128 - JULHO -2018 · Relatório da ONU aponta aumento do abuso de medica-mentos sob prescri- ... do...

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TEMPOS DE SEM TETO Viver nos centros urbanos sempre foi uma tarefa árdua para uma grande parcela da população brasi- leira. Aos trabalhadores e trabalha- doras de baixa renda que não pos- suem casa própria, a tarefa se a- presenta ainda mais difícil. Página11 Relatório da ONU aponta aumento do abuso de medica- mentos sob prescri- ção no mundo. O uso não medicinal de medicamentos sob prescrição está se tornando uma enorme ameaça para a saúde pública e o cumprimento da lei no mundo. Página 13 Ano XI - Edição 128 - Julho 2018 Distribuição Gratuita CULTURAonline BRASIL - A boa música Brasileira - Cultura - Educação - Cidadania - Palestras Baixe o aplicativo www.culturaonlinebr.org O desperdício de emoções e de energia .Fazemos isso? Com certeza. Gastamos tempo demais com coisas e pessoas que não valem a pena. O problema é que leva- mos certo tempo para perceber isso. Existe um desgaste a cada decepção, a cada tentativa e frus- tração, mas ao contrário do que possamos imaginar isso não nos faz desistir de continuar tentan- do. Aquilo que faz nossa alma se alegrar quando pensamos em algo, vale a pena lutar para ter, sempre. Ás vezes cansamos de nos decepcionar, daí damos um tempo, Página 4 Um problema urgente que é postergado insistentemente. Novamente, o assunto voltou a aparecer. Foi colocada em pauta no Supremo Tribunal Federal e também já retirada, uma Proposta de Emenda Constitucional para adotar o parlamentarismo no Brasil. Essa PEC data de 1997. Também, Dom Bertrand, um dos príncipes herdeiros de Dom Pe- dro II, defendeu a volta da monarquia no Brasil num discurso polêmico, chamando a república de “seita anticristã”. E já houve um plebiscito em 1993 consultando a população Página 5 Dia 13 Dia Eclipse solar parcial de julho 2018 O segundo eclipse parcial do Sol em 2018 acontece no dia 13 de julho. Ao contrário do primeiro eclipse parcial do Sol em 2018, no dia 15 de fevereiro, que foi visível em Porto Alegre, desta vez o fenômeno não é visível no Brasil. Ele apenas pode ser observado no sul da Austrália. No eclipse parcial do Sol parte do Sol fica escondido atrás da Lua e, portanto, pouco luminoso. Isso porque, para ocorrer, a Terra, o Sol e a Lua se encontram ali- nhados. Depois desse eclipse, há mais um eclipse parcial du- rante este ano, acontece em 11 de agosto. Tal como o do dia 13 de julho, em agosto ele também não pode ser observado pelos brasileiros. O eclipse de agosto pode ser visto por quem esteja no norte e no leste da Europa e da Ásia, bem como no Ártico. Como “comportamento de manada” permite manipulação da opi- nião pública por fakes. Página 15 EFEITOS DIRETOS DA IMPLEMENTAÇÃO DA FALSA TESE DO BRASIL COLÓNIA DE PORTUGAL DE JOSÉ BONIFÁCIO Página 16 Passamos do meio do ano. Como vão as promessas do final do ano passado?

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TEMPOS DE SEM TETO

Viver nos centros urbanos sempre foi uma tarefa árdua para uma grande parcela da população brasi-leira. Aos trabalhadores e trabalha-doras de baixa renda que não pos-suem casa própria, a tarefa se a-presenta ainda mais difícil.

Página11

Relatório da ONU aponta aumento do abuso de medica-

mentos sob prescri-ção no mundo.

O uso não medicinal de medicamentos

sob prescrição está se tornando uma enorme ameaça para a saúde pública e o cumprimento da lei no mundo. Página 13

Ano XI - Edição 128 - Julho 2018 Distribuição Gratuita

CULTURAonline BRASIL

- A boa música Brasileira

- Cultura

- Educação

- Cidadania

- Palestras

Baixe o aplicativo

www.culturaonlinebr.org

O desperdício de emoções e de energia

.Fazemos isso? Com certeza.

Gastamos tempo demais com coisas e pessoas que não valem a pena. O problema é que leva-mos certo tempo para perceber isso. Existe um desgaste a cada decepção, a cada tentativa e frus-tração, mas ao contrário do que possamos imaginar isso não nos faz desistir de continuar tentan-do. Aquilo que faz nossa alma se alegrar quando pensamos em algo, vale a pena lutar para ter, sempre. Ás vezes cansamos de nos decepcionar, daí damos um tempo,

Página 4

Um problema urgente que é postergado insistentemente.

Novamente, o assunto voltou a aparecer. Foi colocada em pauta no Supremo Tribunal Federal e também já retirada, uma Proposta de Emenda Constitucional para adotar o parlamentarismo no Brasil. Essa PEC data de 1997. Também, Dom Bertrand, um dos príncipes herdeiros de Dom Pe-dro II, defendeu a volta da monarquia no Brasil num discurso polêmico, chamando a república de “seita anticristã”. E já houve um plebiscito em 1993 consultando a população

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Dia 13 Dia Eclipse solar parcial de julho 2018

O segundo eclipse parcial do Sol em 2018 acontece no dia 13 de julho. Ao contrário do primeiro eclipse parcial do Sol em 2018, no dia 15 de fevereiro, que foi visível em Porto Alegre, desta vez o fenômeno não é visível no Brasil. Ele apenas pode ser observado no sul da Austrália.

No eclipse parcial do Sol parte do Sol fica escondido atrás da Lua e, portanto, pouco luminoso. Isso porque, para ocorrer, a Terra, o Sol e a Lua se encontram ali-nhados.

Depois desse eclipse, há mais um eclipse parcial du-rante este ano, acontece em 11 de agosto. Tal como o do dia 13 de julho, em agosto ele também não pode ser observado pelos brasileiros.

O eclipse de agosto pode ser visto por quem esteja no norte e no leste da Europa e da Ásia, bem como no Ártico.

Como “comportamento de

manada” permite manipulação da opi-

nião pública por fakes.

Página 15

EFEITOS DIRETOS DA IMPLEMENTAÇÃO DA FALSA TESE DO BRASIL COLÓNIA

DE PORTUGAL DE JOSÉ BONIFÁCIO

Página 16

Passamos do meio do ano. Como vão as promessas do final do ano passado?

Julho de 2018 Gazeta Valeparaibana Página 2

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ALGUMAS DATAS COMEMORATIVAS

02 Dia do Hospital 02 Dia do Bombeiro Brasileiro 06 Dia da criação do IBGE 09 Dia Revolução Constitucionalista 13 Dia Eclipse solar parcial de julho 2018 14 Dia da Liberdade de Pensamento 17 Dia de Proteção às Florestas 18 Dia Internacional de Nelson Mandela 20 Dia do Amigo e Internacional da Amizade 25 Dia do Escritor 27 Dia Eclipse lunar de julho 2018 28 Dia do Agricultor

FASES DA LUA

Um Estado de Bem Estar Social provocado por um governo de esquer-

da fez com que aumentasse o número de brasileiros em Portugal.

A história se inverte.

Brasil tem mais de 85 mil cidadãos vivendo no país ibérico,o que equi-

vale a um quinto de toda a população imigrante. Brasileiros também

lideram pedidos de cidadania portuguesa.

Os brasileiros formam atualmente a maior comunidade estrangeira em

Portugal. São 85 mil pessoas – o que equivale a 20,3% dos 421.711

imigrantes que vivem no país.

Os números, correspondentes ao ano de 2017, foram apresentados

nesta quarta-feira (27/06) no Relatório de Imigração, Fronteiras e Asi-

lo, elaborado pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras de Portugal.

Os dados sobre a imigração brasileira apontam um crescimento de 5-

,1% em 2017, revertendo as quedas sucessivas registradas desde

2011. O total dos brasileiros que vivem no país aumentou de 81.251

para 85.426.

Os brasileiros também são o maior número entre os que pediram a ci-

dadania portuguesa, com 10.805 pedidos em meio a um total de mais

de 37 mil.

O relatório revela que 63% das recusas de entrada no país pelas auto-

ridades portuguesas nos aeroportos em 2017 foram de cidadãos brasi-

leiros: 1.336 de um total de 2.142 rejeições, ou seja, 368 a mais do

que no ano anterior. Este é o maior número de pessoas barradas des-

de 2011.

Os motivos para a recusa são a ausência de justificativas para entrar

no país, vistos inadequados ou a falta de condições para a entrada no

espaço Schengen, a zona de livre circulação da União Europeia (UE).

Segundo o estudo, 17% dos cidadãos de nacionalidade italiana regis-

trados pelo levantamento são de origem brasileira, ou seja, pessoas

que nasceram no Brasil, mas que obtiveram a cidadania italiana em ra-

zão da ascendência familiar. A comunidade italiana em Portugal au-

mentou mais que 50% em relação a 2016

Os dez países com o maior número de residentes em Portugal são Bra-

sil (85.426), Cabo Verde (34.986), Ucrânia (32.453), Romênia

(30.750), China (23.197), Reino Unido (22.431), Angola (16.854),

França (15.319), Guiné-Bissau (15.198) e Itália (12.925).

O número de imigrantes vindos do continente africano diminuiu 2,8%,

especialmente nos países lusófonos. Segundo o relatório, isso se deve

à aquisição da nacionalidade portuguesa por um grande número de

pessoas da região.

O relatório chama a atenção para o aumento significativo de franceses

(35,7%) que optaram por morar em Portugal. Juntamente com o maior

número de italianos, isso pode significar que o país se tornou mais a-

traente para os europeus, com as vantagens fiscais concedidas pelo

governo para atrair estrangeiros.

Segundo o levantamento, 81% dos estrangeiros em Portugal fazem

parte da população ativa – os que fazem ou estão aptos a fazer parte

da força de trabalho. Mais de dois terços (68,6%) dos imigrantes se

concentram apenas em três cidades: Lisboa, Faro e Setúbal.

dw.com/pt-br

Reflexões do mês Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião.

Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser

ensinadas a amar.

Nelson Mandela

A Garota mais bonita que eu conheço

A garota mais bonita que eu conheço não é nenhuma miss, nem engata tantos olhares

quando passa por aí A garota mais bonita que eu conheço

nem acha que é bonita. Acha graça e não acredita

quando eu a digo assim A garota mais bonita que eu conheço

não faz nada para parecer bonita Não faz boa maquiagem,

não usa jóias ou roupas da moda, não vai pra academia nem tem belo manequim

A garota mais bonita que eu conheço simplesmen-te sorri, e, quando sorri,

ela é a garota mais linda do mundo!

Augusto Branco

VOAR PODE SER O CAMINHO

Parece que o Brasil está flertando com a depressão e que existe um abismo en-tre a solução e o impasse. Tantos problemas, tanta insegurança está gerando falta de coragem e sabedoria em todas as esferas conspirando a favor da an-gústia.

As redes sociais transformaram-se num precipício de ideias que reflete mais a desconexão entre todos empurrando cada vez mais a sociedade para baixo.

Faz-se urgente consertar a história, independentemente dos acontecimentos, o que não se fizer, outros farão e esse momento deixará de ser passageiro e nos tornará gerações de impactados e anestesiados por tanta corrupção. É preciso incomodar quem nos incomoda.

Para tanto é preciso muito trabalho, pouco tempo livre, muitas buscas e tentati-vas desafiando o que estão impondo a todos, torturando o povo e os tornando antissociais por inércia. Somente saindo da alienação e conformismo será pos-sível uma transformação.

Incomoda a essa república quem não se corrompe, não se vende, tratam todos como incapazes de realizarem sonhos ou de pensarem que tem o mínimo de direito a uma boa casa, escola com competência, segurança e atendimento de-cente na saúde. Parece que já cristalizaram em suas mentes que os brasileiros não tem audácia, que não sentem dores e querer tudo isso não é privilégio e nem crime, o povo trabalha muito por isso e, no entanto, foram colocados em quarentena e sob observação delinquente, se não tomarem cuidado, serão tra-tados como doença contagiosa trancafiados em suas casas juntamente com seus sonhos, alegrias e emoções.

Isso é desesperador, se não puder corresponder às suas próprias expectativas, terá um roteiro sem permissão para ser reescrito ou modificado, mas preenchi-do com rasuras. Então de que adiantou tanta dedicação durante anos de vidas, de trabalho, de que adiantou tanto estudo, faculdade, mestrado, horas a fio de-bruçados em teses de doutorado?

É necessário ousadia para encarar todas essas dificuldades por quais está pas-sando a nação, pois não basta ser brasileiro espirituoso e humilde se não a-prender também a sair ileso das convenções.

Analisando o porquê de hoje não se ter o que sempre foi sonhado, de não sair do vermelho, um trabalho pelo qual se esforçou por merecer e ter algo além do nível de estresse pelo qual todos estão passando e adoecendo.

Fala-se diariamente em propósitos, esperança e foco, mas, por incrível que pa-reça quase ninguém, está sabendo bem o que fazer para alcançar tudo isso porque as mazelas do dia a dia estão afastando cada um de seus objetivos e os governantes apenas jogam migalhas para seu povo, como se fossem galinhas.

É preciso que cada um olhe para seu lado e sua missão dentro dessa história, romper esse silêncio e esse comportamento limitante para voltar a ter lugar ao sol e o brilho nacional alinhado aos verdadeiros propósitos que é a ordem e o progresso.

O voto será uma importante decisão, mas, para isso é preciso trabalhar a auto-estima imaginando como ter as necessidades atendidas e não apenas ter que sobreviver com um mísero salário. Rondar os pensamentos firmemente para poder iniciar nessa jornada e traçar o caminho certo rumo às urnas porque só assim, tranquilidade, prosperidade e paz reinarão!

É preciso agarrar com unhas e dentes sedentos de provar o valor de cada cida-dão e fazer acontecer. Podem até rezar, mas até mesmo para isso e obter re-sultados, é preciso uma base sólida, um coração tranquilo e confiante e ir à luta intensificando a oração, mas construindo uma sociedade que não balance me-diante os próximos governantes para que o futuro não seja de tremores e acabe em ruínas.

O relógio está acelerado e, se algo não for feito a tempo o despertar poderá ser pior.

Sejam pássaros que batem suas asas e voam e não galinhas que rastejam a-trás de migalhas.

