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Universidade Estadual de Campinas Instituto de Economia Ncleo de Economia Industrial e da Tecnologia (UNICAMP -IE-NEIT) Ministrio do Desenvolvimento, da Indstria e do Comrcio Exterior (MDIC) Ministrio da Cincia e Tecnologia (MCT) Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP)

ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DE CADEIAS INTEGRADAS NO BRASIL: impactos das zonas de livre comrcio Cadeia: Papel e Celulose* Nota Tcnica Final

Campinas, Fevereiro de 2003

Documento elaborado pela consultora Maria da Graa Derengowski Fonseca (IE-UFRJ), com apoio de Rodrigo Zeidan. Coordenao Geral do Projeto: Luciano G. Coutinho (NEIT-IE-UNICAMP), Mariano F. Laplane (NEIT -IE-UNICAMP), Nelson Tavares Filho (MDIC), David Kupfer (IE-UFRJ), Elizabeth Farina (FEA-USP) e Rodrigo Sabbatini (NEIT -IEUNICAMP).

ndice I. Introduo.......................................................................................................................... 1 I.1 Caractersticas gerais da cadeia de P&C ..................................................................... 1 1.2 Identificao das Vantagens Comparativas na produo de celulose no Brasil............ 3 I.3 Outros Determinantes da Competitividade ................................................................. 6 II. Papel & Celulose no Mundo ............................................................................................10 II.1 Caractersticas Internacionais da Indstria de Celulose o Brasil ...............................10 II.2 Caractersticas Internacionais da Indstria de Papel e o Brasil ...................................14 II.3 Conjuntura Internacional Recente e Preos .................................................................17 III. Papel e Celulose no Brasil : desempenho recente ..........................................................23 III.1 Produo e Consumo de Celulose no Brasil ..............................................................23 III.2 Produo e Consumo de Papel no Brasil. Desempenho Recente .............................26 III.3 Situao Patrimonial, Fuses e Aquisies ..............................................................33 IV. Exportaes e Importaes de Papel e Celulose ............................................................41 IV.1 Exportao de Celulose Desempenho Geral..........................................................42 IV.2 Exportao de Papis- Desempenho Geral...........................................................45 V. Novas oportunidades abertas exportao de papel e celulose.......................................50 V.1 Demanda mundial e exportaes brasileiras...............................................................53 V.2 ALCA a partir de seus sub-blocos: NAFTA, ALADI e MERCOSUL ...............................53 V.2.1 Nafta....................................................................................................................53 V.2.2 Aladi....................................................................................................................57 V.2.3 Mercos ul .............................................................................................................58 V.2.4 UNIO EUROPIA...........................................................................................61 VI. Preferncia Tarifrias .....................................................................................................63 VII. Abertura e Barreiras Tarifrias.....................................................................................65 Celulose ............................................................................................................................65 Papel .................................................................................................................................65 VII.1 Tarifas Mdias Importao....................................................................................67 Importaes do Nafta....................................................................................................70 Importaes da Unio Europia ....................................................................................72 Importaes da ALADI ................................................................................................73 Importaes do Mercosul .............................................................................................73 VIII. Mercados dinmicos & competitividade das exportaes brasileiras .........................74 IX. Recomendaes de poltica para a negociao comercial e para o desenvolvimento da cadeia ....................................................................................................................................82 Desgravao Tarifria na ALCA e na EU ....................................................................84 Desgravao Tarifria pelo Brasil/Mercosul ................................................................84 Concluso .....................................................................................................................84 IX.1 Linhas gerais de uma poltica de desenvolvimento competitivo...............................84 X. Referncias bibliogrficas ................................................................................................86

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I. IntroduoI.1 Caractersticas gerais da cadeia de P&CA cadeia produtiva de papel e celulose compe-se do setor florestal, da produo de celulose e de papis e embalagem. Alguns autores tambm incluem nesta indstria a recuperao e reciclagem de papis e de papelo. Pela metodologia deste trabalho consideraremos apenas as atividades includas dentro da cadeia acima mencionada, fazendo meno breve indstria de reciclagem. No processo de fabricao de celulose as empresas usam diversos tipos de matrias-primas fibrosas entre as quais a madeira a mais comum1. A indstria de celulose caracterizada pelo alto grau de investimento e pela longa maturao. A escala de produo das fbricas de pastas celulsicas , em mdia, muito elevada e as empresas costumam integrar todas as etapas do processo produtivo, atuando desde a etapa florestal at a comercializao de papel. Tomando-se o ano de 2000 como referncia, apenas cerca de um quarto dos 189 milhes de toneladas de celulose fabricadas em todo o mundo chegam ao mercado a chamada celulose de mercado - sendo o restante utilizado pelas prprias empresas integradas. Das pastas de celulose que chegam a ser comercializadas, 90% so produzidas por processos qumicos (sulfato ou sulfito) e o restante, por processos semi-qumicos ou mecnicos. Aproximadamente 80% do total da celulose de mercado produzida por mtodos qumicos so, ento, comercializados como celulose de mercado branqueada. As caractersticas bsicas das fibras da celulose vo conferir a especificidade desejada aos diversos tipos de papis. A fibra longa acrescenta caractersticas de resistncia, opacidade e absoro, indispensveis para certos tipos de papis como os de embalagem, caixas de papelo ou papis absorventes. J a fibra curta usada para produzir papis de boa qualidade ou que necessitam apresentar boa capacidade de impresso, boa formao, maciez e, tambm, alta absoro. Estes so os papis de imprimir e escrever, especiais e sanitrios. Dentro de certos

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A China, por exemplo, no produz celulose de madeira. No Brasil produz-se celulose bsicamente de eucalipto e de pinheiros de origem norte-americana, adaptados ao Brasil. Na Amaznia existem vastas plantaes de accia, que tambm bastante usada na sia.

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limites, os dois tipos de celuloses podem ser usados para a preparao de papis, atravs de combinaes diferentes. A atividade de reciclagem de papel , na realidade, complementar produo de matriasprimas fibrosas virgens, que constitui o principal insumo de todo processo de fabricao de papel. A reciclagem dos papis seria tecnicamente impossvel aps quatro a cinco ciclos sem a entrada constante de matrias-primas fibrosas virgens no processo.

Tabela 1 Recuperao de Papis (1.000 toneladas)Consumo Aparente Recuperao %

Alemanha Coria Japo Estados Unidos Espanha UK Mxico Argentina Brasil Itlia China Polnia Malsia Fonte: PPI (Reproduzido de

17642 12642 6639 4687 30303 16893 94648 42915 6922 3318 12884 5305 5309 2137 1844 717 6774 2612 10942 4096 36860 12240 2310 746 2251 625 BRACELPA-2001)

73,4 70,6 55,7 45,3 47,9 41,2 40,3 38,9 38,6 37,4 33,2 32,3 27,8

Em 2000, o consumo de papis reciclveis pela indstria papeleira brasileira totaliza 2,5 milhes de toneladas, dos quais 63% so de papelo ondulado. A indstria brasileira reciclou 2,4 milhes de toneladas de papeis, correspondendo a 33% do total da produo brasileira de papel do pas.

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1.2 Identificao das Vantagens Comparativas na produo de celulose no BrasilAs grandes empresas integradas produtores de celulose do Hemisfrio Norte mostram-se extremamente competitivas nas operaes industriais especializadas a partir da fbrica, da celulose em diante, at a produo e comercializao de papis. Possuem entretanto desvantagem nas etapas iniciais da cadeia produtiva, basicamente na fase de plantao de florestas homogneas e na logstica. O tempo de maturao de uma rvore, do seu plantio ao corte determina um claro diferencial de custos. O eucalipto, por exemplo, que compe a base florestal das empresas brasileiras, pode ser cortado em sete anos, enquanto no norte da Europa os pinheiros no levam menos de 30 a 40 anos para estarem prontos. Mesmo o eucalipto da Pennsula Ibrica e do Chile, com uma maturao de 11 a 12 anos, no se obtm as mesmas vantagens do Brasil. A indstria florestal no Brasil vem plantando uma mdia anual de 180 milhes de rvores ao ano e contribui direta e indiretamente para uma ampla cadeia de servios. Atualmente, a rea reflorestada no Brasil de cerca de 1,4 milho de hectares, com o eucalipto representando 69% do total, as variedades de pinus, outros 29% e as outras espcies, cerca de 1% do total. As vantagens obtidas pelo Brasil nas atividades florestais no dependem apenas de condi es naturais uma vez que, ao contrrio da Indonsia - um late comer na indstria, j que comeou a produzir na dcada de 90, a indstria brasileira no utiliza rvores nativas da floresta tropical. Alm disso, o manejo florestal e a logstica de transporte da matria prima at a fbrica so extremamente eficientes e ajudam a consolidam as vantagens comparativas brasileiras.

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Quadro 1 - rea Total Reflorestada por Ano em HectaresAno de Plantio Eucalipto 1990 42.689 1991 36.095 1992 36.698 1993 40.841 1994 46.439 1995 77.598 1996 90.396 1997 85.860 1998 92.743 1999 85.876 2000 100.952 Fonte: Bracelpa Florestal,2001 Pinus 19.803 12.739 10.925 15462 19.844 21194 18.765 15.086 18.880 17.822 18.099 Accia 2.391 0 0.1 0 0 239 0 1.2 0 0 0 Araucria 0.5 14 86 90 149 103 126 104 154 24 Outros 55 48 243 193 43 43 43 137 68 103 28 Total 64.940 48.882 47.881 56.283 66.416 99.224 109.401 101.143 111.830 103.881 119.404

Em termos da distribuio geogrfica das florestas plantadas os trs estados com a maior rea plantada So Paulo, Paran e Bahia- representam sozinhos 56% de toda a rea plantada.. A rea imobiliria total possuda pelas empresas , em 2000, totalizava 4.468.mil hectares. Os estado com maior proporo de rea reflorestada em relao ao seu territrio era o do Esprito Santo, com 2,1 % do total de seu territrio, em 2000, Santa Catarina, No Brasil,

com 1,31 % do territrio e o estado do Paran, com 1,21% do seu territrio.

como um todo, a rea reflorestada pelo setor de P&C representa, em mdia, 0,34% do seu territrio. No que se refere ao eucalipto, as principais reas, em 2000, estavam localizadas no

interior de So Paulo (24%), no extremo sul da Bahia (22%), Sudeste de Minas Gerais (13%) e no Norte do Esprito Santo (11%). As maiores plantaes de pinheiros esto localizadas no Paran (42%) e Santa Catarina (22%). Alm disso, a cada ano expandem-se as plantaes ligadas a grandes projetos ainda em instalao. A necessidade de plantio das empresas, de forma a atender ao crescimento da demanda, seria em mdia de 120 mil hectares ao ano,o que representa uma incorporao de anos de 2009. A localizao da produo industrial est condicionada concentrao dos ativos florestais das empresas. Isto ocorre pois a localizao da planta da indstria depende da disponibilidade de ativos florestais a uma distncia razovel. Segundo dados da FUNCEX, em 1,3 milho de hectares at o

