03-Manual Básico do FN
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OSTENSIVO CGCFN-1101
MANUAL BÁSICO DO FUZILEIRO NAVAL
MINISTÉRIO DA MARINHA
COMANDO-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS
1 9 9 8
FINALIDADE: BÁSICA
1a REVISÃO
Em 03 de agosto de 1998.
Fuzileiro Naval
Esta publicação é uma revisão do LIVRO BÁSICO DO FUZILEIRO
NAVAL, cuja primeira edição data de 1974.
Ela tem por finalidade disseminar os conhecimentos básicos
indispensáveis a todo Oficial ou Praça que escolheu o Corpo de Fuzileiros Navais
(CFN) para nele servir à Marinha do Brasil (MB).
Na presente revisão foram incluídas algumas alterações significativas em
relação à revisão anterior (1988), com o intuito de aprimorá-lo no que concerne à
amplitude e profundidade dos assuntos abordados. Assim, foram incluídos os
capítulos sobre tradições navais, legislação militar, educação moral e cívica, direito
da guerra, organização atual da MB, a carreira e condicionamento físico, enquanto
alguns outros capítulos foram condensados, reduzindo-se a profundidade da
abordagem.
A leitura atenta de tão valiosa publicação lhe proporcionará a qualificação
inicial para enfrentar o dia-a-dia de uma das mais gratificantes profissões e ser um
valoroso integrante do CFN.
Por fim, esperamos sua contribuição para o constante aperfeiçoamento
desta publicação, enviando-nos suas sugestões de alterações e correções.
ADSUMUS
VALDIR BASTOS PONTEAlmirante-de-Esquadra (FN)
Comandante-Geral
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - II - REV 1
ATO DE APROVAÇÃO
APROVO, para emprego na MB, a publicação CGCFN-1101 - MANUALBÁSICO DO FUZILEIRO NAVAL.
Rio de Janeiro, RJ.Em de de 1998.
VALDIR BASTOS PONTEAlmirante-de-Esquadra (FN)
Comandante-Geral
AUTENTICADOPELO ORC
RUBRICA
Em_____/_____/_____ CARIMBO
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO REV 1- III -
ÍNDICE
PÁGINAS
Folha de Rosto ............................................................................... I
Ato de Aprovação ........................................................................... II
Índice .............................................................................................. III
Introdução ...................................................................................... IX
CAPÍTULO 1 - HISTÓRICO DOS FUZILEIROS NAVAIS
1.1 - Antecedentes ......................................................................... 1-1
1.2 - Primeira fase ........................................................................ 1-2
1.3 - Segunda fase ....................................................................... 1-3
1.4 - Terceira fase .......................................................................... 1-5
CAPÍTULO 2 – TRADIÇÕES NAVAIS
2.1 - Generalidades ........................................................................ 2-1
2.2 - A gente de bordo .................................................................... 2-1
2.3 - O pessoal de serviço .............................................................. 2-1
2.4 - A rotina de bordo .................................................................... 2-2
2.5 - Procedimentos rotineiros ........................................................ 2-5
2.6 - Instalações de bordo .............................................................. 2-6
2.7 - As fainas ................................................................................ 2-7
2.8 - Os uniformes .......................................................................... 2-7
2.9 - A linguagem do mar ............................................................... 2-9
CAPÍTULO 3 - HIERARQUIA, DISCIPLINA E CORTESIA
3.1 - Hierarquia e disciplina .......................................................... 3-1
3.2 - Cortesia militar ...................................................................... 3-2
3.3 - Continência ........................................................................... 3-3
3.4 - Continência individual ........................................................... 3-3
3.5 - Apresentações - tratamento entre militares ......................... 3-3
3.6 - Procedimentos do FN em diversas situações ...................... 3-4
3.7 - Correspondência entre os diversos postos e graduações
das forças armadas ............................................................. 3-5
CAPÍTULO 4 - LEGISLAÇÃO MILITAR
4.1 - Leis e regulamentos ............................................................ 4-1
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO REV 1- IV -
CAPÍTULO 5 - EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA
5.1 - A família ............................................................................... 5-1
5.2 - A pátria ................................................................................. 5-1
5.3 - A caserna ............................................................................. 5-1
5.4 - O espírito de corpo............................................................... 5-1
5.5 - Símbolos nacionais ............................................................... 5-2
5.6 - Hinos e canções ................................................................... 5-3
5.7 - Datas especiais ..................................................................... 5-3
CAPÍTULO 6 - DIREITO DA GUERRA
6.1 - Generalidades ........................................................................ 6-1
6.2 - Normas fundamentais ............................................................ 6-1
6.3 - Regras de comportamento ..................................................... 6-4
6.4 - Sinais convencionais .............................................................. 6-7
CAPÍTULO 7 - LIDERANÇA
7.1 - Generalidades ................ ........................................................ 7-1
7.2 - Conceitos básicos ................................................................... 7-1
7.3 - Princípios de liderança ........................................................... 7-2
7.4 - Tipos de liderança ................................................................... 7-4
7.5 - O líder ...................................................................................... 7-5
7.6 - A importância do líder no CFN ................................................ 7-11
7.7 - Diferença entre líder e chefe .................................................. 7-12
CAPÍTULO 8 - ORGANIZAÇÃO
8.1 - Introdução ................................................................................ 8-1
8.2 - Organização do Ministério da Marinha .................................... 8-1
8.3 - Comando de Operações Navais .............................................. 8-1
8.4 - Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais ...................... 8-2
8.5 - Força de Fuzileiros da Esquadra ............................................. 8-3
8.6 - Divisão Anfíbia ......................................................................... 8-4
8.7 - Tropa de Reforço ..................................................................... 8-5
8.8 - Grupamentos de Fuzileiros Navais ............................................ 8-6
8.9 - Organizações militares de instrução e adestramento do
Corpo de Fuzileiros Navais ...................................................... 8-7
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO REV 1- V -
CAPÍTULO 9 - UNIFORMES
9.1 - Generalidades ....................................................................... 9-1
9.2 - Uso dos uniformes ................................................................ 9-1
9.3 - Prescrições diversas ............................................................. 9-2
CAPÍTULO 10 - A CARREIRA
10.1 - Generalidades ....................................................................... 10-1
10.2 - Oficiais Fuzileiros Navais ....................................................... 10-1
10.3 - Praças Fuzileiros Navais ....................................................... 10-3
CAPÍTULO 11 - CONDICIONAMENTO FÍSICO
11.1 - Generalidades ....................................................................... 11-1
11.2 - Orientações ........................................................................... 11-1
11.3 - Programas de treinamento físico-militar ............................. 11-1
11.4 - Informações complementares .............................................. 11-2
11.5 - Teste de avaliação física ..................................................... 11-4
CAPÍTULO 12 - SERVIÇOS INTERNOS
12.1 - Generalidades ........................................................................ 12-1
12.2 - Serviço de Estado ................................................................ 12-1
12.3 - Serviço de Guarda do Quartel ............................................... 12-1
12.4 - Serviço de Policiamento Interno ............................................ 12-1
12.5 - Serviço de Guarda de Subunidade ........................................ 12-1
12.6 - Atribuições ............................................................................. 12-2
CAPÍTULO 13 - EQUIPAGENS INDIVIDUAIS
13.1 - Utilidade das equipagens ...................................................... 13-1
13.2 - Definições .............................................................................. 13-1
13.3 - Constituição das equipagens ................................................ 13-2
13.4 - Uso das equipagens ............................................................. 13-2
13.5 - Inspeção nas equipagens individuais ................................... 13-4
13.6 - Cuidados com a equipagem ................................................. 13-4
CAPÍTULO 14 - HIGIENE E PROFILAXIA DAS DOENÇAS INFECTO-
CONTAGIOSAS
14.1 - Generalidades ........................................................................ 14-1
14.2 - Regras básicas de higiene pessoal....................................... 14-1
14.3 - Higiene em campanha ........................................................... 14-2
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO REV 1- VI -
14.4 - Doenças venéreas............. .................................................... 14-3
14.5 - Recomendações sobre a AIDS ............................................... 14-4
CAPÍTULO 15 - PRIMEIROS-SOCORROS
15.1 - Generalidades .......................................................................... 15-1
15.2 - Princípios gerais ...................................................................... 15-1
15.3 - Regras básicas ........................................................................ 15-2
15.4 - Procedimentos para casos especiais ...................................... 15-9
15.5 - Animais e plantas venenosas.................................................... 15-18
15.6 - Acidentes por agentes físicos .................................................. 15-23
15.7 - Pequenas emergências ............................................................ 15-24
15.8 - Transporte de feridos .............................................................. 15-25
CAPÍTULO 16 - NAVEGAÇÃO TERRESTRE
16.1 - Generalidades........................................................................... 16-1
16.2 - Cartas ....................................................................................... 16-1
16.3 - Cuidados para com as cartas em campanha ......................... 16-2
16.4 - Convenções cartográficas ....................................................... 16-3
16.5 - Representação do relevo ........................................................ 16-4
16.6 - Escala da carta ........................................................................ 16-5
16.7 - Designação de pontos na carta ............................................... 16-6
16.8 - Determinação das direções ...................................................... 16-8
16.9 - Bússola ..................................................................................... 16-14
16.10 - Orientação da carta ................................................................... 16-18
16.11 - Como trabalhar com a carta e a bússola ................................... 16-21
16.12 - Orientação quando em movimento numa viatura ..................... 16-25
16.13 - Giro do horizonte ....................................................................... 16-25
CAPÍTULO 17 - ARMAMENTO DO CFN
17.1 - Definições básicas .................................................................. 17-1
17.2 - Generalidades sobre as armas leves .................................... 17-2
17.3 - Fuzil de Assalto 5,56mm M16A2Mod705 ................................ 17-5
17.4 - Fuzil Automático 7,62mm M964 FAL ....................................... 17-6
17.5 - Fuzil Metralhador 7,62mm M964 FAP ..................................... 17-8
17.6 - Metralhadora 7,62mm Mod B 60-20 MAG .............................. 17-10
17.7 - Pistola 9mm PT92 - TAURUS ................................................. 17-11
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO REV 1- VII -
17.8 - Submetralhadora 9mm TAURUS ............................................. 17-13
17.9 - Metralhadora 12,7mm (.50) HB M2 QCB BROWNING ............ 17-15
17.10 - Espingarda 18,6mm (CAL 12) MOSSBERG.............................. 17-17
17.11 - Lança Granada 40mm M203 .................................................... 17-18
17.12 - Lança-Rojão 88,9mm (3,5”) M-20 A1B1 ................................... 17-20
17.13 - AT-4 ........................................................................................... 17-21
17.14 - Míssil Anticarro RBS 56 - BILL .................................................. 17-23
17.15 - Míssil Antiaéreo Mistral ............................................................. 17-24
17.16 - Generalidades sobre as armas pesadas ................................... 17-25
17.17 - Morteiros 60mm M-60 BRANDT e 81mm M29 A1 .................... 17-27
17.18 - Morteiro 120mm Auto-Rebocado K6A3 .................................... 17-29
17.19 - Obuseiro Auto-Rebocado 105mm/22.5 M101A1 ...................... 17-30
17.20 - Obuseiro Auto-Rebocado 155mm/23 M114A1 ......................... 17-31
17.21 - Reparo Singelo de 40mm/L70 FAK BOFI-R-BOFORS ............. 17-33
CAPÍTULO 18 - MEDIDAS DE PROTEÇÃO
18.1 - Generalidades ............................................................................. 18-1
18.2 - Fortificações de campanha ......................................................... 18-1
18.3 - Camuflagem ................................................................................ 18-19
18.4 - Destino do material escavado .................................................... 18-22
18.5 - Drenagem ................................................................................... 18-24
18.6 - Revestimento .............................................................................. 18-24
18.7 - Teto ............................................................................................. 18-25
CAPÍTULO 19 - INTRODUÇÃO ÀS OPERAÇÕES ANFÍBIAS
19.1 - Generalidades ............................................................................. 19-1
19.2 - Conceito básicos ......................................................................... 19-1
19.3 - Vida a bordo ................................................................................ 19-4
ANEXO A - LISTA DE ANEXOS ................................................................ A-1
ANEXO B - HINO NACIONAL .................................................................... B-1
ANEXO C - HINO À BANDEIRA NACIONAL ............................................. C-1
ANEXO D - HINO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL .............................. D-1
ANEXO E - CANÇÃO DOS FUZILEIROS NAVAIS - “NA VANGUARDA” . E-1
ANEXO F - HINO AO FUZILEIRO NAVAL DO BRASIL - “REGIMENTO
NAVAL” ................................................................................... F-1
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO REV 1- VIII -
ANEXO G - CANÇÃO DO MARINHEIRO - “CISNE BRANCO” ................. G-1
ANEXO H - CANÇÃO SOLDADO DA LIBERDADE ................................... H-1
ANEXO I - CANÇÃO FIBRA DE HERÓI .................................................... I-1
ANEXO J - LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS .................................. J-1
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - IX - REV 1
INTRODUÇÃO
1. PROPÓSITO
Esta publicação destina-se, fundamentalmente, a proporcionar ao Fuzileiro
Naval (FN) os conhecimentos básicos e indispensáveis ao desempenho de suas
tarefas nos primeiros anos de sua carreira.
2. DESCRIÇÃO
Esta publicação está dividida em 19 capítulos e 10 anexos que enfocam
desde o Histórico do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) até uma Introdução às
Operações Anfíbias, bem como os hinos e canções de maior relevância.
3. PRINCIPAIS MODIFICAÇÕES
Esta publicação é uma revisão do LIVRO BÁSICO DO FUZILEIRO NAVAL.
Nela foram efetivadas algumas alterações significativas em relação à versão
anterior com o intuito de adaptá-la às normas em vigor para o Sistema de
Publicações da Marinha (SPM), como também de aprimorá-la no que concerne à
amplitude e profundidade dos assuntos abordados. Assim, foram incluídos, dentre
outros, os capítulos sobre tradições navais, legislação militar, educação moral e
cívica, direito da guerra, organização atual da Marinha do Brasil (MB), a carreira e
condicionamento físico, enquanto alguns outros capítulos foram condensados,
reduzindo a profundidade da abordagem.
4. CLASSIFICAÇÃO
Esta publicação é classificada como: PMB não controlada, ostensiva,
básica e manual.
5. SUBSTITUIÇÃO
Esta publicação substitui, em conjunto com o CGCFN-1103 - Manual do
Combatente Anfíbio, o Livro Básico do Fuzileiro Naval aprovado em 07 de março de
1988.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 1-1 - REV 1
CAPÍTULO 1
HISTÓRICO DOS FUZILEIROS NAVAIS
1.1 - ANTECEDENTES
A Brigada Real da Marinha foi criada em Lisboa a 28 de agosto de 1797 por
alvará de D. Maria I, e suas raízes remontam a 1618, data de criação do Terço
da Armada da Coroa de Portugal, primeiro corpo militar constituído em caráter
permanente naquele país.
O Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) originou-se dessa brigada, cujos
componentes aportaram no Rio de Janeiro a 7 de março de 1808,
guarnecendo as naus utilizadas pela Família Real e a Corte Portuguesa, para
transmigrar para o Brasil em decorrência das Guerras Napoleônicas.
No Brasil, a Brigada Real da Marinha ocupou a Fortaleza de São José da Ilha
das Cobras, em 21 de março de 1809, por determinação do Ministro da
Marinha D. João Rodrigues de Sá e Menezes - Conde de Anadia.
Ao longo de sua existência, o CFN recebeu várias denominações, podendo
sua história ser dividida em três fases principais, de acordo com as
características básicas de sua atuação:
- de 1808 a 1847, atuando como Artilharia da Marinha;
- de 1847 a 1932, atuando como Infantaria da Marinha; e
- a partir de 1932, sendo empregado como uma combinação de tropas
de variadas características.
Em todas essas fases, o exercício de atividades de guarda e segurança de
instalações navais ou de interesse da Marinha tem sido constante. Na fase
recente, a capacitação para a realização de desembarques nas Operações
Anfíbias (OpAnf), de acordo com o conceito atual, tem definido a atuação do
CFN.
A figura que se segue faz parte da história do CFN e representa uma cópia do
Estandarte da Brigada Real da Marinha.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 1-2 - REV 1
Fig 1-1 - Estandarte da Brigada Real da Marinha
1.2 - PRIMEIRA FASE
Na primeira fase, houve ênfase no emprego dos Fuzileiros Navais (FN) para
guarnecerem a artilharia das naus e embarcações armadas. Os
artilheiros-marinheiros constituíam-se nos únicos militares profissionais de
carreira existentes nas guarnições dos navios. Em virtude de sua formação
militar, tinham acesso ao armamento portátil e contavam com a confiança dos
comandos que, por meio deles, se impunham à marinhagem sempre que era
necessário o emprego da força. Por estas mesmas razões, adquiriram
condições de praticar a abordagem, defender seus navios contra esse tipo de
ação e, desembarcando, combater em terra.
Neste período, participaram ativamente de todas as operações navais nas
quais a Marinha se envolveu, sendo dignas de realce a expedição contra
Caiena, as lutas pela consolidação da Independência, a pacificação das
Províncias dissidentes e a Guerra da Cisplatina.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 1-3 - REV 1
O CFN recebeu as seguintes denominações nesta etapa de sua existência:
- 1821 - Batalhão da Brigada Real da Marinha destacado no Rio de Janeiro;
- 1822 - Batalhão de Artilharia da Marinha do Rio de Janeiro;
- 1826 - Imperial Brigada de Artilharia da Marinha; e
- 1831 - Corpo de Artilharia de Marinha.
Fig 1-2 - Almirante Rodrigo Pinto Guedes, Barão do Rio da Prata,
primeiro Comandante da Brigada Real da Marinha no Brasil
1.3 - SEGUNDA FASE
Esta fase iniciou com a criação do Corpo de Imperiais Marinheiros a quem
cabia guarnecer a artilharia dos navios e embarcações, passando os FN a
serem empregados como infantaria na realização de abordagens, na defesa
das naus e na realização de desembarques. Entretanto, em decorrência de
seu melhor preparo, mantiveram, durante algum tempo, várias tarefas
referentes à Artilharia da Marinha.
A artilharia dos FN evoluiu de artilharia naval para artilharia de posição e
artilharia de desembarque, culminando no Grupo de Artilharia de Campanha
do Regimento Naval.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 1-4 - REV 1
Nesta fase, os soldados-marinheiros participaram de guerras externas, como
as campanhas contra Oribe e Rosas, contra Aguirre, e a Guerra do Paraguai.
As denominações a seguir foram as que o CFN recebeu nesta importante
fase:
- 1847 - Corpo de Fuzileiros Navais;
- 1852 - Batalhão Naval;
- 1895 - Corpo de Infantaria da Marinha;
- 1908 - Batalhão Naval; e
- 1924 - Regimento Naval.
Fig 1-3 - Tomada do Forte Sebastopol (1864) Campanha
contra Aguirre
Vale destacar que, na campanha contra Aguirre, os FN desempenharam papel
relevante na tomada do Forte Sebastopol da Praça Forte Paissandu, quando o
2o Sargento Francisco Borges de Souza se destacou por seu heroísmo e
destemor.
Por sua vez, o Batalhão Naval participou com todo seu efetivo na longa e
cruenta Guerra do Paraguai ou da Tríplice Aliança (1864). Das 1845 praças
que constituíam o efetivo do Batalhão Naval à época, 1428 estavam
embarcadas nas unidades navais em operações no Prata, sendo 585
artilheiros e 843 fuzileiros.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 1-5 - REV 1
Fig 1-4 - Guerra do Paraguai
1.4 - TERCEIRA FASE
A denominação de Corpo de Fuzileiros Navais, em 1932, em substituição à
anterior, Regimento Naval, assinalou o ínicio da terceira fase, que vem se
caracterizando por franca expansão e aprimoramento, mas conservando a
tradição de disciplina e confiança, a qual, originária da época da Brigada Real
da Marinha, manteve-se através dos tempos.
Fig 1-5 - Evolução dos uniformes do Corpo de Fuzileiros Navais
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 1-6 - REV 1
Deve ser destacada uma série de fatos ocorridos em relativo curto espaço de
tempo que permitiram esta evolução:
- a formação dos primeiros oficiais FN na Escola Naval;
- o extraordinário desenvolvimento das OpAnf na Segunda Guerra Mundial;
- a expansão da Marinha;
- o aprimoramento técnico-profissional dos oficiais por meio de cursos,
estágios e visitas ao exterior;
- a criação do Campo da Ilha do Governador e, nele, o Centro de Instrução
(hoje Centro de Instrução Almirante Sylvio de Camargo) e a Companhia
Escola (hoje Centro de Instrução Almirante Milcíades Portela Alves,
localizado no Campo de Guandu do Sapê, no subúrbio carioca de Campo
Grande, RJ); e
- a obtenção de áreas para adestramento e a construção de aquartelamentos.
O progresso material alcançado, ao qual se adicionou o devido embasamento
doutrinário, possibilitou o incremento de exercícios com forças navais de
países amigos que culminaram com o adestramento interaliado na Ilha de
Vieques, Porto Rico, juntamente com FN norte-americanos, holandeses e
ingleses.
Nesta fase, o CFN, como um todo ou em parte, atuou em acontecimentos
relevantes da história do Brasil, a saber:
- posição legalista nas Revoluções Constitucionalista (1932) e Integralista
(1938);
- Segunda Guerra Mundial com destacamentos embarcados,
Companhias Regionais nos portos de onde nossas forças navais
participavam do conflito e destacamento na Ilha da Trindade; e
- posição democrática na Revolução de 1964.
Por ocasião do conflito entre a Índia e o Paquistão, em 1965, o Brasil, como
membro da Organização das Nações Unidas (ONU), enviou observadores
militares com uma representação do CFN, o mesmo ocorrendo na luta
deflagrada entre Honduras e El Salvador.
Nas operações levadas a efeito pela Organização dos Estados Americanos
(OEA) na República Dominicana, o CFN enviou um Grupamento Operativo
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 1-7 - REV 1
(GptOp) integrando o Destacamento Brasileiro da Força Interamericana de
Paz (FAIBRAS), um dos componentes da Força Interamericana de Paz (FIP).
De março de 1965 a setembro de 1966, esse GptOp foi revezado três vezes,
cumprindo as tarefas recebidas com exemplar disciplina e eficiência
técnico-profissional.
Fig 1-6 - Contingente do Corpo de Fuzileiros Navais em São
Domingos (1965)
Nos últimos anos e em atendimento às solicitações da ONU, o Brasil tem
enviado militares de suas forças armadas (FA) para várias regiões em conflito
no mundo. O CFN, como uma tropa de elite, tem participado ativamente
dessas Missões de Paz, com observadores militares ou mesmo tropa. Desta
forma, os FN do Brasil já marcaram presença em El Salvador; em Honduras;
na antiga Iugoslávia; em Moçambique; em Ruanda; em Angola; no Equador; e
no Peru. O elevado grau de profissionalismo dos seus militares, aliado à
disciplina, é fator fundamental para o êxito nesses tipos de operações e tem
contribuído para que o Brasil, cada vez mais, seja um membro atuante na
nova ordem internacional.
Também, no âmbito interno, por diversas vezes o CFN teve atuação destacada
no restabelecimento da ordem, juntamente com a participação das demais
forças singulares.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 2-1 - REV 1
CAPÍTULO 2
TRADIÇÕES NAVAIS
2.1 - GENERALIDADES
O presente capítulo aborda as tradições navais e sua linguagem, sem
pretensão de esgotar o assunto, mas, tão-somente, disseminar
conhecimentos iniciais àqueles que começam, como fuzileiro naval, a vida de
bordo, em qualquer Organização Militar (OM) da Marinha do Brasil (MB).
2.2 - A GENTE DE BORDO
O Comandante é a autoridade suprema de bordo. O Imediato é o oficial cuja
autoridade se segue, em qualquer caso, à do Comandante. É, portanto, o
substituto eventual do Comandante.
A gente de bordo compõe-se do Comandante e da Tripulação. O Imediato e
os demais oficiais constituem a oficialidade. As praças constituem a
guarnição. A oficialidade e a guarnição formam a tripulação da OM.
As ordens emanam do Comandante e são feitas executar pelo Imediato,
coordenador de todos os trabalhos de bordo e que exerce a gerência das
atividades administrativas.
2.3 - O PESSOAL DE SERVIÇO
Uma série de atividades de bordo é executada pelo pessoal de serviço.
Originalmente, o cuidado com o navio, em termos de zelo por sua segurança,
determinou o emprego de parcelas da tripulação em períodos de quatro horas,
denominados quartos. Resulta daí a divisão do dia em quartos de serviço,
correspondentes aos períodos entre os horários de 0000 às 0400, 0400 às
0800, 0800 às 1200, 1200 às 1600, 1600 às 2000 e 2000 às 2400 horas. O
quarto de 0400 às 0800 é denominado quarto d’alva.
Alguns serviços são comuns a todas as OM, tanto a bordo de navios como de
unidades de fuzileiros navais, unidades aéreas e OM de terra. Em geral, são
diários, ou seja, parcela da tripulação se reveza no guarnecimento a cada
vinte e quatro horas, assumindo dois quartos em efetivo serviço nesse
período.
2.3.1 - O Oficial de Quarto ou de Serviço
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 2-2 - REV 1
No exercício de suas atribuições, é o representante do Comandante. É o
responsável pela segurança do navio ou OM, pela manutenção da
disciplina e pelo cumprimento da rotina de bordo.
2.3.2 - O Contramestre
É um suboficial ou sargento, ajudante do oficial de serviço.
2.3.3 - O Polícia
É um sargento ou cabo, ajudante do oficial de serviço para efeito de
fiscalização quanto ao cumprimento da rotina e manutenção da disciplina.
2.3.4 - O Ronda / O Mensageiro
É um marinheiro ou soldado, estafeta ou mensageiro, às ordens do oficial
de serviço.
2.3.5 - A Sentinela
É um marinheiro ou soldado destacado para um posto de guarda, com
atribuição básica de proteger a OM das ameaças provocadas por
estranhos ou inimigos.
2.4 - A ROTINA DE BORDO
A observação de que o dia é dividido em quartos de serviço nos indica que o
dia do homem do mar é marcado por certa continuidade nos trabalhos, ou
seja, pela não suspensão do guarnecimento dos serviços.
2.4.1 - O Sino de Bordo
No período compreendido entre os toques de alvorada e de silêncio, os
intervalos dos quartos são determinados por batidas do sino de bordo,
feitas ao fim de cada meia-hora. A primeira meia-hora é determinada por
uma batida singela; a segunda, por uma batida dupla; a terceira, por uma
batida dupla e uma singela; a quarta, por duas batidas duplas; a quinta,
com duas batidas duplas e uma singela; a sexta, por três batidas duplas; a
sétima, por três duplas e uma singela; e a oitava, por quatro duplas
(figura 2-1).
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 2-3 - REV 1
Fig 2-1 - Quadro sinótico das batidas de sino que marcam os intervalos dos
quartos
2.4.2 - O Apito de Marinheiro
Os principais acontecimentos de bordo estão relacionados às ordens que
são transmitidas por meio de toques de apito de marinheiro ou de corneta,
ou ainda, por ambos. O apito de marinheiro tem sido, através dos tempos,
uma das mais características peças do equipamento náutico de uso
pessoal da gente de bordo. Gregos e Romanos já o usavam para fazer a
marcação do ritmo dos movimentos dos remos nas galés. Com o passar
dos anos, tornou-se uma espécie de símbolo de autoridade e até mesmo
de honra.
2.4.3 - Acontecimentos da Rotina Normal
Para apresentar os principais acontecimentos da rotina normal nas OM,
serão enfocadas algumas fainas e ações afetas ao pessoal de serviço, e
outras que envolvem a tripulação como um todo, normalmente referidas
aos quartos de serviço.
Com algumas variações, correspondem ao dia-a-dia das OM:
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 2-4 - REV 1
a) No quarto d’alva
I) Alvorada;
II) Faxina do quarto d’alva, que corresponde à limpeza e à arrumação
das instalações de bordo pelo pessoal de serviço;
III) Regresso de licenciados; e
IV) Sinal para a bandeira, preparativo para o cerimonial que se seguirá.
b) No quarto de 0800 às 1200 h
I) Cerimonial do hastear da bandeira
A bandeira nacional é içada às oito horas da manhã em todas as OM
da Marinha, em cerimonial que consta de sete vivas dados com o
apito de marinheiro, ou de toque de corneta, e das continências
individuais por todo o pessoal presente nas imediações do local do
cerimonial;
II) Parada
Formatura geral da tripulação para a transmissão/recebimento de
ordens;
III) Início do 1o tempo de adestramento e expediente, que termina
próximo ao meio-dia;
IV) Rancho para serviço; e
V) Sinal do meio-dia e o rancho geral.
c) No quarto de 1200 às 1600 h
I) Período de recreação, após o rancho;
II) Início do 2o tempo de adestramento e expediente;
III) Formatura para distribuição de faxinas;
IV) Inspeção, quando todas as incumbências de bordo são vistoriadas;
e
V) Volta às faxinas, adestramento e expediente.
d) No quarto de 1600 às 2000 h
I) Autorização para baixar a terra, ou seja, o licenciamento;
II) Período de recreação;
III) Sinal para a bandeira;
IV) Cerimonial do arriar da bandeira;
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 2-5 - REV 1
A bandeira nacional é arriada ao pôr-do-sol com formatura geral da
tripulação ou de todos que se encontram a bordo. Após o cerimonial
do arriar, é costume o cumprimento de boa noite por todos;
V) Rancho para serviço; e
VI) Rancho geral.
e) No quarto de 2000 às 2400 h
I) Formatura de todos que se encontram a bordo, se licenciada a
tripulação. Essa formatura é conhecida como Revista do Recolher ; e
II) Silêncio.
f) No quarto de 0000 às 0400 h
É redobrada a atenção do pessoal de serviço com a segurança, uma
vez que, desde o silêncio, o restante do pessoal a bordo estará
recolhido para descanso.
2.5 - PROCEDIMENTOS ROTINEIROS
2.5.1 - Saudação entre militares
A saudação entre militares é a continência. Ela é uma reminiscência do
antigo costume que tinham os combatentes medievais, metidos em suas
armaduras, levarem a mão direita à têmpora para suspender a viseira e
permitir a sua identificação, ao serem inspecionados por um superior.
2.5.2 - Saudar o oficial de serviço
Todos que entram a bordo obrigatoriamente saúdam o oficial de serviço e
pedem licença para entrar a bordo. Da mesma forma, para retirar-se de
bordo, qualquer pessoa deve obter permissão do oficial de serviço e dele
se despedir.
2.5.3 - Saudar o pavilhão nacional
É costume, ao entrar-se a bordo pela 1a vez no dia, saudar o pavilhão
nacional, bem como ao retirar-se de bordo.
2.5.4 - Dar o pronto da execução de ordem recebida
O subordinado dará o pronto a seu superior da execução das ordens que
dele tiver recebido, bem como o manterá informado do andamento das
tarefas por ele determinadas.
2.5.5 - Uniformes a bordo
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 2-6 - REV 1
É obrigatório possuir a bordo todos os uniformes previstos, em quantidade
suficiente e em condições de pronto uso.
2.6 - INSTALAÇÕES DE BORDO
Algumas instalações a bordo recebem denominação típica da linguagem dos
homens do mar. A título de familiarização, algumas serão apresentadas a
seguir.
2.6.1 - Alojamentos
Câmara, camarote, alojamento e coberta são locais destinados a alojar o
pessoal de bordo. A câmara é destinada ao Comandante. Os camarotes e
alojamentos aos oficiais, suboficiais e primeiros-sargentos. As cobertas
aos demais sargentos, cabos, marinheiros e soldados.
2.6.2 - Ranchos
Nas OM, de uma forma geral, haverá os seguintes ranchos: o do
Comandante, normalmente agregado à câmara; o dos oficiais, realizado
na Praça D’armas; o dos suboficiais e primeiros-sargentos; e os das
demais praças, que, nos navios, recebe a denominação de coberta de
rancho.
2.6.3 - Praça d’armas
Compartimento onde funcionam o refeitório e a sala de estar dos oficiais
nos navios de guerra. A expressão originou-se do fato de, no tempo da
Marinha a vela, ser no compartimento reservado à refeição dos oficiais que
se guardava o armamento portátil de que dispunha o navio.
2.6.4 - Escoteria
Local, nas OM, onde são guardadas as armas portáteis e as de porte.
2.6.5 - Sala de Estado
Dependência destinada à permanência do oficial de serviço e seus
auxiliares.
2.6.6 - Salão de Recreio
Compartimento amplo destinado ao uso das praças nos períodos de
recreação previstos na rotina de bordo.
2.6.7 - Paiol
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OSTENSIVO - 2-7 - REV 1
Compartimento destinado à guarda ou armazenamento de materiais,
como, por exemplo, munição, rancho, tintas, equipagens, fardamento etc.
2.6.8 - Bailéu
Compartimento destinado ao recolhimento de presos. Na Marinha antiga,
o local das prisões a bordo de navios situava-se em determinado
pavimento denominado bailéu.
2.6.9 - Secretaria
Dependência da OM onde são executadas atividades administrativas.
2.6.10 - Corpo da Guarda
Conjunto de dependências destinadas ao serviço e alojamento do pessoal
em serviço de guarda.
2.7 - AS FAINAS
Fainas são trabalhos que envolvem o pessoal de bordo para um fim
específico, classificando-se, conforme o caso, em gerais ou parciais. São
também classificadas como comuns ou de emergência.
Para cada situação prevista de faina, a cada elemento a bordo é designado
um posto ou função específica, ou então, um local de formatura.
As fainas comuns são ordenadas como nas atividades previstas na rotina, ou
seja, por meio de toques de apito ou corneta e anúncio por fonoclama.
As fainas de emergência são ordenadas por sinais de alarme, seguidos de
aviso específico sobre a faina.
Em um navio de guerra, as seguintes fainas são importantes para os
procedimentos a serem adotados pelos fuzileiros navais a bordo: geral de
postos combate; as comuns de recebimento de combustível e munição; e as
de emergência de incêndio, colisão e abandono.
2.8 - OS UNIFORMES
Com vistas a pronta identificação, a utilização de platinas, galões, distintivos e
divisas obedecem às seguintes normas: oficiais e suboficiais usam platinas
nos ombros dos uniformes brancos, galões nos punhos dos uniformes azuis e
distintivos nas golas dos uniformes cinza ou bege. Sargentos, cabos,
marinheiros e soldados usam sempre, para distinção de graduação, divisas
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 2-8 - REV 1
nas mangas desses uniformes. No uniforme camuflado, os distintivos de
oficiais e suboficiais e as divisas das demais praças são usados na gola.
2.8.1 - Uniformes Característicos
a) O uniforme do marinheiro
O uniforme típico do marinheiro é universal. Suas peculiaridades são o
lenço preto ao pescoço e a gola azul com três listras.
O lenço tem sua origem na artilharia dos tempos antigos da Marinha a
vela. Os marujos usavam um lenço na testa durante os combates,
amarrados atrás da cabeça. Este procedimento evitava que o suor
misturado à graxa e mesmo à pólvora das peças que atiravam, lhes
caísse aos olhos, ficando, portanto, na parte da frente da blusa, com as
duas pernadas da amarração presas com cadarço branco. Usualmente
esses lenços eram coloridos, mas, nos funerais do Almirante Nelson, o
mais famoso dos almirantes ingleses, os marinheiros desfilaram com
lenços pretos, o que foi mais tarde posto em uso na Marinha Britânica e
adotado, praticamente por todas as Marinhas do mundo.
A gola do marinheiro é bastante antiga. Era usada para proteger a
roupa das substâncias gordurosas com as quais os marujos untavam o
“rabicho” de suas cabeleiras. O uso do rabicho desapareceu mas a gola
permaneceu como parte do uniforme bem característica. A cor azul é
adotada por quase todas as Marinhas do mundo. As três listras
existentes na gola foram usadas pela primeira vez, também nos
funerais de Nelson, para comemorar suas vitórias nas três grandes
batalhas: Aboukir, S. Vicente e Trafalgar.
b) O uniforme do fuzileiro naval
Característico dos fuzileiros navais da MB, o gorro de fita de forma
escocesa é a peça mais tradicional do uniforme. Adotado há mais de
cem anos, constitui-se em significativo elemento de identificação dos
integrantes do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN).
Também pelo seu uniforme de gala, o garança, é o fuzileiro naval
reconhecido, notadamente por sua utilização nas cerimônias e nas
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 2-9 - REV 1
apresentações das bandas de música. Sua túnica, no tom vermelho-
vivo, corresponde à tradição reinante nas tropas do século XIX, no
teatro da Europa, que empregavam uniformes nessa cor para ressaltar
os valores de intrepidez e ardor com que se comportavam nas batalhas.
Simbolicamente, retratavam o sangue do combatente a manchar sua
vestimenta de combate.
2.9 - A LINGUAGEM DO MAR
Este artigo contém uma pequena mostra de expressões de uso consagrado na
Marinha do Brasil, visando a uma adaptação inicial com a linguagem própria
da força: a linguagem do mar.
2.9.1 - O navio e as posições relativas a bordo
a) Nomenclatura das partes mais importantes
I) Casco é o corpo do navio sem levar em consideração os
mastros, aparelhos e outros acessórios. Não possui uma forma
geométrica única, sendo sua principal característica ter um plano de
simetria (plano diametral), que se imagina passar pelo eixo da quilha,
dividindo-o, verticalmente, em duas partes no sentido do
comprimento.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 2-10 - REV 1
Fig 2-2 – Vista de uma seção do casco de um navio
II) Quilha é a peça estrutural básica do casco do navio, disposta na parte
mais baixa do seu plano diamentral, em quase todo o seu
comprimento. É considerada a "espinha dorsal" do navio.
III) Cavernas são assim chamadas as peças curvas que se fixam
transversalmente à quilha do navio e que servem para dar forma ao
casco e sustentar o chapeamento exterior.
IV) Costado é a parte do forro exterior do casco situada entre a borda e
a linha de flutuação a plena carga.
V) Anteparas são as separações verticais que subdividem, em
compartimentos, o espaço interno do casco, em cada pavimento.
Fig 2-3 – As partes mais importantes do navio
VI) Proa é a extremidade dianteira ou anterior do navio.
VII) Popa é a extremidade posterior do navio.
VIII) Bordos são as duas partes simétricas em que o casco é
dividido pelo plano diametral. Boreste (BE) é a parte à direita, e
bombordo (BB) à esquerda, supondo-se o observador situado no
plano diametral e olhando para a proa.
IX) Convés é a denominação atribuída aos pavimentos com que o navio
é dividido no sentido da altura. O primeiro pavimento contínuo de
proa a popa, contando de cima para baixo, que é descoberto em todo
ou em parte, tem o nome de convés principal. Abaixo do convés
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 2-11 - REV 1
principal, os conveses são designados da seguinte maneira: segundo
convés, terceiro convés, etc. Eles também podem ser chamados de
cobertas. Um convés parcial, acima do principal, é chamado convés
da superestrutura.
X) Convés de vôo ou convôo é o convés principal dos navios-
aeródromos, que se estende de popa a proa, constituindo sua pista
de decolagem e pouso.
