a betoneira envolve um risco
acrescido, operar a serra circular envolve um risco ainda maior e para evitar e
prevenir acidentes tornou-se obrigatório a realização de um curso. Com o
conhecimento adquirido ate agora pelo servente, considera-se apropriado e seguro
confiar-lhe esta função. Adicionando à sua bagagem de conhecimentos adquiridos
com o treinamento uma formação de como usar a serra circular, o servente está
agora apto para se posicionar mais próximo de um carpinteiro. Cabe ao carpinteiro
dar informações sobre o tipo de madeira que necessita e quais as medidas
pretendidas, o servente que já antes aprendeu como separar a madeira quando
recolhe esta para ser reaproveitada, junta agora ao seu conhecimento a separação
de madeira necessária para um determinado tipo de serviço de carpintaria,
executando o corte apropriado desta.
30
Esta tarefa exige mais agilidade e conhecimentos de matemática, o objetivo de
colocar esta tarefa agora não é encaminhar o servente para uma profissão de
carpinteiro, mas sim colocar este numa posição de maior responsabilidade com
exigência de maiores conhecimentos. Nesta tarefa considera-se importante
novamente o contacto com projetos, explicando ao servente o porquê das medidas
pretendidas. Sendo esta uma tarefa de elevado risco existem pessoas que não
querem aprender tal ofício, não sendo, por isso, menos importantes em obra.
Mesmo que um servente não queira aprender a usar a serra circular e fazer o curso
que o deixe apto para tal tarefa não deve deixar de aprender a marcar a madeira
com as medidas pretendidas, comparando esta com o projeto. Muitas vezes o corte
da madeira pode ser executado com uma serra ou serrote, que, ainda que exigindo
também cuidados de segurança, é muito menos perigoso que o uso da serra circular
e continua assim o servente a adquirir conhecimentos de medida, projeto e
marcação.
Ferramentas:
Serra ou serrote
Serra circular de mesa
Serra circular Manual
Lápis
Régua
Trena
Esquadro
Equipamentos de segurança:
Mascara de corte
Capacete
Sapatão
Luvas
Bata de corte
Protetor auricular
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2.1.6 Acompanhar um profissional
Acredita-se que o servente deve desempenhar esta tarefa depois de adquirir
todos os conhecimentos descritos anteriormente em treinamento constante.
Verificou-se, por observação, que isso não acontece, muitas vezes esta função é
realizada no primeiro contato com a obra. Mais uma vez, se poderia nesta fase
separar o servente ou para pedreiro ou para carpinteiro (armador não é
desenvolvido neste trabalho), mas considera-se importante que o servente
acompanhe durante um tempo um profissional pedreiro e durante outro tempo o
profissional carpinteiro, para que assim possa conhecer melhor as duas profissões,
permitindo ao mestre de obras, ao encarregado e ao próprio pedreiro ou carpinteiro,
perceber se este tem boas aptidões para a função. Nesta fase o servente deve, para
além de servir as necessidades do profissional que acompanha, manter o espaço
organizado e proporcionar a este o material necessário, ficar atento às várias tarefas
do profissional que acompanha, demonstrando curiosidade e questionando como
poderá fazer tais funções.
Á medida que este se sente mais confiante e o pedreiro ou carpinteiro entender
apropriado, deve ser dado a este pequenas funções de um nível superior. Quando o
servente se sentir apto deve ser sujeito a um pequeno teste prático e teórico
percebendo assim se este está em condições de subir a um nível superior.
Ferramentas: As necessárias pelo profissional acompanhado.
Equipamentos de segurança
Capacete
Sapatão ou bota
Luvas
Óculos
Auriculares de proteção
32
2.2 FORMAÇÃO DO PEDREIRO
“operário especializado que executa serviços de construção de pedra, areia, cal,
tijolo, etc…, inclusive o revestimento das paredes”2
Após a análise bibliográfica realizada, verificou-se que para este profissional
existem conhecimentos aprofundados das suas atividades. O conteúdo apresentado
tem como base a ‘Apostila do SENAI, Goiânia 2009’ e a ‘Cartilha de Pedreiro’3,
sendo completado por observações in loco realizadas durante o estudo. Como
complemento, foi também analisada a profissão em Portugal. Em seguida
enumeram-se, então, um conjunto de conhecimentos e práticas que buscam o bom
desempenho deste profissional, pretendendo-se que esta apresentação seja clara e
de fácil compreensão.
2.2.1 Conhecimentos/conceitos
Existem cinco Conhecimentos/conceitos indispensáveis para o decorrer da
profissão de pedreiro, que o acompanham desde a locação da obra até aos
acabamentos da mesma, estando presentes em todas as suas tarefas, pelo que se
considera importante começar o treinamento com a sua apresentação: prumo,
nivelamento, esquadrejamento, alinhamento e planicidade.
2.2.1.1 Prumo
Existem dois tipos de prumo: o prumo de face e o prumo de centro. O prumo de
face é usado para verificar o plano vertical, sendo vulgarmente usado para assentar
os tijolos de canto em alvenaria e colocar as taliscas para realização do reboco. O
prumo de centro é usado para verificar a centralidade, sendo vulgarmente usado
para marcar alinhamentos e centros no gabarito.
2 Dicionário da língua portuguesa, Acordo ortográfico, Porto: Porto Editora, 2011
3 FILHO, A. B. A.; SILVAL. S.; SOUSA, W.P. Cartilha do Pedreiro, Bahia: Programa Aprendendo e
Construindo, 2001
33
Prumo de face
Quer na execução de uma parede de alvenaria estrutural, quer na execução de
uma parede não estrutural, o prumo deve ser cumprido com o maximo rigor. Uma
diferença de milimetros nas primeiras fiadas provocará no final da parede uma
diferença de centimetros, levando a grandes desperdicios de argamassa na
execução do reboco e , no caso de alvenaria estrutural, gerando grandes problemas
de estrutura.
Prumo de centro
Usado para verificar a centralidade. Um pedreiro usa principalmente para
marcação de estacas, ou passagem de pontos de referência.
Incorreto Incorreto Correto
Fonte: Cartilha do pedreiro (2001) Fonte: Cartilha do pedreiro (2001)
Figura 5 – Uso do prumo de face Figura 6 – Forma correta de usar o prumo de face
Fonte: Momfort
Imagem 1 – Prumo de centro
34
2.2.1.2 Nivelamento
Consiste em transportar uma dada referência de nível de um local para outro,
estabelecendo assim um plano horizontal. Normalmente, em uma obra, a referência
de nível encontra-se um metro acima do nível do piso. Para garantir o nivelamento
numa obra tem-se, o nível de bolha, a mangueira de nível e mais recentemente o
nível laser. Não será explicado o procedimento com nível laser neste trabalho, uma
vez que apenas se pretende apresentar os conhecimentos básicos de um pedreiro.
É de extrema importância o pedreiro estar atento às novas tecnologias, assim como
deverá existir uma formação sobre novas tecnologias dentro de obra, sempre que
estas possam ser utilizadas, mas, uma vez que se verificou por observações in loco
que o nível laser é pouco utilizado em comparação ao nível de bolha e à mangueira
de nível, e dado que os fundamentos teóricos e objetivos são os mesmos, apenas
serão explicados os processos de nivelamento com mangueira e nivelamento com
nível de bolha.
Mangueira de nível
É uma mangueira transparente cheia de água. Deverá existir um cuidado para
que esta não tenha espaços de ar e assim ser utilizada sem qualquer erro. É usada
para garantir o nível à distância e marcar diversos pontos de nível.
Processo de uso:
1 Encher a mangueira com água garantindo que não ficam bolhas de ar dentro.
Para verificar se a mangueira está pronta para usar, juntar as duas pontas e olhar se
a água se encontra na mesma altura.
2 Levar a mangueira com cuidado e com os dois extremos tapados, até ao local
que se pretende nivelar.
3 Marcar um ponto de referência numa parede ou então numa estaca bem fixada
no terreno.
35
4 Com a ajuda de um ajudante e mantendo os orifícios fechados com o polegar,
colocar um extremo no ponto de referência e o outro extremo no ponto que se
pretende nivelar.
5 Colocar a olho a mangueira mais ou menos nivelada.
6 Destapar os dois extremos.
7 Executar o nivelamento.
7.1 Colocar a superfície da água de um os extremos na marca de referência.
7.2 Acompanhar o movimento da água do outro extremo e quando esta estabilizar
e o ajudante disser que a superfície da água coincide com a marca de referência,
marcar o segundo ponto.
8 Depois de marcar vários pontos, conferir se o primeiro esta de nível com o
último.
Nível de bolha
Serve para verificar a horizontalidade de um elemento construtivo, sendo usado
para pequenas distâncias, para conferir vergas, fiadas de alvenaria, entre outros.
Existem níveis entre trinta centímetros a um metro. Embutido no corpo têm
pequenos tubos de vidro, cheios de água (ou outro líquido) com uma bolha de ar. No
centro do tubo existem dois riscos, colocando o nível em uma superfície, esta
encontra-se perfeitamente nivelada quando a bolha de ar se encontra entre os dois
riscos. Existem níveis de bolha que permitem também verificar o prumo e ainda
ângulos de 45 graus.
Processo de uso:
1 Limpar o local de apoio do nível.
2 Apoiar o nível no sentido longitudinal e verificar para em que lado se situa a
bolha de ar.
3 Levantar ou baixar as extremidades da peça ate que a bolha de ar se situe entre
os dois traços.
4 Retirar o nível e colocar este na posição transversal da peça.
36
5 Quando a peça é demasiado grande para o nível, usar o auxílio de uma régua
metálica em perfeitas condições.
6 Seguir os passos do nivelamento longitudinal.
2.2.1.3 Esquadrejamento
O encontro das paredes deve respeitar um angulo de 90 graus, para verificação é
usado um instrumento chamado esquadro ou então regras matemáticas, que serão
explicadas na formação comum. Existe o esquadro de mão e o esquadro metálico,
mais usado pelo pedreiro. O uso do esquadro metálico é simples: posicionando este
no canto que se pretende verificar, se as duas paredes do esquadro forem paralelas
às duas paredes a verificar, estas encontram-se em perfeito esquadro, respeitando o
angulo de 90 graus. O esquadrejamento por processos matemáticos segue o
princípio do teorema de Pitágoras, explicado mais à frente.
2.2.1.4 Alinhamento
Consiste em posicionar na mesma direção os elementos da construção, usando-
se a linha de pedreiro para este fim. Normalmente, o alinhamento é importante na
execução de alvenaria e na colocação de mestras em paredes ou pisos. Pode-se
usar para verificar o alinhamento uma régua metálica, mas o mais habitual é esticar
uma linha entre um ponto inicial e um ponto final, previamente aprumados e
nivelados.
Fonte: Cartilha do pedreiro (2001)
Figura 7 - Esquadrejamento
37
2.2.1.5 Planicidade
Para verificar a planicidade é usada uma régua metálica, posicionando esta
verticalmente, horizontalmente e obliquamente, na superfície a verificar. Se a
superfície não apresentar bacias, barrigas, dentes, frestas ou falhas, então encontra-
se em perfeita planicidade.
Uma vez apresentados tais conhecimentos/conceitos, segue-se a apresentação
das tarefas de um pedreiro. No decorrer da formação aqui proposta, poderá
questionar-se, o porque de não ser incluído um tópico sobre assentamento
cerâmico, ou um tópico sobre pintura, mas, por observação in loco, verificou-se que
estas tarefas são cada vez mais separadas desta profissão, existindo hoje em dia
pessoas especificas para esses trabalhos. Por essa razão essa formação não foi
incluída nesta proposta.
Fonte: Cartilha do pedreiro (2001)
Figura 8 - Alinhamento
38
2.2.2 Locação da obra
Esta é uma etapa muito importante da construção que consiste em medir e
marcar no terreno a posição dos furos, valas de fundação, paredes, colunas e outros
detalhes, de acordo com o projeto. Se a locação for mal executada, ou seja, se esta
não estiver em perfeito esquadro, nível, prumo e com as devidas medidas,
futuramente teremos problemas com a construção e, entre outros aspetos, existirá o
desperdício de material e de tempo a refazer o mal feito.
Para iniciar a locação, o terreno deve estar limpo e nivelado. Inicia-se então o
gabarito de locação, que consiste na marcação das principais referencias, e dos
eixos e faces dos elementos de fundação e de estruturas do edifício, de acordo com
o projeto. O gabarito de locação nada mais é, do que um polígono de madeira.
Processo de execução:
1 Armar o cavalete de demarcação, conforme os desenhos, nivelando-este um
metro acima do piso acabado da casa que será construída e situando este um metro
afastado da futura construção.
2 Marcar no cavalete todas as paredes perpendiculares ao alinhamento,
colocando um prego no ponto do eixo e dois nas faces da futura parede.
3 Marcar com prego as faces do baldrame.
4 Esticar uma linha em perfeito esquadro com o alinhamento, amarrando esta a
um prego no alinhamento paralelo a este.
5 Marcar agora as paredes paralelas ao alinhamento seguindo os passos citados
nos pontos 2,3 e 4.
6 Marcar no terreno com ajuda de uma barra de ferro ou um sarrafo as arestas do
baldrame. Seguindo-se pelos fios esticados anteriormente. Com o auxilio do prumo
de centro.
Ferramentas:
Trena
Escala
Mangueira de nível
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Nível de bolha
Prumo ao centro
Linha de pedreiro
Martelo
Marreta
Estacas de madeira
Pregos
Ripas de madeira
Plantas
Equipamentos de segurança:
Sapatão
Capacete
Luva
Óculos de proteção
2.2.3 Escavação e fundação
As fundações são os elementos estruturais que irão transmitir para o solo toda a
carga da estrutura.
Existem vários tipos de fundações, como tal o tipo de fundação a ser usado
deverá ser previamente escolhido pelo engenheiro, pois não cabe ao pedreiro
escolher o tipo de fundação a usar. As fundações mais usuais são as sapatas
isoladas, sapatas corridas, vigas baldrame e estacas, mas, independentemente do
tipo de fundação a usar, existem alguns conhecimentos que o pedreiro deve ter.
O início da fundação começa com a escavação do local onde esta será
executada. Antes de começar a escavação é necessário que o gabarito esteja
concluído com as devidas marcações de paredes e de fundações. Concluído o
gabarito, passa-se para o terreno com ajuda do prumo de centro, o local a escavar.
Este trabalho de escavação, como se referiu na formação de servente, poderá ser
feito por serventes, o que não impede o acompanhamento de pedreiros neste
serviço e a ajuda dos mesmos. No caso da abertura de furos deverá ser verificado a
40
perpendicularidade ou o prumo com um prumo de centro. No caso de valas deverá
ser verificado o prumo com um prumo de face.
Figura 10 - Valas
Figura 11 - Furos
Fonte: Cartilha do pedreiro (2001)
Fonte: Cartilha do pedreiro (2001)
Figura 9 - Estacas
Fonte: Cartilha do pedreiro (2001)
41
Na execução da fundação não é dispensado, o perfeito esquadro, prumo e nível.
Ferramentas:
Picaretas
Cavadores
Trados
Pá
Enxada
Cavador reto
Prumo de face
Prumo de centro
Esquadro
Trena
Nível
Carrinho de mão
Equipamento de segurança:
Sapatão ou bota
Capacete
Luvas
Óculos
2.2.4 Alvenaria
“Conjunto coeso e rígido, de tijolos ou blocos unidos entre si por argamassa.”4
A apresentação dos vários materiais de alvenaria e das suas funções daria um
trabalho único, dado a existência de grande investigação nesse sentido. Por essa
razão, neste ponto não se pretende explicar os vários materiais existentes, nem
técnicas mais ou menos inovadoras, mas sim, enumerar um conjunto de
conhecimentos indispensáveis a um pedreiro.
4 SANTOS, Francisco Rodrigues dos. Aprendizagem Construção Civil: Apostila Pedreiro, Goiânia:
SENAI 2009
42
Organizar espaço
Manter o material próximo do lugar onde se vai executar o trabalho, cerca de 1
metro. Transferir informação ao servente, para que este mantenha sempre o local
organizado e com o material necessário. Manter a ferramenta necessária próxima e
em perfeitas condições.
Processo de Execução
1 Preparar e marcar local onde será levantada a parede
1.1 Limpar piso
1.2 Marcar com lápis a posição do primeiro e do último tijolo ou bloco da fiada.
1.3 Esticar linha de giz entre as duas posições antes definidas e marcar em toda a
extensão. Poderá ser usada uma régua marcando assim com lápis ou outro
marcador.
1.4 Molhar superfície onde os tijolos ou blocos irão assentar
2 Assentar primeiro tijolo ou bloco
2.1 Depositar uma camada de argamassa junto a marca do alinhamento. A
quantidade deve ser suficiente para assentar o tijolo ou bloco.
2.2 Posicionar o tijolo ou bloco na posição conveniente e com ajuda da colher e
das mãos deixar este em prefeito alinhamento, prumo e nível.
2.3 A espessura da argamassa deverá ficar entre 1 a 1,5 centímetros, mantendo
esta em toda a parede.
2.4 Retirar excesso de argamassa para que possa ser reaproveitada
3 Assentar o último tijolo da fiada de forma idêntica ao apresentado no ponto 2
4 Esticar uma linha de referência entre o primeiro e o ultimo tijolos ou blocos
4.1 A linha deverá estar afastada cerca de 1 milímetro da aresta superior do tijolo
ou bloco.
5 Completar a fiada com os tijolos ou blocos intermédios
5.1 A junta entre blocos ou tijolos deverá ser no máximo de 2 centímetros
6 Retirar a linha de referência
7 Colocar o escantilhão em vão de portas ou quando a parede não termina em
pilar, em encontro de paredes, ou seja, cunhais. Garantir perfeito prumo do
escantilhão. Poderemos substituir o escantilhão por uma tábua de madeira e graduar
43
este para que exista uma referência da altura de alvenaria. O escantilhão ou a tábua
deverá ficar em perfeito prumo, alinhamento e nível.
8 Iniciar segunda fiada
8.1 O início da segunda fiada deve iniciar com travamento da junta, ou seja, as
juntas verticais deveram ser desfasadas. Utiliza-se normalmente para esse fim o
meio tijolo, ou meio bloco. Quando este não exista deverá proceder-se ao corte
cuidadoso do bloco ou tijolo com as ferramentas necessárias.
8.2 Assentar tijolos ou blocos nas extremidades da segunda fiada, garantindo o
nível, prumo e alinhamento.
9 Seguir todos os passos da primeira fiada.
10 A terceira fiada de tijolos ou blocos será como a primeira e a quarta fiada será
como a segunda. Assim sucessivamente nas restantes fiadas, fiadas pares
diferentes das ímpares, mas iguais entre si.
11 Quando a alvenaria se encontra com pilares, estes devem ser previamente
limpos e chapiscados. A ligação é feita com argamassa e reforçada com ferros de
espera ou tela metálica depois de 7 dias após chapisco.
12 No encontra da alvenaria com lajes e vigas proceder ao encunhamento.
(Normalmente usa-se argamassa expansiva, mas poderá ser usado tijolos
cerâmicos maciços ou cunhas de cimento. Colocar a argamassa expansiva de um
lado da parede, com a colher de pedreiro, compactando esta com uma régua de
madeira. Doze horas depois completar o acunhamento do outro lado da parede.)
12.1 Parede executada no mínimo há 15 dias.
12.2 Alvenaria dos dois pavimentos imediatamente acima executada.
12.3 Se possível começar encunhamento desde o último pavimento.
13 Em cunhais garantir a amarração e o perfeito esquadro entre paredes.
(A amarração é indispensável para garantir que a parede funcione como um corpo
rígido. Para garantir essa amarração é indispensável travar as juntas, encaixar
devidamente os cunhais e ainda garantir a perfeita ligação entre painéis de
alvenaria. Não esquecer também o uso de tela metálica ou ferros de espera na
ligação de parede pilar.)
44
Figura 12 - Amarração de paredes interiores
Fonte: Apostila do SENAI Goiânia, 2009
“Nos cunhais e esquadrias das paredes deverá haver um cuidado especial de
modo que os tijolos fiquem bem travados entre si. Nos cunhais das paredes da
fachada, ombreiras e outras extremidades de parede em contacto com o exterior, é
fundamental que o tijolo não fique com os furos voltados para o exterior. Na
ausência de tijolos de formato especial para estas situações, pode usar-se o tijolo
furado corrente, ao alto (furação na vertical) cortado para as dimensões
convenientes, mas sempre devidamente travado.”5
Através da observação, constatou-se que é prática comum deixar nas paredes de
fachada, tijolos com furos voltados para o exterior. Isto acontece quando se executa
o travamento de uma parede interior com uma parede exterior, quando por alguma
razão fica mais fácil encaixar o tijolo, ou ainda na execução de cunhais. De acordo
com Martins e Jâcome (2005) esta prática, já estudada em Portugal, não é correta.
5 JÂCOME, C. C.; MARTINS, J.G. Reabilitação: Identificação e tratamento de patologias em
edifícios. 1. Ed. 2005
45
Quando o tijolo fica com os furos voltados para o exterior, proporcionará um possível
ponto fraco para infiltração de água. Com efeito, considera-se correto depois de tal
avaliação, acrescentar mais um conhecimento.
14 Não deixar furos do tijolo em paredes de fachada, voltados para o exterior.
Ombreira, em Portugal, a parte lateral da janela que sustenta a verga. Uma vez
que esta está em contato com o exterior não é aconselhável também deixar os furos
do tijolo voltados para o exterior, usando então o tijolo com os furos voltados para
cima.
Fonte: Identificação e tratamento de patologias em edifícios (2005)
Figura 13 - Cunhal exterior bem executado Imagem 2 - Cunhal exterior mal executado
Fonte: Identificação e tratamento de patologias em edifícios (2005)
Fonte: Manual de Alvenaria de Tijolo (2000)
Imagem 3 - Ombreira mal executada Figura 14 - Ombreira bem executada
Fonte: Manual de Alvenaria de Tijolo (2000)
46
Ferramentas:
Escantilhão
Esquadro
Prumo de face
Nível de bolha
Linha de pedreiro
Régua de alumínico
Martelo de corte
Colher de pedreiro
Argamassadeira
Lápis de pedreiro
Equipamentos de segurança:
Sapatão
Capacete
Óculos
Luvas
2.2.5 Colocação de vergas e contra vergas
O fato de existirem vão, de janelas ou portas, exige a construção de vergas e
contra vergas, para que assim os esforços sejam melhor distribuídos.
Podem ser moldadas no próprio local, ou então pré-moldadas. O mais comum é
estas serem Pré-moldadas.
47
Fonte: Apostila do SENAI Goiânia, 2009
Fonte: Apostila do SENAI Goiânia, 2009
Figura 15 - Consequência de não usar verga e contra verga
Figura 16 – Uso de vergas e contra vergas
48
2.2.5.1 Verga
“Viga de concreto armado colocada sobre as aberturas nas alvenarias, tais como,
vão de portas e janelas, com a função de sustentar os elementos construtivos sobre
elas e impedir a transmissão de esforços para as esquadrias, quando existirem.”6
Tabela 3 – Dimensionamento das Vergas
Verga
Vão (centímetros) Traspasse Mínimo
(centímetros)
Comprimento máximo
da parede (metros)
50 a 100 10 <8,0
100 a 180 20 <8,0
180 a 320 30 <12,0
Fonte: Apostila do SENAI Goiânia, 2009
2.2.5.2 Contra verga
“Viga de concreto armado colocada sobre as aberturas de janelas, com a função
de evitar o surgimento de trincas na alvenaria.”6
Tabela 4 - Dimensionamento de Contra - Verga
Contra - Verga
Vão (centímetros) Traspasse Mínimo
(centímetros)
Comprimento máximo
da parede (metros)
50 a 100 30 <8,0
100 a 180 40 <8,0
180 a 320 60 <12,0
Fonte: Apostila do SENAI Goiânia, 2009
6 SANTOS, Francisco Rodrigues dos. Aprendizagem Construção Civil: Apostila Pedreiro, Goiânia:
SENAI 2009
49
Procedimentos para colocação de verga e contra – verga:
1 Garantir a abertura correta, de acordo com o projeto, mais o espaço necessário
para colocar as esquadrias.
