05 Guia Do Estudante Petroleo

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20 TN Petróleo Estudante ma das principais fontes de energia no planeta Terra nos tempos modernos, o petróleo tem seus primeiros registros históricos há 4000 anos a.C., quando apareceram as primeiras exsudações e afloramentos no Oriente Médio (onde estão algumas das maiores reservas do mundo). Há diversas teorias a respeito do surgimento do petróleo no mundo, porém a mais aceita é a de que ele surgiu do acúmulo de restos orgânicos de animais e plantas (plâncton marinho e lacustre; algas, diatomáceas, peixes, moluscos, plantas superiores, etc.) no fundo de lagos e mares, sofrendo transformações químicas ao longo de milhares de anos. O betume (também chamado de pez natural) foi o primeiro hidrocarboneto usado pelos povos da Mesopotâmia, do Egito, da Pérsia e da Judéia, na pavimentação de estradas, calafetação, aquecimento e iluminação de casas, bem como lubrificantes e até laxativo. Trata-se de uma mistura sólida, pastosa ou mesmo líquida de compostos químicos que aflora naturalmente, mas que pode ser obtida em um processo de refino. O uso bélico (óleo inflamado) começou na era cristã, pelos árabes, que o utilizavam ainda na iluminação. Há registros de que o petróleo de Baku, no Azerbaijão, já era produzido em escala comercial, dentro dos padrões da época, quando Marco Pólo viajou pelo norte da Pérsia, em 1271.  A história do petróleo no mundo começa na Pensilvânia (EUA), em 1859, onde o primeiro poço de petróleo foi descoberto. Ele foi encontrado em uma região de pequena profundidade (21 m), ao contrário das escavações realizadas hoje, que chegam a milhares de metros. Em princípio era extraído apenas o querosene para iluminação, mas com o advento da indústria automobilística (Ford fabrica o primeiro modelo em 1896) e do avião, somado à sua utilização nas guerras, tornou-se o principal produto estratégico do mundo moderno. As maiores cem empresas do nosso século estão ligadas PETRÓLEO A palavra petróleo vem do latim petroleum, petrus, pedra e oleum, óleo, do grego pet???a???(petrelaion) óleo da pedra. U petróleo    F   o    t   o   :    K   e   y   s    t   o   n   e por Fernanda Romero

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ma das principais fontes de energia no planeta Terra nos temposmodernos, o petróleo tem seus primeiros registros históricos há4000 anos a.C., quando apareceram as primeiras exsudações eafloramentos no Oriente Médio (onde estão algumas das maioresreservas do mundo).

Há diversas teorias a respeito do surgimento do petróleo nomundo, porém a mais aceita é a de que ele surgiu do acúmulo derestos orgânicos de animais e plantas (plâncton marinho e lacustre;algas, diatomáceas, peixes, moluscos, plantas superiores, etc.) nofundo de lagos e mares, sofrendo transformações químicas ao longode milhares de anos.

O betume (também chamado de pez natural) foi o primeirohidrocarboneto usado pelos povos da Mesopotâmia, do Egito, daPérsia e da Judéia, na pavimentação de estradas, calafetação,aquecimento e iluminação de casas, bem como lubrificantes e atélaxativo. Trata-se de uma mistura sólida, pastosa ou mesmo líquidade compostos químicos que aflora naturalmente, mas que pode ser obtida em um processo de refino.

O uso bélico (óleo inflamado) começou na era cristã, pelosárabes, que o utilizavam ainda na iluminação. Há registros de queo petróleo de Baku, no Azerbaijão, já era produzido em escala

comercial, dentro dos padrões da época, quando Marco Pólo viajoupelo norte da Pérsia, em 1271.

 A história do petróleo no mundo começa na Pensilvânia (EUA),em 1859, onde o primeiro poço de petróleo foi descoberto. Ele foiencontrado em uma região de pequena profundidade (21 m), aocontrário das escavações realizadas hoje, que chegam a milharesde metros.

Em princípio era extraído apenas o querosene para iluminação,mas com o advento da indústria automobilística (Ford fabrica oprimeiro modelo em 1896) e do avião, somado à sua utilização nasguerras, tornou-se o principal produto estratégico do mundomoderno. As maiores cem empresas do nosso século estão ligadas

PETRÓLEOA palavra petróleo vem do latim

petroleum, petrus, pedra e oleum, óleo,

do grego pet???a???(petrelaion)

óleo da pedra.