XI) Superestrutura é a construção feita sobre o convés principal,
estendendo-se ou não de um bordo a outro, e cuja cobertura é, em
geral, ainda, um convés.
XII) Castelo da proa, ou simplesmente castelo, é a superestrutura na
parte extrema da proa.
XIII) Tombadilho é a superestrutura na parte extrema da popa.
XIV) Superestrutura central é a existente a meia-nau. Nela
normalmente são encontrados dois importantes conveses: o tijupá,
convés geralmente aberto e mais elevado do navio, onde é
instalada a agulha magnética padrão e outros instrumentos que não
devem ficar cobertos; imediatamente abaixo do tijupá, encontra-se o
passadiço, pavimento dispondo de uma ponte (passagem) na
direção de BB a BE, de onde o Comandante dirigi a manobra do
navio e onde permanece o oficial de quarto.
XV) Porão é o espaço entre o convés mais baixo e o fundo do navio.
Nos navios transporte, ele é, também, o compartimento estanque
onde se acondiciona a carga.
XVI) Bailéu é um pavimento parcial abaixo do último pavimento
contínuo, isto é, no espaço do porão. Nele fazem-se paióis ou
outros compartimentos semelhantes. É, também, uma expressão
naval utilizada para designar a prisão a bordo. Essa acepção
decorre do fato de, na Marinha antiga, tais prisões ficarem situadas
no bailéu dos navios.
XVII) Portaló é a abertura feita na borda ou passagens nas
balaustradas, por onde o pessoal entra e sai do navio, ou por onde
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 2-12 - REV 1
passa a carga leve. Há um portaló de BB e um de BE, sendo esse
último considerado o portaló de honra dos navios de guerra.
b) Posições relativas a bordo
I) A vante e a ré
Diz-se que qualquer coisa é de vante ou está a vante (AV) quando
está na proa, e que é de ré ou está a ré (AR) quando está na popa. Se
um objeto está mais para a proa que outro, diz-se que está por
ante-a-avante (AAV) dele; se está mais para a popa, diz-se que está
por ante-a-ré (AAR).
II) Cobertas abaixo
Diz-se que algo se encontra cobertas abaixo quando está nos
conveses cobertos.
III) Cobertas acima
Diz-se de atividade, faina, etc. realizada no convés ou em pavimento
a céu aberto.
IV) No convés
Diz-se que algo se encontra no convés quando está em um convés
descoberto.
2.9.2 - Expressões do cotidiano
a) Safo
É talvez a palavra mais usual na Marinha. Serve para tudo que está
correndo bem ou que faz correr as coisas bem: “oficial safo”, “marinheiro
safo”. “A faina está safa”. “Não se preocupe fulano, o dinheiro está safo”.
“Consegui safar o navio do banco de areia”. “A entrada é safa, pode
demandar: não há obstáculos”.
b) Onça
Também de grande uso. É dificuldade: “onça de dinheiro”, “onça de
sobressalente”. Estar na onça é estar em apuros. “A onça está solta”,
quer dizer que tudo está ruim a bordo, tudo de ruim acontece. Vem a
expressão de uma velha história de uma onça de circo solta a bordo.
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OSTENSIVO - 2-13 - REV 1
c) Safa-onça
É a combinação das duas expressões anteriores. Significa salvação.
“safa-onça” é tudo que soluciona uma emergência. “Safei a onça
agarrando uma táboa que flutuava”. “O meu safa-onça foi um pedaço de
queijo, que ainda restava no barco; do contrário, morreria de fome”. “Este
livro é o safa-onça de inglês”.
d) Pegar
É o contrário de estar safo. Significa entravar, não conseguir andar
direito. “Tenente, o rancho está pegando, não chegou a carne”. “Este
Mestre D’armas não serve; com ele tudo pega”. “Comandante, não pude
chegar a tempo, a lancha pegou bem no meio da baía”.
Parece que a expressão vem de pegar tempo ou seja pegar mau tempo.
“Fulano está pegando tempo para resolver a primeira questão”. “Aquele
marujo não conseguiu safar-se para a parada: pegou tempo para arranjar
um boné novo”.
e) Caverna mestra
Oficial ou praça que, por achar-se há muito tempo no navio e ser
dedicado às coisas de bordo, torna-se profundo conhecedor dos
problemas e peculiaridades do mesmo.
f) Bóia de espera, ficar na bóia de espera
Esperar a vez; aguardar promoção. “Fulano foi preterido, ficou na bóia de
espera aguardando vaga por antiguidade”.
g) Cochar
Proteger; cuidar com preferência de (alguém); proporcionar as melhores
situações a.
Cocha é o empenho ou a recomendação de pessoa importante. É
também a pessoa que faz esse empenho ou recomendação. Cochado,
por sua vez, é o protegido, recomendado.
h) Voga
Ritmo ou regime imprimido a uma atividade ou trabalho. Voga picada
significa uma voga puxada, com ritmo acelerado.
i) Arvorar
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OSTENSIVO - 2-14 - REV 1
Desistir de uma empreitada. Suspender a execução de uma atividade
determinada anteriormente.
j) Jacuba
Bebida refrigerante constituída de suco de fruta (natural ou artificial)
dissolvido em água, adoçado com açúcar.
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OSTENSIVO - 3-1 - REV 1
CAPÍTULO 3
HIERARQUIA, DISCIPLINA E CORTESIA
3.1 - HIERARQUIA E DISCIPLINA
A hierarquia e a disciplina são a base institucional das forças armadas. A
autoridade e a responsabilidade crescem com o grau hierárquico.
A hierarquia militar é a ordenação da autoridade, em níveis diferentes, dentro
da estrutura das forças armadas. A ordenação se faz por posto ou graduação;
dentro de um mesmo posto ou graduação se faz pela antigüidade no posto ou
na graduação. O respeito à hierarquia é consubstanciado no espírito de
acatamento à seqüência de autoridade.
Disciplina é a rigorosa observância e o acatamento integral das leis,
regulamentos, normas e disposições que fundamentam o organismo militar e
coordenam seu funcionamento regular e harmônico, traduzindo-se pelo
perfeito cumprimento do dever por parte de todos e de cada um dos
componentes desse organismo.
A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser mantidos em todas as
circunstâncias da vida entre os militares da ativa, da reserva remunerada e
reformados.
Quando se fala de disciplina no Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), não se quer
referir aos regulamentos, às punições ou a uma condição de subserviência. O
que se quer dizer é a exata execução das ordens, decorrente de uma
obediência inteligente e voluntária, e não de uma disciplina baseada somente
no temor.
A punição de militares por quebra da disciplina é as vezes necessária, mas
apenas para corrigir os rumos daqueles que ainda não foram capazes de fazer
parte de uma equipe.
A disciplina é necessária a fim de assegurar a correta execução das ações
ordenadas, as quais serão de grande importância, principalmente nas
situações de combate. O fuzileiro naval (FN) precisa ser capaz de reconhecer
e enfrentar o medo por ser este o inimigo da disciplina em determinadas
situações. O medo não controlado transformar-se-á em pânico, e a unidade
que entrar em pânico não será mais uma unidade disciplinada e sim uma
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 3-2 - REV 1
turba. Não há pessoa sã que não sinta medo, mas com disciplina e moral
elevado, todos podem enfrentar o perigo.
Um FN aprende a ser disciplinado adquirindo um senso de obrigação para
com ele próprio, com seus companheiros, com seu comandante e com o
CFN. Ele aprende que é membro de uma equipe organizada, treinada e
equipada com o propósito de engajar e derrotar o inimigo. A meta final da
disciplina militar é a eficiência em combate, a fim de garantir que uma unidade
lute corretamente, conquiste seus objetivos, cumpra a missão recebida e
auxilie outras unidades na execução de suas tarefas.
Um Comandante é investido da mais alto grau de autoridade, que se estende,
inclusive, aos assuntos que dizem respeito aos indivíduos que estejam sob
suas ordens. Incluem-se nesse caso, a preocupação com a alimentação, o
cuidado e o modo de usar os uniformes, os hábitos de higiene, as condições
de saúde e os fatores morais, todos afetando direta ou indiretamente as vidas
de cada um.
É importante que o FN obedeça prontamente às ordens de seu Comandante,
o qual é particularmente interessado no bem-estar dos homens sob seu
comando. Desenvolvendo o hábito da pronta obediência a todas as ordens, o
FN alcançará a disciplina individual e da unidade.
Será demasiadamente tarde adquirir disciplina no campo de batalha. É
preciso que ela seja conseguida em tempo de paz nas atividades diárias. Um
FN treina com seus companheiros de modo que, como uma equipe, consigam
cumprir tarefas com variados graus de dificuldade e possam se orgulhar de
seus atos. O FN deve se comportar como um representante de uma
tradicional e gloriosa instituição e não como um indivíduo isolado.
3.2 - CORTESIA MILITAR
Todo militar deve provas de disciplina e cortesia aos superiores, como tributo
natural à autoridade de que se acham investidos por lei, manifestadas em
todas as circunstâncias por atitudes e gestos precisos e rigorosamente
observados.
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OSTENSIVO - 3-3 - REV 1
A espontaneidade e a correção dos sinais de respeito são indícios seguros do
grau de disciplina das corporações militares, bem como da educação e do
grau de instrução profissional de seus integrantes.
3.3 - CONTINÊNCIA
A continência é a mais importante de todas as cortesias militares. Essa
saudação militar é impessoal e visa à autoridade e não à pessoa.
A continência parte sempre do mais moderno. O mais antigo tem o dever de
responder à continência que lhe é feita e, dessa forma, dar aos companheiros
de farda uma prova da consideração e de respeito mútuo que devem existir
entre os membros da família militar.
3.4 - CONTINÊNCIA INDIVIDUAL
É a saudação que o militar isolado faz à Bandeira Nacional, ao Hino Nacional,
aos superiores e a outras autoridades. A continência individual não pode ser
dispensada. Ela é feita a qualquer hora do dia ou da noite.
Os elementos essenciais da continência individual são a atitude, o gesto e a
duração, de acordo com a situação dos executantes.
3.5 - APRESENTAÇÕES - TRATAMENTO ENTRE MILITARES
O FN que se apresenta ou for apresentado a um superior assume a posição
de sentido e anuncia seu posto ou graduação, nome e função.
A praça para falar ou apresentar-se a um oficial, aproxima-se deste a uma
distância aproximada de dois passos, assume a posição de sentido, faz a
continência, desfazendo-a após a apresentação pessoal independentemente
de ordem, permanecendo, entretanto, na posição de sentido.
O aperto de mão é uma forma de cumprimento que o superior pode conceder
aos subordinados. O FN nunca estende a mão ao superior na ocasião de
cumprimentá-lo, mas se este o fizer não poderá recusar-se a apertá-la.
Em recinto coberto a praça armada de fuzil não faz ombro-arma para falar ou
apresentar-se ao superior, assumindo, apenas, a posição de sentido.
Para retirar-se da presença do superior, o FN faz-lhe a continência e pede
licença para se retirar. Concedida a licença, o militar faz a meia volta
regulamentar e inicia o seu deslocamento com o pé esquerdo.
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OSTENSIVO - 3-4 - REV 1
O FN chamado por um superior apressa-se para atendê-lo; se no quartel, no
navio ou em campanha, acelera o passo e, na distância apropriada, faz o alto
seguido da continência.
3.6 - PROCEDIMENTOS DO FUZILEIRO NAVAL EM DIVERSAS SITUAÇÕES
Quando um FN que está fumando ou conduzindo pequeno embrulho com a
mão direita encontra um superior, passa para a mão esquerda o cigarro ou o
embrulho e faz-lhe a continência regulamentar.
Se o FN encontrar um superior numa escada cede-lhe o melhor lugar e saúda-
o fazendo alto, com a frente voltada para ele.
Todo FN deve se levantar sempre que passar uma tropa nas proximidades de
onde se encontra; caso esteja andando, deverá parar, voltando a frente para
essa tropa.
No quartel, navio ou outro estabelecimento militar, a praça, diariamente, faz
alto para a continência ao Comandante na primeira oportunidade que o
encontrar. Das outras vezes, gira a cabeça com vigor, encarando-o. Fora
dessas dependências, cumprimenta o superior sempre que encontrá-lo.
Quando um militar entra em um estabelecimento público, percorre com o olhar
o recinto para verificar se há algum superior presente; se houver, o militar, do
lugar onde está, faz-lhe a continência.
O FN que entrar em um quartel ou navio deverá prestar continência à Bandeira
Nacional, se estiver hasteada, e apresentar-se imediatamente ao oficial-de-
serviço.
Quando dois militares se locomovem juntos, o mais moderno dá a direita ao
mais antigo. Numa calçada, o mais moderno deslocar-se-á deixando o lado
interno da calçada para o deslocamento do mais antigo.
Em embarcações ou viaturas, o embarque é feito do mais moderno para o
mais antigo. Por ocasião do desembarque, os militares saem em ordem
decrescente de antigüidade. Os lugares de honra deverão ser reservados aos
mais antigos.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 3-5 - REV 1
3.7 - CORRESPONDÊNCIA ENTRE OS DIVERSOS POSTOS E GRADUAÇÕES
DAS FORÇAS ARMADAS
Fig 3-1 - Correspondência entre os diversos postos e graduações das forças
armadas
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 4-1 - REV 1
CAPÍTULO 4
LEGISLAÇÃO MILITAR
4.1 - LEIS E REGULAMENTOS
4.1.1 - Constituição Federal
É a lei fundamental de um país, a partir da qual todas as demais devem se
subordinar.
A Constituição da República Federativa do Brasil foi promulgada em 05 de
outubro de 1988 e procura instituir um Estado democrático, destinado a
assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, e a
segurança. Além disso, ela busca o bem estar, o desenvolvimento, a
igualdade e a justiça numa sociedade fraterna, pluralista e sem
preconceitos.
Compete principalmente ao Supremo Tribunal Federal (STF) zelar pelo fiel
cumprimento da Constituição.
4.1.2 - Estatuto dos Militares
Regula a situação, obrigação, direitos, deveres e prerrogativas dos
membros das forças armadas (FA), tanto da ativa quanto da inatividade.
4.1.3 - Regulamento Disciplinar para a Marinha (RDM)
Tem como propósito a especificação e classificação das contravenções
disciplinares e o estabelecimento das normas relativas à amplitude e à
aplicação das penas disciplinares, à classificação do comportamento militar
e à interposição de recursos contra as penas disciplinares.
Entende-se por contravenção disciplinar toda ação ou omissão contrária às
obrigações ou deveres militares estabelecidos nas leis, nos regulamentos,
nas normas e nas disposições em vigor que fundamentam a Organização
Militar (OM), desde que não incida no que é capitulado pelo Código Penal
Militar como crime.
4.1.4 - Código Penal Militar (CPM)
Legislação especial que abrange a uma classe de pessoas e define os
crimes militares em tempo de paz e em tempo de guerra, a aplicação da lei
penal militar, os crimes contra o Patrimônio, bem como os crimes contra a
Incolumidade Pública.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 4-2 - REV 1
4.1.5 - Código de Processo Penal Militar (CPMM)
Codifica toda a matéria relativa à parte processual penal militar em tempo
de paz ou de guerra, sem ter o seu aplicador de recorrer à legislação penal
comum, salvo em casos muito especiais.
4.1.6 - Lei de Remuneração dos Militares (LRM)
Regula a remuneração dos militares das FA da ativa e da inatividade, a qual
compreende vencimentos ou proventos e indenizações, no país e em tempo
de paz.
4.1.7 - Plano de Carreira de Praças da Marinha (PCPM)
Tem como propósito orientar a carreira das praças dos diversos corpos e
quadros, definir as habilitações necessárias ao exercício de funções nas
várias graduações da carreira, e complementar os critérios para a condução
da carreira.
4.1.8 - Regulamento de Promoção de Praças da Marinha (RPPM)
Estabelece os critérios e as condições que asseguram às praças da ativa -
militares de carreira - acesso na hierarquia militar, mediante promoções de
forma seletiva, gradual e sucessiva.
4.1.9 - Cerimonial da Marinha
Tem por finalidade estabelecer os procedimentos relativos à etiqueta militar
da Marinha.
É dever de todo militar da Marinha que estiver investido de autoridade fazer
cumprir o Cerimonial da Marinha e exercer severa fiscalização quanto à
maneira pela qual seus subordinados o cumprem.
4.1.10 - Regulamento de Uniformes da Marinha do Brasil (RUMB)
Tem por propósito estabelecer os uniformes da Marinha e regular seu uso,
posse e confecção.
Os uniformes determinados por este Regulamento têm por finalidade
principal caracterizar os militares da Marinha, permitindo, à primeira vista,
distinguir não só os seus postos ou graduações, como, também, os
corpos ou quadros a que pertencem.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 4-3 - REV 1
4.1.11 - Regulamento de Continências, Honras, Sinais de Respeito e
Cerimonial Militar das Forças Armadas (RCont)
Estabelece as honras, as continências e sinais de respeito que os
militares prestam a determinados símbolos nacionais e às autoridades
civis e militares.
Regula as normas de apresentação e de procedimento dos militares, bem
como as formas de tratamento e a precedência entre os mesmos.
Fixa as honras que constituem o Cerimonial Militar no que for comum às
FA.
As prescrições desse Regulamento aplicam-se às situações diárias,
estando o militar de serviço ou não, em área militar ou em sociedade, nas
cerimônias e solenidades de natureza militar ou cívica.
4.1.12 - Ordenança Geral para o Serviço da Armada (OGSA)
Tem como propósito consolidar as disposições fundamentais relativas à
organização das forças navais e demais estabelecimentos da Marinha,
bem como aquelas relacionadas com o pessoal, seus deveres e serviços.
Constitui-se em documento normativo essencial para a correta condução
das atividades diárias a bordo das OM. Seu pleno conhecimento é
obrigatório para todos aqueles que servem à Marinha.
Seu manuseio constante e fiel observância contribuem significativamente
para um desempenho profissional uniforme e eficiente.
A OGSA veicula, também, a preservação de valores que se cristalizaram
nas tradições navais, permitindo, assim, uma desejável continuidade nos
usos, costumes e linguagem naval.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 5-1 - REV 1
CAPÍTULO 5
EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA
5.1 - A FAMÍLIA
A família é o primeiro grupo natural do homem e a menor fração da
sociedade.
Através da família, o homem estabelece laços com o passado e com o futuro
por meio dos seus ascendentes e descendentes, respectivamente.
Assim, considera-se a família a "célula mater" da sociedade.
5.2 - A PÁTRIA
A Pátria é a reunião de todas as pessoas que vivem em comunidade nacional
dentro de um mesmo país.
Comunidade nacional são todas as pessoas que falam a mesma língua, que
trabalham regidos pelas mesmas leis, tendo os mesmos deveres e direitos,
servindo à mesma Bandeira.
Pátria encerra um conceito sentimental-geográfico.
Patriotismo é uma virtude cívica, um sentimento desinteressado que liga o
indivíduo à sua terra e à sua gente, e o impele a amar o país em que nasce.
5.3 - A CASERNA
Se a família é percebida como o primeiro grupo natural do homem, sua
primeira escola, seu primeiro lar, a escola é tida como a continuação dos
ensinamentos ministrados pela família - o seu segundo lar.
É fácil concluir, então, que a caserna é o lar derradeiro do cidadão que foi
preparado pela família e pela escola, e abraçou como profissão a carreira das
armas. Caserna é portanto a casa do militar, o local onde ele se instrui e se
adestra para melhor servir à pátria.
5.4 - O ESPÍRITO DE CORPO
O Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), acompanhando a evolução da Nação
brasileira, vem sofrendo mutações no curso de sua existência. Além de
poderoso instrumento de projeção do poder naval, cultiva com especial
carinho o espírito de corpo, uma forma de pensar e uma crença que polarizam
homens na busca de objetivos comuns.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 5-2 - REV 1
5.5 - SÍMBOLOS NACIONAIS
A Constituição da República Federativa do Brasil no seu Art. 13, Parágrafo 1o,
estabelece que os símbolos nacionais são a Bandeira Nacional, as Armas da
República e o Selo Nacional.
A existência humana, as sociedades e todas as culturas, por mais diversas
que sejam, estão impregnadas de símbolos. Desse modo, deve-se
cultuar os símbolos pátrios, pois eles representam a trajetória histórica do
povo brasileiro.
Fig 5-1 - As Armas da República Fig 5-2 - O Selo Nacional
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 5-3 - REV 1
Fig 5-3 - A Bandeira Nacional
5.6 - HINOS E CANÇÕES
Tradicionalmente, as forças armadas (FA) cultivam o canto de hinos e
canções pelo seu pessoal. Eles são executados em cerimônias militares ou
em qualquer outra ocasião julgada conveniente.
As letras dos principais hinos e canções utilizados pelo CFN estão transcritas
nos anexos a esta publicação.
5.7 - DATAS ESPECIAIS
Da história da criação do mundo contada no livro Gênese até os dias de hoje,
o homem marca seu calendário com datas festivas: religiosas, feitos
gloriosos, aniversários e tantas outras comemorações.
No calendário atual, dentre as datas significativas, ressaltam as seguintes:
01 de janeiro, Confraternização Universal;
07 de março, aniversário do CFN;
21 de abril, Dia de Tiradentes;
01 de maio, Dia do Trabalho;
08 de maio, Dia da Vitória;
11 de junho, Batalha Naval do Riachuelo;
21 de julho, Dia dos Mortos da Marinha;
28 de julho, criação do Ministério da Marinha;
07 de setembro, Independência do Brasil;
12 de outubro, Padroeira do Brasil;
11 de novembro, Armistício da 1a Guerra Mundial;
15 de novembro, Proclamação da República;
19 de novembro, Dia da Bandeira;
13 de dezembro, Dia do Marinheiro; e
25 de dezembro, Natal.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 6-1 - REV 1
CAPÍTULO 6
DIREITO DA GUERRA
6.1 - GENERALIDADES
A História registra que a disciplina e o moral contribuíram para inúmeras
vitórias militares. Tais virtudes são desenvolvidas por uma série de atitudes,
dentre as quais ressalta a observância das normas que regulam os conflitos
armados, no que concerne ao comportamento individual de cada combatente
diante das Leis da Guerra.
As Convenções de Genebra e de Haia estabeleceram essas normas, que
passaram, com o peso de lei, a fundamentar o Direito Internacional
Humanitário, no campo dos conflitos armados. De um modo geral, pode-se
dizer que essas leis têm por finalidade proteger os combatentes fora de
combate e as pessoas que não participam das hostilidades, bem como as
pessoas encarregadas de prestar auxílio às vítimas, ou seja, integrantes
devidamente autorizados dos serviços de saúde e religiosos, sejam esses
militares ou civis, e da Cruz Vermelha.
O Brasil ratificou as convenções e aderiu aos seus protocolos adicionais, o
que, em outras palavras, significa que se comprometeu a respeitar e fazer
respeitar, em todas as circunstâncias, as normas estabelecidas.
É dever, pois, de todo o fuzileiro naval (FN), conhecer e obedecer as regras
que regem os conflitos armados, nos seus aspectos fundamentais, que serão
apresentados neste capítulo.
6.2 - NORMAS FUNDAMENTAIS
6.2.1 - Responsabilidade pela observância
Respeitar as regras do Direito da Guerra é uma obrigação precípua de todo
militar. Cada combatente é individualmente responsável pela sua
observância, mas os Comandantes são os únicos responsáveis por fazerem
com que seus subordinados as respeitem.
Antes de dar a ordem para uma ação militar, o Comandante deve avaliar o
risco de cada uma das alternativas para cumprir a missão recebida e
verificar se elas não violam nenhuma das regras do Direito da Guerra.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 6-2 - REV 1
6.2.2 - Evitar sofrimentos inúteis
O Direito da Guerra também rege a conduta do combate e o uso de certas
armas, com o fim de evitar sofrimentos ou males que sejam excessivos em
relação à vantagem militar que possam proporcionar. A necessidade militar
não admite a crueldade, quer dizer infligir um sofrimento sem motivo, ou por
vingança.
6.2.3 - Limitar os danos e destruições
O Direito da Guerra estabelece que os danos e as destruições devem se
limitar ao necessário para impor a sua própria vontade ao adversário. Não
podem ser excessivos em relação à vantagem militar prevista. Por
conseguinte, só se utilizarão armas, métodos e meios de combate que
causem os danos inevitáveis para cumprir a missão recebida.
6.2.4 - Atacar somente objetivos militares
Segundo as regras que regem os conflitos armados, são objetivos militares
os combatentes e os seus equipamentos, bem como os estabelecimentos
e meios de transporte militares (exceto os estabelecimentos e meios de
transporte que tenham o emblema da Cruz Vermelha ou de uma outra
instituição humanitária), as posições das forças inimigas e os bens que, por
sua natureza, localização e finalidade, contribuam para a ação militar.
É considerada deslealdade, por exemplo, fingir a condição de protegido,
simular rendição para enganar o adversário ou ganhar a sua confiança com
a intenção de traí-lo.
Os bens civis (objetos sem finalidade militar e que não servem de apoio à
ação militar) não constituem objetivos militares e merecem proteção.
6.2.5 - Lutar só contra combatentes
Somente combatentes, ou seja, os membros das forças armadas (salvo os
pertencentes aos serviços de saúde e religioso), têm o direito de combater
e podem ser atacados. Como membros das forças armadas devem ser
consideradas todas as pessoas que estiverem usando uniformes militares
característicos das partes em conflito, conduzindo armamento, ou
participando, de qualquer forma, em operações ou atividades militares.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 6-3 - REV 1
Incluem-se como não-combatentes a população civil (todas as pessoas
que não pertençam às forças armadas e não participam das hostilidades) e,
por conseqüência, não deve ser atacada; o mesmo vale para os feridos,
náufragos e doentes que não tomem parte nas hostilidades.
Os ardis de guerra tais como estratagemas, fintas, armadilhas, camuflagem
ou simulação de ações são permitidos. No entanto, ficam proibidos os
meios desleais.
6.2.6 - Respeitar os combatentes inimigos que se renderem
Esta regra é derivada do princípio no qual fica estipulado o respeito e a
proteção ao inimigo que já não pode ameaçar ou atacar, ou que esteja fora
de combate. Capturando-o, já se consegue alcançar o propósito de
incapacitá-lo para o combate.
O inimigo que se rende, manifesta claramente a sua intenção de não
prosseguir combatendo. Em geral, lança suas armas ao chão, levanta as
mãos, retira seu capacete, agita uma bandeira branca ou sinaliza essa
intenção com outras atitudes evidentes.
Em um conflito armado entre países, um soldado inimigo capturado é
considerado prisioneiro de guerra (PG). Em outras modalidades de conflito
(uma guerra civil por exemplo), o inimigo capturado não tem a condição de
PG e pode ser processado judicialmente, mas tem, no entanto, o direito a
um tratamento humano.
6.2.7 - Proteger os combatentes inimigo feridos, doentes ou fora de ação
O combatente ferido ou doente que já não pode lutar, também está fora de
combate e, conseqüentemente, não constitui uma ameaça. Será tratado
como prisioneiro, e terá o direito de ser protegido e receber assistência.
6.2.8 - Respeitar e proteger os civis
Os civis não podem participar diretamente das hostilidades, devendo ser
respeitados e protegidos contra maus tratos, as ameaças, humilhações,
vingança e ataques indiscriminados que causem danos excessivos às
pessoas e aos seus bens.
Os civis também não podem ser tomados como reféns.
Seus bens e propriedades devem ser respeitados. A pilhagem é crime.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 6-4 - REV 1
6.2.9 - Respeitar o pessoal, os veículos e as instalações do serviço de saúde
militar ou civil e da Cruz Vermelha
O Direito da Guerra protege especialmente os feridos e doentes, tanto
amigos como inimigos, assim como os prisioneiros. Por conseguinte, é
lógico prever a proteção ativa de quem está encarregado de recolher e/ou
assistir a essas vítimas, nas zonas de combate ou na retaguarda.
A utilização de veículos e instalações do serviço de saúde com fins
militares de disfarce ou escudo de proteção, ou, ainda, o uso indevido do
emblema da Cruz Vermelha ou de outra organização humanitária, são
exemplos de violações graves ao Direito da Guerra.
6.3 - REGRAS DE COMPORTAMENTO
6.3.1 - Em relação aos combatentes inimigos
a) Nunca atacar um militar inimigo que se renda ou que tenha sido
capturado, ferido ou se encontre doente.
No trato com os PG, observar os seis procedimentos padronizados:
revistá-los, guardá-los, mantê-los em silêncio, separá-los, protegê-los
e evacuá-los para retaguarda, com brevidade. Um PG não pode ser
morto, torturado ou maltratado, pois isto consiste numa grave violação
das leis da guerra e a perda de uma fonte vital de dados sobre o inimigo.
Ao se maltratar os PG, estar-se-á desencorajando outros soldados
inimigos a se renderem e motivando a continuidade da resistência. Se,
ao contrário, eles forem bem tratados, além de incentivar o inimigo à
rendição, contribuirá para que eles tratem bem os seus prisioneiros
(nossos companheiros). Tratamento humano dos PG é correto, honroso
e prescrito nas leis que regem os conflitos armados.
b) O inimigo pode usar diferentes sinais para indicar que está se rendendo,
porém essa indicação deve ser clara e perceptível. É crime atirar num
inimigo que tenha deposto sua arma e oferecido rendição.
c) Prover sempre cuidados médicos para os combatentes feridos, sejam
eles amigos ou inimigos. De acordo com o Direito da Guerra, é
necessário proporcionar ao inimigo doente ou ferido tratamento médico
da mesma qualidade que o proporcionado ao próprio pessoal.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 6-5 - REV 1
d) Quando se captura alguém, nem sempre é possível ter certeza se este
indivíduo é um inimigo. A confirmação, em caso de dúvida, só poderá ser
obtida por pessoal especialmente adestrado para esse fim em Postos de
Comando de escalões mais elevados. O captor, contudo, pode interrogar
seus prisioneiros sobre informações militares de valor imediato para o
cumprimento de sua missão, porém sem nunca ameaçar, torturar ou
empregar qualquer outra forma de coerção para obter esses
conhecimentos. Por sua vez, o PG, quando interrogado, só é obrigado a
dizer seu nome, posto ou graduação, data de nascimento e número de
matrícula. Ou seja, os dados constantes de sua placa de identificação
em campanha.
e) Não se pode tomar de um PG seus bens pessoais, exceto aqueles itens
claramente de valor militar ou de interesse para a produção de
informações, tais como: armas, canivetes, equipamentos de sapa, de
orientação e de comunicações, sinalizadores, lanternas, cartas
geográficas e documentos militares. Nesse caso, a retirada desses bens
só se fará após o prisioneiro ter sido colocado sob segurança, separado
e mantido em silêncio. Nada que não tenha algum valor militar lhe
poderá ser tomado. Somente por ordem de um oficial poderá ser
retirado dinheiro de um prisioneiro. Nesse caso, será fornecido recibo
assinado pelo elemento responsável pela custódia, no qual serão
registrados os dados que permitam a perfeita identificação do emitente.
f) Os PG podem realizar vários tipos de trabalhos, desde que estes não
estejam relacionados ao esforço de guerra da parte captora. O trabalho
aceitável que pode ser executado pelos PG deve ser limitado, admitindo-
se, entretanto, que cavem tocas de raposa e abrigos coletivos
destinados à sua própria proteção.
g) Segundo as leis que regulam os conflitos armados, não é permitido
utilizar prisioneiros: como escudo ou medida de proteção no ataque ou
defesa contra o inimigo; na localização, limpeza ou lançamento de minas
ou armadilhas; ou, ainda, para transportar munição ou equipamentos
pesados.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 6-6 - REV 1
h) Não é permitido atacar localidades. Porém, admite-se engajar o inimigo
que nelas se encontre, bem como destruir qualquer equipamento ou
suprimento que o mesmo lá possua, quando a sua missão assim exigir.
Em qualquer caso, as destruições devem se limitar ao absolutamente
necessário para o cumprimento da missão. Caso se empregue o apoio
de fogo numa área urbana, só os alvos militares devem ser atacados.
i) Os prédios e instalações protegidos não devem ser atacados. Embora
uma edificação possa parecer de menor importância para quem a ataca,
na verdade pode apresentar importância relevante para determinado
país. Exemplos de edificações protegidas: prédios dedicados às
atividades religiosas, artísticas, científicas ou caritativas; monumentos
históricos; hospitais e lugares onde os doentes e feridos são
concentrados e tratados; escolas e orfanatos. Se o inimigo, no entanto,
utilizar esses lugares para seu refúgio ou com propósitos ofensivos, o
Comandante deverá comunicar ao seu superior, que decidirá sobre um
ataque a essas posições, após analisar toda a situação. Em caso
afirmativo, a destruição causada à edificação protegida deve ser a menor
possível, compatível com as necessidades ditadas pelo cumprimento da
missão.
j) Pára-quedistas isolados (como, por exemplo pilotos ou tripulação de
aeronaves abatidas ou em pane) são considerados desamparados até
que alcancem o solo. De acordo com as regras da guerra, não é
permitido atirar neles até que cheguem ao chão. Só então, se eles
resistirem com armas ou não se renderem, poderão ser atacados. Tropas
pára-quedistas, por outro lado, são sempre consideradas combatentes e
podem ser atingidas enquanto ainda estiverem no ar.
6.3.2 - Com relação aos civis
a) Não violar os direitos civis nas zonas de guerra. Se cada combatente tiver
algum conhecimento sobre a cultura e as práticas do povo que vive
nessas áreas, serão pequenos os problemas de identificação dos seus
direitos civis. Convém lembrar que os civis são protegidos contra atos de
violência, ameaças e insultos, quer do inimigo, quer de nossas forças.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 6-7 - REV 1
b) Eventualmente pode ser necessário movimentar ou reposicionar civis,
em virtude da urgência exigida pelas atividades militares. Sob nenhuma
circunstância pode ser destruída uma propriedade civil sem aprovação do
Comandante do mais alto escalão. Da mesma forma, nada pode ser
retirado ou tomado dos civis sem autorização expressa de autoridade
competente. A não observância dessas regras é uma grave violação das
leis sobre o Direito da Guerra.
c) Sob nenhuma circunstância, também, pode-se abrir fogo sobre pessoal
médico ou equipamentos empregados pelos serviços de saúde públicos
ou militares do inimigo. A maioria do pessoal e das instalações de saúde
são distinguidos pelo símbolo da Cruz Vermelha. É proibido o uso deste
símbolo por qualquer tropa ou instalação que não as de saúde e de
assistência humanitária.
6.3.3 - Outras normas
a) Segundo as leis que regem os conflitos armados, não é permitido o uso
de veneno ou meios tóxicos. Entretanto, podem ser empregados meios
não tóxicos para destruir os estoques de alimentos e água do inimigo, de
forma a impedir que ele disponha desses recursos em combate.
b) Não é permitido modificar as características das armas com o propósito
de causar sofrimento desnecessário ao inimigo. Também não podem ser
utilizadas munições alteradas para infligir a máxima destruição ao
inimigo.
6.4 - SINAIS CONVENCIONAIS
O Direito da Guerra concede uma proteção particular a categorias específicas
de pessoas e bens.
Sinais distintivos tornam reconhecíveis as pessoas e bens especificamente
protegidos.
Serviço de Saúde civil e militarPessoal religioso militarPessoal civil: somente do serviçomédico civil e da defesa civil.
OU
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 6-8 - REV 1
Bens culturais assinalados :proteçãogeral .Pessoal para proteção de bensculturais.
Obras e instalações contendomaterial ou energia perigosos:barragens, diques, instalaçõesnucleares, gasômetros, depósitos deprodutos tóxicos, etc.
Defesa civil
Bandeira branca ou de tréguas.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 7-1 - REV 1
CAPÍTULO 7
LIDERANÇA
7.1 - GENERALIDADES
A acentuada evolução do conhecimento científico-tecnológico, possibilitando a
produção de armas e equipamentos sofisticados, dispendiosos e de difícil
manuseio, torna cada vez mais complexas as atividades militares, realçando a
importância do papel daquele que é o elemento primordial de qualquer força
armada (FA), em qualquer época: o ser humano.
Conhecer os valores humanos, a partir da busca do auto aperfeiçoamento é,
antes de tudo, uma tarefa a que o militar deve se entregar, ao pretender
realmente ser um profissional competente e um líder capaz de influenciar e
ser respeitado por seus superiores, pares e subordinados.
Esse capítulo trata dos fundamentos da liderança militar, proporcionando base
teórica para o exercício da liderança a partir das menores frações (Esquadra
de Tiro e Grupo de Combate).
7.2 - CONCEITOS BÁSICOS
7.2.1 - Liderança
É o processo que consiste em influenciar pessoas no sentido de agirem,
voluntariamente, em prol dos objetivos da instituição.
A liderança pode ser definida como o processo que permite a alguém dirigir
os pensamentos, planos e ações de outros, de forma a obter sua
obediência, confiança, respeito e leal cooperação.
7.2.2 - Ética
A ética militar é o conjunto de regras ou padrões que levam o profissional
militar a agir de acordo com o sentimento do dever, dignidade militar e
decoro da classe. A título de exemplo, cita-se a Convenção de Genebra que
se constitui em uma coletânea de normas, abordando aspectos de cunho
moral, aplicáveis em situações de combate, envolvendo os participantes de
países beligerantes, apresentada no capítulo anterior.
7.2.3 - Crenças, valores e normas
As crenças são suposições ou convicções julgadas verdadeiras a respeito
de pessoas, conceitos ou fatos.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 7-2 - REV 1
Os valores representam o grau de importância atribuído, subjetivamente, a
pessoas, conceitos ou fatos. Não se nasce com eles; são aprendidos ao
longo da vida, variando de acordo com a sociedade, a cultura, ou a época.
As normas são padrões, regras ou diretrizes usadas para dirigir o
comportamento humano em todos os setores da sociedade, permitindo o
convívio em harmonia. O Regulamento Disciplinar da Marinha (RDM) e o
Código Penal Militar (CPM) são exemplos de normas que guiam o
comportamento dos militares em situações diversas, definindo aquilo que é
ou não permitido.
7.3 - PRINCÍPIOS DE LIDERANÇA
7.3.1 - Considerações iniciais
Os princípios de liderança militar são a base da doutrina de liderança,
proporcionando orientação para o desenvolvimento do líder, dos
subordinados e da unidade.
A liderança militar é baseada em 11 (onze) princípios que são igualmente
aplicáveis a todos os escalões.
