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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS - CCT ENGENHARIA CIVIL CARLOS MANUEL CARVALHO LOPES A FORMAÇÃO, O RECRUTAMENTO, A SELEÇÃO E O ACOMPANHAMENTO DA MÃO - DE - OBRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL JOINVILLE, SC 2012

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Prova eng. civil

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS - CCT

ENGENHARIA CIVIL

CARLOS MANUEL CARVALHO LOPES

A FORMAÇÃO, O RECRUTAMENTO, A SELEÇÃO E O ACOMPANHAMENTO DA

MÃO - DE - OBRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL

JOINVILLE, SC

2012

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CARLOS MANUEL CARVALHO LOPES

A FORMAÇÃO, O RECRUTAMENTO, A SELEÇÃO E O ACOMPANHAMENTO DA

MÃO - DE - OBRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Trabalho de Graduação apresentado á

Universidade do Estado de Santa Catarina,

como requisito parcial para obtenção do título

de Engenheiro Civil.

Orientador (a): José Carlos Vieria

JOINVILLE, SC

2012

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CARLOS MANUEL CARVALHO LOPES

A FORMAÇÃO, O RECRUTAMENTO, A SELEÇÃO E O ACOMPANHAMENTO DA

MÃO - DE - OBRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Trabalho de graduação aprovado como requisito parcial para a obtenção do título de

Engenheiro do curso de Engenharia Civil da Universidade do Estado de Santa Catarina.

Banca Examinadora Orientador (a): ___________________________________________________

Prof. José Carlos Vieria - Especialista UDESC - CCT

Membro: ____________________________________________________

Prof. Marco Otávio Bley do Nascimento - Especialista UDESC - CCT

Membro: ____________________________________________________

Prof. Ivo Hamilton Persike - Mestre UDESC - CCT

Joinville, 05/06/2012

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Aos meus pais, pela oportunidade que me

deram de seguir sempre os meus sonhos

e contrariando todas as dificuldades

tornaram tudo isto possível.

Á minha Irmã, que simplesmente me

acompanhou em toda a minha vida, sendo

um exemplo presente em todas as horas.

Um apoio único e indispensável.

Aos familiares que de forma presente

contribuíram na minha educação humilde,

destacando-se os meus avós.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que contribuíram para a realização deste trabalho.

Obrigado familia, obrigado pai Jaime Lopes, obrigado mãe Maria Fernanda, obrigado

irmã Lucia Lopes e obrigado cunhado Bruno Assunção, vocês tornaram tudo isto

possível. Com o meu esforço, junto com o de vocês, tornamos possível esta viagem ao

Brasil e com ela, proporcionaram mudanças na minha vida, que nunca esquecerei.

Obrigado irmã Lucia Lopes, pelo acompanhamento constante em todos os

momentos da minha vida incluindo este, obrigado por me ouvires, por me corrigires, por

me ajudares, me criticares e elogiares sempre de forma construtiva.

Obrigado Gabriel Melo, obrigado por fazeres parte da minha vida, obrigado por

conseguires vencer a distância e ser sempre como um irmão para mim.

Obrigado Veronica Quiceno, obrigado por estares ao meu lado nesta fase da minha

vida e me ajudares a vencer cada obstáculo.

Obrigado Vasco Soares, obrigado porque sem ti, esta passagem pelo brasil não seria

a mesma coisa, sem ti seria mais dificil passar os momentos maus e não seria a mesma

coisa festejar os momentos bons.

Obrigado aos meus amigos, obrigado aqueles que sabem que mesmo estando longe

os trago junto a mim.

Obrigado professor José Carlos Vieira, por me orientar. Pelas conversas que além de

me ajudarem no trabalho, guardarei para a minha vida.

Obrigado professor Marco Otávio Bley do Nascimento, que numa simples conversa,

conceguiu posicionar-me no caminho certo, e ajudar-me a definir uma prespetiva para o

trabalho.

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“Quantas vezes, segurei a colher de

pedreiro e com o pulso firme, levantei uma

parede junto com o meu funcionário.

Numa conversa longa, construindo laços

que nos tornavam uma equipa, expliquei,

entre o início e o final da parede, que o

prumo, nível e alinhamento, são o segredo

de qualidade e lucro. Quantas vezes, perdi

a oportunidade de segurar a colher de

pedreiro e exigí que me ouvisse, quando

simplesmente poderia ter o prazer de me

ouvir.” (Carlos Lopes)

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CARLOS MANUEL CARVALHO LOPES

A FORMAÇÃO, O RECRUTAMENTO, A SELEÇÃO E O ACOMPANHAMENTO DA

MÃO - DE - OBRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL

RESUMO

Este trabalho tem como foco orientar as entidades de comando da construção civil

sobre: recrutamento, seleção, formação e acompanhamento da mão-de-obra.

Limitando-se o estudo a três profissões da construção civil (servente, pedreiro e

carpinteiro), o trabalho inicia com exemplos de formação para cada uma das profissões,

agrupando assim conhecimentos indispensáveis para os dois itens seguintes. A lacuna

no processo de recrutamento e seleção da mão-de-obra na construção civil é um

desses itens e enumeram-se neste trabalho possíveis seguimentos a adotar pelas

empresas de construção. O outro item, que remete para o acompanhamento de mão de

obra, lembra a importância da motivação e liderança dentro de uma equipa de

construção. Em suma, o trabalho inicia por uma coleta de informação sobre cada uma

das profissões, sendo que a principal entidade de pesquisa foi o SENAI. Seguindo-se

para uma explicação de práticas de seleção e recrutamento. Lembrando a importância

da motivação e da liderança. Finalizando o trabalho apresenta-se a análise de uma

amostra de funcionários e também uma comparação entre duas empresas de

construção.

Palavras-chave: Recrutamento, Seleção, Formação, Motivação, Liderança,

Acompanhamento, Construção Civil, Mão-de-obra

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Traços de argamassa……………………………………………………... 27

Tabela 2 – Traços de concreto para uso em obras…………………………………. 28

Tabela 3 – Dimensionamento de Vergas……………………………………….……. 48

Tabela 4 – Dimensionamento de Contra – Verga…………………………….…...... 48

Tabela 5 – Designação dos Pregos…………………………………..………………. 64

Tabela 6 – Aplicações e caraterísticas dos pregos………………………..……...... 65

Tabela 7 – Matriz de treinamento em segurança……………………..…………...... 94

Tabela 8 – Linhas convencionais…………………………………………………....... 111

Tabela 9 – Cálculo de áreas………………………………………………………....... 126

Tabela 10 – Cálculo de volumes…………………………………………………........ 127

Tabela 11 – Perfil Funcional do Servente……………………………………………. 140

Tabela 12 – Amor e liderança…………………………………………………………. 155

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas DDS Diálogo Diário de Segurança EPS Poliestireno Expandido NR 18 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção SENA Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SIADAP Sistema Integrado de Avaliação do Desempenho da Administração

Pública

SINDUSCON Sindicato da Indústria da Construção Civil

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 13 1.1 PROBLEMA…………………………………………………………………….. 13 1.2 JUSTIFICATIVA………………………………………………………………... 14 1.3 OBJETIVOS…………………………………………………………………….. 14 2 A FORMAÇÃO PROFISSIONAL NA CONSTRUÇÃO……………………. 15 2.1 A FORMAÇÃO DO SERVENTE……………………………………………… 15 2.1.1 Limpeza e organização……………………………………………………… 16 2.1.2 Compactação e aterro……………………………………………………….. 21 2.1.3 Abertura de valas e poços………………………………………………….. 22 2.1.4 Fazer argamassa e concreto……………………………………………….. 23 2.1.5 Separação e corte de madeira……………………………………………… 29 2.1.6 Acompanhar um profissional………………………………………………. 31 2.2 A FORMAÇÃO DO PEDREIRO……………………………………………… 32 2.2.1 Conhecimentos/conceitos……………………………………………….…. 32 2.2.1.1 Prumo…………………………………………………………………………… 32 2.2.1.2 Nivelamento…………………………………………………………………….. 34 2.2.1.3 Esquadrejamento………………………………………………………………. 36 2.2.1.4 Alinhamento…………………………………………………………………….. 36 2.2.1.5 Planicidade……………………………………………………………………… 37 2.2.2 Locação da obra……………………………………………………………… 38 2.2.3 Escavação e fundação………………………………………………………. 39 2.2.4 Alvenaria……………………………………………………………………….. 41 2.2.5 Colocação de vergas e contra vergas 46 2.2.5.1 Verga……………………………………………………………………………. 48 2.2.5.2 Contra – verga………………………………………………………………….. 48 2.2.6 Revestimento de paredes…………………………………………………… 49 2.2.6.1 Chapisco………………………………………………………………………… 49 2.2.6.2 Taliscamento…………………………………………………………………… 52 2.2.6.3 Mestras………………………………………………………………………….. 54 2.2.6.4 Reboco………………………………………………………………………….. 55 2.2.7 Revestimento de teto………………………………………………………… 57 2.2.8 Contrapiso……………………………………………………………………... 58 2.3 A FORMAÇÃO DO CARPINTEIRO………………………………………….. 60 2.3.1 Conhecimentos/conceitos………………………………………………….. 61 2.3.1.1 Marcações e riscos…………………………………………………………….. 61 2.3.1.2 Pregar…………………………………………………………………………… 62 2.3.1.3 Nivelamento…………………………………………………………………….. 68 2.3.1.4 Prumo…………………………………………………………………………… 68 2.3.1.5 Esquadrejar…………………………………………………………………….. 69 2.3.1.6 Peças utilizadas na execução de fôrmas……………………………………. 70 2.3.2 Formas de pilares…………………………………………………………….. 72 2.3.3 Formas de vigas………………………………………………………………. 76

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2.3.4 Formas de laje………………………………………………………………… 79 2.3.5 Procedimento para desforma………………………………………………. 81 2.4 A FORMAÇÃO COMUM………………………………………………………. 82 2.4.1 Lixo e reciclagem, separação e reaproveitamento…………………….. 82 2.4.2 Segurança, saúde e higiene no trabalho…………………………………. 87 2.4.2.1 Proposta de formação de segurança, saúde e higiene no trabalho……… 91 2.4.3 Leitura de desenhos e projetos……………………………………………. 101 2.4.3.1 Projeto Arquitetónico…………………………………………………………... 114 2.4.3.2 Projeto estrutural de formas…………………………………………………... 117 2.4.4 Matemática e física utilizada na construção…………………………….. 120 2.4.4.1 Conhecimentos de física……………………………………………………… 120 2.4.4.2 Conhecimentos matemáticos………………………………………………… 124 3 O PROCESSO DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DOS

PROFISSIONAIS DA CONSTRUÇÃO………………………………………

127 3.1 LISTA DE COMPETENCIAS DE UM ASSISTENTE OPERACIONAL…... 128 3.1.1 Realização e orientação para os resultados…………………………….. 128 3.1.2 Orientação para o serviço público………………………………………… 129 3.1.3 Orientação para segurança…………………………………………………. 129 3.1.4 Adaptação e melhoria contínua……………………………………………. 129 3.1.5 Iniciativa e autonomia……………………………………………………….. 130 3.1.6 Inovação e qualidade………………………………………………………… 130 3.1.7 Otimização de recursos……………………………………………………... 130 3.1.8 Organização e método de trabalho……………………………………….. 131 3.1.9 Responsabilidade e compromisso com o serviço……………………... 131 3.1.10 Relacionamento interpessoal………………………………………………. 132 3.1.11 Tolerância à pressão e contrariedades…………………………………... 132 3.1.12 Trabalho de equipa e cooperação…………………………………………. 132 3.1.13 Coordenação………………………………………………………………….. 133 3.1.14 Conhecimentos e experiencias……………………………………………. 133 3.2 METODOLOGIA INERENTE AO PROCESSO DE SELEÇÃO E

RECRUTAMENTO……………………………………………………………..

134 3.2.1 Análise de funções…………………………………………………………… 135 3.2.1.1 Plano de implantação…………………………………………………………. 136 3.2.1.2 Relatório de análise de funções……………………………………………… 138 3.2.2 Perfil Funcional / Competências…………………………………………… 139 3.2.3 Fontes de recrutamento…………………………………………………….. 140 3.2.4 Aplicação dos métodos de seleção……………………………………….. 142 3.2.4.1 Testes psicotécnicos…………………………………………………………... 143 3.2.4.2 Testes de personalidade……………………………………………………… 145 3.2.4.3 Prova de grupo…………………………………………………………………. 146 3.2.4.4 Prova situacional……………………………………………………………….. 146 3.2.4.5 Prova situacional individual…………………………………………………… 146 3.2.4.6 Entrevistas……………………………………………………………………… 147 3.2.4.7 Testes físicos…………………………………………………………………… 149 3.2.5 Escolha do candidato/contrato de experiência…………………………. 149

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4 A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO E LIDERANÇA……………………... 149 5 ESTUDO DE CASO…………………………………………………………… 160 5.1 METODOLOGIA……………………………………………………………….. 160 5.1.1 Questionário sobre vida laboral…………………………………………… 161 5.1.2 Questionário de caraterísticas……………………………………………... 163 5.1.3 Reuniões individuais e coletivas………………………………………….. 166 5.1.4 Observações in loco…………………………………………………………. 166 5.2 RESULTADOS DAS DIFERENTES FUNÇÕES……………………………. 166 5.2.1 Resultados do servente……………………………………………………... 166 5.2.1.1 A vida laboral do servente…………………………………………………….. 166 5.2.1.2 Caraterísticas do servente……………………………………………………. 170 5.2.2 Resultados do pedreiro……………………………………………………… 176 5.2.2.1 A vida laboral do pedreiro…………………………………………………….. 176 5.2.2.2 Caraterísticas do pedreiro…………………………………………………….. 178 5.2.3 Resultados do carpinteiro…………………………………………………... 184 5.2.3.1 A vida laboral do carpinteiro………………………………………………….. 184 5.2.3.2 Caraterísticas do carpinteiro………………………………………………….. 186 5.2.4 Conclusões dos resultados das diferentes funções…………………... 192 5.3 RESULTADOS COMUNS…………………………………………………….. 192 5.4 A REALIDADE DAS EMPRESAS ESTUDADAS…………………………… 194 5.4.1 Processo de recrutamento e seleção dos profissionais da

construção……………………………………………………………………..

194 5.4.2 Estrutura de comando e acompanhamento da mão-de-obra………… 195 5.4.3 Conclusões da realidade das empresas estudadas…………………… 195 6 CONCLUSÕES GERAIS……………………………………………………... 196 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS………………………………………… 198

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1 INTRODUÇÃO

“Eu trago a minha ferramenta de casa para trabalhar, mas como a empresa não

me valoriza, vou fazer como os outros. Não tenho ferramenta, não trabalho.”

Frases como esta deveriam preocupar cada vez mais as entidades de comando.

Broch (2012) afirma, “hoje as pessoas ainda ficam na Construção Civil enquanto não

encontram emprego em outras áreas. É preciso uma política de valorização,

remunerar e qualificar mais, para que os trabalhadores se sintam atraídos.”

A rotatividade de pessoal, resultado de um deficiente processo de recrutamento e

seleção e de um mau acompanhamento e formação da mão-de-obra, são cada vez

mais um indicador que prejudica os prazos de entrega das obras provocando assim

um menor lucro às empresas. Este trabalho, em três ponto fulcrais, visa orientar as

entidades de comando com exemplos e propostas de: formação (Pedreiro,

Carpinteiro e Servente), recrutamento e seleção. Valoriza-se ainda a importância da

motivação e liderança, como complementos essenciais ao bom acompanhamento da

mão-de-obra. É importante referir que, este trabalho se desenvolve apenas em torno

do estudo de três profissões consideradas fundamentais na construção civil: O

Pedreiro, o Carpinteiro e o Servente.

O último ponto do trabalho descreve o estudo de caso realizado. Primeiramente,

escolheu-se uma amostra pequena de mão-de-obra, analisando esta através de

questionários, reuniões e observação in loco. Finalmente, escolheu-se duas

empresas com características diferentes, para que fosse possível analisar de que

forma o fato de esta ser incorporadora ou não incorporadora, influência o seu

desenvolvimento.

1.1PROBLEMA

A Construção, encarada como o último recurso para conseguir um emprego e,

associada a pessoas sem qualquer tipo de formação, é uma realidade inegável e

que se acredita ser possível mudar. A falta de preparação das entidades de

comando para desenvolver bons métodos de: formação, recrutamento e seleção e,

acompanhamento (motivando e liderando) da mão-de-obra da Construção Civil é

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possivelmente o ponto-chave para essa mudança. Por essa razão se elaborou este

trabalho.

1.2 JUSTIFICATIVA

Sendo a Construção essencialmente uma arte passada de gerações em

gerações, ensinamentos que passam de pessoas mais velhas, e com experiencia,

para pessoas que querem aprender a arte do bem construir, parece ser possível

desenvolver trabalho, no sentido de melhorar e valorizar os mecanismos de

formação, recrutamento e seleção e, acompanhamento da mão-de-obra na

Construção Civil.

1.3 OBJETIVOS

Orientar as entidades de comando: propondo exemplos de formação,

apresentando métodos de recrutamento e seleção e referindo a importância da

motivação e liderança para um bom acompanhamento da mão-de-obra na

Construção Civil. Iniciar uma nova mentalidade sobre mão-de-obra, procurando a

sua valorização, o seu desenvolvimento e a sua evolução.

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2 A FORMAÇÃO PROFISSIONAL NA CONSTRUÇÃO

As possíveis formações em seguida apresentadas têm como base algumas

apostilas, observações e experiencias in loco, diálogo com mestre-de-obras,

engenheiros, estagiários, carpinteiros, pedreiros e serventes. Importante será referir

que, a formação apresentada não é apenas um conjunto de práticas, muito menos

será um conjunto de definições de materiais e ferramentas. Não se pretende aqui

apresentar técnicas inovadoras nem os novos modelos de construção. A análise

desses tópicos, não menos importantes, dariam matéria para um novo estudo e uma

nova apresentação.

Assim, neste trabalho, apresenta-se um modelo de formação que pretende

orientar profissionais de comando num possível treinamento para serventes,

pedreiros e carpinteiros. Um treinamento que se acredita não ser possível apenas

numa sala de aula, mas sim complementado dentro da própria obra com um

acompanhamento contínuo de todos os funcionários, buscando o desenvolvimento

destes, de uma forma progressiva e com bases aprendidas desde o primeiro contato

com a obra. Buscando práticas antigas, conceitos que passam de geração em

geração e que nunca perdem o seu valor por mais que o tempo passe, encontrando

características e competências pessoais, desenvolvendo características e

competências importantes de uma forma sequenciada.

2.1 FORMAÇÃO DO SERVENTE

“operário não especializado da construção civil que desempenha tarefas secundá

rias”1

Num pensamento idealista, um servente de hoje será o pedreiro ou carpinteiro de

amanhã.

Depois de uma pesquisa, percebeu-se que não existe qualquer tipo de material de

formação específico para este profissional. Uma lacuna que, deveria ser preenchida,

1 Dicionário da língua portuguesa, Acordo ortográfico, Porto: Porto Editora, 2011

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uma vez que se trata do profissional menos controlado, tornando-se por vezes

problemático o relacionamento com este na construção.

Em termos de custos, os gastos com o pagamento de serventes representam

sempre um valor expressivo, ocupando os primeiros lugares das curvas ABC de

insumos das obras.

Propôs-se então desenvolver um exemplo de formação para este profissional,

tendo em atenção observações in loco, diálogos com mestres-de-obras, colegas

engenheiros e próprios serventes, acompanhamento de professores do SENAI, dada

a experiencia de formação.

Além da formação comum, que será descriminada num tópico único, apresenta-se

em seguida os conhecimentos e competências que um servente deve adquirir. A

ordem de formação é propositada. A maior parte das vezes, este profissional, não

tem qualquer conhecimento de obra quando entra em serviço. Assim, tendo como

objetivo o desenvolvimento das competências deste profissional, acredita-se que

deverá existir uma sequência lógica para que este profissional aprenda de uma

forma controlada e produtiva.

2.1.1 Limpeza e organização

Considera-se que, no primeiro contato com a obra, o servente deverá exercer

esta função: deixar a obra limpa, garantindo um ambiente sem sujeira e sem perigos

para todos os profissionais. Entende-se por perigos, por exemplo, madeira com

pregos, restos de ferro pela obra, entre outros. Com efeito, o servente deverá

remover todos os pregos de madeira que já não está sendo utilizada, deverá

recolher todo o material espalhado pela obra, organizando este de acordo com o que

será explicado no tópico de organização. As áreas de obra deverão ser varridas

recolhendo todo o entulho produzido. O servente deve também ter atenção se está

levantando muita poeira, pois esta é prejudicial para ele e para os seus colegas de

trabalho, sendo que deverá usar mascara enquanto está varrendo as áreas que

levantam poeira. Se está executando este serviço perto de outros profissionais, deve

molhar toda a área e então depois varrer, prevenindo assim que a poeira levante e

prejudique a saúde do próprio e dos colegas.

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Deixar em perfeito estado a ferramenta usada na obra faz também parte do tópico

Limpeza. A ferramenta deverá ficar limpa no final do dia, para, assim, no dia

seguinte de trabalho estar em perfeitas condições de uso. Restos de argamassa ou

concreto devem ser removidos.

A tarefa limpeza vai permitir ao servente ter um primeiro contacto com a obra e

com os colegas, com os materiais e com as ferramentas. Considera-se que o

servente deve ter treinamento numa primeira fase para poder desempenhar esta

tarefa com alguma autonomia, sem precisar de ser constantemente acompanhado.

Poderá dizer-se que a limpeza e a organização, em seguida abordada, deveriam

ser, para um servente iniciando em obra, uma tarefa que ele pudesse garantir, sem

que para isso, seja necessário pedir-lhe.

Limpeza incluiu, claro, reciclagem, mas este assunto será discutido no tópico de

formação comum, pois entende-se que é de grande importância que todos os

profissionais tenham esse conhecimento.

Ferramentas necessárias

Balde Plástico

Talhadeira ou ponteira

Carrinho de mão

Enxada

Vassoura e vassourão

Martelo

Marreta

Equipamentos Segurança

Capacete

Sapatão

Mascara

Óculos

Luvas

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Passando agora à organização, esta é uma tarefa que caminha em paralelo com

a limpeza, mas não só. A organização é essencial em toda a obra, do início ao fim,

fazendo parte de cada profissional de construção. Por essa razão considera-se

extremamente importante que, numa fase inicial, um servente ao entrar em obra

pela primeira vez, entenda a sua importância e a aprenda. Não cabe ao servente,

apenas recolher todo o material e entulho espalhado pela obra, mas também

separá-los e organizá-los.

É prática comum na construção observar pregos espalhados pela obra. Entende-

se essa prática como incorreta, pelo que propõe-se que ao retirar os pregos da

madeira espalhada pela obra, se recolham todos os pregos, usando um balde, por

exemplo, e se joguem depois no depósito de separação de metal. Quanto à madeira,

muitas vezes esta é reaproveitada, devendo então o servente ter um treinamento

sobre o reaproveitamento de material, mais um conhecimento indispensável para

toda a sua carreira profissional dentro da construção. Organizar a madeira por

tamanhos, ou por larguras, é uma prática aconselhável dentro da obra. Existindo um

lugar previamente definido para separação da madeira do restante material, esta

deve ser organizada desta forma.

Outro material reaproveitado é o ferro, este também deve ter um local próprio

para, quando recolhido pelo servente, ser depositado de forma organizada. No caso

do ferro é aconselhável ser organizado por bitola, para fácil identificação quando

necessário.

Outros materiais como EPS, plástico, papel, sacos de cimento, sacos de cal,

latas de tinta e gesso, por exemplo, também deverão ser devidamente separados e

serão novamente abordados no tópico sobre lixo abordado na formação comum.

Quanto ao entulho, e entende-se por entulho de obra restos de argamassa,

concreto, tijolos ou blocos, deve ser também depositado em local próprio, para

coleta ou para utilização em aterros dentro de obra.

Tal como foi referido anteriormente, seguiu-se uma sequência logica para

organizar a formação de servente. Com estas duas funções (limpeza e organização)

pretende-se, pois, passar para o servente, conhecimento de materiais, ferramentas,

importância da organização e do reaproveitamento, importância de um local limpo e

sem perigos. Pretende-se ainda um primeiro contacto com os outros e com o bem-

estar destes. Não sujeitar os colegas a poeira quando podem molhar o local antes

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da limpeza ou eliminar os perigos dentro de obra, vai transmitir ao servente um

espirito de equipa e companheirismo. O fato de serem tarefas que este profissional

deve fazer sem que para isso tenha de ser mandado ou chamado à atenção,

incutindo isso no seu treinamento, desenvolverá no servente um sentido de

responsabilidade e competência, igualmente importantes em todo o seu percurso

dentro da construção.

Não se pode deixar de referir a importância de existirem locais próprios para que

seja possível a organização, essa responsabilidade não é do servente e uma vez

que a formação aqui proposta tem em vista orientar um possível treinamento em

obra, cabe às entidades de comando proporcionarem um local de trabalho com as

condições necessárias ao desenvolvimento das competências de cada profissional.

Locais e práticas de armazenamento em obra:

Lixeira com depósitos para reciclagem

- Papel

- Plástico

- Madeira que não pode ser reaproveitada

- Metal que não pode ser reaproveitado

Local para restos de madeira que poderá ser reaproveitada

- Pode-se considerar madeira superior a 80 centímetros

Local para restos de ferro e aço que poderá ser aproveitado

- Pode-se considerar ferro superior a 60 centímetros

Caçamba ou local próprio para entulho

Caçamba ou local próprio para depósito de restos de Gesso

Caçamba ou local próprio para depósito de restos de EPS

Caçamba para sólidos contaminados

- Latas com restos de tinta

- Sacos de massa corrida

- Sacos de grafeato e/ou textura

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Armazém para materiais com espaço para separação destes

Refere-se aqui como materiais, aqueles mais comuns em obra: ferro, madeira,

tijolos ou blocos, EPS, areia, brita, cimento, cal e gesso.

Algumas práticas aconselhadas no armazenamento e cuidado destes materiais

serão em seguida citadas e acredita-se que devam ser incluídas no treinamento do

servente, dando assim a este uma responsabilidade de manter o material sempre

em devidas condições de uso.

Os sacos de cimento, cal gesso e argamassa devem ser guardados em local seco

e fechado, de forma a serem usados do mais antigo para o mais recente. Para não

terem contato com a umidade devem ser armazenados em estrado de 30

centímetros de altura e afastados da parede 30 centímetros também. O

empilhamento máximo para o cimento e gesso são 10 sacos, para cal 15 sacos e

para argamassa 20 sacos. O armazenamento deve ser feito próximo da betoneira.

Empilhar blocos e/ou tijolos com no máximo 1,5 metros de altura, para que assim

quando necessário usar estes, não ser preciso subir numa escada, evitando assim o

uso dos próprios blocos e/ou tijolos para subir a alturas exageradas. Devem ser

travados (amarrados) no seu empilhamento para que não tombem. Não devem estar

em contacto direto com o solo nem sujeitos a intempéries, devendo, por isso, ser

armazenados em estrado de madeira e em local coberto. Quando não é possível

local coberto então devem ser cobertos no final do dia com uma lona.

Peças de metal enferrujam, como tal devem ser guardas em local coberto.

A areia e a brita devem ser cobertas com lona ou outro material no final do dia,

para que assim não estejam sujeitos às intempéries, nem à mistura com impurezas

de obras.

O aço, deve ser separado por diâmetro, e não deve ficar em contacto direto com o

solo. O tempo de estucagem máximo a céu aberto é de 90 dias, como tal é

aconselhável que este se armazene em local coberto não ficando assim sujeito as

intempéries que provocam a oxidação do mesmo e sucessiva perda de resistência.

A madeira deve ser empilhada de acordo com a altura máxima aconselhada pelo

fabricante, para evitar a deformação da mesma. Apesar de existirem defensores que

a madeira poder ser guardada a céu aberto, aconselha-se nesta formação que esta

seja guardada em local coberto. Evitar o contacto com o solo. Devidamente

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21

separada por larguras e tipos de madeira. A madeira será reaproveitada durante a

obra como tal deverá ser devidamente cuidada para evitar desperdícios.

O EPS também deve ser guardado em local coberto devidamente separado por

larguras, as mais habituais são de 10 ou 15 centímetros.

