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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE NUTRIÇÃO JULIANA COSTA MURGUERO AVALIAÇÃO DO LANCHE DE CRIANÇAS DE 7 A 10 ANOS DE DUAS ESCOLAS EM ARARAGUÁ, SC. CRICIÚMA, JULHO DE 2009

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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC

CURSO DE NUTRIÇÃO

JULIANA COSTA MURGUERO

AVALIAÇÃO DO LANCHE DE CRIANÇAS DE 7 A 10 ANOS

DE DUAS ESCOLAS EM ARARAGUÁ, SC.

CRICIÚMA, JULHO DE 2009

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JULIANA COSTA MURGUERO

AVALIAÇÃO DO LANCHE DE CRIANÇAS DE 7 A 10 ANOS DE D UAS

ESCOLAS EM ARARANGUÁ, SC.

Projeto de Trabalho de Conclusão do Curso, apresentado para obtenção do Grau de Bacharelado no Curso de Nutrição da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC.

Orientadora Profª. MSc Paula R.V. Guimarães

CRICIÚMA, JULHO DE 2009

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Dedico este trabalho aos meus pais, Ronaldo e Sandra, que sempre me ensinaram a não desistir dos meus sonhos, e persistir mesmo sendo eles tão difíceis de serem alcançados.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por me dar força para realizar diariamente todas minhas

atividades, e por todas as proteções recebidas durante a realização deste trabalho.

Aos meus pais Ronaldo e Sandra , por participarem da minha vida incentivando-me sempre

em todas as minhas escolhas, pelos conselhos valorosos, compreensão, amor eterno e por

ser o meu porto seguro.

Ao meu irmão Ronaldo Junior , pelo amor, carinho e compreensão dados em muitos

momentos.

Ao meu noivo Ricardo , pelo imenso amor, carinho, apoio, compreensão e parcerias a mim

dispensadas.

Aos meus familiares pela compreensão e paciência na realização deste trabalho.

A todos meus amigos e o Manolo que estão sempre ao meu lado.

A professora Mestra Paula Rosane Vieira Guimarães, por ter me aceitado gentilmente

orientar, pelos numerosos ensinamentos, pela amizade, e pelo custoso trabalho para a

concretização desse estudo.

Ao coordenador do curso de nutrição, Marco e os demais professores, em especial a

professora Rita Ribeiro , pelas suas competências e auxílios sempre que precisei, com suas

grandes compreensões.

A todos os profissionais, alunos e pais da Escola Xodó da Tia Joice e Escola de Ensino

Básico Castro Alves , que ajudaram muito para que a pesquisa pudesse ser efetivada.

Enfim, a todos aqueles que direta ou indiretamente apoiaram me incentivado á prosseguir

no caminho da realização profissional e pessoal.

OBRIGADA!

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“Não é o cérebro que importa mais, mas sim o que orienta: o caráter, o coração, a generosidade, as idéias” (Dostoievski)

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RESUMO

O escolar necessita de cuidados quanto a sua alimentação, pois neste momento ele está se desenvolvendo e crescendo e também começa a descobrir novos hábitos alimentares, que podem ser influenciados tanto pelos pais, pela mídia como também pelo convívio com outras crianças e adultos. Hoje em dia a maioria dos escolares se alimenta de forma errada, preferindo alimentos industrializados, sendo ricos em gorduras, açúcar, corante, que prejudicam a saúde, o aprendizado e ate mesmo o desenvolvimento. A alimentação durante o período em que o escolar permanece na escola é de grande importância para garantir-lhe bem-estar, ânimo, atenção e facilidade para aprender, além de contribuir para a manutenção de sua saúde e nutrição. E para se ter uma alimentação saudável, ela deve ser composta de carboidratos, proteínas, lipídios, fibras, vitaminas, minerais e água, porém a maioria das pessoas não se alimenta corretamente, ou seja, há uma grande diferença entre a alimentação real e a ideal. O presente estudo tem por objetivo comparar os lanches de escolares de uma escola pública e uma escola privada de Araranguá, SC. Para a realização da coleta de dados foram entrevistados 40 escolares, sendo 20 da escola privada e 20 da escola pública, onde tinham entre 7 anos e 10 anos e 11 meses. Os dados foram obtidos através de questionários. O Questionário Socioeconômico foi enviado para os pais junto com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, quando estes voltaram preenchidos e assinados, foi aplicada com os escolares um Questionário de Freqüência Alimentar, na própria escola. Com o objetivo de comparar os alimentos que os escolares levam de lanche e identificar qual das duas escolas possui maior consumo de alimentos industrializados. Como resultado da pesquisa obteve-se diferentes valores em relação ao perfil socioeconômico, onde os escolares da escola privada tiveram uma maior renda per capta e conseqüentemente os pais obtiveram maior grau de escolaridade. Em relação aos alimentos que eles levam de lanche, compram na cantina e mais gostam, foram mais citados os ricos em gordura, açúcar, corantes, ou seja, alimentos industrializados. De acordo com os que eles menos gostam foram os alimentos essenciais para se ter uma boa saúde, sendo alimentos ricos em nutrientes. Pode-se concluir que os escolares têm uma alimentação, em ambas as escolas, praticamente iguais. O consumo excessivo de alimentos industrializados está bem presente nas dietas. E observou-se que ocorreu um desacordo entre o consumo alimentar e a freqüência alimentar dos escolares. Palavras-Chave: Escolares; Lanches; Consumo Alimentar; Freqüência Alimentar; Alimentos Industrializados.

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LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS

Tabela 1 - Grau de escolaridade do pai e da mãe dos escolares de acordo com escola pública e

privada, Araranguá, SC, 2009 ............................................................................................................... 38

Tabela 2 - Freqüência alimentar da escola privada, Araranguá, SC, 2009 ......................................... 47

Tabela 3 - Freqüência alimentar da escola privada, Ararangua, SC, 2009 ......................................... 48

Gráfico 1 - Alimentos que os escolares mais gostam, Araranguá, SC, 2009 ...................................... 44

Gráfico 2 - Alimentos que os escolares não gostam, Araranguá, SC, 2009 ....................................... 45

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CNA – Comissão Nacional de Alimentação

CNE – Campanha da Merenda Escolar

DRIs – Dietary Reference Intakes

FISI – Fundo Internacional de Socorro a Infância

FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

LDL - Lipoproteína de Baixa Densidade

PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar

PNME – Programa Nacional de Merenda Escolar

QFA – Questionário de Freqüência Alimentar

RDAs – Recommended Dietary Allawances

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 11

2.OBJETIVOS ..................................................................................................................................... 14

2.1. Objetivo Geral .................................................................................................................. 14 2.2. Objetivo Específico .......................................................................................................... 14

3.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................................................... 15

3.1. Características gerais dos escolares de 7 à 10 anos ..................................................... 15 3.2. Recomendações nutricionais .......................................................................................... 17 3.3. Baixo peso, obesidade e os alimentos industrializados .................................................. 22 3.4. Educação nutricional e a construção de hábitos alimentares ......................................... 26 3.4.1. Fatores que influenciam os hábitos alimentares .......................................................... 29 3.5. A alimentação escolar como um direito .......................................................................... 30 3.6. Relação entre a alimentação oferecida pela cantina da escola e a trazida de casa ...... 32

4.METODOLOGIA .............................................................................................................................. 34

4.1. Desenho do estudo ......................................................................................................... 34 4.2. População e amostra ....................................................................................................... 34 4.3. Critérios de inclusão e exclusão ...................................................................................... 34 4.4. Instrumento de obtenção de dados ................................................................................. 35 4.5. Forma de obtenção de dados ......................................................................................... 35 4.6. Forma de analise dos dados ........................................................................................... 35 4.7. Aspectos éticos ............................................................................................................... 36 4.8. Limitação do estudo ........................................................................................................ 36

5.RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................................................... 37

5.1. Perfil socioeconômico das famílias dos escolares .......................................................... 37 5.2. Caracterização dos escolares ......................................................................................... 39 5.3. Alimentos que são levados com maior freqüência para os lanches ............................... 40 5.3.1. Compram lanche na Cantina Escolar ........................................................................... 41 5.4. Preferência por determinados alimentos ......................................................................... 42 5.5. Avaliação de Freqüência Alimentar dos Escolares ......................................................... 46 5.6. Escolares que não consomem lanche no período que estão na escola ......................... 51

6.CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................. 52

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................... 54

APÊNDICES ........................................................................................................................................ 59

APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO (ESCOLARES) ................................................................. 60 APÊNDICE B - Questionário socioeconômico que será aplicado com os pais dos alunos ... 62 APÊNDICE C - Oficio de declaração (escola) ........................................................................ 63 APÊNDICE D - Termo de consentimento livre e esclarecido ................................................ 64

ANEXO ................................................................................................................................................ 65

Anexo A - Carta de Aprovação ............................................................................................... 66

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1. INTRODUÇÃO

Sabe-se que a alimentação e a nutrição contribuem para a promoção e

proteção da saúde, melhorando a qualidade de vida e prevenindo os distúrbios

nutricionais. Entretanto, diversas pesquisas mostram que é preocupante o aumento

progressivo da obesidade em crianças e adolescentes. Esse fato agrava-se ainda

mais, por intermédio da alimentação inadequada oferecida pelas cantinas nas

escolas e pela pouca atividade física, fazendo com que a obesidade torne-se uma

doença (KUREK, 2006).

É de conhecimento também que a alimentação durante o período em que

o aluno permanece na escola é de grande importância para garantir-lhe bem-estar,

ânimo, atenção e facilidade para aprender, além de contribuir para a manutenção de

sua saúde e nutrição (ANCONA, 2004).

Uma criança bem alimentada é uma criança com resistência às doenças,

com vontade de estudar e brincar. A alimentação é uma necessidade básica ao

desenvolvimento do ser humano, sendo na fase da infância que acontece uma maior

transformação que favorece o seu desenvolvimento nos aspectos físico, intelectual,

emocional e social (KUREK, 2006).

Apesar da menor velocidade de crescimento e da diminuição do risco de

desnutrição, a criança em idade escolar tem uma exigência quanto aos cuidados à

alimentação. Devem-se considerar também os hábitos alimentares adquiridos e a

grande influencia exercida pela propaganda e pelo convívio com outras crianças da

mesma idade (ANCONA, 2004).

Segundo Barbosa (2004), alguns hábitos alimentares inadequados são

estabelecidos na infância. Assim, esforços para conscientização da importância de

uma dieta preventiva são necessários a fim de auxiliar a criança a compreender

como evitar doenças presentes e futuras relacionadas com a nutrição, explorando

sua própria independência e sua capacidade de decidir e escolher corretamente.

As crianças em idade escolar precisam de uma dieta saudável, pois esta

favorece níveis ideais de saúde, de crescimento e de desenvolvimento intelectual,

que atuam diretamente na melhora do nível educacional, reduzindo assim, os

transtornos de aprendizagem causados por deficiência nutricionais e/ou distúrbios

alimentares (BARBOSA, 2004).

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Segundo Barbosa (2004), o escolar necessita de cuidados quanto a sua

alimentação, pois é neste momento que ele começa a descobrir novos hábitos

alimentares, que são influenciados tanto pela mídia como pelo convívio com outras

crianças e adultos. Então, o ideal seria que antes dos hábitos alimentares serem

estabelecidos, que fosse oferecido à criança alimentos diversificados e ricos em

nutrientes, proporcionando assim, um crescimento e um desenvolvimento próximo

do ideal.

Os escolares, geralmente, consomem alimentos que os apetecem, mas

sempre há preferência pelos que possuem alto valor energético e são ricos em

gorduras e carboidratos. Isso gera um desequilíbrio nutricional, sendo que os

excessos causam obesidade, e a escassez carências nutricionais. Tanto o excesso

como escassez dos nutrientes não possuem um efeito visível imediato. Mas ao

longo do tempo, podem originar doenças “invisíveis”, como: as dislipidemias, o

diabete mellitus tipo II, entre outras. Estes alimentos, além de serem os preferidos

pelos escolares, também são os mais consumidos em momentos de festas,

brincadeiras e/ou ocasiões especiais, gerando alegria e prazer (ANCONA, 2004).

Nesse sentido, no processo de formação dos hábitos alimentares deve

existir uma associação entre o prazer vivenciado e a qualidade das refeições

(ANCONA, 2004).

