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SOCIEDADE CULTURAL PE. NEREU DE CASTRO TEIXEIRA CURSO DE CANTO GREGORIANO DISCIPLINA: TONS SALMÓDICOS 4 0 ANO DE CANTO GREGORIANO BELO HORIZONTE, MG PROFESSOR: PE. NEREU DE CASTRO TEIXEIRA 1 INTRODUÇÃO I - NOÇÕES GERAIS DE SALMODIA E CANTOS SALMÓDICOS Existem diferentes maneiras de cantar um Salmo em gregoriano. Levando-se em consideração a estrutura e a situação primitiva do serviço litúrgico da Igreja cristã, encontramos três elementos que são: • as LEITURAS; • os CÂNTICOS; • as ORAÇÕES. Constatando-se também que o texto dos cantos litúrgicos são em sua quase totalidade tirados do Saltério hebraico (os 150 salmos de Davi), pode-se dizer, com razão, que o dito Saltério é a "verdadeira coletânea" dos cantos cristãos. A estes salmos se acrescentam os chamados Cânticos do Novo Testamento: Magnificat (Vésperas) de Maria (Lc 1, 46-55); Benedictus (Laudes) de Zacarias (Lc 1, 67-79); Nunc dimittis (Completas) de Simeão (Lc 2,28-32). 11 - DIFERENTES MANEIRAS DE CANTAR UM SALMO A Tradição litúrgica nos oferece três maneiras de cantar o Salmo: 1. maneira direta (ou contínua) (in directum): O Salmo é cantado numa sequência contínua, por um solista ou por todos, do primeiro ao último versículo sem intercalar o refrão. A expressão latina o diz bem "in directum" (diretamente, continuamente, sem interrupção). O único exemplo são os TRACTUS (após a primeira leitura; cfr.GT 144; GT 673; GT 465). 2. maneira responsorial: o solista (ou grupo) canta os versos de um Salmo ou certo número de versos e a assembléia ou a Schola Cantorum responde, depois de cada versículo, intercalando algum verso com refrão, ou mesmo alguma frase já entoada pelo solista no começo do Salmo. Os exemplos são frequentes na Liturgia das Horas, como na Completas o responsório breve In manus tuas, cfr. repertório do coral gregoriano # Ostende, DÓmÍne, 17 Manual Novo - In manus: 138. 3. maneira antifonal ou alternada: menos antigo que os precedentes, este sistema salmódico logo teve um grande desenvolvimento no Oriente e Ocidente, especialmente nos mosteiros e conventos onde a Liturgia das Horas é toda cantada durante o dia em coro. Ele consiste na alternância da assembléia ou da Schola I Coro, cada lado cantando, alternadamente é claro, o salmo, como que fazendo eco um para o outro. Esta salmodia recebeu logo o nome de antifOnica, do greco "anti + fonein" = fazer ressoar face a face, cada um por sua vez, como um eco. "Antifoné" = voz contra voz, voz recíproca, alternada. Um refrão é cantado antes e depois do salmo. Este modo é o mais comum entre o responsorial e antifonal. Ex.: Ordo Exsequiarum, GT 678; Completas: M. 166.

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SOCIEDADE CULTURAL PE. NEREU DE CASTRO TEIXEIRACURSO DE CANTO GREGORIANODISCIPLINA: TONS SALMÓDICOS40 ANO DE CANTO GREGORIANOBELO HORIZONTE, MGPROFESSOR: PE. NEREU DE CASTRO TEIXEIRA

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INTRODUÇÃO

I - NOÇÕES GERAIS DE SALMODIA E CANTOS SALMÓDICOS

Existem diferentes maneiras de cantar um Salmo em gregoriano. Levando-se emconsideração a estrutura e a situação primitiva do serviço litúrgico da Igreja cristã,encontramos três elementos que são:• as LEITURAS;• os CÂNTICOS;• as ORAÇÕES.