2 Ficar em perfeito prumo com a parede.
3 Ficar em perfeito nível, usando um nível de bolha, ou a referência de nível que é
mais ou menos 1 metro do contra piso pronto.
4 Ficar em perfeito alinhamento.
Ferramentas:
Prumo de face
Nível de bolha
Linha de pedreiro
Régua de alumínico
Colher de pedreiro
Argamassadeira
Equipamentos de segurança:
Sapatão
Capacete
Óculos
Luvas
2.2.6 Revestimento de paredes
2.2.6.1 Chapisco
“Camada irregular sem nenhum aspeto de acabamento feito de argamassa forte
aplicada sobre a superfície de alvenaria. Sua função é melhorar a união entre a
superfície da alvenaria e a camada do revestimento. O chapisco deve ser lançado
50
fortemente sobre a alvenaria com a colher de pedreiro. A camada aplicada deve
cobrir toda a alvenaria não ultrapassando 0,5 centímetros de largura.”7
Chapisco tradicional
Argamassa fluida de cimento, areia e água. Tendo as dosagens certas, esta
resulta em uma pelicula rugosa, aderente e resistente. Tem como desvantagem o
grande desperdício de material.
Processo de execução:
1 Colocar argamassadeira a uma distância de aproximadamente 1 metro.
2 Com a colher de pedreiro deitar uma quantidade na desempenadeira.
3 Tirar pequenas quantidades da desempenadeira e chapiscar a parede com a
colher de pedreiro.
4 Repetir o ponto 2 e 3.
7 SANTOS, Francisco Rodrigues dos. Aprendizagem Construção Civil: Apostila Pedreiro, Goiânia:
SENAI 2009
Fonte: Apostila do SENAI Goiânia, 2009
Imagem 4 – Chapisco tradicional
51
Ferramentas:
Argamassadeira
Colher de pedreiro
Desempenadeira
Chapisco industrializado
Apenas é necessário juntar água para a mistura, este é aplicado com a
desempenadeira dentada e é mais utilizado para chapisco da parte estrutural, como
é o caso do chapisco prévio dos pilares, quando estes encontram com paredes de
alvenaria. Este tem elevada produtividade e rendimento.
Processo de execução:
1 Colocar a argamassadeira a uma distancia de aproximadamente 1 metro.
2 Retirar uma pequena quantidade de argamassada com a própria
desempenadeira dentada.
3 Aplicar na estrutura a argamassa.
4 Repetir o ponto 2 e 3.
Ferramentas:
Argamassadeira
Desempenadeira dentada
Fonte: Apostila do SENAI Goiânia, 2009
Imagem 5 - Chapisco industrializado
52
Chapisco rolado
Mistura de cimento, areia e água com a adição de resina acrílica. Material
bastante plástico, sendo aplicado com um rolo para textura em várias demãos. Pode
ser aplicado na estrutura ou em alvenaria e é mais usual no chapisco da fachada.
Tem elevada produtividade e baixo desperdício de material.
Processo de execução:
1 Colocar a argamassadeira a uma distancia de aproximadamente 1 metro.
2 Mergulhar o rolo de textura na argamassa.
3 Aplicar chapisco no locar pretendido.
4 Repetir o ponto 2 e 3.
Ferramenta:
Argamassadeira
Rolo de textura
2.2.6.2 Taliscamento
Para facilitar a aplicação do revestimento, para que este fique uniforme e com a
espessura pretendida, fixa-se pequenas peças de madeira ou cerâmica em
pequenos pontos da parede, com a argamassa utilizada no revestimento. Estas
devem estar em perfeito prumo e nível, no encontro de paredes, parede com teto,
Fonte: Apostila do SENAI Goiânia, 2009
Imagem 6 - Chapisco rolado
53
parede com piso, deverá ser garantido o perfeito esquadro. A distância entre as
taliscas varia dependendo da régua usada, existe no entanto um raciocínio básico
que poderá ser aplicado. Se a parede tem 3 metros de altura e se dispõe de uma
régua de 2 metros, será preciso colocar 3 taliscas verticalmente, para que se possa
usar a régua de 2 metros. O mesmo raciocínio é feito para a horizontal. O
taliscamento deverá ser feito previamente em toda a parede a ser revestida, para
que a argamassa fique endurecida, fixando perfeitamente as taliscas para execução
das mestras.
Processo de execução:
1 Colocar a argamassadeira a uma distância máxima de 1 metro do local de
execução.
2 Iniciar a colocação das taliscas começando pelo fundo da parede e na direção
do comprimento desta.
2.1 Deixar um espaço de 50 centímetros da base da alvenaria até à talisca.
2.2 Esquadrejar as taliscas entre duas paredes que se encontram.
2.3 Colocar argamassa do revestimento e posicionar a talisca com o cabo da
colher de pedreiro.
2.4 A medida do revestimento deve ficar entre 1,5 a 2 centímetros.
3 Seguindo os passos do ponto 2 coloca-se as taliscas da parte Superior da
parede.
4 Colocar as taliscas intermedias tendo como referencia a linha fixada entre as
taliscas das extremidades.
54
2.2.6.3 Mestras
Depois de executadas as taliscas, procede-se agora às mestras. A apostila do
pedreiro do SENAI Goiás define estas como, “faixas estreitas e contínuas de
argamassa feitas entre duas taliscas, que servem de guia para a execução do
revestimento.” É nas mestras que será apoiada a régua metálica para realizar o
sarrafamento depois de chapada a argamassa entre elas.
Processo de execução:
1 Colocar a argamassadeira a uma distancia maxima de 1 metro do local de
execução.
2 Chapar argamassa entre as taliscas no sentido vertical.
Figura 17 - Verificação do prumo
Figura 18 - Colocação da linha de pedreiro
Fonte: Cartilha do pedreiro (2001)
Fonte: Cartilha do pedreiro (2001)
55
3 Com ajuda da regua metálica nivelar argamassa entre as taliscas, deixando
esta em perfeito plano e prumo.
2.2.6.4 Reboco
O reboco é uma camada de argamassa uniforme, que assenta no chapisco ou no
emboço quando executado. O reboco deve ficar em perfeito prumo, alinhamento,
nível e planicidade, não apresentando imperfeições. O reboco pode receber
diretamente a pintura ou então a aplicação de massa corrida. Uma vez que, não é
objetivo da massa corrida corrigir imperfeições do reboco, este devera estar
perfeitamente acabado, desempenado e filtrado.
Processo de execução:
1 Colocar a argamassadeira a uma distancia maxima de 1 metro do local de
execução.
2 Chapar massa entre as mestras, de baixo para cima.
Figura 19 - Execução das mestras
Fonte: Cartilha do pedreiro (2001)
56
3 Deve ser feito por etapas, primeiramente a parte baixa, seguidamente depois de
montagem de andaime, a parte alta.
4 Depois da parede devidamente chapada com argamassa proceder ao
sarrafamento, também de baixo para cima, garantindo assim o aplainamento da
parede.
5 Completar falhas com argamassa, usando a colher de pedreiro.
6 Retirar taliscas e completar o espaço com argamassa.
7 Depois de a parede devidamente sarrafada, desempenar a parede com uma
desempenadeira.
7.1 Molhar a parede com auxílio de um trinchão ou broxa.
7.2 Em movimentos circulares e aplicando uma certa pressão passar a
desempenadeira na parede.
8 Depois de a parede devidamente desempenada, executar a feltragem da
mesma.
8.1 Com o auxílio de uma esponja ou de uma desempenadeira de espuma,
realizar movimentos circulares sobre a parede.
9 Verificar se a parede ficou em perfeito prumo, esquadro, alinhamento e
planicidade.
Ferramentas:
Argamassadeira
Colher de pedreiro
Desempenadeira
Desempenadeira feltrada
Régua metálica
Esquadro
Prumo
Trinchão ou broxa
57
2.2.7 Revestimento de teto
Os conhecimentos que o pedreiro deve ter para execução do revestimento do teto
não diferem dos conhecimentos para revestimento de paredes. Como tal, apresenta-
se um processo de execução de acordo com a apostila do pedreiro SENAI Goiás.
Processo de execução:
1 Montar andaimes com ajuda do servente para execução do serviço, deixando
este em perfeitas condições de estabilidade.
2 Usar o cinto de segurança se a altura de trabalho o exigir e se trabalhar perto de
janelas ou sacadas.
3 Remover rebarbas de concreto.
4 Molhar o teto com ajuda do trinchão ou broxa.
5 Chapiscar o teto.
6 Aguardar cura do chapisco durante 3 dias no mínimo.
7 Verificar nível do teto.
8 Assentar taliscas, devidamente niveladas, nas extremidades.
9 Esticar a linha e assentar taliscas intermédias.
10 Executar mestras também devidamente niveladas.
12 Chapar argamassa entre as mestras.
13 Proceder ao sarrafamento depois da argamassa estar nas devidas condições.
13.1 Sarrafamento executado da frente para trás.
14 Encher as falhas com a colher de pedreiro.
15 Desempenar o teto.
16 Feltrar o teto.
Antes de qualquer revestimento as superfícies devem ser previamente molhadas.
Deverá, ser respeitados os tempos de cura de fase para fase. Uma prática
aconselhada, por observação em loco e diálogo com pedreiros, quando se procede
ao reboco de uma parede em que a alvenaria se encontra com a estrutura, depois
de devidamente chapiscada e com o tempo de cura aconselhado, é chapar massa
primeiro na estrutura e então depois na alvenaria, uma vez que esta endurece mais
58
lentamente na estrutura do que na alvenaria. Esta prática rentabiliza o tempo de
espera entre a fase de chapar argamassa e proceder ao sarrafamento.
Ferramentas:
Colher de pedreiro
Argamassadeira
Desempenadeira
Desempenadeira feltrada
Linha de pedreiro
Trinchão ou broxa
Balde
Régua metálica
Ponteira ou talhadeira
Marreta
2.2.8 Contrapiso
O contrapiso tem como finalidade corrigir imperfeições em relação ao nível
superior da laje, provenientes da concretagem, tal como corrigir declives, embutir
instalações, entre outros.
Procedimento de execução:
1 Retirar todo o entulho do ambiente, assim como qualquer material que possa
prejudicar a aderência do contrapiso.
2 Marcar o nível do piso de acordo com o projeto e transferir este usando a
mangueira de nível.
3 Não esquecer o desnível necessário para encaminhamento de águas, minimo
de 1%.
4 Executar taliscas
4.1 Molhar com agua o local e polvilhar com cimento para perfeita aderência.
4.2 Executar taliscas 2 dias antes da realização do piso.
4.3 Distancia máximo estre taliscas de 2 metros.
59
4.4 Esticar a linha para realizar taliscas intermedias.
5 Executar as mestras após dois dias.
5.1 Molhar com água e polvilhar com cimento para perfeita aderência.
5.2 Espalhar argamassa entre as taliscas numa espessura superior as taliscas.
Usar soquete para compactar argamassa. Argamassa deve estar em ponto de
farofa, ou seja, pouco liquida.
5.3 Usar a régua metálica e nivelar a mestra apoiando a régua nas taliscas.
5.4 Tirar as taliscas e preencher o espaço com argamassa.
6 Encher de argamassa entre as mestras numa espessura superior a estas.
6.1 Espalhar argamassa com uma enxada.
6.2 Compactar, preenchendo os espaços que ficam abaixo das mestras.
6.3 Executar sarrafamento com uma régua metálica.
7 Realizar acabamento de acordo com o tipo de revestimento a ser usado. O
contrapiso poderá apenas ser alisado ou ser desempenado.
8 Após o tempo de cura verificar caimento e refazer onde for necessário.
Figura 20 - Realização do contrapiso
Fonte: Cartilha do pedreiro (2001)
60
Ferramentas:
Colher de pedreiro
Argamassadeira
Desempenadeira
Desempenadeira feltrada
Linha de pedreiro
Trinchão ou broxa
Balde
Régua metálica
Ponteira ou talhadeira
Marreta
Soquete
Equipamentos de segurança:
Sapatão ou bota
Capacete
Luvas
Óculos
Cinto de segurança para revestimentos em altura
2.3 FORMAÇÃO DO CARPINTEIRO
“Operário que aparelha madeira e a arma em construções”8
“A profissão de carpinteiro exige bom senso, lógica e agilidade em tarefas tidas
como básicas a olhos leigos, tarefas como; riscar, esquadrejar, realizar leituras de
medidas em régua e trenas, serrar e pregar, que de certa maneira parecem simples,
porém, erros nessas tarefas básicas representam muitas vezes um acúmulo de erros
8 Dicionário da língua portuguesa, Acordo ortográfico, Porto: Porto Editora, 2011
61
que na execução de uma pequena edificação poderá representar desvios de
algumas dezenas de centímetros.”9
Um carpinteiro deve ter conhecimentos sobre leitura de medidas, quer lineares,
quer angulares, deve também ter conhecimentos sobre conversões de unidades.
Está formação será incluída na formação comum uma vez que se entende que esta
é necessária para qualquer profissional. Outro conhecimento que se considera
indispensável ao carpinteiro é ter conhecimentos de projetos que será também
abordado na formação comum. Existe uma razão para que estes conhecimentos se
incluam na formação comum que será explicada há posteriori.
Para escrever este exemplo de formação, seguiu-se: a ‘Apostila Montador de
Formas e Ferragens (2010)’, ‘Mestre de Obras – Volume III – Formas (2010)’ e
Barros e Melhado (2006). Mais uma vez se considera importante referir, que não se
pretende neste exemplo de formação, aprofundar os conhecimentos sobre materiais
ou técnicas inovadoras.
2.3.1 Conhecimentos/conceitos
Tal como o pedreiro, existem também para o carpinteiro conhecimentos/conceitos
que são indispensáveis e que acompanham este profissional na maior parte das
tarefas.
2.3.1.1 Marcações e riscos
A jeito de brincadeira a ‘Apostila Montador de Formas e Ferrangens (2010)’,
refere que para este fim o “olhômetro” ou “dedômetro” não funcionam, palavras que
embora incorretas traduzem o que acontece muitas vezes na construção. Marcações
e riscos exigem ferramentas adequadas para esse fim. Marcar e riscar corretamente,
é o primeiro passo para cortar e pregar de forma reta e precisa. Mais um dito da
apostila que não se pode contestar.
9 Curso de Qualificação em Construção Civil: Mestre de Obras – Volume III – Formas, Balneário
de Camboriú: SENAI 2010
62
Régua e esquadro, não serão ferramentas estranhas para um carpinteiro, essas
ferramentas possibilitam, marcar e riscar com retidão. Clareza também é
indispensável, como tal o carpinteiro deve usar lápis bem apontado ou giz de cera.
Evitar riscos sobrepostos é também uma regra importante, pois a pessoa que marca
pode não ser a mesma que corta. Então, o risco deve ser firme e reto, quando existe
um erro no risco, é melhor virar a peça e riscar novamente, eliminando assim a
incerteza.
Sendo o lápis de carpinteiro um lápis robusto e reforçado, o seu risco apenas
possibilita uma precisão na ordem dos centímetros, ou seja, medidas quebradas
como 1,5 centímetros devem ser arredondadas para 1 ou 2 centímetros.
2.3.1.2 Pregar
O simples ato de pregar, que parece inato e sem qualquer saber, exige
conhecimento. É através do prego que se garante a união entre as peças de
madeira. É quase certo que uma pessoa qualquer, quando enfrentada com a
afirmação, “quantos mais pregos unirem duas peças de madeira melhor”, dirá que a
afirmação é verdadeira, mas como refere a apostila do Montador de formas e
ferragens do SENAI de Santa Catarina, essa afirmação é falsa, pois “quanto mais
pregos, maior serão as separações causadas por estes entre as fibras da madeira,
diminuindo em muito a resistência de confinamento da madeira.”
A posição em que se prega o prego também influencia a sua eficácia, na figura 21
apresenta-se alguns exemplos.
63
Perceber as unidades utilizadas para nomear os pregos, é outro assunto
abordado nesta formação. Um carpinteiro deve saber qual o prego a utilizar e como
deve pedir esse prego quando necessário. No Brasil a maioria dos pregos são
nomeados nas medidas, FIEIRA PG10 X LINHAS PORTUGUESAS11. FIEIRA PG é
utilizada aqui para indicar a medida da bitola do prego. LINHA PORTUGUESA é a
medida usada para indicar o comprimento do prego, pelo que se deve multiplicar a
medida dada por 2,3 milímetros. A tabela apresentada em seguida, estabelece a
correspondência entre o nome do prego e as unidades em milímetros
10
Medida francesa que se refere a bitola dos arames padrão 11
Medida de uma linha portuguesa corresponde a 2,3 milímetros
Fonte: Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)
Figura 21 - Pregar corretamente
64
Existem ainda diferentes tipos de pregos, dependendo da sua utilização.
Apresenta-se na Tabela 6 os diferentes tipos de pregos, onde se utilizam e quais as
suas características.
Fonte: Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)
Tabela 5 – Designação dos Pregos
65
Tabela 6 – Aplicações e caraterísticas dos pregos
Pregos Normais com Cabeça
Aplicação:
- Montagem de formas para concreto –
Construção de casas
- Confeção de estruturas – Paletes –
Embarcações de madeira – Decoração
- Forros - Tapumes
Caraterísticas:
- Matéria – prima: Arame para pregos
- Cabeça: Cônica Axadrezada
- Ponta: Tipo diamante – com angulo de
55 graus no máximo
- Comprimento: Conforme especificação
- Acabamento: Polido / Galvanizado
Pregos Sem Cabeça
Aplicações:
- Assoalho e marcenaria em geral
- Rodapé
- Molduras de portas e janelas
Benefícios:
- Melhor acabamento, pois fica
escondido na madeira
Caraterísticas:
- Matéria – prima: Arame para prego
- Cabeça: Cônica lisa
- Corpo: Liso
- Ponta: Tipo diamante
- Acabamento: Polido / Galvanizado
Pregos com Cabeça Dupla
Aplicações:
- Ideal para montagem de estruturas de
madeira temporárias, como formas para
concreto e andaimes. Sua dupla cabeça,
trona mais fácil o arranque invitado
danos da madeira.
Caraterísticas:
- Matéria – prima:
- Cabeça: Cônica lisa
- Corpo: Liso
- Ponta: Tipo Diamante
- Acabamento: Polido / Galvanizado
Fonte: Pregos Paganini (2009)
66
Para terminar este tópico, apresentam-se algumas “regras de ouro para pregar
bem pregado”12
1 Antes de pregar madeiras duras, deve-se fazer um pré-furo com broca de
diâmetro igual ao do prego usado.
2 Como a ponta do prego funciona como uma cunha entrando na madeira, deve-
se dar uma achatada em sua ponta para evitar lascamento e rachaduras na
madeira.
3 Para realizar a retirada de pregos que entortaram na prega, utiliza-se uma
torquês ou o martelo.
4 Quando é necessário retirar um prego grande, utiliza-se um calço sob a unha do
martelo, evitando-se assim a quebra do cabo.
12
CÓRDOVA, Luiz Carlos dos Santos. Montador de Formas e Ferragens: Apostila do Carpinteiro de
Formas, Balneário de Camboriú: SENAI, 2010
Figura 22 - Pregar
Fonte: Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)
Figura 23 – Retirar prego
Fonte: Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)
Figura 24 – Retirar prego de grandes dimensões
Fonte: Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)
67
5 Quando se prega no sentido paralelo ao sentido das fibras da madeira, deve-se
colocar os pregos em desalinho, evitando que estes façam o afastamento das fibras
da madeira.
6 Iniciar a prega dando pancadas leves até se certificar que os pregos já estão
fixos o suficiente na madeira, entortá-los levemente para melhorar a união entre as
peças.
7 O afastamento dos pregos da beirada de uma peça deverá ser igual à
espessura da peça que esta a pregar.
Figura 25 – Pregos desalinhados
Fonte: Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)
Figura 26 – Perfeita união das peças
Fonte: Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)
Figura 27 – Afastamento
Fonte: Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)
68
Tem-se ainda conceitos já explicados na formação do pedreiro, mas uma vez
indispensáveis na profissão de carpinteiro serão novamente explicados e adaptados
às tarefas de carpinteiro.
2.3.1.3 Nivelamento
Estabelecer o perfeito plano horizontal das peças de formas é obviamente
importante. Usando o nível de bolha o carpinteiro deve durante a execução de
formas, quer seja pilares, vigas ou lajes, conferir sempre o nível. Usar sempre que
necessário a régua metálica para facilitar o nivelamento de distâncias maiores que o
nível de bolha. Previamente a execução dos pilares, as referências de nível devem
ser passadas para a laje. Mesmo que existam problemas de nivelamento na laje, as
formas devem ficar em perfeito nível, sempre corrigindo erros de nível que possam
existir na estrutura previamente executada.
2.3.1.4 Prumo
Verificando o prumo, garante-se o perfeito plano vertical. A estrutura irá suportar
todo o peso da construção, ao não se garantir o perfeito prumo das peças de
formas, pode-se comprometer em muito o bom comportamento da estrutura, tendo
consequências incontornáveis futuramente. Para verificar o prumo o carpinteiro ira
usar tanto o prumo de face, verificando se as paredes da forma estão em perfeito
plano vertical e usará também o prumo de centro, para garantir a centralidade dos
pilares em todo o seu comprimento.
O prumo deve ser verificado e fixado com o auxílio de mão francesa, no decorrer
da montagem da forma este deve ser constantemente verificado, uma vez que por
vezes existem pequenos movimentos.
69
2.3.1.5 Esquadrejar
Esquadrejar, para um carpinteiro é importante, desde a marcação e corte, ate à
montagem das formas. O esquadro de carpinteiro permite a este marcar ângulos de
90 e 45 graus de forma exata. Durante a montagem das formas, este garante a
perfeita perpendicularidade entra as faces da forma.
(montador de formas e ferragens)
Figura 28 - Conferencia de prumo
Fonte: AQUINO (2002)
Figura 28 - Riscar
Fonte: Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)
Figura 29 – Corte assistido
Fonte: Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)
70
Considerou-se importante uma pequena definição das peças usadas, apresenta-
se então, tais definições, tendo como referência a ‘Apostila de Técnicas de
Construção Civil e Construção de Edifícios’13.
2.3.1.6 Peças utilizadas na execução das fôrmas
Painéis
Superfícies planas, formadas por tábuas ou chapas, etc. Os painéis formam os
pisos das lajes e as faces das vigas, pilares, paredes.
Travessas
Peça de ligação das tábuas ou chapas, dos painéis de vigas, pilares, paredes,
geralmente feitas de sarrafos ou caibros.
Travessões
Peças de suporte empregadas somente nos escoramentos dos painéis de lajes,
geralmente feitas de sarrafos ou caibros.
Guias
Peças de suporte dos travessões. Geralmente feitas de caibros ou tábuas
trabalhando a cutelo (espelho), no caso de utilizar tábuas, os travessões são
suprimidos.
Faces
Painéis que formam os lados das fôrmas das vigas.
Fundo das vigas
Painéis que forma a parte inferior das vigas.