Sabe-se que os pais exercem influência na alimentação e nos hábitos dos

escolares, pois são eles que fazem a oferta dos alimentos para as crianças,

incentivando-as sobre o que devem ingerir. Todavia, devido à correria do dia-a-dia,

muitos pais acabam optando por alimentos industrializados, por serem de fácil

acesso e preparo. Esta opção acarreta em um aumento do número de crianças

obesas devido aos hábitos alimentares inadequados por incluir um elevado consumo

de lanches rápidos, doces e guloseimas (ANCONA, 2004).

Segundo Ancona (2004), o convívio na sociedade e na família, bem como

os padrões e as experiências, relacionadas com a dieta, são fatores que influenciam

na escolha alimentar individual. É difícil fazer uma criança gostar de frutas e

verduras, se em casa estes alimentos são escassos e até mesmo não são

consumidos.

Outro grande obstáculo que a criança enfrenta em relação à alimentação

adequada é o lanche escolar, pois a mesma sente vergonha de ser diferente e como

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conseqüência, a dificuldade de se identificar com o grupo o qual convive

(BARBOSA, 2004).

Preparar a lancheira adequadamente pode ser uma excelente estratégia

para garantir uma alimentação saudável e balanceada no ambiente escolar. No

entanto, alguns critérios devem ser considerados nessa hora, já que deve existir um

equilíbrio nutricional entre os alimentos que a compõem. Além disso, deve haver a

garantia de que o alimento estará seguro para o consumo até na hora do recreio

(BARBOSA, 2004).

Segundo Ancona (2004), o lanche escolar não é a principal refeição do

dia, mas com certeza, essa é uma refeição compartilhada, onde hábitos são

iniciados com mais facilidade.

Desse modo, essa pesquisa procura investigar algumas questões

relacionadas à alimentação, mais precisamente, ao lanche que os escolares

consomem na escola.

Na intenção de contextualizar os aspectos que envolvem a alimentação

do escolar, busca-se fundamentar os seguintes itens: características gerais dos

escolares de 7 a 10 anos, recomendação nutricional, baixo peso, obesidade e os

alimentos industrializados, educação nutricional e a construção de hábitos

alimentares, fatores que influenciamos hábitos alimentares, a alimentação escolar

como um direito e a relação entre a alimentação oferecida pela cantina da escola e a

trazida de casa.

Por ser um tema novo e amplo, entende-se necessária à realização desta

pesquisa.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

• Comparar os lanches de escolares de uma escola pública

e uma escola privada de Araranguá, SC.

2.2. Objetivos específicos

• Identificar o perfil socioeconômico dos escolares;

• Identificar os alimentos que são levados com maior freqüência

para os lanches;

• Verificar a preferência por determinados alimentos;

• Avaliar qual escola tem maior consumo de alimentos

industrializados;

• Investigar o número de escolares que não consomem lanche no

período que estão na escola.

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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1. Características gerais dos escolares de 7 a 10 anos

O processo de desenvolvimento do ser humano é o conjunto de

modificações físicas e de funções que o mesmo apresenta desde a sua concepção

até atingir a idade adulta. Ao longo desta ação contínua da evolução, que é o

desenvolvimento, a idade escolar corresponde ao período que se inicia quando a

criança está entrando na puberdade. Este momento em geral é mais precoce em

meninas, ocorrendo em média dois anos antes do que nos meninos (LEONE, 1994

apud CONCEIÇÃO).

A idade escolar é considerada dos 7 aos 10 anos e caracteriza-se como

um período de crescimento com altas exigências nutricionais. Por isso, deve-se

lembrar que o trato gastrointestinal do escolar está mais desenvolvido, sendo que o

volume gástrico do mesmo é compatível ao de um adulto. A alimentação nessa

idade destaca-se como um dos fatores ambientais mais importantes, relacionados

ao crescimento e desenvolvimento infantil (NASSER, 2006 apud FAGIOLI).

Na composição corporal, há algumas diferenças entre os sexos, sendo

que os meninos possuem maior massa magra do que as meninas, mas após

completarem 7 anos de idade ocorre um aumento do tecido adiposo em ambos os

sexos. De acordo com Lacerda (2005, apud ACCIOLY), em algumas crianças,

dependendo da maturidade, pode-se iniciar o aparecimento de características

sexuais secundárias.

Segundo Leoni (1994, apud CONCEIÇÃO), o tecido adiposo apresenta as

maiores variações individuas, tanto na sua velocidade de acúmulo quanto na sua

distribuição, dificultando a descrição de uma tendência geral de crescimento. De

modo geral, o crescimento deste tecido ocorre de maneira uniforme e similar para

ambos os sexos em idade escolar.

O desenvolvimento da massa muscular não acompanha o organismo

como um todo, pois é influenciado pelo sexo da criança, pelo seu nível de atividade

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física, pelo seu nível hormonal e pela atividade metabólica. Nas meninas, com idade

entre 7 a 10 anos, a massa muscular cresce de 40 para 45% do peso corpóreo, já

nos meninos da mesma faixa etária esta aceleração começa a partir do estirão. Em

ambos os sexos, o pico de velocidade de crescimento muscular ocorre mais

freqüentemente após o pico de crescimento em altura (LEONE, 1994 apud

CONCEIÇÃO).

No que se refere ao desenvolvimento ósseo, esse acompanha o

crescimento geral do organismo, sendo que o crescimento dos ossos longos se

encerra logo após o estirão da puberdade, quando ocorre o fechamento das

cartilagens metafisárias de crescimento (LEONE, 1994 apud CONCEIÇÃO).

Segundo Leone (1994, apud CONCEIÇÃO), todo o processo de

acompanhamento do desenvolvimento, é sempre preciso lembrar que a velocidade

de desenvolvimento é uma característica individual determinada geneticamente, e

também por fatores ambientais.

Os escolares necessitam de alimentos em quantidades que possibilite o

alcance do pleno potencial genético de crescimento e desenvolvimento. O tamanho

corporal que a criança vai atingir na idade adulta é importante, mas o atraso no

crescimento traz conseqüências como mortalidade e morbidade, deficiência no

aprendizado e diminuição na capacidade física e intelectual (NASSER, 2006 apud

FAGIOLI).

Segundo Gaglianone (2004, apud ANCONA), a prática de uma dieta

balanceada desde a infância favorece níveis ideais de saúde, de crescimento e de

desenvolvimento intelectual, atuando diretamente na melhora do nível educacional,

reduzindo os transtornos do aprendizado causados pela deficiência nutricionais

como anemia e desnutrição, e ainda evitando a manifestação da obesidade, de

distúrbios alimentares e de cáries dentárias. Além disto, reduz o risco para a

manifestação de doenças futuras como a osteoporose e de algumas doenças

crônicas não transmissíveis.

No decorrer desta faixa etária, o desenvolvimento físico da criança, como

um todo, apresenta sob a forma de um processo de crescimento lento, porém

constante e, na maioria das vezes, de velocidade crescente. Em geral, nesta fase há

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um ganho anual entre 3 e 3,5 kg de peso e de 5 a 7 cm de estatura (LEONE, 1994

apud CONCEIÇÃO).

Segundo LACERDA (2005, apud ACCIOLY, p. 370):

[...] Medir o crescimento e desenvolvimento de uma criança é uma forma de conhecer e vigiar seu estado de saúde geral. O crescimento é definido como aumento do tamanho corporal, sendo resultado da multiplicação e diferenciação celular, portando, é um indicador muito sensível á saúde e nutrição de uma população.

O acompanhamento do crescimento do escolar é uma metodologia

simples que permite fácil identificação da criança de risco, permitindo intervenções

precoces. As medidas mais sensíveis do crescimento são o peso e estatura que

devem ser obtidos periodicamente, em equipamentos adequados e de acordo com

as normas de aferição pré-estabelecidas e registradas em instrumentos adequados

(LACERDA, 2005 apud ACCIOLY).

Conforme Leoni (1994, apud CONCEIÇÃO), meninos e meninas

apresentam uma evolução de peso e estatura semelhante, praticamente até os 10

anos. A partir desta idade, o início mais precoce do estirão pubertário, faz com que

meninas sejam maiores que os meninos. Entretanto, como os meninos têm cerca de

dois anos a mais de crescimento pré-puberal, durante seu estirão voltam a superar o

crescimento das meninas, fazendo com que na idade adulta o homem tenha uma

estatura mediana 9 a 13 cm maior do que a da mulher.

Após a apresentação das características gerais dos escolares não se

pode deixar de abordar as recomendações nutricionais para esta importante fase da

vida.

3.2 Recomendações nutricionais

Os principais determinantes das necessidades nutricionais das crianças

são: taxa e estágio de crescimento associado á atividade física, ao tamanho

corporal, ao gasto energético basal e ao estado de saúde. Apesar de cada indivíduo

possuir uma diferente necessidade nutricional, ANCONA (2004) destaca que foram

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estabelecidas algumas recomendações nutricionais para população saudável com

características semelhantes.

Segundo Gaglianone (2004, apud ANCONA), entre os anos de 1997 e

1998 foram cridos novos padrões de recomendação nutricional, as DRIs (Dietary

Reference Intakes), que substituirão as Recommended Dietary Allowances (RDAs),

padrões dietéticos utilizados por mais de 50 anos.

O mesmo autor destaca que em 1999, o National Research Council, dos

EUA, publicou suas recomendações aplicadas por vários anos. Muitos países

públicam guias dietéticos para população, onde foram feitas recomendações sobre

os tipos e quantidades de alimentos a serem consumidos (GAGLIANONE, 2004,

apud ANCONA).

Atualmente, há o guia alimentar para população brasileira que contém as

principais diretrizes alimentares e orientações adequadas para prevenção de

doenças crônicas não-transmissíveis, como: diabetes e hipertensão. Essas diretrizes

compõem um elenco de ações que visam à prevenção da obesidade que, por si só,

aumenta o risco dessas e de muitas outras doenças graves, como também é

abordada a questão das deficiências nutricionais e das doenças infecciosas (GUIA

ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA, 2008, s/p).

Nesse guia são abordadas as questões necessárias, em termos de base

conceitual, sobre o que é uma alimentação saudável e como se pode alcançá-la no

cotidiano. De acordo com o Guia Alimentar para a população Brasileira, (2008, s/p):

[...] Uma alimentação saudável deve respeitar alguns atributos individuais e coletivos específicos impossíveis de serem quantificados de maneira prescritiva. Contudo identificam-se alguns princípios básicos que devem reger a relação entre as práticas alimentares e a promoção da saúde e a prevenção de doenças.

Diante disso, pode-se afirmar que a alimentação ocorre em função do

consumo de alimentos e não de nutrientes, desse modo, uma alimentação saudável

deve estar baseada em práticas alimentares que tenham significativo social e

cultural. Os alimentos têm gosto, cor, forma, aroma e textura e todos esses

componentes precisam ser considerados na abordagem nutricional (GUIA

ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA, 2008, s/p).

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Os nutrientes são importantes: contudo, os alimentos não podem ser

resumidos a veículos deles, pois agregam significações culturais, comportamentais e

afetivas singulares que jamais podem ser desprezadas. Portanto, o alimento como

fonte de prazer e identidade cultural e familiar também é uma abordagem necessária

para a promoção de saúde (GUIA ALIMENTAR PARA POPULAÇÃO BRASILEIRA,

2008, s/p).

Especificamente, as diretrizes fornecem a base para a promoção de

sistemas alimentares saudáveis ressaltando o consumo de alimentos saudáveis,

cujo objetivo é reduzir a ocorrência de doenças na população (GUIA ALIMENTAR

PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA, 2008, s/p):

Estas diretrizes fazem parte da estratégia de implantação de uma Política

Nacional de Alimentação e Nutrição, sendo essa integrante da Política Nacional de

Saúde, e consolidada como elemento concreto da identidade brasileira para

implantação das recomendações preconizadas pela Organização Mundial da Saúde,

no âmbito da Estratégia Global de Promoção da Alimentação Saudável, da Atividade

Física e da Saúde (GUIA ALIMENTAR PARA POPULAÇÃO BRASILEIRA, 2008, s/p)

Nesse sentido, o Guia Alimentar para População Brasileira (2008, s/p),

apresenta sete diretrizes alimentares como segue:

A Diretriz 1 refere-se aos alimentos saudáveis e as refeições no seu conjunto;

As Diretrizes 2, 3 e 4 especificam os componentes da alimentação que corresponde ao grupo dos grãos e outros alimentos ricos em amido e carboidratos complexos; grupo das frutas, legumes e verduras; e grupo das leguminosas e outros vegetais ricos em proteínas. Esses três grupos de alimentos são os componentes principais de uma alimentação saudável;

A Diretriz 5 trata dos alimentos de origem animal, que são nutritivos e integram, em quantidades moderadas, dietas saudáveis;

A diretriz 6 trata de alimentos e bebidas com alto teor de gorduras, açucares e sal, prejudiciais á saúde quando consumidos de maneira regular e em grandes quantidades;

A Diretriz 7 tem como tema a água, cujo consumo é vital para a saúde.