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os cinco maiores produtores so responsveis por 72% da rea de florestas industriais. Ao contrrio do que acontece no Norte da Europa e na Amrica do Norte, a figura do forest farmer ainda insipiente no Brasil - as florestas industrias so basicamente ativos das empresas do setor. Em geral, as corporaes mundiais que atuam na produo de papel e celulose so altamente verticalizadas. No Brasil, no ocorre de forma diferente. As empresas organizam-se ao longo da cadeia produtiva - desde a rvore at a fabricao de papel. Logo, so proprietrias de grandes ativos imobilizados, em terras e florestas plantadas. Estes ativos, por sua vez asseguram o acesso privilegiado matria-prima. As empresas brasileiras tm realizado investimentos necessrios para intensificar as vantagens naturais associadas matria-prima. Esto procurando ampliar estas vantagens atravs do investimento em tecnologias de preparo de mudas com auxlio de biotecnologia. Empresas como a Aracruz e Suzano chegaram a investir em pesquisa caseira em biotecnologia, com objetivo de melhorar a qualidade da madeira, tornar as rvores mais resistentes a fungos, pragas e bactrias e aumentar o teor de lignina (Ver Fonseca, Salles, Silveira & Bonacelli,1999). Este esforo foi, depois, transferido para parcerias e acordo joint-ventures entre a Embrapa e as companhias privadas. Atualmente o pas possui dois grandes projetos associando a iniciativa privada e as Universidades. Dois exemplos so o projeto Forest,

em So Paulo, de pesquisa bsica de sequenciamento do genoma do eucalipto e o projeto Genolyptus, em Braslia. Este ltimo tem como objetivo diminuir a poluio das indstrias e criar eucaliptos mais resistentes e adequados aos diferentes usos das plantaes. Cerca de 30% do oramento sero financiado pelas empresas Aracruz Celulose, Bahia Sul Celulose, Celmar Indstrias de Celulose e Papel, Celulose Nipo-Brasileira, International Papel do Brasil, Jari Celulose, Klabin/Riocell, Lwarcel Celulose e Papel, Rigesa Celulose, Papel e Embalagens; Veracel Celulose, Votorantim Celulose e Papel e Zanini Florestal. Acreditase que a rea florestal vai mobilizar cada vez mais recursos de pesquisa uma vez que as

atuais vantagens comparativas da indstria dependem dramaticamente da liderana de custos dos produtores brasileiros de celulose fibra curta branqueada.

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I.3 Outros Determinantes da Competitividade A indstria de papel e celulose brasileira, alm de intensiva em capital, apresenta projetos de longo prazo de maturao que se materializam em ciclos de inverses em expanso de capacidade a cada cinco ou sete anos aproximadamente. Assim como ocorre em outros pases, os fabricantes de celulose operam com custos fixos altos e economias de escala. O processo produtivo de celulose contnuo, o que lhe confere pouca flexibilidade para se ajustar s variaes da demanda. Desta forma, podem ser gerados excedentes que, por sua vez, agravam o padro cclico, com fortes altas e baixas, dos preos. Em conseqncia, as alteraes de preo, quando ocorrem, so grandes e bruscas, como a que ocorreu em 1995, aps um ciclo de alta. Observe-se que a capacidade de produo dos maiores fabricantes internacionais vrias vezes maior do que a dos fabricantes de celulose de mercado no Brasil.Uma das conseqncias deste processo o aumento do grau de concentrao tcnica da produo. O custo de financiamento dos projetos muito alto e os recursos para financiamento das empresas esto restritos a um nico banco de investimentos ou a fontes externas. Como no caso de outras commodities, a formao de preos da celulose cclica e a rentabilidade mdia baixa. As empresas aproveitam, ento, o ciclo de alta para se capitalizar e reinvestir na produo, com plantas maiores e mais competitivas. Este aumento descontnuo da oferta pode contribuir para a novo ciclo de preos baixos no futuro. Nos ltimos anos, o acirramento da competio levou um nmero crescente de pases a instituir mecanismos de estmulo artificial atividade industrial e florestal. Os estmulos atividade florestal, em especial tem sido muito elevados incluindo: renncia fiscal, garantias de crdito, subsdios para as plantations, participao societria em projetos privados, concesso de terras pblicas longo prazo, criao de seguros florestais. Os pases que mais se beneficiam com este tipo de promoo so a Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile. Na Amrica do Norte o Mxico concede isenes tributrias, os Estados Unidos tm um programa de favorecimento de novos plantios (como forma de compensao emisso de dixido de carbono) e um sistema de concesses florestais baseado no Multiple Use Act (FUNCEX, 2001). O Canad tem um sistema de

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licenciamento em que os detentores das licenas so responsveis pela regenerao das florestas e ao cumprimento de normas relativas proteo florestal e emisso de resduos. O Mxico tambm fornece isenes tributrias. Na Europa, Frana, Gr Bretanha, Sucia e Espanha mantm subsdios ou do isenes fiscais importantes. No Brasil, com exceo dos financiamentos do BNDES a taxas de juros compatveis, os demais benefcios no existem. Por outro lado, desde meados da dcada de oitenta, a indstria de P&C vem sofrendo presses ambientalistas no sentido de definir especificaes tcnicas mais rigorosas para os processos industriais e para controle da explorao comercial das florestas. Os investimentos associados s mudanas ambientais no so pequenos. Estima-se que a instalao de um sistema de Elemental Chlorine Free custe cerca 70 milhes de dlares. Apesar disso, os fabricantes de celulose no Brasil conseguiram adequar-se de forma razovel nos ltimos anos. Processos parcialmente livres de cloro elementar e processos ECF (Elemental Chlorine Free), j vinham sendo usados por muitas empresas inovadoras, que procuravam substituir o mtodo em que os organoclorados so lanados no ambiente.

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Quadro 2 - Distribuio da produo mundial de Celulose Qumica Branqueada, por processo, 1990-2001Ano ECF TCF STD 1990 3.5 0.1 62.7 1991 8.2 0.4 58.2 1992 14.9 1.2 51.8 1993 20.0 2.6 46.8 1994 25.7 4.1 40.8 1995 31.2 4.7 36.8 1996 34.0 4.5 35.0 1997 38.4 5.0 34.4 1998 43.1 5.1 31.4 1999 48.8 5.0 24.1 2000 54.4 5.2 20.8 2001 63.7 4.5 14.9 Fonte: Alliance for Environmental Technology- AET: 1990-2001: WORLD [Million Tonnes]

Quadro 3 - Distribuio da produo brasileira de Celulose de mercado, por processo de branqueamento, 2002-2003Tipo de Branqueamento TCF STD ECF Total Fonte: 2002 2003 (Atual) (Previso) 0% 0% 24% 16% 76% 84% 100% 100% Bracelpa

Os sistemas de branqueamento livres de cloro elementar (ECF) providos de pr-branqueamento reduzem as concentraes de compostos de alta toxicidade a nveis no detectveis no branqueamento polpa celulsica. Os sistemas totalmente isentos de cloro (TCF) representam uma adio de custo de at US$ 100 dlares/t a mais em virtude de necessitar mudanas de equipamentos e de projeto. Segundo levantamento feito junto s empresas brasileiras, observou-se que estas realizaram significativo esforo em investimentos ambientais entre 1989 a 1997. Foram realizados investimentos em atividades de processo (pr-branqueamento, seqncias ECF, reduo de energia) e atividades end of pipe (tratamento de efluentes lquidos, equipamentos externos ao processo tais como precipitadores eletrostticos, lavadores, incinerao de gases e ainda na recuperao de aterros industriais.

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Do ponto de vista da qualidade, as empresas tem procurado obter certificados de garantia de qualidade, ISO 9000 e ISO 14000: gesto ambiental, de forma a atender as exigncias dos principais consumidores europeus. Os certificados de garantia de qualidade fazem parte dos contratos internacionais. Outro parmetro de aferio de qualidade na fase industrial Atualmente quase todas as empresas exportadoras possuem a certificao mencionada. No caso da indstria papeleira o principal parmetro de competitividade a prpria mquina de papel avaliada pela sua largura, velocidade e grau de automao. Este ltimo fator varivel fundamental. O grande problema em relao obteno de economias de escalas na produo de papel continua a ser o baixo consumo per-capita dos consumidores brasileiros - por volta de 40 kg. Embora tenha havido progressos nos ltimos anos observa -se uma grande heterogeneidade tecnolgica do parque industrial, com mquinas de diferentes idades. a

instrumentao digital, sobretudo do SDCD, que permite a automao dos controles das variveis.

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II. Papel & Celulose no MundoII.1 Caractersticas Internacionais da Indstria de Celulose o Brasil Segundo a empresa de consultoria Hawkins Wright, ao final da dcada de 90 comercializavam-se quase US$ 90 bilhes em produtos de papel e celulose, o que corresponde a uma produo estimada de 27 milhes de toneladas.Alm disso, 78% da celulose produzida no mundo em 1990 tinham como origem os pases da Europa e Amrica do Norte. Ao final da dcada, esta participao cai para 69%, tendo como contrapartida o aumento da produo asitica, que passa de 15,1% para 20,5%, e da Amrica Latina, de 4,5% para 6,5% (ver Tabela 2).

Tabela 2- Distribuio da Produo Mundial de CeluloseEm milhares de tRegies Oeste Europeu Leste Europeu Total Europa Norte America Asia Australasia America Latina Africa Total 1990 32.656 13.335 45.991 80.049 24.478 2.393 7.281 2.389 162.581 % 20,1% 8,2% 28,3% 49,2% 15,1% 1,5% 4,5% 1,5% 100% 1995 34.575 7.600 42.175 85.070 31.523 3.448 9.318 2.707 174.241 % 19,8% 4,4% 24,2% 48,8% 18,1% 2,0% 5,3% 1,6% 100% 2000 37.975 9.411 47.386 83.413 38.655 4.043 12.334 2.853 188.684 % 20,1% 5,0% 25,1% 44,2% 20,5% 2,1% 6,5% 1,5% 100%

Fonte dos dados originais: PPI Annual Review (1990 e 2001) e Bracelpa. Elaborao dos autores.

A diminuio da participao europia, por sua vez, est relacionada expressiva queda de produo dos pases do Leste Europeu, cujo desempenho mostrado separadamente na Tabela 2. O aumento da participao da sia deve-se principalmente, ao bom desempenho de Indonsia e China2. A Amrica Latina aumenta sua participao no comrcio internacional de 4,5% para 6,5 %. O consumo aparente dentro mostra-se estagnado nos pases lderes especialmente no Japo, Canad e Estados Unidos, e cresce na periferia no mundo desenvolvido em pases como Indonsia, China e Brasil. Isso pode ser observado na figura 1 e nas prximas tabelas.

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Observe-se que a China ainda produz pouca celulose derivada de eucalipto.Apesar disso, o pas tem

inaugurado inmeras fbricas de papel

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Figura 1 - Evoluo do Consumo Aparente de Celulose por Regies e BrasilEuropa Ocidental 80.000 70.000 60.000 50.000 mil ton 40.000 30.000 20.000 10.000 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Amrica do Norte sia Amrica Latina Outros Brasil

Fonte dos dados originais: Bracelpa

Os Estados Unidos produzem cerca de 30% da celulose mundial. Este pas seguido pelo Canad, China, Finlndia, Japo e Sucia. Embora ainda detenha m enos de 5% da produo mundial, o Brasil um dos mais eficientes produtores de celulose branqueada de eucalipto para o mercado internacional produto cuja demanda est aumentando a um ritmo muito maior ocupando o stimo lugar no ranking dos maiores produtores de celulose (ver Tabela 3, abaixo).

