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Ano X - Edição 110 - Janeiro 2017 Distribuição Gratuita RECICLE INFORMAÇÃO: Passe este jornal para outro leitor ou indique o site O Maniqueísmo na Sociedade O Maniqueísmo, ou Pensamento Binário, é uma forma de pensar sim- plista em que o mundo é visto como que dividido em dois: o do Bem e o do Mal. A simplificação é uma forma primária do pensamento que reduz os fenômenos humanos a uma re- lação de causa e efeito, certo e er- rado, isso ou aquilo, é ou não é. A simplificação é entendida como for- ma deficiente de pensar... Leia mais: Página 5 Personagens inesquecíveis da Música - I Beethoven Foram muitos eventos e circunstâncias que me levaram a abraçar essa profissão de músico e em especial a música de concerto. Uma delas foi a descoberta na vas- ta biblioteca de meu pai alguns li- vros especiais. Uma delas foi a des- coberta na vasta biblioteca de meu pai alguns livros especiais. Leia mais: Página 11 Inclusão Social Incluir quer dizer fazer parte, inserir, introdu- zir. Assim, a inclusão so- cial das pessoas com deficiências significa torná-las participantes da vida social, económica e até mesmo política que é o caso do mi- nistro da finanças alemão, assegu- rando o respeito aos seus direitos no âmbito da Sociedade. Leia mais: Página 8 CULTURAonline BRASIL - Boa música Brasileira - Cultura - Educação - Cidadania - Sustentabilidade Social Agora também no seu www.culturaonlinebr.org Baixe o aplicativo IOS NO SITE A única possibilidade de nos eternizamos nessa frágil vida, é plantando boas sementes. É a melhor herança que deixamos! A Saudade e o Ano ...Velho...Novo... Saudade...palavra que dizem que só existe na língua portu- guesa. Cabe tanto sentimento ali dentro. Que bom que ela e- xiste. As vezes dói, as vezes nos enche de alegria por tantas lembranças boas que nos traz. Leia mais: Página 3 Que Prioridades na Cooperação Lusófona? Esta pergunta é, simultaneamen- te, um convite e um projeto. Um convite à cooperação inter-povos falantes de língua portuguesa; um projeto, porque fala em priorida- des, mas, deixa o projeto em si mesmo por construir, encargo de ... Leia mais: Página 4 A REFORMA DO ENSINO MÉDIO: 1400 horas A reforma do Ensino Médio trou- xe a ampliação da jornada anual passando de 800 horas para 1400 horas. A princípio parece ser uma boa iniciativa. Mas, va- mos detalhar melhor este assun- to. Ensino Médio Leia mais: Página 9 Dez anos a serviço da educação, da cidadania e valorização das culturas e tradições brasileiras A ONU no Mundo É constatada a diminuição da incidência de guerras declaradas nos últimos anos, processo que ganhou força principalmente após o término da Guerra Fria, essa alterou e fez surgir um novo tipo de conflito, os de níveis re- gionais que são mais fáceis de serem percebidos. A instituição supranacional, ONU (Organização das Nações Unidas), tem como objetivo várias ações internacio- nais que são flexíveis em diversos assuntos (fome, mortalidade infantil e muitos outros), e dentre essas temáti- cas tem como finalidade conter ou intermediar, de forma diplomática, possíveis conflitos entre as nações mundi- ais. Quando a ONU é acionada para realizar algum tipo de trabalho, um grupo é enviado para o local de conflito, são as “forças de paz”, essas forças têm como função primordial a execução de acordos firmados entre os adversá- rios, além disso, se comprometem a proteger a população civil, que em geral são as mais afetadas, as missões não permitem massacres por par- te do grupo mais bem armado e equipado, e nem um tipo de revanche. A face mais obscura dos conflitos corresponde às agressões e hostilidades que deixam a população civil exposta ao sofrimento que sempre é re- sultado das guerras, as missões da ONU levam para as pessoas de áreas conflituosas auxílio humanitário. A ONU é dirigida, em geral, por potências mundiais que possuem poder político para desempenhar decisões no Conselho de Segurança da insti- tuição. Apesar da ONU ter como essência a imparcialidade e neutralidade nas discussões e negociações em relação aos conflitos em nível plane- tário e regionalizado, no entanto, quase sempre os interesses das nações centrais prevalecem. Os Estados Unidos, no decorrer da década de 90, atuaram de forma autônoma e agiram como dirigente do mundo, essas ações colocaram em questão a qualidade crível da ONU. A evidente não credibilidade da ONU por parte dos Estados Unidos e Inglaterra veio à tona em 1998, quando esses resolveram lançar várias bombas sobre o território iraquiano, sem antes ter recebido a permissão do Conselho de Segurança. Em 1999, novamente a OTAN, liderada pe- los norte-americanos, realizou vários bombardeios na Iugoslávia, essa foi uma atitude tomada para sanar os interesses puramente norte- americanos, sem uma discussão prévia no plenário da ONU. As instituições supranacionais de uma forma geral quase sempre tendem a se deixar levar pelos interesses de nações ricas, essas detêm uma grande influência geopolítica no cenário mundial, até porque são eles os responsáveis pelas decisões e que dirigem todo o processo. Aos poucos as instituições como a ONU podem perder sua principal finalidade que é de servir de forma neutra os mais necessitados, passando a atender as vontades apenas dos grandes. Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/

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Ano X - Edição 110 - Janeiro 2017 Distribuição Gratuita

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O Maniqueísmo na Sociedade

O Maniqueísmo, ou Pensamento Binário, é

uma forma de pensar sim-plista em que o mundo é visto como que dividido

em dois: o do Bem e o do Mal. A simplificação é uma forma

primária do pensamento que reduz os fenômenos humanos a uma re-lação de causa e efeito, certo e er-rado, isso ou aquilo, é ou não é. A

simplificação é entendida como for-ma deficiente de pensar...

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Personagens inesquecíveis da Música - I

Beethoven

Foram muitos eventos e circunstâncias que me levaram a abraçar essa profissão de músico e

em especial a música de concerto. Uma delas foi a descoberta na vas-ta biblioteca de meu pai alguns li-

vros especiais. Uma delas foi a des-coberta na vasta biblioteca de meu

pai alguns livros especiais.

Leia mais: Página 11

Inclusão Social

Incluir quer dizer fazer parte, inserir, introdu-zir.

Assim, a inclusão so-cial das pessoas com deficiências significa torná-las participantes

da vida social, económica e até mesmo política que é o caso do mi-nistro da finanças alemão, assegu-rando o respeito aos seus direitos no âmbito da Sociedade.

Leia mais: Página 8

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A única possibilidade de nos eternizamos nessa frágil vida, é plantando boas sementes. É a melhor herança que deixamos!

A Saudade e o Ano ...Velho...Novo...

Saudade...palavra que dizem que só existe na língua portu-guesa. Cabe tanto sentimento ali dentro. Que bom que ela e-xiste. As vezes dói, as vezes

nos enche de alegria por tantas lembranças boas que nos traz.

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Que Prioridades na Cooperação Lusófona?

Esta pergunta é, simultaneamen-te, um convite e um projeto. Um convite à cooperação inter-povos falantes de língua portuguesa; um projeto, porque fala em priorida-des, mas, deixa o projeto em si

mesmo por construir, encargo de ...

Leia mais: Página 4

A REFORMA DO ENSINO MÉDIO: 1400

horas A reforma do Ensino Médio trou-xe a ampliação da jornada anual passando de 800 horas para 1400 horas. A princípio parece ser uma boa iniciativa. Mas, va-mos detalhar melhor este assun-to. Ensino Médio

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Dez anos a serviço da educação, da cidadania e valorização das culturas e tradições brasileiras

A ONU no Mundo

É constatada a diminuição da incidência de guerras declaradas nos últimos anos, processo que ganhou força

principalmente após o término da Guerra Fria, essa alterou e fez surgir um novo tipo de conflito, os de níveis re-

gionais que são mais fáceis de serem percebidos.

A instituição supranacional, ONU (Organização das Nações Unidas), tem como objetivo várias ações internacio-

nais que são flexíveis em diversos assuntos (fome, mortalidade infantil e muitos outros), e dentre essas temáti-

cas tem como finalidade conter ou intermediar, de forma diplomática, possíveis conflitos entre as nações mundi-

ais.

Quando a ONU é acionada para realizar algum tipo de trabalho, um grupo é enviado para o local de conflito, são

as “forças de paz”, essas forças têm como função primordial a execução de acordos firmados entre os adversá-

rios, além disso, se comprometem a proteger a população civil, que em geral são as mais afetadas, as missões não permitem massacres por par-

te do grupo mais bem armado e equipado, e nem um tipo de revanche.

A face mais obscura dos conflitos corresponde às agressões e hostilidades que deixam a população civil exposta ao sofrimento que sempre é re-

sultado das guerras, as missões da ONU levam para as pessoas de áreas conflituosas auxílio humanitário.

A ONU é dirigida, em geral, por potências mundiais que possuem poder político para desempenhar decisões no Conselho de Segurança da insti-

tuição. Apesar da ONU ter como essência a imparcialidade e neutralidade nas discussões e negociações em relação aos conflitos em nível plane-

tário e regionalizado, no entanto, quase sempre os interesses das nações centrais prevalecem.

Os Estados Unidos, no decorrer da década de 90, atuaram de forma autônoma e agiram como dirigente do mundo, essas ações colocaram em

questão a qualidade crível da ONU.

A evidente não credibilidade da ONU por parte dos Estados Unidos e Inglaterra veio à tona em 1998, quando esses resolveram lançar várias

bombas sobre o território iraquiano, sem antes ter recebido a permissão do Conselho de Segurança. Em 1999, novamente a OTAN, liderada pe-

los norte-americanos, realizou vários bombardeios na Iugoslávia, essa foi uma atitude tomada para sanar os interesses puramente norte-

americanos, sem uma discussão prévia no plenário da ONU.

As instituições supranacionais de uma forma geral quase sempre tendem a se deixar levar pelos interesses de nações ricas, essas detêm uma

grande influência geopolítica no cenário mundial, até porque são eles os responsáveis pelas decisões e que dirigem todo o processo. Aos poucos

as instituições como a ONU podem perder sua principal finalidade que é de servir de forma neutra os mais necessitados, passando a atender as

vontades apenas dos grandes.

Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/

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Janeiro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 2

A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído mensalmente para download na web

Editor e Jornalista responsável: Filipe de Sousa - FENAI 1142/09-J

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Gazeta Valeparaibana e

CULTURAonline BRASIL

Juntas, a serviço da E-ducação e da divulgação da

CULTURA Nacional

A volta do medo

“O medo sempre me guiou para o que eu quero. E porque eu quero, temo. Mui-tas vezes foi o medo que me tomou pela

mão e me levou. O medo me leva ao perigo. E tudo o que eu amo é

arriscado”.

* * * “Eu tenho o maior medo desse negócio

de ser normal”. John Lennon

* * * “Deve-se temer mais o amor de uma mulher do que o ódio de um homem”.

Sócrates * * *

“Pessoas vivendo intensamente não têm medo da morte”.

Anaïs Nin * * *

“Liberdade significa responsabilidade. É por isso que tanta gente tem medo

dela”. George Bernard Shaw

* * * “A conquista da liberdade é algo que faz tanta poeira que, por medo de bagunça,

preferimos, normalmente, optar pela arrumação”.

Carlos Drummond de Andrade * * *

“O medo é o pai da moralidade”. Nietzsche

* * * “O medo é o pai da crença”.

Ditado popular * * *

“A única coisa de que devemos ter me-do é do próprio medo”.

Josué de Castro * * *

“O medo é, dos sentimentos humanos, o mais dissolvente, porque nos leva a fa-

zer muita coisa que não queremos fazer, e deixar de fazer muita coisa que querí-

amos e necessitávamos fazer”. Mais uma de: Josué de Castro

* * * “Sempre o medo nasceu da culpa”.

Ditado popular

Editorial

IMPORTANTE

Todas as matérias, reportagens, fo-tos e demais conteúdos são de intei-ra responsabilidade dos colaborado-res que assinam as matérias, poden-do seus conteúdos não corresponde-

rem à opinião deste projeto nem deste Jornal.

Os artigos publicados são responsabilidade de seus autores, não refletindo necessariamente a opinião da Gazeta Valeparaibana

Ano Novo: Renovação de Expectativas Mais um ano chega. O ano novo de 2017. O ano de 2016 teve um bocadinho de coisas boas, mas na minha sincera opinião, não foi lá um ano que eu considero agradável. Foi um ano de mui-ta tensão, eu pessoalmente não vou sentir saudades de 2016. Pode ser que para muita gente, 2016 tenha sido um ano bom, para mim não foi. Mas isso não significa que 2017 tenha que ser um ano ruim também.

O ano novo de 2017 pode sim, ser melhor. Mudança de ano é renovação de ciclo. Renovação das esperanças, renovação da vida. Convém deixarmos para trás as coisas desagradáveis que ficaram no passado. Se tomamos decisões equivocadas lá trás, vamos conservar apenas o a-prendizado que tivemos com tais experiências e que nos permite melhorar. O ser humano é um ser de motivação, que encontra nesta o seu combustível de vida. Uma pessoa sem motivação é uma pessoa sem expectativas e sem alegria para viver e conquistar. Quem vive assim acaba en-carando a vida como um peso e como uma longa estrada sem surpresas e sem novidades.

Convido à humanidade a começar em 2017 um novo ciclo, um novo período mais agradável. O futuro é consequência do passado e do presente. O passado já passou e não pode ser mudado. Mas o presente pode ser mudado sim. Precisamos renovar os conhecimentos, e aumentar a sa-bedoria, abrindo a mente para as novidades, tendo o devido entendimento para discernir o bom e o mau. Compete a cada um de nós construir o futuro que queremos. O primeiro passo é acreditar que é possível. O segundo passo é se esforçar, correr atrás, procurar soluções e ideias. Toda causa tem consequência. Quem realmente procura, encontra. Se eu quero que as coisas melho-rem para mim, eu tenho que assumir a responsabilidade pela minha própria vida. E, para que eu possa realmente assumir a responsabilidade pela minha própria vida, é necessário que eu conhe-ça a mim mesmo com clareza e, que eu seja sempre sincero comigo mesmo. Em seguida, eu te-nho que ter coragem de assumir riscos para que as mudanças ocorram na minha vida. As possibi-lidades são muitas.

