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CIÊNCIA DO COMPORTAMENTO HUMANO Índice 1 - A Depressão: Impotência Para Viver!.................................................................................. 2 1.1 - A Depressão ..................................................................................................................... 2 1.2 - Pontos a Ponderar ........................................................................................................... 4 2 - Ansiedade e Stress .............................................................................................................. 4 3 - Como eu Trato a Depressão ................................................................................................ 6 4 - Comportamento Depressivo ............................................................................................... 8 5 - Depressão........................................................................................................................... 11 5.1 - Uma Abordagem Espírita ............................................................................................. 11 6 - Depressão na Visão Espírita .............................................................................................. 12 6.1 - Conceito........................................................................................................................... 12 6.2 - Etiopatogenia.................................................................................................................. 12 6.3 - Tratamento..................................................................................................................... 13 7 - Escala de Holmes-Rahe para Avaliação do Estresse ........................................................ 15 8 - Origem e Reações do Estresse........................................................................................... 16 8.1 - Reação e ação do estresse............................................................................................. 18 8.2 - Instantes.......................................................................................................................... 19 9 - Máscaras ............................................................................................................................ 20 10 - Diversidade das experiências.......................................................................................... 21 10.1 - Não Faça Tempestade em Copo D'água.................................................................... 21 10.2 - Faça as Pazes com a Imperfeição............................................................................... 21 10.3 - Livre-se da Idéia que Pessoas Gentis e Calmas Não Podem Ser Supereficientes...22 10.4 - Fique Atento ao Efeito Bola de Neve de Seu Pensamento........................................ 22 10.5 - Desenvolva Sua Complacência................................................................................... 23 10.6 - Lembre-se que, ao Morrer, sua Caixa de Entrada não Estará Vazia....................... 24 10.7 - Não Interrompa os Outros ou Complete suas Frases............................................... 24 10.8 - Faça Alguma Coisa Legal por Alguém e não Conte a Ninguém.............................. 25 10.9 - Deixe a Glória para os Outros..................................................................................... 25 10.10 - Aprenda a viver o momento presente...................................................................... 26 10.11 - Imagine que todo mundo é iluminado, menos você.............................................. 26 10.12 - Deixe para os outros o mérito de estarem.............................................................. 27 10.13 - A Raiva......................................................................................................................... 28 10.14 - Mas os Ratos Apareceram ........................................................................................ 29 10.15 - Carregando pedras ................................................................................................... 30

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CIÊNCIA DO COMPORTAMENTO HUMANO

Índice

1 - A Depressão: Impotência Para Viver!....................................................................................................21.1 - A Depressão ...........................................................................................................................21.2 - Pontos a Ponderar .................................................................................................................4

2 - Ansiedade e Stress ..................................................................................................................................43 - Como eu Trato a Depressão ...................................................................................................................64 - Comportamento Depressivo ...................................................................................................................85 - Depressão...............................................................................................................................................11

5.1 - Uma Abordagem Espírita .....................................................................................................116 - Depressão na Visão Espírita ................................................................................................................12

6.1 - Conceito................................................................................................................................126.2 - Etiopatogenia........................................................................................................................126.3 - Tratamento............................................................................................................................13

7 - Escala de Holmes-Rahe para Avaliação do Estresse ..........................................................................158 - Origem e Reações do Estresse...............................................................................................................16

8.1 - Reação e ação do estresse.....................................................................................................188.2 - Instantes................................................................................................................................19

9 - Máscaras ...............................................................................................................................................2010 - Diversidade das experiências..............................................................................................................21

10.1 - Não Faça Tempestade em Copo D'água.............................................................................2110.2 - Faça as Pazes com a Imperfeição.......................................................................................2110.3 - Livre-se da Idéia que Pessoas Gentis e Calmas Não Podem Ser Supereficientes..............2210.4 - Fique Atento ao Efeito Bola de Neve de Seu Pensamento..................................................2210.5 - Desenvolva Sua Complacência...........................................................................................2310.6 - Lembre-se que, ao Morrer, sua Caixa de Entrada não Estará Vazia.................................2410.7 - Não Interrompa os Outros ou Complete suas Frases.........................................................2410.8 - Faça Alguma Coisa Legal por Alguém e não Conte a Ninguém........................................2510.9 - Deixe a Glória para os Outros............................................................................................2510.10 - Aprenda a viver o momento presente................................................................................2610.11 - Imagine que todo mundo é iluminado, menos você..........................................................2610.12 - Deixe para os outros o mérito de estarem........................................................................2710.13 - A Raiva..............................................................................................................................2810.14 - Mas os Ratos Apareceram ................................................................................................2910.15 - Carregando pedras ..........................................................................................................3010.16 - Em Nome do Mestre .........................................................................................................3010.17 - Eu Desisto ........................................................................................................................3110.18 - Quem dá as ordens ...........................................................................................................3210.19 - Sabe Que Eu Não Sei! ......................................................................................................3310.20 - Seja Mais Paciente............................................................................................................3310.21 - Conceda-se o direito ao tédio...........................................................................................3410.22 - Crie Períodos de Paciência Prática..................................................................................3510.23 - Faça a si Mesmo a Seguinte Pergunta: "Que Importância Isso Terá Daqui a um Ano?".......................................................................................................................................................3610.24 - Seja o Primeiro a Agir Amorosamente ou a Fazer as Pazes............................................3610.25 - Renda-se ao Fato de que a Vida não é Justa....................................................................37

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11 - O Código Internacional de Doenças e Terapêutica Espiritual .........................................................37Referências Bibliográficas:..........................................................................................................38

12 - Saiba viver melhor!!!..........................................................................................................................3812.1 - O bobo da corte interior......................................................................................................3812.2 - Falar e agir.........................................................................................................................39

13 - Eu e a Sociedade..................................................................................................................................4014 - Psicoterapia Holística .........................................................................................................................46

14.1 - Depressão............................................................................................................................4615 - Distimia ...............................................................................................................................................4716 - Homossexualismo: Opção ou Condição? ..........................................................................................4817 - Campeão de Tênis ...............................................................................................................................4918 - Como Prevenir o Câncer Moral .........................................................................................................5019 - Solidão .................................................................................................................................................51

1 - A depressão: impotência para viver!A Depressão tem acometido muitas pessoas hoje em dia. Só para dar uma idéia, nos EUA há 25

milhões de deprimidos crônicos! No Brasil, não há uma estatística confiável, mas sabe-se que é muito grande o número destes doentes.

Freqüentemente confunde-se tristeza ou stress com depressão, mas esta última é muito mais profunda: a depressão é uma profunda impotência funcional perante a vida. Através deste artigo, muitas pessoas poderão descobrir se têm ou não sintomas de depressão.

1.1 - A Depressão 1

Períodos em que nos sentimos infelizes, prostrados ou solitários, acontecem ocasionalmente na vida da maioria das pessoas. O que ocorre é que a maioria sabe que deve esperar dias em que a energia está em baixa e a mente sombria, e aprende a aceitá-los ou a desenvolver maneiras de voltarem ao normal, geralmente com uma atitude de confiança de que as coisas voltarão a parecer mais promissoras em breve.

Às vezes, entretanto, os sentimentos de impotência e desesperança sobre nós mesmos, o mundo e o futuro se tornam tão fortes que nos levam ao estado que chamamos de depressão. Há vezes em que você pode perceber que tentou sair da situação e descobriu que as coisas ficaram piores. A finalidade deste discurso é ajudá-lo a compreender melhor a natureza e função dos sintomas depressivos e descrever as oportunidades e o crescimento de que podemos usufruir em tempos de depressão.

É importante sabermos que, em sua maioria, as depressões não são doenças mentais, nem enfermidades sérias que exijam tratamento profissional ou remédios ou, ainda, longos períodos de psicoterapia. Antes, faz muito mais sentido compreender que a depressão, particularmente em seus estágios iniciais, é uma mensagem, ou sinal, tal como a dor, de que uma parte de nós mesmos não está recebendo a atenção adequada.

Examine sua vida. A informação mais importante sobre as pessoas deprimidas é que são inativas e desinteressadas no que se refere a atividades agradáveis e compensadoras que são necessárias para manter uma vida satisfatória. Elas, em grande número, se deixaram levar a um estilo de vida no qual grande parte do tempo é utilizado em se preocupar, em se entregar ao marasmo ou ficar sem fazer nada. Além disto, o modo de pensar das pessoas deprimidas torna-se distorcido, com o resultado de que começam a perceber e interpretar seu mundo de um ponto de vista negro e infeliz.

Considere a seguinte situação: Você caminha por uma rua e vê um grupo de amigos ou conhecidos rindo e conversando. Naturalmente, você começa a avaliar e tentar compreender o que vê. Se você está em seu estado normal, pode muito bem ficar animado com a idéia de ir logo visitar seus amigos e passar algum tempo com pessoas animadas e felizes. Mas pense no fato de que muitas pessoas deprimidas, numa situação exatamente igual, concluem que os amigos não estão nem um pouco interessados em conversar

1 Fred Schindler, Ph.D.2

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com ela, e, podem achar que estão falando a seu respeito e que foram excluídas da conversa de propósito. Então, ao continuarem a andar, infelizes e rejeitadas, nem sequer percebem que uma excelente oportunidade de estar com outras pessoas foi desperdiçada.

O que existe nos estados "normais" de humor que nos permite obter satisfação dos relacionamentos com nossos amigos, e que está ausente quando estamos deprimidos? A resposta é, sem dúvida, a interpretação que damos aos acontecimentos de nossa vida. A depressão é o resultado de continuarmos a escolher interpretações que nos mantêm distantes das pessoas e nos impedem de nos entregarmos a atividades que são pessoalmente compensadoras. Quando este padrão se repete, os sintomas depressivos mais sérios, tais como letargia, insônia, perda ou ganho de peso, ou mesmo suicídio, tendem a ocorrer.

Manter-se ativo é a chave para o tratamento e prevenção da depressão na maioria dos casos. O ciclo vicioso da inatividade e do isolamento, que ocorrem quando a pessoa pára de participar de atividades e situações que costumavam lhe dar prazer, deve ser rompido. A melhor estratégia, pois, é encorajar, persuadir e até‚ mesmo forçar a si mesmo a manter-se ocupado, fazendo as coisas que costumavam ser apreciadas, mesmo que não sejam particularmente satisfatórias no momento. Pesquisas científicas recentes vieram apoiar este modo de encarar a questão, demonstrando que um programa regular de aperfeiçoamento físico é um meio eficaz de combater a intensidade e a duração da maioria das depressões. É como se os exercícios e as atividades servissem para energizar o corpo e melhorar o estado de espírito, quem sabe até‚ por facilitar a produção de produtos químicos no cérebro, necessários para um funcionamento harmonioso.

Há um psicólogo que pede aos pacientes deprimidos que imaginem como seria se um determinado aspecto ou necessidade da vida pudesse ser colocado dentro de uma caixa. Assim, o apoio e o valor dos amigos e da vida social ficariam numa caixa; em outra, ficariam nossas necessidades de completar nossa vida profissional e a educação; em uma terceira caixa ficariam nossas buscas espirituais e religiosas; uma quarta caixa poderia conter os relacionamentos familiares. Obviamente, cada pessoa teria seu número individual de caixas contendo diferentes necessidades. É provável a ocorrência da depressão quando uma ou mais caixas estão vazias (ou não recebendo cuidados suficientes), não podendo prover as oportunidades de satisfação naquela área da vida. A felicidade é mantida quando existe valor e significado em todas as caixas.

Gaste alguns minutos separando em compartimentos as necessidades e aspectos de sua vida. É muito provável que, caso você esteja propenso à depressão, alguns compartimentos se mostrem carentes de atenção. Não se deixe enganar pela crença de que a focalização apenas nos aspectos positivos e compensadores de sua vida seja meio eficiente de evitar o esforço necessário para aumentar a satisfação que falta nas caixas que estão vazias.

Se você perceber que não consegue motivar-se no sentido de fazer as mudanças necessárias à sua vida, então ser importante procurar amigos, pessoas da família ou profissionais especializados que possam ajudá-lo. Muitas depressões, mesmo sem tratamento, tendem a diminuir ou desaparecer em poucos meses. A mente é capaz de energizar o corpo independentemente, sem que disto tomemos plena consciência. Entretanto, seja responsável o suficiente para tomar o controle da situação, evitando, assim, prolongar seu período de sofrimento.

1.2 - Pontos a Ponderar 2

1 - A depressão é uma das mazelas mais comuns da humanidade. É um entorpecimento da vivacidade - mental, emocional e fisicamente.

2 - Que efeitos as substâncias que afetam a estabilidade do metabolismo estão tendo sobre sua saúde? Estas substâncias incluem o açúcar refinado, a cafeína, o álcool e muitos medicamentos vendidos sem receita médica.

3 - Todos nós somos afetados pelo ciclo diário de atividades: nutrição e descanso. Há certas horas do dia em que estamos mais alertas mentalmente, mais inclinados à atividade física ou quando o descanso é essencial. O ciclo acordar-dormir deve ser respeitado, com horários regulares de levantar e ir

2 Richard A. Rawson, M.D.3

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dormir. A fadiga emocional pode ser um sintoma de depressão. Ela não será aliviada com mais horas de sono; dormir em excesso normalmente piora o problema. É aconselhável fazer algum tipo de exercício leve após levantar de manhã. Caminhar é uma excelente opção. Também é benéfico descansar por 20 ou 30 minutos na hora do almoço, para a maioria das pessoas.

4 - Muitas pessoas acreditam inconscientemente que o beijo de um príncipe encantado despertará a Bela Adormecida ou que o beijo de uma princesa transformará o sapo em príncipe. Enquanto esperam pelo milagre mágico, sua vivacidade irá se desvanecendo pela procrastinação.

5 - As tarefas rotineiras, especialmente as que são tediosas, como fazer a limpeza, lavar roupa, etc., devem ser feitas regularmente, de preferência seguindo um plano de trabalho para que não seja necessário pensar muito para decidir se e quando realizá-las.

6 - A depressão aumenta seu poder por reforçar a ilusão da dificuldade e ligando a esta ilusão censuras e culpas.

7 - Nunca somos confrontados com um problema que não possamos resolver. Nossa responsabilidade está, pois, em descobrir e aplicar os recursos interiores necessários para vencer o problema.

8 - Tenha em mente que tudo que você está experimentando agora, seja agradável ou desagradável, possivelmente será reconhecido apenas mais tarde como um apoio positivo para que você alcance os seus próprios objetivos na vida.

2 - Ansiedade e Stress 3

A vida moderna é desgastante. Os compromissos, as obrigações sociais, o ritmo de vida que a maioria de nós leva, fazem com que vivamos em um contínuo estado de tensão, de ansiedade, de insegurança com o dia de amanhã. Para manter o equilíbrio e continuar a viver "dentro" da sociedade, procuramos aumentar e viver melhor os nossos momentos de lazer. Mas, quando mesmo assim, não conseguimos esta serenidade, nos tornamos vítimas de um mecanismo diabólico que começa a alimentar nossas frustrações e nossas deficiências, fazendo com que vivamos nervosos, cansados e sempre mais desgastados com o ritmo e as situações que a vida e a sociedade nos impõem.

Qual a solução?

Procurar a cidade da eterna felicidade: SHANGRILÁ?

Procurar artifícios divulgados maciçamente por todas as campanhas publicitárias para uma vida melhor?

Procurar ajuda nos vários medicamentos tranqüilizantes, ansiolíticos, anti-stress, anti...tudo etc., com o risco de nos tornarmos dependentes e sempre mais em uma roda viva?

Procurar dentro de nós mesmos aquela força, aquela determinação, aquela segurança para podermos enfrentar melhor todas as dificuldades e superá-las?

É óbvio que encontrar ajuda nos outros ou no que os outros, de várias maneiras, podem nos dar é muito cômodo e, às vezes, fácil. Muito mais difícil e imperativo é buscar ajuda em nós mesmos, sobretudo quando não sabemos por onde começar, nem como fazer.

Os cientistas do mundo inteiro começaram a perceber como estava se tornando importante e prioritário descobrir métodos que auxiliassem as pessoas a melhorar a própria qualidade de vida e a descobrir e utilizar melhor as características e as potencialidades individuais, para viver melhor e se defender dos constantes ataques aos quais a sociedade inevitavelmente é submetida.

Nada melhor do que a necessidade para estimular a busca, a pesquisa e o encontro de soluções. As duas guerras mundiais e as outras que a elas se sucederam, forneceram este estímulo. Havia uma necessidade sempre maior de motivar os soldados a combater, os civis a resistir e todos em geral a se manter coesos e unidos para sustentar, sem titubear, os ideais dos próprios líderes. Foi entre as duas guerras e depois delas, que nasceram e se desenvolveram inúmeras técnicas de ajuda e suporte físico-

3 Gentileza: Dr Leonard F. Verea ([email protected]) Instituto Verea.4

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emocional no mundo inteiro. Os cientistas concordavam unanimemente que somente trabalhando causas e efeitos, podia se chegar a uma solução satisfatória.

Os médicos e os psicólogos se desdobraram na busca da solução ideal para atender às necessidades sempre maiores e às cobranças sempre mais emergentes às quais eram submetidos. Mas havia uma dificuldade insuperável. Não existe ninguém igual ao outro, tanto física quanto emocionalmente e isto fez com que se percebesse que não podia existir um tratamento único e ideal para todos, mas várias formas de tratamento, para que cada um pudesse, dentro de várias opções, encontrar a solução melhor para o seu problema. Hoje observamos como as descobertas da medicina e da psicologia criaram profissionais sempre mais especializados em setores cada vez menores do nosso corpo e da nossa mente. Ao lado das novas técnicas, mais afinadas e em constante evolução, redescobriram-se modelos de tratamento antigos como o Homem, assim como se começou a dar sempre maior importância àqueles valores que foram se perdendo nos tempos. Educação, família, casamento, costumes, sexualidade vivida de forma sadia e não mais promíscua, trabalho etc., foram se revalorizando. Na saúde, paralelamente à utilização de computadores e técnicas sempre mais sofisticadas, houve uma intensa redescoberta de soluções naturais, plantas, ervas, essências e remédios manipulados e não mais industrializados. Técnicas milenares passaram a ser reutilizadas e investe-se cada vez mais no desenvolvimento e aprimoramento destes tratamentos, entre os quais têm sempre um maior destaque a acupuntura e a hipnose.

Prova disso é o uso do "laser" na acupuntura que, até poucos anos atrás, era impensável, bem como a sua aplicação para o tratamento das doenças "modernas".

Descobriu-se a Medicina Psicossomática, ou seja, os pesquisadores começaram a perceber como existem inúmeros fatores emocionais no desenvolvimento e evolução de muitas doenças: problemas emocionais mal resolvidos e não resolvidos que afetam o nosso organismo, onde encontram uma ótima válvula de descarga, geram doenças até então consideradas solucionáveis somente com uma abordagem clínica ou cirúrgica.

A figura do psicólogo enriqueceu-se, assim como o estudo dos aspectos psicológicos e emocionais nas várias patologias, tornou-se fundamental no "Curriculum," das melhores faculdades de medicina do mundo inteiro.

Que stress..., sinto-me estressado..., levo uma vida stressante..., ouvimos dizer nas conversas diárias quando alguém se refere àquele cansaço, ansiedade, depressão que acontecem mais cedo ou mais tarde a todas as pessoas fortemente envolvidas com a família, o trabalho ou com os problemas pessoais. Mas o que é este stress do qual todo mundo está falando? É a reação do nosso organismo à ação de qualquer estímulo, agradável ou desagradável, físico ou químico, infeccioso ou orgânico, nervoso ou mental, emocional ou afetivo. O stress não somente é inevitável, mas se guardado dentro de certos limites necessários, é até benéfico. A nossa própria existência é stress, porque ela se baseia sobre um contínuo processo de adaptação, de equilíbrio estável com o ambiente e contra o ambiente. O stress é antigo como a humanidade, como a própria vida, mas se hoje tanto se fala de stress, é porque a sociedade nos submete a um bombardeio de estímulos estressantes nunca acontecido na história da humanidade, que põe a dura prova a capacidade de adaptação do nosso organismo e da nossa mente.

Os estímulos estressantes mais comuns no indivíduo são aqueles psicológicos.

A preocupação com a nossa saúde ou de pessoas queridas, o trabalho que comporta sempre maiores e graves responsabilidades, tensões e frustrações contínuas, assistir a uma cena emocionante, se defrontar com um ambiente social novo, provocam stress de maneira igual se não maior do que os agentes físicos ou biológicos estressantes.

Também as experiências positivas provocam stress, constituindo de fato uma mudança e necessitando que o organismo se acostume também a elas.

Abraçar com paixão uma pessoa querida, vencer na loto, uma promoção profissional, um aumento inesperado de salário, levam a desenvolver stress. Em outras palavras, agradável ou desagradável que seja a emoção ou sensação, produz no nosso organismo stress, que, traduzido em português, significa tensão.

Assim, paradoxalmente, um enfarte pode ser desencadeado tanto por um grande prazer como por um grande sofrimento. Entre as conseqüências mais freqüentes da tensão, existem a ansiedade, a insônia, cansaço físico e mental, dores de cabeça, distúrbios circulatórios, gastrointestinais, hepato-biliares,

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impotência, frigidez, redução das defesas imunológicas, diminuição da capacidade de concentração, agressividade, passividade.

Alguns indivíduos são extremamente sensíveis a qualquer situação estressante, podendo se transformar em um fator desencadeante de muitos distúrbios do comportamento. O stress pode se tornar particularmente arriscado em sujeitos cujos órgãos estão já desgastados por doenças ou disfunções crônicas, por exemplo: os hipertensos, os cardiopáticos, os idosos em geral. O maior perigo vem, não dos grandes estresses ocasionais, mas de pequenos e contínuos estresses, aqueles de todos os dias, que constituem o desgaste da vida moderna e que, juntando-se, podem se revelar fatais.

