10. EFICIÊNCIA, DISTRIBUIÇÃO E MECANISMOS … · Tempo de incubação=3h; 1,1.106 células/mL....
Transcript of 10. EFICIÊNCIA, DISTRIBUIÇÃO E MECANISMOS … · Tempo de incubação=3h; 1,1.106 células/mL....
125
10. EFICIÊNCIA, DISTRIBUIÇÃO E MECANISMOS FOTOQUÍMICOS DE
CV E MB EM CÉLULAS HELA
Como ficou constatado nos resultados apresentados previamente nesta tese
bem com aqueles descritos na literatura, que CV e MB apresentam características
fotofísicas e fotoquímicas distintas, com exceção do valor elevado da constante de
absortividade molar na região espectral do vermelho que é semelhante para ambos
os compostos. As principais diferenças estão descritas a seguir: CV apresenta alto
rendimento quântico de decaimento não radiativo, perdendo grande parte da energia
de excitação na forma de calor. CV tem constante de dimerização menor que MB.
CV está envolvido em reações fotoquímicas que geram principalmente espécies
radicalares com pequeno rendimento quântico. MB apresenta alto rendimento
quântico de cruzamento inte-sistemas (ΦΤ~0,5), e portanto gera eficientemente
espécies tripletes. Além disso, MB tem alto rendimento quântico de geração de
oxigênio singlete (φ∆~0,5). Em superfícies negativas dependendo da relação
concentração de MB e número de sítios de ligação, MB pode dimerizar, e nesta
situação, as reações fotoquímicas são distintas, culminando principalmente com a
geração de espécies radicalares devido às reações de transferência de elétrons entre
os constituintes do par (veja introdução).
No entanto, estas características presentes em soluções isotrópicas, podem
não ser totalmente relacionadas com a eficiência fotodinâmica no meio celular. A
complexidade das células pode e deve trazer outros fatores a serem considerados.
Desta forma, optamos por fazer uma comparação da eficiência e mecanismo destes
dos fotossensibilizadores em células cancerosas HeLa.
126
10.1 CARACTERIZAÇÃO DA INTERAÇÃO FÍSICA DOS
FOTOSSENSIBILIZADORES COM CÉLULAS
10.1.1 INCORPORAÇÃO DE CV E MB EM CÉLULAS
A relação da taxa de incorporação de CV e MB em células HeLa em função
do tempo foi investigada (Figura 28). Observe que a concentração de ambos os
fotossensibilizadores no meio intracelular é crescente com o tempo e atinge um
máximo após três horas de incubação. Este período de incubação representa o tempo
mínimo necessário para obtenção do máximo de incorporação destes compostos.
Este período foi adotado em todos os outros experimentos envolvendo incubação de
fotossensibilizadores em células.
Na Figura 29 estão apresentadas as taxas de incorporação de CV e MB em
função da concentração de incubação dos fotossensibilizadores. Note que a
porcentagem é de aproximadamente 70% para todas as concentrações testadas de
MB. Valores maiores do que 80% foram observados em células incubadas com CV
em baixas concentrações e ocorre diminuição na incorporação de CV com o
aumento na concentração de CV. O fato da porcentagem de incorporação de CV
diminuir tem relação com a viabilidade celular como será discutida a seguir. Isto
indica que independente da concentração de fotossensibilizador empregada, um
equilíbrio se estabelece quando as células são expostas aos corantes e pelo menos
70% das moléculas de CV e MB incubados permeiam e permanecem nas células.
A alta captação de CV e MB pelas células deve-se ao caráter
lipofílico:hidrofílico favorecer a permeação destas moléculas (Indig 2000). Em
estudos comparativos dentro de uma série de cada um destes compostos observou-se
que MB apresentou taxas de incorporação mais altas que as obtidas para azul de
toluidina e uma cinética de incorporação mais rápida (Cañete 1993). Estudos
semelhantes mostraram que CV possui características estruturais que permitem uma
127
melhor partição em membranas entre os TAM (Indig 2000).
0 100 200 300 400 500 600-10
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Inco
rpor
ação
, %
Tempo, min
Figura 28: Porcentagem de incubação de CV ( ) e MB ( ) em função do tempo de
incubação. 1,4.106 células/mL, [CV]=10µM; [MB]=10µM
128
BA
5 10 15 20 25 30 35 40 450
10
20
30
40
50
60
70
80
Inco
rpor
ação
, %
[MB] incubado, µM
10 20 30 40 500
20
40
60
80
1 00
Inco
rpor
ação
, %
[ CV] incubado, µM
Figura 29: Porcentagem de incubação de CV (painel A) e MB (painel B) em HeLa em
função da concentração total de fotossensibilizador usada na incubação. Tempo de
incubação = 3h; 1.106 células/mL
Já que há uma alta taxa de incorporação de MB, é preciso verificar se MB
encontra-se na forma livre ou formando agregados dentro da célula. Sabe-se que
MB sofre agregação e que seus agregados são facilmente identificados
espectroscopicamente (Bergmann 1963, Ohline 2001, Lee 1999, Lewis 1943). As
espécies monoméricas e diméricas podem ser observadas na Figura 30. Note que os
espectros são bem distintos, sendo que há duas bandas de absorção. As duas bandas
de absorção são localizadas uma em 600 nm e a outra em 665 nm (Figura 30). Essas
bandas foram atribuídas à absorção de diferentes espécies de MB (Bergmann 1963,
Ohline 2001, Lee 1999, Lewis 1943). Assim, a espécie monomérica tem um máximo
de absorção em torno 665nm e a dimérica em 600nm. O fenômeno observado na
129
Figura 30 ilustra a presença de diferentes espécies de MB dependendo das condições
do meio. Em baixas concentrações de SDS, há uma menor quantidade de micelas e
portanto de sítios de ligação, havendo favorecimento na formação de agregados de
MB. Porém, ao aumentar a concentração de SDS, o número de sítios aumenta e
consequentemente o equilíbrio é deslocado para formação de monômeros, Figura 30.
Assim, utilizou-se desta facilidade experimental e determinou-se o estado de
agregação de MB em células através de espectroscopia de absorção na superfície.
500 600 700
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
Abs
orbâ
ncia
comprimento de onda, nm
[SDS]=4mM [SDS]=12mM
Figura 30: Espectros de absorção de MB em micelas normais de dodecil sulfato
de sódio (SDS). [MB]=10µM em ambas curvas.
Mediu-se espectros de absorção na superfície das células plaqueadas em
tampão e após a retirada do mesmo seguido de lavagem. A Figura 31 ilustra
espectros de absorção de MB nas células plaqueadas na presença do tampão (Painel
130
A) e posterior remoção do mesmo (Painel B). Note que os dois espectros são
distintos. As duas bandas de absorção (Figura 31) correspondem às absorções de
monômeros e dímeros de MB. Agregados maiores de MB têm sido também
caracterizados na literatura (Bergmann 1963 e Cione 2000), sendo o máximo de
absorção do trímero e de oligômeros de MB em 575 nm. No entanto não
observamos tais agregados nos nossos experimentos (Figura 31). Note que na placa
em que há meio de incubação e células incubadas com MB, o espectro apresenta
maior proporção de monômeros, Figura 31 painel A. Porém após a retirada do meio
de cultura seguida de lavagem, tem-se o espectro direto das células incubadas com
MB, Figura 31 painel B. Note que nesta situação a proporção de dímeros é muito
maior, Figura 31 painel B. Indicando que nesta concentração MB tende a formar
agregados no interior das células, vide Figura 31 painel B.
450 500 550 600 650 700 750
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
Abso
rbân
cia
comprimento de onda, nm500 550 600 650 700 750
-0.1
0.0
0.1
0.2
0.3
Abs
orbâ
ncia
comprimento de onda, nm
A B
Figura 31: Espectros de absorbância de superfície de MB em células em tampão (painel A)
e em células lavadas (painel B). Tempo de incubação = 3h; 1,1.106 células/mL;
[MB]=50µM.
131
A Figura 32 mostra a relação D/M para células incubadas com diferentes
concentrações de MB. Note que o aumento da concentração de MB provoca
aumento na relação D/M (Figura 32 A). Para baixas concentrações, MB permanece
no estado monomérico (D/M menor que 0,4). Como esperado, um aumento na
concentração deve provocar aumento na relação D/M já que a taxa de incorporação
de MB é alta (em torno de 70%).
A Figura 32 painel B tem-se a absorção de MB em 690nm em função da
concentração de MB utilizada na incubação. Note que um aumento na concentração
aumenta a absorção em 690nm. Neste comprimento de onda tem-se somente a
absorção do monômero (Junqueira 2002). Isto comprova que há um aumento de
população de MB não agregado com o aumento da concentração total de MB. No
entanto, o aumento de absorção não é linear em concordância com a formação de
agregados de MB.
MB tende a agregar em superfícies negativas incluindo micelas normais,
micelas reversas, vesículas e mitocôndrias (Junqueira 2002, Severino 2003, Gabrielli
2004). A observação que MB agrega no meio intracelular é compatível com a sua
ligação em organelas, especialmente mitocôndrias.
132
BA
0 10 20 30 40 500,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
Abso
rção
690n
m
[MB], µM0 10 20 30 40 50
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
D/M
[MB] incubado, µM
Figura 32: Painel A: Relação dímero/monômero de MB em células HeLa em função da
concentração de MB incubado. Painel B: Absorção de MB em 690 nm em função da
concentração de MB incubado em células. Tempo de incubação=3h; 1,1.106 células/mL.
10.1.2 TOXICIDADE DE CV E MB EM CÉLULAS
Para verificar a toxicidade celular na presença de fotossensibilizador e no
escuro, realizou-se experimentos de sobrevivência em função da concentração de
fotossensibilizadores (Figura 33). Verificou-se que ambos CV e MB, quando em
baixas concentrações (até 10µM para CV e 20µM para MB), não são tóxicos às
células. Com o aumento da concentração ocorre diminuição considerável na
viabilidade celular sendo que CV é mais tóxico do que MB. Nos demais
experimentos de viabilidade na presença de luz e citolocalização utilizaram-se
sempre concentrações que não causaram danos às células.
133
0 20 40 60 8045
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
105S
obre
vivê
ncia
, %
[fotossensibilizador], µM
MB CV
Figura 33: Porcentagem de sobrevivência celular em função da concentração de
fotossensibilizador incubados em células no escuro. Tempo de incubação=3h;
1.106células/mL.
Dados da literatura mostram que dentre uma série de derivados de
fenotiazinas, MB foi o composto que apresentou menor citotoxicidade no escuro.
Rice e colaboradores confirmaram que 20µM a toxicidade de MB é menor que 10%,
de acordo com os nossos resultados (Rice 2000). Já os corantes TAM apresentam
uma toxicidade mais elevada no escuro comparativamente com as fenotiazinas.
Verificou-se que alguns corantes TAM provocam inibição do complexo III da
mitocôndria e diminuição no potencial transmembranar mitocondrial (Kowaltowski
1999).
Para certificar a metodologia empregada de avaliação da viabilidade celular,
resolveu-se realizar uma curva de crescimento celular após um período de exposição
134
das células à droga na ausência de luz. A Figura 34 apresenta as curvas do número
de células viáveis em função do tempo, sendo que a incubação com MB ocorreu 15
horas após o início da cultura para amostras controle, e expostas a 25 e 100µM de
MB. Note que 50 horas após a incubação com MB, as células que foram expostas a
100µM MB apresentaram crescimento consideravelmente menor do que as demais
condições. Esse dado indica que esta concentração de MB prejudicou o crescimento
das células. Esses resultados estão de acordo com outros dados que mostram que
fenotiazinas podem suprimir proliferação celular em células (Zhelev 2004, Piette
2003).
0 20 40 60 80 100 120 140 160 1800
20
40
60
80
100
120
Incubação c/ MB
[MB] em µM: 0 25 100
núm
ero
de c
élul
as (1
05 )/mL
Tempo (h)
Figura 34: Curvas de crescimento de células HeLa controle e incubadas com MB a
diferentes concentrações. Tempo de incubação=3h
Já para o caso das células que estiveram expostas a 25µM MB (Figura 34),
uma pequena diferença em relação ao controle foi observada a partir de 90 horas.
135
Isto demonstra que apesar da exposição ao MB ser uma condição não fisiológica, o
crescimento celular foi pouco alterado em relação ao controle na concentração de
25µM. Estes dados corroboram aqueles obtidos a partir do experimento com MTT
indicando que MB é pouco tóxico a concentrações menores que 20µM e que para
CV a toxicidade é baixa em concentrações menores que 10µM.
A toxicidade de MB no escuro foi reportada anteriormente. Em células de
tumor mamário de camundongo EMT-6, observou-se o mesmo perfil que
encontramos para HeLa, ou seja, 20µM MB provocou baixa toxicidade no escuro
(Wainwright 1997). Outro artigo apresentou a dose letal 50% para MB no escuro em
células fibrosarcoma de camundongo RIF-1, de 150µM (Mellish 2002). Além disso,
devido a baixa toxicidade de MB, foi possível utilizar mais de 300µM de MB sem
causar dano no escuro em células de queratinócitos humano H103 (Zeina 2002). Em
Escherichia coli, tal toxicidade é reversível se o corante for retirado do meio, porém
torna-se irreversível após a iluminação (Menezes 1990). Esses dados corroboram os
dados reportados aqui, ou seja, 20µM de MB não é tóxico para células em cultura no
escuro e portanto esta concentração foi usada nos experimentos desta tese.
Após estudar a toxicidade destas drogas no escuro realizou-se estudos de
fototoxicidade na mesma linhagem celular. As células foram incubadas com CV ou
MB, lavadas e expostas à luz. A taxa de sobrevivência das células HeLa
posteriormente à incubação com CV e seguida de irradiação a laser está apresentada
na Figura 35. Note que houve uma diminuição na taxa de sobrevivência ao aumentar
a concentração de CV em ambas as curvas de células expostas ou não à irradiação.