Diante da explanação das diretrizes alimentares, o mesmo Guia Alimentar

para a população Brasileira, (2008, s/p) destaca também dez passos importantes

para serem seguidos visando uma alimentação saudável nas crianças:

1 Alimentos gordurosos e frituras devem ser evitados; prefira alimentos assados, grelhados ou cozidos.

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2 Evite oferecer refrigerantes e sucos industrializados, balas, bombons, biscoitos doces e recheados, salgadinhos e outras guloseimas no dia a dia.

3 Diminua a quantidade de sal na comida.

4 Estimule a criança a beber bastante água e sucos naturais de frutas durante o dia, de preferência nos intervalos das refeições, para manter a hidratação e a saúde do corpo.

5 Incentive a criança a ser ativa e evite que ela passe muitas horas assistindo TV, jogando videogame ou brincando no computador.

6 Procure oferecer alimentos de diferentes grupos, distribuindo-os em pelo menos três refeições e dois lanches por dia.

7 Inclua diariamente alimentos como cereais (arroz, milho), tubérculos (batatas), raízes (mandioca/macaxeira/aipim), pães e massas, distribuindo esses alimentos nas refeições e lanches do seu filho ao longo do dia.

8 Procure oferecer diariamente legumes e verduras como parte das refeições da criança. As frutas podem ser distribuídas nas refeições, sobremesas e lanches.

9 Ofereça feijão com arroz todos os dias, ou no mínimo cinco vezes por semana.

10 Ofereça diariamente leite e derivados, como queijo e iogurte, nos lanches, e carnes, aves, peixes ou ovos na refeição principal de seu filho.

Diante da apresentação desses passos pode-se afirmar que para se ter

uma alimentação saudável é necessário comer de maneira correta. Basicamente,

uma refeição saudável deve ser planejada visando atingir todas as necessidades

nutricionais do corpo. São sete as classes de nutrientes consideradas necessárias à

nutrição humana: carboidratos, proteínas lipídios, fibras, vitaminas, minerais e água.

Os alimentos ricos em carboidratos são a principal fonte de energia na

dieta humana; para cada grama de carboidrato fornece 4 Kcal. Os carboidratos

atuam como combustível para o organismo, pois fornecem a energia que é utilizada

nos movimentos, na execução de trabalhos e na manutenção do corpo em

funcionamento (SAMBATTI, 2004 apud BARBOSA).

Segundo Lacerda (2005, apud ACCIOLY), destaca que os carboidratos

devem compor a maior parte do consumo energético diário e o recomendado é que

seja cerca de 50% a 60% do consumo de energia total por dia.

Contribuindo, Ancona (2004) destaca que o consumo deste

macronutriente evita que as proteínas da dieta e do próprio organismo sejam

desviadas de sua função plasmática para fornecer energia. Ele é encontrado em

cereais (pão, macarrão, bolacha, bolos, tortas) e vegetais (batata, batata-doce,

mandioca, inhame e farinhas).

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Referente às necessidades de proteínas na infância, essas são

conceituadas como uma dose mais baixa ingerida na dieta, que compensa as

perdas orgânicas de nitrogênio, associadas com a formação de tecidos exigida para

o crescimento (LACERDA, 2005 apud ACCIOLY, p. 372).

Segundo Sambatti (2004, apud BARBOSA, p. 86):

[...] As proteínas apresentam diversas funções no nosso organismo, como: fundamentais na construção e constituição do ser humano, essenciais para o crescimento da criança e para formação de novas células, formam nossos órgãos, ossos, músculos, sangue, cabelos, unhas, pele, entre outras e repõem tecidos gastos normalmente ou quando ocorrem ferimentos, cortes ou queimaduras.

Esse mesmo autor ainda destaca que os alimentos ricos em proteínas

são os de origem animal, onde estão presente as carnes (peixe, boi, porco, aves,

vísceras), os ovos, leite e derivados. Sabe-se que para cada grama de proteína é

fornecido 4 Kcal, e o recomendado para os escolares é de aproximadamente 10% a

15% das calorias necessárias no dia (SAMBATTI, 2004 apud BARBOSA).

Esse mesmo autor destaca ainda que os lipídios são chamados de

gorduras, e para cada grama desta gordura são fornecidos 9 kcal. Estes possuem

função energética e o excesso é armazenado no tecido adiposo. Utiliza-se essa

energia armazenada em atividades como ler, dormir ou em exercícios de longa

duração e baixa ou média intensidade (SAMBATTI, 2004 apud BARBOSA).

Conforme Lacerda (2005, apud ACCIOLY), a proporção de gordura da

dieta deve ser suficiente para permitir o crescimento e desenvolvimento normal e, ao

mesmo tempo, reduzir o risco de doença aterosclerótica, pois, muitas vezes, há

interrupção errônea e restrições excessivas do nutriente. Recomenda-se uma

redução do consumo total de gorduras e gorduras saturadas, de forma que o

percentual de lipídio da dieta seja de até 30% do consumo energético, não menos

que 20%, e que menos de 10% seja proveniente de ácidos graxos saturados. O

consumo de colesterol diário não devera exceder 300mg/ dia.

No que se referem às fibras Sambatti (2004, apud BARBOSA), afirma que

as mesmas são carboidratos complexos presentes em alguns vegetais, frutas e

sementes. São considerados alimentos funcionais, pois ajuda a melhorar as funções

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22

vitais e o bom funcionamento do tubo gastrointestinal. As fibras alimentares são

divididas em dois grupos, as solúveis e as insolúveis, que dependem da sua

solubilidade em água, ambas possuem benefícios diferentes a saúde e devem ser

consumidas diariamente, sendo que o ideal é que crianças maiores de dois anos

tenham uma ingestão de fibras equivalente a sua idade adicionada de 5 gramas por

dia (7anos + 5gramas = 12g de fibra/dia).

As vitaminas e os minerais devem estar presentes na alimentação da

criança para permitir suas concentrações adequadas a fim de manter a vida e

crescimento. Cada vitamina e mineral tem sua faixa de concentração tecidual que

permite a manutenção de funções bioquímica e metabólica (LACERDA, 2005 apud

ACCIOLY).

Barbosa (2004) destaca que esses micronutrientes são necessários em

pequenas doses, sendo encontrados em uma alimentação balanceada, que

contenha todos os grupos de alimentos. Os alimentos ricos em vitaminas e minerais

são encontrados em frutas, verduras e legumes. O excesso destes pode ser

prejudicial para criança e a ingestão insuficiente pode provocar doenças carenciais.

Diante da explanação sobre a alimentação ideal apresenta-se a seguir a

alimentação real destacando-se a subnutrição e a obesidade, bem como a relação

existente com os alimentos industrializados.

3.3. Baixo peso, obesidade e os alimentos industri alizados

Ressaltou-se no tópico anterior que uma alimentação saudável deve ser

composta de carboidratos, proteínas, lipídios, fibras, vitaminas, minerais e água,

porém a maioria das pessoas não se alimenta corretamente, ou seja, há uma grande

diferença entre a alimentação real e a ideal. Segundo Sambatti (2004, apud

BARBOSA), para se ter uma alimentação ideal, é necessário seguir uma dieta

variada que tenha todos os tipos de alimentos, sem abusos, sem exclusões e

também tendo como base a substituição dos alimentos industrializados por

alimentos naturais.

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23

A carência de nutrientes para promoção do crescimento e

desenvolvimento sadio pode-se iniciar precocemente, ainda na vida intra-uterina.

Neste caso, os malefícios causados são mais graves do que se ela ocorresse na

idade escolar. Entretanto, mesmo após o nascimento, quanto mais precoce for à má

alimentação, piores serão as conseqüências (LEONE, 1994 apud CONCEIÇÃO).

A persistência por uma alimentação que não preencha as necessidades

individuais, particularmente de proteína e calorias, pode levar a uma perda

progressiva de peso, determinando um peso baixo em relação à estatura. Se esta

deficiência permanecer, eventualmente levará até a parada do próprio crescimento,

como mecanismo de adaptação para manter a vida nessas condições precárias.

Segundo LACERDA (2005, apud ACCIOLY, p. 378):

[...] A situação populacional mais comum entre nós é a de uma criança com alimentação precária desde o início de sua vida. Após o desmame a adaptação a dieta familiar aumenta o risco de deficiências nutricionais especificas e desnutrição, agravadas por infecções repetidas que, comumente, atingem as crianças, especialmente em países desenvolvidos. Nas crianças as deficiências nutricionais causam prejuízo no desenvolvimento da linguagem, efeitos psicológicos e comportamentais, como falta de atenção, fadiga, insegurança e redução da atividade física.

Pode-se concluir então, que a subnutrição pode ter sérias conseqüências

para a criança em idade escolar, desse modo, vários estudos têm documentado o

efeito negativo que a má alimentação pode acarretar no desenvolvimento intelectual

de crianças. Outros estudos identificaram também que, por exemplo, a criança que

vai para aula sem tomar café da manhã, tende a ser mais inativa, letárgica e irritável

(LEONE, 1994 apud CONCEIÇÃO).

Por isso, é de suma importância que as crianças e seus responsáveis

descubram que para andarem, brincarem, correrem, estudarem, enfim que para

realizarem todas essas atividades, seu corpo necessita de substâncias diversas

existentes nos mais variados alimentos que o ser humano venha consumir. Uma

alimentação à base de verduras, frutas, legumes, leite e derivados, ovos, carnes e

peixes proporcionam um bom desenvolvimento de suas potencialidades em todas as

fases da vida, podendo prevenir muitos problemas de saúde, bem como auxiliar as

crianças na aprendizagem, pois com o corpo funcionando bem, a mente também

estará bem e a criança apta a aprender com mais facilidade (GAGLIANONE, 2004

apud ANCONA).

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24

Em relação à presença da obesidade infantil, essa é uma preocupação

que ganha espaço nas discussões referentes à saúde pública mundial, sendo que os

distúrbios de peso normalmente originam-se na infância e quanto mais tempo

permanecer nesta condição, tanto mais provável será continuar assim, durante a

adolescência e a vida adulta (MONDINI, 2007).

O excesso de peso não desaparece espontaneamente, a partir dos seis

anos de idade. A obesidade por sua vez traz uma série de outros problemas que

precisam ser considerados pelos profissionais que acompanham o desenvolvimento

da criança, como por exemplo: dificuldade de socialização e de desenvolvimento

motor (CARMO, 2006).

De acordo com Ferreira (1998, p. 215): “O excesso de gordura corporal é

responsável por inúmeras complicações orgânicas, podendo inclusive levar a morte”.

Hoje em dia, a obesidade infantil constitui um dos problemas nutricionais mais

comuns que afetam quase todos os países do mundo. A obesidade infantil pode

acarretar o aparecimento de problemas de saúde no futuro e esse deve ser um dos

cuidados que os pais devem ter quando o assunto é alimentação saudável.

Os lanches mais populares na idade escolares são basicamente a base

de frituras ou alimentos com sabores intensos, doces e chocolates, produtos lácteos,

frutas, sucos e pão. A ingestão de alimentos industrializados entre as crianças está

relacionada ao aumento da ingestão calórica e da ingestão de gordura saturada,

colesterol e sal. Alguns fatores podem ser determinantes para a obesidade na

infância, como: desmame precoce, alimentação inadequada após o desmame,

emprego de formulas lácteas preparadas de forma inadequadas, distúrbios de o

comportamento alimentar, baixa auto-estima, sedentarismo e a enorme

suscetibilidade á propaganda consumista (SAMBATTI, 2004 apud BARBOSA).

Na faixa etária dos 7 aos 10 anos corresponde a uma das fases de maior

vulnerabilidade para o desenvolvimento da obesidade. Nesse período, o índice de

massa corporal aumenta rapidamente após um período de reduzida adiposidade

durante a idade pré-escolar e a "reposição" precoce, rápida e/ou intensa da

adiposidade pode indicar aumento do risco de obesidade nos períodos

subseqüentes de vida (MONDINI, 2007).