U

petróleo

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por Fernanda Romero

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PETRÓLEO NO MUNDO PRODUÇÃO* CONSUMO*

PAÍS/REGIÃO 2007 Variação 2006-2007 2007 Variação 2006-2007

América do Norte 13.665 - 0.5% 25.024 0.4%

América Sul/Central 6.633 - 3.6% 5.493 5.0%

Europa e Euroásia 17.835 1.5% 20.100 -2.0%

Oriente Médio 25.176 -1.8% 6.203 4.4%

África 10.318 3.2% 2.955 4.6%

Ásia/Pacífico 7.907 0.3% 25.444 2.3%

TOTAL MUNDIAL 81.533 -0.2% 85.220 1.1%

*Milhões de barris/dia Fonte: BP

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ao automóvel ou pelo petróleo.E os nomes de John Rockeffeler (que fundou a Standard Oil em1870), Paul Getty, LeopoldHammer, Alfred Nobel, Nubar Gulbenkian e Henry Fordtornaram-se mundialmenteconhecidos por estarem associa-dos ao petróleo ou ao automó-vel.

  A seguir, uma breve cronolo-gia do petróleo.1859 – O coronel Drake perfura

o primeiro poço de petróleona Pensilvânia, com 21 mde profundidade.

1868 – John Rock-

feller  cria a Stan-dard Oil. A empre-sa deu origem agigantes, comoExxon, Mobil e Chevron.

1876 – O estado da Califórniacomeça a produzir petróleoe a Rússia passa a exportar. A cotação nesta época estáem torno de US$ 45,58.

1904 – É criada a Anglo-Per-sian, que no futuro se

transformaria na BritishPetroleum. Quatro anosdepois, a empresa descobrepetróleo no Irã.

1922 –  A Shell descobre umpoço gigante de Maracai-bo, na Venezuela.

1948 – Descoberto poço gigantena Arábia Saudita. Começaa recuperação após aSegunda Guerra Mundial. As cotações do petróleoestão em torno de U$ 15,59.

1951 –  Acontece a primeiracrise do petróleo devido ànacionalização dos poçosda British Petroleum no Irãpelo ministro Mossadegh.

1956 – Deslancha-se a segundacrise do petróleo, com anacionalização do Canal deSuez pelo então presidente

do Egito, Gamal Nasser.Inglaterra e França inter-vêm militarmente na regiãoe Israel avança sobre oMonte Sinai.

1960 – Fundação da Organiza-ção dos Países Exportado-res de Petróleo (Opep)pelos países árabes, emBagdá.

1967 – Dá-se a terceira crise dopetróleo, decorrente da

Guerra dos Seis Dias, entreIsrael e países árabesvizinhos.

1969 – É descoberto petróleo noMar do Norte.

1973 –  A quarta crise do petró-leo provoca o chamado“primeiro grande choque”com a Guerra do YonKippur. O preço nominaldo barril saltou de U$ 2,90para U$ 12. No ano seguin-te, acontece o embargo aopetróleo árabe aos EUA eEuropa e as cotaçõeschegam a U$ 44,45 o barril.

1979 – Quinta crise do petróleo,que causou o “segundogrande choque”, provocadopela revolução iraniana e aGuerra Irã-Iraque. Preçosai de U$ 13 para U$ 34 o

barril.1989 – O petroleiro Exxon

Valdez derrama 40 mil m³de óleo no Alasca, um dosmaiores desastres ecológi-cos do setor.

1990 – Iraque invade o Kuwaite gera a sexta crise dopetróleo.

1998 –  A crise financeira da Ásia resulta em sériosproblemas econômicos.

Coronel Drake (com barba) em frente ao seuprimeiro poço de petróleo, na Pensilvânia, EUA.

petróleo

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O preço do petróleo vaipara U$ 15,20 o barril.

2005 – Cotação chega a níveisrecordes e atinge U$ 70,85o barril, com a passagemdo furacão Katrina peloGolfo do México, nos EUA,e pelo crescimento econô-mico da China.

2006 – A cotação do barril dopetróleo manteve-se acimade U$ 70 a partir de abril,atingindo o recorde deU$ 78, em maio, em funçãodo conflito entre Israel e oHezbollah, no sul doLíbano. Outros fatores,como a crescente tensãoentre Estados Unidos,Coréia do Norte e Irãtambém influenciam nopreço do óleo no mundo.

2007 – O preço do barril dopetróleo atinge, em setem-bro, novo recorde, cotadoacima dos 90 dólares naBolsa de Nova York. A altado petróleo é impulsiona-da por temores em relaçãoao fornecimento do produ-to, associados às tensõesna fronteira da Turquia

com o Iraque e peladesvalorização do dólar frente ao euro. A cotaçãodo barril já vinha sendocrescente desde agosto,com a crise das hipotecasimobiliárias de alto risconos Estados Unidos (osubprime).

2008 – Novo recorde: o preçodo barril do petróleo écotado a US$ 140,00.

Natureza e origemO petróleo é uma

substância oleosa,inflamável, menosdensa que a água, comcheiro característico ede cor variando entre o

negro e o castanho escuro.Embora objeto de muitas dis-cussões no passado, hoje se temcomo certa a sua origem orgâni-ca, sendo uma combinação demoléculas de carbono e hidro-gênio.