13
Milito, José António de. Técnicas de Construção Civil e Construção de Edifícios: Apostila,
Campinas: Pontifícia Universidade Católica de Campinas, sem ano.
71
Travessas de apoio
Peças fixadas sobre as travessas verticais das faces da viga, destinadas ao apoio
dos painéis de lajes e das peças de suporte dos painéis de laje (travessões e guias).
Cantoneiras
Peças triangulares pregadas nos ângulos internos das fôrmas.
Gravatas
Peças que ligam os painéis das formas dos pilares, colunas e vigas.
Montantes
Peças destinadas a reforçar as gravatas dos pilares.
Pés- direitos
Suportes das fôrmas das lajes. Geralmente feitos a de caibros ou varas de
eucaliptos.
Pontaletes
Suportes das fôrmas das vigas. Geralmente feitos de caibros ou varas de
eucaliptos.
Escoras (mãos - francesas)
Peças inclinadas, trabalhando a compressão.
Chapuzes
Pequenas peças feitas de sarrafos, geralmente empregadas como suporte e
reforço de pregação das peças de escoramento, ou como apoio extremo das
escoras.
Talas
Peças idênticas aos chapuzes, destinadas à ligação e a emenda das peças de
escoramento.
72
Cunhas
Peças prismáticas, geralmente usadas aos pares.
Calços
Peças de madeira os quais se apoiam os pontaletes e pés direitos por intermédio
de cunhas.
Espaçadores
Peças destinadas a manter a distância interna entre os painéis das formas de
paredes, fundações e vigas.
Janelas
Aberturas localizadas na base das fôrmas, destinadas a limpeza.
Travamento
Ligação transversal das peças de escoramento que trabalham a flambagem.
Contraventamento
Ligação destinada a evitar qualquer deslocamento das fôrmas. Consiste na
ligação das fôrmas entre si.
Uma vez apresentados os conceitos/conhecimentos e as peças utilizadas na
execução das formas, apresenta-se de seguida o processo de execução das formas,
segundo: ‘Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)’, ‘Mestre de Obras –
Volume III – Formas (2010)’, ‘Barros e Melhado (2006)’ e ‘Apostila de Técnicas de
Construção Civil e Construção de Edifícios’.
2.3.2 Formas de pilares
1 A locação dos pilares do 1º pavimento deve ser feita a partir dos eixos definidos
no gabarito, devendo-se conferir o posicionamento dos arranques. O
posicionamento dos pilares dos restantes pavimentos toma em conta os eixos e
níveis previamente marcados na laje.
73
2 A locação do gastalho de pé de pilar, que deverá circunscrever os quatro
painéis, deve ser perfeitamente nivelado e unido.
3 Apicoar o concreto na base interna do gastalho a fim de remover a nata de
cimento.
4 Limpeza dos arranques da armadura do pilar.
Imagem 7 – Locação pilares Imagem 8 – Prumo de centro
Fonte: Barros e Melhado (2006) Fonte: Barros e Melhado (2006)
Fonte: Barros e Melhado (2006) Fonte: Barros e Melhado (2006)
Imagem 9 – Gastalho de pé de pilar Figura 30 – Gastalho de pé de pilar
74
5 Fixar um pontalete guia, travado no gastalho e aprumado com o auxílio de duas
escoras em mão francesa.
6 Colocar as três faces do pilar, atendendo que fiquem solidarias com o gastalho
e aprumadas pelo pontalete guia.
7 Verificar nível do conjunto, marcar no pontalete guia a altura do pilar.
8 Conferir prumo, nível, e perpendicularidade do conjunto em cada operação.
9 Passar desmoldante nas faces internas da forma.
10 Colocar a armadura e todos os embutidos, ou seja, prumadas, caixas de
passagem, entre outros que possam existir.
Imagem 10 – Mão Francesa
Fonte: Barros e Melhado (2006)
Imagem 11 – Colocar armadura
Fonte: Barros e Melhado (2006)
75
11 Colocar espaçadores para garantir o recobrimento.
12 Fechamento da forma com a quarta face, nivelando e aprumando esta.
13 Conferir perpendicularidade da quarta face.
14 Em pilares com mais de 2,5 metros de altura, colocar janela de inspeção para
limpeza.
15 Executar o travamento da forma por meio de gravatas, tirantes, tensores e
encunhamentos.
Imagem 12 – Fechamento da forma
Fonte: Barros e Melhado (2006)
Fonte: Barros e Melhado (2006)
Figura 31 – Tensores
76
16 Conferir todo o conjunto antes de liberar para concretagem. Principalmente
verificar, prumo, nível, imobilidade, travamento, estanqueidade, armaduras,
espaçadores, esquadro e limpeza do fundo.
17 Acompanhar concretagem verificando comportamento das formas. A
concretagem poderá ser executada antes da execução das formas de viga e laje ou
posteriormente.
2.3.3 Formas de vigas
Em alguns casos as formas de viga são executadas posteriormente à
concretagem dos pilares. Mas é comum executar o conjunto de formas total da
estrutura e então depois proceder à concretagem.
Normalmente tem-se o seguinte procedimento:
Fonte: Apostila de Técnicas de Construção Civil e Construção de Edifícios
Figura 32 – Representação geral
77
1 Depois de limpos os painéis e passado o desmoldante, com rolo ou broxa,
lançar os painéis de fundo de viga, nos pilares já concertados, ou então sobre a
borda das formas de pilar. Colocar apoios intermédios com garfos espaçados de
aproximadamente 80 centímetros
2 Fixar os encontros dos painéis de fundo de viga nos pilares, garantindo que não
ficam folgas.
3 Nivelar o painel de fundo de viga aplicando cunhas nas bases dos garfos. Fixar
o nível com sarrafos pregados nos garfos. Repetir em todos os garfos até que o
conjunto fique nivelado.
4 Lançar e fixar os painéis laterias, devidamente nivelados e aprumados.
Fonte: Barros e Melhado (2006)
Fonte: Barros e Melhado (2006)
Imagem 13 – Paineis de fundo de viga
Imagem 14 – Painéis laterais
78
5 Verificar todo o conjunto para liberar a colocação da armadura.
6 Depois de colocar a armadura e embutidos, colocar espaçadores garantindo o
recobrimento.
7 Executar o travamento da forma com escoras inclinadas, chapuzes, tirantes,
tensores e encunhamentos.
8 Conferir todo o conjunto, verificando, alinhamento lateral, prumo, nível,
imobilidade, travamento, estanqueidade, armaduras espaçadores, esquadro e
limpeza do fundo.
9 Liberar e acompanhar a concretagem verificando o comportamento da forma.
Fonte: Apostila de Técnicas de Construção Civil e Construção de Edifícios
Fonte: Apostila de Técnicas de Construção Civil e Construção de Edifícios
Figura 33 – Travamento
Figura 34 – Representação geral
79
2.3.4 Formas de laje
O procedimento para a montagem das formas de laje, depende do tipo de laje que
se irá usar. Será apresentado neste tópico os procedimentos para execução de lajes
maciças.
1 Lançar e fixar as longarinas apoiadas em sarrafos guias pregados nos garfos
das vigas e em pés direitos.
2 Escorar as longarinas usando escoras de madeira ou metálicas, espaçadas de
1 a 2 metros.
Fonte: Barros e Melhado (2006)
Fonte: Barros e Melhado (2006)
Imagem 15 – Longarinas
Imagem 16 – Escoramento das longarinas
80
3 Lançar o assoalhado sobre as longarinas. Normalmente usa-se chapas
compensadas, usualmente chamadas de madeirite, ou tábuas de madeira.
4 Conferir o nível dos painéis do assoalhado, ajustando com cunhas nas escoras
ou ajustes nos telescópios.
5 Fixar os elementos laterais a fim de reduzir e eliminar as folgas, pregar os
assoalhados às longarinas.
Fonte: Barros e Melhado (2006)
Fonte: Barros e Melhado (2006)
Imagem 17 – Assoalhado
Imagem 18 – Conferir nível dos painéis
81
6 No caso de ser a laje zero, verificar contra flexa, usar o nível laser a fim de
garantir a exatidão no nivelamento.
7 Travar todo o conjunto.
8 Limpar e passar desmoldante.
9 Posicionar todos os pontos de passagem, prumadas, caixas, todos os
embutidos.
10 Liberar para colocação de armadura.
11 Conferir todo o conjunto por partes, verificando principalmente, nivelamento,
contra-flexa, alinhamento lateral, imobilidade, travamento, estanqueidade,
armaduras e espaçadores, esquadros e limpeza do fundo.
Depois de apresentados os processos de execução das diferentes formas,
considera-se igualmente importante apresentar os procedimentos de desforma.
2.3.5 Procedimento para Desforma
1 Respeitar o tempo de cura para início da desforma, que segundo a norma de
execução de estruturas de concreto armado ‚ dado por:
1.1 Três dias para retirada de fôrmas de faces laterais;
1.2 Sete dias para retirar as fôrmas de fundo, deixa-se algumas escoras bem
encunhadas;
Fonte: Barros e Melhado (2006)
Imagem 19 – Fixação
82
1.3 Vinte e um dias para retirada total do escoramento;
2 Execução do reescoramento (antes do início da desforma propriamente dita);
3 Retirada dos painéis com cuidado para não haver queda e danificá-los;
4 Fazer a limpeza dos painéis;
5 Efetuar os reparos (manutenção) necessários;
6 Transportar os painéis para o local de montagem;
7 Verificar o concreto das peças desformadas.
2.4 FORMAÇÃO COMUM
Neste tópico reuniu-se os conhecimentos comuns a todos os profissionais, antes
estudados. Seguindo uma lógica de formação, considera-se que estes tópicos
deveriam ser aprendidos enquanto o profissional ainda é servente, sendo que,
muitos deles são conhecimentos que o profissional deveria adquirir mesmo antes de
entrar na obra e outros que deveriam ser aprendidos de forma calma e sequenciada.
No entanto, como tal não se verifica, existindo serventes, carpinteiros, pedreiros,
entre outros profissionais, sem este tipo de conhecimento, optou-se por reuni-los
neste tópico. Sendo eles:
2.4.1 Lixo e reciclagem, separação e reaproveitamento
2.4.2 Segurança, saúde e higiene no trabalho
2.4.3 Leitura de desenhos e projetos
2.4.4 Matemática e física utilizada na construção
Uma vez que esta formação inclui um maior número de conhecimentos teóricos,
considera-se que esta poderá ser dada numa sala de aula.
2.4.1 Lixo e reciclagem, separação e reaproveitamento
A reciclagem é cada vez mais uma preocupação mundial, desse modo é
compreensível que na construção, onde existe grande produção de lixo de todo o
tipo, exista essa preocupação também. Incluiu-se então no treinamento os conceitos
de reciclagem, separação e reaproveitamento.
83
Primeiramente, tendo como referência Guerra (2009), decidiu-se explicar as
diferentes classes dos resíduos gerados na construção, com o objetivo de dar a
conhecer aos profissionais da construção os resíduos existentes.
Os resíduos de classe A, são reutilizáveis ou recicláveis agregados na construção
civil, como por exemplo: restos de tijolo, bloco, telhas, placas de revestimento,
argamassas e concretos.
Os resíduos de classe B, são resíduos recicláveis, tais como: plásticos,
papel/papelão, metais, vidros, EPS e madeira.
Os resíduos de classe C, são resíduos para os quais ainda não foi criado
mecanismos de reciclagem ou recuperação, um exemplo de resíduo dessa classe é
o gesso.
Os resíduos de classe D, são os resíduos considerados perigosos e não
recicláveis, como por exemplo: tintas, solventes, óleos, amianto e outros que
resultam de demolições, reformas e reparos de construções específicas, como
clínicas e indústrias.
Depois de apresentadas as classes e os tipos de resíduos existentes na obra, é
importante incutir em cada funcionário a prática de separar. Há grande
responsabilidade, neste objetivo, das entidades de comando. Garantir espaços e
locais apropriados dentro de obra para depósito e separação de resíduos é
indispensável para este treinamento.
Depois de devidamente preparada a obra para a separação dos resíduos, dá-se
então inicio à consciencialização dos funcionários.
Seguindo-se a sequência da apresentação das classes, apresenta-se então, as
práticas que os profissionais deverão ter.
Resíduos de classe A, são mais reconhecidos em obra como entulho. Este tipo de
resíduo é normalmente recolhido pelo servente, o que não impede o treinamento de
84
todos os profissionais. Este tipo de resíduo deve ser recolhido e depositado em local
próprio, para reaproveitamento dentro da própria obra ou para reciclagem por
empresas especializadas. Um grande problema que se encontra na recolha deste
tipo de resíduo é a não consciência de separação, ou seja, junto com resíduos de
classe A, encontram-se restos de metal, madeira, plásticos, um pouco de tudo,
resumindo a questão. Por essa razão, o treinamento deve ser geral, para que haja
uma consciência comum em todos os profissionais. Se alguém está realizando um
aterro de resíduos de classe A e se apercebe que junto desses resíduos existe
madeira ou metal, deve recolher esses elementos e colocar no devido local.
Madeira e metal são resíduos de classe B, ou seja, são resíduos recicláveis,
juntamente com o plástico, papel/papelão, vidros e EPS. Estes resíduos não devem
ficar espalhados pela obra e para isso ser possível é indispensável o contributo de
todos. Existindo o devido local em obra para separação e reciclagem, é necessário
dar a responsabilidade a cada trabalhador para que essa separação e reciclagem
sejam possíveis. Sugere-se, então, nomear um trabalhador como responsável,
trocando este por semana. Esse trabalhador deverá verificar durante a sua semana
de responsável, se os resíduos estão no seu devido local e anotar quais as falhas da
semana. No final da semana deve passar essa informação à equipe de comando.
Assim, o trabalhador se sentirá responsável por esta prática e uma vez que será um
trabalhador diferente todas as semanas essa responsabilidade passará por todos.
Acrescenta-se, assim, a esta formação a prática de separação e de reciclagem,
duas práticas importantes. Madeira e aço, apesar de recicláveis e pertencentes à
classe de resíduos B, podem ser reaproveitados em obra. Dependendo de empresa
para empresa, os conceitos de reaproveitamento variam, mas acredita-se que uma
prática correta possa ser por exemplo, madeira superior a oitenta centímetros e aço
superior a sessenta centímetros, devem ser colocados em local separado da
reciclagem para que possam ser reaproveitados.
85
Todo o tipo de gesso também deverá ser acumulado em local próprio ou em
caçamba específica. Este será recolhido posteriormente por as entidades
competentes.
Resíduos contaminados mais comuns em obra são por exemplo as tintas, sacos
de textura ou grafeato, sacos de massa corrida, óleos e solventes. Estes devem ser
também, devidamente armazenados em caçamba específica que será recolhida
posteriormente pelas entidades responsáveis.
A existência de depósitos para separação, junto dos locais mais propícios à
existência de lixo e resíduos, facilitará sem dúvida a boa prática de reciclagem,
reaproveitamento e separação. Junto ao refeitório, por exemplo, deverão existir
depósitos apropriados para que o trabalhador possa, em seguida das suas
refeições, separar o seu lixo, devendo existir depósitos para lixo orgânico, papel e
plástico no mínimo.
Fonte: O autor 7/4/2012
Foto 1 - Reciclagem
86
Junto da betoneira deverá existir, sem dúvida, um depósito para papel e será
nesse depósito que o operador de betoneira deve recolher os sacos de cimento e cal
usados.
Uma prática interessante e de grande utilidade, referida por GUERRA (2009) é a
marcação no piso para acondicionamento inicial de resíduos de Classe A, ou seja,
durante o levantamento de paredes de alvenaria, chapisco ou reboco por exemplo,
fazer uma marcação no piso, propondo-se armazenar todos os resíduos produzidos
durante o serviço naquele local, para que depois possam ser recolhidos para o
acondicionamento final.
Foto 2 - Reciclagem junto ao refeitório
Fonte: O autor 7/4/2012
Imagem 20 - Reciclagem e acondicionamento inicial de resíduos classe A
Fonte: Guerra (2009)
87
2.4.2 Segurança, saúde e higiene no trabalho
Este tópico de segurança e higiene no trabalho, terá como base a NR18,
conversa com técnicos de segurança e a leitura atenta de trabalhos desenvolvidos
nesta área. Neste tópico o objetivo é transmitir os principais cuidados a ter com a
segurança, saúde e higiene no trabalho, tentando de uma forma simples e pouco
teórica consciencializar os trabalhadores do dever de cumprimento deste tópico.
Inicia-se esta consciencialização com a definição dos diferentes equipamentos de
segurança individual.
Capacete
Dispositivo básico de qualquer obra. Casco feito de plástico rígido, de alta
resistência à penetração e ao impacto. Rebate o material em queda para os lados,
amortecendo ainda o impacto. Deve estar sempre bem ajustado à cabeça do
funcionário.
Bota
Feita de PVC, com sola antiderrapante. Usadas para locais úmidos, inundados ou
com presença de ácidos. Estas podem ter canos até a virilha dependendo do
serviço.
Fonte: O autor 7/4/2012
Foto 3 - Capacete
88
Sapato ou sapatão
São de uso permanente em obra. No brasil não é obrigatório que este sapato
tenha biqueira e palmilha de aço. Em Portugal é obrigatório que o sapato, de uso
permanente em obra, tenha biqueira e palmilha de aço, protegendo assim o
funcionário do perigo de pisar um prego por exemplo, e ainda da possível queda de
material pesado no pé.
Luvas
É o equipamento com maior diversidade de especificações. Dependendo do
trabalho a desempenhar, existe um tipo de luva próprio. Tem-se por exemplo as
luvas de amianto, que resistem a altas temperaturas. As luvas de raspa de couro,
usadas para soldagem ou corte a quente, trabalhos com madeira, protegendo das
lascas. Luvas de borracha, que protegem as mãos e os braços do funcionário contra
choques elétricos, quando este realiza trabalhos com potencial risco de choque
elétrico. Existe também a luva de proteção para luvas de borracha, protegendo estas
de furações. As luvas em PVC, usadas por pedreiros quando trabalhar em contato
direto com concreto ou argamassa. Finalmente, não alongando demasiado, as luvas
de pano, utilizadas pelo funcionário em trabalhos normais, protegendo as mãos do
contato direto com os materiais.
Fonte: O autor 7/4/2012
Foto 4 – Luvas de Proteção
89
Óculos
Existem diferentes tipos de óculos para diferentes tipos de serviços. Apesar de se
verificar uma grande percentagem de funcionários, que não usa óculos de proteção,
os óculos são um equipamento fundamental para a proteção da visão.
Respirador de ar descartável e com filtro
O respirador de ar descartável é usado contra as poeiras. Nos serviços de
limpeza, onde normalmente não se verifica o uso de respirador, lembra-se que ele é
extremamente importante, cabendo às entidades de comando possibilitar a
utilização desses respiradores aos seus funcionários, quer aos que estão a executar
a tarefa como os que estão em seu redor.
Os respiradores de ar com filtro são normalmente usados para proteger o
aparelho respiratório contra gases e vapores.
Mascaras e escudos
Protegem o rosto e os olhos conta fagulhas incandescentes, raios ultra violeta em
soldagem, e ainda, contra possíveis materiais rígidos libertados durante o corte de
madeira ou aço. A diferença da mascara para o escudo, é que esta não ocupa o uso
de uma das mãos do funcionário.
Protetores Auriculares
Existem dois tipos de protetores mais habituais, o protetor tipo concha e o protetor
tipo Plug. Dentro de uma construção existe sempre ruido. Pelo que é aconselhável
que o protetor tipo Plug seja sempre usado, em qualquer situação. Para ruídos
excessivos como betoneira, serra circular, sapo, entre outros serviços que
provoquem ruídos maiores do que o habitual, deverá ser usado o protetor tipo
concha.
90
Aventais
Protegem o tórax, o abdômen e a parte dos membros inferiores do trabalhador.
Habitual na construção é o avental de raspa de couro. Para soldagens e corte a
quente. Verificou-se, por observação in loco, que este equipamento é pouco
utilizado, no entanto, a sua importância é extrema na realização de tarefas como o
corte de madeira e aço.
Cinturões
Protegem o trabalhador de uma possível queda em altura. Deve ser usado
sempre que o trabalho em altura seja superior a 2 metros.
Seguidamente à apresentação dos equipamentos de proteção individuais
seguem-se os de proteção coletiva. Equipamentos que, tanto os profissionais como
a empresa contratante, devem ter consciência da sua importância.
Guarda-corpos
São anteparos rígidos, com travessão superior, intermediário e rodapé. Estes
devem ser completos com tela ou outro dispositivo que garanta o fechamento seguro
das aberturas.
Plataformas ou bandeijão
A plataforma principal deverá ser instalada em todo o contorno do edifício, após a
concretagem da primeira laje, sendo apenas retirada no final da construção.
As plataformas secundários são instaladas em cada três pavimentos, sendo
retiradas após a vedação da periferia estar concluída.
91
Tela
É uma barreira protetora contra a projeção de materiais e ferramentas. Deverá ser
colocada desde a plataforma principal.
Tapumes ou galerias
Evitam o acesso de pessoas alheias às atividades da obra e protegem os utentes
da via contra a projeção de materiais.
Proteção contra incêndio
A obra deve ser provida de equipamento de proteção contra incendio tal como
pessoas treinadas para o primeiro combate ao fogo.
Sinalização de segurança
Esta sinalização identifica os locais e as máquinas que compõe o canteiro de
obras, alertando os perigos para os seus utilizadores, tipo de equipamento a usar e
cuidados.
2.4.2.1 Proposta de formação de segurança, saúde e higiene no trabalho
Após a análise de vários treinamentos, pode-se constatar que não existe uma
fórmula mágica para consciencializar o trabalhador. Alguns técnicos usam uma
forma mais dramática, mostrando imagens chocantes, outros técnicos usam técnicas
menos chocantes com mais diálogo e ainda existem técnicos que, de uma forma
mais divertida, inserem os seus conhecimentos na mente de cada funcionário. O
treinamento aqui proposto pretende seguir também uma linha mais divertida, uma
vez que se considera que esta será a maneira mais fácil de captar a atenção e
interesse do trabalhador.
Em primeiro lugar, para iniciar qualquer treinamento deve-se conhecer os
funcionários a treinar, para isso é indispensável avaliar as suas características.
92
Assim, por observação atenta ou pela realização de questionários simples, deve
procurar identificar-se: problema de saúde, uso de drogas, idade, escolaridade,
profissão maioritária, gosto de aprendizagem, iniciativa para qualquer solução e
trabalho em equipe. Neste trabalho será apresentado, mais à frente, um
questionário, proposto aos trabalhadores da construção, que engloba a avaliação de
outras características, no entanto, quando se fala em segurança, saúde e higiene
considera-se importante avaliar e posterior mente desenvolver estas características.
Depois de avaliadas as características, devem as entidades de comando, junto com
o técnico de segurança, definir os objetivos do treinamento e quais as necessidades
dos funcionários que irão ser treinados. Seguidamente deverá existir uma fase de
panejamento, posterior implementação e execução e, para terminar, uma avaliação
dos resultados. SEEWALD (2004), propõe um modelo para o desenvolvimento de
um treinamento, apresentado na figura 35.
93
Figura 35 – Desenvolvimento de um treinamento
Fonte: SEEWALD (2004)
94
Tabela 7 – Matriz de treinamento em segurança
Fonte: SEEWALD (2004)
Como proposta, considera-se importante incluir nesta tabela, um treinamento
diário de Lixo e Reciclagem. Será uma boa opção incluir este assunto no DDS
(Diálogo Diário de Segurança) da obra.