Note que acima de 10µM de CV células irradiadas apresentam taxa de sobrevida
constante e menor que 20%. A maior diferença entre a viabilidade no claro e no
escuro ocorre na concentração de 10µM (viabilidade no claro é 20% e no escuro
95%). Vale notar que 10µM as células absorvem praticamente 90% do CV com as
quais foram incubadas, veja Figura 29.
A Figura 36 apresenta a taxa de sobrevivência celular na presença do MB e
136
de luz. Note que nas células irradiadas observa-se grande decréscimo na taxa de
sobrevivência com o aumento da concentração de MB até 20µM (taxa de
sobrevivência é 13%). Acima desta concentração, a taxa de sobrevivência aproxima
do valor zero de sobrevivência. A viabilidade celular no escuro permaneceu acima
de 80% em toda a faixa de concentração de MB testada. Ou seja, MB nas
concentrações estudadas causou dano celular principalmente após sofrer excitação
luminosa.
Ajustando os pontos experimentais iniciais de porcentagem de sobrevivência
em função da concentração de MB e CV numa função linear é possível obter uma
relação comparativa da taxa de sobrevivência das células que sofreram ou não
irradiação (veja Tabela XII para MB e Tabela XIII para CV).
0 10 20 30 40 50
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
( )
( )
Sob
revi
vênc
ia, %
[CV], µM
células não iluminadas células iluminadas
Figura 35: Porcentagem de sobrevivência celular em função da concentração de CV,
amostras: células expostas a luz de laser 532nm ( ) e no escuro( ). Tempo de
incubação=3h; 1.106células/mL; dose de luz=1,68J/cm
137
0 20 40 60 80
0
20
40
60
80
100
células não irradiadas células irradiadas
Sob
revi
vênc
ia, %
[MB], µM
( )
( )
Figura 36: Porcentagem de sobrevivência celular em função da concentração de MB,
amostras: células expostas a laser 665nm ( ) e no escuro ( ). Tempo de incubação=3h;
1.106células/mL; dose de luz = 1,73J/cm2.
Tabela XII: Coeficiente angular das curvas para células não irradiadas e irradiadas
da Figura 36 definido até 20µM de MB
Coeficiente angular
Curva células não irradiadas -0,21
Curva células irradiadas -4,38
138
Tabela XIII: Coeficiente angular das curvas para células não irradiadas e irradiadas
da Figura 35 definido até 10µM de CV
Coeficiente angular
Curva células não irradiadas -0,7
Curva células irradiadas -7,77
Note que a relação no valor de coeficiente angular das curvas (controle e
células irradiadas) é de aproximadamente vinte vezes para MB e de onze vezes para
CV, ou seja, as células irradiadas morreram numa taxa vinte vezes maior do que as
não irradiadas para MB e de onze vezes maior para células irradiadas com CV.
Para verificar se isto ocorre devido a diferença de absorção de luz nos
comprimentos de onda utilizados na excitação, determinou-se a absorção de luz no
comprimento de onda de excitação nas células. Os resultados encontram-se na
Tabela XIV.
Tabela XIV: Absorção de luz das drogas incubadas em células em comprimentos de
onda utilizados na irradiação
ελ x [droga] x % incorporação Absorção de luz (D.O.)
CV: 58638 532nm x 20 µM x 80% ~1
MB: 81600 665nm x 20 µM x 70% ~1
Note que ambas as drogas utilizadas apresentam absorção de luz
aproximadamente igual a 1 (D.O.) nos respectivos comprimentos de onda de
excitação. Isso significa que as populações de CV e de MB que absorveram fótons e
atingiram o estado excitado singlete foram similares. Ou seja, não há uma diferença
139
de absorção de luz e, portanto, a diferença na eficiência fotodinâmica é devido às
propriedades fotoquímicas de cada fotossensibilizador no ambiente celular.
Essas diferenças encontradas revelam que a fotoquímica seguida por cada
uma dessas drogas deve ser distinta. Dados reportados mostraram que a geração de
oxigênio singlete via excitação de CV incubado em células é baixa (em torno de
1%). No caso de MB, o rendimento quântico de geração de oxigênio singlete via
excitação de MB é grande (19% em células). Porém ambos causam morte celular
com eficiência (veja a seguir).
10.2 MECANISMO DE MORTE CELULAR NA PRESENÇA DE MB E CV
Freqüentemente o ponto final da apoptose é a separação da dupla fita de DNA
em regiões definidas entre os nucleossomos. Os fragmentos de DNA podem ser
observados no histograma de DNA como um pico subdiplóide ou também chamado
de pico sub-G1. Através da fluorescência do iodeto de propídio, que liga-se ao
DNA, é possível determinar o conteúdo de DNA na fase sub-G1. Esta fase indica a
presença de fragmentos de DNA, os quais são característicos de apoptose.
O gráfico de histograma do número de eventos (sinais de fluorescência acima
do ruído, ou seja células marcadas) em função do conteúdo de DNA de cada evento
(a ligação do IP é proporcional ao conteúdo de DNA) para células HeLa controle
(painel A), células irradiadas ausentes de fotossensibilizador (painel B), células
incubadas com MB e não irradiadas (painel C) e células incubadas com MB e
irradiadas (painel D) estão apresentados na Figura 37.
Note na Figura 37, células nas fases G0, G1, S, G2 e M. Nas fases G0/G1 e
G2/M não há aumento do conteúdo de DNA, por isso observa-se picos. O pico
G2/M apresenta maior intensidade de fluorescência de IP devido ao conteúdo de
DNA nestas fases ser o dobro daquele em G0/G1. A fase no histograma entre G0/G1
e G2/M representa células contendo quantidades intermediárias de DNA,
140
correspondendo, portanto, células que estão em processo de síntese de DNA, logo
fase S. Em condições ideais, o histograma apresentaria picos agudos para as fases
G0/G1 e G2/M. Porém, devido à inexatidão da medida de DNA, os picos são
alargados, veja Figura 37.
Veja também os valores de M1 na Figura 37. Este dado representa a região do
histograma que corresponde a células com núcleo sub-diplóide, os quais são típicos
de apoptose. O valor obtido para M1 é expresso em porcentagem de células com
núcleo sub-diplóide em relação à quantidade de célula total. Note que os valores de
M1 são baixos para as amostras ausentes de MB, Figura 37. Os valores de M1 em
até 6% indicam quantidade de núcleos sub-diplóides não significativamente alta para
inferir presença de apoptose. Isto indica que a dose de luz sozinha não causou dano
nestas células.
141
Figura 37: Fluorescência de DNA marcado com IP em células controle (painel A),
irradiadas (painel B), em células incubadas com 20µM MB não irradiadas (painel D) e em
células incubadas com 20µM MB irradiadas (painel D) após 14 da irradiação. Os picos G0,
G1, G2, S e M estão indicados na Figura. MI é a porcentagem de células com núcleo sub-
diplóides. M1=marca 1, região anterior ao pico de G1.
M1=4,1 M1=5,6
M1=39,2 M1=4,3
A B
C D
142
A Figura 37 painel C mostra DNA marcado com IP para células
administradas com MB não irradiadas. Note que o valor de M1 é aproximadamente
o mesmo obtido para células controle (painéis A e B) assim 20µM de MB no escuro
não causou dano às células. No entanto para células incubadas com MB na mesma
concentração seguidas de irradiação o valor do M1 é de 39% (painel D). A Figura 38
ilustra a porcentagem de apoptose em função da concentração de MB 14 e 36 horas
após a irradiação. Note que porcentagem M1 é maior nas amostras de 36 horas. A
apoptose é um processo lento pois requer tempo para que as alterações celulares
ocorram, sugerindo novamente a indução de apoptose em células tratadas com MB e
irradiadas.
Embora estes dados sugiram a presença de apoptose é ainda necessário um
estudo detalhado com outros marcadores para confirmar a indução de apoptose. De
maneira semelhante ao observado para MB, dados da literatura mostram que
corantes da classe triarilmetanos induzem apoptose em células após a incidência de
luz. Análise de citometria de fluxo mostraram sub-núcleos após a ação fotodinâmica
do corante azul vitória sobre células leucêmicas isoladas da medula de pacientes
com leucemia (Fiedorowicz 1997, Morgan 2000).
143
5 10 15 200
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Por
cent
agem
de
apop
tose
[MB], µM
14h 36h
Figura 38: Porcentagem de células HeLa apoptóticas em função da concentração de MB
para períodos de 14 ou 36 horas após irradiação.
10.3 GERAÇÃO DE ESPÉCIES EXCITADAS APÓS EXCITAÇÃO DOS
FOTOSSENSIBILIZADORES CV E MB EM CÉLULAS.
Como já comentado, realizou-se o estudo sobre a fotofísica e a fotoquímica
do CV em sistemas micelares (Oliveira et. al. 2006). Esses sistemas representam
modelos simplificados das membranas biológicas, o que tornou possível caracterizar
reações complexas deste corante no estado excitado. Observou-se tanto a geração de
radicais quanto de oxigênio singlete com rendimentos quânticos pequenos (~1%).
Muitos trabalhos da literatura estimam a produção de oxigênio singlete em
células de maneira indireta através da fotooxidação de sondas que reagem com o
oxigênio singlete (Wainwright 1997, Wagner 1998, Petrat 2003, Mellish 2002). As
medidas indiretas trazem artefatos devido a inespecificidade das reações de ROS e
144
oxigênio singlete frente a estes compostos. Para evitar estes problemas, optamos por
um método bastante sensível e que pode determinar diretamente a presença de
oxigênio singlete através de medidas de intensidade de emissão no infra-vermelho
próximo (1270nm). A emissão em 1270nm corresponde ao comprimento de onda de
máxima emissão de oxigênio singlete (Browne 1964).
A Figura 39 a emissão de oxigênio singlete em função do comprimento de
onda em células incubadas com CV na ausência e na presença de azida bem como
no branco. Note que em todas as curvas há uma variação de linha base que não deve
ser confundida com a emissão de oxigênio singlete. No caso das células incubadas
com água deuterada sem CV, a curva é idêntica àquela observada para água
deuterada pura indicando, como esperado, que não há emissão de oxigênio singlete.
No caso de células incubadas com CV há um pequeno aumento na emissão na região
de 1270nm que diminui na presença de azida. Embora este resultado seja
reprodutível, é difícil afirmar que realmente há emissão de oxigênio singlete nas
células tratadas com CV e não é possível quantificar esta emissão. Compare este
resultado com aquele observado em micelas (Figura 23 painel B). Pode-se, no
entanto, afirmar que a geração de oxigênio singlete nas células é muito pequena.
Na tentativa de quantificar esta emissão obteve-se o transiente de emissão em
1270nm em função da concentração de CV. A Figura 40 painel A ilustra a
intensidade de emissão de oxigênio singlete para células HeLa incubadas com CV.
Note que as diversas concentrações de CV empregadas não causaram diferenças na
intensidade de emissão de oxigênio singlete. Os dados deste experimento em
triplicata estão apresentados na Figura 40 painel B. A concentração de CV igual a
zero, representa células sob as mesmas condições experimentais das demais porém
ausentes de droga. Observe que a intensidade de emissão de oxigênio singlete é nula
nesta condição. Com o aumento na concentração de CV de 5 a 25µM, há um
aumento da intensidade de emissão com máximo em torno de 10µM. Novamente,
este resultado indica que oxigênio singlete é gerado mas em pequenas quantidades
que outras rotas reacionais sejam preferenciais para CV após sofrer excitação, como
145
já hipotetizado anteriormente (Baptista 1998).
Figura 39: Emissão do oxigênio singlete em função do comprimento de onda em células
HeLa incubadas com CV na presença e na ausência de azida. Tempo de incubação com
fotossensibilizador=3h, Tempo de incubação com azida=2h, 1.106 células/mL,
[azida]=10mM.
1100 1150 1200 1250 1300
200
400
600
Emis
são
λ, nm
D2O (branco semcélulas) D2O (branco com células)
[CV]=10µM: controle (CV em células) azida (CV em células acrescidas de azida)
1270
146
0 5 10 15 20 25
0
50
100
150
200
250
300
350
400
Inte
nsid
ade
emis
säo
de 1 O
2, u.a
.
[CV], µM
100 200 300 400 500
0
40
80
120
Inte
nsid
ade
do s
inal
de 1
O2, u
.a.
Tempo, µs
[CV] em µM: 5 10 20 25
branco
A B
Figura 40: Painel A: Transientes de emissão de oxigênio singlete em suspensão de células
HeLa incubadas com CV a diferentes concentrações. Painel B: Intensidade de emissão de
oxigênio singlete presente em células incubadas com CV a diferentes concentrações.
Tempo de incubação = 3h; 1.106 células/mL.
O mecanismo de formação de oxigênio singlete após excitação da molécula
de MB tem sido estudado pelo nosso grupo de pesquisa (Severino 2003, Junqueira
2002). Esta molécula ao ser excitada forma MB no estado singlete o qual sofre
cruzamento inter-sistemas, gerando MB no estado triplete, o qual reage com
oxigênio, gerando oxigênio singlete. O rendimento quântico de formação de
oxigênio singlete por este processo é grande, φ∆=0,5 (Tanielian 1995).
A Figura 41 painel A apresenta a emissão em função do comprimento de
onda na região do infra-vermelho próximo em células pré-incubadas com MB após
excitação luminosa com laser. Note que há um máximo de emissão em 1270nm.
Esse espectro é característico do oxigênio singlete, comprovando, portanto, a
147
presença de oxigênio singlete nas células incubados com MB e irradiados.
-- 5 -- 10 -- 20 -- 50 --
100
1000
Inte
nsid
ade
de e
mis
são
de 1 O
2, u.a
.