Mas como prevenir ou, pelo menos, diminuir os danos do stress? Uma receita fácil e um medicamento imediato não existem. É preciso, antes de mais nada, procurar, com a ajuda do bom senso, controlar aquelas tensões diárias que podem ser evitadas e reduzi-las. Regularizar a alimentação, o trabalho, o descanso, o sono, consumir menos álcool, menos nicotina.É necessário evitar a vida sedentária, a luta contínua contra o relógio e qualquer causa de cansaço crônico, diminuir os compromissos, concluir uma relação sentimental tormentosa, saber se interromper, saber parar em tempo quando o equilíbrio se torna por muito tempo instável, saber relaxar, e encontrar a forma de se libertar, de manifestar a si mesmo os próprios sentimentos.

É fácil aconselhar alguém a relaxar, mas não é tão fácil para essa pessoa conseguir.

Existem, em matéria de ajuda, todas aquelas técnicas que o profissional da saúde, bem preparado, pode ensinar o paciente a utilizar.São todas formas diferentes para ajudar o paciente a encontrar e restabelecer o equilíbrio físico, psíquico e emocional.Dentro desse panorama, a hipnose vem conquistando um lugar de sempre maior relevância, e a Hipnose Dinâmica se coloca como um tratamento de vanguarda.

3 - Como eu Trato a Depressão 4

Com acerto é dito que a depressão é o mal do século. Dentre as enfermidades mentais ela é uma das mais presentes, causando sofrimento inominável a muitas pessoas. A depressão não é um problema que a pessoa esteja enfrentando nesta vida simplesmente. A sua problemática é muito mais profunda.

Data-se de épocas remotas. Estamos informados pêlos nossos amigos Espirituais que do seio Divino verte uma energia que fecunda cada criatura. Esta energia Divina é uma doação constante que nos irracionais é de aceitação automática. Nos racionais a aceitação é voluntária, dependente do livre-arbítrio.

Na dinâmica causal da depressão está o fato de o ser não identificar o amor de Deus, a paternidade Divina, quando conquista a possibilidade do livre-arbítrio. Este fato gera um campo energético de insegurança que desperta o egoísmo. Neste movimento egoísta a pessoa age equivocada, buscando a segurança e, quase sempre, cria um carma negativo e suas implicações. No caso da depressão, o egoísmo gera a revolta e a rebeldia que é o núcleo motor do deprimido. O carma criado na energia da revolta leva ao complexo de culpa e este à depressão. Assim podemos dizer que a depressão é a expressão da revolta, é a tristeza deteriorada. Dentro desta visão vamos ver que o deprimido tem um caráter básico a expressar-se na dificuldade em perdoar (a si e ao próximo). É um sedutor por excelência pois a sua dor é a maior do mundo. É perfeccionista por orgulho, agressivo disfarçado (ironia e somatização) e, por fim, um suicida em potencial (tenta agredir com a sua morte a Deus e aos seus semelhantes).

O Duplo Etérico e o metabolismo do fluido vital são extremamente afetados.

O Centro Vital Genésico, movido pela energia deletéria da revolta, cria possibilidades de frigidez sexual, impotência, insuficiências ovarianas e testiculares, problemas prostáticos, uterinos vários, infecciosos e tumorais.

O Centro Vital Esplênico, estimulado por tal energia, predispõe à má absorção do prana, às anemias, leucopenias, plaquetopenias, leucopenias, processos cancerígenos nas estruturas medulares.

4 Paulo, Dr. Jaider Rodrigues de. AMEMG. (Extraído do Jornal Folha Espírita, nº 289, abril/98, pág. 4).

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O Centro Vital Gástrico, dentro desta perspectiva, vai facultar o aparecimento das irritabilidades e inflamações, nas úlceras, da má absorção dos alimentos, das neoplasias, da inibição do funcionamento intestinal nas porções terminais, retendo substâncias tóxicas cancerígenas e doenças diverticulares. O Centro Vital Cardíaco predisporá às coronariopatias, arritmias e às insuficiências cardíacas.

O Centro Vital Laríngeo, por sua vez, fará uma expansão pulmonar insuficiente, dificultando as trocas do oxigênio e do gás carbônico, a expulsão dos agentes tóxicos, a absorção prânica, facilitando as doenças pulmonares, infeções e as neoplasias.

O Centro Vital Coronário e Cerebral, por serem profundamente afetados, dificultam a conscientização dos elos superiores da vida, favorecendo a falta de fé e esperança tão peculiar nos deprimidos, a expressar-se nas apatias, anedonias e abulias.

O tratamento da depressão requer do profissional certa experiência, porque não raro encontramos pacientes refratários ao tratamento pelo fato deste já ter sido iniciado de maneira inconveniente. Quando o quadro depressivo não é grave, podemos iniciá-lo de maneira menos "agressiva", usando mais orientações para corrigirmos hábitos alimentares, estimulando o uso de verduras e frutas de cores alaranjadas, amarelas e verdes, os exercícios respiratórios (aumentar a entrada de oxigênio e saída do gás carbônico e de elementos e a captação do prana); o banho de sol, as caminhadas ou exercícios regulares; a necessidade do lazer, de leituras e atividades salutares. Desaconselhamos o uso de alcoólicos, do fumo, do excesso de leite e seus derivados, da carne e dos condimentos. Enfatizamos da necessidade de valorizar-se a dor alheia, da meditação, do trabalho beneficente em prol dos necessitados (descentralizando a atenção excessiva em si), do culto cristão no lar, de atentar para uma melhor convivência no lar e no trabalho. Quando há um clima de aceitação dos recursos espíritas, encaminhamos para receberem os passes, principalmente nos centros de força Esplênico e Gástrico, os mais afetados, e o recurso da água fluidificada. Não sendo aceitos tais recursos, orientamos da necessidade da fidelidade ao compromisso religioso que temos diante do nosso Criador; com isto, enfatizamos o recurso da prece, da procura da comunhão com Deus, o Nosso Pai, através da prece, que deve ser sincera e sentida para ter-se a eficácia desejada.

Usamos também os recursos dos Florais e da Homeopatia, no intuito de harmonizarmos as energias do Duplo Etérico e do perispirito. Somos do parecer que a Medicina alternativa tem muito que oferecer aos pacientes deprimidos. Buscamos com a psicoterapia oferecer ao paciente a possibilidade de tomar consciência da sua relação consigo, com seu semelhante e com Deus, denunciando a ele a sua maneira de ser diante da vida.

Quando o paciente depressivo é mais grave, implica na necessidade de usarmos os antidepressivos, afim de minorarmos o seu sofrimento, que não é pequeno. A escolha do antidepressivo é muito importante, porque tem que levar em consideração vários fatores, tais como: condições sociais, estados orgânicos, idade, tipo de depressão, resistência ao uso da medicação (medo de dependência). Nos pacientes de baixa renda, usamos de preferência os antidepressivos Tricíclicos, por serem os mais baratos. Dentre estes, temos na clorimipramina o mais eficaz e não necessitamos, na maioria dos pacientes, de altas doses. Quase sempre, no início do tratamento, usamos um ansiolítico de preferência à noite para melhorar o sono, até o processo antidepressivo fazer efeito.

Nos casos de depressão grave e refratários ao tratamento exposto acima, usamos a Eletroconvulsoterapia com ótimos resultados.

Atualmente contamos com uma classe de antidepressivos, os Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina (ISRS) que apresentam menos efeitos colaterais, porém não são mais potentes que os Tricíclicos e apresentam preços proibitivos para os de baixo poder aquisitivo.

É uma alternativa mais confortável para os pacientes que podem adquiri-los. Dentre estes antidepressivos temos como os mais eficazes a Paroxicetina, a Fluoxetina e o Citralopam. Os demais são de eficácia ainda não convincente. Os Inibidores da Monoamina Oxidasse (IMAO) são pouco usados e destes, atualmente, a Meclobemida é o mais aceito (em pacientes idosos) com certas restrições de sua eficácia.

O tempo de uso vai depender muito da severidade da depressão e da disponibilidade íntima do paciente em colocar em prática as orientações passadas. Os antidepressivos e os ansiolíticos não curam ninguém, funcionam como um "Cirineu", ajudando os pacientes a levarem suas cruzes, não retirando-as

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dos seus ombros. Somente a conscientização da necessidade de transformar-se intimamente é que pode mudar o roteiro de vida de um deprimido.

4 - Comportamento Depressivo 5

A depressão é um mal-estar muito presente na civilização, neste fim de século. Grave é aquele processo depressivo que afeta, de diferentes maneiras, o humor, o pensamento, as funções corporais e o comportamento de uma pessoa.

Na depressão, muitas vezes, o pensamento se torna negativo em relação a si mesmo, ao presente e ao futuro. As pessoas deprimidas podem ter dificuldades para se concentrar e memorizar e com freqüência têm problemas para tomar decisões. À medida em que a depressão vai se tornando mais grave, pode ocorrer o sentimento de menosprezo e desespero. As pessoas que pensam que a vida não vale mais a pena ser vivida apresentam com freqüência idéias suicidas.

O que pode causar a depressão?

Alguns boletins médicos apresentam como possíveis causas:

- Dificuldades numa relação.

- Preocupações financeiras.

- Estresse.

- "Perdas" de entes queridos.

- Herança genética - alguns pesquisadores acreditam que pessoas com suscetibilidade genética podem tornar-se mais vulneráveis à depressão.

- Fatores fisiológicos ou bioquímicos - que hoje se constitui em interessante área de pesquisa.

Acredita-se que a depressão seja causada por um desequilíbrio entre substâncias químicas cerebrais (neurotransmissores). Outros fatores fisiológicos seriam algumas doenças, vários remédios e também o álcool e outras substâncias das quais as pessoas abusam.

Numa avaliação social, Dr. Washington Loyello, professor adjunto de Psiquiatria da Universidade do Est. do Rio de Janeiro, opina:

"A valorização exacerbada do dinheiro e das posições sociais somada ao incessante apelo ao consumismo faz com que o homem ocidental sofra uma série de tensões e frustrações que podem acabar culminando com o aparecimento de algum distúrbio mental".

Para o psiquiatra, "no sistema capitalista, onde a criação artificial de necessidades funciona como força motriz, o homem é espicaçado através da propaganda a um consumo desnecessário de bens, o que o leva a envidar esforços cada vez maiores a fim de obtê-los. Evidentemente que a conquista desse objetivo gera um imenso desgaste, enquanto seu fracasso acarreta uma enorme gama de frustrações. Não há então uma solução de satisfação. Somos sempre arremessados em extremos insatisfatórios".

Ainda assinala o médico, em adição aos aspectos competitivos da sociedade e da criação de necessidades, estão as reais situações de dificuldades. "Há pessoas que não têm como comer ou dormir direito, não dispõem de um mínimo de condições de sobrevida". E para Loyello, ansiedade e depressão seriam as conseqüências mais comuns e ilustrativas do caos pós-moderno.

Outro psiquiatra -- Dr. Eustáquio Portela Nunes, nos dá sua opinião, dentro do contexto social:

"A depressão é, para este final de século o que a histeria foi para seu início. Esse fato se deve às vertiginosas transformações operadas no período. A depressão resulta da ausência e esperança, da incerteza em relação ao que está por vir. Entre os deprimidos é onde ocorre o maior número de suicídios. O homem paga um alto tributo por ser o único animal que se angustia, uma sensação essencialmente ligada ao medo do futuro. É o único ser vivo na natureza que sabe que vai morrer e chega um momento,

5 Oliveira, Maria Thereza Carreço.8

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geralmente na idade média da vida, em que o presente cobra do passado os sonhos irrealizados e é nessa fase que a depressão encontra terreno fértil para se instalar".

"Outro aspecto da depressão, uma sensação de perda de pontos de apoio, é semelhante à experimentada com a morte de entes queridos. A perda está vinculada a idéias de diminuição, subtração, desvalorização, que produzem um sentimento de tristeza, desânimo e desinteresse pela vida", analisa Dr. Washington Loyello.

As estatísticas apontam a quarta década da vida como a época mais propícia ao surgimento do mal, embora outros dados já indiquem uma alteração na saúde mental de jovens na faixa etária entre 15 e 24 anos -- a taxa de suicídio triplicou nos últimos 20 anos, segundo a Associação Mundial de Psiquiatria. "O amplo espectro de sintomas da depressão compreende tristeza, diminuição da vontade, sentimento exagerado de culpa, perda de perspectiva, desejo de fuga da vida, redução da mobilidade e da capacidade cognitiva, além de insônia ou hiperssonia".

Esses aspectos são abordagens psicossociais que a comunidade médica apresenta dentro de seu campo de ação. E o aspecto espiritual, seria relevante, no caso da depressão?

Sem dúvida, e a Doutrina Espírita nos coloca alguns pontos que, refletidos, leva-nos a considerar não somente os aspectos psicofísicos e sociais.

O princípio doutrinário da reencarnação nos permite raciocinar sobre a imensa bagagem da qual o espírito imortal é portador. Ora, essa bagagem tem conteúdo positivo e negativo que foi acumulado ao longo das vidas sucessivas.

O espírito registra todo o seu quadro comportamental através do perispírito, que o intermedeia ao corpo físico.

Muitas seqüelas graves que se apresentam como doença no corpo são resultados de distúrbios comportamentais que se apresentaram no passado remoto ou recente. A depressão pode ser um quadro desses, agravado pelos agentes externos. O corpo físico somatiza desequilíbrios do espírito.

Há, ainda, o assédio espiritual de outros seres, já desencarnados, que a Doutrina Espírita caracteriza como processo obsessivo, influenciando aquele que já se encontra predisposto às influenciações dessa natureza.

Ou seja, o processo depressivo indica um espírito angustiado, que ainda não conseguiu achar um denominador comum nas suas ações, um espírito que se debate nas suas emoções sobre as quais perdeu o controle.

Joanna de Ângelis, através da psicografia de Divaldo Pereira Franco, assim se expressa:

"Ao lado das diversificadas patologias desesperadoras do momento os fenômenos psicológicos de desequilíbrio alastram-se incontroláveis.

A mole humana passou a sofrer o efeito desses sofrimentos que se generalizaram.

A doença, todavia, é resultado do desequilíbrio energético do corpo em razão da fragilidade emocional do espírito que o aciona. Os vírus, as bactérias e os demais microorganismos devastadores não são os responsáveis pela presença da doença, porquanto eles se nutrem das células quando se instalam nas áreas em que a energia se debilita. Causam fraqueza física e mental, favorecendo o surgimento da doença, por falta da restauração da energia mantenedora da saúde. Os medicamentos matam os invasores, mas não restituem o equilíbrio como se deseja, se a fonte conservadora não irradia a força que sustenta o corpo.

Momentaneamente, com a morte dos micróbios, a pessoa parece recuperada, ressurgindo, porém, a situação em outro quadro patológico mais tarde.

A conduta moral e mental dos homens, quando cultiva as emoções da irritabilidade, do ódio, do ciúme, do rancor, das dissipações, impregna o organismo, o sistema nervoso, com vibrações deletérias que bloqueiam áreas por onde se espraia a energia saudável, abrindo campo para a instalação das enfermidades, graças à proliferação dos agentes viróticos degenerativos que ali se instalam." (Plenitude - Alvorada Editora)

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A medicina tradicional recomenda o tratamento com medicamentos capazes de contornar rapidamente os sintomas e mais o acompanhamento psicoterápico. A Doutrina Espírita vai além, considerando que o significado da vida é muito mais amplo que conquistas sociais.

Ainda utilizamos Joana de Ângelis que traduz o pensamento espírita:

"O Espiritismo vem conclamando o homem para o respeito a Deus, a si mesmo, ao próximo, a todas as expressões vivas ou no que lhe constituem o ambiente em que está localizado, para aprender e ser feliz, assim adquirindo a sua plenitude.

Considerando a problemática humana, existente no próprio indivíduo -- o desconhecimento de si mesmo e tendo em vista os urgentes fatores que desencadeiam o sofrimento, arrastando multidões à sandice, ao desalento, à alucinação, às fugas inglórias pelo suicídio e pelos vícios, propõe que o homem conheça a si próprio a fim de se trabalhar.

Quase sempre as terapias tradicionais removem os sintomas sem alcançarem as causas profundas das enfermidades.

A cura sempre provém da força da própria vida, quando canalizada corretamente".

Adquirir uma consciência responsável é meta nossa, na presente encarnação, o que nos facilitaria a educação do pensamento e a disciplina dos hábitos. Educar o pensamento é direcioná-lo de forma positiva, edificante, firmando-o em propósitos saudáveis.

Um processo de autocura inclui, segundo ainda Joanna de Ângelis na mesma obra:

1 - Observar o pensamento para que irradie energias positivas:

- desejar a saúde.

- concentrar na saúde.

- visualizar a saúde.

2 - Manter sintonia mental com Deus, fonte do poder.

3 - Cuidar do aspecto físico: descanso, dieta, higiene, ordem nas atividades.

4 - Canalização dos pensamentos e das emoções para o amor, a compaixão, a justiça, a equanimidade e a paz.

A obsessão é estudada em profundidade pelo Espiritismo - fatores causais - e a Casa Espírita propõe métodos corretos para atender os que se acham envolvidos.

O amor seria o primeiro medicamento para a terapia antiobsessiva. A mediunidade é grande oportunidade para identificar e curar obsessões e, devidamente educada, aplicada em finalidades relevantes. A desobsessão é terapia especializada da Casa Espírita mas o processo implica em reforma moral do obsidiado.

O deprimido precisa curar a alma, a fim de que se instale a alegria, a paz, a saúde integral. É uma luta longa, mas o esforço para levá-la a termo construirá bases morais sólidas, naquele que se dispõe a realizar.

"Se os médicos são malsucedidos, tratando da maior parte das moléstias, é que tratam do corpo, sem tratarem da alma. Ora, não se achando o todo em bom estado, impossível é que uma parte dele passe bem".6

5 - Depressão

6 Kardec, Allan. In “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Introdução, Item XIX, resumo da Doutrina de Sócrates e Platão, FEB).

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5.1 - Uma Abordagem Espírita 7

A depressão tem a sua gênese no Espírito, que reencarna com alta dose de culpa, quando passando pelo processo da evolução sob fatores negativos que lhe assinalam a marcha e de que não se resolveu por liberar-se em definitivo.

Com a consciência culpada, sofrendo os gravames que lhe dilaceram a alegria íntima, imprime nas células os elementos que as desconectam, propiciando, em largo prazo, o desencadeamento dessa psicose que domina uma centena de milhões de criaturas na atualidade.

Se desejarmos examinar as causas psicológicas, genéticas e orgânicas, bem estudadas pelas ciências que se encarregam de penetrar o problema, temos que levar em conta o Espírito imortal, gerador dos quadros emocionais e físicos de que necessita, para crescer na direção de Deus.

A depressão instala-se, a pouco e pouco, porque as correntes psíquicas desconexas que a desencadeiam, desarticulam, vagarosamente, o equilíbrio mental.

Quando irrompe, exteriorizando-se, dominadora, suas raízes estão fixadas nos painéis da alma rebelde ou receosa de prosseguir nos compromissos redentores abraçados.

Face as suas cáusticas manifestações, a terapia de emergência faz-se imprescindível, embora, os métodos acadêmicos vigentes, pura e simplesmente, não sejam suficientes para erradicá-la.

Permanecendo as ocorrências psicossociais, sócio-econômicas, psico-afetivas, que produzem a ansiedade, certamente se repetirão os distúrbios no comportamento do indivíduo conduzindo a novos estados depressivos.

Abre-te ao amor e combaterás as ocorrências depressivas, movimentando-te em paz na área da afetividade com o pensamento em Deus.

Evita a hora vazia e resguarda-te da sofreguidão pelo excesso de trabalho.

Adestra-te, mentalmente, na resignação diante do que te ocorra de desagradável e não possas mudar.

Quando sitiado pela idéia depressiva alarga o campo de raciocínio e combate o pensamento pessimista.

Açodado pelas reminiscências perniciosas, de contornos imprecisos, sobrepõe as aspirações da luta e age, vencendo o cansaço.

Quem se habilita na ação bem conduzida e dirige o raciocínio com equilíbrio, não tomba nas redes bem urdidas da depressão.

Toda vez que uma idéia prejudicial intentar espraiar-se nas telas do pensamento obscurecendo-te a razão, recorre à prece e à polivalência de conceitos, impedindo-lhe a fixação.

Agradecendo a Deus a benção do renascimento na carne, conscientiza-te da sua utilidade e significação superior, combatendo os receios do passado espiritual, os mecanismos inconscientes de culpa, e produza com alegria.

Recebendo ou não tratamento especializado sob a orientação de algum facultativo, aprofunda a terapia espiritual e reage, compreendendo que todos os males que infelicitam o homem procedem do Espírito que ele é, no qual se encontram estruturadas as conquistas e as quedas, no largo mecanismo da evolução inevitável.

6 - Depressão na Visão Espírita 8

7 Franco, Divaldo Pereira. In “Receita de Paz”, Joanna de Ângelis.8 Paula, Dr. Jaider Rogrigues. Psiquiatra / AMEMG.

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6.1 - Conceito

É um transtorno do humor, com baixa da atividade geral, levando a sofrimento íntimo profundo, desesperança, falta de fé em Deus, em si próprio e na vida.

6.2 - Etiopatogenia

A ciência médica ainda não tem, claramente, o conhecimento da origem da depressão. Fala-se em distúrbios dos neurotransmissores a nível do sistema nervoso central, de herança genética, de pressão social, frustrações, perdas precoces importantes e outras mais; porém, embora todas as possibilidades acima sejam verdadeiras como desencadeadoras, não explicam porque alguns indivíduos, sofrendo as mesmas contingências, não desenvolvem um quadro depressivo. Todas as possibilidades acima são efeitos e não causas. A causa da depressão vige na alma e não somente no corpo físico. O conflito do deprimido remonta a causas pretéritas, provavelmente longínquas, com repercussão no presente. O cerne da questão liga-se a não identificação do amor divino e da paternidade do Criador. Por isso a rebeldia tão comum no deprimido. Revolta-se contra as leis desdenha a própria vida, não concordando em ter sido criado, vai com facilidade ao suicídio : dez a quinze por cento dos deprimidos suicidará. Num ato de rebeldia extrema tentam devolver a própria vida ao Criador. Adão e Eva não representam um simples mito, mas sim a dura trajetória da humanidade.