Genha Auga – Jornalista – MTB:15.320

Julho de 2018 Gazeta Valeparaibana Página 3

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Pensamentos e Frases

Ditos Populares

MARIA VAI COM AS OUTRAS Dona Maria I, mãe de D. João VI (avó de D. Pedro I e bisavó de D. Pedro II), enlouqueceu de um dia para o outro . Declarada incapaz de governar, foi afastada do trono. Passou a viver recolhida e só era vista quando saía para caminhar a pé, escoltada por numerosas da-mas de companhia. Quando o povo via a rainha levada pelas damas nesse cortejo, costumava comentar: “Lá vai D. Maria com as outras”. Atualmente aplica-se a expressão a uma pessoa que não tem opinião e se dei-xa convencer com a maior facilidade. ACABAR EM PIZZA Uma das expressões mais usadas no meio político é “tudo acabou em pizza”, empregada quando algo erra-do é julgado sem que ninguém seja punido. O termo surgiu no futebol. Na década de 60, alguns cartolas palmeirenses se reuniram para resolver alguns proble-mas e, depois de 14 horas seguidas de brigas e dis-cussões, estavam com muita fome. Assim, todos foram a uma pizzaria, tomaram muito chope e pediram 18 pizzas grandes. Depois disso, simplesmente esquece-ram o assunto, foram para casa e a paz reinou. Depois desse episódio, Milton Peruzzi, que trabalhava no jor-nal Gazeta Esportiva, publicou a seguinte manchete: “Crise Do Palmeiras Termina Em Pizza”. Daí em dian-te, a expressão pegou.

CASA DA MÃE JOANA A expressão se deve a Joana, rainha de Nápoles e condessa de Provença, que viveu na Idade Média en-tre 1326 e 1382. Em 1346, ela se refugiou em Avignon, na França. Aos 21 anos, Joana regulamentou os bor-déis da cidade onde estava refugiada. Uma das nor-mas dizia: “o lugar terá uma porta por onde todos pos-sam entrar.” Transposta para Portugal, a expressão “paço-da-mãe-joana” virou sinônimo de prostíbulo. Tra-zida para o Brasil, a palavra “paço”, por não fazer parte da linguagem popular, foi substituído por “casa”. As-sim, “casa-da-mãe-joana” passou a servir para indicar um lugar ou situação em que cada um faz o que quer, onde impera a desordem e a desorganização.

DE MÃOS ABANANDO Na época da intensa imigração no Brasil, os imigrantes tinham que ter suas próprias ferramentas. As “mãos abanando” eram um sinal de que aquele imigrante não estava disposto a trabalhar. A partir daí o termo passou a ser empregado para designar alguém que não traz nada consigo. Uma aplicação comum da expressão é quando alguém vai a uma festa de aniversário sem le-var presente.

Mês que vem... Tem mais

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Diretor, Editor e Jornalista responsável Filipe de Sousa - FENAI 1142/09-J

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dendo seus conteúdos não corresponderem à opinião deste Jornal.

Colaboraram nesta edição

O desperdício de emoções e de energia

.Fazemos isso? Com certeza.

Gastamos tempo demais com coisas e pessoas que não valem a

pena. O problema é que levamos certo tempo para perceber isso.

Existe um desgaste a cada decepção, a cada tentativa e frustração,

mas ao contrário do que possamos imaginar isso não nos faz de-

sistir de continuar tentando. Aquilo que faz nossa alma se alegrar

quando pensamos em algo, vale a pena lutar para ter, sempre. Ás

vezes cansamos de nos decepcionar, daí damos um tempo, respi-

ramos fundo, juramos que nunca mais vamos cometer tal erro, mas

depois esquecemos e tentamos de novo. O tempo cura tudo é o

que dizem, mas o tempo não existe, é criação nossa..O tempo es-

tá, simplesmente. O passado já foi e o futuro não existe ainda, o

que existe é o tempo presente è nele que temos que nos concen-

trar, no agora, no que estou fazendo, como estou me sentindo. Dia-

riamente nos deparamos com discussões, levamos alguns “nãos”,

tentamos impor o nosso ponto de vista e algumas pessoas também

tentam nos empurrar sua maneira de pensar goela abaixo. Roubo

de energia!

A nossa vida é rodeada de emoções, de sensações, então

porque não usar um filtro? Não nos a balar por tudo. Tem coisas

que vão nos fazer sofrer e roubar nossa energia, mas se ficarmos

atentos às situações podemos reverter esse quadro. Colocar-nos

mais em alerta e sabermos qual o papel que estamos desempe-

nhando.

Fato é que nós permitimos que situações e pessoas entrem

na nossa vida, mas quando percebemos o desperdício emocional

que estamos tendo, temos que abandonar essas situações ou pes-

soas, mesmo que isso seja difícil. Uma amizade, por exemplo, que

só nos suga, que só pede, que não se doa, que só nos cobra a to-

da hora, é algo que não nos serve. Pessoas que só nos “roubam”

coisas, que nos absorvem até a última gota, nos esgotam física e

emocionalmente sem nos dar nada de bom em troca. Precisamos

passar a nos olhar com mais carinho e amor, primeiro nós, depois

as necessidades dos outros. Costumamos dizer que essas pessoas

estão a nos sugar, são “vampiros”. Manter distância de pessoas

assim não é fácil, a maioria vai nos fazer sentir culpados de querer

romper com essa relação complicada, mas uma convivência desse

tipo não é saudável pra ninguém, principalmente pra quem vê a sua

energia derrubada.

Quando percebemos que aquela amizade ou relacionamento

tem mais momentos ruins do que momentos bons, está na hora de

dizer adeus, se afastar. Tudo muda o tempo todo, relacionamentos

também. Se aquela pessoa já não acrescenta mais nada, não con-

tribui para teu crescimento, ao contrário, provoca mal estar, está na

hora de virar a página.

Sabemos o quanto é difícil encerrarmos relacionamentos, ou mu-

darmos situações, como por exemplo, recomeçar fazendo tudo di-

ferente. Deixar para trás pessoas que foram parte importante da

nossa história, mas que agora não fazem mais sentido na nossa

vida, pois percebemos que a presença delas nos deixa mais infeli-

zes do que felizes. Encerrar histórias, ciclos, não é fácil. Continuar

em relacionamentos que só trazem conflitos e não agregam mais é

algo que muitos de nós fazemos, nos damos conta disso, mas não

saímos daquele circulo, pois estamos acostumados com aquilo, é

ruim, mas é conhecido, e por incrível que pareça, sentimos uma

falsa noção de segurança naquilo com o qual estamos acostuma-

dos, por pior que seja.

Dê a sua energia para quem merece e para quem retribui, para

quem te acrescenta e te faz feliz. Não pense que esta sendo desu-

mano ou insensível por se afastar daquilo que faz tua energia cair.

Está sendo amoroso e cuidadoso contigo mesmo. Amizades nos

fazem bem, evitam muitas doenças. Mas amizades boas!

Quantas vezes nem nos damos conta, mas começamos a evitar

certas pessoas, e porque isso acontece? Porque elas nos roubam

energia e nosso corpo sente, e aquilo não nos deixa confortável,

naturalmente nossa alma pressente isso e nos afasta dessas pes-

soas, é uma proteção até nós mesmos percebemos o que aconte-

ce. Uma amizade ou um relacionamento quando é bom, nos faz

querer estar juntos sempre que pudermos. No momento em que

começo a evitar essa aproximação é porque algo não vai bem. A-

mizades cobradoras também são tóxicas.

Devemos dar a importância que cada amizade ou relacionamento

ou situação merece, nem mais nem menos. É difícil se afastar

completamente? Pegue a distância suficiente para que fiques blin-

dada e consiga preservar a tua energia, teu humor em alta. Afastar-

se de pessoas sugadoras nem sempre é fácil. Não existe um botão

excluir pessoas, mas existe o nosso bom senso dizendo como po-

demos nos preservar sem ferir o outro, não que isso não vá aconte-

cer de vez em quando, infelizmente quando o assunto é relaciona-

mento, seja de que tipo forem, às emoções estão envolvidas e aí

tudo é possível.

Coloque limites, se não consegue se afastar. Escolha quem você

vai deixar fazer parte da sua vida. Ajude quando puder, quando for

preciso, se coloque no lugar do outro, isso faz bem. O que não faz

bem é alguém que só tira que não dá nada em troca, os problemas

nos ajudam a crescer, a evoluir emocionalmente. O problema do

outro é uma oportunidade para isso e para fortalecer o vínculo en-

tre vocês. Mas tudo com harmonia, construindo vínculos afetivos

saudáveis onde todos ganham, onde não tenho minha energia rou-

bada e sim onde eu posso partilhar o meu melhor com o outro por-

que eu quero e isso me faz bem. Pessoas que somam e agregam,

que nos inspiram confiança e nos enriquecem é o que devemos

querer na nossa vida.

Relacionamentos positivos são bem-vindos sempre!

Mariene Hildebrando

Email : [email protected]

Julho de 2018 Gazeta Valeparaibana Página 4

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O SANTOS DE PELÉ JÁ PAROU UMA GUERRA?

Nos anos 1960, o Santos Futebol Clube se destacava mundialmente – em especial por ter no seu time o melhor jogador do mundo da época, Pelé. Para conseguir uma renda maior, o clube se aproveitava da sua fama e realizava excursões pelo mundo, chegando a jogar no continente africano em 1969. Entretanto, nem os dirigentes do time nem seus jogadores poderiam imaginar o episódio que surgiria dessa viagem.

O time liderado por Pelé desembarcou na Nigéria no mês de janeiro de 1969 em mei-o a uma guerra civil. O conflito, também conhecido como Guerra de Biafra, foi inicia-do em 1967 e tinha como objetivo a separação da porção sudeste do território nigeri-ano para a fundação da República de Biafra. Esse país, a República de Biafra, che-gou a existir por 31 meses, mas em 1970 acabou sendo derrotado de vez e anexado novamente à Nigéria.

Um problema urgente que é postergado

insistentemente.

Novamente, o assunto voltou a aparecer. Foi colocada em pauta no Supremo Tribunal Federal e também já retirada, uma Proposta de Emenda Constitucional para adotar o parlamentarismo no Brasil. Essa PEC data de 1997. Também, Dom Bertrand, um dos príncipes herdeiros de Dom Pedro II, defendeu a volta da monarquia no Bra-sil num discurso polêmico, chamando a república de “seita anticris-tã”. E já houve um plebiscito em 1993 consultando a população so-bre forma e sistema de governo, Monarquia ou República, Parla-mentarismo ou Presidencialismo. A República e o Presidencialismo venceram. A diferença de fato entre Presidencialismo e Parlamen-tarismo é basicamente nas relações entre Poder Executivo e Poder Legislativo.

O que a sociedade civil brasileira tem realmente necessidade de entender, é que o atual sistema de governo, o Presidencialismo de coalizão ou coligação, que está em vigor desde a constituição fede-ral de 1988, não serve para este nosso país. Então, a sociedade civil brasileira necessita discutir, debater publicamente sobre a re-forma política-eleitoral-partidária. Não é instituir o Parlamentarismo por emenda constitucional à revelia da vontade da população que se deve proceder, fazer assim é autoritarismo. É a população que precisa debater por um período duradouro a reforma política, o que é que tem que mudar no Brasil. Não é o Congresso Nacional sozi-nho, é a população do Brasil que necessita conversar sobre o siste-ma de governo e de Estado do Brasil. As pessoas deviam fazer propostas, argumentar porque preferem o Presidencialismo ou por-que preferem o Parlamentarismo, ou o Semipresidencialismo, por-que preferem a República ou porque preferem a Monarquia, porque preferem um Estado federativo ou porque preferem um Estado uni-tário. Também, porque preferem o voto em legenda partidária, ou porque preferem o voto distrital, ou porque preferem o atual siste-ma proporcional. Se querem que o voto permaneça obrigatório ou se passe a ser facultativo, se querem o voto impresso ou como es-tá atualmente com urnas eletrônicas, como deve ser o financiamen-to de campanhas eleitorais, há uma variedade de detalhes que ur-gem ser discutidos pela sociedade civil brasileira. Há possibilidade de reformar e aperfeiçoar o Presidencialismo no Brasil? Apesar dos resultados dos plebiscitos de 1963 e 1993, a sociedade civil tem que se conscientizar que o atual sistema não favorece a maioria da população, e que a reforma política é uma discussão prioritária, o Brasil não pode mais ficar esperando.

As pessoas conhecem melhor o Presidencialismo, já que é o siste-ma de governo do Brasil, e não sabem muito sobre o Parlamenta-rismo. Então, a discussão precisa ser duradoura para que ambos os sistemas de governo sejam muito bem conhecidos pela popula-ção brasileira, assim como outros detalhes referentes a reforma po-

lítica. Mas a população tem que começar a conversar sobre a refor-ma política logo, antes que a situação do Brasil fique realmente in-sustentável.

Também, é necessária a discussão sobre o federalismo e o munici-palismo. O que é que o povo prefere? Será que a maioria das pes-soas têm ideia dos conceitos de Estado federativo e Estado unitá-rio? Será que a maioria dos eleitores faz ideia do que é o municipa-lismo?

Bom! O Estado unitário é aquele Estado em que não há a divisão em unidades autônomas. Funciona assim, os governadores das regiões não são eleitos pelo povo das regiões, são nomeados pelo presidente ou primeiro-ministro do país e responde ao presidente ou primeiro-ministro do país. Há alguns países unitários que têm um certo grau de descentralização, como a Espanha e a Itália. No Estado federal, há divisão em unidades autônomas, como os esta-dos aqui no Brasil, autônomos significa com a possibilidade de se autogovernarem e de terem poder legislativo próprio. Os estados têm governadores e deputados estaduais eleitos pelo povo habitan-te do estado, sem a interferência do governo nacional lá em Brasí-lia. E os deputados estaduais podem criar algumas leis válidas den-tro do território estadual.

O municipalismo é a defesa da proposta de um federalismo de mu-nicípios, no qual esses tenham maior autonomia, ou seja, os verea-dores poderem criar mais leis válidas dentro do território municipal, mais liberdade aos vereadores e prefeitos em relação aos estados e à união. Aqui é o mais interessante a sociedade civil debater, quem realmente está mais perto do cidadão comum é o município. A maioria das mazelas do país estão nas cidades, pois é onde a maioria da população vive e trabalha, a cidade é o “mundo real” no cotidiano da maioria das pessoas, é nas cidades que estão as fave-las, os bairros pobres da periferia. O campo, a zona rural tem a sua imensa importância sem dúvida, mas mesmo a maioria das fazen-das, dos sítios, das chácaras, das estâncias... estão mais perto dos municípios do que das capitais estaduais e da capital federal. Para o eleitor comum, o vereador é mais acessível que o deputado esta-dual, o deputado federal e o senador. A população já se atentou a esse detalhe?