 Admite-se que esta origemesteja ligada à decomposiçãodos seres que compõem o

plâncton – organismos emsuspensão nas águas doces ousalgadas tais como protozoários,celenterados e outros – causadapela pouca oxigenação e pelaação de bactérias.

Estes seres decompostosforam, ao longo de milhões deanos, se acumulando no fundodos mares e dos lagos, e, por serem pressionados pelosmovimentos da crosta terrestre,transformaram-se na substânciaoleosa que é o petróleo.

 Ao contrário do que sepensa, o petróleo não permane-ce na rocha onde foi gerado – arocha matriz – mas desloca-seaté encontrar um terreno apro-priado para se concentrar. Estesterrenos são denominados‘bacias sedimentares’, e estassão formadas por camadas ou

lençóis porosos de areia, areni-tos ou calcários. O petróleoaloja-se ali, ocupando os porosrochosos como forma de “la-gos”. Ele se acumula, formando  jazidas. Ali são encontrados ogás natural, na parte mais alta,e petróleo e água nas maisbaixas.

 A natureza complexa dopetróleo é resultado de mais de1.200 combinações diferentes de

hidrocarbonetos. E ele podeocorrer nos estados: sólido –asfalto; líquido – óleo cru egasoso – gás natural.

O petróleo constitui aprincipal fonte de energia naatualidade. O fato de o petróleoser um recurso esgotável, aliadoao seu elevado valor, fizeramcom que o combustível setornasse um elemento causador de grandes mudanças geopolíti-cas e socioeconômicas em todoo mundo.

 Além de servir como basepara a fabricação da gasolina,principal combustível para os

veículos automotores utiliza-dos no mundo, também resultaem vários outros produtos,como nafta, querosene, lubrifi-cantes, etc.

Por ser a principal fonteenergia do planeta, o petróleo  já foi motivo de algumas guer-ras. Entre elas, têm destaque aPrimeira Guerra do Golfo, aGuerra Irã-Iraque, a luta pelaindependência da Chechênia e,a mais recente, a invasão doIraque por tropas norte-ameri-canas, em 2003. Sem dúvida, aexistência de petróleo é sinôni-mo de riqueza e poder para umpaís. O combustível se tornouainda mais valorizado após acriação, no Oriente Médio, daOpep (Organização dos PaísesExportadores de Petróleo), quenasceu com o fim de controlar 

preços e volumes de produção.Hoje, os dez maiores produ-

tores de petróleo do mundo são:  Arábia Saudita, Rússia, EstadosUnidos, Irã, China, México,Canadá, Emirados ÁrabesUnidos, Venezuela e Noruega.

Bacias sedimentares As rochas sedimentares são

derivadas de restos e detritosde outras rochas preexistentes.

Exxon Valdez

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O intemperismo faz com que asrochas magmáticas, metamórfi-cas ou sedimentares estejamconstantemente sendo altera-das. O material resultante étransportado pela água, pelovento ou pelo gelo e, por fim,depositado como um sedimento.Deve haver, então, uma com-pactação ou cimentação domaterial para ele se transformar em rocha sedimentar.

O Brasil possui 6.430.000

km² de bacias sedimentares,dos quais 4.880.000 km² emterra e 1.550.000 km² em plata-forma continental. No entanto,para a formação de petróleo énecessário que as bacias te-nham sido formadas em condi-ções muito específicas. Emgeral, são áreas em que suces-sões espessas de sedimentosmarinhos foram soterrados agrandes profundidades.

Grande parte dos hidrocar-bonetos explorados no mundointeiro provém de rochassedimentares. Se se falar emidade, praticamente 60% pro-vêm de sedimentos cenozóicos,pouco mais de 25% de depósitosmesozóicos e cerca de 15% desedimentos paleozóicos. NoBrasil, a maior parte da produ-ção está ligada a sedimentosmesozóicos. Existem dois tiposde bacias petrolíferas: onshore e

offshore.Onshore – quando a bacia éterrestre. São originadas deantigas bacias sedimentaresmarinhas.Offshore  – quando a bacia estána plataforma continental ou aolongo da margem continental.

Quase todas as baciaspetrolíferas brasileiras encontra-se offshore. A exploração depetróleo onshore é reduzida no

Brasil, devido ao baixo potencialde nossas bacias em terra nacomparação com as jazidasdescobertas em águas profundas.

Condições para formaçãoInicialmente deve haver a

matéria orgânica adequada àgeração do petróleo. Este materialorgânico deve ser preservado daação de bactérias aeróbias.O material orgânico depositadonão deve ser movimentado por longos períodos. A matériaorgânica em decomposição por bactérias anaeróbias deve sofrer aação de temperatura e pressão

por períodos longos.O início do processo de

formação do petróleo estárelacionado com o início dadecomposição dos primeirosvegetais que surgiram na Terra.Grande parte dos compostosidentificados no petróleo é deorigem orgânica, mas até que amatéria chegue ao estado deextração são necessárias condi-ções especiais – e o ambientemarinho reúne tais condições.