7.3.2 - Princípios de liderança militar
a) Conhecer a profissão
Para conhecer sua profissão, o líder deve ter uma larga soma de
conhecimentos. É importante que:
- compreenda as técnicas, os procedimentos e a doutrina de
emprego do seu escalão;
- mantenha-se atualizado com os regulamentos, manuais, normas e
ordens referentes à organização a que pertence;
- tenha compreensão nítida dos problemas humanos; e
- esteja a par dos deveres funcionais e necessidades dos subordinados.
b) Conhecer a si mesmo e procurar o auto-aperfeiçoamento
É dever de todo líder avaliar-se, conhecer seus aspectos positivos e suas
deficiências. É necessário manter-se atualizado sobre assuntos
concernentes à sua profissão e aprimorar-se por meio de cursos e
leituras.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 7-3 - REV 1
c) Assumir a responsabilidade por seus atos
O líder é responsável por seus atos e de seus subordinados em todas as
situações de serviço.
d) Decidir com acerto e oportunidade
O líder deve ser capaz de raciocinar com lógica e analisar cada situação,
a fim de tirar proveito das oportunidades e adotar a melhor decisão.
e) Desenvolver o senso de responsabilidade em seus subordinados
Quando atribuir tarefas aos subordinados, o líder deve fazer com que
estes assumam as conseqüências de seus atos. Assim procedendo,
conquista o respeito e a confiança, desenvolve o espírito de iniciativa e
obtém a franca contribuição de seus liderados.
f) Servir de exemplo a seus homens
O líder é sempre um espelho para os subordinados e por isso deve ter
uma apresentação e conduta que despertem a admiração, o orgulho e o
desejo de imitação.
g) Conhecer e cuidar do bem-estar de seus subordinados
Para que possa empregar seus homens com maior eficiência, o líder
deve observá-los freqüentemente, familiarizar-se com eles, compreender-
lhes as personalidades e compartilhar suas alegrias e tristezas.
h) Manter seus homens bem informados
O subordinado bem informado sobre a missão, a situação e a finalidade
de seu trabalho é muito mais eficiente e cumpre melhor e com maior
iniciativa o seu dever. Entretanto, o líder deve ter sempre presente que as
exigências da segurança restringem, muitas vezes, as informações que
podem ser divulgadas.
i) Assegurar-se de que as ordens são compreendidas, fiscalizadas e
executadas
O líder deve transmitir ordens claras, precisas e concisas. A fiscalização
assegura a correta execução da ordem e pode ser realizada pelo próprio
líder ou com o apoio de alguns subordinados.
j) Treinar seus subordinados como equipe
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 7-4 - REV 1
O treinamento pessoal e o desenvolvimento do espírito de equipe são
tarefas do líder, pois preparam os homens para cumprirem a missão. É
dever do líder treinar seus homens de modo que sejam tática e
tecnicamente capazes de trabalhar em conjunto. Cada liderado deve
compreender que sua contribuição para o sucesso das operações é
importante e reconhecida.
l) Atribuir tarefas a seus homens de acordo com as possibilidades
destes.
O líder deve conhecer tanto as qualidades quanto as limitações de seus
homens e designá-los adequadamente para que os propósitos das
tarefas atribuídas sejam atingidos.
7.4 - TIPOS DE LIDERANÇA
7.4.1 - Considerações iniciais
Tipo ou estilo de liderança é a forma que o líder utiliza para estabelecer a
direção, aperfeiçoar planos e ordens e motivar seus homens para o
cumprimento da missão. Existem três estilos básicos de liderança:
autoritária ou autocrática, participativa ou democrática e delegativa.
7.4.2 - Liderança autoritária ou autocrática
Estabelece normas rígidas, inspeciona os subordinados nos mínimos
detalhes e determina os padrões de eficiência, usando para motivar os
homens o sistema de recompensas e punições. O líder autocrático baseia
sua atuação numa disciplina formal em busca de uma obediência imposta.
O principal problema deste tipo de liderança é o desinteresse pelas idéias
dos subordinados, não utilizando a sua criatividade. O uso deste estilo de
liderança pode gerar descontentamento dentro da equipe, e, o que é mais
grave, inibe a iniciativa do subordinado, além de não considerar os
aspectos humanos, entre eles o relacionamento líder-liderados.
7.4.3 - Liderança participativa ou democrática
Nesse tipo, o líder encara como sua responsabilidade o cumprimento da
missão por meio da participação, do engajamento dos homens e do
aproveitamento de suas idéias. A satisfação pessoal e o sentimento de
contribuição resultam no sucesso da missão, pois levam em conta a
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 7-5 - REV 1
motivação dos homens. O líder procura estabelecer o respeito, a confiança
mútua e o entendimento recíproco.
Esse tipo de líder se reúne com seus subordinados para conversar sobre as
áreas de atrito que interferem no trabalho. Na ausência do líder, esta equipe
terá condições de continuar agindo de acordo com o planejamento
previamente estabelecido para cumprir a missão.
7.4.4 - Liderança delegativa
Esse estilo é mais indicado para assuntos de natureza técnica, onde o líder
atribui a seus assessores a tomada de decisões especializadas. Desse
modo, ele tem mais tempo para dar atenção a todos os problemas sem se
deter especificamente numa determinada área. Contudo, detém a palavra
final sobre a execução da missão.
O ponto crucial do sucesso deste tipo de liderança é saber delegar
atribuições sem perder o controle da situação. O controle das atividades
dos elementos subordinados deve ser permanentemente acompanhado e
fiscalizado.
7.5 - O LÍDER
É possível estruturar o perfil do líder segundo três aspectos fundamentais:
- o caráter (o ser);
- a competência profissional (o saber); e
- a maneira como ambos se manifestam pelo comportamento (o fazer).
7.5.1 - O caráter do líder (o que o líder deve ser)
É a combinação de traços de personalidade que dão consistência ao
comportamento e tem por base as crenças e valores, sendo fator
preponderante nas decisões e no modo de agir de qualquer pessoa.
Certos traços de personalidade encontram-se especialmente acentuados
nos líderes militares, porém não existem fórmulas que indiquem quais os
mais necessários ou como são utilizados no exercício da liderança. É
importante que os chefes procurem desenvolver esses traços em si e nos
seus subordinados porque, em momentos críticos ou nas situações
difícieis, eles proporcionam segurança para agir com eficiência.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 7-6 - REV 1
Estudos realizados nas FA levaram a detectar certos traços como os mais
relevantes para o líder militar brasileiro:
a) Competência
Capacidade de desempenhar, adequadamente, em tempo hábil, as
atividades relativas a sua área de atuação profissional.
b) Responsabilidade
Capacidade de assumir e enfrentar as conseqüências de suas atitudes e
decisões.
c) Decisão
Capacidade de tomar posição diante de várias opções. É a habilidade
para tomar medidas seguras e corretas no momento adequado. A
percepção e a sensibilidade são elementos críticos para a tomada de
decisões.
d) Iniciativa
Capacidade de agir face a situações inesperadas, sem depender de
ordem ou decisão superior.
e) Equilíbrio emocional
Capacidade de controlar as próprias reações, tomar atitudes adequadas
e decidir com acerto e oportunidade.
É a habilidade para avaliar, com calma e imparcialidade, o
comportamento dos subordinados, não se deixando dominar pelas
emoções.
f) Autoconfiança
Capacidade de demonstrar segurança e convicção nas próprias reações
diante de dificuldades. É a certeza de ser ele próprio bem sucedido,
assim como seus homens, em tudo que deve ser realizado. É
demonstrada pela aparência, pelo olhar, pela voz, pelo entusiasmo no
modo de falar e de agir.
g) Direção
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 7-7 - REV 1
Capacidade de conduzir e coordenar pessoas, de modo a alcançar um
objetivo. Consiste em assumir o controle, tornando conhecidas suas
idéias, ajudando a definir os problemas e encaminhando o grupo para a
ação correta a fim de solucionar as dificuldades e cumprir a missão.
h) Disciplina
Capacidade de proceder conforme as normas, leis e padrões
regulamentares.
i) Coragem
Capacidade de controlar o medo e continuar desempenhando com
eficiência a missão. A coragem se apresenta sob duas formas:
- coragem física - superação do medo ao dano físico no cumprimento
do dever; e
- coragem moral - defesa dos próprios valores, princípios morais e
convicções.
Existe coragem moral quando se faz algo baseado em valores e
princípios morais, sabendo que esse ato contraria os próprios interesses.
j) Objetividade
Capacidade de selecionar, dentre várias possibilidades, a necessária para
atingir uma determinada meta.
k) Dedicação
Realizar as atividades com empenho. A dedicação está estreitamente
relacionada com as crenças, os valores, e o caráter do líder, o qual é
fortemente motivado para aprender e aplicar seus conhecimentos e
habilidades com o intuito de conseguir unidades disciplinadas e coesas.
l) Coerência
Capacidade de agir de acordo com as próprias idéias e pontos de vista
em qualquer situação. É a expressão da integridade. Significa firmeza,
franqueza, sinceridade e honestidade para si mesmo e em relação a
superiores, pares e subordinados.
m) Camaradagem
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 7-8 - REV 1
Capacidade de estabelecer relações amistosa com superiores, pares e
subordinados. É a sensibilidade para perceber sentimentos, valores,
interesses e o bem-estar dos companheiros. Inclui a compreensão e o
diálogo, que ajudam pessoas a encontrar soluções para problemas.
n) Organização
Capacidade de desenvolver suas atividades, sistematizando tarefas.
Permite que as tarefas sejam planejadas de forma ordenada, regulando
e combinando a ação, as condições e os meios.
o) Imparcialidade
Capacidade de julgar baseando-se em dados objetivos, sem se envolver,
distribuindo recompensas e punições (quando for o caso), de acordo com
o mérito e o desempenho de cada um, sem se deixar influenciar pelas
características pessoais dos envolvidos.
p) Persistência
Capacidade para executar uma tarefa vencendo as dificuldades
encontradas até concluí-la. É a perseverança para alcançar um objetivo,
apesar de obstáculos aparentemente insuperáveis. Depende de uma
grande determinação e força de vontade.
q) Persuasão
Capacidade de utilizar argumentos convicentes, para influenciar ações e
opiniões de outros.
7.5.2 - A competência profissional (o que o líder deve saber)
O líder deve possuir outras qualidades, mas o conhecimento é o ponto de
partida. Quando um líder aplica seus conhecimentos ao estudo e à solução
de problemas está atuando no nível do seu "saber". Estes conhecimentos
abrangem os seguintes aspectos:
a) Conhecimento dos subordinados
Para alcançar este objetivo, a observação e o acompanhamento
constantes são importantes, mas somente a convivência direta com os
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 7-9 - REV 1
homens permitirá ao líder o conhecimento mais profundo das
capacidades e das limitações de cada um.
b) Compreensão da natureza humana
Este conhecimento permite que o líder avalie, oriente, execute e motive
seus subordinados. A tarefa mais difícil com que qualquer líder se
defronta é inspirar e gerar nos subordinados a coragem necessária para
superar a incerteza e o medo.
c) Competência profissional técnica e tática
Para executar com êxito uma missão, o líder tem que saber o que está
acontecendo, decidir o que fazer a respeito, transmitir suas ordens e,
finalmente, manter-se informado, acompanhando o desenvolvimento dos
trabalhos.
O treinamento proporciona aos líderes a aquisição de habilidades,
conhecimentos e comportamentos que são os elementos-chave da
competência tática e técnica.
A capacidade técnica é decisiva para a manutenção segura do
equipamento militar e para seu emprego eficaz. Os líderes necessitam
possuir imaginação e habilidade, aceitando riscos razoáveis e criando
oportunidades a fim de obter vantagens que facilitem o cumprimento da
missão.
A capacidade tática é essencial para o emprego das forças militares,
cujo objetivo é vencer o inimigo. A liderança é o elemento crucial do
poder de combate - e a sua essência - e qualquer falha na integração da
doutrina de liderança com a doutrina operacional irá determinar o
fracasso de uma ação militar.
7.5.3 - O que o líder deve fazer
a) Comunicação
- não impor seus argumentos como os únicos que estão corretos
e admitir a colaboração de seus subordinados; e
- procurar compreender o subordinado, integrando-o ao grupo.
b) Motivação
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 7-10 - REV 1
É a força interna que emerge, regula e sustenta todas as ações
humanas. É um impulso interior que leva as pessoas a realizarem
coisas.
O líder deve motivar o seu subordinado, pois motivado, ele utilizará ao
máximo seus recursos (conhecimentos, habilidades e aptidões) para
alcançar objetivos.
c) Disciplina e coesão
A pedra angular sobre a qual se estrutura a dinâmica da Organização
Militar (OM) é a disciplina. Esta se evidencia pela imediata e efetiva
execução de tarefas em resposta as ordens.
Uma tropa disciplinada e coesa resulta de liderança eficiente em todos
os escalões, havendo tantos e tão variados indícios de sua manifestação
que seria impossível enumerá-los em sua totalidade.
São exemplos de indicadores da disciplina de uma unidade:
- missões bem cumpridas;
- apresentação pessoal irrepreensível;
- elevado espírito de corpo e o orgulho de pertencer àquela unidade;
- empenho de todos em bem cumprir suas tarefas;
- manutenção do armamento e do equipamento bem realizada; e
- instrução bem planejada e conduzida.
São exemplos de procedimentos adotados pelo líder, que concorrem
para implementar o verdadeiro espírito de disciplina:
- ser sincero com seus superiores, pares e subordinados;
- obedecer e assegurar-se de que as normas disciplinares são
obedecidas;
- estimular em seus subordinados o sentimento de que sempre devem
dizer a verdade;
- ser justo e criterioso na aplicação de recompensas, elogios e punições;
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 7-11 - REV 1
- desenvolver o gosto por atividades esportivas e intelectuais;
- respeitar, sobretudo, a dignidade humana dos seus subordinados,
evitando o uso de expressões depreciativas, preconceituosas ou
grosseiras; e
- desenvolver a coesão e a disciplina em suas frações.
Coesão e disciplina estão fortemente inter-relacionadas. Coesão pode
ser definida como a existência de fortes laços de lealdade, respeito
recíproco, confiança e compreensão entre os integrantes de uma OM. Se
uma unidade é disciplinada e cumpre com presteza e rapidez suas
tarefas, mesmo sob tensão ou condições adversas, deve possuir um
nível elevado de coesão; e ao treinar seus homens como uma equipe
estará contribuindo para o aprimoramento da coesão.
7.5.4 - Resumo do que o líder deve ser, saber e fazer.
O Líder O Quê Como
SerPossuidor de caráter Pela competência,
responsabilidade, iniciativa,equilíbrio emocional, autoconfiança,coragem, etc.
Saber
Conhecer os subordinados
Compreender a naturezahumana
Possuir competênciaprofissional (técnica / tática)
Como reagem sob tensão;capacidade e limitações;conhecimento e habilidades.
Necessidades, carências e emoções;ações e comportamentos.
Ampliando seus conhecimentos,decidindo com oportunidade eacerto; transmitindo ordenscorretamente; mantendo-seinformado.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 7-12 - REV 1
Fazer
ComunicarMotivar
Disciplinar
Estimular a coesão
Usando técnicas de comunicação. Despertando a força interna que levaas pessoas a realizarem coisas.Pela instrução militar, exemplopessoal, análise dos fatos ocorridose pelo aconselhamento.Pela obtenção da união mental,emocional e espiritual dos membrosdo grupo (espírito de equipe).
7.6 - A IMPORTÂNCIA DO LÍDER NO CFN
A realização de uma operação anfíbia (OpAnf) exige tropa especializada e
especialmente treinada nos procedimentos táticos específicos. Essas
características dos combatentes anfíbios ressaltam a importância da
liderança como atributo de um fuzileiro naval.
Desde as menores frações, cada Comandante tem que ser capaz de
despertar nos seus subordinados a vontade de combater. Deve motivá-los e
conduzi-los adequadamente, visando a contribuir para o sucesso das ações.
Convém lembrar que mãos adestradas manuseiam com perfeição o
armamento mais sofisticado, porém, o caráter, a vontade e o espírito de corpo
controlam as mãos.
No trato diário com a tropa, cabe ao Comandante conquistar o respeito e a
lealdade de seus subordinados. Essa tarefa, que consome esforço e tempo, é
exercida pela firme manifestação de convicções e apontando-se sempre o
caminho a seguir, sob pena de o líder perder a confiança do subordinado e
comprometer definitivamente o que almejava.
Tornar-se um líder depende de muita força de vontade, perseverança,
observação de si mesmo e dos outros, prática e aperfeiçoamento.
É preciso fazer sempre uma auto-avaliação para verificar em quais requisitos
da liderança se é deficiente e procurar corrigi-los.
7.7 - DIFERENÇA ENTRE LÍDER E CHEFE
Nem sempre o chefe constituir-se-á em um líder. O chefe, por estar investido
de uma função ou cargo no qual é necessário o trato diário com os
subordinados, poderá fazê-lo friamente por intermédio das leis e dos
regulamentos.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 7-13 - REV 1
O líder, ainda que não seja o chefe, é capaz de unir as outras pessoas para a
consecução de uma mesma finalidade.
A grande diferença está na capacidade inerente a uma pessoa, para incentivar
um grupo a fim de motivá-lo a alcançar as metas estabelecidas.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 8-1 - REV 1
CAPÍTULO 8
ORGANIZAÇÃO
8.1 - INTRODUÇÃO
A Marinha do Brasil (MB) é uma instituição nacional permanente e regular,
organizada com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema
do Presidente da República. Destina-se à defesa da Pátria, à garantia dos
poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
8.2 - ORGANIZAÇÃO DO MINISTÉRIO DA MARINHA
O organograma abaixo apresenta os Órgãos de Direção-Geral (ODG), Estado-
Maior da Armada e Almirantado, e os Órgãos de Direção Setorial (ODS):
ComOpNav, SGM, DGMM, DGPM, DGN e CGCFN. Além desses, existem os
Órgãos de Assessoramento ao Ministro da Marinha, os Órgãos Vinculados e
as Organizações Militares (OM) subordinadas aos ODG e algumas
subordinadas aos ODS, que não serão citados neste capítulo, em face da
finalidade básica desta publicação.
MM
ESTADO-MAIOR DAARMADA (EMA)
COMANDO DEOPERAÇÕES
NAVAIS (ComOpNav)
ALMIRANTADO
DIRETORIA-GERALDO MATERIAL DAMARINHA(DGMM)
DIRETORIA-GERALDE NAVEGAÇÃO
(DGN)
SECRETARIA-GERALDA MARINHA
(SGM)
DIRETORIA-GERALDO PESSOAL DAMARINHA (DGPM)
COMANDO-GERALDO CORPO DE
FUZILEIROS NAVAIS(CGCFN)
Fig 8-1 - Organograma do Ministério da Marinha
8.3 - COMANDO DE OPERAÇÕES NAVAIS
O Comando de Operações Navais (ComOpNav) tem por finalidade aprestar os
meios operativos para a adequada aplicação do poder naval.
O Comandante de Operações Navais (CON) é um Almirante-de-Esquadra do
Corpo da Armada (CA), que exerce as atribuições de Comandante-em-Chefe
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 8-2 - REV 1
de todas as Forças Navais, Aeronavais e de Fuzileiros Navais. O CON está
diretamente subordinado ao Ministro da Marinha (MM).
O organograma do ComOpNav a seguir está reduzido, porquanto somente
foram mencionados os órgãos que lhe são diretamente subordinados.
ComOpNav
Comando-em-Chefe daEsquadra (ComemCh)
10 Distrito Naval
(10DN)
20 Distrito Naval
(20DN)
30 Distrito Naval
(30DN)
40 Distrito Naval
(40DN)
50 Distrito Naval
(50DN)
60 Distrito Naval
(60DN)
70 Distrito Naval
(70DN)
80 Distrito Naval
(80DN)
Força de Fuzileiros daEsquadra (FFE)
Comando do ControleNaval do Tráfego Marítimo
(COMCONTRAM)
Fig 8-2 - Organograma do Comando de Operações Navais
8.4 - COMANDO-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS
O Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais (CGCFN) tem por finalidade
exercer a direção setorial das atividades peculiares ao apoio específico às
Forças e Unidades de tropa de FN.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 8-3 - REV 1
O Comandante-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais (ComGer) é um
Almirante-de-Esquadra do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) que também está
diretamente subordinado ao MM.
Sua estrutura organizacional pode ser visualizada no seguinte organograma:
CGCFN
Comando do Pessoalde Fuzileiros Navais
(CPesFN)
Comando do Materialde Fuzileiros Navais
(CMatFN)
Centro de InstruçãoAlmirante Sylvio deCamargo (CIASC)
Centro de InstruçãoAlmirante Milcíades
Portela Alves (CIAMPA)
Centro de Adestramentoda Ilha da Marambaia
(CADIM)
Centro de Reparos eSuprimentos Especiais do
Corpo de Fuzileiros Navais(CRepSupEspCFN)
BatalhãoNaval
(BtlNav)
Fig 8-3 - Organograma do Comando-Geral do CFN
8.5 - FORÇA DE FUZILEIROS DA ESQUADRA
A Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE) é constituída por forças e unidades
de fuzileiros navais, para fins operativos e administrativos.
O Comandante da FFE (ComFFE) é um Vice-Almirante do CFN que está
diretamente subordinado ao CON.
A FFE tem a seguinte organização:
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 8-4 - REV 1
FFE
Batalhão de OperaçõesEspeciais de
Fuzileiros Navais(BtlOpEspFuzNav)
Base de FuzileirosNavais do Rio Meriti
(BFNRM)
Divisão Anfíbia(DivAnf)
Tropa de Reforço(TrRef)
Fig 8-4 - Organograma da FFE
8.6 - DIVISÃO ANFÍBIA
A Divisão Anfíbia (DivAnf) tem como uma das tarefas a organização de
Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais (GptOpFuzNav)
destinados ao emprego em operações e ações de guerra naval e
operações terrestres de caráter naval.
O Comandante da Divisão Anfíbia é um Contra-Almirante do CFN, que
está diretamente subordinado ao Comandante da FFE.
Seu organograma pode ser visto na figura a seguir:
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 8-5 - REV 1
DivAnf
10 Batalhão de Infantaria
de Fuzileiros Navais(10 BtllnfFuzNav)
20 Batalhão de Infantaria
de Fuzileiros Navais(20 BtllnfFuzNav)
30 Batalhão de Infantaria
de Fuzileiros Navais(30 BtllnfFuzNav)
Batalhão de Artilhariade Fuzileiros Navais
(BtlArtFuzNav)
Bateria de ArtilhariaAntiaérea
(BiaArtAAe)
Base de FuzileirosNavais da Ilha do
Governador (BFNIG)
Companhia de Comandoda Divisão Anfíbia(CiaCmdoDivAnf)
Companhia deComunicações
(CiaCom)
Companhia de Carrosde Combate
(CiaCC)
Fig 8-5 - Organograma da Divisão Anfíbia
8.7 - TROPA DE REFORÇO
A Tropa de Reforço (TrRef) tem como uma das tarefas contribuir para a
organização dos GptOpFuzNav destinados ao emprego em operações e ações
de guerra naval e operações terrestres de caráter naval.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 8-6 - REV 1
O Comandante da TrRef é um Contra-Almirante do CFN, que está diretamente
subordinado ao Comandante da FFE.
Sua estrutura organizacional é a seguir apresentada.
TrRef
Base de Fuzileiros Navaisda Ilha das Flores
(BFNIF)
Batalhão de Engenhariade Fuzileiros Navais
(BtlEngFuzNav)
Batalhão Logísticode Fuzileiros Navais
(BtlLogFuzNav)
Batalhão de ViaturasAnfíbias
(BtlVtrAnf)
Companhia de GuerraEletrônica(CiaGE)
Companhia de Polícia(CiaPol)
Fig 8-6 - Organograma da Tropa de Reforço
8.8 - GRUPAMENTOS DE FUZILEIROS NAVAIS
Os Grupamentos de Fuzileiros Navais (GptFN) têm a tarefa principal de prover
guarda e segurança às instalações da MB. Os GptFN são subordinados
diretamente ao Comando do Distrito Naval onde se localizam, exceto o GptFN
de Manaus que é subordinado ao Comando Naval da Amazônia Ocidental
que, por sua vez, é subordinado ao 4oDN.
Existem os seguintes GptFN:
GptFNRJ - Rio de Janeiro
GptFNSa - Salvador
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 8-7 - REV 1
GptFNNa - Natal
GptFNBe - Belém
GptFNRG - Rio Grande
GptFNLa - Ladário
GptFNB - Brasília
GptFNMa - Manaus
Destaca-se que os GptFNLa, GptFNMa e GptFNBe também são empregados
em operações ribeirinhas.
8.9 - ORGANIZAÇÕES MILITARES DE INSTRUÇÃO E ADESTRAMENTO DO
CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS
Buscando aprimorar o preparo técnico-profissional dos militares do CFN,
determinadas OM exercem atividades específicas na área de formação,
especialização e aperfeiçoamento de pessoal.
Subordinadas ao CPesFN, encontram-se o CIASC, CIAMPA e o CADIM.
Subordinado ao 7oDN, o Centro de Instrução e Adestramento de
Brasília (CIAB).
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 9-1 - REV 1
CAPÍTULO 9
UNIFORMES
9.1 - GENERALIDADES
Todo fuzileiro naval (FN) deve considerar o uso de seus uniformes como moti-
vo de muito orgulho pessoal. O apuro excepcional, além de obrigatório, cons-
titui uma das mais caras tradições da Marinha do Brasil (MB)e um aspecto
dos mais significativos do espírito de corpo que sempre esteve presente no
Corpo de Fuzileiros Navais (CFN).
A observância do contido neste capítulo tem reflexos positivos na disciplina,
na eficiência da tropa e no bom nome do CFN. Quando estiver fardado, o FN
não pode esquecer que ele representa o CFN e a MB.
9.2 - USO DOS UNIFORMES
Os FN em serviço ativo devem estar sempre providos de andainas adequadas
dos uniformes previstos no Regulamento de Uniformes da Marinha (RUMB).
Àqueles que têm direito ao recebimento de uniformes fornecidos pela União,
cabe a obrigatoriedade de adquirir, por conta própria, as peças que deixarem
de possuir por motivos de acidente em serviço, extravio ou desgaste fora do
normal. Esse procedimento independe da instauração ou conclusão do pro-
cesso que julgará o direito à indenização das peças em falta.
Para uma melhor padronização na utilização dos uniformes, é vedado ao FN
o uso de:
- uniformes em circunstâncias ou condições diferentes daquelas estabeleci-
das no RUMB;
- qualquer peça não prescrita no RUMB ou em atos dele decorrentes;
- uniformes em desacordo com as suas especificações;
- quaisquer objetos de uso ou de adorno, de forma visível, tais como: caneta,
lapiseira, corrente de relógio, chaveiro, pregador de gravata, lenços, etc.;
- roupa de baixo com estamparia ou cores que transpareçam em contraste
com o uniforme;
- qualquer sinal de luto, salvo quando houver determinação nesse sentido;
- uniformes em bailes à fantasia;
- peças de uniforme completa ou parcialmente desbotadas;
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 9-2 - REV 1
- distintivos de qualquer natureza, que não estejam autorizados, inclusive os
de cursos;
- mais de dois distintivos especiais de cursos;
- óculos cuja armação ou vidros não sejam compatíveis com a sobriedade do
uniforme; e
- óculos protetores de sol, em formatura, exceto quando houver prescri-
ção médica específica.
9.3 - PRESCRIÇÕES DIVERSAS
- os CB e SD usarão obrigatoriamente com o dólmã branco, a camiseta bran-
ca meia manga, o cinto branco externo ou o do equipamento, esse último
nas situações especiais previstas no RUMB;
- é obrigatório o uso de camiseta branca de meia manga no uniforme branco
de verão (5.5);
- não existe uniforme no qual a camiseta branca de meia manga seja a peça
de cima;
- a japona e a capa impermeável devem ser usadas sempre fechadas (botão e
fecho), tolerando-se uma abertura na altura do colarinho;
- quando usada a japona ou a capa impermeável, o equipamento deve ser a
peça de cima;
- não usar nos bolsos objetos que, pelo volume ou transparência do tecido do
uniforme, ocasionem prejuízos para a boa apresentação, seja individual ou
em conjunto;
- as camisas dos uniformes devem ter dois vincos laterais, no sentido vertical,
simétricos, a meio dos bolsos, em toda a extensão da frente e de trás, com
as arestas voltadas para fora;
- as malas, pastas, malotes, valises, mochilas, protetores para uniformes e
porta-bonés somente poderão ser levados pelas mãos, sendo proibido,
quando fardado, transportá-los pendentes aos ombros, sob os braços, sobre
os ombros, costas ou peito;
- os distintivos dos cursos ministrados em outras forças poderão ser usados
em consonância com o estabelecido no Regulamento de Uniformes daque-
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 9-3 - REV 1
las organizações, obedecendo-se, todavia, a limitação constante do artigo
9.2, deste capítulo;
- algumas peças utilizadas como abrigo (sobretudo, japona, jaqueta de moto-
ciclista, capa impermeável, poncho, etc.), apesar de serem de uso facultati-
vo, devem ser compulsoriamente usadas pelos militares quando incorpora-
dos (guardas, escoltas, etc.);
- em qualquer formatura, cabe aos comandantes de frações a responsabilida-
de básica de verificar a correção do aspecto fisionômico, do uniforme e do
equipamento de seus subordinados, independente de determinação expres-
sa do escalão superior (ex: na Esquadra-de-Tiro, ao Cabo; no Grupo-de-
Combate, ao Sargento; e no Pelotão, ao Tenente);
- é vedado aos militares o uso de quaisquer peças dos uniformes em adorno a
trajes civis.
- a figura 9-1 apresenta a correspondência dos uniformes das três forças
armadas. Sua consulta deve ser compulsória, principalmente quando houver
cerimônias envolvendo militares de mais de uma força.
MARINHA EXÉRCITO AERONÁUTICA CIVIL
1.1 - Jaqueta azul 1o A - Túnica cinza fe-
chada
1o A - Gala
1o B -Gala
Casaca ou Fra-
que
1.2 - Jaqueta branca 1o B - Jaqueta preta 2o - Branco rigor
3o A -Baratéia rigor
"Smoking",
"Summer" ou
"Dinner Jacket"
4.1 - Azul
4.3 - Azul c/ barretas
2o A - Túnica cinza
3o A - Túnica verde oliva
3o B - Blusão verde oliva
3o B - Baratéia
social
4o - Branco social
5o - Baratéia
Passeio completo
4.5 - Azul de verão 3o D - Camisa bege meia
manga
6o A - Trânsito
7o A - Externo
Passeio
4.8 - Azul social c/ barretas
4.9 - Azul social c/ miniaturas
2o A - Túnica cinza 3o B - Baratéia
social
XXX
5.1 - Branco
5.3 - Branco c/ barretas
2o B - Túnica branca
3o A - Túnica verde oliva
3o B - Blusão verde oliva
3o B - Baratéia
social
4o - Branco social
5o - Baratéia
Passeio completo
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 9-4 - REV 1
MARINHA EXÉRCITO AERONÁUTICA CIVIL
5.5 - Branco de verão 3o D - Camisa bege meia
manga
6o A - Trânsito
7o A - Externo Passeio
6.1 - Cinza/Bege completo 3o A - Túnica verde oliva
3o B - Blusão verde oliva
5o - Baratéia XXX
6.2 - Cinza/Bege de inverno 3o C - Camisa bege com
gravata
6o A - Trânsito XXX
6.3 - Cinza/Bege de inverno
p/ serviço
XXX 6o B - Interno Esporte
6.4 - Cinza/Bege de verão 3o D - Camisa bege meia
manga
7o A - Externo XXX
6.5 - Cinza/Bege de verão
p/ serviço
XXX 7o B - Interno XXX
Fig 9-1 - Quadro sinótico da correspondência dos uniformes das forças
armadas
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 10-1 - REV 1
CAPÍTULO 10
A CARREIRA
10.1 - GENERALIDADES
A carreira militar é caracterizada por atividade continuada e inteiramente
devotada às finalidades precípuas das forças armadas, denominada
atividade militar. Ela é privativa do pessoal da ativa. No caso do pessoal do
Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), inicia-se com seu ingresso na Marinha e
obedece às diversas seqüências de graus hierárquicos.
Posto é o grau hierárquico do oficial, conferido por ato do Presidente da
República ou do Ministro de Força Singular e confirmado em Carta Patente.
Graduação é o grau hierárquico da praça, conferido pela autoridade militar
competente.
Os oficiais e praças, ao longo das respectivas carreiras, devem empenhar-se
permanentemente no aprimoramento dos atributos morais e profissionais
indispensáveis para servir à Pátria e à Marinha. Por essa razão, deve ser
uma preocupação individual tomar todas as providências, ao seu nível, que
assegurem a progressão hierárquica.
O presente capítulo sintetiza os aspectos de maior relevância da carreira de
oficiais e praças do CFN.
10.2 - OFICIAIS FUZILEIROS NAVAIS
10.2.1 - Organização
Os oficiais fuzileiros navais estão distribuídos pelos seguintes Corpos e
Quadros:
Corpo de Fuzileiros Navais:
- Quadro de Oficiais Fuzileiros Navais (FN); e
- Quadro Complementar de Oficiais Fuzileiros Navais (QC-FN).
Corpo Auxiliar da Marinha:
Quadro Auxiliar de Fuzileiros Navais (AFN).
a) Ingressarão no Quadro de Oficiais Fuzileiros Navais os Guardas-
Marinha que concluírem com aproveitamento o curso da Escola Naval
e, por transferência, os Capitães-Tenentes do Quadro Complementar
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 10-2 - REV 1
de Oficiais Fuzileiros Navais selecionados pela Comissão de
Promoções de Oficiais (CPO).
b) Ingressarão no Quadro Complementar de Oficiais Fuzileiros Navais os
candidatos civis e militares graduados nas habilitações requeridas
pelo Serviço Naval, aprovados em processo seletivo, Curso de
Formação e Estágio de Aplicação de Oficiais.
c) Os oficiais do Corpo de Fuzileiros Navais exercerão cargos e funções
relativos à aplicação do poder naval e seu preparo, em especial nas
operações anfíbias.
d) Os oficiais FN são ordenados em uma escala hierárquica
constituída pelos postos de Segundo-Tenente a Almirante-de-
Esquadra, e os do QC-FN, pelos postos de Segundo-Tenente a
Capitão-Tenente. Antes de completados cinco anos de nomeação ao
oficialato, os oficiais do QC-FN serão avaliados pela CPO, visando a
sua permanência em caráter definitivo na Marinha. Os que
permanecerem serão selecionados, oportunamente, para
transferência para o Quadro de Oficiais Fuzileiros Navais ou Quadro
Técnico do Corpo Auxiliar da Marinha.
e) Ingressarão no Quadro Auxiliar de Fuzileiros Navais as praças da
Marinha, com segundo grau completo, aprovadas em concurso de
admissão, Curso de Formação e Estágio de Aplicação de Oficiais.
f) Os oficiais AFN exercerão funções técnico-administrativas que visem
às atividades de apoio técnico e às atividades gerenciais e
administrativas em geral.
g) Os oficiais AFN serão ordenados em uma escala hierárquica
constituída pelos postos de Segundo-Tenente a Capitão-Tenente. Os
oficiais desse último posto com curso superior, após seleção pela
CPO, serão transferidos para o Quadro Técnico.
10.2.2 - Estruturação da carreira
A estruturação da carreira inclui estímulos ao desenvolvimento pessoal e à
realização profissional dos oficiais, de modo a se obter eficiência e
eficácia no exercício dos diversos cargos e funções inerentes às atividades
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 10-3 - REV 1
da Marinha. O acesso na hierarquia militar fundamenta-se em três
aspectos:
- aprovação em cursos, exames e estágios;
- embarque ou serviço em tropa ou exercício de cargo essencial para a
formação profissional do oficial; e
- proficiência revelada no desempenho dos cargos e funções que lhes
forem cometidos.
10.2.3 - Cursos e exames
A aprovação nos seguintes cursos e exame deverá ser obtida em uma
única oportunidade, a fim de permitir o acesso aos postos superiores, bem
como proporcionar, progressivamente, a habilitação requerida ao exercício
dos cargos previstos:
- Curso de Especialização de Guerra Anfíbia (C-EspGAnf);
- Curso de Aperfeiçoamento (CAO-CFN);
- Curso de Estado-Maior para Oficiais Intermediários (C-EMOI);
- Curso de Aperfeiçoamento Avançado (CApA);
- Exame de Seleção para os Cursos de Altos Estudos Militares (C-
AEM);
- Curso de Estado-Maior para Oficial Superior (C-EMOS) ou Curso
Superior (C-Sup); e
- Curso de Política e Estratégia Marítimas (C-PEM).
10.2.4 - Proficiência no desempenho de cargos e funções
Os oficiais têm a proficiência aferida pela CPO, a partir dos subsídios
obtidos nas avaliações periódicas e complementares, e nos dados de
carreira, com vistas ao acesso hierárquico, à seleção para cursos, à
nomeação para cargos, às transferências entre Corpos e Quadros e à
indicação para a quota compulsória.
10.3 - PRAÇAS FUZILEIROS NAVAIS
10.3.1 - Organização
O Corpo de Praças de Fuzileiros Navais (CPFN) é organizado em Quadro
Suplementar, Quadro de Especialistas e Quadro de Aperfeiçoados.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 10-4 - REV 1
As praças não especializadas do CPFN serão agrupadas num Quadro
Suplementar único, constituído exclusivamente por militares da graduação
de Soldado Fuzileiro Naval (SD-FN).
As demais praças do CPCFN serão distribuídas pelos seguintes Quadros
de Especialistas e de Aperfeiçoados:
- Infantaria (IF) - Enfermagem (EF)
- Artilharia (AT) - Motores e Máquinas (MO)
- Engenharia (EG) - Eletrônica (ET)
- Comunicações Navais (CN) - Corneta e Tambor (CT)
- Escrita (ES) - Música (MU)
As praças do CPFN serão ordenadas em uma escala hierárquica
crescente pelas seguintes graduações:
- Soldado Fuzileiro Naval (SD-FN);
- Cabo (CB);
- Terceiro-Sargento (3o SG);
- Segundo-Sargento (2o SG);
- Primeiro-Sargento (1o SG); e
- Suboficial (SO).
10.3.2 - Inclusão
Serão incluídos no CPFN:
- na graduação de SD-FN, os Soldados-Recrutas (SD-RC), os Marinheiros
(MN) do Corpo de Praças da Armada (CPA) e os Soldados Reservistas
das demais Forças Armadas aprovados no Curso de Formação de
Soldados (C-FSD); e
- na graduação de 3oSG, as praças do CPA e das demais Forças
Armadas, até a graduação de CB, e os candidatos civis aprovados no
Curso de Formação de Sargentos Músicos (C-FSG-MU).
10.3.3 - Estruturação da carreira
A estruturação da carreira inclui estímulos ao desenvolvimento pessoal e à
realização profissional das praças, com o propósito de se obter eficiência
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 10-5 - REV 1
e eficácia no exercício das diversas funções inerentes às atividades da
MB.
A avaliação das praças, tanto para efeito de promoção quanto para a
realização dos cursos de carreira, é pautada no conjunto de qualidades e
atributos dos avaliados, no decurso da carreira e na graduação que
ocupam.
Os seguintes aspectos básicos são considerados:
- comportamento;
- aptidão para a carreira;
- habilitação profissional;
- interstício;
- tempo de embarque/tropa ou em função técnica;
- higidez física e mental;
- avaliação da Comissão de Promoção de Praças (CPP); e
- avaliação física.
