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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

    PROGRAMA DE PS

    METALRGI

    AVALIAO DO DESEMPENHO DE

    REVESTIDAS NA USINAGEM DE

    FERNANDO MICHELON MA

    Dissertao para obteno do ttulo de M

    I

    MINISTRIO DA EDUCAO

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

    ESCOLA DE ENGENHARIA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE MINAS,

    METALRGICA E DE MATERIAIS PPGE3M

    DO DESEMPENHO DE BROCAS HELICOIDAIS D

    NA USINAGEM DE FERRO FUNDIDO NODULA

    FERNANDO MICHELON MARQUES

    o para obteno do ttulo de Mestre em Engenharia

    PORTO ALEGRE, 2012

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

    GRADUAO EM ENGENHARIA DE MINAS,

    BROCAS HELICOIDAIS DE AO RAPIDO

    FERRO FUNDIDO NODULAR GGG50

    em Engenharia

  • II

    FERNANDO MICHELON MARQUES

    AVALIAO DO DESEMPENHO DE BROCAS HELICOIDAIS DE AO RAPIDO

    REVESTIDAS NA USINAGEM DE FERRO FUNDIDO NODULAR GGG50

    Dissertao submetida ao Curso de Programa de Ps-

    Graduao em Engenharia de Minas, Metalrgica e

    Materiais PPGE3M, da Universidade Federal do Rio

    Grande do Sul, sob orientao do Prof. Dr. Alexandre

    da Silva Rocha.

    rea de Concentrao: Processo de Fabricao

    PORTO ALEGRE, 2012

  • III

    Esta dissertao foi julgada adequada para obteno do Ttulo de Mestre em Engenharia e

    aprovada em sua forma final pelo Orientador e pela Banca Examinadora do Curso de Ps-

    Graduao.

    Orientador: Prof. Dr. Alexandre da Silva Rocha

    Banca Examinadora:

    Prof. Dr. Engo. Eduardo Luis Schneider .

    Prof. Dr. Engo. Luiz Carlos de Cesaro Cavaler

    Prof. Dr. Engo. Alexandre Milanez .

    Prof. Dr. Telmo Roberto Strohaecker

    Coordenador do PPGE3M

  • IV

    Dedico este trabalho

    A meus pais Luiz Carlos e Rosemeri, por nunca

    terem deixado render-me diante de situaes

    adversas e todo carinho, a minha esposa Daiany

    que mesmo em momentos de desconforme sempre

    esteve a meu lado. E ao meu filho Luis Felipe

    responsvel pela minha razo de viver.

    A todos que incentivaram e foram

    responsveis pelo sucesso de mais uma etapa.

  • V

    AGRADECIMENTOS

    Ao Prof. Dr. Alexandre da Silva Rocha pela orientao e apoio durante todo

    transcorrer do trabalho.

    Ao Prof. Dr. Luiz Carlos de Cesaro Cavaler pela co-orientao, mesmo que no

    oficializada procurou auxiliar de alguma forma.

    A Sr. Marcos Aurlio Spillere, proprietrio da empresa Fundio Nobre, pelo

    fornecimento dos materiais e realizao dos testes em campo, e pela confiana depositada

    durante o ano de 2011.

    Ao Sr. Maurcio, da empresa Oerlikon Balzers, pela realizao dos revestimentos

    nas brocas de forma espontnea.

    Aos colegas Rodrigo Cardoso Costa, Richard de Medeiros Castro, Giovanni Rocha

    Santos, Patrik Neves, Richard Costa, que apoiaram a realizao do trabalho sempre com

    incentivo e comprometimento para concluso de mais uma etapa de nossas vidas.

  • VI

    SUMRIO

    1. INTRODUO 1

    1.1 JUSTIFICATIVA 2

    1.2 OBJETIVO GERAL 3

    1.3 OBJETIVOS ESPECFICOS 3

    2. REVISO DA LITERATURA 4

    2.1 PROCESSO DE FURAO 4

    2.2 TIPOS DE BROCAS 7

    2.3 BROCAS HELICOIDAIS 8

    2.4 PARTES QUE COMPEM UMA BROCA HELICOIDAL. 9

    2.5 GEOMETRIA DA BROCA HELICOIDAL 10

    2.6 AFIAO DE BROCAS HELICOIDAIS 12

    2.7 SISTEMAS DE FIXAO DE BROCAS HELICOIDAIS 14

    2.7.1 Porta Pina 15

    2.7.2 Hidrulico 15

    2.7.3 Contrao Trmica 16

    2.7.4 Sistema Hbrido (Sistema Hidro-Mecnico); 17

    2.8 DESGASTE DE FERRAMENTAS 18

    2.9 PARMETROS DE USINAGEM 20

    2.10 MECANISMO DE FORMAO DO CAVACO 23

    2.11 MATERIAIS DE FERRAMENTAS 24

    2.11.1 Ao Rpido Comum; 25

    2.11.2 Ao Rpido Sinterizado; 27

    2.11.3 Metal Duro; 28

    2.11.4 Revestimentos 28

    2.12 FERROS FUNDIDOS 31

    2.12.1 Ferro Fundido Cinzento 32

  • VII

    2.12.2 Ferro fundido branco 33

    2.12.3 Ferro fundido vermicular 34

    2.12.4 Ferro fundido malevel 34

    2.12.5 Ferro fundido nodular 35

    2.13 TESTE DE INDENTAO 36

    2.14 QUALIDADE DA SUPERFCIE 37

    3. MATERIAIS E MTODOS 40

    3.1 CORPOS DE PROVA 40

    3.2 FIXAO DAS FERRAMENTAS: 43

    3.3 MQUINA PARA REALIZAO DE TESTES: 43

    3.4 BROCAS UTILIZADAS 45

    3.5 MEDIO DOS FUROS: 47

    3.6 CARACTERSTICAS DO ESTEREOSCPIO: 47

    3.7 ENSAIO DE ADESO DO REVESTIMENTO 48

    3.8 PARMETROS UTILIZADOS 49

    3.9 MEDIO DE RUGOSIDADE DOS FUROS: 51

    4. RESULTADOS E DISCUSSES 52

    4.1 ENSAIO DE ADESO VDI 52

    4.2 ENSAIOS DE FURAO 53

    4.3 MEDIO DE RUGOSIDADE 58

    4.4 MEDIO DOS FUROS 62

    4.5 ANLISE DO DESGASTE E CONSIDERAES FINAIS 65

    4.6 ANLISE DA SUPERFCIE DAS FERRAMENTAS COM REVESTIMENTO ALCRN 66

    5. CONCLUSES 71

    6. SUGESTO PARA TRABALHOS FUTUROS 72

    7. REFERNCIA BIBLIOGRFICA 73

  • VIII

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 2.1 Tipos de furao com ferramentas de geometria definida segundo DIN 8589 .... 6

    Figura 2.2 Algumas formas de obteno de furos ................................................................. 6

    Figura 2.3 Analogia de uma broca helicoidal com uma ferramenta de torneamento ............ 9

    Figura 2.4 Broca helicoidal segundo DIN 1412 ................................................................... 9

    Figura 2.5: Gumes de uma broca helicoidal ........................................................................ 10

    Figura 2.6 Tipos de broca quanto a hlice: (a) tipo H, (b) tipo N e (c) tipo W .................. 11

    Figura 2.7 Geometria da ponta de uma broca helicoidal .................................................... 12

    Figura 2.8 Afinao da aresta transversal de corte ............................................................. 13

    Figura 2.9 Afiao cruzada da aresta transversal de corte ................................................. 13

    Figura 2.10 Afiao com ngulo de ponta duplo ............................................................... 14

    Figura 2.11 Sistema de fixao porta pina ........................................................................ 15

    Figura 2.12 Dispositivo de fixao hidrulico .................................................................... 16

    Figura 2.13 Sistema de contrao trmica (a) em corte, (b) indicao de aquecimento ..... 17

    Figura 2.14 Sistema de fixao hidro-mecnico ................................................................ 17

    Figura 2.15 Falhas em ferramentas de corte ....................................................................... 18

    Figura 2.16 Diagrama dos mecanismos de desgaste das ferramentas de corte .................. 19

    Figura 2.17 Desgaste de flanco de broca helicoidal ........................................................... 21

    Figura 2.18 Representao de parmetros de usinagem em brocas helicoidais ................. 22

    Figura 2.19 Diagrama da aresta de corte com formao de cavaco .................................. 24

    Figura 2.21 Comparativo entre os revestimento TiAlN monocamada (a) e TiAlN

    multicamada (b) .................................................................................................................. 30

    Figura 2.22 Classes de qualidade da adeso de revestimentos em PVD de acordo com a

    norma VDI 3198: 1991 ........................................................................................................ 37

    Figura 2.23 Avaliao de superfcie .................................................................................. 38

    Figura 3.1 Amostra de ferro fundido, sem ataque, ampliao de 200X .............................. 41

    Figura 3.2 Amostra de ferro fundido com ataque de nital 2%, ampliao de 200X ........... 41

  • IX

    Figura 3.3 Desenho das placas aps furao (a) dimenses das margens e (b) dimenso das

    placas ................................................................................................................................... 42

    Figura 3.4 Placas de ferro fundido nodular aps os ensaios de furao .............................. 43

    Figura 3.5 Sistema de fixao da ferramenta na mquina ................................................... 43

    Figura 3.6 Broca em processo de batimento para realizao de testes de usinagem ........... 44

    Figura 3.7 Broca helicoidal conforme DIN 338 (a) comprimento total e (b) detalhe do

    ngulo de ponta .................................................................................................................... 45

    Figura 3.8 Brocas para incio dos testes de usinagem, (a) sem revestimento, (b) com

    revestimento do composto TiAlN e (c) com revestimento do composto AlCrN ................ 46

    Figura 3.9 Micrmetro interno utilizado para realizao de medies dos furos................ 47

    Figura 3.10 Sistema de aquisio de imagens ..................................................................... 48

    Figura 3.11 Estereoscpio realizando aquisio de imagens .............................................. 48

    Figura 3.12 Corpos de prova para ensaio de indentao ..................................................... 49

    Figura 3.13 Rugosmetro realizando medio em furo de uma das placas de ferro fundido

    nodular ................................................................................................................................. 51

    Figura 4.1 Ensaio de adeso do revestimento TiAlN com aumento de 100X ..................... 53

    Figura 4.2 Ensaio de adeso do revestimento AlCrN com aumento de 100X .................... 53

    Figura 4.3 Desgaste de flanco de brocas com vc= 25 m/min e fn= 0,15 mm/rot ................. 54

    Figura 4.4 Desgaste de flanco das brocas no revestidas desgastadas: (a) comprimento

    usinado de 3072 mm, (b) comprimento usinado de 4608 mm ............................................ 55

    Figura 4.5 Desgaste de flanco das brocas com AlCrN desgastadas: (a) comprimento

    usinado de 3072 mm, (b) comprimento usinado de 4608 mm ............................................ 55

    Figura 4.6 Desgaste de flanco das brocas com TiAlN desgastadas: (a) comprimento

    usinado de 3072 mm, (b) comprimento usinado de 4608 mm ............................................ 55

    Figura 4.7 Desgaste de flanco de brocas com vc= 35 m/min e fn= 0,15 mm/rot ................. 56