Num ambiente onde a escolaridade é mínima, onde problemas pessoais são
vários e demasiados, torna-se difícil passar uma mensagem que, na realidade, tem
como objetivo o bem do treinando. Ao contrário dos outros treinamentos que
pretendem melhor a qualidade da tarefa, e posteriormente melhorar a qualidade da
95
empresa, neste treinamento o objetivo é melhorar a condição de vida de cada
trabalhador. Aos olhos leigos torna-se quase incompreensível verificar algumas
condições de higiene, encontradas em algumas construções. Num olhar mais atento,
em que a maioria dos funcionários é pobre ou saiu da pobreza, em que muitas vezes
as condições no próprio lar não são as melhores, em que na busca de uma melhor
condição de vida se sujeitam a qualquer trabalho e condição, talvez se perceba o
porquê da pouca preocupação destes, com a saúde, a higiene e a segurança. O
treinamento dos funcionários não passa apenas por transmitir teoricamente o que
devem ou não fazer, passa também por uma avaliação de cada profissional com
ajuda de psicólogos competentes, passa por um treinamento de auto valorização e
consciencialização de que a saúde, a segurança e a higiene do próprio, têm valor.
Quer engenheiros, quer técnicos e mestre-de-obras, não têm uma formação para
saber lidar com pessoas, acabando por o fazer diariamente e com uma diversidade
de caracteres bastante significativa. Deve então, existir uma preocupação dos
considerados líderes, em procurar aperfeiçoar os conhecimentos de gerenciamento
de pessoas. Estes devem envolver-se diretamente com a formação, mostrando aos
funcionários que toda a empresa se preocupa com o bem-estar deles. Percebeu-se
por observação in loco, que o funcionário se sente valorizado quando percebe que o
engenheiro está presente e o valoriza, a participação ativa do engenheiro de obra
nas formações, de qualquer tipo, aumenta o grau de atenção dos funcionários. Dado
a sobrecarga de trabalho do engenheiro, infelizmente, apenas se observa essa
participação, numa minoria das construtoras.
No que se refere ao treinamento, este deve ser curto e motivador, é preferível dar
um treinamento curto em vários dias, do que um treinamento longo em apenas um
dia. Estes funcionários não estão habituados a ficar sentados a ouvir teoria durante
horas seguidas, dessa forma a sua atenção dispersa em treinamentos demasiado
longos. A apresentação de imagens, questões diretas ao funcionário e a aplicação
prática do que é aprendido na teórica, garante um nível de atenção do funcionário
maior.
Acredita-se que o primeiro passo para uma formação de segurança, é o
trabalhador ter consciência do que pretende futuramente para si próprio. Através de
96
imagens e escolha múltipla, faz-se o trabalhador refletir sobre o que é importante
para a sua vida. Importante conhecer bem o grupo treinado, para assim poder
adaptar estas imagens às características do grupo.
Como quer estar futuramente?
1 Cego, ou olhando?
2 Surdo, ou ouvindo?
3 Em cadeira de rodas, ou andando?
Estas são questões que se podem colocar, acompanhadas sempre por imagens
ilustrativas.
De seguida aos trabalhadores refletirem sobre as importâncias da sua vida, usa-
se o jogo dos erros ou das diferenças, para que estes possam por eles próprios
identificar os erros que podem impedir a maneira que cada um se vê no futuro.
“se você olhar para os riscos, você irá encontrá-los, se você não olhar para os
riscos, eles encontrarão você”14.
14
Hinze (1997).
97
Um exemplo de como aplicar esses jogos é ilustrado da figura 36.
Figura 36 – Encontre os 7 erros da figura
Fonte: Vargas (1997)
Por fim, depois de o trabalhador ter consciência do que é importante na sua vida,
e depois de por ele próprio descobrir os erros nas imagens, é a altura certa de este
98
descobrir o que o protege em cada situação e iniciar com a consciencialização
teórica.
Acredita-se que a mensagem, quando se trata de segurança coletiva, não passa
apenas pela apresentação dos equipamentos de segurança coletiva, ate porque o
esforço de garantir este em obra, passa mais por as entidades de comando do que
pelos próprios funcionários. O importante aqui é consciencializar os funcionários de
que a segurança dos outros também depende das suas atitudes.
Colocar o guarda corpo no lugar quando antes foi necessário desviá-lo, não jogar
pregos no chão, avisar os colegas de um perigo existente, entre outros, são
exemplos de atitudes que o trabalhador deveria tomar, o que muitas vezes não
acontece.
Como já antes se referiu, parece ser incompreensível a falta de preocupação pela
higiene. A verdade é que é fundamental existir um treinamento sobre higiene
pessoal. Dessa forma a proposta de treinamento sugerida inicia dando consciência
ao trabalhador de como deve ser a sua higiene pessoal.
Tomar banho todos os dias
Escovar os dentes depois de refeições
Manter as unhas limpas e aparadas
Cabelos limpos e penteados
Barba feita ou devidamente tratada
Roupas limpas
Lavar mão e rosto antes das refeições
Usar copo individual
Usar talheres limpos
Depois de apresentados os cuidados que cada um deve ter a nível pessoal,
apresenta-se agora um conjunto de práticas que cada um deve ter para manter o
canteiro higiénico, preservando assim o bem-estar de todos.
99
Puxar a descarga
Deitar restos de comida na lixeira
Deixar limpo depois de usar
Respeitar os colegas
Usar os sanitários
Ao cumprir as condições de higiene, o trabalhador estará a prevenir uma série de
doenças, no entanto é importante referir alguns cuidados que cada trabalhador deve
ter, práticas para combater as doenças ocupacionais e ainda reações a possíveis
sintomas.
Mordidas de animais peçonhentos (cobras, escorpiões, aranhas, taturanas ou
lagartas).
O uso de luvas pode prevenir muitas vezes este tipo de acidente. Este acidente é
possível na construção, principalmente quando o funcionário vai levantar um certo
material de um local mais húmido ou há algum tempo depositado no mesmo local.
Em caso de ocorrência deste tipo de acidente, existe alguns procedimentos
importantes:
1 Não amarrar o membro acometido, o torniquete ou garrote dificulta a circulação
do sangue, podendo produzir necrose ou gangrena e não impede que o veneno seja
absorvido.
2 Não cortar o local da picada, alguns cortes provocam hemorragia e o corte
aumentará a perda de sangue.
3 Não chupar o local da picada, não se consegue retirar o veneno do organismo
após a inoculação. A sucção pode piorar as condições do local atingido.
4 Lavar o local da picada apenas com água e sabão, não colocar substâncias no
local da piada, como folhas, querosene, pó de café, pois elas não impedem que o
veneno seja absorvido e pelo contrário podem provocar infeção.
5 Não deixar que o acidentado beba querosene, álcool ou outra bebida, não
neutralizam a ação do veneno e podem provocar intoxicação.
6 Quando a picada é no pé ou perna, manter esta na posição horizontal, evitando
que o acidentado se mova.
100
7 Manter o acidentado em repouso. Levar este o mais rapidamente possível a um
serviço de saúde.
8 Não existe um prazo estabelecida para o atendimento adequado, contudo, o
tempo entre o acidente e o tratamento é um dos principais fatores para o
prognostico.
9 O soro é o único tratamento eficaz no acidente e deve ser específico para cada
tipo de picada.
Levantar pesos
Lentar pesos de forma inadequada, provocará graves danos no futuro. Por essa
razão os pesos devem ser erguidos como mostra a figura 37.
Não usar copos usados
É comum observar na construção, funcionários a beber do mesmo copo. Esta
prática é incorreta, provocando a transmissão de doenças através da saliva.
Não usar medicamento sem receita medica.
Algumas pessoas apresentam sintomas alérgicos a determinados medicamentos,
o uso destes deve ser controlado por um profissional de saúde. Não deverá existir
qualquer tipo de medicamento em canteiro de obras, a não ser com receita médica
própria de cada funcionário.
Figura 37 - Levantar pesos corretamente
Fonte: DOURADO (2009)
101
2.4.3 Leitura de desenhos e projetos
Na formação de servente, propôs-se uma aprendizagem lenta e acompanhada de
projetos, acreditando que essa será a melhor forma de aprender de maneira bem-
sucedida. Na realidade de hoje, mestres-de-obras, carpinteiros e pedreiros que
numa formação ideal já saberiam interpretar projetos, ensinando aos serventes
aprendizes, também não o sabem. Dessa forma acrescentou-se este tópico na
formação comum como forma de combater essa falha.
A base desta proposta de formação são duas apostilas: ‘Leitura e Interpretação
de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)15’ e ‘Leitura e Interpretação de
Projetos (2000)16’. Numa linguagem simples e conteúdo sequenciado são um bom
exemplo de formação de leitura de desenhos e projetos.
É importante nesta formação começar pelos conhecimentos mais simples,
juntando a cada conhecimento imagens que simplifiquem a aprendizagem do
funcionário. Não se aprende a ler projetos em uma aula de treinamento, mas o
interesse de cada funcionário, que o acompanhará em todos os momentos de
aprendizagem, depende da primeira aula.
Escala
“ Você poderá tentar desenhar a sua casa em tamanho real num simples papel,
mas, já imaginou o tamanho que teria o papel? Então simplesmente desenha a sua
casa com medidas mais pequenas. Sem que se aperceba, você está a utilizar o
conceito de escala.”16
Uma casa tem dez metros de cumprimento, no desenho terá, como exemplo,
vinte centímetros. Reduziu-se cinquenta vezes o tamanho real. A escala usada foi
1:50, que se lê, um para cinquenta.
15
FIRMINO, Amilton Carlos. Formação Inicial e Continuada: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis, São Paulo: SENAI, 2010 16
Leitura e Interpretação de Projetos: Nível Básico, Belo Horizonte: Centro de Formação
Profissional Paulo de Tarso, Belo Horizonte: SENAI, 2000
102
O que se faz é uma redução de tamanho. Neste caso dividiu-se os mil
centímetros por cinquenta, obtendo assim os vinte centímetros usados no desenho.
O inverso poderá ser aplicado também. Tendo uma medida do desenho e a escala,
pode-se descobrir qualquer medida real. Imagine-se que a largura da figura 39 é dez
centímetros, rapidamente se poderá descobrir a medida real. Sendo a escala 1:50,
aos dez centímetros medidos no desenho multiplica-se cinquenta centímetros,
obtendo assim quinhentos centímetros. Isto significa que a casa tem cinco metros de
largura real.
Figura 38 – Redução em escala
Fonte: Leitura e Interpretação de Projetos (2000)
Figura 39 – Ampliação em escala
Fonte: Leitura e Interpretação de Projetos (2000)
103
Este procedimento pode ser aplicado a qualquer escala. Quando se quer
desenhar em papel um edifício, deve-se aplicar uma escala para reduzir o edifício,
uma vez que é impossível desenhar na escala real. Quando se quer descobrir a
medida real de um edifício desenhado, deve-se multiplicar a medida pela escala.
Cota
O conceito de cota é também importante para a interpretação de projetos. A cota
é um valor numérico que aparece na planta para passar a informação de distâncias,
medidas e padrões. Apenas com as cotas se consegue dar uma noção de dimensão
ao desenho.
Normalmente em arquitetura, para distâncias inferiores a um metro, apresenta-se
as medidas em centímetros e para distâncias superiores em metros, precedidas de
duas casas decimais.
As cotas de altura são normalmente marcadas tendo como referência o nível
zero, a figura 40 exemplifica de forma básica esse conceito.
Tem-se ainda as cotas horizontais e verticais, quer em plantas, quer em cortes.
Os conceitos de corte e planta, apenas serão aprendidos em seguida, como tal,
mostra-se apenas um exemplo de cota vertical.
Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)
Figura 40 – Cota de altura
104
A cota normalmente é colocada entre as duas linhas de chamada, no entanto há
situações em que esta não cabendo, se representa fora do intervalo.
É importante referir que as cotas apresentam sempre a distância real e não as
dimensões medidas na folha de projeto.
Projeções do projeto arquitetónico
Depois de se aprender o conceito de escala e cota, o próximo conceito a
introduzir na formação é o conceito de projeção.
A maneira como se representa os desenhos de projeto numa folha é muito
importante. Utilizando o plano vertical e o plano horizontal, será possível representar
numa folha de papel, todas as vistas de um edifício.
Figura 41 – Cota de horizontal
Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)
Figura 42 – Cota fora do intervalo
Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)
105
Para facilitar o entendimento do que é uma projeção, usa-se um dado no lugar do
edifício. Tem-se então: um dado comum, numerado de um a seis, um plano de
projeção, que se poderá imaginar ser uma folha de papel e um observador.
Figura 43 – Projeções
Fonte: Leitura e Interpretação de Projetos (2000)
Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)
Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)
Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)
Figura 44 – Modelo Figura 45 – Plano Projeção Figura 46 – Observador
106
Considere-se que a vista frontal do dado é a que tem apenas um ponto, a figura
47 mostra como se representaria essa vista no papel.
Ao se considerar a vista frontal o lado que tem apenas um ponto, a vista superior
é o lado que tem dois pontos e a vista lateral é o lado que tem três pontos.
Imaginando uma casa seria: a fachada de entrada ou principal, a fachada lateral e a
cobertura. Mostra-se com as duas imagens seguintes como se projetar estas duas
vistas, superior e lateral.
Figura 47 – Vista frontal do modelo
Figura 48 – Vista frontal ou fachada Principal
Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)
Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)
Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)
Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)
Figura 49 – Vista Superior
Figura 50 – Vista Lateral
107
Juntando os três planos de projeção nas suas devidas posições, observa-se o
resultado que a figura 52 seguinte demonstra.
De forma simples tem-se a projeção de três vistas do cubo, pode-se então retirar
o cubo, uma vez que não faz mais falta. Quando se olha um desenho, este aparece
desenhado em uma única folha de papel, ou seja, em um só plano. De seguida
pode-se então observar como proceder, para representar estas projeções em um só
plano.
Figura 51 – Fachada Lateral
Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)
Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)
Figura 52 – Projeções
108
Imagine-se que o plano de projeção frontal fica fixo, rodando o plano de projeção
horizontal para baixo e o plano de projeção lateral para a direita.
Atingiu-se o objetivo, agora em uma única folha de papel, ou seja, em um único
plano, tem-se as três projeções. Assim funciona com um projeto simples, tendo
apenas formas mais complexas, mas, a medida que se avança no treinamento,
ficará mais perto o resultado final.
Figura 53 – Projeções
Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)
Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)
Figura 54 – Rebatimento de projeções
109
Chama-se atenção que as linhas projetantes auxiliares, são apenas para ajudar a
compreender a matéria, e normalmente não aparecem em desenhos.
Corte
Estudou-se até agora como representar o exterior de uma peça, ou de uma
construção, mas, e o seu interior? Como representar? O conceito de corte irá
responder a estas questões. Imagine-se cortar uma habitação ao meio, abrindo-se
metade para cada lado. Ficará simples aplicar o conceito antes aprendido, de
projeções. Como é óbvio, é impossível cortar uma habitação ao meio, até porque o
projeto existe antes da habitação, mas, imaginar ajuda com certeza a aprender, e
esse é o objetivo nesta parte do trabalho.
Tem-se dois tipos de corte, o corte transversal e o corte longitudinal. O corte
longitudinal faz-se no sentido do comprimento do edifício, na medida que o corte
transversal se faz no sentido da largura do edifício. Apesar de não se chamar de
corte, tem-se ainda a planta baixa, para facilitar o entendimento diz-se ser um corte
que divide o telhado do pavimento, mostrando assim todas as divisões da habitação.
Através dos cortes e da planta baixa, pode-se então observar a posição de todas as
divisões da habitação, janelas e portas. Os cortes são perpendiculares ao piso,
enquanto a planta baixa é paralela a este.
Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)
Figuras 55 e 56 – Rebatimento de projeções
110
Figura 57 – Corte
Figura 58 – Planta Baixa
Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)
Figura 59 – Correlação das projeções
Fonte: Leitura e Interpretação de Projetos (2000)
111
Simbologia e convenções
Como se poderá imaginar é impossível ler qualquer projeto sem que existam
regras. Tal como qualquer jogo precisa de regras para ser jogado, assim acontece
com a leitura de projetos.
Desse modo serão inumeradas de seguida algumas regras, ou seja, alguns
símbolos e convenções necessários para a leitura de projetos.
No tabela a seguir, que tem como base a NBR 8403/1984, da ABNT, serão
apresentadas algumas linhas convencionais utilizadas nos projetos.
Tabela 8 – Linhas convencionais
Tipo e largura Emprego Exemplo
Contínua larga
Arestas e contornos de
superfícies de elementos
seccionados e visíveis.
Contínua estreita
Aresta e contornos
cujas superfícies visíveis
não foram seccionadas e
se encontram destacadas
das linhas mais próximas
do observador.
Contínua estreita
Linhas de chamada ou
extensão, linhas de cota,
linhas para representarem
pisos e azulejos e linhas
de construção do desenho.
112
Fonte: NBR 8403/1984
Depois de apresentados alguns tipos de linhas, apresenta-se de seguida como
representar os vãos das portas e das janelas, e ainda, como cotar estes.
Existem duas formas de cotar as portas em um projeto. Ambas as formas dão a
largura seguida da altura da porta. Na representação da porta também será indicado
o lado para onde irá abrir a porta. No exemplo a seguir tem-se que a largura da porta
é de oitenta centímetros e a altura é dois metros e dez.
Tracejada estreita Arestas e contornos
não visíveis.
Traço-ponto estreita e
larga na extremidade
Linha de corte.
Traço-ponto estreita
Linha de centro e de
simetria
Ziguezague estreita
Ruturas longas
113
De igual forma existem dois modos de cotar as janelas. Neste casa a largura será
um metros e vinte, enquanto a altura será um metro e cinquenta.
Como se poderá ver na figura 63. Na representação das janelas é apresentada
ainda outra medida. A medida do peitoril.
Depois de uma breve apresentação de alguns tópicos importante para leitura de
projetos, considera-se justo passar para a apresentação dos projetos em si. Neste
trabalho apenas será apresentado dois tipos de projetos. O projeto arquitetónico e o
projeto estrutural de formas. O projeto estrutural de armaduras não será
apresentado neste trabalho uma vez que as profissões estudadas não incluem o
profissional armador. Contudo, é uma profissão igualmente importante para ser
estudada futuramente.
Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)
Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)
Figura 60 - Porta Figura 61 - Porta
Figura 62 - Janela Figura 63 - Janela
Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)
Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)
114
2.4.3.1 Projeto Arquitetónico
Para iniciar o estudo de projetos arquitetónicos, considerou-se importante falar um
pouco sobre a sua representação. Para definir uma edificação é necessário vários
tipos de desenhos, tanto internos como externos. O seu conjunto dará a visão geral
de uma edificação.
Como desenhos da parte externa, tem-se: a fachada, a planta de cobertura, a
planta de situação e a planta de locação.
Fachada
O desenho da fachada não é mais do que imaginar olhar para a habitação,
diretamente para a porta de entrada, fachada frontal, ou diretamente para a lateral
da habitação, fachada lateral. Nos desenhos de fachadas serão visíveis as materiais
e o aspeto final que a habitação terá depois de construída.
Planta de locação
“imagine que você tenha ganhado o poder de voar! Lá de cima, verá a edificação,
bem como todos seus afastamentos em relação aos muros ou divisas do lote.”17
Logicamente ninguém tem o poder de voar, mas a planta de locação mostrará
assim onde o edifício será inserido dentro do lote.
17
Leitura e Interpretação de Projetos: Nível Básico, Belo Horizonte: Centro de Formação
Profissional Paulo de Tarso, Belo Horizonte: SENAI, 2000
Fonte: Leitura e Interpretação de Projetos (2000)
Figura 64 – Fachada
115
Planta de cobertura
A planta de cobertura é muitas das vezes apresentada em conjunto com a planta
de locação. Nela poderá ver-se o tipo de cobertura a usar e ainda qual a inclinação
para as águas, chamada de declividade.
Planta de situação
A planta de situação mostra o enquadramento da construção dentro da quadra
em que é construída. Mostra ainda as ruas próximas e qual a sua orientação.
Figura 65 – Planta de locação
Fonte: Leitura e Interpretação de Projetos (2000)
Fonte: Leitura e Interpretação de Projetos (2000)
Figura 66 – Planta de situação
116
Depois de apresentados os desenhos da parte externa da edificação, é momento
de apresentar os desenhos da parte interna. Agora a imaginação terá ser ainda
maior, para que a aprendizagem seja possível. Como desenhos internos tem-se: a
planta baixa e os cortes.
Planta baixa
Imagine-se fazer um corte horizontal, paralelo ao pavimento, um metro e meio
acima do piso. Quando se retira a parte de cima da habitação é possível observar
todas as divisões desta e ainda identificar onde se situam as janelas e as portas do
edifício.
Cortes
Ao contrário da planta baixa, os cortes são verticais ao piso. Imagine-se então
cortar a edificação no sentido da largura e no sentido do comprimento. Estes cortes
darão informações preciosas, tais como: altura dos peitoris, portas, telhados, pé
direito, ou seja, altura de casa andar, escadas, espessuras dos pisos, espessuras de
lajes e níveis de referência.
Fonte: Leitura e Interpretação de Projetos (2000)
Figura 67 – Planta baixa
117
2.4.3.2 Projeto estrutural de formas
“Pode-se fazer uma comparação com o corpo humano, ou seja, as paredes,
rebocos, azulejos, tintas e acabamentos em geral representão a nossa pele e carne.
O que seria da pele e carne sem uma estrutura rígida que mantivesse a forma do
corpo?”18
A estrutura de um edifício, quando não executado em alvenaria estrutural, é de
concreto armado e este, está representado pelos projetos de forma e ferragem.
As formas, têm o objetivo de dar forma ao concreto, ou seja, manter este nas
dimensões pretendidas e apresentadas no projeto de formas. As formas, irão
funcionar como um molde, pelo que elas próprias são uma estrutura que terão de
aguentar com o concreto nelas depositado e com o peso das pessoas de serviço.
Por essa razão é demasiado importante uma leitura correta dos projetos.
O primeiro desenho que compões os projetos de formas é o projeto de locação de
tubulões. Nele pode ser observado as medidas entre os eixos dos tubulões, bem
como os afastamentos desses eixos em função das divisas do terreno. Dá ainda
informação sobre: cota de arrasamento ou nível de término de concretagem,
18
Leitura e Interpretação de Projetos: Nível Básico, Belo Horizonte: Centro de Formação
Profissional Paulo de Tarso, Belo Horizonte: SENAI, 2000
Fonte: Leitura e Interpretação de Projetos (2000)
Figura 68 - Cortes
118
diâmetro maior da base, fuste ou comprimento do tubulão, altura da base e rodapé
completando a base do tubulão.
O segundo desenho que compõe o projeto de formas é projeto de cintamento.
Nele tem-se informação sobre a estrutura do edifício (vigas baldrame, pilares e
sapatas) e ainda mostrar o sistema de ligação dos tubulões.
Uma vez considerado o nível de referência, o nível zero. Neste projeto o nível
superior de cintamento é o nível +12, observado na figura 69.
Através dos dois desenhos inumerados é possível conhecer os detalhes principais
das fundações de uma edificação.
Depois de estudada a fundação e definida com estes dois tipos de desenho, é
necessário definir os pilares, vigas e lajes para assim definir a estrutura completa.
Esses detalhes preciosos, serão retirados do projeto de vigamento. Nesse desenho
serão encontradas as medidas que terão os pilares, as vigas e as lajes.