Desejo um feliz ano novo de 2017 para todos.

João Paulo E. Barros

PASSAPORTE PARA ONDE?

Por que pararam de fabricar o amor? Dizem que os “oficineiros” fraudaram contra Deus quando a humanidade percebeu o custo benefício que lhes renderiam tudo havia por a-qui... E a serpente corrompeu a “Primeira-Dama”, que induziu o homem à sua primeira fraqueza e lhe tirou a ilusão da posse sobre ela e, assim, um ludibriando o outro, continuaram desassossega-dos e, assim, se iniciou a mentira do amor. Judas se vendeu por 30 moedas que o levou a forca. Jesus, por tão pouco, foi parar na Cruz e Maria Madalena foi apedrejada. (Ah! Se eles soubessem que, nos tempos de hoje, nada dis-so teria acontecido). Tivemos rainhas, princesas e belas senhoras, reis, homens fortes. Patéticos seres dotados de sentimentos soberbos que condenaram seus próprios semelhantes à morte, desde os primór-dios tempos. Os homens reclamam e choram sem memória. Promoveram guerras, desafetos, atrocidades e assim se aprimoraram na discórdia. Quantas guerras ainda faltam? Quanto falta pa-ra alcançarmos o “Reino”? (“Reino” maldito da ignorância e desonra, onde não haverá glória e fama).

A sórdida geração humana terá como he-rança a mísera sorte de um estado sombrio de

sofrimentos e nunca saberá quando dela a mor-te o livrará. Mulheres e homens extenuados verão a prole se extinguir. Sem fertilidade não mais lançarão filhos ao léu em seus destinos mal-afortunados. O que diria então de nossa terra varonil, Brasil, onde todos sempre se encantaram pelo privilé-gio de terras abençoadas, onde seus governan-tes foram escolhidos “a dedo” e onde a cadeia já foi cárcere de bandidos? Vimo-nos também desenganados e pelas nos-sas próprias “cordas e forças” enforcados. Aqui não há fadas como o povo brasileiro sonhava e sim falcatruas, cordeiros em pele de lobos, ca-valheiros e damas mundanos e, crianças mor-rendo de fome, doentes, sem teto e carentes de pais e de governo. Então... Perante o mundo estamos e sempre fomos iguais. Que abram as portas das celas para “amparar e proteger” nossos políticos e bandidos, enquanto fechamos as portas de nossos próprios abrigos para nos proteger desses inimigos. Que joguem pedra na Cruz, que Deus continue sendo o culpado, ou, para os mais devotos, que culpem o pobre do Diabo! “Que a humanidade, consiga seu “visto de en-trada”. Para onde?

Genha Auga jornalista MTB:15.320

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Janeiro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 3

Crônica do mês A Saudade e o Ano ...Velho...Novo...

Saudade...palavra que dizem que só existe na língua portuguesa. Cabe tanto sentimento ali dentro. Que bom que ela existe. As vezes dói, as ve-zes nos enche de alegria por tantas lembranças boas que nos traz. Senti-mento que dá nó na garganta, ou explode dentro do peito. Faz a gente se perder olhando a linha do horizonte, viajando em palavras, sensações, emoções. Sentimos saudade de uma época boa, de cheiros, sabores, pessoas. Sentimos saudades de lugares. Sentimos saudades de momen-tos especiais, de coisas, de cores, de choros e risos....e assim vamos an-

dando pela vida, colecionando lembranças...cada uma fazendo parte da nossa história.

O ano está findando, será que deixaremos saudades? será que sentiremos saudades? Do que foi, do que podia ter sido , do que ficou na vontade, do que se realizou e foi tão bom, mas tão bom, que vai deixar muita saudade. Será que pessoas sentirão saudades de nós, de atitudes nossas, de impressões que causamos e marcaram a vida de alguém? Muitas perguntas, algumas respostas. Por causa de algumas saudades que tem um sabor mais amargo , vamos tentar não repetir os mesmos erros, outras saudades vão ser tão boas que vamos querer repetir aquilo que nos deixou lembranças boas. A saudade é algo tão marcante, que existe um dia para comemorá-la. No Brasil esse dia é 30 de janeiro. Saudade todo mundo já sentiu.

Quando está relacionada a falta de alguém nem sempre é algo bom, saudade é cantada em verso e prosa, é romântica é cruel, meiga, desatinada, louca, suave, alegre e triste, nos inunda completamente....me pergunto se ela durará para sempre. Saudade de um a-mor, saudade de casa, de um país, de amigos, situações, de uma época, de um lugar muito especial, de um olhar, do cheiro de infância, do bolinho de chuva na casa da avó, das brincadeiras na escola, do primeiro beijo, primeiro namorado, infância, até do nosso jeito meio desengonçado na adolescência enquanto lutamos para descobrir quem somos, o que queremos. Saudade do tempo em que não tínhamos preocupações, a não ser a de brincar.

Esse ano não deixará saudades para alguns, politicamente falando, foi um ano cruel. Pa-ra nós brasileiros, foi como se o peso do mundo estivesse todo em nossos ombros. 2016 não deixará saudades em muitos sentidos, e deixará em tantos outros... A palavra sauda-de pode até não existir em algumas línguas, mas o sentimento, esse existe em todas as línguas. Quem nunca sentiu uma saudade “sentida”? Quem viveu um grande amor, quem tem filho e pessoas queridas morando longe, quem tem pessoas que partiram para sem-pre, esses sabem o que é uma saudade “sentida”. A saudade é a ausência de algo ou de alguém, a melancolia causada por uma situação ou por uma ação que ficou distante no tempo. A vontade de reviver o que passou o que já não existe mais.Esse sentimento que nos invade às vezes pode ser tão grande que não cabe no peito. Transborda. Saudades de coisas que não voltam mais.

Do que vamos sentir saudades no ano que passou? O que nos marcou tanto que nos fez ficar chorosos e melancólicos? O que vamos querer relembrar para sempre porque foi bom demais. O que vamos lembrar com tristeza e combinar que deixaremos nesse ano que está acabando? O que vamos projetar para o ano que chega e que deverá fazer parte da saudade boa, aquela que a gente sente um calor bom no peito ao lembrar, que nos co-loca um sorriso nos lábios sem sequer percebermos que estamos nesse estado de graça. É dessa saudade que quero lembrar. Espero que muitos momentos e pessoas especiais surjam em 2017 e deixem uma saudade “feliz”, saudade sincera, saudade amorosa e su-ave, gostosa como um sorvete num dia quente de verão...

Pensamentos que passam pelas nossas cabeças quando um ano está encerrando, quan-do um ciclo está findando e outro está para recomeçar. Rituais que faremos a meia noite do dia 31. Desejos que queremos realizar. Retrospectiva do que passou, do que ficou, do que não volta mais, do que vai deixar saudade e do que não queremos que se repita. Mu-danças que prometeremos que vamos realizar, algumas com sucesso, outras vão cair no esquecimento.

Enfim, se for pra sentir saudade que seja aquela que não faz doer o coração. Que seja uma saudade que nos faça rir, e querer de novo, de novo, e de novo, a pessoa ou a situa-ção, ou seja lá o que for. Que o ano que se inicia nos traga coisas boas para que a sauda-de, se houver, seja de bons momentos e de pessoas maravilhosas que cruzaram o nosso caminho. Vamos nos espiritualizar mais, amar mais, sermos mais generosos, ter um olhar mais amoroso, praticar a resiliência, nos colocar no lugar do outro, viver sem medo de sentir a dor da saudade. Começar de novo se for preciso, coração aberto para que a felici-dade possa chegar. As mudanças começam por nós. Se for para ter saudade que seja de coisas boas, e para que elas aconteçam, temos que mudar algumas atitudes. Tudo pode mudar sempre. Vamos vibrar na energia do Amor. Feliz Ano Novo... já sentindo saudades de todos vocês!

Mariene Hildebrando e-mail: [email protected]

Calendário

Algumas datas comemorativas

01 - Ano Novo 07 - Dia do Leitor 07 - Dia da Liberdade de Cultos 09 - Dia do Fico 20 - Dia de São Sebastião 24 - Dia dos Aposentados 24 - Dia da Previdência Social 25 - Aniversário de São Paulo 27 - Dia Internacional Vítimas do Holocausto 30 - Dia da Saudade

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Janeiro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 4

Culturas e Identidades

Que Prioridades na Cooperação Lusófona?

Esta pergunta é, simultaneamente, um convite e um projeto. Um con-vite à cooperação inter-povos falantes de língua portuguesa; um pro-jeto, porque fala em prioridades, mas, deixa o projeto em si mesmo por construir, encargo de futuro que recai sobre todos os que aqui es-tão presentes e outros que não puderam estar.

Uma proposta desafiadora, tendo-se em consideração que o modelo hoje vigente no mundo é o de um capitalismo transnacional que priori-za tudo menos a amizade e a cooperação entre os povos; modelo que, de saída, impede a abertura e o acolhimento ao diferente e às diferenças. Por conseguinte, se queremos de fato pensar e construir projetos em comum, devemos estar verdadeiramente abertos ao dife-rente, ao outro, com os seus encantos e as suas tristezas. Assim, antes de responder como podem nossas organizações contribuir para cooperar com a lusofonia no Brasil, faço uma breve reflexão sobre o que pensamos que seja a coluna mestra institucional mundial que nos impede de acolher e aceitar a diferença e o diferente.

Fulton Sheen, um dos poucos pensadores realmente profundos dos EUA, em obra intitulada Angústia e Paz, afirma que “[...] a desordem que reina na sociedade reinou primeiro no coração e na mente dos que a compoem”. Stuart Mill em Do Governo Representativo assinala: [...] o que os homens fazem depende do que eles pensam.

Duas visões distintas que apontam para uma mesma causa: o interior da mente humana. A desordem existente no mundo, aqui citada por aqueles homens, não se refere a aspectos circunstanciais entre gru-pos que protestam ou se negam a obedecer as normas legais vigen-tes e são reprimidos pelos agentes que estão encarregados de as im-por. A desordem é fruto do pensamento, do sentimento e da ação humanas. Ora, é isto, também, uma ponderação de Agostinho da Sil-va para quem “A vida tornou-se laica e tornou-se feroz, implacável e, o que é pior ainda, sem sentido nenhum que eleve a vida além da vi-da.” (SILVA, Agostinho da. Agostinho da Silva – Uma Antologia. Lis-boa: Âncora, 2006, p.144). Daí a comprovação atual de que “[...] o progresso técnico se fez à custa do fundo moral da humanidade, [...].” (Id., Ibdem).

De tudo isso resulta que a qualidade do mundo e das formas institu-cionais vigentes em uma dada época depende diretamente da quali-dade dos homens que exercem o poder ou são por ele exercidos e, menos das suas configurações, portanto, podemos ter democracias autoritárias e ditaduras democráticas. Impossível?! Absolutamente, não!

Já Leonardo Coimbra, no início do século passado, vaticinava que este seria o século do império da técnica produzindo o vazio das exis-tências. Um tal vaticínio apontava, entre outros, para a engrenagem criada desde a tão decantada revolução francesa. Qual o cerne dessa engrenagem? Ao observarmos atentamente o art. 6º da Declaração Universal dos Direitos do Homem e dos Cidadãos, de 1789, notamos o estabelecimento de que “[...] a lei é a expressão da vontade geral, manifestada diretamente, ou por meio de representantes”; e, mais a-diante, que “[...] ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer al-guma coisa, a não ser em virtude de lei.”. Tudo isso passando a cons-tituir a espinha dorsal do que a "engrenagem" nos impinge como de-mocracia.

Por detrás de princípios aparentemente tão nobres (a lei e a liberda-de), o que a “engrenagem” fez foi desvincular o processo civilizatório de suas bases culturais simbólicas em favor do mercado financeiro: o deus moderno cujos direitos estão acima dos povos e dos países. Desde este artigo 60, ficou tudo entregue aos que conseguissem for-mar ou manipular as maiorias legislativas. Têm sido bons os resulta-dos? O mundo vai bem? As maiorias são fontes necessárias de ver-dade? Se são, Hitler, a invasão do Iraque, as Guerra dos Balcãs, o

apartheid, a força da Espanha impedindo o português na Galiza, os juros acachapantes dos bancos, as multinacionais transgênicas, os políticos corruptos, os ditadores sem alma, as ditaduras de esquerda etc, foram e são condenados injustamente, porque a lei não declara neles crime algum, antes, os apoia. Tudo o que a lei permite pode-mos fazer, o que não permite, não podemos. Mas, quem faz a lei? Esquecemos a advertência de o que há séculos fora dito por Cícero, em De Legibus: “Se supusermos que todo o direito é o que se expres-sa nas leis, estaremos atribuindo aos legisladores a faculdade de transformar o bem em mal, a verdade em mentira, a virtude em vício e assim por diante”. À maneira de Agostinho da Silva,

[...] devemos esclarecer aquilo em que verdadei-ramente acreditamos, porque é possível que es-tejamos somente a seguir, que nem carneiri-nhos, acanhadamente, os caminhos que nos fo-ram abertos (pelos) partidos políticos, [...], ou pelas nossas próprias confusões. [...]. Ou talvez reconheçamos que a Verdade é somente para o silêncio. Devemos acreditar [...] numa ordem do mundo escondida e cheia de significado. (SILVA, Agostinho da. Agostinho da Silva – Uma Antologia. Lisbos: Âncora, 2006, p.154).