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Tabela 3 - Os Dez Maiores Produtores e Consumidores CeluloseTaxa de Crescimento Anual (mil toneladas)Pas 1. EUA 2. Canad 3. China 4. Finlndia 5. Japo 6. Sucia 7. Brasil 8. Rssia 9. Indonsia 10. Frana TOTAL Produo 1990 57.214 22.835 9.500 8.886 11.328 9.914 4.453 8.380 701 2.200 162.581 1995 59.682 25.388 13.840 10.089 11.120 10.187 5.909 5.067 2.022 2.819 174.241 2000 57.002 26.411 17.150 11.910 11.517 11.399 7.463 5.782 4.089 2.469 188.684 Var. anual 0,1% 1,5% 6,1% 3,0% 0,2% 1,4% 5,3% -3,6% 19,3% 1,2% 1,5% Consumo Aparente 1990 56.280 15.393 10.608 7.504 14.203 7.375 3.492 9.150 737 3.652 162.451 1995 58.263 15.784 14.625 8.894 14.633 7.868 4.081 4.020 2.207 4.274 172.645 2000 58.153 15.765 20.489 10.308 14.362 8.744 4.870 4.327 3.342 4.342 189.008 0,3% 0,2% 6,8% 3,2% 0,1% 1,7% 3,4% -7,2% 16,3% 1,7% 1,5% Var. anual

Fonte dos dados originais PPI e Bracelpa (2000)

A capacidade de produo mundial de celulose de mercado, isto a celulose que destinada ao mercado, passa de cerca de 28 milhes para 41 milhes de toneladas na dcada. Deste total, pouco mais de 56% so derivadas de pastas celulsicas de fibra longa, derivadas de conferas sendo o restante produzido a partir das fibras curtas. Segundo a empresa de consultoria Jaakko Pory, a celulose de mercado derivada de eucalipto representa cerca de 35% do consumo global3. O restante so fibras curtas obtidas de outras madeiras, das quais algumas ainda so derivadas de florestas tropicais e temperadas4. Na realidade, a produo de celulose de mercado a partir de fibras curtas vem se transferindo paulatinamente para o Hemisfrio Sul, onde esto instaladas os grandes fabricantes ( VPC, Bahia Sul, Cenibra, Aracruz, Jari, Ripasa e Santa F, na Amrica Latina, e Donghae, Perawang, Indorayon, Indah Kiat, Riau, Phoenix na sia do Pacfico).Alm disso, a comercializao da celulose de mercado de fibra curta, especialmente a de eucalipto, vem crescendo a taxas curta que vem aumentado mais rapidamente. Enquanto a oferta de celulose fibra curta crescia taxa de 4,6% ao ano na dcada passada, a de fibra longa expandia -se 2,5% ao ano. Como pode ser visto na Tabela 4, o Brasil, em 2001, tem o maior share na produo de celulose de mercado fibra curta branqueada, com 19,4% da capacidade de produo. Em seguida, esto os Estados Unidos, a

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Jakko Pory Consulting in PPI Sencond Latin America Congress (2001) Como exemplo, a quase totalidade da produo da Indonsia derivada de florestas tropicais.

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Indonsia (com cerca de 15% da capacidade, cada um) e Canad (10% da capacidade), dois dos quais nosso futuros parceiros na ALCA.

Tabela 4 - Oferta Mundial de Celulose de Mercado- Fibra CurtaMaiores produtores/mil toneladasPas Brasil EUA Indonsia Canad Espanha Finlndia Outros TOTAL 1990 1.380 2.590 90 1.025 735 1.030 4.930 11.780 1992 2.215 3.215 130 1.285 950 775 4.695 13.265 1994 2.260 3.235 250 1.780 885 770 4.790 13.970 1996 2.700 15 1.220 1.830 910 800 5.065 12.540 1998 3.285 2.840 1.850 1.820 940 810 5.350 16.895 2000 3.615 2.780 2.150 1.990 1.040 850 5.845 18.270 2001 3.740 2.935 2.915 1.985 1.050 905 5.790 19.320 share Cresc. 2001 Anual 19,4% 9,5% 15,2% 10,3% 5,4% 4,7% 30,0% 100% 1,1% 6,2% 3,3% -1,2% 1,5% 4,6% 15,1% 37,2%

Fonte dos dados originais: PPI e Bracelpa

A importncia do Brasil ainda maior quando se trata da produo de celulose fibra curta derivada de eucalipto, produto no qual o pas ainda no encontra um competidor altura. Isso se deve j mencionada combinao das excepcionais condies de aproveitamento da matria prima, o que confere vantagens comparativas para as empresas (6,5 anos segundo informaes mais recentes). Alm disso, as empresas brasileiras so extremamente competentes no manejo florestal, o que lhes permite conferir as vantagens de custo absoluto para o processo industrial, desde a produo de celulose at a produo de papel.

Tabela 5 - Capacidade Mundial de Celulose de Mercado Fibra LongaMaiores produtores/mil toneladasPas Canad EUA Sucia Finlndia Chile Brasil Outros TOTAL 1990 6.000 4.265 1.825 860 360 130 3.030 16.470 1992 6.215 4.810 2.310 850 815 160 2.320 17.480 1994 6.605 4.730 2.250 865 1.065 175 2.255 17.945 1996 7.210 4.935 2.350 1.120 1.130 135 2.535 19.415 1998 7.650 4.835 2.470 1.160 1.080 2.600 19.795 2000 7.690 4.970 2.625 1.130 1.240 3.155 20.810 2001 Share Cresc. 2001 Anual 7.725 35,8% 2,3% 5.150 23,9% 1,7% 2.775 1.310 1.290 3.310 21.560 12,9% 6,1% 0,0% 15,4% 100% 3,9% 3,9% N/d 0,8% 2,5%

6,0% 12,3%

Fonte: PPI e Bracelpa

Na produo de fibra longa, apenas dois pases - Canad e Estados Unidos - concentram 60% da capacidade mundial. Em seguida esto, em ordem decrescente, Sucia, Finlndia e Chile. Juntos,

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estes pases detm 80% da capacidade de produo de celulose fibra longa branqueada. Na Amrica Latina, o Chile ocupa uma posio de destaque, com 6% do total da capacidade de produo, capacidade que vem crescendo taxa de 12% ao ano.

II.2 Caractersticas Internacionais da Indstria de Papel e o BrasilDurante a dcada de noventa, a produo mundial de papel cresce 3,1% ao ano, uma taxa anual um pouco menor do que a da dcada anterior, de 3,3% ao ano. Em 1990, a indstria mundial papeleira produzia 239 milhes de toneladas de papis de todos os tipos. Dez depois, so fabricadas 323 milhes de toneladas, dos quais 62% em apenas 6 pases: Estados Unidos, Japo, China, Canad, Alemanha e Finlndia (Ver tabela 6 e Figura 2).

Tabela 6 - Produo e Consumo Aparente dos Maiores Produtores de Papel e BrasilEm milhares de tPas 1990 1. EUA 2. Japo 3. China 4. Canad 5. Alemanha 6. Finlndia 7. Sucia 8. Frana 9. Itlia 10. Rep. Coria 11. Brasil TOTAL (mil t) 71.519 28.086 13.719 16.466 11.873 8.958 8.426 7.049 5.601 4.524 4.844 238.781 Produo 1995 81.000 29.663 24.000 18.705 14.827 10.942 9.169 8.615 6.802 6.877 5.856 278.383 2000 85.495 31.828 30.900 20.689 18.182 13.509 10.786 9.991 9.000 9.308 7.172 323.295 1,8% 1,3% 8,5% 2,3% 4,4% 4,2% 2,5% 3,5% 4,9% 7,5% 4,0% 3,1% Var. anual Consumo Aparente 1990 77.732 28.218 14.429 5.724 15.284 1.382 1.961 8.755 6.954 4.310 4.151 235.869 1995 87.409 30.019 26.499 6.730 15.834 1.552 1.857 9.631 8.077 6.580 5.433 276.232 2000 92.355 31.736 36.277 7.476 19.112 1.829 2.494 11.376 10.942 7.385 6.774 323.378 1,7% 1,2% 9,7% 2,7% 2,3% 2,8% 2,4% 2,7% 4,6% 5,5% 5,0% 3,2% Var. anual

Fonte: Bracelpa e PPI

No ranking dos maiores produtores de papel, o Brasil aparece, no ano 2000, emo 11o .lugar, crescendo a uma taxa anual de 4%. No entanto, o pas aparece em 9 posio em

consumo

com a taxa de crescimento bem acima da mdia mundial ( 5% contra 3%)

abaixo, apenas, das taxas decrescimento da China e da Coria (Ver tabela 6). Apesar disso, o consumo per-capita no Brasil ainda tem grande possibilidade de crescer. O aumento do consumo na China e da Coria do Sul, por sua vez, expande-se razo de 8,5% e 7,5% ao ano, respectivamente. No entanto o consumo nos Estados Unidos e Japo cresce a nveis

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quase vegetativo. Isso no acontece na Europa, onde a expanso do consumo na dcada embora no seja to acentuada como nos pases em desenvolvimento, vem crescendo a nveis sustentados. A Itlia, particularmente, mostra grande dinamismo industrial. Na

realidade, a sustentao dos nveis de produo de celulose e de papel por parte de antigos e novos players, no momento em que do a economia mundial, e especialmente o Japo, entra em recesso - ajuda a explicar ao lado da significativa introduo de nova capacidade produtiva nos pases asiticos, a queda de preos, em 2001 e 2002. Figura 2 - Evoluo do Consumo Aparente de Papel por RegiesEuropa Ocidental 120.000 Amrica do Norte sia Amrica Latina Outros Brasil

100.000

80.000 mil ton

60.000

40.000

20.000

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000

Fonte: dados originais Bracelpa

A evoluo do consumo de papel por Regies tambm pode ser visualizada na Figura 2, apresentada acima. Observe-se o acentuado crescimento do consumo de papel na sia e a relativa estagnao da Amrica Latina. Uma breve comparao entre os pases deste ltimo Bloco mostra que, apesar de a produo de papel no Brasil ter aumentado cerca de 63% entre 1990 e 2000, a Argentina, o Chile e o Mxico tambm vem expandindo sua capacidade de produo consideravelmente. No entanto, o consumo aparente de papel no Brasil lidera todas as expectativas de crescimento, o que explica a forte especializao da indstria papeleira brasileira em seu mercado interno. Os pases vizinhos espacialmente Argentina e Chilemostram um vigoroso crescimento do consumo. Apesar disso, o

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consumo per capita no Brasil ainda de cerca de 40,1 kg por habitante em 2000

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podendo aumentar significativamente no caso de crescimento do PIB e/ou melhoria na distribuio de renda. O segmento papeleiro mais bem sucedido em todo mundo na dcada de noventa o de imprimir e escrever (I&E), cujo c onsumo representa 30% do total em 2000. O crescimento da oferta de papis de I&E acompanhou o movimento da demanda, que se acelerou devido difuso dos equipamentos de informtica, com o uso cada vez mais intenso de impressoras, copiadoras e computadores pessoais. Destaque-se, tambm, o barateamento do processo impresso, o que estimula o aumento do volume de publicaes e uma maior diversidade de revistas e jornais (FUNCEX,2000).O crescimento da produo mundial de

papel de I&E expande-se razo de 4% ao ano, bem acima de papis de embalagens, sanitrios e outros, 3,1% ano. A Tabela 6 mostra a evoluo da produo de algumas classes de papis no mundo e no Brasil entre 1991/2000. Tabela 7 - Evoluo da Produo de Papel por Categorias- Total Mundial e BrasilTaxa de crescimento anual/ mil tons - 1991/20001991 IMPRENSA Brasil Total Mundial IMP/escrever Brasil Total Mundial EMBAL. e outros Brasil Total Mundial PAPEL - Total Brasil Total Mundial 4.914 4.901 5.301 5.654 5.798 6.176 6.518 6.589 6.953 7.188 4,3% 3,3% 241.143 247.496 251.616 268.773 278.383 282.648 299.324 301.439 315.078 323.295 3.287 3.267 3.386 3.565 3.701 4.086 4.270 4.357 4.643 4.829 4,4% 3,1% 140.375 141.774 142.907 155.384 161.541 164.690 174.698 175.133 181.810 185.000 1.374 1.397 1.639 1.825 1.802 1.813 1.983 1.958 2.067 2.093 4,8% 4,1% 68.489 74.015 75.973 79.565 81.570 82.735 88.641 90.162 94.517 98.172 253 237 276 264 295 277 265 274 243 266 0,6% 2,2% 32.279 31.707 32.737 33.865 35.275 34.851 35.994 36.486 37.751 39.123 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 cresc a.a.