10.3.4 - Cursos
A aprovação nos seguintes cursos de carreira, a ser obtida em uma única
oportunidade, permitirá o acesso a graduações superiores e propiciará,
progressivamente, a habilitação requerida ao exercício das funções
previstas:
- Curso de Especialização (C-Espc);
- Curso de Formação de Sargentos (C-FSG);
- Curso de Aperfeiçoamento (C-Ap); e
- Curso Especial de Habilitação para Promoção a Suboficial (C-Esp-
Hab).
a) C-Espc
Destina-se a habilitação dos SD-FN para o cumprimento de obrigações
que exijam o domínio de técnicas específicas, de modo a complementar
a qualificação recebida no C-FSD.
b) C-FSG
Destina-se ao revigoramento da formação militar-naval dos CB, de modo
a prepará-los para o exercício da liderança em funções futuras.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 10-6 - REV 1
c) C-Ap
Destina-se a atualizar e a ampliar os conhecimentos técnicos dos 3o SG,
necessários ao desempenho de cargos e ao exercício de funções
próprias das graduações superiores, e para o exercício de cargos e
serviços na operação e manutenção dos meios das unidades de tropa.
d) C-Esp-Hab
Destina-se a aprimorar a formação militar-naval dos 1o SG, com ênfase
em liderança.
e) Outros cursos
Para o exercício de determinadas funções, podem também ser
requeridos os seguintes cursos:
- Cursos de Subespecialização (C-Subespc), destinados a preparar as
praças para serviços em setores restritos da MB, que exijam
habilitações complementares às conferidas pela especialização; e
- Cursos de Qualificação Técnica Especial (C-QTE), destinados a
qualificar 2o SG para o exercício de funções técnicas, objetivando o seu
emprego em atividades de manutenção e reparo de alto escalão e em
atividades de ensino.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 11-1 - REV 1
CAPÍTULO 11
CONDICIONAMENTO FÍSICO
11.1 - GENERALIDADES
A boa forma física é fator fundamental para que o fuzileiro naval (FN)
consiga desempenhar suas tarefas, tanto em combate quanto no
adestramento diário.
O estilo de vida sedentário que o homem moderno adotou concorre para o
prejuízo de sua própria saúde.
A falta de exercício físico contribui para o aumento da obesidade, excesso de
colesterol no sangue e hipertensão arterial, que são a porta de entrada para
o desenvolvimento de sérios problemas cardíacos.
Os exercícios físicos incrementam a massa muscular, proporcionando uma
boa postura, o aumento da densidade óssea, diminuindo a possibilidade de
fraturas, e diminuem a ansiedade e o estresse. Ressalte-se que essas
condicionantes podem ser decisivas em situações de combate.
11.2 - ORIENTAÇÕES
O militar é o principal responsável pela manutenção do seu condicionamento
físico.
O Treinamento Físico-Militar (TFM) deve fazer parte da rotina de cada FN
independentemente da organização militar (OM) onde sirva e da função que
esteja exercendo.
A freqüência ideal de exercícios é de cinco vezes por semana. No entanto,
para que haja progresso no condicionamento físico, considera-se
indispensável a prática de atividades físicas por, pelo menos, três vezes em
cada sete dias.
O TFM deve ser realizado nos horários que não interfiram com os períodos
de digestão das principais refeições.
Em regiões ou estações com temperaturas muito baixas ou elevadas, o TFM
deverá ser executado quando a temperatura estiver amena.
11.3 - PROGRAMAS DE TREINAMENTO FÍSICO-MILITAR
A fim de promover o grau de condicionamento físico apropriado ao
desempenho das atividades do FN, foram desenvolvidos programas de TFM
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 11-2 - REV 1
com base em princípios científicos, observando-se as diferentes faixas
etárias dos militares.
Esses programas são aplicados ao longo dos ciclos de adestramento sob a
supervisão do oficial de TFM de cada OM.
Cada sessão de TFM é dividida em aquecimento, ginástica preparatória,
atividade física propriamente dita e volta à calma.
O aquecimento, que é composto por exercícios de alongamento e
flexibilidade, tem a finalidade de reduzir a ocorrência de estiramentos
musculares e entorses decorrentes de um aumento repentino na atividade
física.
A ginástica preparatória exercita todos os grupos musculares e os prepara
para a atividade física, que compreende exercícios de natação, corrida, pista
de aparelhos ou de cabos, ginástica com toros, caminhada e prática de
esportes coletivos.
Uma combinação bem dosada de cada uma dessas atividades é ideal para o
desenvolvimento da aptidão física e do espírito de equipe tão necessários às
atividades do FN, particularmente no caso dos esportes coletivos.
A volta à calma reduz gradualmente os batimentos cardíacos e a respiração
aos níveis normais.
11.4 - INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
11.4.1 - Sudorese
A sudorese é um processo de eliminação de água para permitir a
diminuição da temperatura corporal.
O aumento da sudorese não diminui a gordura corporal. A perda de
gordura acontecerá quando o gasto energético for maior que a ingestão
calórica de alimentos.
A água proveniente da sudorese é oriunda do sangue e sua perda
excessiva pode causar a desidratação. Para a reposição de água, os
praticantes de TFM deverão ingerir um a dois copos de água meia hora
antes da atividade programada e, se possível, durante os exercícios.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 11-3 - REV 1
11.4.2 - Controle da freqüência cardíaca
A freqüência cardíaca é o principal parâmetro a ser controlado durante a
execução do TFM, de forma a se preservar os limites de segurança de
cada indivíduo.
Deve ser medida com a pessoa na posição de pé, parada, durante quinze
segundos, multiplicando-se o resultado obtido por quatro. Assim,
determina-se o valor da freqüência em batimentos por minuto (bpm).
A faixa etária indicará o valor aceitável para a freqüência cardíaca máxima
(FCM) que jamais deverá ser ultrapassada para não colocar em risco a
saúde do praticante do TFM.
Em função dessa freqüência são determinados os limites do batimento
cardíaco durante os períodos de esforço. Tais valores podem ser
encontrados nas OM em documentos específicos relativos à matéria.
11.4.3 - Efeitos fisiológicos do TFM
O treinamento regular e variado provoca manifestações positivas no
funcionamento do organismo humano, dentre as quais destacam-se:
a) Sistema cardio-respiratório
- redução da freqüência cardíaca;
- aumento do volume sangüíneo e da hemoglobina;
- maior rendimento cardíaco;
- redução da pressão arterial;
- aumento dos volumes pulmonares; e
- maior absorção de oxigênio pelos músculos.
b) Composição corporal
- redução da gordura corporal total.
c) Outros
- hipertrofia muscular;
- aumento de amplitude do movimento das articulações;
- aumento da velocidade de reação;
- aumento da resistência de ruptura dos ossos, ligamentos e tendões; e
- redução dos níveis de colesterol e triglicerídeos.
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OSTENSIVO - 11-4 - REV 1
11.5 - TESTE DE AVALIAÇÃO FÍSICA
Os Testes de Avaliação Física (TAF) destinam-se a verificar o grau de
condicionamento físico do FN. Permitem, também, avaliar e monitorar o
progresso obtido após um certo período de treinamento.
No Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), o TAF é constituído das modalidades:
natação, permanência dentro d'água, corrida, flexão na barra e abdominal.
O TAF tem periodicidade anual e é uma das exigências de carreira.
A época da aplicação, os índices e a pontuação são definidos em instruções
permanentes específicas.
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CAPÍTULO 12
SERVIÇOS INTERNOS
12.1 - GENERALIDADES
Os serviços internos são os executados no interior das organizações
militares (OM).
Por estarem relacionados à segurança das unidades, é de fundamental
importância que o fuzileiro naval (FN) tenha a máxima atenção quando da
execução de cada um deles.
De um modo geral, subdividem-se nos serviços de Estado, de Guarda do
Quartel, de Policiamento Interno e de Guarda de Subunidade.
12.2 - SERVIÇO DE ESTADO
É aquele levado a efeito por um período de seis a vinte e quatro horas.
Funciona na Sala de Estado, que é a dependência localizada à entrada do
quartel e destinada ao pessoal de Serviço de Estado. Esse serviço abrange o
Oficial de Serviço, Contramestre, Auxiliar, Claviculário, Corneteiro de Serviço
e Mensageiro.
12.3 - SERVIÇO DE GUARDA DO QUARTEL
É aquele com a finalidade de prover a segurança aproximada da OM e
participar do cerimonial. Inclui, normalmente, os serviços de Comandante da
Guarda, Cabo da Guarda, Sentinelas e Identificadores.
As praças da Guarda do Quartel que não estiverem de serviço na hora devem
permanecer na Sala de Estado em condições de atender a qualquer
eventualidade, em especial as honras de guarda e “boys”, nas honras de
portaló, e a guarda no cerimonial diário à Bandeira Nacional.
12.4 - SERVIÇO DE POLICIAMENTO INTERNO
É aquele de que dispõe o Oficial de Serviço para estender a toda unidade a
fiscalização sobre assuntos que lhe são afetos. Compreende, normalmente,
o Sargento-Polícia e o Rondante.
12.5 - SERVIÇO DE GUARDA DE SUBUNIDADE
É aquele destinado à manutenção da ordem, disciplina e segurança interna
das dependências que lhe são afetas. Inclui o Sargento-de-Dia, Cabo-de-Dia
e Plantão.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 12-2 - REV 1
12.6 - ATRIBUIÇÕES
12.6.1 - Compete à Guarda do Quartel
- não permitir aglomerações nas proximidades do Corpo da Guarda e dos
postos de sentinelas;
- controlar a entrada e a saída de viaturas ou material da OM de acordo
com as normas em vigor;
- impedir a entrada de militares de forças não pertencentes à MB sem
conhecimento e ordem do Oficial de Serviço;
- detectar e identificar aqueles que se aproximarem da OM à noite;
- dar conhecimento imediatamente ao Oficial de Serviço da entrada de
oficial estranho à OM. Para tanto, deve usar o meio de comunicação
mais rápido;
- identificar os civis e militares que entrarem na OM, encaminhando-os à
Sala de Estado;
- controlar a entrada e a saída de civis da OM de conformidade com as
normas vigentes;
- proibir a entrada na OM de civis não autorizados no período do Arriar da
Bandeira à Alvorada;
- só permitir a saída de praças devidamente autorizadas, com uma correta
apresentação pessoal e pelos locais para isso destinados;
- manter o Corpo da Guarda limpo e arrumado, conservando o material
nele existente;
- fornecer escoltas para os presos a serem conduzidos dentro da OM;
- ser responsável pelos presos; e
- cumprir as demais ordens em vigor pertinentes ao serviço da guarda.
12.6.2 - Oficial de Serviço
É o oficial a quem cabe zelar pela segurança, manutenção da disciplina e
cumprimento da rotina da OM durante determinado período de tempo.
Compete-lhe ainda:
- assegurar o exato cumprimento das ordens internas da OM e
disposições regulamentares relativas ao serviço diário;
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 12-3 - REV 1
- receber o Comandante e apresentar-se ao Imediato assim que
ingressarem a bordo;
- verificar, ao assumir o serviço, em companhia de seu antecessor, se
todas as dependências da OM estão em ordem e assegurar-se da
presença de todos os presos e impedidos nos lugares onde devam
permanecer. Após estas providências, ambos deverão se apresentar ao
Imediato;
- participar ao Imediato todas as ocorrências extraordinárias havidas
depois de seu último encontro com ele, lançando-as, ainda, no relatório
do serviço. Se antes de falar com o Imediato encontrar o Comandante,
prestar-lhe-á as mesmas informações sem que isso o desobrigue
daquela atribuição;
- providenciar para que sejam executados, a tempo, os toques
regulamentares, de modo que todas as formaturas ou atos conseqüentes
se realizem nos momentos oportunos;
- inspecionar freqüentemente as dependências da OM, verificando se
estão sendo rigorosamente cumpridas as ordens em vigor;
- dar conhecimento ao Imediato, e em último caso ao Comandante, de
todas as ocorrências que exigirem pronta intervenção do comando; e
- fazer recolher aos lugares apropriados os presos e impedidos, e pô-los
em liberdade assim que receber ordem para tal.
12.6.3 - Contramestre
É o auxiliar direto e substituto eventual do Oficial de Serviço.
12.6.4 - Auxiliar
É o ajudante direto do Contramestre, competindo-lhe cumprir todas as
suas determinações e as ordens específicas baixadas pelo comando da
OM.
12.6.5 - Claviculário
É o responsável pelo controle das chaves existentes no quadro geral das
chaves da Sala de Estado.
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OSTENSIVO - 12-4 - REV 1
12.6.6 - Corneteiro de Serviço
É o responsável pela execução dos toques previstos na rotina ou aqueles
ordenados pelo Oficial de Serviço.
12.6.7 - Mensageiro
É a praça que fica à disposição do Oficial de Serviço para transmitir
mensagens, acompanhar visitantes e executar outras tarefas que lhe
forem determinadas.
12.6.8 - Comandante da Guarda
É a praça diretamente subordinada ao Oficial de Serviço e que tem as
seguintes atribuições principais:
- executar todas as ordens referentes ao serviço da guarda;
- formar a guarda rapidamente ao sinal de alarme. Identificar, de pronto, o
motivo do alarme e, na ausência do Oficial de Serviço, agir por iniciativa
própria, reforçando os postos, se for o caso. Em seguida, apresentar-se
ao Oficial de Serviço para receber ordens;
- ser o responsável pela disciplina da guarda;
- inspecionar constantemente os militares da guarda, utilizando-se de
formaturas durante o dia, sempre que houver a rendição dos quartos das
sentinelas. Proceder da mesma maneira durante à noite, sempre que se
fizer necessário;
- exigir dos presos compostura compatível, não lhes permitindo atos e
procedimentos não autorizados;
- verificar freqüentemente se os componentes da guarda têm pleno
conhecimento das ordens específicas relativas aos seus postos;
- só permitir a entrada ou a saída de civis ou militar da OM pelos locais
para isso destinados. Após o arriar da Bandeira, determinar o
fechamento dos portões da OM, exceto o principal, que se fechará
apenas em casos especiais e quando houver ordens específicas;
- dar conhecimento de imediato ao Oficial de Serviço de qualquer
ocorrência extraordinária havida na guarda, mesmo que já tenha adotado
alguma providência;
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OSTENSIVO - 12-5 - REV 1
- encaminhar ao Oficial de Serviço o relatório da guarda logo após ter sido
substituído no serviço. Nesse documento ele fará constar a relação
nominal das praças da guarda, as ocorrências havidas durante o serviço,
a situação do material do Corpo da Guarda, bem como qualquer fato
relevante que mereça menção especial;
- providenciar a substituição das praças que apresentarem problemas de
saúde ou que faltarem a bordo estando escaladas para o serviço,
recorrendo, para isso, ao Oficial de Serviço; e
- formar a guarda para os cerimoniais previstos e inopinados.
12.6.9 - Cabo da Guarda
É o auxiliar imediato e o substituto eventual do Comandante da Guarda.
12.6.10 - Sentinelas e Identificadores
São os componentes da guarda colocados em determinados postos com
a finalidade de prover a segurança de determinados pontos da OM. No
exercício de suas funções, devem portar-se com zelo, serenidade e
energia compatível com a autoridade que lhes é atribuída.
Compete às sentinelas as seguintes tarefas:
- prestar e exigir as continências regulamentares;
- estar sempre alerta, vigilante e em condições de bem cumprir suas
tarefas;
- não abandonar sua arma, mantendo-a alimentada e travada para
emprego, de acordo com as ordens que tiver recebido;
- não conversar ou fumar em serviço, evitando distrair-se;
- evitar esclarecimentos a pessoas estranhas ao serviço. Se isso for
necessário, deverá recorrer ao Cabo da Guarda ou ao Identificador;
- não permitir aglomerações nas proximidades do seu posto;
- impedir a entrada e a saída de pessoal, material e viaturas da OM sem
a devida autorização, solicitando, em caso de dúvida, a presença do
Cabo da Guarda;
- manter sigilo sobre as ordens recebidas;
- parar e identificar qualquer pessoa ou viatura que pretenda entrar no
quartel à noite; e
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 12-6 - REV 1
- acionar o alarme nas seguintes situações:
a) toda vez que notar qualquer movimento ou aglomeração suspeita nas
proximidades de seu posto;
b) quando qualquer indivíduo insistir em penetrar no quartel antes de ser
identificado;
c) na ameaça de desrespeito à sua autoridade e às ordens relativas ao
seu posto;
d) na verificação de qualquer anormalidade grave; e
e) por ordem do Oficial de Serviço, Comandante da Guarda ou Cabo da
Guarda.
Às sentinelas dos postos de vigilância competem as tarefas supracitadas
no que for pertinente.
Sempre que notar a aproximação de pessoa ou grupo por caminhos não
usuais ou com atitudes suspeitas, durante à noite ou quando determinado,
a sentinela procede da seguinte maneira:
- comanda "alto" a uma distância conveniente;
- procede a identificação somente permitindo a aproximação daqueles que
reconhecer como pessoa autorizada. Caso contrário, solicita a presença
do Cabo da Guarda. A identificação normalmente é executada por meio
do uso de senhas e contra-senhas;
- caso não seja obedecida em seu comando de "alto", aciona o sinal de
alarme;
- repete o comando de "alto" e logo em seguida efetua um disparo para o
ar; e
- os procedimentos a serem adotados após essa última ação para o caso
de a sentinela não ser obedecida e se configurar uma tentativa de
agressão, normalmente são encontrados nos Planos de Segurança
Orgânica (PSO) das OM.
No caso de viaturas, a sentinela procede como especificado no parágrafo
anterior. Destaque-se que as entradas das OM habitualmente dispõem de
meios que obrigam a parada das viaturas, quando necessário.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 12-7 - REV 1
Durante a noite, é permitido à sentinela movimentar-se num raio de 5
(cinco) metros em torno do seu posto fixo, devendo, porém, manter-se na
maior parte do tempo dentro das instalações do seu posto.
É terminantemente proibido o abandono do posto sem que a sentinela
tenha sido devidamente substituída.
Ao Identificador são confiadas as seguintes tarefas:
- executar o controle da entrada e saída de pessoal e viaturas no portão
principal;
- preencher as papeletas de registro de visitantes e de viaturas militares
por ocasião da identificação;
- reconhecer e informar imediatamente ao Cabo da Guarda a aproximação
de autoridades às quais serão prestadas as honras de portaló; e
- executar as medidas necessárias à interrupção do trânsito em caso de
emergência, mediante determinação do Oficial de Serviço, Comandante
da Guarda ou Cabo da Guarda.
12.6.11 - Sargento-Polícia
É o auxiliar do Oficial de Serviço na fiscalização da execução das ordens
em vigor, percorrendo constantemente os setores da unidade que lhe
forem destinados.
12.6.12 - Rondante
É o militar designado para o policiamento de áreas limitadas da unidade,
cumprindo as atribuições do Sargento Polícia e da Sentinela, conforme o
caso. O serviço de Rondante pode ficar subordinado à Guarda do Quartel
quando determinado.
12.6.13 - Serviço de Guarda da Subunidade
Compreende as seguintes tarefas gerais no âmbito das dependências
que lhe são afetas:
- mantê-las limpas e arrumadas;
- vigiar as praças impedidas;
- proibir jogos de azar, disputas ou algazarras;
- zelar pela propriedade individual ou da OM; e
- cumprir e fazer cumprir todas as determinações do comando da OM.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 12-8 - REV 1
12.6.14 - Sargento-de-Dia
É o responsável pelo serviço de guarda da subunidade.
12.6.15 - Cabo-de-Dia
É o responsável pela ordem e exatidão do serviço da subunidade
perante o Sargento-de-Dia, sendo seu substituto eventual.
12.6.16 - Plantão
É o responsável pelo cumprimento das normas gerais da guarda da
subunidade, competindo-lhe, dentre outras, as seguintes atribuições:
- estar atento a tudo que ocorrer na dependência, comunicando
imediatamente ao Cabo-de-Dia qualquer alteração;
- apresentar-se aos oficiais, suboficiais e sargentos que entrarem no
alojamento quando estiver ausente o Cabo-de-Dia;
- não permitir que as praças detidas na dependência se afastem dela, a
não ser por motivo de serviço e com ordem do Cabo-de-Dia;
- zelar pela limpeza e arrumação da dependência;
- na ausência do Cabo-de-Dia acordar as praças ao findar a terceira
parte do toque de alvorada, determinando que se levantem;
- não permitir a entrada de civis nas dependências sem ordem do Cabo-
de-Dia;
- impedir a saída de qualquer objeto sem a autorização do dono ou
responsável e sem ordem do Cabo-de-Dia;
- não consentir que qualquer praça utilize ou se apodere de objetos
pertencentes a outros sem autorização do dono ou responsável;
- não permitir conversa, bem como qualquer outra perturbação após o
toque de silêncio;
- arrecadar todo material encontrado fora de seu local, encaminhando-o
ao Sargento-de-Dia ou Cabo-de-Dia;
- não permitir a presença de praças não autorizadas na dependência;
- inspecionar os armários constantemente, anotando os que estiverem
abertos e/ou danificados, comunicando as irregularidades ao Cabo-de-
Dia;
- acordar os militares escalados para o serviço durante à noite; e
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 12-9 - REV 1
- utilizar o apito no alojamento, conforme abaixo prescrito:
a) um (1) silvo curto para chamar à atenção ou anunciar a presença de
oficial intermediário;
b) dois (2) silvos curtos para anunciar a presença de oficial superior
ou Comandante da subunidade;
c) três (3) silvos curtos para anunciar a presença de oficial-general
ou Comandante da unidade;
d) um (1) silvo longo, sinalizando atenção para o cumprimento da rotina;
e
e) três (3) silvos longos, em caso de emergência.
Critérios para os silvos de apito:
a) quando mais de um oficial entrar no alojamento, só será dado o
silvo correspondente ao mais antigo;
b) o toque de três (3) silvos curtos obriga ao mais antigo dentre os
presentes no alojamento a dar ordens aos demais militares para que
assumam a postura adequada;
c) dados quaisquer dos sinais de apito, todos devem ficar em silêncio e
tomar a posição de Sentido caso se trate da entrada de oficial no
alojamento;
d) para os silvos referentes às prescrições de rotina, atenção ou
emergência, o Plantão deve anunciar logo em seguida o seu
significado;
e) entre o silêncio e a alvorada não serão dados silvos de apito, salvo os
de emergências; e
f) caso o Plantão não perceba a entrada de um oficial no alojamento,
qualquer praça comandará: atenção! e anunciará o fato à viva voz.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 13-1 - REV 1
CAPÍTULO 13
EQUIPAGENS INDIVIDUAIS
13.1 - UTILIDADE DAS EQUIPAGENS
A Equipagem Individual Básica de Combate (EIBC) foi organizada para que o
fuzileiro naval (FN) tenha à disposição o mínimo indispensável para um
militar em campanha.
A ela devem ser acrescidas outras que complementam a necessidade do
combatente. Assim, se ele portar um fuzil, receberá uma equipagem
individual para este armamento; se forem requeridos meios de orientação,
deverá conduzir uma equipagem de orientação.
Desse modo, verifica-se que o sistema de equipagens é um processo por
meio do qual o militar vai sendo equipado por módulos, incorporando o que é
fundamental no momento e deixando de carregar o que é supérfluo.
13.2 - DEFINIÇÕES
Diversas são as equipagens individuais atualmente em uso no Corpo de
Fuzileiros Navais (CFN). A descrição detalhada de todas foge ao propósito
desta publicação. Dessa forma, apenas aquelas julgadas de uso mais
freqüente pelo FN serão tratadas no presente capítulo.
13.2.1 - Equipagem
É um conjunto de itens de suprimentos organizado para facilitar o
abastecimento e que deve existir em um determinado setor da
organização militar (OM) para atender a um serviço específico.
Exemplos: material de rancho, roupa de cama, ferramentas de uma
oficina, etc.
13.2.2 - Item de suprimento
É uma peça ou qualquer outro material não ligado especificamente a um
equipamento que, atendendo a propósitos e a parâmetros próprios,
possui características essenciais que o individualizam nesse sistema.
Exemplos: um cantil, um lápis, um cinto simples, etc.
13.2.3 - Equipagem operativa
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 13-2 - REV 1
É o conjunto de itens de suprimentos que confere ao combatente anfíbio
as condições ou os meios necessários à execução de tarefa(s)
específica(s) inerente(s) às operações e aos serviços realizados por FN.
13.3 - CONSTITUIÇÃO DAS EQUIPAGENS
13.3.1- Equipagem Individual Básica de Combate (EIBC)
É constituída dos seguintes itens: capacete, poncho, edredom, mochila,
pá articulada e seu estojo, marmita, talher articulado, estojo individual de
higiene, colete à prova de estilhaços, suspensórios, cinto simples, cantil e
porta-cantil, caneco, isolante térmico, estojo individual de primeiros-
socorros e saco de lona para transporte.
13.3.2 - Equipagem Suplementar de Combate (ESC)
É composta de: alicate cortador de arame e seu estojo, apito de metal
com fiador, facão de mato e bainha, lanterna elétrica, luva de amianto,
luva para aramado e óculos da guarnição de viatura.
13.3.3 - Equipagem Individual para Fuzil (EIF)
É constituída da bandoleira e do porta-carregador.
13.3.4 - Equipagem Individual para Pistola 9mm (EIP)
É constituída do coldre, fiador, porta-carregador e faca de trincheira com
bainha.
13.4 - USO DAS EQUIPAGENS
A EIBC é utilizada pelo homem da seguinte forma:
- capacete na cabeça com a jugular ajustada e fechada sob o queixo;
- na parte superior externa da mochila é afixado o isolante térmico;
- na parte interna da mochila são colocados a marmita, o talher, o estojo de
higiene, a pá articulada e seu estojo, o poncho, o edredom e outros objetos
de uso pessoal; e
- os suspensórios têm por finalidade sustentar o cinto simples onde são
afixados os itens abaixo, partindo-se do fecho no sentido da esquerda para
direita:
a) Para quem porta fuzil
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 13-3 - REV 1
Porta-carregador, sabre com bainha, 1o porta-cantil com cantil e caneco,
porta-estojo de primeiros-socorros, 2o porta-cantil com cantil e porta-
carregador.
b) Para quem porta fuzil metralhador
Porta-carregador, 1o porta-cantil com cantil e caneco, porta-estojo de
primeiros-socorros, 2o porta-cantil com cantil, faca de combate com
bainha e porta-carregador.
c) Para quem porta pistola
Porta-carregador, faca de combate, porta-cantil com cantil e caneco, porta-
estojo de primeiros-socorros, fiador de pistola, porta-cantil com cantil,
coldre com pistola e porta-carregador.
A equipagem individual deve ser portada exatamente como estipulam as
instruções, com cada item na sua devida posição, para que não se
transforme em transtorno aos deslocamentos do FN (Fig 13-1).
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 13-4 - REV 1
Fig 13-1
13.5 - INSPEÇÃO NAS EQUIPAGENS INDIVIDUAIS
Constantemente realizam-se inspeções nas equipagens individuais com a
finalidade de verificar se o FN possui todos os itens prescritos e se o material
está em bom estado de conservação.
Para essas inspeções, a equipagem deverá ser arrumada conforme
apresentado na Fig 13-2.
Fig 13-2
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 13-5 - REV 1
13.6 - CUIDADOS COM A EQUIPAGEM
As equipagens individuais são rústicas mas não são indestrutíveis. Elas
devem ser usadas adequadamente e o FN deve zelar por sua manutenção
principalmente em operação, a fim de evitar desgastes prematuros e, por
conseqüência, prejuízos à Nação.
O cuidado para evitar danos desnecessários às equipagens individuais inicia-
se com o uso adequado dos itens que o FN está portando, ajustando-os para
evitar a fricção e a sobrecarga, e utilizando-os para os fins a que se
destinam. Como exemplo, citam-se os cantis que só devem ser usados para
portar água porque outro líquido poderá corroer o material e provocar furos.
Deve-se ter atenção para a possibilidade de ocorrência de baixas causadas
pela ingestão de detritos que possam se formar no interior dos cantis pela
falta de higiene.
Independente de ordem, o FN deve habituar-se a efetuar freqüentes
inspeções na sua equipagem individual, especialmente em campanha. Essa
providência deve fazer parte da rotina diária e ser repetida sempre que
possível. Agindo dessa forma, o FN poderá detectar se algum item de sua
equipagem não funciona bem, antes mesmo que se torne imprestável.
Identificando a falha, o item poderá ser trocado, reparado e recolocado em
uso, em perfeito estado, resultando em economia para o CFN; mas se a
situação ou os meios disponíveis não o permitirem, caberá ao próprio FN
executar um pequeno reparo no item de modo a permitir seu uso até ser
possível a troca. Em todo caso, nunca se abandona a equipagem ou parte
dela sem que haja ordem expressa para isso, especialmente em campanha.
Para conservar a equipagem individual, é preciso conhecer como mantê-la a
bordo e em campanha, observando o seguinte:
- manter a ajustagem correta para o corpo do utilizador de todos os itens que
possuam presilhas e alças reguláveis;
- ter sempre a equipagem limpa e seca. A marmita, os talheres articulados, o
caneco e os cantis devem ser mantidos em perfeitas condições de higiene
com vista ao uso imediato; e
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 13-6 - REV 1
- dobrar os itens observando os vincos existentes, evitando comprimir e
dobrar as partes metálicas e os reforços de lona.
OSTENSIVO CGCFN-1101 .
OSTENSIVO - 14-1 - REV 1
CAPÍTULO 14
HIGIENE E PROFILAXIA DAS DOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS
14.1 - GENERALIDADES
Higiene é a prática de atos que visam à preservação da saúde própria do
indivíduo e de seus companheiros.
Neste capítulo serão explicitadas as noções básicas sobre higiene e as
medidas preventivas contra as doenças infecto-contagiosas, especialmente
as sexualmente transmitidas.
14.2 - REGRAS BÁSICAS DE HIGIENE PESSOAL
São as seguintes:
- tomar banho diariamente, lavando-se bem com sabonete ou sabão,
dando especial atenção à limpeza das dobras do corpo. Se não houver
meios para o banho, o corpo deve ser esfregado com um pano úmido, de
preferência com um pouco de álcool;
- lavar as mãos com água e sabão após terminar qualquer trabalho, antes
de comer e, sobretudo, após as necessidades fisiológicas;
- trocar as roupas de baixo diariamente; caso não seja possível trocá-las ou
lavá-las, devem ser retiradas, sacudidas e expostas ao sol por algum
tempo;
- observar bem o corpo e as roupas para verificar se há irritações ou
presença de parasitas; havendo suspeita deve-se procurar um médico;
- trocar ou secar, logo que possível, as roupas e calçados molhados;
- escovar os dentes pelo menos duas vezes ao dia, após as refeições, e
uma vez antes de dormir. Caso não se disponha de escova ou pasta de
dente, usar água e sabão. Qualquer um que estiver com dor de dente ou
com algum problema dentário, deve procurar imediatamente o serviço
odontológico;
- beber bastante água durante o dia, a intervalos regulares, porém nunca
uma grande quantidade de uma só vez;
- usar somente os próprios utensílios para comer e beber, lavando-os bem
com água e sabão após serem empregados. Não utilizar toalhas, escovas,
pincéis de barba e quaisquer outros objetos de uso pessoal de outra
pessoa;
OSTENSIVO CGCFN-1101 .
OSTENSIVO - 14-2 - REV 1
- manter limpos e curtos, cabelos e unhas;
- fazer regularmente exercícios físicos para se manter saudável;
- alimentar-se devagar e com moderação. Variar os alimentos ingeridos
sempre que possível; e
- descansar sempre que possível. Procurar distrair-se fazendo leituras nas
horas de folga; não abusar do álcool e do fumo.
14.3 - HIGIENE EM CAMPANHA
Quando no campo, além das regras anteriores, devem ser observadas as
seguintes:
- evitar beber água sem saber de sua origem ou se o seu uso está autorizado
pelo serviço de saúde. Em caso de extrema necessidade, ferver a água
antes de beber, deixando-a em ebulição por, pelo menos, 20 minutos. No
acampamento, beber água do saco "lister" ou pipa d`água, especialmente
destinados para isso. Usar o purificador de água que acompanha a ração
sempre que não for fornecida água tratada;
- usar somente o local apropriado para fazer as necessidades fisiológicas. Se
não houver esse local, cavar um buraco e cobrir os dejetos com terra. A não
observância desse procedimento poderá gerar a propagação de doenças
capazes de causar grande número de baixas. As moscas e os demais
insetos ao pousarem nos dejetos descobertos conduzirão em suas patas
micróbios nocivos e, tão logo pousem nos alimentos, irão contaminá-los e,
em conseqüência, contaminar a tropa. Os sanitários de campanha (pianos)
devem ser utilizados, lançando-se sobre as fezes, após o uso, certa
quantidade de cal, que comumente encontra-se ao lado dos sanitários;
- proteger-se contra insetos. Usar o mosquiteiro e o repelente de insetos
sempre que houver necessidade. Uma boa pomada antialérgica (fenergam
ou similar) atenua os efeitos das picadas de mosquitos, formigas ou de
outros insetos; é conveniente dispor de uma dessas no estojo de primeiros-
socorros. Caso a área de operações apresente alguma endemia grave (por
exemplo: malária), poderá ser recomendável o uso de medicamentos
preventivos, os quais serão prescritos pelo médico da unidade;
- lavar bem os utensílios de comer. A gordura da marmita ou caneco pode
ser removida com a água quente fornecida nos aquecedores. Não jogar
OSTENSIVO CGCFN-1101 .
OSTENSIVO - 14-3 - REV 1
restos de comida ou ração em outros locais que não sejam os
determinados. Não deixar latas vazias jogadas ao redor do acampamento.
Não comer restos de ração das latas usadas. Caso não haja coletor de lixo,
enterrar os restos da ração;
- em caso de suspeita de algum parasita, mosquito ou qualquer inseto
estranho no local do acampamento, comunicar logo ao serviço de saúde,
para que sejam tomadas as providências pertinentes;
- para poder examinar bem a área onde se passará a noite, é conveniente
arejar, limpar e/ou preparar a barraca ou local de dormir, diariamente antes
de escurecer; e
- comer todo alimento fornecido, pois contém os nutrientes que um fuzileiro
naval (FN) precisa para se manter.
14.4 - DOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS
Especial cuidado deve ser tomado com as doenças sexualmente
transmissíveis. Elas podem causar grandes males não só ao FN como
também à sua mulher e aos seus filhos.
A escolha do tipo de mulher com a qual se pode ter relações é muito
importante; a higiene falha e a promiscuidade facilitam o contágio. Em caso
de contato com prostitutas, convém lembrar que quanto maior o período de
contato, maior o perigo. Lavar-se bem após as relações sexuais, com água e
sabonete, procurando urinar logo em seguida é uma boa medida preventiva.
Para a máxima proteção possível, a cada relação sexual, nunca deixar de
usar corretamente o preservativo (camisinha) recomendado pelo médico.
Observar as instruções de uso na embalagem.
A auto-medicação no trato de uma doença venérea poderá dificultar a
recuperação. Ao primeiro sintoma, deve-se procurar imediatamente o serviço
de saúde.
14.5 - RECOMENDAÇÕES SOBRE A AIDS
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) deve-se adotar
procedimento de prevenção contra a AIDS, com relação à vida sexual, na
seguinte ordem de prioridade:
- fidelidade;
- sexo sem penetração; e
OSTENSIVO CGCFN-1101 .
OSTENSIVO - 14-4 - REV 1
- uso de preservativo.
Além disso, convém lembrar as seguintes recomendações:
- evitar relações com alguém que tenha muitos parceiros sexuais;
- que tanto a relação vaginal quanto a anal podem disseminar a AIDS;
- que a AIDS não tem rosto, alguém pode parecer saudável, mas ainda
assim estar contaminada e disseminar essa doença;
- usar sempre agulhas descartáveis caso venha a necessitar de uma injeção.
Se isso não for possível, esterilize agulhas e seringas antes de empregá-
las; e
- como medida extra de segurança, não utilizar objetos de outras pessoas
como aparelhos de barbear, escovas de dentes e outros que possam estar
contaminados por sangue.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 15-1 - REV 1
CAPÍTULO 15
PRIMEIROS-SOCORROS
15.1 - GENERALIDADES
Primeiro-socorro é o tratamento imediato aplicado a uma vítima de
enfermidade ou ferimento antes que os serviços de um médico ou enfermeiro
possam ser conseguidos.
15.2 - PRINCÍPIOS GERAIS
Mesmo que o serviço de saúde disponível seja o melhor, a própria vida ou a
de um companheiro pode depender dos conhecimentos que se tem sobre
primeiros-socorros. Qualquer um poderá salvar uma vida se souber o que
fazer e o que não fazer, agindo com calma e rapidez.
Os primeiros-socorros devem ser de execução simples e orientados de modo
a salvar a vida humana, aliviar dores e evitar complicações. Portanto, os
primeiros-socorros só serão eficientes se a pessoa que os aplicar tiver o
conhecimento e o adestramento necessários.
Caso seja ferido ou for atender a alguém que esteja ferido ou passando mal,
será preciso permanecer calmo, empregar as medidas de primeiros-socorros
e, então, procurar auxílio médico.
Antes de atender a um ferido ou a um doente, é necessário examiná-lo para
conhecer a extensão e a localização de sua enfermidade, e só depois tomar
alguma iniciativa.
Ao se prestar os primeiros-socorros a um ferido ou doente, devem ser
observados os seguintes princípios gerais:
- verificar, através de exame rápido, se o ferido ou doente está respirando.
Se não estiver, iniciar imediatamente a respiração artificial. Cada segundo
que passa, põe a vida em perigo;
- se existir hemorragia, estancá-la o mais rápido possível. Uma grande perda
de sangue pode levar à morte;
- o ferido ou doente deve ser mexido o menos possível e com a maior
suavidade. Se ele tiver que ser deslocado, isso deve ser feito
cuidadosamente, pois qualquer movimento brusco pode agravar seriamente
uma lesão provocada por um traumatismo, além de lhe causar dores;
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 15-2 - REV 1
- a posição do ferido ou doente deve ser cômoda e lhe permitir respirar o
melhor possível. Se necessário, alargar as roupas em volta do pescoço,
peito e abdômen;
- retirar com cuidado, apenas as roupas necessárias. Convém lembrar que o
vestuário sujo pode ocultar ferimentos ou aumentar o perigo de infecção; é
melhor cortar, rasgar ou descoser as roupas do que despir o ferido;
- ter sempre em mente que o estado de choque pode ser um enorme perigo
para a vida. Um dos propósitos dos primeiros-socorros em feridos graves é
evitar o seu aparecimento prematuro;
- não dar ao ferido ou doente qualquer espécie de bebida alcoólica;
- em caso de fraturas, o ferido só deve ser movimentado após sua
imobilização. O transporte deve ser suave e firme; e
- jamais se deve presumir que um ferido ou doente esteja morto até que
se tenha comprovado essa situação.
15.3 - REGRAS BÁSICAS
As quatro regras básicas para salvar vidas, em caso de acidente ou
emergência, são as seguintes:
15.3.1 - Parar a hemorragia
A hemorragia ocorre quando um vaso sangüíneo é lesionado e deixa sair o
sangue. A primeira coisa a ser feita em qualquer lesão é parar o
sangramento. A perda excessiva de sangue pode causar a morte. Quando
essa perda é visível à superfície do corpo, trata-se de hemorragia externa.