    Figura 4.8 Desgaste de flanco de brocas com vc= 25 m/min e fn= 0,25 mm/rot ................. 57

    Figura 4.9 Desgaste de flanco de brocas com vc= 35 m/min e fn= 0,25 mm/rot ................. 58

    Figura 4.10 Rugosidade com parmetros de vc= 25 m/min e fn= 0,15 mm/rot ................... 59

    Figura 4.11 Rugosidade com parmetros de vc=35 m/min e fn= 0,15 mm/rot .................... 60

    Figura 4.12 Rugosidade com parmetros de vc= 25 m/min. e fn= 0,25 mm/rot .................. 61

    Figura 4.13 Rugosidade com parmetros de vc= 35 m/min. e fn= 0,25 mm/rot .................. 61

    Figura 4.14 Valor de dimetro com valores de vc= 25 m/min e fn= 0,15 mm/rot ............... 62

    Figura 4.15 Valor de dimetro com valores de vc= 35 m/min e fn= 0,15 mm/rot ............... 63

    Figura 4.16 Valor de dimetro com valores de vc= 25 m/min e fn= 0,25 mm/rot ............... 64

  • X

    Figura 4.17 Valor de dimetro com valores de vc= 35 m/min e fn= 0,25 mm/rot ............... 65

    Figura 4.18 Teste de fim de vida das ferramentas ............................................................... 66

    Figura 4.19 Flanco de uma das brocas com AlCrN, aps teste de usinagem ...................... 67

    Figura 4.20 Desgaste do gume principal da ferramenta revestida com AlCrN ................... 67

    Figura 4.21 Gume transversal de uma broca com AlCrN ................................................... 68

    Figura 4.22 Superfcie da broca com material aderido ........................................................ 69

    Figura 4.23 Espectro do material aderido ............................................................................ 69

    Figura 4.24 Espectro da superfcie desgastada .................................................................... 70

  • XI

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 2.1 Condies e tipos mais comuns de aos rpidos .............................................. 26

    Tabela 2.2 Propriedades fsicas de revestimentos de ferramentas ...................................... 31

    Tabela 2.3 Faixa de composio de ferros fundidos tpicos comuns ................................. 32

    Tabela 2.4 Propriedades mecnicas dos ferros cinzentos, de acordo com a EB-126 da

    ABNT ................................................................................................................................. 33

    Tabela 2.5 Composio qumica do ferro fundido malevel .............................................. 34

    Tabela 2.6 Classificao dos ferros fundidos nodulares, segundo a DIN .......................... 36

    Tabela 2.7 Valores de Ra para processos de fabricao ..................................................... 38

    Tabela 3.1 Composio qumica das placas ........................................................................ 40

    Tabela 3.2 Resultado da anlise do ferro fundido nodular .................................................. 42

    Tabela 3.3 Programa utilizado para ensaios de furao ...................................................... 44

    Tabela 3.4 Equivalncia entre nmero de furos e comprimento usinado ............................ 46

    Tabela 3.5 Parmetros utilizados para os testes de usinagem ............................................. 50

    Tabela 3.6 Parmetros para remoo de rebarbas das brocas .............................................. 51

  • XII

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIMBOLOS

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas.

    AISI American Iron and Steel Institute

    b [mm] largura de usinagem

    CG classe de ferro fundido cinzento

    CGI classe de ferro fundido vermicular

    GGG50 classe de ferro fundido nodular

    d [mm] dimetro

    DIN Deustschland Institut Normalzustand

    f [mm/rot] avano

    h [mm] espessura de usinagem

    l [mm] largura

    MCI classe de ferro fundido mesclado

    M2 classe de ao rpido

    n [RPM] rotao

    NBR Norma Brasileira Regulamentadora

    PVD Physical Vapour Deposition

    Vc velocidade de corte

    Vf velocidade de avano

    VBmax [m] Desgaste de flanco mximo

    SAE Society of Automotive Engineers

    ngulo de incidncia

    ngulo de cunha

    ngulo de quina

    ngulo de ponta

    ngulo de gume transversal

    ngulo de sada

  • XIII

    RESUMO

    O uso de revestimentos na furao de metais tem o potencial de aumentar a

    resistncia da ferramenta a temperaturas maiores, alm de possibilitar a reduo ou

    eliminao do uso de lubrificantes, reduzindo o impacto ambiental. No presente trabalho

    foram realizados revestimentos do tipo AlCrN e TiAlN, todos monocamada, via PVD em

    brocas de ao rpido AISI M2. As brocas foram testadas em ensaios de furao em cheio, a

    seco (sem lubrificao), no ferro fundido GGG 50 com matriz ferrtica. Foram realizados

    ensaios empregando-se como parmetro de quantificao do desgaste, o valor de VBMax,

    para brocas revestidas e no revestidas. Os parmetros de corte trabalhados foram:

    velocidade de corte e avano. Foi avaliado o comprimento usinado, entre brocas com e sem

    revestimento. Ensaios de adeso dos revestimentos das brocas foram realizados, alm da

    anlise de desgaste e composio qumica dos materiais. Os resultados mostram a

    influncia da velocidade de corte e avano em brocas revestidas no desgaste de flanco

    mximo VBmx. A presena do desgaste por adeso mostrou-se evidente neste trabalho,

    porm no contribundo para aumento significativo do desgaste de flanco VBMax. Os testes

    realizados mostram que as aplicaes de revestimentos aumentam a vida, em propores

    significativas, das ferramentas testadas. As anlises de tipo de desgaste predominante

    durante os ensaios de furao mostram o desgaste por abraso como responsvel por boa

    parte do fim de vida das ferramentas, seguido de um pequeno ndice de adeso, em virtude

    da matriz predominante no ferro fundido nodular.

  • XIV

    ABSTRACT

    The use of coatings on metals drilling has the potential to increase the strength of the tool

    at higher temperatures and, besides enables the reduction or elimination of the use of

    lubricants reducing the environmental impact. In the present paper were performed

    coatings like TiAlN and AlCrN, all monolayer through PVD over drills HSS AISI M2. The

    drills were tested in essays full drilling, dry (without lubrication), in the cast iron GGG 50

    with ferritic matrix. Essays were performed employing as the wear parameter, the value of

    VBMax for coated and uncoated drill. The input parameters of the experiments were: cutting

    speed and feed rate, and was evaluated the length machined between coated and uncoated

    drills. Adhesion tests of the coatings of drills have been performed, besides the analysis of

    wear and chemical composition of the materials. The results showed the influence of

    cutting speed and feed on drills coated in maximum flank wear VBmx. The presence of

    adhesive wear was evident in this work, but not contributing to a significant increase in

    flank wear VBMax. It was verified that the coatings applications increase the life of the tools

    tested, in significant proportions. The analysis of the predominant wear type during drilling

    tests show the abrasive wear is responsible for much of the end of tool life, followed by a

    low rate of adhesion by virtue of predominant matrix nodular cast iron.

  • 1

    1. INTRODUO

    A usinagem um processo utilizado na fabricao de componentes nos mais

    diversos setores industriais. Estima-se que entre 15 a 20% de todo o ao produzido no

    mundo seja transformado e removido por usinagem em forma de cavaco, o que evidencia

    que este processo apresenta perspectivas reais de aprimoramento tanto no que refere-se a

    maquinrio quanto em ferramental (MARTINS, 2008).

    A participao dos ferros nodulares na produo total de fundidos teve aumento, de

    22% para 25%, no perodo de 2008. Estes dados demonstram que estes materiais

    continuam ganhando importncia nas indstrias do setor metal-mecnico (POZZI, 2009).

    A razo, ainda, desse baixo crescimento da aplicao do ferro fundido sua

    usinabilidade, pela formao de cavacos do tipo cisalhado ou arrancado, que geram

    vibraes na ferramenta, e tambm produzem menores temperaturas na interface cavaco-

    ferramenta, devido ao menor atrito (SCHROETER, et al., 2001). A presena dos ndulos

    de grafita na estrutura dos ferros fundidos nodulares, atuando como quebra cavacos,

    aumentam a lubrificao entre a ferramenta de corte e a pea usinada, isso permite a

    melhor usinabilidade desses materiais, quando comparados com os aos ou at mesmos

    outras classes de ferros fundidos.

    J a matriz metlica dos ferros fundidos determina a vida da ferramenta, pois as

    estruturas presentes na matriz dos ferros nodulares so a ferrita e a perlita. A dureza e a

    usinabilidade dos ferros nodulares so determinadas pelo volume de perlita, quantidade e

    tamanho dos ndulos de grafita.

    Para condies especiais de usinagem (corte interrompido, furao profunda), as

    brocas de ao rpido podem ser aplicadas, j que as mesmas apresentam maior tenacidade,

    possuindo, a peculiaridade de serem mais suscetveis ao calor, porm o desgaste e as

    falhas prematuras das brocas de ao rpido reduzem a disponibilidade das mquinas,

    comprometendo a produtividade e elevando os custos de produo (NICKEL, et al., 2000).

    Tratamentos superficiais so sugeridos para aumentar a dureza de peas e

    ferramentas empregadas na indstria, com intuito de otimizar as caractersticas fsicas dos

  • 2

    materiais, ao mesmo tempo em que mantm um ncleo relativamente tenaz. Esta

    combinao de resultados pode melhorar a resistncia ao desgaste abrasivo das brocas. As

    camadas aplicadas por PVD (Physical Vapour Deposition) so caracterizadas por uma alta

    dureza, excelente aderncia, baixa porosidade, altas estabilidades qumica e trmica, entre

    outras caractersticas. Os revestimentos PVD so aplicados principalmente em ferramentas

    de ao rpido com temperaturas relativamente baixas (150 C e 550 C), e espessuras que

    variam entre 3m a 8m (TASSI, 2010).

    1.1 Justificativa

    A concorrncia a palavra de ordem da indstria automobilstica e para sobreviver

    a essa competio a reduo de custo e garantia da qualidade dos produtos so

    fundamentais (ROCHA, et al., 2001).

    A participao da usinagem no custo final dos componentes mecnicos pode ser

    muito alta, mesmo existindo uma grande evoluo tecnolgica em usinagem, a

    aplicabilidade de brocas helicoidais de ao rpido continua sendo elevado em mquinas

    robustas, porm para processos de desbastes sem muita preocupao em tolerncia

    dimensional, devido aproximao de medidas para posterior acabamento. Utilizao esta,

    principalmente em empresas que esto iniciando nesta rea, portanto sem muitos recursos

    financeiros para aquisio de maquinrio moderno.

    Devido a folgas e vibraes ou cortes interrompidos durante o processo de furao,

    brocas slidas de metal duro so inerentemente rgidas, a carga qual esto sujeitas

    extremamente alta, aumentando os nveis de desgaste (SECO, 2002), podendo falhar em

    virtude de sua baixa resistncia a flexo, incluindo rotaes altssimas em razo da

    velocidade de corte ser maior, possuir tenacidade bem maior e sendo suscetveis em altas

    temperaturas, justifica-se o uso do ao rpido, mais especificamente o ao rpido M2.

    O presente trabalho trata do desgaste de brocas de ao rpido revestidas e no

    revestidas, para o processo de furao em ferro fundido nodular GGG 50, utilizado na

    fabricao de cardam em mquinas agrcolas.