Constatando-se também que o texto dos cantos litúrgicos são em sua quase totalidade tiradosdo Saltério hebraico (os 150 salmos de Davi), pode-se dizer, com razão, que o dito Saltério é a"verdadeira coletânea" dos cantos cristãos. A estes salmos se acrescentam os chamados Cânticos doNovo Testamento: Magnificat (Vésperas) de Maria (Lc 1, 46-55); Benedictus (Laudes) deZacarias (Lc 1, 67-79); Nunc dimittis (Completas) de Simeão (Lc 2,28-32).

11 - DIFERENTES MANEIRAS DE CANTAR UM SALMO

A Tradição litúrgica nos oferece três maneiras de cantar o Salmo:

1. maneira direta (ou contínua) (in directum): O Salmo é cantado numa sequência contínua, porum solista ou por todos, do primeiro ao último versículo sem intercalar o refrão. A expressão latinao diz bem "in directum" (diretamente, continuamente, sem interrupção). O único exemplo são osTRACTUS (após a primeira leitura; cfr.GT 144; GT 673; GT 465).

2. maneira responsorial: o solista (ou grupo) canta os versos de um Salmo ou certo número deversos e a assembléia ou a Schola Cantorum responde, depois de cada versículo, intercalando algumverso com refrão, ou mesmo alguma frase já entoada pelo solista no começo do Salmo. Os exemplossão frequentes na Liturgia das Horas, como na Completas o responsório breve Inmanus tuas, cfr.repertório do coral gregoriano # Ostende, DÓmÍne, 17 Manual Novo - In manus: 138.

3. maneira antifonal ou alternada: menos antigo que os precedentes, este sistema salmódico logoteve um grande desenvolvimento no Oriente e Ocidente, especialmente nos mosteiros e conventosonde a Liturgia das Horas é toda cantada durante o dia em coro. Ele consiste na alternância daassembléia ou da Schola I Coro, cada lado cantando, alternadamente é claro, o salmo, como quefazendo eco um para o outro. Esta salmodia recebeu logo o nome de antifOnica, do greco "anti +fonein" = fazer ressoar face a face, cada um por sua vez, como um eco. "Antifoné" = voz contravoz, voz recíproca, alternada. Um refrão é cantado antes e depois do salmo. Este modo é o maiscomum entre o responsorial e antifonal. Ex.: Ordo Exsequiarum, GT 678; Completas: M. 166.

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2m-O LIVRO DOS SALMOS EM GERAL

Girard, Marc em seu livro O LIVRO DOS SALMOS, espelho da vida do povo, usa umatríplice imagem para enxergar-se melhor a riqueza contida neste patrimônio universal do Saltério:

1. uma reserva florestal: densa, escura, com o risco de se perder dentro dela, ao mesmotempo atraente e fascinante, por causa do potencial de vida que ela esconde. Aí encontramos todotipo de vida, quer vida rara, quer familiar à gente. Não é à toa que os índios chamam a selva de "amatriz de toda e qualquer vida".

2. um comedouro para passarinhos: os salmos nunca deixaram de alimentar a oração dosjudeus e dos cristãos, sinal de seu poder nutritivo, alimento básico do povo de Deus. São eles umalimento de libertação tanto coletiva quanto individual. Veja-se o SI 55, 7-12.

3. um espelho fiel: cada um de nós, inclusive cada comunidade, pode se olhar nos Salmos eassim como num espelho, eles devolvem o retrato fiel do que somos aqui e agora e também doideal que Deus quer para nós e que temos que buscar alcançar.

IV - NATUREZA GLOBAL DO SALTÉRIO

Uma coleção das mais belas orações do povo de Israel da qual este mesmo povo se serviaregularmente sobretudo em suas assembléias da comunidade. É uma coleção que recolhe mais oumenos seis séculos de vida comunitária em Israel.