Almoxarifado

Fala-se em almoxarifado no treinamento do servente, pois, acredita-se que as

ferramentas de uso comum, como, pá, enxada, carrinho de mão entre outras devam

ser guardadas após limpeza das mesmas. Quanto às ferramentas de cada

profissional, deverá ser responsabilidade do próprio manter estas guardadas e

limpas nos devidos locais.

Seguem-se agora as práticas que buscam o desenvolvimento das competências

do servente, com vista a que este possa crescer dentro da profissão e evoluir para

um nível superior.

2.1.2 Compactação e aterro

Contrariamente à limpeza e organização, que se acredita ser uma função a

realizar sem qualquer ordem, a compactação e aterro de uma determinada área,

necessitam de uma ordem superior. Um servente não vai fazer aterro ou

compactação de livre vontade e em qualquer lugar, mas sim no lugar onde esse

procedimento é necessário, cabendo ao mestre ou ao encarregado informar o

servente do local onde é necessário tal procedimento. Inclui-se agora no treinamento

o conceito de ordem, do saber ouvir, o conceito de tarefa com tempo e prazo para

ocorrer. Quando se fala em compactação, não se fala em compactação com cilindro

ou maquinaria pesada, mas sim em pequenas compactações, para execução de

contra piso, por exemplo. Estas podem ser realizadas pelo servente, devendo ser-

lhe explicado como deve ser feita uma compactação, para que fique bem executada.

Em Joinville, onde o solo é maioritariamente argiloso a compactação deve ser

bastante cuidada recorrendo muitas vezes a drenos para saída de água. Este

trabalho deverá ser acompanhado pelo mestre-de-obras ou encarregado, que

deveram sempre verificar se a compactação está em conformidade com o exigido. O

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22

servente percebe agora que o trabalho tem acompanhamento e verificações

constantes no decorrer da construção, e, desta forma, entende a importância da

qualidade de execução de serviço.

Ferramentas:

Soquete

Compactador de percussão

Carrinho de mão

Enxada

Equipamentos de segurança

Capacete

Sapatão

Protetor auricular

Óculos

2.1.3 Abertura de valas e poços

A abertura de valas e poços exigem conhecimentos sobre medida. Insere-se

então o conceito de medida no treinamento. Esta é uma função que também exige a

ordem de alguém, pois a abertura de valas e poços ocorre numa etapa certa na

obra, diferente da limpeza e organização que devem estar presentes em qualquer

altura da construção. Considera-se, pois, importante um primeiro contacto com o

projeto no desenvolvimento destas tarefas. O mestre ou o encarregado, ao pedir a

execução deste serviço, deve então explicar ao servente onde se encontra essa

abertura no projeto e porque será feita. O conceito de medidas e unidades, tal como

alguns conhecimentos teóricos, serão abordados no tópico sobre formação comum.

Também será desenvolvido nesse tópico um conhecimentos básico de projetos.

Volta-se a referir, que a formação aqui apresentada, tem em vista dar uma

orientação para as pessoas de comando, apresentando a estes uma possível forma

de como acompanhar os profissionais de construção e não ser um manual oferecido

a estes profissionais para aprenderem sozinhos. Acredita-se que a formação destes

Page 23: 000015C0

23

profissionais deve ser crescente e constante dentro da obra, como tal é importante

que engenheiros, mestres ou encarregados, saibam acompanhar e desenvolver as

capacidades destes profissionais.

Ferramenta:

Picareta

Enxada

Carrinho de mão

Trena

Equipamentos de segurança

Sapatão ou bota

Capacete

Óculos

Protetor auricular

Nas duas funções de seguida apresentadas, poderia existir já, uma separação do

profissional servente. Fazer massa, encaminhando este para próximo do pedreiro ou

realizar corte e organização de madeira, encaminhando este para próximo do

carpinteiro. Contudo, aconselha-se a que não exista já esta separação, pois

considera-se importante que o servente atue um pouco próximo das duas áreas,

uma vez que poderá definir com mais clareza o que gosta de fazer e ainda porque

futuramente poderá ambicionar ter os dois conhecimentos. Note-se que neste

trabalho se estuda apenas estas três profissões, servente, pedreiro e carpinteiro, por

essa razão não se fala aqui sobre conhecimento de armador e tarefas que

aproximem o servente desta profissão.

2.1.4 Fazer argamassa e concreto

Para completar este tópico usou-se a ‘Apostila do SENAI, Goiânia 2009’, junto

com o manual ‘Mãos à Obra’, contudo, é de referir que foram apenas usados como

complemento a um treinamento que pretende ser claro e objetivo.

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24

Para realizar esta função, o servente deverá fazer um treinamento de como

operar a betoneira. Vários acidentes ocorrem operando a betoneira como tal é

aconselhado um treinamento de segurança para operadores de betoneira.

Argamassa e concreto resultam da mistura de várias componentes, usualmente

temos areia, cimento, cal e água para a argamassa e areia, cimento, brita e água

para o concreto. Não se pretende que o servente conheça todos os tipos de

argamassa ou concreto, mas é objetivo deste treinamento que o servente

complemente a sua formação com novos conceitos, o conceito de traço, quantidade

e mistura.

Traço

É importante que o servente tenha conhecimento sobre a leitura do traço, este

indica qual a proporção de materiais a usar. O traço é apresentado por três

algarismos: para a argamassa, o primeiro algarismo diz respeito à quantidade de

cimento, o segundo a quantidade de cal e o terceiro a quantidade de areia; para

concreto, o primeiro algarismo representa a quantidade de cimento, o segundo a

areia e o terceiro a brita. A título explicativo, sabe-se que quando o traço da

argamassa é 1:2:8, esta tem uma quantidade de cimento, duas vezes a mesma

quantidade de cal e oito vezes mais a mesma quantidade de areia. No concreto,

quando o traço é 1:2:4, isto significa que tem uma quantidade de cimento, duas

vezes a mesma quantidade de areia e 4 vezes mais a mesma quantidade de brita.

Temos então para argamassa - cimento:cal:areia e para concreto -

cimento:areia:brita.

Quantidade

É prática comum na construção medir a quantidade de materiais necessários de

acordo com o traço com uma pá, considera-se que esta prática é incorreta, pelo que,

torna-se importante adicionar o conceito de quantidade na formação do servente. A

quantidade de material deve ser medida com ferramenta própria, como é o exemplo

da padiola, em último recurso com um balde ou uma lata de dezoito litros. Esta

prática deve ser aprendida, uma vez que estas ferramentas permitem uma medição

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25

exata das quantidades, contrariamente à medição por pá. A pá vai mais ou menos

cheia, a padiola, o balde ou a lata, têm uma medida exata e por essa razão a

medição dos materiais deverá ser dessa forma.

Mistura

A mistura pode ser executada de forma manual ou mecânica. Com o

aparecimento da betoneira, a forma manual tem caído em desuso, no entanto em

pequenos trabalhos o processo manual continua a ser usado.

O tempo de mistura deve ser o necessário para que os componentes fiquem bem

homogeneizados. A não homogeneidade prejudica a resistência do concreto e da

argamassa.

Concreto

Figura 2 - Mistura em betoneira de concreto Figura 1 - Mistura manual de concreto

Fonte: Mãos à obra Fonte: Mãos à obra

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26

Argamassa

O local de mistura, seja ela manual ou mecânica, deve estar limpo, sendo que a

água a utilizar também deverá ser água limpa.

Ainda que o servente deva ser informado pelo pedreiro, encarregado ou mestre-

de-obras sobre o tipo de traço que deve usar, considerou-se interessante incluir na

formação de servente duas tabelas: uma com os tipos de argamassa e seus usos,

outra com os tipos de concreto e seus usos. Dá-se especial importância à tabela de

argamassas, uma vez que a crescente industrialização do concreto fez com que este

raramente seja executado em obra. Nestas tabelas o servente tem agora as

principais funções de um pedreiro, juntando a essas funções o tipo de argamassa

usada. Como já foi referido anteriormente, o objetivo da formação do servente é

proporcionar a este profissional um crescimento dentro da construção, como tal este,

tem agora oportunidade de conhecer algumas práticas do pedreiro.

Figura 4 - Mistura em betoneira de argamassa

Figura 3 - Mistura manual de argamassa

Fonte: Mãos à obra Fonte: Mãos à obra

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27

Tabela 1 - Tabela de traços de argamassas

Fonte: Apostila do SENAI Goiânia, 2009

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28

Tabela 2- Tabela prática de traços de concreto para uso em obras

Fonte: Apostila do SENAI Goiânia, 2009

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29

Ferramentas:

Enxada

Carrinho de mão

Betoneira

Lata de 18 litros ou balde

Padiola

Equipamento de segurança:

Bota

Capacete

Luvas de borracha

Óculos

Protetor auricular

2.1.5 Separação e corte de madeira

A razão por que se colocou esta tarefa depois da realização de argamassa e

concreto, não é porque esta seja mais importante, mas sim porque a realização

desta tarefa exige um curso de como usar a serra circular. Tem-se a serra circular de

bancada e a serra circular manual, se operar a betoneira envolve um risco

acrescido, operar a serra circular envolve um risco ainda maior e para evitar e

prevenir acidentes tornou-se obrigatório a realização de um curso. Com o

conhecimento adquirido ate agora pelo servente, considera-se apropriado e seguro

confiar-lhe esta função. Adicionando à sua bagagem de conhecimentos adquiridos

com o treinamento uma formação de como usar a serra circular, o servente está

agora apto para se posicionar mais próximo de um carpinteiro. Cabe ao carpinteiro

dar informações sobre o tipo de madeira que necessita e quais as medidas

pretendidas, o servente que já antes aprendeu como separar a madeira quando

recolhe esta para ser reaproveitada, junta agora ao seu conhecimento a separação

de madeira necessária para um determinado tipo de serviço de carpintaria,

executando o corte apropriado desta.

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30

Esta tarefa exige mais agilidade e conhecimentos de matemática, o objetivo de

colocar esta tarefa agora não é encaminhar o servente para uma profissão de

carpinteiro, mas sim colocar este numa posição de maior responsabilidade com

exigência de maiores conhecimentos. Nesta tarefa considera-se importante

novamente o contacto com projetos, explicando ao servente o porquê das medidas

pretendidas. Sendo esta uma tarefa de elevado risco existem pessoas que não

querem aprender tal ofício, não sendo, por isso, menos importantes em obra.

Mesmo que um servente não queira aprender a usar a serra circular e fazer o curso

que o deixe apto para tal tarefa não deve deixar de aprender a marcar a madeira

com as medidas pretendidas, comparando esta com o projeto. Muitas vezes o corte

da madeira pode ser executado com uma serra ou serrote, que, ainda que exigindo

também cuidados de segurança, é muito menos perigoso que o uso da serra circular

e continua assim o servente a adquirir conhecimentos de medida, projeto e

marcação.

Ferramentas:

Serra ou serrote

Serra circular de mesa

Serra circular Manual

Lápis

Régua

Trena

Esquadro

Equipamentos de segurança:

Mascara de corte

Capacete

Sapatão

Luvas

Bata de corte

Protetor auricular

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31

2.1.6 Acompanhar um profissional

Acredita-se que o servente deve desempenhar esta tarefa depois de adquirir

todos os conhecimentos descritos anteriormente em treinamento constante.

Verificou-se, por observação, que isso não acontece, muitas vezes esta função é

realizada no primeiro contato com a obra. Mais uma vez, se poderia nesta fase

separar o servente ou para pedreiro ou para carpinteiro (armador não é

desenvolvido neste trabalho), mas considera-se importante que o servente

acompanhe durante um tempo um profissional pedreiro e durante outro tempo o

profissional carpinteiro, para que assim possa conhecer melhor as duas profissões,

permitindo ao mestre de obras, ao encarregado e ao próprio pedreiro ou carpinteiro,

perceber se este tem boas aptidões para a função. Nesta fase o servente deve, para

além de servir as necessidades do profissional que acompanha, manter o espaço

organizado e proporcionar a este o material necessário, ficar atento às várias tarefas

do profissional que acompanha, demonstrando curiosidade e questionando como

poderá fazer tais funções.

Á medida que este se sente mais confiante e o pedreiro ou carpinteiro entender

apropriado, deve ser dado a este pequenas funções de um nível superior. Quando o

servente se sentir apto deve ser sujeito a um pequeno teste prático e teórico

percebendo assim se este está em condições de subir a um nível superior.

Ferramentas: As necessárias pelo profissional acompanhado.

Equipamentos de segurança

Capacete

Sapatão ou bota

Luvas

Óculos

Auriculares de proteção

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32

2.2 FORMAÇÃO DO PEDREIRO

“operário especializado que executa serviços de construção de pedra, areia, cal,

tijolo, etc…, inclusive o revestimento das paredes”2

Após a análise bibliográfica realizada, verificou-se que para este profissional

existem conhecimentos aprofundados das suas atividades. O conteúdo apresentado

tem como base a ‘Apostila do SENAI, Goiânia 2009’ e a ‘Cartilha de Pedreiro’3,

sendo completado por observações in loco realizadas durante o estudo. Como

complemento, foi também analisada a profissão em Portugal. Em seguida

enumeram-se, então, um conjunto de conhecimentos e práticas que buscam o bom

desempenho deste profissional, pretendendo-se que esta apresentação seja clara e

de fácil compreensão.

2.2.1 Conhecimentos/conceitos

Existem cinco Conhecimentos/conceitos indispensáveis para o decorrer da

profissão de pedreiro, que o acompanham desde a locação da obra até aos

acabamentos da mesma, estando presentes em todas as suas tarefas, pelo que se

considera importante começar o treinamento com a sua apresentação: prumo,

nivelamento, esquadrejamento, alinhamento e planicidade.

2.2.1.1 Prumo

Existem dois tipos de prumo: o prumo de face e o prumo de centro. O prumo de

face é usado para verificar o plano vertical, sendo vulgarmente usado para assentar

os tijolos de canto em alvenaria e colocar as taliscas para realização do reboco. O

prumo de centro é usado para verificar a centralidade, sendo vulgarmente usado

para marcar alinhamentos e centros no gabarito.

2 Dicionário da língua portuguesa, Acordo ortográfico, Porto: Porto Editora, 2011

3 FILHO, A. B. A.; SILVAL. S.; SOUSA, W.P. Cartilha do Pedreiro, Bahia: Programa Aprendendo e

Construindo, 2001

Page 33: 000015C0

33

Prumo de face

Quer na execução de uma parede de alvenaria estrutural, quer na execução de

uma parede não estrutural, o prumo deve ser cumprido com o maximo rigor. Uma

diferença de milimetros nas primeiras fiadas provocará no final da parede uma

diferença de centimetros, levando a grandes desperdicios de argamassa na

execução do reboco e , no caso de alvenaria estrutural, gerando grandes problemas

de estrutura.

Prumo de centro

Usado para verificar a centralidade. Um pedreiro usa principalmente para

marcação de estacas, ou passagem de pontos de referência.

Incorreto Incorreto Correto

Fonte: Cartilha do pedreiro (2001) Fonte: Cartilha do pedreiro (2001)

Figura 5 – Uso do prumo de face Figura 6 – Forma correta de usar o prumo de face

Fonte: Momfort

Imagem 1 – Prumo de centro

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34

2.2.1.2 Nivelamento

Consiste em transportar uma dada referência de nível de um local para outro,

estabelecendo assim um plano horizontal. Normalmente, em uma obra, a referência

de nível encontra-se um metro acima do nível do piso. Para garantir o nivelamento

numa obra tem-se, o nível de bolha, a mangueira de nível e mais recentemente o

nível laser. Não será explicado o procedimento com nível laser neste trabalho, uma

vez que apenas se pretende apresentar os conhecimentos básicos de um pedreiro.

É de extrema importância o pedreiro estar atento às novas tecnologias, assim como

deverá existir uma formação sobre novas tecnologias dentro de obra, sempre que

estas possam ser utilizadas, mas, uma vez que se verificou por observações in loco

que o nível laser é pouco utilizado em comparação ao nível de bolha e à mangueira

de nível, e dado que os fundamentos teóricos e objetivos são os mesmos, apenas

serão explicados os processos de nivelamento com mangueira e nivelamento com

nível de bolha.

Mangueira de nível

É uma mangueira transparente cheia de água. Deverá existir um cuidado para

que esta não tenha espaços de ar e assim ser utilizada sem qualquer erro. É usada

para garantir o nível à distância e marcar diversos pontos de nível.

Processo de uso:

1 Encher a mangueira com água garantindo que não ficam bolhas de ar dentro.

Para verificar se a mangueira está pronta para usar, juntar as duas pontas e olhar se

a água se encontra na mesma altura.

2 Levar a mangueira com cuidado e com os dois extremos tapados, até ao local

que se pretende nivelar.

3 Marcar um ponto de referência numa parede ou então numa estaca bem fixada

no terreno.

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35

4 Com a ajuda de um ajudante e mantendo os orifícios fechados com o polegar,

colocar um extremo no ponto de referência e o outro extremo no ponto que se

pretende nivelar.

5 Colocar a olho a mangueira mais ou menos nivelada.

6 Destapar os dois extremos.

7 Executar o nivelamento.

7.1 Colocar a superfície da água de um os extremos na marca de referência.

7.2 Acompanhar o movimento da água do outro extremo e quando esta estabilizar

e o ajudante disser que a superfície da água coincide com a marca de referência,

marcar o segundo ponto.

8 Depois de marcar vários pontos, conferir se o primeiro esta de nível com o

último.

Nível de bolha

Serve para verificar a horizontalidade de um elemento construtivo, sendo usado

para pequenas distâncias, para conferir vergas, fiadas de alvenaria, entre outros.

Existem níveis entre trinta centímetros a um metro. Embutido no corpo têm

pequenos tubos de vidro, cheios de água (ou outro líquido) com uma bolha de ar. No

centro do tubo existem dois riscos, colocando o nível em uma superfície, esta

encontra-se perfeitamente nivelada quando a bolha de ar se encontra entre os dois

riscos. Existem níveis de bolha que permitem também verificar o prumo e ainda

ângulos de 45 graus.

Processo de uso:

1 Limpar o local de apoio do nível.

2 Apoiar o nível no sentido longitudinal e verificar para em que lado se situa a

bolha de ar.

3 Levantar ou baixar as extremidades da peça ate que a bolha de ar se situe entre

os dois traços.

4 Retirar o nível e colocar este na posição transversal da peça.

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36

5 Quando a peça é demasiado grande para o nível, usar o auxílio de uma régua

metálica em perfeitas condições.

6 Seguir os passos do nivelamento longitudinal.

2.2.1.3 Esquadrejamento

O encontro das paredes deve respeitar um angulo de 90 graus, para verificação é

usado um instrumento chamado esquadro ou então regras matemáticas, que serão

explicadas na formação comum. Existe o esquadro de mão e o esquadro metálico,

mais usado pelo pedreiro. O uso do esquadro metálico é simples: posicionando este

no canto que se pretende verificar, se as duas paredes do esquadro forem paralelas

às duas paredes a verificar, estas encontram-se em perfeito esquadro, respeitando o

angulo de 90 graus. O esquadrejamento por processos matemáticos segue o

princípio do teorema de Pitágoras, explicado mais à frente.

2.2.1.4 Alinhamento

Consiste em posicionar na mesma direção os elementos da construção, usando-

se a linha de pedreiro para este fim. Normalmente, o alinhamento é importante na

execução de alvenaria e na colocação de mestras em paredes ou pisos. Pode-se

usar para verificar o alinhamento uma régua metálica, mas o mais habitual é esticar

uma linha entre um ponto inicial e um ponto final, previamente aprumados e

nivelados.

Fonte: Cartilha do pedreiro (2001)

Figura 7 - Esquadrejamento

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37

2.2.1.5 Planicidade

Para verificar a planicidade é usada uma régua metálica, posicionando esta

verticalmente, horizontalmente e obliquamente, na superfície a verificar. Se a

superfície não apresentar bacias, barrigas, dentes, frestas ou falhas, então encontra-

se em perfeita planicidade.

Uma vez apresentados tais conhecimentos/conceitos, segue-se a apresentação

das tarefas de um pedreiro. No decorrer da formação aqui proposta, poderá

questionar-se, o porque de não ser incluído um tópico sobre assentamento

cerâmico, ou um tópico sobre pintura, mas, por observação in loco, verificou-se que

estas tarefas são cada vez mais separadas desta profissão, existindo hoje em dia

pessoas especificas para esses trabalhos. Por essa razão essa formação não foi

incluída nesta proposta.

Fonte: Cartilha do pedreiro (2001)

Figura 8 - Alinhamento

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38

2.2.2 Locação da obra

Esta é uma etapa muito importante da construção que consiste em medir e

marcar no terreno a posição dos furos, valas de fundação, paredes, colunas e outros

detalhes, de acordo com o projeto. Se a locação for mal executada, ou seja, se esta

não estiver em perfeito esquadro, nível, prumo e com as devidas medidas,

futuramente teremos problemas com a construção e, entre outros aspetos, existirá o

desperdício de material e de tempo a refazer o mal feito.

Para iniciar a locação, o terreno deve estar limpo e nivelado. Inicia-se então o

gabarito de locação, que consiste na marcação das principais referencias, e dos

eixos e faces dos elementos de fundação e de estruturas do edifício, de acordo com

o projeto. O gabarito de locação nada mais é, do que um polígono de madeira.

Processo de execução:

1 Armar o cavalete de demarcação, conforme os desenhos, nivelando-este um

metro acima do piso acabado da casa que será construída e situando este um metro

afastado da futura construção.

2 Marcar no cavalete todas as paredes perpendiculares ao alinhamento,

colocando um prego no ponto do eixo e dois nas faces da futura parede.

3 Marcar com prego as faces do baldrame.

4 Esticar uma linha em perfeito esquadro com o alinhamento, amarrando esta a

um prego no alinhamento paralelo a este.

5 Marcar agora as paredes paralelas ao alinhamento seguindo os passos citados

nos pontos 2,3 e 4.

6 Marcar no terreno com ajuda de uma barra de ferro ou um sarrafo as arestas do

baldrame. Seguindo-se pelos fios esticados anteriormente. Com o auxilio do prumo

de centro.

Ferramentas:

Trena

Escala

Mangueira de nível

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39

Nível de bolha

Prumo ao centro

Linha de pedreiro

Martelo

Marreta

Estacas de madeira

Pregos

Ripas de madeira

Plantas

Equipamentos de segurança:

Sapatão

Capacete

Luva

Óculos de proteção

2.2.3 Escavação e fundação

As fundações são os elementos estruturais que irão transmitir para o solo toda a

carga da estrutura.

Existem vários tipos de fundações, como tal o tipo de fundação a ser usado

deverá ser previamente escolhido pelo engenheiro, pois não cabe ao pedreiro

escolher o tipo de fundação a usar. As fundações mais usuais são as sapatas

isoladas, sapatas corridas, vigas baldrame e estacas, mas, independentemente do

tipo de fundação a usar, existem alguns conhecimentos que o pedreiro deve ter.

O início da fundação começa com a escavação do local onde esta será

executada. Antes de começar a escavação é necessário que o gabarito esteja

concluído com as devidas marcações de paredes e de fundações. Concluído o

gabarito, passa-se para o terreno com ajuda do prumo de centro, o local a escavar.

Este trabalho de escavação, como se referiu na formação de servente, poderá ser

feito por serventes, o que não impede o acompanhamento de pedreiros neste

serviço e a ajuda dos mesmos. No caso da abertura de furos deverá ser verificado a

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40

perpendicularidade ou o prumo com um prumo de centro. No caso de valas deverá

ser verificado o prumo com um prumo de face.

Figura 10 - Valas

Figura 11 - Furos

Fonte: Cartilha do pedreiro (2001)

Fonte: Cartilha do pedreiro (2001)

Figura 9 - Estacas

Fonte: Cartilha do pedreiro (2001)

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41

Na execução da fundação não é dispensado, o perfeito esquadro, prumo e nível.

Ferramentas:

Picaretas

Cavadores

Trados

Enxada

Cavador reto

Prumo de face

Prumo de centro

Esquadro

Trena

Nível

Carrinho de mão

Equipamento de segurança:

Sapatão ou bota

Capacete

Luvas

Óculos

2.2.4 Alvenaria

“Conjunto coeso e rígido, de tijolos ou blocos unidos entre si por argamassa.”4

A apresentação dos vários materiais de alvenaria e das suas funções daria um

trabalho único, dado a existência de grande investigação nesse sentido. Por essa

razão, neste ponto não se pretende explicar os vários materiais existentes, nem

técnicas mais ou menos inovadoras, mas sim, enumerar um conjunto de

conhecimentos indispensáveis a um pedreiro.

4 SANTOS, Francisco Rodrigues dos. Aprendizagem Construção Civil: Apostila Pedreiro, Goiânia:

SENAI 2009

Page 42: 000015C0

42

Organizar espaço

Manter o material próximo do lugar onde se vai executar o trabalho, cerca de 1

metro. Transferir informação ao servente, para que este mantenha sempre o local

organizado e com o material necessário. Manter a ferramenta necessária próxima e

em perfeitas condições.

Processo de Execução

1 Preparar e marcar local onde será levantada a parede

1.1 Limpar piso

1.2 Marcar com lápis a posição do primeiro e do último tijolo ou bloco da fiada.

1.3 Esticar linha de giz entre as duas posições antes definidas e marcar em toda a

extensão. Poderá ser usada uma régua marcando assim com lápis ou outro

marcador.

1.4 Molhar superfície onde os tijolos ou blocos irão assentar

2 Assentar primeiro tijolo ou bloco

2.1 Depositar uma camada de argamassa junto a marca do alinhamento. A

quantidade deve ser suficiente para assentar o tijolo ou bloco.

2.2 Posicionar o tijolo ou bloco na posição conveniente e com ajuda da colher e

das mãos deixar este em prefeito alinhamento, prumo e nível.

2.3 A espessura da argamassa deverá ficar entre 1 a 1,5 centímetros, mantendo

esta em toda a parede.

2.4 Retirar excesso de argamassa para que possa ser reaproveitada

3 Assentar o último tijolo da fiada de forma idêntica ao apresentado no ponto 2

4 Esticar uma linha de referência entre o primeiro e o ultimo tijolos ou blocos

4.1 A linha deverá estar afastada cerca de 1 milímetro da aresta superior do tijolo

ou bloco.

5 Completar a fiada com os tijolos ou blocos intermédios

5.1 A junta entre blocos ou tijolos deverá ser no máximo de 2 centímetros

6 Retirar a linha de referência

7 Colocar o escantilhão em vão de portas ou quando a parede não termina em

pilar, em encontro de paredes, ou seja, cunhais. Garantir perfeito prumo do

escantilhão. Poderemos substituir o escantilhão por uma tábua de madeira e graduar

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43

este para que exista uma referência da altura de alvenaria. O escantilhão ou a tábua

deverá ficar em perfeito prumo, alinhamento e nível.

8 Iniciar segunda fiada

8.1 O início da segunda fiada deve iniciar com travamento da junta, ou seja, as

juntas verticais deveram ser desfasadas. Utiliza-se normalmente para esse fim o

meio tijolo, ou meio bloco. Quando este não exista deverá proceder-se ao corte

cuidadoso do bloco ou tijolo com as ferramentas necessárias.

8.2 Assentar tijolos ou blocos nas extremidades da segunda fiada, garantindo o

nível, prumo e alinhamento.

9 Seguir todos os passos da primeira fiada.

10 A terceira fiada de tijolos ou blocos será como a primeira e a quarta fiada será

como a segunda. Assim sucessivamente nas restantes fiadas, fiadas pares

diferentes das ímpares, mas iguais entre si.

11 Quando a alvenaria se encontra com pilares, estes devem ser previamente

limpos e chapiscados. A ligação é feita com argamassa e reforçada com ferros de

espera ou tela metálica depois de 7 dias após chapisco.

12 No encontra da alvenaria com lajes e vigas proceder ao encunhamento.

(Normalmente usa-se argamassa expansiva, mas poderá ser usado tijolos

cerâmicos maciços ou cunhas de cimento. Colocar a argamassa expansiva de um

lado da parede, com a colher de pedreiro, compactando esta com uma régua de

madeira. Doze horas depois completar o acunhamento do outro lado da parede.)

12.1 Parede executada no mínimo há 15 dias.

12.2 Alvenaria dos dois pavimentos imediatamente acima executada.

12.3 Se possível começar encunhamento desde o último pavimento.

13 Em cunhais garantir a amarração e o perfeito esquadro entre paredes.

(A amarração é indispensável para garantir que a parede funcione como um corpo

rígido. Para garantir essa amarração é indispensável travar as juntas, encaixar

devidamente os cunhais e ainda garantir a perfeita ligação entre painéis de

alvenaria. Não esquecer também o uso de tela metálica ou ferros de espera na

ligação de parede pilar.)

