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1 GESTÃO CONTABIL AMBIENTAL COMO ESTRATÉGIA COMPETITIVA NO FRIGORIFICO – ABATE DE SUINOS DE PEQUENO PORTE Adriely Camparoto Brito RESUMO A presente pesquisa teve como objetivo analisar as atuações do frigorífico – abate de suínos de pequeno porte do município de Sinop, em relação ao meio ambiente, em seu processo de gestão, estando entrelaçado ao problema que consiste em como a referida empresa realiza esse processo. A concretização do estudo deu-se por meio de pesquisa bibliográfica e empírica, onde a primeira descreve sobre os principais aspectos sócio-econômicos voltados ao meio ambiente, sendo de fundamental relevância para solidificação da segunda etapa do estudo, que por sua vez, possibilitou o conhecimento das atuações da empresa em prol da minimização dos impactos ambientais. Com a realização do estudo de caso, constatou-se que a empresa preocupa-se com a agressão ambiental gerada em seu ciclo operacional, encontrando na plantação de eucalipto um meio para reaproveitamento dos resíduos gerados em todas as etapas da produção. Entretanto, segure-se a implantação de um sistema de Gestão Ambiental para que esta possa ter melhor conhecimento e controle dos custos gerados, viabilizando o redirecionamento de estratégias do negócio, bem como possibilitando a geração de um ciclo de lucros saudáveis, contribuindo para a continuidade e expansão da empresa. 1 INTRODUÇÃO O atual cenário mundial, caracterizado pela globalização da economia e percepção da necessidade de responsabilidade sócio-ambiental, exige das organizações um elevado grau de capacidade de absorção dos recursos escassos disponíveis, e quando se trata da questão ambiental, o maior desafio é o de compatibilizar crescimento econômico com a preservação do meio ambiente. Nesse contexto dinâmico, as pequenas indústrias que almejam expansão e continuidade no mercado globalizado, necessitam direcionar suas estratégias para a variável ambiental, tanto a fim de obter vantagem competitiva como para atender as especificações relacionadas ao meio ambiente, decorrentes de órgãos governamentais e não governamentais de nível nacional e internacional. Em razão disso a Contabilidade Ambiental vem para agregar benefícios às organizações e à sociedade, ajudando a classe empresarial a implementar em sua gestão a variável ambiental, e posteriormente evidenciar os eventos ambientais que causaram modificações na situação patrimonial em determinado momento, através de informações econômicas e financeiras regulares aos seus mais diversos usuários. As organizações que investem na preservação ambiental e aumento da qualidade de vida dos membros da sociedade têm uma ótima oportunidade de demonstrar sua responsabilidade sócio-ambiental, melhorando sua imagem mercadológica, além de estar propiciando condições para sua atuação no futuro, tornando-se mais atrativa aos negócios e podendo gerar um ciclo de lucros saudáveis a médio e longo prazo. Assim sendo, a adição das informações de natureza ambiental nas demonstrações contábeis, muito enriqueceria estas, caracterizando um instrumento de vantagem competitiva para a organização, ora que nestas estão contidas todas as informações pertinentes a situação patrimonial e desempenho da empresa em determinado período.

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    GESTO CONTABIL AMBIENTAL COMO ESTRATGIA COMPETITIVA NO FRIGORIFICO ABATE DE SUINOS DE PEQUENO PORTE

    Adriely Camparoto Brito

    RESUMO

    A presente pesquisa teve como objetivo analisar as atuaes do frigorfico abate de sunos de pequeno porte do municpio de Sinop, em relao ao meio ambiente, em seu processo de gesto, estando entrelaado ao problema que consiste em como a referida empresa realiza esse processo. A concretizao do estudo deu-se por meio de pesquisa bibliogrfica e emprica, onde a primeira descreve sobre os principais aspectos scio-econmicos voltados ao meio ambiente, sendo de fundamental relevncia para solidificao da segunda etapa do estudo, que por sua vez, possibilitou o conhecimento das atuaes da empresa em prol da minimizao dos impactos ambientais. Com a realizao do estudo de caso, constatou-se que a empresa preocupa-se com a agresso ambiental gerada em seu ciclo operacional, encontrando na plantao de eucalipto um meio para reaproveitamento dos resduos gerados em todas as etapas da produo. Entretanto, segure-se a implantao de um sistema de Gesto Ambiental para que esta possa ter melhor conhecimento e controle dos custos gerados, viabilizando o redirecionamento de estratgias do negcio, bem como possibilitando a gerao de um ciclo de lucros saudveis, contribuindo para a continuidade e expanso da empresa.

