02 Aeroelasticidade Estática – Divergência da Asa.pdf
-
Upload
marcus-macedo -
Category
Documents
-
view
116 -
download
8
Transcript of 02 Aeroelasticidade Estática – Divergência da Asa.pdf
Aeroelasticidade Estática – Divergência da Asa
A aeroelasticidade estática é o estudo de deflexão da estrutura flexível da aeronavesujeita às cargas aerodinâmicas, quando se considera que as cargas e o movimentonão dependem de tempo.Estas cargas induzem flexão e torção na asa, mudando o ângulo de incidência e emconsequencia o escoamento aerodinâmico, quais em torno mudam as cargas e asdeflexões até se chega ao equilíbrio.Existem dois fenômenos de aeroelasticidade estática que são críticos:• divergência ( divergence )• reversão de controle ( control reversal )Divergência ocorre quando os momentos causados por cargas aerodinâmicas superamos momentos restauradores da estrutura.
Aerofólio rígido bi-dimensional
Análise Iterativa
• Aerofólio simétrico ( sem arqueamento )• c é a corda• kθ rigidez em torção da mola• ec distancia entre centro aerodinâmico e eixo elástico• θ0 ângulo inicial do aerofólio• θ ângulo de torção devido às cargas aerodinâmicas• a1 inclinação da curva de sustentação• V velocidade do ar (TAS)
2 2
1 0 1 0
1
2M V ca ec qec a
O momento de arfagem é:
A energia potencial ou energia de deformação da mola é:
21
2U K
q é a pressão dinâmica: 21
2q V
Equações de Lagrange
x
Wd T T D UQ
dt x x x x x
A equação do Lagrange para um sistema com um grau de liberdade
• T é a energia cinética• U é a energia potencial ou de deformação• D é a função dissipadora• Qx é a força generalizada• W é o trabalho da força generalizada
2
1 0 2
1 0
qec aWQ qec a
A equação do Lagrange neste caso:
22 1 0
1 0 0
2
1
U
Q
qec aK qec a qR
K
ec aR
K
Devido à carga aerodinâmica aplicada, o aerofólio torcionou um ângulo θ, então o momento de arfagem muda com o novo ângulo de incidência.
Primeira iteração
O momento de arfagem com o novo ângulo de incidência :
2
1 0 0M qec a qR
A energia de deformação tem a mesma fórmula.
2
1 0 0
2
1 0 0
11
K qec a qR
qRqec a qR qR
K
Continuando do mesmo jeito:
2
01qR qR qR
Usando a expansão em serie Taylor
1 21 1 com 1x x x x
No limite, o ângulo de torção vai ser
01
qR
qR
Único passo – Analise Direta
Considerando o ângulo θ ainda não determinado como incógnita, o momento de arfagem é:
2
1 0M qec a
A energia de deformação é a mesma de antes.O momento generalizado, baseado no trabalho incremental feito pelo momento de arfagem por ângulo incremental δθ é:
2
1 0 2
1 0
qec aWQ qec a
Aplicando as equações de Lagrange para coordenada θ :
2 2 2
1 0 1 1 0
2
10 02
1 1
K qec a K qec a qec a
qec a qR
K qec a qR
O ângulo de torção θ se tende a infinito quando q tende a 1/R e este define a velocidade de divergência.
2
1
2
1
21
2
div
divdiv div div
Kq
R ec a
qq V V
0
/
1 /
div
div
q q
q q
Asa engastada flexível
Consideramos uma asa retangular com metade de envergadura s, corda c com aerofólio simétrico e sem deformação inicial. O eixo elástico ( eixo de flexão ) é posicionado a uma distancia ec atrás de centro aerodinâmico ( em quarto da corda ).A rigidez em torção é GJ.A inclinação da curva de sustentação é aW e o ângulo de ataque a raiz é fixo ( θ0 ).Se assume uma relação linear do ângulo de torção.
T
y
s
Considerando teoria das faixas, a sustentação incremental é:
0W T
ydL qca dy
s
A sustentação total é:
0 0
02
s
W T W T
y sL qca dy qca s
s
A energia de deformação em torção é:
2 2
2
0 0
1 1
2 2 2
s s
TT
d GJU GJ dy GJ dy
dy s s
A coordenada generalizada é θT e o incremento do ângulo θ em função do θT é:
T
y
s
O trabalho feito pelas cargas aerodinâmicas é determinado considerando o trabalho do momento de arfagem em cada faixa pelo ângulo de torção da faixa. O trabalho total é determinado por integração ao longo da semi-envergadura.