Fonte:Bracelpa

A Tabela cima mostra que a produo de papel apresentada em algumas das principais categoriascresce a taxas bem maiores do que o do resto do mundo. A exceo a

produo de papel de imprensa brasileira..

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Para efeito de comparao, o consumo per capita nos Estados Unidos foi de 317 kg por habitante nesse mesmo ano.

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Os Estados Unidos lideram a produo e consumo em praticamente todas as categorias, dividindo com o Japo e o Canad a liderana na produo de papis especiais e de papel de imprensa. O Canad concentra cerca de 1/3 da produo mundial da produo deste tipo de papel. A China, por sua vez, um eficiente produtor de embalagens, competindo diretamente com o Brasil pelos mercados dos pases asiticos. II.3 Conjuntura Internacional Rece nte e Preos O movimento dos preos da celulose cclico e sua variao reflete as caractersticas estruturais da indstria. Como a indstria papeleira mantm estoques ocasionais ou estratgicos de celulose, estes podem interferir diminuindo a presso da demanda - que diminui quando h excesso de estoques, levando os produtores a reduzir os preos. A mdio e longo prazos, portanto, o preo da celulose funo do desequilbrio entre a oferta e a demanda. A figura 5, abaixo, mostra a relao inversa entre p reos e estoques de 1997 ao incio de 2001. A celulose de fibra longa dos pases do Hemisfrio Norte BSKP (Escandinvia e Canad) continua sendo a referncia em termos de preo e qualidade para as demais fibras em todo o mercado mundial. Os estoques de celulose de mercado NORSCAN - situavam-se em cerca de 2.000 mil toneladas no incio de 2001, um nvel maior do que o que considerado normal pelo mercado 1.500 mil toneladas.

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Figura 3 - Evoluo dos Preos da Celulose (NSBK) e Estoques N (1997-2001)Estoque Norscan 2500 Preo 800 700 2000 600 500 400 1000 300 200 500 100 30/05/1997 22/08/1997 14/11/1997 06/02/1998 30/04/1998 24/07/1998 16/10/1998 08/01/1999 31/03/1999 24/06/1999 17/09/1999 10/12/1999 03/03/2000 26/05/2000 18/08/2000 10/11/2000 02/02/2001 27/04/2001 20/07/2001 12/10/2001 0 US$/t (NSBK)

1500

Fonte dos dados: Bracelpa - Elaborao dos autores

Durante a dcada de noventa, os preos da celulose tiveram expressiva alta, do final de 1993 ao incio de 1996, quando a tonelada de celulose NSBK chegou a ser vendida a um valor prximo de mil dlares. A partir de ento e at 1998, o preo flutuou no entorno de U$ 550 por tonelada, em mdia. No final da dcada, ocorreu um processo de recomposio do preo, que atingiu U$ 680,00 por tonelada, caindo mais de 40% aps o incio do a de no 2001. Atualmente, o preo da celulose derivada de fibra-curta eucalipto est no nvel de U$ 400,00. Vrios fatores explicam os movimentos de ajuste na indstria de papel e celulose. Devido natureza intensiva do capital, o ajustamento da oferta de celulose demanda no imediato. Muitas vezes este ajustamento s ocorre quando os preos caem abaixo dos custos variveis dos produtores menos eficientes do Hemisfrio Norte. Neste momento, a presso competitiva costuma eliminar os menos eficientes, em geral, as empresas que apresentam alto custo financeiro e/ou altos custos diretos. Na realidade, grupos fabricantes de celulose em regies da sia e da Amrica Latina (especialmente do Brasil e do Chile) esto constantemente pressionando os custos diretos para baixo, tornando mais rdua a luta

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competitiva entre as empresas. Indicadores de custos comparados mostram uma evidente vantagem para o Brasil e Chile, na Amrica do Sul. Os fabricantes escandinavos apresentam baixos custos qumicos, de energia e de depreciao. Os norte-americanos mostram baixos custos financeiros. A Finlndia beneficia-se da desvalorizao de sua moeda.Quadro 4

Segundo analistas do setor de papel e celulose, a busca de baixos custos poderia levar produtores norte-americanos e escandinavos a tentar obter mais ativos de empresas latinoamericanas e/ou transferir parte de sua capacidade produtiva para as regies tropicais, na busca do diferencial de produtividade. Este diferencial de custo uma espcie de marca registrada da competitividade de fabricantes brasileiros de celulose de mercado, como a Aracruz, VCP, Suzano e outras. Na realidade, os baixos custos da madeira, juntamente com a eficincia da operao florestal e ps floresta, tornam os custos da celulose brasileira os mais baixos do mundo, o que representa uma margem de segurana em relao a baixa de preos (Ver tabela abaixo).

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Tabela 8 - Celulose NBSK e Papel UFS: Preos Correntes e Custos BsicosUS$/tonPreo Corrente (1) 400 723 Preo Mnimo (2) 350 550 Custo bsico (3) 160 300 Risco de Queda (%) -13 -24

NBSK UFS

Preo Mnimo (2): menor preo na dcada que manteria empresas no mercado Custo Bsico(3) (cash cost) custo operacional benchmark para empresas mais competitivas; no inclui c usto logstico UFS: papel para imprimir no revestido e NBSK Celulose fibra longa do Norte da Europa

Fonte: Relatrios de Empresas e entrevistas

Apesar da concentrao da produo em alguns pases, nenhum produtor de celulose pode, individualmente, influenciar preos, uma vez que tanto a oferta como a demanda no mercado so relativamente pulverizadas. Nos ltimos anos da dcada, dois grandes acontecimentos acentuaram a tendncia queda de preos da celulose (um deles foi a recesso da economia japonesa) seguida pela desacelerao nos Estados Unidos e Alemanha (j em 2001). Estes acontecimentos no foram devidamente avaliados pelos produtores, que continuaram a agir como se o crescimento da demanda fosse continuar sustentado pelo crescimento da Europa e Estados Unidos. A queda dos preos levou ao fechamento de plantas e acelerou o processo de fuses e aquisies. Em 1998, foram fechadas sete grandes plantas de celulose, nos Estados Unidos, na Europa e Australsia, o que representou reduo de 1.585 mil toneladas na capacidade produtiva (BNDES,2000). Entre outras, foram fechadas permanentemente fbricas da Stora Forest, Georgia Pacific Amcor, Bowater, Stone Smurfit e St. Laurent. Outro movimento importante na indstria foi a reestruturao patrimonial das empresas desde o incio da dcada de noventa. Apenas em 1998 ocorreram 17 fuses, com valores acima de US$ 70 milhes, na Amrica do Norte, das quais seis acima de US$ 500 milhes. O auge deste processo ocorreu com a fuso da Stora (Finlndia) com a Enso (Sucia), o que resultou no maior complexo industrial de celulose e papel do mundo, com capacidade para produzir 13 milhes de toneladas por ano, desbancando a, at ento maior produtora, a International Paper, que apresentava capacidade de 10 milhes de toneladas. O processo de reestruturao patrimonial das empresas tambm representa uma tentativa de aumentar a competitividade por parte das empresas lderes tradicionais do

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Hemisfrio Norte, face ao aparecimento de novos competidores em pases como o Brasil, Chile, frica do Sul, Indonsia, Portugal e Espanha. A sua motivao principal a tentativa de obter maiores economias de escala na produo e na venda de produtos, alm de buscar maior agregao de valor ao produto no caso de aquisio de fbricas de papel. No caso de empresas integradas, h tambm o interesse em acessar reservas florestais situadas em pases que possuem vantagens comparativas na produo de madeira, assegurando o suprimento de matria prima barata. Contudo, deve-se ressaltar que as plantas europias de produo de papel operam com escalas muito maiores do que as fbricas brasileiras e latino-americanas. O maior produtor mundial de papel, a Stora, na Escandinvia, produz cerca de 12 milhes de toneladas de papel enquanto as 220 empresas papeleiras brasileiras produzem, em conjunto um pouco mais de 7 milhes de toneladas. Consequentemente, as disparidades tambm se revelam em termos de faturamento e vendas. O resultado deste processo a ampliao do grau de concentrao da indstria e, tambm, o aumento do grau de integrao das empresas com sua base florestal, de um lado, e com a produo de papel, de outro. O quadro na pgina seguinte apresenta fuses e incorporaes ocorridas entre setembro de 2000 e setembro de 2001. Em 1999, os negcios envolvendo fuses e aquisies na rea de papel e celulose movimentaram cerca de US$ 798 bilhes, dos quais US$ 36 bilhes na Amrica Latina (KPMG, 1999). O impacto da reestruturao patrimonial voltou a causar impacto no comrcio internacional de celulose. Isso ocorreu em razo do fechamento de algumas fbricas nos Estados Unidos e na Europa, em 1998 e incio de 1999, bem como pelo deslocamento da capacidade de produo para unidades localizadas em reas com aparentes vantagens de na produo. Dois dos maiores conglomerados da rea de P&C da Europa, a Stora, e da Amrica do Norte, International Paper, adquiriram ativos florestais e industriais em pases no Hemisfrio Sul.

