1 Conceitos fundamentais ÉTICA EM PESQUISA 16/6/2014.

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Conceitos fundamentaisConceitos fundamentais

ÉTICA EM ÉTICA EM PESQUISAPESQUISA

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Filosofia como um discurso Filosofia como um discurso admirado/espantado do mundo admirado/espantado do mundo

(Platão e Aristóteles)(Platão e Aristóteles)

• Filosofia é uma palavra derivada do grego que Filosofia é uma palavra derivada do grego que significa "amor pela sabedoria" (filos / significa "amor pela sabedoria" (filos / sophos).sophos).

• O "filósofo" como "amigo da sabedoria". O O "filósofo" como "amigo da sabedoria". O filósofo é, portanto, concebido como aquele filósofo é, portanto, concebido como aquele que busca o conhecimento puro e não se deixa que busca o conhecimento puro e não se deixa corromper por sistemas pré-estabelecidoscorromper por sistemas pré-estabelecidos

Olhar o que é banal ou que se está Olhar o que é banal ou que se está acostumado e estranhar/questionaracostumado e estranhar/questionar

O que é filosofia?O que é filosofia?

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Disciplinas que compõem a Disciplinas que compõem a filosofiafilosofia

1 - Metafísica - concebida como o estudo da 1 - Metafísica - concebida como o estudo da natureza, da realidade em seus aspectos mais natureza, da realidade em seus aspectos mais gerais, na medida em que se pode fazê-lo. Lida gerais, na medida em que se pode fazê-lo. Lida com questões do seguinte tipo: com questões do seguinte tipo:

• De que modo a matéria se relaciona com o De que modo a matéria se relaciona com o espírito? Qual dos dois é anterior? espírito? Qual dos dois é anterior?

• São os homens livres? São os homens livres?

• 0 que chamamos de eu (0 que chamamos de eu (selfself) é uma substância ) é uma substância ou apenas uma seqüência de experiências? ou apenas uma seqüência de experiências?

• É o universo infinito? Deus existe? Até que É o universo infinito? Deus existe? Até que ponto o universo é uma unidade ou uma ponto o universo é uma unidade ou uma diversidade? diversidade?

• Até que ponto um sistema é racional?Até que ponto um sistema é racional?

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Disciplinas que compõem a Disciplinas que compõem a filosofiafilosofia

2 - Filosofia crítica trata da investigação 2 - Filosofia crítica trata da investigação da natureza e dos critérios de verdade, da natureza e dos critérios de verdade, assim como da maneira pela qual assim como da maneira pela qual obtemos conhecimento. É chamada de obtemos conhecimento. É chamada de epistemologia (teoria do conhecimento). epistemologia (teoria do conhecimento). Questões específicas desse campo são, Questões específicas desse campo são, entre outras, as seguintes: entre outras, as seguintes:

• Como podemos definir a verdade? Como podemos definir a verdade? • Qual a distinção entre conhecimento e crença?Qual a distinção entre conhecimento e crença?• Podemos estar certos daquilo que sabemos? Podemos estar certos daquilo que sabemos? • Quais as funções relativas do raciocínio, da Quais as funções relativas do raciocínio, da

intuição e da experiência sensorial?intuição e da experiência sensorial?11/04/23 wwwnilson.pro.br

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Disciplinas suplementares, que possuem Disciplinas suplementares, que possuem certa afinidade com a filosofia , embora certa afinidade com a filosofia , embora dela sejam distintas na medida em que dela sejam distintas na medida em que são dotadas de relativa autonomia. São são dotadas de relativa autonomia. São elas:elas:

• LógicaLógica - um estudo dos diferentes tipos de proposições e de suas relações que justificam uma inferência.

• Ética ou Filosofia MoralÉtica ou Filosofia Moral - estuda os valores e a problemática do "dever". Questões: Qual o bem supremo? Qual a definição de bem? A retidão de um ato depende unicamente de suas conseqüências?

Disciplinas que compõem a Disciplinas que compõem a filosofiafilosofia

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Filosofia políticaFilosofia política - aplicação da filosofia (da ética principalmente) à questões relacionadas com os indivíduos organizados sob a égide de um Estado. Investiga: Um indivíduo possui direitos que contrariam os interesses do Estado? Há no Estado algo mais além dos indivíduos que o constituem? É a democracia a melhor forma de governo?