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44

Figura 12 - Amarração de paredes interiores

Fonte: Apostila do SENAI Goiânia, 2009

“Nos cunhais e esquadrias das paredes deverá haver um cuidado especial de

modo que os tijolos fiquem bem travados entre si. Nos cunhais das paredes da

fachada, ombreiras e outras extremidades de parede em contacto com o exterior, é

fundamental que o tijolo não fique com os furos voltados para o exterior. Na

ausência de tijolos de formato especial para estas situações, pode usar-se o tijolo

furado corrente, ao alto (furação na vertical) cortado para as dimensões

convenientes, mas sempre devidamente travado.”5

Através da observação, constatou-se que é prática comum deixar nas paredes de

fachada, tijolos com furos voltados para o exterior. Isto acontece quando se executa

o travamento de uma parede interior com uma parede exterior, quando por alguma

razão fica mais fácil encaixar o tijolo, ou ainda na execução de cunhais. De acordo

com Martins e Jâcome (2005) esta prática, já estudada em Portugal, não é correta.

5 JÂCOME, C. C.; MARTINS, J.G. Reabilitação: Identificação e tratamento de patologias em

edifícios. 1. Ed. 2005

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45

Quando o tijolo fica com os furos voltados para o exterior, proporcionará um possível

ponto fraco para infiltração de água. Com efeito, considera-se correto depois de tal

avaliação, acrescentar mais um conhecimento.

14 Não deixar furos do tijolo em paredes de fachada, voltados para o exterior.

Ombreira, em Portugal, a parte lateral da janela que sustenta a verga. Uma vez

que esta está em contato com o exterior não é aconselhável também deixar os furos

do tijolo voltados para o exterior, usando então o tijolo com os furos voltados para

cima.

Fonte: Identificação e tratamento de patologias em edifícios (2005)

Figura 13 - Cunhal exterior bem executado Imagem 2 - Cunhal exterior mal executado

Fonte: Identificação e tratamento de patologias em edifícios (2005)

Fonte: Manual de Alvenaria de Tijolo (2000)

Imagem 3 - Ombreira mal executada Figura 14 - Ombreira bem executada

Fonte: Manual de Alvenaria de Tijolo (2000)

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46

Ferramentas:

Escantilhão

Esquadro

Prumo de face

Nível de bolha

Linha de pedreiro

Régua de alumínico

Martelo de corte

Colher de pedreiro

Argamassadeira

Lápis de pedreiro

Equipamentos de segurança:

Sapatão

Capacete

Óculos

Luvas

2.2.5 Colocação de vergas e contra vergas

O fato de existirem vão, de janelas ou portas, exige a construção de vergas e

contra vergas, para que assim os esforços sejam melhor distribuídos.

Podem ser moldadas no próprio local, ou então pré-moldadas. O mais comum é

estas serem Pré-moldadas.

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47

Fonte: Apostila do SENAI Goiânia, 2009

Fonte: Apostila do SENAI Goiânia, 2009

Figura 15 - Consequência de não usar verga e contra verga

Figura 16 – Uso de vergas e contra vergas

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48

2.2.5.1 Verga

“Viga de concreto armado colocada sobre as aberturas nas alvenarias, tais como,

vão de portas e janelas, com a função de sustentar os elementos construtivos sobre

elas e impedir a transmissão de esforços para as esquadrias, quando existirem.”6

Tabela 3 – Dimensionamento das Vergas

Verga

Vão (centímetros) Traspasse Mínimo

(centímetros)

Comprimento máximo

da parede (metros)

50 a 100 10 <8,0

100 a 180 20 <8,0

180 a 320 30 <12,0

Fonte: Apostila do SENAI Goiânia, 2009

2.2.5.2 Contra verga

“Viga de concreto armado colocada sobre as aberturas de janelas, com a função

de evitar o surgimento de trincas na alvenaria.”6

Tabela 4 - Dimensionamento de Contra - Verga

Contra - Verga

Vão (centímetros) Traspasse Mínimo

(centímetros)

Comprimento máximo

da parede (metros)

50 a 100 30 <8,0

100 a 180 40 <8,0

180 a 320 60 <12,0

Fonte: Apostila do SENAI Goiânia, 2009

6 SANTOS, Francisco Rodrigues dos. Aprendizagem Construção Civil: Apostila Pedreiro, Goiânia:

SENAI 2009

Page 49: 000015C0

49

Procedimentos para colocação de verga e contra – verga:

1 Garantir a abertura correta, de acordo com o projeto, mais o espaço necessário

para colocar as esquadrias.

2 Ficar em perfeito prumo com a parede.

3 Ficar em perfeito nível, usando um nível de bolha, ou a referência de nível que é

mais ou menos 1 metro do contra piso pronto.

4 Ficar em perfeito alinhamento.

Ferramentas:

Prumo de face

Nível de bolha

Linha de pedreiro

Régua de alumínico

Colher de pedreiro

Argamassadeira

Equipamentos de segurança:

Sapatão

Capacete

Óculos

Luvas

2.2.6 Revestimento de paredes

2.2.6.1 Chapisco

“Camada irregular sem nenhum aspeto de acabamento feito de argamassa forte

aplicada sobre a superfície de alvenaria. Sua função é melhorar a união entre a

superfície da alvenaria e a camada do revestimento. O chapisco deve ser lançado

Page 50: 000015C0

50

fortemente sobre a alvenaria com a colher de pedreiro. A camada aplicada deve

cobrir toda a alvenaria não ultrapassando 0,5 centímetros de largura.”7

Chapisco tradicional

Argamassa fluida de cimento, areia e água. Tendo as dosagens certas, esta

resulta em uma pelicula rugosa, aderente e resistente. Tem como desvantagem o

grande desperdício de material.

Processo de execução:

1 Colocar argamassadeira a uma distância de aproximadamente 1 metro.

2 Com a colher de pedreiro deitar uma quantidade na desempenadeira.

3 Tirar pequenas quantidades da desempenadeira e chapiscar a parede com a

colher de pedreiro.

4 Repetir o ponto 2 e 3.

7 SANTOS, Francisco Rodrigues dos. Aprendizagem Construção Civil: Apostila Pedreiro, Goiânia:

SENAI 2009

Fonte: Apostila do SENAI Goiânia, 2009

Imagem 4 – Chapisco tradicional

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51

Ferramentas:

Argamassadeira

Colher de pedreiro

Desempenadeira

Chapisco industrializado

Apenas é necessário juntar água para a mistura, este é aplicado com a

desempenadeira dentada e é mais utilizado para chapisco da parte estrutural, como

é o caso do chapisco prévio dos pilares, quando estes encontram com paredes de

alvenaria. Este tem elevada produtividade e rendimento.

Processo de execução:

1 Colocar a argamassadeira a uma distancia de aproximadamente 1 metro.

2 Retirar uma pequena quantidade de argamassada com a própria

desempenadeira dentada.

3 Aplicar na estrutura a argamassa.

4 Repetir o ponto 2 e 3.

Ferramentas:

Argamassadeira

Desempenadeira dentada

Fonte: Apostila do SENAI Goiânia, 2009

Imagem 5 - Chapisco industrializado

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52

Chapisco rolado

Mistura de cimento, areia e água com a adição de resina acrílica. Material

bastante plástico, sendo aplicado com um rolo para textura em várias demãos. Pode

ser aplicado na estrutura ou em alvenaria e é mais usual no chapisco da fachada.

Tem elevada produtividade e baixo desperdício de material.

Processo de execução:

1 Colocar a argamassadeira a uma distancia de aproximadamente 1 metro.

2 Mergulhar o rolo de textura na argamassa.

3 Aplicar chapisco no locar pretendido.

4 Repetir o ponto 2 e 3.

Ferramenta:

Argamassadeira

Rolo de textura

2.2.6.2 Taliscamento

Para facilitar a aplicação do revestimento, para que este fique uniforme e com a

espessura pretendida, fixa-se pequenas peças de madeira ou cerâmica em

pequenos pontos da parede, com a argamassa utilizada no revestimento. Estas

devem estar em perfeito prumo e nível, no encontro de paredes, parede com teto,

Fonte: Apostila do SENAI Goiânia, 2009

Imagem 6 - Chapisco rolado

Page 53: 000015C0

53

parede com piso, deverá ser garantido o perfeito esquadro. A distância entre as

taliscas varia dependendo da régua usada, existe no entanto um raciocínio básico

que poderá ser aplicado. Se a parede tem 3 metros de altura e se dispõe de uma

régua de 2 metros, será preciso colocar 3 taliscas verticalmente, para que se possa

usar a régua de 2 metros. O mesmo raciocínio é feito para a horizontal. O

taliscamento deverá ser feito previamente em toda a parede a ser revestida, para

que a argamassa fique endurecida, fixando perfeitamente as taliscas para execução

das mestras.

Processo de execução:

1 Colocar a argamassadeira a uma distância máxima de 1 metro do local de

execução.

2 Iniciar a colocação das taliscas começando pelo fundo da parede e na direção

do comprimento desta.

2.1 Deixar um espaço de 50 centímetros da base da alvenaria até à talisca.

2.2 Esquadrejar as taliscas entre duas paredes que se encontram.

2.3 Colocar argamassa do revestimento e posicionar a talisca com o cabo da

colher de pedreiro.

2.4 A medida do revestimento deve ficar entre 1,5 a 2 centímetros.

3 Seguindo os passos do ponto 2 coloca-se as taliscas da parte Superior da

parede.

4 Colocar as taliscas intermedias tendo como referencia a linha fixada entre as

taliscas das extremidades.

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54

2.2.6.3 Mestras

Depois de executadas as taliscas, procede-se agora às mestras. A apostila do

pedreiro do SENAI Goiás define estas como, “faixas estreitas e contínuas de

argamassa feitas entre duas taliscas, que servem de guia para a execução do

revestimento.” É nas mestras que será apoiada a régua metálica para realizar o

sarrafamento depois de chapada a argamassa entre elas.

Processo de execução:

1 Colocar a argamassadeira a uma distancia maxima de 1 metro do local de

execução.

2 Chapar argamassa entre as taliscas no sentido vertical.

Figura 17 - Verificação do prumo

Figura 18 - Colocação da linha de pedreiro

Fonte: Cartilha do pedreiro (2001)

Fonte: Cartilha do pedreiro (2001)

Page 55: 000015C0

55

3 Com ajuda da regua metálica nivelar argamassa entre as taliscas, deixando

esta em perfeito plano e prumo.

2.2.6.4 Reboco

O reboco é uma camada de argamassa uniforme, que assenta no chapisco ou no

emboço quando executado. O reboco deve ficar em perfeito prumo, alinhamento,

nível e planicidade, não apresentando imperfeições. O reboco pode receber

diretamente a pintura ou então a aplicação de massa corrida. Uma vez que, não é

objetivo da massa corrida corrigir imperfeições do reboco, este devera estar

perfeitamente acabado, desempenado e filtrado.

Processo de execução:

1 Colocar a argamassadeira a uma distancia maxima de 1 metro do local de

execução.

2 Chapar massa entre as mestras, de baixo para cima.

Figura 19 - Execução das mestras

Fonte: Cartilha do pedreiro (2001)

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56

3 Deve ser feito por etapas, primeiramente a parte baixa, seguidamente depois de

montagem de andaime, a parte alta.

4 Depois da parede devidamente chapada com argamassa proceder ao

sarrafamento, também de baixo para cima, garantindo assim o aplainamento da

parede.

5 Completar falhas com argamassa, usando a colher de pedreiro.

6 Retirar taliscas e completar o espaço com argamassa.

7 Depois de a parede devidamente sarrafada, desempenar a parede com uma

desempenadeira.

7.1 Molhar a parede com auxílio de um trinchão ou broxa.

7.2 Em movimentos circulares e aplicando uma certa pressão passar a

desempenadeira na parede.

8 Depois de a parede devidamente desempenada, executar a feltragem da

mesma.

8.1 Com o auxílio de uma esponja ou de uma desempenadeira de espuma,

realizar movimentos circulares sobre a parede.

9 Verificar se a parede ficou em perfeito prumo, esquadro, alinhamento e

planicidade.

Ferramentas:

Argamassadeira

Colher de pedreiro

Desempenadeira

Desempenadeira feltrada

Régua metálica

Esquadro

Prumo

Trinchão ou broxa

Page 57: 000015C0

57

2.2.7 Revestimento de teto

Os conhecimentos que o pedreiro deve ter para execução do revestimento do teto

não diferem dos conhecimentos para revestimento de paredes. Como tal, apresenta-

se um processo de execução de acordo com a apostila do pedreiro SENAI Goiás.

Processo de execução:

1 Montar andaimes com ajuda do servente para execução do serviço, deixando

este em perfeitas condições de estabilidade.

2 Usar o cinto de segurança se a altura de trabalho o exigir e se trabalhar perto de

janelas ou sacadas.

3 Remover rebarbas de concreto.

4 Molhar o teto com ajuda do trinchão ou broxa.

5 Chapiscar o teto.

6 Aguardar cura do chapisco durante 3 dias no mínimo.

7 Verificar nível do teto.

8 Assentar taliscas, devidamente niveladas, nas extremidades.

9 Esticar a linha e assentar taliscas intermédias.

10 Executar mestras também devidamente niveladas.

12 Chapar argamassa entre as mestras.

13 Proceder ao sarrafamento depois da argamassa estar nas devidas condições.

13.1 Sarrafamento executado da frente para trás.

14 Encher as falhas com a colher de pedreiro.

15 Desempenar o teto.

16 Feltrar o teto.

Antes de qualquer revestimento as superfícies devem ser previamente molhadas.

Deverá, ser respeitados os tempos de cura de fase para fase. Uma prática

aconselhada, por observação em loco e diálogo com pedreiros, quando se procede

ao reboco de uma parede em que a alvenaria se encontra com a estrutura, depois

de devidamente chapiscada e com o tempo de cura aconselhado, é chapar massa

primeiro na estrutura e então depois na alvenaria, uma vez que esta endurece mais

Page 58: 000015C0

58

lentamente na estrutura do que na alvenaria. Esta prática rentabiliza o tempo de

espera entre a fase de chapar argamassa e proceder ao sarrafamento.

Ferramentas:

Colher de pedreiro

Argamassadeira

Desempenadeira

Desempenadeira feltrada

Linha de pedreiro

Trinchão ou broxa

Balde

Régua metálica

Ponteira ou talhadeira

Marreta

2.2.8 Contrapiso

O contrapiso tem como finalidade corrigir imperfeições em relação ao nível

superior da laje, provenientes da concretagem, tal como corrigir declives, embutir

instalações, entre outros.

Procedimento de execução:

1 Retirar todo o entulho do ambiente, assim como qualquer material que possa

prejudicar a aderência do contrapiso.

2 Marcar o nível do piso de acordo com o projeto e transferir este usando a

mangueira de nível.

3 Não esquecer o desnível necessário para encaminhamento de águas, minimo

de 1%.

4 Executar taliscas

4.1 Molhar com agua o local e polvilhar com cimento para perfeita aderência.

4.2 Executar taliscas 2 dias antes da realização do piso.

4.3 Distancia máximo estre taliscas de 2 metros.

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59

4.4 Esticar a linha para realizar taliscas intermedias.

5 Executar as mestras após dois dias.

5.1 Molhar com água e polvilhar com cimento para perfeita aderência.

5.2 Espalhar argamassa entre as taliscas numa espessura superior as taliscas.

Usar soquete para compactar argamassa. Argamassa deve estar em ponto de

farofa, ou seja, pouco liquida.

5.3 Usar a régua metálica e nivelar a mestra apoiando a régua nas taliscas.

5.4 Tirar as taliscas e preencher o espaço com argamassa.

6 Encher de argamassa entre as mestras numa espessura superior a estas.

6.1 Espalhar argamassa com uma enxada.

6.2 Compactar, preenchendo os espaços que ficam abaixo das mestras.

6.3 Executar sarrafamento com uma régua metálica.

7 Realizar acabamento de acordo com o tipo de revestimento a ser usado. O

contrapiso poderá apenas ser alisado ou ser desempenado.

8 Após o tempo de cura verificar caimento e refazer onde for necessário.

Figura 20 - Realização do contrapiso

Fonte: Cartilha do pedreiro (2001)

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60

Ferramentas:

Colher de pedreiro

Argamassadeira

Desempenadeira

Desempenadeira feltrada

Linha de pedreiro

Trinchão ou broxa

Balde

Régua metálica

Ponteira ou talhadeira

Marreta

Soquete

Equipamentos de segurança:

Sapatão ou bota

Capacete

Luvas

Óculos

Cinto de segurança para revestimentos em altura

2.3 FORMAÇÃO DO CARPINTEIRO

“Operário que aparelha madeira e a arma em construções”8

“A profissão de carpinteiro exige bom senso, lógica e agilidade em tarefas tidas

como básicas a olhos leigos, tarefas como; riscar, esquadrejar, realizar leituras de

medidas em régua e trenas, serrar e pregar, que de certa maneira parecem simples,

porém, erros nessas tarefas básicas representam muitas vezes um acúmulo de erros

8 Dicionário da língua portuguesa, Acordo ortográfico, Porto: Porto Editora, 2011

Page 61: 000015C0

61

que na execução de uma pequena edificação poderá representar desvios de

algumas dezenas de centímetros.”9

Um carpinteiro deve ter conhecimentos sobre leitura de medidas, quer lineares,

quer angulares, deve também ter conhecimentos sobre conversões de unidades.

Está formação será incluída na formação comum uma vez que se entende que esta

é necessária para qualquer profissional. Outro conhecimento que se considera

indispensável ao carpinteiro é ter conhecimentos de projetos que será também

abordado na formação comum. Existe uma razão para que estes conhecimentos se

incluam na formação comum que será explicada há posteriori.

Para escrever este exemplo de formação, seguiu-se: a ‘Apostila Montador de

Formas e Ferragens (2010)’, ‘Mestre de Obras – Volume III – Formas (2010)’ e

Barros e Melhado (2006). Mais uma vez se considera importante referir, que não se

pretende neste exemplo de formação, aprofundar os conhecimentos sobre materiais

ou técnicas inovadoras.

2.3.1 Conhecimentos/conceitos

Tal como o pedreiro, existem também para o carpinteiro conhecimentos/conceitos

que são indispensáveis e que acompanham este profissional na maior parte das

tarefas.

2.3.1.1 Marcações e riscos

A jeito de brincadeira a ‘Apostila Montador de Formas e Ferrangens (2010)’,

refere que para este fim o “olhômetro” ou “dedômetro” não funcionam, palavras que

embora incorretas traduzem o que acontece muitas vezes na construção. Marcações

e riscos exigem ferramentas adequadas para esse fim. Marcar e riscar corretamente,

é o primeiro passo para cortar e pregar de forma reta e precisa. Mais um dito da

apostila que não se pode contestar.

9 Curso de Qualificação em Construção Civil: Mestre de Obras – Volume III – Formas, Balneário

de Camboriú: SENAI 2010

Page 62: 000015C0

62

Régua e esquadro, não serão ferramentas estranhas para um carpinteiro, essas

ferramentas possibilitam, marcar e riscar com retidão. Clareza também é

indispensável, como tal o carpinteiro deve usar lápis bem apontado ou giz de cera.

Evitar riscos sobrepostos é também uma regra importante, pois a pessoa que marca

pode não ser a mesma que corta. Então, o risco deve ser firme e reto, quando existe

um erro no risco, é melhor virar a peça e riscar novamente, eliminando assim a

incerteza.

Sendo o lápis de carpinteiro um lápis robusto e reforçado, o seu risco apenas

possibilita uma precisão na ordem dos centímetros, ou seja, medidas quebradas

como 1,5 centímetros devem ser arredondadas para 1 ou 2 centímetros.

2.3.1.2 Pregar

O simples ato de pregar, que parece inato e sem qualquer saber, exige

conhecimento. É através do prego que se garante a união entre as peças de

madeira. É quase certo que uma pessoa qualquer, quando enfrentada com a

afirmação, “quantos mais pregos unirem duas peças de madeira melhor”, dirá que a

afirmação é verdadeira, mas como refere a apostila do Montador de formas e

ferragens do SENAI de Santa Catarina, essa afirmação é falsa, pois “quanto mais

pregos, maior serão as separações causadas por estes entre as fibras da madeira,

diminuindo em muito a resistência de confinamento da madeira.”

A posição em que se prega o prego também influencia a sua eficácia, na figura 21

apresenta-se alguns exemplos.

Page 63: 000015C0

63

Perceber as unidades utilizadas para nomear os pregos, é outro assunto

abordado nesta formação. Um carpinteiro deve saber qual o prego a utilizar e como

deve pedir esse prego quando necessário. No Brasil a maioria dos pregos são

nomeados nas medidas, FIEIRA PG10 X LINHAS PORTUGUESAS11. FIEIRA PG é

utilizada aqui para indicar a medida da bitola do prego. LINHA PORTUGUESA é a

medida usada para indicar o comprimento do prego, pelo que se deve multiplicar a

medida dada por 2,3 milímetros. A tabela apresentada em seguida, estabelece a

correspondência entre o nome do prego e as unidades em milímetros

10

Medida francesa que se refere a bitola dos arames padrão 11

Medida de uma linha portuguesa corresponde a 2,3 milímetros

Fonte: Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)

Figura 21 - Pregar corretamente

Page 64: 000015C0

64

Existem ainda diferentes tipos de pregos, dependendo da sua utilização.

Apresenta-se na Tabela 6 os diferentes tipos de pregos, onde se utilizam e quais as

suas características.

Fonte: Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)

Tabela 5 – Designação dos Pregos

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65

Tabela 6 – Aplicações e caraterísticas dos pregos

Pregos Normais com Cabeça

Aplicação:

- Montagem de formas para concreto –

Construção de casas

- Confeção de estruturas – Paletes –

Embarcações de madeira – Decoração

- Forros - Tapumes

Caraterísticas:

- Matéria – prima: Arame para pregos

- Cabeça: Cônica Axadrezada

- Ponta: Tipo diamante – com angulo de

55 graus no máximo

- Comprimento: Conforme especificação

- Acabamento: Polido / Galvanizado

Pregos Sem Cabeça

Aplicações:

- Assoalho e marcenaria em geral

- Rodapé

- Molduras de portas e janelas

Benefícios:

- Melhor acabamento, pois fica

escondido na madeira

Caraterísticas:

- Matéria – prima: Arame para prego

- Cabeça: Cônica lisa

- Corpo: Liso

- Ponta: Tipo diamante

- Acabamento: Polido / Galvanizado

Pregos com Cabeça Dupla

Aplicações:

- Ideal para montagem de estruturas de

madeira temporárias, como formas para

concreto e andaimes. Sua dupla cabeça,

trona mais fácil o arranque invitado

danos da madeira.

Caraterísticas:

- Matéria – prima:

- Cabeça: Cônica lisa

- Corpo: Liso

- Ponta: Tipo Diamante

- Acabamento: Polido / Galvanizado

Fonte: Pregos Paganini (2009)

Page 66: 000015C0

66

Para terminar este tópico, apresentam-se algumas “regras de ouro para pregar

bem pregado”12

1 Antes de pregar madeiras duras, deve-se fazer um pré-furo com broca de

diâmetro igual ao do prego usado.

2 Como a ponta do prego funciona como uma cunha entrando na madeira, deve-

se dar uma achatada em sua ponta para evitar lascamento e rachaduras na

madeira.

3 Para realizar a retirada de pregos que entortaram na prega, utiliza-se uma

torquês ou o martelo.

4 Quando é necessário retirar um prego grande, utiliza-se um calço sob a unha do

martelo, evitando-se assim a quebra do cabo.

12

CÓRDOVA, Luiz Carlos dos Santos. Montador de Formas e Ferragens: Apostila do Carpinteiro de

Formas, Balneário de Camboriú: SENAI, 2010

Figura 22 - Pregar

Fonte: Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)

Figura 23 – Retirar prego

Fonte: Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)

Figura 24 – Retirar prego de grandes dimensões

Fonte: Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)

Page 67: 000015C0

67

5 Quando se prega no sentido paralelo ao sentido das fibras da madeira, deve-se

colocar os pregos em desalinho, evitando que estes façam o afastamento das fibras

da madeira.

6 Iniciar a prega dando pancadas leves até se certificar que os pregos já estão

fixos o suficiente na madeira, entortá-los levemente para melhorar a união entre as

peças.

7 O afastamento dos pregos da beirada de uma peça deverá ser igual à

espessura da peça que esta a pregar.

Figura 25 – Pregos desalinhados

Fonte: Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)

Figura 26 – Perfeita união das peças

Fonte: Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)

Figura 27 – Afastamento

Fonte: Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)

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68

Tem-se ainda conceitos já explicados na formação do pedreiro, mas uma vez

indispensáveis na profissão de carpinteiro serão novamente explicados e adaptados

às tarefas de carpinteiro.

2.3.1.3 Nivelamento

Estabelecer o perfeito plano horizontal das peças de formas é obviamente

importante. Usando o nível de bolha o carpinteiro deve durante a execução de

formas, quer seja pilares, vigas ou lajes, conferir sempre o nível. Usar sempre que

necessário a régua metálica para facilitar o nivelamento de distâncias maiores que o

nível de bolha. Previamente a execução dos pilares, as referências de nível devem

ser passadas para a laje. Mesmo que existam problemas de nivelamento na laje, as

formas devem ficar em perfeito nível, sempre corrigindo erros de nível que possam

existir na estrutura previamente executada.

2.3.1.4 Prumo

Verificando o prumo, garante-se o perfeito plano vertical. A estrutura irá suportar

todo o peso da construção, ao não se garantir o perfeito prumo das peças de

formas, pode-se comprometer em muito o bom comportamento da estrutura, tendo

consequências incontornáveis futuramente. Para verificar o prumo o carpinteiro ira

usar tanto o prumo de face, verificando se as paredes da forma estão em perfeito

plano vertical e usará também o prumo de centro, para garantir a centralidade dos

pilares em todo o seu comprimento.

O prumo deve ser verificado e fixado com o auxílio de mão francesa, no decorrer

da montagem da forma este deve ser constantemente verificado, uma vez que por

vezes existem pequenos movimentos.

Page 69: 000015C0

69

2.3.1.5 Esquadrejar

Esquadrejar, para um carpinteiro é importante, desde a marcação e corte, ate à

montagem das formas. O esquadro de carpinteiro permite a este marcar ângulos de

90 e 45 graus de forma exata. Durante a montagem das formas, este garante a

perfeita perpendicularidade entra as faces da forma.

(montador de formas e ferragens)

Figura 28 - Conferencia de prumo

Fonte: AQUINO (2002)

Figura 28 - Riscar

Fonte: Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)

Figura 29 – Corte assistido

Fonte: Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)

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70

Considerou-se importante uma pequena definição das peças usadas, apresenta-

se então, tais definições, tendo como referência a ‘Apostila de Técnicas de

Construção Civil e Construção de Edifícios’13.

2.3.1.6 Peças utilizadas na execução das fôrmas

Painéis

Superfícies planas, formadas por tábuas ou chapas, etc. Os painéis formam os

pisos das lajes e as faces das vigas, pilares, paredes.

Travessas

Peça de ligação das tábuas ou chapas, dos painéis de vigas, pilares, paredes,

geralmente feitas de sarrafos ou caibros.

Travessões

Peças de suporte empregadas somente nos escoramentos dos painéis de lajes,

geralmente feitas de sarrafos ou caibros.

Guias

Peças de suporte dos travessões. Geralmente feitas de caibros ou tábuas

trabalhando a cutelo (espelho), no caso de utilizar tábuas, os travessões são

suprimidos.

Faces

Painéis que formam os lados das fôrmas das vigas.

Fundo das vigas

Painéis que forma a parte inferior das vigas.

13

Milito, José António de. Técnicas de Construção Civil e Construção de Edifícios: Apostila,

Campinas: Pontifícia Universidade Católica de Campinas, sem ano.

Page 71: 000015C0

71

Travessas de apoio

Peças fixadas sobre as travessas verticais das faces da viga, destinadas ao apoio

dos painéis de lajes e das peças de suporte dos painéis de laje (travessões e guias).

Cantoneiras

Peças triangulares pregadas nos ângulos internos das fôrmas.

Gravatas

Peças que ligam os painéis das formas dos pilares, colunas e vigas.

Montantes

Peças destinadas a reforçar as gravatas dos pilares.

Pés- direitos

Suportes das fôrmas das lajes. Geralmente feitos a de caibros ou varas de

eucaliptos.