    1 INTRODUO

    O atual cenrio mundial, caracterizado pela globalizao da economia e percepo da necessidade de responsabilidade scio-ambiental, exige das organizaes um elevado grau de capacidade de absoro dos recursos escassos disponveis, e quando se trata da questo ambiental, o maior desafio o de compatibilizar crescimento econmico com a preservao do meio ambiente. Nesse contexto dinmico, as pequenas indstrias que almejam expanso e continuidade no mercado globalizado, necessitam direcionar suas estratgias para a varivel ambiental, tanto a fim de obter vantagem competitiva como para atender as especificaes relacionadas ao meio ambiente, decorrentes de rgos governamentais e no governamentais de nvel nacional e internacional. Em razo disso a Contabilidade Ambiental vem para agregar benefcios s organizaes e sociedade, ajudando a classe empresarial a implementar em sua gesto a varivel ambiental, e posteriormente evidenciar os eventos ambientais que causaram modificaes na situao patrimonial em determinado momento, atravs de informaes econmicas e financeiras regulares aos seus mais diversos usurios. As organizaes que investem na preservao ambiental e aumento da qualidade de vida dos membros da sociedade tm uma tima oportunidade de demonstrar sua responsabilidade scio-ambiental, melhorando sua imagem mercadolgica, alm de estar propiciando condies para sua atuao no futuro, tornando-se mais atrativa aos negcios e podendo gerar um ciclo de lucros saudveis a mdio e longo prazo. Assim sendo, a adio das informaes de natureza ambiental nas demonstraes contbeis, muito enriqueceria estas, caracterizando um instrumento de vantagem competitiva para a organizao, ora que nestas esto contidas todas as informaes pertinentes a situao patrimonial e desempenho da empresa em determinado perodo.

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    1.1 Problema

    O modelo econmico imposto pelo Capitalismo, onde o principal objetivo das organizaes a maximizao do lucro, introduziu nas organizaes inseridas nesse contexto, a idia de Progresso a todo custo, no se preocupando com a escassez de recursos naturais e a degradao da natureza. Esses danos causados ao ecossistema, tm levado os mais variados segmentos da sociedade a exigir das empresas uma postura de preservao do meio ambiente. Diante da impossibilidade de reverter o progresso, pois h uma demanda de bilhes de pessoas a serem atendidas, cabe as organizaes encontrar meios de responder s novas exigncias legais e sociais no que diz respeito responsabilidade scio-ambiental. Da a Contabilidade, como cincia tem a vantagem de oferecer meios para a gesto ambiental estratgica e evidenci-la nos relatrios contbeis, fornecendo informaes que satisfaam os usurios interessados na atuao das empresas sobre o meio ambiente. Nesse contexto, o questionamento levantado trata-se de como o frigorfico abate de sunos de pequeno porte de Sinop, que visa desenvolvimento econmico sustentvel, desenvolve sua gesto ambiental?

    1.2 Objetivo Geral

    O objetivo da presente pesquisa analisar as atuaes do frigorfico abate de sunos de pequeno porte do municpio de Sinop, em relao ao meio ambiente, em seu processo de gesto. 1.3 Objetivos Especficos

    Especificamente pretendeu-se: Avaliar a relao da empresa com a questo ambiental; Identificar e classificar seus custos ambientais; Explanar sobre a gesto estratgica desses custos, como vantagem competitiva;