No ambiente marinho está aplataforma continental, a regiãoque mais produz matériaorgânica. Os mares rasostambém podem receber grandeaporte de matéria orgânica.Embora semelhante ao carvãoquanto à composição (hidrocar-boneto), o petróleo possui certascaracterísticas especiais: por ser 

fluido pode migrar para alémde sua fonte geradora e acumu-lar-se em estruturas sedimenta-res. O petróleo em geral ocorreem rochas sedimentares deposi-tadas sob condições marinhas.

Os egípcios utilizavam opetróleo como um dos elemen-tos para o embalsamamento deseus mortos, além de emprega-rem o betume na união dosgigantescos blocos de rochas

Distribuição dos blocos de exploração de petróleo, de acordo com a Nona Rodada de Licitações, ANP.

petróleo

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das pirâmides. No continenteamericano, os incas e os astecasconheciam o petróleo e, aexemplo dos povos da Mesopo-tâmia, o empregavam na pavi-mentação de estradas.

O petróleo aproveitado pelascivilizações antigas era aqueleque aflorava à superfície dosolo. Uma das peculiaridadesdo petróleo é a migração, ouseja, se ele não encontrar formações rochosas que, por serem impermeáveis, o pren-dam, sua movimentação nosubsolo será constante, com aconseqüente possibilidade de

aparecer à superfície. A partir de 1920, os trans-

portes terrestres, marítimos eaéreos passaram a consumir quantidades cada vez maioresdo novo combustível. Já em1930, surgiu a indústria petro-química, tendo como base opetróleo na produção de nume-rosos equipamentos, objetos,produtos, etc.

Nessa época, o subprodutoindesejável passou a ser oquerosene, então pouco utiliza-do. Apenas com o advento dosaviões a jato, em 1939, essecombustível voltou a ser consu-mido em grande escala.

Dessa forma, a indústria derefino teve grande impulso,garantindo o abastecimento demilhões de veículos e o funciona-mento dos parques industriais.

 A gasolina passou a ser oprincipal derivado do petróleo,enquanto ocorria uma amplia-ção do sistema de estradas,exigindo mais asfalto. Em 1938,30% da energia consumida nomundo provinham do petróleo.

Mas as duas crises sucessivasdo petróleo (1951 e 1956) levarama uma reconsideração da políticainternacional em relação a esseproduto, e os países dependentes

do petróleo intensificaram a buscade fontes de energia alternativas.Microorganismos marinhos (cha-mados plânctons), na ausência deoxigênio, se transformaram, ao

longo de milhões de anos, nosconstituintes do petróleo (hidrocar-bonetos, animais, tioálcoois, etc.).

Comercialmente, existemdois tipos de petróleo: o leve(de onde é tirada a gasolina) eo pesado (com maior proporçãode querosene e óleos combustí-veis). O petróleo leve tem maior cotação no mercado mundial,por causa do elevado consumode gasolina.

O petróleo possui umamistura de compostos orgânicos,na qual predominam os alcanos.É a mais importante fonte deenergia (através da queima dos

alcanos) e constitui a matéria-prima da indústria petroquímica,responsável pela manufatura demilhares de produtos de consu-mo diário, tais como: plásticos,adubos, corantes, detergentes,álcool comum, acetona, gáshidrogênio, etc.

 As maiores reservas depetróleo (mais de 50%) mundiaisestão nos países banhados peloGolfo Pérsico. Os lençóis petro-

No alto, batimetria das Bacias de Santos, Campos e do Espírito Santo.Logo abaixo, exemplo de uma seção sísmica.

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líferos ocorrem em cavidadesque podem atingir até 7.000 mde profundidade, no continenteou em plataformas submarinas. Juntamente com o petróleoencontra-se água salgada e gásnatural (sob pressão).

Migração e reservatóriosChamamos de ‘migração’ o

caminho que o petróleo faz doponto onde foi gerado até ondeserá acumulado. Devido à altapressão e temperatura, oshidrocarbonetos são expelidosdas rochas geradoras, e migrampara as rochas adjacentes. A partir da migração é queo petróleo terá chances de se

acumular em um reservatórioe formar reservas de interesseeconômico.

 A migração ocorre em doisestágios:• Migração primária: movi-mentação dos hidrocarbonetosdo interior das rochas fontes epara fora destas;• Migração secundária: emdireção e para o interior dasrochas-reservatórios.

 A próxima etapa é a acumu-lação. Devido a falhas estrutu-rais no subsolo, ou então devidoa variações nas propriedadesfísicas das rochas, o processo demigração é interrompido e oshidrocarbonetos vão se acumu-

lando nas rochas-reservatórios,as quais devem ser porosas epermeáveis, pois o petróleopode ser encontrado nos espa-ços existentes nestas rochas, eele só poderá ser extraído se arocha for permeável. A rocha,ou conjunto de rochas, quedeverá ser capaz de aprisionar o petróleo após sua formação,evitando que ele escape, são as‘armadilhas’.