EstéticaEstética - aplicação da filosofia ao exame da arte e da noção de beleza. Questões: A beleza é objetiva ou subjetiva? Qual é a função da arte? Para que aspectos de nossa natureza apelam as diversas formas de beleza?

Disciplinas que compõem a Disciplinas que compõem a filosofiafilosofia

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Ética ou filosofia moralÉtica ou filosofia moral

“Toda cultura e cada sociedade institui uma moral, isto é, valores concernentes ao bem e ao mal, ao permitido e ao proibido, e à conduta correta, válidos para todos os seus membros. Culturas e sociedades fortemente hierarquizadas e com diferenças muito profundas de castas ou de classes podem até mesmo possuir várias morais, cada uma delas referida aos valores de uma casta ou de uma classe social.”(Marilena Chaui)

No Ocidente, a ética ou filosofia moral inicia-se com Sócrates.

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Sócrates perguntava aos atenienses, jovens ou velhos, o que eram os valores nos quais acreditavam e que respeitavam ao agir. O que é a coragem? O que é a justiça? O que é a piedade? O que é a amizade?

Resposta: virtudes. Sócrates: O que é a virtude? Resposta: É agir em conformidade com o bem. Sócrates : Que é o bem?

Os atenienses respondiam sem pensar no que diziam. Repetiam o que lhes fora ensinado desde a infância e, assim, uma pergunta recebeia respostas diferentes e contraditórias.

Após um certo tempo de conversa com Sócrates, um ateniense via-se diante de duas alternativas: ou zangar-se e ir embora irritado, ou reconhecer que não sabia o que imaginava saber.

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Por que os atenienses sentiam-se embaraçados / irritados com as perguntas socráticas?

Por dois motivos :

• 1º, por perceberem que confundiam valores morais com os fatos constatáveis em sua vida cotidiana (diziam, por exemplo, “Coragem é o que fez fulano na guerra contra os persas”);

• 2º, porque, inversamente, tomavam os fatos da vida cotidiana como se fossem valores morais evidentes (diziam, por exemplo, “É certo fazer tal ação, porque meus antepassados a fizeram e meus parentes a fazem”).

Em resumo, confundiam fatos e valores, pois ignoravam as causas ou razões por que valorizavam certas coisas, certas pessoas ou certas ações e desprezavam outras (Marilena Chaui)

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Somos formados pelos costumes de nossa sociedade, que nos educa para respeitarmos e reproduzirmos os valores propostos por ela como bons e, portanto, como obrigações e deveres. Dessa maneira, valores e maneiras parecem existir por si e em si mesmos, parecem ser naturais e intemporais, fatos ou dados com os quais nos relacionamos desde o nosso nascimento: somos recompensados quando os seguimos, punidos quando os transgredimos.

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• Como e por que sabiam que uma conduta era boa ou má, virtuosa ou viciosa? Por que, por exemplo, a coragem era considerada virtude e a covardia, vício?

• Os costumes, porque são anteriores ao nosso nascimento e formam o tecido da sociedade em que vivemos, são considerados inquestionáveis e quase sagrados (as religiões).

• A palavra costume se diz, em grego, ethos – donde, ética – e, em latim, mores – donde, moral.

• Ética e moral referem-se ao conjunto de costumes tradicionais de uma sociedade e que, como tais, são considerados valores e obrigações para a conduta de seus membros. Sócrates indagava o que eram, de onde vinham, o que valiam tais costumes.11/04/23 wwwnilson.pro.br

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Origem e razão de ser da Origem e razão de ser da éticaética

  De onde provém a ética?De onde provém a ética? Duas Duas perguntas distintas:perguntas distintas:

(a) sobre um fato (problema empírico);

(b) sobre a autoridade/legitimidade da ética (problema teórico).

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SSinônimosinônimos, devido à presença dos costumescostumes nos comportamentos individuais;

ethiké, ethos; moralis, mos (mores).ethiké, ethos; moralis, mos (mores).

Ambas designam o mesmo objeto: o costumecostume e o hábitohábito.

Moral como limitaçãolimitação, ética como possibilidadepossibilidade; moral como algo vindo de forafora, ética como algo vindo de dentrodentro.

Ética e MoralÉtica e Moral 

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• Os termos Ética e Moral são por vezes usados indistintamente, sendo mesmo equivalentes em numerosos textos.