Um livro de poesia, enquanto que nada pode exprimir melhor os sentimentos e as emoçõesdo que a poesia, o poema, tendo sido compostos para serem cantados, com ou sem instrumentosmusicais. Por serem poesia não seguem necessariamente uma sequência lógica dos acontecimentos,mas recorrem muito mais à imaginação e à intuição simbólica: "como a erva do telhado, que seca,e ninguém a corta" (SI 129,6) e "à sua frente, vem um fogo devorador, e ao seu redor, tempestadeviolenta" (S 1 50,). A linguagem simbólica dos Salmos tem o poder de refletir, à semelhança doespelho fiel, a experiência mais profunda e universal da humanidade.

Uma Palavra de homem ou Palavra de Deus? Na maioria dos Salmos fala um pobregritando a sua miséria. Em outros, a comunidade canta os louvores de Deus. Os Salmos, com toda aBíblia, são palavras de homens, na experiência rica de suas circunstâncias. Seus autoresexprimiram com sinceridade, às vezes ''brutal'', o que estavam pensando, sentindo, vivendo. Porém,são também palavra de Deus, ele como que "nos empresta sua palavra" a partir da experiência doseu povo e, por ele, da humanidade inteira. Muitas vezes, na medida em que faltam palavras, a Bíbliaas põe na boca do povo, com uma profundidade incomparável. São fórmulas de que Deus se servepara tratá-lo com familiaridade, como Pai, como saídas do coração humano, com o misteriosopoder de nutrir ainda hoje a oração comum de tanta gente.

Uma palavra que volta a ser de todo o povo, e não de uma elite, como era de todo o povode Israel, sobretudo dos mais pobres.

v -QUATRO GRANDES FAMÍLIAS DE SALMOS

V. 1. Quatro palavras-chaves, indicadas por verbos: o povo luta, o povo aprende, o povo semaravilha, e o povo festeja. Esses verbos resumem as quatro grandes famílias dos Salmos:

Salmos de Libertação: o povo luta, enfrenta seus dramas, e problemas, crises,conflitos, catástrofes e miséria humana.

Salmos de Instrução: o povo aprende, enriquece sua experiência, sendo a vida amelhor das escolas, aprende a criticar as próprias escolhas morais, reforçar seu sistema de valores.

Salmos de Louvor: o povo se maravilha, a liberdade de sair de si mesmo e louvar,encontrando o reflexo de Deus na beleza da natureza ou no progresso da pequena história, pessoal,familiar e de todo o povo.

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Salmos de Celebração da "Vida": o povo festeja, celebra em meio ao deserto daprovação da vida, ou das duras tempestades da vida cotidiana.

Em outras palavras: DRAMA / LIÇÃO / ADMIRAçÃO / FESTA.

V. 2. Alicerces bíblicos dos Salmos são os mesmos de toda a Bíblia, enquanto história dasalvação de Deus para com seu povo:

· Opressão-êxodo, assim começa a história do povo eleito, com a passagem daopressão para a libertação, o que depois passaria a ser perfeito na morte! ressurreição do Cristo, oMessias Libertador;

· . Eleição-a1ianca, uma vez sendo povo eleito, Deus faz com ele uma aliança,sempre renovada, prefigurando a aliança "nova e eterna" do sangue do Cordeiro, o Servo Sofredor,o Cordeiro de Deus. Tudo na história do povo eleito tem que ser visto, vivido, revisto, celebrado àluz desta aliança e eleição;

· .. Criacão, enquanto Deus se manifesta a seu povo não apenas como o Criador danatureza e do cosmos, e sobretudo do homem, mas também como o criador da história e do tempo,autor de um plano de salvação tão misterioso quanto admirável. Cada vez que a comunidade cristãse maravilha com o Senhor e as obras dele, está refazendo por sua conta a teologia bíblica dacriação;

· •.. Festa, sobretudo em ocasiões especiais a realçar a celebração, a festa, a alegriada história da salvação. Grande número de relatos bíblicos são de festa: clã, tribo, família(casamentos, nascimentos, revelações ...), feriados nacionais, festas populares. A oração pública emIsrael chegou a dar a tais manifestações de alegria um sentido religioso de suma importância.