  • 3

    1.2 Objetivo Geral

    Determinar a viabilidade do uso de brocas de ao rpido revestidas, na furao

    a seco de ferro fundido nodular GGG50, com parmetros de corte definidos, tendo em vista

    o desgaste de flanco VBmx.

    1.3 Objetivos Especficos

    Analisar o desgaste de flanco VBmx, de forma quantitativa e qualitativa, em furos

    realizados por brocas de ao rpido revestidas, comparando-as com no revestidas;

    Determinar o tipo de revestimento mais adequado para a aplicao em ferro fundido

    nodular, para posterior aplicao em escala industrial;

    Reduzir o impacto ambiental gerado principalmente com a aplicao de fluidos de

    corte, pela realizao de ensaios a seco.

    Analisar o desempenho do revestimento realizado nas brocas diante dos mesmos

    parmetros de cortes aplicados as brocas sem revestimentos.

  • 4

    2. REVISO DA LITERATURA

    Este captulo apresenta, de forma sucinta, o embasamento terico para auxiliar no

    entendimento desta dissertao. Basicamente esses conceitos sero divididos em sub-

    captulos que so: processo de furao, tipos de brocas, brocas helicoidais, partes que

    compem uma broca helicoidal, geometria das brocas helicoidais, afiao das brocas,

    sistemas de fixao de brocas helicoidais, desgaste de ferramentas, parmetros de

    usinagem, mecanismos de formao de cavaco, materiais de ferramentas, ferros fundidos,

    teste de indentao e qualidade da superfcie. Com aquisio de contedo suficiente e bem

    embasado ser possvel sequncia no trabalho realizado.

    2.1 Processo de furao

    Pelo fato da grande maioria das peas produzidas possurem ao menos um furo, o

    processo de furao um dos processos mais utilizados na indstria de manufatura

    (SMITH, 2008). Em geral, as peas so furadas em cheio ou tem seus furos aumentados

    pelo processo de furao (DINIZ, et al., 2008).

    Conforme a norma DIN 8589, a furao definida como um processo de usinagem

    com movimento de corte circular, ou seja, com movimento rotativo principal. A ferramenta

    possui movimento de avano apenas na direo do seu eixo de rotao, que mantm sua

    posio em relao ferramenta e pea.

    A furao com brocas est includa no grupo de processos de fabricao por

    usinagem com gumes de geometria definida, sendo um dos processos mais utilizados.

    Junto com o torneamento, uma das operaes mais importantes, envolvendo

    aproximadamente 30% de todas as operaes de usinagem de metal. O processo de furao

    responsvel por 75% do volume de material removido na usinagem de cavidades

    (CASTILLO, 2005).

    Se a alta preciso e acabamento final so necessrias a furao, deve ser seguida

    por alguma outra operao, como mandrilamento e alargamento. A ferramenta de furao

  • 5

    mais comumente empregada a broca helicoidal, que est disponvel, comercialmente, nos

    dimetros variando de 0,25 a 80 mm.

    A ferramenta deste estudo caracterizada por uma geometria conforme norma DIN

    338, correspondente a uma broca helicoidal de haste cilndrica, e a velocidade de corte

    uma funo do dimetro dos gumes em relao ao centro da broca, material da ferramenta,

    material da pea, condies de usinagem, etc. (YOUSSEF, et al., 2008).

    As operaes de furao so realizadas sempre sob condies relativamente

    severas, principalmente quando o movimento de rotao esta na ferramenta e no na pea,

    havendo assim a possibilidade de problemas e excentricidade do furo (STEMMER, 2007).

    Problemas so classificados como severos em virtude da velocidade de corte no uniforme,

    pois varia desde zero no centro do furo at um mximo na periferia (KONIG, et al., 1997).

    Alm dos agravantes citados anteriormente pode ser citada a ausncia ou carncia

    de fluido de corte, que deve atuar como refrigerante e lubrificante, bem como meio de

    transporte dos cavacos, porm chega com dificuldades na aresta da ferramenta, onde

    mais necessrio.

    O processo de furao pode ser classificado em (FERRARESI, 1970):

    Furao em cheio: processo destinado obteno de um furo cilndrico em uma

    pea, onde todo o material contido no volume do furo retirado na forma de cavaco,

    Furo com rebaixo: processo de furao onde se tem dois dimetros diferentes no

    mesmo furo, porm com profundidades diferentes. O dimetro menor passante e o maior

    tem uma menor profundidade, e geralmente utilizado para alojar parafusos (ARMY,

    1996).

    Furo escariado: processo de furao onde o dimetro maior em ngulo. Utiliza-se

    para alojar parafusos de cabea chata ou cnica (YOUSSEF, et al., 2008).

    Furo cego: processo de furao onde uma parte do material contido no volume do

    furo no removido, ou seja, a ferramenta no atravessa a pea.

    Trepanao: processo de furao em que apenas uma parte do material

    compreendido no volume do furo final reduzida a cavaco, permanecendo um ncleo

    macio aps a operao (SANTOS, 2008).

    A figura 2.1 mostra alguns tipos de processos de furao com ferramentas de

    corte com geometria definida.

  • 6

    Figura 2.1 Tipos de processos de furao com ferramentas de geometria definida segundo

    DIN 8589 (KONIG, et al., 1997)

    Os furos podem ser realizados por diferentes processos, fazer a escolha correta

    uma questo de satisfazer a qualidade do furo com uma boa capacidade com menor custo

    por furo realizado (COROMANT, 2011). Sendo assim, cada processo torna-se importante

    com suas caractersticas dentro da manufatura.

    Entre os processos mais utilizados, podem ser ilustrados na figura 2.2 e citados: a

    conformao por punes, feixes de energia, corte por remoo qumica, eletroeroso e

    outros, onde a produtividade o objetivo principal destes processos (OBERG, et al., 2000).

    Nos processos tradicionais, tm-se a furao e o fresamento com furo interpolado

    (CAVALER, 2003), que so processos de usinagem realizados por remoo de material

    com gerao de cavaco, e muitas vezes necessitam de um processo posterior para atingir o

    acabamento dimensional de superfcie desejado no furo. Este processo posterior pode ser o

    mandrilamento, o alargamento, a retificao interna ou at mesmo o brochamento.

    Figura 2.2 Algumas formas de obteno de furos (STOETERAU, 2007)

  • 7

    Os processos de acabamento de furos so caracterizados pelo pequeno volume de

    cavaco que retiram e pela possibilidade de melhor qualidade de superfcie e dimensional.

    Os processos so selecionados conforme as seguintes condies: o material a ser usinado, o

    tipo de furao a ser realizada, a relao comprimento/dimetro, o acabamento de

    superfcie e dimenses, e as tolerncias geomtricas (PANGRACIO, 2003).

    A furao para grandes dimetros pode ser realizada com a utilizao de vrias

    brocas at chegar ao dimetro desejado. Faz-se necessrio um investimento em brocas, e

    isso tambm aumenta o tempo despendido para as trocas de ferramentas (EVANS, 2010).

    Recomenda-se chegar ao dimetro mximo com uma nica broca, porm, para

    alguns casos, tem-se que realizar vrias operaes de furao e trocas de ferramentas,

    podendo acarretar em desvios de linearidade e deficincia na centralizao dos furos. Uma

    possibilidade a furao com retrao para remoo de cavaco (pica-pau), porm que

    tambm aumenta os tempos de usinagem.

    Para brocas de pequenos dimetros em que os canais tambm so menores, em

    comparao a brocas de dimetros maiores, com relao de comprimento/ dimetro, maior

    que trs vezes, aconselha-se a retrao da broca chamada furao pica-pau, com objetivo

    de facilitar a remoo do cavaco da ponta da broca e auxiliar a chegada do fluido na rea

    de corte (OBERG, et al., 2000).

    2.2 Tipos de brocas

    Para a determinao do tipo de broca a ser utilizado deve-se conhecer a

    caracterstica do processo como: dimetro do furo, profundidade, erros de forma, medidas

    e volume de produo (STEMMER, 2007). Na sequncia esto explanados os principais

    tipos de brocas, utilizados no setor metal mecnico:

    Brocas helicoidais: as brocas helicoidais so projetadas para furao em cheio e

    para peas com pr-furos. So classificadas de acordo com o tipo de material do qual so

    fabricadas, forma da haste, nmero de canais, sentido de corte, comprimento, dimetro e

    afiao da ponta (CASTILLO, 2005).

    Brocas helicoidais com pastilhas de metal duro: so empregadas com sucesso,

    em materiais muito abrasivos como concreto, plsticos, cermica, no metlicos, ferros

    fundidos duros e ligas leves de silcio. Em aos, empregada quando a vida das brocas de

    ao rpido torna-se pequena (STEMMER, 2007).

  • 8

    Brocas escalonadas: so ferramentas que possuem dois ou mais dimetros

    diferentes dispostos de forma escalonada e retificados conforme a padronizao das brocas

    helicoidais. Utilizadas para produo em massa nas operaes combinadas de furao,

    alargamento ou chanframento (STEMMER, 2007).

    Brocas de centro: so utilizadas para marcar o centro de furos. Utilizada em

    operaes na qual a pea ser fixa, para possvel usinagem profunda ou de preciso.

    Tambm considerada uma broca para operaes de furar e escarear (CASTILLO, 2005).

    Brocas com dutos de refrigerao: os canais que atravessam a broca no sentido

    longitudinal tm por objetivo permitir a injeo de fluido alta presso na regio de corte,

    o que promove a retirada de cavacos, impedindo que estes venham a obstruir a sada do

    furo e causar danos a sua superfcie interna. A haste deste tipo de broca pode apresentar

    forma cilndrica ou cnica. As brocas com haste cilndrica so adequadas para executar

    furos profundos em metais de dureza elevada. As brocas com hastes cnicas so utilizadas

    em furao normal ou quando h dificuldade de acesso do fludo regio do corte

    (CASTILLO, 2005).

    Brocas canho: utilizadas para furos profundos em que a relao comprimento

    usinado (l) e dimetro da ferramenta (d) seja superior a 5, chegando at 125, normalmente

    dotadas de pastilha de metal duro em sua parte cortante e dutos para refrigerao interna

    sob presso, para expulso do cavaco da rea de corte (DINIZ, et al., 2008).

    Broca oca de trepanao: este tipo de broca utilizado para furos de grandes

    dimetros (acima de 120 mm) em operaes onde a aplicao de outras brocas resultaria

    em grande desperdcio de material na forma de cavaco e um maior tempo de usinagem. O

    uso deste tipo de broca exclusivo para produo de furos passantes, uma vez que a

    usinagem acontece na periferia do furo mantendo intacto o material da parte central, que

    pode ser reaproveitado (OLIVEIRA, 2008).

    2.3 Brocas helicoidais

    Sua forma construtiva composta de uma haste cilndrica e uma parte cortante que

    pode ser afiada de maneiras distintas conforme o material a ser usinado. Geralmente

    apresenta dois gumes principais ligados atravs da aresta transversal, contudo podem ter

    trs ou mais gumes cortantes, a fim de reduzir os erros de posicionamento, melhorar o

    fluxo de cavacos e reduzir as foras de corte e avano (OLIVEIRA, 2008).

  • 9

    Broca

    Analogicamente como representado na figura 2.3, a ferramenta de furao

    compara-se em sua estrutura com ferramentas de torneamento.