• Tal indistinção apoia-se na identificação do significado etimológico das duas palavras -- da Ethos dos gregos e do vocábulo latino mos (costume/hábito).

• A distinção, no entanto, pode fazer-se referindo a moral à prática concreta dos homens como membros de uma dada sociedade, com condicionalismos diversos e específicos - enquanto a ética é a reflexão sobre essas práticas.

• A Ética supõe a sua justificação filosófica, a sua

explicação racional, a sua fundamentação. 11/04/23 wwwnilson.pro.br

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Definições de ÉticaDefinições de Ética

Ética (Ética (ethikeethike), ou tematização do ), ou tematização do ethosethos

“Ciência da moral”; “Filosofia moral”;“Estudo dos valores e das normas que

regulam a conduta e a interação dos humanos”;

“Parte da filosofia que trata da moral e das obrigações do homem”;

“Reflexão sobre os atos humanos que se relacionam com o Bem”.

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1)1) ÊthosÊthos: “guaritaguarita para proteger os animais” (Homero), [sentido de proteção]

2) ÊthosÊthos: sentido dos costumes estabelecidos (os valores éticos ou morais da coletividade, transmitidos de geração a geração). Significado mais amplo e rico: o de lugar ou pátria onde habitualmente se vive e o caráter habitual (ou maneira de ser ou até forma de pensar) da pessoa.

3) ÉthosÉthos: “conduta” no sentido de destinodestino do Homem (daimon) (Sócrates). Entendidos, com uma certa superficialidade, como maneira exterior de comportamento.

Ética procede de Ética procede de ethosethos, que recebe duas , que recebe duas grafiasgrafias::

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“Ao indagar o que são a virtude e o bem, Sócrates realiza na verdade duas interrogações. Por um lado, interroga a sociedade para saber se o que ela costuma (êthos) considerar virtuoso e bom corresponde efetivamente à virtude e ao bem; e, por outro lado, interroga os indivíduos para saber se, ao agir, possuem efetivamente consciência do significado e da finalidade de suas ações, se seu caráter ou sua índole (éthos) são realmente virtuosos e bons. A indagação ética socrática dirige-se, portanto, à sociedade e ao indivíduo” (Chaui).

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DOIS TIPOS DE DOIS TIPOS DE ABORDAGEM: ABORDAGEM:

A ANTIGA E A MODERNAA ANTIGA E A MODERNA Pela questão que expressa a exigência moral:Pela questão que expressa a exigência moral:

A) A antiga: “como ‘devo’como ‘devo’ viverviver para atingir a eudaimonía (bem viverbem viver)?” B) A moderna: “que devo fazerque devo fazer?”

 Pelo critério moral:Pelo critério moral:A) A antiga: eudaimoniaeudaimonia e aretearete (ponto de excelência)B) A moderna: o deverdever

 Pela prioridade moral:Pela prioridade moral:A) A antiga: o BemBemB) A moderna: o JustoJusto11/04/23 wwwnilson.pro.br

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Como ‘devo’Como ‘devo’ viverviver para atingir o bem vivero bem viver, o ponto de

excelência, isto é o BemBem

Ação efetiva do universo dos fins sobre o mundo humano, os quais podem ser modelos ideais transcendentesideais transcendentes (Platão: o Bem Bem idealideal)

Para conhecer os fins dos humanos basta observar suas práticas efetivas, nas quais os finsfins agem por atração indicandoindicando o caminho da excelênciacaminho da excelência, situada medianamentemedianamente entre os excessosexcessos e os defeitosdefeitos (Aristóteles).

A resposta à questão A resposta à questão antigaantiga

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Na ética antiga decisõesdecisões e regrasregras devem responder à ‘naturezanatureza humana’humana’, permitindo que os humanos se relacionemrelacionem entre sientre si e com a naturezanatureza (harmonia harmonia antropocósmicaantropocósmica), logo que ordenem sua vida vida interiorinterior (harmonia harmonia espiritual ou da almaespiritual ou da alma).

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Desligado de qualquer finalidadeDesligado de qualquer finalidade (heterônomaheterônoma) e laço natural, o sujeito moral moderno conhece somente uma uma leilei: a suasua (auto-nomiaauto-nomia).