Figura 69 – Projeto de cintamento
Fonte: Leitura e Interpretação de Projetos (2000)
119
Este desenho é obtido fazendo um corte um metro e meio acima do piso e
olhando de baixo para cima, contrariamente ao que acontecia nos projetos
arquitetónicos, nos projetos de locação de tubulões e cintamento.
Em projetos de vigamento, as cotas e as referências de nível, sempre serão
representadas no nível superior da laje, tal acontece, mesmo que as lajes tenham
espessuras diferentes. O nível superior é único, ficando as diferenças para o nível
inferior.
Tal como nos projetos arquitetónicos, os projetos de estruturais de formas,
apenas ficarão completos, quando acompanhados por cortes. Estes irão conter
alturas de blocos, cintas, pilares, vigas, lajes, pé direito e outros detalhes
importantes de fôrmas.
As peças apresentadas com linhas grassas, são as peças cortadas pelo corte, as
que apresentam linha media, são visíveis mas não cortadas e as linhas finas darão
indicações uteis como cotas e medidas.
Figura 70 – Projeto de vigamento
Fonte: Leitura e Interpretação de Projetos (2000)
120
2.4.4 Matemática e física utilizada na construção
2.4.4.1 Conhecimentos de física
1 Unidades de comprimento:
Quilometro (km)
Metro (m)
Decímetro (dm)
Centímetro (cm)
Milímetro (mm)
Conversões:
Fonte: Leitura e Interpretação de Projetos (2000)
Figura 71 – Cortes estruturais
121
2 Unidades de área:
Metro quadrado (m2)
Decímetro quadrado (dm2)
Centímetro quadrado (cm2)
Milímetro quadrado (mm2)
Conversões:
3 Unidades de volume:
Metro cúbico (m3)
Decímetro cúbico (dm3)
Centímetro cúbico (cm3)
Milímetro cúbico (mm3)
Conversões:
4 Unidades de massa:
Tonelada (t)
Quilograma (Kg)
Grama (g)
Conversões:
122
Leitura de medidas lineares e angulares
Este tópico tem como base a ‘Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)’.
Medidas lineares
São medidas diretas, usando trena, régua, metro articulado ou escalímetro, ou
seja, medidas em linha.
O funcionário deve ter grande atenção na leitura dessas medidas por trena ou
régua, meio esse pelo qual transfere as medidas do projeto para a realidade. De
seguida explica-se alguns conceitos sobre leitura dessas medidas.
Uma vez que não se utilizam na construção, leituras em milímetros, apresenta-se
em seguida o conceito de arredondamento.
Fonte: Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)
Figura 72 – Leitura de medidas
123
De forma prática na construção, usa-se um critério simples para
arredondamentos. Até ao terceiro traço de milímetros depois do traço que marca os
centímetros e o meio centímetro, arredonda-se para baixo. Depois do terceiro traço
de milímetros arredonda-se para cima, ou seja, 1,3 centímetros é aproximadamente
1,5 centímetros e 1,2 centímetros é aproximadamente 1 centímetro.
Na leitura de medidas lineares deve ter-se em conta se a trena esta devidamente
esticada, evitando erros. No caso de metro articulado este deve estar perfeitamente
reto.
Medidas angulares
Usadas para representar ângulos na construção. São sempre apresentadas em
graus e na construção normalmente se encontra noventa graus (90º) e quarenta e
cinco graus (45º).
Para leitura dos ângulos ou marcação destes, utiliza-se o esquadro. É a única
ferramenta confiável para marcar ângulos, pode-se usar também métodos
matemáticos posteriormente explicados.
Figura 73 – Arredondamentos de medidas
Fonte: Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)
124
2.4.4.2 Conhecimentos matemáticos
Conhecimentos simples de matemática, mas de alguma forma essenciais para o
bom desempenho deste profissional, são de seguida enumerados. Note-se que o
número de profissionais sem estes conhecimentos é elevado. Por um lado porque
estes são pessoas sem escolaridade, por outro porque não há a preocupação das
entidades gestoras de passar tais conhecimentos a estes profissionais.
Figura 74 – Medições angulares
Fonte: Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)
125
Teorema de Pitágoras
Usado para verificação de ângulos de 90 graus, o denominado esquadro na
construção. Num triângulo retângulo, ou seja, com um dos ângulos de 90 graus, o
lado maior multiplicado por si mesmo, é igual a somo dos lados menores
multiplicados por eles próprios.
Regra dos três simples
Importante para compreensão dos traços de argamassa ou concreto.
Quando se diz que o traço de argamassa, é por exemplo 1:2:8, isto significa que a
argamassa tem 1 balde de cimento, 2 baldes de cal e 8 baldes de areia. Se por
algum motivo se quiser fazer argamassa com 2 baldes de cimento, quando de cal e
areia se tem de usar?
Importante para a conversão de escalas.
Quando se diz que a escala de determinado projeto é de 1:2000, significa que
1cm no projeto equivale a 2000cm na realidade, ou seja 20m. Se no projeto se medir
7,5 centímetros, quando equivale na realidade?
5 4
3
126
Cálculos
Tabela 9 – Cálculo de áreas
Fórmulas para calcular áreas
Nome da figura Desenho/geome
tria
Fórmula de
Área
Descobrir a
área de um
assoalho, ou
saber a áreas do
lado de uma viga
para saber a
quantidade de
folhas de Madeirit
que se precisa.
Quadrado a x a
Retângulo a x b
Paralelogramo b x h
Trapézio h/2 x (b1+b2)
Circulo 3,14 x r x r
Triângulo (b x h) / 2
Elipse 3,14 x r1 x r2
Fonte: Apostila de Formas e Ferragens (2010)
127
Tabela 10 – Cálculo de volumes
Fórmulas para calcular volumes
Nome da
Figura
Desenho /
Geometria
Fórmula de
Volume
Emprego
Prático
Cubo a x a x a
Quantidade de
concreto para
preencher um
pilar, uma laje ou
uma viga.
Paralelepípedo a x b x c
Cilindro 3,14 x r x r x h Quantidade de
água que cabe
dentro de uma
caixa de água ou
tambor.
Fonte: Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)
3 O PROCESSO DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA
CONSTRUÇÃO
Nem todos nascem para realizar o mesmo trabalho e na construção civil não é
diferente. Observa-se hoje em dia, que um elevado número de funcionários de
construção, não deveria ter essa profissão. Não apresentam as competências, nem
sequer a capacidade para adquirir essas competências. O mercado aquecido, que
provoca a imensa necessidade de mão-de-obra, e as baixas exigências de
escolaridade, que permitem que qualquer pessoa trabalhe na construção, refletem a
fraca qualidade e a inexistência de perspetivas de crescimento profissional. A
rotatividade de pessoal tem sido amplamente discutida. As empresas de construção
ganharam força no mercado brasileiro, mas em contra partida os seus métodos de
seleção e recrutamento ficaram mais fracos. “ Existe uma correlação entro os
processos de recrutamento e seleção e os índices de rotatividade”19 Este tópico
19
CINTRA, G. A.; PEDROSO, R. Rotatividade de Pessoal: Um estudo de Caso em uma Empresa no Ramo de Construção Civil, Revista Olhar Científico – Faculdades Associados de Ariquemes – V.01, n.2 Ago./Dez. 2010
128
procura combater essa lacuna, analisando um possível funcionário, antes de este
ser recrutado. Há uma elevada perda de dinheiro na construção, por colocar o
funcionário certo no serviço errado e ainda, por admitir funcionários não sabendo
quais os serviços a esperar deles. O tempo que a empresa demora a perceber qual
o serviço que um funcionário desempenha melhor é demasiado longo e muitas
vezes, nem se apercebe que o funcionário é bom em determinado serviço. Sendo o
custo da mão-de-obra, o percentual maior dos gastos das empresas de construção,
tal falha não se justifica. Saber que serviço está em défice de mão-de-obra e que
funcionário se enquadra a esse serviço, trará lucro e diminuição dos prazos de
construção.
Ainda assim, o contrato de experiencia não perde o seu valor e significado. Este
deverá existir, permitindo avaliar e observar se as características previamente
analisadas correspondem há realidade e se o funcionário adquire ou tem facilmente,
as competências necessárias para a sua profissão.
3.1 LISTA DE COMPETÊNCIA DE UM ASSISTENTE OPERACIONAL
O profissional de construção civil é considerado um assistente operacional. De
acordo com o modelo de competências universal, tendo como base a lista de
competências SIADAP (Sistema Integrado de Avaliação de Desempenho da
Administração Pública) apresenta-se um conjunto de competências que um
funcionário de construção deverá ter, ou em último caso, apresentar a capacidade
de as adquirir.
3.1.1 Realização e orientação para os resultados
Capacidade para concretizar com eficácia e eficiência os objetivos do serviço e as
tarefas que lhe são solicitadas.
Um funcionário com esta competência demostra os seguintes comportamentos:
1 Procura atingir os resultados desejados.
2 Realiza com empenho as tarefas que lhe são distribuídas.
3 Preocupa-se em cumprir os prazos estipulados para as deferentes atividades.
4 É persistente na resolução dos problemas e dificuldades.
129
3.1.2 Orientação para o serviço público
Capacidade de exercer a sua atividade respeitando os valores e normas gerais do
serviço publico e do setor concreto em que trabalha.
Um funcionário com esta competência demostra os seguintes comportamentos:
1 Assume os valores e regras do serviço, atuando com brio profissional e
promovendo uma boa imagem do setor que representa.
2 Tem habitualmente, uma atitude de disponibilidade para com os diversos
utentes do serviço e procura responder ás suas solicitações.
3 No desemprenho das suas atividades, trata de forma justa e imparcial todos os
cidadãos.
4 Respeita critérios de honestidade e integridade, assumindo a responsabilidade
dos seus atos.
3.1.3 Orientação para a segurança
Capacidade para integrar na sua atividade profissional as normas de segurança,
higiene, saúde no trabalho e defesa do ambiente, prevenindo riscos e acidentes
profissionais e/ou ambientais.
Um funcionário com esta competência demostra os seguintes comportamentos:
1 Cumpre normas e procedimentos estipulados para a realização das tarefas e
atividades, em particular as de segurança, higiene e saúde no trabalho.
2 Emprega sistemas de controlo e verificação para identificar eventuais anomalias
e garantir a sua segurança e a dos outros.
3 Tem um comportamento profissional cuidadoso e responsável de modo a
prevenir situações que ponham em risco pessoas, equipamentos e o meio ambiente.
4 Utiliza veículos, equipamentos e materiais com conhecimento e segurança.
3.1.4 Adaptação e melhoria contínua
Capacidade para se ajustar a novas tarefas e atividades e de se empenhar na
aprendizagem e desenvolvimento profissional.
Um funcionário com esta competência demostra os seguintes comportamentos:
130
1 Manifesta interesse em aprender e atualizar-se.
2 Vê na diversidade de tarefas oportunidades de desenvolvimento profissional.
3 Reage, normalmente, de forma positiva às mudanças e adapta-se, com
facilidade, a novas formas de realizar tarefas.
4 Reconhece os seus pontos fracos e as suas necessidades de desenvolvimento
e age no sentido da sua melhoria, propondo formação e atualização.
3.1.5 Iniciativa e autonomia
Capacidade de atuar de modo proactivo e autónomo no seu dia-a-dia profissional
e de ter iniciativas no sentido da resolução de problemas.
Um funcionário com esta competência demostra os seguintes comportamentos:
1 Executa as tarefas de forma crítica identificando os erros e deficiências.
2 Propõe soluções alternativas aos procedimentos tradicionais.
3 Sugere novas práticas de trabalho com o objetivo de melhorar a qualidade do
serviço.
4 Resolve com criatividade problemas não previstos.
3.1.6 Inovação e qualidade
Capacidade para executar atividades e tarefas de forma critica e de sugerir novas
práticas de trabalho para melhorar a qualidade do serviço.
Um funcionário com esta competência demostra os mesmos comportamentos que
um funcionário com iniciativa e autonomia.
3.1.7 Otimização de recursos
Capacidade para utilizar os recursos e instrumentos de trabalho de forma eficaz e
eficiente de modo a reduzir custos e aumentar a produtividade.
Um funcionário com esta competência demostra os seguintes comportamentos:
1 Preocupa-se com o aproveitamento dos recursos postos à sua disposição.
2 Adota procedimentos, a nível da sai atividade individual, para redução de
desperdícios e de gastos supérfluos.
131
3 Utiliza os recursos e instrumentos de trabalho de forma correta e adequada,
promovendo a redução de custos de funcionamento.
4 Zela pela boa manutenção e conservação dos materiais e equipamentos,
respeitando as regras e condições de operacionalidade.
3.1.8 Organização e método de trabalho
Capacidade para organizar as suas tarefas e atividades e realizá-las de forma
metódica.
Um funcionário com esta competência demostra os seguintes comportamentos:
1 Verifica, previamente, as condições necessárias á realização das tarefas.
2 Segue as diretivas e procedimentos estipulados para uma adequada execução
do trabalho.
3 Reconhece o que é prioritário e urgente, realizando o trabalho de acordo com
esses critérios.
4 Mantém o local de trabalho organizado, bem como os diversos produtos e
materiais que utiliza.
3.1.9 Responsabilidade e compromisso com o serviço
Capacidade para reconhecer o contributo da sua atividade para o funcionamento
do serviço, desempenhando as suas tarefas e atividades de forma diligente e
responsável.
Um funcionário com esta competência demostra os seguintes comportamentos:
1 Compreende a importância da sua função para o funcionamento do serviço e
procura responder ás solicitações que lhe são colocadas.
2 Reponde com prontidão e com disponibilidade.
3 É cumpridor das regras regulamentares relativas ao funcionamento do serviço,
nomeadamente no que se refere á assiduidade e horários de trabalho.
4 Responsabiliza-se pelos materiais e equipamentos que tem a seu cargo.
132
3.1.10 Relacionamento interpessoal
Capacidade para interagir, adequadamente, com pessoas com diferentes
caraterísticas, tendo uma atitude facilitadora do relacionamento e gerindo as
dificuldades e eventuais conflitos de forma ajustada.
Um funcionário com esta competência demostra os seguintes comportamentos:
1 Tem um trato cordial e afável com colegas, supervisores e os diversos utentes
do serviço.
2 Trabalha com pessoas com diferentes características.
3 Perante conflitos mantém um comportamento estável e uma postura
profissional.
4 Afirma-se perante os outros, sem ser autoritário nem agressivo.
3.1.11 Tolerância à pressão e contrariedades
Capacidade para lidar com situações de pressão e com as contrariedades de
forma adequada e profissional.
Um funcionário com esta competência demostra os seguintes comportamentos:
1 Mantém-se produtivo mesmo em ambientes de pressão.
2 Perante situações difíceis mantém o controlo emocional e discernimento
profissional.
3 Consegue gerir de forma equilibrada as exigências profissionais.
4 Aceita as críticas e contrariedades.
3.1.12 Trabalho de equipa e cooperação
Capacidade para se integrar em equipes de trabalho e cooperar com outros de
forma ativa.
Um funcionário com esta competência demostra os seguintes comportamentos:
1 Integra-se em equipes de trabalho, dentro e fora do seu contexto habitual.
2 Tem habitualmente uma atitude colaborante nas equipes de trabalho em que
participa.
133
3 Partilha informações e conhecimentos com os colegas e disponibiliza-se para os
apoias, quando solicitado.
4 Contribui para o desenvolvimento ou manutenção de um bom ambiente de
trabalho.
3.1.13 Coordenação
Capacidade para coordenar, orientar e dinamizar equipes de trabalho com vista à
concretização de objetivos comuns.
Um funcionário com esta competência demostra os seguintes comportamentos:
1 Exerce, em regra, o papel de orientador e dinamizador de equipes de trabalho.
2 Assume, responsabilidades e tarefas exigentes.
3 Toma decisões e responde por elas.
4 É ouvido e considerado pelos colegas de trabalho.
3.1.14 Conhecimentos e Experiência
Capacidade para aplicar, de forma adequada, os conhecimentos e experiencia
profissional, essenciais para o desempenho das suas tarefas e atividades.
Um funcionário com esta competência demostra os seguintes comportamentos:
1 Aplicar, adequadamente, conhecimentos práticos e profissionais necessários às
exigências do posto de trabalho.
2 Emprega, corretamente, métodos e técnicas específicos da sua área de
atividade.
3 Identifica e utiliza os materiais, instrumentos e equipamentos apropriados aos
diversos procedimentos da sua atividade.
4 Preocupa-se em alargar os seus conhecimentos e experiência profissional para
melhor corresponder às exigências do serviço.
134
3.2 METODOLOGIA INERENTE AO PROCESSO DE SELEÇÃO E
RECRUTAMENTO
A metodologia proposta tem como referência uma metodologia apresentada por
OLIVEIRA (2009)20.
Que serviço está em défice de mão-de-obra? O que se pretende do funcionário a
contratar? Para que serviço se está a contratar este funcionário? Que competências
exige esse serviço?
Ao existir uma vaga de emprego é necessário uma preparação sequenciada, para
que a pessoa a recrutar, seja exatamente a pessoa necessária.
De um lado, a construtora precisa definir exatamente o que espera do funcionário
a contratar. Do outro, o funcionário precisa saber exatamente o que a empresa
espera dele.
A figura 75, mostra a metodologia sugerida neste trabalho.
20
Margarida Oliveira, Professora da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da
Universidade do Porto
Fonte: OLIVEIRA (2009)
Figura 75 - Metodologia
135
3.2.1 Análise de funções
Existe falta de mão-de-obra e é necessário contratar pessoas. O primeiro passo
que o contratante deve tomar, é conhecer exatamente a função, ou as funções para
as quais precisa de pessoas. Detalhar perfeitamente a função, “o que a função exige
do seu ocupante em termos de conhecimento, habilidades e capacidades para que
possa desempenhá-la adequadamente.”21
Para realizar essa análise, poderá seguir-se os seguintes métodos:
1 Diários ou Auto descrições pelos profissionais já contratados.
É pedido neste método, que os profissionais já existentes na empresa, escrevam
diários de obra, com vista a registarem os seus trabalhos do dia-a-dia.
O que se pretende com este registo, não é apenas que o profissional registe as
suas atividades e suas expetativas. Pretende-se que o profissional registe, o que
faz, onde faz, quais os contatos estabelecidos, como se comunica, quais os
resultados de determinadas ações, entre outras pormenorizações importantes.
Algumas limitações que este método apresenta são: Falta de precisão e
dificuldade de compreensão por parte dos profissionais, muitas vezes estes julgam
que a empresa os está a controlar demasiado, ou que o preenchimento dos diários
os pode prejudicar; Diferença entre o que é escrito e o que é relatado oralmente
pelos profissionais; Passar uma imagem distorcida, baseando-se no que parece ser
ideal e não no que é a verdadeira realidade.
2 Observação do desempenho de funções dos profissionais já contratados.
Técnica mais utiliza que consiste na observação presencial do desempenho do
profissional. Apenas deve ser usado este método quando a função é passível de ser
observada. Uma observação não estruturada pode dar origem a enorme quantidade
de informação muitas vezes não aproveitada.
21
OLIVEIRA (2009)
136
Algumas limitações são: Subjetividade do observador; Falta de conhecimento do
observador sobre a dificuldade de determinadas tarefas; Não possibilidade de
observar capacidades como o julgamento e a tomada de decisão.
3 Entrevistas a profissionais já contratados.
Permitem incluir um maior número de aspetos da função, pois os outros métodos
ficam centrados em especificações do posto de trabalho.
A entrevista centra-se no indivíduo e nas situações específicas, podendo obter
maior objetividade.
As limitações deste método são: Poder perder aspetos importantes, normalmente
os mais rotineiros; Dificuldade em convocar entrevistados ou amostras muito vastas,
devido muitas vezes à falta de tempo, ou falta de compreensão dos funcionários.
4 Questionários a profissionais já contratados.
Quando utilizados, apresentam uma forma bastante estruturada de obter uma
imagem ampla, incluindo aspetos de uma função, além de comportamentos críticos.
São concebidos a partir de informação recolhida em entrevistas iniciais, ou de
observação em conjunto com outros métodos.
Tem limitações quando aplicados por escrito e o grupo estudado apresenta
poucas qualificações ou nenhuma, caso da construção civil. Quando apresentam um
conteúdo demasiado complexo.
3.2.1.1 Plano de implantação
Um plano simples que poderá ser elaborado pela empresa que deseja contratar, é
de seguida apresentado
1º passo
Recolher documentação acerca da função que pretende contratar, por exemplo
manuais de formação. Relembra-se que não existem manuais de formação para
137
serventes, mas, neste trabalho foi proposto um exemplo de formação. É ainda
necessário recolher manuais sobre segurança, entre outros que se considerem
apropriados. Resumindo, neste primeiro passo, a empresa procederá a uma recolha
de informações já existentes.
2º passo
Analisar quais pessoas têm conhecimento sobre a função, dentro da empresa ou
fora da empresa. Analisar das pessoas com conhecimentos, quais desempenham
melhor a função, que finalidade tem a sua função, quais objetivos,
responsabilidades, relações e aspetos críticos.
3º passo
Entrevistar pessoas de chefia, como mestres-de-obras ou encarregados. Estes
têm conhecimento da função e de quais as suas finalidades, objetivos,
responsabilidades, relações e aspetos críticos.
4º passo
Entrevistar o titular, ou os titulares da função analisada. Obter informação
detalhada das tarefas e relações que fazem parte da função. Obter também
informação sobre os desafios da profissão e suas satisfações.
5º passo:
Observar o desempenho de profissionais dessa função. Não observar sempre na
mesma hora nem nos mesmos dias da semana. Ter sempre em atenção os fatores
externos possíveis de ocorrer.
138
6º passo:
Experimentar desempenhar algumas tarefas com o objetivo de obter um
conhecimento sobre as suas dificuldades, desafios e efeitos desagradáveis.
Desta forma quando a empresa tem em vista contratar alguém, já sabe
exatamente o que espera do contratado. Organizando o conteúdo da função e
respondendo a questões como: O que faz?, Quando faz?, Como faz?, Onde faz?,
Porque faz?
3.2.1.2 Relatório da análise de funções
O relatório da análise de funções, deverá conter as seguintes informações:
1 Designação, localização e posicionamento na empresa
2 Descrição
3 Formação possível
4 Experiencia necessária
5 Autonomia necessária
6 Responsabilidades que exige
7 Relações de trabalho
8 Esforço físico e psíquico exigido
9 Exigências motoras e sensoriais
10 Riscos profissionais
11 Condições de trabalho
12 Horário de trabalho e outras exigências
Terminado o relatório, aconselha-se mostrar este ao profissional, ou aos
profissionais estrela (funcionários considerados exemplo), para que possam dar o
seu parecer sobre a análise.
139
3.2.2 Perfil Funcional / Competências
O perfil funcional descreve o conjunto das competências requeridas pelos postos
de trabalho da organização. Este é composto por quatro pontos base:
1 Enquadramento organizacional
2 Descrição da função
3 Exigência da função
4 Competências
A título exemplificativo se traçará o perfil funcional do servente da construção civil,
apresentado na tabela 11. Note-se que este perfil tem como referência o exemplo de
formação servente, proposto neste trabalho.
140
Tabela 11 – Perfil Funcional do Servente
PERFIL FUNCIONAL
Profissão: Servente de Construção Civil
1. Enquadramento Organizacional
Serviço: Divisão de Obra
Local: Canteiro de Obras
2. Descrição da Função
Nível 1: Limpeza e organização da Obra
Nível 2: Compactação e aterro
Nível 3: Abertura de valas e poços
Nível 4: Fazer argamassa e concreto
Nível 5: Separar e cortar madeira
Nível 6: Acompanhar um profissional Pedreiro ou Carpinteiro
3. Exigências da Função
Habilitações: Saber ler e escrever
Formação: Não é necessário
Experiencia profissional: Não é necessário
Outras exigências: Vontade de aprender e evoluir de nível para nível com
objetivo de se tornar profissional.