O deprimido apresenta duas características: egoísmo e agressividade. Egoísmo por crer que sua dor é a maior do mundo e agressividade voltada principalmente contra si próprio. Não pensam que seus atos irão fazer sofrer os que vão ficar.

A essência da existência é o elo Criador-criatura, Pai-filho. A ruptura deste elo pelo deprimido suicida é extremamente sofrida, pois, talvez, repete o desligamento havido outrora, quando da separação Pai e filho. Por isso as perdas precoces falam alto ao coração do deprimido. Entendemos que a primeira queda forma um clichê mental na vida do espírito, de modo que haveria uma tendência neurótica à repetição do mesmo erro durante as futuras reencarnações.

Estão incitas no perispírito as matrizes da depressão. O corpo físico reflete o corpo espiritual. Se o reencarnante traz insculpido no seu psicossoma as matrizes da depressão, elas influenciarão ativamente na seleção genética dos elementos que poderão viabilizá-la na vida física, caso o interessado deseje. Doenças são efeitos e não causas. Assim podemos,de maneira geral, dizer que a não identificação do Amor Divino e do Pai, leva à falta de fé,e esta à insegurança que desperta o egoísmo (como defesa). As excrescências do egoísmo são a vaidade, orgulho, inveja, revolta. E observando,vamos encontrar como ponto central da mente dos encarnados uma destas excrescências como núcleo motor da personalidade. Se for a rebeldia, a tendência pode ser a depressão.

A taxa de prevalência é de 7 a 17 % e o gene participante é dominante e deve encontrar-se no cromossoma 11, embora haja uma tendência entre os geneticistas em aceitar como mais provável uma interação poligênica.

6.3 - Tratamento

O tratamento deverá ser abrangente, holístico. Para efeito didático, diremos: médico, psicológico, social e principalmente espiritual.

O tratamento médico é imprescindível na fase crítica. O uso de antidepressivos é decisivo para restabelecer a fase aguda. Sabe-se que alguns neurotransmissores estão envolvidos na depressão, tais como: noroadrenalina, serotonina, dopamina e outros. O uso dos antidepressivos estabelece a harmonia químico cerebral, melhorando o humor do paciente. Cuidam simplesmente do efeito, pois os medicamentos não curam a depressão; provavelmente restabelecem o trânsito das mensagens neuroniais, melhorando o funcionamento neuroquímico do SNC (sistema nervoso central). A parte orgânica também

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tem que ser cuidada, em especial quando muito acometida. De maneira geral, melhorando o humor, todo o organismo tende a melhorar. Há que ter muito cuidado com os processos depressivos, porque várias afeções mórbidas costumam ganhar expressão no organismo após ou concomitantemente a uma depressão, pois o sistema imunológico é profundamente afetado por ela.

O tratamento psicológico ganha importância pelo fato de auxiliar no auto-conhecimento, nas resoluções de conflitos e tomada de posição diante dos problemas.

A orientação social é necessária em especial naquela porcentagem de deprimidos (20%) que apresentam seqüelas profissionais após várias crises. Perdem empregos, família e consideração social, entrando num círculo vicioso agravante de seu problema.

O tratamento espiritual é importantíssimo porque o " espírito é o fundamento da vida". Quando não valorizamos o tratamento espiritual, os resultados costumam ser precários, as recidivas constantes, com uma tendência ao envelhecimento precoce. Sintetizando, diríamos que com a aquisição do livre-arbítrio, o ser adquiriu o sagrado direito da condução do seu destino. Para que isto ocorresse dentro do espírito de justiça que norteia o cosmos, ele não poderá ser influenciado pelo atavismo biológico e psicológico nas suas primeiras decisões. Não seria justo condenar a quem teve por contingências evolutivas, matar para viver, na cadeia predatória da vida. O conhecimento não nos exime das tendências adquiridas nos processos evolutivos. "Contra nossos anseios de luz, há milênios de trevas". Por isso, um dia alhures, quando da primeira opção consciente o espírito tinha que ser livre de qualquer influenciação pretérita, para que possamos falar de livre-arbítrio. O grande percalço foi não ter identificado a paternidade Divina, o Amor de seu Pai. Porque uns identificaram e outros não, ainda não sabemos. Por isso a falta de fé está na raiz dos males da humanidade. Diz o evangelho que a fé é a mãe das virtudes, o caminho da redenção. "Que aquele que tem fé acredita mais em seu Criador que em si mesmo. "Como dissemos anteriormente, a falta de fé levou a insegurança, esta despertou o egoísmo (como defesa), esta suas excrescências: orgulho, inveja, vaidade. revolta, movido por um destes sentimentos o espírito em evolução na terra optou criando o carma em sua existência. Esta primeira opção criou um clichê mental que passou a influenciar suas futuras decisões.

No deprimido encontramos uma revolta contra o seu Criador. Como não pode destruí-lo, tenta destrui-se, destruindo-o em si. Sua crença é voltada para o negativo, é muito voltado para si e seus males (muito egoísta). Seduz o mundo com sua dor. É pouco responsável em seus atos (embora pareça o contrario). E tem dificuldade no auto e eterno perdão. É perfeccionista por orgulho e vaidade. Tem convicção no fracasso. Apresenta extrema agressividade voltada para si. Vinga-se de Deus e dos que amam-no. (70% pensam no suicídio e de 10 a 15% cometem-no). Vive criando culpa por recapitularem o erro primeiro. É cheio de remorso por bagatelas - muitas doenças são originadas nele ou tem nele seu desenvolvimento acelerado. O deprimido nega-se a viver, dissipa suas energias vitais em ruminações negativas. Os órgãos mais afetados são os pulmões e intestinos. No passado era comum os deprimidos românticos morrerem de tuberculose. Os pulmões captam os fluidos vitais solares e os intestinos absorvem os alimentos e excretam as escorias.

O centro de força mais afetado é o umbilical por ser o centro das emoções. A depressão é a tristeza deteriorada. O duplo etérico é gravemente acometido apresentando dificuldades em fazer circular as energias necessárias à vida. A áurea é acizentada demonstrando uma existência sem vida.

No tratamento temos que orientar para a respiração a longos haustos(exercícios respiratórios),melhorando a captação da vitalidade e dissolvendo as energias negativas. Alimentação que estimule o bom funcionamento dos intestinos, tais como frutas, verduras, banhos de sol em horários convenientes, evitar alcoólicos, fumos e excessos de carne. Passes fluídicos nos centros de forças genésico, esplênico e gástrico.

Fazer exercícios físicos como caminhadas, natação e outros salutares. Exercitar a mente de maneira consciente para olhar o lado bom das pessoas e das cousas. Fazer meditação, relaxamento e pequenas tarefas em favor dos semelhantes(sair de si). Buscar melhor convivência familiar e no trabalho, desenvolvendo o sentimento de gratidão com as pessoas, com a vida, com o Criador. Cultivar a oração regularmente restabelecendo a comunhão com Deus, o hábito de leituras nobres, melhorando o padrão vibratório e estimulando o sentimento de esperança.

Não podemos esquecer das obsessões espirituais que têm nos deprimidos fértil terreno para o seu assentamento.

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Finalizamos com o Senhor Jesus, o médico de nossas almas, quando nos convidou ao caminho de retorno ao seio do Pai com o "VINDE A MIM, TODOS OS QUE ESTAIS CANSADOS E OPRIMIDOS, E EU VOS ALIVIAREI. TOMAI SOBRE VÓS O MEU JUGO, E APRENDEI DE MIM, QUE SOU MANSO E HUMILDE DE CORAÇÃO ; E ENCONTRAREIS DESCANSO PARA AS VOSSAS ALMAS. PORQUE O MEU JUGO É SUAVE E O MEU FARDO É LEVE." (Mateus, 11:28 A 30)

Há outro aspecto muito interessante, abordado pelo Espírito François de Genève, no capítulo V, de "O Evangelho Segundo o Espiritismo":

"Sabeis porque, às vezes, uma vaga tristeza se apodera dos vossos corações e vos leva a considerar amarga a vida? É que o vosso Espírito, aspirando à felicidade e à liberdade, se esgota, jungido ao corpo que lhe serve de prisão, em vãos esforços para sair dele. Reconhecendo inúteis esses esforços , cai no desânimo e, como o corpo lhe sofre a influência, toma-vos a lassidão, o abatimento, uma espécie de apatia e vos julgais infelizes”.

7 - Escala de Holmes-Rahe para Avaliação do Estresse 9

A escala a seguir apresentada, refere-se a uma pesquisa realizada na década de 70, pelos especialistas em Estresse da Universidade de Washington, Holmes e R. Rahe, onde descobriram que o Estresse produzido por importantes "mudanças de vida" era um fator de previsão de futuras doenças.

Apesar das críticas e censuras, nada mais foi acrescentado até hoje de real, no rastro danoso provocado pelo Estresse, no tocante as doenças somáticas. Criaram então um índice de 43 mudanças possíveis, atribuindo a cada uma um valor quanto à capacidade de provocar Estresse em uma escala de 1 a 100.

Para se avaliar, segundo essa escala, adicione as pontuações atribuídas aos acontecimentos constantes desta lista que tenha experimentado ao longo do ano passado.

Um total superior a 150 dá-lhe 50% de probabilidades de ter um problema de saúde em um futuro próximo; se o total ultrapassar os 300, as probabilidades referidas serão de 90% - a menos que tome medidas eficazes contra o Estresse.

Acontecimentos N.º de pontosMorte do cônjuge 100Divórcio 73Ser preso 63Morte de pessoa querida da família 63Ferimento ou doença pessoal grave 53Casamento 50Demissão do emprego 47Reconciliação com cônjuge 45Aposentadoria 45Doença grave em pessoa da família 45Gravidez 40Dificuldades sexuais 39Chegada de novo membro à família 39Adaptação a novo emprego ou negócio 39Alteração da situação financeira 38Morte de amigo(a) querido(a) 37Mudança para outra área de trabalho 36

9 Dicionário de Medicina Natural, 1997, by Reader's Digest Brasil Ltda.14

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Variação na freqüência de discussões com o cônjuge 35Dívidas 31Mudança de responsabilidade no emprego 29Filho(a) saindo de casa 29Dificuldades com os sogros 29Façanha pessoal incomum 28Cônjuge começa ou pára de trabalhar 26Inicio ou término de estudo escolares 26Alteração nas condições de vida 25Revisão de hábitos pessoas 24Dificuldades com o chefe 23Mudança nas condições ou horários de trabalho 20Mudança de escola 20Mudança de tipo de lazer 19Mudança de atividades sociais 18Alteração nos hábitos de dormir 16Alteração nos hábitos de comer 15Férias 13Natal 12Transgressões (não graves) da lei 11

8 - Origem e Reações do Estresse

Uma abordagem Física - Psíquica - Comportamental - Social - do homem, face a pressão emocional vivida no cotidiano.

O termo estresse é originário da física, e significa qualquer força que aplicada sobre um sistema, leva à sua deformação ou destruição. No ser humano o estresse é entendido como qualquer estimulo que afeta negativamente a pessoa. Em muitas vezes este aspecto de negatividade somente é percebida após muito tempo decorrido da percepção do estimulo. Mesmo assim, devemos estudar bem todas as situações, pois nem sempre o estresse é totalmente ruim como costumamos generalizar.

Normalmente o estresse se manifesta em fases distintas:

A Reação Aguda ao Estresse é desencadeada sempre que nosso cérebro, independentemente de nossa vontade, interpreta alguma situação como ameaçadora.

Todas as vezes que enfrentamos desafios, que nosso cérebro, mesmo sem a nossa intenção, encara a situação como potencialmente perigosa, nosso organismo se prepara para lutar ou fugir da situação. Essa era a estratégia que nossos ancestrais da idade da pedra usavam para escapar dos perigos efetivos que tinham que enfrentar no seu dia-a-dia. Nosso mundo mudou muito, mas ainda possuímos estruturas cerebrais que respondem como nossos ancestrais.

A ação instintiva do homem na preservação da espécie ainda é muito arraigado. No caso dos animais, este instinto é evidenciado pela agressividade usada no caso de defesa de si próprio ou de elementos da mesma espécie, quando atacados ou em busca de alimentos para a sobrevivência diante da seleção natural.

A fase de resistência, acontece quando a tensão se acumula, e sua principal característica são flutuações no nosso modo habitual de ser e maior facilidade para termos novas reações agudas. Existe um equilíbrio provisório, com alterações no nosso padrão normal de funcionamento. Existem 4 tipos de alarme, todos representando mudanças no nosso modo habitual de viver e que em geral indicam que estamos adentrando a Segunda fase do estresse. Normalmente todos são acionados, mas um deles geralmente acaba destacando-se mais.

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Os 4 tipos de alarme são: Reações Emocionais; Mudanças de Comportamento; Distúrbios da concentração e Raciocínio; Alterações Fisiológicas Psicossomáticas.

A pessoa parece que está bem, mas novos estímulos encontram menos resistência em desencadear crises repetidas de estresse agudo.

Na fase de exaustão, há uma queda acentuada de nossos mecanismos de defesa, afetando todo o conjunto da pessoa - corpo, mente, sentimentos e comportamento - e os seus sintomas podem assumir várias formas. A maioria resulta de um aumento de tensão muscular: dores no pescoço, dores na parte inferior das costas, dores de cabeça, bruxismo (Ranger os dentes), sensação de "no na garganta", riso estridente ou nervoso, tremores, agitação, tiques nervosos e piscar de olhos. Se não for tratada, a tensão muscular pode levar ainda a sintomas mais graves, tais como pressão arterial elevada, enxaquecas e distúrbios da digestão, como cólon irritável. Outros sintomas incluem freqüência cardíaca acelerada, hiperpnéia, palpitações, transpiração, secura na boca e garganta e dificultando em engolir. A insônia e outros problemas do sono são sintomas comuns, podendo ainda ocorrer desmaios, vertigens, sensação geral de fraqueza e falta de energia.

Em 1992, a Organização das Nações Unidas, a ONU, chamou o estresse de "a doença do século 20". Recentemente, uma série de trabalhos médicos confirmaram a importância do Estresse nas desordem ligadas ao sistema imunológico, de defesa do organismo, que vão desde o resfriado comum, passam pelo herpes, a artrite, o câncer e a própria AIDS, dependendo muito das características de vida de cada indivíduo.

A mente, os sentimentos e o comportamento também podem ser afetados - fraca capacidade de concentração, ansiedade ou medo vagos, períodos de irritabilidade e perfeccionismo seguidos de depressão e letargia, são todos sinais de estresse. Outras formas de aviso incluem comportamento autodestrutivo, como comer e beber em excesso, fumar exageradamente, recorrer a tranqüilizantes e até mesmo uma propensão para sofrer acidentes.

As Reações: A mesma causa de estresse pode provocar diferentes reações nos indivíduos.

A mesma pessoa pode reagir de forma diversa em ocasiões diferentes. Existem três formas básicas de reação ao estresse: Reações de "luta", "fuga" e "deixar para lá".

Cada uma delas funciona em determinadas situações _ nenhuma deve ser considerada boa ou má por si _, mas podem surgir problemas quando habitualmente se recorre apenas a um tipo de reação, mesmo quando outra produziria melhores resultados.

Reação de Luta. Assume duas formas, uma "externa" e outra "Interna".

A forma externa pretende enfrentar os problemas positivamente, cara a cara - por vezes ainda antes que eles surjam. As pessoas com esse tipo de reação costumam ser enérgicas, ambiciosas e competitivas. São empreendedoras, obrigando-se constantemente a fazer melhor, e reagem com irritação e impaciência às atitudes diferentes de outras pessoas. Sentem dificuldades de relaxar e correm alto risco de vir a sofrer doenças do coração.

Os problemas podem ser enfrentados de forma igualmente direta no caso da reação de luta interna, mas as pessoas que a utilizam parecem imperturbáveis, são organizadas, capazes de autocontrole e não frontalmente agressivas.

Costumam recorrer a formas próprias e fixas para fazer as coisas, podendo opor-se se alguém sugerem mudanças. O desequilíbrio nesse sentido pode originar distúrbios digestivos, tais como cólon irritável ou ulcera de estômago.

Reação de Fuga. Os problemas são evitados sempre que possível, fingindo-se que não existem ou deixando que seja outro a enfrenta-los. No melhor dos casos, essa forma de reação pode nos tornar mais cuidadosos e prudentes. No pior, pode fazer-nos perder o controle sobre as nossas vidas, tornando-nos dependentes dos outros. Aqueles que utilizam muitas vezes essa reação poderão nunca chegar a alcançar o seu potencial máximo, nem aprender a transmitir os seus sentimentos às outras

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pessoas. Os perigos daí derivados incluem isolamento, afastamento e, em casos extremos, sentimentos de desespero, que os médicos associam a aumento significante dos riscos de câncer.

Reação de "Deixar para lá". Traduz-se pela aceitação da causa de estresse sem lutar nem fugir dela. A idéia é "deixar-se levar pela maré", seguindo apenas os sentimentos prevalecentes na ocasião. Nesse caso, corre-se o perigo de parecer vago, sem quaisquer valores ou crenças fixos. Pode-se tornar difícil tomar decisões firmes e desenvolver ações, chegando mesmo a sentir que nada importa realmente. As pessoas que costumam "deixar para lá" podem ser suscetíveis a acidentes e doenças de pouca gravidade e cair facilmente sobre o domínio de doenças da moda e cultos marginais.

Como afirmamos no inicio deste artigo, o Estresse não é de todo ruim. Em doses adequadas ele é um fator de motivação. Quando abaixo de um certo nível provoca tédio e dispersão. Quando acima de certos níveis, provoca ansiedade e cansaço. E quando em doses ideais, a sensação é de se sentir desafiado, com "Garra", sendo que as dificuldades exigem menor esforço.

Em geral uma atividade pode se tornar muito gratificante quando possui um significado especial para a pessoa e quando oferece desafios à altura das nossas capacidades. No entanto, existem diversas outras pressões que podem estar provocando um desgaste desnecessário.

Se você estiver vivendo pressões que não diminuem, com situações que mobilizam seu corpo para lutar ou fugir várias vezes ao dia, ou ainda com um saldo negativo em matéria de vazão das reações de alarme, seu corpo vai avisar que o estresse está acontecendo. Pode ser que você mesmo perceba. Mas pode ser necessário que alguém lhe aponte o alarme. Por isso, é sempre interessante prestar atenção às observações de pessoas íntimas.

Procure cuidar de si próprio seguindo uma dieta equilibrada, fazendo exercício regular e dormindo horas suficientes. Na resolução dos seus problemas, opte por soluções de compromisso, em lugar de soluções extremas ou unilaterais. Peça ajuda a outras pessoas ou às instituições adequadas sempre que necessário. Pratique diariamente qualquer forma de respiração e relaxamento, faça meditação e procure delinear um "plano de vida" contendo a perspectiva

geral da sua vida como um todo, incluindo o seu nascimento, realizações, marcos mais importantes, tais como casamento e filhos, doenças graves, a sua situação atual, objetivos e aspirações para o futuro, até o fim da vida. Esta perspectiva vai se estendendo e exigindo mais e mais planejamento do futuro em vista das nossas projeções, assim, afasta-nos relativamente do passado e do presente sufocante, geralmente causas de estresses por não aceitarmos a realidade assim como ela se apresenta.

Os efeitos físicos e mentais do estresse devem-se não só à quantidade de estresse experimentada, mas também à qualidade das defesas com que enfrentamos as situações estressantes. Eqüivale dizer que o estresse nada, ou quase nada, representa ao nosso corpo ou a nossa mente, porem a forma de nos defender, resolver ou fugir do estresse é que determina o tamanho da avaria causada em nossas áreas biológica, emocional e espiritual.

A seguir listam-se as 10 reações mais comuns nos casos de estresse:

Depressão - Frustração - Complexos de Culpa - Ansiedade ou Pânico - Desespero ou Falta de esperança - Falta de Autocontrole - Constrangimento - Irritação e Raiva - Agitação - Sensação de Estar Cercado ou Indefeso

8.1 - Reação e ação do estresse

Quando sentimo-nos ameaçados, todos os sistemas de defesas, orgânica, emocional e espiritual, entram em ação, cada qual usando sua capacidade máxima de analise para o ataque, a fuga ou o deixar para lá.

A forma de reação a ser desencadeada depende das características individuais, o momento, a situação geral apresentada, bem como o nível de consciência do atacado.

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Se cada ação corresponde a uma reação, observe como alguns acontecimentos podem ter outras conotações, que justificam a ação:

Dependendo da opção de reação do indivíduo, saiba como se dá biológica e emocionalmente os impulsos correspondentes, sendo possível deduzir quais as doenças somáticas que os seres humanos experimentam por derivação do caráter da reação imposta com constância diante do Estresse:

Na Raiva, o sangue flui para as mãos, tornando mais fácil sacar da arma ou golpear o inimigo; os batimentos cardíacos aceleram-se e uma onda de hormônios, a adrenalina, entre outros, gera uma pulsação, energia suficientemente forte para uma atuação vigorosa.

No Medo, o sangue corre para os músculos do esqueleto, como os das pernas, facilitando a fuga; o rosto fica lívido, já que o sangue lhe é subtraído (daí dizer-se que alguém ficou "gélido"). Ao mesmo tempo, o corpo imobiliza-se, ainda que por um breve momento, talvez para permitir que a pessoa considere a possibilidade de, em vez de agir, fugir e se esconder. Circuitos existentes nos centros emocionais do cérebro disparam a torrente de hormônios que põe o corpo em alerta geral, tornando-o inquieto e pronto para agir. A atenção se fixa na ameaça imediata, para melhor calcular a resposta a se dada.