Nesse período, Mondini (2007) ressalta ainda que a criança além de

exercer pouco controle sobre o ambiente em que vive, como por exemplo, sobre a

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25

disponibilidade domiciliar de alimentos, ainda pode sofrer forte influência do hábito

alimentar e de atividade física de seus pais e familiares e estar sujeita às mudanças

nos padrões ambientais e de comportamento por causa da sua inserção no

ambiente escolar.

Sabe-se que os escolares estão num período de intensas mudanças

biológicas, psicológicas e sociais que por algum modo podem interferir no consumo

alimentar desta faixa etária. A preferência alimentar das crianças é por alimentos

com elevado teor de gorduras saturadas, colesterol e substancial quantidade de

sódio e carboidratos refinados, representado muitas vezes pela ingestão de batatas

fritas, alimentos de origem animais frito e bebidas com adição de açúcar (CARMO,

2006).

Segundo Fisberg (2004), um dos grandes problemas no mundo é o

excesso do consumo de gorduras e açúcar por escolares. A preferência por

alimentos industrializados está crescendo cada vez mais. As crianças preferem

trocar os lanches saudáveis por bolachas, batata frita, pizza, refrigerantes,

chocolates.

Esses alimentos industrializados (biscoitos, salgadinhos, refrigerantes,

chocolates, entre outros) podem trazer diversos problemas: as embalagens mal

lavadas podem causar doenças e a ingestão, em excesso, de alimentos que,

geralmente, carregam uma boa quantidade de conservantes e elementos químicos

também podem ser prejudiciais à saúde. Porém, isso não impede que de vez em

quando as crianças possam consumir esses alimentos, já que o problema aparece

quando o fato de comer esses alimentos toma-se um hábito freqüente na vida da

criança, pois os mesmos além de conter muitas calorias, não saciam a fome e

conseqüentemente fazem com que as crianças queiram comer além do que

necessitam (SAMBATTI, 2004 apud BARBOSA).

A escolha pode ser uma armadilha. Com certa idade, a criança já sabe o

que quer comer e começa a fazer suas próprias escolhas, muitas escolas possuem

lanchonetes que preparam refeições sedutoras, porém cheias de gorduras e

calorias. Deste modo, deve haver por parte dos envolvidos com as cantinas

escolares uma maior preocupação e uma mudança significativa em prol de uma

alimentação saudável (FISBERG, 2004).

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26

Segundo Lacerda (2005, apud ACCIOLY) é importante a responsabilidade

dos pais ao prepararem os lanches que seus filhos levam para a escola, sendo que

esses devem optar por uma alimentação saudável, baseada em alimentos naturais

como, por exemplo, as frutas.

Frente ao que foi abordado anteriormente, o tópico a seguir apresenta a

educação nutricional e construção de hábitos alimentares.

3.4 Educação nutricional e a construção de hábitos alimentares

Educar no campo da nutrição implica em criar novos sentidos e

significados para o ato de comer. Implica também em conhecer profundamente o

que é alimentação. Educar em nutrição é tarefa complexa que pode ser pensada

pelo paradigma da complexidade. Além da busca por certo conhecimento necessário

à tomada de decisões que afetam saúde, cabe analisar as atitudes e condutas

relativas ao universo da alimentação. Atitudes são formadas por conhecimentos,

crenças, valores e predisposições pessoais e sua modificação demanda reflexão,

tempo e orientação competente (FAGIOLI, 2006).

Segundo Leone (1994, apud CONCEIÇÃO), a educação nutricional deve

ser integrada aos programas de Educação da Saúde e não apenas transmitir

conhecimentos de nutrição, mais interferir no processo cultural de forma socialmente

aceitável, promovendo melhoria na saúde, eliminando praticas alimentares

insatisfatória, introdução de melhores condições de higiene e uso mais eficaz de

recursos alimentares.

Desse modo, compete à educação nutricional desenvolver estratégias

sistematizadas para impulsionar a cultura e a valorização da alimentação,

concebidas no reconhecimento da necessidade de respeitar, mas também modificar

crenças, valores, atitudes, representações, práticas e relações sociais que se

estabelecem em torno da alimentação (LEONE, 1994 apud CONCEIÇÃO).

A educação nutricional visa o acesso econômico e social a uma

alimentação quantitativa e qualitativamente adequada, que atenda aos objetivos de

saúde, prazer, convívio social. Iniciativas relativas ao incremento da qualidade da

alimentação e à educação nutricional podem estar contempladas dentro de projetos

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27

de promoção à saúde tais como criação de ambientes favoráveis à saúde, ações

comunitárias e reorientação dos serviços de saúde que ponham em relevo ações

destinadas a fomentar saúde, como também a formação de hábitos corretos de

alimentação (CONCEIÇÃO, 1994).

Sabe-se que as práticas alimentares são reflexos de fatores

socioeconômicos culturais que interferem de maneira positiva ou negativa

dependendo ou não de alternativas adequadas. Essas podem ser culturalmente

herdadas ou introduzidas através de métodos educativos efetivos (LEONE, 1994

apud CONCEIÇÃO).

No início da vida, todo ser humano possui algumas preferências inatas

pelo sabor doce, rejeitando os sabores amargos e azedos, bem como apresentam

uma resposta indiferente ao sabor salgado. A introdução de novos alimentos na

dieta infantil, desse modo, se defronta com a recusa natural desses alimentos,

especialmente quando se trata de alimentos com predominância dos sabores

rejeitados acima mencionados. Mas, de acordo com Ancona (2004), esta situação

pode ser modificada com a repetição de exposição ao novo alimento.

Ancona (2004) destaca também que muitas crianças rejeitam alimentos

necessários a sua nutrição, pois eles consomem o que lhe apetecem, preferindo os

de alto valor energético, ricos em carboidratos e gordurosos. Estes alimentos além

de possuir melhor palatabilidade, são freqüentemente consumidos em momentos de

diversão e prazer dos escolares.

Nesse sentido, o hábito alimentar da criança é extremamente importante,

pois quando incorreto refletirá diretamente no seu crescimento e no seu

desenvolvimento adequado. Para isso, a alimentação da criança deve conter todos

nutrientes necessários (carboidratos, energéticos, vitaminas e minerais,

reguladores), que são obtidos através de uma dieta equilibrada, que é composta dos

seguintes grupos: carnes, leite e derivados, frutas, legumes, verduras, cereais,

massas, pães (LEONE, 1994 apud CONCEIÇÃO).

Contribuindo, Conceição (1994) ressalta que o mais importante é que as

pessoas tenham hábitos alimentares corretos desde a infância, pois os resultados

seriam observados no adulto, já que se reconhece que os hábitos alimentares são

estabelecidos nos primeiros anos de vida.

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28

Os hábitos alimentares adequados são adquiridos pelos indivíduos nos

primeiros anos de idade e poderão ser os mesmos na idade adulta, se não houver

conscientização da importância de ter uma boa alimentação. Para fins de uma

reeducação alimentar os hábitos inadequados devem ser revertidos, e os bons

hábitos incentivados, pois os conflitos alimentares podem persistir se alguma atitude

não for tomada. Esta tarefa não é mais apenas dos pais, uma vez que a criança vai

crescendo, ganhando espaço e formando sua opinião sobre muitos fatos, entre eles,

a sua alimentação. Mas também passa a ser responsabilidade da escola, dos

professores e dos meios de comunicação, que através de seus programas e

anúncios publicitários influenciam na escolha alimentar das crianças (CONCEIÇÃO,

1994).

Muitas crianças almoçam ou lancham na escola e quando não consomem

a merenda escolar, trazem lanche de casa ou dinheiro para comprar os mesmos.

Crianças que trazem seu lanche de casa, muitas vezes, costumam levar na

lancheira alimentos ricos em calorias e pobres em nutrientes por serem esses mais

práticos, exemplo: refrigerantes, chips, bolacha recheada. As crianças que trazem

dinheiro para comprar seu lanche na cantina, na maioria das vezes, escolhem

alimentos desaconselháveis pelos nutricionistas, pois são pobres em nutrientes e

ricos em gorduras sem uma conscientização sobre os benefícios e malefícios que

estes alimentos podem causar, ficam propensos a escolher os alimentos pela

aparência ou modismo, sendo que suas preferências não terão assim nenhum

embasamento nutricional (CARMO, 2006).

Diante do que foi exposto acima se conclui que o papel da educação

nutricional é fazer com que a criança ingira certos alimentos importantes para sua

saúde, crescimento e também alertar sobre a gravidade de se ingerir em excesso

alimentos como os doces, que além de ter um valor nutricional questionável, ainda

são grandes causadores de cáries (LEONE, 1994 apud CONCEIÇÃO). Porém é de

suma importância apresentar alguns fatores que influenciam na construção dos

hábitos alimentares.

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29

3.4.1 Fatores que influenciam os hábitos alimentare s

Existem alguns fatores que influenciam direta e indiretamente na

construção dos hábitos alimentares das crianças, entre eles podem se citar: a família

e a mídia como os mais importantes influenciadores.

A família exerce papel de modelo na construção do hábito alimentar da

criança. Quando seus integrantes possuem hábitos adequados contribuem de

maneira decisiva para a evolução alimentar da criança. Este fato evidencia a

necessidade de a família adotar o comportamento alimentar que espera da criança,

embora seja freqüente observarmos a falta de esclarecimento de alguns pais que

exigem de seus filhos aceitação de alimentos que eles próprios não toleram

(GAGLIANONE apud ANCONA, 2004).

Os pais são responsáveis pela escolha do alimento a ser oferecido para a criança, pois esta não tem conhecimento suficiente para tal. Se uma criança recusa a alimentação oferecida, não deve dar alternativas alimentares justificando os motivos. Se a mesma estiver com fome consumira o alimento. Caso contrário, se há recusa da refeição ou de alguns alimentos, não é motivo de preocupação. A fome é um excelente estimulo para novas tentativas alimentares (LACERDA, 2005, apud ACCIOLY, p. 375).

Contribuindo com isso destaca-se também a proporção significativa de

crianças em idade escolar não é supervisionada de forma adequada pelos pais no

tocante ao número de refeições e lanches e a quantidade de alimentos que

consomem (TOJO, 1999).

Uma dieta familiar é satisfatória para a saúde da criança e proporciona

uma sólida base para o futuro quando a criança começa a passar sempre mais

tempo fora do lar, na escola e em outras atividades (TOJO, 1999).

Conforme Tojo (1999), outro fator influenciador de grande impacto no

modo de vida e nos hábitos alimentares das crianças é a mídia, particularmente a

transmitida pela televisão.

A televisão, como representante máxima da mídia, é um veículo utilizado

para o entretenimento e educação representando a maior fonte de informação sobre

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30

o mundo, influenciando o comportamento das pessoas, o que vestem, o que

pensam, como aparentam ser e o que comem (SICHIERI, 2007 apud COSTA).

Sabe-se que no correr de um ano, uma criança normal passa maior

tempo assistindo televisão do que estudando. Diante da televisão, uma criança ou

adolescente pode aprender concepções incorretas sobre alimentação saudável. E a

exposição de apenas 30 segundos de comerciais de alimentos é capaz de

influenciar a escolha de crianças a determinado produto (TOJO, 1999).

As propagandas televisivas estimulam as crianças a consumir alimentos e

refrescos, principalmente os industrializados, cujo valor nutritivo é limitado, tem alto

teor energético e tipicamente contêm grandes quantidades de gorduras, açúcar,

colesterol e sal e que fornecem pouco ou nenhum nutriente (TOJO, 1999).

Segundo Sichieri (2007, apud COSTA), os hábitos alimentares se

modificam, e muito rapidamente, sendo que a mídia possui o poder de construí-los,

como também de substituí-los.

Diante do que já foi exposto anteriormente, o tópico a seguir apresenta a

merenda escolar como um direito constitucional do ser humano, sendo destacada a

importância do PNAE como instrumento de garantia a esse direito.