Derivados do petróleoTodos derivados de petróleo

passam por processos básicosde refino em destilação atmosfé-rica e a vácuo, conhecida como‘destilação fracionada’ e divi-dem-se em diversas categorias

como:• Lubrificantes que vêm dabetuminosa: os óleos minerais,graxos, sintéticos.• Combustíveis à base degasolina, óleo diesel, óleocombustível, querosene deaviação, gases naturais.• Insumos para petroquímica:nafta, gasóleo.• Outros: solventes, asfalto,coque, parafinas.

   F  o   t  o

   R  e   d  u  c  :   A   i   l   t  o  n   S  a  n   t  o  s

   F  o   t  o  :   B  a  n  c  o   d  e   I  m  a  g  e  n  s   P  e   t  r  o   b  r  a  s

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Os derivados mais conheci-dos são: gás liquefeito (GLP) ougás de cozinha, gasolinas,naftas, óleo diesel, querosenesde aviação e de iluminação,óleos combustíveis, asfalto,lubrificantes, combustíveismarítimos, solventes, parafinase coque de petróleo.

Armadilhas do petróleoTambém conhecidas por 

‘trapas’, são estruturas geológi-cas que permitem a acumulaçãode óleo ou gás. São as rochasou conjunto de rochas quedeverão ser capazes de aprisio-

nar o petróleo após sua forma-ção, evitando que ele escape.

 A armadilha ideal deveapresentar:1. Rochas-reservatório adequa-das, ou seja, porosidade entre15% e 30%; 2. Condições favorá-veis para a migração do petróleodas rochas-fonte para as rochas-reservatório (permeabilidadedas rochas); 3. Um selanteadequado para evitar a fuga dopetróleo para a superfície.

Refino Apesar de a separação da

água, óleo, gás e sólidos produ-zidos ocorrer em estações ou naprópria unidade de produção, énecessário o processamento erefino da mistura de hidrocarbo-netos provenientes da rocha-reservatório, para a obtenção

dos componentes que serãoutilizados nas mais diversasaplicações (combustíveis,lubrificantes, plásticos, fertili-zantes, medicamentos, tintas,tecidos, etc.).

 As técnicas mais utilizadasde refino são:1. destilação,2. craqueamento térmico,3. alquilação4. craqueamento catalítico.

ExploraçãoO ponto de partida na busca

do petróleo é a exploração,atividade em que se realizamos estudos preliminares para alocalização de uma jazida. Paraidentificar a localização dopetróleo e decidir qual a melhor forma de extraí-lo de poços emterra ou no mar, o homem usaconhecimentos de Geologia eGeofísica.

 A reconstrução da históriageológica de uma área, por meio da observação de rochase formações rochosas, determi-na a probabilidade da ocorrên-cia de rochas-reservatórios.

 A utilização de mediçõesgravimétricas, magnéticas esísmicas permite o mapeamentodas estruturas rochosas ecomposições do subsolo. A definição do local com maior probabilidade de um acúmulode óleo e gás tem por base asinergia entre a Geologia, aGeofísica e a Geoquímica,destacando-se a área de Geoen-genharia de Reservatórios.

TransportePelo fato de os campos

petrolíferos não serem localiza-dos, necessariamente, próximosdos terminais e refinarias deóleo e gás, é necessário otransporte da produção por embarcações, caminhões,vagões ou tubulações (oleodu-tos e gasodutos).

DistribuiçãoOs produtos finais das

estações e refinarias (gásnatural, gás residual, GLP,gasolina, nafta, querosene,lubrificantes, resíduos pesadose outros destilados) são comer-

cializados com as distribuido-ras, que se incumbem deoferecê-los, na sua formaoriginal ou aditivada, ao consu-midor final.

Unidades de produção(plataformas)Fixa – plataforma com estruturade sustentação fixa sobre o solomarinho, cujas pernas sãoestaqueadas no fundo do mar.

Plataforma fixa alto-elevatória

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Esta estrutura pode ser metáli-

ca, chamada ‘jaqueta metálica’,ou de concreto. A profundidadeno local de posicionamento daplataforma não supera os 100 a120 m. O Brasil possui diversasplataformas fixas, com jaquetametálica, como em Enchova eGaroupa.

Fixa alto-elevatória ( jack-up 

rig ) – plataforma com estruturade sustentação que se apóiasobre o fundo marinho, mas quepossui altura variável. Temlimite de profundidade ditadopelo comprimento das pernasde sustentação. A plataformaflutua até seu local de posicio-namento, quando as pernas desustentação descem até o fundodo mar, posicionando a estrutu-ra. Este tipo de plataforma podeexecutar operação de produção

e perfuração, ou ambos.