    Figura 2.3 Analogia de uma broca helicoidal com uma ferramenta de torneamento (STEMMER, 2005)

    O formato da haste juntamente com o dimetro, tipo de afiao, comprimento total

    e do gume, sentido de corte, tipo de material da ferramenta e nmero de canais, so itens

    necessrios para a especificao de brocas helicoidais, indicados na figura 2.4

    (STEMMER, 2007).

    Figura 2.4 Broca helicoidal segundo DIN 1412 (KONIG, et al., 1997)

    2.4 Partes que compem uma broca helicoidal.

    As partes que compem uma broca helicoidal so:

    Canais: tem por funo a remoo de cavados durante o processo alm de facilitar

    a entrada de fluido de corte quando h inexistncia de canais de refrigerao na broca

    (STEMMER, 2007).

    Gume principal: em brocas helicoidais existem dois gumes, diferentemente das

    ferramentas convencionais de torno que possuem apenas um gume, porm com mesmas

    funes destas. Os gumes so paralelos entre si olhando de frente e vistos de lado formam

    Ferramenta de

    torneamento

  • 10

    o ngulo de ponta , que dependendo do tipo de material a ser furado possui um ngulo

    diferente. Para aplicao geral de = 118.

    Gume transversal: formado pelos gumes principais e situado na ponta da broca

    (STEMMER, 2007). A geometria da broca helicoidal apresenta superfcies e arestas de

    corte como a ferramenta de torneamento, contudo h dois gumes na parte ativa da

    ferramenta constituda pelas suas cunhas de corte, formadas pela interseco das

    superfcies de sada e folga e pelo gume transversal que devido ao movimento de avano se

    torna uma parte integrante do gume principal (JUNIOR, 2007).

    Guias e nervuras: tem a funo de guiar a broca dentro do furo e evitar que toda

    parede externa da broca atrite com as paredes do furo, reduzindo os esforos necessrios

    para a furao (DINIZ, et al., 2008).

    Haste: apresenta-se de forma cnica ou cilndrica, as hastes cnicas respondem a

    norma DIN345, e variam de dimetro de 5 a 100 mm (STEMMER, 2007).

    Ncleo: confere rigidez broca e possui espessura de aproximadamente 0,16xd,

    onde d o dimetro da broca (FERRARESI, 1970).

    As partes da broca descritas anteriormente podem ser visualizadas de acordo com a

    figura 2.5

    Figura 2.5: Gumes de uma broca helicoidal (MOCELIN, 2002)

    2.5 Geometria da broca helicoidal

    O desempenho de uma broca helicoidal est ligado a sua geometria, que

    compreende os seguintes elementos (STEMMER, 2007):

    ngulos de hlice : o ngulo da helicide dos canais da broca. Classificam-se

    trs tipos de brocas quanto ao ngulo de hlice, conforme a figura 2.6: tipo H possui passo

  • 11

    longo, recomendado para materiais que formam cavacos curtos, tais como ligas de cobre,

    liga de zinco, borracha dura, baquelite e certos materiais plsticos; tipo N possui passo

    normal e recomendada para materiais mais comuns, como aos, ferros fundidos e

    materiais similares; tipo W: possui passo curto e recomendada para materiais que

    formam cavacos longos, tais como ligas de alumnio, magnsio, etc (MARTINS, 2008).

    Figura 2.6 Tipos de broca quanto ao ngulo de hlice: (a) tipo H, (b) tipo N e (c) tipo W

    ngulos de ponta : o ngulo formado pelos dois gumes, no plano que contm o

    eixo principal da broca. Para ngulos de ponta menores que 118 os gumes principais

    ficam convexos. Para maiores que 118 os gumes ficam cncavos. O emprego de um

    ngulo de ponta menor faz com que o cavaco seja mais fino e mais largo. Para o caso de

    alguns materiais de difcil usinabilidade, o cavaco mais espesso mais vantajoso, pelo fato

    de fazer contato na face, num ponto mais afastado do gume. Com o aumento do ngulo de

    ponta a centragem da ferramenta e o momento toror tendem a diminuir (CASTILLO,

    2005).

    ngulo de incidncia : tem como funo principal evitar o atrito entre a

    superfcie de corte e o flanco da ferramenta e permitir que o gume penetre no material e o

    corte livremente. Se o ngulo de incidncia muito pequeno, o gume no pode penetrar

    convenientemente no material e a ferramenta cega, sem corte, rapidamente. Assim, ocorre

    forte atrito com a pea, superaquecimento da ferramenta e mau acabamento superficial. Se

    o ngulo de incidncia demasiadamente grande, o gume quebra ou pode sofrer pequenos

    lascamentos em virtude do apoio deficiente (CASTILLO, 2005).

    ngulo do gume transversal : o menor ngulo formado entre os gumes

    principais e o gume transversal. Este ngulo determinado pelo ngulo de incidncia

  • 12

    (STEMMER, 2007). Na figura 2.7 apresentado a geometria da ponta de uma broca

    helicoidal.

    Figura 2.7 Geometria da ponta de uma broca helicoidal (CASTILLO, 2005)

    2.6 Afiao de brocas helicoidais

    O desempenho das brocas helicoidais evoluiu de forma significativa com o

    surgimento de novos procedimentos e afiaes. A afiao um dos fatores responsveis

    pela qualidade dos furos e uma geometria adequada de afiao reduz os esforos de corte

    no processo de furao. O tipo de afiao de broca mais conhecido e aplicado a afiao

    em cone de revoluo ou simplesmente afiao cnica (OLIVEIRA, 2008).

    O desempenho das brocas helicoidais evoluiu de forma significativa com o

    surgimento de novos procedimentos e afiaes, tais como determinadas na norma NBR-

    6176:

    Afinao da aresta transversal, figura 2.8: afiao especial (formato A) tem o

    objetivo de reduzir o esforo axial na ferramenta (fora de avano), atravs da reduo da

    espessura do ncleo e por consequncia a reduo da aresta transversal de corte

    (FERRARESI, 1970).

    = ngulo de incidncia

    = ngulo de cunha

    = ngulo de sada

    = ngulo de quina

    = ngulo de ponta

    = ngulo do gume transversal

    r= raio de quina

  • 13

    Figura 2.8 Afinao da aresta transversal de corte (OLIVEIRA, 2008)

    Afiao cruzada, figura 2.9: afiao especial (formato C), aplicada em furos

    profundos e na usinagem de materiais duros como o CGI. A fora de avano

    significativamente reduzida e a remoo parcial ou completa da aresta transversal tem

    como efeito a melhor centralizao da broca na furao. Nesta afiao retificado um

    rebaixo nos flancos da broca apresentando-se como uma segunda superfcie de incidncia

    que reduz ou mesmo elimina o gume transversal (STEMMER, 2007).

    Figura 2.9 Afiao cruzada da aresta transversal de corte (OLIVEIRA, 2008)

    Afiao com ngulo de ponta duplo, figura 2.10: afiao especial (formato D),

    aplicada na usinagem do ferro fundido. Nesta ferramenta alm do ngulo de ponta

    principal, em geral com 118, afiado um segundo ngulo de ponta com 90 na parte

    exterior da aresta principal de corte. Recomenda-se que o segundo ngulo de ponta (90)

    tenha um comprimento de 1/3 da aresta principal de corte. Este ngulo tem como objetivo

    aumentar o comprimento da aresta principal de corte e reforar as pontas da broca, regio

    onde as velocidades de corte so maiores. Este tipo de afiao possibilita o aumento da

    vida da ferramenta (STEMMER, 2007).

  • 14

    Figura 2.10 Afiao com ngulo de ponta duplo (OLIVEIRA, 2008)

    Afiao em S: Essa afiao apresenta a aresta transversal com ponta em espiral, ou

    spiral point drill em forma de S e gera ngulos de sada menos negativos ao longo da

    aresta de corte, quando comparada com a afiao cnica. Testes realizados com a aresta

    transversal em forma de S, mostraram uma reduo de at 30% na fora de avano, a

    diminuio nos erros geomtricos, a reduo de rebarbas na entrada e sada dos furos

    produzidos e uma menor gerao de calor nas pontas da broca, resultando em uma maior

    vida para a broca (CASTILLO, 2005).

    Afiao com ponta de centragem: utilizada para furao de chapas. O ngulo de

    ponta s varia de 150 a 180, dependendo da espessura da chapa a ser furada.

    empregado em furaes de pouca profundidade (l/d

  • 15

    2.7.1 Porta Pina

    O mandril com pina (figura 2.11) o mais empregado do desbaste ao semi-

    acabamento, possuindo uma boa transmisso de torque, necessitando de limpeza e troca de

    pinas. Alcana-se um batimento entre 0,01 a 0,03 mm em um comprimento de at 4 vezes

    o dimetro dos gumes (4xd). Apresenta uma baixa repetibilidade por problemas de

    montagem da ferramenta no suporte. Devido versatilidade, robustez e baixo custo

    largamente utilizado na indstria nacional (CAVALER, 2003).

    Uma bucha metlica em torno da haste cilndrica apertada mediante uma porca

    dessa forma, possui grande versatilidade de montagem, pois a simples troca da pina

    permite uma vasta gama de dimetros de ferramentas, contudo a preciso de

    concentricidade depende de quem a monta, exigindo habilidade do operador na hora da

    montagem.

    Figura 2.11 Sistema de fixao porta pina (BLANES, 2011)

    2.7.2 Hidrulico O sistema de fixao hidrulico consiste em um porta ferramenta com uma bucha

    de dilatao cilndrica deformvel que, ao se injetar leo na interface da bucha com a

    ferramenta mediante um mbolo ativado com parafuso, provoca a dilatao da bucha de

    forma centralizada em direo a haste da ferramenta, representado pela figura 2.12. Esse

    sistema apresenta como desvantagem erro de concentricidade de fixao da ordem de 5m,

    queda de presso da coluna de leo, haste da ferramenta deve ser cilndrica e uniforme e

  • 16

    custo elevado para o processo, comparando-se a qualquer outro sistema de fixao

    (MARTINS, 2008). Uma das vantagens do sistema hidrulico de fixao a possibilidade

    de amortecimento de vibraes em funo do reservatrio do fluido oferecer alguma

    capacidade de amortecer vibraes (DORMER, 2008).

    Figura 2.12 Dispositivo de fixao hidrulico (BLANES, 2011)

    2.7.3 Contrao Trmica

    O sistema de fixao por contrao trmica baseia-se na expanso proporcional dos

    materiais slidos em funo da temperatura. O aumento da temperatura do porta-

    ferramenta tem como consequncia o aumento do dimetro interno do mandril. A haste da

    ferramenta de corte colocada dentro do furo do mandril porta-ferramenta, de acordo com

    a figura 2.13. Com o resfriamento do mandril, obtida uma alta fora de fixao radial.

    Considerando-se que a expanso realizada dentro da faixa de elasticidade, especificada

    pelo material do porta-ferramenta, a operao reversvel e pode ser realizada tantas vezes

    quanto forem necessrias (CAVALER, 2003).