Não há dúvidas de que há a necessidade de um governante e re-presentante nacional, como o presidente da República, assim como há a necessidade de um Congresso Nacional e de uma Suprema Corte nacional. Um presidente da República para representar o pa-ís diante do mundo, se responsabilizar por questões externas, para se responsabilizar pela defesa e pela segurança nacional... mas quem está mais perto da esmagadora maioria dos cidadãos? Quem está testemunhando mais de perto o que se passa com os cida-dãos? O cotidiano? Os bairros? Será que não é interessante para os brasileiros debater sobre federalismo e municipalismo? Sim, é muito interessante para o povo brasileiro debater esse assunto.

João Paulo E. Barros

Julho de 2018 Gazeta Valeparaibana Página 5

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Brasil tem 7 mil obras paradas só na esfera federal

O volume de obras paradas no Brasil é tão grande que nem mesmo os pesquisadores conseguem mensurar a dimensão do desastre. Claudio Frischak, presidente da InterB, afirma que as 7 mil obras paradas do governo federal representam um número conservador, pois a própria capacidade de o governo fornecer as informações está comprometida.

O gasto com a retomada dessas obras seria, dentro desse quadro conservador, da ordem de R$144 bilhões. As paralisações atingem todas as esferas públicas: governos federal, estadual e municipal. As paralisações vão desde creches a escolas até a grandes obras com as ferrovias Norte-Sul e Oeste-Leste. Toda essa paralisação de projetos no meio do caminho faz com que o problema seja muito maior do que o mero desperdício de dinheiro público. A interrupção arrasta cadeias produtivas inteiras, incidindo no emprego, na vio-lência e nos dados gerais de retração econômica.

“Além dos transtornos para a população, a interrupção de uma obra representa grande prejuízo para o poder público, com o inevitável aumento dos custos numa retomada, afirma o presidente da Co-missão de Infraestrutura da CBIC, Carlos Eduardo Lima Jorge. Isso ocorre por causa da deterioração de serviços já feitos e de reajus-tes do contrato pelo tempo parado. Para o executivo, existe ainda outro efeito perverso na paralisação de obras: muitas delas perde-ram sentido econômico e social e não se justificam mais. “Ou seja, o dinheiro investido no início do projeto vai para o lixo”, completa o presidente do CBIC, José Carlos Martins. Na avaliação dele, mes-mo aquelas que têm racionalidade econômica correm o risco de não serem concluídas. Além da falta de dinheiro, diz o executivo, as obras paradas também sofrem com problemas de desapropria-ção, licenciamento ambiental e má qualidade dos projetos executi-vos.”

Redação

O PODER E A MAGIA

Havia um rei muito poderoso que travava batalhas com outros povos e ganhava todas se gabando desmedidamente por isso, mas, ele usava de seu poder e como era impie-doso e como era muito orgulhoso prometeu a si mesmo que sua honra nunca seria manchada.

Na verdade ele não os vencia, todos eram derrotados pelo medo.

Continuou desafiando povos de outras terras e mesmo os mais pacíficos acabavam se rendendo, pois conheciam a ira do rei e sua obsessão em ganhar, aproveitando-se do pavor dos mais fracos para vencê-los e assim manter sua fama de imbatível.

Comemorava com festas e muito orgulho todas as vitórias gabando-se de tudo e de todos.

Até que um dia surgiu um mago que soubera de sua fama e falta de escrúpulos e o desafiou para uma luta. O rei o recebeu, olhou-o de cima abaixo julgando o um pobre coitado e um tanto franzino para vencer e, soberbamente, sem desconfiar que se tra-tasse de um mago, aceitou.

Para mostrar sua suntuosidade, convidou-o para fazer reconhecimento do lugar aonde iriam se confrontar. Ornamentou o espaço com suas melhores artes, adornos e meda-lhas de suas vitórias e com isso, antecipadamente, o impressionar com a beleza e ri-queza do lugar certo de intimidá-lo.

O mago caminhou pelo lugar tecendo muitos elogios fingindo estar atônito e cons-trangido com tamanha prepotência. Enquanto caminhava, o reino foi, magicamente, por ele circulado por um campo de força.

Ficou então determinada a data e todos foram convidados para assistir a conhecida fama e, certa vitória do rei.

Chega o dia tão esperado por todo reinado e inicia-se a luta. O rei tentou com todas as forças e armas que tinha de tudo, usou suas melhores armas, mas, com a magia do mago espalhada pelo lugar, não conseguiu vencer. Ficou muito envergonhado por ter preparado tanta pomposidade, para no final, acabar sendo visto em uma terrível derro-ta.

O mago resolveu colocá-lo à prova e pediu ao rei que se retratasse perante seu povo e os convidados que reconhecia que ninguém é imbatível quando o orgulho torna-se maior que a força e, assim o rei o fez desculpando-se por tanta ostentação e por apro-veitar-se do seu poder para vencer os fracos impedindo-lhes de medir forças igual-mente e justamente.

Dessa forma, nessa luta de magia e reconhecimento tudo foi resolvido e na história desse reinado, ficou atestada a resiliência do rei e registrada a vitória de ambos.

Depois disso o reino tornou-se o mais poderoso do universo e fizeram dali e aos que estavam à sua volta todos muito felizes e congratulados pela generosidade.

O mago seguiu seu caminho e continuou visitando outros lugares procurando a quem mais poderia ensinar a lição do amor.

Genha Auga – Jornalista MTB: 15.320

Julho de 2018 Gazeta Valeparaibana Página 6

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SEM MEDO DE VIVER

Genha Auga

A vida me ofereceu mais do que quis

Dei a ela mais do que supus.

Tive dias ensolarados e noites sombrias,

Algumas coisas entendi,

Outras nem quis saber.

Fiz perguntas sem respostas

Mas, respondi aos rudes de todos os dias.

De minhas fraquezas me fortaleci,

De alguns sonhos sucumbi,

A mim mesma tive que descobrir,

Com meus dias de desassossego,

De medo e desespero.

Descortinei-os e se foram com o vento

Pois a coragem de ser feliz,

Amansaram meu peito e me fez seguir.

Resplandeci de contentamento,

Tracei novos rumos,

Reconstruí em cada derrota,

Preenchi-me de coragem e amor por mim.

Ousei deixar acontecer,

Ouvi o silêncio e na hora certa o rompi,

Algumas vezes vivi sem alma

E outras tive que ter alma para existir.

Sonhei em demasia,

Sonhar adiou minha dor e me acalentou.

Vivi escrevendo meu próprio roteiro,

Minha própria poesia.

Vivi quase que por teimosia,

Aprendi a amar o que sou.

E a seguir com coragem

Mesmo sem saber direito

Qual será o fim. DEFINIÇÃO DE ‘PODER’

Poder é o direito de deliberar, agir,mandar e, dependendo do contexto, exercer sua autoridade, soberania, a posse de um domínio, da influência ou da força.

Poder é um termo que se originou a partir do latim ‘possum’, que significa “ser capaz de”, e é uma palavra que pode ser aplicada em diversas definições e áreas.

Segundo a sociologia, poder é a habilidade de impor a sua vontade sobre os outros, e existem diversos tipos de poder: o poder social, o poder econômico, o poder militar, o poder político, entre outros.

Alguns autores importantes que estudaram a questão de poder foram Michel Foucault, Max Weber, Pierre Bourdieu.

As principais teorias sociológicas relacionadas ao poder são a teoria dos jogos, o femi-nismo, o machismo, o campo simbólico e etc.

Para a política, poder é a capacidade de impor algo sem alternativa para a desobedi-ência. O poder político, quando reconhecido como legítimo e sancionado como execu-tor da ordem estabelecida, coincide com a autoridade, mas há poder político distinto desta, como acontece no caso das revoluções ou nas ditaduras.

O poder se expressa nas diversas relações sociais, e onde existem relações de poder, existe política, e a política se expressa nas diversas formas de poder.

REFLEXÃO

Não duvide do valor da vida, da paz, do amor, do prazer de viver, em fim, de tudo que faz a vida florescer. Mas duvide de tudo que a com-promete.

Duvide do controle que a miséria, ansiedade, egoísmo, intolerância e irritabilidade exercem sobre você.

Use a dúvida como ferramenta para fazer uma higiene no delicado palco da sua mente com o mesmo empenho com que você faz higiene bucal.

Augusto Cury

Exemplos

A greve dos caminhoneiros realmente assustou e incomodou o go-verno federal brasileiro. Ninguém duvida disso. As consequências da greve dos caminhoneiros foram sentidas praticamente em todas as áreas, afetando não só transporte, mas a educação, saúde, se-gurança e principalmente a economia do país. O governo ficou ator-doado e até entrou em desespero. Mas mesmo assim, houve apoio popular aos caminhoneiros. Os caminhoneiros deram até lições de sustentabilidade.

A categoria dos professores, por exemplo, não recebe o mesmo apoio da população que a categoria dos caminhoneiros. Professo-res grevistas até apanham da polícia militar, e não há uma como-ção nacional em solidariedade a eles, enquanto até militares e poli-ciais federais aplaudiram os caminhoneiros. Dizem que a categoria dos professores é muito desunida, que é por isso que não conquis-tam muitas coisas. Será? Bom! Quem é da categoria, sabe se é ou se não é. O professor é, antes de ser professor, um ser humano. É claro que os professores são pessoas diferentes entre si e com per-sonalidades distintas. Há professores amados, e há professores odiados. Há professores bons e há professores ruins. Mas é incon-testável que, no Brasil, o professor é muito, mas muito desvaloriza-do, muito desconsiderado.

Lá na Roma antiga, séculos antes de Cristo, houve a primeira gran-de greve registrada na história da humanidade. Havia uma luta de classes entre patrícios e plebeus. Já que havia uma obstinada recu-sa da parte dos patrícios em reconhecer direitos aos plebeus, estes últimos resolveram abandonar, em massa, a velha Roma e se diri-giram a um monte não muito distante da cidade, “chutaram o pau da barraca”, ficaram de “saco cheio”. Sem uso de violência, apenas se unindo pacificamente, os plebeus deixaram os patrícios romanos desesperados, pois os plebeus eram essenciais à vida econômica e

militar de Roma, cuja sobrevivência estava correndo risco. Os patrí-cios então decidiram dialogar com os insurretos plebeus, lhes dar ouvidos e atender as suas exigências.

Um homem sábio, o advogado indiano Mohandas Gandhi também deu um exemplo sensacional do poder da união popular. Gandhi pregava a resistência à dominação britânica sobre a Índia, por meio da não violência e da desobediência civil às leis britânicas. E ele conseguiu que a Grã-Bretanha concedesse a independência à Índia em 1947, sem estimular a violência, os conflitos.

No Brasil atual, o brasileiro médio só vai conseguir reverter as coi-sas, não será por força e nem por violência, mas só pela união com inteligência da população que se sente prejudicada pelo sistema, conforme o exemplo dos caminhoneiros que deixaram o governo federal assustado, e os exemplos passados de Gandhi e dos ple-beus de Roma.

Muitos não concordam com a atitude dos caminhoneiros de fazer greve, mas mesmo assim a lição da união pacífica é válida do mes-mo jeito. O caminho correto é a ampla maioria da população brasi-leira se unir e se recusar a colaborar com o atual sistema que aflige tanto a ampla maioria do povo brasileiro. Os brasileiros precisam entender de uma vez por todas que o caminho não é a violência, o caminho é a união de todos os prejudicados, todas as categorias prejudicadas ao mesmo tempo, todos unidos, mais de noventa por cento da população.

No entanto, a multidão unida precisa saber o que realmente quer. Precisa ter objetivos em comum, precisa deixar bem esclarecido sobre com o que está incomodada, porque está insatisfeita e, o co-mo quer que as coisas passem a ser. Se não houver verdadeira u-nião, não haverá mudanças.

João Paulo E. Barros

Julho de 2018 Gazeta Valeparaibana Página 7

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Por que tentaram interditar Manuela?

O grotesco festival de reacionarismo, anticomunismo, machismo e misoginia protagonizado pela bancada de entrevistadores da depu-tada Manuela D’Ávila, no programa Roda Viva, da TV Cultura, tem tudo a ver com o ideário da pré-candidata à presidência da Repúbli-ca pelo PCdoB.

Outras mulheres candidatas, em diversos momentos, já passaram por ali, entrevistadas por bancadas de natureza semelhante.

Nenhuma recebeu igual tratamento.

E até poderia ter sido diferente, os entrevistadores focados em questões que dissessem respeito ao pleito de outubro.

Natural que abordassem justamente temas relacionados com a cri-se do País e as propostas da pré-candidata para superá-la. Qual o programa de Manuela e do seu partido?

Mas é aí que estão os “venenos” contidos na pré-candidatura da

jovem e experiente deputada gaúcha.

Preconceito anticomunista, aqueles entrevistadores exibiram à e-xaustão.

Machismo, misoginia, ódio fascistoide — idem.

Mas não nos enganemos: propositalmente não queriam que Manu-ela expusesse aos telespectadores seu programa.

Aí reside o perigo — para eles e para os que eles representam.

Por que além de jornalistas incluíram entre os entrevistadores pro-vocadores da extrema direita?

Exatamente para tentarem levar Manuela a um grau de irritação tal que a fizesse perder o autocontrole.

Falharam.

Manuela se manteve serena, altiva e hábil, contornando as provo-cações e revelando o quanto é competente e firme.

Foi até demolidoramente irônica em alguns momentos.

Tal como no programa Canal Livre, da Rede Band, a interrompe-ram seguidas vezes para evitar que expusesse os pontos funda-mentais do novo projeto nacional de desenvolvimento que lastreia a pré-candidatura comunista; e sua bem fundamentada proposta de unidade da esquerda já no primeiro turno do pleito presidencial, ponto de passagem para uma frente, a mais ampla possível, desti-nada a alcançar a vitória num eventual segundo turno.

Isso não queriam ouvir, nem debater. Tentaram esconder — com êxito relativo, pois Manuela assim mesmo, como quem escapa de um alçapão, conseguiu expressar, ainda que limitada pelo tempo exíguo e bombardeada pelas interrupções.

Manuela representou muito bem, naquela trincheira minada, o que há de melhor na brava gente brasileira.