FPSO (floating, production,

storage and offloading ) –

plataforma flutuante em umcasco modificado de um navio,em geral um petroleiro. Repre-senta uma unidade de produçãode petróleo flutuante, comunidade de armazenamento,unidade de processamento esistema de transbordo (transfe-

rência) do petróleo produzido.Também podem ser construídosnavios especificamente paraeste objetivo. Nas bacias sedi-mentares brasileiras há muitos

exemplos de FPSOs operando,tais como as P-34, P-43, P-48,P-50 e P-53.

FSO (floating, storage and 

offloading ) – plataforma flutuan-te cuja única diferença quandocomparada à FPSO é não produ-zir hidrocarbonetos, somente osarmazena e promove seu trans-bordo (transferência para naviosaliviadores ou dutos).

FPDSO (floating, production,

drilling, storage and offloa- 

ding ) – plataforma flutuantede produção de petróleo e gás,perfuração, armazenagem etransbordo da produção. Estadescrição aplica-se também aoFPSO, exceto quanto à perfura-ção (drilling).

FPS (floating production

system) – sistema de produçãoflutuante, cuja denominaçãopode se aplicar a uma platafor-ma semi-submersível.

Semi-submersível – plataforma

na qual a superestrutura estáapoiada sobre conjunto deflutuadores que ficam poucoabaixo do nível do mar. Pode-mos exemplificar com as plata-formas P-20, P-25, P-26, P-51 eP-52. Pode realizar operaçõesde produção de hidrocar-bonetos, processamento eoffloading (transferência doóleo), mas não de armazena-gem. Não possui limites deprofundidade até o fundo domar, pois flutua na superfície.

Sonda de perfuração (semisub- 

mersible drilling, drillship ) –

plataforma ou navio usado pararealizar perfurações no solomarinho (offshore), objetivandoverificar a existência de hidro-carbonetos, delimitar campo,etc. Possui uma torre de perfu-

ração, na qual os componentessão montados para a realizaçãoda operação.

Spar – plataforma flutuanteapoiada sobre um ou maiscilindros metálicos. Uma estru-tura metálica poderá comple-mentar este cilindro. Possuisistemas de produção, processa-mento e transbordo. Poderápossuir  risers rígidos.

   F  o   t  o  :   B  a  n  c  o   d  e   I  m  a  g  e  n  s   Q  u   i  p

FPSO P-53

   F  o   t  o  :   S   t   é   f  e  r  s  o  n   F  a  r   i  a ,

   P  e   t  r  o   b  r  a  s

A semi-submersível P-52

petróleo

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O ciclo do petróleo

E

m 1938, foi perfurado oprimeiro poço de petróleo

em território nacional. Foino município de Lobato, nabacia do Recôncavo Baiano.Com a criação do Conselho deNacional de Petróleo (CNP), ogoverno passou a planejar,organizar e fiscalizar o setor petrolífero.

Em 1953, Getúlio Vargascriou a Petrobras e instituiu omonopólio estatal na extração,transporte e refino de petróleono Brasil; monopólio exercidoaté 1995. Com a crise do petró-leo, em 1973, houve a necessi-dade de se aumentar a produ-ção interna para diminuir aimportação de petróleo, mas aPetrobras não tinha capacidadede investimento.

O governo brasileiro, diantedessa realidade, autorizou aextração por parte de grupos

privados, através da lei doscontratos de risco. Se umaempresa encontrasse petróleo,os investimentos feitos seriamreembolsados e ela se tornariasócia da Petrobras naquela área.Caso a procura resultasse emnada, a empresa arcaria sozi-nha com os prejuízos da pros-pecção.

Foram feitos dez contratoscom empresas nacionais e

estrangeiras, mas nenhumaachou petróleo. Desde 1988,com a promulgação da Consti-tuição Federal, esses contratosestão proibidos, o que significaa volta do monopólio de extra-ção da Petrobras.

Em 1995, foi quebrado omonopólio da Petrobras naextração, transporte, refino eimportação de petróleo e seus

derivados. Desde então, oEstado pode contratar empresas

privadas ou estatais que queriam atuar no setor.

Possuindo 13 refinarias, 11delas pertencentes à União, oBrasil ainda precisa importar óleo refinado. O petróleosempre é refinado junto aoscentros, ou seja, próximo aosgrandes centros consumidores,isso ajuda a diminuir os gastoscom transportes.

Em 1973, o Brasil produziaapenas 14% do petróleo queconsumia, o que nos colocavanuma posição bastante frágil etornava a nossa economia suscetí-vel às oscilações externas no preçodo barril. Já em 1999, o paísproduzia cerca de 62% das neces-sidades nacionais de consumo.

Essa diminuição da depen-dência externa relaciona-se àdescoberta de uma importante

bacia petrolífera em alto-mar, naplataforma continental deCampos, litoral Norte do estadodo Rio de Janeiro. Hoje essabacia ainda é responsável por mais de 65% da produçãonacional de petróleo.