3.5 A alimentação escolar como um direito

De acordo com o Ministério de Desenvolvimento Social, a alimentação

escolar saudável é um direito humano e precisa ser garantida às crianças e

adolescentes brasileiros. Para difundir essa idéia, o Fundo Nacional de

Desenvolvimento da Educação (FNDE) inicia uma campanha educativa com o envio

de 553 mil cartazes pedagógicos a toda a rede pública de educação infantil, ensino

fundamental e também o ensino médio. O intuito é conscientizar alunos, professores

e diretores sobre o direito dos estudantes a uma dieta adequada e nutritiva no

ambiente escolar. Os cartazes devem chegar as 170 mil escolas da rede oficial de

todo o país até o final do mês. Esse cartaz ainda foi traduzido para três línguas

(inglês, francês e espanhol) e foi distribuído às embaixadas dos países da América

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31

Latina e do Caribe, para que esse trabalho de conscientização também seja feito em

outras nações (BRASIL, 2008).

Conforme Brasil (2008) essa campanha brasileira reuniu os esforços dos

ministérios da Educação, do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, das

Relações Exteriores, da Saúde e da Secretaria Especial de Direitos Humanos e teve

repercussão positiva frente aos representantes dos trinta e três países que

participaram da conferência.

Nesse sentido, surgiram iniciativas do governo brasileiro relacionado á

alimentação escolar, dentre elas destacam-se a instituição do Serviço Central de

Alimentação, aproximação do Fundo Internacional de Socorro a Infância (FISI),

Comissão Nacional de Alimentação (CNA), que criou o Programa Nacional de

Merenda Escolar (PNME) e a Campanha da Merenda Escolar (CME) instituída em

1955, sendo essa um marco da historia na alimentação escolar, pois originou o

Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) (CHAVES, 1997).

O PNAE é um dos mais antigos programas sociais do governo federal,

gerenciado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE),

autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação e é considerado um dos

maiores programas do mundo na área da alimentação escolar, atendendo

aproximadamente 36 milhões de estudantes, o que equivale a 22% da população

brasileira, que freqüenta instituições públicas e filantrópicas da educação em todo o

Brasil (PEIXINHO, 2007).

De acordo com o MEC (2006), o valor per capta fornecido para as escolas

para ser direcionado a alimentação em 2003 passou de R$0,06 para R$0,13 em pré-

escolares e escolas filantrópicas, e para as creches R$0,18. Atualmente, o valor

repassado pela União, por dia letivo, é de R$0,22 por aluno. Com este valor pode-se

oferecer uma alimentação mais balanceada para os escolares, contendo uma

variedade maior de alimentos.

Os princípios norteados desse Programa é a universalização do

atendimento; o tratamento igual a todos os alunos, respeitando as diferenças

biológicas entre idades e as condições de saúde dos alunos; o respeito aos hábitos

alimentares, considerando as práticas tradicionais que fazem parte da cultura e da

preferência alimentar local; a continuidade da ação, visto que o atendimento se faz

durante 200 dias letivos do ano; e a descentralização da gestão, uma vez que os

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32

recursos federais são repassados diretamente aos Estados e Municípios,

responsáveis pela oferta da alimentação aos alunos (PEIXINHO, 2007).

O PNAE traz em suas diretrizes o emprego da alimentação saudável e

adequada, compreendendo o uso de alimentos variados e seguros para composição

dos cardápios oferecidos nas escolas, que ainda respeitem a cultura e as tradições

alimentares, contribuindo para resgate e a tradição cultural da região e das

populações tendidas (CHAVES, 2007).

3.6. Relação entre a alimentação oferecida pela can tina da escola e a

trazida de casa.

Os pais se preocupam com seus filhos, porém, longe da fiscalização dos

mesmos, as cantinas das escolas se transformaram em um “parque de diversões”,

onde se pode consumir o que se deseja. No espaço da escola, as crianças

consomem os salgadinhos e as guloseimas que, aliados ao sedentarismo,

colaboram significativamente para o aumento do índice da obesidade (BRASIL,

2008).

Devido à falta de tempo dos pais, as crianças não levam mais a

tradicional lancheira para a escola, não participando na escolha dos alimentos que o

seu filho vai comer no período em que está na escola. Com efeito, as cantinas

escolares oferecem lanches, doces e salgados que contribuem para o aumento das

taxas de obesidade, um passo para o surgimento de doenças como o diabete e

outras doenças associadas ao excesso de peso (BRASIL, 2008).

Segundo alguns nutricionistas, há pais que, por comodidade, costumam

optar por lanche mais fácil de ser preparado, que invariavelmente incluem produtos

industrializados, como biscoitos, chocolates e salgadinhos, mas esses alimentos têm

poucos nutrientes, além de serem ricos em gorduras e calorias. Uma opção é

incentivar os pequenos a prepararem seu próprio lanche, guiando-os para os

alimentos mais nutritivos. A idéia é educar as crianças de maneira que saibam o

valor dos alimentos que contêm vitaminas e sais minerais e que não engordam

(BRASIL, 2008).

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33

Conforme BRASIL (2008), o lanche na escola deve suprir cerca de 15%

das necessidades diárias de uma criança. Sendo que Por isso, o lanche deve

contemplar um equilíbrio de nutrientes, no qual os pais devem optar por alimentos

mais saudáveis como os cereais, frutas, verduras e alimentos ricos em proteínas

como o leite, queijo ou iogurte.

Para crianças que permanecem o período integral na escola, o consumo

de nutrientes deve ser duplicado. O ideal é que, no almoço, ela consuma entre 700 e

800 calorias. “Um almoço saudável deve conter: verduras cozidas ou uma salada,

uma porção de carne, de preferência branca, como peixe, peru ou frango, e uma

sobremesa. Coxinhas, pastéis e outras frituras não devem substituir uma refeição

normal” (BRASIL, 2008).

Para os nutricionistas, os alimentos vendidos na cantina têm de ser alvo

de um freqüente controle. Felizmente, esse já é um cuidado que está se tornando

habitual em muitas escolas do país (BRASIL, 2008).

É importante afirmar que a criança pode até comer um hambúrguer

assado, desde que não venha acompanhado de batatas fritas. Ela pode também se

alimentar com biscoitos recheados, desde que não coma o pacote inteiro. Outra

orientação é evitar o consumo de refrigerantes, preferindo sucos e achocolatados

(BRASIL, 2008).

Diante de tudo o que foi exposto pode-se concluir que a construção de

hábitos saudáveis age como um fator de prevenção de futuras doenças, sendo neste

caso ainda considerada como o melhor remédio.

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34

4. METODOLOGIA

4.1. Desenho do estudo

A presente pesquisa constitui-se de um trabalho cientifico, cuja

classificação quanto à natureza é básica, descritiva, transversal, com abordagem

quantitativa e coleta de dados primários.

4.2. População e amostra

Esta pesquisa foi realizada na cidade de Araranguá, estado de SC, com

população de sessenta e dois mil quatrocentos e quarenta (62.440) habitantes

(IBGE, 2007). Distante 210 km de Florianópolis e 220 km de Porto Alegre (capital do

estado do Rio Grande do Sul), estando nas margens da BR101, no extremo sul

catarinense. A principal atividade econômica é o comércio e a agricultura.

A população envolvida nessa pesquisa foi de escolares do município de

Araranguá. Hoje a população de escolares é de dezoito mil seiscentos e trinta e oito

(18.638) matriculados no ensino fundamental. O município conta com dez (10)

escolas municipais, trinta e seis (36) escolas estaduais e oito (08) escolas privadas

(IBGE, 2007).

Realizou-se uma amostra de conveniência com a escolha de uma escola

pública e uma escola privada, onde foram entrevistados vinte (20) alunos em cada

escola.

4.3. Critérios de inclusão e exclusão

A escolha da amostra teve como critério principal alunos do ensino

fundamental com 7 a 10 anos de idade.

Esse critério (idade) teve como base o fato de muitos dos alunos que

pertencem a essa faixa etária levarem lanches, para consumir no recreio.

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35

4.4. Instrumento de obtenção de dados

Como instrumento de pesquisa foi adaptado o Questionário de

Freqüência Alimentar do Ministério da Saúde (APÊNDICE A) e o Questionário

Socioeconômico (APÊNDICE B).

O questionário de freqüência alimentar foi aplicado junto aos alunos, com

o objetivo de comparar os alimentos que os mesmos levam de lanche e identificar

qual das duas escolas (pública e privada) possui maior consumo de alimentos

industrializados.

O questionário socioeconômico foi aplicado com os pais dos alunos, e é

composto por três (03) perguntas abertas e uma (01) pergunta fechada.

4.5. Forma de obtenção de dados

Primeiramente, foi realizado o contato com a direção das escolas

solicitando o espaço e a disponibilidade para a realização dos estudos, através de

um Oficio de Declaração (APÊNDICE C).

Em seguida foi enviado para os pais através dos alunos o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE D) e o questionário socioeconômico.

Estes voltaram assinados e preenchidos.

Para realizar propriamente a coleta de dados a pesquisadora entrevistou

os escolares, no momento do recreio. Participarão apenas os alunos que trouxeram

o termo de consentimento e o questionário socioeconômico preenchido pelos pais.

4.6. Forma de análise dos dados

Os dados foram totalizados no programa EPIDATA e analisados no SPSS

17.0, analisados quantitativamente por intermédio de tabelas e gráficos, tomando

por base o referencial teórico, onde se procurou responder a problemática da

pesquisa.

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36

4.7. Aspectos éticos

A coleta de dados ocorreu, após aprovação do Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC) (ANEXO A).

Os preceitos éticos a serem obedecidos e relacionados á Resolução 196,

de 10 de outubro de 1996 do Conselho Nacional de Saúde, foram encontrados no

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Os escolares e seus pais convidados participaram do estudo de forma

voluntaria, e suas identidades permaneceram anônimas.

4.8. Limitações do estudo

Por ser a pesquisa com amostra de conveniência, a mesma pode

apresentar alguns fatores de limitação, como por exemplo, a impossibilidade de

generalização.

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37

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Este capítulo tem por objetivo apresentar os resultados obtidos com a

aplicação dos questionários. Os resultados foram subdivididos em perfil sócio

econômico da família dos escolares, caracterização dos escolares, alimentos que

são levados com maior freqüência para os lanches, compram lanches na cantina

escolar, preferência por determinados alimentos, avaliação da freqüência alimentar

dos escolares e escolares que não consomem lanche no período que estão na

escola.

5.1. Perfil socioeconômico das famílias dos escolar es

Conforme questionário sócio econômico aplicado as famílias dos

escolares, os dados coletados apontaram que o número de pessoas que moram na

mesma casa com o escolar da escola privada foi de 3,9 (± 0,9) enquanto que na

escola pública é de 4,5 (± 1,2) pessoas. Na seqüência, o número de pessoas que

trabalham foi respectivamente de 1,75 (± 0,5) e 2,1 (± 0,7) pessoas.

A renda média das famílias da escola privada ficou em R$ 3.615,37 (±

2.119,79), sendo o salário mais baixo de R$ 1.200,00 e o mais alto de R$ 8.000,00

com per capta de R$ 880,80 (± 376,44). Na escola pública a renda média das

famílias foi de R$ 1.805,00 (± 935,40) variando os salários de R$ 600,00 á 4.000,00.

A renda per capta foi de R$ 454,91 (± 300,36).

Quando comparadas a renda per capta, e tomando-se por base o salário

mínimo brasileiro (R$ 465,00), percebe-se grande diferença entre os escolares, onde

a renda per capta da escola privada chegou a quase 2 salários mínimos e a escola

pública foi inferior a um salário mínimo (MINISTERIO DO TRABALHO E DO

EMPREGO, 2009).

Tendo como base os dados coletados em relação a escolaridade dos pais

e das mães dos escolares, a amostra estudada apresentou 5% (n=1) de analfabetos

na escola pública, enquanto na escola privada nenhum caso de analfabeto e um

maior percentual de entrevistados com grau de escolaridade elevado.

De acordo com um estudo realizado pelo Ministério da Saúde (2006),

cada vez mais está diminuindo o número de pessoas analfabetas no Brasil. Nesse

Page 38: 00003E17

38

estudo constatou-se que em 1992 havia 17%, em 1996 havia 15% e em 1999 havia

13% de analfabetos no Brasil.

Conforme pode ser observado na Tabela 1, os pais da escola privada têm

um maior percentual de escolaridade entre o Ensino Superior incompleto e Ensino

Superior completo e quando somados totalizam 60% (n=12) dos pais com Ensino

Superior. Já os pais da escola pública o maior grau de escolaridade fica no Ensino

Fundamental incompleto, representando um quarto desta população (25%). O

Ensino Médio completo e Ensino Superior completo ficam com 20% (n=4) cada,

estando, portanto abaixo do grau de escolaridade dos pais da escola privada.