Luciano Siqueira

Processo Legislativo Federal Processo legislativo federal é o conjunto de exigências e procedimentos para a elabora-ção das leis nacionais, sendo responsabili-dade do Poder Legislativo federal. O Poder Legislativo federal do Brasil é composto pe-lo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos deputados e do Senado fe-deral, compostos, respectivamente, por deputados federais e senadores.

Há sete tipos de legislação: leis ordiná-rias, complementares e delegadas, emendas constitucionais, medidas provisórias, decre-tos legislativos e resoluções. Destas, só a medida provisória é reservada ao presidente da República e se destina a matérias que sejam consideradas de relevância ou urgên-cia pelo Poder Executivo federal, as demais são reservadas ao Poder Legislativo, isto é, ao Congresso Nacional.

Leis ordinárias são as normas jurídicas com as regras mais gerais e abstratas - ou seja, as leis mais comuns. Leis complementares procuram reforçar a matéria constitucional; seu caráter, pois, é de complemento à cons-tituição. Tanto as leis ordinárias quanto as leis complementares podem ser propostas por qualquer membro ou comissão do Con-gresso Nacional; pelo presidente da Repú-blica; pelo Supremo Tribunal Federal; pelos tribunais superiores; pelo procurador-geral da República; e pelos cidadãos. Quando surge no Congresso Nacional, um projeto de lei ordinária (PLO) vai para a comissões téc-nica competente da casa originária (Câmara dos deputados, com 35 comissões, ou sena-do, com 11); quando vindo de algum mem-bro externo ao congresso, o PL é apresenta-do à Câmara. Se a comissão entender que o projeto é constitucional, legal e útil à socie-dade, ele o envia para votação em plenário, onde a aprovação depende de maioria sim-ples, ou seja, no mínimo 50% dos votos dos congressistas presentes. Em caso de rejei-ção, o projeto é arquivado. Em aprovação, ele segue para a outra casa do Congresso (casa revisora): a Câmara envia o projeto para o Senado e vice-versa. Se a casa revi-sora aprovar apenas partes do PLO, ela o emenda e o devolve para reavaliação da ca-sa inicial, que pode aprovar o novo texto ou

rejeitá-lo. Se a aprovada (maioria simples) pela casa revisora, a lei é enviada para san-ção ou veto presidencial. Se o presidente da República não se pronunciar em até 15 dias do seu recebimento, considera-se a lei san-cionada, seguindo-se sua promulgação (torna-se válida, oficial). Em caso de veto, porém, ambas as casas legislativas se reú-nem para apreciá-lo, sendo que um veto só é derrubado com maioria absoluta de votos, ou seja, no mínimo metade de todos os con-gressistas, não só os presentes. Derrubado o veto, segue a lei à promulgação (prazo de 48 horas; se o presidente da República não promulgá-la, o presidente do Senado deve fazê-lo); se mantido, ela é arquivada. Com projetos de lei complementar, a única dife-rença é que, no lugar de maioria simples, as votações são por maioria absoluta.

As leis delegadas, propostas exclusivamente pelo presidente da república, essas leis só são possíveis com a concessão do Congres-so, que delega seus poderes de legislação. Para promulgá-las, o presidente primeiro en-via uma solicitação ao Congresso. Esta po-de ser aprovada por maioria simples em sessão conjunta ou separada das casas, tor-nando-se, neste caso, uma resolução que estipula as condições para o uso dos pode-res delegados. Uma delegação típica é quando o Congresso permite ao presidente elaborar e promulgar leis sem sua aprecia-ção. Quando a lei, mesmo delegada, precisa ser remetida ao congresso, caracteriza-se uma delegação atípica.

Decretos legislativos e resoluções legislati-vas são medidas normativas com força aná-loga à de lei dentro do poder legislativo, sen-do que os decretos legislativos tratam das atribuições exclusivas do Congresso e as resoluções, das competências privativas de cada casa. Assim, os efeitos dos decretos repercutem fora do âmbito congressional, enquanto os efeitos das resoluções são qua-se sempre internos. Os decretos legislativos dependem de aprovação por maioria sim-ples em cada casa, enquanto resoluções seguem os regimentos internos tanto do congresso quanto de suas casas, a depen-der de quem as propõe. O processo inde-pende de sanção presidencial; uma vez a-provados, ambos seguem para promulgação

pelo presidente do Senado.

Emendas constitucionais são modificações no texto da Constituição federal. A Constitui-ção brasileira é um documento rígido, que não pode ser facilmente alterado. Como lei máxima da nação, as emendas devem ser consideradas com extremo cuidado, visto que repercutirão em toda a legislação subor-dinada. Sendo este o propósito das emen-das, seu processo exige grande consenso entre os parlamentares. As emendas podem ser propostas pelo presidente da República, por metade das Assembleias Legislativas do país ou por, no mínimo, um terço dos mem-bros de qualquer casa do Congresso. Além de não poder ser realizadas durante inter-venção federal e estado de emergência ou sítio. Feita a proposta, cada casa do Con-gresso deve discuti-la e votá-la em dois tur-nos, havendo aprovação somente com mais de 60% dos votos em ambas. Se rejeitada, a matéria da proposta não pode ser repetida na mesma sessão legislativa; ou seja, uma "nova tentativa" ocorre só no ano seguinte. As cláusulas pétreas, que estão no parágra-fo 4º do artigo 60 da Constituição federal, não podem ser emendadas, que são a for-ma federativa de Estado, o voto direto, se-creto, universal e periódico, a separação dos poderes e os direitos e garantias individuais, que estão no título II, a partir do o artigo 5º.

Tendo noção de processo legislativo, o cidadão comum e eleitor consegue compre-ender a importância de se tomar muito cui-dado ao voltar em algum candidato para de-putado federal e para senador. Porque o Congresso Nacional é, na verdade, o mais poderoso dos poderes estatais, apesar do presidente da República ser considerado o principal cargo público do país. Não adianta a população eleger a pessoa certa para pre-sidente da República mas, eleger as pesso-as erradas para deputado federal e senador, porque o presidente vai ficar sem apoio para governar e até pode ser retirado da presi-dência em pleno mandato. Neste ano de 2018 estão previstas eleições para outubro. É mais uma oportunidade que o povo tem de fazer escolhas certas.

João Paulo E. Barros Via: Wikipédia

Julho de 2018 Gazeta Valeparaibana Página 8

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Drama dos refugiados

O drama dos refugiados no mundo todo chega a uma espécie de ápice

de horror a cada imagem de uma criança morta. Pode-se fazer uma gra-duação do horror, dividi-lo em categorias, do lamentável ao lancinante, mas nada nos fere mais do que a foto do cadáver de um bebê que deu na praia como um dejeto humano, ou de uma criança ferida com o olhar es-maecido de quem não sabe o que lhe aconteceu, ou por quê. A questão do que fazer com refugiados que chegam à Europa aos borbotões – quando não morrem no caminho – é difícil, mas nenhuma política de imi-gração é aceitável se não começar com o martírio das crianças e com o controle da exploração do desespero. O transporte de refugiados que fo-gem de guerras ou da miséria tornou-se um negócio para donos de bar-cos que chegam superlotados a portos europeus sem garantia de que seus ocupantes não serão rechaçados, ou jogados na água se os portos não os aceitarem.

A decisão de separar os filhos de imigrantes ilegais dos seus pais presos na fronteira entre os Estados Unidos e o México também transformou a

insensibilidade num negócio lucrativo, com empresas pleiteando contra-tos milionários para abrigar as crianças. O problema com a reunião das famílias depois que o Trump se deu conta da bobagem que tinha feito – incrivelmente, ninguém o avisou que a medida ia pegar mal – e voltou atrás, é como fazer agora para juntar mães e pais com seus filhos, alguns de colo. Muita gente tem comparado o que fizeram com as crianças nos Estados Unidos com táticas nazistas. Não precisavam ir tão longe. Em Guantánamo, em Cuba, a poucos quilômetros da Flórida, está em opera-ção o único campo de concentração do Ocidente, com gente presa lá há anos pelos norte-americanos sem julgamento ou ajuda legal.

O que fazer com a invasão cada vez maior de refugiados no mundo de-senvolvido é um desafio sem respostas fáceis. No fundo o que está em jogo é o direito de cada indivíduo de tentar melhorar a sua biografia, e corrigir o azar de ter nascido no lugar errado, na época errada. Vai aca-bar vendendo bolsa falsificada num bulevar europeu ou colhendo frutas na Califórnia por pouco dinheiro até arranjar coisa melhor. Mas pelo me-nos as crianças terão sobrevivido.

Luis Fernando Veríssimo

JOSÉ BONIFÁCIO E A INVEN-ÇÃO DA TESE O BRASIL FOI

COLÓNIA DE PORTUGAL

Na década de 1940, os historiadores irmãos Tito Lívio Ferreira e Manoel Rodrigues Fer-reira, juntamente com uma equipe poderosa de intelectuais, se debruçaram na questão proposta por José Bonifácio em 1822, ou seja, que o Brasil foi colónia de Portugal. Eles levaram décadas pesquisando o as-sunto e o fizeram até morrer. O volume de DOCUMENTOS pesquisados alcançou a cifra de 150 mil documentos, um montante absurdo e acachapante de provas.

A tese lançada por Bonifácio para justificar a "Independência" não se sustenta sob ne-nhuma hipótese e pode ser desmontada sob diferentes vertentes que vão da Legisla-ção Portuguesa até Documentos Eclesiásti-cos. É uma tese, nada além disso. E exce-tuando-se o fato que vem sendo repetida por uma linha de historiadores todos com-prometidos com movimentos revolucioná-rios ou com a maçonaria ou com pensa-mento da esquerda não há nada que a con-firme, rigorosamente nada.

A quando do lançamento do grupo de pes-quisa, Tito Lívio Ferreira e Manoel Rodri-gues Ferreira tiveram o cuidado e a serieda-de de fazer um convite formal para inúme-ros intelectuais, bem como, para universida-des brasileiras. A USP recusou-se a partici-par do projeto, por razões óbvias.

De certo modo, o único historiador que "questionou" diretamente a tese dos Ferrei-ra e seu grupo de pesquisa, escrevendo u-ma brochura com menos de 30 páginas, que na realidade está cheia de gralhas, mas que deve ser estudada como contraponto foi "O Brasil Foi Colônia de Portugal", de Thomaz Oscar Marcondes de Souza. O his-toriador esquerdista tem trabalhos notáveis, é um grande pesquisador, mas todas as su-as obras enfermam sempre do mesmo mal que caracteriza o seu grupo: excesso de confiança, narrativa linear, desprezo pelas fontes portuguesas, embora se valha delas, mas, sempre para as distorcer.

No entanto e apesar disso, o alto nível de debate acadêmico que Marcondes de Sou-za faz com seus oponentes, contrasta gri-tantemente com os historiadores socialistas atuais, deixando evidente o declínio de inte-lecto e de comportamento dentro da es-querda.

Assim, a tese dos irmãos Tito Lívio Ferreira e Manoel Rodrigues Ferreira permanece atual e inquestionável até os dias atuais. Creio que por um motivo: ela é VERDADEI-

RA. Aliás, o fato da própria esquerda se re-cusar a trazê-la à baila, abrindo-a ao debate já é prova que tem caroço nesse angu, e do grosso. E tem mesmo.

Nesta circunstância, a introdução "atípica" da figura de José Bonifácio no cenário da Independência ainda merece acuradas in-vestigações, dado que quando ele chega ao Brasil em 1819 praticamente todo o proces-so revolucionário já estava pronto e prestes a explodir. Esta introdução ilustra, certa-mente, mãos invisíveis, porque ninguém há de ser "ingênuo" a ponto de supor que um homem afastado de sua terra de nascimen-to por quase 40 anos tivesse meios e con-tactos influentes a ponto de executar em minúcias todo um trajeto de viagens e le-vantar apoios à causa da Independência praticamente do dia para a noite.

Como funcionário da Coroa Portuguesa ele conhecia, e muito bem, o que era e como funcionava as Côrtes. Oras, foi precisamen-te em cima das Côrtes que José Bonifá-cio investe virulentamente com o argumento do Brasil colónia imputando-lhe crimes e ilegalidades quando na realidade o ilegíti-mo, o fraudador de documentos, eram ele e D. Pedro que, do Brasil, exerciam uma ativi-dade administrativa ILEGAL, dado que um Príncipe Regente NÃO PODE ter ministros, fazer despachos, criar leis, etc. É absoluta-mente incrível, criminoso mesmo o cinismo brasileiro no trato dessa questão.

Concerne considerar que José Bonifá-cio quando cunhou a falácia do Brasil coló-nia não sacou esse coelho da cartola de u-ma vez, como por passe de mágica. Uma análise atenta de sua obra demonstra ca-balmente uma larga produção de críticas e ácidos afirmando Portugal como país deca-dente cujas causas residiam nos Descobri-mentos, na cristandade escolástica e na Fi-dalguia cristã. Para ele o valor da "Fidalguia era coisa de toda a nação ignorante ou pre-guiçosa" ( Fonte: "Apontamentos"- sobre os tolos, o amor, o gosto apurado, nação igno-rante, etc. (MP. Col.José Bonifácio, doc.226).

Dava como certo a decadência do Portugal cristão inventando novos rumos políticos. Em suas inúmeras "Notas, Apontamentos e Memórias" descrevia a natureza do Brasil concluindo que "Portugal foi uma estrela errante que brilhou um instante e apagou-se para sempre". (Fonte: Apontamentos extraí-dos da obra "Des colonies et la révolution actuelle de l’Amérique”, de De Pradt, 1817”. "Museu Paulista". Coleção José Bonifácio, doc. 89).

Loryel Rocha

Julho de 2018 Gazeta Valeparaibana Página 9

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Mário Quintana: “Tão bom morrer de amor!

E continuar vivendo…”. * * *

Isadora Duncan: “As pessoas não vivem plenamente hoje em dia. Contentam-se com,

no máximo, uns dez por cento”. * * *

Platão: “Calarei os maldizentes continuando a viver bem: eis o melhor uso que podemos

da maledicência”. * * *

Xiquote: “Tudo que é fácil de fazer medio-cremente é dificílimo de executar com perfei-

ção. Viver, por exemplo”. * * *

Oscar Wilde: “Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas exis-

te”. * * *

Mark Twain: “Não abandones as tuas ilu-sões. Sem elas podes continuar a existir,

mas deixas de viver”. * * *

Millôr Fernandes: “Viver é desenhar sem borracha”.