[MB], µM1200 1250 1300 1350
500
1000
1500
2000
Em
issã
o
λ, nm
branco[MB]=20µM:
controle azida
A B
Figura 41: Painel A: Emissão do 1O2 em função do comprimento de onda em suspensão de
células HeLa; amostras: branco: ausência de droga, controle: pré-incubação com MB,
azida: pré-incubação com MB e posterior adição de azida. Painel B: Intensidade de emissão
de oxigênio singlete presente em células incubadas com MB a concentrações crescentes.
Tempo de incubação com MB=3h, Tempo de incubação com azida=2h, 1.106 células/mL,
[azida]=10mM.
Um outro controle que foi realizado é medir a emissão na presença de um
conhecido supressor de oxigênio singlete. A azida é um supressor de oxigênio
singlete e atravessa membranas (Ibuki 2002, Pecci 1999, Ding 2004, Melnikova
1999). Muitos trabalhos na literatura utilizam azida para certificar da presença de
oxigênio singlete (Ibuki 2002, Ding 2004, Melnikova 1999). Assim, utilizamos
azida em células pré-incubadas com fotossensibilizador. Note que na presença de
azida houve diminuição da emissão do oxigênio singlete (Figura 41 painel A),
148
comprovando a geração de oxigênio singlete.
Para se certificar que o oxigênio singlete é gerado realmente no interior
celular, realizou-se experimentos de supressão de tripletes. Sabe-se que MB tem seu
estado triplete suprimido por ascorbato (Harmatz 1983). Ascorbato apesar da sua
hidrofilicidade atravessa membranas e pode se encontrar no ambiente celular, porém
a permeação é lenta, sendo necessários de 24 a 72 horas de incubação (Lee 2004,
Peterszegi 2002, Mazzorana 1993). Assim, em períodos curtos de incubação,
ascorbato encontra-se no ambiente extracelular. Utilizou-se, portanto, ascorbato para
avaliar se a geração de oxigênio singlete foi gerado intracelular. A Figura 42
apresenta os transientes de emissão em 1270nm obtido com MB em água deuterada
e em células. Note que em solução, o sinal de emissão de oxigênio singlete é
drasticamente reduzido na presença do ascorbato, Figura 42. Isto indica que
ascorbato suprime o triplete do MB, o que está de acordo com os dados anteriores
(Harmatz 1983). Como a velocidade de supressão do triplete de MB na presença de
ascorbato é grande, a reação do triplete de MB com oxigênio molecular é
desfavorecida, impedindo, portanto, a formação de oxigênio singlete, Figura 42.
A Figura 42 também apresenta o sinal dos transientes de emissão de oxigênio
singlete observado nas células incubadas com MB na presença e na ausência de
ascorbato. Note que a intensidade de emissão de oxigênio singlete permanece
constante para ambos os casos. Aumentou-se a concentração de ascorbato na
amostra (de 100 para 300µM) para certificar-se de que há supressor em quantidade
suficiente ou até em excesso para proporcionar supressão (concentrações menores de
ascorbato também foram testadas). Aumentou-se também o tempo de incubação do
ascorbato após a pré-incubação com a droga de 30 minutos para 2 horas e não
observou-se diferença no perfil do sinal. Este dado mostra que as moléculas de MB
que estão gerando oxigênio singlete estão presentes no interior das células e
consequentemente a geração de oxigênio singlete é intracelular. Dados recentes
mostram que oxigênio singlete em células, pode até mesmo atravessar a membrana
citoplasmática e se encontrar no meio exterior (Skovsen 2005).
149
50 100 150 2000
2000
4000
6000[MB]=10µM:
MB MB + 100µM ascorbato células controle células + 300µM ascorbato
Inte
nsid
ade
de e
mis
são
1270
nm
Tempo, µs
Figura 42: Transientes de emissão de 1O 2. Amostras: MB em D2O ( ........ ), MB na presença
de ascobarto ( ____ ), células pré-incubadas com MB (controle) ( _ . _ . _ . _ ), células pré-
incubadas com MB acrescidas de ascorbato ( -- ° -- ° -- ). Tempo de incubação com MB=3h,
tempo de incubação com ascorbato=30minutos ; 1.106 células/mL; [MB]=10µM.
Verificou-se também o efeito da concentração de MB sobre a geração de
oxigênio singlete (Figura 41 painel B). Observe que com o aumento da concentração
de MB há um aumento na intensidade de emissão de oxigênio singlete. A quantidade
absoluta de MB incorporada por célula é tanto maior quanto maior a concentração
de MB incubada, por isso a porcentagem de incorporação é constante veja Figura
29. Assim, a amostra com maior concentração absoluta de MB intracelular ao ser
excitada gera uma maior população de MB no estado excitado e portanto reage com
um número maior de moléculas de oxigênio molecular, resultando numa maior
150
produção de oxigênio singlete, (Figura 41 painel B).
Uma vez caracterizada a presença de oxigênio singlete diretamente nas
células, a determinação da eficiência de geração de oxigênio singlete (η∆) é um dado
fundamental para compararmos a fotoatividade de CV com MB no meio
intracelular.
A Figura 43 apresenta os decaimentos de oxigênio singlete obtidos em células
incubadas com CV ou MB e em solução etanólica de MB. O φ∆ em solução
etanólica de MB é 0,5 (Tanielian 1995). Estimou-se o η∆ em células, veja Tabela
XV.
Tabela XV: Eficiência de geração de oxigênio singlete em diferentes meios:
Meios [droga] em µM η∆ (a)
CV em HeLa [CV]=20 0,008
MB em HeLa [MB]=20 0,185
MB em etanol [MB]=20 0,500(b)
MB em HeLa [MB]=50 0,130
(a) Os valores são obtidos comparando-se dados experimentais com o valor do Φ∆ em
solução etanólica de MB, que estão descritos na literatura (Baptista 1998, Tanielian
1995). O termo eficiência de geração de oxigênio singlete (η∆) foi utilizado por não
ter sido considerado o espalhamento das células na solução para o cálculo e
portanto não se trata de um rendimento quântico (φ∆).
(b) Tanielian 1995
Estes dados revelam inicialmente que o η∆ em células incubadas com MB é
maior do que o obtido para células com CV, sendo que o mesmo comportamento é
observado em solução isotrópica e em sistemas microheterogêneos. O valor de η∆
obtido para CV é extremamente pequeno, comparável com o φ∆ obtido em micelas
reversas (0,01, Figura 43). Este valor pequeno de η∆ pode ser explicado pelo fato de
estar envolvido em várias reações no estado excitado nas quais há formação de
151
radicais livres, entre eles o CV•, CV2+•, O2-• entre outros intermediários (Bhasikuttan
2002, Bhasikuttan 1995, Indig 2000, Li 1999).
0 100 200 300 400 500
1
10
100
1000
10000
Inte
nsid
ade
do s
inal
de
1 O2, u
.a.
Tempo, µs
MB em etanol
100 200 300
10
100
1000
Inte
nsid
ade
do s
inal
de
1 O2,
u.a.
Tempo, µs
MB em células
100 200 300 400
10
100
Inte
nsid
ade
do s
inal
de
1 O2, u
.a.
Tempo, µs
CV em células
Figura 43: Transientes de emissão de 1O2 em solução etanólica de MB e em suspensão de
células incubadas com CV ou MB. [droga]=20µM, Tempo de incubação=3h,
1.106células/mL (As setas indicam os valores de intensidade de emissão utilizados para
determinação dos valores de ν∆ ou φ∆).
No caso de MB, os valores de η∆ em células (0,10 a 0,20) são menores do que
152
aqueles observados em solução isotrópica (0,5). No entanto, são valores de
η∆ consideráveis indicando que oxigênio singlete deve ter papel fundamental na
fotoquímica de MB em meios celulares.
Os estudos da fotoquímica de MB em meios micelares e vesículas realizados
pelo nosso grupo revelaram que esta droga apresenta fotoquímica diferenciada
conforme o seu estado de agregação (Junqueira 2002 e Severino 2003). Na forma
monomérica, MB triplete reage com oxigênio molecular formando oxigênio
singlete, sendo esta a principal rota de desativação. Porém quando MB forma
dímeros, as reações de transferência de elétrons são favorecidas, formando espécies
semi-reduzidas ou semi-oxidadas. Assim, a formação de oxigênio singlete nesta
situação é menor. Os dados realizados com células corroboram com os obtidos em
meios miméticos (Tabelas X e XV). Ao se aumentar a concentração de MB, há uma
redução de 30% no valor de η∆ (0,185 comparado com 0,130). Isto se deve,
provavelmente, ao estado de agregação de MB. Em baixas concentrações, MB está
preponderantemente na forma de monômeros em células (Figura 32, D/M igual a
0,6), a formação de oxigênio singlete nesta situação é favorecida, Tabela XV. Na
concentração de MB igual a 50µM a relação D/M é de aproximadamente 0,9 (Figura
32). Ou seja, os dímeros presentes nesta situação reagiram por transferência de
elétrons, o que provoca uma diminuição no valor de η∆, Tabela XV.
10.4 MECANISMO FOTOQUÍMICO DOS FOTOSSENSIBILIZADORES CV E
MB EM CÉLULAS
Os dados de sobrevivência celular após excitação eletrônica indicam que há
formação de espécies excitadas capazes de culminar com a morte celular.
Identificou-se que MB após excitação eletrônica favorece a geração de oxigênio
singlete (Figuras 41 e 42). A estimativa do η∆ é de 20% em células incubadas com
MB, vide Tabela XV. Neste caso grande parte da energia de excitação está sendo
153
convertida para formação de oxigênio singlete. Portanto, tem-se favorecimento do
mecanismo tipo II. Com o aumento da concentração de MB ocorre o aumento da
concentração de dímeros diminuindo η∆ para em torno de 10%.
Estudos realizados por nós em micelas reversas e dados da literatura indicam
que CV, quando ligado em sítios que impeçam o movimento dos seus anéis
aromáticos e após excitação eletrônica, desencadeia principalmente reações de
geração de radicais livres (Oliveira 2005, Naguib 1986, Li 1999, Kitagawa 1999,
Reszka 1986) embora oxigênio singlete tenha sido detectado em micelas reversas.
Os radicais observados nos sistemas estudados foram principalmente CV· e CV2+·. Além disso, observou-se que estes radicais reagem com oxigênio molecular
proporcionando formação de O2-· e OH· (Naguib 1986, Li 1999, Kitagawa 1999,
Reszka 1986). Estes compostos são extremamente tóxicos e podem culminar com a
morte celular.
As Figuras 39 e 40 mostram que CV após excitação proporciona uma discreta
formação de oxigênio singlete em células. A Figura 35 mostra que CV após
excitação eletrônica proporciona morte celular eficientemente. Uma vez que CV não
é uma eficiente droga geradora de oxigênio singlete, é possível que a morte celular
observada ocorreu devido à presença de radicais livres. Assim, provavelmente a
morte celular observada anteriormente (Figura 35) deve-se à formação destes
radicais. Com os dados apresentados em células e os obtidos em micelas reversas e
com a literatura é possível inferir que CV atua pelo mecanismo tipo I. No entanto,
embora CV possa gerar outras espécies reativas o rendimento total deve ser ainda
pequeno quando comparado com MB pois grande parte da energia de excitação
luminosa é perdida na forma de calor (decaimento não radiativo). Uma possível
razão para explicar o fato de que a atividade fotodinâmica do CV ser próxima da
observada para MB (Figuras 35 e 36) pode estar relacionada com os padrões de
citolocalização. Diferentes mecanismos de resposta celular podem ser acionados
dependendo da localização da droga e da sua ação intracelular. Como por exemplo,
resposta celular apoptótica pode estar relacionada com a fotoação de drogas que
154
localizam em mitocôndrias e lisossomos (Plaetzer 2005, Barge 2004, Lemasters
2005, Kessel 1997, Lam 2001).
10.5 LOCALIZAÇÃO SUBCELULAR DE CV E MB EM CÉLULAS HELA
Microscopia ótica e eletrônica têm se tornado ferramentas importantes para o
estudo do efeito de PDT sobre o ambiente celular. Por exemplo, tem sido possível
identificar a localização de fotossensibilizadores em células com o uso da
microscopia confocal (Gorman 2004, Kapsokalyvas 2005). A verificação de células
sadias (anteriormente) e danificadas (posteriormente) à aplicação de hematoporfirina
e luz foi verificada por microscopia de contraste de fase (Waki 2005). Com o uso da
microscopia eletrônica de transmissão identificou-se em detalhe dano em
mitocôndrias e núcleos de neurônios após PDT (Uzdensky 2002).
Neste trabalho, utilizou-se a técnica microscopia de fluorescência para
identificar a localização subcelular dos fotossensibilizadores CV e MB em células
HeLa.
A Figura 44 apresenta a imagem de uma célula incubada com R123
(marcador de mitocôndrias veja Materiais e Métodos). Veja que há diversas
marcações as quais correspondem às mitocôndrias da célula HeLa. Para investigar se
a localização de CV é mitocondrial, células HeLa foram incubadas com R123 e com
CV. A Figura 45 apresenta as imagens da fluorescência dos corantes na mesma
célula separadamente (painéis A e B) e a sobreposição das imagens destes mesmos
corantes obtida (painel C). Note que a fluorescência de CV delineia regiões
específicas na célula semelhantes às obtidas por R123. A imagem de sobreposição
apresenta a colocalização da imagem obtida de CV com a de R123. Note que a cor
da imagem obtida é amarela, indicando a colocalização perfeita das imagens de CV
com a de R123, Figura 45 painel C. A análise da colocalização das áreas integradas
da imagem de R123 e da imagem de CV (veja Materiais de Métodos) apresenta
155
valor igual a 0,99. Este valor indica que 99% da área delineada por R123 coincide
com a obtida por CV, ou seja, CV apresenta a mesma citolocalização que R123.
Portanto, CV encontra-se preferencialmente em mitocôndrias.
Figura 44: Micrografia de célula incubada com R123. [R123]=200nM.