Na Surpresa, o erguer das sobrancelhas, proporciona uma verdadeira varredura visual mais ampla, e também mais luz para a retina. Isso permite que obtenhamos mais informações sobre um acontecimento que se deu de forma inesperada, tornando mais fácil perceber exatamente o que está acontecendo e conceber o melhor plano de ação.

Na Tristeza, uma das principais funções é propiciar um ajustamento a uma grande perda, como a morte de alguém ou uma decepção significativa. A tristeza acarreta uma perda de energia e de entusiasmo pelas atividades da vida, em particular por diversões e prazeres. Quando a tristeza é profunda, aproximando-se da depressão, a velocidade metabólica do corpo fica reduzida. Esse retraimento introspectivo cria a oportunidade para que seja lamentada uma perda ou frustração, para captar suas conseqüências para a vida e para planejar um recomeço quando a energia retorna. É possível que essa perda de energia tenha tido como objetivo (Nos primórdios da evolução da espécie) manter os seres humanos vulneráveis em estado de tristeza para que permanecessem perto de casa, onde estariam em maior segurança.

Concluindo este artigo cujo tema é o Estresse, gostaríamos de lembrar que a reação do " Deixar para lá", desde que assumido com responsabilidade e maturidade, pode ajudar-nos a diminuir a incidência do Estresse em nossa vida.

É preciso aprender a conviver com os diferentes, com os mais e com os menos.

Não permitir que a vida nos machuque tanto. Como diz o antigo sucesso musical, "é preciso saber viver".

Para refletir, leia atentamente parte do Poema da norte-americana Nadie Stair, por muitos atribuído a Jorge Luiz Borges (1899/1986).

8.2 - Instantes

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros.

Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.

Seria mais tolo ainda do que tenho sido, na verdade bem poucas coisas levaria a sério; seria menos higiênico.

Correria mais risco, viajaria mais, completaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios.

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Iria a lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e menos lentilha, teria problemas reais e menos problemas imaginários.

Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da sua vida; claro que tive momentos de alegria.

Mas, se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos.

Porque, se não sabem, disso é feito a vida, só de momentos, não percas o agora.

Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas; se voltasse a viver, viajaria mais leve.

Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outubro.

Daria mais voltas na minha rua.

Contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente.

Mas, já viram, tenho 85 anos e sei que estou morrendo.

Fontes de Consulta:

- Dicionário de medicina Natural - 1997, by Reader´s Digest Brasil Ltda.;

- Cyro Masci - 1997 - http//www.regra.com.br/cyromasci/stress2.htm;

- Inteligência Emocional - Daniel Goleman, PhD;

- CAPC - Comportamento Humano e Ambiente - Conferencias 1999;

- Enfoques Emocionais do Comportamento Humano - Psicografias Nosso Lar - 1989;

- Jornal Diário Catarinense - Variedades - 24.08.99.

9 - Máscaras 10

Não deixe se enganar por mim.

Não se engane com as máscaras que uso, pois eu uso máscaras que eu tenho medo de tirar, e nenhuma delas sou eu. Fingir é uma arte que se tornou uma segunda natureza para mim, mas não se engane. Eu dou a impressão de que sou seguro, de que tudo está bem e em paz comigo, que meu nome é confiança e tranqüilidade; é meu tema que as águas do mar são calmas e eu que estou no comando sem precisar de ninguém. Mas não acredite, por favor.

Minha aparência é tranqüila, mas é apenas uma aparência, é uma máscara superficial, mas é a que sempre varia e esconde. Por baixo não há tranqüilidade, complacência ou calma.

Por baixo, está meu mal em confusão, medo e abandono. Mas eu oculto tudo isso, pois eu não quero que ninguém veja. Fico em pânico ante a possibilidade de que minha fraqueza fique exposta, e é por isso que eu crio máscaras atrás das quais eu me escondo com a fachada de quem não se deixa tocar, para me ocultar do olhar que sabe.

Mas esse olhar é justamente minha salvação. Eu sei disto. É a única coisa que pode me libertar de mim mesmo, dos muros da prisão que eu mesmo levantei, das barreiras que eu mesmo tão dolorosamente construo.

Mas eu não digo muito disso à você. Não sorria, tenho medo. Tenho medo que seu olhar não seja de amor e atenção. Tenho medo que você me menospreze, que ria de mim, me ferindo. Tenho medo de que lá dentro do interior de mim mesmo, eu não valha nada e que você acabe vendo e me rejeitando.

10 Texto Reproduzido do Original. Home Page: (http//sites.vol.com.Br/laura/chico.html).19

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Então eu continuo a viver meus jogos, meus jogos de fingimento, com a fachada de segurança de fora e sendo uma criança tremendo por dentro. Com um desfile de máscaras, todas vazias, minha vida se tornou um campo de batalha. Eu converso com você uma conversa infantil e superficial.

Digo à você tudo que não tem a menor importância e calo o que arde dentro de mim. De forma que, não se deixe enganar por mim. Mas por favor, escute e tente ouvir o que eu não estou dizendo e que eu gostaria de dizer.

Eu não gosto de me esconder, honestamente eu não gosto. Eu tão pouco gosto de jogos tolos e superficiais que faço. Eu gostaria mesmo era de ser genuíno, espontâneo, eu mesmo, e você tem que me ajudar, segurando a minha mão, mesmo que quando esta for a última coisa que eu aparentemente necessitar. Cada vez que você me ajuda, um par de asas nasce no meu coração. Asas pequenas e frágeis, mas asas.

Com sua sensibilidade, afeto e compreensão, eu me torno capaz. Você me transmite vida. Não vai ser fácil para você. A idéia de que eu não valho nada vem de muito tempo e criou muros fortes. Mas o amor é mais forte que os muros, e aí está a minha esperança.

Por favor ajude-me a destruir esses muros, com mãos fortes, mas gentis, pois uma criança é muito sensível e eu sou uma criança.

E agora, você gostaria de perguntar quem sou eu?

Eu sou uma pessoa que você conhece muito bem.

Eu sou todo homem, toda mulher, toda criança,

todo ser humano que você encontra.

10 - Diversidade das experiências

10.1 - Não Faça Tempestade em Copo D'água

Muitas vezes nos desgastamos por coisas que, examinadas em detalhe, não merecem tanta atenção. Nós nos detemos em pequenos problemas e questão e os superdimensionamos.

Um estranho, por exemplo, pode nos dar uma fechada no trânsito. Em vez de esquecê-lo, e continuarmos em frente, tocando o dia nos convencemos de que este motivo é mais do que suficiente para nossa raiva. Nós imaginamos o confronto em nossas mentes. Muitos de nós, inclusive, podem vir a narrar para outras pessoas o incidente, em vez de simplesmente esquecê-lo.

Por que não deixar, simplesmente, que o mau motorista tenha seu acidente alhures? Tente sentir compaixão por esta pessoa. Desde modo, podemos manter nosso próprio senso de bem-estar, sem incorporarmos o problema do outro.

Há muitas outras "tempestades" como essa. Exemplos que ocorrem todos os dias, em nossas vidas. Quando temos que esperar numa fila, quando ouvimos críticas injustas, ou fazermos a parte do leão de algum trabalho. Só temos a ganhar ao aprender a não nos deixarmos levar por essas pequenos aborrecimentos. Tantas pessoas perdem tanta energia de suas vidas "fazendo tempestades em copos d’água, que perdem contato com o lado mágico e belo da existência.

Quando você se compromete a trabalhar com esse objetivo em mente, percebe que sobra uma reserva muito maior de energia para ser dedicada à simpatia e à gentileza.

10.2 - Faça as Pazes com a Imperfeição

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Ainda estou por encontrar o perfeccionista absoluto cuja vida seja plena de paz interior. A busca da perfeição e desejo da tranqüilidade interior são conflitantes. Sempre que estamos ligados à realização de alguma coisa de uma determinada maneira, melhor do que temos no presente, estamos, por definição, engajados numa batalha perdida. Em vez de estarmos felizes e gratos pelo que já alcançamos, nos fixamos no que esta coisa tem de errado e em nosso desejo de reparar esta erro. Quando atingimos o ponto zero do erro, ficamos insatisfeitos e descontentes.

Quer tenha relação conosco - um armário desorganizado, um arranhão no carro, uma tarefa malfeita, uns quilos a mais que deveríamos perder - ou com as imperfeições dos outros - a aparência de alguém, o modo como se comporta, como vive sua vida - a própria ênfase na imperfeição impede que atinjamos nosso objetivo de simpatia ou gentileza. Esta estratégia não quer dizer que devamos parar de fazer o melhor que podemos, e sim que não devemos nos concentrar excessivamente no lado errado da vida. A estratégia apenas nos ensina que, embora haja sempre uma maneira melhor de se fazer alguma coisa, isso não deve nos impedir de apreciar a maneira como as coisas são, no momento.

A solução é se pôr de sobreaviso em relação ao hábito de insistir para que as coisas sejam diferentes do que são. Tente se lembrar, com tranqüilidade, que a vida está bem como está, agora. Na ausência do seu julgamento perfeccionista, tudo parecerá bem. À medida que você eliminar sua obsessão pela perfeição em todas as áreas de sua vida, você começará a descobrir a perfeição na própria vida.

10.3 - Livre-se da Idéia que Pessoas Gentis e Calmas Não Podem Ser Supereficientes

Um dos principais motivos por que muitos de nós permanecemos apressados, assustados e competitivos, e assim vivemos uma existência de permanente emergência, é o receio de, ao nos tornarmos mais pacíficos e amorosos, sermos impedidos de alcançar nossos objetivos. Temos receio, portanto, de nos tornarmos preguiçosos e apáticos.

Você pode apaziguar este receio percebendo que o oposto é que é verdade. Pensamentos frenéticos, medrosos, sugam uma grande quantidade de energia e drenam a criatividade e a motivação de nossas vidas. Quando você está se sentindo medroso ou frenético, literalmente se imobiliza em relação a seu potencial, ou prazer. Todo o sucesso que você consegue alcançar, ocorre a despeito de seus medos, não por causa deles.

Tive a sorte de, mais de uma vez, me ver rodeado por pessoas pacíficas, calmas e amorosas. Algumas dessas pessoas são autores bem-sucedidos, pais extremosos, consultores, especialistas em computação e executivos graduados. Todos são realizados no que fazem e muito eficientes em sua habilidades específicas. Aprendi uma lição importante: quando você obtém o que realmente quer (a paz interior), é menos distraído por sua vontades, necessidades, desejos e pensamentos. Fica mais fácil concentrar, focalizar, atingir suas metas, e retribuir aos outros.

10.4 - Fique Atento ao Efeito Bola de Neve de Seu Pensamento

Uma técnica eficaz de se atingir a paz interior é observar atentamente com que rapidez um pensamento negativo e inseguro foge ao seu controle, formando uma incontrolável espiral. Você já reparou alguma vez como se sente tenso quando se deixa envolver pelos seus pensamentos? E já reparou que quanto mais absorvido pelos detalhes que o aborrecem você pior se sente? Um pensamento conduz a outro, e a outro ainda, até que, num determinado estágio, você se torna incrivelmente agitado.

Você pode, por exemplo, acordar no meio da noite e lembrar-se de um telefonema que precisa ser dado no dia seguinte. Então, em vez de se sentir aliviado por ter sido alertado para uma obrigação tão importante, você começa a pensar em todo o restante do que precisa ser feito no dia seguinte. Você se pega ensaiando uma provável conversa com seu patrão, e, com isso, se sente ainda mais chateado. Logo,

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logo, você está pensando com seus botões: "Não posso acreditar que eu seja tão ocupado. Tenho 50 telefonemas por dia. Que tipo de vida é esta, afinal?" E por aí você vai até começar a sentir pena de si mesmo. Para algumas pessoas, este tipo de "crise de pensamentos" tem duração ilimitada. Já ouvi relatos de pacientes que gastaram muitos de seus dias e noites inteirinhos com ensaios mentais deste tipo. ‘necessário dizer que o sentimento de paz é impossível para alguém com a mente repleta de preocupações e aborrecimentos.

A solução é prestar atenção ao que está acontecendo em sua mente antes desses pensamentos começarem a formar sua onda negativa. Quanto mais rápido você se perceber construindo a bola-de-neve mental, mais fácil será interrompê-la. No exemplo que estou sugerindo, você pode perceber sua bola de neve de pensamentos ao repassar a lista do que tem para fazer no dia seguinte. Então, em vez de ficar obcecado com que tem para fazer no dia vindouro, sugiro que diga para si mesmo: "Ai vou eu, de novo" e, conscientemente, corte o mal pela raiz. Pare seu trem de pensamentos antes que ele tenha a chance de sair disparado. Procure concentrar, não pensando em como está atolado, mas como está feliz por ter lembrado do telefonema que tem que ser dado. Se for no meio da noite, escreva isso num pedaço de papel e volte a dormir. Você pode até deixar sempre papel e caneta perto da cama, prevendo tais momentos.

Você pode ser uma pessoa realmente muito ocupada, mas lembre-se de que encher sua mente de pensamentos a respeito do excesso de ocupação, só serve exacerbar o problema, fazendo com que se sinta ainda mais estressado do que está. Experimente este pequeno exercício a próxima vez que ficar obcecado com sua agenda. Ficará surpreso em como pode ser eficaz.

10.5 - Desenvolva Sua Complacência

Nada ajuda a desenvolver mais nossa perspectiva da vida do que aprender ater compaixão pelos outros. A compaixão é um sentimento simpático. Ela implica na vontade de nos colocarmos no lugar dos outros, de tirarmos os olhos de nós mesmo e imaginarmos o que é viver as dificuldades alheias, bem como, simultaneamente, sentir amor por essas pessoas. É reconhecer que os problemas dos outros, sua dor e frustrações, são tão reais quanto os nossos - e muitos vezes até piores. Ao reconhecer este fato e oferecer alguma ajuda, abrimos nossos corações e ampliamos nosso senso de gratidão.

A compaixão é algo que pode ser desenvolvido com a prática. Envolve, basicamente, duas coisas: intenção e ação. Intenção significa simplesmente abrir seu coração a outras pessoas; você desloca a noção de que e quem importa, de você para os outros. Ação é simplesmente "o que faço com isso". Você pode doar dinheiro ou tempo (ou ambos) regularmente para uma causa que lhe seja cara. Ou, talvez, oferecer um belo sorriso e um "alo" sincero às pessoas que você encontra na rua. Não é importante o que você faça, apenas que faça algo. Como Madre Teresa dizia: "Não podemos fazer grandes coisas nesta terra. Tudo que podemos fazer são pequenas coisas com muito amor".

A compaixão desenvolve nosso senso de gratidão ao desviar nossa atenção das pequenas coisas que aprendemos a levar tão a sério. Quando você gasta seu tempo, com regularidade, refletindo sobre o milagre da vida - o milagre que existe, até, na simples leitura desse texto - o Dom da visão, do amor, e todo o resto, isto pode ajuda-lo a lembrar de que muitas das coisas que você julga importantes são na verdade "copos d’água" que você está transformando em tempestades.

10.6 - Lembre-se que, ao Morrer, sua Caixa de Entrada não Estará Vazia

Muitos de nós vivemos nossas vidas como se o propósito secreto dela fosse, de alguma forma, cumprir todas as tarefas. Ficamos acordados até tarde, acordamos cedo, evitamos o prazer, e fazemos nossos amados esperarem. É com tristeza que tenho visto muitas pessoas manterem os seres amados à distância por tanto tempo que eles perdem interesse em manter a relação. Quase sempre nos convencemos de que nossa obsessão com a lista do que "temos a fazer" é temporária - que, uma vez que tenhamos

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chegado ao fim da lista, ficaremos calmos, tranqüilos e felizes. Mas isso, na realidade, raramente ocorre. À medida que os itens vão sendo ticados, surgem outros novos para substituí-los.

A realidade da "caixa de entrada" é que seu único sentido é ter itens que a completem - de maneira que nunca esteja vazia. Sempre haverá telefonemas que precisam ser dados, projetos a serem desenvolvidos, e trabalho a ser feito. De fato, podemos argumentar até que uma "caixa de entrada" cheia é fundamental para nossa noção de sucesso. Significa que nosso tempo está sendo requisitado! Independente de quem você seja ou do que faça, no entanto, lembre-se que nada é mais importante do que a sensação de felicidade e paz interior e de pessoas que nos amam. Se você é do tipo obcecado com as coisas a serem feitas, nunca terá a sensação de bem estar! Na verdade, quase tudo pode esperar. Muito pouco de nossa vida de trabalho realmente se encaixa na categoria de "emergência". Se você se mantém concentrado no seu trabalho, ele será feito em tempo hábil.

Eu acredito que se me lembrar (freqüentemente) que o propósito da vida não é fazer tudo, mas aproveitar cada passo no caminho e viver uma vida repleta de amor, será muito mais fácil para mim controlar minha obsessão em relação à execução de listas de coisas a serem feitas. Lembre-se, quando você morrer, ainda haverá coisas por completar. E sabe do que mais? Alguém as fará por você! Não desperdice nenhum dos momentos preciosos de sua vida lamentando o inevitável.

10.7 - Não Interrompa os Outros ou Complete suas Frases

Foi somente há alguns anos que percebi com que freqüência costumo interromper os outros ou completar suas frases. Logo em seguida compreendi como este hábito é destrutivo, não só com relação ao respeito e amor que os outros me dedicam, mas devido à enorme quantidade de energia que se gasta na tentativa de estar sempre na frente! Pense nisso por alguns minutos. Quando você apressa alguém, ou o interrompe, ou termina a frase por ele ou por ela, tem que prestar atenção para não perder o fio de seus próprios pensamentos, assim como o da pessoa que você está interrompendo. Essa tendência (que, por sinal, é muito comum em pessoas ocupadas), incentiva as pessoas envolvidas numa conversação a acelerarem sua falas e pensamentos. Isso, por sua vez, as torna a um tempo nervosas, irritáveis e aborrecidas. É completamente exaustivo. É também motivo para uma séria de discussões, porque se existe uma coisa que quase todo mundo não gosta, é ter um interlocutor que não está prestando atenção ao que está dizendo. E como você pode estar realmente prestando atenção ao que alguém está dizendo, se está empenhado em falar por esta pessoa?

Tão logo você se perceba interrompendo os outros, perceberá, igualmente, que esta tendência insidiosa nada mais é do que um hábito inocente que se tornou imperceptível para você. Isto é uma boa notícia porque significa que tudo o que você precisa fazer para se livrar dele é começar a se controlar, toda a vez que esquecer. Tente se lembrar (se possível, antes de começar uma conversa), que deve ser paciente e esperar. Diga a si mesmo que vai deixar a outra pessoa terminar de falar, antes de aproveitar a sua vez. As pessoas com que você se comunica se sentirão muito mais à vontade quando se sentirem ouvidas e entendidas. Você também perceberá como se sentirá mais calmo, assim que parar de interromper os outros. Seu coração e pulsações desaceleração, e você começará a aproveitar suas conversas, em vez de apressá-las. Esse é um caminho fácil de se tornar uma pessoa mais calma e amorosa.

10.8 - Faça Alguma Coisa Legal por Alguém e não Conte a Ninguém

Embora muitos de nós façamos freqüentemente coisas boas por outros, quase sempre mencionamos nossos atos de "bondade", secretamente ansiando por aprovação.

Quando dividimos nossas atitudes legais e nossa generosidade com alguém mais, isso nos faz sentir pessoas especiais, nos faz lembrar de como somos bons e como, portanto, merecemos generosidade igual.

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Embora todos os atos simpáticos sejam intrinsecamente maravilhosos, há algo de ainda mas mágico quando se faz alguma coisa realmente generosa e não se menciona o ato para ninguém, nunca. Você sempre se sente bem quando faz uma doação de si para os outros. Em vez de diluir os sentimentos positivos, contando o fato para outros, ao mantê-lo para si, você retém todos os sentimentos positivos.

É realmente verdade que se doar, pelo simples prazer da doação, não pensando em receber nada em troca. É isso, precisamente, o que você faz quando não menciona sua generosidade para os outros. Sua recompensa, então, passa a ser os sentimentos calorosos que emanam do ato de dar. A próxima vez que você fizer algo realmente bom para alguém, guarde isso para você e se rejubile na graça abundante da doação.

10.9 - Deixe a Glória para os Outros

Algo mágico acontece ao espírito humano, uma sensação de calma nos invade, quando não mais precisamos de toda a atenção voltada para nós e conseguimos deixar a glória para os outros.

Nossa necessidade de excessiva atenção provém do nosso egocentrismo que nos diz: "Olhe para mim. Sou especial. Minha história é mais interessante que a sua." É essa voz interior que talvez não saia e diga isso, às claras, mas quer que acreditemos que "minhas realizações são ligeiramente mais importantes que as suas". O ego é aquela parte de nós que quer ser vista, ouvida, respeitada, considerada especial, freqüentemente à custa de alguém.

É aquela parte de nós que interrompe a história que alguém esta contando, ou impacientemente espera sua vez de falar para que a conversa e a atenção voltem a girar em torno de nós. Em graus diferentes, quase todos temos este hábito, o que não nos engrandece em nada. Quando você mergulha e recupera a conversa para os seus domínios, diminui sutilmente a alegria que se tem ao partilhar, e ao fazê-lo, aumenta a distância entre você e os outros. Todo mundo perde.

Da próxima vez que alguém lhe contar uma história ou dividir uma realização com você, perceba sua tendência de contar algo a seu próprio respeito, como resposta.

Embora seja um hábito difícil de romper, não só é altamente satisfatório, mas apaziguador, quando nos sentimos capazes de ter a calma confiança de abdicar da necessidade de atenção e, para variar, aproveitar a alegria que existe na glória do outro. Em vez de correr para dizer "Eu também fiz isso" ou "Adivinhe o que fiz hoje", morda sua língua e observe o que acontece. Diga apenas "Que maravilha" ou "Conte mais", e nada além. A pessoa com quem você está falando terá muito mais prazer e, porque você está muito mais "presente", porque está ouvindo com tanta atenção, ele ou ela não se sentirá competindo com você.