De acordo com o grau de escolaridades das mães dos escolares da

escola privada o Ensino Médio completo se apresenta com 20% (n=4), já o Ensino

Superior incompleto e Ensino Superior completo quando somados também totalizam

60% (n=12) da amostra. As mães da escola pública ficaram com seu maior

percentual em Ensino Médio completo com 45% (n=9).

Tabela 1 – Grau de escolaridade do pai e da mãe dos escolares de acordo com escola pública e privada, Araranguá, SC, 2009.

Fonte: dados da pesquisadora (2009)

Indicadores Escola Privada Escola Pública Escolaridade do pai n % n % Analfabeto 0 0 1 5.0 Ensino Fund. Incompleto 2 10.0 5 25.0 Ensino Fund. Completo 2 10.0 2 10.0 Ensino médio Incompleto 1 5.0 2 10.0 Ensino médio Completo 2 10.0 4 20.0 Ensino superior Incompleto 6 30.0 0 0 Ensino superior Completo 6 30.0 4 20.0 Não responderam 1 5.0 2 10.0 Escolaridade da mãe n % n % Analfabeto 0 0 1 5.0 Ensino Fund. Incompleto 1 5.0 2 10.0 Ensino Fund. Completo 2 10.0 1 5.0 Ensino médio Incompleto 0 0 3 15.0 Ensino médio Completo 4 20.0 9 45.0 Ensino superior Incompleto 4 20.0 2 10.0 Ensino superior Completo 8 40.0 2 10.0 Não responderam 1 5.0 0 0

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39

Observou-se que não ocorreu grande diferença entre o grau de

escolaridade dos pais e mães dos escolares da escola privada, enquanto que na

escola pública as mães têm no Ensino Médio completo duas vezes mais do que os

pais. E se for comparadas às duas escolas, a escola privada apresenta um maior

grau de escolaridade dos pais.

5.2. Caracterização dos escolares

De acordo com os dados coletados a idade dos escolares da escola

privada compreende uma média de 8 anos e 4 meses e na escola pública essa

média é de 8 anos e 2 meses.

Com relação ao sexo dos escolares da escola privada, os dados

apresentaram 65% (n=13) do sexo feminino e 35% (n=7) masculino e na escola

pública foram encontrados 60% (n=12) do sexo masculino e 40% (n=8) do sexo

feminino. Esses dados demonstram que na escola privada é mais freqüente o sexo

feminino e na escola pública o sexo masculino.

Ao questionar os escolares se eles assistem televisão, constatou-se que

sim, sendo que 100% (n=20) dos escolares da escola privada assistem em média

03h e 29min e 95% (n=19) dos escolares da escola pública assistem em média 04h

e 10min diariamente.

Em um estudo feito por Rossi (2008), com escolares do Ensino

Fundamental constatou-se que, independentemente do sexo, da disposição de

leitura, de fatores étnicos e nível de escolaridade dos pais, a televisão se relaciona

positivamente às opiniões erradas sobre os alimentos, à nutrição e a maus hábitos

alimentares. Nesse estudo constatou também que as crianças assistiam entre 21 a

22 horas semanais de televisão, das quais, aproximadamente, 3 horas

correspondiam às propagandas de alimentos. Em 91% dos casos, esta publicidade

mencionava alimentos com alto teor de gordura, de açúcar, de sal, bem como

alimentos industrializados.

Ao questionar os escolares se o tempo do recreio é suficiente para fazer o

seu lanche, obteve-se 85% (n=17) de afirmação na escola privada e 75% (n=15) na

escola pública. E em relação ao lugar em que eles preferem fazer o lanche, 95%

(n=19) dos escolares da escola privada afirmaram o refeitório, enquanto que na

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40

escola pública 50% dos escolares responderam o refeitório e 40% (n=8) o banco ao

lado da sala de aula.

5.3. Alimentos que são levados com maior freqüência para os

lanches

Os escolares foram questionados se trazem lanche de casa ou se

compram na cantina da escola, sendo que as opções de respostas são as seguintes:

sim, não e às vezes.

Os dados coletados apresentam os seguintes percentuais; na escola

privada 50% (n=10) dos escolares trazem lanche de casa; 35% (n=7) às vezes

trazem e 15% (n=3) não trazem; e na escola pública 45% (n= 9) dos escolares

trazem às vezes, 40% (n=8) trazem lanche de casa e 15% (n=3) não trazem. Como

pode se observar grande parte dos escolares traz o seu lanche de casa ou às vezes

trazem, totalizando 85% (n=17) em ambas as escolas.

Em um estudo realizado por Teixeira (2008), os dados encontrados são

semelhantes com os deste estudo, pois ao realizar o mesmo questionamento aos

escolares (n=49), os percentuais obtidos nas respectivas respostas foram 26,5%

(n=13) trazem 16,3% (n=8) não trazem e 57,1% (n=28) às vezes trazem. Entre os

diversos alimentos que os escolares trazem, foi citado principalmente, bolacha, suco

artificial, salgadinho frito, achocolatado e alimentos industrializados.

Ao questionar os escolares em relação aos alimentos que trazem como

lanche, foi mencionado pelos escolares da escola privada: suco artificial (n=9), pizza

(n=7) bolacha recheada (n=6), salgadinhos fritos (n=5) e o achocolatado (n=3) cuja

classificação corresponde aos alimentos industrializados, aos cereais e ao leite.

Enquanto que os escolares da escola pública citaram os seguintes alimentos: suco

artificial (n=10), chips (n=6), walfer (n=6), pão (n=4), bolacha recheada (n=4) e

refrigerante (n=3), todos pertencentes à classificação de alimentos industrializados.

Em um estudo realizado por Carvalho (2001), constatou-se que está

ocorrendo um desequilíbrio entre os alimentos que estão disponíveis na casa das

pessoas, devido a uma grande presença de industrializados. O estudo identificou

uma grande semelhança entre os entrevistados, pelo grande consumo dos mesmos

alimentos industrializados, ou seja, doces, refrigerante e gorduras.

Page 41: 00003E17

41

Em outro estudo, feito por Carmo (2006), sobre o consumo alimentar de

adolescentes, constatou-se que a ingestão alimentar entre os entrevistados foi

elevada em relação aos produtos industrializados.

O grande consumo de alimentos com alto teor de calorias “mortas”, ou

seja, sem nutrientes essenciais para esta faixa etária, desenvolve obesidade,

sobrepeso e até mesmo doenças crônicas como o colesterol, dislipidemias,

hipertensão e diabetes.

No mesmo estudo citado anteriormente realizado por Carmo (2006),

constatou-se que o aumento na prevalência de obesidade tem sido observado nos

Estados Unidos e em diversos países, entre todos os estágios de vida, com

destaque para sua ocorrência entre os pré-escolares. Tendo em vista que a

obesidade na infância freqüentemente persiste na vida adulta.

De acordo com os escolares questionados a maioria deles ajuda a

escolher o que vai ser levado de lanche para escola, sendo que na escola privada

95% (n= 19) dos escolares ajudam na escolha do alimento e na escola pública 85%

(n=17) ajudam. Os que não ajudam a escolher o lanche relataram que não levam

lanche para escola, comem o que a escola oferece ou compram na cantina.

5.3.1 Compram lanches na cantina escolar

As duas escolas entrevistadas têm cantinas, onde boa parte dos

escolares compra o seu lanche. Quando questionados se compram lanche na

cantina, obteve-se um percentual de 25% (n=5) dos escolares da escola privada de

afirmação, 65% (n=13) compram somente às vezes e 10% (n=2) não compram. Se

juntar as respostas sim e às vezes se tem um percentual de 90% (n=18) dos

escolares que compram os seus lanches na cantina da escola privada.

Na escola pública 5% (n=1) dos escolares responderam que sim, 80%

compram ás vezes e 15% (n=3) não compram lanche na cantina. Unindo as

respostas sim e às vezes se tem 85% (n=17) dos escolares que compram lanche na

cantina da escola pública.

Sabe-se que a maioria dos escolares compra lanche na cantina escolar,

esses dados também foram observados em um estudo realizado por Teixeira (2008),

onde os escolares (n=28) das respectivas escolas mencionadas ao serem

Page 42: 00003E17

42

questionados se compravam alimentos da cantina, 39,3% (n=11) responderam que

sim, 46,4% (n=13) que não e 14,3% (n=4) que às vezes compravam. Em relação

aos tipos de alimentos que mais compravam na cantina escolar estão o chocolate

em barra, o cachorro-quente, o suco artificial e a pizza.

Nessa pesquisa em relação aos lanches comprados na cantina pelos

escolares da escola privada estão presentes: sucos naturais (n=10), cachorro-

quente (n=7), doguinho (rolo de massa de pão com salsicha) (n=5), bolo de

chocolate com cobertura (n=4) e o bolo simples (n=4), cuja classificação de acordo

com os grupos de alimentos são frutas e cereais. E na escola pública os alimentos

citados pelos escolares foram: a pizza (n=9), o suco natural (n=8), o salgadinho

industrializado de pacote (n=5), o refrigerante (n=4) e o chocolate em barra (n=4),

sendo esses alimentos classificados como cereais, frutas e industrializados.

Desse modo, Carmo (2006) ressalta que é comum, as cantinas das

escolas venderem alimentos com baixo valor nutricional e industrializado, já que

esses possuem a preferência dos escolares.

Segundo um estudo realizado por Martins (2004), os escolares estão

trocando a merenda oferecida pela escola que é balanceada, preferindo comprar o

lanche na cantina.

No estado de Santa Catarina, atualmente existe uma legislação que

proíbe às cantinas de venderem alimentos que são prejudiciais à saúde dos

escolares e elas devem vender alimentos naturais, como: suco natural, sanduíche

natural, assados. (MEC, 2006). Mas esta não é a nossa realidade, podendo ser

observada no presente estudo.

5.4. Preferência por determinados alimentos

Dos escolares entrevistados também se verificou quais são os alimentos

que mais gostam de comer e quais os que menos gostam.

Para um melhor entendimento e visualização os alimentos citados foram

listados abaixo conforme o tipo e o número absoluto. Para organizar a lista e

visualizar melhor foram separados por grupo de alimentos e apresentados em

gráficos como cereais (bolos, massa, cachorro-quente, arroz, lasanha, sanduíche,

pão, panqueca, pastel assado, batata, aipim e polenta), hortaliças (milho, legumes,

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43

sopa de legumes, salada, repolho, cenoura, vagem, chuchu, tomate, alface e

pepino), frutas (frutas, suco natural, mamão, Maca e melancia), leite e derivados

(iogurte, achocolatado e vitaminas de frutas), carnes e ovos (ovo, peixe, bife, peito

de frango, carne vermelha, almôndega e fígado de boi), leguminosas (feijão), óleos e

gorduras (batata frita, xis e folhados), açucares e doces (nega maluca e torta) e

produtos industrializados (pizza, bolacha/ biscoito doce e salgado, doce de leite,

chips, chocolate e maionese).

Os alimentos que os escolares mais gostam na escola privada são os

seguintes: massa (n=7), feijão (n=7), cachorro-quente (n=5), pizza (n=5), arroz (n=5),

batata frita (n=5), peixe (n=3), peito de frango (n=3), nega maluca (n=3), bife (n=2),

carne vermelha (n=2), frutas (n=2), lasanha (n=2), ovo (n=2), sanduíche (n=2),

bolacha salgada e doce (n=1), chocolate (n=1), pão (n=1), panqueca (n=1), chips

(n=1), pastel assado (n=1), almôndega (n=1), legumes (n=1), suco natural (n=1),

doce de leite (n=1), milho (n=1), batata (n=1), purê de batata (n=1) e iogurte (n=1).

Já na escola pública foram citados: carne vermelha (n=13), feijão (n=9),

arroz (n=9), massa (n=5), batata frita (n=4), frutas (n=4), sopa (n=2), cachorro

quente (n=2), pizza (n=2), milho (n=2), ovo (n=2), salada (n=2), bolacha salgada e

doce (n=1), bolo (n=1), xis (n=1), maionese (n=1), repolho (n=1), nega maluca (n=1),

peito de frango (n=1), leite com achocolatado (n=1), cenoura (n=1), batata (n=1),

peixe (n=1), bife (n=1), chips (n=1) e mamão (n=1).