4. Competências
Competências técnicas: realização e orientação para resultados; orientação
para segurança; adaptação e melhoria contínua; iniciativa e autonomia.
Competências pessoais: responsabilidade e compromisso com o serviço;
relacionamento interpessoal; tolerância à pressão e contrariedades; trabalho
em equipa e cooperação.
Fonte: O autor, adaptado de OLIVEIRA (2009)
3.2.3 Fontes de recrutamento
“O recrutamento é um termo comumente aplicado à descoberta e ao
desenvolvimento de boas fontes de candidatos necessários á organização, de modo
141
a sempre ter um número adequado de propostas de trabalho para preenchimento de
vagas.”22
As empresas de construção civil apresentam dificuldades no recrutamento de
mão-de-obra, algumas delas recorrem a profissionais especializados em
recrutamento para melhorarem essa lacuna, outras, não fazem qualquer tentativa de
melhorar o seu processo de seleção e recrutamento. “ As atividades de
recrutamento e seleção são essenciais para o bom desenvolvimento dos
profissionais em uma determinada organização.”23
Existem duas fontes de recrutamento, o recrutamento interno e externo. O
recrutamento interno busca encontrar profissionais com o perfil adequado,
conhecimento ou capacidade de adquirir este com o tempo dentro da própria
empresa. Um exemplo de recrutamento interno seria promover um servente para
ocupar um cargo de pedreiro, na existência de uma vaga de pedreiro na empresa. O
recrutamento externo busca recrutar pessoas de fora da empresa, da mesma cidade
ou de fora da cidade. Algumas empresas promovem cursos de formação
profissional, buscando pessoas com as capacidades pretendidas para a vaga.
Quando no recrutamento interno se promove um servente para pedreiro, abre uma
vaga para servente. Para preencher essa vaga a empresa procura mão-de-obra
exterior à empresa.
É importante que a empresa defina uma estratégia de recrutamento. Incluindo
uma divisão de recursos humanos dentro da empresa, com pessoas especializadas
para o recrutamento, ou recorrer a pessoas especializadas exteriores à empresa.
Acredita-se que a melhor opção será incluir no quadro estratégico da empresa
uma divisão de recursos humanos que conheça o dia-a-dia da empresa, que
selecione, recrute e acompanhe a mão-de-obra.
22
Araújo e Dias 2008, p. 03 23
CINTRA, G. A.; PEDROSO, R. Rotatividade de Pessoal: Um estudo de Caso em uma Empresa no
Ramo de Construção Civil, Revista Olhar Científico – Faculdades Associados de Ariquemes – V.01, n.2 Ago./Dez. 2010
142
3.2.4 Aplicação dos métodos de seleção
Existem vários métodos de seleção e avaliação. Em Portugal, na administração
pública, por exemplo, os métodos de seleção obrigatórios são: provas de
conhecimentos, avaliação curricular, avaliação psicológica e entrevista de avaliação
de competências. Na construção civil, talvez a avaliação curricular não faça muito
sentido, uma vez que sendo a maior parte pessoas sem grande qualificação escolar,
não existe preocupação na organização de um currículo. Talvez quando se trata de
um pedreiro, ou carpinteiro, seja interessante analisar o seu percurso e experiencia
na construção civil, mas, quando se trata de um servente, muitas das vezes este
nunca trabalhou na construção civil.
O processo de seleção procura o equilíbrio entre as características em busca e o
perfil do profissional.
As etapas para seleção dependem de organização para organização, existem no
entanto alguns procedimentos básicos que poderão ser aplicados. Entrevistas,
aplicação de testes psicológicos, dinâmicas e vivências de grupo, entre outros que
se considerem convenientes.
Fonte: CINTRA e PEDROSO (2010)
Figura 76 – Balança dos determinantes do processo de seleção
143
3.2.4.1 Testes psicotécnicos
Este tipo de testes é comum quando a empresa pretende contratar alguém para
os quadros estratégicos, mas, quando o objetivo é contratar um operacional de
serviço, as exigências no recrutamento diminuem. Salvando-se raras exceções, as
empresas de construção civil não se preocupam em realizar este tipo de testes com
um servente, pedreiro ou carpinteiro, o que se considera ser uma lacuna.
Os testes psicotécnicos procuram avaliar as aptidões cognitivo - intelectuais e as
aptidões psicomotoras.
Aptidões cognitivo – intelectuais
1 Raciocínio lógico
Importante para avaliar a capacidade de aprender e compreender instruções.
Qualquer profissional da construção civil, quer seja servente, pedreiro ou carpinteiro
vai ouvir instruções, por essa razão é logicamente importante que um futuro
funcionaria seja avaliado no que se refere à capacidade de ouvir e compreender
instruções, retirando delas os princípios fundamentais para solucionar o problema.
Se a empresa contrata um servente espera que um dia ele possa ser pedreiro e
espera também que o pedreiro melhore sempre as suas qualidades, saber aprender
e ter capacidade para aprender é mais um ponto a favor do futuro contratado.
2 Raciocínio aritmético
Analisar a capacidade de concentração é um dos tópicos avaliados neste tipo de
testes. É ainda importante, principalmente para um carpinteiro, apresentar
capacidades numéricas simples e alguma velocidade em cálculos simples.
3 Raciocínio espacial
A base de uma construção é o projeto. Como se poderá encontrar nas propostas
de formação deste trabalho, muito se fala sobre projeto e a importância de ensinar
144
projeto aos funcionários da construção. Por essa razão se explica a importância de
avaliar o raciocínio espacial. Mesmo que o funcionário ainda não saiba ler projeto,
através desta avaliação poderá analisar-se se apresenta ou não capacidades para
aprender.
4 Aptidão abstrata
Avalia a capacidade de lidar com situações novas, o que na construção muitas
das vezes acontece. Imprevistos e problemas de ultima hora, está longe de ser
inexistente na construção civil.
5 Precisão e velocidade percetiva
Capacidade e perceção, e precisão de compreender de forma correta o que se
escutou ou observou.
6 Aptidão mecânica
Capacidade de compreender princípios e leis da física. Não se pretende que um
trabalhador da construção civil seja um estudioso de física. Mas acredita-se da
possibilidade de adaptar este tipo de teste para perceber se o futuro funcionário
percebe conceitos básicos, tais como, noção do peso, identificar quando alguma
estrutura não resiste a elevado peso, entre outros que se considerem convenientes.
Aptidões psicomotoras
1 Velocidade de reação
Está relacionada com a velocidade de resposta a determinado estímulo. É
importante quer para o desempenho das funções, quer para a prevenção de
acidentes.
145
2 Coordenação bimanual
É um teste que envolve a velocidade para executar uma tarefa e a qualidade e
precisão com que se executa essa. Avalia ainda a capacidade para coordenar
movimentos diferente.
3 Reação complexa
Avalia a capacidade de resposta a determinado estímulo de natureza diversa.
Podem ser estímulos visuais ou auditivos. Claramente importante para a prevenção
de acidentes.
4 Destreza digital
Avalia a precisão e rapidez na manipulação de objetos. É importante dado o
elevado número de ferramentas e materiais diferentes, na construção civil.
5 Resistência à tremura
Avalia a firmeza na mão ou braço. Em trabalhos de precisão é um item a ter em
conta na construção.
3.2.4.2 Testes de personalidade
“As caraterísticas de personalidade são traços peculiares, permanentes, da
maneira de ser do indivíduo, que originam determinados comportamentos. São
inferidos e identificados a partir das suas demostrações visíveis, ou seja,
comportamentos e condutas.”24 “Segundo vários autores, as áreas de características
de personalidade mais abrangentes e consensuais são as BIG FIVE”24, sendo elas:
1 Extroversão, assertividade, expressão do impulso;
2 Concordância, caloricidade, docilidade;
24
OLIVEIRA (2009)
146
3 Conscienciosidade ou motivação para realização;
4 Estabilidade ou neuroticismo;
5 Intelectualismo ou abertura à experiencia.
Um exemplo de testes de personalidade são os testes projetivos. Estes levam a
que o individuo reaja inconscientemente a determinados estímulos, revelando os
seus pensamentos, atitudes e emoções. Parecem aparentemente não estruturados
encaminhando o individuo a revelar necessidades íntimas e perceções particulares.
3.2.4.3 Prova de grupo
Esta prova irá avaliar o comportamento do individuo em situações de trabalho em
equipa, analisando aptidões, competências e características do candidato
importantes para a função: Pensamento estratégico, capacidade de reagir sob
stress, cortesia, assertividade, iniciativa, resistência à fadiga, capacidade para gerir
conflitos, engenhoso, prático, entre outros que sejam considerados importantes.
3.2.4.4 Prova situacional
Estas provas procuram criar um ambiente que seja mais próximo da realidade.
São planeadas e aplicadas de igual forma que as provas em grupo variando apenas
no conteúdo, sendo a prova situacional próxima da realidade da função. Nesta prova
será avaliado o mesmo que a prova de grupo, mas em condições bem mais
próximas da realidade, o que tornará possível avaliar o domínio do tema.
3.2.4.5 Prova situacional individual
Visa sujeitar o individuo a situações reais. Pretende avaliar os conhecimentos do
individuo sobre a função e caso este não tenha conhecimentos, avalia a capacidade
para aprender e a rapidez com que adquire os conceitos necessários. Esta prova é
importante para perceber se o candidato tem aptidão para a função.
147
3.2.4.6 Entrevistas
É a etapa mais importante e a que mais influencia a decisão final. Uma grande
percentagem de empresas de construção civil realiza entrevistas antes de contratar
um funcionário, o problema é que dessa percentagem apenas uma pequena
percentagem tem pessoas especializadas ou treinadas para as realizar.
A entrevista visa avaliar informações que não podem ser fornecidas por escrito,
que não aparecem em carteira de trabalho. Visa confrontar o candidato com os
resultados obtidos em testes psicológicos. O entrevistador deverá ainda procurar
avaliar as aptidões verbais, os relacionamentos, os conflitos interpessoais, os
sentimentos, a persistência, entre outras características importantes.
Antes da entrevista deverá existir uma preparação por parte do entrevistador.
Este deverá conter: análise de funções e perfil funcional de competências,
identificação das competências, definição de competências pessoais e informações
sobre o candidato. O entrevistador deverá de seguida planificar / estruturar a
entrevista: construção de um guião para a entrevista, distribuição do tempo, análise
de resultados dos testes psicológicos e outras planificações importante. A conclusão
da entrevista deverá conter a avaliação dos candidatos que será transmitida a um
júri, por exemplo o dono da empresa, através de uma ficha individual de avaliação
ou dialogo.
Apresenta-se de seguida dois gráficos, o gráfico 1 mostra algum do conteúdo que
uma entrevista poderá reter e o gráfico 2 as competências a avaliar no servente com
questões que poderão ser colocadas. Apenas é usado o servente a título
exemplificativo.
148
Relacionamento interpessoal:
-Como se relaciona com os outros? Porquê?
-Perante um conflito organizacional, o que faz?
-Como trabalha com grupos de constituição variada? Conte um exemplo.
Tolerância à pressão e contrariedades:
-Como reage quando tem de mudar de serviço antes de terminar o que está a fazer? Porque?
-Sente-se bem quando avaliam e controlam o seu trabalho?
-Realiza de boa vontade tarefas que não são para a sua função?
Trabalho de equipa e cooperação:
-Integra-se bem em equipas de constituição variada? Porquê?
-Conte um episódio seu, de trabalho de equipa, que considere que foi muito bom.
-Como gere a informação e conhecimentos diversos, na sua equipe de trabalho?
Adaptação e melhoria contínua:
-Como reage a mudança constante de local de trabalho? Porquê?
-Está disposto a aprender? Porquê?
-É capaz de reconhecer as suas fraquezas e combate-las com formações e empenho?
Servente
Entrevista Motivo
Motivação
Experiência
Caraterísticas Competências
Objetivos
Sentimentos
Conflitos
Fonte: O Autor
Fonte: O Autor
Gráfico 1 – Conteúdo de uma entrevista
Gráfico 2 – Competência a avaliar no servente
149
3.2.4.7 Testes físicos
Considera-se que seria importante na construção civil, realizar testes ou provas
físicas, uma vez que são funções que exigem grande desgaste físico dos
profissionais. Visa avaliar a resistência, a fadiga e se o candidato apresenta ou não
problemas de saúde que o empeçam de realizar a função.
3.2.5 Escolha do candidato/contrato de experiência
Depois da escolha do candidato, pelos métodos de seleção, assume extrema
importância o contrato de experiencia. Acredita-se que um processo de
recrutamento e seleção planejado e organizado, junto com um bom
acompanhamento do profissional nos primeiros dias ou meses de trabalho,
contribuirá para uma menor rotatividade de pessoal, e também para um menor
desligamento, ou seja, falta de interesse, do profissional na sua função. Segundo
Cintia e Pedroso (2010), quando o recrutamento e a seleção preenchem,
necessariamente, o perfil do profissional para a atividade a ser desenvolvida,
menores são as chances de esse indivíduo buscar o seu desligamento ou ser
desligado. Eis que pode ser uma das causas da rotatividade de pessoas.
Nenhum método é infalível, pelo que a avaliação do candidato recrutado, durante
o contrato de experiencia é importante para confirmar ou desmentir toda a analise
antes efetuada através dos métodos de seleção.
4 A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO E LIDERANÇA
O objetivo inicial, de realizar um trabalho que visa orientar os profissionais de
comando, sobre como lidar com os profissionais de construção servente, carpinteiro
e pedreiro, não poderia deixar de incluir este tópico.
150
“O que faz com que o empregado seja leal à empresa para a qual trabalha? Com
que incentivo é que um trabalhador se entrega de alma e coração à fabricação de
um produto de qualidade?”25
Estas são perguntas que com certeza um empregador se faz constantemente. Da
mesma forma um empregado se questiona: “Será que o meu trabalho tem de ser tão
pouco satisfatório? O que é que eu posso fazer em relação a isso?”25
Para responder as estas questões, como uma possível solução Seligman (2008)
afirma: “Reestruturar o seu emprego para poder empregar as suas forças e virtudes
todos os dias não só torna o trabalho mais agradável, como também metamorfoseia
um trabalhado rotineiro ou uma carreira estagnada numa vocação. Uma vocação é a
forma mais satisfatória de trabalho pelas gratificações que lhe são inerentes e não
pelos benefícios materiais que traz. Apreciar o estado resultante de fluxo no
emprego ultrapassará em breve, prevejo eu, a recompensa material como razão
principal para trabalhar. As empresas que promovem este estado para seus
empregados ultrapassarão as empresas que confiam apenas na recompensa
monetária.”25
Num primeiro pensamento, talvez se considere ideológico demais, na construção,
as palavras de Seligman (2008), mas, em uma análise atenta depois de no tópico
anterior se apresentar o processo de seleção e admissão dos profissionais de
construção e seguindo o princípio de que qualquer pessoa é diferente da outra,
talvez seja necessário existir um melhor conhecimento do empregado dentro das
construtoras. Uma vez que com o processo de seleção, já se admitiu um funcionário
que reúne as características exigidas, é necessário aproveita-las e desenvolve-las.
Sabe-se que a construção apresenta várias lacunas. Lenoir Broch (2012) (
Presidente do SINDUSCON de Chapecó ) afirma: “Hoje as pessoas ainda ficam na
construção civil enquanto não encontram emprego em outras áreas. É preciso uma
política de valorização, remunerar e qualificar mais, para que os trabalhadores se
sintam atraídos.”,
É impossível deixar de concordar com esta afirmação e junto com ela dizer ainda,
que é preciso na construção civil criar condições para que os trabalhadores
desenvolvam o seu trabalho com prazer. Sabendo que cada melhoria nas suas
25
SELIGMAN, Martin E. P. Felicidade Autentica: Os princípios da psicologia positiva. 1ª edição,
Cascais, Portugal: Pergaminho SA, 2008, 209 p.
151
ações será valorizada, observada e elogiada. É necessário na construção civil,
aumentar a proximidade entre empregador e empregado. Combater o fato da que a
maior parte das construtoras ao serem incorporadoras esquecem a importância da
qualidade em seu benefício, alugando pessoas através de locadores de serviços, ao
qual se dá o nome de empreiteiros, esquecendo a importância de uma mão-de-obra
valorizada, formada e feliz. Da mesma forma que a mão-de-obra é afetada com os
prejuízos, deverá ser afetada com o lucro. O empregado deve sentir que faz parte do
grupo, e de uma forma transparente saber a realidade da empresa.
O conceito de liderança, também é importante neste tópico. Ser líder dentro da
construção civil, é ser líder de uma variedade enorme de carateres, muito mais
difíceis do que muitas vezes se imagina. Talvez por essa razão, junto com a falta de
tempo, os engenheiros se afastem da obra, ficando esta entregue aos mestres-de-
obras e encarregados, sendo que cada vez mais, ficam entregues a estagiários. A
presença do engenheiro é indispensável e esta deve ser constante. Será refletido
sobre o conceito de liderança que evoluiu a passos largos, junto com o conceito,
deverão evoluir, também, as entidades de comando.
Neste trabalho será refletido sobre liderança servidora, considerando este o
modelo mais eficaz atualmente. Hunter (2004) com o livro “ O Monge e o Executivo”
será a grande referência deste tópico.
“ Habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando
atingir aos objetivos identificados como sendo para o bem comum.”26
Na própria definição pode-se perceber que liderar não é obrigar as pessoas a
fazer, mas sim conseguir que as pessoas o façam de livre vontade. Esta é a
principal diferença entre o poder e a autoridade. Poder “é a faculdade de forçar ou
coagir alguém a fazer a sua vontade, por causa da sua posição ou força, mesmo
que a pessoa preferisse não o fazer.”26 “Faça isso ou despedirei você.” é um
exemplo de poder. Autoridade é “ a habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa
vontade o que você quer por causa da sua influência pessoal.”26 Como exemplo:
26 Dicionário da língua portuguesa, Acordo ortográfico, Porto: Porto Editora, 2011
152
“Erei corrigir os erros de reboco, porque o Carlos me pediu e eu sei que será bom o
cliente ver tudo certo.”
Aproveitando o exemplo anterior de autoridade, outro ponto demasiado
importante, é conseguir que o empregado realize o seu trabalho, tendo como
objetivo satisfazer o cliente e não o seu chefe. Verifica-se na construção que a
preocupação do funcionário não é realizar um trabalho bom para o cliente, mas sim
realizar um trabalho bom para não ser despedido, ou para não desagradar o chefe.
Muitas vezes, dado a falta de qualificação, o funcionário não sabe executar o serviço
e logo é despedido sem antes mesmo, tentar ensinar este a realizar bem feito.
Quando não é despedido é culpado e criticado sem que seja ouvido.
Ouvir, outra capacidade que uma entidade de comando deve ter. O simples fato
de saber ouvir um funcionário, contribui para que este trabalhe motivado. O
funcionário quando percebe que está a ser ouvido, compreende que a sua opinião
importa e assim assume também responsabilidades no serviço. Esta é outra falha na
construção, normalmente o engenheiro não tem tempo para ouvir os funcionários, e
dentro da empresa existem reuniões entre entidades de comando, mas, salvando
algumas exceções, raramente ou nunca, se realizam reuniões entre serventes,
pedreiros e carpinteiros. Acredita-se que dar voz a estes funcionários, poderia evitar
vários problemas, tais como, a não satisfação de necessidades fundamentais.
Algumas dessas necessidades serão enumeradas em seguida
“Quem quiser ser líder deve ser primeiro servidor. Se você quiser liderar, deve
servir.”, Jesus Cristo.
Quem está mais próximo do cliente? Está é uma questão que as entidades de
comando devem colocar a si próprias. “Eu posso até conhecer os clientes
pessoalmente e convidá-los para almoçar ocasionalmente, mas a coisa mais
importante está dentro da caixa quando ele tira a tampa. E a última pessoa a tocar
naquele vidro é o trabalhador.”27 É importante refletir sobre esta frase e perceber o
porque de na liderança servidora o funcionário ser colocado logo em seguida ao
cliente. O conceito passado do presidente no topo da pirâmide, tendo todo o poder e
praticamente obrigando os seus empregados a atingir os objetivos, está
27
Hunter, James C. O monge e o executivo / James C. Hunter; tradução de Maria da Conceição
Fornos de Magalhães. – Rio de Janeiro: Sextante, 2004
153
ultrapassado. Os funcionários devem procurar satisfazer os clientes e as entidades
de comando procurar retirar todos os entraves que impeçam este de atingir o seu
fim.
Infelizmente na construção, observa-se alguma desatenção e falta de
preocupação em identificar os entraves que impedem o funcionário de trabalhar
satisfeito, procurando satisfazer o cliente.
Gráfico 3 – Novo Paradigma
Fonte: Hunter (2004)
Liderança servidora é construída com relacionamentos. Acredita-se que na
construção seja importante também essa ligação, construindo uma equipa que
busca um bem comum, tendo lideres autoritários que identificam e eliminam os
problemas, sempre com respeito pelos funcionários. O gráfico 4 mostra este modelo
de liderança.
154
Gráfico 4 – Modelo de liderança
Fonte: Hunter (2004)
Para que se entenda o porque da palavra Amor neste modelo, apresenta-se de
seguida na tabela 12, a definição de varias qualidades de um líder, qualidades essas
que definem também o Amor.
“O amor é paciente, bom, não se gaba nem é arrogante, não se comporta
inconvenientemente, não quer tudo só para si, não condena por causa de um erro
cometido, não se regozija com a maldade, mas com a verdade, suporta todas as
coisas, aguenta tudo. O amor nunca falha.”28
28
Biblia Sagrada, Sociedades Bíblicas Unidas, Colômbia. 1 Coríntios 13 Cap.
155
Tabela 12 – Amor e liderança
Paciência Mostrar autocontrolo
Bondade Dar atenção, apreciação e incentivo
Humildade Ser autêntico, sem pretensão, orgulho ou arrogância
Respeito Tratar as pessoas como se fossem importantes
Abnegação Satisfazer as necessidades dos outros
Perdão Desistir de ressentimento quando enganado
Honestidade Ser livre de engano
Compromisso Ater-se ás suas escolhas
Resultados:
Serviços e
Sacrificios
Pôr de lado suas vontades e necessidades; buscar o maior bem para os
outros.
Fonte: Hunter (2004)
Não quer dizer com esta apresentação de liderança, que na construção não
existam maus trabalhadores. Existem sim e claro que os mestres-de-obras,
encarregados, estagiários e engenheiros devem estar atentos, por vezes até,
despedir estes funcionários contribuindo assim para que os trabalhadores que
realmente se esforçam e são bons se sintam valorizados por continuar a fazer parte
da equipa.
Antes comentou-se sobre algumas necessidades na construção civil. Há várias
necessidades na construção civil que contribuem para a motivação e bem-estar dos
funcionários. Começando pela higiene que se considera ser a mais importante.
Vários canteiros de obras se mostram com poucas condições de higiene, talvez por
a maior parte dos funcionários serem pessoas pobres e se sujeitarem a isso. Um
canteiro que proporcione ao funcionário o conforto durante o serviço e nos
momentos de pausa, irá contribuir de forma decisiva para a motivação do funcionário
e consequentemente para uma maior produtividade. Quando se fala em conforto,
fala-se por exemplo na existência de banheiros. Quantas vezes o funcionário tem de
descer vários andares para ir ao banheiro? Critica-se este por não respeitar a obra,
por vezes fazendo as necessidades em local indevido, mas, quantas obras
proporcionam ao funcionário um banheiro por andar, ou no mínimo, um banheiro de
dois a três andares? É importante olhar para estas questões como objetivos que a
construção deve alcançar. Satisfazer as necessidades básicas de qualquer
156
funcionário é fundamental para que exista uma mudança necessária da valorização
da construção.