O resultado será que esta pessoa se sentirá mais relaxada quando você estiver por perto, fazendo com que ele ou ela se torne mais confiante e mais interessante. Você, também, por sua vez, se sentirá mais relaxado porque não estará permanentemente na ponta da cadeira, aguardando sua vez.

É claro que existem ocasiões em que é absolutamente apropriado trocar experiências, e dividir a glória e a atenção, ao invés de doá-la ao outro. O que estou tratando aqui, é da necessidade compulsiva de arrancá-la dos outros. Ironicamente, quando você abre mão da compulsão de glória, a atenção que costumava atrair as pessoas é substituída por uma confiança interior que deriva da permissão dada aos outros para aproveitá-la plenamente.

10.10 - Aprenda a viver o momento presente

A nossa paz mental é determinada, em grande parte, por nossa capacidade de viver o momento presente. Independente do que aconteceu ontem ou no ano passado, ou que nos possa acontecer amanhã, o momento presente é onde você está - sempre!

Sem dúvida, muitos de nós aprendemos a arte neurótica de perder nossas vidas nos preocupando com uma variedade de coisas - tudo ao mesmo tempo. Deixamos os problemas passados e as

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preocupações futuras dominarem nossos momentos presentes, e, com isso, acabamos ansiosos, frustrados, deprimidos e desesperançados. Por outro lado, adiamos, igualmente, nossa satisfação, nossas prioridades estabelecidas e nossa felicidade, muitas vezes nos convencendo de que "algum dia" será melhor do que hoje. Infelizmente, a mesma dinâmica mental que nos diz para olhar para o futuro se repetirá infinitamente para garantir que este "algum dia "nunca aconteça. John Lennon certa vez disse: "A vida é algo que acontece enquanto estamos ocupados fazendo outros planos". Quando estamos ocupados fazendo "outros planos", nossas crianças estão ocupadas crescendo, as pessoas estão se mudando e morrendo, nossos corpos estão ficando fora de forma, nossos sonhos se esvanecendo. Em resumo, estamos aproveitando mal a vida.

Muitas pessoas vivem como se a vida fosse um ensaio de figurino para alguma festa posterior. Não é. Na verdade, ninguém pode ter a garantia que ele ou ela estarão aqui amanhã. Agora é o único momento que temos, e o único momento que podemos controlar. Quando nossa atenção está voltada para o momento presente, apagamos o medo de nossas mentes. Medo é a preocupação que temos com relação a eventos que poderão acontecer no futuro - não teremos dinheiro suficiente, nossos filhos enfrentarão dificuldades, ficaremos velhos e morreremos, seja o que for.

Para combater o medo, a melhor estratégia é aprender a atrair a nossa atenção para o presente. Mark Twain disse: "Passei por coisas terríveis em minha vida, e algumas delas de fato ocorreram." Acho que não saberia dizer melhor do que ele. Pratique concentrar sua atenção no presente. Seus esforços renderão dividendos.

10.11 - Imagine que todo mundo é iluminado, menos você

Esta estratégia lhe dá uma oportunidade de praticar algo que seria provavelmente inaceitável para você. Se tentar, no entanto, poderá descobrir que este é um dos melhores exercício de aperfeiçoamento pessoal.

Como o título sugere, a idéia é imaginar que todo mundo que você conhece e todo mundo que encontra é perfeitamente iluminado. Isto é, todo mundo, menos você! As pessoas que você encontra existem para ensinar-lhe alguma coisa. Talvez o motorista imprudente e o adolescente respondão estejam aqui para ensiná-lo a ter paciência, o punk deve estar aqui para ensiná-lo a não fazer julgamentos apressados.

Seu trabalho é tentar determinar o que as pessoas em sua vida estão lhe ensinando. Você descobrirá que se fizer isso, se sentirá menos aborrecido, incomodado e frustado pelas ações e imperfeições dos outros. Você pode desenvolver o hábito de enxergar a vida dessa maneira e, se o fizer, ficará feliz em fazê-lo. Muitas vezes, quando você descobre o que o outro está lhe tentando ensinar, fica fácil se livrar de sua frustração. Suponha, por exemplo, que você está na agência de correios que um funcionário pareça estar intencionalmente se movendo devagar. Em vez de se sentir frustado, indague: "O que ele está tentando me ensinar? " Talvez você precise aprender a complacência - como é difícil ter um trabalho do qual você não gosta. Ou talvez pudesse aprender mais a respeito da paciência. Ficar numa fila é uma excelente ocasião para romper seu hábito de impaciência.

Você pode ficar surpreso ao descobrir como é fácil e prazeroso. Tudo o que está fazendo é mudando sua percepção de "Por que eles estão fazendo?" para "O que estão tentando me ensinar?" Observe hoje mesmo todas essas pessoas iluminadas.

10.12 - Deixe para os outros o mérito de estarem

Uma das perguntas mais importantes que devemos nos fazer é "Eu quero estar sempre ‘certo’ - ou quero ser feliz? " Muitas vezes, as duas coisas se excluem, automaticamente!.

A necessidade de estar certo - ou a necessidade de alguém estar errado - encoraja os outros a se defenderem, e nos pressiona a manter nossa defesa. No entanto, muitos de nós (até eu, algumas vezes) gastamos uma boa parte de nosso tempo e energia tentando provar (e mostrar vezes) que estamos certos -

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e que os outros estão errados. Muitas pessoas, consciente ou inconscientemente, acreditam que é dever delas, por algum motivo, mostrar aos outros que suas posições afirmativas e pontos de vista estão incorretos, e que, assim fazendo, a pessoa que estão corrigindo vai, de alguma forma, apreciar a correção, ou pelo menos aprender algo. Errado!.

Pense no assunto. Alguma vez na sua vida você foi corrigido por alguém e disse para esta pessoa, que estava tentando ser correta?: Obrigado por ter provado que eu estava errado e você certo. Agora, eu entendo, cara, você é o máximo!". Ou, alguém que você conhece alguma vez lhe agradeceu (ou sequer concordou com você) quando o corrigiu, ou mostrou-se "certo" à custa dele? Claro que não. A verdade é que, todos queremos que nossas posições sejam respeitadas e entendidas pelos outros. Ser ouvido e entendido é um dos maiores desejo do ser humano. E aqueles que aprendem a ouvir e entender são os mais amados e respeitados. Aqueles que têm por hábito corrigir os outros provocam ressentimentos e afastamento.

Não é que seja nunca apropriado estar certo - algumas vezes você genuinamente precisa estar certo ou quer estar e pode ser que haja algumas posições filosóficas que você não admite transigir, como quando você ouve um comentário racista, por exemplo. Aí, é importante dizer o que vai em sua mente. Normalmente, no entanto, é o nosso ego que contribui para arruinar o que seria, de outro modo, um encontro pacífico - o nosso velho hábito de precisar e querer estar certo.

Uma estratégia excelente e simpática para nos tornarmos mais pacíficos e amorosos é praticar, permitir aos outros a alegria de estarem certos. Deixe a glória para eles. Pare de corrigir. Por mais enraizado que seja este hábito, vale qualquer esforço ou prática. Quando alguém diz: "Eu realmente penso que é importante.", em vez de correr para dizer, "Não, mais importante é."ou qualquer das milhares de outras formas de cortar uma conversa, simplesmente deixe a retórica fluir e o pensamento chegar ao fim. As pessoas em sua vida se tornarão menos defensivas mais amorosas. Elas vão apreciá-lo mais do que você poderia jamais ter sonhado possível, mesmo que não saibam o porquê. Você descobrirá o prazer da participação e do testemunho da felicidade de outras pessoas, que é muito mais compensador do que a batalha de egos. Você não tem que sacrificar suas verdades filosóficas mais profundas ou suas opiniões mais sensíveis, mas pode começar hoje mesmo, a deixar aos outros, a maior parte do tempo!

10.13 - A Raiva

Um mestre perguntou ao seu discípulo predileto:

- O que você pensa sobre a raiva?

O discípulo meio embaraçado responde:

- A raiva é um sentimento violento de ódio ou de rancor, um sentimento desagradável, difícil de admitirmos que possuímos isso em nós.

- Mas a raiva é uma força, não é? Pergunta o mestre.

- Sim, é uma força visceral, não sei em que ponto exato ela nasce, mas sinto que vem de dentro de nós.

- Mas, se ela é uma força, nós podemos dar a ela uma outra conotação que não seja a de ódio, não é certo?

- Creio que sim.

- Nós nos acostumamos a usá-la com ódio, contra alguém, contra alguma coisa, mas sempre contra. Por que não aprendemos a usá-la a nosso favor?

O discípulo foi embora com a pergunta na memória, sem saber como tornar aquela idéia em algo concreto.

Passou o tempo.

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Estava o discípulo com mais alguns amigos abrindo um caminho em meio a mata quando deu falta de seus óculos.

Olhou em seus bolsos e não o encontrando olhou para trás e viu quase duzentos metros de caminho aberto, porém com todo o mato cortado sobre o solo.

- Como é que eu vou encontrá-lo no meio de tanta palha?

Pensando, assim, saiu andando e revirando o mato. Seus amigos se aproximaram perguntando o que ele havia perdido.

- Meus óculos, respondeu.

- Vai ser mais fácil encontrar uma agulha num palheiro do que achar os teus óculos nessa estrada. Retrucou um amigo.

Depois de algum tempo procurando, sem sucesso, todos voltaram ao trabalho com suas foices enquanto ele caminhava na direção contrária indignado com a perda.

- Não aceito esta situação. Afinal que Ser sou eu, que como espírito sou capaz de tantos prodígios mas deixo meu corpo físico aqui à mercê de meus pobres cinco sentidos e, ainda, míope?

- Não, não aceito essa condição de ter minhas partes separadas como se fossem personalidades distintas. Quero ser um só, corpo e espírito unidos numa só vontade, cúmplices na mesma viagem, na mesma aventura.

Assim pensando, sentiu a raiva brotar dentro de si. Imediatamente lembrou da lição do velho mestre sobre o uso da raiva em seu próprio benefício e deixou que ela crescesse e viesse à tona.

- Quero todo o meu potencial de Ser Divino, de Filho de Deus trabalhando a meu favor e não contra mim.

Neste ponto já rubro e encolerizado, bradou em voz alta:

Eu quero meus óculos agora!

Algo brilhou entre as palhas a meio metro de seus pés, abaixou-se mexeu no mato e ali estavam os seus óculos.

Surpreso e tomado de intensa felicidade por ter vivenciado o aprendizado de mais uma lição ergueu suas mãos ao céu e agradeceu a Deus.

10.14 - Mas os Ratos Apareceram 11

Ao partir para uma longa viagem, o superior do mosteiro deu aos monges a seguinte recomendação:

- "Cuidem do nosso mosteiro com carinho e austeridade, lembrando-se sempre de levar uma vida simples, respeitando o nosso voto de ter apenas o necessário para a nossa subsistência".

Dentro desse espírito de pobreza, cada monge possuía nada mais do que uma túnica e um par de sandálias.

Nem bem o superior havia partido e o mosteiro foi atacado por uma praga de ratos vorazes, que roíam tudo que encontravam pela frente, não lhes escapando sequer as túnicas e as sandálias, únicas posses dos pobres monges.

- "Precisamos arranjar uns gatos", disse um dos monges, obtendo imediatamente a aprovação de todos para a sua idéia.

11 Essas e outras histórias de sabedoria tradicional, contadas e comentadas por Geraldo Eustáquio de Souza, fazem parte do livro HISTÓRIAS PARA ACORDAR GENTE GRANDE, novo lançamento da Companhia para Crescer © 1998.

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Os gatos estavam vencendo os ratos, mas tomavam muito leite. Assim, um dos monges sugeriu: - "seria muito bom se tivéssemos uma vaca." E novamente todos concordaram com a idéia.

A vaca fornecia leite com abundância para os gatos, mas também precisava de comer. E porisso os monges resolveram formar um pasto, que para ser plantado e mantido precisou de adubo e ferramentas, que eles providenciaram junto com um paiol que tiveram de construir para armazenar as colheitas e um estábulo para os cavalos que conseguiram para puxar os arados e fazer os transportes.

Passaram-se longos anos e um dia, o superior voltou. No local onde julgava estar o mosteiro, pareceu-lhe ser agora uma próspera fazenda, com um vasto rebanho e muitas plantações.

O superior aproximou-se da cerca e perguntou a alguém que estava por ali trabalhando se ele sabia onde ficava o mosteiro. Ele disse que não sabia do que se tratava, mas ofereceu-se para conduzi-lo até a administração da fazenda, onde certamente poderiam lhe dar alguma informação.

Ao chegar à imponente construção onde funcionava a sede da fazenda, o superior imediatamente reconheceu um dos seus antigos monges e foi logo dizendo:

- "Mas o que vem a ser isso tudo? O que foi que vocês fizeram do nosso mosteiro? Eu não lhes recomendei que levassem uma vida simples e sem ostentação, tendo apenas o necessário para a sua subsistência?"

- "Sim.mestre, sim, e era exatamente isso que estávamos fazendo. Mas aí os ratos apareceram."

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Ratos é o que não falta quando a gente está decidido a não crescer, quando quer encontrar de todo jeito um motivo e uma boa explicação que "justifique" um desempenho medíocre em termos de crescimento pessoal.

Os ratos sempre vão estar aí mesmo, por toda parte, em abundância e à nossa disposição, quando a gente quer "provar" que não há outro jeito, que não há como ser ou fazer de outra maneira.

A gente até que queria, mas os ratos.

Crescimento pessoal é em grande parte um trabalho de dedetização.

10.15 - Carregando pedras 12

Um fervoroso devoto estava atravessando uma fase muito penosa, com graves problemas de saúde em família e sérias dificuldades financeiras. Por isso orava diariamente pedindo ao Senhor que o livrasse de tamanhas atribulações.

Um dia, enquanto fazia suas preces, um anjo lhe apareceu, trazendo-lhe uma mochila e a seguinte mensagem:

- O Senhor se compadeceu da sua situação e manda lhe dizer que é para você colocar nesta mochila o máximo de pedras que conseguir e carregá-la com você, em suas costas, por um ano, sem tirá-la por um instante sequer. Manda também lhe dizer que, se você fizer isso, no final desse tempo, ao abrir a mochila, terá uma grande alegria e uma grande decepção.

E desapareceu, deixando o homem bastante confuso e revoltado.

"Como pode o Senhor brincar comigo dessa maneira? Eu oro sem cessar, pedindo a Sua ajuda, e Ele me manda carregar pedras?" Já não lhe bastam os tormentos e provações que estou vivendo?", pensava o devoto.

Mas, ao contar para sua mulher a estranha ordem que recebera do Senhor, ela lhe disse que talvez fosse prudente seguir as determinações dos Céus, e concluiu dizendo: - Deus sempre sabe o que faz...

12 Geraldo Eustáquio de Souza - © 1999 Companhia para Crescer.28

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O homem estava decidido a não fazer o que o Senhor lhe ordenara mas, por via das dúvidas, resolveu cumpri-la em parte, após ouvir a recomendação da sua mulher. Assim, colocou duas pedras, pequenas, dentro da mochila e carregou-a nas costas por longos doze meses.

Findo esse tempo, na manhã da data marcada, e mal se contendo de tanta curiosidade, abriu a mochila conforme as ordens do Senhor e descobriu que as duas pedras que carregara nas costas por um ano tinham se transformado em pepitas de ouro...

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Todos os episódios que vivemos na vida, inclusive os piores e mais duros de se suportar, são sempre extraordinárias e maravilhosas fontes de crescimento.

Temendo a dor, a maioria se recusa a enfrentar desafios, a partir para novas direções, a sair do lugar comum, da mesmice de sempre.

Temendo o peso e o cansaço, a maioria faz tudo para evitar situações novas, embaraçosas, que envolvam qualquer tipo de conflito.

Mas aqueles que encaram pra valer as situações que a vida propõe, aqueles que resolvem "carregar as pedras", ao invés de evitá-las, negá-las ou esquivar-se delas, esses alcançam a plenitude do viver e transformam, com o tempo, o peso das pedras que transportaram em peso de sabedoria.

10.16 - Em Nome do Mestre 13

Chegara aos ouvidos do mestre que um de seus discípulos podia caminhar sobre as águas enquanto meditava. Considerando que nem ele, mestre, podia realizar tal façanha, mandou chamar o discípulo para uma conversa.

- Pode me explicar que negócio é esse que estão dizendo por ai, que você consegue caminhar sobre as águas?

- É verdade, mestre. Mas é graças ao senhor que eu consigo fazer isso.

- Como, graças a mim?

- Sim, graças ao senhor, pois eu só consigo andar sobre as águas fechando os olhos e mentalizando a sua imagem, enquanto vou repetindo em voz alta "em nome do mestre", "em nome do mestre", "em nome do mestre".

Com o ego nas alturas, o mestre imaginou: "se ele consegue andar sobre as águas apenas mentalizando a minha imagem e repetindo o meu nome, o que eu próprio não conseguirei?"

E com esse pensamento, dirigiu-se para o rio, tomou uma canoa e remou para o meio da correnteza. Então, ergueu-se solene, concentrou-se na sua própria pessoa e repetindo em voz alta "em meu nome", "em meu nome", "em meu nome", deu um passo para fora da canoa e afundou.

Comentário 1

Uma das principais atividades do ego é fazer comparações.

Eu sou iluminado; o meu discípulo, não. Eu estou pronto; o meu discípulo está longe de estar. Eu sou bom; alguém não é tão bom, tão preparado, tão "tão" quanto eu. Logo, eu sou melhor do que ele. Logo, eu posso mais.

E todas essas tolices do tipo.

O que o ego não percebe, é que o meu critério de comparação é que me faz pensar que eu sou melhor ou pior do que alguém, sempre. Logo, se o meu critério de comparação for tendencioso (e invariavelmente é.), a minha conclusão será necessariamente tendenciosa e portanto, falsa.

13 Geraldo Eustáquio de Souza - © 1998 Companhia para Crescer.29

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Enquanto estiver vivo, ninguém está pronto.

Ser humano é ser um processo em permanente transformação.

Comentário 2

Da mesma forma que o ego pode exagerar os seus próprios talentos e dotes, pode também subestimar. Nesse caso, eu penso que se consegui realizar algo foi pela interveniência de outro, não pelo meu próprio esforço e dedicação.

Comentário 3

Superestimando ou subestimando, o ego é a doença.

10.17 - Eu Desisto 14

Ao ser admitido no mosteiro, o discípulo foi avisado do silêncio absoluto que deveria observar durante todo o tempo que ali vivesse.

- Na verdade, só lhe será permitido falar duas palavras a cada cinco anos, e assim mesmo ao ser solicitado por mim., disse-lhe o Superior.

Passados os primeiros cinco anos, o Superior aproximou-se dele e disse:

- E então? Tem alguma coisa para me dizer?

O discípulo o olhou com um certo ar de desagrado e dirigiu-lhe as suas duas palavras:

- Cama dura.

Mais cinco longos anos se passaram e novamente o Superior voltou a procurá-lo.

- Hoje é o seu dia de falar. Quer me dizer algo?

Usando as duas palavras a que tinha direito, o discípulo lhe disse, com ar de tristeza e sofrimento:

- Costas doendo.

De novo, mais cinco longos anos se foram e chegou a hora do discípulo do Superior do Mosteiro ir conversar com o discípulo.

- Alguma coisa para falar?, perguntou-lhe o Superior como sempre fazia a cada cinco anos.

E o discípulo, dessa vez com ar firme e resoluto, dirigiu-lhe suas duas palavras de direito:

- Eu desisto!

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A gente existe basicamente em duas dimensões, o espaço e o tempo, ambas muito limitadas para serem desperdiçadas com qualquer coisa que não propicie crescimento.

No entanto, seja por medo, culpa, teimosia, preguiça ou atitudes desse tipo, a gente faz o tempo tornar-se uma armadilha para a gente mesmo, uma bomba-relógio, programada para explodir no momento em que a gente finalmente conclui o tanto que andou vivendo errado, - coisa que já sabia o tempo todo.

Quanto tempo você ainda vai levar para descobrir o que já sabe?

Quanto tempo você ainda pretende se enganar achando que as coisas vão mudar por elas próprias?

Quanto tempo você ainda vai esperar que os outros mudem para que você não tenha o trabalho de mudar?

14 Geraldo Eustáquio de Souza, 1998 Cia. para Crescer [email protected]

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Aqui e agora são as duas palavrinhas mágicas capazes de nos devolver para o presente toda vez que a mente resolver se martirizar nos erros dos cinco anos passados ou nas ansiedades dos cinco anos futuros.

10.18 - Quem dá as ordens 15

Um poderoso monarca pediu a um mestre que lhe dissesse o que fazer para dominar sua mente.

- É preciso que você faça sua mente reconhecer claramente quem dá as ordens na sua casa, quem tem poder para decidir sobre a sua vida.

- Como assim? Indagou-lhe o Rei.

- Vou lhe dar um exemplo, disse o mestre. Preste atenção.

E dirigindo-se aos guardas que estavam ao lado do soberano ordenou:

- Prendam este homem!, apontando para o rei.

Os guardas ficaram meio confusos, mas nem se mexeram.

- Prendam! Eu já lhes ordenei! Coloquem-no já na cadeia! Esta é a minha ordem e eu quero que vocês a cumpram já ou irão presos junto com ele! esbravejou o mestre.

Os guardas continuaram sem entender nada mas também não fizeram nada para prender o rei como o mestre havia mandado.

Diante do fraco resultado de suas ordens aos soldados, o mestre virou-se- para o rei e disse:

- Agora dê você a ordem para que os guardas me prendam e veja o que acontece.

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Antigas imagens em escolas iniciáticas costumavam descrever a pessoa sem consciência de si mesma, sem um "centro", como o passageiro de uma carruagem, em plena tempestade, cujos cavalos fossem cegos e o cocheiro estivesse completamente bêbado.