0
0 0
2 2 00
02 3
s s
W T
s
TW T T W T
yW dL ec qca dy ec
s
s sy yqc a dye qec a
s s
Usando a equação do Lagrange com coordenada generalizada θT :
2 2 20 0
2 2
2 2
2 3 3 2
3
6 2
T
T
T TW W T W
WT
W
UQ
s sGJ s GJ sqec a qec a qec a
s s
q ec s a
GJ qec s a
A pressão dinâmica na divergência é:
2 2
3W
W
GJq
ec s a
A solução exata da equação diferencial é
2
_ 2 2 2 2
2,47
2W exato
W W
GJ GJq
ec s a ec s a
Variação da sustentação ao longo da asa engastada
2 2
0 02 2
31
6 2
WW W
W
qec s adL y yqca qca
dy s GJ qec s a s
Usando a pressão dinâmica de divergência:
2 2
0 02 2
3 / 31 1
2 1 / 6 2
W WW W
W W
q qdL y qec s a yqca qca
dy q q s GJ qec s a s
A sustentação total é:
0
0
3 /1
4 1 /
s
W
Total W
W
q qdLL dy qcsa
dy q q
Formulação com matrizes
A matriz de rigidez da viga: [Kθθ]. A equação de equilíbrio elástico:
[ ] [ ]elastM K
O momento de arfagem aerodinâmico:
2
2 matriz diagonal
aero W
W
M q a ec y
A a ec y
[ ] [ ] 0elast aeroM M K q A
Chegamos a um problema de autovalores:
1 1
0K A Iq
Exemplo numérico
Um modelo de asa tem rigidez em torção GJ = 23 N∙m2
Dados adicionais:s = 0,5 m ; semi-envergadurac = 0,15 m; cordaaW = 6 per radianoρ = 1,225 Kg/m3 ; densidade do ar ao nível do mare = 0,25; eixo elástico localizado o,25c atrás de a.c. ou localizado na metade da corda
Usando a formula analítica:
2
2 2 2 2
2
2 2 2 2
3 3 238177,8 N/m
0,25 0,15 0,5 6
2 2 8177,8115,5 m/s
1,225
2,47 2,47 236733,0 N/m
0,25 0,15 0,5 6
2 2 6733,0104,8 m/s
1,225
W
W
WDW
Wexato
W
WexatoDWexato
GJq
ec s a
qV
GJq
ec s a
qV
88,00
90,00
92,00
94,00
96,00
98,00
100,00
102,00
104,00
106,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
m/s
No. de elementos
Velocidade de divergencia
A solução com elementos finitos
O efeito do trim sobre a aeroelasticidade estática
O exemplo apresentado mostra que o aumento da velocidade leva ao aumento do ângulo de torção e em consequencia o aumento da sustentação. Na prática a mudança da velocidade requer o trim da aeronave via o ajuste de profundor para manter o equilíbrio de forças aerodinâmicas e de inércia.
Efeito do trim sobre a velocidade de divergência de um modelo simples
A aeronave voa horizontalmente em vôo uniforme. A fuselagem é rígida e pode se deslocar em sentido vertical e girar. A asa tem flexibilidade em torção. O efeito de downwash da asa sobre a empenagem horizontal é ignorado. As seções da asa e da empenagem são simétricas.
Cargas
T – empuxo ( thrust )D – arrasto ( drag )W – peso ( weight )LW – sustentação de uma asa ( Wing Lift )LT – sustentação da cauda ( Tail Lift )
Coordenadas Generalizadas ( graus de liberdade )
z – deslocamento verticalθ0 – ângulo de arfagem da aeronaveθT – ângulo de torção na ponta da asa
Equações de equilíbrio da aeronave rígida:
0 0
0 2 0
x
z W T
F T D
F L W L
02 02
TW Tqcsa W L
(1)
0
0
2 02
TW W T T
M
qcsa l L l
(2)
A energia elástica de deformação:
2 2
2
0 0
12
2
s s
TT
d GJU GJ dy GJ dy
dy s s
2T
U GJQ
s
O trabalho virtual é duas vezes o anterior ( da asa engastada ), e a terceira equação é:
2 02 22 3
TT W
GJqec sa
s
(3)
Arrumando as equações (4) e (3) em forma matricial:
0
2 2
2
22
03
W W T
W T
W W T
qcsa qcsa Wl
l lGJqec sa qec sa
s
Podemos eliminar LT usando as equações (1) e (2), obtendo a seguinte equação:
022
TW W T Tqcsa l l Wl
(4)
As soluções são:
/ /
4 / ( ) / 3 41
4
T W T T W T
T
W
W
Wl l l Wl l l
GJ ecs qcs a GJ q
ecs q
2 2
0 2 2
6 2 1 /
2 1 / 412
W T T W T T W W
W WW W
GJ qec s a Wl l l Wl l l q q
qcs a q qqcs a GJ qec s a
A pressão dinâmica na divergência é:
4A Wq q
Efeito do trim vertical sobre a variação da sustentação ao longo da asa
Substituindo as expressões achadas para θ0 e θT , a derivada da sustentação é:
/ 2 / 3 / 2
4 1 / 4
T T W W
W
Wl l l q q y sdL
dy s q q
Efeito do trim sobre a sustentação da asa e da empenagem horizontal
Para manter o trim, o equilíbrio de forças e momentos deve ser mantido.No caso de seção simétrica da asa, a sustentação da asa e da cauda permanece constante durante mudanças de velocidade.No caso de uma seção arqueada, vai aparecer um momento de arfagem e as forças vão mudar com a velocidade, mas ainda vão ficar em equilíbrio.