    Apesar de possuir vantagens como: a probabilidade de desbalanceamento ser

    praticamente nula em razo da no existncia de parafusos de fixao, possui excelente

    concentricidade, rigidez e operadores com pouca habilidade podem utilizar de forma

    eficiente (DORMER, 2008). Possui a desvantagem de baixa flexibilidade, dificuldade de

    troca de ferramentas, e investimento inicial alto na aquisio de dispositivos de

    aquecimento (COROMANT, 2011).

  • 17

    (a) (b)

    Figura 2.13 Sistema de contrao trmica (a) vista em corte, (b) indicao de aquecimento (KENNAMETAL, 2011)

    2.7.4 Sistema Hbrido (Sistema Hidro-Mecnico);

    O mandril hidro-mecnico empregado desde o desbaste pesado ao acabamento,

    possuindo a melhor transmisso de torque dos sistemas atuais de fixao, e no necessita

    de manuteno. Alcana-se um batimento entre 0,002 a 0,006 mm em at 4xd. Pode ser

    utilizado em haste cilndrica ou Weldon/Wistle-Notch (com restries). No desbaste, possui

    grande vantagem, pois o mecanismo auto-travante, ou seja, no h presso hidrulica no

    mecanismo durante a usinagem. A fixao se baseia no princpio de deslocamento de uma

    luva cnica no interior de um assento cnico do mandril (figura 2.14). O deslocamento da

    luva cnica procedido por um sistema hidrulico externo, com presso de at 700 bar

    (COROMANT, 2005).

    Atravs da presso aplicada no furo inferior, a luva cnica do mandril deslocada

    para cima, sobre o assento cnico. Quando a ferramenta fixada e, quando a presso

    aplicada no furo superior, a luva cnica do mandril deslocada para baixo, sendo a

    ferramenta liberada, de acordo com a figura 2.14. Aps a ferramenta ser fixada a presso

    hidrulica liberada (CAVALER, 2003).

    Figura 2.14 Sistema de fixao hidro-mecnico (COROMANT, 2005)

  • 18

    2.8 Desgaste de ferramentas

    Uma das causas de paradas indesejadas de mquina na indstria a troca de

    ferramenta. Causa esta originada pelo desgaste das ferramentas de corte que poderiam ser

    minimizadas com alterao de parmetros de usinagem, reduzindo assim sua ocorrncia.

    Solicitaes mecnicas, trmicas e tribolgicas decorrentes dos processos de

    usinagem levam a desgastes e sobrecargas mecnicas e trmicas dos gumes de ferramentas

    de corte, que podem resultar em sinais tpicos de desgaste como, desgaste de cratera, de

    flanco, lascamentos de vrias dimenses ou deformaes plsticas, figura 2.15

    (CASTILLO, 2005). Os diversos mecanismos de desgaste agem simultaneamente, de

    forma que tanto sua causa como seu efeito dificilmente podem ser distinguidos entre si,

    resultando em uma complexa interao de vrios fatores de desgaste (KONIG, et al.,

    1997).

    Figura 2.15 Falhas em ferramentas de corte (BUNSHAH, 2001)

    A figura 2.16 apresenta um diagrama clssico, onde a importncia dos quatro

    principais mecanismos de desgaste ilustrada em funo da temperatura de corte. Em

    baixas temperaturas, predomina o mecanismo de adeso, atuando em conjunto com a

    abraso. Em temperaturas elevadas, a adeso perde lugar aos mecanismos de difuso e

    oxidao (KLAUBERG, 2009).

  • 19

    Figura 2.16 Diagrama de distribuio dos mecanismos de desgaste das ferramentas de corte (KONIG, et al., 1997)

    Os mecanismos de desgaste de ferramentas so detalhados da seguinte maneira:

    Abraso mecnica: a abraso mecnica uma das principais causas de desgaste da

    ferramenta. Tanto o desgaste de flanco quanto o desgaste de cratera podem ser gerados

    pela abraso. No entanto, cabe destacar que ela se faz mais proeminente no desgaste de

    flanco, j que a superfcie de folga entra em atrito com um elemento rgido (pea),

    enquanto a face entra em atrito com um elemento flexvel (cavaco). O desgaste gerado pela

    abraso intensificado pela presena de partculas duras no material da pea e pela

    temperatura de corte que reduz a dureza da ferramenta. Com isso, partculas da ferramenta

    so arrancadas alta presso e temperatura, em razo do atrito entre ferramenta e pea.

    Assim, quanto maior a dureza a quente da ferramenta, maior ser sua resistncia ao

    desgaste por abraso. Trent relata que o desgaste por abraso possvel responsvel por

    atrito durante o corte por cisalhamento de material, ocasionando vibrao, que

    posteriormente origina a falha catastrfica de ferramentas.

    Difuso: a difuso entre ferramenta e cavaco um fenmeno microscpico ativado

    pela temperatura na zona de corte. A difuso no estado slido consiste na transferncia de

    tomos de um metal a outro, dependendo da temperatura, da durao do contato e da

    afinidade fsico-qumica dos dois metais envolvidos na zona de fluxo (zona de

    cisalhamento secundrio). A difuso responsvel, sobretudo pelo desgaste de cratera em

    altas velocidades de corte.

  • 20

    Oxidao: a exposio a altas temperaturas e a presena de ar e gua (contida nos

    fluidos de corte) gera oxidao para a maioria dos metais. O desgaste gerado pela oxidao

    se forma especialmente nas extremidades de contato cavaco/ferramenta, em virtude do

    acesso do ar nesta regio, sendo esta uma possvel explicao para o surgimento do

    desgaste de entalhe.

    Aderncia: se duas superfcies metlicas so postas em contato sob cargas

    moderadas, sob baixas temperaturas e baixas velocidades de corte, forma-se entre elas um

    extrato metlico que provoca aderncia. A resistncia desse extrato elevada a tal ponto

    que, na tentativa de separar as superfcies, ocorre ruptura em um dos metais e no na

    superfcie de contato. Assim, partculas da superfcie de um metal migram para a superfcie

    de outro.

    O fenmeno da aderncia est presente na formao do gume postio de corte, mas

    pode-se ter desgaste por aderncia mesmo sem a formao deste. Tal fenmeno tambm

    importante na formao do desgaste de entalhe. Alm disso, a utilizao adequada do

    fluido de corte (principalmente com efeito lubrificante) bem como o revestimento da

    ferramenta com materiais de baixo coeficiente de atrito (como o nitreto de titnio) tm

    grande influncia na diminuio desse tipo de desgaste.

    2.9 Parmetros de usinagem

    Os parmetros de usinagem na furao podem ser administrados e controlados para

    atender as necessidades de tempo, custo, especificao do produto, equipamento, dentre

    outros. So determinados dependendo das condies do equipamento, do material a ser

    usinado e da ferramenta de corte. O adequado controle destes parmetros fornece uma

    estimativa da vida da ferramenta tendo influncia no acabamento de superfcie e

    dimensional do furo.

    Condies de corte severas podem resultar em desgaste prematuro da ferramenta

    com graves consequncias ao processo, assim como condies de corte limitadas podem

    influenciar na qualidade do furo e no custo de fabricao (CAVALCANTE, 2010).

    As melhorias de fabricao envolvem dois aspectos: tcnico e econmico. Entre os

    aspectos tcnicos so: a possibilidade de produzir uma pea de acordo com especificaes

    e normas, a facilidade de remoo de material e aumentar o desempenho do mecanismo de

    formao do cavaco, etc. Os melhoramentos econmicos podem ser associados a: baixo

    desgaste da ferramenta, pequenas foras de corte e baixo consumo de energia, que

  • 21

    combinados podem levar a menores tempos de usinagem e menor custo por pea

    (PEREIRA, et al., 2006).

    Os parmetros de corte so responsveis por determinar o desempenho e a vida da

    ferramenta, estipulado em muitos testes com brocas, pelo desgaste de flanco VBmax

    indicado na figura 2.17.

    Figura 2.17 Desgaste de flanco de broca helicoidal (SANTOS, 1999)

    Dentre os parmetros de furao considera-se o tipo de material a ser usinado, e o

    material da ferramenta para poder determinar:

    Velocidade de corte (vc): determinada em funo dos materiais da pea, da broca

    e em funo da produtividade desejada. Considera-se como velocidade de corte nominal

    aquela que ocorre no dimetro onde ocorre o processo de corte pela broca (MOCELIN,

    2002). normalmente expresso por:

    [m/min]

    (2.1)

    d = dimetro da broca (mm) n = rotao da broca (min-1) Avano (f): a velocidade de translao da broca no sentido axial. O avano

    normalmente expresso em mm/rot ou em mm/min. limitado pela resistncia mecnica da

    broca, a qual pode flambar.

    Velocidade de avano (vf): segundo (SANTOS, 2008) a velocidade de avano

    definida como a velocidade instantnea da ferramenta segundo a direo e sentido do

    avano e expressa por:

    1000

    .. ndvc

    =

  • 22

    nfv f .=

    (2.2)

    f = avano por volta (mm/rot)

    A figura 2.18 mostra as condies e nomenclaturas atuantes em uma broca durante

    a furao.

    Figura 2.18 Representao de parmetros de usinagem em brocas helicoidais (MOCELIN, 2002)

    Espessura de usinagem (h): proporcional ao avano e medida

    perpendicularmente ao gume conforme:

    =

    22

    .sen

    fh

    (2.3)

    = ngulo de ponta da broca ()

    Profundidade de corte (ap): equivalente metade do dimetro da ferramenta,

    quando o processo de furao (STEMMER, 2005).

    Largura de usinagem (b): correspondente ao comprimento de cada gume principal

    para o caso de furao em cheio, sendo expresso por:

    (2.4)

    =

    2.2

    sen

    db

  • 23

    d = dimetro da broca (mm)

    Profundidade do furo: Profundidade de penetrao da broca, desconsiderando-se

    a ponta, ou seja, profundidade de penetrao das guias, representado na figura 2.18.

    2.10 Mecanismo de formao do cavaco

    O cavaco corresponde a poro de material removido da pea e sua formao

    influencia diversos fatores na usinagem como calor gerado durante usinagem, desgaste da

    ferramenta, esforo de corte entre outros. (TRENT, et al., 2000). A formao do cavaco

    muito influenciada pelo movimento do mesmo sobre a superfcie de sada da ferramenta.

    Dependendo das condies de corte, propriedades dos materiais da pea e da

    ferramenta, em alguma parte do contato pode ocorrer abraso (DA SILVA, 1998).

    Sobre o processo de formao de cavaco na usinagem de ferro fundido nodular

    tm-se algumas particularidades, que comparado a usinagem do ao ocorrem menores

    solicitaes mecnicas e, respectivamente, menores solicitaes trmicas. Porm, estas

    solicitaes so distribudas em uma pequena zona que oscila com a frequncia da

    segmentao dos cavacos (KLOCKE, et al., 2006). A busca de solues para esses

    problemas requer a compreenso do comportamento de fratura do material quando sujeito

    a elevada quantidade de deformao plstica, da forma como este volume deformado

    transforma-se em cavaco e, por sua vez, movimenta-se sobre a face da ferramenta de

    corte (TRENT, et al., 2000).

    A formao do cavaco dada em alta velocidade de deformao, seguida de ruptura

    do material. Na furao, a forma dos cavacos tem grande influncia no processo,

    devido ao espao reduzido e ao grande volume de material a ser retirado. A forma

    e o tipo dos cavacos so fatores que mais influenciam a produtividade de uma

    indstria que envolve processos de usinagem (MACHADO, et al., 2009).