O que queremos dizer com isso tudo? Nos perguntamos que priori-dades na cooperação lusófona? Com base no acima exposto, nossas instituições do Brasil perguntam de volta: o critério para elencar as prioridades para depois cooperar precisará, necessariamente, de leis que nos autorizem ou precisaremos de vontades humanas? Porque, se a lei for o critério e elas não nos autorizarem, como cooperar? A-firmamos que quando as leis não nos autorizem a praticar a compai-xão, a amizade, a solidariedade, o compartilhamento, a ética, o bem, o bom e o belo, elas devem ser burladas ou desconsideradas. Utopia ou jeitinho à brasileira? As duas, sim e, lembramos que desde o Para-íso foram as minorias abraamicas que sonharam um mundo melhor e mais feliz para tudo e para todos e ele veio, pois foi um ato de vonta-de e não de lei. A isto completamos com o pensar de Agostinho:

Todos felizes, ao que se crê, o que aparecia ofe-recido pela Natureza se consumia, [...]. Ninguém mandava, embora se ouvisse, como é de se a-ceitar, a experiência dos mais velhos, [...]. Mu-lheres e crianças não tinham estatuto algum de subordinação e ninguém aparecia a defender direitos de propriedade. [...] Com a sempre reno-vada abundância ninguém pensava em poupar e só bastante mais tarde apareciam os vasos de barro ou os trançados cestos, antecessores lon-gínquos de nosso sistema bancário, agora, co-mo se sabe, ameaçado de falência internacio-nal: as portas do futuro se abrem às vezes em alvoradas de catástrofes. (Idem., p.154).

Portanto, por prioridades, entendemos que sejam todas aquelas que decidirmos que são prioritárias e não necessariamente aquelas que estão já aprovadas pelas leis dos nossos países.

(1)Texto adaptado da palestra Edificação do Princípio Esquecido: a Fraternidade no II Congresso da Cidadania Lusófona, Lisboa, 2014.

Autores: Loryel Rocha, Lúcia Helena Alves de Sá

LORYEL ROCHA

Apresenta todos os sábados 20 horas o progra-ma “Culturas e Identidades, na CULTURAonline BRASIL.

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Janeiro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 5

Cidadania

O Maniqueísmo na Sociedade

O Maniqueísmo, ou Pensamento Biná-rio, é uma forma de pensar simplista em que o mundo é visto como que dividido em dois: o do Bem e o do Mal. A simplificação é uma forma primária do pensamento que reduz os fenômenos humanos a uma relação de causa e efeito, certo e errado, isso ou aquilo, é ou não é. A simplificação é entendida como for-ma deficiente de pensar, nasce da intolerân-cia ou desconhecimento em relação a verda-

de do outro e da pressa de entender e reagir ao que lhe apresenta como complexo.

Eu tenho observado nas redes sociais for-te comportamento maniqueísta em diversos assuntos. Um dos exemplos, no mundo do entretenimento. Fãs da editora norte-americana de histórias em quadrinhos de su-per-heróis DC hostilizando a editora norte-americana de histórias em quadrinhos de su-per-heróis Marvel e fãs da Marvel hostilizan-do a DC também. E não há nenhuma lei ou regra que impeça as pessoas de gostarem das duas editoras ao mesmo tempo ou que obrigue alguém a gostar disso. As duas edi-toras, embora rivais, se tratam de forma cor-dial. Na política, eu tenho visto pessoas de ideologia direitista hostilizando partidos e po-líticos esquerdistas e pessoas de ideologia esquerdista hostilizando partidos e políticos direitistas. Tenho visto a política ser tratada como se fosse futebol e o futebol ser tratado como se fosse religião. Eu tenho visto supos-tos ateus tão, mas tão intolerantes às religi-ões e crenças que parecem fanáticos funda-mentalistas. E também, religiosos e supostos cristãos igualmente muito intolerantes, o que já é clássico. Pessoas que não sabem diver-gir de opinião sem se sentir donos da verda-de e sem levar para o lado pessoal.

Uma das piores consequências da mentali-dade maniqueísta é a petrificação do pensa-mento, a pessoa maniqueísta ou binária só

sabe enxergar a realidade que é de múltiplas possibilidades como realidade de apenas du-as possibilidades. Pessoas assim não enxer-gam meio-termo, não consideram uma tercei-ra opção para tentar encontrar uma solução, porque só sabem reduzir qualquer questão, seja política, religião, futebol ou outra, em dois lados opostos e confrontá-los, criando assim uma falsa dicotomia ou falso dilema. Se uma pessoa acredita em alguma religião ou crença espiritual, ou alguma ideologia po-lítica, ou não acredita, essa pessoa não é “burra” e nem ignorante por causa disso, ela certamente tem as razões dela para crer co-mo crê. As pessoas têm origens diferentes, histórias de vida diferentes, experiências de vida diferentes. O natural é que as pessoas tenham opiniões diferentes e divergentes.

Eu acho, isto é, não tenho certeza, mas acredito que a causa de tanta gente ter men-talidade maniqueísta ou binária é o tipo de educação (familiar, escolar, mídia...) que tem recebido. E, sendo assim, eu acredito que o conjunto que compõe a forma de educar os indivíduos deve ser mudada, as pessoas pre-cisam ser estimuladas a terem as suas men-tes mais abertas às diversas possibilidades, a serem mais compreensivas, mais toleran-tes e mais pacientes com as outras pessoas. E o que o leitor ou a leitora acha?

João Paulo E. Barros

Porque precisamos fazer a Reforma Política no Brasil?

Seus impostos merecem boa administração. Bons políti-cos não vem do nada. Para que existam bons políticos

para administrar o país, toda a sociedade precisa colaborar para que eles possam nascer e terem sucesso. É preciso um sistema eleitoral moderno para melhorar a qualidade da política. Os políticos "tradicionais" tem horror à reforma política, porque ela pode mudar a situa-ção atual onde eles usam e manipulam o eleitor e são pouco cobrados !

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PEC que limita gastos públicos por 20 anos

Subfinanciado desde a sua criação, o Sistema Único de Saúde já tinha a sua sustentabilidade ameaçada pelas transformações que o País passa: um acelerado envelhecimento da população, acompa-nhado do aumento da prevalência de doenças crônicas, a demandar tratamentos prolongados e dispendiosos.

A PEC da morte, que congela os gastos públicos por 20 anos, ape-nas agrava o problema, com a perspectiva de perda real de recur-sos, avalia o médico José Gomes Temporão, ex-ministro da Saúde do governo Lula.

O congelamento dos recursos de saúde e educação começaria não em 2017, como previu a proposta original do governo, mas em 2018.

Além disso, o novo relatório estabelece que a base de cálculo do pi-so da saúde em 2017 será de 15% da receita líquida, e não de 13,7%, como previsto inicialmente.

Mesmo com o alívio no primeiro ano, é prevista uma perda acumula-da de centenas de bilhões de reais ao longo dos 20 anos de vigên-cia.

“Essa decisão do Congresso é uma condenação de morte para mi-lhares de brasileiros que terão a saúde impactada por essa medida irresponsável”, afirmou Temporão ex-ministro.

. “Estamos falando de fechamento de leitos hospitalares, de encerra-mento de serviços de saúde, de demissões de profissionais, de redu-ção do acesso, de aumento da demora no atendimento.”

Para o ex-ministro, o País renuncia ao seu futuro ao sacrificar a saú-de e a educação no ajuste fiscal.

“Se existe um problema macroeconômico a ser enfrentado, do ponto de vista dos gastos públicos, há outros caminhos. Mas este governo não parece disposto a enfrentar a questão da reforma tributária”, afir-ma. “

Temos uma estrutura tributária regressiva no Brasil, que penaliza os trabalhadores assalariados e a classe média, enquanto os ricos per-manecem com os seus privilégios intocados”.

Da redação com informações da CartaCapital

Cidadania

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Histórias que a vida conta

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Janeiro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 6

(1909-2002) ABC do Nordeste

Flagelado

A – Ai, como é duro viver nos Estados do Nordeste quando o nosso Pai Celeste não manda a nuvem chover. É bem triste a gente ver findar o mês de janeiro depois findar fevereiro e março também passar, sem o inverno começar no Nordeste brasileiro.

B – Berra o gado impaciente reclamando o verde pasto, desfigurado e arrasto, com o olhar de penitente; o fazendeiro, descrente, um jeito não pode dar, o sol ardente a queimar e o vento forte soprando, a gente fica pensando que o mundo vai se acabar.

C – Caminhando pelo espaço, como os trapos de um lençol, pras bandas do pôr do sol, as nuvens vão em fracasso: aqui e ali um pedaço vagando… sempre vagando, quem estiver reparando faz logo a comparação de umas pastas de algodão que o vento vai carregando.

D – De manhã, bem de manhã, vem da montanha um agouro de gargalhada e de choro da feia e triste cauã: um bando de ribançã pelo espaço a se perder, pra de fome não morrer, vai atrás de outro lugar, e ali só há de voltar, um dia, quando chover.

E – Em tudo se vê mudança quem repara vê até que o camaleão que é verde da cor da esperança, com o flagelo que avança, muda logo de feição. O verde camaleão perde a sua cor bonita fica de forma esquisita que causa admiração.

F – Foge o prazer da floresta

o bonito sabiá, quando flagelo não há cantando se manifesta. Durante o inverno faz festa gorjeando por esporte, mas não chovendo é sem sorte, fica sem graça e calado o cantor mais afamado dos passarinhos do norte.

G – Geme de dor, se aquebranta e dali desaparece, o sabiá só parece que com a seca se encanta. Se outro pássaro canta, o coitado não responde; ele vai não sei pra onde, pois quando o inverno não vem com o desgosto que tem o pobrezinho se esconde.

H – Horroroso, feio e mau de lá de dentro das grotas, manda suas feias notas o tristonho bacurau. Canta o João corta-pau o seu poema funério, é muito triste o mistério de uma seca no sertão; a gente tem impressão que o mundo é um cemitério.

I – Ilusão, prazer, amor, a gente sente fugir, tudo parece carpir tristeza, saudade e dor. Nas horas de mais calor, se escuta pra todo lado o toque desafinado da gaita da seriema acompanhando o cinema no Nordeste flagelado.

J – Já falei sobre a desgraça dos animais do Nordeste; com a seca vem a peste e a vida fica sem graça. Quanto mais dia se passa mais a dor se multiplica; a mata que já foi rica, de tristeza geme e chora. Preciso dizer agora o povo como é que fica.

L – Lamento desconsolado o coitado camponês porque tanto esforço fez, mas não lucrou seu roçado. Num banco velho, sentado, olhando o filho inocente e a mulher bem paciente, cozinha lá no fogão o derradeiro feijão que ele guardou pra semente.

M – Minha boa companheira, diz ele, vamos embora, e depressa, sem demora vende a sua cartucheira.

Vende a faca, a roçadeira, machado, foice e facão; vende a pobre habitação, galinha, cabra e suíno e viajam sem destino em cima de um caminhão.

N – Naquele duro transporte sai aquela pobre gente, aguentando paciente o rigor da triste sorte. Levando a saudade forte de seu povo e seu lugar, sem um nem outro falar, vão pensando em sua vida, deixando a terra querida, para nunca mais voltar.

O – Outro tem opinião de deixar mãe, deixar pai, porém para o Sul não vai, procura outra direção. Vai bater no Maranhão onde nunca falta inverno; outro com grande consterno deixa o casebre e a mobília e leva a sua família pra construção do governo.

P – Porém lá na construção, o seu viver é grosseiro trabalhando o dia inteiro de picareta na mão. Pra sua manutenção chegando dia marcado em vez do seu ordenado dentro da repartição, recebe triste ração, farinha e feijão furado.

Q – Quem quer ver o sofrimento, quando há seca no sertão, procura uma construção e entra no fornecimento. Pois, dentro dele o alimento que o pobre tem a comer, a barriga pode encher, porém falta a substância, e com esta circunstância, começa o povo a morrer.

R – Raquítica, pálida e doente fica a pobre criatura e a boca da sepultura vai engolindo o inocente. Meu Jesus! Meu Pai Clemente, que da humanidade é dono, desça de seu alto trono, da sua corte celeste e venha ver seu Nordeste como ele está no abandono.

S – Sofre o casado e o solteiro sofre o velho, sofre o moço, não tem janta, nem almoço, não tem roupa nem dinheiro. Também sofre o fazendeiro que de rico perde o nome, o desgosto lhe consome,

vendo o urubu esfomeado, puxando a pele do gado que morreu de sede e fome.

T – Tudo sofre e não resiste este fardo tão pesado, no Nordeste flagelado em tudo a tristeza existe. Mas a tristeza mais triste que faz tudo entristecer, é a mãe chorosa, a gemer, lágrimas dos olhos correndo, vendo seu filho dizendo: mamãe, eu quero morrer!

U – Um é ver, outro é contar quem for reparar de perto aquele mundo deserto, dá vontade de chorar. Ali só fica a teimar o juazeiro copado, o resto é tudo pelado da chapada ao tabuleiro onde o famoso vaqueiro cantava tangendo o gado.

V – Vivendo em grande maltrato, a abelha zumbindo voa, sem direção, sempre à toa, por causa do desacato. À procura de um regato, de um jardim ou de um pomar sem um momento parar, vagando constantemente, sem encontrar, a inocente, uma flor para pousar.

X – Xexéu, pássaro que mora na grande árvore copada, vendo a floresta arrasada, bate as asas, vai embora. Somente o saguim demora, pulando a fazer careta; na mata tingida e preta, tudo é aflição e pranto; só por milagre de um santo, se encontra uma borboleta.

Z – Zangado contra o sertão dardeja o sol inclemente, cada dia mais ardente tostando a face do chão. E, mostrando compaixão lá do infinito estrelado, pura, limpa, sem pecado de noite a lua derrama um banho de luz no drama do Nordeste flagelado.

Posso dizer que cantei aquilo que observei; tenho certeza que dei aprovada relação. Tudo é tristeza e amargura, indigência e desventura. – Veja, leitor, quanto é dura a seca no meu sertão.

Patativa do Assaré

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Janeiro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 7

Crônicas, Contos e Poesia

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PERDI PARA O TEMPO

Oh! Tempo, tempo...

Passaste-me para trás. Venceste-me.

Embebida pelas lágrimas do meu peito,

prostrada e já me despedindo,

busco em mim o que me negaste;

Coragem para brindar sonhos que não realizei,

segurar sua mão antes de morrer.

Meu coração está quase parando,

logo me verá sob luz de velas,

entre flores coloridas exalando um cheiro forte.

Estarei em toda parte

e em lugar nenhum.

Seguirei vozes até ouvir a sua,

e, enamorada, ainda,

encontrarei vestígios de ti.

E como a árvore velha na calçada,

Sentirei apenas a vertigem da sombra

e o último fio da madrugada.

As luzes se apagarão, a porta se fechará,

não poderei fazer mais nada.