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Quadro 4 - Fuses e Aquisies Internacionais (2000/ 2001)Empresas Banking Consortium/SEPI Bowater/Alliance Forest Products Buhrmann/M-real Carter Holt Harvey/Norske Skog Domtar/Georgia-Pacific Georgia-Pacific/Fort James* Heinzel/Biocel Heinzel/Frantschach JBP/CVRD Kappa Holdings/AssiDomn M-real/International Paper Myllykoski/M-real Nippon Paper Industries/Daishowa Paper* Norske Skog & Abitibi-Consolidated/Hansol Norske Skog/BNDES Norske Skog/OESP Norske Skog/UPM-Kymmene OEM/Savia Pope & Talbot/Norske Skog Canada Portucel/Arjo Wiggins SCA/Georgia-Pacific SCA/Tuscarora Stora Enso/AssiDomn Suzano/CVRD Tembec/Crown Vantage Tembec/La Rochette UPM-Kymmene/Changshu paper mill UPM-Kymmene/Haindl UPM-Kymmene/Repap Enterprises Caractersticas Valor Aquisio de 24.99% da Ence (6.5% Banco Zaragozano, 6.5% Bankinter, 12% Caixa Galicia) Pta 21,718 milhes Aquisio Aquisio da Grafiskt Papper Aquisio daTasman Pulp Mill Aquisio de quatro fbricas de papel Fuso Aquisio Aquisio de 95% da Zellstoff Pls $770 milhes incluindo dbitos SEK 45 milhes $130 milhes $1.65 bilhes $11 bilhes CZK 2 bilhes Em negociao

Aquisio do controle da Cenibra $670 milhes Aquisio da parte dos ativos papeleiros da SEK 10,410 milhes AssiDomn's Aquisio de 72% da Zanders Feinpapiere Aquisio de 50% da MD Papier Mills Fuso formando Nippon Unipac Aquisio de 1/3 da PanAsia from Hansol Aquisio de 22.2% da PISA Aquisio de 17,4% da PISA Aquisio da Walsum & Parenco em rosseguimento do takeover da Haindl pela HaoUPM-Kymmene Aquisio da Empaques Ponderosa Aquisio da fbrica de papel Mackenziel Aquisio de 40% da Soporcel Aquisio de ativos Aquisio Joint-venture para formar Billerud Aquisio do controle da Bahia Sul Euro 138 milhes Euro 300 milhes Ainda em andamento $175 milhes cada parte + dbitos $70.5 milhes $57.3 milhes Euro 1.08 bilhes $285 milhes C$ 163 milhes Euro 474.7 milhes $850 milhes $230 milhes Em andamento $320 milhes

Aquisio da fbrica St Francisvillel $184 milhes Aquisio das fbricas de papel Cellurhne and C$ 250 milhes Pyrncell Aquisio Aquisio Aquisio $150 milhes Euro 2.9 milhes C$ 160 milhes

Fonte: Bracelpa, PPI

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III. Papel e Celulose no Brasil : desempenho recenteIII.1 Produo e Consumo de Celulose no Brasil Segundo a BRACELPA, o faturamento total da cadeia de papel e celulose brasileira

foi de US$ 7,5 bilhes em 2000. Isso inclui, desde os resultados da produo de insumos de origem florestal, at a produo de pastas celulsicas e de papis, bem como os elos intermedirios da cadeia com as atividades que ajudam a agregar valor ao produto. Em 2001 a cadeia de P&C sofreu o impacto da desacelerao econmica dos Estados Unidos, Japo e da Unio Europia. Este movimento tem sido acompanhado pelo fechamento de plantas e fbricas na Europa. No Brasil, no entanto, as empresas tm enfrentado a crise procurando aumentar a escala de produo e consolidar suas vantagens comparativas na fabricao de celulose transmitindo-as para produtos de maior valor agregado. A produo de pasta celulsica branqueada encontra no Brasil condies muito favorveis. O grande sucesso do aproveitamento do eucalipto como matria-prima bsica para a indstria de celulose tem garantido ao pas os mais baixos custos de produo entre todos os pases. Esta vantagem de custos tem sido reforada pela realizao de inverses na modernizao do parque industrial, espacialmente na fabricao de celulose Alm disso, as empresas realizaram investimentos em pesquisa aplicada de desenvolvimento florestal. O resultado destas pesquisas j pode ser considerado incorporado atravs do

estabelecimento de um importante crescimento da produtividade em relao aos grandes produtores do Hemisfrio Norte. Em 1990, 63% da produo total de celulose brasileira eram derivados da celulose

fibra curta e 27% da celulose fibra longa. Dez anos depois, esta proporo muda para 74% e 19%, respectivamente. O aproveitamento bsico da celulose base de fibra longa destinado fabricao de produtos que no necessitam do processo de branqueamento, como embalagens e alguns cartes, enquanto que mais de 70% das fibras originrias de eucalipto so embranquecidos para aproveitamento posterior em papis. A tabela abaixo

(Tabela 8) mostra a evoluo da produo de celulose no Brasil por classes de produtos

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Tabela 9 - Evoluo da Produo de Celulose 1990/2001-Crescimento AnualConsumo Aparente (mil t) 1995 2000 2001 Fibra Curta Branqueada. Fibra Curta Nbranq. Fibra Longa Branq Fibra Longa N Branq Pastas de Alto Rend. Total 3.760 271 262 1.150 493 5.936 5.295 244 72 1.350 502 7.463 5.292 213 1.367 469 7.412 Taxa de Variao (% ao ano) 95/00 95/01 00/01 7,09% -2,08% 3,26% 0,36% 4,68% 5,86% -3,93% -19,56% 2,92% -0,83% 3,77% -0,03% -6,57% -0,70% 0,63% -3,34% -0,34%

71 -22,77%

Fonte: Bracelpa 2001

Cerca de 7,4 milhes de toneladas de celulose foram produzidas no Brasil em 2001 (BRACELPA, Relatrio Estatstico 2001) das quais 5.292 mil em fibra curta branqueada e 1.367 em fibra longa no- branqueada. A produo de celulose fibra curta vem crescendo a um ritmo maior do que os demais produtos ( 7,09% ao ano entre 1995 e 2000 contra 4,7% ao ano). A celulose fibra longa branqueada tambm se expande a uma taxa considervel, de 3,26% ao ano. O mesmo acontece com as pastas de alto rendimento. Pouco mais da metade da celulose que produzida no Brasil consumida pelas prprias empresas integradas. Os outros 40 % so vendidos para o mercado externo e apenas 10% so comercializados no mercado interno. Esta distribuio exagerada no caso da celulose fibra longa uma vez que praticamente 100% da produo deste tipo de produto so destinados utilizao produtiva dentro das prprias empresas integradas. No caso da fibra curta 34% da produo tem como destino o consumo interno dos fabricantes e para o mercado externo so destinados 55% da produo, o que mostra a vocao exportadora desta commodity. O restante vendido no mercado interno. Cerca de 87% de pastas de alto rendimento (PAR) tambm fazem parte do aproveitamento industrial das empresas fabricantes e 13% so destinados ao mercado interno. Esta configurao no muito diferente da que se observa nos outros pases, uma vez que a indstria de celulose em todo o mundo altamente integrada.

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Figura 5 - Fibras Longas, Curtas e PAR: Destino da Produo de Celulose no BrasilEm milhares de t

3.000 2.500 2.000 1.500 1.000 500 0 Consumo Prprio Vendas Internas Vendas Externas

Fibra Longa

Fibra Curta

P.A.R.

Fonte dados: Bracelpa (Relatrio Estatstico 2000

Segundo a Bracelpa, os cinco maiores fabricantes de celulose no Brasil concentram, em 2000, cerca de 70% da produo de celulose. Estes so: Grupo Klabin (1,5 milho de toneladas), Aracruz (1,3 milho de toneladas), Grupo Suzano (1 milho de toneladas) e Votorantim (793 mil de toneladas). produo entre os produtores no ano 2000. Figura 6 Brasil : maiores produtores de celulose, 200015%

A Figura 5 mostra a distribuio aproximada da

20%

Grupo Klabin4% 4% 5% 18%

Aracruz Grupo Suzano Cenibra Grupo Votorantim International Paper Ripasa Jari Outros11% 13%

10%

Fonte: Bracelpa

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Parte destas empresas so integradas. A Aracruz possui a maior fbrica de celulose fibra curta base de eucalipto do mundo e destina ao mercado externo 94% do que fabrica, o que lhe confere liderana indiscutvel neste mercado. Como os demais fabricantes de celulose, a Aracruz integrada em direo atividade florestal, uma condio necessria para garantir ganhos de produtividade e de competitividade. O grupo de empresas Klabin talvez o mais verticalizado - destina cerca de um quarto de sua produo para a comercializao no mercado interno e externo, sendo o restante consumido internamente na produo de papis. Os outros dois grandes fabricantes brasileiros, Suzano e Cenibra so responsveis por, aproximadamente, um quarto da produo total de celulose do pas. Oitenta por cento da produo de celulose no Brasil esto concentrados em cinco estados. O maior produtor de celulose o estado de So Paulo, com 30,5% da produo, seguido pelo Esprito Santo, com 18,6%, Santa Catarina, 11,7%, Minas Gerais,11,6%, e

Paran, 9,25 %. Cerca de 87,4 % da produo de fibra longa so obtidos em Santa Catarina e no Paran. Ainda em termos de distribuio regional, os produtores baseados nos estados do Paran, Santa Catarina e Rio Grande do Sul extraem a fibra longa de pinheiros de origem norte- americana (Pinus Elliotis e Pinus Taeda, principalmente), variedades que foram

trazidas do Mxico e adaptadas Regio em meados do sculo XX. So Paulo, Minas Gerais, Esprito Santo e Bahia so responsveis por 85% da produo de celulose fibra curta, com base em eucalipto. Recentemente, empresas situadas na Regio Norte comearam a explorar plantaes com accia6 . III.2 Produo e Consumo de Papel no Brasil. Desempenho Recente Em 2001, a produo nacional de papel de 7.436 mil toneladas distribudas de

seguinte forma: 47% papel de embalagem, 29% de imprimir e escrever, 8% tissues e papis sanitrios, 7% carto, 3% imprensa e 5% outros papis. Entre 1996 e 2001 a

produo de papel expande-se a taxas anuais de cerca de 4%.6

Ressalta-se, tambm a experincia fracassada do Projeto Jari antes de se tornar JARCELL- com a gmelina, rvore trazida da sia para a Amaznia.

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Figura 7 - Evoluo da Produo de Papel no Brasil 1990/2000Em milhares de tIMPRENSA 8000 7000 577 6000 5000 4000 3000 2000 1.739 1000 0 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 3.075 IMP/ESCREVER EMBALAGEM PAPELCARTO SANITRIOS OTRS/ESPECIAIS

Fonte: Bracelpa (para 1996-2000,Relatrio 2001)

Em 1990, cerca de 40% da produo de papel era realizada por cinco fabricantes Em 2000 esta participao passa para 51,4%. Considerando-se os dez maiores produtores de papis, a concentrao aumenta de 56%, em 1990, para 65,4%, em 2000. A produo brasileira de papis fortemente orientada para o me rcado interno. Em termos de volume (ver Tabela 10) mais de 60 % do total fabricado so destinados ao mercado interno, pouco mais de 20% so transformados em artefatos nas prprias empresas e 16% so comercializados no exterior. Em termos de quantum, os papis de imprimir representam 30% das vendas externas e 70% vo para o mercado interno. Cerca de 15% dos papis de tipo carto e 12 % das embalagem sero vendidos no mercado externo ( Ver coluna c). Cerca de 42% da quantidade de embalagens fabricadas no Brasil so consumidas internamente. Papis de imprensa, sanitrios, de escrever, cartolina e papelo e especiais, praticamente tem pequena participao no comercio externo.