Para confirmar este padrão de localização subcelular, células foram pré-
incubadas com R123 e posteriormente à obtenção de imagens com este marcador, as
células foram expostas à uma solução tampão de CV e imagens de fluorescência
foram obtidas em função do tempo (Figura 46). Note que as mitocôndrias foram
devidamente marcadas por R123 na ausência de CV. Quando CV foi introduzido à
amostra, as células captaram este corante e a fluorescência do mesmo foi observada,
sendo que a intensidade da fluorescência de CV aumentou em função do tempo.
Com tempo de exposição igual a seis minutos é possível observar a captura de CV
pela célula. Note também que a imagem de CV obtida é semelhante à obtida por
R123, indicando a citolocalização mitocondrial de CV nesta célula.
Após um certo período de exposição a CV (cerca de 6 minutos), nota-se que a
fluorescência de R123 torna-se difusa (Figura 46). Como a concentração de CV
156
utilizada neste experimento ([CV]=500nM) foi mais alta que a do experimento
descrito na Figura 45 ([CV]=100nM), ocorreu uma mais alta incorporação de CV.
Esta alta incorporação de CV provocou um desbalanceio da diferença de potencial
mitocondrial pois trata-se de cargas positivas que são captadas para matriz
mitocondrial diminuindo o potencial mitocondrial. R123 que é atraído somente pelo
potencial mitocondrial, tem a sua distribuição difusa na sua ausência ou redução do
potencial mitocondrial.
Figura 45: Micrografias de célula incubada com R123 e CV. Painel A: CV e painel
B: R123. Painel C: Sobreposição das imagens obtidas por R123 e por CV.
[CV]=100nM e [R123]=100nM
A B
C
157
Somente R123
0
CV adicionado à amostra:
2 min
4 min
6 min
10 min
20 min
Figura 46: Micrografias de célula incubada com R123 e posteriormente com CV em função
do tempo. Imagens em verde: R123, imagens em vermelho: CV. [CV]=500nM e
[R123]=100nM.
158
Para confirmar estes dados, utilizou-se o desacoplador valinomicina. A
valinomicina é um antibiótico carreador dos íons K+. Esta molécula é cíclica e
dispõe de seis átomos de oxigênio em volta do centro da molécula. Os átomos de
oxigênio quelam o K+. A periferia da molécula é hidrocarbonada (grupos metila e
isopropila) que torna o complexo íon-carreador solúvel no interior da bicamada
lipídica, permitindo portanto o transporte do íon através da membrana. Além disso,
o centro de coordenação encaixa perfeitamente o íon K+ que é grande (r=1,33Å) e
não Na+ que é pequeno (r=0,95Å). Assim, esta molécula não transporta íons Na+
(entre outros íons com raios pequenos), o que a torna praticamente específica para
K+. Na presença de valinomicina a distribuição de K+ segue de acordo com a
equação de Nernst (Nelson 2002, Voet 1995, Nicholls 1982).
As células foram então incubadas com o marcador R123 ou com CV e
posteriormente adicionou-se a valinomicina, os resultados encontram-se na Figura
47. Note que a fluorescência de R123 torna-se difusa após a adição de valinomicina
em função do tempo. Como valinomicina reduz a diferença de potencial
eletroquímico mitocondrial, R123 não sofre atração para este sítio e portanto
difunde-se para o citoplasma apresentando uma fluorescência espalhada por toda a
célula, Figura 47. A fluorescência de CV também encontra-se espalhada pelo
citoplasma, porém de uma maneira mais discreta que a observada para R123, Figura
47. Note que o grau de espalhamento para R123 é maior que o obtido para CV, vide
Figura 47. Isto indica que a atração de CV pela mitocôndria foi reduzida ao alterar-
se a diferença de potencial mitocondrial, porém parte do CV encontra-se ainda
ligado à mitocôndria. Ou seja, a força atrativa de ligação de CV em mitocôndrias é a
diferença de potencial mitocondrial, contudo uma vez neste sítio, há outras
características estruturais que garantem a permanência de uma parte significativa de
CV em mitocôndrias, mesmo após a alteração no potencial.
A baixas concentrações de CV observou-se que o mesmo encontra-se em
mitocôndrias. Porém, evidências experimentais de CV em células mostraram que o
efeito fotodinâmico é mais efetivo em concentrações mais elevadas de CV. Assim,
159
para observar o efeito da concentração de CV sobre a sua citolocalização, um estudo
com diversos marcadores foi realizado.
500nM de valinomi- cina
R123 200nM:
CV 200nM:
500nM valinomicina
Figura 47: Micrografias de células
incubada com R123 ou com CV
acrescidas de valinomicina conforme
indicado. Imagens em verde: R123,
imagens em vermelho: CV.
[CV]=200nM e [R123]=200nM.
160
A Figura 48 apresenta imagens obtidas com a incubação do marcador bodipy
TR-C5 e com CV (painéis A e B). O bodipy TR-C5 é um marcador para complexo
de golgi. Note que ambos apresentam imagens delineando locais específicos na
célula e que não coincidem entre si, Figura 48. A sobreposição das imagens está
apresentada na Figura 48 painel C. Note que as imagens não colocalizam. A
concentração de CV utilizada foi relativamente alta ([CV]=300nM) e mesmo nesta
situação não houve incorporação de CV pelo complexo de golgi. Isto indica que CV
não se localiza no complexo de golgi.
Utilizou-se também o marcador para núcleo H33342 (Kessel 1998). Imagens
somente com o marcador foram obtidas (Figura 49 painéis A e B). Note que o
H33342 definiu a região do núcleo das células (Figura 49 painel B). Posteriormente,
células foram incubadas com o marcador H33342 e com CV. A Figura 49 (painéis C
e D) apresenta as imagens obtidas para incorporação de CV e de H33342 em células.
Note que as imagens obtidas para estes corantes são bem distintas. O que indica que
CV não localiza em núcleos celulares.
Além desses marcadores, utilizou-se também o marcador para lisossomos
Lysotracker. A Figura 50 mostra as imagens de CV (painéis B, C, E e F) e de
Lysotracker (painéis A, C, D e F) em células. Note que o perfil de localização destes
corantes é bem distinto. Medidas da porcentagem de sobreposição das áreas
integradas das imagens de fluorescência dos dois corantes revelam que não há
colocalização, ou seja, CV não se localiza em lisossomos, veja Figura 50.
Experimentos de identificação da localização de CV no ambiente celular
foram realizados com concentrações de até 10µM de CV. No entanto, não foram
observadas mudanças significativas no perfil de localização de CV. Portanto CV
mesmo a altas concentrações apresenta como principal foco intracelular as
mitocôndrias. É importante ressaltar que CV não localiza em núcleos mesmo à altas
concentrações, isto é uma característica vantajosa desta droga, pois não apresenta
ligação ao DNA e consequentemente evita o efeito colateral de mutagenicidade.
161
Figura 48: Micrografias de células incubadas com CV e Bodipy TR-C5. Painel A: CV e
painel B: Bodipy TR-C5. Sobreposição das imagens obtidas por CV e Bodipy (painel C), a
cor de Bodipy foi alterada para cinza para facilitar a visualização com o vermelho.
[CV]=300nM, [bodipy]=1µM.
A
C
B
162
Figura 49: Micrografias de células incubadas com H33342 (painéis de A a D) e com CV
(painéis C e D). Sobreposição de imagens (painéis B e D). [CV]=300nM e
[H33342]=300nM.
A B
D C
163
Figura 50: Micrografias de células incubadas com Lysotracker e CV. Lysotracker: painéis
A, C, D e F. CV: painéis B, C, E e F. [CV]=500nM e [Lysotracker]=100nM.
Alguns estudos sobre a citolocalização de MB em células já foram realizados
(Mellish 2002, Rück 1992, Stockert 1996). Verificou-se que MB está presente em
lisossomos (Mellish 2002, Rück 1992) ou em microtúbulos (Stockert 1996). Porém
estes experimentos foram realizados em altas concentrações de MB ([MB]= 5 a
55µM) (Mellish 2002, Rück 1992). Como os dados são conflitantes e como a
localização de MB depende do tipo de célula (Rice 2000), resolveu-se identificar o
alvo primário da localização de MB em células HeLa, ou seja, a citolocalização a
baixas concentrações.
Para verificar se MB possui localização lisossomal a baixas concentrações,
células foram incubadas com MB a 300nM e com o marcador para lisossomos
A
D E F
C B
164
Lysotracker. A Figura 51 apresenta as imagens obtidas para Lysotracker (painel A),
MB (painel B) e sobreposição (painel C). Note que não houve aparecimento da
fluorescência de MB, veja Figura 51 painel B. Tomou-se o cuidado que os filtros
utilizados garantiriam a excitação no comprimento de onda de máxima absorção de
MB fundamental e emissão no comprimento de onda de máxima fluorescência de
MB no estado excitado. A dificuldade da localização deste fotossensibilizador em
células HeLa também já foi verificada anteriormente (Cañete 1993). A provável
explicação para tal fenômeno (Figura 51) é a redução de MB no meio intracelular,
formando leuco-MB, que não é fluorescente.
Diversos dados da literatura sugerem a redução intracelular de MB. Em
células, sabe-se que o doador de elétrons NAD(P)H pode reduzir o MB (Tuite
1993). Foi reportado que células cancerosas têm maiores concentrações de
NAD(P)H do que células normais (Schwartz 1974). Além disso, células cancerosas
possuem menos superóxido dismutase que as normais (Oberley 1979). Esse
conjunto de características em tais células pode facilitar a redução de MB neste
meio. A redução de MB por xantina oxidase tem sido também reportada (Salaris
1991). Esta enzima tem sido caracterizada como fonte primária de radicais de
oxigênio tóxicos em muitas doenças, como artrite e mal de Parkinson. Verificou-se
que MB suprime a produção de radical superóxido agindo como aceptor de elétrons
para xantina oxidase, inibindo competitivamente a redução de oxigênio molecular a
radical superóxido (Salaris 1991). Este estudo mostra a capacidade de redução de
MB por alvos biológicos, formando leuco-MB.
Para testar esta hipótese, empregou-se oxidante na amostra de MB em
células. O oxidante provoca a oxidação do leuco-MB a MB e portanto se MB a
baixas concentrações estiver em lisossomos, a sua fluorescência será observada.
O íon Fe3+ é transportado para o interior das células por uma proteína
chamada transferrina (Sun 1987, Ly 2003, Parkers 1994, Pandolfo 2002). A
transferrina captura íons Fe3+ e os libera nos lisossomos (Guilbert 1976, Octave
1983). Assim para verificar se MB é reduzido em lisossomos, cloreto férrico foi
165
adicionado à amostra. Além disso, aumentou-se a concentração de transferrina no
meio de incubação para garantir um aumento no transporte de íons Fe3+ para os
lisossomos (Guilbert 1976, Freshney 2000).
Figura 51: Micrografias de células incubadas com MB e Lysotracker. Lysotracker: painéis
A e C; MB: painéis B e C. Painel B corresponde excitação no comprimento de onda 635nm
e a emissão no comprimento de onda 685nm, os quais correspondem aos máximos de
absorção e de emissão de MB. [MB]=300nM e [Lysotracker]=100nM.
A Figura 52 mostra a sobreposição das imagens obtidas por célula incubada
com Lysotracker e com MB, painéis A e B. Apesar da sobreposição das imagens
observa-se apenas a fluorescência do Lysotracker (painéis A e B). Acrescentou-se
íons Fe3+ ao meio de incubação e após um período obteve-se a imagem do painel B
A B C
166
Figura 52. Observe que mesmo após a adição de íons Fe3+ não houve aparecimento
da fluorescência de MB. Isto indica que MB em baixas concentrações não deve estar
presente em lisossomos.
Figura 52: Sobreposição de micrografias de células incubadas com Lysotracker e com MB
em meio com alta concentração de transferrina (painéis A e B). A fluorescência vermelha
de MB não é observada em ambos os painéis. Acrescentou-se FeCl3 e após um período
obteve-se imagem do painel B. [MB]=300nM; [Lysotracker]=100nM; [FeCl3]=1µM;
[transferrina]=0,52mg.mL-1 ([transferrina] usual no meio=0,36mg.mL-1).
A B
FeCl3
Meio com alta concentração de transferrina
167
Também realizou-se este experimento incubando Lysotracker, MB e FeCl3
juntos em meio com alta concentração de transferrina. Após período de incubação,
imagens foram obtidas e novamente não se observou fluorescência de MB (dados
não apresentados).
Para verificar se MB a altas concentrações encontra-se em lisossomos, as
células foram incubadas com MB e lysotracker, vide Figura 53. Esta Figura
apresenta a imagem de Lysotracker (painel A), de MB (painel B) e a colocalização
(painel C). Note que nesta condição experimental ([MB]=20µM) foi possível
observar a fluorescência de MB. Além disso, o perfil de localização da fluorescência
de MB coincide com a do Lysotracker (painel A e B da Figura 53). Sendo
confirmado pela sobreposição das imagens (painel C), a qual forneceu colocalização
próxima a 100% (sobreposição das áreas integradas igual a 0,97). Isto indica que
MB a altas concentrações encontra-se em lisossomos. Isto está de acordo com a
literatura, em que se observou a localização de MB em lisossomos em células
diferentes da célula por nós empregada (Rück 1992 e Mellish 2002).
168
Figura 53: Micrografias de célula incubada com Lysotracker e MB (painéis de A a C).
Painel A: Lysotracker e painel B: MB. Painel C: sobreposição das imagens de Lysotracker
e MB. [MB]=20µM [Lysotracker]=100nM.
Porém se MB encontra-se em lisossomos somente a altas concentrações, resta
saber qual é o alvo intracelular primário de MB. Empregou-se, portanto, diversos
marcadores intracelulares. A Figura 54 apresenta as imagens de células incubadas
somente com R123 (painel A) e posterior adição de MB (painel B). Novamente não
se observou fluorescência de MB (dado não apresentado), conforme já verificado
A
C
B
169
anteriormente para baixa concentração deste fotossensibilizador (Figuras 51 a 53).