Mas sei que para meus braços,

o mesmo tempo que perdi,

um dia, o trará para mim.

Faço-me quieta, me assossego.

Sei que me vou, mas, não ficarei só.

Nosso tempo, não termina aqui...

Genha Auga

ENFIM SALVOS!

As crianças corriam alegremente sob o sol irradiante daquela manhã...

Tão pequenos, mas, sabiam reconhecer o encanto de um lindo dia, parecia até que não tinham dificuldades e brincavam em perfeita sintonia uns com os outros.

Bem perto dali havia um imenso espaço que já fora uma floresta, um bosque ou

até uma cidade e, como eram livres para viver o que o dia lhes oferecia, ficavam assim a correr e gritar o “tempo que o tempo” lhes permitisse desse pequeno e quase único prazer.

Entardecia!

O sol se despedia e a lua surgia vagarosamente, clareando o corre-corre incansável da trupe daquele cenário.

Eis que surge no céu, algo misterioso: a princípio pareciam pássaros barulhentos e espantados, ou, seriam os aviões cortando os céus?

Embora com a imaginação aguçada pela esperança de serem apenas estrelas, cometas despontando ou simplesmente fogos de artifícios, também es-tavam temerosos por um novo bombardeio.

Parados e quase sem respirar, assustados, mas sabendo que não era o momento de gritar, deitaram-se no chão, agarradinhos observando e tentando descobrir o que seria aquele mistério que sobressaltava cada um deles.

Atentamente perceberam que vários “seres” se aproximavam falando uma língua que não entendiam, mas, foram lentamente se levantando e senti-ram que emanava deles algo confortável e bom que há tempos não sentiam. A língua era difícil de decifrar, mas a afetividade que receberam foi indescritível e só então, pularam, gritaram em grande alvoroço dizendo:

- Viva!

- Estamos salvos, não são humanos.

E os pássaros revoaram alegremente e os anjos os levaram.

Eram os meninos da Síria brincando por um momento de suas vidas.

Genha Auga jornalista MTB: 15.320

SOMOS POESIA

Passos livres, me guiam numa tarde de céu azul,

árvores ao redor balançam com o frescor.

Penso que isto, chama-se paz...

Corpo acariciado pelo vento morno, leva pra longe meu cheiro de mulher, visto-me no abraço dessa liberdade, estendo a mão, para alcançar meus

próprios sonhos.

A fé semeia esperanças no feitiço do meu próprio lamento.

E sei que as estrelas, um dia, se recolherão no firmamento.

A vida é feita de retalhos mágicos, Em cada história, há laços,

ou, almas resistindo à memória. Mas, sempre haverá nela, entre versos,

a poesia.

Sou como música ao longe, suave e sem pressa.

Mas, também vulcão em erupção, o que me define como “ser”, é

somente o que sinto e o que busco além de

mim.

Pergunto! Que há de seguro entre o céu e a terra então...

Apenas o milagre de viver no meio de tantos desastres?

Foi “Ele” ter me permitido ser ponte e ter gerado vidas.

Talvez tenha sido essa, a melhor poesia.

Genha Auga

SOBRE POESIA Genha Auga

É preciso ter acesso aos sonhos que os poetas semei-am, pois aquele que não tem poesia em sua vida terá

um coração duro... Escrever poesias é como arar a terra e jogar sementes e, se a árvore que nascer não der flores ou frutos, pelo

menos uma boa sombra dará...

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Janeiro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 8

Mídias - Cultura

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A formação de uma sociedade do medo através da influência da mídia

Parte II - FINAL

(continuação da edição anterior)

Raquel do Rosário e Diego Augusto Bayer

A mídia notoriamente tem papel importante na conjuntura social atual, pois exerce influência em todos os campos, seja na família, na política e na economia, incutindo na população uma forma de agir e pensar importante para a manutenção da ordem. A mídia, quando tomou corpo de mercadoria, era disponibilizada somente para as famílias mais a-bastadas. Aos poucos esse público foi sendo am-pliado e o acesso a esse tipo de informação che-gou também à população menos favorecida ocasi-onando o que temos hoje, um público em massa dos meios de informação através, principalmente, da televisão. Schecaira (apud BAYER, 2013) entende que a mídia é uma fábrica ideológica condicionadora, pois não hesitam em alterar a realidade dos fatos criando um processo permanente de indução cri-minalizante. Assim, os meios de comunicação desvirtuam o senso comum através da dominação e manipulação popular, através de informações que, nem sempre, são totalmente verdadeiras. Com isso, propagando o medo do criminoso (identificado como pobre), os meios de comunica-ção aprofundam as desigualdades e exclusão dessa parcela da sociedade, aumentando as into-lerâncias e os preconceitos. Utiliza-se do medo como estratégia de controle, criminalização e bru-talização dos pobres, de forma que seja legitimo as demandas de pedidos por segurança, tudo em virtude do espetáculo penal criado pela imprensa. Criam-se normas penais para a solução do pro-blema, porém, o Direito Penal passa a ser apenas um confronto aos medos sociais, ao invés de atu-ar como instrumento garantidor dos bens juridica-mente protegidos. Hoje, vivemos em constante situação de emer-gência e deixamos de perguntar pelo simples fato de estar provada a barbaridade dos outros. A par-tir daí, muros são construídos para separar a soci-edade. Há muros que separam nações entre po-bres e ricos, mas não há muros que separam os que têm medo dos que não têm (COUTO, 2011). A manipulação das notícias através dos meios de comunicação aumentam os medos e induzem ao pânico, reforçando uma falsidade à política crimi-nal e promovendo a criminalização e repressão, ofertando ao sistema penal uma legitimação para uma intervenção cada vez mais repressiva, crian-do um verdadeiro Estado Penal. A mídia exerce influência sobre a representação do crime e também do delinquente em razão do constante destaque que se dá aos crimes violen-tos. Assim, a mídia vai colaborando o processo de construção de “imagem do inimigo” – no Brasil quase sempre como dos setores de baixa renda – mas também auxilia na tarefa de eliminá-los, des-considerando da ética e justificando a opressão punitiva.

Através de uma seleção de conteúdos a mídia tem o poder da construção da realidade, que é um poder simbólico. Esse poder simbólico procura reproduzir uma ordem homogeneizada do tempo e do pensamento, com um único objetivo, a domi-nação de uns sobre os outros. Com isto, criam sujeitos incapazes de contestar o que se lhes é apresentado de forma a garantir a ordem, a torná-los submissos e dominados. A mídia incute na sociedade uma política de higie-nização e rotulação dos desiguais que devem ser banidos da convivência social. Diante da propaga-ção dessa política, cada vez mais os cidadãos são colocados diante de questões criminais que pare-cem nunca se resolver provocando uma sensação de intranquilidade e medo. Esse último, por sua vez, é agravado pela sensação de vulnerabilidade e de impossibilidade de defesa. A frequente exposição da crescente criminalidade através da mídia cria um sentimento de insegu-rança irreal, sem qualquer fundamento racional. Na realidade, o principal objetivo da mídia é cha-mar a atenção do público e obter lucro. Assim, a mídia passa a utilizar expedientes sensacionalis-tas com fatos negativos como crimes e catástro-fes, disseminando um sentimento de insegurança no seio social, ocasionando o surgimento da cultu-ra do medo e formando uma “Sociedade do Me-do”. Ou seja, nem tudo que vimos nos telejornais são de extrema veracidade, grande parte desta informação tem uma intenção do porque ser trans-mitida e, essa intenção, estará sempre relaciona-da a um fim lucrativo e dominador social. De acordo com Silveira (2013), para dar sustenta-ção ao ciclo que por diversas formas fomenta o consumo e acarreta o lucro, a mídia, seguindo os ditames da indústria cultural, interage com o públi-co receptador das informações de uma forma mui-to particular, visto que consegue se adaptar per-feitamente às mais diversas classes, idades e ti-pos de pessoas, buscando uma relação com o público médio. Há mais medo do que medo propriamente dito. A televisão tenta retratar os fatos de forma a tornar a informação o mais real possível aproximando os acontecimentos do cotidiano das pessoas e fa-zendo-as crer que aquela situação de risco pode-rá acontecer a qualquer momento dentro de suas próprias casas, nos seus grupos sociais. Assim, os telejornais propagam informações sensaciona-listas através da exploração da dor alheia, do constrangimento de vítimas desoladas e da viola-ção da privacidade de algumas pessoas. Para chamar a atenção do público, ainda lançam mão de outros recursos semelhantes, como a incitação de brigas entre vizinhos nos bairros populares e os crimes de violências sexuais cometidos por membros de uma mesma família. Desta forma, mesmo que estejamos mais seguros do que em toda história da humanidade, mesmo assim, as pessoas continuam a se sentir ameaça-das, inseguras e apaixonadas por tudo aquilo que se refira à segurança e à proteção. Isso se dá a-través do que Silveira (2013) chama de “cultura do medo”, ou seja, o que tem levado as pessoas a intensificarem suas próprias medidas visando uma suposta diminuição de vulnerabilidade, como a construção de muros e barreiras, assim como a se isolarem dentro de suas próprias casas, evitando sair a eventos e espaços públicos por medo da violência, o que configura uma mudança radical de comportamento, algo que beira a paranoia. Esta forma de isolamento dos conflitos ocasiona uma espécie de divisão social, onde as pessoas economicamente privilegiadas passam a ocupar bairros considerados “nobres” e condomínios vigi-ados continuamente, restando para a camada mais pobre da população, territórios completa-

mente negligenciados pelo Estado, locais em que a “elite” busca o distanciamento, diz Silveira (2013). E complementa ainda Silveira (2013, p. 300) que “O homem enfrenta grandes dificuldades em conseguir ver o outro como um semelhante e não como um concorrente a ser eliminado”. Toda essa realidade que se forma na “cultura do medo” acaba por contribuir para o reforço dos pre-conceitos na esteira da ignorância e da inseguran-ça. Com isso, cria-se a “Sociedade do Medo” aqui abordada que, além de cruel e preconceituosa, passa a ser ignorante e submissa a tudo que lhe é apresentado como verdade absoluta. César Vinícius Kogut e Wânia Rezende Silva ex-põe que o medo é fenômeno de paralisação do senso normal da vida, altera relações de formas e espaços, traz à tona uma imagem duvidosa, refle-te insegurança, tristeza e dá noção de fragilidade. Por isso, uma das missões fundamentais do Esta-do deveria ser realizar ações para minimizar pro-blemas e reduzir o medo proporcionando à popu-lação uma melhor qualidade de vida, libertando os indivíduos desse sentimento para que vivam em segurança. Saber que este mundo é assustador não significa viver com medo. Nossa vida está longe de ser li-vre do medo, assim como, livre de ser livre de pe-rigos e ameaças, porém, não podemos permitir que o que vimos na TV influencie nossa vida a ponto de pararmos de viver, a ponto de guardar-mos sonhos que gostaríamos de realizar ou de nos impedir de promover uma mudança. Não de-vemos nos preocupar com o que ainda não acon-teceu, mas procurar sim evitar situações que pos-sam nos colocar em risco e, até mesmo, nos pro-teger do perigo. Tudo, porém, sem permitir que o medo e a insegurança tome conta de nosso ser e do que somos. Julga-se importante estabelecer os limites éticos da atuação da mídia, de forma que, respeitem a ordem legal, discipline as atividades e defina suas responsabilidades em relação às pessoas atingi-das pela informação que se divulga, sem, é claro, que se perca o direito de informar e de ser infor-mado. É preciso que a mídia banalize menos e instrua mais, sem decidir por si o que as pessoas devem pensar e a forma como elas devem agir em relação ao que foi noticiado. Por vivermos em uma sociedade complexa, onde o Estado já não mais é capaz de cumprir com seu papel de proporcionar segurança à população, facilita ainda mais a instalação do medo inconsci-ente das pessoas. Assim, resta à sociedade acreditar naquilo que é transmitido pela mídia e esperar por um futuro melhor, com menos violência e crimes hediondos. Até lá, a vida segue com uma completa divisão social, na medida em que a elite escolhe seus ini-migos nas camadas mais pobres da população e continuam condenando aqueles que menos recur-sos têm: os já predestinados ao fracasso no siste-ma. Como expõe Loïc Wacquant: “tranque-os e jogue fora a chave’ torna-se o leitmotiv dos políticos de última moda, dos criminólogos da corte e das mí-dias prontas a explorar o medo do crime violento (e a maldição do criminoso) a fim de alargar seus mercados”. Afinal, é esta política que ultimamente tem ganho voto e feito os políticos se elegerem. Agora, quando os seus direitos e suas garantias fundamentais forem tiradas, só lhe restará sentar no meio fio e chorar, afinal, você pode ter legitima-do tudo isso. Cuidado, muito cuidado.

Diego Bayer é Advogado criminalista, Doutoran-do em Direito Penal, Professor de Penal e Proces-so Penal da Católica de Santa Catarina e autor de obras jurídicas.

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Janeiro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 9

E agora José? Debatendo a educação

A REFORMA DO ENSINO MÉDIO: 1400 horas

A reforma do Ensino Médio trouxe a ampliação da jorna-da anual passando de 800 horas para 1400 horas. A princípio parece ser uma boa iniciativa. Mas, vamos deta-lhar melhor este assunto.

A Medida Provisória 746/-2016, que trouxe a reforma do Ensino Médio tem sido amplamente discutida nesta

coluna. Este é o quarto artigo sobre o tema. O primeiro artigo tratou da falta de infraestrutura nas escolas brasileiras. O segundo discutiu so-bre o “Notório Saber”. O terceiro tratou da falta de diálogo do MEC com a sociedade. Este aqui vai discutir a questão da jornada escolar anual.

A Medida Provisória 746/2016 alterou alguns artigos da Lei n. 9.394/1996 trazendo a seguinte redação:

“Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será or-ganizada de acordo com as seguintes regras comuns: I - a carga horá-ria mínima anual será de oitocentas horas, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reser-vado aos exames finais, quando houver (...) Art. 31. A educação in-fantil será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho educacional (...) Pará-grafo único. A carga horária mínima anual de que trata o inciso I do caput deverá ser progressivamente ampliada, no ensino médio, pa-ra mil e quatrocentas horas, observadas as normas do respectivo sis-tema de ensino e de acordo com as diretrizes, os objetivos, as metas e as estratégias de implementação estabelecidos no Plano Nacional de Educação”.