Estes são ainda hoje, os alicerces da história de um povo, que sempre continua a querersatisfazer suas necessidades fundamentais:

1. livrar-se dos problemas (89 Salmos: 3-7; 140-144, etc.);2. deixar-se instruir (19 Salmos: 78; 50. 52-53; 95, etc.);3. maravilhar-se com o que é belo e bom (25 Salmos: 29. 98-99);4. fazer festa (17 Salmos: ligadas ao rei: 2, 72. 132; núpcias: 45; viajantes: 46. 48.

84. 121-122; colheita; 65. 67).

VI - PISTAS DE APLICAÇÃO PRÁTICA

Situação geral dos Salmos, e o detalhe de cada um.

FAMÍLIA DE SALMOS PALAVRA - CRAVE EVENTO BÍBLICOCORRESPONDENTE

1. Salmos de Libertação drama opressão-êxodo

2. Salmos de Instrução lição eleição-aliança

3. Salmos de Louvor admiração criação

4. Salmos de Celebração da "Vida" festa ocasiões especiais

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V11 - l:LASSlIfl<":A(,-'AU DA SALMUUlA

A Salmodia pode ser considerada sobre diversos aspectos. Segundo estes aspectos ela podeser assim classificada:

vu. 1. Segundo o ESTILO MELÓDICO:

a) simples (exemplo: Completas M.166-168; Ritual dos Defuntos GT 678);b) neumática (exemplo: Missa de Reqmem GT 669);c) ornada ou solene (exemplo: GT 15);d) melismática (exemplo: GT 673).

VU. 2. Segundo a ESTRUTURA INTERNA ou CADÊNCIA:

a) tônica, se baseada sobre o acento tônico (GT 679);b) cursiva, se baseada no "cursus" latino (GT 22/ 343); 235

VU. 3. Segundo a SYNAXE LITÚRGICA (celebração litúrgica):

a) Salmodia da Missa (eucaristia, sacramentos);b) Salmodia do Oficio Divino (Liturgia das Horas).

VU. 4. Segundo o MOMENTO em que ela é executada:

a) Salmodia depois de uma Leitnra (Gradual, Trato, Resp ..);b) Salmodia durante uma ação (SI. do Introito, Comunhão);c) Salmodia simplesmente eucológica, i.é. independente de uma ação ou leitura

(salmos cantados numa Hora Canônica; um Salmo cantado no momento final da missa como ação degraças).

VllI - ESTRUTURA DAS FÓRMULAS SALMÓDICAS

Três são os elementos de que se compõem as fórmulas melódicas:A. Entoação;B. Tenor;C. Cadência.

A. Entoação:Serve para ligar o final da refrão (antífona) à corda de recitação do Salmo, a qual nos Modos

autênticos em geral é a quinta, e nos plagais a terça ou a quarta acima da tônica. Portanto, é uminciso melódico destinado a tornar fácil a passagem de um canto para outro. Nos Tratos e noscantos sem refrão, ele serve apenas de introdução, mais ou menos solene. GT 686; 687; 688; cfr.Nunc dimittis # 140, p.170 (tenor: Si)

A entoação tem o mesmo estilo do gênero salmódico à qual ela pertence, sendo semprerelativamente curta; nos cantos simples, ela contém uma, duas ou no máximo três sílabas.

Alguns tons salmódicos, silábicos ou ornados, têm duas entoações diferentes, uma para aprimeira, e outra para a segunda parte do versículo. Mas na Salmodia simples na Liturgia das Horas(Oficio), existe apenas uma entoação. GT 669; 216; 219.

B. Tenor:E a corda sobre a qual se recita ou se canta a parte do texto compreendida entre a entoação e

a cadência. Em época recente, esta corda de recitação recebeu o nome de dominante (!)