Fonte: Boas práticas de construção de Maria Pantarolli
Fonte: Boas práticas de construção de Maria Pantarolli
Fonte: Boas práticas de construção de Maria Pantarolli
Fonte: Boas práticas de construção de Maria Pantarolli
Imagem 22 - Lavatório Imagem 21 - Bebedouro
Imagem 23 - Chuveiros Imagem 24 - Vestiários
Imagem 25 - Sanitários
Fonte: Boas práticas de construção de Maria Pantarolli
Fonte: Boas práticas de construção de Maria Pantarolli
Imagem 26 - Urinóis
157
Outra necessidade já praticada por varias empresas em Joinville é proporcionar
uma boa alimentação aos funcionários. Um momento importante para estabelecer
relações é o almoço em conjunto de toda a equipa. Dessa forma o espaço deve ser
tranquilo, limpo, organizado e proporcionar um bom descanso ao funcionário durante
a refeição. A dificuldade de varias empresas em conseguir manter este local limpo é
exigir que os próprios funcionários limpem o local. Por vezes esse feito é
conseguido, mas compreende-se que um funcionário que está destinado a
determinado serviço, muitas vezes, não tenha vontade de limpar o local onde ele
deveria descansar. Considera-se que para estas áreas de lazer a empresa deveria
destinar pessoas específicas para limpeza, não sendo os próprios funcionários da
obra.
Nos momentos de descanso, o funcionário deve dispor de todas as condições
necessárias, para que no horário de serviço também possa cumprir com o seu
dever.
Talvez se possa seguir o princípio de proporcionar ao funcionário um local onde o
engenheiro também se sentiria bem a descansar, almoçar, trabalhar, entre outros.
Certamente existirá diferença entre o comportamento de um funcionário sujeito às
condições da imagem 27, para um funcionário sujeito às condições da imagem 28.
Entrando agora em práticas menos comuns, apresenta-se um conjunto de ideias
que poderia aumentar o bem-estar de um funcionário da construção civil, buscando
que este executa-se cada serviço de forma motivada.
Fonte:http://www.fabricasocupadas.org.br/atencao/?p=481 acedido no dia 12/5/2012
Fonte: Boas práticas de Construção de Maria Pantarolli
Imagem 27 – Refeitório em más condições
Imagem 28 – Refeitório em boas condições
158
Uma vez que a exigência a nível físico destes profissionais, é grande, seria
importante inserir neste uma prática de desporto, sendo proporcionado pela
empresa locais para esse fim. Um trabalhador bem a nível físico estará sem duvida
em melhores condições para trabalhar que um trabalhador mal a nível físico.
Incluir áreas de lazer, onde o trabalhador possa de forma divertida desligar-se das
suas tarefas rotineiras e aproveitar o horário de descanso para criar relações
saudáveis com os colegas.
Inserir hábitos de convívio dentro da empresa, fortalecendo as ligações entre
operários e entidades de comando, aumentando a confiança e transformando a
empresa em algo mais do que simples obrigação. São as relações que tornam uma
empresa forte, um empregado leal e disposto a contribuir para o desenvolvimento da
empresa, sabendo que também ele, é parte integrante da empresa.
Fonte:Boas práticas de Construção de Maria Pantarolli
Imagem 29 – Áreas de lazer
159
Saúde, ponto fulcral para o bem-estar e consequente motivação do funcionário.
Defende-se que a empresa deverá oferecer um plano de saúde aos seus
funcionários, garantindo logo a partida, o atendimento de emergência e de primeiros
socorros. Já garantido por algumas construtoras, mas longe de ser prática comum, a
existência de ambulatório em canteiro de obras, valoriza o funcionário, deixando
este seguro de que será atendido por profissionais competentes. Um trabalho que
envolve vários riscos de assidente, desgastante a nível físico e psicológico, requer
preocupação das entidades de comando, para que seus trabalhadores tenham
acompanhamento constante.
Fonte: Boas práticas de Construção de Maria Pantarolli
Fonte:Boas práticas de Construção de Maria Pantarolli
Fonte:Boas práticas de Construção de Maria Pantarolli
Imagem 30 – Convívio
Imagem 31 – Ambulatório Imagem 32 – Ambulatório
160
A aposta na qualificação dos funcionários, proporcionar a estes evolução na
carreira, desenvolver competências e responsabilidades, toma também uma posição
importante na motivação. A construção sofre de uma falta de perspetiva da mão-de-
obra, uma falta de vontade em aprender, evoluir, ocupar postos mais importantes. O
desgaste a nível físico e a falta de qualificação, afirma Drehmer (2006), desmotiva
os trabalhadores para buscarem aperfeiçoamento profissional.
Em suma, motivação na construção civil, passa por estabelecer um conjunto de
condições, práticas e ainda, considerado o mais importante, saber liderar. A
motivação constrói-se obtendo relações, valorizando os funcionários, criando
condições para que este se sinta útil na empresa, ouvindo as suas ideias e
contribuições. Muito mais do que um bom salário, uma pessoa precisa de um dia a
dia confortável, atrativo, objetivo e desafiador.
5 ESTUDO DE CASO
5.1 METODOLOGIA
Para completar este tópico decidiu-se analisar uma amostra de vinte funcionários
da construção. Optou-se por uma amostra pequena uma vez que o objetivo da
análise passa também por poder acompanhar os profissionais a maior parte do
tempo durante o estudo, se a amostra fosse maior, tal não seria possível. Dos vinte
funcionários, dez são serventes, cinco são pedreiros e outros cinco são carpinteiros.
Analisou-se também duas empresas com características diferentes. A empresa 1 é
uma construtora não incorporadora, ou seja, constrói para um dono de obra ou para
empresas industriais e não como investidora independente, a empresa 2 é uma
construtora incorporadora, que faz investimentos independentes e que tem o
objetivo de construir para vender. A análise dos funcionários realizou-se através de
questionários simples, observação in loco e pequenas reuniões individuais e
coletivas. A análise das empresas foi feita por observação in loco durante o período
de estágio. Como forma de salvaguardar os mesmos, não serão referidos nomes,
nem dos funcionários, nem das empresas analisadas.
161
5.1.1 Questionário sobre vida laboral
Este questionário foi adaptado do livro Felicidade Autentica, para poder ser
respondido por profissionais da construção. Seligman (2008), autor do livro, separa a
vida laboral em três tipos, emprego, carreira e vocação.
Emprego, é considerado uma necessidade básica, como respirar ou dormir. Um
emprego, é quando a pessoa trabalha apenas para ganhar dinheiro sem gostar do
que faz. A pessoa deseja que o tempo passe o mais rápido possível enquanto
trabalha e tudo é motivo para parar.
Carreira, é quando a pessoa deseja mais do que o trabalho que tem. Gosta do
que faz mas pretende não fazer isso a vida toda. Quer subir de cargo, ser
promovida. É por exemplo quando um servente quer passar para pedreiro, sabendo
que tem de se empenhar o melhor que sabe e aprender enquanto servente para que
passado alguns anos seja pedreiro.
Vocação, é talvez o mais difícil de encontrar na construção, o que não significa
que não exista, sendo que muitas vezes a empresa deveria estar mais atenta a cada
funcionário. Uma vocação é quando a pessoa acha o trabalho uma das partes mais
importantes da sua vida. Quando trabalha esquece o tempo e dá sempre o seu
melhor. Não pode passar um dia sem o desempenhar e se fosse obrigada a parar
ficaria muito perturbada.
Na construção existem vários tipos de serviço e acredita-se que seja possível
uma melhor gestão de pessoas. Este questionário procura identificar como os
profissionais de construção vêm o seu trabalho.
162
QUESTIONÁRIO SOBRE VIDA LABORAL
Nome:________________________________________________________________
(Se achar que escrever o nome influencia suas respostas, então não escreva o nome)
Profissão:_____________________________________________________________
1) Trabalha em primeiro lugar para ganhar dinheiro e se sustentar?
( ) Sim ( ) Não
2) Se ganhasse muito dinheiro numa herança, continuaria no mesmo trabalho?
( ) Sim ( ) Não
3) Deseja que o tempo no trabalho passe rápido?
( ) Sim ( ) Não
4) Trabalhar para si é um sacrifício?
( ) Sim ( ) Não
5) Mudaria de trabalho?
( ) Sim ( ) Não
_____________________________________________________________________________
6) Gosta do que faz, mas de aqui a 5 anos espera fazer outra coisa? ( ) Sim ( ) Não
7) Quer subir na carreira? Por exemplo passar de servente para pedreiro, ou de pedreiro para mestre-de-obras? ( ) Sim ( ) Não
8) Realiza as tarefas o melhor que sabe para subir na carreira? ( ) Sim ( ) Não
9) Gostava de ser promovido? ( ) Sim ( ) Não
_____________________________________________________________________________
10) O trabalho é uma das coisas mais importante na sua vida?
( ) Sim ( ) Não
11) Está satisfeito com o seu trabalho?
( ) Sim ( ) Não
12) Gostava que o seu filho tivesse o mesmo trabalho?
( ) Sim ( ) Não
13) Gosta do que faz?
( ) Sim ( ) Não
14) Faz horas extras porque se sente bem a trabalhar?
( ) Sim ( ) Não
163
5.1.2 Questionário de caraterísticas
Neste questionário, procurou-se identificar uma série de características nos
profissionais de construção. Através das várias questões colocadas, pretende-se
tirar conclusões sobre: vontade de aprender e evoluir, relacionamento interpessoal,
capacidade para liderar, conhecimentos do serviço, saúde e perigos, perspetiva
dentro da construção, escolaridade e ainda, numa pergunta de resposta aberta, dar
a oportunidade para o funcionário expor a suas ideias.
164
QUESTIONÁRIO DE CARATERÍSTICAS
Nome________________________________________________________________________
(Se achar que escrever o seu nome influencia as suas respostas, então não escreva o nome)
Profissão:_____________________________________________________________________
1) Qual o seu Grau de escolaridade?
( ) Não tenho ( ) Completei o/a _____________________________________
2) Gostaria de voltar a estudar?
( ) Não ( ) Sim
3) Sabe tudo sobre construção?
( )Não ( ) Sim
4) Se a empresa onde trabalha ou irá trabalhar, lhe desse oportunidade de ter aulas para
aprender e desenvolver capacidades e conhecimentos de construção/profissão, íria às aulas?
( ) Não ( ) Sim
5) Prefere aulas teóricas ou aulas práticas?
( ) Teóricas ( ) Práticas
6) Toma iniciativa e procura soluções apropriadas quando é encarado com um problema?
( ) Não0 ( ) Sim
7) Segue sempre as suas ideias, não importa o que os outros digam?
( ) Não ( ) Sim
8) Tem boas ideias para resolver problemas, mas também ouve as ideias dos outros, verificando
se pode melhorar a sua.
( ) Não ( ) Sim
9) Se lhe fosse proposto ser encarregado de 4 pessoas para determinado serviço, aceitaria? Se
respondeu sim, que serviço preferia?
( ) Não ( ) Sim _____________________________________________
10) Consegue manter a calma quando algo dá errado e procura uma solução para resolver?
( ) Não ( ) Sim
11) Sente que o grupo de pessoas com quem lida diariamente valoriza as suas decisões?
( ) Não ( ) Sim
12) Tem capacidade de influenciar as pessoas a seguir as suas decisões?
( )Não ( ) Sim
13) É organizado e cuidadoso sempre que executa um serviço?
( ) Não ( ) Sim
14) O que valoriza mais, quantidade ou qualidade?
( ) Quantidade ( ) Qualidade
15) Está feliz no seu trabalho?
( ) Não ( ) Sim
16) É valorizado no seu trabalho?
( ) Não ( ) Sim
17) Tem consciência dos perigos numa construção?
( ) Não ( ) Sim
18) Quais os equipamentos de segurança que usa? Com que frequência?
165
( ) Sapatão ( ) Sempre ( ) Quando necessário ( ) Quando não esqueço
( ) Capacete ( ) Sempre ( ) Quando necessário ( ) Quando não esqueço
( ) Protetor auricular ( ) Sempre ( ) Quando necessário ( ) Quando não esqueço
( ) Luvas ( ) Sempre ( ) Quando necessário ( ) Quando não esqueço
( ) Botas ( ) Sempre ( ) Quando necessário ( ) Quando não esqueço
( ) Óculos de proteção ( ) Sempre ( ) Quando necessário ( ) Quando não esqueço
( ) Cinto de segurança ( ) Sempre ( ) Quando necessário ( ) Quando não esqueço
19) Tem consciência de que a higiene é importante na construção?
( ) Não ( ) Sim
20) O que faz para manter a higiene no canteiro de obras?
( ) Pucho a descarga sempre que uso o banheiro
( ) Jogo o lixo nas devidas lixeiras
( ) Limpo sempre o que sujo
21) Tem consciência dos riscos de saúde no canteiro de obras?
( ) Não ( ) Sim
22) O que faz para proteger a sua saúde?
( ) Uso os equipamentos de proteção
( ) Não uso copos já usados por outras pessoas
( ) Não bebo bebidas alcoólicas
( ) Não uso drogas
23) Tem problemas em estar sempre a mudar de local de trabalho?
( ) Não ( ) Sim
24) Quer trabalhar na construção durante quando tempo?
( ) 1 ano ( ) 1 a 5 anos ( ) mais de 5 anos
25) Por que razão entrou na construção civil?
( ) Única vaga disponível
( ) Disseram-me que ganhava bem
( ) Não precisava de estudos
( ) Gosto na profissão
( ) Curiosidade de aprender e evoluir na construção
26) O que melhoraria no trabalho de construção civil? Escreva uma proposta de melhoramento.
R:______________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
166
5.1.3 Reuniões individuais e coletivas
O objetivo das reuniões foi criar uma relação de maior proximidade com o
funcionário. Nessas reuniões falou-se sobre alguns conceitos importantes, deu-se
oportunidade ao funcionário para falar e questionar sempre que existissem dúvidas.
Existiu também oportunidade de se realizar formação sobre lixo/reciclagem,
proposta na formação comum, com todos os funcionários estudados e perceber
pessoalmente se o funcionário tinha interesse em aprender e evoluir.
5.1.4 Observações in loco
Para ser possível uma melhor observação dos funcionários, tentou-se passar a
maior parte do tempo em obra. Alguns dos funcionários que responderam aos
questionários são os mesmos que foram observados in loco e que participaram nas
reuniões. Na observação tentou-se analisar sobretudo algumas reações, melhorias
e, ainda, de que forma as atitudes de uma pessoa de comando influenciam as ações
do funcionário.
Da parte das empresas, procurou-se, principalmente, analisar e perceber qual o
processo de recrutamento e seleção dos funcionários. Analisou-se também as
diferenças da estrutura de comando.
5.2 RESULTADOS DAS DIFERENTES FUNÇÕES
5.2.1 Resultados do servente
5.2.1.1 A vida laboral do servente
1 Trabalha em primeiro lugar para ganhar dinheiro e se sustentar?
2 Se ganha-se muito dinheiro numa herança, continuaria no mesmo trabalho?
3 Deseja que o tempo no trabalho passe rápido?
4 Trabalhar para si é um sacrifício?
5 Mudaria de trabalho?
167
10
0 0
5
10
15
Questão 1
Sim Não
2
8
0
5
10
Questão 2
Sim Não
1
9
0
5
10
Questão 4
Sim Não
5 5
0
2
4
6
Questão 5
Sim Não
3
7
0
5
10
Questão 3
Sim Não
As primeiras cinco questões, são referentes às características de um emprego, tal
como se definiu no tópico anterior.
Pela análise das respostas, pode verificar-se que todos responderam que
trabalham para ganhar dinheiro e se sustentar e, caso de alguma forma
conseguissem dinheiro suficiente para viver, deixariam o trabalho. Isso demostra
que a construção não é vista como perspetiva de crescimento e uma oportunidade
para evoluir. Infelizmente a construção ainda é usada como trabalho de passagem
enquanto se encontra algo melhor, ou então, trabalho que qualquer pessoa pode
fazer. Dado esse facto, a função de servente é a que apresenta maior rotatividade,
acredita-se que por um lado seja este o profissional menos informado sobre o que
irá fazer na construção, por outro porque não é dado a este, na altura de
contratação, qualquer perspetiva de crescimento e objetivos a atingir a curto e longo
prazo.
Surpreendentemente na terceira questão, a maioria dos serventes estudados não
deseja que o tempo passe rápido durante o trabalho. Numa primeira análise, e
seguindo a risca Seligman (2008), poderia dizer-se que estes profissionais gostam
tanto do que fazem que não dão conta do tempo passar, ou então, gostariam de ter
mais tempo para fazer o que gostam, mas, não se poderá esquecer as influências
Gráfico 5 Gráfico 6 Gráfico 7
Gráfico 8 Gráfico 9
168
8
2
0
5
10
Questão 6
Sim Não
10
0 0
5
10
15
Questão 7
Sim Não
10
0 0
5
10
15
Questão 8
Sim Não
exteriores a esta análise. Os problemas exteriores ao trabalho, podem, como se
observou in sito e nas reuniões individuais, influenciar esta resposta. Muitas vezes
estes profissionais preferem ficar mais tempo a trabalhar, fazer horas extras para
ganhar mais dinheiro, do que enfrentar os problemas exteriores.
Ficou bem claro pela quarta questão, que os serventes estudados, não
consideram trabalhar um sacrifício, pois eles sabem que precisam trabalhar para se
sustentar. A mentalidade destas pessoas está bem definida, eles sabem que
precisam de trabalhar para ganhar dinheiro e que, independentemente de gostar ou
não, precisam de o fazer. Por essa razão, a última questão está tão dividida. Cinco
serventes dizem não mudar de serviço, entre as quais algumas respostas são, “não
sei fazer mais nada”, ou então, “não tenho estudos para mudar”. Outros cincos
serventes mudariam de trabalho, alguns explicaram que gostariam de mudar para a
função de pedreiro ou carpinteiro, outros simplesmente sairiam da construção se
tivessem mais estudos. Mais uma vez se pode perceber por esta análise, que
mesmo as respostas estando repartidas, quando se questionou estes nas reuniões
individuais, notou-se, não existir uma noção de que poderiam crescer e evoluir
dentro da construção.
6 Gosta do que faz, mas de aqui a 5 anos espera fazer outra coisa?
7 Quer subir na carreira? Por exemplo passar de servente para pedreiro?
8 Realiza as tarefas o melhor que sabe para subir na carreira?
9 Gostava de ser promovido?
Gráfico 10 Gráfico 11 Gráfico 12
169
10
0 0
5
10
15
Questão 9
Sim Não
10
0 0
5
10
15
Questão 10
Sim Não
10
0 0
5
10
15
Questão 11
Sim Não
2
8
0
5
10
Questão 12
Sim Não
Estas quatro questões referem-se a uma carreira. Não se pode dizer que o
servente vê o seu trabalho como uma carreira, mesmo que o conjunto de respostas
aponte para esse resultado. Da mesma forma não se poderá negar o desejo destes
funcionários evoluir a nível pessoal e profissional. Apesar de não ser exigido a
colocação do nome nos questionários, existe sempre uma influência nas respostas,
de querer escolher o que parece mais acertado, mas, independentemente de isso
acontecer, neste conjunto de respostas os serventes estudados mostram claramente
que gostariam de subir na carreira. Acredita-se então que, dar a estes, objetivos a
curto e longo prazo, para que possam conseguir o seu desejo, seja talvez um
caminho a seguir pelas empresas contratantes. Quem sabe, se encontre nos
serventes que muitas vezes não têm uma oportunidade de evoluir, passar a
pedreiro, carpinteiro ou armador, uma vocação.
10 O trabalho é uma das coisas mais importantes na sua vida?
11 Está satisfeito com o seu trabalho?
12 Gostava que o seu filho tivesse o mesmo trabalho?
13 Gosta do que faz?
14 Faz horas extras porque se sente bem a trabalhar?
Gráfico 13
Gráfico 14 Gráfico 15 Gráfico 16
170
8
2
0
5
10
Questão 13
Sim Não
5 5
0
2
4
6
Questão 14
Sim Não
2º Grau 10%
5ª Serie 30%
4ª Serie 40%
Sem estudos
20%
Escolaridade
As últimas questões dizem respeito a uma vocação. Nota-se claramente na
resposta a estas questões uma falta de consistência. Acredita-se que a explicação
para isso possa ser o fato de, ao estabelecer um contato mais próximo com os
funcionários, estes pensem que respostas completamente sinceras os possam
prejudicar. De qualquer forma, por se deduzir que isso iria acontecer inseriu-se as
questões 12 e 14, notando-se claramente que os serventes estudados não
desempenham o trabalho por vocação, que o fato de ser importante para eles o
trabalho é porque é um meio de subsistência e as horas extras que eles fazem é
para poder receber um dinheiro extra.
5.2.1.2 Caraterísticas do servente
Escolaridade
Gráfico 17 Gráfico 18
Gráfico 19
171
Sim 70%
Não 30%
Voltar a estudar?
Sim 0%
Não 100%
Sabe tudo sobre contrução?
Sim 100%
Não 0%
Gostaria de ter aulas de
construção?
Práticas 100%
Teóricas 0%
Aulas práticas ou teóricas?
Vontade de aprender e evoluir
Gráfico 20 Gráfico 21
Gráfico 22 Gráfico 23
172
Sim 20%
Não 80%
Segue sempre as suas ideias não
importa o que os outros digam?
Sim 80%
Não 20%
Ouve as ideias dos outros para
melhorar a sua?
Sim 80%
Não 20%
Seria encarregado de 4 pessoas?
Sim 100%
Não 0%
Toma iniciativa?
Relacionamento interpessoal
Capacidade para liderar
Gráfico 24 Gráfico 25
Gráfico 26 Gráfico 27
173
Sim 90%
Não 10%
É calmo a resolver problemas?
Boa 50%
Má 50%
Influencia para com os colegas?
Sim 80%
Não 20%
É organizado e cuidadoso?
Quantidade 20%
Qualidade
80%
Quantidade ou qualidade?
Execução do serviço
Gráfico 28 Gráfico 29
Gráfico 30 Gráfico 31
174
Sim 60%
Não 40%
Tem problemas em mudar de local de
trabalho?
10 10
5
2
8
1
8
0 2 4 6 8
10 12
Que equipamentos de segurança usa?
8
5 5
0
2
4
6
8
10
Pucho a descarga
Jogo o lixo nas devidas
lixeiras
Limpo o que sujo
O que faz para manter a higiene no
canteiro?
Aceitação à mudança
Segurança, higiene e saúde
Gráfico 32
Gráfico 33 Gráfico 34
175
10
6 7
8
0
2
4
6
8
10
12
Uso EPI Não uso copos usados
Não bebo bebidas
alcoólicas
Não uso drogas
Como protege a sua saúde?
Única vaga disponivel
0%
Disseram-me que ganhava bem
30%
Não precisava de estudos
20%
Gosto na profissão 10%
Curiosidade de aprender e evoluir
na construção 40%
Por que entrou na Construção civil?
1 ano 10%
1 a 5 anos 50%
Mais de 5 anos 40%
Quanto tempo espera ficar na construção?