Ao analisarmos o Plano Nacional de Educação, verificamos na meta 6 (Educação Integral) a intenção de ampliar as escolas de Educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas, atendendo, pelo menos 25% dos alunos da Educação Básica até 2024. Dados de 2014 do MEC/Inep apontam que 42% das escolas públicas da Educa-ção Básica oferecem matrículas em tempo integral.

Muita gente erroneamente relaciona tempo de estudos com qualidade na educação. O que é uma relação não verdadeira. É preciso pensar o que se faz na escola durante este tempo.

Quando consideramos a média geral de tempo de estudos no Brasil, observamos o irrisório tempo de 4 horas diárias na escola. Porém, é preciso lembrar que o Brasil possui 26 Estados (mais o Distrito Fede-ral) e uma rede de 5570 municípios. Cada caso é um caso e cada rea-lidade é uma realidade. De qualquer forma, o mínimo proposto são as 800 horas anuais distribuídas pelos 200 dias letivos.

Antes da LDBEN 9.394/1996 entrar em vigor, as escolas no Brasil ti-nham 180 dias letivos. Acrescentar 20 dias letivos, a princípio, foi algo muito positivo. Porém, gostaria de levantar a seguinte questão: será que os 200 dias letivos realmente são cumpridos?

Considere que os calendários escolares iniciam-se na primeira sema-na de Fevereiro e terminam após o dia 20 de Dezembro. Geralmente

encerram o calendário escolar entre os dias 21 e 23 de Dezembro. Pergunta: quantos alunos você já viu frequentando a escola após o dia 01 de Dezembro? E após o dia 10 de Dezembro e no dia 20 de Dezembro?

Infelizmente, o jeitinho brasileiro fez com que parte do calendário es-colar fosse contemplado do ponto de vista administrativo, mas não e-fetivo. Considera-se dia de trabalho educacional ou dia letivo, o efetivo cumprimento das propostas pedagógicas-educacionais juntamente com professores e alunos. Obviamente que ninguém aqui está falando em aula do tipo giz, lousa, livro e caderno. O dia letivo pode ser consi-derado também eventos educacionais, saídas de campo, atividades ao ar livre, enfim, tudo aquilo que envolve o processo de ensino e a-prendizagem e que esteja de acordo com as diretrizes curriculares e com o planejamento da escola.

Talvez este item fosse necessário rever, já que os 200 dias letivos é uma falácia e só serve no papel.

Outro ponto importante para discutir aqui é sobre a ampliação da car-ga horária. Há um ditado popular que diz “quantidade não é qualida-de”, e com razão. Pensando no processo escolar, o que vale mais: 2 horas lendo com atenção um livro ou 4 horas em sala de aula ouvindo música em fone de ouvido e fazendo cópias? 2 horas em uma roda de discussão sobre um tema específico, com atividades diversificadas, produção textual e pesquisa ou 4 horas copiando texto da lousa e res-pondendo questões objetivas?

Precisamos também discutir a qualidade do tempo que se passa nas escolas. De nada adianta aumentar de 4 horas diárias para 8 horas sem mexer na organização da sala de aula. Também de nada adianta colocar o aluno 8 horas por dia em uma sala de aula assistindo aula (mesmo que seja com qualidade). É preciso pensar em uma escola com jornada ampliada sem a estrutura tradicional das aulas de 50 mi-nutos. É preciso maximizar o tempo útil de estudos coletivos e solitá-rios. Leituras solitárias de livros, pesquisas em diferentes materiais, produção de oficinas direcionadas e outras atividades que, não só o-cupem o tempo do aluno, como também contribua efetivamente para o seu processo de desenvolvimento cognitivo e físico.

Neste sentido, a MP 746/16 não prevê nenhuma forma de reorganiza-ção estrutural das escolas. As aulas continuarão sendo de 50 minutos, estanques e com conteúdos previamente definidos de acordo com a Base Nacional Comum Curricular. A propósito, não se engane aqueles que acreditam que a base será responsável só por 60% dos currículos e que os 40% restantes ficarão “livres” para a escola. Essa balela já existe e, na prática, o currículo mínimo se transforma no máximo, mas isso já é outra discussão.

Por fim, para que não reste dúvida, entendo piamente que essa ques-tão dos 200 dias letivos seja um engodo. Algo que, como já afirmado acima, só funciona no papel. Quando às 1400 horas, vejo com bons olhos. Vejo com bons olhos desde que a escola tenha liberdade para reformular sua estrutura de aulas fragmentadas de 50 minutos, com uma grande rotatividade diária de professores que se desesperam em cumprir o “currículo mínimo”.

Ivan Claudio Guedes Geógrafo e Pedagogo. [email protected] www.icguedes.pro.br

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Janeiro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 10

Política De novo o fascismo: Um ano após ‘Como conversar com um fascista’ Se há um ano muitos não entenderam a ironia em Como conversar com um fascista (2015), agora o objetivo é ser direito: ou se desvela e desconstrói o fascismo, ou não haverá mais espaço à construção de um mundo respirável. Há quem negue a existência de neofascis-mos. Para esses, o fascismo se resume ao fenômeno histórico italiano protagonizado por Mussolini. Outros sugerem, desconhecendo não só a carga simbólica do significante como também as pesquisas sobre a personalidade autoritária (que chegou, por exemplo, à cha-mada “Escala F”, pensada para medir o “grau de fascismo” de uma sociedade) que ao a-pontar posturas fascistas de uma pessoa ou de um grupo, aquele que identifica os caracte-res da personalidade fascista torna-se fascis-ta. Interessante imaginar Adorno, Lowenthal, Gutterman, Fromm, dentre outros, serem cha-mados de “fascistas” por Mussolini, Hitler, Rocco e Himmler. Além disso, não se pode esquecer aqueles que identificam toda mani-festação autoritária como um ato fascista, nem os que acreditam estar imunes ao fascis-mo. Em resumo: muitos não compreendem o que é o fascismo, ou fazem questão de igno-rar algumas facetas do fenômeno. E, por essa razão, muitas vezes desconsideram ou relati-vizam os riscos dos neofascismos cada vez mais naturalizados entre nós.

O fascismo, hoje, adquiriu status de elemento de integração social e se baseia não só na solidariedade afetiva daqueles que negam o outro, baseados em preconceitos, e negam também o conhecimento, num gesto de ódio anti-intelectualista, como também na integra-ção das estruturas mentais. Grupos inteiros partilham estruturas cognitivas e avaliativas que fornecem uma estranha sustentação para o comportamento e a ação. Uma visão de mundo baseada em características tais como a crença no uso da força em detrimento do conhecimento e do diálogo, o ódio à inteligên-cia e à diversidade cultural, a preocupação com a sexualidade alheia, e muitas outras, autoriza à barbárie na micrologia do cotidiano. Busca-se com práticas fascistas impor estru-turas cognitivas e avaliativas idênticas para se fundar um consenso sobre o sentido do mun-do. A tarefa é facilitada na medida em que o “consenso fascista” é funcional aos objetivos das grandes corporações econômicas. O mundo fascista é o mundo sobre o qual as pessoas com seus microfascismos se põem de acordo sem sabê-lo. Chavões são repeti-dos como verdades que garantem o lucro e-mocional do sujeito dos preconceitos: “bandido bom é bandido morto”, “diretos hu-manos pa ra humanos d i re i t os ” , “homossexualidade é sem-vergonhice”, “mulher que não se comporta merece ser es-tuprada”, “porrada é o melhor método de edu-cação”, “escola sem partido”, etc. A uniformi-dade do pensamento que caracteriza o fascis-mo tem sua realização na linguagem estereo-tipada, mas também na ação estereotipada que é o consumismo. Consumismo das ideias prontas e consumismo das coisas. No contex-

to em que a sociedade foi substituída pelo mercado, o mais engraçado é que aqueles que foram rebaixados a consumidores pelo sistema, deixando de lado o valor da cidada-nia que caracteriza o ser humano enquanto ser social, entregam-se ao consumismo espe-rando que a felicidade venha dele e só conse-guem se tornar cada vez mais infelizes. Agin-do assim, constroem um mundo do qual eles mesmos não gostam de viver.

É o fascismo que permite manifestações po-pulares antidemocráticas, com todas as con-tradições daí inerentes, e outras posturas contrárias aos interesses concretos desses próprios portadores da personalidade fascista. Em outras palavras, há um aspecto psicológi-co, uma certa manipulação de mecanismos inconscientes, que faz com que a propaganda fascista não seja identificada nem como anti-democrática nem que seus objetivos latentes sejam percebidos.

Note-se que a retórica fascista é vazia, não apresenta ideias ou argumentos, mostra-se alheia a qualquer limite ou reflexão. Ao con-trário, os ideólogos fascistas (parlamentares, juízes, jornalistas) se caracterizam por fala-rem por clichês. Poucos percebem suas con-tradições. Se lembrarmos de frases tais como “pelo direito de não ter direitos” que já apare-ceram em cartazes em manifestações tere-mos um exemplo de contradição explícita to-talmente fascista enquanto suprassumo da barbárie autorizada. Mas nem sempre o fas-cismo se faz de frases feitas. Às vezes ele é melhor disfarçado. No Brasil, por exemplo, a “luta contra a corrupção” que em um primeiro momento parece luta pela honestidade, tor-nou-se cortina de fumaça que leva a uma cor-rupção mais grave, a do sistema de direitos e garantias. Nessa linha é que, em nome dos “interesses do Brasil”, destroem-se os setores produtivos brasileiros e entregam-se nossos recursos aos conglomerados internacionais. Não é incomum que fascistas usem a “moralidade” como tapume para seus verda-deiros interesses, daí que muitos defendam até mesmo as mulheres e tenham até tentado engajar-se na crítica à cultura do estupro co-mo se eles não a fomentassem. Distanciados da técnica, afirmando barbaridades tais como “convicções” no lugar de provas (lembremos dos que ficaram famosos por meio desses ab-surdos), ou deixando claro que as formas pro-cessuais, que historicamente serviram à redu-ção do arbítrio e da opressão estatal, devem agora ser afastadas para permitir mais conde-nações, os fascistas ganham espaço reduzin-do a complexidade dos fenômenos. Assim propõem raciocínios absurdos como se fos-sem os melhores: “Vamos deixar de investir em pesquisa para comprar armamentos”, num evidente combate ao conhecimento, que deve parecer desnecessário ou não urgente, quan-do na verdade, acoberta-se seu momento pe-rigoso e o ódio que tem dele. Bom lembrar que o ódio é um afeto compensatório. Odeia-se aquilo que não se pode ter ou aquilo que afeta, que faz sentir mal, aquilo que humilha, mas para o fascista de um modo projetivo. Por fim, não podemos deixar de nos lembrar, os fascistas se especializam em discursos pseudoemocionais: “Faço isso em nome dos

brasileirinhos”, “em nome do meu filho, de Deus”, como vimos na escandalosa votação do impeachment de Dilma Rousseff em 17 de abril desse ano. Ali, cada um podia eleger o seu corrupto preferido.

Fato é que a fala do fascista é direcionada à audiência, mas ao que há de autoritário nela. Estimula-se, por meio das palavras, o que po-de haver de arcaico e o violento em cada um. Daí também a glorificação da ação e a demo-nização da reflexão. O fascista age em nome da realização do desejo da audiência enquan-to, ao mesmo tempo, o manipula. O discurso fascista é, sobretudo, um discurso publicitário que visa um receptor despreparado e embru-tecido. É assim, longe do pensamento capaz de duvidar e perguntar, que o fascista-receptor passa a desejar aquilo que a propa-ganda fascista o faz desejar, passa a acredi-tar naquilo que a propaganda fascista afirma ser verdade.

Pense-se, por exemplo, na facilidade com que um juiz conseguiria violar as normas constitu-cionais se manipulasse a opinião pública (e, para tanto, contasse com o apoio de conglo-merados econômicos que exploram os meios de comunicação de massa), com a certeza de que os tribunais superiores, na busca de legi-timidade popular, não ousassem julgar em sentido contrário à opinião pública, nesse ca-so, um auditório manipulado.

Como percebeu Adorno, a ação fascista tem natureza intrinsecamente não teórica, desco-nhece limites, não dá espaço à reflexão, isso porque deve evitar qualquer formulação, em especial porque o fascista nunca pode ter consciência de que seus objetivos declarados nunca serão alcançados e que a propaganda fascista necessariamente faz dele um tolo. Seria insuportável perceber isso. Pense-se nos trabalhadores que “bateram panela”, e se negaram ao diálogo com um governo demo-craticamente eleito, e que agora, sem fazer barulho, assistem ao desmonte do sistema de direitos individuais, coletivos e difusos. Um fascista cala no lugar em que a personalidade democrática naturalmente se expressaria.

Não por acaso, tanto a propaganda fascista quanto o discurso do fascista vulgar, é repleto de chavões e pensamentos prontos. Tudo de-ve ser permitido “no combate à corrupção” ou “na defesa da moral e dos bons costumes”. Quem não se adequa à ordem fascista “vai para Cuba”. O Brasil “não tem jeito” e “na é-poca dos militares é que era bom”.

Enfim, se há um ano muitos não entenderam a ironia no livro Como conversar com um fas-cista (2015) e não prestaram atenção na ne-cessidade de não se deixar transformar em um, agora o objetivo é ser direito: ou se des-vela e desconstrói o fascismo, ou não haverá mais espaço à construção de um mundo res-pirável.

Autora: Marcia Tiburi Marcia Tiburi é graduada em filosofia e artes e mestre e doutora em filosofia. Publicou diversos livros de filosofia. É professora do programa de pós-graduação em Educação, Arte e História da Cultura da Universidade Mackenzie e colunista da revista Cult.