Sob tais condições, por mais que o passageiro dê instruções e até mesmo grite ao cocheiro para onde deseja ir, ele não será sequer ouvido, quanto mais atendido.

Os cavalos cegos representam nosso corpo, com seus instintos, desejos e apelos sempre insatisfeitos, por mais que se o atenda.

O cocheiro bêbado representa a nossa mente, o nosso ego, sempre envolvido com dezenas de preocupações, dúvidas, medos, angústias e ansiedades.

A única possibilidade de recuperar o domínio da situação seria através da consciência, do self, do centro dinâmico que existe, em todo ser humano, quase sempre adormecido ou "entorpecido" pelas arrumações da mente.

10.19 - Sabe Que Eu Não Sei! 16

O imperador se considerava um profundo conhecedor de Zen. Lia tudo que lhe chegava às mãos, mantinha longas conversas com filósofos e monges e tinha até publicado seus próprios comentários sobre a doutrina.

15 Geraldo Eustáquio de Souza - Essas e outras histórias de sabedoria tradicional, fazem parte do livro HISTÓRIAS PARA ACORDAR GENTE GRANDE © 1998 Companhia para Crescer. [email protected]

16 Geraldo Eustáquio de Souza - Essas e outras histórias de sabedoria tradicional, contadas e comentadas por Geraldo Eustáquio de Souza, fazem parte do livro HISTÓRIAS PARA ACORDAR GENTE GRANDE - © 1998 Companhia para Crescer. [email protected].

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m dia, sabendo da presença na cidade de um famoso mestre Zen, convidou-o para uma visita ao Palácio.

Depois de lhe oferecer um lauto banquete, convidou-o para tomar chá. O tempo inteiro o mestre tinha se mantido silencioso e calmo, como era de se esperar de um mestre de Zen, mas o Imperador já não agüentava mais de vontade de lhe exibir os seus "profundos conhecimentos". Assim, finalmente, enquanto eles tomavam o chá, encontrou um jeito de romper o silêncio, fazendo uma pergunta.

- "Mestre, de acordo com a doutrina e os textos sagrados, o que é a iluminação?"

O Mestre interrompeu uma golada de chá no meio do caminho, olhou-o com ar de espanto e respondeu, "sabe que eu não sei?!". E continuou tranqüilamente a tomar o seu chá.

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Iluminação não é algo do qual se possa "saber", no sentido de se ter conhecimento.

Iluminação, salvação, que nome tenha qualquer processo de ampliação da consciência do ser, não é algo que possa ser apreendido da experiência de outro, mas um processo profundamente pessoal, que deve ser vivido pelo próprio sujeito até que ele "compreenda" por si próprio do que se trata.

Dominar os textos sagrados, as escrituras, as doutrinas, as teorias pode fazer de alguém um erudito, um intelectual, mas nunca um iluminado.

Porque, como dizia São Tomás de Aquino, "A realidade transborda de qualquer conceito".

10.20 - Seja Mais Paciente

A virtude da paciência pode ajudar bastante no caminho para a criação de um self mais pacífico e amoroso. Quanto mais paciente você for, mas complacente será, em vez de insistir para que a vida seja exatamente como você gostaria que fosse. Sem paciência, a vida é extremamente frustrante. Você se torna facilmente irritável, aborrecido, entediado. A paciência aumenta a dimensão de bem-estar e compaixão em sua vida. É essencial para a paz interior.

Tornar-se mais paciente implica em abrir o coração para o momento presente, mesmo que você tenha dificuldade com relação a isso. Se você estiver preso num engarrafamento, atrasado para um encontro, abrir-se para o momento significa perceber-se construindo sua bola-de-neve e impedir que as coisas fujam ao controla e, assim, lembrar-se gentilmente de relaxar. Pode ser igualmente um bom momento para respirar e uma oportunidade de se lembrar quem num panorama maior, estar atrasado é "um copo d’água".

A paciência também envolve a visão da inocência nos outros. Minha mulher, e eu temos duas filhas de quatro e sete anos. Em muitas ocasiões, enquanto estava escrevendo este artigo, minha filha de quatro anos entrava no meu escritório e interrompia meu trabalho, o que desconcentra o escritor. O que aprendi a fazer (na maior parte das vezes) é ver a inocência de seu comportamento em vez de focalizar nas implicações potenciais de sua interrupção ("Não conseguirei acabar meu trabalho, vou perder o fio de meus pensamentos, esta era a minha única oportunidade de escrever hoje", e assim por diante). Eu fazia questão de me lembrar por que ela tinha vindo me ver. Porque ela me ama, não porque estivesse conspirando para arruinar meu trabalho. Assim que eu me lembrava de observar sua inocência, imediatamente conseguia recuperar um sentimento de paciência, e minhas atenções se voltavam para o momento presente. Qualquer irritação que eu estivesse construindo era eliminada e eu recordava, mais uma vez, de como era afortunado por Ter filhas tão belas. Percebi que, quando você busca com profundidade, sempre consegue perceber a inocência nas pessoas tão bem quanto as situações potencialmente frustrantes. Quando você o faz, torna-se mais paciente e calmo e, de uma maneira estranha, começa a apreciar muitos momentos que anteriormente eram fonte de frustração.

10.21 - Conceda-se o direito ao tédio

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Para muitos de nós, a vida é tão cheia de estímulos, além das responsabilidades, que é quase impossível sentarmos quietinhos, sem fazer nada, nem relaxar - nem que seja por alguns minutos. Um amigo me disse: "As pessoas não são mais seres humanos. São fazeres humanos.

Eu fui exposto pela primeira vez à idéia de que o tédio ocasional pode ser uma coisa boa, quando estava estudando com um terapeuta, em uma pequena cidade com pouquíssima coisa "a fazer". Depois do primeiro dia de aula, perguntei e meu instrutor: "O que há para se fazer por aqui, á noite? " Ele me respondeu: "" O que eu gastaria que você fizesse era se conceder o tédio. Fazer nada. É parte de seu treinamento." A princípio pensei que ele estivesse brincando. "Por que cargas d` água eu escolheria o tédio?" Ele me explicou que se você se concede o direito do tédio, nem que seja por uma hora - ou menos - e não o combate, os sentimentos de tédio são substituídos por sentimentos de paz. E depois algum exercício, você aprender a relaxar.

Para minha surpresa, ele estava absolutamente certo. No início, eu mal conseguia suporta. Estava tão habituado a fazer alguma coisa a cada minuto que realmente tive de fazer força para relaxar. Mas depois de algum tempo, me acostumei, e desde então aprendi a gostar. Não estou falando de horas de modorra e preguiça, mas simplesmente do aprendizado da arte de relaxar, de "ser", m vez de "fazer", alguns minutos todos os dias.

Não há uma técnica específica além de coincidentemente não fazer coisa alguma. Fiquei quito, talvez olhando através da janela e percebendo seus pensamentos e sentimentos. A princípio, você pode se sentir um pouco ansioso, mas depois, a cada dia, irá se tornando um pouco mais fácil. A gratificação é enorme.

Muita de nossa ansiedade e luta interior advém de nossas mentes ocupadas, hiperativas, sempre em busca de algo que as entretenha, algo que possa servir de objetivo, e sempre se perguntar: "O que acontecerá em seguida?" Enquanto estamos apreciando o jantar, ficamos curiosos em saber o que será a sobremesa. Quando for a vez da sobremesa, estaremos considerando o que virá depois. Quando a noite estiver se encerrando, a pergunta será: "O que faremos no próximo fim de semana e imediatamente ligamos a televisão, pegando o telefone, abrimos um livro, ou começamos a fazer limpeza. É como se estivéssemos assustados até mesmo com a idéia de não Ter o que fazer, por um segundo sequer.

A beleza que existe em não fazer nada é que ela nos ensina a limpar a mente e relaxar. Permite à nossa mente a liberdade de "não saber" por um breve período de tempo. Tal como seu corpo, a mente necessita de um descanso ocasional de sua rotina compacta. Quando você permite à sua mente um descanso, ela ressurge mais forte, aguçada, mais pronta focalizar e criar.

Quando você se deixa entender, aliviar uma grande carga de pressão: a obrigação de agir e fazer algo a cada segundo de cada santo dia. Agora, quando uma de minhas filhas me diz, "Papai, não tenho o que fazer", eu lhe respondo. "Que bom, fique assim por um tempinho. É bom para você." Ao ouvir isso, elas sempre desistem da idéia de que eu posso resolver o problema delas. Você provavelmente nunca pensou que alguém pudesse lhe sugerir que se concedesse o Dom do tédio. Acho que para tudo existe a primeira vez!

10.22 - Crie Períodos de Paciência Prática

A paciência é uma qualidade do coração que pode ser aumentada com prática deliberada. Um modo eficaz que encontrei de aprofundar minha própria paciência foi criar períodos de prática - períodos de tempo em que concentrei minha mente para praticar a arte da paciência. A vida, assim, passou a ser, ela mesma, uma sala onde desenvolvido é a paciência.

Você pode começar com períodos pequenos de cinco minutos e ir desenvolver sua capacidade, ao longo do tempo. Comece dizendo para si mesmo, "OK, nos próximos cinco minutos não vou me deixar aborrecer por nada. Serei paciente". O que você descobrirá será surpreendente. Sal intenção de ser paciente, especialmente se souber que é apenas por pouco tempo, imediatamente aumenta sua capacidade de paciência é uma dessas qualidade.

A paciência é uma dessas qualidade especiais nas quais o sucesso se alimenta. Assim que você conseguir seus primeiros marcos - cinco minutos de bem sucedida paciência - começará a perceber que,

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na verdade, tem capacidade de ser paciente por período mais longos. Com o tempo, você pode se tornar de fato uma pessoa paciente.

Como tento filhos pequenos, talvez tenha melhores oportunidades de me exercitar na arte da paciência. Naqueles dia, por exemplo, que estou tentando dar importantes telefonemas e as duas meninas decidem disparar uma série de perguntas na minha direção, penso com meus botões: "Agora é a hora certa para ser paciente. Pela próxima meia hora vou tentar ser o mais paciente possível (ou seja, venho trabalhando a sério, já cheguei a meia hora!)." Deixando as brincadeiras de lado, realmente funciona - tem funcionado com minha família. Enquanto me mantenho tranqüilo e não deixo irritar ou aborrecer, consigo, calma, mas firmemente, direcionar o comportamento das crianças bem melhor do que quando perco a serenidade. O simples ato de voltar minha mente para o exercício da paciência me permite viver o momento presente de uma forma muito mais eficaz do que se eu tivesse chateado, pensando em quantas vezes isso aconteceu antes e me sentindo um verdadeiro mártir. E o que é melhor - meus sentimentos pacientes são freqüentemente contagiosos - eles parecem atingir as crianças que chegam à conclusão, por conta própria, que não vale a pena incomodar o Papai.

Ser paciente me permite manter minha perspectiva. Eu consigo lembrar, mesmo em uma situação difícil, o que está diante de mim - meu desafio presente - não é "vida ou morte" mas simplesmente um obstáculo menor que tem de ser enfrentado. Sem paciência, o mesmo panorama se torna uma emergência completa com gritos, frustrações, sentimentos feridos e alta de pressão arterial. Não vale a pena. Quer você esteja diante de crianças, ou de seu patrão, ou de uma pessoa difícil, ou de uma situação - se você não quer fazer tempestade em copo D`água, melhorar o seu desempenho de paciência pode-se provar um bom começo.

10.23 - Faça a si Mesmo a Seguinte Pergunta: "Que Importância Isso Terá Daqui a um Ano?"

Quase todos os dias me proponho um jugo que eu chamo de "túnel do tempo". Eu o criei como resposta a minha crença errônea e persistente de que tudo que me preocupa é realmente importante.

Para jogar "túnel do tempo", você tem que imaginar que a circunstância que o aflige atualmente não está acontecendo agora, mas daqui a um ano. Pergunte-se, então: "Será que esta situação é realmente importante ou sou eu que estou tornando assim? "Uma vez em mil pode ser que de fato seja importante - mas na maioria dos casos simplesmente não é.

Quer seja um discussão com sua mulher, filho, patrão, um erro, uma oportunidade perdida, uma carteira esquecida, uma rejeição no ambiente de trabalho, um tornozelo torcido, as possibilidades são que, daqui a um ano você não esteja dando a mínima para isso. Será mais um detalhe irrelevante de sua vida. Embora esteja jogo simples não vá resolver todos os seus problemas mas, pode servir para ampliar sua perspectiva de forma produtiva. Eu me pego, às vezes, rindo, de coisas que levava a sério. Agora, em vez de usar minha energia me sentindo abatido ou aborrecido, eu e uso aproveitando a companhia de minha mulher e filhos ou a aplico em pensamento realmente criativos.

10.24 - Seja o Primeiro a Agir Amorosamente ou a Fazer as Pazes

Muitos de nós temos o hábito de cultivar pequeno ressentimentos que podem ser conseqüência de alguma discussão, mal-entendido, o tipo de educação que tivemos ou qualquer outro evento doloroso. Cabeças-duras, ficamos esperando que a outra pessoa envolvida nos procure - acreditando piamente que esta é a única maneira de perdoarmos ou reatarmos um laço familiar ou de amizade.

Uma amiga, cuja saúde não é muito boa, recentemente me contou que não falava com seu filho há três anos " Por que não? " - lhe perguntei. Ela me respondeu que ela e o filho tinham se desentendido a respeito da esposa dele e ela não voltaria a lhe falar se ele não a procurasse, primeiro. Quando lhe sugeri

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que tomasse a iniciativa, resistiu e disse: "Não posso fazê-lo. É ele que tem que pedir desculpa." Ela literalmente preferia morrer a procurar o único filho. Depois de algum incentivo, no entanto, decidiu procurá-lo. Para seu espanto, o filho agradecido com a boa vontade que ela demonstrou e foi o primeiro a pedir desculpas. Isto é o que acontece, normalmente, quando alguém se arrisca toma a iniciativa: todo mundo sai ganhando.

Todas as vezes que ficarmos cozinhando nosso rancor transformamos copos D’água em tempestades mentais. Passamos a pensar que nossos pontos de vista são mais importantes que nossa felicidade. Não são. Se você quiser ser uma pessoa mais pacífica, tem que entender que Ter razão quase nunca foi tão importante quanto buscar a felicidade. E a felicidade está em deixar as coisas fluírem, e tomar a iniciativa. Deixe as outras pessoas terem razão. Você experimentará a paz que advém de deixar as coisas acontecerem, a alegria de deixar os outros serem os corretos. Você também terá oportunidade de perceber que, ao deixar as coisas acontecerem e os outros serem donos da razão, eles se tornam menos defensivos e mais amorosos com relação a você. Eles podem surpreender tomando iniciativas. Mas, se por algum motivo, não o fizerem, isso também estará bem. Você terá satisfação interior em saber que fez a sua parte na construção de um mundo mais amoroso, e certamente ganhará sua paz.

10.25 - Renda-se ao Fato de que a Vida não é Justa

Certa amiga minha, numa conversa sobre as injustiças da vida, colocou-me a seguinte questão: "Quem disse que a vida seria justa, ou que deveria ser justa? " Eu achei sua pergunta boa. Fez me lembrar de um lição que me ensinaram na juventude: vida não é justa. É um turismo, mas absolutamente verdadeiro. Ironicamente, reconhecer este fato pode ter um efeito iluminador.

Um dos erros que cometemos normalmente ‘que sentimos pena de nó mesmo, ou dos outros, pensando que a vida deveria ser justa, ou que algum dia alguma coisa será. Não é e não será. Quando cometemos este erro, nossa tendência é gastar boa parte de nosso tempo resmungando ou reclamando a respeito do que está errado em nossas vidas. Sentimos comiseração pelos outros, discutimos as injustiças da vida. "Não é justo". Dizemos, não percebendo, talvez, que nunca pretendeu ser.

Uma das boas coisas de render ao fato de que a vida não é justo é que tal atitude nos impede de sentir pena de nós mesmo, nos encorajando a fazer o melhor que pudermos com o que efetivamente temos. Sabemos que não é obrigação da vida fazer tudo perfeito, esta é a nossa tarefa. Ao nos rendermos a este fato paramos de sentir pena dos outros, igualmente, porque nos lembramos que cada pessoa recebe seu quinhão e tem suas próprias forças e desafios. Este insight tem me ajudado bastante com os problemas de educação de duas filhas, as decisões difíceis que têm de ser tomadas sobre a quem ajudar e a quem não, assim como em meus esforços pessoais durante períodos em que me desperta para a realidade e me coloca no caminho certo.

O fato da vida não ser justa não quer dizer que não devamos fazer tudo que está em nosso poder para melhorar nossas vidas e a do muno, como um todo. Ao contrário, indica, precisamente, que é o que devemos fazer. Quando não reconhecemos ou admitimos que a vida não é justa, tendemos a sentir piedade dos outros e de nós mesmos. A piedade é um sentimento consolador que não melhora nada para ninguém, e só serve para as pessoas se sentirem um pouco piores do que estão se sentindo no momento. Quando reconhecemos que a vida não é justa, no entanto, sentimos compaixão pelos outros e por nós mesmos. E compaixão é um sentimento que provoca simpatia amorosa em todos os que o experimentam. Da próxima vez que você se pegar refletindo a respeito das injustiça do mundo, tente se lembrar deste fato básico. Você pode se surpreende ao perceber que pode se livrar da autopiedade e partir para ação efetiva.

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11 - O Código Internacional de Doenças e Terapêutica Espiritual 17

Objetivamos neste breve texto trabalhar alguns interessantes tópicos para reflexão sobre as curas espirituais. Ressaltamos aqui uma importante abertura da medicina acadêmica para as questões espirituais. No DSM IV, que é o mais importante manual de estatística de distúrbios mentais (Associação Americana de Psiquiatria), tendo sua terminologia e conceitos utilizados pela Organização Mundial de Saúde, há um alerta, em sua introdução, para a possibilidade de as manifestações de ver e ouvir espíritos de parentes mortos não serem necessariamente alucinação ou qualquer manifestação psicótica. O clínico deve ser cuidadoso, segundo o DSM IV, quando, ao abordar pacientes de comunidades de determinadas culturas religiosas, observar que o fato mencionado acima não está ligado a qualquer processo patológico. É uma primeira abertura para que a mediunidade possa ser entendida como função psíquica.

A possibilidade de interferência de um mundo espiritual nos processos de cura ou doença é fenômeno cuja visualização científica permeia a raridade. Tanto a doença como a cura são processos de conquista diária, e no caso de cura, árdua luta que leva tempo. Nesse caso, apenas no momento em que a pessoa se faz merecedora é que advém a cura (lei de ação e reação espiritista). Essa cura está centrada na transformação do espírito em direção a determinados valores como a fraternidade, a humildade, o perdão, o trabalho e o amor. Às vezes, com a alteração e as dificuldades orgânicas é que o espírito conquista esses atributos internos, atestados de boa saúde. No sofrimento da dor, na disciplina em relação aos cuidados do corpo, a higiene e a medicação necessária, vamos aprendendo a nos amar, base para podermos amar os semelhantes ("ama teu próximo como a ti mesmo").

O processo de doença, assim como o norteamento terapêutico, devem ser analisados sob a ótica bio-psico-sócio-espiritual, pois são sistemas que agem em sinergia. O sistema espiritual e psíquico não é antagônico em termos de abordagem metodológica, ao sistema biológico. Assim, por exemplo, um eczema na pele pode ter sido provocado por um problema auto-imune, mas este pode ter sido desencadeado por uma neurose. Essa neurose pode ter advindo de um grave problema social e esta situação de algum distúrbio espiritual - uma obsessão, por exemplo. Note-se que não deixou de ser um eczema de causa auto-imune, que vai necessitar de medicação. Também não descartamos um diagnóstico de neurose, que complementa a compreensão do primeiro. Nem tampouco o diagnóstico de obsessão espiritual anula os demais; pelo contrário, amplifica a compreensão do problema. Não há, portanto, antagonismo entre Medicina e espiritualidade, mas uma sinergia, e o beneficiado é o paciente.

Referências Bibliográficas:- AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION - DSM IV 4ª ed.

- Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 5ª ed. Feesp, 1982 (Texto extraído do Boletim Médico, Espírita n.º 10 - Mednesp 95, págs. 115 e 116)

12 - Saiba viver melhor!!!

Os alces são mais fortes e ágeis não pela ausência dos lobos, mas pela sua presença.

Não quero ser como a pessoa que disse, "Se eu morrer, eu o perdôo. Se eu viver, veremos". Nem quero que uma conscientização clara das coisas signifique lembrar do que foi ruim. Como o Irmão Jeremias, quero colher mais margaridas - não só para mim mesmo, mas também para aqueles que ainda não as viram.

17 Oliveira, Dr. Sérgio Felipe de.36

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Espero que seja assim que você quer viver a sua vida: sério na hora de trabalhar, brincalhão na hora de brincar e inteligente o bastante para saber a diferença entre um e outro.

12.1 - O bobo da corte interior

Saber brincar é importante. "Dentro de cada um de nós", escreve Daphne Rose Kingma em um livro maravilhoso chamado A Garland of Love (Conari Press, Berkeley), "existe um bobo da corte, um espírito brincalhão que está sempre achando graça na vida, que no meio do pior problema ou da tragédia mais triste nos distrai de nossas preocupações dando saltos mortais. Ficar sintonizado com esta parte cômica de você mesmo, honrando-a e desenvolvendo-a, encherá sua vida da leveza de espírito que mantém afastados todos os aborrecimentos. Mas os bobos da corte são tímidos; eles não mostram a cara se não forem aplaudidos. Portanto, se quiser que eles continuem atuando, trate de rir quando estiver dando cambalhotas para você parar de chorar, e jogue confetes metafóricos todas as vezes que ele fizer graça para afastar suas preocupações".