Como iniciou e qual objetivo
Gráfico 35
Gráfico 36
Gráfico 37
176
5
0 0
2
4
6
Questão 1
Sim Não
0
5
0
2
4
6
Questão 2
Sim Não
0
5
0
2
4
6
Questão 4
Sim Não
4
1
0
2
4
6
Questão 5
Sim Não
2
3
0
2
4
Questão 3
Sim Não
Resposta mais interessante do servente
“ Sempre mais segurança para os funcionários. Com certeza um melhor salário
seria muito bom. Mais cursos e formações da área.”
5.2.2 Resultados do pedreiro
5.2.2.1 A vida laboral do pedreiro
1 Trabalha em primeiro lugar para ganhar dinheiro e se sustentar?
2 Se ganha-se muito dinheiro numa herança, continuaria no mesmo trabalho?
3 Deseja que o tempo no trabalho passe rápido?
4 Trabalhar para si é um sacrifício?
5 Mudaria de trabalho?
Na função de pedreiro, os resultados não foram muito diferentes da função de
servente. Existe um maior equilíbrio na questão 3, e uma maior certeza de que
mudariam de trabalho. Esta é uma função que exige perícia, conhecimento e gosto,
pelo menos num pensamento ideal. Tal não se verifica no grupo de pedreiros
estudado. É importante referir que um pedreiro tem varias atividades dentro da obra
e talvez, se existir uma maior divisão das tarefas, seja possível proporcionar aos
Gráfico 38 Gráfico 39 Gráfico 40
Gráfico 41 Gráfico 42
177
2
3
0
2
4
Questão 6
Sim Não
5
0 0
2
4
6
Questão 7
Sim Não
5
0 0
2
4
6
Questão 8
Sim Não
5
0 0
2
4
6
Questão 9
Sim Não
funcionários um serviço com o qual mais se identifique. Outra mensagem que seria
importante passar aos funcionários é de que a carreira na construção não precisa
parar na função de pedreiro, neste caso, mas que ainda pode evoluir para
encarregado, ou mesmo mestre-de-obras.
6 Gosta do que faz, mas de aqui a 5 anos espera fazer outra coisa?
7 Quer subir na carreira? Por exemplo passar de servente para pedreiro?
8 Realiza as tarefas o melhor que sabe para subir na carreira?
9 Gostava de ser promovido?
Apesar de a primeira questão, sobre a permanência na profissão passado cinco
anos, ser bastante dividida, quando os funcionários estudados foram questionados
sobre o crescimento na carreira, todos responderam que sim. Isto leva então a
concluir que é necessário as empresas darem condições de crescimento aos seus
funcionários valorizando-os.
10 O trabalho é uma das coisas mais importantes na sua vida?
11 Está satisfeito com o seu trabalho?
12 Gostava que o seu filho tivesse o mesmo trabalho?
Gráfico 43 Gráfico 44 Gráfico 45
Gráfico 46
178
5
0 0
2
4
6
Questão 10
Sim Não
5
0 0
2
4
6
Questão 11
Sim Não
1
4
0
2
4
6
Questão 12
Sim Não
5
0 0
2
4
6
Questão 13
Sim Não
2
3
0
2
4
Questão 14
Sim Não
2º Grau 20%
5ª Serie 40%
Sem estud
os 40%
Escolaridade
13 Gosta do que faz?
14 Faz horas extras porque se sente bem a trabalhar?
Tal como o servente, também os pedreiros estudados, demonstram não querer a
mesma profissão para os filhos. Estes também fazem horas extras por necessidade
e não por gosto.
Percebe-se uma certa contradição, pois, todos respondem gostar do seu trabalho,
no entanto apenas um gostava do mesmo trabalho para os filhos.
5.2.2.2 Caraterísticas do pedreiro
Escolaridada
Gráfico 47 Gráfico 48 Gráfico 49
Gráfico 50 Gráfico 51
Gráfico 52
179
Sim 80%
Não 20%
Voltar a estudar?
Sim 0%
Não 100%
Sabe tudo sobre contrução?
Sim 100%
Não 0%
Gostaria de ter aulas de
construção?
Práticas 80%
Teóricas
20%
Aulas práticas ou teóricas?
Vontade de aprender e evoluir
Gráfico 53 Gráfico 54
Gráfico 55 Gráfico 56
180
Sim 20%
Não 80%
Segue sempre as suas ideias não
importa o que os outros digam?
Sim 100%
Não 0%
Ouve as ideias dos outros para
melhorar a sua?
Sim 100%
Não 0%
Seria encarregado de 4 pessoas?
Sim 100%
Não 0%
Toma iniciativa?
Relacionamento interpessoal
Capacidade para liderar
Gráfico 57 Gráfico 58
Gráfico 59 Gráfico 60
181
Sim 100%
Não 0%
É calmo a resolver problemas?
Boa 60%
Má 40%
Influencia para com os colegas?
Sim 100%
Não 0%
É organizado e cuidadoso?
Quantida
de 0%
Qualidade
100%
Quantidade ou qualidade?
Execução do serviço
Gráfico 61 Gráfico 62
Gráfico 63 Gráfico 64
182
Sim 0%
Não 100%
Tem problemas em mudar de local de
trabalho?
5 5
3 3
5
0
5
0 1 2 3 4 5 6
Que equipamentos de segurança usa?
5 5 5
0 1 2 3 4 5 6
Pucho a descarga
Jogo o lixo nas devidas
lixeiras
Limpo o que sujo
O que faz para manter a higiene no
canteiro?
Aceitação à mudança
Segurança, higiene e saúde
Gráfico 65
Gráfico 66 Gráfico 67
183
5
3
5 5
0
1
2
3
4
5
6
Uso EPI Não uso copos
usados
Não bebo bebidas
alcoólicas
Não uso drogas
Como protege a sua saúde?
Única vaga disponivel
0%
Disseram-me que ganhava bem
0%
Não precisava
de estudos 0%
Gosto na profissão
40% Curiosidade
de aprender e evoluir na
construção 60%
Por que entrou na Construção civil?
1 ano 0% 1 a 5 anos
20%
Mais de 5 anos 80%
Quanto tempo espera ficar na construção?
Como iniciou e qual objetivo
Gráfico 68
Gráfico 69
Gráfico 70
184
5
0 0
2
4
6
Questão 1
Sim Não
1
4
0
2
4
6
Questão 2
Sim Não
1
4
0
2
4
6
Questão 4
Sim Não
2
3
0
2
4
Questão 5
Sim Não
1
4
0
2
4
6
Questão 3
Sim Não
Resposta mais interessante do pedreiro
“Mais compromisso dos encarregados, ou quem cuida disso, com o que precisa e
solicita o funcionário. Cumprir o que prometem. Faria uma avaliação séria e objetiva
dos funcionários para que não houvesse atrapalhes em cada função exercida.
Poderia fazer-se um esquema de graduação. Exemplo: Pedreiro I,II e III, e conforme
o grau de cada um, um ganho diferenciado. Assim incentivaria a todos. Faria
também um esquema para que os funcionários próprios da empresa levantassem
alvenaria e rebocassem, esse serviço feito por terceirizados fica com pouca
qualidade. Estipularia metas. ”
5.2.3 Resultados do carpinteiro
5.2.3.1 A vida laboral do carpinteiro
1 Trabalha em primeiro lugar para ganhar dinheiro e se sustentar?
2 Se ganha-se muito dinheiro numa herança, continuaria no mesmo trabalho?
3 Deseja que o tempo no trabalho passe rápido?
4 Trabalhar para si é um sacrifício?
5 Mudaria de trabalho?
Gráfico 71 Gráfico 72 Gráfico 73
Gráfico 74 Gráfico 75
185
2
3
0
2
4
Questão 6
Sim Não
3
2
0
2
4
Questão 7
Sim Não
4
1
0
2
4
6
Questão 8
Sim Não
3
2
0
2
4
Questão 9
Sim Não
Também os funcionários de carpintaria trabalham apenas para se sustentar,
mudariam de trabalho se conseguissem dinheiro de outra forma. Um dos
funcionários respondeu que trabalhar era um sacrifício, mas a maioria não o
considera, da mesma forma que a maioria, apesar de mais equilibrado, não mudaria
de trabalho.
O serviço de carpintaria é mais específico do que o serviço de pedreiro, neste tipo
de serviço é difícil manter um funcionário se este não gosta. Exige mais
conhecimentos e grande responsabilidade.
6 Gosta do que faz, mas de aqui a 5 anos espera fazer outra coisa?
7 Quer subir na carreira? Por exemplo passar de servente para pedreiro?
8 Realiza as tarefas o melhor que sabe para subir na carreira?
9 Gostava de ser promovido?
~
Na análise destas questões, contrariamente aos serventes e aos pedreiros, nem
todos foram unanimes sobre querer crescer na carreira. Existiram respostas
negativas quando questionados sobre querer ser mestres de obra e também quando
questionados se queriam ser promovidos. Isso demostra algum conformismo por
parte do funcionário em não evoluir, as empresas devem incentivar e mostrar aos
seus funcionários a importância de adquirirem conhecimento.
Gráfico 76 Gráfico 77 Gráfico 78
Gráfico 79
186
5
0 0
2
4
6
Questão 10
Sim Não
5
0 0
2
4
6
Questão 11
Sim Não
1
4
0
2
4
6
Questão 12
Sim Não
5
0 0
2
4
6
Questão 13
Sim Não
1
4
0
2
4
6
Questão 14
Sim Não
4º série 40%
6ª Serie 20%
Sem estudos
40%
Escolaridade
10 O trabalho é uma das coisas mais importantes na sua vida?
11 Está satisfeito com o seu trabalho?
12 Gostava que o seu filho tivesse o mesmo trabalho?
13 Gosta do que faz?
14 Faz horas extras porque se sente bem a trabalhar?
Mais uma vez as respostas 12 e 14 revelam que o funcionário não vê a sua
função como um futuro, como uma profissão que possa exigir crescimento e
dedicação.
5.2.3.2 Características do carpinteiro
Escolaridade
Gráfico 80 Gráfico 81 Gráfico 82
Gráfico 83 Gráfico 84
Gráfico 85
187
Sim 60%
Não 40%
Voltar a estudar?
Sim 0%
Não 100%
Sabe tudo sobre contrução?
Sim 100%
Não 0%
Gostaria de ter aulas de
construção?
Práticas 80%
Teóricas
20%
Aulas práticas ou teóricas?
Vontade de aprender e evoluir
Gráfico 86 Gráfico 87
Gráfico 88 Gráfico 89
188
Sim 0%
Não 100%
Segue sempre as suas ideias não
importa o que os outros digam?
Sim 80%
Não 20%
Ouve as ideias dos outros para
melhorar a sua?
Sim 60%
Não 40%
Seria encarregado de 4 pessoas?
Sim 100%
Não 0%
Toma iniciativa?
Relacionamento interpessoal
Capacidade para liderar
Gráfico 90 Gráfico 91
Gráfico 92 Gráfico 93
189
Sim 80%
Não 20%
É calmo a resolver problemas?
Boa 40%
Má 60%
Influencia para com os colegas?
Sim 80%
Não 20%
É organizado e cuidadoso?
Quantidade 20%
Qualidade
80%
Quantidade ou qualidade?
Execução do serviço
Gráfico 94 Gráfico 95
Gráfico 96 Gráfico 97
190
Sim 20%
Não 80%
Tem problemas em mudar de local de
trabalho?
5 5
3 3 3
0
3
0 1 2 3 4 5 6
Que equipamentos de segurança usa?
5 5 5
0 1 2 3 4 5 6
Pucho a descarga
Jogo o lixo nas devidas
lixeiras
Limpo o que sujo
O que faz para manter a higiene no
canteiro?
Aceitação à mudança
Segurança, higiene e saúde
Gráfico 98
Gráfico 99 Gráfico 100
191
5
2
4
5
0
1
2
3
4
5
6
Uso EPI Não uso copos
usados
Não bebo bebidas
alcoólicas
Não uso drogas
Como protege a sua saúde?
Única vaga disponivel
0%
Disseram-me que ganhava bem
20%
Não precisava de estudos
0% Gosto na profissão
20%
Curiosidade de
aprender e evoluir na
construção 60%
Por que entrou na Construção civil?
1 ano 0%
1 a 5 anos 40%
Mais de 5 anos 60%
Quanto tempo espera ficar na construção?
Como iniciou e qual o objetivo?
Gráfico 101
Gráfico 102
Gráfico 103
192
Resposta mais interessante do carpinteiro
“Em primeiro lugar criar um plano de saúde para os trabalhadores e suas famílias.
Em segundo lugar incentivar os funcionários a cumprir os horários de trabalho,
oferecendo prémio de participação, para quem não falta, não chega tarde ou sai
mais cedo. Assim o trabalhador fica mais animado em cumprir o seu trabalho, tendo
mais produção e qualidade”
5.2.4 Conclusões dos resultados das diferentes funções
Da análise da vida laboral, independentemente da função ocupada pelos
profissionais, não existe uma definição clara da forma como estes vêm o seu
trabalho. Fica claro uma falta de objetivos a curto e longo prazo. Quando
questionados sobre subir na carreira, a maioria das respostas é positiva, mostrando
os profissionais estudados uma vontade de evoluir. Acredita-se que o primeiro passo
para mudar a mentalidade como se vê a construção terá de ser dado pelas
empresas contratantes, criando incentivos, objetivos a curto e longo prazo, criando
metas de crescimento, métodos de seleção e recrutamento eficazes,
acompanhamento e treinamento continuo e avaliações e promoções constantes.
Da análise das características, verificou-se, como era de esperar, baixa
escolaridade, mas vontade dos funcionários em ter aulas sobre construção. Uma vez
que a maior parte deles tem baixa escolaridade é logico a preferência pelas aulas
práticas. Existe um melhor conhecimento sobre equipamentos de segurança e seu
uso por parte dos pedreiros e carpinteiros, o que demonstra a falta de treinamento
pré-adimensional (treinamento antes de o funcionário entrar ao serviço).
5.3 RESULTADOS COMUNS
Os resultados comuns foram basicamente fundamentados por observação in loco
e pequenas reuniões individuais e coletivas.
Notou-se claramente a importância de um acompanhamento contínuo por parte
de uma entidade de comando. As reuniões individuais proporcionaram ao
funcionário a oportunidade de conversar. Essas reuniões permitiram identificar
193
alguns descontentamentos, tais como: “Eu trago a minha ferramenta de casa, para
trabalhar, mas como a empresa não me valoriza, vou fazer como os outros. Não
tenho ferramenta não trabalho.” Essas reuniões também permitiram perceber que
um funcionário valoriza e respeita muito mais um mestre-de-obras ativo, ou seja, que
trabalhe junto com eles, do que um mestre-de-obras passivo que apenas dá ordens.
As reuniões coletivas proporcionaram uma maior união entre os funcionários.
Juntá-los apenas dez minutos por dia, conversando-se sobre assuntos importantes,
dando-se pequenas formações e mesmo planejando-se o dia-a-dia, melhora o seu
desempenho, aproximando-os da entidade de comando responsável.
Numa pequena experiencia realizada com dois serventes, percebeu-se, por
observação, a importância de a entidade de comando ajudar e identificar as
necessidades de cada funcionário. Decidiu-se ajudar os dois serventes a retirar os
pregos da madeira enquanto estes a acamavam no devido lugar. À medida que se
retiravam os pregos, recolhiam-se estes num balde, para que não ficassem
espalhados no chão, e de seguida juntavam-se estes ao aço reciclável. Durante
duas horas ajudou-se estes profissionais na sua tarefa. Seguidamente pediu-se aos
profissionais que continuassem a retirar os pregos, sem ser exigido a estes qualquer
Foto 5 - Reuniões coletivas
Fonte: O autor 18/4/2012
194
tipo de cuidado na recolha e separação dos pregos. Uma vez que os serventes
observaram como desempenhar a tarefa, continuaram a recolher os pregos no balde
e a juntar estes ao aço reciclável.
Dado a falta de compromisso com os horários de serviço, decidiu-se tomar o café
da manhã e almoçar junto com os funcionários, em dias escolhidos ao acaso.
Percebeu-se que o contacto e envolvimento com eles, nos horários de descanso,
melhorou o seu envolvimento e a sua responsabilidade nos horários de serviço.
5.4 A REALIDADE DAS EMPRESAS ESTUDADAS
A escolha de empresas com características diferentes foi propositada. Dada a
problemática de cada vez mais, existirem empresas construtoras/incorporadoras,
decidiu-se fazer uma análise sobre as realidades diferentes das duas empresas.
5.4.1 Processo de recrutamento e seleção dos profissionais da construção
Na empresa 1 (construtora não incorporadora), existia grande preocupação na
hora de contratação. Existia uma pessoa encarregue da contratação, que apesar de
não ser treinada para isso, nem seguir um modelo como o proposto neste trabalho,
analisa e avaliava os possíveis funcionários. Uma técnica usada normalmente era
analisar os funcionários de empreiteiros contratados pela construtora, quando o
funcionário se destacava a construtora tentava contratá-lo. Era objetivo da empresa
1 formar uma equipa de cerca de 60 pessoas para realizar os serviços de maior
responsabilidade, como carpintaria, levantamento de alvenaria e reboco.
Contrariamente, a empresa 2 (construtora/incorporadora), pretendia formar uma
equipa de 30 pessoas mas para realizar trabalhos de acabamentos. Constatou-se
que os trabalhos de maior responsabilidade eram realizados por terceiros e que não
existia uma preocupação para mudar por parte da construtora. A maior parte dos
serviços para os funcionários da empresa, era retrabalho ou manutenção. Também
na hora de seleção e recrutamento não existia uma técnica específica, normalmente
a contratação era feita pelo engenheiro da obra, que olhava a carteira de trabalho de
um possível funcionário que procurava emprego. Geralmente a empresa 2 usava a
contrato de experiencia para testar o funcionário, não existindo uma avaliação
previa.
195
5.4.2 Estrutura de comando e acompanhamento da mão-de-obra
Na estrutura de comando também existiam diferenças significativas. A empresa 1
tinha um engenheiro por obra, sempre acompanhado por um mestre-de-obras e
ainda, mesmo não sendo em todas as obras, encarregados para as diferentes
funções. Tinha também um técnico de segurança próprio da empresa que
acompanhava as várias obras em dias ao acaso. A empresa 2, por sua vez,tinha
apenas um engenheiro para cinco obras, sendo que apenas 2 tinham mestres de
obra e as restantes eram supervisionadas por estagiários. O técnico de segurança
era contratado ao SECONCI e o acompanhamento das obras não era regular.
Também o acompanhamento da mão-de-obra se diferencia nas duas empresas.
Sendo que a empresa 1 tinha uma reunião diária nos primeiros 15 minutos do dia
onde se dava treinamento de segurança e se planejava o dia de trabalho. O
treinamento era dado pelo mestre-de-obras junto com o técnico de segurança,
quando possível. Existiam também formações para os funcionários da empresa e
avaliações mensais com o objetivo de detetar melhorias e falhas.
Na empresa 2 não existia qualquer habito diário, sendo que muitas vezes se
detetou falta de organização e planejamento, não sabendo os trabalhadores, a
maioria das vezes, que serviço iriam desempenhar.
5.4.3 Conclusões da realidade das empresas estudadas
Percebe-se claramente uma diferença entre as duas empresas. Não significa com
esta análise que uma construtora/incorporadora, não possa ter os mesmos cuidados
e a mesma qualidade de uma construtora/não incorporadora, mas, neste caso, nota-
se claramente uma maior responsabilidade e organização da parte da empresa 1.
Tal justifica-se, por um lado, pelo fato de esta empresa desempenhar trabalhos para
um dono de obra ou uma empresa industrial, o que acarreta responsabilidades e
regras que a empresa 2 não tem.
O foco das empresa do tipo 2 é cada vez mais vender, o que as distancia da
tarefa de construir com qualidade. Esta empresa prefere contratar um empreiteiro,
ou seja, “locador de mão de obra”, que não tendo qualquer formação, muitas das
vezes, assumem a responsabilidade de construir e de formar os profissionais.
196
6 CONCLUSÕES GERAIS
No decorrer do trabalho, percebeu-se que quando se fala em mão de obra, existe
ainda um enorme estudo a ser desenvolvido. Contudo, o objetivo inicial de orientar
as entidades de comando com possíveis formações, métodos de recrutamento e
seleção e acompanhamento, para a mão-de-obra da Construção Civil, foi
conseguido.
Ao longo do desenvolvimento do trabalho vão sendo apontadas pequenas
conclusões e propostas de melhorias específicas de cada tópico. Por essa razão,
apenas serão aqui referidas conclusões gerais e propostas para futuros estudos.
Encontraram-se algumas dificuldades para encontrar bibliografia sobre formação
para serventes. Com efeito, foi proposto um exemplo de formação, usando métodos
sequenciados, que se acham apropriados para qualquer funcionário a iniciar no
ramo. Para a profissão de Pedreiro e Carpinteiro, juntamente com o SENAI, foi
possível obter bibliografia sobre formação, considerando-se, no entanto, que a
bibliografia analisada nem sempre apresenta os melhores métodos de formação, se
considerarmos que o objetivo é treinar pessoas maioritariamente sem qualificações.
Conclui-se, pois, que há ainda muito trabalho a desenvolver para que se possa
melhorar significativamente a formação da mão-de-obra.
No que se refere aos métodos de recrutamento e seleção, não existe qualquer
método específico para a mão-de-obra da Construção Civil, sendo responsabilidade
de cada empresa elaborar os seus próprios métodos. Considera-se que o objetivo
de apresentar conceitos / conhecimentos para o desenvolvimento desses métodos,
foi conseguido, acredita-se, no entanto, que existe ainda um elevado estudo a ser
realizado, propondo-se este para futuros trabalhos. Verificou-se também que existe
uma diferença entre as duas empresas estudadas, notando-se claramente uma
maior preocupação da empresa 1 (construtora não incorporadora) para um bom
processo de recrutamento e seleção. Tal como já foi referido, uma das razões que
leva a que isso aconteça será o fato de o objetivo da empresa 2 (construtora
incorporadora), ser cada vez mais vender, esquecendo por vezes a importância da
qualidade de construção.
Por observação e pequenas experiencias, constatou-se a veracidade da
importância da motivação e liderança. Concluiu-se que a mão-de-obra apresenta
197
melhorias significativas quando o líder (mestre de obras, encarregado, estagiários e
engenheiros) tem conhecimentos sobre motivação e liderança e os utiliza em
campo. Existe uma separação entre os operacionais de serviço e a estrutura
organizativa das empresas, é necessário estabelecer relações entre as duas
terminando com conceitos passados de desvalorização da mão-de-obra.
O fato de a amostra de funcionários analisada ser pequena e de ser
acompanhada de forma direta no dia a dia, levou a conclusões importes para este
trabalho, no entanto, na resposta aos questionários, considera-se que esse fato
influenciou as respostas dos mesmos, não sendo completamente atingido o objetivo
inicial de analisar de forma precisa a vida laboral e as características dos
funcionários.
Uma vez que se limitou o estudo a três profissões da construção civil, propõe-se
para trabalhos futuros uma continuação das propostas de formação, para armador,
pintor, encarregados, mestre-de-obras, entre outros que se considerem importantes.
Em suma, considera-se fundamental que as empresas de construção despertem
para a necessidade de mudança nos métodos de gestão dos seus recursos
humanos, voltando-se para a produção com qualidade e não em quantidade,
valorizando, acima de tudo, a comunicação e interação direta entre os operários e as
estruturas de comando. Só assim será possível ultrapassar as dificuldades
pertinentes do dia-a-dia de um canteiro de obras, visando a execução de um serviço
a baixo custo e de grande qualidade.
198
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