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Janeiro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 11

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Personagens inesquecíveis da Música - I Beethoven Foram muitos eventos e circunstâncias que me levaram a abraçar essa profissão de músico e em especial a música de concerto. Uma delas foi a desco-berta na vasta biblioteca

de meu pai alguns livros especiais. Milton era químico de profissão, porém uma das pessoas mais cultas que tive oportunidade de conhe-cer. Era um curioso nato, e, em sua biblioteca havia de tudo, literatura em geral, brasileira e estrangeira, enciclopédias diversas, livros espe-cializados ilustrados, quase 2000 volumes. Eu passava horas fuçando, e, num tempo onde a tv ficava na sala e não havia internet era um paraíso para a imaginação de uma criança. Já tinha eu meus 7 anos, e com alguma iniciação musical iniciada por minha mãe, cantora, descobri aquele tesouro que iria selar minha es-colha de carreira para toda a vida. Achei encadernadas caprichosamente as partituras das 9 sinfonias de Beethoven. Corri para meu pai que me disse que ele tinha em disco quase todas as sinfonias e que seria muito legal se eu tentasse ouví-las e seguir aquelas notinhas naquele livrinho mágico. Com uma persistência que só uma criança tem eu tentei, tentei, tentei até que decifrei parte da-queles “hieróglifos” ouvindo aquela música fantástica. Na época eu não tinha ideia do que tinha às mãos. Hoje, aos 55 ani-nhos, eu vi que esse talvez tenha sido o presente mais lindo que eu poderia ter recebido de meu pai. Beethoven foi uma figura ímpar na história da humanidade. Teve uma vida atribulada e cheia de eventos sempre dramáticos, se-jam eles bons ou ruins. Nada, com ele, era simples e comum. Nasceu de uma família simples. Seu pai era músico mas alcoólatra. Sua mãe parece ter sido uma pessoa incrível e a quem ele ficou extremamente ligado até a morte dela. Seu interesse pela música veio desde cedo e seu pai foi seu primeiro professor, mas o alcoolismo e a própria limita-ção musical deste fizeram Beethoven sair para a vida cedo. Ludwig, seu primeiro nome, viveu entre 1770 e 1826, em uma época politicamente efervescente, a Revolução Francesa e seus ideais fo-ram alvo de fascínio e inspiração para ele. Nessa época os músicos eram financiados pela aristocracia, que os tinham entre os empregados da corte. Os grandes músicos tinham algumas regalias e encontraram alguns nobres que fascinados pelo talento destes chegaram a tratá-los diferenciadamente mas sempre colocando-os “no lugar deles”. Beethoven não começou diferente, seu talento foi prontamente reco-nhecido e desde cedo recebeu apoio da nobreza. Porém, seu tempe-ramento e suas ideias políticas não o faziam se sentir à vontade nes-se meio. Ainda assim ele conseguiu em vida inúmeros admiradores. Em 1809, o Arcebispo Rudolph, o Príncipe Lobkowitz, e o príncipe Kinsky garantiram a ele uma pensão sem que ele precisasse estar na corte, o que fez dele talvez o primeiro artista independente na história da música. Com essa pensão Beethoven conseguiu escrever o que ele quis sem precisar se curvar aos desejos dos nobres. Anos antes, em 1801, Beethoven ainda com 30 anos, ele confessa a seus amigos que começara a perder a audição. Ao contrário de mui-tos outros exemplos na história da humanidade, essa doença, que para um músico poderia ser o fim, o deprimiu por muito pouco tempo. Ele não só superou esse problema como sua grande obra foi escrita após o aparecimento da enfermidade que foi piorando até que ficasse completamente surdo, por volta de seus 45 anos.

Legado musical Desnecessário dizer aqui que este espaço é minúsculo para descre-ver o que era a musica antes e depois de Beethoven, mas selecionei alguns fatos para que vcs possam se divertir ouvindo e procurando nesse mestre a inspiração que já “contaminou" muitos artistas e pen-sadores até hoje. Há três conjuntos de suas obras que merecem ser apreciados. Suas nove sinfonias, seus dezessete quartetos de cordas, e suas trinta e duas sonatas para piano. Essa sequencia de obras praticamente fundou o Romantismo na mú-sica. O incrível de Beethoven é que ele trouxe uma visão nova e revolucio-nária para a música sem negar o passado! Ele jamais renegou a his-tória da música que veio antes dele, Haydn e Mozart foram seus mes-tres. Ele não negou sua influência e trouxe um mundo novo! Simples-mente a ampliou a obra dos mestres em uma revolução sem prece-dentes. Curiosidades sobre sua vida e obra. Conta-se que após a apresentação de sua nona sinfonia Beethoven não ouviu os aplausos entusiásticos da plateia e um músico teve que virá-lo para que ele visse a reação da plateia estarrecida e ciente de que estava sendo testemunha da estreia da obra que mudaria a músi-ca do séc XIX. Sua terceira sinfonia, foi escrita em homenagem aos ideais revolucio-nários e chegou a ser dedicada a Napoleão Bonaparte. Beethoven chegou a chamar essa sinfonia de Heroica, porém quando Napoleão se declarou Imperador, ele se revoltou e riscou de maneira violenta a dedicatória no manuscrito. Até hoje não se sabe quem é a Amada Imortal, destinatária de uma carta apaixonada que foi descoberta entre os pertences do mestre. Links Nona Sinfonia https://youtu.be/YgIrf_zTJco?list=PL6D79DDC6E82A235A (trecho) https://youtu.be/thEJQF8a2-M (completa) Quinta Sinfonia https://youtu.be/1lHOYvIhLxo Sonata para piano nº 14 (Ao Luar) https://youtu.be/q5OaSju0qNc Sonata para piano nº 23 (Apassionata) https://youtu.be/0Ak_7tTxZrk Um depoimento de Claudio Abbado sobre Beethoven (infelizmente não encontrei as legendas em português, ele fala italiano e as legen-das estão em inglês, mas vale a pena tentar (https://youtu.be/kqLP2EcPGzg) Beethoven e sua obra são um mundo enorme que vale a pena ser explorado. Há muito material na Internet sobre ele. Divirtam-se! Ele pode mudar sua maneira de ouvir música! Saudações musicais

Autor: Maestro Luís Gustavo Petri

Mto. Luís Gustavo Petri é regente, compositor, arranjador e pianis-ta. Fundador da Orquestra Sinfônica Municipal de Santos. Diretor musical da Cia. de Ópera Curta criada e dirigida por Cleber Papa e Rosana Caramaschi. É frequente convidado a reger as mais impor-tantes orquestras brasileiras, e em sua carreira além de concertos importantes, participações em shows, peças de teatro e musicais.

Música e Músicos

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Algumas Datas comemorativas

O Dia Nacional das Histórias em Quadrinho é comemorado anual-mente em 30 de janeiro, no Brasil.

Também conhecidas como HQ's, as histórias em quadrinho são um modelo de leitura que mistura elementos textuais e visuais, criando a sensação de sequenciamento das cenas.

Esta data visa homenagear este gênero literário, um grande respon-sável por apresentar e incentivar as crianças ao mundo da literatura.

No Brasil, as histórias em quadrinho surgiram em meados do século XIX, mas apenas se popularizou com o lançamento de clássicos co-mo “A Turma da Mônica”, “O Menino Maluquinho”, “A Turma do Pere-rê” e o “Tico-Tico”, que é considerada a primeira revista em quadrinho lançada no Brasil, em 11 de outubro de 1905.

Origem do Dia Nacional das Histórias em Quadrinho

A explicação para a escolha desta data está no fato de ter sido em 30 de janeiro de 1869 que foi publicada a primeira história de quadrinho brasileira: “As Aventuras deNhô-Quim ou Impressões de uma Viagem à Corte”, autoria do cartunista Angelo Agostini.

A partir de 1984, ficou instituído, através da “Associação dos Quadri-nhistas e Cartunistas do Estado de São Paulo”, que todo o dia 30 de janeiro se comemoraria o Dia do Quadrinho Nacional, em homena-gem ao trabalho de Agostini.

O Dia do Fico é celebrado anualmente em 9 de janeiro. A importância desta data para o Brasil está no fato de representar um dos mais im-portantes passos rumo à independência do país.

A famosa frase do Dia do Fico foi proferida por D. Pedro I, em 9 de janeiro de 1822, significando a rebeldia do príncipe regente às ordens da Corte portuguesa para que regressasse à Portugal.

Ao dizer a frase "se é para o bem de todos e felicidade geral da Na-ção, estou pronto! Digam ao povo que fico", D. Pedro fortalece o mo-vimento separatista no Brasil, que até então era considerado uma ex-tensão de Portugal.

Frase do Dia do Fico

"Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Digam ao povo que fico".

Estas foram as palavras proferidas por D. Pedro de Alcântara no dia 9 de janeiro de 1822.

D. Pedro de Alcântara disse isso depois de ter sido convencido por 8 mil assinaturas que pediam para que ele ficasse no Brasil. Essas as-sinaturas foram recolhidas pelos liberais radicais que, juntamente com o Partido Brasileiro, já vinham tentando manter a autoridade do Brasil.

A Corte portuguesa queria reverter o estatuto do Brasil novamente para colônia e estava exigindo que D. Pedro voltasse imediatamente para Portugal.

Importância do Dia do Fico

O Dia do Fico (9 de janeiro) é uma data importantíssima na história do país, porque é o primeiro passo para a Independência do Brasil, que só viria a acontecer no dia 7 de setembro desse mesmo ano, 1822.

O Dia Nacional dos Aposentados é comemorado anualmente em 24 de janeiro.

Esta data é destinada a homenagear os profissionais que se dedica-ram a vida inteira ao trabalho e agora usufruem dos benefícios da previdência social, recebendo do governo uma gratificação por todos os anos de serviços prestados ao país.

De acordo com a legislação brasileira, existem cinco categorias espe-cíficas de aposentadoria: a compulsória, a especial, por idade, por invalidez ou por tempo de contribuição.

Mensagem para o Dia dos Aposentados

Após anos de dedicação e muito trabalho, o dia de hoje é mais do que necessário! Parabéns por todo o esforço e obrigado por ter aju-dado no desenvolvimento do nosso país!

Com muito estudo e empenho cumpriste teu objetivo para com a soci-edade, deste o teu melhor e ajudaste a resolver ou melhorar a vida de muitas pessoas ao logo dos anos de carreira… Agora, chegou o tão merecido descanso! Parabéns pelo seu dia!

Origem do Dia dos Aposentados

Esta data foi criada em homenagem a instituição da primeira lei brasi-leira destinada à previdência social, em 24 de janeiro de 1923, pelo então presidente Artur Bernardes: a Lei Eloy Chaves.

O Decreto de Lei nº 6.926/81 determinou o dia 24 de janeiro como o Dia Nacional dos Aposentados no Brasil.

O Aniversário de São Paulo é comemorado anualmente em 25 de ja-neiro. Esta data é um feriado municipal para a capital paulistana.

O dia 25 de janeiro foi escolhido em homenagem à fundação do Colé-gio dos Jesuítas, considerado o marco zero da maior capital brasilei-ra.

No dia 25 de janeiro de 1554, os padres Manuel da Nóbrega e José de Anchieta fundaram o colégio que seria o centro de educação e for-mação dos indígenas para se adequarem ao modo de vida dos jesuí-tas.

A cidade de São Paulo recebeu este nome em homenagem ao após-tolo Paulo, que de acordo com a tradição católica, teria se convertido ao cristianismo no dia 25 de janeiro, ou seja, mesma data em que foi celebrada a missa de fundação do Colégio dos Jesuítas, considerado o “marco zero” da cidade.

O grande boom econômico e demográfico da região de São Paulo, que ajudou a configurar a grande metrópole vista atualmente, aconte-ceu graças ao ciclo do café, em meados do século XIX.

Atividades para o Aniversário de São Paulo

Todos os anos, a prefeitura da cidade de São Paulo promove várias atrações comemorativas para celebrar o aniversário da cidade, em todas as regiões da metrópole.

Shows ao vivo, exposições artísticas, circuitos culturais e outras ativi-dades são alguns dos exemplos de programas que os paulistanos e turistas podem experimentar durante os dias festivos do aniversário de São Paulo (normalmente entre os dias 23, 24 e 25 de janeiro).

Algumas pessoas aproveitam esta data para fazer atividades de conscientização sobre os problemas sociais, ambientais e de infraes-trutura que a capital paulista enfrenta. A escassez de água potável e a poluição do ar são alguns exemplos dessas crises.

Com informações da página: Calendarr

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07 - Dia do Leitor

09 - Dia do Fico

25 - Aniversário de São Paulo

24 - Dia dos Aposentados

Janeiro, o mês dos reencontros, alguns bons e outros ru-ins. Reencontros sempre são bem-vindos para não nos esquecermos de quem somos e de quem fomos um dia.

Jacqueline Chagas

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Janeiro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 13

Educação

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"Avanços democráticos se fazem defendendo a Constituição, não

agindo contra ela"

Procurador da La-va Jato propagan-deia a "República de Curitiba" para comandar o Brasil

O que o ministério público federal en-tende de "avanço democrático"?

Chega a ser uma pilhéria ler-se na Folha de São Pau-lo, ontem, artigo subscrito pelo Se-nhor Procurador-

Geral da República a defender as famigera-das "10 Medidas", difundidas em estrondosa campanha institucional pelo ministério público federal. Foram as propostas qualificadas por S. Exª como "avanço democrático", pois seri-am "fruto de uma longa e bem-sucedida inici-ativa que angariou amplo apoio popular, já que mais de 2 milhões de brasileiros o subs-creveram”.

Nunca é demais reafirmar que as chamadas "10 medidas" são objeto de intensa publicida-de feita com recursos públicos. Nada têm de iniciativa popular, mas, sim de iniciativa cor-porativa vendida como remédio necessário para o "combate à corrupção" e, em verdade, não passa de um grande engodo para que a sociedade venha a aceitar restrições a garan-tias fundamentais.

Assinaram-na 2 milhões de incautos ou desin-formados, havendo, antes, a opinião pública, sido bombardeada com notícias e editoriais que vendiam a corrupção como o maior mal do País. Uma autêntica campanha de argu-mentos ad terrorem.

Por detrás de tudo está um projeto de poder corporativo, que torna os órgãos do complexo policial-judicial intangíveis pelos abusos que vêm cometendo em suas ruidosas investiga-ções por forças-tarefa. Pretendem aproveitar provas ilícitas, querem o poder de amplo plea bargain a condenar cidadãos por acordos que dispensem a instrução criminal, sonham em poderem armar situações de ofertas ilusórias de peita para testar integridade de funcioná-rios, gostariam de tornar o habeas corpus mais burocrático, impedindo juízes de conce-dê-lo ex officio sem audiência prévia do minis-tério público e por aí vai.