    1.4 Justificativa

    O atual contexto econmico evidencia a tendncia mundial de preservao do meio ambiente, aflorando significativas mudanas na conjuntura empresarial, onde estas para manterem-se no mercado competitivo devem adequar-se s exigncias da legislao e da sociedade. Cada vez mais ganha vigor a discusso sobre o papel das empresas como agentes sociais no processo de desenvolvimento sustentvel, tornando-se fundamental que assumam no s o papel de produtoras de bens e servios, mas tambm de responsvel pelo bem estar de seus colaboradores, demonstrando o retorno econmico gerado tanto para os acionistas como para a comunidade onde se encontra inserida. Entende-se o desenvolvimento sustentvel como a capacidade de utilizao dos recursos naturais necessrios para suprir as necessidades da sociedade atual, sem comprometer que geraes futuras utilizem dos mesmos recursos. Intimamente relacionado a sustentabilidade, temos a responsabilidade social, que caracteriza-se pelas aes da empresa voltadas ao bem estar social. Pode-se afirmar que esses dois conceitos andam juntos, pois onde h uma organizao ambientalmente tica, logo esta gerando benefcios para comunidade a sua volta.

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    As Micro e Pequenas Empresas desempenham um papel de extrema importncia no cenrio econmico brasileiro, respondendo por boa parte da gerao de empregos e contribuindo para um grande percentual do PIB (produto interno bruto). Entretanto dados do Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), mostram que metade da MPEs encerra suas atividades antes de completar cinco anos. Deixando evidente a dificuldade que estas encontram para adequar-se as exigncias econmicas sustentveis mundiais. Nesse sentido para que as pequenas indstrias desenvolvam um ciclo de lucros saudveis e garantam sua continuidade, vital que incorporem em seu planejamento estratgico e operacional um adequado programa de gesto ambiental, compatibilizando os objetivos ambientais com os demais objetivos da organizao. As empresas que agridem o meio ambiente geram repdio da sociedade e tendem a desaparecer do mercado, ao contrrio, s que protegem o meio ambiente so bem vistas pelos consumidores e investidores, tendo um diferencial competitivo a seu favor. Os contadores tm um papel fundamental nesse processo, competindo a estes profissionais a criao de sistemas e mtodos de mensurao dos elementos ambientais e sociais, demonstrando ao empresrio as vantagens dessas aes e gerando dados apresentveis aos usurios em geral. Sendo assim de suma relevncia demonstrar a aplicabilidade da Contabilidade Ambiental na pequena indstria de produtos e subprodutos de carne suna de Sinop, e evidenciar suas atuaes em relao ao meio ambiente nas demonstraes contbeis, j que a Contabilidade o veculo de comunicao entre empresa e sociedade.

    1.5 Metodologia da Pesquisa

    A presente pesquisa inicia-se com a pesquisa bibliogrfica, haja vista que por meio dela que tomamos conhecimento da produo cientfica existente a respeito do assunto em estudo, e sendo esta relevante para solidificar a pesquisa emprica a ser realizada. Conforme Beuren (2008) a leitura e avaliao do material bibliogrfico coletado nos habilitam saber at onde outros pesquisadores chegaram, quais mtodos e procedimentos foram utilizados, as dificuldades enfrentadas e o que ainda pode ser pesquisado.

    Posteriormente ser realizado um estudo emprico em um frigorfico de sunos, de pequeno porte, localizado no municpio de Sinop. Aps coletados os dados, sero analisadas quais as atuaes da empresa em relao ao meio ambiente, e havendo estas, implicar na identificao e classificao dos custos ambientais existentes no seu ciclo operacional, sugerindo alternativas para melhor gerenciamento destes, em conformidade com as orientaes cientficas.

    2 REFERENCIAL TERICO

    2.1 Contabilidade Ambiental

    Atualmente a Contabilidade apresentada de vrias formas e aplicada nos mais diversos ramos. Essa evoluo ocorreu de forma gradativa, e sempre esteve associada ao desenvolvimento econmico. Segundo Marion (2003), a Contabilidade surgiu basicamente da necessidade de donos de patrimnios que desejavam mensurar, acompanhar a variao e controlar suas riquezas. medida que as atividades comerciais e econmicas foram se