Porém note que a fluorescência de R123 torna-se difusa com a adição de MB, veja
painel B da Figura 54. Isto indica que houve uma perturbação no ambiente
mitocondrial de forma que R123 vazou para o citoplasma. Como a incorporação de
R123 é mediada via potencial eletroquímico da mitocôndria, o vazamento de R123
indica alteração no potencial mitocondrial. Como o MB tem carga positiva, a
entrada desta molécula na matriz mitocondrial provoca um desbalanceio no
potencial mitocondrial. Consequentemente a R123 torna-se menos atraída pela
matriz, sofrendo vazando para o citoplasma. Isto indica que MB deve localizar na
matriz mitocondrial. O perfil de fluorescência difusa de R123 após adição de MB é
semelhante ao observado quando CV é adicionado ao meio contendo R123 (Figura
46), o que é indicativo de que ambos os corantes encontram-se na matriz
mitocondrial.
Estudos com mitocôndrias isoladas de fígado de rato demonstraram que MB
é eficientemente capturado pelas mitocôndrias (Gabrielli 2004). A força propulsora
para a atração é o potencial mitocondrial. Porém uma vez nas mitocôndrias, MB
sofre redução, sendo necessário a utilização de oxidantes para observar a sua
fluorescência (Gabrielli 2004). Confirmando os dados obtidos na Figura 54.
A Figura 55 apresenta células incubadas com R123 (painel A) e com alta
concentração de MB (painel B). Nota-se o aparecimento da fluorescência de MB.
Porém a imagem observada de MB não apresenta o mesmo perfil de localização da
obtida por R123. Isto indica que MB está localizado em outro compartimento
celular. Como já verificado anteriormente, MB a altas concentrações localiza-se em
lisossomos, Figura 53. Além disso, note que a fluorescência de R123 encontra-se
difusa, Figura 55 painel A. Isto é indicativo da presença de MB nas mitocôndrias,
provocando despolarização do potencial das mesmas e conseqüente vazamento de
R123, Figura 55 painel A. Portanto, MB a altas concentrações encontra-se
primariamente em mitocôndrias e em lisossomos.
170
Figura 54: Micrografias de célula incubada com R123 (painel A) e posteriormente com MB
(painel B). [MB]=300nM e [R123]=100nM.
Figura 55: Micrografias de células incubadas com R123 e com MB (painéis A e B). Painel
A: R123, painel B: MB. [MB]=20µM; [R123]=100nM.
B A B
Adição de MB
A B
171
Marcadores de diferentes alvos intracelulares também foram utilizados com
MB. A Figura 56 apresenta diversos marcadores incubados juntos com MB a baixa
concentração, painel A e B. Novamente não há fluorescência notável de MB. A
fluorescência de R123 encontra-se difusa (painel A) e a dos demais marcadores
apresentam o típico perfil destes (painel B). Isto demonstra que MB provocou
perturbação somente na fluorescência de R123, provavelmente porque MB se
encontra no mesmo sítio de ligação deste marcador. Portanto, MB a baixas
concentrações localiza-se somente em mitocôndrias.
Figura 56: Micrografias de células incubadas com R123, H33342, Lysotracker e MB
(painéis A e B). Painel A: R123, painel B: H33342 e Lysotracker. [H33342]=300nM,
[R123]=100nM, [Lysotracker]=100nM, [MB]=200nM.
Para verificar o perfil de localização de MB a altas concentrações, realizou-
experimento com diversos marcadores e MB. A Figura 57 apresenta as imagens
obtidas nos diferentes painéis (A) MB, (B) Lysotracker, (C) H33342 e (D) R123.
Nota-se que quando em altas concentrações de MB é possível verificar sua
fluorescência intracelular (painel A). A imagem adquirida pela fluorescência de MB
A B A B
172
é semelhante à obtida por lisossomos (painel B). Portanto, MB em altas
concentrações está presente em lisossomos. Porém nota-se fluorescência difusa de
R123 (painel D), indicando sua localização mitocondrial. Ou seja, em altas
concentrações, MB localiza-se em mitocôndrias e em lisossomos.
Figura 57: Micrografias de células incubadas com R123, H33342, Lysotracker e MB
(painéis A a D). Painel A: MB, painel B: Lysotracker, painel C: H33342 e painel D: R123.
[H33342]=300nM, [R123]=100nM, [Lysotracker]=100nM, [MB]=20µM.
A B
C D C D
173
11. CONCLUSÕES FOTOSSENSIBILIZADORES CV E MB EM CÉLULAS
Ambos os fotossensibilizadores CV e MB apresentaram altas taxas de
incorporação. Esses dados indicaram que ambos corantes são captados pela célula
com alta eficiência. Isto deve-se à carga positiva que ambos os corantes possuem,
que causa atração destes para com o meio celular que possue ambiente interior
negativo (Daum 1985, Mannella 2006, Hauff 2006). No caso de MB, há
favorecimento da formação de dímeros deste composto em células quando a
concentração de MB é alta no meio de incubação. Este resultado é importante para
analisar os dados da fotoquímica de MB em células, uma vez que o estado de
agregação de MB altera os processos fotofísicos e fotoquímicos no estado excitado,
como já verificado pelo nosso grupo (Junqueira 2002, Severino 2003). O
fotossensibilizador CV não forma agregados em células.
Ensaios de toxicidade no escuro mostraram que estes fotossensibilizadores
não são tóxicos a baixas concentrações.
Verificou-se a localização dos fotossensibilizadores CV e MB em células
HeLa. A citolocalização primária destes fotossensibilizadores é a matriz
mitocondrial. Ambos apresentam cargas positivas e portanto são atraídos pelo
potencial negativo na matriz mitocondrial. Ao aumentar a concentração, o perfil de
localização é alterado. Para CV, o corante permanece na mitocôndria ou extravasa
para o citoplasma sem um sítio específico de localização. Já MB direciona-se para
lisossomos. Trabalhos na literatura também verificaram a presença de MB em
lisossomos, mas não investigaram o efeito da concentração sobre a citolocalização.
Além disso, a redução de MB por biomoléculas não foi considerada, gerando falsas
interpretações nestes trabalhos (Mellish 2002, Rück 1992).
Uma característica considerável de ambos os fotossensibilizadores é o fato de
que não se localizam em núcleo celular. Mesmo a altas concentrações, nenhum dos
fotossensibilizadores estudados localizou em núcleos. Como a incorporação de
moléculas fotoativas num organismo vivo ocorre em todas as células (sendo
174
principalmente capturadas por células cancerosas), a ligação de moléculas em
núcleos pode causar mutagênese nas células normais. Isto é um efeito colateral
danoso. Portanto a não ligação de MB e CV em núcleos mesmo a altas
concentrações é uma vantagem notável.
Uma vez estabelecido que tais corantes entram nas células e como estes
encontram-se neste meio, investigou-se a fotoquímica que os mesmos apresentam
em células ao serem excitados. Dados de emissão no infra-vermelho próximo
revelaram que MB proporciona formação de oxigênio singlete em células incubadas
com este fotossensibilizador. A formação do oxigênio singlete em células foi
confirmada através da supressão do triplete de MB. Tal supressão ocorre
prontamente em soluções isotrópicas mas não se observou o mesmo em células, o
que indica que o triplete de MB está no meio intracelular. MB proporciona formação
de oxigênio singlete eficientemente, (o rendimento quântico de emissão de oxigênio
singlete via excitação de MB é 19% comparado com 1% o proporcionado por CV
em células). Já o CV proporciona discreta geração de oxigênio singlete após a
excitação luminosa.
Os experimentos de sobrevivência celular indicaram morte celular após
incidência de luz em célula pré-incubadas com os fotossensibilizadores. Além disso,
há aumento de morte celular com o aumento da concentração de MB e CV até
atingir uma determinada concentração, a partir da qual concentrações superiores não
causam aumento na morte das células. O efeito fototóxico, contudo, é diferenciado
de acordo com o fotossensibilizador. O efeito fototóxico em relação a células não
irradiadas é de 20 vezes para MB e 10 vezes para CV. CV apresenta um grande
valor de rendimento quântico não radiativo. Isto contribui para a perda de parte da
energia, na forma de calor. Portanto a eficiência de geração de espécies tóxicas
principalmente radicalares é pequena. Já MB possui altos rendimentos quânticos de
cruzamento inter-sistemas e de geração de oxigênio singlete, assim a energia
absorvida pela molécula de MB está principalmente envolvida em reações
fotoquímicas culminando na formação de espécies tóxicas capazes de destruição
175
celular.
Sabe-se que oxigênio singlete é o principal composto citotóxico (Weishaupt
1976, Henderson 1992 Kessel 1996, Smith 1992, Deuticke 1989, Salet 1990, Salet
1991), esta molécula oxida proteínas e membranas culminando com a morte celular
(Henderson 1992, Weishaupt 1976). Como verificamos geração de oxigênio singlete
em células (Figuras 41 e 42) e morte celular após excitação de MB apresentada
anteriormente (Figura 36 a 38), assim podemos inferir que a morte celular observada
deveu-se a geração de oxigênio singlete. Além disso, dados da literatura mostram
que oxigênio singlete desencadeia morte do tipo apoptótica (Kochevar 2000, Xue e
Chiu 2001). Verificou-se formação de oxigênio singlete em células incubadas com
MB após excitação, veja Figura 41. Dados realizados com células incubadas com
MB seguidas de excitação luminosa mostraram a presença de DNA fragmentado,
revelando um provável processo apoptótico (Figuras 37 e 38). Estes resultados
revelam evidências de que este fotossensibilizador deve favorecer este tipo de morte
nas condições realizadas. Este tipo de morte é o preferencial para PDT, uma vez que
a apoptose é uma morte fisiológica e que, portanto, não induz processos
inflamatórios (Henderson 1992).
A apoptose é ainda dependente da concentração da droga no meio celular.
Este aumento de morte por apoptose provavelmente deve-se ao aumento de dano
oxidativo, provocado pelo oxigênio singlete. Tendo-se um valor de 60% de células
apoptóticas ao administrar 20µM de MB. Porém para células que não sofrem
irradiação, esta concentração de MB não é significativamente tóxico.
Concluindo, os dados revelaram que MB apresenta distribuição celular pouco
específica e dependendo da concentração pode formar dímeros. A sua alta geração
de oxigênio singlete indica que o mecanismo principal de ação desta droga é do tipo
II. Já CV tem distribuição mitocondrial. A baixa geração de oxigênio singlete e a
formação de radicais observados nos estudos em micelas reversas fazem concluir
que seu mecanismo de ação é pelo tipo I com baixa eficiência. Apesar dos
mecanismos serem diferentes, a eficiência fotodinâmica final destes
176
fotossensibilizadores é semelhante. Os dados sugerem que a baixa eficiência na
geração de espécies tóxicas e a maior especificidade na localização mitocondrial
fazem com que a eficiência fotodinâmica de CV em modelos de células HeLa seja
semelhante à do MB.
177
12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- Abedin, K. M.; Ye, J. Y.; Inouye, H.; Hattori, T.; Sumi, H.; Nakatsuka, H. J.
Chem. Phys. 1995, 103, 6414.
- Adamson, A. W.; Gast, A. P. Physical Chemistry of Surfaces; Wiley-Interscience:
New York, 1997.
- Albert, A. Selective Toxicity. The Physico-Chemical Basis of Therapy, 6th ed.;
Chapman and Hall: London, U.K., 1981, p. 338.
- Al Rabaa, A. R.; Tfibel, F.; Merola, F.; Pernot, P.; Fontaine-Aupart, M. J.Chem.
Soc. Perkin Trans. 2 1999, (2), 341.
- Agarwal, R.; Zaidi, S. I. A.; Athar, M.; Bickers, D. R.; Mukhtar, H.; Arch. Biochem.
Biophys.; 1992, 294, 30.
- Akilan, C.; Hefter, G.; Rohman, N.; Buchner, R. J. Phys. Chem. B 2006, 110, 14961.
- Allen, N. S.; Mohajerani, B.; Richards, J. T. Dyes Pigm. 1981, 2, 31.
- Aniansson, E. A. G.; Wall, S. N. J. Phys. Chem. 1974, 78, 1024.
- Arce, R.; Garcia, C.; Oyola, R.; Pinero, L.; Nieves, I.; Cruz, N. J. Photochem.
Photobiol. A: Chem. 2003, 154 (2-3), 245.
- Arends, M. J.; Wyllie, A. H.; Int. Rev. Exp. Pathol. 1991, 32, 223.
- Arnold, K. Structure and Dynamics of Membranes: Generic and Specific
Interactions; Elsevier: Amsterdam, 1995; Vol. 1B.
- Arnold, S. J.; Ogryslo, E. A.; Witzke, H. J. Chem. Phys. 1964, 40, 1769.
- Attwood, D.; Florence, A. T. Surfactant Systems. Their chemistry, pharmacy and
biology, Chapman and Hall; London, 1983.
- Bale, M. S. Can. Med. Assoc. J. 1981, 124, 372.
- Ball, D. J.; Luo, Y.; Kessel, D.; Griffiths, J.; Brown, S. B.; Vernon, D. I. J.
Photochem. Photobiol. B: Bio., 1998, 42, 159.
- Baptista, M. S.; Indig, G. L.; Chem. Commun.; 1997, 18, 1791.
- Baptista, M.S.; Tran, C.D. J. Phys. Chem. B 1997, 101, 4209.
- Baptista, M.S.; Indig, G.L.; J. Phys. Chem. B 1998, 102, 4678.
178
- Barge, J.; Decreau, R.; Julliard, M.; Hubaud, J.; Sabatier, A.; Grob, J.; Verrando, P.
Exp. Dermatol. 2004, 13, 33.
- Barni, E.; Savarino, P.; Viscardi, G.; Carpignano, R.; Modica, G. J. Dispers.