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A recitação salmódica se faz sempre sobre uma corda mais elevada (terça, quarta, quinta) datônica modal, e ao redor dela a voz executa muitas vezes ondulações melódicas dando relevo aosacentos principais do texto. Esses acentos, como sabemos, eram para os antigos elevações da voz.

Pode ser:

1. tonal ou subtonal, conforme a nota que está abaixo do tenor for um tom ou um semi-tom;2. único, duplo ou triplo, conforme houver, na recitação do versículo uma, duas ou três

cordas de recitação.GT 612 = La - Sol- Fa

252 = La - Fa216 (Quasimodo)

C. Cadência:Ela se constitui pelo traçado melódico que termina a primeira e a segunda parte do versículo.

Pode ser então:• mediana (ou mediante); também chamada intermediária; ou final;• a cadência mediana é suspensiva, e a final é conclusiva;• podem ser tônicas ou cursivas, conforme forem baseadas nos acentos (tônicas) ou nos cursus

literário (cursiva); GT 235 (cursiva)• as cadências cursivas somente são finais; as tônicas podem ser finais ou medianas; GT 235 e

264• as cadências cursivas se encontram somente na Salmodia solene e ornada.

SALMODIA E CANTOS ANTIFÔNICOS

L Observação inicial

Já falamos das três maneiras de cantar um salmo: direta, responsorial e antifonal (alternada).Em nosso estudo, a maneira que vai nos ocupar é a terceira: salmodia antifõnica.

Lembrando suas características:1° ) não há solo (solista);2° ) os versículos são alternados pelas duas partes do Coro;3° ) portanto é uma salmodia essencialmente coral;4° ) o refrão tem seu nome do próprio sistema salmódico: antífona, ou seja,

A (antífona) - B (salmo) - A' (repetição da antífona)

li. Salmodia e cantos antifônicos da Missa

lI.l. Antífonas do INTROITO e da cOMUNHÃo

a) estes três cantos acompanham uma ação: ação de entrar, introito; ação de ir comungar,comunhão; ação de apresentar as ofertas, ofertório.b) portanto, são dois cantos processionais, terminada a ação (procissão) eles devem tambémterminar; serão três cantos caso haja procissão das ofertas;

c) o canto de entrada, abre a sinaxe litúrgica, como prelúdio dando o sentido da festa e do mistérioda celebração, mostrando aos fiéis os sentimentos de fé e piedade que devem marcar sua atitude decelebrar, contendo a idéia central da celebração dentro da festa e do ano litúrgico. É uma espécie defio condutor da ação celebrativa;

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od) o canto de comunhão, fecha a celebração, tendo uma relação direta ou indireta com aEucaristia, e com o fruto da comunhão no coração do fiel; às vezes, contém também uma alusão àfesta do dia. Trata-se de um canto mais de louvor, ação de graças. mais recolhido e calmo do que ointroito;

e) o estilo dos introitos e das comunhões, deixadas de lado as diferenças apontadas, são um meiotermo entre o estilo silábico e o melismático. As "Communio", normalmente, são menos ricas degrupos neumáticos do que os Introitos, também pelo lugar que ocupam na celebração.

g) o Introito é sempre seguido de um salmo, mais ou menos longo dependendo da duração daprocissão (ação); a Communiodeveria também ser seguida do salmo,mas nem sempre isso acontece,por várias razões.

D.2. Os oito Tons da Salmodia dos Introitos e Comunhões

Na época clássica da Liturgia (I. Média, por aí), os oito Tons aplicados ao salmo do Introitoe da Comunhão eram os mesmos, evidentemente quando o Modo do Introito e Comunhão era omesmo, a supressão, portanto, do Salmo na Comunhão não trouxe prejuízo nenhum para orepertório dos Tons gregorianos. Estes Tons são do estilo das antífonas que os precedem, i.é.neumáticos e fazem parte da Salmodia Solene e clássica do canto litúrgico romano. Ficaramsubstancialmente intactos ao longo dos séculos e os encontramos tais quais estão nosdocumentos mais antigos. Pode-se pois afirmar com toda certeza: os Tons Salmódicos dosIntroitos, como aparecem na Edição Vaticana, são verdadeiramente tradicionais.