A hemorragia pode ser:
a) Arterial (sangue escarlate vivo, esguichando em jatos rítmicos)
A hemorragia arterial pode fazer com que o acidentado perca grande
quantidade de sangue em poucos minutos. É esse tipo de hemorragia
que põe a vida em perigo (Fig 15-1).
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 15-3 - REV 1
Fig 15-1
b) Venosa (sangue escuro e contínuo)
A hemorragia venosa não é geralmente perigosa, embora possa
provocar alarme. Ela é facilmente controlável por compressão.
c) Capilar
É a hemorragia devida a feridas comuns.
Uma hemorragia, usualmente, pode ser estancada com uma forte
pressão direta sobre o ferimento, utilizando-se uma compressa ou um
pano (Fig 15-2); na falta dessa, a própria roupa do ferido poderá ser
empregada para apertar e conter o curativo. Se necessário, podem ser
utilizados dois curativos ou mais para cobrir todo ferimento; enrolar
depois uma atadura em torno da parte atingida, amarrando suas pontas
e apertando o suficiente para conter o curativo e parar a hemorragia,
sem, todavia, apertar em demasia. A hemorragia poderá não parar logo,
entretanto, deve-se continuar com a pressão firme e contínua. Se o
ferimento for em um braço ou perna e a pressão não for suficiente para
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 15-4 - REV 1
cessar a hemorragia, mantenha o membro elevado (Fig 15-3). Se
houver suspeita de uma fratura não se deve movimentar o membro,
pois é perigoso e aumentará a dor.
Fig 15-2 Fig 15-3
Se as medidas adotadas anteriormente falharem, deve ser usado um
torniquete (instrumento para apertar). Entretanto, não deve ser aplicado
antes de tentar todos os outros métodos. Sua aplicação de imediato só é
recomendável quando se tratar de hemorragia arterial, identificável pelo
sangue saindo em jatos do ferimento. O torniquete deve ser colocado
acima do ferimento, isto é, entre o ferimento e o coração, conforme
descrito a seguir:
- com um pedaço de pano, um cinto, ou algo semelhante, fazer uma volta
em torno do membro afetado (Fig 15-4);
- por um bastão, faca, ou baioneta embaixo da volta (Fig 15-5);
- apertar a volta girando o bastão até parar o sangramento (Fig 10-6); e
- amarrar a ponta livre do bastão no membro para não deixar afrouxar (Fig
15-7).
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 15-5 - REV 1
Fig 15-4 Fig 15-5
Fig 15-6 Fig 15-7
Deve ser apertado somente o suficiente para fazer parar o sangramento. É
conveniente mantê-lo sobre a manga ou as calças para proteger a pele e
não deixá-lo escondido. Quando se colocar um torniquete, deve-se por
uma etiqueta ou marca, indicando a hora e o local da aplicação. Não se
deve soltar o torniquete a não ser em caso de extrema urgência. Se não se
conseguir socorro especializado em 2 horas, afrouxa-se um pouco sem
retirá-lo; se voltar a hemorragia, deixar sangrar um pouco e reapertá-lo
novamente; se não sangrar, deixa-se frouxo, mas sem retirá-lo.
15.3.2 - Manter livre as vias respiratórias
A finalidade da respiração artificial é fornecer aos tecidos e em especial
ao coração e ao cérebro o oxigênio que lhes falta. Nos casos em que a
vítima de um acidente estiver desacordada e respirando com dificuldade,
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 15-6 - REV 1
ou não respirando, se fará necessária, imediatamente, a respiração
artificial, devendo prosseguir durante bastante tempo. Visto que a vítima
só se reanima, por vezes, depois de longo período, não se deve arriscar,
fazendo todo o possível para facilitar a chegada do ar aos pulmões do
paciente, e não parar com a respiração artificial, senão depois da chegada
de socorro médico adequado, ou da certeza absoluta de que a morte
ocorreu.
Apesar de existirem vários métodos para respiração artificial, são dois os
mais usados.
a) Método boca a boca com massageamento cardíaco
Tal método deve ser sempre aplicado quando de uma parada cardíaca
repentina em um indivíduo aparentemente normal. O método deve ser
executado, preferencialmente, por duas pessoas: uma responsável pela
primeira fase da respiração (boca a boca) e a outra pelo
massageamento cardíaco.
O fator tempo é de suma importância, não devendo haver demora em
iniciar o socorro, observando-se as seguintes instruções:
I) Boca a boca
- deitar o paciente de costas em superfície plana e firme;
- o primeiro passo é verificar se a passagem de ar está livre; para
tanto, retira-se dentaduras, dentes postiços, corpos estranhos e
secreções, utilizando os dedos revestidos por um lenço ou
compressa. A seguir, coloca-se o paciente de costas para o solo,
com o queixo para cima, tracionando a língua para fora;
- ajoelha-se ao lado do paciente, próximo à cabeça. Com uma das
mãos ergue-se o pescoço, com a outra tapam-se as narinas. Isto fará
com que a cabeça caia para trás, desobstruindo as vias aéreas que
estavam fechadas pela língua; e
- coloca-se a boca sobre a boca da vítima e sopra-se fortemente,
transferindo o ar para os seus pulmões.
II) Massageamento cardíaco
- posicionar-se em relação ao paciente;
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 15-7 - REV 1
- evitar esforços desnecessários; usar o peso do próprio corpo;
- coloca-se a palma da mão 2cm acima do osso central ao tórax e a
outra sobre a primeira, tomando cuidado para não machucar o
paciente com pancadas ou pressão dos dedos. Encaixa-se bem os
cotovelos, não deixando os braços fazerem ângulos; e
- não alterar a posição das mãos.
III) Ritmo
Com duas pessoas, deve ser estabelecido o ritmo: para cada soprada,
deve haver cinco massageamentos cardíacos. Esse ritmo deve se
repetir por tempo indeterminado. Com apenas uma pessoa, o método
se complica, pois, forçosamente, o socorrista deverá procurar uma
posição na qual se canse menos e faça as duas coisas. Nesse caso,
a melhor posição será ajoelhado ao lado do paciente. Sopra-se duas
vezes e faz-se dez massageamentos cardíacos.
15.3.3 - Proteção de ferimentos
O curativo inicial protege contra a contaminação externa, isto é, contra os
micróbios e a sujeira. Para isso, o ferimento deve ser lavado
abundantemente com água limpa ou soro fisiológico. Se não tiver curativo
individual, usa-se um pano limpo e seco para proteger o local afetado
(Fig 15-8).
Fig 15-8
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 15-8 - REV 1
15.3.4 - Prevenção de choque
O choque é uma condição de grande fraqueza do corpo, que vai de um
ligeiro mal-estar ou desmaio até o colapso completo com perda da
consciência, a qual pode levar à morte. Pode aparecer em qualquer tipo
de ferimento, porém, quanto mais grave o ferimento, mais grave será o
choque. Um grande sangramento, queimaduras ou traumatismos
múltiplos poderão ocasioná-lo. Uma pessoa nessas condições acha-se
normalmente imóvel e não presta muita atenção ao meio ambiente. Sua
respiração é rápida e superficial, entrecortada por suspiros profundos; o
pulso é rápido e fraco e tem todo o corpo pálido, frio e úmido ao tato. A
pessoa sente-se fraca e com tendência a desmaiar, tem sede e pode
vomitar; as pupilas ficam dilatadas, e se seu estado piorar o doente pode
cair em inconsciência e morrer (Fig 15-9).
Fig 15-9 – Estado de choque
Para prevenir tal estado faz-se o seguinte:
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 15-9 - REV 1
- deitar a vítima de forma a deixá-la o mais confortável possível; aliviar todo
o equipamento e afrouxar suas roupas, tendo o máximo cuidado com os
ferimentos;
- se estiver desacordada, colocar a cabeça da vítima mais baixa que o
corpo; virar o rosto para o lado, no caso de aparecerem vômitos ou
secreções;
- manter a vítima aquecida com mantas, roupas ou cobertores; e
- tratar as hemorragias, proteger os ferimentos, aliviar a dor e providenciar
socorro médico.
15.4 - PROCEDIMENTOS PARA CASOS ESPECIAIS
As regras básicas anteriormente expostas aplicam-se a todos os tipos de
ferimentos. Entretanto, há casos que necessitam de medidas especiais.
15.4.1 - Ferimentos no tórax
Esses ferimentos são muito perigosos; o ar ambiente pode entrar na
cavidade torácica, comprimindo os pulmões, dificultando e até mesmo
impedindo a respiração. A vida do ferido dependerá da rapidez com que se
impeça a entrada do ar. Assim, é preciso aplicar um curativo que cubra
todo o ferimento, apertando-o firmemente; cobrir esse curativo com um
material impermeável, que não permita a saída e a entrada do ar. Cobrir
novamente todo o ferimento e amarrar tudo bem apertado, com um cinto
ou cabo, mantendo o ferido deitado sobre o lado do ferimento; se ele
quiser, poderá permanecer sentado (Fig 15-10 e 11).
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 15-10 - REV 1
Fig 15-10 Fig 15-11
15.4.2 - Ferimentos no abdômen
Aos feridos no abdômen não se dá água ou alimentos. Não se deve tentar
recolocar partes internas que saíram, a não ser o absolutamente
necessário para proteger o ferimento adequadamente; caso isso seja feito,
poderá introduzir sujeira e produzir infecção. Proteger tudo com curativos
limpos, tratar do paciente para evitar o choque e aguardar socorro médico
especializado (Fig 15-12).
Fig 15-12
15.4.3 - Ferimentos nos maxilares
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 15-11 - REV 1
Os ferimentos na região da cabeça são graves, pois causam muita
hemorragia devido ao grande número de vasos sanguíneos existentes
nessa região. Primeira providência a tomar é parar a hemorragia por meio
da compressão do ferimento com um curativo ou compressa, tendo o
cuidado de não deixar que o sangue sufoque a vítima. Se o queixo estiver
fraturado, deve-se amarrá-lo com uma atadura passada por cima da
cabeça (Fig 15-13).
Fig 15-13
15.4.4 - Queimaduras
São os ferimentos ou lesões produzidas pela ação do fogo, contato com
corpo quente ou corrosivo, ou pela exposição aos raios solares. São
classificadas em:
- primeiro grau : vermelhidão da pele;
- segundo grau : formação de bolhas na pele; e
- terceiro grau : destruição dos tecidos por carbonização.
Quaisquer que sejam as suas origens, as queimaduras entram todas no
mesmo quadro no tocante ao tratamento. Além dos evidentes efeitos
locais (vermelhidão, bolhas ou destruição da pele), podem provocar o
estado de choque, que será tanto mais intenso quanto maior for a
extensão da lesão. As queimaduras que atingem mais da metade da
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 15-12 - REV 1
superfície cutânea do corpo são geralmente fatais devido à grande
intensidade do estado de choque que provocam.
a) Rotina do tratamento
O tratamento em geral deve seguir a seguinte rotina:
I) lavar as partes queimadas com água em abundância, sem esfregar;
II) cobrir a área queimada com gaze molhada em solução forte de ácido
bórico ou bicarbonato de sódio. A vaselina boricada ou pura pode ser
usada na falta das soluções acima; e
III) não aplicar anti-sépticos fortes (iodo), talco, óleos de máquina ou
outras graxas.
b) Ter os seguintes cuidados
I) não tentar arrancar qualquer roupa que tenha ficado colada. Usar
tesouras para cortar o resto do vestuário. Deixar no local das feridas os
bocados que aderirem à pele;
II) não tocar em uma queimadura com os dedos;
III) nunca rebentar nem furar as bolhas, mesmo que grandes; e
IV) nunca esfregar uma queimadura. A lavagem não é feita para tentar
retirar qualquer sujeira ou resíduo e sim para esfriar o local.
Manter o queimado em repouso e prosseguir no tratamento do estado
de choque, até que o estado geral da pessoa melhore, o que é
verificado pelo pulso mais forte e regresso de calor ao seu corpo.
c) Fogo em vestuário
Se as próprias roupas se incendiarem não se deve correr, porque o
vento avivará o fogo. O melhor é deitar-se e enrolar o corpo num
cobertor ou outro pano, deixando a cabeça de fora. Se não houver nada
à mão, deitar-se e rolar vagarosamente, batendo ao mesmo tempo o
fogo com as mãos.
Se a roupa de outra pessoa estiver pegando fogo, deve-se deitá-la no
chão, com a parte em chamas virada para cima. Se for necessário,
usa-se a força para deitá-la. Procurar abafar as chamas com um
cobertor, tapete, toalha, casaco, ou qualquer outro objeto similar ao seu
alcance. Procurar sempre proceder da cabeça para os pés da pessoa a
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 15-13 - REV 1
fim de que as chamas sejam impelidas para longe do rosto da vítima.
Na falta de meios apropriados, deita-se sobre as roupas da vítima, a
não ser que estas estejam impregnadas de gasolina, óleo ou
querosene. Assim que apagadas as chamas, trata-se o estado de
choque antes mesmo de se ocupar das queimaduras.
15.4.5 - Fratura
É a quebra de um osso. Há dois tipos de fratura:
a) Simples
Quando há apenas osso quebrado, sem ferimento.
b) Exposta
Quando, além do osso quebrado, há um ferimento; nesse caso, cuida-
se inicialmente do ferimento e depois executa-se os procedimentos
como em uma fratura simples.
Os sinais de fratura são:
FRATURA SIMPLES FRATURA EXPOSTA
- estalo do osso.
- dor no ponto de fratura.
- membro em posição anormal.
- impossibilidade de movimentar
o membro.
- inchação.
- estado de choque.
- os mesmos da fratura simples.
- ferimento produzido pela ponta do
osso.
- ponta do osso aparecendo.
- hemorragia.
- choque agudo.
As fraturas podem ter todos ou apenas alguns dos sinais acima. Em caso
de dúvida, trata-se o paciente como se houvesse fratura.
A maioria das fraturas é tratada pela imobilização com talas; fixando os
fragmentos do osso quebrado por meio de talas, evitando que as pontas
dos ossos lesem nervos, músculos, vasos e furem a pele. Uma boa
imobilização alivia a dor e reduz os perigos de complicações. As fraturas
devem ser sempre imobilizadas antes de se tentar movimentar o ferido.
Talas especiais para as pernas e braços são as melhores, porém, quase
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OSTENSIVO - 15-14 - REV 1
sempre há necessidade de improvisação de talas com o material
disponível (Fig 15-14 a Fig 15-19).
Fig 15-14 Fig 15-15
Fig 15-16 Fig 15-17
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OSTENSIVO - 15-15 - REV 1
Fig 15-18
Fig 15-19
Em fratura de pernas ou de bacia, o melhor método de imobilização é
amarrar a perna quebrada à outra com várias ataduras. Pode-se usar
também duas varas longas como talas. Um material leve para acolchoar a
tala dever ser usado (Fig 15-20 a Fig 15-23). Após a imobilização é
conveniente improvisar uma tipóia ou uma muleta (Fig 15-24 e Fig 15-25).
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OSTENSIVO - 15-16 - REV 1
Fig 15-20
Fig 15-21
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Fig 15-22 Fig 15-23
Fig 15-24 Fig 15-25
15.4.6 - Gás
Se houver suspeita de emprego de qualquer gás, colocar imediatamente a
máscara contra gases; manter-se calmo e procurar abandonar a área,
buscando um local ventilado. Se houver a utilização de agentes que
provoquem bolhas na pele, jogue água em cima sem esfregar. Se for
usado gás asfixiante, após o seu desaparecimento, lavar-se bem, sem
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 15-18 - REV 1
esfregar. Manter-se calmo, aquecido e, principalmente, não fumar. Se
houver presença de lacrimogêneos, lavar-se bem e sacudir as roupas,
após a dissipação; não esfregar os olhos.
15.5 - ANIMAIS E PLANTAS VENENOSAS
15.5.1 - Picadas de cobra
As cobras são ápodes, isto é, não têm patas. O esqueleto destes répteis é
formado por grande número de costelas. Algumas espécies possuem
glândulas que produzem veneno. Os dentes das cobras peçonhentas têm
um canal ou sulco que se comunica com as glândulas produtoras de
veneno. No momento da picada o veneno escoa por esse canal e é
inoculado no corpo da vítima (Fig 15-26).
Fig 15-26
a) Como reconhecer uma cobra peçonhenta
As cobras venenosas apresentam certas características que as
distinguem das demais (Fig 15-27).
I) A cascavel, a jararaca e a surucucu têm um par de dentes
inoculadores localizados na parte anterior da boca. Esses dentes são
grandes, caniculados e móveis, o que permite sua movimentação para
a frente quando essas cobras dão o bote.
II) Na coral verdadeira, os dentes inoculadores são pequenos, imóveis
e caniculados; localizam-se na parte anterior da boca.
III) Ao contrário das cobras peçonhentas, as não peçonhentas em geral
possuem todos os dentes do mesmo tamanho e sem sulcos. É o caso
da sucuri, da jibóia, da salamanta e da cobra-cachorro.
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OSTENSIVO - 15-19 - REV 1
IV) Há também cobras não peçonhentas que apresentam um par de
dentes posteriores maiores que os outros. Esses dentes são sulcados
e fixos. Como exemplo de cobras não peçonhentas com essas
características, podem ser citadas a cobra-verde e a cobra-espada.
V) Além dos dentes, as cobras peçonhentas, com exceção da coral,
apresentam um orifício entre o olho e a narina, chamado de fosseta
loreal ou lacrimal. A fosseta loreal é um órgão termo-receptor que
capta as variações de temperatura.
Fig 10-27
b) Como socorrer uma pessoa mordida por cobra
Se a cobra não for peçonhenta, tratar o ferimento como um acidente
comum.
O primeiro procedimento é verificar se a cobra é venosa ou não, e
socorrer imediatamente a pessoa para que o veneno injetado em seu
sangue seja neutralizado o mais rápido possível.
Logo depois da mordida devem ser tomadas as seguintes providências,
no caso de dúvida ou se a cobra for realmente peçonhenta:
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OSTENSIVO - 15-20 - REV 1
I) manter a pessoa deitada e calma, mantendo a ferida abaixo da linha
do coração;
II) lavar imediatamente o ferimento com bastante água, sem esfregar;
III) fazer sucção do sangue. Se possuir ferimentos na boca, usar um
plástico como proteção. Procurar extrair o máximo de veneno;
IV) proteger o ferimento e remover o doente; e
V) se houver dificuldade respiratória, fazer respiração artificial.
Providenciar socorro médico o mais rápido possível. Não dar nenhuma
bebida ao ferido.
15.5.2 - Plantas venenosas
Existem plantas que podem causar irritações quando em contato com a
pele. Lavar bem a parte atingida com água fria e sabão; cobrir a parte
afetada e procurar atendimento médico, logo que a situação permitir. Não
coçar o local atingido.
15.5.3 - Caravelas ou águas vivas
Lavar o local atingido e não coçar; proteger o ferimento e procurar
atendimento médico.
15.5.4 - Picadas de insetos
Em picadas de insetos como abelhas, marimbondos e formigas, procurar
retirar o ferrão, cobrindo o local com compressas de álcool com gotas de
amônia.
15.5.5 - Picadas de aranhas e escorpiões
Poucos são os casos fatais registrados, motivados por picadas de aranha
e escorpiões. No Brasil, existem alguns tipos de aranhas peçonhentas,
cuja picada pode pôr em risco a vida de um homem adulto (Fig 15-28).
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 15-21 - REV 1
Fig 10-28
Todos os escorpiões são peçonhentos, isto é, produzem veneno e são
capazes de injetá-lo na vítima. No Brasil devem ser temidos, pois existem
espécias que têm veneno em quantidade suficiente para matar um
homem.
O veneno é neurotóxico porque age especialmente sobre o sistema
nervoso, causando a morte por asfixia, devido ao bloqueio do sistema
respiratório (Fig 15-29).
Fig 15-29
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OSTENSIVO - 15-22 - REV 1
No caso de acidentes com aranhas ou escorpiões, proceder da mesma
forma como descrito para o acidente com cobras, providenciando socorro
médico o mais rápido possível.
15.6 - ACIDENTES POR AGENTES FÍSICOS
15.6.1 - Insolação
Causada pelo calor, especialmente pela exposição demorada aos raios
solares. Tem como sintomas a dor de cabeça, face avermelhada, pele
quente e seca, a ausência de sudorese, o pulso forte e rápido, a
temperatura alta e a perda da consciência.
Tratamento: lavar o corpo com água fria, especialmente a cabeça; colocar
o paciente em lugar fresco, desapertando e tirando as roupas; não dar
estimulantes, tão-somente água com sal.
15.6.2 - Intermação
Causada pela exposição demorada ao calor, especialmente em ambiente
fechado. Sintomas: face pálida, pele úmida e fria, sudorese excessiva,
pulso fraco e temperatura baixa.
Tratamento: colocar a vítima em um lugar fresco e arejado, desapertar a
roupa, dar água com sal e estimulantes.
15.6.3 - Cãibras
Ocorrem especialmente no abdômen e nas pernas. Tratar como na
intermação.
15.6.4 - Acidentes pelo frio
Fazer massagem com álcool, dar bebidas quentes e manter o paciente
aquecido.
15.6.5 - Choque elétrico
Antes de atender a vítima, procurar desligar a fonte de energia elétrica que
alimenta o sistema onde a pessoa levou o choque; se não for possível,
usar um pau seco, pano seco, cinto de lona ou outro material não condutor
de eletricidade para afastar a vítima do contato com o fio. Iniciar
imediatamente a respiração artificial, caso a vítima não esteja respirando,
e providenciar socorro médico o mais rápido possível.
15.6.6 - Envenenamento por monóxido de carbono
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 15-23 - REV 1
Ocorre geralmente nas proximidades de viaturas, principalmente em locais
fechados. Remover a vítima para um local arejado. Havendo dificuldade
respiratória, fazer respiração artificial.
15.6.7 - Afogamento
Remover as secreções das vias respiratórias. Deitar a vítima de bruços
sobre seus joelhos e procurar fazê-la eliminar a água ingerida. Iniciar logo
a respiração artificial. Procurar socorro médico imediatamente.
15.7 - PEQUENAS EMERGÊNCIAS
Além dos graves ferimentos e emergências que podem ocorrer, existem
pequenas emergências que, se não tratadas convenientemente, podem se
complicar.
15.7.1 - Pequenos ferimentos e queimaduras
Limpar a área, colocar um desinfetante de pele e cobrir com "band-aid" ou
curativo.
15.7.2 - Corpos estranhos nos olhos
Não esfregar os olhos; fechá-los por alguns minutos e as lágrimas que se
formarem irão levar o corpo estranho para o canto do olho, onde poderá
ser retirado com a ponta de um pano limpo. Se não se conseguir retirá-lo
dessa forma, proteger o olho com uma venda limpa e procurar
atendimento especializado.
15.7.3 - Corpos estranhos nos ouvidos, nariz e garganta
Nunca se deve tentar introduzir uma pinça, arame ou farpa para retirar
esses corpos; aguardar socorro médico. Se algum inseto introduzir-se no
ouvido, será necessário matá-lo com algumas gotas de água ou óleo e
aguardar o médico para retirá-lo. Se houver corpos estranhos na garganta,
procurar expeli-los pela tosse; caso não se consiga, aguardar o médico.
15.7.4 - Cuidados com os pés
Manter os pés limpos, secos e aquecidos. Trocar as meias sempre que for
possível, usando, na ocasião, pó anti-séptico. No caso do aparecimento
de um calo, não se deve tentar cortá-lo, mas procurar o serviço de saúde.
Manter as unhas curtas e limpas. Se existirem bolhas, furá-las com uma
agulha esterilizada, passar um anti-séptico de pele e cobrir com um "band-
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 15-24 - REV 1
aid" ou curativo. Não usar meias com furos ou dobras. Para as marchas
longas usar calçados já amaciados.
15.8 - TRANSPORTE DE FERIDOS
Saber transportar e movimentar as vítimas de lesões graves é uma das mais
importantes partes dos primeiros-socorros. A movimentação descuidada
pode não somente aumentar a gravidade de uma lesão como também
produzir a morte. A não ser que exista uma boa razão para movimentar
imediatamente uma vítima de acidente, não se deve transportá-la até que
uma padiola ou ambulância possa ser utilizada para isso. Às vezes, quando
a situação é urgente e não se consegue nenhum socorro médico, aquele que
prestar os primeiros-socorros terá de movimentar a vítima. Essa é a razão
pela qual se deve conhecer os diferentes meios para transportar os feridos. A
regra número 1 é prestar sempre os primeiros-socorros antes de tentar
transportar o ferido. Se ele tem um osso quebrado, nunca tentar movê-lo e
transportá-lo, a menos que já tenha sido aplicada uma tala para imobilizar a
fratura.
A maca é o melhor meio de transporte. Pode-se fazer uma boa maca
abotoando-se duas gandolas em duas varas ou bastões resistentes ou
enrolando um cobertor dobrado em três em volta de tubos de ferro ou
bastões. Ou, ainda, usando uma tábua larga.
Ao remover ou transportar a vítima, deve-se observar as orientações que se
seguem.
15.8.1 - Como levantar uma vítima com segurança
Se o ferido tiver que ser levantado antes de um exame para verificação das
lesões, cada parte de seu corpo deve ser apoiada. O corpo precisa ser
mantido sempre em linha reta, não devendo ser curvado.
15.8.2 - Como arrastar um ferido para local seguro
Um ferido deve ser arrastado pela direção da cabeça ou pelos pés, mas
nunca pelos lados. É preciso se certificar de que a cabeça está protegida
(Fig 15-30).
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OSTENSIVO - 15-25 - REV 1
Fig 15-30
15.8.3 - Como transportar um ferido
Ao remover um ferido para um local onde possa ser usada a maca, deve
ser escolhido o método de uma, duas ou três pessoas para o
transporte da vítima (Fig 15-31 a 15-35), dependendo do tipo, da gravidade
da lesão, da ajuda disponível e do local (escadas, paredes, passagens
estreitas, etc.).
Caso se suspeite de que há fratura de coluna, não se deve mover a
vítima. Para tanto, estando a vítima consciente, solicita-se que ela mova
os dedos dos pés e das mãos. Não se deve tentar levantar a cabeça e
nem mover a coluna. Havendo suspeita de fratura de pescoço, não mover
o acidentado em nenhum caso, pois isto poderá provocar a morte. Calça-
se ao redor do corpo sem colocar nada embaixo do pescoço. Se houver
absoluta necessidade de movimentar o ferido, apenas uma pessoa
deverá sustentar a cabeça e o pescoço, sem deixá-los movimentar-se,
enquanto outros guarnecem o restante do corpo.
Os métodos que empregam um ou dois socorristas são ideais para
transportar uma pessoa que esteja inconsciente devido a afogamento ou
asfixia. Todavia, não servem para carregar um ferido com suspeita de
fraturas ou outras lesões graves. Em tais casos, usa-se sempre o método
de três socorristas.
Empregar um dos métodos mostrados a seguir conforme o caso:
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Fig 15-31 Fig 15-32
Fig 15-33 Fig 15-34
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OSTENSIVO - 15-27 - REV 1
Fig 15-35
15.8.4 - Transporte em viaturas
O transporte de acidentados em viaturas (ambulâncias ou quaisquer
outros veículos) também merece cuidados.
Deve-se orientar o motorista quanto a freadas bruscas e balanços
contínuos que poderão agravar o estado da vítima. O excesso de
velocidade, longe de apressar o salvamento do acidentado, poderá causar
novas vítimas.
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OSTENSIVO - 16-1 - REV 1
CAPÍTULO 16
NAVEGAÇÃO TERRESTRE
16.1 - GENERALIDADES
Em tempo de paz é possível a um estrangeiro se localizar em uma grande
cidade por meio de indagações. Qualquer policial ou morador do lugar pode
fornecer-lhe a orientação necessária para encontrar o lugar procurado.
Na guerra, porém, um fuzileiro naval (FN) em país estrangeiro pode não
contar com a colaboração da população local e terá que se orientar com o
único meio que em geral lhe estará disponível: a carta. Mesmo que a
população local seja amiga, só poderá prestar informações a quem souber
falar a sua língua. Com a carta acontece a mesma coisa. Só poderá extrair
dela as informações necessárias quem souber entendê-la e utilizá-la
corretamente.
O presente capítulo tem por finalidade proporcionar os conhecimentos
necessários à orientação no terreno por meio da utilização da carta e da
bússola.
16.2 - CARTAS
Uma carta é um desenho que não tem por finalidade reproduzir de forma fiel
os acidentes naturais e artificiais da porção do terreno que representa, tal
qual uma fotografia. Esses acidentes são representados por símbolos, de
forma a facilitar o manuseio das cartas e padronizar sua confecção. Em lugar
de se desenhar um rio, uma casa, um pântano, etc., o que não seria fácil
nem prático, adota-se um símbolo particular para cada um desses acidentes
do terreno. Esses símbolos são conhecidos por convenções cartográficas
e são previamente padronizados e utilizados de acordo com a finalidade a
que se destinam as cartas.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 16-2 - REV 1
Fig 16-1 - Diferença entre uma imagem fotográfica e a carta
correspondente
A classificação das cartas procura agrupá-las de acordo com a finalidade a
que as mesmas se destinam e, portanto, as convenções cartográficas são
previamente padronizadas e utilizadas de acordo com essa finalidade. As
cartas náuticas, por exemplo, buscam um maior detalhamento dos
acidentes que interessam a navegação, tais como ilhas, faroletes,
profundidade do mar, etc., em detrimento dos acidentes naturais e artificiais
de terra. Em contrapartida, as cartas topográficas procuram detalhar ao
máximo esses acidentes do terreno. Um outro exemplo são as cartas
rodoviárias, que contém, detalhadamente, o traçado de rodovias, estradas e
vias secundárias, em detrimento de outros acidentes do terreno que não se
relacionam com o fim a que essas cartas se destinam.
16.3 - CUIDADOS PARA COM AS CARTAS EM CAMPANHA
As cartas devem ser tratadas com cuidado, principalmente em virtude da
dificuldade de sua reposição em campanha. Sempre que possível, devem
ser cobertas com material adesivo, transparente e impermeável (papel
"contact") e colocadas em um porta-cartas.
Quando empregadas pela tropa em campanha, as cartas devem ser
dobradas em forma de sanfona, como ilustrado na figura 16-2, e colocadas
no bolso para protegê-las do sol e da umidade.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 16-3 - REV 1
Fig 16-2 - Duas maneiras de dobrar uma carta
16.4 - CONVENÇÕES CARTOGRÁFICAS
São símbolos empregados nas cartas para representar os acidentes naturais
e artificiais existentes no terreno. Geralmente constituem desenhos simples,
semelhantes aos acidentes e construções que representam.
Fig 16-3 - Alguns exemplos de convenções cartográficas
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 16-4 - REV 1
Em certos tipos de carta, as cores são empregadas para auxiliar na
identificação dos elementos do terreno, normalmente de acordo com a
seguinte convenção:
Preto - Para planimetria em geral;
Azul - Toda a hidrografia: rios, lagos, mares, traçados de margens,
nascentes, brejos e terrenos alagados;
Vermelho - Para as rodovias de revestimento sólido;
Castanho - Curvas de nível e respectivas altitudes; e
Verde - Toda a vegetação.
16.5 - REPRESENTAÇÃO DO RELEVO
Para se poder ter uma idéia do relevo e identificar a altitude de qualquer
ponto numa carta, foram criados vários processos de representação do
relevo. O mais utilizado é o das curvas de nível, que são linhas que ligam
pontos de igual altura e representam as interseções da superfície do terreno
com planos paralelos e eqüidistantes.
Fig 16-4 - Representação do relevo
Causaria muita confusão na carta se em todas as curvas de nível fossem
assinalados os valores de suas cotas, por essa razão, nem todas são
numeradas.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 16-5 - REV 1
16.6 - ESCALA DA CARTA
As cartas devem ser confeccionadas de modo a guardar proporcionalidade
entre as dimensões representadas nas mesmas e seus correspondentes
valores reais no terreno. Além disso, as cartas devem conter a informação de
quantas vezes ela é menor que o terreno representado. Essa informação,
contida na margem da carta, chama-se escala, que pode ser indicada, tanto
na forma numérica, quanto na forma gráfica.
16.6.1 - Escala Numérica
A escala numérica é representada por uma fração (1/25.000 ou 1:25.000,
por exemplo). Em ambos os casos, indica que uma medida tomada na
carta vale 25.000 vezes esse valor no terreno (1 cm na carta, por exemplo,
corresponde a 25.000 cm ou 250 m no terreno).
Vale aplicar essas noções à carta. Para se obter a distância real no
terreno entre dois pontos da carta, deve-se, primeiramente, aplicar uma
régua graduada sobre a carta, como mostrado na figura 16-5.
Fig 16-5 - Obtenção de distâncias através da escala
Na figura acima, observa-se que a medida entre os pontos A e B é de
4cm. Nesse caso, a escala da carta é 1/25.000, isto é, 1cm na carta vale
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 16-6 - REV 1
25.000cm no terreno. Portanto, pode-se concluir que a distância real no
terreno será:
4 X 25.000 = 100.000cm.
Como as distâncias são geralmente avaliadas em metros, converte-se o
valor encontrado, ou seja:
100 centímetros = 1 metro
100.000cm = 100.000 ÷ 100 = 1000 metros
Matematicamente isto pode ser representado da seguinte forma:
E = d onde E - escala da carta D d - grandeza na carta ou dimensão gráfica D - grandeza no terreno ou dimensão real
16.6.2 - Escala Gráfica
A escala gráfica nada mais é que a representação gráfica da escala
numérica. É um segmento de reta graduado, de modo a indicar
diretamente os valores medidos na própria carta. As cartas as trazem
normalmente desenhadas abaixo da indicação da escala numérica.
Observando-se a figura 16-6, verifica-se que o segmento da reta está
dividido em duas partes distintas, separadas pelo índice zero. A parte da
direita é chamada escala e a da esquerda talão.
No caso considerado, a escala foi dividida em graduações de 1000 metros
e o talão em graduações de 100 metros. O talão é sempre uma graduação
da escala dividida em dez partes iguais, numeradas da direita para a
esquerda, enquanto a escala é numerada da esquerda para a direita.
Fig 16-6 – Exemplo de Escala Gráfica
16.7 - DESIGNAÇÃO DE PONTOS NA CARTA
Um ponto na carta é designado por suas coordenadas, ou seja pelo
cruzamento do paralelo (ordenada) com o meridiano (abcissa) que por ele
passa.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 16-7 - REV 1
Existem várias formas de indicar as coordenadas de um ponto, as mais
comuns são:
- geográficas: onde são indicadas as latitude e longitude do ponto
considerado em relação ao paralelo de Oo (Equador) e ao
meridiano base de Grenwich, respectivamente.
Por exemplo: LAT - 15o 30`22`` S
LONG - 45o 17`55`` W
- retangulares ou de grade: onde são indicados o afastamento vertical e
horizontal em relação a grade construída sobre
a carta.
As cartas utilizadas nas operações militares, em geral, possuem uma série
de linhas retas que se cruzam a intervalos regulares (grade), formando
quadrados chamados de quadrículas ( Fig 16-7).
Fig 16-7 - Gradeamento da Carta
Cada quadrícula, portanto, pode ser facilmente designada pelos números
indicativos das retas que se cruzam no seu canto inferior esquerdo. A
designação da quadrícula é feita pela colocação desses números entre
parênteses, separados por um traço. O primeiro número refere-se à reta
vertical e o segundo à reta horizontal. Por exemplo, caso se saiba que um
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 16-8 - REV 1
ponto esta localizado na quadrícula (94-82) - como a Capela de Santo
Antonio na figura 16-7 - ao consultar a carta, procurar-se-á na sua margem
inferior ou superior a indicação da reta base 94 e nas margens laterais a reta
82. O encontro das duas retas permitirá identificar a quadrícula desejada no
quadrante superior direito.
A designação de um ponto na carta por meio das coordenadas retangulares
é feita escrevendo-se uma letra designativa do ponto, seguida dos
algarismos que definem o afastamento horizontal e vertical das respectivas
retas bases da quadrícula que o contém, os quais são separados por um
traço e apresentados entre parênteses: P (94,3 - 82,1), por exemplo, designa
as coordenadas da Capela de Santo Antonio na figura 16-7.
De acordo com a precisão desejada, utilizar-se um múltiplo da unidade de
distância para a apresentação dessas coordenadas.
- quilométrica - em quilômetros : P (94,3 - 82,1);
- hectométrica - em hectômetros : P (943 - 821);
- decamétrica - em decâmetros : P (9430 - 8210); e
- métrica - em metros : P (94300 - 82100) (maior precisão).
16.8 - DETERMINAÇÃO DAS DIREÇÕES
Para se deslocar de um ponto a outro no terreno é necessário definir a
direção que se vai seguir e a distância a ser percorrida.
Com o auxílio da carta, pode-se localizar o ponto onde se está e o ponto para
onde se vai, e obter, por meio da escala, a distância entre ambos. Para se
estabelecer a direção a ser seguida, o método mais apropriado é o de
determinar o ângulo formado entre uma direção base fixa e a direção a ser
seguida. Este ângulo é chamado de azimute (Fig 16-8).
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 16-9 - REV 1
Fig 16-8 - Determinação do azimute
16.8.1 - Direções-Base
As direções-base, por convenção, apontam sempre para um Norte e são
utilizadas como referência inicial para a determinação dos azimutes.
a) Norte Verdadeiro ou Geográfico (NV ou NG)
É a direção que passa pelo pólo norte da terra (Fig 16-9).
b) Norte Magnético (NM)
É a direção que passa pelo pólo magnético da terra, ou seja, pelo ponto
para o qual são atraídas todas as agulhas imantadas. Esse ponto fica
localizado próximo ao norte geográfico (Fig 16-9).
Fig 16-9 - Norte Geográfico e Norte Magnético
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 16-10 - REV 1
c) Norte da Quadrícula (NQ)
Nas cartas utilizadas em operações militares, a direção-base tomada
como referência para determinação da direção a seguir é a das retas
verticais da grade da carta.
d) Diagrama de orientação
Uma das informações contidas nas inscrições marginais dessas cartas é
o que se chama de Diagrama de Orientação (Fig. 16-10). Tal diagrama
contém as três direções-base indicadas, bem como o valor do ângulo
formado entre as mesmas.
Fig 16-10 - Diagrama de orientação
Esses ângulos possuem denominações e características próprias, a
seguir descritas:
I) Declinação Magnética (dm)
Como se viu, o NM e o NV estão ligeiramente afastados. O ângulo
formado entre as direções do NV e NM, medido a partir do NV, é
chamado Declinação Magnética.
A declinação pode ser Leste (E) ou Oeste (W), conforme o NM esteja
a leste ou a oeste do NV/NG. Além disso, a declinação é variável de
acordo com o lugar e a época. Daí a necessidade de seu registro em
cada carta, incluindo o respectivo ano de edição e a variação relativa.