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Tabela 10 - Destino da Produo de Papis no Brasil em 2000Consumo Prprio, Vendas Internas, Vendas Externas

DESTINO DA PRODUO BRASILEIRA DE PAPIS CP VI VEPAPEL IMPRENSA PAPIS DE IMPRIMIR PAPIS DE ESCREVER PAPIS DE EMBALAGEM PAPIS DE FINS SANITRIOS PAPELCARTO CARTOLINA, PAPELO PAPIS ESPECIAIS TOTAL

(em toneladas)

Total272.488 1.964.324 99.160 3.324.852 605.771 506.865 200.850 162.082 7.136.392

Part.4% 28% 1% 47% 8% 7% 3% 2% Nd 0,01% 18,0% 46,9% Nd

a

b 95,3% 70,1% 80,1% 41,6% 97,7% 84,8% 91,2% 90,0%

c 4,7% 29,9% 1,8% 11,6% 2,3% 15,0% 7,5% 9,1%

0 247 17.888 1.558.550 0 738 2.761 1.343 1.581.527

259.553 1.377.136 79.463 1.381.601 592.054 429.936 183.119 145.923 4.448.785

12.935 586.941 1.809 384.701 13.717 76.191 14.970 14.816 1.106.080

0,1% 1,4% 0,8%

100%

22,2%

62,3%

15,5%

A=CP - consumo produtivo (a: participao do CP no Total) B=VI- vendas internas(b:participao do VI no Total) C=VE -vendas ao mercado externo(c:participao do VE no Total)

A Tabela 11 destaca o crescimento do consumo aparente de papis no Brasil entre 1995 e 2001 Os dados apresentados indicam aumento do consumo em papis de imprimir e escrever, embalagens e sanitrios e uma reduo no consumo de papel de imprensa e outros tipos de papis (Ver Tabela 12)

Tabela 11- Evoluo do Consumo Aparente de Papis no Brasil, 1995-2000Categorias Anos I&E Imprensa Embalagem Sanitrio Papel Carto Outros/Especiais Consumo Aparente (mil t) Taxa de Variao (% ao ano) 1995 2000 2001 2000/95 2001/00 2001/95 1.261 1.758 1.691 6,9 -3,8 5,0 655 650 522 -0,2 -19,7 -3,7 2.223 3.020 3.099 6,3 2,6 5,7 434 577 589 5,9 2,1 5,2 565 463 469 -3,9 1,3 -3,1 490 346 332 -6,7 -4,0 -6,3

Fonte Bracelpa,Relatrio 2001/ (*) em 1996

A comparao entre o crescimento da produo e consumo de papis de I&E destacada na Figura 9, onde fica evidenciada a evoluo harmoniosa de ambas as categorias. No entanto constata-se que h uma tendncia ao crescimento mais acentuado da demanda.

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Figura 9 - Papel de Imprimir e Escrever- Evoluo da Produo e Consumo, 1990-2000Em milhares de tProduo I&E 2.500 2.000 1.500 1.000 500 0 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Consumo Aparente

Fonte dos dados originais: Bracelpa

O contrrio ocorre na produo e consumo de papis de imprensa (Figura 10). Neste caso, a produo brasileira no consegue acompanhar o crescimento do consumo. Esta situao torna o segmento bastante sensvel o que poder levar o governo a apoiar polticas especficas de substituio de exportaes.

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Figura 10 - Papel de Imprensa- Evoluo do Consumo e da Produo, 1990-2000Em milhares de tProduo 800 700 600 500 400 300 200 100 0 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Consumo Aparente

Fonte: Bracelpa

O segmento de embalagens altamente sensvel ao crescimento da renda interna e do PIB, mostrando alta correlao com o nvel de atividade industrial em geral. atividade produtiva do pas, tambm cresceram de forma harmoniosa. A anlise da evoluo da produo e do consumo de embalagens mostra uma grande simetria entre Produo e Consumo. Um aumento mais acentuado do consumo, no entanto, teria que ser atendido por meio de importaes, o que sugere que h margens para o aumento da capaci ade produtiva instalada. d

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Figura 11 - Papel de Imprensa- Evoluo do Consumo e da Produo, 1990-2000Em milhares de tProduo 4.000 3.500 3.000 2.500 2.000 1.500 1.000 500 0 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Consumo Aparente

Fonte: Bracelpa

So Paulo, Paran e Santa Catarina concentram 80% da produo de papel no Brasil. Os fabric antes instalados em So Paulo so lderes nos segmentos de imprimir e de escrever, cartes e cartolinas e papis especiais produzidos com fibra curta. No Paran e Santa Catarina esto as empresas especializadas em papis de embalagem kraftliner e papel de imprensa, produzidos com fibra longa. Trs tipos de papis correspondem a mais da metade da produo papeleira no Brasil: off-set de I&E, capas de caixas de papelo (de embalagens) e miolo de embalagens. O principal tipo de papel fabricado no Brasil em 2000 o offset, com 1,5 milho de toneladas, 74% do total da produo de papis de imprimir, ou cerca de um quarto da produo total de papis no ano 2000. O segundo tipo de papel mais fabricado no Brasil o tipo capa de primeira, utilizado na fabricao de caixas de papelo, no setor de embalagens. Com produo de 1,3 milho de toneladas, este produto representa 39% do total do setor de embalagens e 18% do volume total de papeis produzidos. Quatro grandes conglomerados controlam a produo de papel de imprimir e escrever no Brasil: grupo Suzano, Votorantim, International Paper e Ripasa. Todos esto instalados em So Paulo, sendo que a Bahia Sul controlada pelo grupo Suzano atua na Bahia. J a produo de embalagens menos concentrada embora o grupo Klabin seja responsvel por 42% do volume total de embalagens produzidas no pas em 2000. Esta empresa, por meio de seu conjunto de plantas celulose e fbricas papel , tambm, lder na fabricao de celulose fibra longa, destinada

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produo de papis de maior resistncia e vem diversificando-se fortemente na produo de papis tissue. Uma primeira anlise das exportaes de papel, por categoria, mostram uma reduo do quantum exportado de papis de I&E e 2% entre 1996 e 2001 e um aumento nas exportaes de embalagens, cartes e especiais ( que aparece dentro da categoria Outros). Embora as exportaes de papis sanitrios tenham crescido sofrivelmente no final da dcada anterior elas mostram recuperao nos ltimo anos da srie.

Tabela 12 - Comrcio Exterior de Papel por Categoria, 1995-2000Exportao (mil t) Categorias I&E Imprensa Embalagem Sanitrio Papelcarto Outros /Especiais Total 1996 722 20 347 31 30 84 1.234 2000 585 14 378 24 90 134 1.225 2001 651 8 455 32 88 134 1.368 Variao (% ao ano) 2001/1996 -2,0% -16,7% 5,6% 0,6% 24,0% 9,8% 2,1% 2001/2000 5,5% -24,4% 9,7% 15,5% -1,1% 0,0% 5,7%

Fonte dos dados: PPI e Bracelpa (2001)

Dados da PPI confirmam um sensvel aumento no volume das exportaes de papis sanitrios (toilet tissue) para os Estados Unidos e Canad ainda em 1990 e uma sensvel reduo das exportaes para a Argentina e para o reino Unido.J as importaes, em quantum, mostram forte reduo em todas as categorias, com exceo de papis de I&E, cujas importaes aumentam entre 1996 e 2001 ( 5% ) para cair consideravelmente no ltimo ano da srie. Esta reduo caracteriza uma substituio de importaes, resultado dos investimentos realizados na Ripasa, Suzano e VCP.

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Tabela 13 - Comrcio Exterior de Papel por Categoria, 1995-2000Categorias I&E Imprensa Embalagem Sanitrio Papelcarto Outros Especiais Total Importao (mil t) 1996 2000 149 384 63 5 63 262 926 250 398 51 4 34 102 839 2001 190 297 28 2 31 64 632 Variao (% ao ano) 2001/1996 2001/2000 5,0% -5,0% -15,0% -16,7% -13,2% -24,6% -7,4% -12,8% -13,6% -25,9% -29,3% -4,5% -20,8% -13,2%

Fonte dos dados: Bracelpa e PPI (2001)

Nos captulos seguintes apresentaremos uma anlise da competitividade das exportaes brasileiras de P&C, analisando o desempenho das exportaes (com base nos dados do SECEX ) e o potencial de insero dinmica dos produtos da indstria papeleira nos mercados internacionais, levando-se em considerao as barreiras tarifrias. Antes, no entanto analisaremos a reestruturao patrimonial, junto com as fuses e aquisies que caracterizaram o perodo estudado.

III.3 Situao Patrimonial, Fuses e AquisiesSegundo a BRACELPA, 220 empresas integram a indstria de Papel e Celulose. Em conjunto, no ano 2000, elas faturavam US$ 7,5 bilhes, abrangendo desde atividades integradas de produtos florestais at a produo de papis. O quadro abaixo mostra a situao patrimonial de alguns dos mais importantes grupos atuantes na cadeia de papel e celulose. As receitas lquidas de vendas destas onze empresas representavam, em 2000, cerca de US$ 5 bilhes, cerca de 80% do conjunto das receitas desta indstria. Os ativos destas empresas foram avaliados em cerca de US$ 10 bilhes.

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Quadro 6 - Dados patrimoniais de empresas do setor de papel e celuloseMaiores empresas brasileiras - R$ 1.000.000EMPRESA KLABIN SUZANO ARACRUZ VCP BAHIA SUL CENIBRA RIPASA JARI PISA SANTHER ORSA Sub Total ATIVO TOTAL 1997 2.843 3.323 3.984 2.929 2.136 1.384 992 1.065 428 251 348 21.680 1998 2.779 3.413 4.174 3.049 2.146 1.451 946 1.044 413 269 341 22.023 1999 3.189 3.456 3.934 3.289 2.367 1.321 1.051 1.106 450 332 360 22.854 2000 4.357 3.942 3.939 3.487 2.430 1.587 1.089 1.088 527 403 376 PATRIMNIO LQUIDO 1997 1.228 1.416 2.285 1.894 961 525 609 617 314 123 148 1998 1.185 1.366 2.170 1.855 1.094 513 560 497 315 127 160 11.840 1999 1.017 1.441 2.148 1.985 1.236 610 612 343 325 98 196 12.010 2000 1.228 1.849 2.407 2.318 1.422 441 783 0 359 137 198 13.142 RECEITA LQUIDA DE VENDAS 1997 1.153 1.385 537 684 347 323 368 61 98 203 184 7.340 1998 1.106 1.379 536 731 327 323 406 117 118 219 190 7.450 1999 1.482 1.994 990 1.123 587 622 563 215 168 297 218 10.258 2000 1.884 2.501 1.342 1.437 734 839 748 302 215 390 249 12.641

25.225 12.117

Fonte: Bracelpa. Dados patrimoniais consolidados extrados dos Balanos.