O ministério público não tem se revelado uma instituição merecedora de tamanha confiança que lhe permita agir sub-repticiamente contra a cidadania. Tem evoluído, isto sim, a um monstrengo indomável pelo estado democráti-co de direito, megalomaníaco, a querer sufo-car todos outros formadores da vontade políti-ca da Nação. Quer-se ungido por indiscutível superioridade moral que, no fundo, não passa de arrogância e prepotência.

Querer qualificar isso de "avanço democráti-co" é o cúmulo da falta de auto-crítica. Avan-ços democráticos se fazem, antes de mais

nada, defendendo a constituição e não agindo contra ela. Onde estava o ministério público quando um deputado quadrilheiro, hoje preso por representar risco à ordem pública, logrou movimentar-se para destituir a presidenta de-mocraticamente eleita? Onde estava o minis-tério público quando o Sr. Moro divulgou cri-minosamente interceptações feitas em cha-madas da presidenta da república? Onde es-tava o ministério público quando ministro su-premo indisfarçavelmente partidário da então oposição, impediu a entrada em exercício do ministro-chefe da casa civil nomeado pela presidenta da república, utilizando-se como "prova" de desvio de finalidade de sua nome-ação interceptações flagrantemente ilegais? Onde estava o republicanismo do ministério público quando determinou com bumbo e fan-farra a instauração de inquérito contra a presi-denta da republica por fato à toda evidência fútil às vésperas de seu julgamento pelo Se-nado?

A atual administração do ministério público federal não tem o direito de pronunciar a pala-vra "democracia", porque se associou, com ações e omissões, às forças do atraso, carre-gando em suas costas o peso de parte decisi-va do golpe contra um governo legítimo para permitir se instaurar um regime autoritário de rapina das conquistas sociais, de desprezo aos direitos fundamentais e de cupidez com a pratica de desvio de poder para o atendimen-to de interesses privados escusos. A inação desse ministério público que fala de democra-cia foi causa eficiente para sacrifica-la. E ago-ra quer posar de força moral para "combater" a corrupção, como se fosse travar uma guerra em que as convenções de Genebra e da Haia na têm aplicação: tempos extraordinários exi-gem medidas extraordinárias, não é, Senhor Procurador-geral?

Ninguém nega a importância de ações de controle da corrupção. Mas não se pode ven-der a ideia que um direito penal que distinga entre pessoas de bem e pessoas mais pro-pensas ao crime, ou seja, inimigos, possa va-lidamente fazer esse serviço. Um direito penal dessa espécie é a confissão do fracasso do próprio controle, é direito penal simbólico a servir de escusa para a incompetência em for-mular e implementar políticas estruturantes contra a corrupção. Serve apenas para deso-pilar o fígado de uma sociedade cheia de ó-dios e fobias, adredemente incutidas em seu seio para se tornar manipulável por esse tipo de campanha que só tem por resultado a ala-vancagem do poder corporativo.

Acorda, Brasil, pois "tem gente que está do mesmo lado que você, mas deveria estar do lado de lá! Tem gente que machuca os ou-tros, tem gente que não sabe amar! Tem gen-te enganando a gente: veja a nossa vida co-mo está... Mas eu sei que um dia a gente a-prende. Se você quiser alguém em quem con-fiar, confie em si mesmo. Quem acredita sem-pre alcança!" , para lembrar de rica lição de vida de Renato Russo.

Autor: Eugênio Aragão Ex-ministro da Justiça

Procuradores ameaçam abandonar a Lava Jato

Procuradores ameaçam abandonar a Lava Jato – Os procuradores da força-tarefa da La-va Jato ameaçaram hoje (30) deixar os traba-lhos da operação se a proposta que prevê responsabilização de juízes e de membros do Ministério Público por crimes de abuso de au-toridade entrar em vigor. (EBC).

A pergunta que não quer calar: promotores, juízes, desembargadores, ministros do STF não podem ser responsabilizados por seus erros?

Por acaso, acreditam ser uma espécie de Deuses do Olimpo e, como tal, formarem uma casta humana incapaz de cometer crimes, co-mo abuso de autoridade, ou até mesmo cor-rupção, que tanto dizem combater?

Procuradores ameaçam abandonar a Lava Jato

Segundo a Constituição Cidadã de 1988, ne-nhum cidadão está acima da Lei. Ao aprovar-se esse projeto dito popular, por ter consegui-do 2 milhões de assinaturas, pode-se estabe-lecer o Estado de Exceção.

Os deputados aprovaram uma emenda pre-vendo que juízes, promotores e procuradores que procederem “de modo incompatível com a dignidade e decoro de suas funções” podem ser condenados a penas de seis meses a dois anos.

Mesma punição pode ser aplicada a quem expressar na imprensa opinião sobre proces-sos ainda em curso, entre outras condutas.

Parte das propostas controversas do MPF foi retirada do pacote pelos deputados, como au-torizar uso de prova ilícita e parte de uma sé-rie de restrições sugeridas ao uso do habeas corpus (recurso para solicitar liberdade de presos não condenados).

Ora, não dá para estabelecer uma casta no funcionalismo público, logo, são sim, puníveis pelos seus atos, como qualquer cidadão co-mum. E há de se respeitar a presunção de inocência, assim como o dever de zelar pelo sigilo das investigações em curso.

O que assistimos na grande mídia conserva-dora é absurdo: reputações abaladas irreme-diavelmente, ilações, tidas como convicções, mas desprovidas de provas, insinuações e até chantagem, como que querendo passar o tra-tor sobre sua limitação, enquanto poder.

Não há perigo maior numa República, susten-tada no pilar dos 3 poderes que a compõe, dar-se dois pesos e duas medidas a um, em detrimento a outro poder.

Além do mais, milhões de empregos escorre-ram pelo ralo da Lava Jato, assim como o PIB, e sabidamente o foco da operação pare-ce somente voltado a determinado agrupa-mento político.

Assim, um Poder da República demoveu uma presidenta eleita democraticamente, e o equi-líbrio que poderia fazer a grande diferença, o STF, se omitiu, ou ainda se omite de julgar o mérito da questão.

Da redação

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Janeiro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 14

Grandes mestres

O Povo Brasileiro - Darci Ribeiro

Continuação da edição anterior

Trecho do livro O Povo Brasileiro

No final do século XVII, a desco-berta de ouro pelos paulistas nas terras do interior mudou os rumos do Brasil Colônia. Em menos de dez anos, chegaram à região das Minas mais de 30 mil pessoas, vindas de todo o país. Eram pau-

listas, baianos, senhores de engenho falidos e, principalmente, escravos.

No começo da exploração muitos morriam de fome com o ouro nas mãos, já que não havia o que comer. Os tropeiros garantiam a sobre-vivência vendendo comida e panos de algo-dão. Atraídos pelo ouro, muitos deles acaba-ram se fixando no cruzamento das rotas de comércio e estabeleceram as primeiras povo-ações. Desse modo abriram caminho para a ocupação do interior do país.

"No princípio eram principalmente índios nati-vos e uns poucos brancarrões importados. Depois, principalmente negros, vindos de lon-ge, africanos. Mas logo, logo, veja só: eram multidões de mestiços, crioulos daqui mes-mo."

Trecho do livro O Povo Brasileiro

Setenta anos depois, a capitania de Minas Gerais já era a área mais populosa da Améri-ca, com trezentos mil habitantes. Eram pesso-as que vinham fazer fortuna, como os garim-peiros que ainda hoje trabalham na região das Minas.

"Aqui se trabalha de segunda a sábado, das oito da manhã às 3 tarde, e sábado até 11 ho-ras. Aqui mesmo em Antonio Pereira, Ouro Preto, garimpo de topázio imperial. Tudo o que tenho em casa é tirado do garimpo. Não tem um alfinete, em casa, que seja resultado de trabalho em firma, porque firma não dá na-da, ganhar cem contos não dá. Garimpo custa a dar dinheiro, mas quando dá, é muito.

A gente ganha bolada de dólar. Quando eu acho uma pedra grande eu falo assim: "Eu tirei a vaca do atoleiro, tirei uma pedra boa e agora vou descansar, vou comprar o que eu desejar na vida..." . Todo mundo fica alegre quando tira um topázio bom. Bebe cachaça... atropela carro no asfalto... é isso aí, o garim-po é isso aí."

Depoimento de Genesco Aparecido de Sou-za, garimpeiro

A descoberta do ouro mudou totalmente a vi-da da colônia. A mineração desbancou a in-dústria açucareira, que era então a principal atividade econômica. A sociedade estava es-truturada nos moldes da fazenda – da casa-grande e da senzala - vivendo ao redor do se-nhor de engenho. O país prosperava graças ao trabalho escravo de três milhões de ne-gros. O açúcar, no entanto, começava a so-frer concorrência das Antilhas.

A grande contribuição da cultura portuguesa aqui foi fazer o engenho de açúcar... movido por mão-de-obra escrava. Por isso, começa-ram a trazer milhões de escravos da África. O negócio maior do mercado mundial era a ven-da de açúcar para adoçar a boca do europeu e depois a remessa de ouro. Mas a despesa maior era comprar escravos.

Os europeus sacanas iam à África e faziam grandes expedições de caça de negros que viviam ali uma vida como a dos índios aqui, com sua cultura, com sua língua, com seu modo... Metade morria na travessia, na bruta-lidade da chegada, de tristeza, mas milhões deles incorporaram-se ao Brasil.

O CUSTO DO TRÁFICO DE ESCRAVOS NOS 300 ANOS DE ESCRAVIDÃO FOI DE 160 MILHÕES DE LIBRAS-OURO. CERCA DE 50% DO LUCRO OBTIDO COM A VEN-

DA DO OURO E DO AÇÚCAR.

E esses negros não podiam falar um com o outro, veja esse desafio como é tremendo. Eles vinham de povos diferentes. Então, o ú-nico modo de um negro falar com o outro era aprender a língua do capataz, que nunca quis ensinar português. Milagrosamente, genial-mente esses negros aprenderam a falar por-tuguês.

Quem difundiu o português foi o negro, que se concentrou na área da costa de produção do açúcar e na área do ouro... Mas preste a-tenção: com os negros escravos vinham as molecas de 12 anos, bonitinhas. Uma moleca daquelas custava o preço de dois ou três es-cravos de trabalho. E os donos de escravos queriam muito comprar, e os capatazes tam-bém. Comprar uma moleca pra sacanagem.

Mas essas molecas pariam filhos, e quem era o filho? Era como o filho da índia. Ele não era africano, visivelmente. Ele não era índio. Quem era ele ? Ele também era um "zé nin-guém" procurando saber o que era. Ele só encontraria uma identidade no dia em que se definisse o que é o brasileiro.

Nestas terras, ricas em ouro e diamante, mui-tos escravos conseguiram comprar a liberda-

de e enriquecer.

Assim surgiu uma classe intermediária forma-da de mulatos e negros libertos, que conse-guiram melhorar de vida e se dedicar às ativi-dades de ourives, carpinteiros, ferreiros e ar-tistas. Ouro Preto viu florescer a mais alta ex-pressão da civilização brasileira.

Na música, na poesia e na arquitetura o mi-neiro deixou sua marca. Entre eles um brasi-leiro, mulato de grande talento, que traduziu na pedra tosca a sofisticação do barroco eu-ropeu: Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadi-nho.

A riqueza com que as igrejas foram construí-das no período do ouro deixa transparecer a importância da religião católica na vida da co-lônia. Todos iam à missa: brancos, negros li-bertos, mulatos e escravos.

Mas cada um frequentava sua própria igreja, decorada a seu modo. Nos detalhes da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, o catolicismo é temperado com os símbolos reli-giosos africanos.

A mineração de ouro e diamante alterou pro-fundamente o aspecto rural e desarticulado do país. Até então, os brasileiros viviam isola-dos uns dos outros devido às grandes distân-cias.

Mas a rede de intercâmbio comercial que co-meçava a se formar entre as capitanias daria uma bela base econômica à unidade nacio-nal. O sertão nordestino, que vivia da criação de gado, fornecia a carne e o couro.

A sede do governo foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro, devido à proximidade das Minas. E o Rio Grande do Sul acabou sendo incorporado ao país através do comér-cio de mulas.

Esse país tomou conta de si pela primeira vez num movimento fantástico – a Inconfidência Mineira...

O movimento idealizado por uma elite intelec-tual previa uma nova organização da socieda-de. Entre os planos dos inconfidentes esta-vam a criação de universidades, a instalação de indústrias e a libertação dos escravos.

A inspiração maior vinha dos ideais da Revo-lução Francesa e de um novo país da Améri-ca do Norte, os Estados Unidos. Uma denún-cia acabou levando à forca um dos líderes do movimento: o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.

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Numa sociedade movida à dinheiro e hipocrisia, encontramos pessoas propensas aos mais diversos rumos incluindo-se a devassidão. Cuidado com quem andas, pois tua companhia sumariza quem és. Não tenha medo de lutar pelo que acredita, apenas seja você mesmo nos mais diver-gentes momentos que possam surgir. Fazendo isto, certamente afetará os que estão à tua volta que não gostam do que veem. Saberão fazer a triagem do joio e do trigo. Só tome cuidado com o lado com que ficará, pois uma escolha errada pode te afetar drasticamente. Pense no seu futuro. Sua escolha hoje, será o seu futuro amanhã. Seja feliz, haja com honestidade sempre. Mas acima de tudo, cuidado com o que te tornarás!

Filipe de Sousa

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Janeiro 2017 Gazeta Valeparaibana Página 15

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EUROPA hoje e ontem (artigo continuado)

Por: Michael Löwy

Sociólogo, é nascido no Brasil, formado em Ciências Sociais na Universidade de São Paulo, e

vive em Paris desde 1969. Diretor emérito de pesquisas do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS). Homenageado, em 1994, com a medalha de prata do CNRS em Ciências Sociais, é autor de Walter Benjamin: aviso de

incêndio (2005), Lucien Goldmann ou a dialética da totalidade (2009), A teoria da revolução no

jovem Marx (2012) e organizador de Revoluções (2009) e Capitalismo como religião (2013), de

Walter Benjamin

Capitalismo e democracia na Europa

PARTE XIII

... A Grécia, além do tamanho pequeno de sua economia, não era o país com pior desempenho nesse quesito dentro da UE. Porque penaliza-la mais do que aos outros?