* * *

Padre Antônio Vieira: “A vida e o tempo nunca param: e, ou indo, ou estando, ou ca-minhando, ou parados, todos sempre e com

igual velocidade passamos”. * * *

Maiakovski: “Não é difícil morrer nesta vida: viver é muito mais difícil”.

* * *

Euclides da Cunha: “Viver é adaptar-se”. * * *

Sócrates: “A maneira mais fácil e segura de vivermos honradamente consiste em ser-mos, na realidade, o que parecemos ser”.

* * *

Marques Rebelo: “A nossa vida tem muito dos queijos com buracos. Buracos que nada

dizem mas que pertencem ao queijo”. * * *

Dostoievski: “É melhor ser infeliz, mas estar inteirado disso, do que ser feliz e viver como

um idiota”. * * *

Clarice Lispector: “Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece

como eu mergulhei. Não se preocupe em en-tender, viver ultrapassa qualquer entendi-

mento”. * * *

Mês que vem... Tem mais!

1970: A DITADURA PEGA CARONA NA EUFORIA DA COPA

Se você gosta de futebol e Copa do Mundo, provavelmente já ouviu falar do jingle que marcou a conquista do tricampeonato da seleção brasileira, em 1970. Estamos falando da música “Pra fren-te Brasil”, composta por Miguel Gustavo para uma cervejaria. Entretanto, o jingle fez tanto suces-so que acabou atraindo atenção do general e presidente Emilio Médici, que comandava o país no auge da ditadura militar (1964-1985). E a GLOBO volta a reeditar nesta copa de 2018.

Como os fins de semana de três dias podem contribuir

para salvar o mundo

A redução do número de horas de trabalho não só melhoraria a vida social e familiar dos trabalhadores; está relacionada com u-ma queda notável do consumo de energia

Quase todo mundo gosta de feriados. Um fim de semana de três dias significa mais tempo para passar com a família ou amigos, para sair e explorar o mundo e para relaxar das pressões do trabalho. Imaginem se ti-véssemos um fim de semana de três dias por semana, em vez de tê-lo apenas de vez em quando ao longo do ano. Não é apenas uma ideia agradável. Além das possibilida-des para o tempo livre, os fins de semana de três dias também podem ser um dos passos mais simples que podemos dar para reduzir radicalmente nosso impacto ambiental e pre-parar nossa economia para o futuro.

A redução do número de horas de trabalho, geralmente, está relacionada a uma redução significativa no consumo de energia, como argumentam os economistas David Rosnick e Mark Weisbrot. De fato, se os norte-americanos, por exemplo, tivessem os níveis de horas de trabalho europeus, estima-se que reduziria em cerca 20% o consumo de energia e, consequentemente, as emissões de carbono.

Com uma semana de quatro dias, um enor-me número de deslocamentos para e do tra-balho poderia ser evitado, assim como o gasto de energia dos locais em funciona-mento. Em um momento em que precisamos reduzir as emissões de carbono em grande escala, implementar um fim de semana de três dias poderia ser a maneira mais simples e elegante de tornar nossa economia mais respeitosa em relação ao meio ambiente.

O exemplo de Utah

Isso já aconteceu antes. Por exemplo, em 2007, o Estado de Utah, nos Estados Uni-dos, redefiniu a semana de trabalho para os funcionários públicos, estendendo os horá-rios de segunda a quinta-feira, podendo as-sim eliminar totalmente as sextas-feiras.

Nos primeiros dez meses, a iniciativa econo-mizou ao estado pelo menos 1,8 milhão de dólares (cerca de 5,9 milhões de reais) em custos de energia.

Menos dias de trabalho eram equivalentes a menos iluminação dos escritórios, menos ar condicionado e menos tempo de funciona-mento de computadores e outros equipa-

mentos, tudo sem mesmo reduzir o número total de horas trabalhadas.

Um dia por semana, milhares de pessoas que viajam diariamente de casa para o local de trabalho poderiam ficar em casa. Se fos-se incluída a redução das emissões de ga-ses de efeito estufa causadas pelo desloca-mento, o estado calculou uma economia de mais de 12.000 toneladas de CO2 por ano.

Se os norte-americanos tivessem os níveis de horas de trabalho dos europeus, o consu-mo de energia seria reduzido em cerca de 20%

Utah desistiu do experimento em 2011, de-pois que os habitantes do Estado começa-ram a se queixar que não tinham mais aces-so aos serviços às sextas-feiras. Parece que é um tipo de inovação que tem de ser acom-panhada por uma mudança em nossas ex-pectativas, de forma que a sexta-feira se tor-ne o “terceiro dia do fim de semana”, em vez de um mero dia útil sem trabalho. O caso de Utah mostra que, reproduzido em um país inteiro, a semana de quatro dias poderia re-presentar um progresso substancial em dire-ção a uma economia que é menos prejudici-al ao meio ambiente.

Mas também haveria outras vantagens. Tra-balhar menos melhoraria o frágil equilíbrio entre a vida profissional e familiar, e nos aju-daria a recuperar nossa saúde mental e bem-estar físico. Além disso, permitiria ter mais tempo para se dedicar a atividades sociais, cuidar de crianças e idosos e interagir com nossas comunidades. Os experimentos com horas laborais reduzidas em locais de traba-lho selecionados realizados na Suécia, em 2015, levaram a uma redução das doenças e até mesmo aumentaram a produtividade.

Destinar a melhoria da eficiência econômica a ter mais tempo livre e a reduzir o consumo de energia em vez de produzir mais bens poderia dar lugar a um mundo melhor e mais seguro no que se refere ao meio ambiente.

Uma objeção óbvia poderia ser: “Como va-mos nos permitir isso?”. Mas há importantes razões econômicas e tecnológicas pelas quais tanto os Governos como os partidos políticos, as fundações e os movimentos so-ciais deveriam começar a pensar em defen-der a colocação em prática dos fins de se-mana de três dias.

Como argumentou recentemente o antropó-logo David Graeber, muitos de nós trabalha-mos em empregos que, ao que parece, não servem para nada. De fato, há tempos os economistas estão conscientes das horas

supérfluas contidas em muitas jornadas de trabalho, nas quais os empregados estão efetivamente subutilizados em seu posto de serviço, mas não podem ir embora por cau-sa da persistente questão do “presentismo”, pela qual os chefes valorizam os trabalhado-res conforme as horas que passam no local de trabalho mais do que por sua produtivida-de. Em vez de trabalhar mais horas com poucos resultados produtivos poderíamos adotar uma semana laboral mais curta e contribuir para salvar nosso planeta e nosso bem-estar.

De uma perspectiva mais de longo prazo, prevê-se que, nas próximas décadas, uma nova onda de mecanização do trabalho na qual intervirão a robótica avançada e os sis-temas de aprendizagem automática substitu-a 47% dos atuais postos de trabalho nos Es-tados Unidos e 54% na Europa. Nessas cir-cunstâncias, nas quais se terá significativa-mente menos acesso ao emprego, adotar medidas como os fins de semana de três dias se torna algo essencial para que a vida seja viável em condições econômicas dife-rentes.

Os experimentos com horários de trabalho mais curtos em uma amostra de locais de trabalho realizados na Suécia em 2015 leva-ram à redução das doenças e até aumenta-ram a produtividade.

Como sustentamos em nosso livro Inventing the Future [Inventar o Futuro], logo a meca-nização nos oferecerá a perspectiva de um mundo laboral muito diferente. Seu aumento incrementará a eficácia de muitos processos produtivos, utilizando menos energia e me-nos força de trabalho humana, até que, no final, fiquemos liberados em grande parte do trabalho.

A chave para colher os frutos da mecaniza-ção sem transtornos sociais drásticos de-pende em parte de que sejam postas em prática políticas que promovam a participa-ção nos lucros. Isso significa uma semana laboral mais curta graças à ampliação do fim de semana, e ao mesmo tempo uma renda básica universal.

Nada disso acontecerá da noite para o dia. Mas, se estiverem no Reino Unido e tiverem a sorte de ter a segunda-feira livre, não se esqueçam de que esse dia extra em casa ou no parque não serve só para diversão, mas contribui para combater as mudanças climá-ticas.

Alex Williams. Professor convidado. Univer-sidade da Cidade de Londres

Julho de 2018 Gazeta Valeparaibana Página 10

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O CONSUMISMO DEVE SER O FOCO!

Há praticamente três anos, em novembro de 2015, todas as nações do mundo se encontra-vam em Paris para a COP21 (Conference of the Parties). Depois de 21 anos de muita conversa e pouca ação, a COP21 marcou o primeiro grande avanço em se tratando de compromissos firma-dos por grandes países do mundo como Esta-

dos Unidos e China para conter os avanços das mudanças climáticas.

Cá estamos nós, um ano depois, com Donald Trump, um convicto de que mudanças climáticas não existem, eleito presidente dos Estados Uni-dos e ameaçando assim suspender os acordos assinados por um dos maiores poluidores duran-te a conferência em Paris, e vendo as mudanças climáticas dia após dia, graus célsius acima de grau célsius, desastre após desastre, acontece-

rem mundo afora.

A verdade é que a COP21 é um passo, mas um passo muito tímido perto do que precisamos pa-ra frear as mudanças climáticas. O acordo fala muito em energia limpa e renovável, o que signi-

fica diminuir a queima de combustíveis fós-seis e aumentar o fornecimento de energia solar e eólica, mas não endereça uma ques-tão crucial em se tratando de mudanças cli-

máticas: o consumismo fora de controle.

Tempos de Sem-Teto

Viver nos centros urbanos sempre foi uma tarefa árdua para uma grande parcela da população brasileira. Aos trabalhadores e trabalhadoras de baixa renda que não pos-suem casa própria, a tarefa se apresenta ainda mais difícil. A partir da crescente espe-culação e valorização do solo urbano, os preços dos aluguéis dispararam, comprome-tendo de maneira considerável grande parte da renda familiar das camadas mais empo-brecidas das cidades. Diante de uma con-juntura de cortes nas políticas sociais e pre-carização das relações de trabalho o cenário se torna ainda mais dramático, sinalizando para uma tendência acelerada de cresci-mento da pobreza urbana e expansão das populações de sem-teto nas regiões metro-politanas do país. É o que nos mostra a mais recente pesquisa divulgada em abril de 2018 pela Fundação João Pinheiro, órgão responsável pelo cál-culo oficial do déficit habitacional brasileiro. De acordo com os novos dados divulgados, o déficit habitacional (número de famílias que vivem em condições precárias de mora-dia) aumentou em 20 dos 27 estados brasi-leiros, passando de 9% [6 milhões e 68 mil domicílios] no ano de 2014 para 9,3% [6 mi-lhões e 355 mil] em 2015. O cálculo leva em consideração qualquer domicílio que se en-quadre em um dos quatro componentes in-tegrantes do déficit habitacional: domicílios precários coabitação familiar, ônus excessi-vo com aluguel e adensamento excessivo de moradores em imóveis alugados.

Contudo, um novo dado apresentado pela pesquisa realizada pela fundação ganha destaque. Diz respeito ao ônus excessivo com aluguel, que em 2015 obteve uma alta de 80% em relação à série histórica iniciada em 2007. Conforme apontam os números, o gasto excessivo com o aluguel passou a re-

presentar 50% do déficit habitacional do pa-ís. Ou seja, em 2015 mais de 3,177 milhões de famílias urbanas com renda de até 3 sa-lários mínimos acabaram comprometendo 30% ou mais da renda familiar mensal so-mente com o custeio do aluguel.

O dado é alarmante e chama mais a aten-ção quando levada em consideração a série temporal elaborada pela fundação. O levan-tamento mostra que em 2007 o ônus exces-sivo com aluguel atingia 1,74 milhões de do-micílios brasileiros, aumentando para 2,12 milhões em 2010. Já em 2013, esse núme-ro aumentou para 2,55 milhões, chegando em 2015 a somatória de 3 milhões de domi-cílios do total do déficit habitacional brasilei-ro. No entanto, alguns fatores podem ajudar a entender melhor os principais motivos que levaram a essa crescente do ônus excessivo com aluguel.

O primeiro fator diz respeito ao agravamento das contradições urbanas, impulsionada principalmente pela crescente valorização e concentração da terra nos grandes centros urbanos, que além de contribuir diretamente para a elevação dos preços dos aluguéis, inviabiliza as populações de baixa renda de conseguirem adquirir um imóvel nos locali-dades próximas aos grandes centros urba-nos. São forçadas assim a viverem no alu-guel, principalmente do mercado imobiliário informal.

Outra questão que pode contribuir para o entendimento está relacionada diretamente ao fracasso das políticas públicas em supri-mir ou ao menos minimizar os altos índices do déficit habitacional brasileiro. O principal programa habitacional do Governo Federal, o Minha Casa Minha Vida, não conseguiu atingir o núcleo do déficit, ou seja, as famí-lias com renda mensal de até três salários mínimos. Concentrou-se nas camadas mé-dias e na parceria com as grandes constru-toras e incorporadoras, a saber, suas finan-ciadoras de campanha.

Um terceiro ponto a ser considerado é mais recente, diz respeito à conjuntura de crise econômica que atualmente assola o país. Com a implementação das políticas de ajus-te fiscal (com cortes e congelamentos do or-çamento público nas áreas sociais) e da re-forma trabalhista (leia-se: flexibilização das leis e aumento da precarização do trabalho), intensificam-se os processos de exploração

econômica e de espoliação urbana, agra-vando ainda mais as precárias condições de vida dos trabalhadores de baixa renda. Re-baixamento salarial, informalidade e desem-prego apresentam-se nesse contexto como elementos significativos para levarmos em consideração a possível tendência de cresci-mento da pobreza urbana e proliferação das populações de sem-teto nas regiões metro-politanas do país.

Entretanto, é preciso ressaltar que essa massa de excluídos não surge apenas das contradições evidenciadas no capitalismo contemporâneo. Trata-se de precisá-los en-quanto uma população historicamente ex-plorada e marginalizada no campo e posteri-ormente nas cidades, herdeira de um passa-do escravocrata e senhorial, o qual relegou social e territorialmente principalmente os negros e camponeses expropriados a uma condição de exclusão social em sua plenitu-de, a saber: nos âmbitos econômico, políti-co, cultural e espacial.