Sci.Technol. 1991, 12(3), 257.
- Bartl. J.; Steenken, S.; Mayr, H.; McClelland, R. A. J. Am. Chem. Soc. 1990, 112, 6918.
- Bartlett, J. A.; Indig, G. L. Dyes and Pigm. 1999, 43, 219.
- Battistel, E.; Luisi, P. L. J. Colloid Interface Sci. 1989, 128(1), 7.
- Ben-Amotz, D.; Harris, C.B. Chem. Phys. Lett. 1985, 119, 305.
- Berg, K.; Moan, J.; Photochem. Photobiol.; 1997, 65, 403.
- Bergmann, K.; O’Konski C. T. , J. Phys. Chem. 1963, 67, 2169.
- Bernardi, P.; Broekemeier, K. M.; Pfeiffer, D. R.; J. Bioenerg. Biomembranes. 1994, 26,
509.
- Bhasikuttan, A.C.; Shastri, L.V.; Sapre, A.V.; Rama Rao, K.V.S.; Mittal, J.P. J.
Photochem. Photobiol. A: Chem. 1994, 84, 237.
- Bhasikuttan, A. C.; Sapre, A. V.; Rama Rao, K. V. S.; Mittal, J. P.; Photochem.
Photobiol., 1995, 62, (2), 245.
- Bhasikuttan, A. C.; Shastri, L. V.; Sapre, A. V. Radiat. Phys. Chem. 1997, 49 (1), 35.
- Bhasikuttan, A. C.; Shastri, L. V.; Sapre, A. V. J. Photochem. Photobiol. A 2001,
143, 17.
- Bhasikuttan, A. C.; Sapre, A. V.; Shastri, L. V. J. Photochem. Photobiol. A:
Chem.; 2002, 150, 59.
- Birks, J. B. Photophysics of Aromatic Molecules, John Wiley & Sons Inc.: London,
1995.
- Boehncke, W. H.; Ruck, A.; Naumann, J.; Sterry, W.; Kaufmann, R.; Lasers Surg. Med.;
1996, 19, 451.
- Bonneau, R.; Wirz, J.; Zuberbühler, A. D. Intern. Union Pure App.Chem. Org
Chem. Div. Comm. Photochem. 1995, 1.
-Borba, E. B.; Amaral, C. L. C.; Politi, M. J.; Villalobos, R.; Baptista, M. S.
Langmuir 2000, 16 (14), 5900.
179
- Bowen, I. D.; Lockshin, R. A. Cell death in biology and pathology; Chapman and
Hall: London, 1981.
- Brey, L. A.; Schuster, G. B.; Drickamer, H. G. J. Chem. Phys. 1977, 67 (6), 2648.
- Brown, J. E.; Brown, S. B.; Vernon, D. I.; Exp. Opin. Invest. Drugs 1999, 8, 1967.
- Brown, J. E.; Brown, S. B.; Vernon, D. I. J. Soc. Dyes Colourists 1999, 115 (9), 249.
- Browne, R. J.; Ogryslo, E. A. P. Chem. Soc. London, 1964, 117.
- Buettner, G. R.; Hall, R. D.; Chignell, C. F.; Motten, A. Photochem. Photobiol.
1989, 49(3), 249.
- Buurma, N. J.; Serena, P.; Blandamer, M. J.; Engberts, J. J. Org. Chem. 2004, 69,
3899.
- Cañete, M.; Villanueva, A.; Juarranz, A. Anti-Cancer Drug Design, 1993, 8 (6),
471.
- Chachaty, C.; Prog. Nucl. Magn. Reson. Spectrosc., 1987, 19, 183.
- Chan, S. K.; Kahlweit, M. Ber. Bunsenges. Phys. Chem. 1977, 81, 1294.
- Chan, S. K.; Herrmann, U.; Kahlweit, M. Ber Bunsenges. Phys. Chem. 1977, 81,
396.
- Chapman, J. D.; Stobbe, C. C.; Arnfield, M. R.; Santus, R.; Lee, J.; McPhee, M. S.;
Radiat. Res., 1991, 126, 73.
- Chatterjee, S.; Davis, P. D.; Gottschalk, P.; Kurz, M. E.; Sauerwein, B.; Yang, X.
Q.; Schuster, G. B. J. Am. Chem. Soc. 1990, 112, 6329.
- Chen, S. H.; Rajagopalan, R. Micellar Solutions and Microemulsions; Springer-
Verlag: New York, 1990.
- Chevalier, Y.; Chachaty, C. Colloid Polym. Sci. 1984, 262; 489.
- Chorny, I.; Dill, K. A.; Jacobson, M. P. J. Phys. Chem. B, 2005, 109, 24056.
- Cione, A. P. P.; Schmitt, C. C.; Neumann, M. G.; Gessner, F. J. Colloid Interface
Science, 2000, 226, 205.
- Compton, R. G.; Coles, B. A.; Stearn, G. M.; Waller, A. M. J. Chem. Soc.Faraday
Trans. 1, 1988, 84(7), 2357.
- Cowan, D. O.; Drisko, R. L. Elements of Organic Photochemistry; Plenum: New
180
York, 1978, 214-263.
- David, R.L. Ed., Handbook of Chemistry and Physics; CRC Press: New York,
1996, 6-159 a 6-192.
- Daum, G. Biochim. Biophys. Acta 1985, 822, 1-42.
- Davies, M. J. Photochem. Photobiol. Sci. 2004, 3, 17.
- Davis, S.; Weiss, M. J.; Wong, J. R.; Lampidis, T. J.; Chen, L. B. J. Biol. Chem.
1985, 260 (25), 13844.
- Dellinger, M.; Photochem. Photobiol.; 1996, 64, 182.
- Demidova, T. N.; Hamblin, M. R. Int. J. Immunopathol. Pharmacol. 2004, 17 (3), 245-
254.
- Deuticke, B.; Henseleit, U.; Haest, C. W. M.; Heller, K.; B.; Dubbelman, T. M. A. R.;
Biochim. Biophys. Acta, 1989, 982, 53.
- Del Nero, J.; Galembeck, A.; Silva, S. B. C.; Silva, J. A. P. Mat. Res. 2003, 6, 335.
- Dias, L. G.; Florenzano, F. H.; Reed, W. F.; Baptista, M. S.; Souza, S. M. B.;
Alvarez, E. B.; Chaimovich, H.; Cuccovia, I. M.; Amaral, C. L. C.; Brasil, C. R.;
Romsted, L. S.; Politi, M. J.Langmuir 2002, 18, 319.
- Dill, K. A.; Kappel, D. E.; Cantor, R. S.; Dill, J. D.; Bebdedouch, D.; Chen, S.
Nature 1984, 309, 42.
- Dill, K.A; Flory, P. J. Proc. Natl. Acad. Sci USA 1980, 77; 3115.
- Ding, X.; Xu, Q.; Liu, F.; Zhou, P.; Gu, Y.; Zeng, J.; An, J.; Dai, W.; Li, X. Cancer Lett.
2004, 216, 43.
- Docampo, R.; Moreno, S. N.; Muniz, R.; Cruz, F.; Mason, R. Science 1983, 220, 1292-
1294.
- Doerge, D. R.; Churchwell, M. I.; Gehring, T. A.; Pu, Y. M.; Plakas, S. M.; Rapid
Commun. Mass Spectrom., 1998, 12, 1625.
- Dougherty, T. J.; Photochem. Photobiol., 1993, 58, 895.
- Dube, A.; Bansal, H.; Gupta, P. K. Indian J. Biochem. Biophys. 2000, 37 (4), 245-
250.
- Duxbury, D. F.; Chem. Rev.; 1993, 93, 381.
181
-Dysart, J. S.; Singh, G.; Patterson, M. S. Photochem. Photobiol. 2005, 81, 196.
- Eguchi, Y.; Shimizu, S; Tsujimoto, Y. Cancer Res. 1997, 57, 1835.
- Eicke, H. F. Pure Appl. Chem. 1980, 52, 1349.
- Eigen, M. Tamm, K. Z. Elektrochem. 1962, 66, 93
- El Seoud, O. A.; El Seoud, M.; Mickiewicz, J. A. J. Colloid and Interface Sci.
1994, 163, 87.
- El Seoud, O. A.; Correa, N. M.; Novaki, L. P. Langmuir 2001, 17, 1847.
- a) Engels-Anderson,S.; Johansson,J.; Svanberg,S.; Svanberg,K. Anal. Chem. 1989,
61, 1367A. b) ibid 1990, 62, 19A.
- Engh, R. A. ; Petrich, J. W.; Fleming, G. R. J. Phys. Chem. 1985, 89, 618.
- Epe, B.; Pflaum, M.; Boiteux, S.; Mutat. Res.; 1993, 299, 135.
- Faria, J. L.; Steenken, S. J. Phys. Chem. 1993, 97(9), 1924.
- Fendler, J. H.; Fendler, E. J. Catalysis in Micellar and Macromolecular Systems;
Academic Press: New York, 1975.
- Fendler, J.H. Membrane Mimetic Chemistry; Wiley-Interscience: New York, 1982.
- Faeder, J.; Ladanyi, B. M. J. Phys. Chem. B 2000, 104, 1033.
- Fiedorowicz, M.; Pituch-Noworolska, A.; Zembala, M. Photochem. Photobiol.
1997, 65 (5), 855.
- Fisher, A. M. R.; Murphree, A. L.; Gomer, C. J.; Lasers Surg. Med.; 1995, 17, 2.
- Foote, C. S.; Science; 1968; 162, 963.
- Freshney, R. I. Culture of Animal Cells 4ed., Wiley-Liss: New York, 2000.
- Friberq, S. E. Adv. Coll. Interf. Scie. 1998, 75 (3), 181.
- Frimer, A. A. Singlet oxygen vol IV; CRC Press: United States, 2000.
- Frisch, M. J.; Trucks, G. W.; Schlegel, H. B.; Scuseria, G. E.; Robb, M. A.;
Cheeseman, J. R.; Montgomery, J., J. A.; Vreven, T.; Kudin, K. N.; Burant, J. C.;
Millam, J. M.; Iyengar, S. S.; Tomasi, J.; Barone, V.; Mennucci, B.; Cossi, M.;
Scalmani, G.; Rega, N.; Petersson, G. A.; Nakatsuji, H.; Hada, M.; Ehara, M.;
Toyota, K.; Fukuda, R.; Hasegawa, J.; Ishida, M.; Nakajima, T.; Honda, Y.; Kitao,
O.; Nakai, H.; Klene, M.; Li, X.; Knox, J. E.; Hratchian, H. P.; Cross, J. B.; Bakken,
182
V.; Adamo, C.; Jaramillo, J.; Gomperts, R.; Stratmann, R. E.; Yazyev, O.; Austin,
A. J.; Cammi, R.; Pomelli, C.; Ochterski, J. W.; Ayala, P. Y.; Morokuma, K.; Voth,
G. A.; Salvador, P.; Dannenberg, J. J.; Zakrzewski, V. G.; Dapprich, S.; Daniels, A.
D.; Strain, M. C.; Farkas, O.; Malick, D. K.; Rabuck, A. D.; Raghavachari, K.;
Foresman, J. B.; Ortiz, J. V. Cui, Q.; Baboul, A. G.; Clifford, S.; Cioslowski, J.;
Stefanov, B. B.; Liu, G.; Liashenko, A.; Piskorz, P.; Komaromi, I.; Martin, R. L.;
Fox, D. J.; Keith, T.; Al-Laham, M. A.; Peng, C. Y.; Nanayakkara, A.;
Challacombe, M.; Gill, P. M. W.; Johnson, B.; Chen, W.; Wong, M. W.; Gonzalez,
C.; Pople, J. A.; Gaussian, Inc.: Wallingford CT, 2004.
- Gabrielli, D. S.; Belisle, E.; Severino, D.; Kowaltowski, A. J.; Baptista, M. S.;
Photochem. Photobiol., 2004, 79, (3), 227
- Gadelha, F. R.; Hanna, P. M.; Mason, R. P.; Docampo, R. Chem. Biol. Interact.,,
1992, 85, 35.
- Garcia-Zuazaga, J.; Cooper, K. D.; Baron E. D. Expert Rev. Anticancer Ther.
2005, 5 (5), 791.
- Gautam, P.; Harriman, A. J. Chem. Soc. Faraday Trans. 1994, 90, 697.
- Gill, W. B.; Taja, A.; Chadbourne, D. M.; Roma, M.; Vermeulen, C. W.; J. Urol.; 1987,
138, 1318.
- Gochman-Hecht, H.; Bianco-Peled, H.; J. Colloid and Interface Sci., 2005, 288,
230.
- Gorman, A.; Killoran, J.; O’Shea, C.; Kenna, T.; Gallagher, W. M.; O’Shea, D. F.
J. Am. Chem. Soc. 2004, 126 (34), 10619.
- Goto, A.; Yoshioka, H.; Manabe, M.; Goto, R. Langmuir 1995, 11, 4873.
-Gottesman, M. M.; Pastan, I. Annu. Rev. Biochem., 1993, 62, 385.
- Grüen, D. W. R. J. Phys. Chem. 1985, 89; 146.
- Guilbert, L. J.; Iscove, N. N. Nature 1976, 263, 594.
- Guldi, D. M.; Zilbermann, I.; Hatzimarinaki, M.; Hirsch, A. J. Res. Phys. Chem.
Chem. Phys. 2006, 220 (4), 487.
- Hadel, L. M. In Handbook of Organic Photochemistry, chapter 11 “Laser Flash
183
Photolysis”, vol 11, 279.
- Hacham, H.; Freeman, S. E.; Gange, R. W.; Maytum D. .J.; Sutherland, J.C.;
Sutherland, B.M.; Photochem. Photobiol. 1990, 52, 893.