No manuscrito 121 de Einsiedeln cada Introito é seguido de seu versículo salmódico,enquanto que os versículos das Comunhões se encontram no fim do livro, precedidos da "incipit"decada Comunhão.IlL Salmodia e cantos antifônicos do Oficio (Liturgia das Horas)

IlLl. As antífonas do Oficio

Levando em conta a fonte de onde foram tirados os textos das anífonas, elas podem serorganizadas em quatro classes:

a) salmódicas, GT 700 - Sitívitánimamea Ps. 41,3.b) bíblicas (não salmódicas),GT 689 - Audívivocem Apoc. 14, 13; GT 676 - Lux aetérna.c) eclesiásticas (compostas por autores da igreja), GT 141 - Glória, laus - não é antífona, masapenas um exemplo de testo "eclesiástico". Em geral todos os Hinos, sequências são textoseclesiásticos:GT 159 - Redémptor; GT 168 - Ubi cáritas; GT 170 - Pange língua.d) históricas (tiradas das "Paixões" e "Vida dos santos") GT 861 - Vir Dei (Festa de S. Bento).

É necessário acrescentar a estas as chamadas antífonas aleluiáticas, aquelas compostasunicamente da palavra alleluia, cantadas no Tempo pascal. Note-se que, no mesmo T. pascal, todasas antífonas devem terminar por um ou mais alleluias, exeção feita para o Oficio dos Mortos. (cfr.GT 825 - 827) para antífonas da Missa.

IlL2. Os Tons da Salmodia simples do Oficio

A Salmodia simples do Oficio se desenvolveu sobretudo nas comunidades monásticas doOriente e do Ocidente, desde os primeiros séculos do cristianismo. Não há documentos queinformem exatamente sobre o caráter desta Salmodia, nem sobre os Tons empregados no momentode sua aparição. Os documentos mais antigos são do século IX. AssimAureliano de Réomé (século

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'/IX) fala sobre uma salmodia da Missa e do Ofício: ele diz coisas interessantes mas se limita quasesó a considerações gerais sem informar sobre a maneira concreta e esquemática das fórmulasdos Tons Salmódicos. Ele dá também conselhos sobre como cantar bem os salmos, porém nadasobre os Tons. Outros autores, como Hucbald, Réginon de Prum e os Tonários (Livro Litúrgicocontendo os Tons Salmódicos) também trazem indicações sobre os Salmos, inclusive sobre os Tonsda salmodia.

a) os elemeutos da salmodia simples do Oficio são os mesmos de outras salmodias: entoação,tenor, cadência. Somente que os elementos são muito simples como o exige o estilo silábico dasantífonas e o caráter coral cotidiano.

b) a salmodia simples do Oficio é calcada sobre a Salmodia ornada dos intróitos, segundo análisedos mais antigos documentos:

- tenor (corda de recitação) é a mesma;- tanto tenor quanto os outros elementos são uma redução e simplificação da salmodia

dos intróitos;- diferentemente da Missa e dos Responsórios de Natal e Vigília Pascal (GT 185 - Iubilate), a

salmodia das Horas canônicas aparece, na sua origem, muito variável, mostrando a ausência de umaprática uniforme e universal;

- a fixação das fórmulas e a prática uniforme foram se configurando pouco a pouco,podendo-se dizer, com certeza, que já estavam realizadas no século xn, pois as variantes queaparecem nos Antifonários dos séculos XI - XII e nos seguintes se reduzem a muito pouca coisa;

- certamente, neste trabalho de elaboração e de fixação, houve um estágio intermediárioentre as fórmulas de intróito e as do Oficio, estágio este que é representado, mais ou menos, pelosTons salmódicos dos Cânticos Evangélicos (Magnificat, Benedíctus M.73 I 104 e Nunc Dimittis M.140 I 170). Cfr. Manual do Repertório Gregoriano. Estes Tons são mais ornados que os Tonssimples das Horas canônicas, e seu estilo se conforma bem ao de suas respectivas antífonas.