É certo que vivenciamos uma conjuntura po-lítica extremamente desfavorável aos traba-lhadores, porém, uma esperança surge no horizonte a partir da luta protagonizada pe-los movimentos de sem-teto nas inúmeras ocupações urbanas que explodem pelo país. Pode ser que venha justamente dessa mas-sa historicamente expropriada, explorada e marginalizada, as possibilidades efetivas pa-ra a constituição de uma força social capaz de exercer uma contraposição direta ao pro-jeto neoliberal e às elites oligárquicas e au-tocráticas que se perpetuam no poder.

Propostas desafiadoras de renovação políti-ca alinhada a uma perspectiva anticapitalista estão surgindo e se desenvolvendo no país. Talvez dessa conjuntura nefasta possa e-mergir, a partir do movimento dinâmico da luta de classes, as condições necessárias para a construção de uma unidade classista de caráter popular, radicalmente participati-va e democrática. Diante dos novos desafios colocados à classe trabalhadora, certamente os sem-teto assumem um protagonismo im-par, impondo-se como uma base social e política imprescindível para construção de um projeto de sociedade que se proponha mais justo e igualitário. Sem dúvida, vivemos tempos de muita luta e resistência. Tempos de sem-teto.

Fernando Calheiros

Julho de 2018 Gazeta Valeparaibana Página 11

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A FAVELIZAÇÃO DO MUNDO

De acordo com o novo relatório global sobre as-sentamentos humanos realizado pela ONU, o número de favelados no mundo, que atualmente está na casa de 1 bilhão de pessoas, possivel-mente dobrará nas próximas 3 décadas, vindo a representar 32% da população mundial. No Bra-sil, assim como na maioria dos países em de-senvolvimento, o problema habitacional é umas das questões urbanas mais preocupantes, refle-tindo-se na formação de aglomerados pobres, sem infraestrutura e socialmente segregados. Conforme é anunciada diariamente nos princi-

pais meios de comunicação, a quantidade de novos assentamentos irregulares vem crescen-do avassaladoramente, provando que a taxa de crescimento da população favelada não só ex-trapola em muito a de crescimento da cidade formal como também que os governos federais, estaduais e municipais estão totalmente despre-parados e desarticulados para enfrentar um pro-blema desta magnitude.

O aumento da população favelada está relacio-nado ao aparecimento de novas favelas, a ex-pansão física daquelas já existentes e principal-mente devido ao adensamento das unidades residenciais. Pesquisas feitas nas regiões me-

tropolitanas revelaram que o crescimento das favelas desde 1980 não pode ser relacionado meramente ao processo de migração, que certa-mente diminuiu a partir a década de 60. Contra-riamente, a maioria dos moradores se mudou para as favelas através de uma filtração descen-dente. O aumento do valor da terra assim como sua escassez, o empobrecimento da população, a mobilidade social descendente e os movimen-tos intrametropolitanos bem como a dificuldade de acesso ao mercado imobiliário formal são fatores importantes relacionados ao crescente número de favelas na última década

Da redação

Como o hormônio do amor diminui o ódio ao estrangeiro

Estudo mostra que a combinação de spray de oxitocina com bons exemplos pode limi-tar a xenofobia

Há meio milhão de anos, as populações de macacos em algumas regiões da África cresceram tanto que colocaram nossos an-cestrais em apuros. Aqueles pequenos ani-mais eram rápidos demais na concorrência por alimentos como as frutas e os humanos tiveram de buscar alternativas para sobrevi-ver. Essa crise – que em chinês não signifi-ca oportunidade, embora às vezes possa ser – é empregada para explicar a origem do que pode ser a habilidade essencial de nossa espécie: a capacidade de juntar as mentes. Assim começaram a cooperar para conseguir mantimentos inalcançáveis para os macacos, como os antílopes.

Nesse contexto, a capacidade de colaborar com os congêneres era essencial para so-breviver e, pouco a pouco, foram sendo cria-dos grupos nos quais todos dependiam dos demais. Paulatinamente apareceu a divisão de trabalho e a interdependência mútua se intensificou à medida que se produziam en-frentamentos com outros grupos. A humani-dade também se forjou na guerra.

Os participantes do teste doaram 20% mais aos refugiados com dificuldades econômicas que aos nacionais nas mesmas circunstân-cias

Em entrevista ao EL PAÍS, o pesquisador norte-americano Michael Tomasello contou que, apesar de podermos “considerar isso um fato infeliz”, nossa capacidade de coope-rar “evoluiu dentro desses grupos”. “Há 100.000 anos fomos interdependentes den-tro de nosso grupo cultural, mas lutávamos com outros grupos e não confiávamos neles, não conseguíamos entender seu idioma... É uma das descobertas mais sólidas da psico-logia, as diferenças entre os tratamentos da-dos a quem é do grupo e a quem não é. Fa-vorecemos quem pertence a nosso grupo e desconfiamos dos de fora”, concluía. Enten-

der nossa natureza, incluídos os aspectos mais sombrios, pode ajudar, segundo Toma-sello, a melhorar nossas sociedades.

Um estudo publicado nesta semana na re-vista PNAS pela equipe do dr. René Hurle-mann, do Centro Médico da Universidade de Bonn (Alemanha), tenta levantar dados para elaborar estratégias que permitam reduzir os sentimentos xenofóbicos e fomentar a coo-peração entre estranhos. Num momento em que é preciso se adaptar a sociedades etni-camente mais diversas e culturalmente mais variadas, esse tipo de conhecimento pode se tornar uma ferramenta para melhorar a convivência.

A proposta dos experimentos é “caracterizar as condições sociais e biológicas que possi-bilitam o comportamento altruísta em rela-ção a estranhos, um fenômeno que ocorre na famosa parábola do bom samaritano, mas que não foi estudado a partir de uma perspectiva neurocientífica”, diz Hurlemann. No primeiro experimento, ofereciam 50 eu-ros a um grupo de voluntários alemães bran-cos e pediam que doassem quanto quises-sem a um grupo de 50 pessoas necessita-das e ficassem com o resto. Destes 50 ne-cessitados, metade eram alemães em situa-ção de pobreza e outra metade, refugiados. Além de servir para identificar as pessoas mais altruístas e as mais xenófobas, o pri-meiro teste ofereceu um resultado curioso: os voluntários doaram 20% mais aos refugi-ados em dificuldades econômicas que aos alemães nas mesmas circunstâncias.

A pressão social somada à oxitocina au-mentou a generosidade dos mais xenofó-

bicos em relação aos refugiados

Em uma segunda fase dos experimentos, foi estudado o papel da oxitocina nas atitudes dos participantes em relação aos refugiados. Esse hormônio está relacionado à força dos vínculos dentro do grupo ou os laços entre pais e filhos, mas também ao ódio em rela-ção aos diferentes. O teste realizado foi si-milar ao anterior, com a diferença que se fornecia oxitocina a uma parte do grupo al-truísta e a uma parte do grupo xenófobo e placebo a outra parte desses grupos.

Os resultados mostraram que, ao receberem oxitocina, os que já eram altruístas dobra-vam suas doações tanto aos necessitados locais como aos refugiados. Entretanto, o hormônio do amor não mudava a atitude dos xenófobos, que continuavam quase sem do-ar dinheiro aos refugiados e aos nacionais. “A oxitocina aumenta a generosidade em relação aos necessitados, mas isso aconte-ce em alguém que já é altruísta, o hormônio não cria o altruísmo”, observa Hurlemann.

Para alcançar os xenófobos, os pesquisado-res testaram características menos conheci-das da oxitocina, que é muito mais que o hormônio do amor. Essa proteína, que de-sempenha muitos papéis relevantes na re-gulação das relações dentro dos grupos, também incrementa a adesão às normas sociais. Ela serve, por exemplo, para au-mentar a coesão em um grupo que está em confronto com outro. Com essa ideia, prova-ram que a pressão social somada à oxitoci-na pode ter efeitos surpreendentes. Quando, depois de inalar o hormônio, viram o que seus companheiros mais generosos tinham doado, até as pessoas com uma disposição mais negativa em relação aos estrangeiros incrementaram em 74% suas doações.

Os autores administraram oxitocina como spray nasal para incrementar seus níveis no cérebro, mas nosso corpo produz esse hor-mônio naturalmente e a libera quando reali-zamos algumas atividades sociais como cantar ou dançar. “Seria absurdo tratar a xe-nofobia com um inalador, não é isso que es-tamos sugerindo!”, explica Hurlemann. O que seus dados indicam é que algumas ati-vidades sociais junto com o exemplo de mo-delos sociais positivos, família, figuras públi-cas e líderes religiosos podem ajudar a re-duzir os sentimentos xenofóbicos que dificul-tam a integração dos estrangeiros em nos-sas sociedades graças ao mecanismo que eles observaram. Ou, como já propuseram outros antropólogos, para reduzir as tensões entre quem consideramos parte de nosso grupo e os que consideramos alheios a esse círculo.

Daniel Mediavilla

Julho de 2018 Gazeta Valeparaibana Página 12

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COPA E CURIOSIDADES DO FUTEBOL

Uma seleção catalã?

Se você achou que a seleção da Espanha não seria afetada com uma eventual separação da Catalunha, achou errado. Isso por-que jogadores importantes da Espanha na verdade são catalães, como Gerard Piqué, Jordi Alba e Sergio Busquets. Aliás, Piqué e o ex-treinador da Seleção Espanhola, Pep Guardiola, são defensores da separação da Catalunha, região que até já tem uma seleção própria.

Apesar de não disputar torneios oficiais, o time já conta com o ídolo do Espanyol – Segio García – como seu artilheiro.

Caso a separação da Catalunha se torne realidade, é provável que o Barcelona continue jogando o Campeonato Espanhol até a FIFA reconhecer a legitimidade da Federação Catalã, um processo que pode demorar 6 anos. E não é só o reconhecimento da FIFA que o

Barcelona teria que receber, mas também da UEFA, organizadora dos campeonatos europeus e da Liga dos Campeões.

Apesar da existência desses obstáculos, caso o movimento separa-tista ganhe a disputa, a fama do Barça pode ajudar a tornar o pro-cesso mais fácil.

Barcelona: mais que um clube

Após uma guerra civil, a Espanha mergulhou em uma ditadura, sendo controlada pelo militar Francisco Franco entre 1936 e 1939.

Essa foi uma época conturbada da história espanhola e, principal-mente, da Catalunha – já que a região perdeu grande parte da sua autonomia, fato que reanimou os nacionalistas locais.

Foi nessa época que o FC Barcelona tornou-se um símbolo da re-sistência catalã. É justamente por toda a importância política do clube que seu lema é “mes que un club” (mais que um clube).

Relatório da ONU aponta aumento do abuso de medicamentos sob

prescrição no mundo.

O uso não medicinal de medicamentos sob prescrição está se tornando uma enorme amea-ça para a saúde pública e o cumprimento da lei no mundo, com opioides sendo responsáveis pelos maiores danos, contabilizando 76% de mortes envolvendo distúrbios relacionados ao uso de drogas. A conclusão é do Relatório Mun-dial sobre Drogas, lançado nesta terça-feira (26) pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).

O fentanil e seus análogos ainda constituem um problema na América do Norte, enquanto o tra-madol – um opioide utilizado para tratar dores moderadas e graves – tem se tornado uma pre-ocupação crescente em partes da África e da Ásia. O acesso ao fentanil e ao tramadol para usos medicinais é vital para o tratamento da dor crônica, mas traficantes os produzem ilicitamen-te, promovendo-os em mercados ilegais e cau-sando danos consideráveis à saúde.

A apreensão global de opioides farmacêuticos em 2016 foi de 87 toneladas, aproximadamente a mesma quantidade de heroína apreendida na-quele ano. Foto: IRIN/Sean Kimmons

A apreensão global de opioides farmacêuticos em 2016 foi de 87 toneladas, aproximadamente a mesma quantidade de heroína apreendida na-quele ano. Foto: IRIN/Sean Kimmons

O uso não medicinal de medicamentos sob prescrição está se tornando uma enorme amea-ça para a saúde pública e o cumprimento da lei no mundo, com opioides sendo responsáveis pelos maiores danos, contabilizando 76% de mortes envolvendo distúrbios relacionados ao uso de drogas. A conclusão é do Relatório Mun-dial sobre Drogas, lançado nesta terça-feira (26) pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).

O fentanil e seus análogos ainda constituem um problema na América do Norte, enquanto o tra-madol – um opioide utilizado para tratar dores moderadas e graves – tem se tornado uma pre-ocupação crescente em partes da África e da Ásia. O acesso ao fentanil e ao tramadol para usos medicinais é vital para o tratamento da dor crônica, mas traficantes os produzem ilicitamen-te, promovendo-os em mercados ilegais e cau-sando danos consideráveis à saúde.

A apreensão global de opioides farmacêuticos em 2016 foi de 87 toneladas, aproximadamente a mesma quantidade de heroína apreendida na-quele ano.

A apreensão de opioides farmacêuticos – princi-palmente do tramadol na África Central, Oriental e do Norte, contabilizou 87% do total global em 2016. Países da Ásia, que contabilizaram no passado mais da metade das apreensões glo-bais, representaram apenas 7% do total global em 2016.

A manufatura global de cocaína alcançou, em 2016, seu nível mais alto de toda a história, com uma estimativa de produção de 1.410 toneladas. A maior parte da cocaína mundial vem da Co-lômbia, mas o relatório também mostra que a África e a Ásia estão emergindo como centros de tráfico e consumo da droga.

De 2016 a 2017, a produção global de ópio au-mentou 65%, atingindo 10.500 toneladas, a mais alta estimativa já registrada pelo UNODC desde que começou a monitorar a produção de ópio global, no início do século 21. A expansão acen-tuada do cultivo de papoula de ópio e o aumento gradual de rendimentos no Afeganistão resulta-ram em uma produção de ópio nesse país que atingiu 9.000 toneladas.

“As descobertas do Relatório Mundial sobre Dro-gas deste ano mostram uma expansão dos mer-cados de drogas ilícitas, com a produção de co-caína e de ópio atingindo recordes altíssimos, o que apresenta vários desafios em diversas fren-tes”, afirmou o diretor-executivo do UNODC, Yury Fedotov. Ele destacou ainda que “o U-NODC está comprometido em trabalhar com os países-membros com vistas a buscar soluções equilibradas e balanceadas para os desafios a-tuais de drogas, para avançar no atingimento das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”.

“O Relatório Mundial sobre Drogas representa um pilar fundamental que, juntamente com a as-sistência para traduzir obrigações internacionais em ações e capacitações no país, permitirão respostas eficazes e a proteção da saúde e do bem-estar mundial”, disse Fedotov.