 Ainda na plataforma conti-nental, destacam-se os estadosde Alagoas, Sergipe e Bahia,que juntos são responsáveis por cerca de 14% da produção do

no Brasil

P-2, o primeiro navio-sonda a operarna Bacia de Campos

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  e   t  r  o   b  r  a  s

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petróleo bruto. No continente, aárea mais importante é Mosso-ró, seguida do RecôncavoBaiano.

Mais da metade do petróleoconsumido no Brasil é gasto nosetor de transporte, cujo modelode desenvolvimento é o rodo-viarismo. Essa opção é a quemais consome energia no

transporte de mercadorias epessoas. Por isso há a necessi-dade de o país investir emtransportes ferroviários ehidroviários, para diminuir custos e o consumo de umafonte não renovável de energia.

  A sociedade atual ou socie-dade da informação é extrema-mente dependente do petróleo

para o seu desenvolvimento.Como se trata de um combustí-vel fóssil e, portanto, de umafonte de energia não renová-vel, suas reservas estão seesgotando pouco a pouco. Apesar dos sérios impactoscausados ao meio ambiente,sua alta viabilidade econômicafaz com que ele continue sendoexplorado.

 Após a quebra do monopólioda Petrobras, surgiram diversosnovos  players na exploração.Criou-se, então, em 1998, Agência Nacional do Petróleo(ANP), órgão subordinado ao

Ministério de Minas e Energia,encarregado da regulamentaçãodas atividades de exploração,refino, armazenagem, transpor-te e consumo de petróleo.

Em suma, a história do petró-leo no Brasil pode ser dividida emquatro fases distintas:1. Até 1938, com as exploraçõessob o regime da livre iniciativa.Neste período, a primeirasondagem profunda foi realiza-da entre 1892 e 1896, no muni-cípio de Bofete, estado de SãoPaulo, por Eugênio FerreiraCamargo.2. Nacionalização das riquezasdo nosso subsolo, pelo governofederal e a criação do ConselhoNacional do Petróleo, em 1938.3. Estabelecimento do monopó-lio estatal, durante o governode Getúlio Vargas que, a 3 de

outubro de 1953, promulgou aLei 2004, criando a Petrobras.Foi uma fase marcante nahistória do nosso petróleo, pelofato de a Petrobras ter nascidodo debate democrático, aten-dendo aos anseios do povobrasileiro e defendida por diversos partidos políticos.4. Flexibilização do monopólio,conforme a Lei 9.478, de 6 deagosto de 1997.

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Auto-suficiência A decreto de nacionalização

de Evo Morales, presidente daBolívia acabou ofuscando ascomemorações do governobrasileiro pela auto-suficiênciaem petróleo no Brasil, anuncia-da 10 dias antes, em 21 de abrilde 2006, durante o início dasoperações da plataforma P-50,

na Bacia de Campos, quecontou com a presença dopresidente Luiz Inácio Lula daSilva. A estrutura é a maior emoperação no Brasil, acrescen-tando à produção nacional 180mil barris de petróleo diaria-mente.

Unidade flutuante do tipoFSPO (produz, processa,armazena e escoa o óleo e o

gás), a P-50 responde sozinhapor 11% de todo o óleo extraídono país. Além de produzir petróleo, a plataforma temcapacidade de comprimir seismilhões de metros cúbicos degás natural e de estocar outros1,6 milhão de barris de petró-leo. Problemas na plataforma,porém, atrasaram em doismeses a tão sonhada auto-suficiência sustentada. A estatal

fechou o ano com produção dequase 2 milhões de barris por dia – 200 milhões a mais que oconsumo médio do país, de 1,8milhão de barris por dia.

De acordo com o conceitoadotado pela Petrobras, a auto-suficiência é conquistada apartir do momento em que hádisponibilidade de petróleo

produzido nos campos nacio-nais em volume igual ou supe-rior ao consumo e à capacidadede refino do país para atender àdemanda do mercado brasileiro.

Pré-Sal – Uma longa históriaTupi. Este é o nome informal

do campo de petróleo quecolocou os holofotes da indús-tria internacional de petróleo

sobre o Brasil. Na seqüênciavieram Júpiter e os demaiscampos do chamado pré-sal:Parati, Carioca, Bem-te-vi eCaramba, entre outros, por enquanto.

O pré-sal, é uma área que seestende por 800 km, do EspíritoSanto a Santa Catarina, e podeconter bilhões de barris de óleoequivalente (boe). Somente nocampo de Tupi, na bacia de

Santos, a reserva estimada pelaestatal é de entre 5 e 8 bilhõesde boe.