TONS SALMÓDICOS DA EDIÇÃO VATICANA(Tons eclesiásticos tradicionais)

L Observações preliminares

a) No Saltério Monástico (pSM 1981) se encontra todo o elenco dos Tons salmódicos usadosatualmente no canto do Oficio:

- tons do OCTOECHOS, tradicionalmente usados e encontrados nos livros litúrgicosprecedentes ao PsM;

- tons ARCAICOS e PRE-OCTOECHOS, existentes antes da reforma carolíngia do séculoVIII.

b) No Aniphonale Romanum (AR 1924) se encontram, no estilo daqueles do Octoechos, outrosTRÊs TONS salmódicos, diretamente ligados à uma Antífona:

- Tom direto para a salmodia direta;- Tom pascal, usado até a reforma litúrgica de 1964 para a Hora Canônica da Terça do dia de

Páscoa, também nos salmos sem antífona e Cântico de Simeão no Oficio da Páscoa até as Vésperasdo Dom. in Albis.

- Tom dos defuntos, usado nas Completas dos fiéis defuntos.

c) O tom salmódico é uma fórmula fixa sobre a qual é aplicado o texto de um salmo.Originariamente, era constituído de uma estrutura monocordal com uma das três cordas-mãe: DO,RE, MI, sobre as quais o salmista executava o texto. Daí nasceu a breve composição modal do"ritornello" (refrão) na salmodia responsorial (Ex.: GT 683 Ps. 88, Ordo Exsequiarum; Ps 129, GT 681,

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8etc.) e da Antífona na salmodia antifonada (GT 678 - 680; Manual p. 165 - 168 - Completas). Com oaparecimento desta última o tom salmódico se estabilizou em uma fórmula esquematizadasubstancialmente igual à que cantamos hoje (Tons salmódicos da Vaticana, tons eclesiásticos tradicionais).

d) Nas edições atuais de gregoriano no início de cada Antífona, além da indicação do tom salmódico,vem colocada uma letra alfabética para assinalar a terminação a ser escolhida. Esta letra correspondeao último som (nota) da terminação ou diferença do salmo. Às vezes acrescenta-se um * acima daletra indicando que deve ser acrescentada uma nota superior (aguda) para poder ligar com aentoação da Antífona.

e) Existem hoje NOVE TONS SALMÓDICOS dos quais:= OITO são considerados regulares e normais (estrutura clássica da salmodia); Octoechos= UM (1) considerado irregular (estrutura própria: 2 cordas de recitação, uma para o

primeiro e outra para o segundo hemistíquio) (Tom Peregrino).

f) As cadências finais têm várias terminações diferentes nos tons regulares, conforme a variedade deentoação das Antífonas para que a ligação melódica seja bem feita e facilitada;

g) Sendo cadências tônicas, silábicas e portanto métricas, o lugar dos acentos tônicos e secundáriostem que ser bem observado, com aparecimento de notas suplementares em função do texto, às vezescom notas de preparação do acento. Por serem métricas é possível uma adaptação ao vernáculo,guardando-se a natureza dos acentos nas cadências.

h) A flexa acontece só no primeiro hemistíquio, quando o texto é longo, podendo-se fazê-la comsimples episema em recto tono.

No GT encontram-se exemplos tirados do Oficio dos Fiéis Defuntos:• GT 688: Miserere mei Deus (Salmo 50);• GT 691: Memento, Dómine, David (Salmo 131);• GT 699: Confitémini Dómino (Salmo 117).

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