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    desenvolvendo em dimenso e complexidade, esta Cincia teve de ir aperfeioando seus instrumentos de avaliao da situao patrimonial. A crescente preocupao com o meio ambiente aflora significativas mudanas no atual contexto econmico, caminhando para um consenso em torno da adoo de um novo estilo de desenvolvimento que combine eficincia econmica e preservao ambiental, exigindo das organizaes nele inseridas, uma postura tica e ecologicamente responsvel. Os esforos para a obteno de estratgias de desenvolvimento sustentvel tm conduzido diversos ramos de conhecimento a desenvolver novas especialidades que estejam voltadas para estes fins. A Contabilidade como meio de informao a respeito das transaes e eventos econmicos que causam modificaes no patrimnio das organizaes, no pode ficar margem das discusses sobre os problemas ecolgicos e a busca de meios para resolv-los. Conforme Martins e Ribeiro (1995, p. 4 apud SOUZA, 2008, p. 43):

    Cabe a todas as reas cientficas e profissionais atuar na preservao e proteo ambiental. E a rea contbil pode emprenhar-se para que seus instrumentos de informao melhor reflitam o real valor do patrimnio das empresas, seu desempenho e ao mesmo tempo, satisfaam as necessidades de seus usurios, inclusive o espao ambiental.

    Nesse sentido, a Contabilidade Ambiental, uma das mais recentes ramificaes da Cincia Contbil, consiste no registro e controle do patrimnio ambiental da empresa, objetivando fornecer informaes regulares aos usurios internos e externos acerca dos eventos ambientais que causaram modificaes na situao patrimonial da respectiva empresa, expressos monetariamente. Segundo Bergamini Junior (1999, p. 3 apud TINOCO E KRAEMER, 2006, p. 63):

    A contabilidade financeira ambiental tem o objetivo de registrar as transaes da empresa que impactam o meio ambiente e os efeitos das mesmas que afetam, ou deveriam afetar, a posio econmica financeira dos negcios da empresa, devendo assegurar que:

    a) os custos, os ativos e os passivos ambientais sejam contabilizados de acordo com os princpios fundamentais da contabilidade ou, na sua ausncia, com as prticas contbeis geralmente aceitas; e

    b) o desempenho ambiental tenha a ampla transparncia de que os usurios da informao contbil necessitam.

    Complementando esse conceito, pode-se afirmar que a Contabilidade Ambiental conjunto de informaes divulgadas pela mesma, que engloba os investimentos realizados, seja aquisio de bens permanentes de proteo a danos ecolgicos, de despesas de manuteno ou correo de defeitos ambientais do exerccio em curso e de obrigaes contradas em prol o meio ambiente. A Contabilidade Ambiental, utiliza-se de conceitos bsicos da Contabilidade, embora adaptados ela, conforme segue abaixo.

    2.2 Ativos, Passivos, Custos e Despesas Ambientais

    O ativo trata-se do conjunto de bem e direitos de propriedade da empresa. Avanando esse conceito, Arajo (2004, p. 77), define-o como a capacidade que a empresa possui de gerar benefcios futuros. Conforme Tinoco e Kraemer (2006) os ativo ambientais so os bens adquiridos pela empresa, que tem como finalidade controle, preservao e recuperao do meio ambiente. Detalhando o conceito, os autores afirmam:

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    Os ativos ambientais representam: os estoques dos insumos, peas, acessrios etc. utilizados no processo de eliminao ou reduo dos nveis de poluio e de gerao de resduos; os investimentos em mquinas, equipamentos, instalaes etc. adquiridos ou produzidos com inteno de amenizar os impactos causados ao meio ambiente; os gastos com pesquisas, visando o desenvolvimento de tecnologias modernas, de mdio e longo prazo, desde que constituam benefcios ou aes que iro refletir nos exerccios seguintes. (TINOCO E KRAEMER, 2006, p. 176).