O Brasil tomou conhecimen-to da chamada camada do pré-sal em novembro de 2007,quando a Petrobras veio apúblico informar sobre a desco-berta do megacampo de Tupi,na Bacia de Campos. Mas o

potencial desta nova fronteiraexploratória já tinha sido objetode reportagem na revista TNPetróleo, que em 2002 entrevis-tou o geólogo e especialista emsísmica Márcio Rocha Mello,dono da HRT, empresa quedesde aquela época vem apro-fundando os conhecimentossobre o assunto através depesquisas baseadas na última

palavra em tecnologia dasísmica com imagens em 3D(modelagem composicional 3Dde sistemas de petróleo).

Na entrevista de 2002,Rocha Mello abordou as pes-quisas feitas no pré-sal, eadiantou, com base nos estudosrealizados pela HRT, o que viriaa ser confirmado cinco anosdepois, com o anúncio dadescoberta do Campo de Tupi.

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“Todo o futuro de exploração depetróleo no Brasil foi anunciadonaquela reportagem da TNPetróleo”, assegura ele.

Sobre o campoRocha Mello explica que a

função do sal é segurar opetróleo. Segundo ele, trata-sede uma camada impermeável,que funciona como se fosse umatampa. E quando não estáfraturada, segura todo o óleodebaixo dela. Por coincidência,explica, a rocha que gera todo o

petróleo das bacias de Santos,Campos e Espírito Santo estádebaixo do sal.

“Dessa forma, todo o petró-leo que descobrimos antes dopré-sal escapou por falhas oufraturas dessa camada, e sedepositou nos reservatórios dopós-sal, como acontece na Baciade Campos. Nas áreas em queo sal está intacto, todo o óleoestá guardado. Há alguns anos

Iara

as pessoas diziam que o princi-pal problema eram as condiçõesfísicas desses reservatóriosultraprofundos. Que seriapreciso atravessar uma camadamuito espessa de sal e que atemperatura seria muito alta,talvez até superior a quepossibilitasse a preservação dehidrocarbonetos”, explica.

O geólogo diz que, naopinião dessas pessoas, o queestivesse lá embaixo estariadestruído. Outras diziam queno pré-sal havia a rocha que

gerou o óleo, mas não tinha arocha-reservatório. Mas depoisda primeira perfuração, a duraspenas, descobriu-se que setratava de um paradigmainfundado, porque o sal não sóé selante, mas também tem umacondutividade muito grande decalor, permitindo que lá embai-xo fique mais frio. E por ser flexível, age como se fosse umcolchão, e não permite que a

pressão seja transmitida para asoutras camadas.

“Essa formação tem quase2.000 km, e se estende desde oEspírito Santo a Santa Catarina.Isso quer dizer que existe umaárea de 2.000 km onde asmesmas condições geológicasde Tupi podem se repetir váriasvezes, e que podemos descobrir mais dois, três, quatro, seis oumais campos como o de Tupisem nenhum problema”, asse-gura Rocha Mello.

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2003/2007 – Exploração -Levantamentos sísmicos,interpretação dos dadosgeológicos e perfuração depoços exploratórios. Nessaetapa foi feita a estimativa daquantidade de petróleo quepode ser extraída em Tupi: 8bilhões de barris

Março de 2009 – Teste de longa

duração - Um dos itens dafase de avaliação da descober-ta, em que se analisam ascaracterísticas do reservatório.Está prevista uma produçãode 30.000 barris por diadurante o teste. Ao final, seráfeita a Declaração de Comerci-alidade, atestado de viabilida-de econômica a ser entregueà ANP.

DADOS GERAISBM-S-11 (Área do Tupi):• Reservatórios: carbonáticos de

origem microbial• VREC: 5 a 8 bilhões barris de

óleo equivalente (boe)• Profundidades dos reservató-rios: 5.000 a 6.000 m

• Temperatura do óleo no reserva-tório: 64 ºC

• Camadas de sal com até 2 milmetros de espessura

• Qualidade do óleo: 28o API• Razão Gás-Óleo: 220 m³/m³• Viscosidade: 1,14 cP• Teor de CO

2no gás: 8 a 12%

• Baixo potencial para asfaltenos

2010 – Plano de desenvolvimento-Dimensionamento da infra-estrutura e da logística deprodução do petróleo e do gásencontrados, com a instalaçãodas primeiras plataformas, navios-tanque, dutos e terminais.

Dezembro de 2010 – Projeto-piloto- Verificação da viabilida-de da produção em larga

escala. A previsão é produzir100 mil barris por dia nessaetapa.

2012 – Produção- Escoamento doproduto, desde o poço até oterminal, para a comercializaçãodo petróleo e do gás - com asrefinarias ou o comérciointernacional. Estima-se queTupi chegue a produzir 500 milbarris por dia.

Um longo caminho

   F  o   t  o  :   B   i  a   C  a  r   d  o  s  o

   I   l  u  s   t  r  a  ç   ã  o  :   B  a  n  c

  o   d  e   I  m  a  g  e  n  s   H   R   T

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