Generalizando: deve-se porque se devedeve-se porque se deve é um princípio de moral laicamoral laica

O sujeito moderno deve inventar a deve inventar a moralmoral, o direitodireito e a justiçajustiça a partir de suas forçasforças própriaspróprias.

Caráter negativo da lei: afirma o que o que não deve ser feitonão deve ser feito, não o conteúdo do bem, logo não ajuda muito a escolher.

A Resposta à questão A Resposta à questão modernamoderna

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• O fundamentalfundamental na eudaimoníaeudaimonía grega é o BemBem, que é também o objeto do desejo ‘justo’desejo ‘justo’ (o que se deve fazer para obter o que se quer). A cidade cidade ‘justa’‘justa’ é condição do bem viver

• O fundamentalfundamental na ética moderna é a JustiçaJustiça, ou respeito incondicional da lei por parte de todos os agentes morais, independentementeindependentemente de serser ou nãonão contráriacontrária a seus interesses e desejosdesejos.

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•A relação da virtudevirtude com o BemBem do agente é de inclusãoinclusão: praticarpraticar a virtude faz parte da eudaimonía, é condiçãocondição do telos de todo ser humano. ( teleologiateleologia)

•A moral moderna é deontológicadeontológica: o bembem é objetoobjeto do desejodesejo justojusto guiado pela vontade boavontade boa (gutes Wille) que indica a lei morallei moral

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Para HobbesHobbes a ética se funda no egoísmo egoísmo individualindividual e reconhece o contrato socialcontrato social como meio capaz de evitar a guerra de todos contra todos

Para LockeLocke a ética se funda no contrato contrato socialsocial, mas o indivíduo tem também direitos inalienáveisdireitos inalienáveis

Para HumeHume a ética se funda nos sentimentos sentimentos de aprovação e reprovaçãode aprovação e reprovação, os quais nos impulsionam a agir (o que não é o caso da razão)

Algumas concepções da ética Algumas concepções da ética modernamoderna

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• Para KantKant a ética se funda na autonomia racionalautonomia racional, que implica a validade universal dos princípios validade universal dos princípios moraismorais para evitar contradições e injustiça

• Para HegelHegel, contrário ao formalismo abstrato de Kant, o fundamento está na concretude das instituiçõesconcretude das instituições

• Para BenthamBentham o fundamento é o cálculo conseqüencialistaconseqüencialista da utilidade

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Ética AntigaAntiga e Ética ModernaModerna podem ser distintas pela (a) questãoquestão, pelo (b) critériocritério e pela (c) prioridadeprioridade:

(a) Como ser felizComo ser feliz? X Como devo agirComo devo agir?

(b) Bem ViverBem Viver x DeverDever

(c) BemBem x JustoJusto

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Saber Teórica, saber prático

Se devemos a Sócrates o início da filosofia moral, devemos a Aristóteles a distinção entre saber teórico e saber prático.

O saber teórico é o conhecimento de seres e fatos que existem e agem independentemente de nós e sem nossa intervenção ou interferência. Temos conhecimento teórico da Natureza.

O saber prático é o conhecimento daquilo que só existe como conseqüência de nossa ação e, portanto, depende de nós. A ética é um saber prático. O saber prático, por seu turno, distingue-se de acordo com a prática, considerada como práxis ou como técnica. A ética refere-se à práxis.

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Na práxis, o agente, a ação e a finalidade do agir são inseparáveis. Na práxis ética somos aquilo que fazemos e o que fazemos é a finalidade boa ou virtuosa.

Ao contrário, na técnica, diz Aristóteles, o agente, a ação e a finalidade da ação estão separados, sendo independentes uns dos outros. Um carpinteiro, por exemplo, ao fazer uma mesa, realiza uma ação técnica, mas ele próprio não é essa ação nem é a mesa produzida pela ação.

A técnica tem como finalidade a fabricação de alguma coisa diferente do agente e da ação fabricadora. Dessa maneira, Aristóteles distingue a ética e a técnica como práticas que diferem pelo modo de relação do agente com a ação e com a finalidade da ação.

Fato - Valor

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LEI DE HUME

• O traço mais profundo e mais perturbador de nossa época é a dissociação de fato e valor, ser e dever ser, ou física e ética, conhecimento da realidade e atribuição de sentido à vida.