A cannabis foi a droga mais amplamente consu-mida em 2016, com 192 milhões de pessoas tendo-a utilizado ao menos uma vez ao longo do último ano. O número global de usuários de can-nabis continua a aumentar e aparenta ter expan-dido em aproximadamente 16% na ultima déca-da até 2016, refletindo assim um aumento simi-lar na população global.

Drogas como a heroína e a cocaína, que tem estado disponíveis por um período significativo, coexistem de modo crescente com novas subs-tancias psicoativas (NSP) e medicamentos sob prescrição. Houve aumento no fluxo de prepara-ções farmacêuticas de origens pouco claras destinadas ao uso não medicinal, juntamente com o poli uso de drogas e o poli tráfico de dro-gas “poly drugs”, adicionando níveis sem prece-dentes de complexidade no tema das drogas, disse o UNODC.

Vulnerabilidade de determinados grupos por ida-de e gênero

O número de pessoas em todo o mundo que usou drogas ao menos uma vez por ano perma-neceu estável em 2016, com cerca de 275 mi-lhões de pessoas, ou cerca de 5,6% da popula-ção global entre 15 e 64 anos.

Olhando para as vulnerabilidades de vários gru-pos etários, o relatório concluiu que o uso de drogas e os danos associados a ele são os mais elevados entre os jovens em comparação aos mais velhos. A maioria das pesquisas sugere que a adolescência precoce (12-14 anos) e a tardia (15-17 anos) é um período de risco crítico para o início do uso de substâncias e pode atin-gir o pico entre os jovens (com idade entre 18 e 25 anos).

A cannabis é uma droga de escolha comum pe-los jovens; no entanto, o uso de drogas entre os jovens difere de país para país e depende das circunstâncias sociais e econômicas dos envol-vidos. Há duas tipologias extremas de uso de drogas entre os jovens: drogas de casas notur-nas e drogas recreativas entre jovens afluentes; e o uso de inalantes entre crianças de rua para lidar com suas circunstâncias adversas.

O uso de drogas entre a geração mais velha (com 40 anos ou mais) tem aumentado a um ritmo mais rápido do que entre os mais jovens. Embora haja apenas dados limitados disponí-veis, o relatório afirmou que isso requer atenção. As pessoas que passaram pela adolescência em um momento em que as drogas eram popu-lares e amplamente disponíveis têm mais proba-bilidade de usar drogas e, possivelmente, de continuar usando.

Os usuários mais velhos de drogas podem fre-quentemente ter múltiplos problemas de saúde física e mental, tornando o tratamento medica-mentoso eficaz mais desafiador, mas pouca a-tenção tem sido dada aos transtornos por uso de drogas entre os idosos.

Em todo o mundo, as mortes causadas direta-mente pelo uso de drogas aumentaram em 60%, entre 2000 e 2015. Pessoas com mais de 50 anos representaram 27% dessas mortes em 2000, mas esse percentual aumentou para 39% em 2015. Cerca de três quartos de óbitos por transtornos relacionados ao uso de drogas entre aqueles com 50 anos ou mais estão entre as pessoas que usam opioides.

A maioria das pessoas que usam drogas são homens, mas as mulheres têm padrões específi-cos de uso, segundo o relatório. A prevalência do uso não médico de opioides e tranquilizantes pelas mulheres permanece em um nível compa-rável, se não superior, ao dos homens. Embora as mulheres possam tipicamente começar a u-sar substâncias mais tarde que os homens, uma vez que iniciam o uso, tendem a aumentar a ta-xa de consumo de álcool, cannabis, cocaína e opioides mais rapidamente que os homens, bem como desenvolver rapidamente desordens de-correntes do uso de drogas.

Mulheres com transtornos por uso de substân-cias são relatadas como tendo altas taxas de transtorno de estresse pós-traumático e também podem ter experimentado adversidades na in-fância, tais como negligência física, abuso ou abuso sexual. As mulheres continuam a repre-sentar apenas uma em cada cinco pessoas em tratamento. A proporção de mulheres em trata-mento tende a ser maior para tranquilizantes e sedativos do que para outras substâncias. O tra-tamento do uso de drogas e a prevenção, trata-mento e atenção ao HIV devem ser adaptados às necessidades específicas das mulheres.

O Relatório Mundial sobre Drogas de 2018 ofe-rece uma visão global sobre a oferta e a deman-da de opiáceos, cocaína, cannabis, estimulantes do tipo anfetamina e novas substâncias psicoati-vas (NSP), bem como sobre seu impacto na sa-úde. Ele destaca os diferentes padrões de uso das drogas e vulnerabilidades de determinados grupos por idade e gênero, bem como a mudan-ça ocorrida no mercado mundial de drogas.

nacoesunidas.org

Julho de 2018 Gazeta Valeparaibana Página 13

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DROGA É UMA DROGA

Vítimas dos agrotóxicos são 25% de crianças e adolescentes

“Produzimos algo que deixou de ser alimento, virou commodity, agroenergia”

Em Minas e Mato Grosso, 30% dos intoxicados têm de 0 a 4 anos. Na faixa etária dos 10 aos 14 anos, o segundo maior motivo de intoxicação é o uso de veneno agrícola em tentativa de suicídio.

Pulverização aérea está entre as principais cau-sas de intoxicação de crianças e adolescentes

São Paulo – As crianças e os adolescentes bra-sileiros estão entre as principais vítimas dos a-grotóxicos no Brasil. Segundo dados oficiais, entre 2007 e 2014 foram registradas 25 mil into-xicações relacionadas a esses produtos, um da-do que pode ser dezenas de vezes maior, dada à subnotificação das ocorrências. Desse total, 20% – 2.181 casos – têm idades entre 0 e 14 anos. Em estados como Minas Gerais e Mato Grosso, 30% das vítimas têm entre 0 e 4 anos.

"Os dados são chocantes quando a gente olha para o conjunto das intoxicações no Brasil e vê os dados por faixa etária. A gente tem no Brasil uma lei muito importante, que é o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). E quando vê dados de agrotóxicos fica pasmo porque, em alguns estados, até 25% da população intoxica-da é de crianças e adolescentes", afirma a pro-fessora e pesquisadora do Departamento de Ge-ografia da Universidade de São Paulo (USP), Larissa Mies Bombardi, autora do Atlas Geogra-fia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia.

Em entrevista aos jornalistas Glauco Faria e Ma-rilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual, Larissa traz dados ainda mais estarrecedores. "Em estados como Minas Gerais e Mato Grosso, 30% do total de crianças e adolescentes intoxicados (343) tinha entre 0 e 4 anos, ou seja, ainda na primeira infância", afirma.

Outro dado alarmante é que na faixa dos 10 aos 14 anos, a segunda maior causa de intoxicação por agrotóxicos no período foi a tentativa de sui-cídio. "São mais de 300 crianças e adolescentes no Brasil que tentaram se matar com agrotóxi-cos".

Larissa também relata que pesquisas mostram que a exposição frequente a uma classe especí-fica desses produtos – os organofosforados, que são tóxicos ao sistema nervoso central – provo-ca depressão que se aprofunda a ponto de a pessoa doente tentar tirar a própria vida. "O sui-cídio é a ponta da cadeia de um quadro tóxico encadeado pela exposição frequente", diz.

De acordo com a professora, há 54 casos regis-trados de intoxicação por alimentos nesse perío-do e 343 de bebês intoxicados. Entre as hipóte-ses para explicar a contaminação dos bebês es-tão o contato com os pais trabalhadores na agri-cultura e diretamente expostos a esses produ-tos, além da ingestão de alimentos com resíduos e também a exposição aos agrotóxicos durante pulverizações, principalmente aéreas.

"Nunca é demais lembrar que permitimos no Brasil limites de glifosato na soja duzentas vezes maior que o limite aceito na União Europeia. O glifosato é cancerígeno e a soja é usada em qualquer alimento industrializado. E no feijão, clássico alimento de norte a sul do país, temos índices do inseticida malationa quatrocentas ve-zes maior que o permitido na União Europeia. Se uma criança pesando dez quilos consumir em um dia 125 gramas de feijão e 125 gramas de arroz, dentro dos limites máximos permitidos,

ela terá extrapolado em 12% o que o seu peso corpóreo poderia tolerar desse veneno, o malati-ona. Essa permissividade explica porque essas crianças teriam se contaminado", diz.

Crianças estão entre as principais vítimas dos efeitos nocivos dos agrotóxicos no Brasil

Dados inéditos da USP indicam que entre 2007 e 2014 foram notificadas 2.150 intoxicações so-mente na faixa etária de 0 a 14 anos de idade; número pode ser 50 vezes maior

Adoecimento: é comum a pulverização de vene-no sem equipamento de proteção

São Paulo – Crianças e adolescentes estão en-tre as principais vítimas dos efeitos nocivos dos agrotóxicos. Um estudo do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), com base em dados do Ministério da Saúde e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostra que entre 2007 e 2014 foram notificadas em todo o país 2.150 intoxicações somente na faixa etária entre 0 e 14 anos de idade. O dado, alarmante, não reflete o real, que pode ser 50 vezes maior. Isso porque de cada 50 casos de intoxicação por esses venenos, apenas um é notificado no servi-ço de saúde.

Os dados, inéditos, foram apresentados pela professora Larissa Mies Bombardi, do Departa-mento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP) durante o seminário Impacto dos Agrotóxicos na Vida e no Trabalho, realizado na Câmara dos Vereadores de São Paulo.

Promovido pela Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida e pelo Instituto Brasi-leiro de Defesa do Consumidor, entre outros par-ceiros que lutam pelo banimento agrotóxicos e das sementes transgênicas no Brasil, o evento integra a programação da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), que está divulgan-do a atualização de seu Dossiê Impactos dos Agrotóxicos na Saúde.

Estudiosa do tema, a professora conta que só entre 1999 e 2009, o Sistema Nacional de Infor-mações Toxicológicas (Sinitox), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostra que foram regis-tradas 62 mil intoxicações por agrotóxicos no país.

"São 5.600 intoxicações por ano, 15,5 por dia, uma a cada 90 minutos. Nesse período houve 25 mil tentativas de suicídio com uso de agrotó-xico. O dado é alarmante, representando 2.300 casos por ano. São seis por dia”, afirma Larissa, reforçando para o fato que o dado pode ser 50 vezes maior.

Para o presidente do Consórcio de Segurança Alimentar do Sudoeste Paulista e dirigente da Federação da Agricultura Familiar de São Paulo, José Vicente Felizardo, as crianças sempre esti-veram expostas a esses venenos no campo, principalmente na plantação de tomates, que predomina em sua região. Ele conta que até o ano 2000 a contaminação na faixa etária entre 5 e 14 anos ocorria durante o trabalho, quando essas crianças manuseavam agrotóxicos, "temperando a calda" – fazendo a diluição. "Eram comuns mortes de crianças", conta.

Conforme ele, as denúncias não surtiam efeito. Até que em 2000 uma criança de 5 anos morreu depois de beber agrotóxico. "Ela estava na roça com a mãe. Bebeu agrotóxico. Conseguimos mobilizar a imprensa, mostrando as embala-gens. Desde então, a coisa começou a cami-nhar."

No entanto, pouca coisa mudou. Segundo Feli-zardo, crianças pequenas ainda são levadas às roças de tomate pelas mães. "Elas ficam dormin-

do na sombra enquanto a mãe trabalha. E na hora de pulverizar, a criança é pulverizada junto. Por isso, os números não surpreendem.”

Os venenos afetam também a saúde dos mais velhos. Conforme Felizardo, nos acampamentos de tomate é comum os trabalhadores, ainda a-dolescentes, desenvolverem depressão e alcoo-lismo. "Não são raras as tentativas de suicídio, todas sem registro. Na região de Jaú, se a gente ver as pessoas que estão fazendo tratamento de câncer, a maioria está exposta aos agrotóxicos", conta Felizardo.

O dirigente chama ainda a atenção para o assé-dio, desleal, da indústria do veneno. Em sua re-gião há poucos técnicos. "Se reunir todos os a-grônomos do poder público, temos em torno de 40 técnicos para assistência técnica. Uma em-presa na cidade vizinha tem, sozinha, 36 agrô-nomos, cada um com um carro, que sai a cada propriedade vendendo os agrotóxicos. E a cada 15 dias fazem palestra, faz churrasco e bebida e chama os agricultores para fazer propaganda. É muito diferente a atenção. É desleal."

Desde 2009, o Brasil lidera o consumo mundial desses venenos, utilizando sobre suas lavouras um quinto de todo o agrotóxico produzido no mundo. Tamanho consumo está provocando u-ma verdadeira epidemia, silenciosa e violenta, colocando em risco a vida e saúde dos campo-neses, trabalhadores rurais e seus familiares, em contato direto com o produto, e a população da cidade, que consume alimentos cada vez mais encharcados.

Cancerígeno, glifosato não é detectado por testes da ANVISA em alimentos

Em março passado, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (Iarc), vinculada à Or-ganização Mundial da Saúde (OMS), classificou o glifosato, presente em herbicidas como o Roundup – um dos mais utilizados no mundo – como cancerígenos prováveis para o homem.

"Porém, a presença do veneno não é avaliada pela ANVISA em seu monitoramento de agrotó-xicos nos alimentos", alerta a professora da Uni-versidade Estadual do Rio do Janeiro (Uerj) e pesquisa da Fiocruz Karen Friedrich, que está entre os 44 autores do Dossiê da Abrasco.

De acordo com a ANVISA, as amostras dos ali-mentos são encaminhadas aos laboratórios, cuja análise é realizada pelo método analítico de “multirresíduos”. O método rápido, utilizado em outros países, analisa simultaneamente diferen-tes ingredientes ativos de agrotóxicos em uma mesma amostra.

Porém, esse método não se aplica à análise de alguns ingredientes ativos, como o glifosato, o 24D e o etefon, entre outros, que demandam metodologias específicas e onerosas. Conside-rando o cenário atual relativa à larga utilização do glifosato e de reavaliação deste ingrediente ativo, a Anvisa está trabalhando para pesquisar o glifosato em algumas culturas agrícolas a par-tir de 2016, principalmente nas transgênicas e nas culturas em que ocorre o uso como desse-cante antes da colheita.

Segundo Karen, isso é grave, já que os alimen-tos podem conter doses elevadas do veneno. "Se não há limite de segurança, ou seja, o agro-tóxico é nocivo à saúde em qualquer quantida-de, imagine em grandes doses." Segundo a pró-pria ANVISA, 70% dos alimentos têm agrotóxi-cos, alguns deles com quantidades bem acima do tolerado.