Considerando os dados contidos no exemplo de diagrama de
orientação da figura 16-11 e que se está calculando a declinação
magnética para o ano de 1997, o resultado obtido seria 21o 10’W, pois
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 16-11 - REV 1
à declinação de 17o 52’W em 1975 deve ser acrescida a variação
anual de 9’ nos 22 anos decorridos, logo:
dm = 17o 52’ + 22 x 9’
dm = 17o 52’ + 198’ = 17o 52’ + 3o 18’
dm = 21o 10'
Será W porque o NM encontra-se a Oeste do NG.
Fig 16-11 - Exemplo de um diagrama de orientação
II) Convergência de meridianos
Pela figura 16-12, pode-se observar que a direção do NV é diferente
da direção do NQ da carta. Desse modo, o ângulo formado entre as
direções do NV e NQ, contado a partir do NV, é chamado de
convergência de meridianos. Essa será E ou W conforme o NQ
esteja à leste ou oeste do NV/NG.
A convergência se dá em virtude da distorção causada pela projeção
da superfície terrestre, que é curva, na superfície plana do papel,
quando da confecção das cartas. Apesar de sofrer uma variação entre
diferentes pontos de uma mesma carta, pode-se considerá-la
constante nas cartas utilizadas, sem perigo de erro, em virtude dessa
variação ser desprezível.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 16-12 - REV 1
Fig 16-12 - Convergência de Meridianos e Ângulo QM
III) Ângulo QM
O ângulo formado entre as direções do NQ e do NM é chamado ângulo
QM. O ângulo será W, quando o norte magnético estiver a Oeste do
norte da quadrícula, e E, quando o norte magnético estiver a Leste do
norte da quadrícula. O ângulo QM será calculado somando a dm e a
convergência de meridianos quando a direção do NM e do NQ
estiverem em lados opostos a direção do NG/NV, e subtraindo uma da
outra quando estiverem do mesmo lado do NG/NV. Uma vez calculado
o ângulo QM, ele deve ser anotado na carta para uso futuro. A variação
anual da declinação magnética acarreta aumento ou diminuição do
ângulo QM. Se as direções do NM e do NQ se aproximam, o ângulo QM
diminui; se elas se afastam, o ângulo QM aumenta.
16.8.2 - Azimutes
Os azimutes são ângulos horizontais medidos no sentido do movimento
dos ponteiros do relógio, a partir de uma direção base.
a) Azimute Magnético (AzM)
AzM é o ângulo horizontal medido a partir do NM até a direção
desejada. Na figura 16-13, por exemplo, o AzM da direção entre a
bifurcação de estrada e a capela é de 60o.
b) Azimute Verdadeiro (AzV)
AzV é o ângulo horizontal medido a partir do NG/NV até a direção
desejada. Na figura 16-13, por exemplo, este azimute pode ser de 54o.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 16-13 - REV 1
c) Azimute da Quadrícula (AzQ) ou Lançamento (L)
Lançamento é o ângulo horizontal medido a partir do NQ até a direção
desejada. Na figura 16-13, o lançamento é de 51o.
Fig 16-13 - Tipos de azimutes
16.8.3 - Contra-Azimutes
O contra-azimute de uma direção é o azimute da direção oposta. Caso se
esteja voltado para uma determinada direção, considera-se essa direção
como azimute. Ao se voltar para a direção oposta, ter-se-á o contra-
azimute dessa direção. O contra-azimute está sobre o prolongamento, no
sentido inverso, da reta que determina o azimute.
Sabendo utilizar de forma correta o contra-azimute, o militar estará em
condições de retornar ao ponto de partida. No cumprimento de uma tarefa
em lugar desconhecido e à noite, por exemplo, o contra-azimute poderá
indicar a direção pela qual deve-se retornar.
Para se encontrar o contra-azimute, basta somar 180o ao azimute quando
esse for menor que 180o ou subtrair 180o quando maior que 180o.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 16-14 - REV 1
Fig 16-14 - Contra-Azimute
16.9 - BÚSSOLA
Bússola é um instrumento destinado à medida de ângulos horizontais e à
orientação no terreno.
A bússola é um goniômetro (instrumento com que se medem ângulos) no
qual a origem de suas medidas é determinada por uma agulha imantada que
indica uma direção aproximadamente constante que é o NM.
Uma bússola está declinada quando as leituras nela realizadas representam
lançamentos, ou seja, ângulos medidos em relação ao NQ, ao invés de AzM.
Além da variação causada pela dm, uma bússola é afetada pela presença de
ferro, magnetos, fios condutores de eletricidade e aparelhos elétricos.
Certas áreas geográficas possuem depósitos de minério (tal como o ferro)
que podem tornar uma bússola imprecisa quando colocada próxima a eles.
Conseqüentemente, todas as massas visíveis de ferro ou campos elétricos
devem ser evitados quando se utiliza uma bússola.
16.9.1 - Composição
A bússola é composta de cinco partes: caixa, limbo graduado, agulha
imantada, estilete sobre o qual gira a agulha e os acessórios que variam
para cada tipo de bússola. Uma das bússolas em uso no Corpo de
Fuzileiros Navais (CFN) é a SILVA. Denomina-se limbo a peça graduada
em graus ou em milésimos, seguidamente, da esquerda para a direita no
sentido dos ponteiros do relógio, no qual se lêem os azimutes.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 16-15 - REV 1
Fig 16-15 - Bússola Silva
16.9.2 - Condições para utilização
Para que uma bússola possa ser utilizada apropriadamente, deverá
satisfazer determinadas condições, as quais devem ser verificadas
previamente. São elas:
a) Centragem ou centralização
Verifica-se essa condição lendo as graduações indicadas pelas duas
pontas da agulha sobre as diversas partes do limbo. A diferença entre
essas leituras deve ser constante e igual a 180o. Caso contrário, o
instrumento estará mal centrado.
b) Sensibilidade
Comprova-se esta condição aproximando um objeto imantado e
afastando-o. Quando em bom estado, a agulha sofrerá um desvio e
voltará a sua posição inicial após algumas oscilações.
c) Equilíbrio
Uma bússola está em perfeito equilíbrio quando, colocada em posição
horizontal, a agulha conserva-se nessa posição. Caso uma das pontas
da agulha fique mais baixa, não permitindo sua livre rotação, é
necessário pôr um contrapeso, procurando o equilíbrio da agulha.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 16-16 - REV 1
16.9.3 - Cuidados
Além das recomendações anteriores quanto ao afastamento de fontes de
interferência, há cuidados especiais quanto ao manuseio.
As visadas com a bússola devem ser feitas na posição horizontal. Esse
procedimento deve ser observado para que as leituras dos azimutes não
sejam distorcidas.
As bússolas deverão ser conservadas em ambiente livre de umidade e não
sofrer choques.
16.9.4 - Medida de um azimute
Para se medir um AzM com a bússola SILVA, procede-se da seguinte
maneira:
a) segura-se a bússola com o espelho aberto e inclinado cerca de 50o
em relação a caixa. Visa-se, a seguir, ao mesmo tempo, o objeto
desejado e o espelho (Fig 16-16);
b) a visada do objeto é feita observando-o pelo entalhe da mira
(Fig 16-17);
c) antes de se determinar o AzM, deve-se nivelar a bússola. Para tal,
através do espelho, faz-se com que a imagem do ponto central fique
sobre a linha de centro do espelho;
d) sem mover a mão e olhando pelo espelho, gira-se a caixa até que a
seta da direção N-S (não a agulha) fique sobre a agulha, coincidindo a
ponta vermelha com o N da seta; e
e) pode-se, então, mover toda a bússola, porque o AzM já estará
registrado, facilitando a sua leitura.
Fig 16-16 - Visada do objeto que se quer determinar o azimute
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 16-17 - REV 1
Fig 16-17 - A visada pelo entalhe da mira
16.9.5 - Medida de um contra-azimute
A bússola também permite determinar o contra-azimute lendo-se, no
limbo, o valor do ângulo que fica na extremidade oposta à linha de visada.
16.9.6 - Marcha segundo um azimute
Suponha-se que se está num determinado lugar do terreno e que se
precisa alcançar um outro afastado daquele cerca de 1 km. Sabe-se,
também, que esse segundo lugar se encontra no AzM 60o. Basta,
portanto, que se marche segundo o azimute de 60o já determinado. Para
tanto, deve-se proceder da seguinte maneira:
a) inserir no limbo graduado da bússola o azimute dado;
b) sem mover a mão e olhando pelo espelho, girar o corpo até que
a agulha coincida com a seta da direção N-S;
c) através do entalhe da mira, observa-se um ponto do terreno que seja
notável para tê-lo como referência do lugar que se deseja alcançar;
d) a direção a ser seguida é a desse ponto notável, observado pelo entalhe
da mira; e
e) caso ao se olhar na direção do lugar a ser alcançado, não for possível
observá-lo diretamente, segue-se segundo a direção do azimute até um
ponto notável do terreno que será utilizado como referência inicial. Após
atingir este ponto, utilizando o mesmo azimute, tenta-se localizar o
lugar desejado. Não sendo possível, repete-se o processo até que se
consiga localizá-lo.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 16-18 - REV 1
Quando se marcha, segundo um azimute, com a finalidade de atingir
determinado ponto específico, caso se tenha conhecimento da
distância que dele se está, deve-se utilizá-la como meio de controle do
deslocamento. Isso é feito por meio da passada individual, geralmente
aferida antecipadamente. A aferição consiste na verificação do número
médio de passos que cada individo executa ao percorrer, em terreno
variado, uma distância pré-estabelecida, normalmente, 100 metros.
Para marchar à noite segundo um azimute, é preciso estar em
condições de visar pontos à frente, tal como feito de dia. Entretanto, em
face da visibilidade reduzida, isso se torna mais difícil, impondo que os
pontos visados sejam em maior número e mais próximos uns dos
outros.
Se a escuridão for tal que impeça as visadas sobre pontos de referência
no terreno, deve-se empregar um companheiro à frente, à pouca
distância, e determinar que ele se desloque para a direita ou para a
esquerda até situar-se no azimute desejado. Essa operação deve ser
repetida até que seja possível identificar um ponto de referência no
terreno.
À noite, geralmente, não é possível fazer a visada através do entalhe da
mira da bússola como se faz durante o dia, e nem é necessário. Basta
voltar a bússola para a direção a seguir, de modo que fiquem num
mesmo alinhamento o operador, a três marcas luminosas existente na
bússola (duas em cada lateral da seta e uma na agulha imantada) e o
ponto de destino.
16.10 - ORIENTAÇÃO DA CARTA
Saber como se orientar em campanha e usar com propriedade uma carta
topográfica pode significar, em certas circunstâncias, ser capaz de sair de
situações difíceis, em que a direção certa é fator preponderante para o
sucesso.
Antes de utilizar uma carta, ela deve ser colocada em posição tal que suas
direções coincidam com as do terreno. Isto poderá ser feito de duas
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 16-19 - REV 1
maneiras: com o auxílio da bússola ou por meio da utilização de pontos
notáveis no terreno.
A operação de ajustar a posição da carta ao terreno chama-se orientação
da carta, que pode ser feita pela comparação do terreno com a carta,
procurando-se estabelecer as semelhanças entre ambos. Isso é viável
quando existirem no terreno acidentes cujas representações figurem na
carta. Nesse caso, é necessário que o observador identifique primeiro na
carta a sua posição aproximada para depois fazer uma observação em
torno de si com esta, a fim de colocar em um mesmo alinhamento o objeto
visado e a sua correspondente representação na carta.
Fig 16-18 - Orientação da carta pela comparação com o terreno
A orientação da carta também poderá ser feita pela bússola. Para tanto,
desdobra-se a carta sobre uma superfície plana, coloca-se sobre ela a
bússola com a declinação já inserida, de modo que um dos lados da caixa
da bússola fique tangenciando a reta base vertical de uma das quadrículas.
Depois, girando-se o conjunto carta-bússola e conservando-se a bússola no
mesmo local, procura-se fazer com que a seta da agulha imantada coincida
com a marcação do NV. Quando houver a coincidência, a carta estará
orientada.
A orientação da carta poderá, ainda, ser feita por meios expeditos. O sol,
por exemplo, ao nascer, define aproximadamente a direção Leste. Ao se
pôr, a direção Oeste. Conhecidas essas direções, basta que para elas se
dirija a margem direita da carta no primeiro caso, ou a esquerda no
segundo, para que se tenha a carta mais ou menos orientada.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 16-20 - REV 1
Ainda com o sol e com auxílio de um relógio devidamente certo, pode-se
determinar a direção Norte. Basta que, conservando-se a graduação das 12
horas na direção do sol, se identifique no terreno a direção da linha bissetriz
que divide ao meio o ângulo formado pela direção do sol (12 horas) e a do
ponteiro das horas, contada no sentido do movimento dos ponteiros. Essa
bissetriz define a direção Norte-Sul.
Fig 16-19 - Método expedito de orientação
com o auxílio de um relógio
Durante o dia, entre às 09:00 e 15:00 horas, a posição do sol define, em
relação ao observador, os planos que contêm, respectivamente, as direções
Nordeste e Noroeste. Um processo prático para se materializar essas
direções é o prolongamento da sombra de um objeto posto na vertical
nessa ocasião.
Outro processo é o dos ventos regionais dominantes que normalmente
sopram na mesma direção e com isso possibilitam a orientação. O
minuano, vento muito conhecido no Sul do Brasil, sopra de Oeste-Sudoeste
para Este-Nordeste.
A observação de vários fenômenos naturais, quase todos relativos ao
movimento do sol, também permite conhecer, a grosso modo, no
hemisfério sul, a direção Norte. Os caules das árvores, as superfícies das
pedras, os moirões das cercas e as paredes das casas são mais úmidos na
parte voltada para o Sul, porque só recebem luz e calor do sol na face
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 16-21 - REV 1
voltada para o Norte. Do mesmo modo, os animais, ao construírem seus
abrigos, o fazem com a entrada voltada para o Norte, abrigando-se dos
ventos frios do Sul e recebendo diretamente o calor e a luz do sol.
Durante a noite, a orientação sem o auxílio da bússola é feita,
principalmente, por meio da lua ou das estrelas. A lua, em seu movimento
aparente, nos dá aproximadamente as mesmas identificações que o sol,
principalmente em sua fase cheia, quando se pode observá-la em sua
plenitude. A constelação do Cruzeiro do Sul proporciona uma boa e fácil
orientação. Qualquer que seja a sua posição na esfera celeste, a
determinação do pólo Sul se obtém prolongando-se em quatro (4) vezes e
meia a distância entre as estrelas que correspondem à altura da cruz. O pé
da perpendicular baixada pelo ponto fictício que limita esse prolongamento
sobre o horizonte nos indica a direção Sul, conforme demonstrado na
figura 16-20.
Fig 16-20 - Orientação pela constelação do Cruzeiro do Sul
16.11- COMO TRABALHAR COM A CARTA E A BÚSSOLA
16.11.1 - Determinação do azimute dos elementos representados na carta
Anteriormente descreveu-se como determinar o azimute de uma direção
no terreno com o auxílio da bússola. Agora ver-se-á como achar o
azimute de uma direção sobre a carta.
A figura 16-21 é um trecho de carta, no qual podem ser observados dois
elementos: uma casa, sede da fazenda Dois Rios, e uma ponte. O AzM
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 16-22 - REV 1
da direção casa-ponte pode ser obtido de acordo com a seguinte
seqüência:
a) a primeira coisa a fazer é traçar uma reta na carta, ligando a casa
(ponto A) e a ponte (ponto B), como mostrado na figura 16-21;
b) em seguida, orientar a carta;
c) após isso, colocar a bússola aberta sobre a carta, de tal modo que a
borda graduada fique sobre a linha traçada na carta e a tampa voltada
para a ponte; e
d) a seguir, gira-se o anel serrilhado até que a seta indicadora do Norte
coincida com a agulha. O ângulo indicado na escala no ponto onde
esta intercepta a linha do centro da bússola, no lado da articulação da
tampa, será o AzM (Fig 16-22).
Fig 16-21 - Determinação do azimute na carta
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 16-23 - REV 1
Fig 16-22 - Uso da bússola na determinação do azimute na carta
Uma outra situação, envolvendo o uso da carta e da bússola, seria a
necessidade de localizar, na mesma carta, um outro ponto (C) do qual
se sabe estar situado no sopé de uma elevação, junto a uma trilha, no
AzM 119o da ponte citada no caso anterior (ponto B). Nesse caso,
observam-se os seguintes passos:
a) orientar a carta;
b) colocar a bússola sobre a carta orientada, com a lateral da caixa
tangenciando a referida ponte;
c) sem tirar a bússola de sobre a ponte, girá-la até que a agulha marque
os 119o graus do azimute dado; e
d) traçar uma reta sobre a carta, utilizando a lateral da caixa. O ponto
que essa reta tocar o sopé da elevação, após cruzar a trilha, é a
exata localização do ponto que se deseja identificar na carta (Fig 16-
23). No exemplo utilizado, um reservatório d’água.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 16-24 - REV 1
Fig 16-23 - Utilização do conjunto carta-bússola para a
localização de um ponto na carta
16.11.2 - Determinação do Ponto Estação
É de grande importância saber o lugar onde se encontra o observador.
Um bom processo para a determinação exata dessa posição na carta é o
conhecido por interseção a ré, que consiste no seguinte:
a) orientar a carta pela bússola;
b) procurar dois acidentes do terreno, à frente, que estejam
representados na carta com exatidão;
c) com a bússola, visar o primeiro acidente e obter o azimute;
d) colocar a bússola sobre a carta orientada, com a lateral da caixa
tangenciando a convenção cartográfica que representa esse acidente.
Sem tirar a bússola desse ponto, girá-la até que marque o azimute
obtido;
e) marcar na carta, a lápis, uma reta representando o azimute; e
f) repetir todo o processo para o segundo acidente.
Assim procedendo, encontrar-se-á o ponto de cruzamento entre as
duas retas, que será o ponto estação do observador.
16.12 - ORIENTAÇÃO QUANDO EM MOVIMENTO NUMA VIATURA
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 16-25 - REV 1
Quando se deslocando em uma viatura, pode-se errar o caminho mesmo
quando a estrada dispõe de placas indicadoras para os motoristas, devido à
maior velocidade de movimento. É comum, também, desorientar-se em
uma região desconhecida. As cartas e a bússola auxiliam a orientação e a
evitar erros no itinerário.
A carta deve estar sempre orientada, de preferência pela comparação com
o terreno, para que possa mostrar corretamente as minúcias das estradas
por onde se transita.
Além disso, deve-se fazer verificações constantes da posição. Isso é feito
por meio da confirmação no terreno de pontos notáveis identificados na
carta. O uso do hodômetro da viatura para medir as distâncias rodadas
entre esses pontos, anotando os valores em uma caderneta ou sobre a
carta, e as comparando com as medidas tomadas na carta entre estes
mesmos pontos, contribui para a rapidez dessas verificações e o controle
eficaz do deslocamento.
Pela medida na carta da distância entre o ponto de partida e o de destino
(ou de referência), o motorista pode saber qual a distância que deverá
percorrer antes de mudar de direção. Se tiver o cuidado de observar a
marcação do hodômetro antes de partir, estará em condições de decidir,
com menor probabilidade de erro, quando mudar de direção. Se o motorista
não acompanhar as distâncias percorridas, verificando constantemente o
hodômetro, não poderá tomar uma decisão correta e oportuna.
16.13 - GIRO DO HORIZONTE
Giro do horizonte é a identificação, com o auxílio da carta, dos diversos
acidentes do terreno, desde o ponto estação até a linha do horizonte. Para
executá-lo, deve-se ocupar uma posição que tenha dominância de vistas
sobre a região a ser identificada. De início, determina-se o ponto estação
por um dos processos anteriormente indicados e orienta-se a carta. Feito
isso, realiza-se uma verificação sumária dos acidentes circunvizinhos mais
notáveis, identificando-os com a carta para se ter a certeza de que a
orientação da carta está correta. O trecho a ser identificado deve ser
dividido em setores e dentro deles inicia-se a identificação do mais próximo
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 16-26 - REV 1
para o mais afastado e da esquerda para direita. Obedecendo-se a esse
critério, todos os acidentes serão observados e pode-se-á realizar a
completa identificação do terreno com a carta.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-1 REV 1
CAPÍTULO 17
ARMAMENTO DO CFN
17.1 - DEFINIÇÕES BÁSICAS
17.1.1 - Arma ou lançador
É todo equipamento pelo qual é efetuado o lançamento ou o disparo de
munição.
17.1.2 - Munição
É o artefato empregado para produzir determinado efeito sobre um alvo,
sendo geralmente lançado por uma arma (munição de canhão, míssil,
torpedo, munição de pistola, munição de fuzil, etc.).
17.1.3 - Armamento
É o conjunto formado pela arma e por sua munição, especificado para
atender determinados requisitos, algumas vezes referido apenas pelo
lançador ou arma e outras, pela munição.
17.1.4 - Raias
São sulcos helicoidais abertos na parte interna do cano de uma arma
(alma), destinados a imprimir ao projetil movimento de rotação, a fim de
mantê-lo estável na sua trajetória.
17.1.5 - Cheio
Parte saliente do raiamento que separa uma raia da outra.
17.1.6 - Calibre
É a medida do diâmetro entre dois cheios e tem a finalidade de
caracterizar as armas.
17.1.7 - Velocidade teórica de tiro
É o número de disparos que pode ser feito por uma arma em um minuto,
não se levando em conta o tempo necessário para a alimentação,
pontaria, resolução de incidentes, etc.
17.1.8 - Velocidade prática de tiro
É o número de disparos que podem ser feitos por uma arma em um
minuto, levando-se em conta o tempo necessário à pontaria, à
alimentação, à resolução de incidentes, etc.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-2 REV 1
17.1.9 - Alcance máximo
É o maior alcance que um projetil pode atingir com o emprego de uma
arma.
17.1.10 - Alcance útil
É aquele até onde a arma pode ser utilizada eficazmente sem que a
trajetória sofra variações imprevistas devido à dispersão.
17.1.11 - Cadência de tiro
É a variação da velocidade prática de tiro que uma arma pode
apresentar, expressa pelo número de disparos que ela pode realizar em
um determinado período. Pode ser:
a) Rápida
Normalmente utilizada ao se iniciar o tiro de modo a se obter
superioridade de fogos e forçar o inimigo a se abrigar.
b) Normal
Empregada para neutralizar o inimigo, impedindo reações.
c) Lenta ou sustentada
Usada quando há necessidade de manter os alvos sob fogo por
longos períodos.
17.1.12 - Ciclo de funcionamento de uma arma
É a seqüência por meio da qual se pode explicar o funcionamento de
uma arma. De maneira simplificada, as armas seguem o seguinte ciclo
de funcionamento: disparo; extração; ejeção; engatilhamento;
carregamento; e novo disparo.
17.2 - GENERALIDADES SOBRE AS ARMAS LEVES
17.2.1 - Arma leve
É toda aquela de calibre inferior 0.60" (15,24mm). A espingarda 18,6mm
(CAL 12) Mossberg, o lança-rojão 88,9mm M-20 A1B1; e o lança-granadas
40mm M-203 são exceções.
17.2.2 - Classificação
a) Quanto ao tipo
I) De porte
Quando, devido ao volume e peso, pode ser conduzida no coldre.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-3 REV 1
II) Portátil
Quando pode ser conduzida por um só homem, sendo, normalmente,
dotada de uma bandoleira para transporte.
III) Não-portátil
Quando, devido ao volume e peso, somente pode ser deslocada por
uma viatura ou dividida em fardos por vários homens.
b) Quanto ao emprego
I) Individual
Quando destinada à proteção daquele que a conduz.
II) Coletivo
Quando se destina ao emprego em benefício de parte ou da tropa
como um todo.
c) Quanto à refrigeração
I) Refrigeração à água
Quando o cano é envolvido por uma camisa d`água.
II) Refrigeração a ar
Quando é o próprio ar atmosférico que produz o resfriamento.
III) Refrigeração a ar e à água
Quando o cano está em contato com o ar atmosférico mas recebe
periodicamente jatos d'água para ajudar o arrefecimento.
d) Quanto ao funcionamento
I) De repetição
É aquela em que se emprega a força muscular do atirador para a
execução das diferentes fases de funcionamento (carregamento,
trancamento, ejeção, etc.), decorrendo, assim, a necessidade de se
repetir a ação a cada disparo.
II) Semi-automático
É aquela que realiza automaticamente as fases do ciclo de
funcionamento, à exceção do disparo.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-4 REV 1
III) Automático
É aquela que realiza automaticamente todas as fases do
funcionamento enquanto houver munição e o gatilho permanecer
acionado.
e) Quanto ao princípio de funcionamento
I) Arma que utiliza a força muscular do atirador;
II) Arma que utiliza a pressão dos gases resultantes da deflagração da
carga de projeção:
(a) ação dos gases sobre o êmbolo;
(b) ação dos gases sobre o ferrolho; e
(c) recuo do cano (longo ou curto).
III) Arma que utiliza a ação muscular do atirador combinada com a oriunda
de uma corrente elétrica sobre a estopilha.
f) Quanto ao sentido de alimentação
I) Da direita para a esquerda;
II) Da esquerda para a direita;
III) De baixo para cima;
IV) De cima para baixo; e
V) Retrocarga.
g) Quanto ao raiamento
I) Alma com raiamento, no sentido:
(a) da esquerda para a direita (à direita); e
(b) da direita para a esquerda (à esquerda).
II) Alma lisa.
h) Quanto à alimentação
I) Manual; e
II) Com carregador
(a) metálico
- tipo lâmina; e
- tipo cofre.
(b) tipo fita
- metálica com elos articulados;
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-5 REV 1
- metálica com elos desintegráveis; e
- de pano (em desuso).
(c) tipo especial.
17.3 - FUZIL DE ASSALTO 5,56mm M16A2Mod705
Fig 17-1
17.3.1 - Características
a) Nomenclatura
Fuzil de assalto calibre 5,56mm M16A2 modelo 705
b) Simbologia
FzAss 5,56mm M16A2MOD705
c) Classificação
I) Quanto ao tipo
Portátil.
II) Quanto ao emprego
Individual.
III) Quanto ao funcionamento
Semi-automático e automático com rajada de três tiros.
IV) Quanto à refrigeração
A ar.
d) Alimentação
I) Carregador
Metálico tipo cofre.
II) Capacidade do carregador
20 ou 30 cartuchos.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-6 REV 1
III) Sentido
De baixo para cima.
e) Raiamento
Número de raias: seis (6) à direita.
f) Aparelho de pontaria
I) Alça de mira
De regulagem micrométrica, com visor basculante, graduado de 100
em 100 metros no alcance de 300 a 800m e disco de direção com
regulagem variável.
II) Massa de mira
Tipo ponto, com protetores laterais e regulagem em altura.
g) Dados numéricos
I) Comprimento: 1m.
II) Peso
(a) com carregador desmuniciado - 3,510kg; e
(b) com carregador municiado - 3,850kg.
III) Velocidade prática de tiro
(a) funcionamento semi-automático - 45 tpm; e
(b) funcionamento automático com rajada de 3 tiros: 90 tpm.
IV) Alcance
(a) máximo - 3.600m; e
(b) útil
- para alvos tipo área - 800m; e
- para alvos tipo ponto - 550m.
17.4 - FUZIL AUTOMÁTICO 7,62mm M964 FAL
Fig 17-2
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-7 REV 1
17.4.1 - Características
a) Nomenclatura
Fuzil automático leve calibre 7,62mm modelo 1964 (FAL).
b) Simbologia
Fz 7,62mm M964 (FAL).
c) Classificação
I) Quanto ao tipo
Portátil.
II) Quanto ao emprego
Individual.
III) Quanto ao funcionamento
Automático, semi-automático e repetição.
IV) Quanto ao princípio de funcionamento
Ação dos gases sobre o êmbolo.
V) Quanto à refrigeração
A ar.
d) Alimentação
I) Carregador
Metálico, tipo cofre.
II) Capacidade do carregador
20 cartuchos.
III) Sentido
De baixo para cima.
e) Raiamento
Número de raias: quatro (4) à direita.
f) Aparelho de pontaria
I) Alça de mira
Tipo lâmina, com cursor e visor, graduada de 100 em 100m, no
alcance de 200 a 600m.
II) Massa de mira
Tipo ponto, seção circular, regulável em altura, com protetores laterais.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-8 REV 1
g) Dados numéricos
I) Comprimento: 1,10m.
II) Peso
(a) sem carregador: 4,20kg; e
(b) do carregador municiado: 0,730kg.
III) Velocidade prática de tiro
(a) funcionamento automático: 120 tpm; e
(b) funcionamento semi-automático: 60 tpm.
IV) Alcance
(a) máximo: 3.800m; e
(b) útil: 600m.
17.5 - FUZIL METRALHADOR 7.62mm M964 FAP
Fig 17-3
17.5.1 - Características
a) Nomenclatura
Fuzil Metralhador calibre 7,62mm modelo 1964 (FAP).
b) Simbologia
FM 7,62mm M964 (FAP).
c) Classificação
I) Quanto ao tipo
Portátil.
II) Quanto ao emprego
Coletivo.
III) Quanto ao funcionamento
Automático, semi-automático e repetição.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-9 REV 1
IV) Quanto ao princípio de funcionamento
Ação dos gases sobre o êmbolo.
V) Quanto à refrigeração
A ar.
d) Alimentação
I) Carregador
Metálico, tipo cofre.
II) Capacidade do carregador
Vinte (20) cartuchos.
III) Sentido
De baixo para cima.
e) Raiamento
Número de raias: quatro (4) à direita.
f) Aparelho de pontaria:
I) Alça de mira
Tipo lâmina, com cursor e visor, graduada de 100 em 100 metros no
alcance de 200 a 600m; e
II) Massa de mira
Tipo ponto, seção circular, regulável em altura, com protetores laterais.
g) Dados numéricos
I) Comprimento: 1,125m.
II) Peso
(a) sem carregadores e com bipé: 6kg; e
(b) do cano: 1,60kg.
III) Velocidade prática de tiro
(a) funcionamento automático: 120 tpm; e
(b) funcionamento semi-automático: 60 tpm.
IV) Alcance
(a) máximo - 3.800m; e
(b) útil - 600m.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-10 REV 1
17.6 - METRALHADORA 7,62mm Mod B 60-20 MAG
Fig 17-4
17.6.1 - Características
a) Nomenclatura
Metralhadora a gás 7,62mm Modelo B.
b) Simbologia
MAG 7,62mm.
c) Classificação
I) Quanto ao tipo
Portátil e não portátil (quando utilizando tripé).
II) Quanto ao emprego
Coletivo.
III) Quanto ao funcionamento
Automática.
IV) Quanto ao princípio de funcionamento
Ação dos gases sobre o êmbolo.
V) Quanto à refrigeração
A ar.
d) Alimentação
I) Carregador
Tipo fita com elos metálicos articulados, acondicionados em cofre de
50 ou 250 cartuchos.
II) Sentido
À direita
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-11 REV 1
e) Raiamento
Número de raias: quatro (4) à direita.
f) Aparelho de pontaria:
I) Alça de mira
Tipo lâmina basculante, com cursor e visor, graduada em intervalos de
l00m, utilizada em duas posições: rebatida (graduada de 200 a 800m)
e levantada (graduada de 800 a 1.800m).
II) Massa de mira
Seção retangular, regulável em altura e direção, com protetores
laterais.
g) Dados numéricos
I) Comprimento: 1,255m.
II) Peso
(a) com coronha e bipé: 10,800kg;
(b) do cano completo: 2,800kg; e
(c) do tripé: 10,450kg.
III) Velocidade de tiro (regulável): 600 a 1.000 tpm.
IV) Alcance
(a) máximo: 3.800m; e
(b) útil: 800m sobre bipé e l.800m sobre tripé.
17.7 - PISTOLA 9mm PT92 - TAURUS
Fig 17-5
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-12 REV 1
17.7.1 - Características
a) Nomenclatura
Pistola calibre 9mm.
b) Simbologia
Pst 9mm.
c) Classificação
I) Quanto ao tipo
De porte.
II) Quanto ao emprego
Individual.
III) Quanto ao funcionamento
Semi-automática.
IV) Quanto ao princípio de funcionamento
Curto recuo do cano.
V) Quanto à refrigeração
A ar.
d) Alimentação
I) Carregador
Metálico, tipo cofre.
II) Capacidade do carregador
Quinze (15) cartuchos.
III) Sentido
De baixo para cima.
e) Raiamento
Número de raias: seis (6) à direita.
f) Aparelho de pontaria
I) Alça de mira
Tipo entalhe retangular.
II) Massa de mira
Seção retangular.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-13 REV 1
g) Dados numéricos
I) Calibre: 9mm.
II) Comprimento: 21,7cm.
III) Peso
(a) com carregador desmuniciado: .0,950kg; e
(b) com carregador municiado: .l,137kg.
IV) Velocidade prática de tiro: variável.
V) Alcance
(a) máximo - 1.800m; e
(b) útil - 50m.
17.8 - SUBMETRALHADORA 9mm TAURUS
Fig 17-6
17.8.1 - Características
a) Nomenclatura
Submetralhadora calibre 9mm.
b) Simbologia
SMtr 9mm.
c) Classificação
I) Quanto ao tipo
Portátil.
II) Quanto ao funcionamento
Automática e semi-automática.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-14 REV 1
III) Quanto ao princípio de funcionamento
Ação dos gases sobre o ferrolho.
IV) Quanto à refrigeração
A ar.
d) Alimentação
I) Carregador
Metálico, tipo cofre.
II) Capacidade do carregador
30 ou 40 cartuchos.
III) Sentido de alimentação
De baixo para cima.
e) Raiamento
Número de raias: seis (6) à direita.
f) Aparelho de pontaria:
I) Alça de mira
Tipo visor, basculante, graduada para 100 e 200m, com proteção
lateral e regulável em altura.
II) Massa de mira
Tipo ponto, seção circular, regulável em altura.
g) Dados numéricos
I) Calibre: 9mm.
II) Comprimento
(a) com coronha aberta: .64,5cm.
(b) com coronha rebatida: .41,8cm.
III) Peso
(a) sem carregador
3kg aproximadamente.
(b) com carregador municiado com 30 cartuchos
3,800kg.
(c) com carregador municiado com 40 cartuchos
3,920kg.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-15 REV 1
IV) Velocidade teórica de tiro: 500 a 550 tpm.
V) Alcance útil: até 200m.
17.9 - METRALHADORA 12,7mm (.50) HB M2 QCB BROWNING
Fig 17-7
17.9.1 - Características
a) Nomenclatura
Metralhadora 12,7mm M2.
b) Simbologia
Mtr 12,7mm M2 (ou Mtr.50").
c) Classificação
I) Quanto ao tipo
Não portátil.
II) Quanto ao emprego
Coletiva.
III) Quanto ao funcionamento
Automática;
IV) Quanto ao princípio de funcionamento
Curto recuo do cano.
V) Quanto à refrigeração
A ar.
d) Alimentação
I) Carregador
Tipo fita com elos metálicos.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-16 REV 1
II) Capacidade
Indeterminada.
III) Sentido
Da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda, mediante o
reposicionamento de algumas peças do sistema de alimentação.
e) Raiamento
Número de raias: oito (8) à direita.
f) Aparelho de pontaria:
I) Alça de mira
Tipo lâmina, com cursor e visor, graduada de 100 a 2600 jardas (aprox
90 a 2.380m).
II) Massa de mira
Seção triangular curva, com protetores laterais.
g) Dados numéricos
I) Calibre: 12,7mm (.50”).
II) Comprimento
(a) 1,643m; e
(b) do cano - 1,143m.
III) Peso
(a) sem o cano: .25,424kg; e
(b) do cano: .12,712kg.
IV) Velocidade teórica
(a) funcionamento automático: 400 a 600 tpm; e
(b) funcionamento semi-automático: 75 tpm.
V) Alcance
(a) máximo: 6.818m; e
(b) útil: 1.830m.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-17 REV 1
17.10 - ESPINGARDA 18,6mm (CAL 12) MOSSBERG
Fig 17-8
Esta arma é empregada a distâncias curtas (próximo de 50m) e em
situações nas quais outras armas podem acarretar riscos desnecessários
devido ao excesso de potência (controle de distúrbios civis, guarda de
prisioneiros, retomada de instalações que não devam ser danificadas etc.).
17.10.1 - Características
a) Nomenclatura
Espingarda 18,6mm (CAL 12) MOSSBERG.
b) Simbologia
EspMil l8,6mm (CAL 12) Mossberg.
c) Classificação
I) Quanto ao tipo
Portátil.
II) Quanto ao emprego
Individual.
III) Quanto ao funcionamento
Repetição.
IV) Quanto ao princípio de funcionamento
Força muscular do atirador.
V) Quanto à refrigeração
A ar.
d) Alimentação
I) Depósito tubular de munição conjugado à arma, sob o cano; e
II) Capacidade (com um cartucho na câmara):
(a) 9 cartuchos de 70mm de comprimento; e
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-18 REV 1
(b) 8 cartuchos de 76mm de comprimento.
e) Raiamento
Alma lisa.
f) Aparelho de pontaria
Somente conta com a massa de mira. Devido às características de
dispersão da munição empregada e das distâncias curtas no tiro das
espingardas, o atirador tem que se preocupar, apenas, com a linha de
visada, enquadrando a massa de mira e o alvo.
g) Dados numéricos
I) Calibre: 18,6mm.
II) Comprimento: 1,016m.
III) Peso: 4kg aproximadamente.
IV) Alcance útil: variável em função da munição empregada.
17.11 - LANÇA-GRANADAS 40mm M203
Fig 17-9
17.11.1 - Características
É uma arma especialmente desenvolvida para ser empregada
juntamente com o fuzil M16A2.
a) Nomenclatura
Lança-granadas calibre 40mm modelo M203.
b) Simbologia
LGr 40mm M203.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-19 REV 1
c) Classificação
I) Quanto ao tipo
Portátil.
II) Quanto ao emprego
Coletivo.
III) Quanto ao funcionamento
Repetição.
IV) Quanto ao princípio de funcionamento
Ação muscular do atirador.
V) Quanto à refrigeração
A ar.
d) Alimentação
Manual: uma granada por vez.
e) Raiamento
Números de raias: seis (6) à direita.
f) Aparelho de pontaria
I) Conjunto de quadrante de mira
Acoplado sobre a armação superior dos fuzis da série M-16,
graduados de 25 em 25m para seleção de alcance entre 50 e 400m,
com regulagem em altura e direção.
II) Alça de mira
Tipo lâmina basculante, acoplada sobre o guarda-mão, graduada de
50 a 250m, com regulagem em altura e direção.
g) Dados numéricos
I) Comprimento: 39cm.
II) Peso descarregado: ...1,350kg.
III) Peso carregado: ........1,580kg.
IV) Alcance
(a) máximo: 400m.
(b) útil
- para alvos tipo área: ....350m; e
- para alvos tipo ponto: ..150m.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-20 REV 1
(c) mínimo de segurança
- para treinamento: .........80m; e
- em combate: .................31m.
17.12 - LANÇA-ROJÃO 88,9mm (3,5”) M-20 A1B1
Fig 17-10
Armamento anticarro, sem recuo, utilizado contra alvos blindados e,
secundariamente, contra fortificações e pessoal.