Pontaletes

Suportes das fôrmas das vigas. Geralmente feitos de caibros ou varas de

eucaliptos.

Escoras (mãos - francesas)

Peças inclinadas, trabalhando a compressão.

Chapuzes

Pequenas peças feitas de sarrafos, geralmente empregadas como suporte e

reforço de pregação das peças de escoramento, ou como apoio extremo das

escoras.

Talas

Peças idênticas aos chapuzes, destinadas à ligação e a emenda das peças de

escoramento.

Page 72: 000015C0

72

Cunhas

Peças prismáticas, geralmente usadas aos pares.

Calços

Peças de madeira os quais se apoiam os pontaletes e pés direitos por intermédio

de cunhas.

Espaçadores

Peças destinadas a manter a distância interna entre os painéis das formas de

paredes, fundações e vigas.

Janelas

Aberturas localizadas na base das fôrmas, destinadas a limpeza.

Travamento

Ligação transversal das peças de escoramento que trabalham a flambagem.

Contraventamento

Ligação destinada a evitar qualquer deslocamento das fôrmas. Consiste na

ligação das fôrmas entre si.

Uma vez apresentados os conceitos/conhecimentos e as peças utilizadas na

execução das formas, apresenta-se de seguida o processo de execução das formas,

segundo: ‘Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)’, ‘Mestre de Obras –

Volume III – Formas (2010)’, ‘Barros e Melhado (2006)’ e ‘Apostila de Técnicas de

Construção Civil e Construção de Edifícios’.

2.3.2 Formas de pilares

1 A locação dos pilares do 1º pavimento deve ser feita a partir dos eixos definidos

no gabarito, devendo-se conferir o posicionamento dos arranques. O

posicionamento dos pilares dos restantes pavimentos toma em conta os eixos e

níveis previamente marcados na laje.

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73

2 A locação do gastalho de pé de pilar, que deverá circunscrever os quatro

painéis, deve ser perfeitamente nivelado e unido.

3 Apicoar o concreto na base interna do gastalho a fim de remover a nata de

cimento.

4 Limpeza dos arranques da armadura do pilar.

Imagem 7 – Locação pilares Imagem 8 – Prumo de centro

Fonte: Barros e Melhado (2006) Fonte: Barros e Melhado (2006)

Fonte: Barros e Melhado (2006) Fonte: Barros e Melhado (2006)

Imagem 9 – Gastalho de pé de pilar Figura 30 – Gastalho de pé de pilar

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74

5 Fixar um pontalete guia, travado no gastalho e aprumado com o auxílio de duas

escoras em mão francesa.

6 Colocar as três faces do pilar, atendendo que fiquem solidarias com o gastalho

e aprumadas pelo pontalete guia.

7 Verificar nível do conjunto, marcar no pontalete guia a altura do pilar.

8 Conferir prumo, nível, e perpendicularidade do conjunto em cada operação.

9 Passar desmoldante nas faces internas da forma.

10 Colocar a armadura e todos os embutidos, ou seja, prumadas, caixas de

passagem, entre outros que possam existir.

Imagem 10 – Mão Francesa

Fonte: Barros e Melhado (2006)

Imagem 11 – Colocar armadura

Fonte: Barros e Melhado (2006)

Page 75: 000015C0

75

11 Colocar espaçadores para garantir o recobrimento.

12 Fechamento da forma com a quarta face, nivelando e aprumando esta.

13 Conferir perpendicularidade da quarta face.

14 Em pilares com mais de 2,5 metros de altura, colocar janela de inspeção para

limpeza.

15 Executar o travamento da forma por meio de gravatas, tirantes, tensores e

encunhamentos.

Imagem 12 – Fechamento da forma

Fonte: Barros e Melhado (2006)

Fonte: Barros e Melhado (2006)

Figura 31 – Tensores

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76

16 Conferir todo o conjunto antes de liberar para concretagem. Principalmente

verificar, prumo, nível, imobilidade, travamento, estanqueidade, armaduras,

espaçadores, esquadro e limpeza do fundo.

17 Acompanhar concretagem verificando comportamento das formas. A

concretagem poderá ser executada antes da execução das formas de viga e laje ou

posteriormente.

2.3.3 Formas de vigas

Em alguns casos as formas de viga são executadas posteriormente à

concretagem dos pilares. Mas é comum executar o conjunto de formas total da

estrutura e então depois proceder à concretagem.

Normalmente tem-se o seguinte procedimento:

Fonte: Apostila de Técnicas de Construção Civil e Construção de Edifícios

Figura 32 – Representação geral

Page 77: 000015C0

77

1 Depois de limpos os painéis e passado o desmoldante, com rolo ou broxa,

lançar os painéis de fundo de viga, nos pilares já concertados, ou então sobre a

borda das formas de pilar. Colocar apoios intermédios com garfos espaçados de

aproximadamente 80 centímetros

2 Fixar os encontros dos painéis de fundo de viga nos pilares, garantindo que não

ficam folgas.

3 Nivelar o painel de fundo de viga aplicando cunhas nas bases dos garfos. Fixar

o nível com sarrafos pregados nos garfos. Repetir em todos os garfos até que o

conjunto fique nivelado.

4 Lançar e fixar os painéis laterias, devidamente nivelados e aprumados.

Fonte: Barros e Melhado (2006)

Fonte: Barros e Melhado (2006)

Imagem 13 – Paineis de fundo de viga

Imagem 14 – Painéis laterais

Page 78: 000015C0

78

5 Verificar todo o conjunto para liberar a colocação da armadura.

6 Depois de colocar a armadura e embutidos, colocar espaçadores garantindo o

recobrimento.

7 Executar o travamento da forma com escoras inclinadas, chapuzes, tirantes,

tensores e encunhamentos.

8 Conferir todo o conjunto, verificando, alinhamento lateral, prumo, nível,

imobilidade, travamento, estanqueidade, armaduras espaçadores, esquadro e

limpeza do fundo.

9 Liberar e acompanhar a concretagem verificando o comportamento da forma.

Fonte: Apostila de Técnicas de Construção Civil e Construção de Edifícios

Fonte: Apostila de Técnicas de Construção Civil e Construção de Edifícios

Figura 33 – Travamento

Figura 34 – Representação geral

Page 79: 000015C0

79

2.3.4 Formas de laje

O procedimento para a montagem das formas de laje, depende do tipo de laje que

se irá usar. Será apresentado neste tópico os procedimentos para execução de lajes

maciças.

1 Lançar e fixar as longarinas apoiadas em sarrafos guias pregados nos garfos

das vigas e em pés direitos.

2 Escorar as longarinas usando escoras de madeira ou metálicas, espaçadas de

1 a 2 metros.

Fonte: Barros e Melhado (2006)

Fonte: Barros e Melhado (2006)

Imagem 15 – Longarinas

Imagem 16 – Escoramento das longarinas

Page 80: 000015C0

80

3 Lançar o assoalhado sobre as longarinas. Normalmente usa-se chapas

compensadas, usualmente chamadas de madeirite, ou tábuas de madeira.

4 Conferir o nível dos painéis do assoalhado, ajustando com cunhas nas escoras

ou ajustes nos telescópios.

5 Fixar os elementos laterais a fim de reduzir e eliminar as folgas, pregar os

assoalhados às longarinas.

Fonte: Barros e Melhado (2006)

Fonte: Barros e Melhado (2006)

Imagem 17 – Assoalhado

Imagem 18 – Conferir nível dos painéis

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81

6 No caso de ser a laje zero, verificar contra flexa, usar o nível laser a fim de

garantir a exatidão no nivelamento.

7 Travar todo o conjunto.

8 Limpar e passar desmoldante.

9 Posicionar todos os pontos de passagem, prumadas, caixas, todos os

embutidos.

10 Liberar para colocação de armadura.

11 Conferir todo o conjunto por partes, verificando principalmente, nivelamento,

contra-flexa, alinhamento lateral, imobilidade, travamento, estanqueidade,

armaduras e espaçadores, esquadros e limpeza do fundo.

Depois de apresentados os processos de execução das diferentes formas,

considera-se igualmente importante apresentar os procedimentos de desforma.

2.3.5 Procedimento para Desforma

1 Respeitar o tempo de cura para início da desforma, que segundo a norma de

execução de estruturas de concreto armado ‚ dado por:

1.1 Três dias para retirada de fôrmas de faces laterais;

1.2 Sete dias para retirar as fôrmas de fundo, deixa-se algumas escoras bem

encunhadas;

Fonte: Barros e Melhado (2006)

Imagem 19 – Fixação

Page 82: 000015C0

82

1.3 Vinte e um dias para retirada total do escoramento;

2 Execução do reescoramento (antes do início da desforma propriamente dita);

3 Retirada dos painéis com cuidado para não haver queda e danificá-los;

4 Fazer a limpeza dos painéis;

5 Efetuar os reparos (manutenção) necessários;

6 Transportar os painéis para o local de montagem;

7 Verificar o concreto das peças desformadas.

2.4 FORMAÇÃO COMUM

Neste tópico reuniu-se os conhecimentos comuns a todos os profissionais, antes

estudados. Seguindo uma lógica de formação, considera-se que estes tópicos

deveriam ser aprendidos enquanto o profissional ainda é servente, sendo que,

muitos deles são conhecimentos que o profissional deveria adquirir mesmo antes de

entrar na obra e outros que deveriam ser aprendidos de forma calma e sequenciada.

No entanto, como tal não se verifica, existindo serventes, carpinteiros, pedreiros,

entre outros profissionais, sem este tipo de conhecimento, optou-se por reuni-los

neste tópico. Sendo eles:

2.4.1 Lixo e reciclagem, separação e reaproveitamento

2.4.2 Segurança, saúde e higiene no trabalho

2.4.3 Leitura de desenhos e projetos

2.4.4 Matemática e física utilizada na construção

Uma vez que esta formação inclui um maior número de conhecimentos teóricos,

considera-se que esta poderá ser dada numa sala de aula.

2.4.1 Lixo e reciclagem, separação e reaproveitamento

A reciclagem é cada vez mais uma preocupação mundial, desse modo é

compreensível que na construção, onde existe grande produção de lixo de todo o

tipo, exista essa preocupação também. Incluiu-se então no treinamento os conceitos

de reciclagem, separação e reaproveitamento.

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83

Primeiramente, tendo como referência Guerra (2009), decidiu-se explicar as

diferentes classes dos resíduos gerados na construção, com o objetivo de dar a

conhecer aos profissionais da construção os resíduos existentes.

Os resíduos de classe A, são reutilizáveis ou recicláveis agregados na construção

civil, como por exemplo: restos de tijolo, bloco, telhas, placas de revestimento,

argamassas e concretos.

Os resíduos de classe B, são resíduos recicláveis, tais como: plásticos,

papel/papelão, metais, vidros, EPS e madeira.

Os resíduos de classe C, são resíduos para os quais ainda não foi criado

mecanismos de reciclagem ou recuperação, um exemplo de resíduo dessa classe é

o gesso.

Os resíduos de classe D, são os resíduos considerados perigosos e não

recicláveis, como por exemplo: tintas, solventes, óleos, amianto e outros que

resultam de demolições, reformas e reparos de construções específicas, como

clínicas e indústrias.

Depois de apresentadas as classes e os tipos de resíduos existentes na obra, é

importante incutir em cada funcionário a prática de separar. Há grande

responsabilidade, neste objetivo, das entidades de comando. Garantir espaços e

locais apropriados dentro de obra para depósito e separação de resíduos é

indispensável para este treinamento.

Depois de devidamente preparada a obra para a separação dos resíduos, dá-se

então inicio à consciencialização dos funcionários.

Seguindo-se a sequência da apresentação das classes, apresenta-se então, as

práticas que os profissionais deverão ter.

Resíduos de classe A, são mais reconhecidos em obra como entulho. Este tipo de

resíduo é normalmente recolhido pelo servente, o que não impede o treinamento de

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84

todos os profissionais. Este tipo de resíduo deve ser recolhido e depositado em local

próprio, para reaproveitamento dentro da própria obra ou para reciclagem por

empresas especializadas. Um grande problema que se encontra na recolha deste

tipo de resíduo é a não consciência de separação, ou seja, junto com resíduos de

classe A, encontram-se restos de metal, madeira, plásticos, um pouco de tudo,

resumindo a questão. Por essa razão, o treinamento deve ser geral, para que haja

uma consciência comum em todos os profissionais. Se alguém está realizando um

aterro de resíduos de classe A e se apercebe que junto desses resíduos existe

madeira ou metal, deve recolher esses elementos e colocar no devido local.

Madeira e metal são resíduos de classe B, ou seja, são resíduos recicláveis,

juntamente com o plástico, papel/papelão, vidros e EPS. Estes resíduos não devem

ficar espalhados pela obra e para isso ser possível é indispensável o contributo de

todos. Existindo o devido local em obra para separação e reciclagem, é necessário

dar a responsabilidade a cada trabalhador para que essa separação e reciclagem

sejam possíveis. Sugere-se, então, nomear um trabalhador como responsável,

trocando este por semana. Esse trabalhador deverá verificar durante a sua semana

de responsável, se os resíduos estão no seu devido local e anotar quais as falhas da

semana. No final da semana deve passar essa informação à equipe de comando.

Assim, o trabalhador se sentirá responsável por esta prática e uma vez que será um

trabalhador diferente todas as semanas essa responsabilidade passará por todos.

Acrescenta-se, assim, a esta formação a prática de separação e de reciclagem,

duas práticas importantes. Madeira e aço, apesar de recicláveis e pertencentes à

classe de resíduos B, podem ser reaproveitados em obra. Dependendo de empresa

para empresa, os conceitos de reaproveitamento variam, mas acredita-se que uma

prática correta possa ser por exemplo, madeira superior a oitenta centímetros e aço

superior a sessenta centímetros, devem ser colocados em local separado da

reciclagem para que possam ser reaproveitados.

Page 85: 000015C0

85

Todo o tipo de gesso também deverá ser acumulado em local próprio ou em

caçamba específica. Este será recolhido posteriormente por as entidades

competentes.

Resíduos contaminados mais comuns em obra são por exemplo as tintas, sacos

de textura ou grafeato, sacos de massa corrida, óleos e solventes. Estes devem ser

também, devidamente armazenados em caçamba específica que será recolhida

posteriormente pelas entidades responsáveis.

A existência de depósitos para separação, junto dos locais mais propícios à

existência de lixo e resíduos, facilitará sem dúvida a boa prática de reciclagem,

reaproveitamento e separação. Junto ao refeitório, por exemplo, deverão existir

depósitos apropriados para que o trabalhador possa, em seguida das suas

refeições, separar o seu lixo, devendo existir depósitos para lixo orgânico, papel e

plástico no mínimo.

Fonte: O autor 7/4/2012

Foto 1 - Reciclagem

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Junto da betoneira deverá existir, sem dúvida, um depósito para papel e será

nesse depósito que o operador de betoneira deve recolher os sacos de cimento e cal

usados.

Uma prática interessante e de grande utilidade, referida por GUERRA (2009) é a

marcação no piso para acondicionamento inicial de resíduos de Classe A, ou seja,

durante o levantamento de paredes de alvenaria, chapisco ou reboco por exemplo,

fazer uma marcação no piso, propondo-se armazenar todos os resíduos produzidos

durante o serviço naquele local, para que depois possam ser recolhidos para o

acondicionamento final.

Foto 2 - Reciclagem junto ao refeitório

Fonte: O autor 7/4/2012

Imagem 20 - Reciclagem e acondicionamento inicial de resíduos classe A

Fonte: Guerra (2009)

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87

2.4.2 Segurança, saúde e higiene no trabalho

Este tópico de segurança e higiene no trabalho, terá como base a NR18,

conversa com técnicos de segurança e a leitura atenta de trabalhos desenvolvidos

nesta área. Neste tópico o objetivo é transmitir os principais cuidados a ter com a

segurança, saúde e higiene no trabalho, tentando de uma forma simples e pouco

teórica consciencializar os trabalhadores do dever de cumprimento deste tópico.

Inicia-se esta consciencialização com a definição dos diferentes equipamentos de

segurança individual.

Capacete

Dispositivo básico de qualquer obra. Casco feito de plástico rígido, de alta

resistência à penetração e ao impacto. Rebate o material em queda para os lados,

amortecendo ainda o impacto. Deve estar sempre bem ajustado à cabeça do

funcionário.

Bota

Feita de PVC, com sola antiderrapante. Usadas para locais úmidos, inundados ou

com presença de ácidos. Estas podem ter canos até a virilha dependendo do

serviço.

Fonte: O autor 7/4/2012

Foto 3 - Capacete

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88

Sapato ou sapatão

São de uso permanente em obra. No brasil não é obrigatório que este sapato

tenha biqueira e palmilha de aço. Em Portugal é obrigatório que o sapato, de uso

permanente em obra, tenha biqueira e palmilha de aço, protegendo assim o

funcionário do perigo de pisar um prego por exemplo, e ainda da possível queda de

material pesado no pé.

Luvas

É o equipamento com maior diversidade de especificações. Dependendo do

trabalho a desempenhar, existe um tipo de luva próprio. Tem-se por exemplo as

luvas de amianto, que resistem a altas temperaturas. As luvas de raspa de couro,

usadas para soldagem ou corte a quente, trabalhos com madeira, protegendo das

lascas. Luvas de borracha, que protegem as mãos e os braços do funcionário contra

choques elétricos, quando este realiza trabalhos com potencial risco de choque

elétrico. Existe também a luva de proteção para luvas de borracha, protegendo estas

de furações. As luvas em PVC, usadas por pedreiros quando trabalhar em contato

direto com concreto ou argamassa. Finalmente, não alongando demasiado, as luvas

de pano, utilizadas pelo funcionário em trabalhos normais, protegendo as mãos do

contato direto com os materiais.

Fonte: O autor 7/4/2012

Foto 4 – Luvas de Proteção

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89

Óculos

Existem diferentes tipos de óculos para diferentes tipos de serviços. Apesar de se

verificar uma grande percentagem de funcionários, que não usa óculos de proteção,

os óculos são um equipamento fundamental para a proteção da visão.

Respirador de ar descartável e com filtro

O respirador de ar descartável é usado contra as poeiras. Nos serviços de

limpeza, onde normalmente não se verifica o uso de respirador, lembra-se que ele é

extremamente importante, cabendo às entidades de comando possibilitar a

utilização desses respiradores aos seus funcionários, quer aos que estão a executar

a tarefa como os que estão em seu redor.

Os respiradores de ar com filtro são normalmente usados para proteger o

aparelho respiratório contra gases e vapores.

Mascaras e escudos

Protegem o rosto e os olhos conta fagulhas incandescentes, raios ultra violeta em

soldagem, e ainda, contra possíveis materiais rígidos libertados durante o corte de

madeira ou aço. A diferença da mascara para o escudo, é que esta não ocupa o uso

de uma das mãos do funcionário.

Protetores Auriculares

Existem dois tipos de protetores mais habituais, o protetor tipo concha e o protetor

tipo Plug. Dentro de uma construção existe sempre ruido. Pelo que é aconselhável

que o protetor tipo Plug seja sempre usado, em qualquer situação. Para ruídos

excessivos como betoneira, serra circular, sapo, entre outros serviços que

provoquem ruídos maiores do que o habitual, deverá ser usado o protetor tipo

concha.

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90

Aventais

Protegem o tórax, o abdômen e a parte dos membros inferiores do trabalhador.

Habitual na construção é o avental de raspa de couro. Para soldagens e corte a

quente. Verificou-se, por observação in loco, que este equipamento é pouco

utilizado, no entanto, a sua importância é extrema na realização de tarefas como o

corte de madeira e aço.

Cinturões

Protegem o trabalhador de uma possível queda em altura. Deve ser usado

sempre que o trabalho em altura seja superior a 2 metros.

Seguidamente à apresentação dos equipamentos de proteção individuais

seguem-se os de proteção coletiva. Equipamentos que, tanto os profissionais como

a empresa contratante, devem ter consciência da sua importância.

Guarda-corpos

São anteparos rígidos, com travessão superior, intermediário e rodapé. Estes

devem ser completos com tela ou outro dispositivo que garanta o fechamento seguro

das aberturas.

Plataformas ou bandeijão

A plataforma principal deverá ser instalada em todo o contorno do edifício, após a

concretagem da primeira laje, sendo apenas retirada no final da construção.

As plataformas secundários são instaladas em cada três pavimentos, sendo

retiradas após a vedação da periferia estar concluída.

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Tela

É uma barreira protetora contra a projeção de materiais e ferramentas. Deverá ser

colocada desde a plataforma principal.

Tapumes ou galerias

Evitam o acesso de pessoas alheias às atividades da obra e protegem os utentes

da via contra a projeção de materiais.

Proteção contra incêndio

A obra deve ser provida de equipamento de proteção contra incendio tal como

pessoas treinadas para o primeiro combate ao fogo.

Sinalização de segurança

Esta sinalização identifica os locais e as máquinas que compõe o canteiro de

obras, alertando os perigos para os seus utilizadores, tipo de equipamento a usar e

cuidados.

2.4.2.1 Proposta de formação de segurança, saúde e higiene no trabalho

Após a análise de vários treinamentos, pode-se constatar que não existe uma

fórmula mágica para consciencializar o trabalhador. Alguns técnicos usam uma

forma mais dramática, mostrando imagens chocantes, outros técnicos usam técnicas

menos chocantes com mais diálogo e ainda existem técnicos que, de uma forma

mais divertida, inserem os seus conhecimentos na mente de cada funcionário. O

treinamento aqui proposto pretende seguir também uma linha mais divertida, uma

vez que se considera que esta será a maneira mais fácil de captar a atenção e

interesse do trabalhador.

Em primeiro lugar, para iniciar qualquer treinamento deve-se conhecer os

funcionários a treinar, para isso é indispensável avaliar as suas características.

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Assim, por observação atenta ou pela realização de questionários simples, deve

procurar identificar-se: problema de saúde, uso de drogas, idade, escolaridade,

profissão maioritária, gosto de aprendizagem, iniciativa para qualquer solução e

trabalho em equipe. Neste trabalho será apresentado, mais à frente, um

questionário, proposto aos trabalhadores da construção, que engloba a avaliação de

outras características, no entanto, quando se fala em segurança, saúde e higiene

considera-se importante avaliar e posterior mente desenvolver estas características.

Depois de avaliadas as características, devem as entidades de comando, junto com

o técnico de segurança, definir os objetivos do treinamento e quais as necessidades

dos funcionários que irão ser treinados. Seguidamente deverá existir uma fase de

panejamento, posterior implementação e execução e, para terminar, uma avaliação

dos resultados. SEEWALD (2004), propõe um modelo para o desenvolvimento de

um treinamento, apresentado na figura 35.

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Figura 35 – Desenvolvimento de um treinamento

Fonte: SEEWALD (2004)

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94

Tabela 7 – Matriz de treinamento em segurança

Fonte: SEEWALD (2004)

Como proposta, considera-se importante incluir nesta tabela, um treinamento

diário de Lixo e Reciclagem. Será uma boa opção incluir este assunto no DDS

(Diálogo Diário de Segurança) da obra.

Num ambiente onde a escolaridade é mínima, onde problemas pessoais são

vários e demasiados, torna-se difícil passar uma mensagem que, na realidade, tem

como objetivo o bem do treinando. Ao contrário dos outros treinamentos que

pretendem melhor a qualidade da tarefa, e posteriormente melhorar a qualidade da

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95

empresa, neste treinamento o objetivo é melhorar a condição de vida de cada

trabalhador. Aos olhos leigos torna-se quase incompreensível verificar algumas

condições de higiene, encontradas em algumas construções. Num olhar mais atento,

em que a maioria dos funcionários é pobre ou saiu da pobreza, em que muitas vezes

as condições no próprio lar não são as melhores, em que na busca de uma melhor

condição de vida se sujeitam a qualquer trabalho e condição, talvez se perceba o

porquê da pouca preocupação destes, com a saúde, a higiene e a segurança. O

treinamento dos funcionários não passa apenas por transmitir teoricamente o que

devem ou não fazer, passa também por uma avaliação de cada profissional com

ajuda de psicólogos competentes, passa por um treinamento de auto valorização e

consciencialização de que a saúde, a segurança e a higiene do próprio, têm valor.

Quer engenheiros, quer técnicos e mestre-de-obras, não têm uma formação para

saber lidar com pessoas, acabando por o fazer diariamente e com uma diversidade

de caracteres bastante significativa. Deve então, existir uma preocupação dos

considerados líderes, em procurar aperfeiçoar os conhecimentos de gerenciamento

de pessoas. Estes devem envolver-se diretamente com a formação, mostrando aos

funcionários que toda a empresa se preocupa com o bem-estar deles. Percebeu-se

por observação in loco, que o funcionário se sente valorizado quando percebe que o

engenheiro está presente e o valoriza, a participação ativa do engenheiro de obra

nas formações, de qualquer tipo, aumenta o grau de atenção dos funcionários. Dado

a sobrecarga de trabalho do engenheiro, infelizmente, apenas se observa essa

participação, numa minoria das construtoras.

No que se refere ao treinamento, este deve ser curto e motivador, é preferível dar

um treinamento curto em vários dias, do que um treinamento longo em apenas um

dia. Estes funcionários não estão habituados a ficar sentados a ouvir teoria durante

horas seguidas, dessa forma a sua atenção dispersa em treinamentos demasiado

longos. A apresentação de imagens, questões diretas ao funcionário e a aplicação

prática do que é aprendido na teórica, garante um nível de atenção do funcionário

maior.

Acredita-se que o primeiro passo para uma formação de segurança, é o

trabalhador ter consciência do que pretende futuramente para si próprio. Através de

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96

imagens e escolha múltipla, faz-se o trabalhador refletir sobre o que é importante

para a sua vida. Importante conhecer bem o grupo treinado, para assim poder

adaptar estas imagens às características do grupo.

Como quer estar futuramente?

1 Cego, ou olhando?

2 Surdo, ou ouvindo?

3 Em cadeira de rodas, ou andando?

Estas são questões que se podem colocar, acompanhadas sempre por imagens

ilustrativas.

De seguida aos trabalhadores refletirem sobre as importâncias da sua vida, usa-

se o jogo dos erros ou das diferenças, para que estes possam por eles próprios

identificar os erros que podem impedir a maneira que cada um se vê no futuro.

“se você olhar para os riscos, você irá encontrá-los, se você não olhar para os

riscos, eles encontrarão você”14.

14

Hinze (1997).

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97

Um exemplo de como aplicar esses jogos é ilustrado da figura 36.

Figura 36 – Encontre os 7 erros da figura

Fonte: Vargas (1997)

Por fim, depois de o trabalhador ter consciência do que é importante na sua vida,

e depois de por ele próprio descobrir os erros nas imagens, é a altura certa de este

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98

descobrir o que o protege em cada situação e iniciar com a consciencialização

teórica.

Acredita-se que a mensagem, quando se trata de segurança coletiva, não passa

apenas pela apresentação dos equipamentos de segurança coletiva, ate porque o

esforço de garantir este em obra, passa mais por as entidades de comando do que

pelos próprios funcionários. O importante aqui é consciencializar os funcionários de

que a segurança dos outros também depende das suas atitudes.

Colocar o guarda corpo no lugar quando antes foi necessário desviá-lo, não jogar

pregos no chão, avisar os colegas de um perigo existente, entre outros, são

exemplos de atitudes que o trabalhador deveria tomar, o que muitas vezes não

acontece.

Como já antes se referiu, parece ser incompreensível a falta de preocupação pela

higiene. A verdade é que é fundamental existir um treinamento sobre higiene

pessoal. Dessa forma a proposta de treinamento sugerida inicia dando consciência

ao trabalhador de como deve ser a sua higiene pessoal.

Tomar banho todos os dias

Escovar os dentes depois de refeições

Manter as unhas limpas e aparadas

Cabelos limpos e penteados

Barba feita ou devidamente tratada

Roupas limpas

Lavar mão e rosto antes das refeições

Usar copo individual

Usar talheres limpos

Depois de apresentados os cuidados que cada um deve ter a nível pessoal,

apresenta-se agora um conjunto de práticas que cada um deve ter para manter o

canteiro higiénico, preservando assim o bem-estar de todos.

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99

Puxar a descarga

Deitar restos de comida na lixeira

Deixar limpo depois de usar

Respeitar os colegas

Usar os sanitários

Ao cumprir as condições de higiene, o trabalhador estará a prevenir uma série de

doenças, no entanto é importante referir alguns cuidados que cada trabalhador deve

ter, práticas para combater as doenças ocupacionais e ainda reações a possíveis

sintomas.