Estas são algumas sugestões enquanto você continua a sua jornada pelo melhor caminho:

1 - A qualidade da viagem sempre será mais importante do que o seu destino final. Você não precisa ser a pessoa mais rica, mais inteligente, mais bem vestida. Certamente, você não precisa ser perfeita, sempre se comparando com os outros, este pode ser o caminho mais rápido para a tristeza. Em vez de buscar cegamente a perfeição, lute pela excelência em tudo que fizer. Basta ser uma pessoa atenciosa. A vida é uma jornada. O sucesso é um processo, não o pedestal.

2 - Esteja disposto a avaliar os desafios passados e a aprender com eles. O psicólogo Rollo May alertava as pessoas de que deveriam, "regozijar-se no sofrimento, por estranho que pareça, pois ele é sinal da disponibilidade de energia para transformar seus caracteres. O sofrimento é a maneira que a natureza tem de indicar uma atitude ou comportamento errado e, para a pessoa que não é egocêntrica, cada momento de dor é uma oportunidade para crescer". A oportunidade de pegar o melhor caminho, onde perigos em potencial nos espreitam a cada esquina, oferece mais possibilidade de crescimento e sucesso do que se conseguiria tomando a via secundária, mais freqüentada, de menor resistência.

3 - Escolha uma atitude à sua altura em todas as ocasiões. Observe como você se aproxima das pessoas e dos projetos, e anote em um diário o que você pensa. Invente uma escala de um a dez, e confira suas atitudes ao final de cada semana. Se você precisa melhorar, determine o que foi que o convenceu de ser menos do que pode. E nos dias em que a sua atitude ganhar a nota máxima, dê um tapinha no seu ombro e diga, "Estou aprendendo a controlar minhas atitudes, estou desfrutando da melhor estrada".

4 - Comece a desfrutar do efeito em ondas provocado quando você faz diferença. Os círculos cada vez mais amplos originados de uma pedra lançada nas águas de um lago é uma boa analogia. Hoje é um bom momento para começar a fazer as suas marolas no mundo. A sua menor ação, aparentemente mais insignificante, pode ser de enorme importância para um membro da família, amigo, ou sócio nos negócios.

5 - Desfrute do privilégio de fazer o bem. Antes dos trinta anos, Millard Fuller estava a caminho de ficar milionário pelo seu próprio esforço, mas o trabalho estava ameaçando a sua saúde e o seu casamento, e ele começou a procurar um propósito para a sua vida em outras coisas além do dinheiro. Millard Fuller é diretor de uma organização mundial chamada Habitat for Humanity, cujo objetivo é acabar com as habitações inadequadas das populações carentes. O grupo levanta o dinheiro e recruta voluntários para reformar e construir casas, que são vendidas pelo custo, com hipotecas livres de juros. Habitat agora constrói e reforma doze casas por dia, dando esperança para muitos daqueles que achavam que tinham chegado ao fim da linha. Esse é um exemplo do poder da escolha do melhor caminho. Que exemplo você está preparado para dar em casa, na comunidade, no escritório ou sala de conselho?

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12.2 - Falar e agir

O comentário de que "Suas ações falam tão alto que não consigo ouvir o que você diz" é mais do que um clichê desgastado. Lech Walesa estava certo quando falou de um mercado para as palavras em declínio, durante um discurso no Congresso dos Estados Unidos. Palavras sem compromisso não têm valor; palavras não sustentadas por ações acabam provocando cinismo e desespero. Ao nos aproximarmos do desafio das exigências do século XXI, nunca foi tão improvável que palavras apenas encham os corações e convençam as mentes. Um número cada vez maior de pessoas farão seus julgamentos com base no comportamento pessoal; cada vez menos elas se deixarão empolgar por retóricas exaltadas.

Uma única verdade jamais será excessivamente enfatizada: o sucesso não se baseia na sua conta bancária ou nos seus bens terrenos. A sua satisfação estará sempre em razão direta com a forma sensata de usar o seu tempo e cuidar da sua saúde, que uma vez gastos estarão ambos perdidos para sempre. Só cuidando desses dois componentes gêmeos é que a sua vida será equilibrada, e no processo você vai ajudar a aplainar a estrada das oportunidades através do império da sua mente.

13 - Eu e a Sociedade

Em que, quando, onde e por que a sociedade pode (in)viabilizar a felicidade do indivíduo?

Primeiro:

O que é sociedade (civil)?

É a reunião, o agrupamento de seres que vivem em estado gregário, em certa faixa de tempo e espaço, segundo normas comuns - escritas e/ou culturais, e unidos pelo sentimento de consciência de grupo e que assim se mantêm por vontade própria.

Trata-se, então, de corpo orgânico estruturado pelo geral dos indivíduos, segundo as leis, a moral e a cultura em todos os níveis da vida social comum: sistema econômico de produção, distribuição e consumo, sob um dado regime político e jurídico válido para todos, independentemente de suas diferenças biológicas (cor, tamanho, biotipo), emocionais (carência, afetividade), psíquicas (comportamentos, reações), intelectuais (sabedoria, conhecimento, criatividade) e espirituais (crença, fé, sentido de vida).

Segundo:

Para que haja uma sociedade, há o pressuposto da aceitação das regras de convívio extensivas à grande maioria dos indivíduos. E também a tolerância - reconhecimento de que os indivíduos são diferentes e têm o direito de serem assim.

Terceiro:

A soma das inúmeras sociedades existentes no planeta constitui a humanidade terrena.

As sociedades são a soma das inúmeras comunidades nela existentes.

Estas são a soma das famílias que a integram.

E as famílias, não tem como ser de outro modo, são a soma dos indivíduos que compõem.

Uma sociedade, pois, é o conjunto de seus indivíduos com seus valores, suas atitudes, seus comportamentos e das diversas atividades por eles desenvolvidas.

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Como se vê, o sucesso e também o fracasso da humanidade e de uma sociedade em especial, tem origem no indivíduo e na família.

A construção dos indivíduos e, por extensão, das famílias, se dá no interior das próprias famílias, na escola, na sociedade e nos estamentos afetos à formação espiritual, que na maioria dos países ocidentais estão entregues às igrejas.

Com as crises morais e a desorganização progressiva da sociedade, que nada mais são do que as crises do homem, da família, da escola, da igreja e da sociedade, estas são produto daquilo que "fabricam" e "algozes" daqueles que as integram.

São os indivíduos, pois, a causa do sucesso ou do fracasso de si próprios, de sua própria família, de sua própria escola, de sua própria instituição de fé e, em última análise, de sua própria sociedade.

Não podemos ignorar que a (in)viabilização de um projeto pessoal nesses termos, se dá efetivamente pela postura do próprio indivíduo na sociedade e pelo grau de participação de todos os indivíduos no projeto da sociedade, que é, no mínimo, a soma dos projetos individuais.

Quarto:

Respondendo às perguntas que abrem este segmento:

Em que - na divergência entre os projetos individual e coletivo.

Quando - para ser feliz, o indivíduo necessite mudar o coletivo.

Como - atingindo fortemente o processo cultural (costumes, usos, moral, crenças) da maioria social.

Onde - nas áreas política, educacional, cultural, econômica, de lazer, arte, fé, etc.

Solução:

O indivíduo deve ajustar-se ao coletivo, não o contrário. As transformações coletivas, no geral, dependem de lideranças lúcidas para conduzir o projeto da maioria, contemplando os interesses da maioria ou como seria de todo desejável, a partir das transformações de cada indivíduo, de baixo para cima.

Comentário

Precisamos voltar ao Palco Comum já estudado neste segmento para poder introduzir os argumentos que seguem. A sociedade possui basicamente as três categorias de indivíduos, como já vimos. Uma que permanece no palco comum, podemos chamar de "coluna do meio", ou maioria burra (apenas está entre), não participa, não tem parte, elege, referenda e paga a conta ou trabalha para que a conta possa ser paga.

Essa maioria, habitante do Palco Comum, é a mais necessitada de luzes, informações que a conduza à Felicidade e ao Sucesso.

Desse grupo participam os conformados, os inconformados, os reformadores e outros, porém pouco ou nada fazem para transformar essa realidade.

Nesse meio, iremos encontrar a vizinha Valquíria.

Em que eu sou parecido com minha vizinha?

Isso é real:

O meu comportamento decorre da concepção que eu tenho da realidade.

A realidade se percebe a partir de:

"eu" e o que eu sou;39

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"eu" e o "mundo" (os outros, a sociedade, a família, o trabalho, a realidade externa).

Minha postura na vida, depende do modo como estabeleço esta relação entre "eu" e o "mundo".

A minha maneira de sentir e de viver depende de como eu interiorizo a relação entre essas duas partes, esses dois blocos da realidade: "eu" e o "mundo".

Eu, nós, podemos optar entre a dualidade: "vítima" ou "solução".

O que é a vítima?

A minha vizinha, Valquíria, é uma pessoa que se enquadra como vítima:

vai a reboque;

se sente inferior à realidade;

se sente esmagada pelo "mundo";

prefere a dor ao prazer;

se sente desgraçada face aos acontecimentos;

caminha para a morte invés de caminhar para vida;

se acostumou a ver a realidade apenas em seus aspectos negativos;

todas as suas deficiências e problemas tem um culpado: os outros, o "mundo";

é a pessoa que sempre sabe o que não deve, o que não pode, o que não dá certo;

vê apenas a sombra da realidade, em paralelo com uma incrível capacidade para diagnosticar problemas;

há nela, uma incapacidade estrutural de procurar o caminho das soluções;

por isso, ela transfere os seus problemas para os outros.

Ela transfere para as circunstâncias e para o "mundo", a responsabilidade do que lhe está acontecendo.

No seu modo de encarar e perceber a vida, ela não assume a sua posição na vida, culpa os outros pelo que lhe está acontecendo.

A sua postura, os seus argumentos, permanentemente, é a justificativa.

Nunca lhe cabe culpa alguma, responsabilidade alguma.

Como também não lhe cabe iniciativa alguma, ação alguma.

Por que ela é assim?

É porque justificar é a sua arma, a arma de quem não quer mudar.

Para assumir o erro, ela se justifica, transforma o que está errado em injusto e, de justificativa em justificativa, paralisa-se, impede seu crescimento.

Quem não quer resolver o particular, generaliza-o. Generalizar para não resolver, é a postura cômoda da vítima.

Quem é ela?

A vítima é uma pessoa incompetente na sua relação com o "mundo". Enquanto ela coloca a responsabilidade dos seus problemas em outras pessoas e circunstâncias, tira dela mesma a possibilidade de crescimento e afirmação. Paradoxalmente, esforça-se por mudar as outras pessoas.

A vítima imagina que o mundo deve adaptar-se a ela e não o contrário.

Há na vítima uma tentativa de enquadrar o mundo no modelo ideal criado por ela.40

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Sempre que alguém tem o seu modelo ideal na cabeça, é porque quer evitar entrar em contato com a realidade.

A vítima é aquela pessoa que não se relaciona com as pessoas e não as aceita como são, mas da maneira que ela gostaria que elas fossem.

E imagina que outros devam ser aquilo que ela não está conseguindo ser. Deseja que o filho, o cônjuge, o amigo, sejam o que ela não é.

Quando é assim?

É quando a "vítima" não percebe que é responsável pela sua própria vida, por seus altos e baixos, pelo seu bem e seu mal, suas alegrias e tristezas, sua doença e sua cura.

É quando a sua felicidade e o seu sucesso se tornam dependentes da maneira como os outros agem e quando ela condiciona sua felicidade, sua paz interior e seu sucesso ao comportamento dos outros, à ação dos outros, sejam eles seus amigos, seus filhos, seus pais, seu cônjuge, seus colegas de trabalho, o governo, ou quaisquer outras pessoas com as quais ela se relaciona.

Como as pessoas não agem segundo o padrão desejado por ela, a "vítima" sente-se infeliz e sofredora.

Em resumo, a ideologia da vítima é esta: "para ser feliz, eu acredito que é o ‘mundo’ que me deve dar felicidade". Por isso, simula a sua própria vida frente aos meus próprios problemas.

Como isso acontece?

A postura da vítima é a máscara, que usa para não assumir a realidade como ela é.

A falta de vontade crescer e de mudar, é escondida sob a capa da aparição externa.

A vítima é a pessoa que transformou sua vida numa grande reclamação. Seu modo de pensar, de agir e de estar no mundo é sempre de uma forma queixosa, opção que é mais cômoda do que fazer algo para resolver os problemas.

Como é a vítima?

O que mais caracteriza a vítima é a sua falta de vontade de crescer e transformar-se.

Sofrendo de uma doença chamada perfeccionismo, isto é, a não aceitação dos erros humanos e intolerância com a imperfeição humana, a vítima desiste do próprio crescimento. Acredita que se basta. Quer que o mundo copie-lhe a forma pessoal e intelectual.

Ela se tortura com a idéia perfeccionista, com a imagem de como deveria ser o "outro", ou o "mundo" e tortura também os outros relativamente àquilo que as outras pessoas deveriam ser.

O que dizem os mestres sobre isso?

Ensinam os mestres que essa é uma das maiores ilusões da vida de qualquer ser humano: desejar transferir as deficiências da parte que lhe cabe e os seus sonhos de realidade para a realidade que não lhe pertence e sobre a qual não possui nenhum controle.

Toda a relação humana é bilateral: "eu" e a sociedade, "eu" e a família, "eu" e o que me cerca, "eu" e o "mundo".

O fato do mundo externo apresentar-me aspectos negativos, não quer dizer que eu sou imperfeito. E o fato de "eu" possuir uma deficiência não significa que o "mundo" também a possua.

Estas duas partes da mesma realidade não são antagônicas, não são uma simples relação casual e sim complementares e integradas.

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O maior mal que eu faço a mim mesmo, é apontar e usar as limitações de outras pessoas para não aceitar a minha própria parte negativa.

Assim, "eu" uso o sistema (o "mundo") como bode expiatório para a minha acomodação.

Colocar-me como vítima é a uma forma de me negar às relações humanas.

Com esta postura, eu não digo presente, não valho nada, sou mero objeto da situação. Na verdade, eu não quero mudar nada. Quero justificar-me, quero explicar minha impotência. Como alternativa eu quero ser o todo. E querendo ser o todo, eu me coloco na situação de ser nada.

De modo diverso, se assumir o meu espaço e estiver presente, as dificuldades e limitações do mundo externo nada mais são do que desafios ao meu desenvolvimento.

Há regras claras quanto a isso:

quanto pior for o estado de um doente, tanto mais competente deve ser o médico;

quanto pior for o aluno, mais competente deve ser o professor;

quanto pior for o sistema, a sociedade, o "mundo", mais competentes devem ser as pessoas que deles façam parte;

quanto pior for o meu filho, mais competentes devo ser como pai ou mãe;

quanto pior for o meu cônjuge, mais competente devo ser como esposa ou esposo;

quanto maiores forem os meus problemas, mais competente devo ser para resolvê-los;

E assim por diante.

Desta forma, coloco-me em posição de buscar o crescimento e tomo a deficiência alheia como incentivo para as minhas mudanças existenciais.

Só posso crescer naquilo que sou, naquilo que me pertence.

A minha fantasia está em querer mudar o mundo inteiro para que eu seja feliz, bem sucedido(a).

Todos nós temos parte da responsabilidade naquilo que está ocorrendo conosco.

Casos há, como o de Valquíria, que atribui à sociedade, ao "mundo", as causas de suas atribulações e problemas.

Os problemas e as atribulações de sua vida só podem ser resolvidos, concretamente, no particular, no pessoal, por ela mesma.

Dizer, por exemplo, que ela ou eu somos pressionados pela sociedade a levar uma vida que não nos satisfaz, é colocar o problema de maneira insolúvel. É

assumir a impotência.

A simples atitude de perguntar a mim mesmo quais são as pessoas que concretamente me estão pressionando para fazer o que não me agrada, já é uma maneira de iniciar a busca da solução.

A sociedade pode ser um ente impessoal, os seus membros não. Eu só posso me relacionar com pessoas específicas, em local determinado, em momento certo. Estas pessoas, para mim, neste momento e local, são a sociedade ou parte dela. Generalizar de maneira comum para não solucionar aquilo que me acontece e está vinculado à minha realidade, é como encontrar desculpas para minhas falhas espelhando-me na imperfeição dos outros, no fracasso dos outros, na infelicidade dos outros.

Colocar-me como vítima é economizar coragem para assumir as minhas limitações, é não querer entender que a morte antecede a vida, que a semente morre antes de nascer, que a noite antecede o dia.

A vítima transforma as dificuldades em conflito e a sua vida em um beco sem saída. Ser vítima é querer fugir da realidade, do erro, da imperfeição, dos limites humanos.

Todas as evidências de nossas vidas demonstram que o erro existe, com ela, comigo, com os outros e com o "mundo".

Neurótica é a pessoa que não quer ver o óbvio. Não aceitando a fragilidade e as dificuldades humanas, faz ela o jogo daqueles que nos querem controlar.

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A vítima é uma pessoa orgulhosa, que veste a capa da humildade. O orgulho dela vem de acreditar que ela é perfeita e que os outros é que precisam melhorar, mudar, ou não prestam.

A vítima crê que:

se o mundo não fosse do jeito que ele é.

se seu cônjuge não fosse do jeito que ele é.

se seus filhos não fossem do jeito que eles são.

se seus amigos não fossem do jeito que são.

...ela estaria bem, porque ela, a vítima, é boa.

Os outros é que têm deficiências. Apenas os outros têm de mudar.

A esse jogo, dá-se o nome de Jogo da Infelicidade. A vítima é alguém que sofre, parece gostar e se nutre quando faz os outros sofrerem com o sofrimento dela.

É alguém que usa suas dificuldades físicas, afetivas, financeiras, conjugais, profissionais, para não crescer, para atolar-se, para permanecer atolado(a) e culpando a natureza que "inventou" o atoleiro.

E ainda faz chantagem emocional com as outras pessoas, não raro com aquelas mesmas pessoas que "pensa" amar.

A vítima, além de orgulhosa é egoísta. Além de egoísta é vingativa. Acha que quando cai, sangra e chora, todos os demais deveriam cair, sangrar e chorar. Fica magoada e ressentida quando todo o quadro não sai desta forma.

Outro jogo muito usado pela vítima, é o Jogo do Passado. Este jogo consiste em atribuir ao passado a responsabilidade pelo que está acontecendo no presente. É quando, transpondo o passado para a realidade, se lamenta:

se eu tivesse estudado.

se eu tivesse casado com outra pessoa.

se meus pais não fossem como são.

se minha infância não fosse como foi.

se eu não tivesse perdido aquela oportunidade.

se eu tivesse mais filhos., menos filhos.

Para a vítima, as suas limitações não existem. Limitados são a mãe, o pai, o cônjuge, a infância, o passado, o mercado. Além de tudo este jogo é limitante, porque transforma a vida numa visão causal, linear, quando de fato é estrutural e dinâmica.

A aceitar este jogo, a vítima sela a vida com a crença de que o destino é pré-determinado sem a menor possibilidade de mudança. E assim esconde a sua falta de coragem para mudar hoje o que tem de ser mudado hoje, com respostas para hoje e amanhã.

As pessoas devem olhar para a frente, entendendo que o dia de hoje é o primeiro dia do resto de suas vidas. Ou então ficar olhando para trás, para o passado, de costas para a vida.

Quem muito olha para o passado não consegue ver o que acontece hoje, pois estão muito presas a tudo o que já passou, já é história, não volta mais.

É preciso perguntar: é o passado que cria o nosso presente ou é o presente que cria o nosso passado?

Aprendemos que é o passado que faz o presente, que o momento presente é apenas fruto de tudo o que já passou.

Mas, temos, em nome da nossa felicidade, de reaprender que é o presente que cria o passado. Antes de ser passado, foi presente. O que estou fazendo agora, daqui a pouco será passado. É preciso saber viver o presente.

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Tendo vivido mal o presente que passou, não significa que preciso continuar vivendo mal o presente que está no futuro.

Esta vida é um momento sem retorno, é o aqui e agora.

Não posso substituir o meu presente com as preocupações com o que ainda não chegou, é futuro.

E também não posso substituir a gratuidade, o calor do momento presente, pela frieza das boas ou más lembranças do passado.

O passado deve servir-nos como escola, lição, referência, experiência.

E não como fator determinante da vida que está por vir.

O mundo se transforma constantemente e não se repete.

A natureza, o cosmos, nada copia. É original em tudo.

O dia de hoje só existirá hoje.

Preciso aprender que viver, é viver agora, o presente, este presente que recebo do Criador.

E, assim, preciso aceitar que:

humanamente posso ser feliz, ainda que algo não corra como desejo;

sou o que sou e não o que outros querem que seu seja;

os outros são o que são e não o que eu quero que eles sejam;

a co-autoria vivencial entre "eu", e o "mundo", é a síntese da vida que me rodeia.

Qual a solução para Valquíria?

A vítima é uma pessoa que ainda não se perdoou por não ser perfeita e que transforma o sofrimento num modo de ser, num modo de se relacionar com o "mundo".

É como se olhasse:

para a luz e dissesse - "Que pena que tenha a sombra!"

para a vida e dissesse - "Que pena que haja a morte!"

para o sim e dissesse - "Que pena que haja o não!"

É alguém que para ser "feliz" basta ver o que há de negativo.

Custa-lhe compreender que:

a luz e a sombra, são faces de uma mesma moeda;

a vida é feita de vales e montanhas;

não são as circunstâncias que me oprimem, é a maneira como me posiciono diante das circunstâncias;

nas mesmas circunstâncias em que uns procuram o caminho do crescimento, da felicidade e do sucesso.

...outros procuram o caminho da loucura, da alienação.

As circunstâncias são as mesmas;

o que muda é a disposição para murchar e fenecer.

...ou a disposição para alvorecer e desabrochar, florescer e frutificar...