17.12.1 - Características
a) Nomenclatura
Lança-rojão calibre 88,9mm (3.5") M-20 A1B1.
b) Simbologia
LRoj 3.5" ou LRoj 88,9mm.
c) Classificação
I) Quanto ao tipo
Portátil.
II) Quanto ao emprego
Coletivo.
III) Quanto ao funcionamento
Repetição.
IV) Quanto ao princípio de funcionamento
Ação muscular do atirador combinada com ação de corrente elétrica
sobre a estopilha elétrica do rojão.
V) Quanto à refrigeração
A ar.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-21 REV 1
d) Alimentação
Manual.
e) Raiamento
Alma lisa.
f) Aparelho de pontaria
Ótico, constituído por uma luneta estadimétrica montada no suporte
do aparelho de pontaria.
g) Dados numéricos
I) Comprimento: 1,53m.
II) Peso: 5,9kg.
III) Alcance
(a) máximo: 770m.
(b) útil
- alvos fixos:........ 270m; e
- alvos móveis: ....180m.
17.13 - AT-4
Munição anticarro que se confunde com um armamento, uma vez que sua
embalagem individual é também um lançador descartável após o disparo.
Como o LRoj, não apresenta recuo e é de transporte individual. Utilizado
primordialmente contra alvos blindados e, secundariamente, contra
fortificações e pessoal.
Fig 17-11
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-22 REV 1
17.13.1 - Características
a) Nomenclatura
Granada alto explosiva de 84mm AT-4.
b) Simbologia
GAE 84mm AT-4.
c) Classificação
I) Quanto ao tipo
Portátil.
II) Quanto ao emprego
Coletivo.
III) Quanto ao funcionamento
Repetição.
IV) Quanto ao princípio de funcionamento
Ação muscular do atirador combinada com a ação de corrente
elétrica sobre a estopilha da granada.
V) Quanto à refrigeração
A ar.
d) Dados numéricos
I) Comprimento: 1m.
II) Peso: 6,7Kg.
III) Alcance
(a) máximo: 2100m.
(b) eficaz: 300m.
IV) Penetração em blindagem: 400mm.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-23 REV 1
17.14 - MÍSSIL ANTICARRO RBS 56 - BILL
Fig 17-12
Míssil cujo princípio de funcionamento é aquisição visual do alvo e guiagem
por fio através do posto de tiro (PT), com controle semi-automático.
Utilizado contra blindados, podendo, eventualmente, ser empregado contra
posições fortificadas e aeronaves a baixa altura.
17.14.1 - Caraterísticas
a) Nomeclatura
Míssil anticarro RBS 56 - BILL.
b) Simbologia
MAC BILL.
c) Classificação
I) Quanto ao tipo
Não portátil.
II) Quanto ao emprego
Coletivo.
III) Quanto ao funcionamento
Repetição com carregamento míssil a míssil.
IV) Quanto ao princípio de funcionamento
Aquisição visual do alvo e filoguiagem a partir do PT.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-24 REV 1
d) Dados numéricos
I) Comprimento: 900mm.
II) Diâmetro: 300mm.
III) Pesos:
(a) do míssil - 18Kg.
(b) do PT - 17,7Kg.
(c) do visor noturno - 9,2Kg
IV) Alcances:
(a) alvos fixos - 150 a 2.200m.
(b) alvos móveis - 300 a 2.200m.
V) Penetração em blindagem: 700m.
VI) Tempo de vôo: 13 segundos.
17.15 - MÍSSIL ANTIAÉREO MISTRAL
Fig 17-13
Míssil empregado na defesa antiaérea contra aeronaves de ataque ao solo
a baixa altitude. Não necessita do acompanhamento do alvo pela base de
lançamento após ter sido lançado, sendo dotado de sensor de autoguiagem
infravermelho e espoleta laser de proximidade, o que aumenta
significativamente a possibilidade de se neutralizar ou destruir uma ameaça
aérea, sem a necessidade de haver um impacto direto. Utiliza o lançador
MANPADS (MAN PORTABLE ANTI-AIRCRAFT DEFENSE SYSTEM).
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-25 REV 1
17.15.1 - Características
a) Nomeclatura
Sistema de Mísseis Antiaéreo Mistral.
b) Simbologia
MSA Mistral.
c) Classificação
I) Quanto ao tipo
Portátil.
II) Quanto ao emprego
Coletivo.
III) Quanto ao funcionamento
Repetição com carregamento míssil a míssil.
IV) Quanto ao princípio de funcionamento
Aquisição visual ou auditiva, quando integrado ao sistema Bofi-
GIRAFFE, com autoguiagem por infravermelho após o lançamento.
d) Dados numéricos
I) Comprimento: 1,85mm.
II) Calibre: 90mm.
III) Peso: 19,45Kg.
IV) Alcance máximo: 6.000m.
V) Altura máxima: 4.500m.
VI) Tempo de vôo: 14,5s.
VII) Velocidade: 2,5 MACH.
17.16 - GENERALIDADES SOBRE AS ARMAS PESADAS
17.16.1 - Generalidades
As armas pesadas incluem as de calibre superior a 0.60" (15,24mm),
com
as exceções já mencionadas. Basicamente, as armas pesadas são
constituídas pelos morteiros, canhões e obuseiros.
17.16.2 - Características dos morteiros, canhões e obuseiros
a) Morteiros
I) Tubo curto;
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-26 REV 1
II) Tiro geralmente indireto;
III) Trajetórias muito curvas; e
IV) Carregamento pela boca.
b) Canhões
I) Tubo longo;
II) Tiro direto e, raramente, indireto;
III) Trajetória tensa; e
IV) Carregamento pela culatra.
c) Obuseiros
I) Tubo curto;
II) Tiro normalmente indireto;
III) Trajetória curva; e
IV) Carregamento pela culatra.
17.16.3 - Classificação do armamento pesado
a) Quanto ao calibre
I) Leve até 120mm;
II) Médio de 121 a 160mm;
III) Pesado de 161 a 210mm; e
IV) Muito pesado, acima de 210mm.
b) Quanto ao emprego
I) De campanha;
II) De costa;
III) Antiaéreo; e
IV) De emprego especial.
c) Quanto ao deslocamento
I) Transportado
(a) sobre dorso;
(b) em viatura automóvel;
(c) trem; e
(d) em aeronave (aerotransportado ou helitransportado).
II) Auto-rebocado ou tracionado
III) Auto-propulsado
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-27 REV 1
(a) sobre rodas; e
(b) sobre lagartas.
17.16.4 - Divisão dos Canhões e Obuseiros
a) Canhão ou obuseiro propriamente dito
I) Boca de fogo
(a) tubo-alma; e
(b) bucha da culatra.
b) Reparo
I) Superior; e
II) Inferior.
17.16.5 - Divisão dos morteiros
a) Morteiro propriamente dito
I) Tubo-alma; e
II) Culatra.
b) Reparo
I) Bipé; e
II) Placa-base.
No Mrt 4.2” o reparo é composto pelo suporte, ponte, disco giratório
e placa-base.
17.17 - MORTEIROS 60mm M-60 BRANDT e 81mm M29 A1
Fig 17-14 - Morteiro 60mm Fig 17-15 - Morteiro 81mm
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-28 REV 1
17.17.1 - Características
a) Nomenclatura
Mrt60mmM2 e Mrt81mmM29A1.
b) Classificação
I) Quanto ao calibre
Leve.
II) Quanto ao emprego
De campanha.
III) Quanto ao transporte
Transportados por viaturas do BtlInfFuzNav. Poderão ainda, ser
transportados a braço, divididos em fardos.
c) Raiamento
Alma lisa.
d) Dados numéricos Mrt 60mm Mrt 81mm
peso completo 19,00kg 38,6kg;
peso do tubo-alma 5,80kg 11,2kg;
peso do bipé 7,40kg 16,0kg;
peso da placa-base 5,80kg 11,8kg;
comprimento total do tubo-alma 0,73m 1,275m;
campo de tiro
(a) vertica 711''' a 1511''' 800''' a 1500'''; e
(b) horizontal 250''' a toda volta.
velocidade de tiro
(a) cadência normal 8 tpm 10 tpm; e
(b) cadência máxima 35 tpm 12 tpm.
alcance
(a) máximo 1.850m 4.512m; e
(b) mínimo 100m 90m.
17.17.2 - Diversos
Os morteiros apresentados acima são armas usadas para o apoio à
infantaria, com grande eficiência para bater ângulos mortos. Suas
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-29 REV 1
trajetórias são curvas e fazem o tiro indireto (o alvo não é visto pelo
atirador).
17.18 - MORTEIRO 120mm AUTO-REBOCADO K6A3
Fig 17-16
17.18.1 - Características
a) Nomenclatura
Morteiro calibre 120mm K6A3.
b) Simbologia
Mrt 120mm K6A3.
c) Classificação
I) Quanto ao calibre
Leve.
II) Quanto ao emprego
De campanha.
III) Quanto ao transporte
Auto rebocado, viatura 3/4 Ton.
d) Raiamento
Alma lisa.
e) Dados numéricos
I) Peso
(a) em posição de tiro - 144kg.
(b) do tubo-alma com culatra - 50kg.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-30 REV 1
(c) do bipé - 32kg.
(d) da placa-base - 62kg.
(e) do transportador - 180kg.
(f) em posição de marcha - 324Kg (com a caixa de acessórios e
porta tiros vazios).
(g) em posição de marcha, situação de combate - 418kg (carregado
com ferramentas , acessórios e seis (6) granadas nos porta tiros
do transportador).
II) Comprimento da peça (posição de marcha) - 2,39m;
III) Altura da peça (posição de marcha) - 1,14m;
IV) Largura da peça (posição de marcha) - 2,00m;
V) Alcance
(a) máximo (carga 10) - 7.200m; e
(b) mínimo (carga 0) - 180m.
VI) Elevação
(a) máxima - 1.500 '''; e
(c) mínima - 700 '''.
VII) Velocidade prática de tiro:
(a) cadência rápida - 15 tpm; e
(b) cadência lenta - 4 tpm.
17.19 - OBUSEIRO AUTO-REBOCADO 105mm/22.5 M101A1
Fig 17-17
17.19.1 - Características
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-31 REV 1
a) Nomenclatura
Obuseiro 105mm M101A1.
b) Simbologia
O 105mm M101A1.
c) Classificação
I) Quanto ao calibre
Leve.
II) Quanto ao emprego
De campanha.
III) Quanto ao transporte
Auto rebocado (viatura a partir de 2 1/2 Ton).
d) Raiamento
Número de raias - trinta e seis (36) à direita.
e) Dados numéricos
I) Peso da peça - 1.923kg.
II) Comprimento da peça em posição de marcha - 6,4m.
III) Bitola - 2m.
IV) Alcance máximo (carga 7) - 11.800m.
V) Campo de tiro
(a) vertical - de (-)90''' a 1.156'''; e
(b) horizontal - 800''' (400''' para cada lado).
VI) Velocidade prática de tiro
(a) cadência rápida - 10 tpm nos primeiros três (3) minutos; e
(b) cadência lenta - 3 tpm após os três (3) primeiros minutos.
17.20 - OBUSEIRO AUTO-REBOCADO 155mm/23 M114A1
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-32 REV 1
Fig 17-18
17.20.1 - Características
a) Nomenclatura
Obuseiro 155mm M114A1.
b) Simbologia
O 155mm M114A1.
c) Classificação
I) Quanto ao calibre
Médio.
II) Quanto ao emprego
De campanha.
III) Quanto ao transporte
Auto-rebocado (viaturas a partir de 5 Ton).
d) Raiamento
Número de raias - quarenta e oito (48) à direita.
e) Dados numéricos
I) Peso do reparo completo com o tubo - 5.715Kg.
II) Comprimento do obuseiro e reparo engatado - 7,32m.
III) Bitola em posição de marcha - 2,44m.
IV) Alcance máximo - 14.600m.
V) Campo de tiro
(a) vertical - de (-) 90''' a 1.156'''; e
(b) horizontal - 448''' à direita; e 418''' à esquerda.
VI) Velocidade prática de tiro
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-33 REV 1
(a) cadência rápida - 4 tpm; e
(b) cadência lenta - 1 tpm.
17.21 - REPARO SINGELO DE 40mm/L70 FAK BOFI-R-BOFORS
Fig 17-19
17.21.1 - Características
a) Nomenclatura
Canhão AuAAe 40mm BOFORS L/70 BOFI.
b) Simbologia
Can AuAAe 40mm.
c) Classificação
I) Quanto ao calibre
Leve.
II) Quanto ao emprego
Antiaéreo.
III) Quanto ao transporte
Auto-rebocado (viatura a partir de 5 Ton).
d) Dados numéricos
I) Peso - 5.500kg.
II) Campo de tiro:
(a) vertical - de (-) 71''' a 1.600'''; e
(b) horizontal - a toda volta.
III) Velocidade prática de tiro - 300 tpm.
IV) Munição no canhão - 118 tiros.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 17-34 REV 1
V) Alcance do radar - 22km (espaço livre).
O canhão automático antiaéreo L/70 BOFI é composto do canhão
propriamente dito, do diretor de tiro e do motor gerador, constituíndo,
cada canhão, uma unidade de tiro autônoma.
17.21.2- Radar de Vigilância
Integra o sistema de Defesa Antiaérea (DefAAe) o radar de vigilância
GIRAFFE.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 18-1 - REV 1
CAPÍTULO 18
MEDIDAS DE PROTEÇÃO
18.1 - GENERALIDADES
A proteção, uma das componentes do poder de combate, é a conservação
da capacidade de combate de uma tropa, de modo que possa ser utilizada
no local e momento apropriados. Ela inclui, entre outras, a Organização do
Terreno (OT), que consiste em alterar as características de uma área ou
órgão por meio de construções ou destruições.
Seja na defensiva (defesa preparada), seja nas situações estáticas da
ofensiva (defesa imediata), as tropas devem procurar reforçar sua proteção
por meio de trabalhos de OT.
Reunidos em dois grandes grupos - fortificações de campanha e
camuflagem - os trabalhos de OT visam principalmente a ampliar o poder de
combate das forças amigas, bem como a impedir ou dificultar as ações e a
observação do inimigo.
18.2 - FORTIFICAÇÕES DE CAMPANHA
Fortificações de campanha consistem nos trabalhos defensivos realizados
quando um ataque inimigo for iminente ou durante a consolidação de um
objetivo conquistado, como prevenção de um contra-ataque. Normalmente
compreendem: limpeza de campos de tiro; escavação de espaldões para
armas e abrigos para o pessoal; construção de abrigos para órgãos de
comando e para instalações de apoio logístico; construção de postos de
observação; e construção, lançamento e agravamento de obstáculos.
Obedecendo ao princípio da continuidade dos trabalhos, as fortificações de
campanha, normalmente, evoluem para construções mais elaboradas
denominadas fortificações permanentes. Estas, construídas por pessoal
especializado (normalmente elementos de engenharia), quase sempre ficam
perpetuadas no terreno, mesmo após os conflitos. Podem, ainda, ser
previamente preparadas em tempo de paz ou na guerra, longe da influência
da ação inimiga, e incluem: obstáculos de madeira, concreto ou aço;
extensos campos de minas; entrincheiramentos permanentes e revestidos;
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 18-2 - REV 1
espaldões reforçados; fossos anticarro revestidos; redes reforçadas de
arame farpado; postos de comando e abrigos para o pessoal.
Os trabalhos de fortificação permanente são mais apurados, exigindo o
concurso de pessoal especializado, enquanto os trabalhos de fortificação de
campanha, por serem mais sumários, podem ser executados por qualquer
combatente.
18.2.1 - Limpeza dos campos de tiro
No preparo de posições defensivas, antes do contato com o inimigo, é
realizada, à frente de cada entrincheiramento ou espaldão, a limpeza
apropriada dos campos de tiro. Nesse trabalho devem ser observados os
seguintes princípios:
- não denunciar a posição em virtude de limpeza excessiva ou descuidada;
Fig 18-1 - Limpeza de campos de tiro
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 18-3 - REV 1
- em setores organizados para a defesa aproximada, efetuar a limpeza até,
pelo menos, 100 m à frente da posição;
- em qualquer caso, deixar uma delgada cortina de vegetação natural para
esconder as posições (Fig 18-2);
- nas áreas com árvores esparsas, remover os ramos mais baixos. Em
alguns casos, é aconselhável remover certas árvores que possam ser
utilizadas como pontos de referência para execução dos fogos inimigos;
Fig 18-2 - Aproveitamento da cortina de vegetação
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 18-4 - REV 1
- nas florestas densas não é aconselhável nem possível a limpeza
completa dos campos de tiro. Deve-se portanto, restringir o trabalho ao
desbastamento da vegetação rasteira e à remoção dos ramos mais
baixos das árvores maiores. Além disso, deve-se preparar estreitos
corredores de tiro para as armas automáticas (Fig 18-3);
- remover ou desbastar a vegetação densa, pois ela obstrui o campo de
tiro e não constitui obstáculo apreciável;
Fig 18-3 - Desbaste da vegetação
- ceifar as plantações de cereais e os campos de feno ou queimá-los, se
maduros ou secos, caso isto não revele a posição. Geralmente, em uma
posição organizada, isso é possível antes do contato com inimigo;
- remover a vegetação cortada para locais onde não proporcione cobertas
para o inimigo nem denuncie a posição; e
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 18-5 - REV 1
- antes de efetuar a limpeza dos campos de tiro, fazer uma cuidadosa
avaliação do vulto do trabalho que pode ser feito dentro do tempo
disponível.
Essa estimativa, muitas vezes, determina a natureza e a extensão da
limpeza a ser realizada, pois uma limpeza de campos de tiro que não
possa ser completada pode dar ao inimigo melhores abrigos e cobertas
que o terreno com sua feição natural.
18.2.2 - Espaldões
a) Espaldões para metralhadora
Há dois tipos de espaldões para esta arma: o ferradura e o duas tocas.
Como posição de tiro, o tipo duas tocas apresenta menor
flexibilidade que o outro; entretanto, devido a sua maior facilidade de
construção e maior resistência à passagem de carros de combate, é
geralmente o preferido.
I) Espaldão tipo ferradura
Coloca-se a arma em posição pronta para o tiro. Primeiramente, a
guarnição faz uma escavação rasa de 2,20m x 1,60m x 0,15m,
aproximadamente, com o lado maior perpendicular a provável direção
de ataque do inimigo. A terra escavada é depositada em volta,
formando um parapeito.
O espaldão é completado pela escavação de uma sapa, em forma de
ferradura, com 0,60m de largura, acompanhando as faces laterais e
posterior da escavação inicial, ficando uma massa de terra da altura
do peito na parte central da frente do espaldão, que servirá como
plataforma da arma (Fig 18-4). A terra escavada é amontoada em
torno do espaldão, completando o parapeito até pelo menos 0,90m de
espessura e suficientemente baixo para permitir o tiro em todas as
direções.
Esse espaldão protege contra o tiro das armas portáteis e contra
estilhaços de granada ou bombas. Em terreno firme, proporciona
proteção contra ação de esmagamento dos carros de combate; em
terreno frouxo, um revestimento dos taludes do espaldão, feito com
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 18-6 - REV 1
troncos de 0,20m de diâmetro aproximadamente, colocados
longitudinalmente e encaixados no terreno, com sua parte superior ao
nível do solo, ajuda a tornar a obra resistente à passagem de carros
de combate.
Quando os carros de combate estiverem a ponto de passar sobre a
posição, a guarnição coloca a arma no fundo da parte central da sapa
e agacha-se nos lados.
Fig 18-4 - Espaldão tipo ferradura
II) Espaldão tipo duas tocas
Esse espaldão (Fig 18-5) consiste em duas tocas para um homem,
junto a posição da arma. Para demarcá-lo, é feito um pequeno traço
no terreno, na direção principal de tiro. À direita desse traço é cavada
a toca para o atirador; à esquerda, e a 0,60m à frente da toca do
atirador, é cavada outra toca para o municiador. A terra escavada é
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 18-7 - REV 1
disposta em torno da posição, formando um parapeito, o qual não
deverá prejudicar o tiro em qualquer direção. Em terreno firme esse
tipo de espaldão protege a guarnição e a arma contra a ação de
esmagamento dos carros. Quando os carros estão a ponto de passar
sobre a posição, a arma é retirada do tripé e colocada numa das
tocas, enquanto o tripé é colocado na outra. O atirador e o municiador
agacham-se nas respectivas tocas.
Fig 18-5 - Espaldão tipo duas tocas
b) Espaldão para morteiro 81mm
O espaldão para morteiro 81mm modelo M29A1 deve ser circular com
cerca de 2,40m de diâmetro e 0,80 a 0,90m de profundidade,
permitindo um declive de 0,10m, para que a água escoe na direção do
fosso de drenagem que deverá ter pelo menos 0,50m de profundidade a
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 18-8 - REV 1
partir do fundo do espaldão. Se o fundo do espaldão for muito duro e
com pedregulhos, este deverá ser revolvido para permitir o
assentamento da placa-base. Entretanto, se o solo for muito macio, de
areia, lama ou coberto por neve, será necessário colocar sacos de areia
sobre um trançado de galhos de árvores para permitir a perfeita
ancoragem da placa-base. A profundidade do espaldão deverá ser tal
que o aparelho de pontaria nunca fique abaixo do nível da superfície do
solo. O depósito para munição de pronto emprego deve conter toda
munição prevista para executar os fogos de proteção final, quando o
inimigo estiver atingindo o Limite Anterior da Área de Defesa Avançada
(LAADA). O túnel de conexão deve ter um cotovelo de 45° a 90° para
impedir que uma explosão no depósito de munição atinja a guarnição
da peça e deve ser coberto com galhos, terra e vegetação rasteira,
sempre que possível. Sua profundidade deve ter cerca de 90cm (Fig 18-
6).
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 18-9 - REV 1
Fig 18-6 - Espaldão para morteiro 81 mm
18.2.3 - Abrigos
a) Tocas
As tocas são os abrigos básicos e individuais dos fuzileiros, que
proporcionam a máxima proteção contra o fogo inimigo de todos os
tipos (exceto impactos diretos). Sempre que o tempo e os recursos
permitirem, as tocas devem ser melhoradas pelo acréscimo de tetos,
qualquer que seja o tipo de toca, e pela adoção de medidas para drenar
as águas da chuva ou superficiais, como por meio de um poço.
Também é necessário construir um sumidouro de granadas de mão,
para que nele sejam rapidamente empurradas com os pés as granadas
lançadas pelo inimigo no interior da toca. Exceto nos terrenos que
dificultem o emprego de carros de combate, a toca deve ser
suficientemente profunda para garantir, pelo menos, 0,60m de espaço
entre o soldado agachado e a borda da toca, a fim de protegê-lo contra
a ação de esmagamento (Fig 18-7).
Fig 18-7 - Toca individual
Geralmente, as tocas são cavadas com o lado maior paralelo à frente e
distribuídas em torno dos espaldões das armas de emprego coletivo
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 18-10 - REV 1
para garantir a defesa em todas as direções. Todas as tocas são
localizadas de modo a permitir, principalmente, um bom campo de tiro.
Nas situações defensivas estabilizadas, a toca pode ser aumentada
para comportar um espaço para dormir, devendo ter teto resistente.
I) Toca para um homem
(a) Características
- dimensões mínimas de acordo com as especificadas na Fig 18-
8;
Fig 18-8 - Toca para um homem
- quaisquer outras dimensões utilizadas devem ser as menores
possíveis, a fim de proporcionar um alvo reduzido aos possíveis
fogos inimigos;
- suficientemente largas para conter os ombros de um homem
localizado na banqueta de tiro (largura mínima: 0,60m);
- suficientemente compridas para permitir o emprego das
ferramentas de sapa (comprimento mínimo: 1,05m); e
- pelo menos 1,20m de profundidade até a banqueta de tiro da
qual um homem de pé possa atirar.
(b) Poços
No fundo da toca, em toda sua largura, deve ser cavado um
poço, de 0,45 x 0,45m, para coletar água e permitir que o homem
sentado coloque os pés. Esse poço deverá ter um declive de 10o
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 18-11 - REV 1
na direção do sumidouro de granadas, o qual terá, no mínimo,
0,45m de comprimento, um declive de pelo menos 30o e, no
máximo, 0,20m de diâmetro.
Fig 18-9 - Detalhes da toca
(c) Proteção superior
- contra esmagamento: na maioria dos tipos de solo, a toca
proporciona proteção efetiva contra a ação de esmagamento
dos carros de combate, se o ocupante se agachar pelo menos
0,60m abaixo da superfície do terreno. Nos solos muito
arenosos ou frouxos, pode ser necessário revestir os taludes
para evitar seu desmoronamento;
- contra arrebentamentos aéreos: para proteger os fuzileiros
contra os precisos arrebentamentos aéreos das granadas com
espoleta tempo, as tocas devem possuir teto. Em alguns casos
podem ser empregados troncos de 0,10m a 0,15m de diâmetro,
cobertos com uma camada de terra; em outras situações,
qualquer material disponível pode servir, se coberto com 0,15m
a 0,20m de terra, areia ou neve.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 18-12 - REV 1
(d) Camuflagem das tocas
Se possível, a terra escavada deve ser removida para um local
onde não atraia a atenção do inimigo e a toca camuflada com
uma cobertura improvisada. Essa cobertura consiste em uma
armação, que deve ser guarnecida com capim ou folhagem para
assemelhar-se ao terreno circunvizinho, ou forrada com um pano
de barraca ou qualquer outro recurso, de acordo com as
condições locais do terreno (Fig 18-10). Essa técnica é
particularmente eficiente contra um ataque de blindados
apoiados por tropa a pé. Os fuzileiros permanecem dissimulados
até que os carros tenham ultrapassado a posição, depois
levantam-se e atacam os soldados a pé que acompanham os
carros inimigos. A toca assim camuflada ou suas variantes é, em
alguns lugares, chamada toca de aranha.
Fig 18-10 - Camuflagem das tocas
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 18-13 - REV 1
(e) Parapeito
Parte da terra escavada é amontoada em torno da toca, deixando
uma berma bastante larga para permitir que o soldado apoie os
cotovelos durante o tiro. O parapeito deve ter cerca de 0,90m de
largura e 0,15m de altura. Se forem empregadas leivas (placas
de vegetação rasteira) para camuflar o parapeito, elas devem ser
retiradas de uma área quadrada de 3m de lado e colocadas à
parte, até que a toca fique pronta. Neve socada também constitui
um bom parapeito.
II) Toca para dois homens
A toca de raposa para dois homens nada mais é do que duas tocas
para um homem adjacentes. Oferece proteção contra os fogos
inimigos diretos comparável à toca individual. Entretanto, apresenta
menor proteção contra a ação de esmagamento dos carros de
combate, contra os estilhaços de granadas e o bombardeio pela
aviação.
Nas posições defensivas, a toca para dois homens (Fig 18-11) é
geralmente preferida à toca para um homem, pelas seguintes razões:
- é preparada com maior facilidade. Um homem pode fazer a
proteção, enquanto o outro trabalha na toca;
- proporciona revezamento e repouso para os ocupantes, pois um
deles descansa enquanto o outro fica alerta. Assim, as posições
ficam guarnecidas eficientemente por períodos de tempo mais
longos;
- se um dos soldados é ferido ou morto, a posição continuará
ocupada, o que não acarretará uma brecha na linha;
- em situação crítica, o efeito psicológico da camaradagem mantém
os homens na posição por mais tempo do que um homem isolado; e
- proporciona maior conforto, especialmente em tempo frio, quando
os ocupantes poderão juntar seus cobertores e panos de barraca.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 18-14 - REV 1
Fig 18-11 - Toca para dois homens com local para dormir
b) Posições abrigadas
I) Posições naturais
Essas posições devem ser sempre utilizadas, desde que existam na
área de operações, tendo em vista a grande economia de tempo e de
mão-de-obra que proporcionam, e, também, por constituírem os
melhores abrigos e cobertas naturais. Os muros de pedra, as cercas
vivas, as dobras naturais do terreno, os diques de terra e os trechos de
aterro das estradas de ferro e das rodovias, constituem excelentes
posições naturais. As áreas urbanas apresentam grande variedade de
posições naturais sob a forma de paredes de pedra, de tijolos e de
outros tipos de alvenaria, e mesmo de escombros de edificações. As
posições naturais devem, geralmente, ser melhoradas e reforçadas;
os espaldões para as armas e os abrigos para pessoal são cavados e
suas partes fracas são reforçadas com sacos de areia, caixas de
munição cheias de terra e outros meios de fortuna.
II) Posições preparadas
Na defensiva, quando não se dispuser de uma linha de defesa pronta
e o tempo permitir, constroem-se posições protegidas contra o
esperado ataque inimigo. Muitas vezes, devido às condições do solo
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 18-15 - REV 1
ou d`água do subsolo, que impedem as escavações, as posições são
construídas acima da superfície do terreno. Esse tipo é, também,
empregado juntamente com as obras enterradas para economizar
maiores escavações. Deve ter, pelo menos, 0,90m de largura no topo,
a fim de proteger contra projetis .30 e estilhaços de granada.
Os taludes devem estar isentos de pedras soltas e pedaços de
madeira; caso contenham tais materiais, devem ser revestidos com
sacos de areia. A figura 18-12 apresenta vários tipos de taludes
preparados.
Fig 18-12 - Taludes preparados
c) Crateras melhoradas
O terreno entre duas tropas inimigas geralmente apresenta crateras de
vários tamanhos, provocadas por granadas, bombas, minas e foguetes.
Para as tropas que avançam, essas crateras oferecem um refúgio
imediato e disponível para abrigo ou coberta, bem como posições de
tiro parcialmente desenfiadas. Caso a situação fique temporariamente
estabilizada, as crateras podem ser facilmente aprofundadas e
melhoradas com uma ferramenta de sapa.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 18-16 - REV 1
Para se melhorar uma cratera, cava-se verticalmente a sua borda, no
lado voltado para o inimigo, e prepara-se uma posição cômoda para um
atirador deitado, ajoelhado ou de pé (Fig 18-13).
Fig 18-13 - Trabalhos em crateras
18.2.4 - Obstáculos
Na concepção militar, um obstáculo é qualquer acidente do terreno,
condição do solo ou ambiente, existente ou resultante de fenômeno
meteorológico adverso, ou qualquer objeto, obra ou situação criada pelo
homem, exceto o fogo das armas, utilizado para canalizar, retardar ou
impedir o movimento do inimigo numa determinada direção.
Embora o obstáculo deva ser denso o bastante para impedir uma fácil
penetração na posição defensiva, não deverá ser tão denso que seja
facilmente identificado em fotografias aéreas ou ofereça um bom alvo
para a artilharia inimiga. Os obstáculos deverão ser simples, de modo a
poderem ser feitos rapidamente pelas tropas com pouca experiência,
mesmo na escuridão e na presença do inimigo. O primeiro elemento
construído deverá oferecer proteção imediata; o restante deverá ser
executado sob a proteção do que já se encontra pronto.
a) Obstáculos de arame farpado
Entre os vários tipos de obstáculos, os de arame farpado são os mais
empregados em qualquer tipo de operação. Normalmente estão
disponíveis em grandes quantidades, são facilmente transportáveis e
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 18-17 - REV 1
formam uma barreira eficaz. Oferecem o máximo de interferência por
tonelada de material, são facilmente construídos e oferecem pequena
visibilidade e alta resistência aos tiros de artilharia.
Os obstáculos de arame farpado são classificados quanto à missão que
desempenham como táticos, de proteção ou suplementares (Fig 18-14
a 18-17).
Fig 18-14 - Cavalo de Frisa
Fig 18-15 - Concertina triplice
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 18-18 - REV 1
Fig 18-16 - Concertina comum de arame farpado
Fig 18-17 - Cerca de arame farpado
I) As redes de arame farpado táticas são lançadas ao longo do lado
amigo da barreira principal, para quebrar as formações inimigas e
obrigá-las a permanecer em áreas batidas pelos mais intensos fogos
da defensiva. As redes táticas se estendem por toda a frente da
posição, porém, não necessitam ser contínuas.
II) As redes de arame farpado de proteção são lançadas para impedir
ataques de surpresa de pontos situados próximos à posição defensiva.
Elas devem se encontrar próximo o bastante da linha de defesa para
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 18-19 - REV 1
poderem ser observadas dia e noite e, ao mesmo tempo, longe o
bastante para impedir que o inimigo empregue granadas de mão.
Dependendo do terreno, uma distância entre 35 a 75 metros satisfaz
essa exigência. As cercas de arame de proteção são construídas ao
redor das instalações de retaguarda com o mesmo propósito que o
das empregadas à frente. Quando construídas ao redor das áreas de
companhia podem ser ligadas de modo a rodearem todo o batalhão.
III) Quando o tempo permitir, serão adicionadas redes de arame
suplementares para dissimular a linha exata das redes táticas e a
direção da barreira principal.
b) Os outros tipos de obstáculos, tais como as crateras, os abatises, os
fossos anticarro e o agravamento das margens de cursos d`água,
devido à sua complexidade, não serão apresentados nesta publicação.
18.3 - CAMUFLAGEM
É o conjunto de medidas que visam a iludir ou a ocultar a verdadeira
natureza de uma tropa, instalação, atividade ou equipagem, e que devem ser
praticadas intensamente por todos.
Todo fuzileiro é responsável por sua camuflagem individual, devendo
preocupar-se com a equipagem, com o armamento, com a posição e com os
seus itinerários de progressão. Deve ser devidamente preparado para
empregá-la e motivado no sentido de que, utilizando-a bem, poderá
aproximar-se do inimigo sem ser visto.
Por sua vez, cada Comandante é responsável pelo apropriado emprego da
camuflagem por sua tropa. Embora os modernos meios de observação
possam detectar materiais artificiais bem como alterações no terreno ou na
vegetação, a observação direta através do olho humano ainda é a mais
largamente empregada. Desse modo, a camuflagem pode ser considerada
um fator básico nas operações por sua influência no despistamento e na
proteção.
Na ofensiva e na defensiva, a camuflagem auxilia a obtenção da surpresa,
além de reduzir o número de baixas. Nega ao inimigo o conhecimento das
posições exatas ocupadas por tropas amiga, difilcultando-lhe o
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 18-20 - REV 1
desencadeamento de fogos. Muitas vezes, a rapidez inerente às operações
de combate impede a execução de medidas de camuflagem elaboradas;
nessas situações, o correto aproveitamento do disfarce proporcionado pelo
terreno poderá contribuir eficazmente para a segurança da tropa.
18.3.1 - Processos de camuflagem
Existem três processos de camuflagem: mascaramento, dissimulação e
simulação.
a) Mascaramento
Consiste em ocultar completamente o objeto a camuflar por meio de
uma cortina ou máscara. Dependendo da situação, a cortina ou máscara
pode não ser facilmente identificada pelo inimigo e assim proporcionar
um completo ocultamento, quer do objeto, quer do despistamento.
b) Dissimulação
Consiste na aplicação ou colocação de material, especializado ou não,
sobre, acima ou em volta do objeto a camuflar, de modo a que pareça
fazer parte do meio ambiente. Seu exemplo clássico é o fuzileiro com
sua camuflagem individual.
c) Simulação
Consiste em dar a impressão da existência de equipagens e
instalações militares que na verdade inexistem.
Pode ser obtida pelo:
- disfarce, mudando-se a aparência dos objetos, seja para diminuir seu
valor tático (como, por exemplo, fazendo vagões de petróleo
parecerem vagões comuns), seja para elevar tal valor (como por
exemplo, fazendo viaturas não especializadas parecerem carros de
combate); e
- emprego de simulacros, imitando objetos ou instalações, (como por
exemplo, falsas posições de armas, postos de comando, depósitos,
etc.
18.3.2 - Exigências fundamentais da camuflagem
As exigências para o sucesso da camuflagem, relacionadas em ordem de
importância, são:
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 18-21 - REV 1
a) Escolha da posição
São observados os seguintes aspectos:
I) Missão
A localização deverá ser tal que as tropas que a ocupam possam
cumprir sua missão.
II) Acesso
Facilidade de acesso, sem formação de pistas denunciadoras durante
a ocupação, o fornecimento de alimentos e munição ou substituição
de pessoal.
III) Desenfiamento
Prevenção contra a observação terrestre e aérea do inimigo.
IV) Localização das instalações de serviços
Localização apropriada para as instalações de serviços, tais como
postos de socorro, depósitos de munição, áreas de estacionamento de
viaturas, etc. Essas instalações deverão ser posicionadas no terreno
de modo a ser facilmente camufladas e acessíveis, embora não tão
próximas umas das outras a ponto de denunciarem a posição como
um todo.
b) Disciplina de camuflagem
A disciplina de camuflagem tem dois propósitos:
- evitar qualquer modificação na aparência do terreno, por parte do
pessoal que o ocupa; e
- manter ou substituir o material da camuflagem periodicamente, a fim
de que se confunda constantemente com a vegetação natural.
c) Montagem
O material da camuflagem deverá ser montado de maneira que oculte
a forma, a sombra e o tamanho do objeto a ser camuflado, não possuir
forma regular ou sombra bem definida e esconder as pistas e pegadas
denunciadoras do pessoal que o montou.
d) Escolha do material
Para que a camuflagem seja eficaz, os materiais utilizados para esse
fim deverão confundir-se com o tipo de terreno adjacente no que refere
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 18-22 - REV 1
à textura, tonalidade e cor. Os materiais de camuflagem compreendem
as seguintes classes:
I) Material natural
Na guerra, apenas essa classe de material estará disponível em
quantidade suficiente para permitir um trabalho de camuflagem
eficiente. Inclui, geralmente, árvores, macegas, glebas, camada
superficial do solo e destroços encontrados nas proximidades. Sua
disponibilidade e emprego tornam a reprodução das formas locais,
texturas e cores relativamente fáceis, se utilizados e conservados
apropriadamente. Deve ser lembrado que macegas, folhagens e
capim, após serem cortados, murcharão e morrerão, com uma
modificação marcante em sua aparência, dentro de um período de
tempo relativamente curto. Novas folhagens e macegas deverão ser
cortadas para substituírem as existentes na camuflagem antes que
suas cores apresentem modificações. O material natural possui várias
vantagens sobre o artificial: iguala as cores e as texturas locais mais
fielmente; enquanto não murcha, é eficaz contra todos os tipos de
fotografia aérea, particularmente a infravermelha e em cores; e reduz a
quantidade de material de camuflagem a ser fornecido pela
retaguarda. Contudo, apresenta algumas desvantagens quando
comparado com o artificial, principalmente quando se leva em conta
que o trabalho tem de ser executado no local, o que impede a
preparação antecipada. Além disso, perde rapidamente suas
características e tem que ser substituído com freqüência.
II) Material artificial
Redes de camuflagem produzidas com tiras de pano, aniagem e
material similar ou qualquer outro item confeccionado pelo homem
poderá ser utilizado.