    Para melhor explicar esse conceito, Martins e De Luca (1994 apud SOUZA, 2008, p. 45) ressaltam que os ativos ambientais devem aparecer no balano patrimonial, separados parte a fim de facilitar a avaliao dos usurios sobre as aes ambientais da empresa. Logo podemos evidenciar os materiais e insumos ambientais no estoque - ativo circulante; os investimentos em mquinas equipamentos e instalaes no ativo imobilizado permanente, e os gastos com pesquisas e desenvolvimento de tecnologias no ativo diferido permanente. Sendo o ativo a aplicao dos recursos da entidade, o passivo visto como as origens desses recursos. Conforme Arajo (2004) o passivo composto pelas obrigaes assumidas pela empresa para financiar sua atividade operacional. tambm entendido como as exigibilidades da empresa para com terceiros. Nesse sentido o passivo ambiental, consiste nas obrigaes da empresa para reparar danos causados ao meio ambiente. Ribeiro e Grato (2000 apud TINOCO E KRAEMER, 2006, p. 178), afirmam que:

    os passivos ambientais ficaram amplamente conhecidos pela sua conotao mais negativa, ou seja, as empresas que os possuem agrediram significativamente o meio ambiente, e dessa forma, tem que pagar vultosas quantias a ttulo de indenizao a terceiros, de multas e para a recuperao de reas danificadas.

    Entretanto, os passivos no se restringem s penalidades por atitudes de agresso ao meio ambiente. Partindo do conceito de origem dos recursos da entidade, estes podem surgir a partir de atitudes ambientalmente responsveis, como fornecedores e financiamentos de altos investimentos em ativos ambientais feito pela empresa. Consideram-se custos ambientais, queles voltados preveno, planejamento, controle, alteraes e reparos das degradaes ambientais, e que sero ativados em funo de sua vida til. Conforme Ribeiro (2005, p. 52 apud SOUZA, 2008, p. 50):

    os custos ambientais devem compreender todos os relacionados com a proteo do meio ambiente, tais sejam: todas as formas de amortizao (depreciao e exausto) dos valores relativos aos ativos de natureza ambiental que pertencem companhia; aquisio de insumos prprios para controle, reduo ou eliminao de poluentes; tratamento de resduos dos produtos; disposio dos resduos poluentes; recuperao ou restaurao de reas contaminadas; mo-de-obra utilizada nas atividades de controle, preservao ou recuperao do meio ambiente.

    Enquanto os custos esto relacionados s atitudes de preveno e reparo de danos ao meio ambiente, as despesas esto ligadas ao gerenciamento ambiental, incorridos na rea administrativa. Complementa Ribeiro (2005, p. 50 apud SOUZA, 2008, p. 51), afirmando que as despesas:

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    contemplam gastos relativos a horas de trabalho, bem como seus respectivos encargos sociais, e tambm os insumos absorvidos nos seguintes processos: definio e manuteno de programas de polticas ambientais; seleo e recrutamento de pessoal para o gerenciamento e operao do controle ambiental; compra de insumos e equipamentos antipoluentes; pagamento das compras realizadas para essa rea; recuperao dos itens ambientais adquiridos; estocagem dos insumos utilizados no controle do meio ambiente; treinamentos especficos para a sua proteo; auditoria ambiental.

    2.3 Gesto Ambiental

    Para que as empresas permaneam no mercado competitivo e acompanhem a tendncia mundial de preservao ambiental, atuando em acordo com as exigncias legais e sociais, devem incorporar em seu planejamento estratgico e operacional um adequado programa de gesto ambiental, a fim de conhecer e minimizar os impactos causados ao meio ambiente, no decorrer de seu ciclo operacional. Assim, a gesto ambiental consiste num conjunto de medidas que visam o controle sobre o impacto ambiental de uma atividade.

    Gesto Ambiental o sistema que inclui a estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, prticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a poltica ambiental. (TINOCO E KRAEMER, 2006, p. 109).

    Estendendo o conceito, os mesmos autores afirmam que o objetivo do gerenciamento ecolgico minimizar o impacto ambiental e social das empresas, e tornar todas as suas operaes to ecologicamente corretas quanto possvel, melhorando assim a qualidade ambiental e o processo decisrio. Para facilitar a compreenso, Macedo (1994 apud TINOCO E KRAEMER, 2006, p. 110-11), divide a gesto ambiental em quatro nveis:

    gesto de processos: envolve a avaliao da qualidade ambiental de todas as atividades, mquinas e equipamentos relacionados a todos os tipos de manejo de insumos, matrias-primas, recursos humanos, recursos logsticos, tecnologias e servios de terceiros; gesto de resultados: envolve a avaliao da qualidade ambiental dos processos de produo, atravs de seus efeitos ou resultados ambientais, ou seja, emisses gasosas, efluentes lquidos, resduos slidos, particulados, odores, rudos, vibraes e iluminao; gesto de sustentabilidade(ambiental): envolve a avaliao da capacidade de resposta do ambiente aos resultados dos processos produtivos que nele so realizados e que o afetam, atravs da monitorao sistemtica da qualidade do ar, da gua, do solo, da flora, da fauna e do ser humano; gesto do plano ambiental: envolve a avaliao sistemtica e permanente de todos os elementos constituintes do plano de gesto ambiental elaborado e implementado, aferindo-o e adequando-o em funo do desempenho ambiental alcanado pela organizao.

    A introduo da gesto ambiental nas empresas, pode implicar na melhoria da eficincia dos processos, reduzindo custos (matria-prima, gua, energia), minimizar o tratamento de resduos e efluentes e diminuir gastos com prmios de seguros e multas.

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    North (1992 apud TINOCO E KRAEMER, 2006, p. 119-20), detalham a respeito dos benefcios da gesto ambiental:

    Economia de custos: reduo do consumo de gua, energia e outros insumos; reciclagem, venda e aproveitamento de resduos e diminuio de efluentes; reduo de multas e penalidades por poluio; Incremento de receita: aumento da contribuio marginal de produtos verdes, que podem ser vendidos a preos mais altos; aumento da participao no mercado, devido inovao dos produtos e menor concorrncia; linha de novos produtos para novos mercados; aumento da demanda para produtos que contribuam para a diminuio da poluio; Benefcios estratgicos: melhoria da imagem institucional; renovao da carteira de produtos; aumento da produtividade; alto comprometimento do pessoal; melhoria nas relaes de trabalho; melhoria da criatividade para novos desafios; melhoria das relaes com os rgos governamentais, comunidade e grupos ambientalistas; acesso assegurado ao mercado externo; melhor adequao aos padres ambientais.

    Uma das principais vantagens da gesto ambiental refere-se ao fato de as empresas tornarem-se mais competitivas, ora que conforme a melhoria do desempenho ambiental vai se obtendo maior eficincia na utilizao dos recursos escassos disponveis, reduzindo custos e despesas dos processos produtivo e administrativo. Alm de que minimizando as agresses ao meio ambiente, implica no menor grau de risco s penalidades por descumprimento aos requisitos legais.

    3 MATERIAL, MTODOS E RESULTADOS

    3.1 Procedimento de Coleta e Tratamento dos Dados

    No campo das cincias sociais, a entrevista considerada uma das tcnicas de coleta de dados mais utilizadas. Conforme Cervo e Bervian (1977, p. 105 apud BEUREN, 2008, p. 132) a entrevista uma conversa orientada para um objetivo definido: recolher, atravs de interrogatrio do informante, dados para a pesquisa. Quando ela semi-estruturada, possibilita uma maior interao entre o pesquisador e o informante, pois o dilogo inicia-se com questionamentos bsicos que interessam a pesquisa e no decorrer so adicionadas interrogativas possibilitando melhor esclarecimentos para responder o problema e avaliar as hipteses do estudo. Sendo assim, a coleta de dados para concretizao do estudo, se deu por meio de entrevista semi estruturada com o scio administrador da empresa, pois o mesmo conhece todo o ciclo operacional e as atuaes da empresa para reduo de impactos ambientais, sendo ento a pessoa adequada para fornecer as informaes necessrias.

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    Coletados os dados, sero analisados comparando o material bibliogrfico com os resultados, verificando o procedimento adotado pela empresa para minimizao do impacto ambiental e como o gerencia.

    3.2 Caracterizao da Empresa

    A empresa em estudo atua com razo social de Frigoweber Ltda Epp, constituda na forma de sociedade empresria limitada, de pequeno porte, tendo iniciado suas atividades em 18 de janeiro de 2001. Sua atividade principal consiste no abate de sunos, e secundariamente realiza fabricao de produtos e subprodutos do abate. A localizao da empresa se d junto a Estrada Monaliza, chcara n 602, no municpio de Sinop, estado de Mato Grosso. Atualmente a empresa comercializa seus produtos em toda regio norte e mdio norte do estado.