Mordidas de animais peçonhentos (cobras, escorpiões, aranhas, taturanas ou

lagartas).

O uso de luvas pode prevenir muitas vezes este tipo de acidente. Este acidente é

possível na construção, principalmente quando o funcionário vai levantar um certo

material de um local mais húmido ou há algum tempo depositado no mesmo local.

Em caso de ocorrência deste tipo de acidente, existe alguns procedimentos

importantes:

1 Não amarrar o membro acometido, o torniquete ou garrote dificulta a circulação

do sangue, podendo produzir necrose ou gangrena e não impede que o veneno seja

absorvido.

2 Não cortar o local da picada, alguns cortes provocam hemorragia e o corte

aumentará a perda de sangue.

3 Não chupar o local da picada, não se consegue retirar o veneno do organismo

após a inoculação. A sucção pode piorar as condições do local atingido.

4 Lavar o local da picada apenas com água e sabão, não colocar substâncias no

local da piada, como folhas, querosene, pó de café, pois elas não impedem que o

veneno seja absorvido e pelo contrário podem provocar infeção.

5 Não deixar que o acidentado beba querosene, álcool ou outra bebida, não

neutralizam a ação do veneno e podem provocar intoxicação.

6 Quando a picada é no pé ou perna, manter esta na posição horizontal, evitando

que o acidentado se mova.

Page 100: 000015C0

100

7 Manter o acidentado em repouso. Levar este o mais rapidamente possível a um

serviço de saúde.

8 Não existe um prazo estabelecida para o atendimento adequado, contudo, o

tempo entre o acidente e o tratamento é um dos principais fatores para o

prognostico.

9 O soro é o único tratamento eficaz no acidente e deve ser específico para cada

tipo de picada.

Levantar pesos

Lentar pesos de forma inadequada, provocará graves danos no futuro. Por essa

razão os pesos devem ser erguidos como mostra a figura 37.

Não usar copos usados

É comum observar na construção, funcionários a beber do mesmo copo. Esta

prática é incorreta, provocando a transmissão de doenças através da saliva.

Não usar medicamento sem receita medica.

Algumas pessoas apresentam sintomas alérgicos a determinados medicamentos,

o uso destes deve ser controlado por um profissional de saúde. Não deverá existir

qualquer tipo de medicamento em canteiro de obras, a não ser com receita médica

própria de cada funcionário.

Figura 37 - Levantar pesos corretamente

Fonte: DOURADO (2009)

Page 101: 000015C0

101

2.4.3 Leitura de desenhos e projetos

Na formação de servente, propôs-se uma aprendizagem lenta e acompanhada de

projetos, acreditando que essa será a melhor forma de aprender de maneira bem-

sucedida. Na realidade de hoje, mestres-de-obras, carpinteiros e pedreiros que

numa formação ideal já saberiam interpretar projetos, ensinando aos serventes

aprendizes, também não o sabem. Dessa forma acrescentou-se este tópico na

formação comum como forma de combater essa falha.

A base desta proposta de formação são duas apostilas: ‘Leitura e Interpretação

de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)15’ e ‘Leitura e Interpretação de

Projetos (2000)16’. Numa linguagem simples e conteúdo sequenciado são um bom

exemplo de formação de leitura de desenhos e projetos.

É importante nesta formação começar pelos conhecimentos mais simples,

juntando a cada conhecimento imagens que simplifiquem a aprendizagem do

funcionário. Não se aprende a ler projetos em uma aula de treinamento, mas o

interesse de cada funcionário, que o acompanhará em todos os momentos de

aprendizagem, depende da primeira aula.

Escala

“ Você poderá tentar desenhar a sua casa em tamanho real num simples papel,

mas, já imaginou o tamanho que teria o papel? Então simplesmente desenha a sua

casa com medidas mais pequenas. Sem que se aperceba, você está a utilizar o

conceito de escala.”16

Uma casa tem dez metros de cumprimento, no desenho terá, como exemplo,

vinte centímetros. Reduziu-se cinquenta vezes o tamanho real. A escala usada foi

1:50, que se lê, um para cinquenta.

15

FIRMINO, Amilton Carlos. Formação Inicial e Continuada: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis, São Paulo: SENAI, 2010 16

Leitura e Interpretação de Projetos: Nível Básico, Belo Horizonte: Centro de Formação

Profissional Paulo de Tarso, Belo Horizonte: SENAI, 2000

Page 102: 000015C0

102

O que se faz é uma redução de tamanho. Neste caso dividiu-se os mil

centímetros por cinquenta, obtendo assim os vinte centímetros usados no desenho.

O inverso poderá ser aplicado também. Tendo uma medida do desenho e a escala,

pode-se descobrir qualquer medida real. Imagine-se que a largura da figura 39 é dez

centímetros, rapidamente se poderá descobrir a medida real. Sendo a escala 1:50,

aos dez centímetros medidos no desenho multiplica-se cinquenta centímetros,

obtendo assim quinhentos centímetros. Isto significa que a casa tem cinco metros de

largura real.

Figura 38 – Redução em escala

Fonte: Leitura e Interpretação de Projetos (2000)

Figura 39 – Ampliação em escala

Fonte: Leitura e Interpretação de Projetos (2000)

Page 103: 000015C0

103

Este procedimento pode ser aplicado a qualquer escala. Quando se quer

desenhar em papel um edifício, deve-se aplicar uma escala para reduzir o edifício,

uma vez que é impossível desenhar na escala real. Quando se quer descobrir a

medida real de um edifício desenhado, deve-se multiplicar a medida pela escala.

Cota

O conceito de cota é também importante para a interpretação de projetos. A cota

é um valor numérico que aparece na planta para passar a informação de distâncias,

medidas e padrões. Apenas com as cotas se consegue dar uma noção de dimensão

ao desenho.

Normalmente em arquitetura, para distâncias inferiores a um metro, apresenta-se

as medidas em centímetros e para distâncias superiores em metros, precedidas de

duas casas decimais.

As cotas de altura são normalmente marcadas tendo como referência o nível

zero, a figura 40 exemplifica de forma básica esse conceito.

Tem-se ainda as cotas horizontais e verticais, quer em plantas, quer em cortes.

Os conceitos de corte e planta, apenas serão aprendidos em seguida, como tal,

mostra-se apenas um exemplo de cota vertical.

Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)

Figura 40 – Cota de altura

Page 104: 000015C0

104

A cota normalmente é colocada entre as duas linhas de chamada, no entanto há

situações em que esta não cabendo, se representa fora do intervalo.

É importante referir que as cotas apresentam sempre a distância real e não as

dimensões medidas na folha de projeto.

Projeções do projeto arquitetónico

Depois de se aprender o conceito de escala e cota, o próximo conceito a

introduzir na formação é o conceito de projeção.

A maneira como se representa os desenhos de projeto numa folha é muito

importante. Utilizando o plano vertical e o plano horizontal, será possível representar

numa folha de papel, todas as vistas de um edifício.

Figura 41 – Cota de horizontal

Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)

Figura 42 – Cota fora do intervalo

Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)

Page 105: 000015C0

105

Para facilitar o entendimento do que é uma projeção, usa-se um dado no lugar do

edifício. Tem-se então: um dado comum, numerado de um a seis, um plano de

projeção, que se poderá imaginar ser uma folha de papel e um observador.

Figura 43 – Projeções

Fonte: Leitura e Interpretação de Projetos (2000)

Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)

Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)

Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)

Figura 44 – Modelo Figura 45 – Plano Projeção Figura 46 – Observador

Page 106: 000015C0

106

Considere-se que a vista frontal do dado é a que tem apenas um ponto, a figura

47 mostra como se representaria essa vista no papel.

Ao se considerar a vista frontal o lado que tem apenas um ponto, a vista superior

é o lado que tem dois pontos e a vista lateral é o lado que tem três pontos.

Imaginando uma casa seria: a fachada de entrada ou principal, a fachada lateral e a

cobertura. Mostra-se com as duas imagens seguintes como se projetar estas duas

vistas, superior e lateral.

Figura 47 – Vista frontal do modelo

Figura 48 – Vista frontal ou fachada Principal

Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)

Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)

Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)

Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)

Figura 49 – Vista Superior

Figura 50 – Vista Lateral

Page 107: 000015C0

107

Juntando os três planos de projeção nas suas devidas posições, observa-se o

resultado que a figura 52 seguinte demonstra.

De forma simples tem-se a projeção de três vistas do cubo, pode-se então retirar

o cubo, uma vez que não faz mais falta. Quando se olha um desenho, este aparece

desenhado em uma única folha de papel, ou seja, em um só plano. De seguida

pode-se então observar como proceder, para representar estas projeções em um só

plano.

Figura 51 – Fachada Lateral

Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)

Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)

Figura 52 – Projeções

Page 108: 000015C0

108

Imagine-se que o plano de projeção frontal fica fixo, rodando o plano de projeção

horizontal para baixo e o plano de projeção lateral para a direita.

Atingiu-se o objetivo, agora em uma única folha de papel, ou seja, em um único

plano, tem-se as três projeções. Assim funciona com um projeto simples, tendo

apenas formas mais complexas, mas, a medida que se avança no treinamento,

ficará mais perto o resultado final.

Figura 53 – Projeções

Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)

Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)

Figura 54 – Rebatimento de projeções

Page 109: 000015C0

109

Chama-se atenção que as linhas projetantes auxiliares, são apenas para ajudar a

compreender a matéria, e normalmente não aparecem em desenhos.

Corte

Estudou-se até agora como representar o exterior de uma peça, ou de uma

construção, mas, e o seu interior? Como representar? O conceito de corte irá

responder a estas questões. Imagine-se cortar uma habitação ao meio, abrindo-se

metade para cada lado. Ficará simples aplicar o conceito antes aprendido, de

projeções. Como é óbvio, é impossível cortar uma habitação ao meio, até porque o

projeto existe antes da habitação, mas, imaginar ajuda com certeza a aprender, e

esse é o objetivo nesta parte do trabalho.

Tem-se dois tipos de corte, o corte transversal e o corte longitudinal. O corte

longitudinal faz-se no sentido do comprimento do edifício, na medida que o corte

transversal se faz no sentido da largura do edifício. Apesar de não se chamar de

corte, tem-se ainda a planta baixa, para facilitar o entendimento diz-se ser um corte

que divide o telhado do pavimento, mostrando assim todas as divisões da habitação.

Através dos cortes e da planta baixa, pode-se então observar a posição de todas as

divisões da habitação, janelas e portas. Os cortes são perpendiculares ao piso,

enquanto a planta baixa é paralela a este.

Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)

Figuras 55 e 56 – Rebatimento de projeções

Page 110: 000015C0

110

Figura 57 – Corte

Figura 58 – Planta Baixa

Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)

Figura 59 – Correlação das projeções

Fonte: Leitura e Interpretação de Projetos (2000)

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111

Simbologia e convenções

Como se poderá imaginar é impossível ler qualquer projeto sem que existam

regras. Tal como qualquer jogo precisa de regras para ser jogado, assim acontece

com a leitura de projetos.

Desse modo serão inumeradas de seguida algumas regras, ou seja, alguns

símbolos e convenções necessários para a leitura de projetos.

No tabela a seguir, que tem como base a NBR 8403/1984, da ABNT, serão

apresentadas algumas linhas convencionais utilizadas nos projetos.

Tabela 8 – Linhas convencionais

Tipo e largura Emprego Exemplo

Contínua larga

Arestas e contornos de

superfícies de elementos

seccionados e visíveis.

Contínua estreita

Aresta e contornos

cujas superfícies visíveis

não foram seccionadas e

se encontram destacadas

das linhas mais próximas

do observador.

Contínua estreita

Linhas de chamada ou

extensão, linhas de cota,

linhas para representarem

pisos e azulejos e linhas

de construção do desenho.

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112

Fonte: NBR 8403/1984

Depois de apresentados alguns tipos de linhas, apresenta-se de seguida como

representar os vãos das portas e das janelas, e ainda, como cotar estes.

Existem duas formas de cotar as portas em um projeto. Ambas as formas dão a

largura seguida da altura da porta. Na representação da porta também será indicado

o lado para onde irá abrir a porta. No exemplo a seguir tem-se que a largura da porta

é de oitenta centímetros e a altura é dois metros e dez.

Tracejada estreita Arestas e contornos

não visíveis.

Traço-ponto estreita e

larga na extremidade

Linha de corte.

Traço-ponto estreita

Linha de centro e de

simetria

Ziguezague estreita

Ruturas longas

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113

De igual forma existem dois modos de cotar as janelas. Neste casa a largura será

um metros e vinte, enquanto a altura será um metro e cinquenta.

Como se poderá ver na figura 63. Na representação das janelas é apresentada

ainda outra medida. A medida do peitoril.

Depois de uma breve apresentação de alguns tópicos importante para leitura de

projetos, considera-se justo passar para a apresentação dos projetos em si. Neste

trabalho apenas será apresentado dois tipos de projetos. O projeto arquitetónico e o

projeto estrutural de formas. O projeto estrutural de armaduras não será

apresentado neste trabalho uma vez que as profissões estudadas não incluem o

profissional armador. Contudo, é uma profissão igualmente importante para ser

estudada futuramente.

Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)

Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)

Figura 60 - Porta Figura 61 - Porta

Figura 62 - Janela Figura 63 - Janela

Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)

Fonte: Leitura e Interpretação de Desenhos e Projetos de Obras Civis (2010)

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114

2.4.3.1 Projeto Arquitetónico

Para iniciar o estudo de projetos arquitetónicos, considerou-se importante falar um

pouco sobre a sua representação. Para definir uma edificação é necessário vários

tipos de desenhos, tanto internos como externos. O seu conjunto dará a visão geral

de uma edificação.

Como desenhos da parte externa, tem-se: a fachada, a planta de cobertura, a

planta de situação e a planta de locação.

Fachada

O desenho da fachada não é mais do que imaginar olhar para a habitação,

diretamente para a porta de entrada, fachada frontal, ou diretamente para a lateral

da habitação, fachada lateral. Nos desenhos de fachadas serão visíveis as materiais

e o aspeto final que a habitação terá depois de construída.

Planta de locação

“imagine que você tenha ganhado o poder de voar! Lá de cima, verá a edificação,

bem como todos seus afastamentos em relação aos muros ou divisas do lote.”17

Logicamente ninguém tem o poder de voar, mas a planta de locação mostrará

assim onde o edifício será inserido dentro do lote.

17

Leitura e Interpretação de Projetos: Nível Básico, Belo Horizonte: Centro de Formação

Profissional Paulo de Tarso, Belo Horizonte: SENAI, 2000

Fonte: Leitura e Interpretação de Projetos (2000)

Figura 64 – Fachada

Page 115: 000015C0

115

Planta de cobertura

A planta de cobertura é muitas das vezes apresentada em conjunto com a planta

de locação. Nela poderá ver-se o tipo de cobertura a usar e ainda qual a inclinação

para as águas, chamada de declividade.

Planta de situação

A planta de situação mostra o enquadramento da construção dentro da quadra

em que é construída. Mostra ainda as ruas próximas e qual a sua orientação.

Figura 65 – Planta de locação

Fonte: Leitura e Interpretação de Projetos (2000)

Fonte: Leitura e Interpretação de Projetos (2000)

Figura 66 – Planta de situação

Page 116: 000015C0

116

Depois de apresentados os desenhos da parte externa da edificação, é momento

de apresentar os desenhos da parte interna. Agora a imaginação terá ser ainda

maior, para que a aprendizagem seja possível. Como desenhos internos tem-se: a

planta baixa e os cortes.

Planta baixa

Imagine-se fazer um corte horizontal, paralelo ao pavimento, um metro e meio

acima do piso. Quando se retira a parte de cima da habitação é possível observar

todas as divisões desta e ainda identificar onde se situam as janelas e as portas do

edifício.

Cortes

Ao contrário da planta baixa, os cortes são verticais ao piso. Imagine-se então

cortar a edificação no sentido da largura e no sentido do comprimento. Estes cortes

darão informações preciosas, tais como: altura dos peitoris, portas, telhados, pé

direito, ou seja, altura de casa andar, escadas, espessuras dos pisos, espessuras de

lajes e níveis de referência.

Fonte: Leitura e Interpretação de Projetos (2000)

Figura 67 – Planta baixa

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117

2.4.3.2 Projeto estrutural de formas

“Pode-se fazer uma comparação com o corpo humano, ou seja, as paredes,

rebocos, azulejos, tintas e acabamentos em geral representão a nossa pele e carne.

O que seria da pele e carne sem uma estrutura rígida que mantivesse a forma do

corpo?”18

A estrutura de um edifício, quando não executado em alvenaria estrutural, é de

concreto armado e este, está representado pelos projetos de forma e ferragem.

As formas, têm o objetivo de dar forma ao concreto, ou seja, manter este nas

dimensões pretendidas e apresentadas no projeto de formas. As formas, irão

funcionar como um molde, pelo que elas próprias são uma estrutura que terão de

aguentar com o concreto nelas depositado e com o peso das pessoas de serviço.

Por essa razão é demasiado importante uma leitura correta dos projetos.

O primeiro desenho que compões os projetos de formas é o projeto de locação de

tubulões. Nele pode ser observado as medidas entre os eixos dos tubulões, bem

como os afastamentos desses eixos em função das divisas do terreno. Dá ainda

informação sobre: cota de arrasamento ou nível de término de concretagem,

18

Leitura e Interpretação de Projetos: Nível Básico, Belo Horizonte: Centro de Formação

Profissional Paulo de Tarso, Belo Horizonte: SENAI, 2000

Fonte: Leitura e Interpretação de Projetos (2000)

Figura 68 - Cortes

Page 118: 000015C0

118

diâmetro maior da base, fuste ou comprimento do tubulão, altura da base e rodapé

completando a base do tubulão.

O segundo desenho que compõe o projeto de formas é projeto de cintamento.

Nele tem-se informação sobre a estrutura do edifício (vigas baldrame, pilares e

sapatas) e ainda mostrar o sistema de ligação dos tubulões.

Uma vez considerado o nível de referência, o nível zero. Neste projeto o nível

superior de cintamento é o nível +12, observado na figura 69.

Através dos dois desenhos inumerados é possível conhecer os detalhes principais

das fundações de uma edificação.

Depois de estudada a fundação e definida com estes dois tipos de desenho, é

necessário definir os pilares, vigas e lajes para assim definir a estrutura completa.

Esses detalhes preciosos, serão retirados do projeto de vigamento. Nesse desenho

serão encontradas as medidas que terão os pilares, as vigas e as lajes.

Figura 69 – Projeto de cintamento

Fonte: Leitura e Interpretação de Projetos (2000)

Page 119: 000015C0

119

Este desenho é obtido fazendo um corte um metro e meio acima do piso e

olhando de baixo para cima, contrariamente ao que acontecia nos projetos

arquitetónicos, nos projetos de locação de tubulões e cintamento.

Em projetos de vigamento, as cotas e as referências de nível, sempre serão

representadas no nível superior da laje, tal acontece, mesmo que as lajes tenham

espessuras diferentes. O nível superior é único, ficando as diferenças para o nível

inferior.

Tal como nos projetos arquitetónicos, os projetos de estruturais de formas,

apenas ficarão completos, quando acompanhados por cortes. Estes irão conter

alturas de blocos, cintas, pilares, vigas, lajes, pé direito e outros detalhes

importantes de fôrmas.

As peças apresentadas com linhas grassas, são as peças cortadas pelo corte, as

que apresentam linha media, são visíveis mas não cortadas e as linhas finas darão

indicações uteis como cotas e medidas.

Figura 70 – Projeto de vigamento

Fonte: Leitura e Interpretação de Projetos (2000)

Page 120: 000015C0

120

2.4.4 Matemática e física utilizada na construção

2.4.4.1 Conhecimentos de física

1 Unidades de comprimento:

Quilometro (km)

Metro (m)

Decímetro (dm)

Centímetro (cm)

Milímetro (mm)

Conversões:

Fonte: Leitura e Interpretação de Projetos (2000)

Figura 71 – Cortes estruturais

Page 121: 000015C0

121

2 Unidades de área:

Metro quadrado (m2)

Decímetro quadrado (dm2)

Centímetro quadrado (cm2)

Milímetro quadrado (mm2)

Conversões:

3 Unidades de volume:

Metro cúbico (m3)

Decímetro cúbico (dm3)

Centímetro cúbico (cm3)

Milímetro cúbico (mm3)

Conversões:

4 Unidades de massa:

Tonelada (t)

Quilograma (Kg)

Grama (g)

Conversões:

Page 122: 000015C0

122

Leitura de medidas lineares e angulares

Este tópico tem como base a ‘Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)’.

Medidas lineares

São medidas diretas, usando trena, régua, metro articulado ou escalímetro, ou

seja, medidas em linha.

O funcionário deve ter grande atenção na leitura dessas medidas por trena ou

régua, meio esse pelo qual transfere as medidas do projeto para a realidade. De

seguida explica-se alguns conceitos sobre leitura dessas medidas.

Uma vez que não se utilizam na construção, leituras em milímetros, apresenta-se

em seguida o conceito de arredondamento.

Fonte: Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)

Figura 72 – Leitura de medidas

Page 123: 000015C0

123

De forma prática na construção, usa-se um critério simples para

arredondamentos. Até ao terceiro traço de milímetros depois do traço que marca os

centímetros e o meio centímetro, arredonda-se para baixo. Depois do terceiro traço

de milímetros arredonda-se para cima, ou seja, 1,3 centímetros é aproximadamente

1,5 centímetros e 1,2 centímetros é aproximadamente 1 centímetro.

Na leitura de medidas lineares deve ter-se em conta se a trena esta devidamente

esticada, evitando erros. No caso de metro articulado este deve estar perfeitamente

reto.

Medidas angulares

Usadas para representar ângulos na construção. São sempre apresentadas em

graus e na construção normalmente se encontra noventa graus (90º) e quarenta e

cinco graus (45º).

Para leitura dos ângulos ou marcação destes, utiliza-se o esquadro. É a única

ferramenta confiável para marcar ângulos, pode-se usar também métodos

matemáticos posteriormente explicados.

Figura 73 – Arredondamentos de medidas

Fonte: Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)

Page 124: 000015C0

124

2.4.4.2 Conhecimentos matemáticos

Conhecimentos simples de matemática, mas de alguma forma essenciais para o

bom desempenho deste profissional, são de seguida enumerados. Note-se que o

número de profissionais sem estes conhecimentos é elevado. Por um lado porque

estes são pessoas sem escolaridade, por outro porque não há a preocupação das

entidades gestoras de passar tais conhecimentos a estes profissionais.

Figura 74 – Medições angulares

Fonte: Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)

Page 125: 000015C0

125

Teorema de Pitágoras

Usado para verificação de ângulos de 90 graus, o denominado esquadro na

construção. Num triângulo retângulo, ou seja, com um dos ângulos de 90 graus, o

lado maior multiplicado por si mesmo, é igual a somo dos lados menores

multiplicados por eles próprios.

Regra dos três simples

Importante para compreensão dos traços de argamassa ou concreto.

Quando se diz que o traço de argamassa, é por exemplo 1:2:8, isto significa que a

argamassa tem 1 balde de cimento, 2 baldes de cal e 8 baldes de areia. Se por

algum motivo se quiser fazer argamassa com 2 baldes de cimento, quando de cal e

areia se tem de usar?

Importante para a conversão de escalas.

Quando se diz que a escala de determinado projeto é de 1:2000, significa que

1cm no projeto equivale a 2000cm na realidade, ou seja 20m. Se no projeto se medir

7,5 centímetros, quando equivale na realidade?

5 4

3

Page 126: 000015C0

126

Cálculos

Tabela 9 – Cálculo de áreas

Fórmulas para calcular áreas

Nome da figura Desenho/geome

tria

Fórmula de

Área

Descobrir a

área de um

assoalho, ou

saber a áreas do

lado de uma viga

para saber a

quantidade de

folhas de Madeirit

que se precisa.

Quadrado a x a

Retângulo a x b

Paralelogramo b x h

Trapézio h/2 x (b1+b2)

Circulo 3,14 x r x r

Triângulo (b x h) / 2

Elipse 3,14 x r1 x r2

Fonte: Apostila de Formas e Ferragens (2010)

Page 127: 000015C0

127

Tabela 10 – Cálculo de volumes

Fórmulas para calcular volumes

Nome da

Figura

Desenho /

Geometria

Fórmula de

Volume

Emprego

Prático

Cubo a x a x a

Quantidade de

concreto para

preencher um

pilar, uma laje ou

uma viga.

Paralelepípedo a x b x c

Cilindro 3,14 x r x r x h Quantidade de

água que cabe

dentro de uma

caixa de água ou

tambor.

Fonte: Apostila Montador de Formas e Ferragens (2010)

3 O PROCESSO DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA

CONSTRUÇÃO

Nem todos nascem para realizar o mesmo trabalho e na construção civil não é

diferente. Observa-se hoje em dia, que um elevado número de funcionários de

construção, não deveria ter essa profissão. Não apresentam as competências, nem

sequer a capacidade para adquirir essas competências. O mercado aquecido, que

provoca a imensa necessidade de mão-de-obra, e as baixas exigências de

escolaridade, que permitem que qualquer pessoa trabalhe na construção, refletem a

fraca qualidade e a inexistência de perspetivas de crescimento profissional. A

rotatividade de pessoal tem sido amplamente discutida. As empresas de construção

ganharam força no mercado brasileiro, mas em contra partida os seus métodos de

seleção e recrutamento ficaram mais fracos. “ Existe uma correlação entro os

processos de recrutamento e seleção e os índices de rotatividade”19 Este tópico

19

CINTRA, G. A.; PEDROSO, R. Rotatividade de Pessoal: Um estudo de Caso em uma Empresa no Ramo de Construção Civil, Revista Olhar Científico – Faculdades Associados de Ariquemes – V.01, n.2 Ago./Dez. 2010

Page 128: 000015C0

128

procura combater essa lacuna, analisando um possível funcionário, antes de este

ser recrutado. Há uma elevada perda de dinheiro na construção, por colocar o

funcionário certo no serviço errado e ainda, por admitir funcionários não sabendo

quais os serviços a esperar deles. O tempo que a empresa demora a perceber qual

o serviço que um funcionário desempenha melhor é demasiado longo e muitas

vezes, nem se apercebe que o funcionário é bom em determinado serviço. Sendo o

custo da mão-de-obra, o percentual maior dos gastos das empresas de construção,

tal falha não se justifica. Saber que serviço está em défice de mão-de-obra e que

funcionário se enquadra a esse serviço, trará lucro e diminuição dos prazos de

construção.

Ainda assim, o contrato de experiencia não perde o seu valor e significado. Este

deverá existir, permitindo avaliar e observar se as características previamente

analisadas correspondem há realidade e se o funcionário adquire ou tem facilmente,

as competências necessárias para a sua profissão.

3.1 LISTA DE COMPETÊNCIA DE UM ASSISTENTE OPERACIONAL

O profissional de construção civil é considerado um assistente operacional. De

acordo com o modelo de competências universal, tendo como base a lista de

competências SIADAP (Sistema Integrado de Avaliação de Desempenho da

Administração Pública) apresenta-se um conjunto de competências que um

funcionário de construção deverá ter, ou em último caso, apresentar a capacidade

de as adquirir.

3.1.1 Realização e orientação para os resultados

Capacidade para concretizar com eficácia e eficiência os objetivos do serviço e as

tarefas que lhe são solicitadas.

Um funcionário com esta competência demostra os seguintes comportamentos:

1 Procura atingir os resultados desejados.

2 Realiza com empenho as tarefas que lhe são distribuídas.

3 Preocupa-se em cumprir os prazos estipulados para as deferentes atividades.

4 É persistente na resolução dos problemas e dificuldades.

Page 129: 000015C0

129

3.1.2 Orientação para o serviço público

Capacidade de exercer a sua atividade respeitando os valores e normas gerais do

serviço publico e do setor concreto em que trabalha.

Um funcionário com esta competência demostra os seguintes comportamentos:

1 Assume os valores e regras do serviço, atuando com brio profissional e

promovendo uma boa imagem do setor que representa.

2 Tem habitualmente, uma atitude de disponibilidade para com os diversos

utentes do serviço e procura responder ás suas solicitações.

3 No desemprenho das suas atividades, trata de forma justa e imparcial todos os

cidadãos.

4 Respeita critérios de honestidade e integridade, assumindo a responsabilidade

dos seus atos.

3.1.3 Orientação para a segurança

Capacidade para integrar na sua atividade profissional as normas de segurança,

higiene, saúde no trabalho e defesa do ambiente, prevenindo riscos e acidentes

profissionais e/ou ambientais.