- Halliwell, B.; Gutteridge, J. M. C. Free Radicals in Biology and Medicine; 3ed.,
Oxford: Oxford, 2000, 17-33, 82-95, 246-276.
- Hamada, K.; Ikeda, T.; Kawai, T.; Kon-No, K. J. Colloid Interface Sci. 2001, 233,
166.
- Harmatz, D.; Blauer, G. Photochem. Photobiol. 1983, 38 (3), 385.
- Harrelson, W.G.; Mason, R.P. Mol. Pharmacol. 1982, 22, 239.
- Hasegawa, M.; Sugiura, T.; Shindo, Y.; Kitahara, A. Colloids Surf. A, 1996, 109,
305.
- Hauff, K. D.; Hatch, G. M. Progress Lipid Res. 2006, 45, 91.
- Hauser, H.; Hearing, G.; Pande, A.; Luisi, P. L. J. Phys. Chem. 1989, 93, 7869.
- He, X.; Sikes, R. A.; Thomsen, S.; Chung, L. W. K.; Jacques, S. L., Photochem.
Photobiol., 1994, 59 (4), 468.
- Heeb, L. R.; Peters, K. S. J. Phys. Chem. A 2006, 110, 6408.
- Henderson, B.W.; Dougherty, T.J. Photochem. Photobiol. 1992, 55, 145.
- Henderson, B. W.; Betts, W. H.; Photochem. Photobiol.; 1992, 40, 145.
- Heuft, J. M.; Meijer, E. J. Phys. Chem. Chem. Phys. 2006, 8, 3116.
- Hirose, Y.; Yui, H.; Sawada, T. J. Phys. Chem. B, 2004, 108, 9070.
- Holtzman, E. Células e Estrutura Celular; 3ºed.; Guanabara: Rio de Janeiro, 1985.
- Ibuki, Y.; Goto, R. Environm. Toxic. Pharm. 2002, 11, 101.
- Iinuma, S.; Farshi, S. S.; Ortel, B.; Hasan, T. Br. J. Cancer 1994, 70, 21.
- Indig, G. L.; Chem. Lett.; 1997, 243.
- Indig,G.L.; Anderson,G.S.; Nichols,M.G.; Bartlett,J.A.; Mellon,W.S.; Sieber,F.; J.
Pharm. Scie., 2000, 89, 88.
- Inoue, K.; Matsuura, T.; Saito, I. Bull. Chem. Soc. Japan, 1982, 55, 2959.
- Ippen, E. P.; Shank, C. V.; Appl. Phys. Lett.; 1975, 27, 488.
- Ishikawa, M.; Maruyama, Y.; Chem. Phys. Lett.; 1994, 219, 416.
184
- Ishikawa,M.; Maruyama,Y. ; Nakatsuka,H. J. Phys. Chem. A 1999, 103, 4319.
- Israelachvili, J. N. Intermolecular and Surface Forces; Academic Press: London,
1992.
- Iwamoto, K.; Bull. Chem. Soc. Japan, 1935, 10, 420.
- Jarikov, V. V.; Neckers, D. C. J. Org.Chem 2001, 66, 659.
- Jockusch, S.; Timpe, H.J.; Schnabel, W.; Fischer, C.H. J. Photochem. Photobiol.
A: Chem. 1992, 63, 217.
- Jockusch, S.; Timpe, H.J.; Schnabel, W.; Turro, N.J. J. Photochem. Photobiol. A:
Chem. 1996, 96, 129.
- Jockusch, S.; Turro, N. J. J. Am. Chem. Soc. 1999, 121, 3921.
- Johnson, L. V.; Walsh, M. L.; Chen, L. B. Proc. Natl. Acad. Sci., 1980, 77 (2),
990.
- Jones, G.; Goswami, K.; J. Phys. Chem.; 1986, 90, 5414.
- Jones, G.; Oh, C; Goswami, K.; J. Photochem. Photobiol. A: Chem., 1991, 57, 65.
-Junqueira, H. C.; Severino, D.; Dias, L.G. ; Gugliotti, M. ; Baptista, M. S. Phys. Chem.
Chem. Phys. 2002, 4, 2320.
- Kalyanasundaram, K. Photochemistry in Microheterogeneus Systems; Academic
Press: Orlando, 1987.
- Kaneko, Y. Neckers, D. C. J. Phys. Chem.A 1998, 102, 5356.
- Kang, N. S.; Jung, D. H.; No, K. T.; Jhon, M. S. Chem. Phys. Lett. 2002, 364, 580.
- Kapsokalyvas, D. Dimitriou, H. Skalkos, D.; Konstantoudakis, G.; Filippidis, G.;
Stiakaki, E.; Papazoglou, T.; Kalmanti, M. J. Photochem. Photobiol. B 2005, 80 (3),
208.
- Kaschak, D. M.; Lean, J. T.; Waraksa, C. C.; Saupe, G. B.; Usami, H.; Mallouk, T.
E. J. Am. Chem. Soc. 1999, 121, 3435.
- Katzir, A. Lasers and Opt. Fibers in Med., Academic: New York, 1993.
- Kawai, T.; Hamada, K.; Shindo, N.; Kon-no, K. Bull. Chem. Soc. Jpn 1992, 65, 2715.
- Kessel, D.; Woodburn, K.; Henderson, B. W.; Chang, C. K.; Photochem. Photobiol.;
1995, 62, 875.
185
- Kessel, D.; Luo, Y.; Photochem. Photobiol.; 1996, 64, 601.
- Kessel, D.; Photochem. Photobiol.; 1997, 65, (3), 387.
- Kessel, D.; Luo, Y.; Deng Y., Chang, C. K.; Photochem. Photobiol.; 1997, 65, (3), 422.
- Kessel, D. Sci. & Med. 1998, 5 (4), 46.
- Kirveliene, V.; Sadauskaite, A.; Kadziauskas, J.; Sasnauskiene, S.; Juodka, B.
FEBS Lett. 2003, 553, 167.
- Kitagawa, T.; Lee, Y.; Takeuchi, K.; Chem. Commun.; 1999, 1529.
- Klein, B. Y.; Gal, I.; Hartshtark, Z.; Segal, D. J. Cell Biochem.; 1993, 53 (3), 190.
- Knowles, A.; Gurnani, S. Photochem. Photobiol. 1972, 16 (2), 95.
- Kochevar, I. E.; Bouvier, J.; Lynch, M.; Lin, C.; Biochim. Biophys. Acta, 1994,
1196, 172.
- Kochevar, I. E.; Lynch, M.; Zhuang, S.; Lambert, C. R.; Photochem. Photobiol.
2000, 72, (4), 548.
- Kondo, H. ; Hamada, T. ; Yamamoto, S. ; Sunamoto, J. Chem. Lett. 1980, 809.
- Korpi-Tommala, J.; Kolehamainen,E.; Salo,E.; Yip, R.W. Chem. Phys. Lett. 1984,
373.
- Kowaltowski, A.J.; Turin, J.; Indig, G.L.; Vercesi, A.E. J. Bionerg. Biomembranes
1999, 31 (6), 581.
- Lafond, R. E. Cancer, the outlaw cell; American Chemical Society, 1988.
- Lam, M.; Oleinick, N. L.; Nieminen, A.; J. Biol. Chem.; 2001, 276, (50), 47379.
- Langevin, D. Acc. Chem. Res. 1988, 21, 255.
- Lakowicz, J. R. Principles of Fluorescence Spectroscopy. 2.ed. New York: Kluwer
Academic, 1999.
- Leaver, I. H. Photochem. Photobiol., 1972, 16, 189.
- Lee, Y. S. Arch. Pharm. Res. 2004, 27 (12), 1245.
- Lee, P. C.; Rodgers, M. A. J. J. Phys. Chem.; 1983, 87, (24), 4894.
-Lee, C.; Sung, Y. W.; Park, J. W., J. Phys. Chem. B, 1999, 103, (5), 893.
- Leist, M.; Jaatela, M. Nat. Rev. Mol. Cell Biol. 2001, 2, 589.
- Lemasters, J. J. Gastroenterol. 2005, 129, 351.
186
- Lewis,G.N.; Magel,T.T.; Lipkin,D. J. Am. Chem. Soc. 1942, 64, 1774.
- Lewis, G. N.; Goldschmid, O.; Magel, T. T.; Bigeleisen, J.; J. Am. Chem. Soc.,
1943, 65, 1150.
- Lewis, L. M.; Indig, G. L. J. Photochem. Photobiol. B: Biol., 2002, 67, 139.
- Li, X.; Liu, G.; Zhao, J.; New J. Chem.; 1999, 23, 1193.
- Lissi, E. A.; Encinas, M. V.; Lemp, E.; Rubio, M. A. Chem. Rev. 1993, 93,699.
- Liu, Y.; Yamamoto, S.; Sueishi, Y. J. Photochem. Photobiol. A: Chem. 2001, 143,
153.
- Lodish, H.; Berk, A.; Zipursky, S. L.; Matsudaira, P.; Baltimore, D.; Darnell, J.
Molecular Cell Biology; 4ºed; Freeman and Company, 2000.
- Lovell, S.; Marquardt, B. J.; Kahr, B.; J. Chem. Soc., Perkin Trans. 1999, 2, 2241.
- Lu, Z. X.; Chu, Y.; Han, Y. C.; Wang, Y. H.; Liu, J. L. J. Chem. Technology
Biotechnology 2005, 80 (12), 1365.
- Lueck, H.B.; McHale,J.L.; Edwards,W.D. 1992, J. Am. Chem. Soc., 114, 2342-2348.
- Luo, Y.; Chang, C. K.; Kessel, D.; Photochem. Photobiol.; 1996, 63, 528.
- Ly, J. D.; Lawen, A.; Redox Report, 2003, 8 (1), 3.
- Mafe, S.; Ramirez, P.; Tanioka, A.; Pellicer, J. J. Phys. Chem. B 1997, 101, 1851.
- Maftah, A.; Ratinaud, M. H.; Dumas, M.; Bonte, F.; Meybeck, A.; Julien, R. Mech
Ageing Dev., 1994, 77 (2), 83.
- Magde, D.; Windsor, M. W. Chem. Phys. Lett. 1974, 24 (1), 144.
- Majno, G.; Joris, I. Am. J. Pathol. 1995, 146, 3.
-Mak, N.; Li, K.; Leung, W.; Wong, R. N., Huang, D. P.; Lung, M. L.; Lau, Y.;
Chang, C. K. Biochem. Pharmacol. 2004, 68, 2387.
- Mannella, C. A. Biochim. Biophys. Acta 2006, 1763, 542.
- Martinez, G. R.; Medeiros, M. H. G; Ravanat, J. L.; Cadet, J.; Di Mascio P. Biol.
Chem. 2002, 383, 607.
- Martinez, G.R.; Loureiro, A.P; Marques, S.A.; Miyamoto, S.; Yamaguchi, L.F.;
Onuki, J.; Almeida, E.A.; Garcia, C.C.; Barbosa, L.F.; Medeiros, M.H.; Di Mascio, P.
Mutat Res. 2003; 544(2-3), 115.
187
- Maruyama,Y.; Ishikawa,M.; Satozono,H. J. Am. Chem. Soc. 1996, 118, 6257.
- Masunov, A.; Lazaridis, T. J. Am. Chem. Soc. 2003, 125, 1722.
- Mattson, M. P. Nature Rev. Mol. Cell Biol. 2000, 1, 102.
- Mazzorana, M.; Gruffatl, H.; Sergeant, A.; Rest, M. V. J. Biol. Chem. 1993, 268
(5), 3029.
-Mellish, K. J.; Cox, R. D.; Vernon, D. I.; Griffiths, J.; Brown, S. B. Photochem.
Photobiol., 2002, 75 (4), 392.
- Melnikova, V. O.; Bezdetnaya, L. N.; Bour, C.; Festor, E.; Gramain, M. -P.;
Merlin, J. –L.; Potapenko, A. Ya.; Guillemin, F. J. Photochem. Photobiol. B: Biol.
1999, 49, 96.
- Menezes, S.; Capella, M. A.; Caldas, L. R. J. Photochem. Photobiol. B 1990, 5,
505.
- Morgan, J.; Potter, W. R.; Oseroff, A. R. Photochem. Photobiol. 2000, 71 (6), 747.
- Muller, N. Solution Chemistry of Surfactants; Plenum Press: New York, 1979.
- Muller-Runkel, R.; Blais, J.; Grossweiner, L. I. Photochem. Photobiol. 1981, 33,
683.
- Murov, S. L.; Carmichael, I.; Hug, G. L. Ed. Handbook of Photochemistry, 2ed.;
Marcel Dekker: New York, 1993.
- Naguib, Y. M. A.; Cohen, S. G.; Steel, C.; J. Am. Chem. Soc., 1986, 108, 128.
- Naguib, Y. M. A.; Steel, C.; Young, M. A. J. Photochem. Photobiol. A: Chem.,
2001, 141, 33.
- Nagy, P. I.; Takacs-Novak, K. J. Am. Chem. Soc. 2000, 122, 6583.
- Nagy, J. B.; Bodart-Ravet, I.; Derouane, E. G.; Gourche, A; Verfaillie, J. P.;
Colloids and Surfaces; 1989, 36, 229.
- Nakai, M.; Maeda, K.; Murai, H. Chem. Phys.Lett. 1999, 302(5,6), 577.
- Namiki, N.; Yokoyama, H.; Moriya, K.; Sakakura, M.; Takashima, T.; Yuasa, H.;
Kanaya, Y. Chem. Pharm. Bull. 1986, 34, (2), 922.
-Nelson, D. S.; Cox, M. M.; traduzido por Simões, A. A. Lehninger Princípios de
Bioquímica, 3 ed., Sarvier, 2002.
188
- Neuman, R. D.; Ibrahim, T. H. Langmuir 1999, 15, 10.
- Nicholls, D. G. An introduction to the chemiosmotic theory, Academic Press:
London, 1982.