• Não podemos derivar “dever” de “ser”.

Fato - Valor

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Falácia Naturalista - G. E. Moore A 'falácia naturalista' é cometida por qualquer teoria

que procure definir a ética em termos naturalistas. A ética tem a ver com o que é bom ou correto, isto é, com o que deve ser . As teorias naturalistas identificam bondade ou correção com as propriedades 'naturais' das coisas, isto é, com fatos acerca do que é o caso. Mas isto é sempre um erro. Portanto, a falácia naturalista é a falácia de confundir o que deve ser o caso com o que é o caso. A teoria de Spencer constitui um exemplo. Spencer sustenta que 'boa conduta é o mesmo que 'conduta relativamente mais evoluída'. O 'bem' e 'relativamente mais evoluído' são noções bastante diferentes. Se algo é bom é uma questão de avaliação; enquanto que se algo é relativamente mais evoluído é uma questão de fato. As duas não são a mesma coisa.11/04/23 wwwnilson.pro.br

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ARISTOTELISMO (síntese da ética ARISTOTELISMO (síntese da ética antiga)antiga)

A ética antiga afirma três grandes princípios da vida moral:A ética antiga afirma três grandes princípios da vida moral:1. por natureza, os seres humanos aspiram ao bem e à

felicidade, que só podem ser alcançados pela conduta virtuosa;

2. a virtude é uma força interior do caráter, que consiste na consciência do bem e na conduta definida pela vontade guiada pela razão, pois cabe a esta última o controle sobre instintos e impulsos irracionais descontrolados que existem na natureza de todo ser humano;

3. a conduta ética é aquela na qual o agente sabe o que está e o que não está em seu poder realizar, referindo-se, portanto, ao que é possível e desejável para um ser humano. Saber o que está em nosso poder significa, principalmente, não se deixar arrastar pelas circunstâncias, nem pelos instintos, nem por uma vontade alheia, mas afirmar nossa independência e nossa capacidade de autodeterminação. (Chaui)

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O sujeito ético ou moral não se submete aos acasos da sorte, à vontade e aos desejos de um outro, à tirania das paixões, mas obedece apenas à sua consciência – que conhece o bem e as virtudes – e à sua vontade racional – que conhece os meios adequados para chegar aos fins morais. A busca do bem e da felicidade são a essência da vida ética.

Os filósofos antigos (gregos e romanos) consideravam a vida ética transcorrendo como um embate contínuo entre nossos apetites e desejos – as paixões – e nossa razão. Por natureza, somos passionais e a tarefa primeira da ética é a educação de nosso caráter ou de nossa natureza, para seguirmos a orientação da razão. A vontade possuía um lugar fundamental nessa educação, pois era ela que deveria ser fortalecida para permitir que a razão controlasse e dominasse as paixões.

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Cristianismo e Renascença

• A filosofia moral distancia-se dos princípios teleológicos, teológicos e da fundamentação religiosa da ética e a idéia do dever permanecerá como uma das marcas principais da concepção ética ocidental. Com isso, a filosofia moral passou a distinguir três tipos fundamentais de conduta:

1. a conduta moral ou ética, que se realiza de acordo com as normas e as regras impostas pelo dever;

2. a conduta imoral ou antiética, que se realiza contrariando as normas e as regras fixadas pelo dever;

3. a conduta indiferente à moral, quando agimos em situações que não são definidas pelo bem e pelo mal, e nas quais não se impõem as normas e as regras do dever.11/04/23 wwwnilson.pro.br

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Juntamente com a idéia do dever, a moral cristã introduziu uma outra, também decisiva na constituição da moralidade ocidental: a idéia de intenção.

O dever não se refere apenas às ações visíveis, mas também às intenções invisíveis, que passam a ser julgadas eticamente. Eis por que um cristão, quando se confessa, obriga-se a confessar pecados cometidos por atos, palavras e intenções. Sua alma, invisível, tem o testemunho do olhar de Deus, que a julga.

Cristianismo e Renascença

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O cristianismo introduz a idéia do dever para resolver um problema ético, qual seja, oferecer um caminho seguro para nossa vontade, que, sendo livre, mas fraca, sente-se dividida entre o bem e o mal. No entanto, essa idéia cria um problema novo. Se o sujeito moral é aquele que encontra em sua consciência (vontade, razão, coração) as normas da conduta virtuosa, submetendo-se apenas ao bem, jamais submetendo-se a poderes externos à consciência, como falar em comportamento ético por dever?