Um funcionário com esta competência demostra os seguintes comportamentos:

1 Cumpre normas e procedimentos estipulados para a realização das tarefas e

atividades, em particular as de segurança, higiene e saúde no trabalho.

2 Emprega sistemas de controlo e verificação para identificar eventuais anomalias

e garantir a sua segurança e a dos outros.

3 Tem um comportamento profissional cuidadoso e responsável de modo a

prevenir situações que ponham em risco pessoas, equipamentos e o meio ambiente.

4 Utiliza veículos, equipamentos e materiais com conhecimento e segurança.

3.1.4 Adaptação e melhoria contínua

Capacidade para se ajustar a novas tarefas e atividades e de se empenhar na

aprendizagem e desenvolvimento profissional.

Um funcionário com esta competência demostra os seguintes comportamentos:

Page 130: 000015C0

130

1 Manifesta interesse em aprender e atualizar-se.

2 Vê na diversidade de tarefas oportunidades de desenvolvimento profissional.

3 Reage, normalmente, de forma positiva às mudanças e adapta-se, com

facilidade, a novas formas de realizar tarefas.

4 Reconhece os seus pontos fracos e as suas necessidades de desenvolvimento

e age no sentido da sua melhoria, propondo formação e atualização.

3.1.5 Iniciativa e autonomia

Capacidade de atuar de modo proactivo e autónomo no seu dia-a-dia profissional

e de ter iniciativas no sentido da resolução de problemas.

Um funcionário com esta competência demostra os seguintes comportamentos:

1 Executa as tarefas de forma crítica identificando os erros e deficiências.

2 Propõe soluções alternativas aos procedimentos tradicionais.

3 Sugere novas práticas de trabalho com o objetivo de melhorar a qualidade do

serviço.

4 Resolve com criatividade problemas não previstos.

3.1.6 Inovação e qualidade

Capacidade para executar atividades e tarefas de forma critica e de sugerir novas

práticas de trabalho para melhorar a qualidade do serviço.

Um funcionário com esta competência demostra os mesmos comportamentos que

um funcionário com iniciativa e autonomia.

3.1.7 Otimização de recursos

Capacidade para utilizar os recursos e instrumentos de trabalho de forma eficaz e

eficiente de modo a reduzir custos e aumentar a produtividade.

Um funcionário com esta competência demostra os seguintes comportamentos:

1 Preocupa-se com o aproveitamento dos recursos postos à sua disposição.

2 Adota procedimentos, a nível da sai atividade individual, para redução de

desperdícios e de gastos supérfluos.

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131

3 Utiliza os recursos e instrumentos de trabalho de forma correta e adequada,

promovendo a redução de custos de funcionamento.

4 Zela pela boa manutenção e conservação dos materiais e equipamentos,

respeitando as regras e condições de operacionalidade.

3.1.8 Organização e método de trabalho

Capacidade para organizar as suas tarefas e atividades e realizá-las de forma

metódica.

Um funcionário com esta competência demostra os seguintes comportamentos:

1 Verifica, previamente, as condições necessárias á realização das tarefas.

2 Segue as diretivas e procedimentos estipulados para uma adequada execução

do trabalho.

3 Reconhece o que é prioritário e urgente, realizando o trabalho de acordo com

esses critérios.

4 Mantém o local de trabalho organizado, bem como os diversos produtos e

materiais que utiliza.

3.1.9 Responsabilidade e compromisso com o serviço

Capacidade para reconhecer o contributo da sua atividade para o funcionamento

do serviço, desempenhando as suas tarefas e atividades de forma diligente e

responsável.

Um funcionário com esta competência demostra os seguintes comportamentos:

1 Compreende a importância da sua função para o funcionamento do serviço e

procura responder ás solicitações que lhe são colocadas.

2 Reponde com prontidão e com disponibilidade.

3 É cumpridor das regras regulamentares relativas ao funcionamento do serviço,

nomeadamente no que se refere á assiduidade e horários de trabalho.

4 Responsabiliza-se pelos materiais e equipamentos que tem a seu cargo.

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132

3.1.10 Relacionamento interpessoal

Capacidade para interagir, adequadamente, com pessoas com diferentes

caraterísticas, tendo uma atitude facilitadora do relacionamento e gerindo as

dificuldades e eventuais conflitos de forma ajustada.

Um funcionário com esta competência demostra os seguintes comportamentos:

1 Tem um trato cordial e afável com colegas, supervisores e os diversos utentes

do serviço.

2 Trabalha com pessoas com diferentes características.

3 Perante conflitos mantém um comportamento estável e uma postura

profissional.

4 Afirma-se perante os outros, sem ser autoritário nem agressivo.

3.1.11 Tolerância à pressão e contrariedades

Capacidade para lidar com situações de pressão e com as contrariedades de

forma adequada e profissional.

Um funcionário com esta competência demostra os seguintes comportamentos:

1 Mantém-se produtivo mesmo em ambientes de pressão.

2 Perante situações difíceis mantém o controlo emocional e discernimento

profissional.

3 Consegue gerir de forma equilibrada as exigências profissionais.

4 Aceita as críticas e contrariedades.

3.1.12 Trabalho de equipa e cooperação

Capacidade para se integrar em equipes de trabalho e cooperar com outros de

forma ativa.

Um funcionário com esta competência demostra os seguintes comportamentos:

1 Integra-se em equipes de trabalho, dentro e fora do seu contexto habitual.

2 Tem habitualmente uma atitude colaborante nas equipes de trabalho em que

participa.

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133

3 Partilha informações e conhecimentos com os colegas e disponibiliza-se para os

apoias, quando solicitado.

4 Contribui para o desenvolvimento ou manutenção de um bom ambiente de

trabalho.

3.1.13 Coordenação

Capacidade para coordenar, orientar e dinamizar equipes de trabalho com vista à

concretização de objetivos comuns.

Um funcionário com esta competência demostra os seguintes comportamentos:

1 Exerce, em regra, o papel de orientador e dinamizador de equipes de trabalho.

2 Assume, responsabilidades e tarefas exigentes.

3 Toma decisões e responde por elas.

4 É ouvido e considerado pelos colegas de trabalho.

3.1.14 Conhecimentos e Experiência

Capacidade para aplicar, de forma adequada, os conhecimentos e experiencia

profissional, essenciais para o desempenho das suas tarefas e atividades.

Um funcionário com esta competência demostra os seguintes comportamentos:

1 Aplicar, adequadamente, conhecimentos práticos e profissionais necessários às

exigências do posto de trabalho.

2 Emprega, corretamente, métodos e técnicas específicos da sua área de

atividade.

3 Identifica e utiliza os materiais, instrumentos e equipamentos apropriados aos

diversos procedimentos da sua atividade.

4 Preocupa-se em alargar os seus conhecimentos e experiência profissional para

melhor corresponder às exigências do serviço.

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134

3.2 METODOLOGIA INERENTE AO PROCESSO DE SELEÇÃO E

RECRUTAMENTO

A metodologia proposta tem como referência uma metodologia apresentada por

OLIVEIRA (2009)20.

Que serviço está em défice de mão-de-obra? O que se pretende do funcionário a

contratar? Para que serviço se está a contratar este funcionário? Que competências

exige esse serviço?

Ao existir uma vaga de emprego é necessário uma preparação sequenciada, para

que a pessoa a recrutar, seja exatamente a pessoa necessária.

De um lado, a construtora precisa definir exatamente o que espera do funcionário

a contratar. Do outro, o funcionário precisa saber exatamente o que a empresa

espera dele.

A figura 75, mostra a metodologia sugerida neste trabalho.

20

Margarida Oliveira, Professora da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da

Universidade do Porto

Fonte: OLIVEIRA (2009)

Figura 75 - Metodologia

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135

3.2.1 Análise de funções

Existe falta de mão-de-obra e é necessário contratar pessoas. O primeiro passo

que o contratante deve tomar, é conhecer exatamente a função, ou as funções para

as quais precisa de pessoas. Detalhar perfeitamente a função, “o que a função exige

do seu ocupante em termos de conhecimento, habilidades e capacidades para que

possa desempenhá-la adequadamente.”21

Para realizar essa análise, poderá seguir-se os seguintes métodos:

1 Diários ou Auto descrições pelos profissionais já contratados.

É pedido neste método, que os profissionais já existentes na empresa, escrevam

diários de obra, com vista a registarem os seus trabalhos do dia-a-dia.

O que se pretende com este registo, não é apenas que o profissional registe as

suas atividades e suas expetativas. Pretende-se que o profissional registe, o que

faz, onde faz, quais os contatos estabelecidos, como se comunica, quais os

resultados de determinadas ações, entre outras pormenorizações importantes.

Algumas limitações que este método apresenta são: Falta de precisão e

dificuldade de compreensão por parte dos profissionais, muitas vezes estes julgam

que a empresa os está a controlar demasiado, ou que o preenchimento dos diários

os pode prejudicar; Diferença entre o que é escrito e o que é relatado oralmente

pelos profissionais; Passar uma imagem distorcida, baseando-se no que parece ser

ideal e não no que é a verdadeira realidade.

2 Observação do desempenho de funções dos profissionais já contratados.

Técnica mais utiliza que consiste na observação presencial do desempenho do

profissional. Apenas deve ser usado este método quando a função é passível de ser

observada. Uma observação não estruturada pode dar origem a enorme quantidade

de informação muitas vezes não aproveitada.

21

OLIVEIRA (2009)

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136

Algumas limitações são: Subjetividade do observador; Falta de conhecimento do

observador sobre a dificuldade de determinadas tarefas; Não possibilidade de

observar capacidades como o julgamento e a tomada de decisão.

3 Entrevistas a profissionais já contratados.

Permitem incluir um maior número de aspetos da função, pois os outros métodos

ficam centrados em especificações do posto de trabalho.

A entrevista centra-se no indivíduo e nas situações específicas, podendo obter

maior objetividade.

As limitações deste método são: Poder perder aspetos importantes, normalmente

os mais rotineiros; Dificuldade em convocar entrevistados ou amostras muito vastas,

devido muitas vezes à falta de tempo, ou falta de compreensão dos funcionários.

4 Questionários a profissionais já contratados.

Quando utilizados, apresentam uma forma bastante estruturada de obter uma

imagem ampla, incluindo aspetos de uma função, além de comportamentos críticos.

São concebidos a partir de informação recolhida em entrevistas iniciais, ou de

observação em conjunto com outros métodos.

Tem limitações quando aplicados por escrito e o grupo estudado apresenta

poucas qualificações ou nenhuma, caso da construção civil. Quando apresentam um

conteúdo demasiado complexo.

3.2.1.1 Plano de implantação

Um plano simples que poderá ser elaborado pela empresa que deseja contratar, é

de seguida apresentado

1º passo

Recolher documentação acerca da função que pretende contratar, por exemplo

manuais de formação. Relembra-se que não existem manuais de formação para

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137

serventes, mas, neste trabalho foi proposto um exemplo de formação. É ainda

necessário recolher manuais sobre segurança, entre outros que se considerem

apropriados. Resumindo, neste primeiro passo, a empresa procederá a uma recolha

de informações já existentes.

2º passo

Analisar quais pessoas têm conhecimento sobre a função, dentro da empresa ou

fora da empresa. Analisar das pessoas com conhecimentos, quais desempenham

melhor a função, que finalidade tem a sua função, quais objetivos,

responsabilidades, relações e aspetos críticos.

3º passo

Entrevistar pessoas de chefia, como mestres-de-obras ou encarregados. Estes

têm conhecimento da função e de quais as suas finalidades, objetivos,

responsabilidades, relações e aspetos críticos.

4º passo

Entrevistar o titular, ou os titulares da função analisada. Obter informação

detalhada das tarefas e relações que fazem parte da função. Obter também

informação sobre os desafios da profissão e suas satisfações.

5º passo:

Observar o desempenho de profissionais dessa função. Não observar sempre na

mesma hora nem nos mesmos dias da semana. Ter sempre em atenção os fatores

externos possíveis de ocorrer.

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138

6º passo:

Experimentar desempenhar algumas tarefas com o objetivo de obter um

conhecimento sobre as suas dificuldades, desafios e efeitos desagradáveis.

Desta forma quando a empresa tem em vista contratar alguém, já sabe

exatamente o que espera do contratado. Organizando o conteúdo da função e

respondendo a questões como: O que faz?, Quando faz?, Como faz?, Onde faz?,

Porque faz?

3.2.1.2 Relatório da análise de funções

O relatório da análise de funções, deverá conter as seguintes informações:

1 Designação, localização e posicionamento na empresa

2 Descrição

3 Formação possível

4 Experiencia necessária

5 Autonomia necessária

6 Responsabilidades que exige

7 Relações de trabalho

8 Esforço físico e psíquico exigido

9 Exigências motoras e sensoriais

10 Riscos profissionais

11 Condições de trabalho

12 Horário de trabalho e outras exigências

Terminado o relatório, aconselha-se mostrar este ao profissional, ou aos

profissionais estrela (funcionários considerados exemplo), para que possam dar o

seu parecer sobre a análise.

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139

3.2.2 Perfil Funcional / Competências

O perfil funcional descreve o conjunto das competências requeridas pelos postos

de trabalho da organização. Este é composto por quatro pontos base:

1 Enquadramento organizacional

2 Descrição da função

3 Exigência da função

4 Competências

A título exemplificativo se traçará o perfil funcional do servente da construção civil,

apresentado na tabela 11. Note-se que este perfil tem como referência o exemplo de

formação servente, proposto neste trabalho.

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140

Tabela 11 – Perfil Funcional do Servente

PERFIL FUNCIONAL

Profissão: Servente de Construção Civil

1. Enquadramento Organizacional

Serviço: Divisão de Obra

Local: Canteiro de Obras

2. Descrição da Função

Nível 1: Limpeza e organização da Obra

Nível 2: Compactação e aterro

Nível 3: Abertura de valas e poços

Nível 4: Fazer argamassa e concreto

Nível 5: Separar e cortar madeira

Nível 6: Acompanhar um profissional Pedreiro ou Carpinteiro

3. Exigências da Função

Habilitações: Saber ler e escrever

Formação: Não é necessário

Experiencia profissional: Não é necessário

Outras exigências: Vontade de aprender e evoluir de nível para nível com

objetivo de se tornar profissional.

4. Competências

Competências técnicas: realização e orientação para resultados; orientação

para segurança; adaptação e melhoria contínua; iniciativa e autonomia.

Competências pessoais: responsabilidade e compromisso com o serviço;

relacionamento interpessoal; tolerância à pressão e contrariedades; trabalho

em equipa e cooperação.

Fonte: O autor, adaptado de OLIVEIRA (2009)

3.2.3 Fontes de recrutamento

“O recrutamento é um termo comumente aplicado à descoberta e ao

desenvolvimento de boas fontes de candidatos necessários á organização, de modo

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141

a sempre ter um número adequado de propostas de trabalho para preenchimento de

vagas.”22

As empresas de construção civil apresentam dificuldades no recrutamento de

mão-de-obra, algumas delas recorrem a profissionais especializados em

recrutamento para melhorarem essa lacuna, outras, não fazem qualquer tentativa de

melhorar o seu processo de seleção e recrutamento. “ As atividades de

recrutamento e seleção são essenciais para o bom desenvolvimento dos

profissionais em uma determinada organização.”23

Existem duas fontes de recrutamento, o recrutamento interno e externo. O

recrutamento interno busca encontrar profissionais com o perfil adequado,

conhecimento ou capacidade de adquirir este com o tempo dentro da própria

empresa. Um exemplo de recrutamento interno seria promover um servente para

ocupar um cargo de pedreiro, na existência de uma vaga de pedreiro na empresa. O

recrutamento externo busca recrutar pessoas de fora da empresa, da mesma cidade

ou de fora da cidade. Algumas empresas promovem cursos de formação

profissional, buscando pessoas com as capacidades pretendidas para a vaga.

Quando no recrutamento interno se promove um servente para pedreiro, abre uma

vaga para servente. Para preencher essa vaga a empresa procura mão-de-obra

exterior à empresa.

É importante que a empresa defina uma estratégia de recrutamento. Incluindo

uma divisão de recursos humanos dentro da empresa, com pessoas especializadas

para o recrutamento, ou recorrer a pessoas especializadas exteriores à empresa.

Acredita-se que a melhor opção será incluir no quadro estratégico da empresa

uma divisão de recursos humanos que conheça o dia-a-dia da empresa, que

selecione, recrute e acompanhe a mão-de-obra.

22

Araújo e Dias 2008, p. 03 23

CINTRA, G. A.; PEDROSO, R. Rotatividade de Pessoal: Um estudo de Caso em uma Empresa no

Ramo de Construção Civil, Revista Olhar Científico – Faculdades Associados de Ariquemes – V.01, n.2 Ago./Dez. 2010

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142

3.2.4 Aplicação dos métodos de seleção

Existem vários métodos de seleção e avaliação. Em Portugal, na administração

pública, por exemplo, os métodos de seleção obrigatórios são: provas de

conhecimentos, avaliação curricular, avaliação psicológica e entrevista de avaliação

de competências. Na construção civil, talvez a avaliação curricular não faça muito

sentido, uma vez que sendo a maior parte pessoas sem grande qualificação escolar,

não existe preocupação na organização de um currículo. Talvez quando se trata de

um pedreiro, ou carpinteiro, seja interessante analisar o seu percurso e experiencia

na construção civil, mas, quando se trata de um servente, muitas das vezes este

nunca trabalhou na construção civil.

O processo de seleção procura o equilíbrio entre as características em busca e o

perfil do profissional.

As etapas para seleção dependem de organização para organização, existem no

entanto alguns procedimentos básicos que poderão ser aplicados. Entrevistas,

aplicação de testes psicológicos, dinâmicas e vivências de grupo, entre outros que

se considerem convenientes.

Fonte: CINTRA e PEDROSO (2010)

Figura 76 – Balança dos determinantes do processo de seleção

Page 143: 000015C0

143

3.2.4.1 Testes psicotécnicos

Este tipo de testes é comum quando a empresa pretende contratar alguém para

os quadros estratégicos, mas, quando o objetivo é contratar um operacional de

serviço, as exigências no recrutamento diminuem. Salvando-se raras exceções, as

empresas de construção civil não se preocupam em realizar este tipo de testes com

um servente, pedreiro ou carpinteiro, o que se considera ser uma lacuna.

Os testes psicotécnicos procuram avaliar as aptidões cognitivo - intelectuais e as

aptidões psicomotoras.

Aptidões cognitivo – intelectuais

1 Raciocínio lógico

Importante para avaliar a capacidade de aprender e compreender instruções.

Qualquer profissional da construção civil, quer seja servente, pedreiro ou carpinteiro

vai ouvir instruções, por essa razão é logicamente importante que um futuro

funcionaria seja avaliado no que se refere à capacidade de ouvir e compreender

instruções, retirando delas os princípios fundamentais para solucionar o problema.

Se a empresa contrata um servente espera que um dia ele possa ser pedreiro e

espera também que o pedreiro melhore sempre as suas qualidades, saber aprender

e ter capacidade para aprender é mais um ponto a favor do futuro contratado.

2 Raciocínio aritmético

Analisar a capacidade de concentração é um dos tópicos avaliados neste tipo de

testes. É ainda importante, principalmente para um carpinteiro, apresentar

capacidades numéricas simples e alguma velocidade em cálculos simples.

3 Raciocínio espacial

A base de uma construção é o projeto. Como se poderá encontrar nas propostas

de formação deste trabalho, muito se fala sobre projeto e a importância de ensinar

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144

projeto aos funcionários da construção. Por essa razão se explica a importância de

avaliar o raciocínio espacial. Mesmo que o funcionário ainda não saiba ler projeto,

através desta avaliação poderá analisar-se se apresenta ou não capacidades para

aprender.

4 Aptidão abstrata

Avalia a capacidade de lidar com situações novas, o que na construção muitas

das vezes acontece. Imprevistos e problemas de ultima hora, está longe de ser

inexistente na construção civil.

5 Precisão e velocidade percetiva

Capacidade e perceção, e precisão de compreender de forma correta o que se

escutou ou observou.

6 Aptidão mecânica

Capacidade de compreender princípios e leis da física. Não se pretende que um

trabalhador da construção civil seja um estudioso de física. Mas acredita-se da

possibilidade de adaptar este tipo de teste para perceber se o futuro funcionário

percebe conceitos básicos, tais como, noção do peso, identificar quando alguma

estrutura não resiste a elevado peso, entre outros que se considerem convenientes.

Aptidões psicomotoras

1 Velocidade de reação

Está relacionada com a velocidade de resposta a determinado estímulo. É

importante quer para o desempenho das funções, quer para a prevenção de

acidentes.

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145

2 Coordenação bimanual

É um teste que envolve a velocidade para executar uma tarefa e a qualidade e

precisão com que se executa essa. Avalia ainda a capacidade para coordenar

movimentos diferente.

3 Reação complexa

Avalia a capacidade de resposta a determinado estímulo de natureza diversa.

Podem ser estímulos visuais ou auditivos. Claramente importante para a prevenção

de acidentes.

4 Destreza digital

Avalia a precisão e rapidez na manipulação de objetos. É importante dado o

elevado número de ferramentas e materiais diferentes, na construção civil.

5 Resistência à tremura

Avalia a firmeza na mão ou braço. Em trabalhos de precisão é um item a ter em

conta na construção.

3.2.4.2 Testes de personalidade

“As caraterísticas de personalidade são traços peculiares, permanentes, da

maneira de ser do indivíduo, que originam determinados comportamentos. São

inferidos e identificados a partir das suas demostrações visíveis, ou seja,

comportamentos e condutas.”24 “Segundo vários autores, as áreas de características

de personalidade mais abrangentes e consensuais são as BIG FIVE”24, sendo elas:

1 Extroversão, assertividade, expressão do impulso;

2 Concordância, caloricidade, docilidade;

24

OLIVEIRA (2009)

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146

3 Conscienciosidade ou motivação para realização;

4 Estabilidade ou neuroticismo;

5 Intelectualismo ou abertura à experiencia.

Um exemplo de testes de personalidade são os testes projetivos. Estes levam a

que o individuo reaja inconscientemente a determinados estímulos, revelando os

seus pensamentos, atitudes e emoções. Parecem aparentemente não estruturados

encaminhando o individuo a revelar necessidades íntimas e perceções particulares.

3.2.4.3 Prova de grupo

Esta prova irá avaliar o comportamento do individuo em situações de trabalho em

equipa, analisando aptidões, competências e características do candidato

importantes para a função: Pensamento estratégico, capacidade de reagir sob

stress, cortesia, assertividade, iniciativa, resistência à fadiga, capacidade para gerir

conflitos, engenhoso, prático, entre outros que sejam considerados importantes.

3.2.4.4 Prova situacional

Estas provas procuram criar um ambiente que seja mais próximo da realidade.

São planeadas e aplicadas de igual forma que as provas em grupo variando apenas

no conteúdo, sendo a prova situacional próxima da realidade da função. Nesta prova

será avaliado o mesmo que a prova de grupo, mas em condições bem mais

próximas da realidade, o que tornará possível avaliar o domínio do tema.

3.2.4.5 Prova situacional individual

Visa sujeitar o individuo a situações reais. Pretende avaliar os conhecimentos do

individuo sobre a função e caso este não tenha conhecimentos, avalia a capacidade

para aprender e a rapidez com que adquire os conceitos necessários. Esta prova é

importante para perceber se o candidato tem aptidão para a função.

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147

3.2.4.6 Entrevistas

É a etapa mais importante e a que mais influencia a decisão final. Uma grande

percentagem de empresas de construção civil realiza entrevistas antes de contratar

um funcionário, o problema é que dessa percentagem apenas uma pequena

percentagem tem pessoas especializadas ou treinadas para as realizar.

A entrevista visa avaliar informações que não podem ser fornecidas por escrito,

que não aparecem em carteira de trabalho. Visa confrontar o candidato com os

resultados obtidos em testes psicológicos. O entrevistador deverá ainda procurar

avaliar as aptidões verbais, os relacionamentos, os conflitos interpessoais, os

sentimentos, a persistência, entre outras características importantes.

Antes da entrevista deverá existir uma preparação por parte do entrevistador.

Este deverá conter: análise de funções e perfil funcional de competências,

identificação das competências, definição de competências pessoais e informações

sobre o candidato. O entrevistador deverá de seguida planificar / estruturar a

entrevista: construção de um guião para a entrevista, distribuição do tempo, análise

de resultados dos testes psicológicos e outras planificações importante. A conclusão

da entrevista deverá conter a avaliação dos candidatos que será transmitida a um

júri, por exemplo o dono da empresa, através de uma ficha individual de avaliação

ou dialogo.

Apresenta-se de seguida dois gráficos, o gráfico 1 mostra algum do conteúdo que

uma entrevista poderá reter e o gráfico 2 as competências a avaliar no servente com

questões que poderão ser colocadas. Apenas é usado o servente a título

exemplificativo.

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148

Relacionamento interpessoal:

-Como se relaciona com os outros? Porquê?

-Perante um conflito organizacional, o que faz?

-Como trabalha com grupos de constituição variada? Conte um exemplo.

Tolerância à pressão e contrariedades:

-Como reage quando tem de mudar de serviço antes de terminar o que está a fazer? Porque?

-Sente-se bem quando avaliam e controlam o seu trabalho?

-Realiza de boa vontade tarefas que não são para a sua função?

Trabalho de equipa e cooperação:

-Integra-se bem em equipas de constituição variada? Porquê?

-Conte um episódio seu, de trabalho de equipa, que considere que foi muito bom.

-Como gere a informação e conhecimentos diversos, na sua equipe de trabalho?

Adaptação e melhoria contínua:

-Como reage a mudança constante de local de trabalho? Porquê?

-Está disposto a aprender? Porquê?

-É capaz de reconhecer as suas fraquezas e combate-las com formações e empenho?

Servente

Entrevista Motivo

Motivação

Experiência

Caraterísticas Competências

Objetivos

Sentimentos

Conflitos

Fonte: O Autor

Fonte: O Autor

Gráfico 1 – Conteúdo de uma entrevista

Gráfico 2 – Competência a avaliar no servente

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149

3.2.4.7 Testes físicos

Considera-se que seria importante na construção civil, realizar testes ou provas

físicas, uma vez que são funções que exigem grande desgaste físico dos

profissionais. Visa avaliar a resistência, a fadiga e se o candidato apresenta ou não

problemas de saúde que o empeçam de realizar a função.

3.2.5 Escolha do candidato/contrato de experiência

Depois da escolha do candidato, pelos métodos de seleção, assume extrema

importância o contrato de experiencia. Acredita-se que um processo de

recrutamento e seleção planejado e organizado, junto com um bom

acompanhamento do profissional nos primeiros dias ou meses de trabalho,

contribuirá para uma menor rotatividade de pessoal, e também para um menor

desligamento, ou seja, falta de interesse, do profissional na sua função. Segundo

Cintia e Pedroso (2010), quando o recrutamento e a seleção preenchem,

necessariamente, o perfil do profissional para a atividade a ser desenvolvida,

menores são as chances de esse indivíduo buscar o seu desligamento ou ser

desligado. Eis que pode ser uma das causas da rotatividade de pessoas.

Nenhum método é infalível, pelo que a avaliação do candidato recrutado, durante

o contrato de experiencia é importante para confirmar ou desmentir toda a analise

antes efetuada através dos métodos de seleção.

4 A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO E LIDERANÇA

O objetivo inicial, de realizar um trabalho que visa orientar os profissionais de

comando, sobre como lidar com os profissionais de construção servente, carpinteiro

e pedreiro, não poderia deixar de incluir este tópico.

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150

“O que faz com que o empregado seja leal à empresa para a qual trabalha? Com

que incentivo é que um trabalhador se entrega de alma e coração à fabricação de

um produto de qualidade?”25

Estas são perguntas que com certeza um empregador se faz constantemente. Da

mesma forma um empregado se questiona: “Será que o meu trabalho tem de ser tão

pouco satisfatório? O que é que eu posso fazer em relação a isso?”25

Para responder as estas questões, como uma possível solução Seligman (2008)

afirma: “Reestruturar o seu emprego para poder empregar as suas forças e virtudes

todos os dias não só torna o trabalho mais agradável, como também metamorfoseia

um trabalhado rotineiro ou uma carreira estagnada numa vocação. Uma vocação é a

forma mais satisfatória de trabalho pelas gratificações que lhe são inerentes e não

pelos benefícios materiais que traz. Apreciar o estado resultante de fluxo no

emprego ultrapassará em breve, prevejo eu, a recompensa material como razão

principal para trabalhar. As empresas que promovem este estado para seus

empregados ultrapassarão as empresas que confiam apenas na recompensa

monetária.”25

Num primeiro pensamento, talvez se considere ideológico demais, na construção,

as palavras de Seligman (2008), mas, em uma análise atenta depois de no tópico

anterior se apresentar o processo de seleção e admissão dos profissionais de

construção e seguindo o princípio de que qualquer pessoa é diferente da outra,

talvez seja necessário existir um melhor conhecimento do empregado dentro das

construtoras. Uma vez que com o processo de seleção, já se admitiu um funcionário

que reúne as características exigidas, é necessário aproveita-las e desenvolve-las.