    3.2.1 Aspectos Gerais

    Aquisio de matria-prima:

    a empresa produz cerca de 10% do consumo, o restante comprado de produtores da regio;

    os fornecedores so responsveis pela entrega dos animais no ptio da empresa; ao adquirir a matria-prima tem-se o cuidado com a qualidade da mesma, sendo as

    negociaes acompanhadas pelo veterinrio da empresa; cuida-se tambm a gentica do animal;

    a empresa consome anualmente uma mdia de 1.7000.000 kg de carne suna. Os itens que compem a aquisio de matria-prima, se constituem em custos operacionais para a empresa.

    Descrio do ciclo operacional:

    Ao chegar no ptio da empresa, o animal passa pela balana onde pesado, na seqncia vai para o jejum, onde fica em mdia 12 horas; aps levado para a insensibilizao, onde so dados choques no animal para que este fique atordoado, facilitando a prxima etapa, que consiste no guincho, onde o animal ser sangrado (o sangue separado para ser cozido e posteriormente utilizado como adubo na plantao de eucaliptos); em seguida leva-se o animal para o tacho de escaldagem (gua sob temperatura de 60 C); aps escaldado, o animal vai para a peleira, onde feita a primeira limpeza do animal (nessa etapa retira-se o plo que levado para o galpo para secagem, armazenagem e posterior comercializao, junta-se em mdia 3 toneladas/ano); a prxima etapa o toalete, onde feito a segunda limpeza do animal, esta por sua vez feita manual com utilizao de facas; aps limpo o animal, feita a eviscerao, processo em que retira-se as vsceras abdominais e torcicas (barrigagem) e posteriormente lavada a carcaa do animal; aps cerra-se a carcaa ao meio para leva-la inspeo, onde o veterinrio verifica se a carne est em condio de consumo; em condies de consumo lava-se novamente a carcaa levando-a para resfriagem na cmara fria, onde descansa em mdia 12 a 15 horas para atingir a temperatura de 0 a 4 C, estando assim pronta para comercializao. Os resduos de todo o processo vo para as graxarias, onde fabricada a farinha para comercializao. O estrume fezes dos animais retirados na eviscerao so levadas para caixa de separao de slidos e lquidos (a construo da referida caixa custo R$ 3.000,00), onde os

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    slidos so retirados e utilizados na adubao da plantao de eucalipto; o lquido liberado para a estao de tratamento de gua, assim como toda a gua utilizada no ciclo operacional. A empresa utiliza em media 20.000 litros/dia de gua, e em mdia 1.900.000 litros/ano; toda a gua utilizada conduzida para a estao de tratamento, que consiste em trs lagoas construdas na prpria empresa, onde a gua passa por todas, e ao chegar ltima, utilizada para frtil-irrigao da plantao de eucalipto. Conforme informao do scio administrador, esse processo de tratamento da gua, no gera custo algum de manuteno, sendo totalmente natural, constituindo seu gasto apenas o investimento na estruturao da estao, quando esta foi feita. A utilizao da gua, no tida como custo operacional da empresa, tendo em vista que esta reaproveita-a totalmente (na irrigao da plantao de eucalipto). A empresa compra resduos de madeira para aquecimento das caldeiras onde feito escaldagem dos animais, e esterilizao do material utilizado (facas), o vapor das caldeiras tambm utilizado para aquecer o digestor (mquina para moagem de resduos originando a farinha); no aquecimento das caldeiras no so geradas emisses atmosfricas, sendo o nico resduo resultante, as cinzas que so coletadas e utilizadas na adubao da plantao de eucalipto. A utilizao desses resduos para funcionamento da caldeira, ocasiona economia de custos para a empresa, reduzindo a utilizao de energia eltrica.