18.4 - DESTINO DO MATERIAL ESCAVADO
Em terreno comum, a cor e a tonalidade da terra escavada diferem da
existente na superfície; por essa razão deve ser manuseado de modo a não
denunciar a fortificação (Fig 18-18). Pode ter um dos seguintes destinos:
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 18-23 - REV 1
- formar um parapeito, se a parte superior do terreno tiver sido
cuidadosamente conservada para cobri-lo. Leivas, folhas e outros restos
vegetais apanhados sob arbustos ou árvores próximas são utilizados para
tornar o parapeito semelhante ao terreno circunvizinho;
Fig 18-18 - Manuseio do material escavado
- ser ocultado sob árvores ou em ravinas, tomando-se todas as precauções
para evitar a formação de trilhas denunciadoras; e
- ser aproveitado na construção de parapeitos de posições simuladas,
parcialmente camufladas.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 18-24 - REV 1
No inverno em áreas de clima temperado ou em terreno ártico, a neve
misturada com terra, retirada das escavações, deve ficar sob uma camada
de neve recente, que a camufle.
18.5 - DRENAGEM
A inexistência de uma drenagem adequada aumenta as provações das
tropas que ocupam os abrigos e o trabalho de manutenção dessas
fortificações. A drenagem, portanto, deve ser prevista para as águas da
chuva, da superfície e de infiltração. De um modo geral, uma pequena vala
de poucos centímetros de profundidade ao redor das escavações, coletará
as águas da superfície que queiram correr para o interior da fortificação. A
água que cai no interior da escavação ou que para seu interior se infiltra
através de suas paredes deverá ser esgotada por baldes, sifões ou bombas.
O declive do fundo do espaldão faz com que toda a água corra para a parte
mais baixa, de onde pode ser drenada facilmente. Obtém-se melhor proteção
colocando-se tábuas ou troncos de árvores no fundo das tocas ou espaldões.
18.6 - REVESTIMENTO
Em solos frouxos ou arenosos, poderá ser necessário o revestimento das
escavações para evitar desabamentos. Esses revestimentos deverão ser de
madeira, tela de arame, ramos de árvore, sacos de areia ou outro material
adequado. Quando necessário, as dimensões das escavações devem ser
ligeiramente modificadas para fornecer espaço a ser ocupado pelo
revestimento (Fig 18-19).
Fig 18-19 - Revestimento para escavações
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 18-25 - REV 1
18.7 - TETO
Os tetos proporcionam proteção complementar contra os arrebentamentos
tempo e percussão, e permitem aos ocupantes dos abrigos e espaldões
permanecerem em suas posições de tiro sob esses fogos. Nas posições
sumárias, a cobertura inicial dá proteção somente contra estilhaços e não
contra os impactos diretos de artilharia, bombas e foguetes. Tanto quanto a
situação permitir, essas posições sumárias devem ser reforçadas e
suplementadas com tetos mais resistentes.
Nessas posições, qualquer tipo de material resistente (portas, peças de ferro
galvanizado, chapas de blindagem de viaturas avariadas, caixotes ou
cunhetes de munição cheios de areia, pedra ou terra) pode servir de teto,
desde que observadas as técnicas de camuflagem. Em qualquer caso, se o
tempo, a situação e o material permitirem, o teto deve ser reforçado ou
melhorado, desde que não reduza a eficiência das condições de tiro e
apresente camuflagem adequada (Fig 18-20).
Fig 18-20 - Revestimento para tetos
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 19-1 - REV 1
CAPÍTULO 19
INTRODUÇÃO ÀS OPERAÇÕES ANFÍBIAS
19.1 - GENERALIDADES
Um ataque lançado do mar sobre litoral hostil ou potencialmente hostil é a
primeira idéia que se associa ao termo Operação Anfíbia (OpAnf). Esse
entendimento corresponde ao que se denomina Assalto Anfíbio (AssAnf) , a
modalidade mais completa de OpAnf.
Outras ações militares desencadeadas a partir do mar, que compreendem
conceitos e princípios aplicáveis ao AssAnf, constituem também
modalidades de OpAnf. Assim, por exemplo, um ataque de pequena
envergadura para destruir uma instalação, uma evacuação de tropas de um
litoral hostil e a simulação de um desembarque de uma força estão ligadas,
respectivamente, às modalidades Incursão, Retirada e Demonstração
Anfíbias.
Para a realização de uma OpAnf são requeridas tropas especializadas e
especialmente treinadas. A maioria dos ensinamentos difundidos aos
componentes do CFN visa, basicamente, ao preparo para essas operações.
19.2 - CONCEITOS BÁSICOS
19.2.1 - Modalidades
Operações anfíbias é a expressão genérica que abrange determinadas
modalidades de ações que são desencadeadas do mar, por uma Força-
Tarefa Anfíbia (ForTarAnf), contra uma costa hostil ou potencialmente
hostil, ou em favor de forças amigas, localizadas em uma costa inimiga
que necessitem ser evacuadas. Compreende as seguintes modalidades:
assalto, retirada, demonstração e incursão anfíbias.
a) Assalto Anfíbio (AssAnf)
Ataque lançado do mar por uma ForTarAnf, caracterizado pelos
esforços integrados de forças treinadas, organizadas e equipadas para
diferentes atividades de combate, a fim de, mediante um desembarque,
estabelecer firmemente uma Força de Desembarque (ForDbq) em
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 19-2 - REV 1
terra. Tal desembarque é executado por meios de superfície e/ou
aéreos e apoiado por meios navais e/ou aéreos.
b) Incursão Anfíbia (IncAnf)
Operação realizada, geralmente, por Força de pequena envergadura,
envolvendo uma rápida penetração ou a ocupação temporária de um
objetivo em terra, seguida de uma retirada planejada.
e) Demonstração Anfíbia (DemAnf)
Ação diversionária, consistindo na realização parcial de um AssAnf ou
IncAnf, com a participação ou não de uma ForDbq.
d) Retirada Anfíbia (RdaAnf)
Modalidade de OpAnf que consiste na evacuação ordenada e
coordenada de forças de um litoral hostil, por meio de navios,
embarcações e/ou aeronaves embarcadas.
19.2.1 - Organização, comando e controle
Os meios navais, aeronavais e de fuzileiros navais empregados como um
todo numa OpAnf constituem a ForTarAnf. Dentro dela, as tropas, seus
equipamentos, viaturas, carros de combate, etc., formam um grupamento
operativo denominado ForDbq. A ForTarAnf e a ForDbq são organizadas,
no que se refere à composição dos meios, visando a execução das tarefas
que possibilitarão o cumprimento da missão.
O Comandante da ForTarAnf (ComForTarAnf) é um oficial do Corpo da
Armada especialmente designado para conduzir a OpAnf e que tem sob
sua responsabilidade uma área geográfica, a Área do Objetivo Anfíbio
(AOA), na qual tem autoridade para controlar todas as atividades das
forças amigas, caso afetem a(s) operação(ões) a seu cargo.
O Comandante de Força de Desembarque (ComForDbq) é um oficial do
Corpo de Fuzileiros Navais, também especialmente designado, que tem a
seu cargo, a partir do desembarque, o desencadeamento das ações sobre
os objetivos terrestres que estão localizados no interior da AOA.
19.2.3 - Fases das operações anfíbias
As fases aqui relacionadas se referem ao AssAnf. Entretanto, os conceitos
e princípios são aplicáveis, também, às outras modalidades de OpAnf.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 19-3 - REV 1
a) Planejamento
Corresponde ao período decorrido desde a expedição da ordem para a
realização da OpAnf até o embarque dos meios.
b) Embarque
Compreende o período durante o qual as tropas, com seus
equipamentos e suprimentos, são embarcadas nos navios previamente
designados. Essa fase estará terminada com a partida dos navios, ou
seja, com o início da travessia.
c) Ensaio
É o período durante o qual a operação é ensaiada. Ocorre,
normalmente, durante a travessia.
d) Travessia
A travessia envolve o movimento de uma ForTarAnf desde os pontos de
embarque até os postos ou áreas previstas dentro da Área de
Desembarque (ADbq).
e) Assalto
Corresponde ao período entre a chegada da ForTarAnf à ADbq e o
término da OpAnf, compreendendo o Movimento Navio-para-Terra
(MNT) e as ações em terra.
19.2.4 - Meios empregados
A realização de uma OpAnf, além da mobilização de pessoal, implica na
disponibilidade de meios navais, terrestres e aéreos. Devido às suas
peculiaridades, ao longo do tempo buscou-se a construção de meios que
atendessem especificamente às suas necessidades. Isso acarretou o
surgimento de meios próprios para o transporte de tropa, desembarque
de carros de combate, transporte de embarcações de desembarque,
além de viaturas anfíbias, etc. No acervo da Marinha do Brasil (MB),
conta-se com alguns dos meios mais modernos, os quais são
apresentados nas figuras a seguir:
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OSTENSIVO - 19-4 - REV 1
Fig 19-1 - Navio de Desembarque deCarros de Combate - NDCC
Fig 19-2 - Navio de Desembarque Doca- NDD
Fig 19-3 - Embarcação de Desembar-que de Carga Geral - EDCG
Fig 19-4 - Carro Lagarta Anfíbio -CLAnf
19.2.5 - Movimento Navio-para-Terra
É a etapa da fase do assalto que compreende o movimento ordenado de
tropas, equipamentos e suprimentos dos navios de assalto para as
praias e/ou zonas de desembarque selecionadas na ADbq.
Ele pode ser por superfície ou por helicópteros.
19.3 - VIDA A BORDO
O embarque de fuzileiros navais (FN) em navios da MB, especialmente para
a realização de uma OpAnf, exige certos cuidados com relação à adaptação
a bordo durante a fase da travessia.
O planejamento, a execução, o controle das atividades relativas ao embarque
e à vida da tropa a bordo são regidos por documentos expedidos por diversos
comandos.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 19-5 - REV 1
Desse modo, o FN deverá estar familiarizado com alguns dos preceitos
veiculados nesses expedientes, especialmente a organização interna
administrativa, e com as peculiaridades da vida a bordo do navio no qual irá
embarcar.
19.3.1 - Atividades a bordo
Normalmente, os Comandantes de navios da MB estabelecem normas de
conduta para a tropa embarcada, as quais serão disseminadas a todos na
primeira oportunidade.
Numa OpAnf, a participação da tropa durante a travessia deve limitar-se às
atividades que não interfiram com a operação do navio. Além de reuniões
preparatórias e de críticas, todos os comandos envolvidos na operação
realizam um acompanhamento da situação, particularmente em função
dos conhecimentos mais recentemente obtidos da área de operações.
Assim, é elaborado um programa de treinamento para a tropa, que prevê,
habitualmente, as seguintes instruções:
- vida a bordo, tradições marinheiras e fainas de emergência;
- treinamento físico;
- exercícios de transbordo;
- manutenção e teste de equipamentos e armamentos; e
- exercícios de postos de abandono, de homem ao mar e de combate.
São também programadas:
- inspeções; e
- aprestamento quanto à missão e ao emprego da tropa, incluindo-se o tiro
com armas portáteis. Esses tiros serão limitados à verificação e à
ajustagem das armas, e deverão ser rigorosamente supervisionados, de
forma a garantir a observância de todas as medidas de segurança, em
especial aquelas relacionadas aos outros navios do comboio.
a) Fainas de emergência
As fainas de emergência são sempre anunciadas pelo soar de um
alarme seguido de aviso pelo fonoclama. O seu atendimento deverá ser
feito por todo pessoal embarcado, no menor tempo possível,
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 19-6 - REV 1
obedecendo-se, rigorosamente, às regras de trânsito estabelecidas
para cada navio.
Geralmente os navios dispõem dos seguintes sinais de alarme: geral,
colisão, ataque químico e "crash" de aeronave.
O adestramento para essas fainas, bem como para as de homem ao
mar e abandono do navio, deverá ter início, sempre que possível, assim
que a tropa embarcada já estiver alojada.
I) Postos de Combate
Ao soar o alarme geral seguido do aviso, pelo fonoclama,
GUARNECER POSTOS DE COMBATE, todos os elementos da tropa
deverão se dirigir para os locais previamente designados, vestindo
seus coletes salva-vidas, onde receberão ordens especiais.
II) Incêndio e alagamento
Ao soar o alarme geral seguido do aviso, pelo fonoclama, do local do
incêndio ou do alagamento, de imediato será tocado POSTOS DE
COMBATE. Todos os elementos da tropa deverão se concentrar nos
locais previamente designados, vestindo seus coletes salva-vidas, e
aguardar as ordens. Sempre que qualquer elemento da tropa perceber
fumaça, início de incêndio ou entrada de água em qualquer parte do
navio, deverá comunicar imediatamente tal fato ao oficial de quarto,
que se encontra no passadiço do navio.
III) Postos de colisão
Ao soar o alarme de colisão, seguido do aviso, pelo fonoclama, do
local onde ocorreu o abalroamento, todos os elementos da tropa
deverão se concentrar nos locais previamente designados, vestindo
seus coletes salva-vidas. Em seguida poderá ser tocado POSTOS DE
ABANDONO, conforme a situação.
IV) Homem ao mar
Como regra geral, todo aquele que observar a queda de um elemento
ao mar deverá anunciar, rapidamente, HOMEM AO MAR, indicando o
local da queda - POR BORESTE, POR BOMBORDO, PELA PROA ou
PELA POPA. Qualquer um que tenha percebido o fato também deverá
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 19-7 - REV 1
lançar bóias salva-vidas. O brado HOMEM AO MAR deverá ser
amplamente disseminado até que seja assegurado que o oficial de
quarto, no passadiço, tenha conhecimento do ocorrido. Ao ser ouvido
o aviso de HOMEM AO MAR, seguido de vários apitos curtos do navio,
todos os elementos da tropa devem se dirigir para o local de PARADA.
O mais antigo presente deverá verificar a presença e encaminhar as
faltas ao passadiço, por meio de mensageiro, no menor tempo
possível. O oficial de quarto deverá ser realimentado no que concerne
à atualização da lista que lhe foi inicialmente enviada, incluindo-se,
necessariamente, o pessoal que chegou atrasado.
V) Postos de abandono
A tropa deverá ser instruída perfeitamente quanto ao procedimento
para o abandono do navio. Ao embarcar, ela já deverá ter
conhecimento de seus postos nas diversas estações de abandono e
das balsas salva-vidas, e saber localizá-las. Ao ser determinado
GUARNECER POSTOS DE ABANDONO, a tropa deverá:
(a) vestir os coletes salva-vidas;
(b) verificar se está portando seu cantil cheio;
(c) encaminhar-se, rapidamente, para seu posto de abandono,
obedecendo as regras de trânsito a bordo;
(d) concentrar-se nas estações de abandono, com disciplina;
(e) aguardar ordem para abandonar o navio; e
(f) efetuar a verificação de presença e encaminhar as faltas ao
passadiço.
Os elementos hospitalizados que se encontrarem nas enfermarias ou
nos camarotes, deverão ser encaminhados para as baleeiras/lanchas
pelo pessoal do serviço de saúde.
Os navios da MB possuem balsas pneumáticas, como a mostrada a
seguir, localizadas nos conveses e dispostas de modo a serem
lançadas ao mar com relativa facilidade. Geralmente os postos de
abandono ficam próximos a essas balsas infláveis.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 19-8 - REV 1
Elas são equipadas com artigos e equipamentos de sobrevivência, tais
como: ração, água potável, apito, pirotécnicos, etc.
Fig 19-5 - Balsa pneumática auto-inflável
19.3.2 - Pelotão do Navio
Constituido por parcela dos elementos que fazem parte do Destacamento
Precursor de uma tropa que embarca, é a organização por tarefas
designada para carregar e descarregar o navio.
19.3.3 - Conduta a Bordo
As instruções para a tropa embarcada conterão as normas de conduta a
serem observadas a bordo. Essas normas não podem ser padronizadas,
tendo em vista as peculiaridades de cada navio. Assim, como orientação
geral, são listados, a seguir, os assuntos para os quais deve haver o
detalhamento necessário nas instruções de cada navio. Esse rol pode ser
acrescido dos aspectos que cada navio julgar conveniente divulgar à tropa.
a) Água potável
A disponibilidade de água doce a bordo é geralmente restrita. Os
horários para utilização de água constarão da rotina divulgada nos
quadros de avisos da tropa. O consumo excessivo de água doce poderá
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 19-9 - REV 1
acarretar o racionamento. Ressalte-se que o maior consumo é no banho,
seguido da lavanderia e preparo do rancho.
b) Alojamento
Os elementos da tropa serão distribuídos pelos diversos camarotes e
cobertas, de acordo com o previsto no Plano de Embarque, estando essa
informação registrada em seu cartão de embarque. Guias serão
utilizados para conduzir o pessoal para esses locais. Na entrada de cada
coberta será afixado um diagrama com a localização e o número dos
beliches. O pessoal da tropa que desempenhar função especial a bordo,
tal como de rancho, será alojado em áreas determinadas em cada
compartimento da tropa ou, se possível, em uma área separada. Tal
medida facilitará a rendição do serviço em qualquer situação.
c) Bar e cantina
A tropa poderá utilizar as facilidades de bar e cantina de bordo mediante
pagamento à vista, de acordo com os horários disseminados nos
quadros de avisos. É expressamente proibido o embarque de bebidas
alcoólicas de qualquer espécie.
d) Barbearia
A tropa deverá embarcar o número de barbeiros que julgar conveniente
para atender ao seu pessoal. O local do navio a ser utilizado como
barbearia deverá ser divulgado oportunamente.
e) Colete salva-vidas
Cada elemento da tropa, ao embarcar, receberá um colete salva-vidas
semelhante ao da figura a seguir, o qual ficará sob a sua
responsabilidade, normalmente, amarrado ao seu beliche.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 19-10 - REV 1
Figura 19-6 - Colete salva-vidas
Procedimentos inadequados, tais como a utilização sob a forma de
travesseiros ou almofadas, prejudicam as condições de flutuabilidade
desse importante item da equipagem de segurança
f) Detalhe de serviço
Elementos da tropa serão escalados para os diversos serviços a bordo
logo após o embarque dos primeiros militares, tanto para as pernadas da
travessia quanto para os portos de escala. Diariamente será elaborado
um detalhe de serviço no qual constarão todos os serviços atribuídos à
tropa com o nome e o número do pessoal detalhado, e o local em que se
encontra alojado.
g) Disciplina
O pessoal da tropa, enquanto embarcado, ficará sujeito às disposições
regulamentares concernentes ao serviço e à disciplina do navio. As
penas disciplinares ao pessoal da tropa serão impostas, a priori, pelo
Comandante do navio.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 19-11 - REV 1
h) Equipamentos
Freqüentes inspeções deverão ser levadas a efeito com relação à guarda
e à arrumação dos equipamentos e roupas nos compartimentos
utilizados pela tropa, com a finalidade de manter as condições de
limpeza, arrumação e cumprimento das ordens internas do navio. Os
sacos de viagem ou bolsas de campanha deverão ser mantidos
fechados, com cadeados, junto às camas ou macas.
i) Cartão de embarque
Cada FN deverá portar dois cartões de embarque. Um a ser entregue ao
embarcar e outro para ficar em seu poder.
Fig 19-7 - Cartão de embarque
j) Fonoclama
Todas as ordens de caráter geral destinadas ao pessoal da tropa serão
anunciadas pelo fonoclama precedidas da expressão PARA TROPA ou
DA TROPA.
k) Formatura e postos
Os locais para a formatura e guarnecimento dos postos de abandono,
colisão e incêndio serão previamente determinados e constarão do
cartão de embarque.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 19-12 - REV 1
l) Fumo
Não é permitido fumar nas cobertas, banheiros e sanitários durante as
fainas de emergência e quando em postos de vôo nos locais
disseminados pelo fonoclama. Só é permitido fazê-lo nos conveses e
compartimentos abertos onde não existam substâncias inflamáveis.
m) Inspeção
Por ocasião do cumprimento da rotina do navio e ao toque de
INSPEÇÃO, todos os elementos da tropa deverão se dirigir às cobertas e
permanecer ao lado de seus respectivos beliches, a exceção daqueles
com incumbências fixas, que deverão se dirigir para seus locais de
trabalho. Os oficiais da tropa inspecionarão os setores sob suas
responsabilidades. O pessoal de serviço no horário deverá permanecer
em seu posto.
n) Lavanderia
A lavagem de roupa só poderá ser executada na lavanderia do navio nos
dias previamente estabelecidos. A tropa fornecerá pessoal para esse
serviço enquanto permanecer a bordo.
o) Licenciamento
Os horários de licenciamento e regresso para bordo serão determinados
pelo Comandante do navio e devem ser rigorosamente obedecidos.
p) Navegação às escuras
Em certas situações, poderá ser determinado ao navio navegar às
escuras. Nessa ocasião é proibido exibir luzes de qualquer espécie,
inclusive as de cigarros acesos, "flash" de câmeras fotográficas, bem
como abrir vigias e portas que não disponham de dispositivos de
apagamento automático de luzes.
q) Parada
O Imediato da tropa deverá comparecer a PARADA onde receberá as
ordens do Imediato do navio a serem transmitidas para a tropa.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 19-13 - REV 1
r) Plano do dia
O Imediato do navio publicará, diariamente, o Plano do Dia. Caberá ao
Imediato da tropa, na véspera, solicitar a publicação de tópicos de
interesse para a tropa nesse documento.
s) Quadro de avisos
Para divulgação das ordens de interesse da tropa poderá haver um
quadro de avisos exclusivo para a tropa.
t) Rancho
Os locais de rancho serão informados à tropa por ocasião do embarque.
A rotina de bordo estabelecerá os diversos horários de rancho. O oficial
de serviço da tropa é o responsável pela fiscalização da rotina, horário,
acesso e disciplina da tropa no rancho.
u) Recreação
No horário de recreação é permitido o uso de rádio, jogos que não sejam
os de azar e outras distrações. É expressamente proibido o uso de
baralho e apostas a dinheiro. O banho de sol só será permitido após
divulgado em fonoclama.
v) Secretaria da tropa
De acordo com as possibilidades do navio, será destinado um
compartimento para instalar uma secretaria para a tropa. Todo
expediente referente à tropa deverá convergir para esse local.
Normalmente na secretaria trabalharão o Oficial de Pessoal, o
Sargenteante Geral da Tropa, escreventes e outros auxiliares.
O Sargenteante Geral da Tropa embarcada executará, dentre outras, as
seguintes tarefas na secretaria:
- controle de efetivos;
- confecção do detalhe de serviço;
- expedição de documentos administrativos;
- elaboração da relação de pessoal; e
- controle dos cartões de embarque.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - 19-14 - REV 1
w) Serviço de saúde
O Oficial de Saúde da tropa poderá utilizar as facilidades médicas do
navio para o tratamento da tropa e para as revistas médicas. Enfermeiros
da tropa serão utilizados para suplementar o pessoal de saúde do navio.
A revista médica ocorrerá diariamente no horário estabelecido na rotina.
x) Trânsito a bordo
É regido pelas seguintes normas gerais:
1) no sentido da proa à popa, por bombordo (BB); e
2) no sentido da popa à proa, por boreste (BE).
As setas indicativas nas anteparas devem ser obedecidas.
Não é permitido estacionar nas escadas e corredores. Alguns navios,
pelas suas características (as vezes um só corredor por um dos bordos),
possuem regras de trânsito próprias. Ex: Fragatas.
y) Armas portáteis
Durante as travessias, as armas portáteis e a munição da tropa deverão
ser recolhidos à escoteria e aos paióis (da tropa). A faina de
recolhimento deverá ser feita logo após o embarque, assim que a
situação o permita.
z) Uniformes
Os uniformes de porto e de viagem deverão corresponder, sempre que
viável, aos utilizados pela tripulação do navio. O Plano do Dia do navio
disseminará os uniformes a serem usados.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - A-1 - REV 1
ANEXO A
LISTA DE ANEXOS
ANEXO A - Lista de Anexos
ANEXO B - Hino Nacional Brasileiro
ANEXO C - Hino à Bandeira Nacional
ANEXO D - Hino da Independência do Brasil
ANEXO E - Canção dos Fuzileiros Navais - “Na Vanguarda”
ANEXO F - Hino ao Fuzileiro Naval do Brasil - “Regimento Naval”
ANEXO G - Canção do Marinheiro - “Cisne Branco”
ANEXO H - Canção Soldado da Liberdade
ANEXO I - Canção Fibra de Herói
ANEXO J - Lista de Siglas e Abreviaturas
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - B-1 - REV 1
ANEXO B
HINO NACIONAL
LETRA: JOAQUIM OSÓRIO DUQUE ESTRADA
MÚSICA: FRANCISCO MANUEL DA SILVA
Ouviram do Ipiranga às margens plácidasDe um povo heróico o brado retumbante,E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos,Brilhou no céu da Pátria nesse instante.
Se o penhor dessa igualdadeConseguimos conquistar com braço forteEm teu seio, oh liberdade,Desafia o nosso peito a própria morte!
Oh pátria amada,Idolatrada,Salve! salve!
Brasil, um sonho intenso, um raio vívidoDe amor e de esperança à terra desce,Se em teu formoso céu, risonho e límpido,A imagem do Cruzeiro resplandece.
Gigante pela própria natureza,És belo, és forte, impávido colosso,E o teu futuro espelha essa grandeza
Terra adorada,Entre outras mil,És tu, Brasil,Oh pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,Pátria amada,Brasil!
Deitado eternamente em berço esplêndido,Ao som do mar e à luz do céu profundo,Fulguras, oh Brasil, florão da América,Iluminado ao sol do Novo Mundo!
Do que a terra mais garrida
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - B-2 - REV 1
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores,“Nossos bosques têm mais vida”,“Nossa vida” no teu seio “mais amores”!
Oh pátria amada,Idolatrada,Salve! salve!
Brasil, de amor eterno seja símboloO lábaro que ostentas estrelado,E diga o verde-louro desta flâmula- Paz no futuro e glória no passado.
Mas se ergues da justiça a clava forte,Verás que um filho teu não foge à luta,Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada,Entre outras mil,És tu, Brasil,Oh pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,Pátria amada,Brasil!
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - C-1 - REV 1
ANEXO C
HINO À BANDEIRA NACIONAL
LETRA: OLAVO BILAC
MÚSICA: FRANCISCO BRAGA
Salve, lindo pendão da Esperança!Salve, símbolo augusto da paz!Tua nobre presença a lembrançaA grandeza da pátria nos traz.
Em teu seio formoso retratasEste céu de puríssimo azul,A verdura sem par destas matas,E o esplendor do Cruzeiro do Sul...
Contemplando o teu vulto sagrado,Compreendemos o nosso dever;E o Brasil, por seus filhos amado,Poderoso e feliz há de ser.
Sobre a imensa Nação Brasileira,Nos momentos de festa ou de dor,Paira sempre, sagrada bandeira,Pavilhão da justiça e do Amor!.
ESTRIBILHO
Recebe o afeto que se encerra.Em nosso peito varonilQuerido símbolo da terra,Da amada terra do Brasil!
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - D-1 - REV 1
ANEXO D
HINO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
LETRA: EVARISTO DA VEIGA
MÚSICA: D. PEDRO I
I
Já podeis, da Pátria filhos,Ver contente a mãe gentil;Já raiou a liberdadeNo Horizonte do BrasilJá raiou a liberdadeJá raiou a liberdadeNo Horizonte do Brasil.
ESTRIBILHO
Brava gente brasileira!Longe vá, temor servilOu ficar a Pátria livreOu morrer pelo Brasil:Ou ficar a Pátria livreOu morrer pelo Brasil:
II
Os grilhões que nos forjavaDa perfídia astuto ardil...Houve mão mais poderosa...Zombou dêles o BrasilHouve mão mais poderosaHouve mão mais poderosaZombou dêles o Brasil.
ESTRIBILHOBrava gente brasileira! etc.
III
Não temais ímpias falangesQue apresentam face hostil:Vossos peitos, vossos braços.São muralhas do BrasilVossos peitos, vossos braços
Vossos peitos, vossos braços
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - D-2 - REV 1
São muralhas do Brasil.
ESTRIBILHOBrava gente brasileira! etc.
IVParabéns, O! brasileiros!Já, com garbo varonil,Do Universo entre as naçõesResplandece a do BrasilDo Universo entre as naçõesDo Universo entre as naçõesResplandece a do Brasil.
ESTRIBILHOBrava gente brasileira! etc.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - E-1 - REV 1
ANEXO E
CANÇÃO DOS FUZILEIROS NAVAIS - "NA VANGUARDA"
LETRA: PROF. JOÃO DE CAMARGO
MÚSICA: TEN. LUIZ CANDIDO DA SILVEIRA
Sentinela e falange aguerrida,
Na vanguarda, empunhando o fuzil, BIS
Pela Pátria é que damos a vida,
Fuzileiros Navais do Brasil.
Fuzileiros do mar e de terra,
Defensores da grande Nação, BIS
Vigilantes, na paz e na guerra,
Na vanguarda, com as armas na mão.
Na peleja, ao fragor da metralha,
Na vanguarda, que é honra e dever,
Fuzileiros, no ardor da batalha,
Saberemos lutar e vencer...
Na peleja, ao fragor da metralha,
Na vanguarda, que é honra e dever,
Saberemos no fim da batalha,
Fuzileiros... Vencer ou morrer!
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - F-1 - REV 1
ANEXO F
HINO AO FUZILEIRO NAVAL DO BRASIL - “REGIMENTO NAVAL”
LETRA E MÚSICA: THIERES CARDOSO
Fuzileiro Naval do Brasil
Garboso desfraldando esta Bandeira
Com a glória do passado e do presente
Orgulha a Nação Brasileira
Fuzileiro Naval do Brasil
Garboso desfraldando esta Bandeira
Agita a Pátria inteira
Com o brado varonil: Viva o Brasil
Toda nossa vida é consagrada
A esta terra, idolatrada
E o nosso peito valoroso na trincheira
Para a defesa desta Bandeira
Toda a nossa vida é consagrada
A esta terra, idolatrada
E o nosso peito valoroso na trincheira
Para defesa heróica
Desta Bandeira
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - G-1 - REV 1
ANEXO G
CANÇÃO DO MARINHEIRO - “CISNE BRANCO”
LETRA: ANTONIO MANOEL DO ESPÍRITO SANTO
MÚSICA: BENEDITO XAVIER MACEDO
I
Qual cisne branco que em noite de lua,Vai deslizando num lago azul,O meu navio também flutuaNos verdes mares de Norte a Sul,Linda galera, que em noite apagada,Vai navegando num mar imenso,Nos traz saudades da terra amada,Da Pátria minha em que tanto penso.
II
Qual linda garçaque aí vai cruzando os ares,Vai navegandoSob um belo céu de anil,A minha galeraTambém vai cruzando os mares,Os verdes maresOs mares verdes do Brasil.
III
Quanta alegria nos traz a voltaA nossa Pátria do coraçãoDada por finda nossa derrota,Temos cumprido nossa missãoLinda galera, que em noite apagadaVai navegando no mar imenso,Nos traz saudades da terra amadaDa Pátria minha em que tanto penso.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - H-1 - REV 1
ANEXO H
CANÇÃO SOLDADO DA LIBERDADE
LETRA E MÚSICA: LUIZ FELIPE MAGALHÃES
Somos fortes, valentes guerreiros,
Combatentes de armas na mão!
Da Marinha, leais fuzileiros,
Defensores do augusto pendão!
Sentinelas de terra e dos mares
Nossa vida é combate viril!
Tendo em mente os heróis militares
Que tombaram em prol do Brasil!
Soldados da liberdade!
Lutemos que o combate é nossa vida,
Defendamos a integridade
Da pátria brasileira estremecida!
Fuzileiros de terra e do mar!
Temos sempre em mira o canhão
Pelo nobre ideal de lutar
Para glória do auri-verde pavilhão!
Desde os tempos remotos da história
O Brasil canta os feitos navais,
Para nós é orgulho, é glória,
Sempre ouvimos na guerra ou na paz
Quem são estes vibrantes guerreiros
Estes homens valentes quem são?
Da Marinha, leais fuzileiros,
Combatentes de armas na mão!
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - I-1 - REV 1
ANEXO I
CANÇÃO FIBRA DE HERÓI
LETRA E MÚSICA: GUERRA PEIXE
Se a Pátria querida
For envolvida
Pelo perigo
Na paz ou na guerra
Defende a terra
Contra o inimigo
Com ânimo forte
Se for preciso
Enfrenta a morte
Afronta se lava
Com fibra de Herói
De gente brava
Bandeira do BRASIL,
Ninguém te manchará,
Teu povo varonil,
Isso não consentirá
Bandeira idolatrada,
Altiva a tremular
Onde a liberdade
É mais uma estrela
A brilhar.
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - J-1 - REV 1
ANEXO J
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AC - Aptidão para a Carreira
AIDS - "Adquired Imune Deficiency Sindrome", que se traduz por
Síndrome da Imuno Deficiência Adquirida (Em português
também se pode falar SIDA)
AMC - Aptidão Média para a Carreira
AssAnf - Assalto Anfíbio
BFNIF - Base de Fuzileiros Navais da Ilha das Flores
BFNIG - Base de Fuzileiros Navais da Ilha do Governador
BiaArtAAe - Bateria de Artilharia Antiáerea
BtlArtFuzNav - Batalhão de Artilharia de Fuzileiros Navais
BtlEngFuzNav - Batalhão de Engenharia de Fuzileiros Navais
BtlInfFuzNav - Batalhão de Infantaria de Fuzileiros Navais
BtlLogFuzNav - Batalhão Logístico de Fuzileiros Navais
BtlNav - Batalhão Naval
BtlOpEspFuzNav - Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais
BtlVtrAnf - Batalhão de Viaturas Anfíbias
Cal - Calibre
CADIM - Centro de Adestramento da Ilha da Marambaia
CA - Corpo da Armada
C-AEM - Curso de Altos Estudos Militares
C-Ap - Curso de Aperfeiçoamento
C-ApA - Curso de Aperfeiçoamento Avançado
CB - Cabo
C-EMOI - Curso de Estado-Maior para Oficiais Intermediários
C-EMOS - Curso de Estado-Maior para Oficiais Superiores
C-Esp - Curso Especial
C-Espc - Curso de especialização
CFN - Corpo de Fuzileiros Navais
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - J-2 - REV 1
C-FSG - Curso de Formação de Sargentos
CGCFN - Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais
CiaCC - Companhia de Carros de Combate
CiaCom - Companhia de Comunicações
CiaGE - Companhia de Guerra Eletrônica
CIAMPA - Centro de Instrução Almirante Milcíades Portela Alves
CiaPol - Companhia de Polícia
CIASC - Centro de Instrução Almirante Sylvio de Camargo
CMatFN - Comando do Material de Fuzileiros Navais
Cmdo - Comando
cm - Centímetro
COMCONTRAM - Comando do Controle Naval de Tráfego Marítimo
ComemCh - Comando-em-Chefe da Esquadra
ComFFE - Comandante da Força de Fuzileiros da Esquadra
ComGer - Comandante-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais
ComOpNav - Comando de Operações Navais
CON - Comandante de Operações Navais
C-PEM - Curso de Política e Estratégia Marítimas
CPCFN - Corpo de Praças do CFN
CPesFN - Comando do Pessoal de Fuzileiros Navais
CPM - Código Penal Militar
CPO - Comissão de Promoção de Oficiais
CPP - Comissão de Promoção de Praças
CPPM - Código de Processo Penal Militar
C-QFT - Curso de Qualificação para Funções Técnicas
C-QTE - Curso de Qualificação Técnica Especial
CRepSupEspCFN- Centro de Reparos e Suprimentos Especiais do Corpo de
Fuzileiros Navais
C-Sup - Curso Superior
C-Subespc - Curso de Subespecialização
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - J-3 - REV 1
dam - Decâmetro
DEnsM - Diretoria de Ensino da Marinha
DGMM - Diretoria-Geral do Material da Marinha
DGN - Diretoria-Geral de Navegação
DGPM - Diretoria-Geral do Pessoal da Marinha
DivAnf - Divisão Anfíbia
DN - Distrito Naval
EAD - Escala de Avaliação de Desempenho
EIBC - Equipagem individual básica de combate
EIP - Equipagem individual para pistola
EISC - Equipagem individual suplementar de combate
EMA - Estado-Maior da Armada
EspMil - Espingarda militar
FAIBRAS - Destacamento Brasileiro da Força Interamericana de Paz em
São Domingos
FA - Força Armada
FAO - Folha de Avaliação de Oficiais
FAC - Folha de Avaliação Complementar
FAL - Fuzil automático leve
FAP - Fuzil automático pesado
FFE - Força de Fuzileiros da Esquadra
FIP - Força Interamericana de Paz
FIS - Folha de Informação de SO e SG
FM - Fuzil metralhador
FN - Fuzileiro Naval
Fz - Fuzil
FzAss - Fuzil de Assalto
GptFN - Grupamento de Fuzileiros Navais
GptFNB - Grupamento de Fuzileiros Navais de Brasília
GptFNBe - Grupamento de Fuzileiros Navais de Belém
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - J-4 - REV 1
GptFNLa - Grupamento de Fuzileiros Navais de Ladário
GptFNMa - Grupamento de Fuzileiros Navais de Manaus
GptFNNa - Grupamento de Fuzileiros Navais de Natal
GptFNRG - Grupamento de Fuzileiros Navais do Rio Grande
GptFNRJ - Grupamento de Fuzileiros Navais do Rio de Janeiro
GptFNSa - Grupamento de Fuzileiros Navais de Salvador
GptOpFuzNav - Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais
hm - Hectômetro
kg - Quilograma
km - Quilômetro
L - Leste
LAADA - Limite Anterior da Área de Defesa Avançada
LGr - Lança-granada
LRM - Lei de Remuneração dos Militares
LRoj - Lança-rojão
m - Metro
MAG - Metralhadora a gás
MB - Marinha do Brasil
MM - Ministro da Marinha
mm - Milímetro
Mrt - Morteiro
Mtr - Metralhadora
N - Norte
NDD - Navio de Desembarque Doca
NDCC - Navio de Desembarque de Carros de Combate
NG - Norte Geográfico
NM - Norte Magnético
NQ - Norte da Quadrícula
NTrT - Navio Transporte de Tropas
NV - Norte Verdadeiro
OSTENSIVO CGCFN-1101
OSTENSIVO - J-5 - REV 1
O - Obuseiro/Oeste
ODG - Órgão de Direção-Geral
ODS - Órgão de Direção Setorial
Of - Oficial
OGSA - Ordenança Geral para o Serviço da Armada
OM - Organização Militar
ONU - Organização das Nações Unidas
OpAnf - Operação Anfíbia
OpRib - Operação Ribeirinha
OT - Organização do Terreno
PCOM - Plano de Carreira de Oficiais da Marinha
PCPM - Plano de Carreira de Praças da Marinha
PSO - Plano de Segurança Orgânica
Pst - Pistola
QM - Ângulo entre o norte da quadrícula e o norte magnético
RDM - Regulamento Disciplinar para a Marinha
RPPM - Regulamento de Promoção de Praças da Marinha
RUMB - Regulamento de Uniformes da Marinha
S - Sul
SAM - Serviço Ativo da Marinha
SD - Soldado
SG - Sargento
SGM - Secretaria-Geral da Marinha
SMtr - Submetralhadora
SO - Suboficial
STF - Supremo Tribunal Federal
Ton - Tonelada
TAF - Teste de Avaliação Física
TFM - Treinamento Físico-Militar
tpm - tiros por minuto