Sabe-se que a construção apresenta várias lacunas. Lenoir Broch (2012) (

Presidente do SINDUSCON de Chapecó ) afirma: “Hoje as pessoas ainda ficam na

construção civil enquanto não encontram emprego em outras áreas. É preciso uma

política de valorização, remunerar e qualificar mais, para que os trabalhadores se

sintam atraídos.”,

É impossível deixar de concordar com esta afirmação e junto com ela dizer ainda,

que é preciso na construção civil criar condições para que os trabalhadores

desenvolvam o seu trabalho com prazer. Sabendo que cada melhoria nas suas

25

SELIGMAN, Martin E. P. Felicidade Autentica: Os princípios da psicologia positiva. 1ª edição,

Cascais, Portugal: Pergaminho SA, 2008, 209 p.

Page 151: 000015C0

151

ações será valorizada, observada e elogiada. É necessário na construção civil,

aumentar a proximidade entre empregador e empregado. Combater o fato da que a

maior parte das construtoras ao serem incorporadoras esquecem a importância da

qualidade em seu benefício, alugando pessoas através de locadores de serviços, ao

qual se dá o nome de empreiteiros, esquecendo a importância de uma mão-de-obra

valorizada, formada e feliz. Da mesma forma que a mão-de-obra é afetada com os

prejuízos, deverá ser afetada com o lucro. O empregado deve sentir que faz parte do

grupo, e de uma forma transparente saber a realidade da empresa.

O conceito de liderança, também é importante neste tópico. Ser líder dentro da

construção civil, é ser líder de uma variedade enorme de carateres, muito mais

difíceis do que muitas vezes se imagina. Talvez por essa razão, junto com a falta de

tempo, os engenheiros se afastem da obra, ficando esta entregue aos mestres-de-

obras e encarregados, sendo que cada vez mais, ficam entregues a estagiários. A

presença do engenheiro é indispensável e esta deve ser constante. Será refletido

sobre o conceito de liderança que evoluiu a passos largos, junto com o conceito,

deverão evoluir, também, as entidades de comando.

Neste trabalho será refletido sobre liderança servidora, considerando este o

modelo mais eficaz atualmente. Hunter (2004) com o livro “ O Monge e o Executivo”

será a grande referência deste tópico.

“ Habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando

atingir aos objetivos identificados como sendo para o bem comum.”26

Na própria definição pode-se perceber que liderar não é obrigar as pessoas a

fazer, mas sim conseguir que as pessoas o façam de livre vontade. Esta é a

principal diferença entre o poder e a autoridade. Poder “é a faculdade de forçar ou

coagir alguém a fazer a sua vontade, por causa da sua posição ou força, mesmo

que a pessoa preferisse não o fazer.”26 “Faça isso ou despedirei você.” é um

exemplo de poder. Autoridade é “ a habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa

vontade o que você quer por causa da sua influência pessoal.”26 Como exemplo:

26 Dicionário da língua portuguesa, Acordo ortográfico, Porto: Porto Editora, 2011

Page 152: 000015C0

152

“Erei corrigir os erros de reboco, porque o Carlos me pediu e eu sei que será bom o

cliente ver tudo certo.”

Aproveitando o exemplo anterior de autoridade, outro ponto demasiado

importante, é conseguir que o empregado realize o seu trabalho, tendo como

objetivo satisfazer o cliente e não o seu chefe. Verifica-se na construção que a

preocupação do funcionário não é realizar um trabalho bom para o cliente, mas sim

realizar um trabalho bom para não ser despedido, ou para não desagradar o chefe.

Muitas vezes, dado a falta de qualificação, o funcionário não sabe executar o serviço

e logo é despedido sem antes mesmo, tentar ensinar este a realizar bem feito.

Quando não é despedido é culpado e criticado sem que seja ouvido.

Ouvir, outra capacidade que uma entidade de comando deve ter. O simples fato

de saber ouvir um funcionário, contribui para que este trabalhe motivado. O

funcionário quando percebe que está a ser ouvido, compreende que a sua opinião

importa e assim assume também responsabilidades no serviço. Esta é outra falha na

construção, normalmente o engenheiro não tem tempo para ouvir os funcionários, e

dentro da empresa existem reuniões entre entidades de comando, mas, salvando

algumas exceções, raramente ou nunca, se realizam reuniões entre serventes,

pedreiros e carpinteiros. Acredita-se que dar voz a estes funcionários, poderia evitar

vários problemas, tais como, a não satisfação de necessidades fundamentais.

Algumas dessas necessidades serão enumeradas em seguida

“Quem quiser ser líder deve ser primeiro servidor. Se você quiser liderar, deve

servir.”, Jesus Cristo.

Quem está mais próximo do cliente? Está é uma questão que as entidades de

comando devem colocar a si próprias. “Eu posso até conhecer os clientes

pessoalmente e convidá-los para almoçar ocasionalmente, mas a coisa mais

importante está dentro da caixa quando ele tira a tampa. E a última pessoa a tocar

naquele vidro é o trabalhador.”27 É importante refletir sobre esta frase e perceber o

porque de na liderança servidora o funcionário ser colocado logo em seguida ao

cliente. O conceito passado do presidente no topo da pirâmide, tendo todo o poder e

praticamente obrigando os seus empregados a atingir os objetivos, está

27

Hunter, James C. O monge e o executivo / James C. Hunter; tradução de Maria da Conceição

Fornos de Magalhães. – Rio de Janeiro: Sextante, 2004

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153

ultrapassado. Os funcionários devem procurar satisfazer os clientes e as entidades

de comando procurar retirar todos os entraves que impeçam este de atingir o seu

fim.

Infelizmente na construção, observa-se alguma desatenção e falta de

preocupação em identificar os entraves que impedem o funcionário de trabalhar

satisfeito, procurando satisfazer o cliente.

Gráfico 3 – Novo Paradigma

Fonte: Hunter (2004)

Liderança servidora é construída com relacionamentos. Acredita-se que na

construção seja importante também essa ligação, construindo uma equipa que

busca um bem comum, tendo lideres autoritários que identificam e eliminam os

problemas, sempre com respeito pelos funcionários. O gráfico 4 mostra este modelo

de liderança.

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154

Gráfico 4 – Modelo de liderança

Fonte: Hunter (2004)

Para que se entenda o porque da palavra Amor neste modelo, apresenta-se de

seguida na tabela 12, a definição de varias qualidades de um líder, qualidades essas

que definem também o Amor.

“O amor é paciente, bom, não se gaba nem é arrogante, não se comporta

inconvenientemente, não quer tudo só para si, não condena por causa de um erro

cometido, não se regozija com a maldade, mas com a verdade, suporta todas as

coisas, aguenta tudo. O amor nunca falha.”28

28

Biblia Sagrada, Sociedades Bíblicas Unidas, Colômbia. 1 Coríntios 13 Cap.

Page 155: 000015C0

155

Tabela 12 – Amor e liderança

Paciência Mostrar autocontrolo

Bondade Dar atenção, apreciação e incentivo

Humildade Ser autêntico, sem pretensão, orgulho ou arrogância

Respeito Tratar as pessoas como se fossem importantes

Abnegação Satisfazer as necessidades dos outros

Perdão Desistir de ressentimento quando enganado

Honestidade Ser livre de engano

Compromisso Ater-se ás suas escolhas

Resultados:

Serviços e

Sacrificios

Pôr de lado suas vontades e necessidades; buscar o maior bem para os

outros.

Fonte: Hunter (2004)

Não quer dizer com esta apresentação de liderança, que na construção não

existam maus trabalhadores. Existem sim e claro que os mestres-de-obras,

encarregados, estagiários e engenheiros devem estar atentos, por vezes até,

despedir estes funcionários contribuindo assim para que os trabalhadores que

realmente se esforçam e são bons se sintam valorizados por continuar a fazer parte

da equipa.

Antes comentou-se sobre algumas necessidades na construção civil. Há várias

necessidades na construção civil que contribuem para a motivação e bem-estar dos

funcionários. Começando pela higiene que se considera ser a mais importante.

Vários canteiros de obras se mostram com poucas condições de higiene, talvez por

a maior parte dos funcionários serem pessoas pobres e se sujeitarem a isso. Um

canteiro que proporcione ao funcionário o conforto durante o serviço e nos

momentos de pausa, irá contribuir de forma decisiva para a motivação do funcionário

e consequentemente para uma maior produtividade. Quando se fala em conforto,

fala-se por exemplo na existência de banheiros. Quantas vezes o funcionário tem de

descer vários andares para ir ao banheiro? Critica-se este por não respeitar a obra,

por vezes fazendo as necessidades em local indevido, mas, quantas obras

proporcionam ao funcionário um banheiro por andar, ou no mínimo, um banheiro de

dois a três andares? É importante olhar para estas questões como objetivos que a

construção deve alcançar. Satisfazer as necessidades básicas de qualquer

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156

funcionário é fundamental para que exista uma mudança necessária da valorização

da construção.

Fonte: Boas práticas de construção de Maria Pantarolli

Fonte: Boas práticas de construção de Maria Pantarolli

Fonte: Boas práticas de construção de Maria Pantarolli

Fonte: Boas práticas de construção de Maria Pantarolli

Imagem 22 - Lavatório Imagem 21 - Bebedouro

Imagem 23 - Chuveiros Imagem 24 - Vestiários

Imagem 25 - Sanitários

Fonte: Boas práticas de construção de Maria Pantarolli

Fonte: Boas práticas de construção de Maria Pantarolli

Imagem 26 - Urinóis

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157

Outra necessidade já praticada por varias empresas em Joinville é proporcionar

uma boa alimentação aos funcionários. Um momento importante para estabelecer

relações é o almoço em conjunto de toda a equipa. Dessa forma o espaço deve ser

tranquilo, limpo, organizado e proporcionar um bom descanso ao funcionário durante

a refeição. A dificuldade de varias empresas em conseguir manter este local limpo é

exigir que os próprios funcionários limpem o local. Por vezes esse feito é

conseguido, mas compreende-se que um funcionário que está destinado a

determinado serviço, muitas vezes, não tenha vontade de limpar o local onde ele

deveria descansar. Considera-se que para estas áreas de lazer a empresa deveria

destinar pessoas específicas para limpeza, não sendo os próprios funcionários da

obra.

Nos momentos de descanso, o funcionário deve dispor de todas as condições

necessárias, para que no horário de serviço também possa cumprir com o seu

dever.

Talvez se possa seguir o princípio de proporcionar ao funcionário um local onde o

engenheiro também se sentiria bem a descansar, almoçar, trabalhar, entre outros.

Certamente existirá diferença entre o comportamento de um funcionário sujeito às

condições da imagem 27, para um funcionário sujeito às condições da imagem 28.

Entrando agora em práticas menos comuns, apresenta-se um conjunto de ideias

que poderia aumentar o bem-estar de um funcionário da construção civil, buscando

que este executa-se cada serviço de forma motivada.

Fonte:http://www.fabricasocupadas.org.br/atencao/?p=481 acedido no dia 12/5/2012

Fonte: Boas práticas de Construção de Maria Pantarolli

Imagem 27 – Refeitório em más condições

Imagem 28 – Refeitório em boas condições

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158

Uma vez que a exigência a nível físico destes profissionais, é grande, seria

importante inserir neste uma prática de desporto, sendo proporcionado pela

empresa locais para esse fim. Um trabalhador bem a nível físico estará sem duvida

em melhores condições para trabalhar que um trabalhador mal a nível físico.

Incluir áreas de lazer, onde o trabalhador possa de forma divertida desligar-se das

suas tarefas rotineiras e aproveitar o horário de descanso para criar relações

saudáveis com os colegas.

Inserir hábitos de convívio dentro da empresa, fortalecendo as ligações entre

operários e entidades de comando, aumentando a confiança e transformando a

empresa em algo mais do que simples obrigação. São as relações que tornam uma

empresa forte, um empregado leal e disposto a contribuir para o desenvolvimento da

empresa, sabendo que também ele, é parte integrante da empresa.

Fonte:Boas práticas de Construção de Maria Pantarolli

Imagem 29 – Áreas de lazer

Page 159: 000015C0

159

Saúde, ponto fulcral para o bem-estar e consequente motivação do funcionário.

Defende-se que a empresa deverá oferecer um plano de saúde aos seus

funcionários, garantindo logo a partida, o atendimento de emergência e de primeiros

socorros. Já garantido por algumas construtoras, mas longe de ser prática comum, a

existência de ambulatório em canteiro de obras, valoriza o funcionário, deixando

este seguro de que será atendido por profissionais competentes. Um trabalho que

envolve vários riscos de assidente, desgastante a nível físico e psicológico, requer

preocupação das entidades de comando, para que seus trabalhadores tenham

acompanhamento constante.

Fonte: Boas práticas de Construção de Maria Pantarolli

Fonte:Boas práticas de Construção de Maria Pantarolli

Fonte:Boas práticas de Construção de Maria Pantarolli

Imagem 30 – Convívio

Imagem 31 – Ambulatório Imagem 32 – Ambulatório

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160

A aposta na qualificação dos funcionários, proporcionar a estes evolução na

carreira, desenvolver competências e responsabilidades, toma também uma posição

importante na motivação. A construção sofre de uma falta de perspetiva da mão-de-

obra, uma falta de vontade em aprender, evoluir, ocupar postos mais importantes. O

desgaste a nível físico e a falta de qualificação, afirma Drehmer (2006), desmotiva

os trabalhadores para buscarem aperfeiçoamento profissional.

Em suma, motivação na construção civil, passa por estabelecer um conjunto de

condições, práticas e ainda, considerado o mais importante, saber liderar. A

motivação constrói-se obtendo relações, valorizando os funcionários, criando

condições para que este se sinta útil na empresa, ouvindo as suas ideias e

contribuições. Muito mais do que um bom salário, uma pessoa precisa de um dia a

dia confortável, atrativo, objetivo e desafiador.

5 ESTUDO DE CASO

5.1 METODOLOGIA

Para completar este tópico decidiu-se analisar uma amostra de vinte funcionários

da construção. Optou-se por uma amostra pequena uma vez que o objetivo da

análise passa também por poder acompanhar os profissionais a maior parte do

tempo durante o estudo, se a amostra fosse maior, tal não seria possível. Dos vinte

funcionários, dez são serventes, cinco são pedreiros e outros cinco são carpinteiros.

Analisou-se também duas empresas com características diferentes. A empresa 1 é

uma construtora não incorporadora, ou seja, constrói para um dono de obra ou para

empresas industriais e não como investidora independente, a empresa 2 é uma

construtora incorporadora, que faz investimentos independentes e que tem o

objetivo de construir para vender. A análise dos funcionários realizou-se através de

questionários simples, observação in loco e pequenas reuniões individuais e

coletivas. A análise das empresas foi feita por observação in loco durante o período

de estágio. Como forma de salvaguardar os mesmos, não serão referidos nomes,

nem dos funcionários, nem das empresas analisadas.

Page 161: 000015C0

161

5.1.1 Questionário sobre vida laboral

Este questionário foi adaptado do livro Felicidade Autentica, para poder ser

respondido por profissionais da construção. Seligman (2008), autor do livro, separa a

vida laboral em três tipos, emprego, carreira e vocação.

Emprego, é considerado uma necessidade básica, como respirar ou dormir. Um

emprego, é quando a pessoa trabalha apenas para ganhar dinheiro sem gostar do

que faz. A pessoa deseja que o tempo passe o mais rápido possível enquanto

trabalha e tudo é motivo para parar.

Carreira, é quando a pessoa deseja mais do que o trabalho que tem. Gosta do

que faz mas pretende não fazer isso a vida toda. Quer subir de cargo, ser

promovida. É por exemplo quando um servente quer passar para pedreiro, sabendo

que tem de se empenhar o melhor que sabe e aprender enquanto servente para que

passado alguns anos seja pedreiro.

Vocação, é talvez o mais difícil de encontrar na construção, o que não significa

que não exista, sendo que muitas vezes a empresa deveria estar mais atenta a cada

funcionário. Uma vocação é quando a pessoa acha o trabalho uma das partes mais

importantes da sua vida. Quando trabalha esquece o tempo e dá sempre o seu

melhor. Não pode passar um dia sem o desempenhar e se fosse obrigada a parar

ficaria muito perturbada.

Na construção existem vários tipos de serviço e acredita-se que seja possível

uma melhor gestão de pessoas. Este questionário procura identificar como os

profissionais de construção vêm o seu trabalho.

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162

QUESTIONÁRIO SOBRE VIDA LABORAL

Nome:________________________________________________________________

(Se achar que escrever o nome influencia suas respostas, então não escreva o nome)

Profissão:_____________________________________________________________

1) Trabalha em primeiro lugar para ganhar dinheiro e se sustentar?

( ) Sim ( ) Não

2) Se ganhasse muito dinheiro numa herança, continuaria no mesmo trabalho?

( ) Sim ( ) Não

3) Deseja que o tempo no trabalho passe rápido?

( ) Sim ( ) Não

4) Trabalhar para si é um sacrifício?

( ) Sim ( ) Não

5) Mudaria de trabalho?

( ) Sim ( ) Não

_____________________________________________________________________________

6) Gosta do que faz, mas de aqui a 5 anos espera fazer outra coisa? ( ) Sim ( ) Não

7) Quer subir na carreira? Por exemplo passar de servente para pedreiro, ou de pedreiro para mestre-de-obras? ( ) Sim ( ) Não

8) Realiza as tarefas o melhor que sabe para subir na carreira? ( ) Sim ( ) Não

9) Gostava de ser promovido? ( ) Sim ( ) Não

_____________________________________________________________________________

10) O trabalho é uma das coisas mais importante na sua vida?

( ) Sim ( ) Não

11) Está satisfeito com o seu trabalho?

( ) Sim ( ) Não

12) Gostava que o seu filho tivesse o mesmo trabalho?

( ) Sim ( ) Não

13) Gosta do que faz?

( ) Sim ( ) Não

14) Faz horas extras porque se sente bem a trabalhar?

( ) Sim ( ) Não

Page 163: 000015C0

163

5.1.2 Questionário de caraterísticas

Neste questionário, procurou-se identificar uma série de características nos

profissionais de construção. Através das várias questões colocadas, pretende-se

tirar conclusões sobre: vontade de aprender e evoluir, relacionamento interpessoal,

capacidade para liderar, conhecimentos do serviço, saúde e perigos, perspetiva

dentro da construção, escolaridade e ainda, numa pergunta de resposta aberta, dar

a oportunidade para o funcionário expor a suas ideias.

Page 164: 000015C0

164

QUESTIONÁRIO DE CARATERÍSTICAS

Nome________________________________________________________________________

(Se achar que escrever o seu nome influencia as suas respostas, então não escreva o nome)

Profissão:_____________________________________________________________________

1) Qual o seu Grau de escolaridade?

( ) Não tenho ( ) Completei o/a _____________________________________

2) Gostaria de voltar a estudar?

( ) Não ( ) Sim

3) Sabe tudo sobre construção?

( )Não ( ) Sim

4) Se a empresa onde trabalha ou irá trabalhar, lhe desse oportunidade de ter aulas para

aprender e desenvolver capacidades e conhecimentos de construção/profissão, íria às aulas?

( ) Não ( ) Sim

5) Prefere aulas teóricas ou aulas práticas?

( ) Teóricas ( ) Práticas

6) Toma iniciativa e procura soluções apropriadas quando é encarado com um problema?

( ) Não0 ( ) Sim

7) Segue sempre as suas ideias, não importa o que os outros digam?

( ) Não ( ) Sim

8) Tem boas ideias para resolver problemas, mas também ouve as ideias dos outros, verificando

se pode melhorar a sua.

( ) Não ( ) Sim

9) Se lhe fosse proposto ser encarregado de 4 pessoas para determinado serviço, aceitaria? Se

respondeu sim, que serviço preferia?

( ) Não ( ) Sim _____________________________________________

10) Consegue manter a calma quando algo dá errado e procura uma solução para resolver?

( ) Não ( ) Sim

11) Sente que o grupo de pessoas com quem lida diariamente valoriza as suas decisões?

( ) Não ( ) Sim

12) Tem capacidade de influenciar as pessoas a seguir as suas decisões?

( )Não ( ) Sim

13) É organizado e cuidadoso sempre que executa um serviço?

( ) Não ( ) Sim

14) O que valoriza mais, quantidade ou qualidade?

( ) Quantidade ( ) Qualidade

15) Está feliz no seu trabalho?

( ) Não ( ) Sim

16) É valorizado no seu trabalho?

( ) Não ( ) Sim

17) Tem consciência dos perigos numa construção?

( ) Não ( ) Sim

18) Quais os equipamentos de segurança que usa? Com que frequência?

Page 165: 000015C0

165

( ) Sapatão ( ) Sempre ( ) Quando necessário ( ) Quando não esqueço

( ) Capacete ( ) Sempre ( ) Quando necessário ( ) Quando não esqueço

( ) Protetor auricular ( ) Sempre ( ) Quando necessário ( ) Quando não esqueço

( ) Luvas ( ) Sempre ( ) Quando necessário ( ) Quando não esqueço

( ) Botas ( ) Sempre ( ) Quando necessário ( ) Quando não esqueço

( ) Óculos de proteção ( ) Sempre ( ) Quando necessário ( ) Quando não esqueço

( ) Cinto de segurança ( ) Sempre ( ) Quando necessário ( ) Quando não esqueço

19) Tem consciência de que a higiene é importante na construção?

( ) Não ( ) Sim

20) O que faz para manter a higiene no canteiro de obras?

( ) Pucho a descarga sempre que uso o banheiro

( ) Jogo o lixo nas devidas lixeiras

( ) Limpo sempre o que sujo

21) Tem consciência dos riscos de saúde no canteiro de obras?

( ) Não ( ) Sim

22) O que faz para proteger a sua saúde?

( ) Uso os equipamentos de proteção

( ) Não uso copos já usados por outras pessoas

( ) Não bebo bebidas alcoólicas

( ) Não uso drogas

23) Tem problemas em estar sempre a mudar de local de trabalho?

( ) Não ( ) Sim

24) Quer trabalhar na construção durante quando tempo?

( ) 1 ano ( ) 1 a 5 anos ( ) mais de 5 anos

25) Por que razão entrou na construção civil?

( ) Única vaga disponível

( ) Disseram-me que ganhava bem

( ) Não precisava de estudos

( ) Gosto na profissão

( ) Curiosidade de aprender e evoluir na construção

26) O que melhoraria no trabalho de construção civil? Escreva uma proposta de melhoramento.

R:______________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

Page 166: 000015C0

166

5.1.3 Reuniões individuais e coletivas

O objetivo das reuniões foi criar uma relação de maior proximidade com o

funcionário. Nessas reuniões falou-se sobre alguns conceitos importantes, deu-se

oportunidade ao funcionário para falar e questionar sempre que existissem dúvidas.

Existiu também oportunidade de se realizar formação sobre lixo/reciclagem,

proposta na formação comum, com todos os funcionários estudados e perceber

pessoalmente se o funcionário tinha interesse em aprender e evoluir.

5.1.4 Observações in loco

Para ser possível uma melhor observação dos funcionários, tentou-se passar a

maior parte do tempo em obra. Alguns dos funcionários que responderam aos

questionários são os mesmos que foram observados in loco e que participaram nas

reuniões. Na observação tentou-se analisar sobretudo algumas reações, melhorias

e, ainda, de que forma as atitudes de uma pessoa de comando influenciam as ações

do funcionário.

Da parte das empresas, procurou-se, principalmente, analisar e perceber qual o

processo de recrutamento e seleção dos funcionários. Analisou-se também as

diferenças da estrutura de comando.

5.2 RESULTADOS DAS DIFERENTES FUNÇÕES

5.2.1 Resultados do servente

5.2.1.1 A vida laboral do servente

1 Trabalha em primeiro lugar para ganhar dinheiro e se sustentar?

2 Se ganha-se muito dinheiro numa herança, continuaria no mesmo trabalho?

3 Deseja que o tempo no trabalho passe rápido?

4 Trabalhar para si é um sacrifício?

5 Mudaria de trabalho?

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167

10

0 0

5

10

15

Questão 1

Sim Não

2

8

0

5

10

Questão 2

Sim Não

1

9

0

5

10

Questão 4

Sim Não

5 5

0

2

4

6

Questão 5

Sim Não

3

7

0

5

10

Questão 3

Sim Não

As primeiras cinco questões, são referentes às características de um emprego, tal

como se definiu no tópico anterior.

Pela análise das respostas, pode verificar-se que todos responderam que

trabalham para ganhar dinheiro e se sustentar e, caso de alguma forma

conseguissem dinheiro suficiente para viver, deixariam o trabalho. Isso demostra

que a construção não é vista como perspetiva de crescimento e uma oportunidade

para evoluir. Infelizmente a construção ainda é usada como trabalho de passagem

enquanto se encontra algo melhor, ou então, trabalho que qualquer pessoa pode

fazer. Dado esse facto, a função de servente é a que apresenta maior rotatividade,

acredita-se que por um lado seja este o profissional menos informado sobre o que

irá fazer na construção, por outro porque não é dado a este, na altura de

contratação, qualquer perspetiva de crescimento e objetivos a atingir a curto e longo

prazo.

Surpreendentemente na terceira questão, a maioria dos serventes estudados não

deseja que o tempo passe rápido durante o trabalho. Numa primeira análise, e

seguindo a risca Seligman (2008), poderia dizer-se que estes profissionais gostam

tanto do que fazem que não dão conta do tempo passar, ou então, gostariam de ter

mais tempo para fazer o que gostam, mas, não se poderá esquecer as influências

Gráfico 5 Gráfico 6 Gráfico 7

Gráfico 8 Gráfico 9

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168

8

2

0

5

10

Questão 6

Sim Não

10

0 0

5

10

15

Questão 7

Sim Não

10

0 0

5

10

15

Questão 8

Sim Não

exteriores a esta análise. Os problemas exteriores ao trabalho, podem, como se

observou in sito e nas reuniões individuais, influenciar esta resposta. Muitas vezes

estes profissionais preferem ficar mais tempo a trabalhar, fazer horas extras para

ganhar mais dinheiro, do que enfrentar os problemas exteriores.

Ficou bem claro pela quarta questão, que os serventes estudados, não

consideram trabalhar um sacrifício, pois eles sabem que precisam trabalhar para se

sustentar. A mentalidade destas pessoas está bem definida, eles sabem que

precisam de trabalhar para ganhar dinheiro e que, independentemente de gostar ou

não, precisam de o fazer. Por essa razão, a última questão está tão dividida. Cinco

serventes dizem não mudar de serviço, entre as quais algumas respostas são, “não

sei fazer mais nada”, ou então, “não tenho estudos para mudar”. Outros cincos

serventes mudariam de trabalho, alguns explicaram que gostariam de mudar para a

função de pedreiro ou carpinteiro, outros simplesmente sairiam da construção se

tivessem mais estudos. Mais uma vez se pode perceber por esta análise, que

mesmo as respostas estando repartidas, quando se questionou estes nas reuniões

individuais, notou-se, não existir uma noção de que poderiam crescer e evoluir

dentro da construção.

6 Gosta do que faz, mas de aqui a 5 anos espera fazer outra coisa?

7 Quer subir na carreira? Por exemplo passar de servente para pedreiro?

8 Realiza as tarefas o melhor que sabe para subir na carreira?

9 Gostava de ser promovido?

Gráfico 10 Gráfico 11 Gráfico 12

Page 169: 000015C0

169

10

0 0

5

10

15

Questão 9

Sim Não

10

0 0

5

10

15

Questão 10

Sim Não

10

0 0

5

10

15

Questão 11

Sim Não

2

8

0

5

10

Questão 12

Sim Não

Estas quatro questões referem-se a uma carreira. Não se pode dizer que o

servente vê o seu trabalho como uma carreira, mesmo que o conjunto de respostas

aponte para esse resultado. Da mesma forma não se poderá negar o desejo destes

funcionários evoluir a nível pessoal e profissional. Apesar de não ser exigido a

colocação do nome nos questionários, existe sempre uma influência nas respostas,

de querer escolher o que parece mais acertado, mas, independentemente de isso

acontecer, neste conjunto de respostas os serventes estudados mostram claramente

que gostariam de subir na carreira. Acredita-se então que, dar a estes, objetivos a

curto e longo prazo, para que possam conseguir o seu desejo, seja talvez um

caminho a seguir pelas empresas contratantes. Quem sabe, se encontre nos

serventes que muitas vezes não têm uma oportunidade de evoluir, passar a

pedreiro, carpinteiro ou armador, uma vocação.