Essa simples constatação jogou lenha na fogueira da mobilização popular: em finais do ano, a gigantesca árvore de Natal da Praça Syntagma ardeu, acesa pelos manifestantes.

A crise provocou uma nova discussão sobre a coordenação econômica e a integração fiscal da Zona Euro. Em 16 de maio de 2011, os min ist ros das f inanças da Zona Euro aprovaram também um empréstimo de 78 bi lhões de euros a Portuga l, d iv id ido igualmente entre o “Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira”, o Fundo Europeu de Estabil idade Financeira e o Fundo Monetário Internacional, uma parceria público-privada. Portugal tornava-se assim no terceiro país da Zona Euro, após a Irlanda e a Grécia, a receber apoio financeiro internacional. Mas em agosto de 2011, novamente, as Bolsas de Valores do mundo todo conheceram uma queda, consecutiva à “degradação” dos títulos públicos norte-americanos (considerados o refúgio de valor mais seguro do mundo) e às repetidas crises europeias, devidas às crises sociais e políticas provocadas pelos planos de austeridade. Retirando-se das Bolsas, os investidores expressavam seu pânico diante do fato, agora comprovado, de que a crise de 2007-2008, que provocara uma catástrofe no setor financeiro do “Primeiro Mundo” não só n ã o t i n h a c o n c l u í d o , m a s t i n h a s e aprofundado. Paradoxalmente, a segurança foi buscada justamente nos títulos da dívida do Tesouro norte-americano, rebaixados pela agência Standard & Poor’s (S&P): não havia mais para onde fugir.

Em 2008, afirmara-se que era a última vez que dinheiro público era usado para salvar bancos privados. Em outubro de 2011, porém, o governo belga entrou com € 4 bilhões para manter o Banco Dexia em funcionamento. A crise financeira na Europa não era mais um problema restrito a economias pequenas e periféricas como a Grécia, mas uma corrida em grande escala aos bancos nas economias muito maiores da Espanha e da Itália. Os países em crise respondiam por cerca de um

terço do PIB da zona do euro, deixando a moeda comum europeia diante de uma “ameaça existencial”. Mas o euro não é só um “símbolo” da UE. A “soberania partilhada” entre os Estados Nação e a União Europeia, consagrada no Tratado de Lisboa, implicava que os governos nacionais prestassem contas de suas políticas domésticas, ao mesmo tempo em que questões mais amplas deveriam ser tratadas em nível europeu.

Em 2012, Jürgen Habermas questionou a estrutura política da União Europeia que, cr iada para governar essa soberan ia partilhada, estava “carregada de falhas”. Não havia relação simétrica nas funções e competências dos três principais corpos: o Parlamento Europeu, a Comissão da União Europeia e o Conselho de Ministros. Não há lei eleitoral unificada para o Parlamento Europeu – em alguns países, os deputados ao Parlamento Europeu são escolhidos em eleições diretas; em outros, são escolhidos a partir de listas partidárias. O Conselho Europeu, o segundo na lista de órgãos, abaixo do Parlamento, nos termos do Tratado de Lisboa, era, segundo Habermas, uma completa anomalia inst i tucional. [27] A “supranacionalidade” europeia não conseguira superar as nacionalidades prévias e suas mútuas con t rad ições . Em vez de se homogeneizar, as desigualdades econômicas na Europa se acentuaram com a “integração europeia”, exatamente por ser esta capitalista, isto é, baseada na concorrência entre capitais de nacionalidades diversas, concorrência que, historicamente, conduziu aos monopólios e ao imperialismo capitalista.

A “construção europeia” foi baseada numa potência hegemônica, capaz de impor condições aos outros membros. O euro como moeda comum fora desde o início um projeto proposto pela França que Alemanha aceitou com reservas e sobre a base de sua reunificação, tirando proveito de uma zona de livre comércio necessária para sua economia fundamenta lmente expor tado ra . “Um entendimento tácito conferia a primazia polít ica a França, mesmo que a força econômica maior fosse da Alemanha (mas) o euro foi um cálice envenenado. Concebido para amarrar a Alemanha à Europa, em vez disso amarrou países europeus muito mais fracos à Alemanha”, lhes impondo “uma camisa de força insustentável”.[28] Graças a isso, a taxa de lucro da economia alemã experimentou uma forte recuperação e elevação (embora ficando longe de seus patamares históricos, atingidos durante o boom econômico de pós-guerra) com a concretização da União Europeia e a adoção do euro, isto até a crise de 2007-2008, quando iniciou um movimento descendente, d iante do qua l A lemanha reagiu com crescente violência política.

Para Rob Johnson: “Construiu-se na Europa um sistema que se pode definir como uma bolha pol ít ica. Todos negociam sob o pressuposto de que a Alemanha garante todos os negócios. A ideia dominante é que a Alemanha está mandando. Que está sólida.

Que garante tudo. Todos os preços são feitos a partir da qualidade do crédito da Alemanha. E a Alemanha, porque joga dentro do sistema europeu, está fazendo como se assinasse um c o n t ra t o d e s e gu r o , c o m o e m p r e s a seguradora. Todos sabemos como são as empresas seguradoras. Enquanto só recebem pagamento pelas apólices que vendem, está tudo bem. Mas, quando os acidentes acontecem e chega a hora de pagar, elas fazem de tudo para não pagar. Desde o início de 2009, o que está acontecendo é que Angela Merkel disse que não garantirá todos os pagamentos a todos os bancos da Europa. Cada empresa, cada país, que se defenda. Assim, Angela Merkel dividiu a Europa. Enquanto a Irlanda foi vista como parte do sistema europeu, assumiram riscos bancários descomunais relativamente ao seu PIB. Agora, foram deixados sozinhos, obrigados a responder sozinhos pelas próprias dívidas. Se dizia que a Irlanda era grande demais para falir. De repente, passou a ser grande demais para ser salva”. Durante o pico da crise, as economias padeceram oscilações violentas; depois, algumas levantaram (um pouco) cabeça, enquanto out ras l i te ra lmente afundaram.

A União Europeia aprovou finalmente um pacote econômico anticrise de alcance continental, lançado a 27 de outubro de 2011, prevendo maior participação do FMI e do BCE no enfrentamento da crise; uma ajuda financeira (condicionada) aos países com mais dificuldades econômicas; a definição de um Pacto Fiscal, a ser ratificado em 2012, cujos objetivos seriam garantir o equilíbrio das contas públ icas das nações da União Europeia e criar sistemas de punição aos países que desrespeitassem o pacto. O Reino Unido não aceitou o pacto. Do seu lado, os círculos dirigentes da França e Alemanha expressaram abertamente sua preocupação com que a indignação popular na Grécia se transformasse em revolução social, com consequências diretas em toda Europa. O programa de refinanciamento de longo prazo (LTRO)[29] da UE foi posto em marcha em dezembro de 2011; seu objetivo era injetar liquidez no sistema bancário. Os bancos poderiam tomar recursos durante três anos a uma taxa muito baixa (1%) para reinvesti-los como melhor lhes parecesse. Nessa altura, o g igantesco fundo soberano ch inês, a Corporação de Investimento da China, cortara grande parte de sua carteira de ações e de sua dívida em euros.

Em julho de 2011 foi aprovado um novo pacote multilateral de socorro financeiro para a Grécia de € 159 bilhões, com empréstimos da União Europeia e do FMI, promessas de privatizações e de renegociação de dívida com os bancos privados. A cúpula europeia também pro rrogou o vencimento dos empréstimos da Grécia, Irlanda e Portugal e reduziu as taxas de juros cobradas para aliviar o serviço de suas dívidas. .

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Numa sociedade movida à dinheiro e hipocrisia, encontramos pessoas propensas aos mais diversos rumos incluindo-se a devassidão. Cuidado com quem andas, pois tua companhia sumariza quem és. Não tenha medo de lutar pelo que acredita, apenas seja você mesmo nos mais divergentes momentos que possam surgir. Fazendo isto, certamente afetará os que estão à tua volta que não gostam do que veem. Saberão fazer a triagem do joio e do trigo. Só tome cuidado com o lado com que ficará, pois uma escolha errada pode te afetar drasticamente. Pense no seu futuro. Sua escolha hoje, será o seu futuro amanhã. Seja feliz, haja com honestidade sempre. Mas acima de tudo, cuidado com o que te tornarás!

Filipe de Sousa Programa: Noites de Domingo - Todos os Domingos ás 20 horas

Inclusão Social Incluir quer dizer fazer parte, inserir, introduzir.

Assim, a inclusão social das pessoas com deficiências significa torná-las participantes da vida social, econó-mica e até mesmo

política que é o caso do ministro da finanças alemão, assegurando o respeito aos seus direitos no âmbito da Sociedade.

A inclusão é um processo que acontece gradualmente, com avanços e retrocessos isto porque os seres humanos são de natureza comple-xa e com heranças antigas, têm preconceitos e diversas maneiras de entender o mundo. Assim sendo ou sendo assim, torna-se difícil ter-minar com a exclusão embora já em Portugal existam leis como o ca-so dos transportes, passadeiras para os peões e outra situações, mas não são leis que vão mudar, de um dia para o outro, mas sim a men-talidade da sociedade com os seus preconceitos.

As sociedades antepassadas não aceitavam a deficiência, provocan-do uma exclusão quase total das pessoas portadoras desta. As famí-lias chegavam mesmo a escondê-las da convivência com outros, iso-lando-as do mundo. Felizmente, o mundo desenvolveu levando a uma maior aceitação da deficiência devido ao aparecimento de novos pen-samentos e mentalidades. Estas transformações aconteceram, em grande maioria, no final do século XIX e começo do século XX na Re-volução Industrial, com o aparecimento do interesse pela educação nos países desenvolvidos.

Esse interesse provocou o início do atendimento aos deficientes, bem como o aparecimento da educação especial destinada a um movi-mento de inclusão escolar e social. Assim a sociedade aprendeu a ser mais inclusiva, compreensiva e solidária com a deficiência, embora com bastante lentidão. Hoje, as crianças com deficiência frequentam a escola, saem a rua, brincam, vivem como uma criança dita “normal”. No entanto, ainda temos um longo caminho a percorrer para que to-das as pessoas se sintam integradas e apoiadas por todo o mundo. Um cidadão deve ter dignidade, ter honra e ser respeitado por qual-quer outro, ou seja, todos os deficientes têm direito a ser respeitados pois também são cidadãos.

Promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

A expressão “bem de todos” indica que os direitos e deveres da socie-dade pressupõem que todos somos iguais. No entanto, as pessoas com deficiência possuem necessidades diferentes o que as tornam especiais.

Desta forma, é importante existir direitos específicos para as pessoas portadoras de deficiência, direitos que compensem, na medida do possível, as limitações ou impossibilidades a que estão sujeitas.

Uma atitude pode fazer a diferença, se é deficiente aprenda a contor-nar alguns dos obstáculos que podem surgir na conquista de um em-prego, e a entidade patronal não olhe para uma pessoa com incapaci-dade física como alguém que dificilmente pode ter um bom desempe-nho profissional. Não se deixe enganar a este ponto e acredite que o incentivo que pode dar a essa pessoa se traduz numa notável produti-vidade e motivação, nunca por nunca inferiorizar o colaborador só porque ele tem incapacidades físicas!

Por exemplo, num trabalho que necessita mais da "mente", como in-formática ou webdesign, uma "limitação" física nas pernas não afeta a produtividade do seu trabalho. mas, os exemplos dos deficientes são muitos, recordo quantos artistas de pinturas que fazem os seus traba-lhos somente com os dedos dos pés, quantos condutores de automó-veis que conduzem só com as mãos, enfim, não tem limite, como tal, são pessoas que muitas delas são deficientes provocados por aciden-tes de vária ordem e outros por nascença, mas todos nos merece to-do o respeito e sobretudo consideração.

Assim, aconteceu no passado dia 3 de Dezembro de 2016 o 1º DES-FILE DE MODA INCLUSIVA em Vila Nova de Gaia - Portugal, organi-zação da ANAMP com o tema “A vida está sempre na moda” - Uma ‘passarelle’ de causas… sinônimo de moda inclusiva Pessoas com deficiência foram as estrelas do desfile. Um desfile de moda inclusiva que pretendeu assinalar o Dia Internacional da Pessoa com Deficiên-cia

O evento, foi encarado como um desfile de causa, decorreu nas Ca-ves do Vinho do Porto Ferreira, em Gaia, e contou para o efeito com modelos da ANAMP, bem como com outros que estiveram na passa-rela em representação das associações: CERCIGAIA, APPACDM, APPDA, SORRISO da RITA, Grupo de dança SWEET DANCE CREW, e como convidada especial a MiSS Diana Sofia 2º Dama de Honor da Miss Portuguesa, não esquecendo a animação musical de Ana Alvarez com Daniel Fonte e Claudia Silva acompanhada por Jo-sé Pereira.

Como tal, os verdadeiros protagonistas desta ação foram os modelos, pessoas com deficiência, (in)vestidos enquanto (a)gentes da mudan-ça, sobre os quais se pretendeu um outro olhar, uma outra perspecti-va, por parte da sociedade, que tem por vezes uma visão caritativa e piedosa e que em vez de integrar, enfatiza o estigma. E porque “A vi-da está sempre na moda”, desfilar vontade de viver foi a principal mis-são deste final de tarde. Para a realização do desfile, a ANAMP con-tou com o apoio e colaboração da Vilanet Eventos, da Realce, Tibães Fashion e dos Lions de Gaia. É ainda merecedor de destaque o fato da marca de joias de prata Alliage, que criou uma joia especialmente para o evento.

O caminho a percorrer ainda é demasiado longo, sendo certo que a sociedade em geral já abriu alguns horizontes, reconhecíveis, ainda que parcos, face à problemática que a questão da Deficiência suscita. E é na demanda por uma compreensão ainda mais generalizada para estes problemas.

Alberto Blanquet CPJ-CO 1585