Em outras palavras, se a ética exige um sujeito autônomo, a idéia de dever não introduziria a heteronomia, isto é, o domínio de nossa vontade e de nossa consciência por um poder estranho a nós?

Cristianismo e Renascença

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Nascemos puros e bons, dotados de generosidade e de benevolência para com os outros. Se o dever parece ser uma imposição e uma obrigação externa, imposta por Deus aos humanos, é porque nossa bondade natural foi pervertida pela sociedade, quando esta criou a propriedade privada e os interesses privados, tornando-nos egoístas, mentirosos e destrutivos. O dever simplesmente nos força a recordar nossa natureza originária e, portanto, só em aparência é imposição exterior. Obedecendo ao dever (à lei divina inscrita em nosso coração), estamos obedecendo a nós mesmos, aos nossos sentimentos e às nossas emoções e não à nossa razão, pois esta é responsável pela sociedade egoísta e perversa (solução de Rousseau).

MODERNIDADE

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KANTOutra resposta, também no final do século

XVIII, foi trazida por Kant. Opondo-se à “moral do coração” de Rousseau, Kant volta a afirmar o papel da razão na ética.

Não existe bondade natural. Por natureza somos egoístas, ambiciosos, destrutivos, agressivos, cruéis, ávidos de prazeres que nunca nos saciam e pelos quais matamos, mentimos, roubamos.

É justamente por isso que precisamos do dever para nos tornarmos seres morais.

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A exposição kantiana parte de duas distinções:

1. a distinção entre razão pura teórica ou especulativa e razão pura prática;

2. a distinção entre ação por causalidade ou necessidade e ação por finalidade ou liberdade.

KANT

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Razão pura teórica e prática são universais, isto é, as mesmas para todos os homens em todos os tempos e lugares – podem variar no tempo e no espaço os conteúdos dos conhecimentos e das ações, mas as formas da atividade racional de conhecimento e da ação são universais.

A diferença entre razão teórica e prática encontra-se em seus objetos. A razão teórica ou especulativa tem como matéria ou conteúdo a realidade exterior a nós, um sistema de objetos que opera segundo leis necessárias de causa e efeito, independentes de nossa intervenção; a razão prática não contempla uma causalidade externa necessária, mas cria sua própria realidade, na qual se exerce. Essa diferença decorre da distinção entre necessidade e finalidade/liberdade.

KANT

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A Natureza é o reino da necessidade, isto é, de acontecimentos regidos por seqüências necessárias de causa e efeito – é o reino da física, da astronomia, da química, da psicologia.

Há também o reino humano da práxis, no qual as ações são realizadas racionalmente não por necessidade causal, mas por finalidade e liberdade. A razão prática é a liberdade como instauração de normas e fins éticos. Se a razão prática tem o poder para criar normas e fins morais, tem também o poder para impô-los a si mesma. Essa imposição que a razão prática faz a si mesma daquilo que ela própria criou é o dever. Este, portanto, longe de ser uma imposição externa feita à nossa vontade e à nossa consciência, é a expressão da lei moral em nós, manifestação mais alta da humanidade em nós.

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Visto que apetites, impulsos, desejos, tendências, comportamentos naturais costumam ser muito mais fortes do que a razão, a razão prática e a verdadeira liberdade precisam dobrar nossa parte natural e impor-nos nosso ser moral. Elas o fazem obrigando-nos a passar das motivações do interesse para o dever.

Para sermos livres, precisamos ser obrigados pelo dever de sermos livres.

KANT

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KANTISMO KANTISMO (síntese da ética moderna)(síntese da ética moderna)

• O DeverO Dever (sollen) é obediência à lei interioré obediência à lei interior• Está inscrito na ‘boa vontade’ (das gute Wille)• É produto do exercício da É produto do exercício da autonomiaautonomia • Independe da heteronomía (felicidade e

interesses)• É categórico universalÉ categórico universal• A Justiça é o respeito incondicional de todos os A Justiça é o respeito incondicional de todos os

agentes morais à Leiagentes morais à Lei

A Ética Kantiana é meramente deontológicaA Ética Kantiana é meramente deontológica. 11/04/23 wwwnilson.pro.br