O processo mais recente de aquisies e de fuses na indstria de papel explica-se pela necessidade de as empresas ampliarem a competitividade por meio da integrao da cadeia produtiva com aquisio de ativos que aumentem a competitividade, como os florestais. Alm disso, as empresas procuram reduzir custos e aumentar suas escalas de produo, condio necessria para atuar em mercados globalizados. Este movimento acentua-se a partir da segunda metade da dcada de noventa, aps a acentuada queda de preos da

celulose. Alm disso, constata-se um aumento na realizao de acordos de natureza estratgicos, tanto no mercado internacional quanto no nacional. uma verdadeira mudana patrimonial na cadeia de P&C brasileira. A aquisio de novos patrimnios florestais, por exemplo, conseqncia da estratgia de garantir o controle de matria prima em condies mais vantajosas. Em alguns casos, a mudana patrimonial teve o claro objetivo de estender o raio de ao de algumas empresas para produtos diferentes, deixando-as mais independentes da flutuao de preos das commodities. Por fim, percebe-se uma clara tendncia de integrao da cadeia de P&C aos mercados globais, talvez antecipando a integrao regional aos blocos regionais. Observese que a participao de empresas internacionais no Brasil ainda relativamente pequena. acabaram por caracterizar

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De acordo com a Bracelpa (2001) os exemplos mais significativos das mudanas patrimoniais e fuse e de aquisies foram: A aquisio da participao da Cia Vale do Rio Doce na Bahia Sul pela Suzano, que passou a deter 100% do seu capital; A participao acionria em 28% do capital votante da VCP na Aracruz; A compra da Igaras, em Santa Catarina pela Klabin; O controle de 100% do capital da Cenibra pelo Japan Brazil Paper and Pulp (JBPP); A aquisio pela Aracruz da participao da Odebrecht na Veracel; A compra da fbrica de papis Pisa pela Norske Skog; A aquisio da Champion pela International Paper.

No caso da Suzano, que adquiriu 20% do capital da Bahia Sul, que estavam com a Cia Vale do Rio Doce. Alm disso a Suzano havia adquirido expressiva participao (cerca de 49% do controle acionrio) da Portucel, maior fabricante de celulose de Portugal. Com estas aquisies, a empresa passou a movimentar cerca de 2,4 milhes de toneladas de produtos de papel e celulose, a cada ano. A Cenibra, outra empresa afetada pela desmobilizao do patrimnio florestal da Vale, foi adquirida pelo consrcio japons Japan Brazil Paper and Pulp. Esta empresa japonesa controlada em cerca de 50% do seu capital pelo Japan Bank for International Corporation. No caso da Klabin, alm da compra da Igaras, empresa estratgica na produo de celulose e de fibra longa, houve a formao da joint-venture com a empresa norteamericana Kimberly-Clark para o controle do estratgico segmento de papis tissue, absorventes e sanitrios. A nova Klabin-Kimberly aumenta a sua capacidade de exportao destes ltimos produtos para mercados dos pases americanos.

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O quadro abaixo resume as principais fuses e aquisies ocorridas na indstria de papel e celulose.

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Quadro 7 - Relao das principais fuses e aquisies no setor de papel e celulose, 1992-2000EMPRESA SIMO KIMBERLY CLARK IGUAU NICOLAUS PAPEIS J.BRESLER MAD. SGURIO NICOLAUS PAPEIS PIRAHY FAB.PAPEL GUAIBA KLABIN TISSUE INPACEL CELPAV TROMBINI* IGARAS IGARAS SALTO SALTO SALTO VERACEL VERACEL VERACEL CONPEL BACRAFT LALEKLA KLABIN JARCEL SALTO BACELL CATAGUASES IBERKRAFT PISA CHAMPION l. IND.P. STO.AMARO AGAPRINT BAHIA SUL CENIBRA PORTUCEL ARACRUZ PISA Aquisio de 26% da Mondi VCP ARJO WIGGINS KLABIN LENZIG GRUPO IBRIA GRUPO IBRIA NORSKE SKOG INT. PAPER IPB RIGESA SUZANO JBP SUZANO + SONAE VCP NORSKE KLABIN NORSKE SKOG ODEBRECHT STORA ENSO ARACRUZ ARACRUZ+STORAENSO GRUPO DE PAULI KLABIN / KIMBERLY KLABIN Joint-Venture at 2003 ORSA 1999 2000 2001 1999 1999 1999 VCP ARJO WIGGINS ARJO WIGGINS 1999 Riverwwod KLABIN ARJO WIGGINS FUSES/ AQUISIES INCORPORADO POR: VOTORANTIM MELHORAMENTOS SONOCO BRASIL AHLSTROM PAPEIS ORSA ORSA MD PAPEIS SCHWEITZER MAUDUIT SANTHER Kimberly KlabinKIMBERLY CHAMPION / INT. PAPER VOTORANTIM IGARAS DATA 1992 1994 1995 1995 1996 1996 1997 1998 1998 1998 1998 1988 1998 1996 2000 1999 nd 100% 100% 50% 50% 100% 50% 50% 45% 100% 100% 100% 100% Celulose (PROJETO) Aquisio 10% da Oderbrecht Embalagem/sacos Tissue Tissue Papel imprensa Celulose Papeis de segurana Celulose para Dissoluo Embalagem Embalagem 100% 100% 100% 100% 100% 100% 28% 26% PAR + papel imprensa Cel. + Papel I&E Cel. F.L.+ embalagem Embalagem Celulose + Papel Celulose Celulose e Papel Celulose Papel 600 / 250 830 400 BEKP 120 300 27 100 50 25 270 / 190 305 / 365 42 / 56 28 15 Papel segurana Celulose (PROJETO) 27 750 (projeto) PART. 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 50% 100% 100% 100% PRODUTO CFCB +Imprimir e Escrever Tissue Kraft Baixa Gramatura Papel Filtro Embalagem Embalagem Papel Especial + Carto Papeis Especiais Tissue Tissue LWC Imprimir e Escrever Embalagem Embalagem Celulose / kraftliner Papel segurana Papeis de segurana 360 / 460 360 / 460 17 27 CAP. ANUAL 1000 t 250 25 20 4 35 90 70 48 20 155 185 100

2000 50+50% 2000 nd nd nd nd 2000 2000 2000 2000 2001 2001 2001 2001 2001 100% 50%

Fonte: Bracelpa 2002

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A reestruturao produtiva e patrimonial da dcada de noventa atingiu, tambm, as empresas papeleiras. Assim, as incorporaes/fuses da Simo e da Conpel pela Votorantim, da Copa e da Alcntara, pela Klabin, da Inpacel pela Champion, da Papelock pela Igaras e, mais recentemente, da Pisa pela Norske Skog esto contribuindo para aumentar o nvel de concentrao neste setor. Segundo o jornal Gazeta Mercantil, esta ltima aquisio envolveu acirrada disputa, ao final da qual os ativos foram adquiridos pela Norske por 200 milhes de dlares. A reestruturao em curso revela tendncia associao com grupos internacionais, alguns com atuao dentro do pas, outros novos no mercado brasileiro. No que se refere aos investimentos realizados na dcada de noventa constata-se duas tendncias principais:

Uma primeira onda de investimentos ambientalmente motivados realizados por fabricantes de celulose e investimentos na compra de mquinas de papel na primeira metade dos anos noventa (at 1992);

Investimentos em ampliao de capacidade de produo de celulose a partir de 1998 cujos resultados ainda esto sendo avaliados.

A primeira onda de investimentos esteve estreitamente relacionada motivao ambiental e necessidade das empresas exportadoras de celulose adequarem seus processos produtivos s novas tecnologias de processamento da celulose por mtodo livre de cloro molecular. Estas tecnologias so adotadas na fase de branqueamento da pasta a partir da introduo de novas seqncias de reaes e da substituio de um dos principais reagentes, o gs cloro por outros reagentes substitutos: dixido de cloro (processo Elemental Clorine Free ou ECF), o perxido de hidrognio e o oznio, alternativamente. Novas plantas industrias ou ampliaes j incorporam processos ECF, como ocorrem

na Aracruz, Bahia Sul, Cenibra, Klabin, Riocell, Jar, Suzano, Ripasa, VCP. Estes investimentos foram acompanhados pelo processo de certificao ambiental.No comeo de 1995 a Bahia Sul, cuja nova planta operava inteiramente dentro do processo ECF, foi a primeira empresa a receber o certificado de gesto do Bureau Veritas Quality

Internacional, ligada srie ISO 14.000.

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Alm de investir na eliminao do cloro molecular, a maioria dos fabricantes de celulose realizaram investimentos em controle ambiental na emisso de efluentes lquidos e de compostos de enxofre, reduzindo a emisso de partculas slidas e melhorando a qualidade do ar. A Suzano, Riocell. Klabin e Cenibra, alm das empresas j citadas, realizaram investimentos especficos com estes objetivos.( Ver Fonseca, 1995)7 . Alm da modernizao do processo industrial, ainda no incio da dcada de noventa, as empresas realizaram importantes investimento na aquisio de equipamentos e mquinas, especialmente na aquisio de caldeiras de recuperao, cuja dimenso est associada ganhos de escala. Tambm foram realizados investimentos significativos em automao e instrumentao, especialmente no SDCD, que na poca representava um importante avano em relao instrumentao tradicional. A partir de 1998 iniciaram-se novos projetos de expanso de capacidade de produo de celulose. No obstante, as mudanas mais significativas tiveram incio a partir de 1999. Suas motivaes bsicas foram: aumentar a capacidade de exportao (Suzano) ou

substituir importaes (VCP). A joint-venture da Klabin com a Norske, que se encerrou no final de 2002, tambm envolve a investimentos em modernizao e expanso (ver Quadro 6). Observe-se que os investimentos em ampliao da capacidade instalada de celulose so muito intensivos em capital e necessitam longo perodo de amortizao. Dada a combinao de taxas de juros, pequena dimenso do mercado de capitais e a recente e explosiva combinao de altos juros e cmbio valorizado, alguns investimentos foram postergados. A alternativa seguida por algumas empresas, como a Klabin, resultou em alto nvel de endividamento em dlar.

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Com base em pesquisa realizada pelo BNDES para trabalho da autora.

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Quadro 7a - Novos Investimentos em P&C no BrasilDetalhamento dos Novos Investimentos por Empresa (em U$ bilhes)Empresas VPC Bahia Sul Aracruz Norske-Klabin Cenibra Arjo Wggins Jari-Orsa Sub-total Valor (U$M) Data Objetivos Metas 500 mil t/a em 02 40 mil t/a 01-(U$ 35M) 1.2 M t/a at 04 2.0M t/a em 04 1 M t/a em 2002 25 nil t/a em 2002 300 mil t/a em 2001 Mercados Alvos auto-consumo,externo mercado interno auto-consumo,externo mercado externo USA, Europa interno e Aladi/ Mercosul nternacional U$ 175 M Exportaes mais 400 mil t/a em 02 mais 400 mil t/a at 04 mais 600 mil t/a em 03 200 mil t/ano em 02 530 2000/02 ampliao da capacidade de produo celulose 80 2000 expanso da produo papis I&E 1.500 2001/04 60 830 2000/03 500 2000/03 180 2000/02 70 2000/02 54 3.804 duplicar capacidade de produo de celulose construo da 3a. planta de celulose (ECF)** ampliao da cap. de produo papel imprensa ampliao produo de celulose ampliao da produo de papis especiais 2000 reconverso prod.papel p/ linha alcalina 350 mil t/a em 03 (U$ 200M) mercado interno