Esses alimentos foram organizados em grupos alimentares e

apresentados no Gráfico 1 (abaixo) visando a comparação entre as escolas em

relação aos alimentos que os escolares mais gostam. Percebe-seu um grande

consumo de cereais na escola privada com 41% de preferência e na pública essa

preferência foi de 31%, as carnes respectivamente em 20% e 30%, os

industrializados 23% e 11%, leguminosas 11% e 14%, frutas 6% e 8%, açúcar 7% e

3%, leite 3% e 1%, e a hortaliça 9% e os óleos 5% foram citados apenas pelos

escolares da escola pública.

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44

Gráfico 1 : Alimentos que os escolares mais gostam, Araranguá, SC, 2009.

Fonte: dados da pesquisadora (2009)

Como pode ser observado os alimentos que os escolares da escola

privada preferem mais que os da escola pública, são os alimentos mais caloricos,

mostrando que o lanche destes escolares é precário em vitaminas e minerais, sendo

que esses são essenciais para uma boa saude e por isso deveriam ser consumidos

em menor quantidade.

Os escolares da escola pública citaram como os alimentos que devem

estar presente na mesa das pessoas para se ter uma alimentação balanceada,

mostrando que os lanches deles são mais variadas em nutrientres. Porém, eles

também consomem alimentos industrializados, gordurosos, doces, sendo que em

menor número que os da escola privada.

Em um estudo feito com o consumo alimentar de crianças por Barbosa

(2005), constatou-se que as práticas de alimentação são importantes determinantes

das condições de saúde na infância e estão fortemente condicionadas ao poder

aquisitivo das famílias, do qual dependem a disponibilidade, a quantidade e a

qualidade dos alimentos consumidos.

Um artigo já públicado mostrou que 14,0% dos entrevistados de nível

econômico baixo consomem mais os alimentos industrializados, sendo que entre os

escolares de classe média, o pastel assado foi o favorito, bem como o suco de frutas

(DALLA COSTA, 2007). Esses dados apresentam uma situação diferente do

presente estudo.

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45

De acordo com a presente pesquisa realizada com os escolares para

saber quais alimentos eles menos gostam de comer, na escola privada constatou-se

que esses alimentos são as verduras (n=4), o feijão (n=4), o mamão (n=2), a

maionese (n=2), a batata (n=2), a sopa (n=1), o folhado (n=1), a torta (n=1), o peito

de frango (n=1), a vagem (n=1), o arroz (n=1), a vitamina de frutas (n=1), a maçã

(n=1), as frutas (n=1), a salada (n=1), os legumes (n=1), o peixe (n=1), o leite (n=1),

o chuchu (n=1), o tomate (n=1), a carne vermelha (n=1), o alface (n=1), o aipim (n=1)

e a cenoura (n=1).

E na escola pública os alimentos mais citados foram: salada (n=8), massa

(n=3), feijao (n=3), arroz (n=3), frutas (n=2), bolacha salgada e doce (n=1), peito de

frango (n=1), verduras (n=1), aimpim (n=1), pepino (n=1), polenta (n=1), melancia

(n=1), chuchu (n=1), figado de boi (n=1), batata (n=1) e peixe (n=1).

Como pode ser observado no Gráfico 2, os escolares da escola privada ao

serem comparados com os da escola pública, menos gostam de hortaliças 42% na

escola privada e 37% na escola pública, os cereais correspondem respectivamente a

8% e 27%, as frutas 16% e 10%, leguminosa 16% e 10%, as carnes 8% e 13%,

industrializados são 3% em ambas as escolas e o restante dos grupos alimentares

são citados somente pelos escolares da escola privada onde o leite foi 2%, os óleos

2% e os açucares 3%.

GRÁFICO 2: Alimentos que os escolares menos gostam, Araranguá, SC,2009.

Fonte: dados da pesquisadora (2009)

Page 46: 00003E17

46

Como pode ser observado acima os alimentos que os escolares menos

gostam são os essenciais para se ter uma boa saúde, ou seja, são os alimentos

importantes para se ter um crescimento e um desenvolvimento saudável.

Quando comparados os graficos 1 e 2, percebe-se que as hortaliças na

escola privada não foram nem mencionadas, quanto as frutas a escola pública

apresenta uma preferencia maior.

Em um estudo feito por Carvalho (2001), foi verificado a existência de

hábito alimentar inadequado para os estudantes investigados. Embora haja grande

diversificação na alimentação dos mesmos, constatou-se a presença marcante de

alimentos gordurosos, ricos em açúcares, com pouca fibra e de pouco valor

nutricional.

5.5. Avaliação da freqüência alimentar dos escolare s

O Questionário de Freqüência Alimentar (QFA) é considerado como um

dos principais instrumentos utilizados para coleta de dados dietéticos (FISBERG,

2008). O elemento essencial do QFA é capturar a probabilidade de consumo da

maioria dos alimentos, em um determinado período pregresso de tempo, em geral.

Conforme o QFA aplicado com os escolares, pode-se avaliar com que

freqüência eles consomem determinados alimentos, durante os 5 dias que

antecederam a pesquisa.

Os dados coletados com os escolares da escola privada referente à

freqüência alimentar podem ser observados na Tabela 2.

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47

Tabela 2 – Freqüência alimentar da escola privada, Araranguá, SC, 2009.

Alimento

Não comi nos últimos 5

dias

1 dia nos últimos 5

dias

2 dias nos últimos 5

dias

3 dias nos últimos 5

dias

4 dias nos

últimos 5 dias

Todos os últimos 5

dias

n % n % nº % nº % nº % nº %

Frutas, salada de frutas ou suco natural

4

20.0

2

10.0

-

-

9

45.0

-

-

5

25.0

Suco artificial 5 25.0 3 15.0 2 10.0 3 15.0 2 10.0 5 25.0

Refrigerantes 6 30.0 5 25.0 2 10.0 2 10.0 4 20.0 1 5.0

Leite, iogurte, achocolatados

2

10.0

2

10.0

2

10.0

4

20.0

-

-

10

50.0

Salgados fritos

(coxinha, quibe, pastel,

etc.) 8

40.0

7

35.0

2

10.0

2

10.0

-

-

1

5.0

Bolacha/ biscoito salgado

4

20.0

5

25.0

2

10.0

-

-

2

10.0

7

35.0

Bolacha/ biscoito doce

9

45.0

4

20.0

2

10.0

1

5.0

-

-

4

20.0

Bolacha/ biscoito

recheado, doces, balas, chocolate ou

sorvete

2

10.0

6

30.0

3

15.0

-

-

2

10.0

7

35.0

Salgadinhos de pacote

(tipo “chips”) 10

50.0

6

30.0

3

15.0

1

5.0

-

-

-

-

Bolo, pizza, sanduíches ou cachorro

quente 3

15.0

3

15.0

3

15.0

3

15.0

4

20.0

4

20.0

Pipoca ou amendoim

16

80.0

1

5.0

2

10.0

-

-

1

5.0

-

-

Fonte: dados da pesquisadora (2009)

O questionário com os dados de freqüência alimentar coletados nos

escolares da escola pública podem ser observados na Tabela 3.

Page 48: 00003E17

48

Tabela 3 – Freqüência alimentar da escola pública, Araranguá, SC, 2009.

Fonte: dados da pesquisadora (2009)

De acordo com esses dados a freqüência alimentar de frutas, salada de

frutas ou suco natural, (Tabelas 2 e 3) o maior consumo destes alimentos foi de 3

dias nos últimos 5 dias em ambas as escolas. O grupo das frutas tem grande

importância na alimentação, como fonte de minerais, vitaminas, fibras alimentares,

antioxidantes e fitoquímicos, que protegem o organismo contra o envelhecimento

precoce, a aterosclerose e alguns tipos de câncer (JORGE, 2008), por isso deveriam

ser consumidas todos os dias, todavia nessa pesquisa as frutas foram bastante

citadas pelos escolares.

Alimento Não comi nos últimos 5 dias

1 dia nos últimos 5 dias

2 dias nos últimos 5 dias

3 dias nos últimos 5 dias

4 dias nos últimos 5 dias

Todos os últimos 5 dias

Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %

Frutas, salada de frutas ou suco natural

3

15.0

3

15.0

4

20.0

6

30.0

-

-

5

25.0

Suco artificial 1 5.0 - - 1 5.0 1 5.0 3 15.0 14 70.0

Refrigerantes 4 20.0 10 50.0 2 10.0 3 15.0 1 5.0 - -

Leite, iogurte, achocolatados

-

-

2

10.0

2

10.0

2

10.0

4

20.0

10

50.0

Salgados fritos (coxinha, quibe, pastel, etc.)

10

50.0

3

15.0

4

20.0

2

10.0

1

5.0

-

-

Bolacha/ biscoito salgado

8

40.0

3

15.0

1

5.0

3

15.0

2

10.0

3

15.0

Bolacha/ biscoito doce

8

40.0

1

5.0

2

10.0

2

10.0

-

-

7

35.0

Bolacha/ biscoito recheado, doces, balas, chocolate ou sorvete

3

15.0

7

35.0

3

15.0

3

15.0

-

-

4

20.0

Salgadinhos de pacote (tipo “chips”)

10

50.0

4

20.0

2

10.0

2

10.0

-

-

2

10.0

Bolo, pizza, sanduíches ou cachorro quente

4

20.0

6

30.0

4

20.0

3

15.0

-

-

3

15.0

Pipoca ou amendoim

13

65.0

2

10.0

3

15.0

1

5.0

1

5.0

-

-

Page 49: 00003E17

49

Conforme o grupo do suco artificial como se observa nas Tabelas acima o

maior consumo da escola privada se divide em não comeu em nenhum dos últimos

5 dias e todos os últimos 5 dias, sendo o mesmo percentual. E para escola pública

foi de que comeu todos os últimos 5 dias. Em relação a este grupo, o mesmo

deveria sem consumido em menor quantidade, pois são bebidas ricas em açúcar,

corantes e calorias. Estes alimentos industrializados consumidos de forma

inadequada, em excesso podem comprometer a saúde nesta fase e na idade adulta

também. Além disso, os hábitos adquiridos com o aumento do consumo de

alimentos industrializados podem reduzir o consumo de alimentos "in natura"

(AQUINO, 2002).

Já para o grupo dos refrigerantes (Tabelas 2 e 3), o maior percentual na

escola privada foi de que os escolares não consumiram este alimento nos últimos 5

dias, e o da escola pública foi de 1 dia nos últimos 5 dias. Sendo muito bom este

resultado, pois este alimento deve ser evitado, pois a ingestão de bebidas

adicionadas de açúcar, rica em calorias e industrializadas podem contribuir para

ganho de peso, sendo associada ao desenvolvimento da obesidade na infância

(CARMO, 2006).

Em relação ao leite, ao iogurte e aos achocolatados os escolares de

ambas as escolas consumiram todos os dias nos últimos 5 dias. Como se sabe o

leite é importante no crescimento do escolar, pois ele é rico em cálcio e proteinas,

auxiliando na saúde óssea, bem como é recomendado em casos de doenças

crônicas não transmissíveis, prevenção de doenças como à osteoporose, a

hipertensão arterial, a obesidade e o câncer de cólon (PEREIRA, 2009; BARBOSA,

2004).

De acordo com os dados coletados sobre a frequência alimentar do gupo

dos salgadinhos fritos, como: coxinhas, quibe, pastel, o resultado encontado foi

eficaz, pois em ambas escolas os escolares não consumiram esses alimentos nos

últimos 5 dias. Esse fato é de grande importância, sendo que ao não consumir as

frituras e as gorduras, os escolares evitaram o desenvolvimento da obesidade,

sendo essa considerada como o mais importante fator de risco conhecido para as

doenças cardiovasculares na vida adulta, apresentando uma crescente prevalência,

associada às mudanças no modo de viver e maior consumo alimentar inadequado

(GAMA, 2007).