- Nilsson, R.; Merkel, P. B.; Kearns, D. R. Photochem. Photobiol. 1972, 16, 117.
- Novaki, L. P.; Correa, N. M.; Silber, J. J.; El Seoud, O. A. Langmuir 2000, 16,
5573.
- Oberley, L. W.; Buettner, G. R. Cancer Res. 1979, 39, 1141.
- Ochsner, M. J. Photochem. Photobiol. B 1997, 39, 1.
- Octave, J.; Schneider, Y.; Trouet, A.; Crichton, R. R. Trends in Biochem. Sci.
1983, 8 (6), 217.
- Ohline, S. M.; Lee, S.; Williams, S.; Chang, C.; Chem. Phys. Lett., 2001, 346, 9.
- Oliveira, C. S.; Branco, K. P.; Indig, G. L. e Baptista, M. S. Spectrochim. Acta A.
2002, 58, 2971.
- Oliveira, C. S.; Bastos, E.; Duarte, E. Itri, R. Baptista, M. S. Langmuir, 2006, 22, 8718. - Ormerod, M. G. Ed. Flow Cytometry – A pratical approach 2 ed.; IRL: Oxford.
- Orth, K.; Russ, D.; Beck, G.; Rück, A.; Beger, H. G. Langenbeck’s Arch. Surg.
1998, 383, 276.
- Pandolfo, M.; Blood Cells Mol. Disease 2002, 29 (3), 536.
- Parkers, J. G.; Templeton, D. M.; Ann. Clin. Lab. Sci. 1994, 24 (6), 509.
- Pecci, L.; Costa, M.; Montefoschi, G.; Antonucci, A; Cavallini, D. Biochem.
Biophys. Res. Commun.; 1999, 254, 661.
- Peeva, M.; Shopova, M.; Michelsen, U.; Wohrle, D.; Petrov, G.; Didden, H. J.
Porphyrins and Phthalocyanines 2001, 5, 645.
- Peng, Q.; Moan, J.; Nesland, J. M.; Ultrastruct. Pathol.; 1996, 20, 109.
- Peng, Q. ; Moan, J. Anticancer Res. 2003, 23 (5A), 3591.
- Peslherbe, G. H.; Ladanyi, B. M.; Hynes, J. T.; J. Phys. Chem. A, 2000, 104, 4533.
- Péterszegi, G.; Dagonet, F. B.; Labat-Robert, J. ; Robert, L. Eur. J. Clin. Investig.
2002, 32, 372.
- Petrat, F.; Pindiur, S.; Kirsch, M.; Groot, H.; J. Biol. Chem. 2003, 278, 3298.
189
- Petrat, F.; Pindiur, S.; Kirsch, M.; Groot, H.; Arch.Biochem. Biophys.; 2003, 412,
207.
- Piette, J.; Volanti, C.; Vantieghem, A.; Matroule, J. ; Habraken, Y. ; Agostinis, P.
Biochem. Pharm. 2003, 66, 1651.
- Pileni, M. P. Structure and reactivity in reversed micelles, Elsevier: New York,
1989, p.13-69.
- Plaetzer, K.; Kiesslich, T.; Oberdanner, C. B.; Krammer, B. Current Pharm.
Design 2005, 11, 1151.
- Pohlers, G.; Scaiano, J. C.; Step, E.; Sinta, R. J. Am. Chem. Soc. 1999, 121, 6167.
- Prota, G. J. Invet. Dermatol. 1993, 100 (suppl 2), 156S.
- Ravanat, J. L.; Di Mascio, P.; Martinez, G. R.; Medeiros, H. G.; Cadet, J. J. Biol.
Chem. 2000, 275, 40601.
- Ravanat, J.L.; Martinez, G.R.; Medeiros, M.H.; Di Mascio, P.; Cadet, J. Arch Biochem
Biophys. 2004, 423(1), 23.
- Ravanat, J.L.; Sauvaigo, S.; Caillat, S.; Martinez, G.R.; Medeiros, M.H.; Di Mascio,
P.; Favier, A.; Cadet, J. Biol Chem. 2004; 385(1), 17.
- Rice, L.; Wainwright, M.; Phoenix, D. A. J. Chemotherapy 2000, 12 (1), 94.
- Reszka, K.; Cruz, F. S.; Docampo, R.; Chem. Biol. Inter., 1986, 58, 161.
- Rodenbeck, M.; Muller, M.; Huster, D.; Arnold, K. Biophys. Chem. 2001, 90, 255.
- Rodgers, M. A. J.; Snowden, P. T. J. Am. Chem. Soc., 1982, 104, 5541.
- Rodgers, M. A. J.; Lee, P. C. J. Phys. Chem.; 1984, 88, 3840.
- Rodriguez, J.; Clavero, E.; Laria, D. J. Phys. Chem. B 2005, 109, 24427.
- Rohatgi-Mukherjee, K. K. Fundamentals of Photochemistry; Wiley Eastern
Limited: New Delhi, 1986, 12-42, 48-87, 90-123, 126.
- Romsted, L. S. In Reactions and Synthesis in Surfactant Systems; Texter, J., Ed.;
Marcel Dekker: New York, 2001, p 265.
-Rück, A.; Köllner, T.; Dietrich, A.; Strauss, W.; Schneckenburger, H. J. Photochem.
Photobiol. B: Biol. 1992, 12 (4), 403.
- Ruckenstein, E.; Nagarajan, R. J. Phys. Chem. 1980, 84, 1349.
190
- Salaris, S. C.; Babbs, C. F.; Voorhess III, W. D. Biochem. Pharm. 1991, 42 (3), 499-506.
- Salet, C.; Moreno, G.; J. Photochem. Photobiol. B: Biol.; 1990, 5, 133.
- Salet, C.; Moreno, G.; Atlante, A.; Passarella, S.; Photochem. Photobiol.; 1991, 53, 391.
- Santus, R.; Kohen, C.; Kohen, E.; Reyftmann, J. P.; Morliere, P.; Dubertret, L.;
Tocci, P. M. Photochem. Photobiol. 1983, 38, 71.
- Sepúlveda, L.; Lissi, E.; Quina, F. Adv. Colloid Interface Science 1986, 25; 1.
- Schneckenburger, H.; Stock, K.; Lyttek, M.; Strauss, W. S.; Sailer, R. Photochem.
Photobiol. Sci.; 2004, 3 (1), 127.
-Severino, D.; Junqueira, H. C.; Gugliotti, M.; Gabrielli, D. S.; Baptista, M. S.;
Photochem. Photobiol.; 2003, 77, (5), 459.
- Schmidt, S.; Schultes, B.; Wagner, U.; Oehr, P.; Decleer, W.; Lubaschowski, H.;
Biersack, H. J.; Krebs, D.; Arch. Gynecol. Obstet.; 1991, 249, 9.
- Schwartz, J. P.; Passonneau, J. V.; Johnson, G. S.; Pastan, I. J. Biol. Chem. 1974, 249,
4138.
- Scorrano, L.; Petronilli, V.; Colonna, R.; Lisa, F. D.; Bernardi, P.; J. Biol. Chem.; 1999,
274, (35), 24657.
- Shah, S. S.; Windsor, M. W.; Chem. Phys. Lett.; 1982, 92 (1), 33.
- Silverstein, R.M.; Bassler, G.C.; Morrill, T.C. Identificação Espectrométrica de
Compostos Orgânicos”; Guanabara Koogan: Rio de Janeiro, 1994, 153.
-Skovsen, E.; Snyder, J. W.; Lambert, J. D. C.; Ogilby, P. R. J. Phys. Chem. B 2005, 109,
8570.
- Smith, O. M.; Traul, D. L.; Sieber, F.; Exp. Hemat.; 1992, 20, 1278.
- Stewart, F.; Baas, P.; Star, W.; Radiother. Oncol.; 1998, 48, 233.
- Stockert, J. C.; Juarranz, A.; Villanueva, A.; Cañete, M. Cancer Chemother.
Pharmacol., 1996, 39 (1-2), 167.
- Sun, I. L.; Navas, P.; Crane, F. L.; Morre, D. J.; Low, H.; J. Biol. Chem.; 1987, 262
(33), 15915.
- Sundström, V.; Gillbro, T.; Bergström, H.; Chem. Phys., 1982, 73, 439.
- Sundström, V.; Gillbro, T. J. Chem. Phys. 1984, 81, 3463.
191
- Szpakowska M., Czaplicka I.; Nagy O.B. Biophys. Chem. 2006, 120, 148.
- Taft, R. W.; Abraham, M. H.; Doherty, R. M.; Kamlet, M. J. J. Am. Chem. Soc.
1985, 107, 3105.
- Taguchi, S.; Takayoshi, K.; Yotsu, Y.; Kasahara, I. Analyst 1996, 121, 1621.
- Tanford, C.; The hydrophobic effect: formation of micelles and biological
membranes; Krieger Publishing Company: Flórida, USA, 1991.
- Tanielian, C.; Wolff, C. J. Phys. Chem, 1995, 99, 9825.
- Tardivo, J. P.; Giglio, A. D.; Oliveira, C. S.; Gabrielli, D. S.; Junqueira, H. C.;
Tada, D. B.; Severino, D.; Turchiello, R. F.; Baptista, M. S. Photodiagnosis
Photodynamic Therapy 2005, 2, 175.
- Tanielian, C.; Wolff, C. J. Phys. Chem. 1995, 99, 9831.
- Taylor, J. P.; Hardy, J.; Fischbeck, K. H. Science 2002, 296, 1991.
- Traul, D. L.; Sieber, F.; Photochem. Photobiol.; 1994, 59, 70S.
-Trindade, G. S.; Farias, S. L. A.; Rumjanek, V. M.; Capella, M. A. M.; Cancer
Lett., 2000, 151, 161.
- Tiddy, G. J.; Phys. Rep., 1980, 57, 1.
- Tuite, E. M.; Kelly, J. M. J. Photochem. Photobiol. B: Biol. 1993, 21, 103.
- Turro, N. J. Modern Molecular Photochemistry, Benjamin Cummings: USA, 1985,
579.
- Uehlinger, P.; Zellweger, M.; Wagnieres, G.; Juillerat-Jeanneret, L.; Bergh, H. V. ;
Lange, N. J. Photochem. Photobiol. B 2000, 54, 72.
- Urban, C.; Schurtenberger, P. Phys. Chem. Chem. Phys. 1999, 1 (17), 3911.
- Uzdensky, A.; Bragin, D.; Kolosov, M.; Dergacheva, O.; Fedorenko, G.;
Zhavoronkova, A. Photochem. Photobiol. 2002, 76 (4), 431.
- Voet, D.; Voet, J. G. Biochemistry, 2 ed.; John Wiley & Sons, 1995.
- Vogel, M.; Rettig, W.; Ber. Bunsenges. Physik. Chem.; 1985, 89, 962.
- Vogel, A. Análise Inorgânica Quantitativa; Guanabara: Rio de Janeiro, 4ºed.;
1981.
- Xiong, Z.; Zhu, X.; Chu, X. ; Minami, M. ; Hey, J.; Wei, W.; MacDonald, J. F.;
192
Wemmie, J. A.; Price, M. P.; Welsh, M. J.; Simon, R. P. Cell, 2004, 118, 687.
- Xue, L., Chiu S., Oleinick N. L.; Oncogene; 2001, 20, 3420.
- Yoshino, A. ; Okabayashi, H. ; Yoshida, T. ; Kushida, K. J. Phys. Chem. 1996, 100,
9592.
- Yamamoto, R.; Matsumoto, H.; Tanioka, A. J. Phys. Chem. B 2003, 107, 10506.
- Yang, X. Q.; Zaitsev, A.; Sauerwein, B.; Murphy, S.; Schuster, G. B. J. Am. Chem.
Soc. 1992, 114, 793.
- Yu, D. S.; Chang, S. Y.; Ma, C. P.; J. Urol.; 1990, 144, 164.
- Wagner, S. J.; Skripchenko, A.; Robinette, D.; Foley, J. W.; Cincotta, L.;
Photochem. Photobiol.; 1998, 67 (3), 343.
- Wainwright, M. Int. J. Antimicrob. Agents 2003, 21 (6), 510.
- Wainwright, M.; Phoenix, D. A.; Rice, L.; Burrow, S. M.; Waring, J. J.
Photochem. Photobiol. B: Biol. 1997, 40, 233.
-Waki, R.; Gamo, S.; Bessho, M.; Hara, M. J. Biosci. Bioeng., 2005, 100 (3), 331.
- Weishaupt, K. R.; Gomer, C.J.; Dougherty, T. J. Cancer Res., 1976, 36, 2326.
- Wennerstron, H.; Lindman, B.; Phys. Rep. 1979, 52, 1.
- Williams, G. T.; Smith, C. A.; Cell, 1993, 74, 777.
- Wong, M.; Thomas, J. K.; Nowak, T.; J. Am. Chem. Soc.; 1977; 99, (14), 4730.
- Wu, T.; Liu, G.; Zhao, J.; Hidaka, H.; Serpone, N.; J. Phys. Chem. B, 1998, 102,
5845.
- Zeina, B.; Greenman, J.; Corry, D.; Purcell, W. M. Brit. J. Derm. 2002, 146, 568.
-Zhang, T.; Oyama, T.; Aoshima, A.; Hidaka, H.; Zhao, J.; Serpone, N.; J.
Photochem. Photobiol. A: Chem., 2001, 140, 163.
- Zhivko, Z.; Ohba, H.; Bakalova, R.; Hadjimitova, V.; Ishikawa, M.; Shinohara, Y.;
Baba, Y. Cancer Chemother. Pharmacol. 2004, 53, 267.
- Zucolotto, V.; Gattas-Asfura, K. M.; Tumolo, T.; Perinotto, A. C.; Antunes, P. A.;
Constantino, C. J. L.; Baptista, M. S.; Leblanc, R. M.; Oliveira, O. N. Appl. Surf.
Sci. 2005, 246, 397.