    Durante a formao do cavaco considerada como mecanismo que consiste na

    movimentao da seo p q r s (Figura 2.19) na direo da aresta de corte da ferramenta,

    resultando num volume recalcado representado por p q r s aps o plano de

    cisalhamento, deformando plasticamente e elasticamente o material. Esse mecanismo um

    processo cclico e dividido em quatro etapas: recalque (deformao elstica), deformao

    plstica, ruptura e movimento sobre a superfcie de sada da ferramenta (CAVALCANTE,

    2010).

  • 24

    Figura 2.19 Diagrama da aresta de corte com formao de cavaco (MACHADO, et al.,

    2009)

    Para o processo de furao, o fator mais importante que afeta o desempenho da

    ferramenta de corte e as propriedades mecnicas da pea a temperatura de corte entre a

    broca e cavaco. Afetando de forma direta a qualidade do furo, rugosidade, desgaste da

    ferramenta e limita o aumento na velocidade de corte. As condies trmicas na furao

    diferem dos outros processos como torneamento. O cavaco formado no fundo do furo e

    permanece em contato com a broca em uma longa distncia, aumentando a temperatura da

    ferramenta que continua em constante aumento proporcional a profundidade do furo.

    Temperaturas crescentes e o acumulo de cavacos aquecidos no fundo do furo so srios

    problemas em furao (COTTERREL, et al., 2002).

    No processo de formao de cavaco do ferro fundido nodular as foras de

    compresso fazem com que os ndulos da matriz se desprendam da mesma. Ocorre

    tambm deformao plstica da mesma, entre os ndulos. Esta deformao plstica causa o

    alongamento dos ndulos na direo do corte, ocasionando fratura dctil (JUNIOR, 2010).

    2.11 Materiais de ferramentas

    A seleo de materiais para ferramentas de usinagem para uma determinada

    aplicao um fator muito importante para o sucesso da fabricao (STEMMER, 2005)

  • 25

    (SILVA, 2010). Nota-se que a introduo de novos materiais est ganhando fora

    considervel no processo de furao, principalmente devido s modernas mquinas CNC

    disponveis hoje no mercado, que garantem potncia, rigidez e rotao ao processo de

    usinagem (DINIZ, et al., 2008). No processo de furao a resistncia ao desgaste (dureza a

    quente) e a tenacidade so as principais caractersticas exigidas da ferramenta. Isso se deve

    ao mecanismo de desgaste predominante (abraso) e os esforos (compresso, toro e

    flexo) submetidos ferramenta durante o corte (KONIG, et al., 1997). As ferramentas

    durante a usinagem esto sujeitas a: altas temperaturas, altas presses de contato e atrito

    com o cavaco e a superfcie j usinada da pea. Em funo disso a ferramenta deve

    apresentar as seguintes propriedades:

    Dureza: principalmente em temperaturas elevadas para garantir resistncia ao

    desgaste e resistncia mecnica nas temperaturas de trabalho;

    Tenacidade: a ferramenta deve resistir a impactos e esforos cclicos, comuns nas

    operaes de usinagem;

    Resistncia ao desgaste: para garantir uma durabilidade compatvel com o processo;

    Estabilidade qumica: no deve reagir com o material da pea ou contamin-lo.

    2.11.1 Ao Rpido Comum;

    O ao rpido um ao de alta liga de tungstnio (W), molibdnio (Mo), cromo

    (Cr), vandio (V), cobalto (Co) e nibio (Nb). Desenvolvido por F. W. Taylor em 1905

    revolucionou a indstria mecnica com aumento significativo de velocidades de corte em

    relao aos aos ferramenta at ento utilizados (SMITH, 2008). O ao rpido possui

    elevada dureza a quente, tenacidade (em comparao com aos carbono utilizados em

    ferramentas), podendo chegar a temperaturas de corte da ordem de 600C (DINIZ, et al.,

    2008).

    Existe no mercado um variado grupo de aos rpidos, classificados segundo a AISI

    e SAE em dois grupos: os aos rpidos ao tungstnio designados pela letra T, e os ao

    molibdnio M, porem so subdivididos em subcategorias contendo cobalto, W-Co e Mo-

    Co respectivamente (SMITH, 2008). A tabela 2.1 mostra a classificao, a composio dos

    aos rpidos.

  • 26

    Tabela 2.1 Condies e tipos mais comuns de aos rpidos (KHARAGPUR, 2010)

    Tipo C W Mo Cr V Co

    T1 0,7 18 - 4 1 - T4 0,75 18 - 4 1 5 T6 0,8 20 - 4 2 12 M2 0,8 6 5 4 2 - M4 1,3 6 5 4 4 - M15 1,55 6 3 5 5 5 M42 1,08 1,5 9,5 4 1,1 8

    Para aplicao de ao rpido em brocas estes devem possuir tenacidade e

    resistncia toro, devendo possuir boa resistncia oxidao, uma vez que uma broca

    em seu estgio final de furao tem muito contato com o cavaco recm arrancado da pea

    em trabalho. Os materiais recomendados para a fabricao de brocas, que possuem estas

    propriedades, so encontrados nos aos rpidos das classes, M1, M2, M7, M10 e T1,

    preferencialmente utilizando brocas de classe M em funo da questo econmica do

    tungstnio T (SILVA, 2010).

    Dentre os tipos de ao rpido, o considerado universal o tipo M2. Um fabricante

    de aos especiais, mostrou que uma grande parcela do consumo de aos rpidos eram os

    constitudos pelos elementos de liga tungstnio-molibdnio, representando cerca de 67%

    do consumo (JESUS, 2004).

    A funo dos elementos de liga inseridos no ao rpido de melhorar ou adicionar

    propriedades, conforme descrio a seguir:

    Carbono: seus teores variam de 0,6 a 1,6%, a medida que seu teor aumenta,

    proporcionalmente aumentam sua dureza e resistncia ao desgaste e temperabilidade do

    material (JESUS, 2004). O aumento no teor de carbono aumenta a formao de carbonetos

    complexos, conferindo ao ao rpido maior dureza e resistncia ao desgaste, j que os aos

    rpidos so considerados materiais com alto teor de carbono (BARBOSA, 2009).

    Tungstnio e Molibdnio: o tungstnio esta sempre presente nos aos rpidos,

    porm introduziu-se o molibdnio como seu substituto, gerando outra classe de aos

    rpidos. So responsveis pela dureza a quente desses aos e resistncia ao desgaste

    elevada (DINIZ, et al., 2008). Em razo do peso atmico do molibdnio ser menor que o

    tungstnio, enquanto utiliza-se 1% deste para substituir por 1,6% a 2% de tungstnio

    (CHIAVERINI, 2005).

  • 27

    Vandio e Nibio: forma os carbonetos de maior dureza observados nos aos

    rpidos. Seu efeito aumentar a dureza a quente, impedir o crescimento de gro durante o

    tratamento trmico, o que gera aos mais tenazes e aumentar, a resistncia ao desgaste.

    Porm, o aumento na quantidade de vandio deve ser compensado com o aumento na

    porcentagem de carbono, pois o vandio, quando livre, promove a ferritizao dos aos, o

    que diminui consideravelmente a sua dureza. Aos com altos teores de carbono e vandio

    so chamados aos super-rpidos, podendo tambm ser considerados os aos com altos

    teores de cobalto, devido s suas maiores resistncias ao desgaste (AMORIN, 2003).

    Enquanto o Nibio, usado como substituto ao vandio devido ao seu custo mais baixo (no

    Brasil), tambm diminui a descarbonetao em aos, problema este, ocasionado durante o

    tratamento trmico (FERRARESI, 1970).

    Cromo: presente nos aos rpidos em teores de 3 a 5%, o cromo aumenta a

    temperabilidade do ao rpido, reduz a oxidao e a formao de casca de xido durante o

    tratamento trmico (AMORIN, 2003).

    Cobalto: aumenta consideravelmente a dureza a quente e temperatura ambiente

    dos aos rpidos, sendo por isso recomendados para operaes mais pesadas de desbaste.

    Como efeito negativo, o cobalto causa o aumento da tendncia a descarbonetao durante o

    tratamento trmico (AMORIN, 2003).

    2.11.2 Ao Rpido Sinterizado;

    Popularmente chamadas de ferramentas de ao rpido sinterizado (sinterizao

    apenas parte de processo de metalurgia do p), este processo de fabricao apresenta como

    vantagens a possibilidade do uso de partculas de carbonetos muito menores, com menor

    disperso, e um nmero maior de elementos de liga em comparao com o ao rpido

    fabricado pelo processo convencional, possui as seguintes vantagens (AMORIN, 2003):

    Partculas de carbonetos mais finas e uniformemente distribudas;

    Maior resistncia a compresso;

    Maior usinabilidade em retfica do que as ferramentas convencionais, devido sua

    granulao mais fina;

    Maior tenacidade do que o ao rpido convencional;

    Tratamento trmico mais simples.

  • 28

    Alm destas vantagens, tambm foram observadas maior vida de ferramenta e

    menor disperso dos resultados de vida de ferramenta, o que as torna mais adequadas para

    a realizao de ensaios de usinabilidade, alm de uma melhor condio de aderncia de

    revestimentos de TiN (SOUZA, 2011). Em contrapartida, possui custo elevado.

    2.11.3 Metal Duro;

    Devido sua elevada dureza e resistncia ao desgaste, foi batizado de Widia (Wie

    Diamont, em alemo, como o diamante), uma referncia semelhana ente as propriedades

    dos dois materiais, o que at certo ponto torna-se exagero (AMORIN, 2003).

    O metal duro um produto obtido por meio da metalurgia do p, constitudo por

    partculas duras de carbonetos de tungstnio WC e um ligante sinterizado rico em cobalto

    Co (COROMANT, 2011). O ligante tem como funo constituir a ligao dos carbonetos

    frgeis, obtendo um corpo resistente. J os carbonetos fornecem a alta dureza a quente,

    resistncia ao desgaste e compresso (SMITH, 2008).

    O corpo do metal duro formado, atravs de prensagem do p ou tcnicas de molde

    por injeo, dentro de um corpo que ento sinterizado at a densidade total

    (COROMANT, 2011).

    A classificao do metal duro convencional feita pela norma ISO513-2004,

    sendo dividido em trs grupos convencionais: P, M e K, conforme sua aplicao na

    usinagem (DINIZ, et al., 2008), e mais recentemente surgiram as classes N, S e H, sendo

    que a classe K utilizado normalmente para usinagem de ferros fundidos de modos geral

    sendo que os tipos cinzento (GG), malevel (MCI) so considerados de fcil usinagem

    enquanto que o nodular (GGG) e o vermicular (CGI) so mais difceis (COROMANT,

    2011).

    2.11.4 Revestimentos

    A utilizao de revestimentos nas ferramentas uma alternativa para viabilizar a

    usinagem sem fluido de corte j que a maioria dos ferros fundidos so abrasivos

    (DORMER, 2008). Os revestimentos atuam de duas formas importantes: como barreira

    trmica entre o material cortado (pea) e o material de corte (ferramenta), reduzindo o

    aporte trmico para o substrato da ferramenta. A outra como camada lubrificante,

    reduzindo o coeficiente de atrito entre cavaco-ferramenta-pea e atuando tambm na

    reduo do processo de adeso (MIRANDA, 2003).