    Licenas para operao da empresa:

    Para operao da empresa, faz necessrio a aquisio de algumas licenas, so elas: Licena da Sema, que foi renovada esse ano, tendo prazo de valide de dois anos; Licena do Ibama: renovada em 2007, tendo validade por cinco anos. O custo mdio para aquisio das duas licenas, consiste na mo-de-obra do engenheiro, e conforme informao do scio administrador, fica esse custo em torno de R$ 800,00 para ambas. Licena de Operao dos poos, que foi renovada esse ano, vlida para cinco anos, e seu custo consistiu na mo de obra do gelogo, ficando em torno de R$ 2.500,00. Todas as licenas obtidas pela empresa, so tidas como despesas operacionais, tendo em vista sua necessidade para possibilitar a operacionalizao.

    Formao dos Custos de Produo:

    A fim de minimizar a degradao ambiental, e melhor utilizar os resduos gerados no ciclo operacional, a empresa plantou em outubro de 2006, 27 mil ps de eucalipto, na rea da empresa, tendo em mdia R$ 40.000,00 para efetivao da plantao, e mensalmente tem-se o gasto com a manuteno da mesma, feita por um funcionrio devidamente registrado, percebendo salrio de R$ 600,00. O custo da mo-de-obra dessa manuteno, assim como os respectivos encargos sociais, so tratados como despesa operacional. Para apurao do custo do produto a empresa aloca os custos com aquisio de matria-prima, mo de obra e demais despesas com vendas e administrativas do perodo, no custo da produo e a partir da, forma seu preo de venda. A formao do preo de venda com base em custos de produo no se justifica em um mercado de livre concorrncia, onde quem determina o preo o mercado. Neste sentido, a empresa deveria aprofundar seus controles gerenciais para possibilitar o conhecimento/controle de seus gastos, objetivando melhorar seu resultado.

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    5 CONSIDERAES FINAIS

    Para as indstrias que geram resduos que agem negativamente no meio ambiente, so maiores as exigncias legais e sociais, em relao a minimizao das agresses ambientais, a fim de que estas no comprometam a sustentabilidade a longo prazo. Nesse sentido, a realizao da plantao de eucalipto feita pela referida empresa, acarretou benefcios para a mesma, no sentido que esta por sua vez, reutiliza todos os resduos gerados no ciclo operacional, minimizando a preocupao e custo com o destino desses resduos, alm de melhorar sua imagem mercadolgica, demonstrando sua preocupao com preservao do meio ambiente. Entretanto, para melhor conhecimento e controle dos custos gerados em cada etapa do ciclo operacional, de fundamental relevncia a implantao de um sistema de gesto ambiental, viabilizando o redirecionamento de estratgias do negcio, bem como possibilitando a gerao de um ciclo de lucros saudveis, contribuindo para a continuidade e expanso da empresa.

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    6 REFERENCIAS BIBLIOGRFICAS

    ARAJO, Adriana Maria Procpio de; ASSAF, Alexandre. Introduo contabilidade. So Paulo: Atlas, 2004.

    BEUREN, Ilse Maria (org) et al.. Como elaborar trabalhos monogrficos em contabilidade: teoria e prtica. 3 ed. 2 reimp. So Paulo: Atlas, 2008.

    MARION, Jose Carlos. Contabilidade empresarial. 10 ed. So Paulo: Atlas, 2003.

    SOUZA, Valdiva Rossato. Contabilidade ambiental: aplicao na indstria madeireira localizada na Amaznia moto-grossense. Cceres: Editora Unemat, 2008.

    TINOCO, Joo Eduardo Prudncio; KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira. Contabilidade e gesto ambiental. 1 ed. 2 reimp. So Paulo: Atlas, 2006.

    KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira. Contabilidade Ambiental o passaporte para a competitividade. Contabilidade Ambiental, artigos, Ago. 2007. Disponvel em: . Acesso em 27 ago. 2008.

    CALLADO, Aldo Leonardo Cunha. A importncia da gesto dos custos ambientais. Contabilidade Ambiental, artigos, Abril, 2008. Disponvel em . Acesso em 27 ago. 2008.

    BANTERLI, Fbio Rogrio; MANOLESCU, Friedhilde Maria K. As Micro e Pequenas Empresas no Brasil e a sua importncia para o desenvolvimento do pas. Disponvel em: . Acesso em 04 Set. 2008.