Viver é resolver problemas;

para cada problema existe mais de uma solução;

o problema só é problema verdadeiro se houver solução;

um problema sem solução é um problema falso, é uma situação que não existe, precisa ser criada;44

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infelizmente, o mundo ainda conta com pessoas que preferem ficar com falsos problemas para evitar a solução dos problemas verdadeiros.

Em que eu sou parecido(a) com minha vizinha Valquíria?

Sou vítima ou solução dos meus próprios problemas?

14 - Psicoterapia Holística 18

(O que há de mais moderno em psicoterapia)

14.1 - Depressão

Emoções como raiva, alegria, tristeza são comuns ao ser humano, diante das situações da vida. Constituem aquilo que denominamos de sofrimento existencial. A pessoa fica triste e sabe a razão de sua tristeza.

Nos casos de depressão, entretanto, a principal característica é justamente o desconhecimento do motivo que leva à tristeza. Talvez o máximo que o deprimido consiga dizer é que "tudo o deixa triste".

A depressão não surge por acaso, nem de um momento para o outro. Ela se desenvolve quando a pessoa se encontra diante de situações para as quais não encontra solução, resultando num sentimento de total impotência, de inércia e abandono de seus desejos, metas e ideais.

Pode significar que o deprimido colocou a solução de seus problemas nas mãos de outras pessoas e estas agiram de maneira contrária às sua expectativas. Ou que, realmente, seja uma situação acima do limite do ser humano, como nos casos de falecimento.

Quando uma pessoa entra em estado de depressão é comum que ela fale pouco, busque isolar-se no quarto, preferindo a penumbra à claridade. Costuma apresentar sintomas de inapetência e usar roupas escuras. Sua pressão arterial pode apresentar alterações significativas; suas mãos e pés tornam-se frios, pelo recuo de energia vital dos membros para o tronco, limitando-se tão somente à manutenção das funções vitais.

A depressão costuma aparecer justamente em pessoas com um razoável potencial de energia e iniciativa, sempre que se encontram diante de situações acima do seu limite, desenvolvendo-se assim o sentimento de impotência. Tal sentimento pode também ter origem numa situação traumática de infância, cujo conteúdo emocional permanece latente, até que um evento atual funcione como fator desencadeante daquela carga afetiva, tornando-a emergente no atual momento de vida.

Alguns aspectos são fundamentais na avaliação de sentimentos auto-limitantes: Os sentimentos de impotência vivenciados pela criança devem-se ao fato de que, na época em que ocorreram, ainda não se havia desenvolvido na pessoa uma parte psíquica adulta responsável pelos comportamento de avaliação e decisão. Mesmo como adulta, é importante que a pessoa se lembre de que todo problema envolve uma parcela social e uma parcela individual de responsabilidade, ou seja: Cada um é influenciado pelo seu ambiente e também o influencia.

No processo de psicoterapia da depressão, o psicoterapeuta holístico irá facilitar ao paciente o resgate de sua auto-sustentação, levando-o também a perceber a sua parcela individual de responsabilidade diante do problema, resgatando o seu potencial de ação, quanto àquilo que pode ser modificado por ele próprio. Além disso, serão utilizadas técnicas psicoterápicas com o objetivo de esvaziar o conteúdo emocional retido, o qual age como um sabotador, consumindo grande parte das energias da pessoa. Após o esvaziamento das emoções negativas como raiva, tristeza, medo, sofrimento etc., busca-se resgatar o potencial de reação do cliente, suas qualidades positivas, com o estabelecimento de novas metas de ação, que lhe permitam retornar ao convívio diário, de maneira satisfatória.

18 Meirelles, Sueli. In “Psicoterapeuta Holística”.45

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Situações como morte de parentes, separação conjugal, perda de emprego, aposentadoria, crescimento e emancipação dos filhos, sobrecarga de trabalho etc., podem levar a estados depressivos, caso a pessoa não consiga promover as necessárias adaptações às novas condições de vida.

Finalmente, é importante saber-se que a depressão é um sintoma de fácil tratamento, alcançando-se uma razoável melhora logo nas primeiras cinco ou seis sessões, embora o processo terapêutico continue até que o equilíbrio emocional esteja completamente restabelecido.

15 - Distimia 19

De origem grega, o termo distimia significa " mal-humorado" e, se apresenta como um transtorno crônica cuja característica básica é a tendência do indivíduo em experimentar um humor deprimido durante grande parte do dia, na maioria dos dias, durante pelo menos dois anos consecutivos.

Podem estar associados ao transtorno a diminuição do apetite, problemas com o sono, baixa energia para as atividades ou fadiga constantes, baixa auto-estima, dificuldades de concentração e em tomada de decisões.

Outras características do transtorno distimico podem ser: sentimentos de desesperança, incapacidade de autocrítica, imagem de si mesmo como incapaz, desinteressado ou inadequado, também durante a maioria dos dias, por um período de, no mínimo, dois anos.

O transtorno distimico atinge em média 3 a 5% da população geral e 30 a 50% da população clínica e pode se iniciar na infância, na adolescência ou no inicio da vida adulta.

Os indivíduos com transtorno distímico podem ter maior número de problemas com os relacionamentos sociais, como por exemplo, perda de emprego, separação, problemas em manter ou fazer novas amizades e baixo rendimento acadêmico entre outros. Geralmente são nomeados como pessimistas, mal-humorados ou queixosos, o que também dificulta a aproximação ou manutenção dos relacionamentos.

A causa deste transtorno ainda não é completamente conhecida, porém fatores biológicos e psicossociais parecem ser importantes no desencadeamento da distimia.

Diversas formas de tratamento podem ser aconselháveis na distimia, levando-se em conta as características individuais de cada pessoa bem como a importância de um bom diagnóstico. Podem ser utilizados medicamentos anti-depressivos em determinados casos, bem como o acompanhamento psicoterápico. A combinação de acompanhamento farmacológico e de psicoterapia parece ser mais efetivo para este transtorno, porém nem todos necessitarão desta combinação, podendo ser suficiente um dos dois tipos de tratamento.

16 - Homossexualismo: opção ou condição? 20

Quando um bebê nasce, sua identidade sexual é reconhecida pelos caracteres sexuais primários. Se ele irá confirmar ou não essa identidade sexual, depende da complementação de caracteres secundários (testículos nos meninos e ovários nas meninas) e de um processo mais complexo (o sexo psicológico), que irá se desenvolver no decorrer dos anos. Se no sentido fisiológico as pessoas podem ter sua identidade sexual definida de forma estanque, a partir da presença de órgãos sexuais característicos de cada gênero, o mesmo não ocorre com o sexo psicológico. Neste nível, a sexualidade se apresenta numa escala que varia, desde um comportamento extremamente feminino numa mulher, passando por mulheres pouco femininas, mulheres masculinizadas até homossexuais femininas; da mesma forma, podemos encontrar homens extremamente masculinos, homens pouco masculinos, homens feminilizados e homossexuais masculinos.

19 Baptista, Makilin Nunes.20 Meirelles, Sueli. In “Psicoterapeuta Holística”.

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Os mais recentes estudos realizados no campo da sexualidade mostram que, ainda na infância, a tendência sexual começa a se delinear, motivo pelo qual considera-se inadequado o termo opção sexual, uma vez que a tendência começa a se manifestar ainda na primeira infância (até os sete anos de idade), período em que a criança ainda não possui uma capacidade avaliativa que lhe permita realizar o que poderíamos chamar de escolha. O que costuma ocorrer, é que a partir desta idade, a criança tenta reunir-se às crianças do sexo com o qual se identifica psicologicamente e se este não estiver de acordo com a sua fisiologia, ela tende a ser discriminada pelas outras crianças. Se um menino com tendências homossexuais tenda brincar com meninas, ele é expulso do grupo e quando procura juntar-se aos meninos, passa a ser também ridicularizado, descobrindo muito cedo em sua vida, com grande sofrimento e angústia, que é diferente dos demais. Esta descoberta, a princípio é assustadora e de alguma forma identificada pela própria criança como um fato que deve ser escondido dos outros e, principalmente, da família e dos pais. Este comportamento de exclusão contribui para que a partir da adolescência, o jovem procure os guetos homossexuais, correndo riscos de tornar-se promíscuo, acentuando cada vez mais as suas dificuldades de relacionamento com heterossexuais de um modo em geral e tornando-se objeto de fortes preconceitos por parte da sociedade.

O fato de que as pessoas saibam que o homossexualismo é uma condição que o indivíduo parece trazer desde o seu nascimento, na forma de uma tendência, pode facilitar a redução do preconceito e a aceitação do ser humano que existe neste indivíduo, que, enquanto tal, possui qualidades e características que podem torná-lo apreciável e respeitável como qualquer outra pessoa. Este respeito pela natureza humana, por sua vez, pode ajudar as pessoas que vivem este tipo de situação a sentirem-se socialmente mais integradas, contribuindo para a melhora da sua auto estima, que habitualmente costuma ficar tão abalada e provocar tanta depressão.

Em termos de Individualidade ou Essência, todo ser humano possui o masculino e o feminino dentro de si. Quando utilizo regressão de memória, com pessoas que apresentam uma condição homossexual, normalmente encontro registros transpessoais (memória de outras épocas) em que uma personalidade feminina mal resolvida, parece emergir e contaminar a personalidade masculina atual, externando aspectos femininos que deveriam estar armazenados no inconsciente profundo. Da mesma forma, homossexuais femininas também parecem trazer memórias de antigas personalidades masculinas com experiências emocionais traumáticas. Neste campo, muito ainda se terá que estudar, até que as pesquisas permitam a construção de uma teoria que possa realmente explicar a questão do homossexualismo. Até lá, o mais importante é que estas pessoas possam contar com a compreensão do fato de que, como qualquer outro ser humano, elas são muito mais do que apenas o rótulo que trazem de uma condição sexual diferente da maioria e, como tal, podem desempenhar funções úteis à comunidade em que vivem, integrando-se a ela.

17 - Campeão de Tênis 21

(Cérebro pode ajudar a formar um campeão)

Ciência relativamente nova, surgida na década de 70 nos Estados Unidos, a Programação Neurolingüística (PNL) ainda é pouco conhecida em nosso país. Baseada no auto-conhecimento, que fornece as bases da saúde mental e emocional, a PNL não é uma técnica mística, mas sim um conjunto de meios práticos para se conseguir ter uma ação eficaz.

Chama-se Programação, porque podemos programar o que desejamos fazer para modificar comportamentos indesejados; Neuro porque é no cérebro que acham-se as bases de nossas ações. Lingüística pois pôr meio da linguagem verbal ou não verbal é que é feita nossa comunicação, em pensamentos com os outros.

Para o treinador de Gustavo Kuerten (de Florianópolis), Larri Passos, modelar a cabeça de um tenista é o principal meio de formar um campeão. Adepto da Neurolingüística, Passos sabe que preparar uma pessoa para responder a um desafio é um trabalho que envolve também a emoção. Ao fazer com que

21 Cury, Gilberto Craidy. Matéria Jornalística da Folha de São Paulo de 18/07/97.47

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Kuerten reconheça cada emoção e a energia contida nela, na realidade Larri o ensina a lidar com suas emoções com controle, ousando, utilizando todos os seus recursos internos.

Conclusão: o grande controle das emoções permitiu o brilhante desempenho de Gustavo Kuerten. Quando a pessoa confia em si mesma sabe como manter um diálogo interno nos momentos de tensão. Consegue "ancorar" um golpe em experiências positivas de sua vida. Não se deixa abater pôr circunstâncias adversas, nem pelo comportamento irracional de algumas pessoas.

A Neurolingüística (PNL) adota pôr Larri Passos no treinamento de Gustavo Kuerten nada mais é do que um conjunto de técnicas pragmáticas, pelas quais o indivíduo aprende a viver melhor e a atuar de maneira eficiente nas situações que os cercam...

Ao treinar o tenista, Larri sabe muito bem que em vez de dizer "não é assim que se faz, não é desse jeito que se bate", o correto é o professor, com a raquete na mão, ensinar ao aluno a maneira certa de fazer. Nosso cérebro não registra o "não". Quer ver? Se eu disser : "Não pense em amarelo", a primeira coisa que deve vir á cabeça das pessoas é a cor amarela.

A PNL é um processo que ensina uma pessoa a usar melhor seu potencial, estimulando o desenvolvimento de comportamentos positivos. Isso serve para o tênis, o automobilismo ( Emerson Fittipaldi declarou certa vez que utiliza recursos de PNL quando está ao volante), o hipismo, o futebol, o basquete, o vôlei, a todas as modalidades esportivas, assim como para nossa vida pessoal. Mesmo com as dificuldades que atualmente enfrenta para adaptar seu estilo de jogo ás quadras de grama, Kuerten, nosso tenista de apenas 20 anos, apesar de seu problema temporário de saúde, brilhou nas quadras de saibro européias e virou ídolo. Ele conhece suas limitações e seu potencial, acredita em si e nas suas extraordinárias pegadas em bolas baixas, algumas com efeito, outras carregadas como verdadeiras dinamites, que foram a perdição de cada um de seus adversários. Parabéns Kuerten e Larri.

18 - Como Prevenir o Câncer Moral 22

O mau-humor sistemático - vício de comportamento emocional - gera a irritabilidade que desencadeia inúmeros males no indivíduo, em particular, e no grupo social onde o mesmo se movimenta, em geral.

Desconcertando a razão, açula as tendências negativas que devem ser combatidas, fomentando a maledicência e a indisposição de ânimo.

Todos aqueles que o alimentam, transferem-se de um para outro estado de desajuste orgânico e psicológico, dando margem à instalação de doenças psicossomáticas de tratamento complexo como resultados demorados ou nenhuns.

Todas as criaturas têm o dever de trabalhar pelo próprio progresso intelecto-moral, esforçando-se por vencer as más inclinações.

O azedume resulta, também, da inveja mal disfarçada quanto do ciúme incontido.

Atiça as labaredas destruidoras da desavença, enquanto se compraz na observância da ruína e do desconforto do próximo.

Muitas formas de canceres têm sua gênese no comportamento moral insano, nas atitudes mentais agressivas, nas postulações emocionais enfermiças.

O mau-humor é fator cancerígeno que ora ataca uma larga faixa da sociedade estúrdia.

Exteriorização do egoísmo doentio, aplica-se à inglória tarefa de perseguir os que discordam da sua atitude infeliz, espalhando a inquietação com que se arma de forças para prosseguir na insânia que agasalha.

Reveste-te de equilíbrio ante os mal-humorados e violentos, maledicentes e agressivos.

22 Franco, Divaldo Pereira. In “Receita de Paz”, Joanna de Ângelis.48

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Eles se encontram enfermos, sim, em marcha para a loucura que os vence sob o beneplácito da vontade acomodada.

Oscilantes nos estados d'alma, mudam de um para outro episódio de revolta com facilidade, sem qualquer motivo justificável, como se motivo houvesse que justifique a vigência desse verdugo do homem.

Vigia as nascentes dos teus sentimentos e luta com destemor, nas paisagens íntimas, contra o mau-humor.

Policia o verbo rude e ácido, mantendo a dignidade interior e poupando-te ao pugilato das ofensas, decorrente do azedume freqüente.

Não olvides da gratidão, nas tuas crises de indisposição.

O amanhã é incerto.

Aquele a quem hoje magoas será a porta onde buscarás apoio amanhã.

Conquista o título de pacífico ou faze-te pacificador.

Todo agressor torna-se antipático e asfixia-se na psicosfera morbífica que produz.

O Evangelho é lição de otimismo sem limite e o Espiritismo que o atualiza para o homem contemporâneo convida à transformação moral contínua, sem termo, em prol da edificação interior do adepto que se lhe candidata ao ministério.

19 - Solidão 23

Espectro cruel que se origina nas paisagens do medo, a solidão é, na atualidade, um dos mais graves problemas que desafiam a cultura e o homem.

A necessidade de relacionamento humano, como mecanismo de afirmação pessoal, tem gerado vários distúrbios de comportamento, nas pessoas tímidas, nos indivíduos sensíveis e em todos quantos enfrentam problemas para um intercâmbio de idéias, uma abertura emocional, uma convivência saudável.

Enxameiam, por isso mesmo, na sociedade, os solitários por livre opção e aqueles outros que se consideram marginalizados ou são deixados à distancia pelas conveniências dos grupos.

A sociedade competitiva dispõe de pouco tempo para a cordialidade desinteressada, para deter-se em labores a benéfico de outrem.

O atropelamento pela oportunidade do triunfo impede que o indivíduo, como unidade essencial do grupo, receba consideração e respeito ou conceda ao próximo este apoio, que gostaria de fruir.

A mídia exalta os triunfadores de agora, fazendo o panegírico dos grupos vitoriosos e esquecendo com facilidade os heróis de ontem, ao mesmo tempo que sepultam os valores do idealismo, sob a retumbante cobertura da insensatez e do oportunismo.

O homem, no entanto, sem ideal, mumifica-se. O ideal é-lhe de vital importância, como o ar que respira.

O sucesso social não exige, necessariamente, os valores intelecto-morais, nem o vitalismo das idéias superiores, antes cobra os louros das circunstâncias favoráveis e se apóia na bem urdida promoção de mercado, para vender imagens e ilusões breves, continuamente substituídas, graças á rapidez com que devora as suas estrelas.

Quem, portanto, não se vê projetado no caleidoscópio mágico do mundo fantástico, considera-se fracassado e recua para a solidão, em atitude de fuga de uma realidade mentirosa, trabalhada em estúdios artificiais.

23 Franco, Divaldo Pereira. In “O Homem Integral”, cap. 1, Joanna de Ângelis.49

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Parece muito importante, no comportamento social, receber e ser recebido, como forma de triunfo, e o medo de não ser lembrado nas rodas bem sucedidas, leva o homem a estados de amarga solidão, de desprezo por si mesmo.

O homem faz questão de ser visto, de estar cercado de bulha, de sorrisos embora sem profundidade afetiva, sem o calor sincero das amizades, nessas áreas, sempre superficiais e interesseiras. O medo de ser deixado em plano secundário, de não ter para onde ir, com quem conversar, significaria ser desconsiderado. Atirado `a solidão.

Há uma terrível preocupação para ser visto, fotografado, comentado, vendendo saúde, felicidade, mesmo que fictícia.

A conquista desse triunfo e a falta dele produzem solidão.

O irreal, que esconde o caráter legítimo e as lídimas aspirações do ser, conduz à psiconeurose de auto-destruição.

A ausência do aplauso amargura, face ao conceito falso em torno do que se considera, habitualmente como triunfo. Há terrível ânsia para ser-se amado, não para conquistar o amor e amar, porém para ser objeto de prazer, mascarado de afetividade. Dessa forma, no entanto, a pessoa se desama, não se torna amável nem amada realmente.

Campeia, assim, o "medo da solidão", numa demonstração caótica de instabilidade emocional do homem, que parece haver perdido o rumo, o equilíbrio.

O silêncio, o isolamento espontâneo, são muito saudáveis para o indivíduo, podendo permitir-lhe reflexão, estudo, auto- aprimoramento, revisão de conceitos perante a vida e a paz interior.

O sucesso, decantado como forma de felicidade, é, talvez, um dos maiores responsáveis pela solidão profunda.

Os campeões de bilheteira, nos shows, nas rádios, televisões e cinemas, os astros invejados, os reis dos esportes, dos negócios, cercam-se de fanáticos e apaixonados, sem que se vejam livres da solidão.

Suicídios espetaculares, quedas escabrosas nos porões dos vícios e dos tóxicos comprovam quanto eles são tristes e solitários. Eles sabem que o amor, com que os cercam, traz, apenas, apelos de promoção pessoal dos mesmos que os envolvem, e receiam os novos competidores que lhes ameaçam os tronos, impondo-lhes terríveis ansiedades e inseguranças, que procuram esconder no álcool, nos estimulantes e nos derivativos que os mantém sorridentes, quando gostariam de chorar, quão inatingidos, quanto se sentem fracos e humanos.

A neurose da solidão é doença contemporânea, que ameaça o homem distraído pela conquista dos valores de pequena monta, porque transitórios.

Resolvendo-se por afeiçoar-se aos ideais de engrandecimento humano, por contribuir com a hora vazia em favor dos enfermos e idosos, das crianças em abandono e dos animais, sua vida adquiriria cor e utilidade, enriquecendo-se de um companheirismo digno, em cujo interesse alargar-se-ia a esfera dos objetivos que motivam as experiências vivências e inoculam coragem para enfrentar-se, aceitando os desafios naturais.

O homem solitário, todo aquele que se diz em solidão, exceto nos casos patológicos, é alguém que se receia encontrar, que evita descobrir-se, conhecer-se, assim ocultando a sua identidade na aparência de infeliz, de incompreendido e abandonado.

A velha conceituação de que todo aquele que tem amigos não passa necessidades, constitui uma forma desonesta de estimar, ocultando o utilitarismo sub-reptício, quando o prazer da afeição em si mesma deve ser a meta a alcançar-se no inter-relacionamento humano, com vista à satisfação de amar.

O medo da solidão, portanto, deve ceder lugar, à confiança nos próprios valores, mesmo que de pequenos conteúdos, porém significativos para quem os possui.

Jesus, o Psicoterapeuta Excelente, ao sugerir o "amor ao próximo como a si mesmo" após o "amor a Deus" como a mais importante conquista do homem, conclama-o a amar-se, a valorizar-se, a conhecer-se, de modo a plenificar-se com o que é e tem, multiplicando esses recursos em implementos de vida eterna, em saudável companheirismo, sem a preocupação de receber resposta equivalente.

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O homem solidário, jamais se encontra solitário.

O egoísta, em contrapartida, nunca está solícito, por isto, sempre atormentado.

Possivelmente, o homem que caminha a sós se encontre mais sem solidão, do que outros que, no tumulto, inseguros, estão cercados, mimados, padecendo disputas, todavia sem paz nem fé interior.

A fé no futuro, a luta por conseguir a paz intima - eis os recursos mais valiosos para vencer-se a solidão, saindo do arcabouço egoísta e ambicioso para a realização edificante onde quer que se esteja.

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