  • 29

    Os principais processos aplicados para revestimento de ferramentas de corte so:

    Chemical Vapour Deposition CVD (Deposio Qumica Vapor) e Physical Vapour

    Deposition - PVD (Deposio Fsica Vapor) (SANTOS, 2008).

    O avano nesta rea se deu com o desenvolvimento de novos materiais para

    revestimento, novas estruturas e tambm novas tcnicas de deposio como a deposio

    fsica de vapor (PVD Physical Vapour Deposition) que impulsionou a utilizao de

    revestimentos em substratos de ao rpido, pois at ento a temperatura de deposio pelo

    processo CVD, na faixa entre 850-1050 C, era o fator limitante para a utilizao neste tipo

    de ferramenta, j que a essa temperatura o ao rpido sofre transformaes metalrgicas. J

    pelo processo PVD as temperaturas de deposio esto na faixa de 400-600 C, podendo

    ser ento utilizado no revestimento de substratos de ao-rpido sem maiores problemas

    (TRENT, et al., 2000).

    imprescindvel que um revestimento bem executado possua as seguintes

    caractersticas: uma boa estabilidade qumica; elevada dureza a quente e uma excelente

    adesividade do revestimento ao substrato. So desejveis tambm que a sua espessura seja

    otimizada, sem excessos ou falhas; que possua tenses residuais de compresso; baixa

    condutividade trmica e baixa adesividade com o material da pea (RIBEIRO, 2007).

    Dentre os tipos de revestimentos mais utilizados para o processo de usinagem de

    ferros fundidos pode-se destacar:

    Carboneto de Titnio (TiC): a caracterstica mais marcante do TiC em relao ao

    TiN a dureza mais elevada, o que lhe confere uma maior resistncia abraso. Possui um

    baixo coeficiente de dilatao trmica, caracterstica importante em processos como o

    fresamento (BALZERS, 2012);

    Nitreto de Titnio (TiN): quimicamente mais estavel que o TiC, isto , possui

    menos tendncia de difuso nos aos. No entanto sofre maior desgaste por abraso. Sua

    dureza de 2300 HV0,05, sendo um dos revestimentos mais utilizados para materiais mais

    dcteis, como aos de baixo C e todas classes de Al, sob baixas foras de corte (SILVA,

    2010);

    Carbonitreto de Titnio (TiCN): derivado do TiN, onde parte dos tomos

    de N so substitudos por C durante a deposio. Possui uma elevada dureza (3.000

    HV0,05). Aplicvel em situaes de foras de corte mdias a baixas, em materiais

    como ferros fundidos, aos de mdio C, ligas Al-Si (BALZERS, 2012);

  • 30

    Nitreto de Titnio-Aluminio monocamada (Ti, Al) N: depositado sobre a

    superfcie da ferramenta, figura 2.21 (a), pelo processo PVD, e atua como uma barreira

    trmica entre a ferramenta e o cavaco ( a condutividade trmica de cerca de 0,05

    kW/K.m). Resistncia ao desgaste avanada com maior resistncia a oxidao deste

    revestimento, oferece uma vantagem para usinagem a seco de ferro fundido, ao e

    alumnio de liga com 10% de Si. Por causa da sua baixa condutividade trmica, a maioria

    do calor evacuado pelos cavacos (NOUARI, 2003);

    Nitreto de Titnio-Alumnio multicamadas (TiAlN): possui uma dureza de 3.000

    HV0,05. As camadas so formadas por diferentes propores alternadas de Ti e Al,

    conforme figura 2.21 (b). Em ensaios de fresamento de ferros fundidos cinzentos e

    nodulares, com e sem fluido de corte, foram realizados testes comparativos dos

    revestimentos TiAlN monocamada e multicamada. O revestimento monocamada

    mostrou-se mais vantajoso no processo com fluido de corte, enquanto o revestimento

    multicamada destacou-se nos ensaios realizados a seco. Ambos os revestimentos tiveram

    uma vida maior na usinagem a seco do que com fluido de corte (JUNIOR, 2010).

    (a) (b)

    Figura 2.20 Comparativo entre os revestimento TiAlN monocamada (a) e TiAlN multicamada (b) (PRENGEL, et al., 2001)

    HARDLUBE ((Ti, Al) N + WC / C): um revestimento de mltiplas camadas.

    A combinao de camadas dura/mole de revestimento melhora o fluxo de cavaco atravs

    da reduo do coeficiente de atrito e das foras de corte ((Ti, Al) N: camada dura (3300

    HV), WC/C: camada de lubrificante, micro-dureza e baixo coeficiente de atrito (1000 HV).

    Este revestimento utilizado quando para aos de baixo carbono e ligas de alumnio

    (BALZERS, 2012).

    Nitreto de cromo-alumnio (AlCrN): Por apresentarem excelentes resultados na

    usinagem em velocidades de corte muito elevadas, avaliadas entre 210 e 410 m/min, este

    recobrimento permite maior vida de ferramenta mesmo em condies extremamente

  • 31

    severas. Embora apresente timos resultados na usinagem a seco apresentados, a aplicao

    de fluidos de corte aumenta proporcionalmente a vida da ferramenta em funo do

    aumento da velocidade de corte, reduzindo a evoluo do desgaste consideravelmente

    (LIN, et al., 2007). Possui elevada resistncia a oxidao e dureza a quente, ou seja, tima

    resistncia a abraso e baixo coeficiente de atrito. Possui micro-dureza na faixa de 3200

    HV, com temperatura mxima de servio de 1100C. Ganhos extraordinrios de

    desempenho tm sido demonstrados em processos de usinagem a secos e refrigerados que

    envolvem aos e ferros fundidos (BALZERS, 2012).

    xido de Alumnio (Al2O3): tambm conhecida como alumina um componente

    que, quando usado nos revestimentos, confere aos mesmos resistncia ao desgaste, alta

    dureza a quente e inrcia qumica, mesmo em altas temperaturas. Ao agir como uma

    barreira trmica para a superfcie da ferramenta faz com que o calor gerado seja conduzido

    mais para o cavaco e menos para o conjunto ferramenta/dispositivos de fixao. Tem tima

    resistncia contra a craterizao. Possui tambm levada dureza quente, estabilidade

    qumica e boas propriedades refratrias. muito frgil e de aderncia limitada, sendo

    normalmente aplicado sobre uma camada de TiC (DORMER, 2008).

    Um resumo de algumas propriedades importantes ao emprego dos revestimentos

    citados anteriormente so descritos na tabela 2.2

    Tabela 2.2 Propriedades fsicas de revestimentos de ferramentas (RIBEIRO, 2007)

    Revestimento Dureza a temperatura

    ambiente (HB)

    Resistncia a oxidao (C)

    Coeficiente de atrito contra o ao a seco

    a b a b a b TiN 1930 - 2200 2300 600 - 0,4 - 0,5 0,4 TiCN 2700 - 3000 3000 400 - 0,3 0,4 TiAlN 3000 - 3500 3300 800 - 0,7 0,25 - 0,4

    TiAlCrN 2700 - 950 - 0,8 - TiN/AlN 4000 - 950 - - - AlTiN 2700 3000 840 - 0,42 0,4 AlCr - 3000 - 3200 - - - 0,25 - 0,35 AlCrN - 3200 - - - 0,35

    Fonte: (a) Ribeiro, 2007 (b) Balzers, 2007

    2.12 Ferros fundidos

    Os ferros fundidos so ligas ferro-carbono com teor de carbono entre 1,8 e 4,5% e

    que possuem ponto de fuso relativamente baixo (aproximadamente 1200C, dependendo

    do teor de C), requerendo assim, menos energia para a fuso e possibilitando fcil

  • 32

    moldagem, uma vez que o metal fundido preencher os vazios dos moldes com facilidade.

    Alem disso, apresentam menor custo e permitem que posterior operao de usinagem seja

    a mnima possvel, quando comparado aos aos (ALMEIDA, 2008).

    Alm destes, outros elementos como silcio, mangans, fsforo, cobre, nquel,

    molibdnio e o cromo podem ser acrescentados para mudar suas propriedades. Conforme a

    tabela 2.3, a composio qumica um dos principais fatores responsveis para determinar

    a estrutura do ferro fundido e atravs dela a classificao em diferentes tipos de ferro

    fundido: branco, malevel, cinzento, nodular e vermicular. O carbono no ferro fundido

    pode se apresentar na forma livre como grafita ou carboneto de ferro (Fe3C)

    (CHIAVERINI, 2005).

    Tabela 2.3 Faixa de composio de ferros fundidos tpicos comuns (CHIAVERINI, 2005)

    Tipo Composio qumica, %

    C Si Mn S P Cinzento 2,5/4,0 1,0/3,0 0,20/1,00 0,02/0,25 0,02/1,00 Branco 1,8/3,6 0,5/1,9 0,25/0,80 0,06/0,20 0,06/0,20

    Vermicular 2,5/4,0 1,0/3,0 0,20/1,00 0,01/0,03 0,01/0,10 Malevel 2,2/2,9 0,9/1,9 0,15/1,20 0,02/0,20 0,02/0,20 Nodular 3,0/4,00 1,8/2,8 0,10/1,00 0,01/0,03 0,01/0,10

    2.12.1 Ferro Fundido Cinzento

    O ferro fundido cinzento uma liga ferro-carbono-silcio, de teores de carbono

    geralmente acima de 2,0%. A sua composio qumica varia de 93 a 93,8% de ferro, 2,5 a

    4% de carbono e 1 a 3% de silcio.

    O carbono e o silcio promovem a formao de grafita que aumenta conforme o

    aumento da percentagem desses elementos. O carbono no ferro fundido cinzento pode

    existir na forma de grafita ou como carboneto de ferro. Se a grafitizao completa, o

    ferro fundido cinzento ter lamelas de grafita com uma matriz ferrtica. As lamelas de

    grafita concentram esforos, causando baixa resistncia e ductibilidade. No entanto, o ferro

    fundido cinzento possui vrias propriedades positivas: resistncia compresso, resistncia

    ao desgaste por atrito e fadiga trmica, boa condutividade trmica e amortecimento de

    vibraes.

    Na classificao adotada pela ABNT, o ferro fundido cinzento representado pelas

    iniciais FC, seguido por dois algarismos que representam o limite mnimo de resistncia

  • 33

    trao, conforme tabela 2.4, enquanto a norma DIN representa o ferro fundido cinzento

    com as letras CG (CASTILLO, 2005).

    Tabela 2.4 Propriedades mecnicas dos ferros cinzentos, de acordo com a EB-126 da ABNT (CHIAVERINI, 2005)

    Classe

    Dimetro da barra de ensaio

    Limite de resistncia a trao (min.)