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CRISE E ACABAMENTO DA CRISE E ACABAMENTO DA MODERNIDADEMODERNIDADE

O imperativo universal do dever:O imperativo universal do dever:• Age sempre como se a máxima de tua

vontade devera tornar-se também o princípio de uma lei universal

O imperativo práticoO imperativo prático:• Age de tal modo que possas tratar a

humanidade, tanto em tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, nunca somente como mero meio mas sempre também como um fim

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A CAIXA DE FERRAMENTAS DA A CAIXA DE FERRAMENTAS DA ÉTICA FILOSÓFICAÉTICA FILOSÓFICA

• Eudemonismo

• Deontologia

• Conseqüencialismo

• Relativismo

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EUDEMONISMO: EUDEMONISMO:

Bem, Virtudes, cidadaniaBem, Virtudes, cidadania • O O Bem (‘fim em si mesmo’) é aonde todo ser humano é aonde todo ser humano

racional tende, ao atualizar suas potencialidades racional tende, ao atualizar suas potencialidades através do exercício de sua através do exercício de sua autarquia e tendo em vista e tendo em vista sua ‘sua ‘felicidade’ (‘a melhor, mais nobre e mais (‘a melhor, mais nobre e mais agradável coisa do mundo’ – Aristóteles)agradável coisa do mundo’ – Aristóteles)

• As As virtudes consistem no exercício racional e habitual no exercício racional e habitual das preferências das preferências que levam ao Bem, i.e. dos Bem, i.e. dos meios mais mais adequados (comedidos, ponderados) para realizar a (comedidos, ponderados) para realizar a vida feliz

O campo de aplicação é o cidadão da polis.O campo de aplicação é o cidadão da polis.11/04/23 wwwnilson.pro.br

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DEONTOLOGIA: DEONTOLOGIA: o Dever absoluto e universalo Dever absoluto e universal

• Preocupa-se em estabelecer regras claras e invariáveisregras claras e invariáveis, inerentes a todo ser humano racional, que se expressam no exercício da vontade autonômicavontade autonômica e são independentes do independentes do contextocontexto (sociedade, metas)

• Os atosatos só são legítimoslegítimos se forem regidos por uma máximamáxima que pretende ser válida para todosválida para todos (universalismo) e em qualquer circunstânciaqualquer circunstância (imperativo categórico kantiano)

• Em qualquer ato o ser humanoser humano deve ser sempre respeitado como um fimfim, nuncanunca como mero meiomeio.

O campo de aplicação é a moralidade do agenteO campo de aplicação é a moralidade do agente 11/04/23 wwwnilson.pro.br

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CONSEQUENCIALISMO: CONSEQUENCIALISMO: o Útil e a Interaçãoo Útil e a Interação

• Considera as situações reais e pondera os resultados pondera os resultados possíveis e prováveispossíveis e prováveis, privilegiando as decisões que produzam o máximo bem e evitem o máximo dano o máximo bem e evitem o máximo dano evitávelevitável

• A variante utilitaristautilitarista visa o máximo bem para o maior máximo bem para o maior número de indivíduosnúmero de indivíduos

• A variante pragmáticapragmática não reconhece leis morais leis morais absolutas e universais, nem valores abstratosabsolutas e universais, nem valores abstratos, destaca as ações que favorecem a interação socialinteração social e otimizemotimizem a relação entre fins e meios.relação entre fins e meios.

• O campo de aplicação é a moralidade do atoO campo de aplicação é a moralidade do ato 11/04/23 wwwnilson.pro.br

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RELATIVISMORELATIVISMO

• RecusaRecusa qualquer absolutismoabsolutismo doutrinário e universalismouniversalismo formal, defendendo o relativismo cultural

• Considera que cada situação é particularcada situação é particular (ética situacionalética situacional), a inevitável característica de conflitividadeconflitividade (ética dos conflitosética dos conflitos) e a necessidade de dar conta da multiplicidademultiplicidade de aspectosaspectos envolvidos pelas decisões morais (ética narrativaética narrativa)

• Aceita posturas éticas contraditórias entre si (tolerânciaAceita posturas éticas contraditórias entre si (tolerância).

O campo de aplicação é o contexto de ação do O campo de aplicação é o contexto de ação do agente e do atoagente e do ato

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FIM

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