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50

Em relação ao consumo de bolacha/biscoito salgado e doce a escola

privada teve seu maior percentual em todos os últimos 5 dias e a escola pública não

consumiu nos últimos 5 dias. A partir disso pode-se observar que as crianças da

escola privada preferem mais alimentos mais caloricos e gordurosos. Nesse grupo

(bolachas/biscoitos recheados, doces, balas, chocolate ou sorvete), a escola privada

possui o maior percentual nos escolares que consumiram todos os últimos 5 dias. E

na escola pública foi de que os escolares consumiram 1 dia nos últimos 5 dias. Isso

mostra a grande preferência por alimentos que deveriam estar fora ou ser

consumido em menos freqüência pelos escolares, pois estes são ricos em “calorias

mortas” que não oferecem os nutrientes (vitaminas, minerais, cálcio, fibras, ferro)

importantes para o desenvolvimento geral dos escolares (ANCONA, 2004).

Em relação à freqüência alimentar dos salgadinhos de pacote, os

famosos “chips”, os escolares de ambas as escolas não consumiram nos últimos 5

dias. Sendo bem satisfatório o resultado encontrado, pois a maioria dos escolares

não tem uma freqüência alimentar por estes produtos, que fornecem muitas calorias

e poucos nutrientes (BARBOSA, 2004).

Em relação ao grupo dos bolos, pizzas, sanduíches ou cachorro quente,

os escolares têm uma freqüência bem grande em consumir estes alimentos. Como

pode ser observado nas Tabelas 3 e 4, os itens ficaram quase com o mesmo

percentual em ambas as escolas e os dias que foram consumidos. Estes alimentos

podem fazer parte da dieta do escolar, pois são ricos em carboidratos que tem como

função fornecer a energia necessária ao organismo e são fundamentais no processo

do crescimento (ANCONA, 2004).

Conforme o grupo da pipoca, que é um carboidrato rico em fibra e o

amendoim, que contém gorduras boas que diminuem os níveis de LDL. Em ambas

as escolas o percentual ficou maior em que não consumiram nos últimos 5 dias.

Estes por serem alimentos que não estão tão presentes na dieta do escolar, são

consumidos mais raramente.

Page 51: 00003E17

51

5.6. Escolares que não consomem lanche no período q ue estão na

escola

Dos 40 escolares entrevistados todos consomem lanche quando estão na

escola. Sendo que alguns levam de casa, outros compram na cantina ou ainda

comem a merenda oferecida pala escola.

Segundo um estudo feito por Cano (2006), os escolares consomem algum

tipo de alimento no período que estão estudando, mesmo sendo os oferecidos pela

escola ou trazidos de casa.

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52

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados desse estudo mostraram que os escolares têm uma

alimentação, em ambas as escolas, praticamente iguais. O consumo excessivo de

produtos gordurosos, diminuição no consumo de cereais integrais e aumento no

consumo de açúcares, doces e bebidas açucaradas, está bem presente na dieta.

A variável socioeconômica renda familiar e per capta, na escola privada

foi maior em comparação a escola pública. O mesmo se deu quanto ao grau de

escolaridade dos pais da escola privada.

Os escolares pesquisados tinham a idade estabelecida pelo estudo, na

escola privada tinha mais escolares do sexo feminino e na escola pública foi mais

freqüente o sexo masculino, a maioria deles considera que o tempo do recreio é

suficiente e fazem o lanche no refeitório, sendo que estes fatores não interferiram no

presente estudo. Os mesmos assistem televisão, todos os dias, esse fato pode

interferir no seu hábito alimentar, pois a publicidade cita alimentos com alto teor de

gordura, de açúcar e de sal.

Os alimentos que são levados com maior freqüência pelos escolares para

o lanche nas escolas, tanto na escola privada e como na pública foram os

industrializados, sendo que estes alimentos devem ser evitados pelos escolares,

pois podem desenvolver obesidade ou sobrepeso e até mesmo levar a doenças

crônicas futuras. Sabe-se que o padrão alimentar do brasileiro tem sofrido muitas

influências e transformações e o estilo da vida moderna tem favorecido o consumo

de alimentos industrializados, da alimentação fora de casa e da substituição das

refeições tradicionais pelos lanches.

As cantinas das escolas, a maioria das vezes, vendem alimentos com

baixo valor nutricional, industrializados, refrigerantes, balas, chocolates, que muitas

vezes são a preferência dos escolares. No presente estudo constatou-se uma

diferença entre as escolas, onde na escola pública foram mais comprados os

alimentos industrializados. Sendo isto ruim, pois a legislação que existe sobre as

cantinas, proíbe a venda destes alimentos.

Conforme a preferência alimentar dos escolares, os alimentos que eles

mais gostam na escola privada são os alimentos mais calóricos e indicando uma

alimentação precária em vitamina e mineral. Sendo encontrada uma diferença na

escola pública, pois a preferência alimentar deles é por alimentos mais variados em

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53

nutrientes. Talvez este fato possa estar relacionado à presença do Programa

Nacional de Alimentação Escolar nesta instituição. Com relação à escola privada,

pode-se inferir que esta diferença está relacionada à questão socioeconômica e um

maior aceso a alimentos industrializados. E quanto aos alimentos que os escolares

menos gostam constatou-se que os mesmos são os essenciais para se ter um

crescimento e desenvolvimento saudável.

De acordo com a freqüência alimentar dos escolares, teve-se um

consumo bom em frutas, salada de frutas ou suco natural, leite e derivados e

carboidratos e uma baixa freqüência de refrigerante, salgadinhos fritos, salgadinhos

de pacote e pipoca e amendoim, mais um consumo maior de suco artificial, bolacha/

biscoito recheado, doces, balas, chocolate e sorvete.

Percebeu-se uma certa divergência entre sua preferência alimentar, que é

caracterizada como o consumo de alimentos e nutrientes (CAVALCANTE, 2004) e a

freqüência alimentar, que é utilizada para avaliar a freqüência média de consumo de

alguns alimentos (SLATER, 2003).

Esses dados mostraram que a alimentação do escolar está cada vez mais

precária em nutrientes e que o número de crianças com obesidade aumenta a cada

dia, devido ao grande consumo de alimentos industrializados, ao sedentarismo, a

correria do dia-a-dia dos pais, aos lanches rápidos, aos hábitos inadequados e a

mídia.

Diante do quadro apresentado, é importante destacar o papel do

profissional Nutricionista na alimentação escolar, principalmente a educação

nutricional, pois é o profissional mais habilitado a realizar atividades educativas

promotoras de saúde, bem como, nas falhas da alimentação dos escolares, como as

observadas no presente estudo.

Vale ressaltar que o tamanho reduzido da amostra foi um dos vieses do

estudo que pode comprometer a veracidade dos resultados. Contudo, espera-se que

a presente pesquisa venha contribuir para que os escolares das escolas

pesquisadas tenham uma alimentação de melhor qualidade e que sirva de subsídios

para pesquisas futuras, com o intuito de identificar as causas dos problemas

encontrados visando à melhora dos resultados observados.

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54

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59

APÊNDICES

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60

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO (ESCOLARES)

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Nome da escola:______________________________________________________ Código da escola: ( ) Privada ( ) Pública Ano que freqüenta: ______ Sexo: ( ) Masc ( ) Fem Idade:____ anos Data:____/____/_____

QUESTIONÁRIO

1 - Você costuma assistir televisão? ( ) Sim ( ) Não 1.1 - Quantas horas você assiste televisão por dia: ___________________________ 2 - Sua mãe (ou madrasta) trabalha fora de casa? ( ) Sim ( ) Não 3 - Você traz lanche de casa? ( ) Sim ( ) Não ( ) As vezes 3.1 - O que você costuma trazer? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4 - Você compra lanches da cantina? ( ) Sim ( ) Não ( ) As vezes 4.1 - o que você costuma comprar? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5 - Quais são os alimentos que você mais gosta de comer? ___________________________________________________________________ 6 - Quais são os alimentos que você menos gosta de comer? ___________________________________________________________________ 7 - Você ajuda a escolher o que vai ser levado de lanche para escola? ( ) Sim ( ) Não 8 - O tempo do recreio é suficiente para você fazer seu lanche? ( ) Sim ( ) Não

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9 - Qual o local que você faz seu lanche? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 10 - Nos últimos 5 dias, em quantos dias você comeu os seguintes alimentos ou bebidas?

Alimentos Não comi nos últimos

5 dias

1 dia nos últimos 5

dias

2 dia nos últimos 5

dias

3 dia nos

últimos 5 dias

4 dia nos

últimos 5 dias

Todos os últimos 5

dias

Frutas, salada de frutas ou suco

natural.

Suco artificial Refrigerantes

Leite, iogurte ou achocolatados.

Salgados fritos (coxinha, quibe,

pastel, etc.).

Bolachas/biscoito salgados

Bolacha/biscoito simples

Bolacha/biscoito recheado, doces,

balas, chocolate ou sorvete

Salgadinhos de pacote (tipo

“chips”)

Bolo , pizza, sanduíches ou

cachorro quente

Pipoca ou amendoim

Questionário de freqüência alimentar adaptado OBS:_______________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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APÊNDICE B - Questionário socioeconômico que será a plicado com os

pais dos alunos.

Responda as perguntas abaixo

1. Quantas pessoas moram na casa? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2. Quantas pessoas trabalham na casa? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. Qual a renda mensal da família (soma dos salário de todos que trabalham? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4. Assinale o seu grau de escolaridade:

Analfabeto ( ) pai ( ) mãe Ensino fundamental incompleto (Primeiro grau incompleto)

( ) pai ( ) mãe

Ensino fundamental completo (Primeiro grau completo) ( ) pai ( ) mãe Ensino médio incompleto (Segundo grau incompleto) ( ) pai ( ) mãe Ensino médio completo (Segundo grau completo) ( ) pai ( ) mãe Superior incompleto ( ) pai ( ) mãe Superior completo ( ) pai ( ) mãe

Obrigado pela sua colaboração!!!

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APÊNDICE C - Oficio de declaração (escola).

PREFEITURA MUNICIPAL DE ARARANGUÁ

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO ADMINISTRATIVO

INSTITUIÇÃO:

DECLARAÇÃO

Declaro para os devidos fins e legais que, objetivando atender as exigências para a

obtenção de parecer do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, e como

representante legal da Instituição, tomei conhecimento do projeto de pesquisa:

COMPARAR OS LANCHES DE ESCOLARES DE UMA ESCOLA PÚBL ICA E UMA

PRIVADA DE ARARANGUÁ, SC. E cumprirei os termos da Resolução CNS 196/96

e suas complementares, e como esta instituição tem condição para o

desenvolvimento deste projeto, autorizo a sua execução nos termos propostos.

Araranguá,____/ ____/_____

______________________ Assinatura do Responsável

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64

APÊNDICE D - Termo de consentimento livre e esclare cido (Conforme CNS,

Resolução 196 de 10/10/96).

Termo de esclarecimento

O seu filho (a) está sendo convidado (a) a participar do estudo “Avaliação do

lanche de crianças de 7 a 10 anos de duas escolas de Araranguá”. O objetivo deste estudo é Comparar os lanches de escolares de uma escola públ ica e uma privada de Araranguá, SC. Caso o seu filho (a) participe, será necessário responder perguntas ao programa. Não será feito procedimento nenhum que lhe traga qualquer desconforto ou risco à sua vida.

Você poderá ter todas as informações que quiser e poderá não deixá-lo participar da pesquisa ou retirar seu consentimento a qualquer momento, sem prejuízo ao seu filho (a). Pela participação do seu filho (a) no estudo, você não receberá qualquer valor em dinheiro, mas terá a garantia de que todas as despesas necessárias para a realização da pesquisa não serão de sua responsabilidade. O nome do seu filho (a) não apresentará em qualquer momento do estudo, pois será identificado com um número.

Termo de consentimento livre, após esclarecimento

Eu, ____________________________, li e/ou ouvi o esclarecimento e compreendi para que serve o estudo e qual procedimento meu filho (a) será submetido. A explicação que recebi esclarece os riscos e benefícios do estudo. Eu entendi que sou livre para interromper a participação do meu filho (a) a qualquer momento, sem justificar minha decisão. Sei que o nome dele (a) não será divulgado, que não terei despesas e não receberei dinheiro por ele (a) participar do estudo. Eu concordo em participar do estudo. Araranguá, ___ de ____________________ de 2009. Assinatura do voluntário: ____________________________________ _______________________________________________________ Assinatura do pesquisador responsável: Juliana Costa Murguero Telefone de contato do pesquisador: (048) 9613-2634 ____________________________________________________________ Assinatura do pesquisador orientador: Paula Rosane Vieira Guimarães Telefone de contato do orientador: (048) 8406-9882

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ANEXO

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Anexo A - Carta de Aprovação