    Dureza Brinell (valores mximos)

    (HB)

    Resistncia a flexo esttica (valores mdios)

    (mm) (kgf/mm) (MPa) (kgf/mm) (MPa)

    FC10 20 10 100 201 _ _

    FC15

    8 23 230 241 34 330 12,5 18 180 223 32 310 20 15 150 212 30 290 32 11 110 201 27 260

    FC20

    8 28 270 255 41 400 12,5 23 230 235 39 380 20 20 200 223 36 350 32 16 160 217 33 320

    FC25

    8 33 320 269 - - 12,5 28 270 248 46 450 20 25 250 241 42 410 32 21 210 229 39 380

    FC30 12,5 33 320 269 - - 20 30 290 262 48 470 32 26 260 248 45 440

    FC40 20 40 390 - 60 590 32 36 350 - 57 560

    2.12.2 Ferro fundido branco

    Apresenta fratura com colorao clara, com a maior parte do carbono combinado na

    forma de Fe3C, devido s condies de fabricao e o menor teor de silcio (ALMEIDA,

    2008).

    So ligas do sistema Fe-C-Si, contendo baixos teores de Si e que apresentam o

    carbono quase que inteiramente na forma de Fe3C, formando um constituinte com a

    austenita, denominado ledeburita. Apresenta elevada dureza acima de 500 HB,

    ductibilidade nula (COROMANT, 2011). Composio qumica tpica: 1,80 a 3,60% C,

    0,50 a 1,90% Si, 0,25 a 0,80% Mn (elemento estabilizador da cementita), 0,06 a 0,20% S e

    0,06 a 0,20% P, alm de Ni (endurecimento por soluo solida deslocando a curva TTT

    pata direita), Cr, Mo (formadores de carbonetos que aumentam a resistncia ao desgaste

    (OBERG, et al., 2000). Possui propriedades como elevada dureza, baixa tenacidade,

    elevada resistncia ao desgaste propriedade esta melhorada com adio de Cr, e baixa

    usinabilidade. Dentre os fatores que influenciam na obteno de ferros fundidos brancos

  • 34

    pode-se destacar o teor de Si sendo mantido em baixos teores, para evitar a formao da

    grafita (DETTOGNI, 2010).

    2.12.3 Ferro fundido vermicular

    Tambm conhecido como Compacted Graphite Iron (CGI). Este material apresenta

    boas caractersticas de resistncia mecnica, amortecimento, tenacidade, resistncia a

    choques trmicos, condutividade trmica, e ductilidade. A juno de caractersticas to

    importantes, tanto do ferro fundido cinzento quanto do ferro fundido nodular, atribui ao

    ferro fundido vermicular uma grande importncia para aplicao industrial (MOCELIN,

    2002). A composio do ferro fundido vermicular muito similar do cinzento. A grande

    diferena est na presena de magnsio. No tradicional, o cinzento, no h magnsio, ou h

    quantidade muito pequena. No vermicular, o elemento qumico tem de ser mantido em

    uma faixa bastante estreita, entre 0,010% e 0,012%. Se houver mais do que isso, o ferro

    deixa de ser vermicular e perde suas caractersticas. A presena de magnsio na quantidade

    exata faz com que se formem, no ferro fundido, estrias grossas de grafita o que inspirou o

    nome vermicular (FRANCKLIN, 2009).

    2.12.4 Ferro fundido malevel

    Ferro fundido malevel obtido a partir de um tratamento do ferro fundido branco.

    A ductilidade do ferro fundido malevel em torno de 10% superior ao ferro fundido

    cinzento. Este tipo de ferro fundido, apresenta valores entre os de ferro fundido cinzento e

    os do ao (SILVA, 2010).

    Ferro fundido malevel tem como vantagem a facilidade de usinagem e a boa

    resistncia ao choque. Contudo, este tipo de ferro fundido exige cuidados na fundio para

    evitar falha, por apresentar certa contrao na solidificao.

    A composio qumica do ferro fundido malevel pode ser visualizada na tabela

    2.5.

    Tabela 2.5 Composio qumica do ferro fundido malevel (MSPC, 2009)

    C % Si % Mn (% mx.) S (% mx.) P (% mx.) 2,0 2,8; 0,9 1,6 0,5 0,1 0,2

  • 35

    Ferro fundido malevel pode ser aplicado para tubulaes, sapatas de freios, caixas

    de engrenagens, cubos de rodas, bielas, entre outros (MSPC, 2009).

    2.12.5 Ferro fundido nodular

    Ferros dcteis, conhecido como o ferro fundido nodular ou esferoidal ferro grafite,

    tm sido cada vez mais utilizados pela indstria transformadora desde o seu primeiro

    empreendimento no final de 1940.

    A presena da grafita nos ferros fundidos nodulares, sob a forma de ndulos

    esferoidais, resultado da adio de magnsio ou magnsio mais crio, obtendo-se um

    considervel aumento da resistncia mecnica do material em relao ao ferro fundido

    cinzento (ISRAEL, 2005). Eles oferecem uma gama de propriedades, no visto em outros

    tipos de ferros fundidos: resistncia ao desgaste, resistncia fadiga, tenacidade e

    ductilidade. Lamelas de grafite em ferros fundidos cinzentos atuam como concentradores

    de tenso, resultando em baixas resistncias mecnicas. Ndulos de grafite em ferro

    fundido nodular, por outro lado, agem como pra fenda, resultando em resistncia e

    ductilidade superior. As propriedades versteis do ferro fundido nodular os tornam

    adequados para aplicaes tais como virabrequins, pistes, engrenagens, tubos, volantes,

    cavidades, recipientes para o armazenamento e transporte de resduos nucleares, carcaas

    de bombas, valvulas e articulaes de direo, cardans, etc (BARBOSA, 2009).

    A usinabilidade de ferros fundidos nodular relatada como sendo inferior ao do

    ferro fundido cinzento. Lamelas de grafite em ferros fundidos cinzentos atuam como

    concentradores de tenso no plano de cisalhamento e, portanto, facilitam o corte. No ferro

    fundido nodular, por outro lado, as esferas de grafite so menos eficazes do que a grafite

    lamelar no enfraquecimento do material no plano de cisalhamento, e a zona de fluxo de

    material pode, por vezes ser extremamente dctil.

    Constituintes da microestrutura, como perlita, ferrita, austenita, martensita e grafite

    afetam a usinabilidade do ferro fundido nodular. Elementos de liga em ferro fundido

    tambm tm uma importante influncia na usinabilidade. Tem sido relatado que o ferro

    fundido nodular com liga Ni e Cu melhora a usinabilidade, reduzindo as foras de corte e

    rugosidade da superfcie das peas usinadas (YIGIT, et al., 2008). Segundo a norma DIN-

    1693, a forma de especificao dos ferros nodulares precedida do prefixo GGG, seguindo

    o limite de resistncia a trao em kgf/mm, conforme tabela 2.6 (CHIAVERINI, 2005).

  • 36

    Tabela 2.6 Classificao dos ferros fundidos nodulares, segundo a DIN (CHIAVERINI 2005)

    Classe

    Limite de resist. trao

    (kgf/mm) (MPa)

    Limite de Esc.

    (kgf/mm) (MPa)

    Along (%)

    Dureza (HB)

    Mdulo de elastic.

    (Kgf/mm)

    Resist. ao choque

    (kgf/mm)

    Resist. flexo

    (kgf/mm) (MPa)

    GGG-45 45 (440) 35 (340) 5 160/240

    17.000

    16.500

    a 18.500

    2 80/95 (780/930)

    GGG-38 38 (370) 25 (250) 17 140/180 10 75/90 (740/880)

    GGG-42 42 (410) 28 (270) 12 150/200 8 80/90 (780/880)

    GGG-50 50 (490) 35 (340) 7 170/240 6 85/100 (830/980)

    GGG-60 60 (590) 42 (410) 2 210/300 4 90/110 (880/1080)

    GGG-70 70 (690) 50 (490) 2 230/320 2 99/120 (1080/1180)

    2.13 Teste de indentao

    Este mtodo avalia a qualidade da adeso, sendo fcil de executar e muito til para

    fazer o controlo da qualidade (Andrade, 2008).

    O teste de indentao Rockwell C, ou tambm chamado de Daimer-Benz, um

    mtodo desenvolvido pela Union of German Engineers (Verein Deutscher Ingenieure,

    VDI) para a avaliao de revestimentos finos, segundo a diretriz 3198 (1991). O teste

    consiste em usar um durmetro para efetuar uma indentao com cargas pr-definidas. A

    indentao gerada provoca falhas na camada adjacente impresso, que vo ser analisadas

    ao microscpio ptico com uma ampliao de 100:1 e comparadas com impresses padro

    de qualidade de adeso pr-definidos. A qualidade da adeso estruturada da forma que se

    pode observar na figura 2.22.

    As impresses HF1 a HF4 so considerados padres de adeso satisfatrios, porque

    existe um bordo perfeito da indentao no filme. As impresses HF5 e HF6 representam

    uma adeso insuficiente do filme e, consequentemente, verifica-se o destacamento da

    camada depositada. HF uma expresso alem para abreviar resistncia adeso.

  • 37

    Figura 2.21 Classes de qualidade da adeso de revestimentos em PVD de acordo com a norma VDI 3198: 1991 (VDI, 1992)

    2.14 Qualidade da superfcie

    A qualidade da superfcie usinada apresenta-se em funo de quatro parmetros:

    rugosidade, ondulao, falhas e marcas de avano. No entanto, normalmente os processos

    de usinagem so classificados apenas em termos do parmetro de rugosidade que pode ser

    definido como um conjunto de irregularidades da superfcie real, em relao a uma

    superfcie de referncia (SANTOS, 2008).

    Para a medio da rugosidade, normalmente utiliza-se um rugosmetro, podendo ser

    realizada com ou sem contato entre o apalpador e a superfcie usinada. O mtodo de

    medio mais utilizado na indstria automotiva o de contato, justificado pelo baixo custo

    e simplicidade de uso. Neste mtodo alguns detalhes do equipamento acabam

    influenciando a medio tais como: o raio da ponta do apalpador e seu desgaste. Para

    minimizar tal influncia, geralmente so utilizados filtros no rugosmetro para medio.

    Devido importncia relatada sobre a rugosidade, para seu controle necessrio

    estabelecer critrios de avaliao. Esta avaliao da qualidade da superficie dos processos

    de usinagem classificada em termos de parmetros de rugosidade. Alguns dos parmetros

    medem a variao vertical, horizontal ou uma combinao destes. No caso da avaliao de

  • 38

    processos produtivos, os parmetros de controle do processo mais utilizados so: Ra, Ry, Rt

    e Rz, os mais utilizados (CAVALCANTE, 2010).

    Para a furao, a faixa de rugosidade mdia (Ra) pode ser compreendida entre 6,3 a

    12,5 m, no entanto dificil estipular um valor para os furos (BARBOSA, 2009). A norma

    DIN 4766 abrange o valor de Ra na faixa compreendida entre 1,6 25 m para o processo

    de furao, tambm considerado como padro IT 9 (ISO Tolerance), conforme Tabela 2.7.

    Tabela 2.7 Valores de Ra para processos de fabricao (CAVALCANTE, 2010)

    Mtodo de manufatura

    Valores atingveis mdios de Ra (mm)

    0,006

    0,012

    0,025

    0,05

    0,1

    0,2

    0,4

    0,8

    1,6

    3,2

    6,3

    12,5

    25

    50

    Furao Alargamento Mandrilamento

    Torn. Longitudinal

    Valores possveis Valores comuns

    A seguir so apresentados, os principais parmetros de rugosidade utilizados como

    controle do processo e de maior interesse na indstr