Efeito de enflechamento sobre a aeroelasticidade estática
A maioria das aeronaves tem asa com enflechamento positivo ( swept-back ). O motivo principal é aerodinâmico ( redução do arrasto ). Um efeito semelhante pode ser obtido com enflechamento negativo ( swept-forward ). O enflechamento negativo tem um efeito prejudicial sobre a divergência.
Efeito de enflechamento da asa sobre o ângulo efetivo de incidência
A flexão tem uma influencia maior que a torção sobre o ângulo de incidência, mas o modo de divergência ainda ocorre em torção.
a. Para caso sem enflechamento (AC), o ângulo de incidência não muda por causa da flexão
b. Para caso com enflechamento positivo ( AD), o ângulo de incidência efetivo diminui visto que o ponto D se levanta mais que o A, em flexão.
c. Para caso com enflechamento negativo (AB), o ângulo de incidência efetivo aumenta visto que o ponto A se levanta mais que o B, em flexão.
Em consequencia, para asa com enflechamento negativo, a velocidade de divergência diminui em comparação à asa sem enflechamento, enquanto que a asa com enflechamento positivo tem um aumento da velocidade de divergência.
Ângulo de incidência efetivo devido ao batimento e arfagem
Consideramos uma asa não afilada com corda c, semi-envergadura s, ângulo de enflechamento Λ ( positivo atrás ) e ângulo de incidência θ0 na raiz, numa corrente do ar com velocidade V.Para ter um modelo mais realista temos que considerar a flexão junto com a torção.
Duas molas de rotação: Kκ que controla o batimento e Kθ que contém a torção.
O batimento e a torção ocorrem ao longo e em torno do eixo elástico y’.De novo vamos usar a teoria das faixas para modelo aerodinâmico.
coscospitch
c
c
A arfagem diminui o ângulo
efetivo de incidência.
' sin 'sinflap
y c y
c
Batimento para baixo aumenta o
ângulo de incidência de uma asa com enflechamento positivo.
No vôo com velocidade constante e nivelado a asa deflete para cima ( κ negativo ) e em consequencia enflechamento positivo diminui o ângulo de incidência efetivo. Em realidade, as deflexões devidas à flexão influenciam o ângulo de incidência efetivo mais que a torção.
Efeito do ângulo de enflechamento sobre a velocidade de divergência
Considerando o batimento e a torção junto:
0 cos sinWdL qa cdy O trabalho virtual:
0
0
0
2
0
sincos sin
cos 4
cos cos sin
4
cos sin cos sin
4 2cos 4
s
W
W
W
y cW qa cdy
cqa cdy
cs s csqa cdy
A energia de deformação das duas molas :
2 21 1
2 2U K K
Aplicando as equações de Lagrange para as duas coordenadas generalizadas: κ e θ, i.e.
W WQ Q
Obtivemos duas equações:
2 2
0
2
0
sincos sin
2cos 4
coscos sin
4
W
W
cs c sK qa
c sK qa
Arranjando em formato matricial :
2 2 2
2 2 2
2
02 2
tan sin sin cos
2 4 2 4
sin cos cos
4 4
sin cos
2 4
cos
4
W W
W W
W
W
s cs s csK q a c q a c
q a sc q a scK
s csq a s
q a sc
A divergência ocorre quando o determinante é igual a zero.
2 22 2
22 3
costan sin
2 4 4
sin cos sin cos0
4 2 4
WW
W
q a scs csK q a c K
s csq a sc
A velocidade de divergência é:
2 2 2 2 2
2
cos / 4 tan / 2 sin / 4div
W
K KV
a K sc K cs c
Para asa sem enflechamento ( Λ = 0 ) a velocidade de divergência é:
2
8div
W
KV
a c s
Efeito do enflechamento sobre a distribuição da sustentação
No caso analisado, o efeito do enflechamento sobre a alteração da sustentação para cada faixa é o mesmo.
No gráfico abaixo, a sustentação por unidade de envergadura, normalizada com respeito ao caso Λ = 0 é apresentada em função do ângulo de enflechamento.