Cida de Oliveira

Julho de 2018 Gazeta Valeparaibana Página 14

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Como “comportamento de manada” permite manipulação da opinião pública por fakes.

Usuários reais estão sujeitos à manipulação de perfis falsos nas redes sociais.

A estratégia que vem sendo usada por perfis falsos no Brasil e no mundo para influenciar a opinião pública nas redes sociais se aproveita de uma característica psicológica conhecida co-mo “comportamento de manada”.

O conceito faz referência ao comportamento de animais que se juntam para se proteger ou fugir de um predador. Aplicado aos seres humanos refere-se à tendência das pessoas de seguirem um grande influenciador ou mesmo um determi-nado grupo, sem que a decisão passe, necessa-riamente, por uma reflexão individual.

“Se muitas pessoas compartilham uma ideia, outras tendem a segui-la. É semelhante à esco-lha de um restaurante quando você não tem in-formação. Você vê que um está vazio e que ou-tro tem três casais. Escolhe qual? O que tem gente. Você escolhe porque acredita que, se ou-tros já escolheram, deve ter algum fundamento nisso”, diz Fabrício Benevenuto, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sobre a atuação de usuários nas redes sociais.

Ele estuda desinformação nas redes e testou sua teoria com um experimento: controlou quais comentários apareciam em um vídeo do YouTu-be e monitorou a reação de diferentes pessoas.

Quanto mais elas eram expostas só a comentá-rios negativos, mais tendiam a ter uma reação negativa em relação àquele vídeo, e vice-versa.

“Um vai com a opinião do outro”, conclui Bene-venuto. Em seu experimento, os pesquisadores chegaram à conclusão de que a influência esta-va também ligada a níveis de escolaridade: quanto menor o nível, mais fácil era ser influen-ciado.

Exército de fakes

Evidências reunidas por uma investigação da BBC Brasil ao longo de três meses, que deram origem à série Democracia Ciborgue, da qual esta reportagem faz parte, sugerem que uma espécie de exército virtual de fakes foi usado por uma empresa com base no Rio de Janeiro para manipular a opinião pública, principalmente, no pleito de 2014. E há indícios de que os mais de 100 perfis detectados no Twitter e no Facebook sejam apenas a ponta do iceberg de um proble-ma muito mais amplo no Brasil.

A estratégia de influenciar usuários nas redes incluía ação conjunta para tentar “bombar” uma hashtag (símbolo que agrupa um assunto que está sendo falado nas redes sociais), retuítes de políticos, curtidas em suas postagens, comentá-rios elogiosos, ataques coordenados a adversá-rios e até mesmo falsos “debates” entre os fa-kes.

Alguns dos usuários identificados como fakes tinham mais de 2 mil amigos no Facebook. Os perfis publicavam constantemente mensagens a favor de políticos como Aécio Neves (PSDB) e o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB), além de outros 11 políticos brasileiros.

Eles negam ter contratado qualquer serviço de divulgação nas redes sociais por meio de perfis falsos. A investigação da BBC Brasil não desco-briu evidências de que os políticos soubessem do expediente supostamente usado.

Eduardo Trevisan, dono da Facemedia, empresa que seria especializada em criar e gerir perfis falsos, nega ter produzido fakes. “A gente nunca criou perfil falso. Não é esse nosso trabalho. Nós fazemos monitoramento e rastreamento de redes sociais”, disse à BBC Brasil.

Personas

As pessoas que afirmam ser ex-funcionárias da Facemedia entrevistadas pela BBC Brasil disse-ram que, ao começar na empresa, recebiam u-ma espécie de “pacote” com diferentes perfis falsos, que chamavam de “personas”. Esses perfis simulavam pessoas comuns em detalhes: profissão, história familiar, hobbies. As mensa-gens que elas publicavam refletiam as caracte-rísticas criadas.

“As pessoas estão mais abertas a confiar numa opinião de um igual do que na opinião de uma marca, de um político”, disse um dos entrevista-dos.

“Ou vencíamos pelo volume, já que a nossa quantidade de posts era muito maior do que o público em geral conseguia contra-argumentar, ou conseguíamos estimular pessoas reais, mili-tâncias, a comprarem nossa briga. Criávamos uma noção de maioria”, diz um ex-funcionário.

Para Yasodara Córdova, pesquisadora da Digital Kennedy School, da Universidade Harvard, nos EUA, e mentora do projeto Serenata de Amor, que busca identificar indícios de práticas de ges-tão fraudulentas envolvendo recursos públicos no Brasil, “a internet só replica a importância que se dá à opinião das pessoas ao redor na vida real”.

“Se três amigos seus falam que um carro de u-ma determinada marca não é bom, aquilo entra na sua cabeça como um conhecimento”, diz ela.

Confiança abalada

Para Lee Foster, da FireEye, empresa america-na de segurança cibernética que identificou al-guns perfis fakes criados por russos nas elei-ções americanas, essa tentativa de manipulação pode não fazer as pessoas mudarem seus vo-tos. “Mas podem passar a ver o processo eleito-ral todo como mais corrupto, diminuindo sua confiança na democracia”, afirma.

“As redes sociais estão permitindo cada vez mais coisas avançadas em termos de manipula-ção nas eleições”, diz Benevenuto, citando as propagandas direcionadas do Facebook. “Estamos entrando em um caminho capaz de aniquilar democracias.”

A solução proposta por pesquisadores para o problema dos perfis falsos e robôs em redes so-ciais vai da transparência das plataformas ao esforço político de “despolarizar” a sociedade.

Córdova diz que não se deve pensar em “derrubar todos os robôs” – que não são neces-

sariamente maliciosos, são mecanismos que automatizam determinadas tarefas e podem ser usadas para o bem e para o mal nas redes soci-ais.

“É impossível proibi-los. A saída democrática é ter transparência para outros eleitores”, afirma. Se “robôs políticos” existem e estão voluntaria-mente cedendo seus perfis para reproduzir con-teúdo de um político, eles devem estar marca-dos como tal, como, por exemplo, “pertencente ao ‘exército’ do candidato X”.

Transparência

Defensora do direito à privacidade e da liberda-de de expressão, a pesquisadora Joana Varon, fundadora do projeto Coding Rights (“direitos de programação”), também defende a transparên-cia como melhor via. “Anonimato e privacidade existem para proteger humanos. Bots (robôs de internet) feitos para campanha eleitoral precisam ser identificáveis e registrados, para não enga-nar o eleitor”, afirma.

Mas como aplicar essa lógica para os perfis fal-sos controlados por pessoas que prestariam ser-viço secretamente para políticos, como os identi-ficados pela BBC Brasil?

Para Pablo Ortellado, professor do curso de Gestão de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo (USP), deve haver maior transparên-cia e regulação em plataformas como o Facebo-ok, que deve começar a agir “como se fosse um Estado, já que virou a nova esfera pública”, onde acontecem discussões e interações. Ou seja, a plataforma deve começar a se autorregular, se não quiser ser regulada pelos Estados.

Uma de suas tarefas, diz ele, deve ser excluir esses perfis falsos da rede – algo que a própria empresa diz, sem dar detalhes, que pretende fazer no Brasil antes das eleições de 2018.

“Mas o grande desafio mesmo é desarmar a so-ciedade, que está muito polarizada e sendo esti-mulada nos dois campos. Sem essa polarização, cai a efetividade dos perfis falsos”, diz Ortellado.

Córdova defende que os usuários sejam educa-dos sobre o que são robôs e que mais pessoas os estudem. “O remédio contra esses exércitos de robôs é um exército de pessoas que enten-dam a natureza dessas entidades na internet.”

Além disso, diz, a tendência é que as platafor-mas deixem as pessoas controlarem seus pró-prios feeds e que existam cada vez mais empre-sas de checagem de notícias, já que outra preo-cupação em 2018 são as fake news (notícias falsas). “Não tem solução mágica. É um ecossis-tema que está sendo criado.”

À BBC Brasil, o Twitter informou que “a falsa i-dentidade é uma violação” de suas regras e que contas que representem “outra pessoa de ma-neira confusa ou enganosa poderão ser perma-nentemente suspensas”.

O Facebook diz que suas políticas não permitem perfis falsos e que está aperfeiçoando seus sis-temas para “detectar e remover essas contas e todo o conteúdo relacionado a elas”. “Estamos eliminando contas falsas em todo o mundo e co-operando com autoridades eleitorais sobre te-mas relacionados à segurança online, e espera-mos tomar medidas também no Brasil antes das eleições de 2018”.

Juliana Gragnani

Julho de 2018 Gazeta Valeparaibana Página 15

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Educar para o desenvolvimento e para o Bem Estar Social

Gazeta Valeparaibana - JULHO 2018

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EFEITOS DIRETOS DA IMPLEMENTAÇÃO DA FALSA TESE DO BRASIL COLÓNIA DE

PORTUGAL DE JOSÉ BONIFÁCIO

Dou continuidade ao assunto do artigo de Junho. Tito Lívio Ferreira e Manuel Rodrigues Ferreira, os historiadores que trabalharam em cima da falsa tese proposta por José Bonifácio e acatada por D. Pedro I, nas suas diferentes obras já apontaram vários problemas gravíssimos que decorreram da proposta. Concerne lembrar que em cima desta tese assenta-se grande parte do discurso do que hoje chamamos esquerda. Os autores para descobrir o embuste pesquisaram mais de 150 mil DOCUMENTOS. É muito prudente ter em vista este número, feito único na historiografia brasileira. Por-tanto, recomenda toda pesquisa séria que:

a) para "debater" com os autores é preciso conhecer as fontes que eles citam;

b) para "rebater" os autores é preciso apresentar outras fontes ou descredenciar os argumentos das fontes que eles apresentam;

c) apresentar uma nova teoria com base documental.

Vamos lá.

1) CRIAÇÃO DE UM IMPÉRIO FAKE: o Brasil será o primeiro pro-jeto de monarquia sem as instituições da Coroa e das Côrtes;

2) Criação do ESTADO TOTALITÁRIO;

3) Destruição do FEDERALISMO PLENO;

4) A CULTURA passa a ser um projeto de Estado. Criação artificial da idéia de "cultura e identidade nacional", sob o patrocínio e fo-mento do Estado;

5) Criação de uma linha de pesquisa sob controle do Estado de co-mo se deve pensar, pesquisar e escrever a história do Brasil;

6) Reescritura da história nacional (diplomática inclusive) forjando documentos históricos da Coroa Portuguesa;

7) Criação da verdadeira cultura do PATRIMONIALISMO;

8) Abandono das populações indígenas;

9) Desmonte da Indústria nacional, naval inclusa;

10) Criação da DÍVIDA EXTERNA BRASILEIRA;

11) Fomento e prática da EUGENIA, através dos projetos de "branqueamento da raça" proposta inglesa e francesa baseado no argumento que os portugueses criaram uma "raça burra de mesti-ços"

12) Base dos argumentos de reivindicação dos afrodescendentes;

13) Descolamento da cultura brasileira das suas raízes e matrizes portuguesa, indígenas e africanas;

14) Assujeitamento cultural do Brasil às influências francesa, ingle-sa e alemã;

15) Criação da Semana de Arte Moderna sob a premissa de que a cultura brasileira "existe" por si mesma;

16) Criação do poder da magistratura e da força abusiva do império da lei;

17) ESTATIZAÇÃO contínua dos meios de produção;

18) PERSEGUIÇÃO à Igreja, cultura e valores cristãos;

19) Inserção do pensamento e cultura liberal-maçônico;

20) APARELHAMENTO das academias, grêmios literários, univer-sidades, composta de quadros oriundos de "entidades de classe" tais como sociedades secretas ou discretas ou iniciáticas;

21) DESTRUIÇÃO dos Mestres de Ofício e inicio do SINDICALIS-MO, feito da maçonaria;

22) APROPRIAÇÃO das origens das festas populares brasileiras dizendo-as exclusivamente brasileira, negando-lhes suas origens portuguesas;

23) Destruição da DOCUMENTAÇÃO dos escravos por Rui Barbo-sa (que botou fogo nos arquivos) impedindo que fossem indeniza-dos depois da abolição da escravatura;

24)Início dos LATIFÚNDIOS;

25) Início da política de hostilidade aos portugueses e à cultura por-tuguesa;

26) CALOTE e CONFISCO do patrimônio dos portugueses;

27) Início do APARELHAMENTO DO ESTADO pelos grupos dos oligarcas, populistas e militares que desde então alternam-se no poder promovendo guerras intestinas entre facções cujos governos sucessivos foram construindo gradativamente o ESTADO SOCIA-LISTA;

28) Criação de um modo de fazer política marcadamente MESSIÂ-NICO e ESCATOLÓGICO, mas, escamoteado do público.

Poderia continuar, mas, creio que esses poucos exemplos bastam para ilustrar a GRAVIDADE do que foi feito. E mais do que isso, hoje sofremos as consequências diretas dessa "política" que, com o tempo, foi sendo agravada pela e com a penetração dos discur-sos socialistas-positivistas-comunistas-gramscistas até o Brasil ser mergulhado neste mar de lama fétida que é hoje. Ninguém há de pensar que a lista acima é coisa de pouca monta, ou há?

Assim, é curioso constatar que existe uma falação generalizada PERIFÉRICA sobre os males do Brasil, seguidos sempre de uma RECUSA peremptória de descobrir a ORIGEM deles. A tese o Bra-sil colónia de Portugal não é, evidentemente, responsável por todas as desgraças brasileiras, é responsável somente por aquilo que ela criou. E o que ela criou é deveras grave, ou não?

O comunismo e o gramscismo tem sido a Geni da "direita" atual. Antes dele, existe o liberalismo maçônico onde já se divisa quase todos os males do socialismo futuro. Não sem razão, a Igreja tem muito mais Bulas Papais condenando a maçonaria que o comunis-mo. Ela deve ter alguma razão nisso, ou não?

Enquanto a tese falsa do Brasil colónia não for ENTENDIDA e estu-dada à sério, o Brasil continuará sendo destruído sem capacidade de reação por ausência do ponto fixo da origem do problema.

É emblemático que ao longo de quase 200 anos a historiografia e os intelectuais nacionais RECUSEM-SE a falar das ações do libera-lismo maçônico ou minimizando ou ridicularizando ou negando su-as nefastas e fatais influências.

E "joga bosta na Geni, ela é feita pra apanhar, ela é boa de cus-pir"....

Loryel Rocha