10 O trabalho é uma das coisas mais importantes na sua vida?

11 Está satisfeito com o seu trabalho?

12 Gostava que o seu filho tivesse o mesmo trabalho?

13 Gosta do que faz?

14 Faz horas extras porque se sente bem a trabalhar?

Gráfico 13

Gráfico 14 Gráfico 15 Gráfico 16

Page 170: 000015C0

170

8

2

0

5

10

Questão 13

Sim Não

5 5

0

2

4

6

Questão 14

Sim Não

2º Grau 10%

5ª Serie 30%

4ª Serie 40%

Sem estudos

20%

Escolaridade

As últimas questões dizem respeito a uma vocação. Nota-se claramente na

resposta a estas questões uma falta de consistência. Acredita-se que a explicação

para isso possa ser o fato de, ao estabelecer um contato mais próximo com os

funcionários, estes pensem que respostas completamente sinceras os possam

prejudicar. De qualquer forma, por se deduzir que isso iria acontecer inseriu-se as

questões 12 e 14, notando-se claramente que os serventes estudados não

desempenham o trabalho por vocação, que o fato de ser importante para eles o

trabalho é porque é um meio de subsistência e as horas extras que eles fazem é

para poder receber um dinheiro extra.

5.2.1.2 Caraterísticas do servente

Escolaridade

Gráfico 17 Gráfico 18

Gráfico 19

Page 171: 000015C0

171

Sim 70%

Não 30%

Voltar a estudar?

Sim 0%

Não 100%

Sabe tudo sobre contrução?

Sim 100%

Não 0%

Gostaria de ter aulas de

construção?

Práticas 100%

Teóricas 0%

Aulas práticas ou teóricas?

Vontade de aprender e evoluir

Gráfico 20 Gráfico 21

Gráfico 22 Gráfico 23

Page 172: 000015C0

172

Sim 20%

Não 80%

Segue sempre as suas ideias não

importa o que os outros digam?

Sim 80%

Não 20%

Ouve as ideias dos outros para

melhorar a sua?

Sim 80%

Não 20%

Seria encarregado de 4 pessoas?

Sim 100%

Não 0%

Toma iniciativa?

Relacionamento interpessoal

Capacidade para liderar

Gráfico 24 Gráfico 25

Gráfico 26 Gráfico 27

Page 173: 000015C0

173

Sim 90%

Não 10%

É calmo a resolver problemas?

Boa 50%

Má 50%

Influencia para com os colegas?

Sim 80%

Não 20%

É organizado e cuidadoso?

Quantidade 20%

Qualidade

80%

Quantidade ou qualidade?

Execução do serviço

Gráfico 28 Gráfico 29

Gráfico 30 Gráfico 31

Page 174: 000015C0

174

Sim 60%

Não 40%

Tem problemas em mudar de local de

trabalho?

10 10

5

2

8

1

8

0 2 4 6 8

10 12

Que equipamentos de segurança usa?

8

5 5

0

2

4

6

8

10

Pucho a descarga

Jogo o lixo nas devidas

lixeiras

Limpo o que sujo

O que faz para manter a higiene no

canteiro?

Aceitação à mudança

Segurança, higiene e saúde

Gráfico 32

Gráfico 33 Gráfico 34

Page 175: 000015C0

175

10

6 7

8

0

2

4

6

8

10

12

Uso EPI Não uso copos usados

Não bebo bebidas

alcoólicas

Não uso drogas

Como protege a sua saúde?

Única vaga disponivel

0%

Disseram-me que ganhava bem

30%

Não precisava de estudos

20%

Gosto na profissão 10%

Curiosidade de aprender e evoluir

na construção 40%

Por que entrou na Construção civil?

1 ano 10%

1 a 5 anos 50%

Mais de 5 anos 40%

Quanto tempo espera ficar na construção?

Como iniciou e qual objetivo

Gráfico 35

Gráfico 36

Gráfico 37

Page 176: 000015C0

176

5

0 0

2

4

6

Questão 1

Sim Não

0

5

0

2

4

6

Questão 2

Sim Não

0

5

0

2

4

6

Questão 4

Sim Não

4

1

0

2

4

6

Questão 5

Sim Não

2

3

0

2

4

Questão 3

Sim Não

Resposta mais interessante do servente

“ Sempre mais segurança para os funcionários. Com certeza um melhor salário

seria muito bom. Mais cursos e formações da área.”

5.2.2 Resultados do pedreiro

5.2.2.1 A vida laboral do pedreiro

1 Trabalha em primeiro lugar para ganhar dinheiro e se sustentar?

2 Se ganha-se muito dinheiro numa herança, continuaria no mesmo trabalho?

3 Deseja que o tempo no trabalho passe rápido?

4 Trabalhar para si é um sacrifício?

5 Mudaria de trabalho?

Na função de pedreiro, os resultados não foram muito diferentes da função de

servente. Existe um maior equilíbrio na questão 3, e uma maior certeza de que

mudariam de trabalho. Esta é uma função que exige perícia, conhecimento e gosto,

pelo menos num pensamento ideal. Tal não se verifica no grupo de pedreiros

estudado. É importante referir que um pedreiro tem varias atividades dentro da obra

e talvez, se existir uma maior divisão das tarefas, seja possível proporcionar aos

Gráfico 38 Gráfico 39 Gráfico 40

Gráfico 41 Gráfico 42

Page 177: 000015C0

177

2

3

0

2

4

Questão 6

Sim Não

5

0 0

2

4

6

Questão 7

Sim Não

5

0 0

2

4

6

Questão 8

Sim Não

5

0 0

2

4

6

Questão 9

Sim Não

funcionários um serviço com o qual mais se identifique. Outra mensagem que seria

importante passar aos funcionários é de que a carreira na construção não precisa

parar na função de pedreiro, neste caso, mas que ainda pode evoluir para

encarregado, ou mesmo mestre-de-obras.

6 Gosta do que faz, mas de aqui a 5 anos espera fazer outra coisa?

7 Quer subir na carreira? Por exemplo passar de servente para pedreiro?

8 Realiza as tarefas o melhor que sabe para subir na carreira?

9 Gostava de ser promovido?

Apesar de a primeira questão, sobre a permanência na profissão passado cinco

anos, ser bastante dividida, quando os funcionários estudados foram questionados

sobre o crescimento na carreira, todos responderam que sim. Isto leva então a

concluir que é necessário as empresas darem condições de crescimento aos seus

funcionários valorizando-os.

10 O trabalho é uma das coisas mais importantes na sua vida?

11 Está satisfeito com o seu trabalho?

12 Gostava que o seu filho tivesse o mesmo trabalho?

Gráfico 43 Gráfico 44 Gráfico 45

Gráfico 46

Page 178: 000015C0

178

5

0 0

2

4

6

Questão 10

Sim Não

5

0 0

2

4

6

Questão 11

Sim Não

1

4

0

2

4

6

Questão 12

Sim Não

5

0 0

2

4

6

Questão 13

Sim Não

2

3

0

2

4

Questão 14

Sim Não

2º Grau 20%

5ª Serie 40%

Sem estud

os 40%

Escolaridade

13 Gosta do que faz?

14 Faz horas extras porque se sente bem a trabalhar?

Tal como o servente, também os pedreiros estudados, demonstram não querer a

mesma profissão para os filhos. Estes também fazem horas extras por necessidade

e não por gosto.

Percebe-se uma certa contradição, pois, todos respondem gostar do seu trabalho,

no entanto apenas um gostava do mesmo trabalho para os filhos.

5.2.2.2 Caraterísticas do pedreiro

Escolaridada

Gráfico 47 Gráfico 48 Gráfico 49

Gráfico 50 Gráfico 51

Gráfico 52

Page 179: 000015C0

179

Sim 80%

Não 20%

Voltar a estudar?

Sim 0%

Não 100%

Sabe tudo sobre contrução?

Sim 100%

Não 0%

Gostaria de ter aulas de

construção?

Práticas 80%

Teóricas

20%

Aulas práticas ou teóricas?

Vontade de aprender e evoluir

Gráfico 53 Gráfico 54

Gráfico 55 Gráfico 56

Page 180: 000015C0

180

Sim 20%

Não 80%

Segue sempre as suas ideias não

importa o que os outros digam?

Sim 100%

Não 0%

Ouve as ideias dos outros para

melhorar a sua?

Sim 100%

Não 0%

Seria encarregado de 4 pessoas?

Sim 100%

Não 0%

Toma iniciativa?

Relacionamento interpessoal

Capacidade para liderar

Gráfico 57 Gráfico 58

Gráfico 59 Gráfico 60

Page 181: 000015C0

181

Sim 100%

Não 0%

É calmo a resolver problemas?

Boa 60%

Má 40%

Influencia para com os colegas?

Sim 100%

Não 0%

É organizado e cuidadoso?

Quantida

de 0%

Qualidade

100%

Quantidade ou qualidade?

Execução do serviço

Gráfico 61 Gráfico 62

Gráfico 63 Gráfico 64

Page 182: 000015C0

182

Sim 0%

Não 100%

Tem problemas em mudar de local de

trabalho?

5 5

3 3

5

0

5

0 1 2 3 4 5 6

Que equipamentos de segurança usa?

5 5 5

0 1 2 3 4 5 6

Pucho a descarga

Jogo o lixo nas devidas

lixeiras

Limpo o que sujo

O que faz para manter a higiene no

canteiro?

Aceitação à mudança

Segurança, higiene e saúde

Gráfico 65

Gráfico 66 Gráfico 67

Page 183: 000015C0

183

5

3

5 5

0

1

2

3

4

5

6

Uso EPI Não uso copos

usados

Não bebo bebidas

alcoólicas

Não uso drogas

Como protege a sua saúde?

Única vaga disponivel

0%

Disseram-me que ganhava bem

0%

Não precisava

de estudos 0%

Gosto na profissão

40% Curiosidade

de aprender e evoluir na

construção 60%

Por que entrou na Construção civil?

1 ano 0% 1 a 5 anos

20%

Mais de 5 anos 80%

Quanto tempo espera ficar na construção?

Como iniciou e qual objetivo

Gráfico 68

Gráfico 69

Gráfico 70

Page 184: 000015C0

184

5

0 0

2

4

6

Questão 1

Sim Não

1

4

0

2

4

6

Questão 2

Sim Não

1

4

0

2

4

6

Questão 4

Sim Não

2

3

0

2

4

Questão 5

Sim Não

1

4

0

2

4

6

Questão 3

Sim Não

Resposta mais interessante do pedreiro

“Mais compromisso dos encarregados, ou quem cuida disso, com o que precisa e

solicita o funcionário. Cumprir o que prometem. Faria uma avaliação séria e objetiva

dos funcionários para que não houvesse atrapalhes em cada função exercida.

Poderia fazer-se um esquema de graduação. Exemplo: Pedreiro I,II e III, e conforme

o grau de cada um, um ganho diferenciado. Assim incentivaria a todos. Faria

também um esquema para que os funcionários próprios da empresa levantassem

alvenaria e rebocassem, esse serviço feito por terceirizados fica com pouca

qualidade. Estipularia metas. ”

5.2.3 Resultados do carpinteiro

5.2.3.1 A vida laboral do carpinteiro

1 Trabalha em primeiro lugar para ganhar dinheiro e se sustentar?

2 Se ganha-se muito dinheiro numa herança, continuaria no mesmo trabalho?

3 Deseja que o tempo no trabalho passe rápido?

4 Trabalhar para si é um sacrifício?

5 Mudaria de trabalho?

Gráfico 71 Gráfico 72 Gráfico 73

Gráfico 74 Gráfico 75

Page 185: 000015C0

185

2

3

0

2

4

Questão 6

Sim Não

3

2

0

2

4

Questão 7

Sim Não

4

1

0

2

4

6

Questão 8

Sim Não

3

2

0

2

4

Questão 9

Sim Não

Também os funcionários de carpintaria trabalham apenas para se sustentar,

mudariam de trabalho se conseguissem dinheiro de outra forma. Um dos

funcionários respondeu que trabalhar era um sacrifício, mas a maioria não o

considera, da mesma forma que a maioria, apesar de mais equilibrado, não mudaria

de trabalho.

O serviço de carpintaria é mais específico do que o serviço de pedreiro, neste tipo

de serviço é difícil manter um funcionário se este não gosta. Exige mais

conhecimentos e grande responsabilidade.

6 Gosta do que faz, mas de aqui a 5 anos espera fazer outra coisa?

7 Quer subir na carreira? Por exemplo passar de servente para pedreiro?

8 Realiza as tarefas o melhor que sabe para subir na carreira?

9 Gostava de ser promovido?

~

Na análise destas questões, contrariamente aos serventes e aos pedreiros, nem

todos foram unanimes sobre querer crescer na carreira. Existiram respostas

negativas quando questionados sobre querer ser mestres de obra e também quando

questionados se queriam ser promovidos. Isso demostra algum conformismo por

parte do funcionário em não evoluir, as empresas devem incentivar e mostrar aos

seus funcionários a importância de adquirirem conhecimento.

Gráfico 76 Gráfico 77 Gráfico 78

Gráfico 79

Page 186: 000015C0

186

5

0 0

2

4

6

Questão 10

Sim Não

5

0 0

2

4

6

Questão 11

Sim Não

1

4

0

2

4

6

Questão 12

Sim Não

5

0 0

2

4

6

Questão 13

Sim Não

1

4

0

2

4

6

Questão 14

Sim Não

4º série 40%

6ª Serie 20%

Sem estudos

40%

Escolaridade

10 O trabalho é uma das coisas mais importantes na sua vida?

11 Está satisfeito com o seu trabalho?

12 Gostava que o seu filho tivesse o mesmo trabalho?

13 Gosta do que faz?

14 Faz horas extras porque se sente bem a trabalhar?

Mais uma vez as respostas 12 e 14 revelam que o funcionário não vê a sua

função como um futuro, como uma profissão que possa exigir crescimento e

dedicação.

5.2.3.2 Características do carpinteiro

Escolaridade

Gráfico 80 Gráfico 81 Gráfico 82

Gráfico 83 Gráfico 84

Gráfico 85

Page 187: 000015C0

187

Sim 60%

Não 40%

Voltar a estudar?

Sim 0%

Não 100%

Sabe tudo sobre contrução?

Sim 100%

Não 0%

Gostaria de ter aulas de

construção?

Práticas 80%

Teóricas

20%

Aulas práticas ou teóricas?

Vontade de aprender e evoluir

Gráfico 86 Gráfico 87

Gráfico 88 Gráfico 89

Page 188: 000015C0

188

Sim 0%

Não 100%

Segue sempre as suas ideias não

importa o que os outros digam?

Sim 80%

Não 20%

Ouve as ideias dos outros para

melhorar a sua?

Sim 60%

Não 40%

Seria encarregado de 4 pessoas?

Sim 100%

Não 0%

Toma iniciativa?

Relacionamento interpessoal

Capacidade para liderar

Gráfico 90 Gráfico 91

Gráfico 92 Gráfico 93

Page 189: 000015C0

189

Sim 80%

Não 20%

É calmo a resolver problemas?

Boa 40%

Má 60%

Influencia para com os colegas?

Sim 80%

Não 20%

É organizado e cuidadoso?

Quantidade 20%

Qualidade

80%

Quantidade ou qualidade?

Execução do serviço

Gráfico 94 Gráfico 95

Gráfico 96 Gráfico 97

Page 190: 000015C0

190

Sim 20%

Não 80%

Tem problemas em mudar de local de

trabalho?

5 5

3 3 3

0

3

0 1 2 3 4 5 6

Que equipamentos de segurança usa?

5 5 5

0 1 2 3 4 5 6

Pucho a descarga

Jogo o lixo nas devidas

lixeiras

Limpo o que sujo

O que faz para manter a higiene no

canteiro?

Aceitação à mudança

Segurança, higiene e saúde

Gráfico 98

Gráfico 99 Gráfico 100

Page 191: 000015C0

191

5

2

4

5

0

1

2

3

4

5

6

Uso EPI Não uso copos

usados

Não bebo bebidas

alcoólicas

Não uso drogas

Como protege a sua saúde?

Única vaga disponivel

0%

Disseram-me que ganhava bem

20%

Não precisava de estudos

0% Gosto na profissão

20%

Curiosidade de

aprender e evoluir na

construção 60%

Por que entrou na Construção civil?

1 ano 0%

1 a 5 anos 40%

Mais de 5 anos 60%

Quanto tempo espera ficar na construção?

Como iniciou e qual o objetivo?

Gráfico 101

Gráfico 102

Gráfico 103

Page 192: 000015C0

192

Resposta mais interessante do carpinteiro

“Em primeiro lugar criar um plano de saúde para os trabalhadores e suas famílias.

Em segundo lugar incentivar os funcionários a cumprir os horários de trabalho,

oferecendo prémio de participação, para quem não falta, não chega tarde ou sai

mais cedo. Assim o trabalhador fica mais animado em cumprir o seu trabalho, tendo

mais produção e qualidade”

5.2.4 Conclusões dos resultados das diferentes funções

Da análise da vida laboral, independentemente da função ocupada pelos

profissionais, não existe uma definição clara da forma como estes vêm o seu

trabalho. Fica claro uma falta de objetivos a curto e longo prazo. Quando

questionados sobre subir na carreira, a maioria das respostas é positiva, mostrando

os profissionais estudados uma vontade de evoluir. Acredita-se que o primeiro passo

para mudar a mentalidade como se vê a construção terá de ser dado pelas

empresas contratantes, criando incentivos, objetivos a curto e longo prazo, criando

metas de crescimento, métodos de seleção e recrutamento eficazes,

acompanhamento e treinamento continuo e avaliações e promoções constantes.

Da análise das características, verificou-se, como era de esperar, baixa

escolaridade, mas vontade dos funcionários em ter aulas sobre construção. Uma vez

que a maior parte deles tem baixa escolaridade é logico a preferência pelas aulas

práticas. Existe um melhor conhecimento sobre equipamentos de segurança e seu

uso por parte dos pedreiros e carpinteiros, o que demonstra a falta de treinamento

pré-adimensional (treinamento antes de o funcionário entrar ao serviço).

5.3 RESULTADOS COMUNS

Os resultados comuns foram basicamente fundamentados por observação in loco

e pequenas reuniões individuais e coletivas.

Notou-se claramente a importância de um acompanhamento contínuo por parte

de uma entidade de comando. As reuniões individuais proporcionaram ao

funcionário a oportunidade de conversar. Essas reuniões permitiram identificar

Page 193: 000015C0

193

alguns descontentamentos, tais como: “Eu trago a minha ferramenta de casa, para

trabalhar, mas como a empresa não me valoriza, vou fazer como os outros. Não

tenho ferramenta não trabalho.” Essas reuniões também permitiram perceber que

um funcionário valoriza e respeita muito mais um mestre-de-obras ativo, ou seja, que

trabalhe junto com eles, do que um mestre-de-obras passivo que apenas dá ordens.

As reuniões coletivas proporcionaram uma maior união entre os funcionários.

Juntá-los apenas dez minutos por dia, conversando-se sobre assuntos importantes,

dando-se pequenas formações e mesmo planejando-se o dia-a-dia, melhora o seu

desempenho, aproximando-os da entidade de comando responsável.

Numa pequena experiencia realizada com dois serventes, percebeu-se, por

observação, a importância de a entidade de comando ajudar e identificar as

necessidades de cada funcionário. Decidiu-se ajudar os dois serventes a retirar os

pregos da madeira enquanto estes a acamavam no devido lugar. À medida que se

retiravam os pregos, recolhiam-se estes num balde, para que não ficassem

espalhados no chão, e de seguida juntavam-se estes ao aço reciclável. Durante

duas horas ajudou-se estes profissionais na sua tarefa. Seguidamente pediu-se aos

profissionais que continuassem a retirar os pregos, sem ser exigido a estes qualquer

Foto 5 - Reuniões coletivas

Fonte: O autor 18/4/2012

Page 194: 000015C0

194

tipo de cuidado na recolha e separação dos pregos. Uma vez que os serventes

observaram como desempenhar a tarefa, continuaram a recolher os pregos no balde

e a juntar estes ao aço reciclável.

Dado a falta de compromisso com os horários de serviço, decidiu-se tomar o café

da manhã e almoçar junto com os funcionários, em dias escolhidos ao acaso.

Percebeu-se que o contacto e envolvimento com eles, nos horários de descanso,

melhorou o seu envolvimento e a sua responsabilidade nos horários de serviço.

5.4 A REALIDADE DAS EMPRESAS ESTUDADAS

A escolha de empresas com características diferentes foi propositada. Dada a

problemática de cada vez mais, existirem empresas construtoras/incorporadoras,

decidiu-se fazer uma análise sobre as realidades diferentes das duas empresas.

5.4.1 Processo de recrutamento e seleção dos profissionais da construção

Na empresa 1 (construtora não incorporadora), existia grande preocupação na

hora de contratação. Existia uma pessoa encarregue da contratação, que apesar de

não ser treinada para isso, nem seguir um modelo como o proposto neste trabalho,

analisa e avaliava os possíveis funcionários. Uma técnica usada normalmente era

analisar os funcionários de empreiteiros contratados pela construtora, quando o

funcionário se destacava a construtora tentava contratá-lo. Era objetivo da empresa

1 formar uma equipa de cerca de 60 pessoas para realizar os serviços de maior

responsabilidade, como carpintaria, levantamento de alvenaria e reboco.

Contrariamente, a empresa 2 (construtora/incorporadora), pretendia formar uma

equipa de 30 pessoas mas para realizar trabalhos de acabamentos. Constatou-se

que os trabalhos de maior responsabilidade eram realizados por terceiros e que não

existia uma preocupação para mudar por parte da construtora. A maior parte dos

serviços para os funcionários da empresa, era retrabalho ou manutenção. Também

na hora de seleção e recrutamento não existia uma técnica específica, normalmente

a contratação era feita pelo engenheiro da obra, que olhava a carteira de trabalho de

um possível funcionário que procurava emprego. Geralmente a empresa 2 usava a

contrato de experiencia para testar o funcionário, não existindo uma avaliação

previa.

Page 195: 000015C0

195

5.4.2 Estrutura de comando e acompanhamento da mão-de-obra

Na estrutura de comando também existiam diferenças significativas. A empresa 1

tinha um engenheiro por obra, sempre acompanhado por um mestre-de-obras e

ainda, mesmo não sendo em todas as obras, encarregados para as diferentes

funções. Tinha também um técnico de segurança próprio da empresa que

acompanhava as várias obras em dias ao acaso. A empresa 2, por sua vez,tinha

apenas um engenheiro para cinco obras, sendo que apenas 2 tinham mestres de

obra e as restantes eram supervisionadas por estagiários. O técnico de segurança

era contratado ao SECONCI e o acompanhamento das obras não era regular.

Também o acompanhamento da mão-de-obra se diferencia nas duas empresas.

Sendo que a empresa 1 tinha uma reunião diária nos primeiros 15 minutos do dia

onde se dava treinamento de segurança e se planejava o dia de trabalho. O

treinamento era dado pelo mestre-de-obras junto com o técnico de segurança,

quando possível. Existiam também formações para os funcionários da empresa e

avaliações mensais com o objetivo de detetar melhorias e falhas.

Na empresa 2 não existia qualquer habito diário, sendo que muitas vezes se

detetou falta de organização e planejamento, não sabendo os trabalhadores, a

maioria das vezes, que serviço iriam desempenhar.

5.4.3 Conclusões da realidade das empresas estudadas

Percebe-se claramente uma diferença entre as duas empresas. Não significa com

esta análise que uma construtora/incorporadora, não possa ter os mesmos cuidados

e a mesma qualidade de uma construtora/não incorporadora, mas, neste caso, nota-

se claramente uma maior responsabilidade e organização da parte da empresa 1.

Tal justifica-se, por um lado, pelo fato de esta empresa desempenhar trabalhos para

um dono de obra ou uma empresa industrial, o que acarreta responsabilidades e

regras que a empresa 2 não tem.

O foco das empresa do tipo 2 é cada vez mais vender, o que as distancia da

tarefa de construir com qualidade. Esta empresa prefere contratar um empreiteiro,

ou seja, “locador de mão de obra”, que não tendo qualquer formação, muitas das

vezes, assumem a responsabilidade de construir e de formar os profissionais.

Page 196: 000015C0

196

6 CONCLUSÕES GERAIS

No decorrer do trabalho, percebeu-se que quando se fala em mão de obra, existe

ainda um enorme estudo a ser desenvolvido. Contudo, o objetivo inicial de orientar

as entidades de comando com possíveis formações, métodos de recrutamento e

seleção e acompanhamento, para a mão-de-obra da Construção Civil, foi

conseguido.

Ao longo do desenvolvimento do trabalho vão sendo apontadas pequenas

conclusões e propostas de melhorias específicas de cada tópico. Por essa razão,

apenas serão aqui referidas conclusões gerais e propostas para futuros estudos.

Encontraram-se algumas dificuldades para encontrar bibliografia sobre formação

para serventes. Com efeito, foi proposto um exemplo de formação, usando métodos

sequenciados, que se acham apropriados para qualquer funcionário a iniciar no

ramo. Para a profissão de Pedreiro e Carpinteiro, juntamente com o SENAI, foi

possível obter bibliografia sobre formação, considerando-se, no entanto, que a

bibliografia analisada nem sempre apresenta os melhores métodos de formação, se

considerarmos que o objetivo é treinar pessoas maioritariamente sem qualificações.

Conclui-se, pois, que há ainda muito trabalho a desenvolver para que se possa

melhorar significativamente a formação da mão-de-obra.

No que se refere aos métodos de recrutamento e seleção, não existe qualquer

método específico para a mão-de-obra da Construção Civil, sendo responsabilidade

de cada empresa elaborar os seus próprios métodos. Considera-se que o objetivo

de apresentar conceitos / conhecimentos para o desenvolvimento desses métodos,

foi conseguido, acredita-se, no entanto, que existe ainda um elevado estudo a ser

realizado, propondo-se este para futuros trabalhos. Verificou-se também que existe

uma diferença entre as duas empresas estudadas, notando-se claramente uma

maior preocupação da empresa 1 (construtora não incorporadora) para um bom

processo de recrutamento e seleção. Tal como já foi referido, uma das razões que

leva a que isso aconteça será o fato de o objetivo da empresa 2 (construtora

incorporadora), ser cada vez mais vender, esquecendo por vezes a importância da

qualidade de construção.

Por observação e pequenas experiencias, constatou-se a veracidade da

importância da motivação e liderança. Concluiu-se que a mão-de-obra apresenta

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melhorias significativas quando o líder (mestre de obras, encarregado, estagiários e

engenheiros) tem conhecimentos sobre motivação e liderança e os utiliza em

campo. Existe uma separação entre os operacionais de serviço e a estrutura

organizativa das empresas, é necessário estabelecer relações entre as duas

terminando com conceitos passados de desvalorização da mão-de-obra.

O fato de a amostra de funcionários analisada ser pequena e de ser

acompanhada de forma direta no dia a dia, levou a conclusões importes para este

trabalho, no entanto, na resposta aos questionários, considera-se que esse fato

influenciou as respostas dos mesmos, não sendo completamente atingido o objetivo

inicial de analisar de forma precisa a vida laboral e as características dos

funcionários.

Uma vez que se limitou o estudo a três profissões da construção civil, propõe-se

para trabalhos futuros uma continuação das propostas de formação, para armador,

pintor, encarregados, mestre-de-obras, entre outros que se considerem importantes.

Em suma, considera-se fundamental que as empresas de construção despertem

para a necessidade de mudança nos métodos de gestão dos seus recursos

humanos, voltando-se para a produção com qualidade e não em quantidade,

valorizando, acima de tudo, a comunicação e interação direta entre os operários e as

estruturas de comando. Só assim será possível ultrapassar as dificuldades

pertinentes do dia-a-dia de um canteiro de obras, visando a execução de um serviço

a baixo custo e de grande qualidade.

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