2000 recuperao operacional

O quadro 7a apresenta uma estimativa de investimentos realizada para o IPEA por Miranda no qual so previstos inverses da ordem de US$ 3.8 bilhes entre 2000 e 2003, o que ampliaria a capacidade de produo em cerca de 1.4 milho de toneladas ano. Se prev tambm uma substituio de importaes no valor de U$ 200 milhes para papel de imprensa, com a produo atendendo cerca de 60% da demanda interna. Em conjunto, segundo o estudo do IPEA, espera-se uma ampliao de 15% a 20% nas exportaes da cadeia de P&C. a partir de 2002/2003. Os investimentos em P&D na cadeia de P&C so relativamente baixos. Em alguns casos os investimentos esto ligados ao processo de reestruturao patrimonial. Este o caso da aquisio da Indstria de Papel Salto ex-VPC- pela Arjo Wiggins para produzir papis especiais (papel-moeda e papis de segurana). O objetivo da associao transformar o Brasil no maior exportador destes tipos de papis alm de ampliao de negcios com pases da frica e da sia. No caso especfico de papel e papelo est em curso um processo de consolidao do setor em as principais empresas esto procurando scios estratgicos para obteno de ganhos de escala posicionamento no mercado internacional. e melhor

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IV. Exportaes e Importaes de Papel e CeluloseO desempenho das exportaes dos produtos do complexo papel e celulose na segunda metade da dcada de noventa, assim como o da maioria dos itens mais importantes da pauta de exportao brasileira, foi influenciado pela estabilizao de preos interna ao

pas, pela reduo dos incentivos e pela eliminao da indexao da poltica cambial (Baumann e Castro Neves, 1998). A demanda dos matria-prima. Apesar destes problemas, e de uma brutal queda de preos da celulose aps 1995, as exportaes desta commodity conseguiram se expandir razoavelmente. O resultado revelase mais grave, no entanto, para o segmento papeleiro cujos produtos acompanharam, pelo menos at o incio de 1999, o comportamento errticos das exportaes e industrializados, estabilizao, alm disso, afetou a estrutura de

produtos exportveis entre os quais os produtos que usam a celulose como

a perda de competitividade das exportaes brasileiras em vrios mercados e crescimento das importaes. Note-se tambm, que os efeitos de uma apreciao do Real, especialmente se combinados com os impactos de uma poltica de alta taxa de juros, podem perdurar, impedindo a reestruturao das operaes voltadas ao comrcio exterior. Isso foi o que ocorreu aps a desvalorizao do real , em 1998. Alm disso, a indstria de P&C enfrentou uma notvel reduo dos preos

internacionais da celulose aps 1995 reduzindo as margens de lucro das empresas de papel e celulose por vrios anos seguidos. A competio na indstria papeleira, como tambm j foi assinalado, caracteriza-se pela maior diferenciao de produto o que, em tese, representaria maiores margens de lucro. Apesar disso, a fabricao de papel no Brasil ressente-se da escala de produo embora, as empresas integradas de celulose e papel, como a Klabin e a Suzano, beneficiam-se das mesmas vantagens de custos dos fabricantes de celulose. Outro aspecto importante foi o aumento das transaes comerciais. A dcada de noventa testemunhou o notvel aumento do comrcio regionalizado em geral acompanhado pelo aumento de barreiras ou pela reforma de mecanismos de suporte institucional para

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favorecer o comrcio dentro dos prprios Blocos. Isso foi o que aconteceu no caso das exportaes de papis para Europa cuja perda de competitividade se deve excluso do Brasil do Sistema Geral de Preferncias. Nos prximos captulos analisaremos a o desempenho exportador da cadeia industrial

de papel e celulose, procurando destacar as oportunidades e problemas abertos maior participao dos fabricantes de papel e celulose nos mercados europeus, agora atravs da Unio Europia, e nos mercados dos pases que integraro a futura ALCA, incluindo os pases do MERCOSUL e ALADI. IV.1 Exportao de Celulose Desempenho GeralAs exportaes brasileiras de celulose e papel representam cerca de 4% da pauta brasileira de exportaes, em qualquer ano de 1995 a 2001. Esta expressiva participao foi obtida atravs de notvel esforo de aumento da capacidade de produo bem como de ganhos de eficincia durante na dcada de 90. O desempenho das exportaes de celulose tem garantido saldos positivos e crescentes para o Balano Comercial apesar da grande apreciao da moeda brasileira no entre 1994 e 1998 e da impressionante queda de preos desta commodities aps 1995 . O saldo comercial de celulose, segundo dados do SECEX era de US$ 556 milhes, ainda no comeo dos anos 90. Em 2000 ele atinge U$1,365 bilho, mais do que dobro do valor mencionado. Em 1995, o saldo alcana U$1,48 bilho mas em 1996 h queda de 36% no valor exportado, com as exportaes ficando em menos de bilho de dlares (US$ 0,95 bilho). A figura 12 mostra que o papel decisivo das exportao de celulose na manuteno do saldo entre 1995 e 2000. A partir de 1997, no entanto, as exportaes recuperam-se para U$1,02 bilho e em 1998, U$1,05 bilho. A partir deste ano, e especialmente aps a desvalorizao de 1998 o incremento contnuo, com as exportaes passando de U$ 1,24 bilho em 1999, para U$ 1,60 bilho em 2000. Em 2001 os dados preliminares indicavam que o total exportado foi de U$1,25 bilho. J as importaes no revelaram grande crescimento entre 1995 e 2000, passando de U$ 170 milhes em 1995 para U$ 240 milhes em 2000. Estas importaes so basicamente com compras de celulose fibra longa branqueada.

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Figura 12 - Comrcio Exterior Brasileiro de Celulose, 1995-2000Em US$ milh esImportaes 3.500 3.000 2.500 2.000 1.500 1.000 500 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Exportaes Saldo

Fonte: Secex, 2001 - trabalhado pelos autores.

As exportaes brasileiras de celulose esto basicamente concentradas em um produto: pasta qumica branqueada de madeira, fibra curta, no-confera (eucalipto) em processo sulfato Kraft (posio 470329 na classificao de produtos a 06 dgitos da NCM-Sh). A concentrao das exportaes pode ser vistas na tabela abaixo. Tabela 14 - ndice de Herfindal das Exportaes Brasileiras de Celulose, Produtos a 06 dgitos da NCM -Sh, 1995-20001995 88,4% 1996 84,9% 1997 85,5% 1998 87,4% 1999 89,9% 2000 90,9%

Observe-se que durante toda a segunda metade da dcada o ndice de Herfindal mantm-se em torno de um valor prximo de 1, o que indica a elevada concentrao das exportaes em torno do produto mencionado. De acordo com os dados preliminares da

BRACELPA para 2001, o quantum das exportaes de celulose de eucalipto (mtodo sulfato) representa 100% das exportaes.

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Os principais mercados de destino das exportaes brasileiras de celulose so a Europa, Amrica do Norte e sia. A figura 15 mostra a evoluo das exportaes em 4 principais destinos. Figura 13 - Exportaes Brasileiras de Celulose por Destino, 1995-2000Em milhares de US$Europa 1.000 Amrica do Norte sia Amrica Latina Outros

800

600

400

200

1995 (200) 1996 1997 1998 1999 2000

Fonte:Bracelpa

Observe-se, em primeiro lugar,

que a queda das exportaes, em valor em 1996 teve

reflexos sobre todos os destinos, quase de forma idntica em razo dos preos globalizados. No entanto, a recuperao do valor exportado, de 1996 a 2000, parece ter seguido duas etapas em funo do quantum exportado: a primeira, de 1996 e 1997, com maior contribuio das exportaes para sia, especialmente para o Japo, e a segunda, de 1999 a 2000, em que fica ntido o crescimento das exportaes em direo Europa e para NAFTA. A anlise do desempenho das exportaes de celulose para os pases da Amrica Latina mostra que estes respondem por uma parte muito pequena do total exportado, menos de 2% em todos os anos do perodo. A figura 14 mostra o quadro esttico da distribuio por destino das nossas exportaes de celulose destacando os pases de destino.

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Figura 14 - Exportaes Brasileiras de Celulose por Destino 2000em percentagemINDONESIA 3% COREIA REP.DA 4% FRANCA 5% ALEMANHA 5% REINO UNIDO 7% ITALIA 8% JAPAO 13% CHINA 4% ESTADOS UNIDOS 28% SUICA 3% FORMOSA (TAIWAN) 1%

BELGICA 19%

Fonte: Valores em US$ fornecidos pelo SECEX , 2001 - trabalhado pelos autores.

Os Estados Unidos e o Japo, Blgica, Itlia, Reino Unido, Alemanha , Frana e Sua so os nossos maiores compradores de celulose em 2000. A Blgica aparece em destaque por causa de seu porto, Anturpia, na realidade um entreposto de distribuio para outros pases da Unio Europia. IV.2 Exportao de Papis- Desempenho Geral

O desempenho das exportaes de papis durante a segunda metade da dcada de noventa ficou bem aqum do da celulose de mercado. Isso se reflete no menor saldo comercial do segmento papeleiro. A figura 15, abaixo, mostra o saldo positivo no comrcio brasileiro de papel diminuindo no perodo de apreciao do Real. A figura mostra o valor das exportaes de papis em queda entre 1995 e 1996, quando passa de U$1,23 bilho para U$ 860 milhes. A partir da, a recuperao do saldo das exportaes de papis d-se por conta da reduo das importaes.

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Figura 15 - Comrcio Exterior Brasileiro de Papel, 1995-2000Importao 3.000 2.500 Exportaes Saldo

2.000 1.500 1.000

500 1995 1996 1997 1998 1999 2000

Fonte: Secex, 2001 - trabalhado pelos autores.

No entanto, o perfil estrutural das exportaes brasileiras de papel mostra-se bem mais desconcentradas do que o de celulose, considerando-se os produtos a 06 dgitos da classificao NCM-Sh. Isso ocorre devido ao fato deste segmento da cadeia basear-se na diferenciao de seus produtos. A menor concentrao ocorre tanto para as exportaes, quanto para as importaes de papis. Neste ltimo caso, isso tambm reflete a preferncia do consumidor brasileiro pela variedade de produtos importados. Isso pode ser visto na tabela 14 abaixo, que mostra o ndice de Herfindal para as exportaes brasileiras de papel, dadas as exportaes por categoria.

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Tabela 14 - ndice de Herfindal para o Fluxo Comercial de Papel por Categoria, 1995/001995 Exportao 35,5% 1996 28,4% 1997 33,9% 1998 29,3% 1999 26,2% 2000 20,3%

Fonte: Secex, 2001 - preparado pelos autores.

Quatro categorias de papis - de imprimir/escrever (I&E), papis no- revestidos, papel higinico, cartes/cartolinas e Kraftliner representavam 56% do total das exportaes em 2000. Observe-se que em 1995 este grupo de produtos representava 77% do valor total exportado. Neste perodo, outras cinco categorias de produtos (caixas de papelo, cadernos, papel couch, papel carto revestido e outros tipos de sanitrios), que tinham participao de 4,5%, em 1995, aumentam sua participao para 20,5%. Isso revela uma espcie de reestruturao do perfil exportaes, que tambm confirmada pela maior

desconcentrao do ndice de Herfindal. Figura 17 - Exportaes Brasileiras de Papel por Categoria, 1995-2000Em US$ milharesEmbalagem 900.000 800.000 700.000 600.000 500.000 400.000 300.000 200.000 100.000 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Imprimir/Escrever Outros

Fonte: SECEX- elaborada pelos autores

Segundo dados da PPI, em 2000 foram exportados 1.235 toneladas de papis do Brasil, sendo 49% deste total em papis de imprimir e escrever (56,84% no ano anterior), 23,1%

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embalagens 22,3% no ano anterior) e 19,4% papis especiais ( 11,3% em 1999. Segundo a BRACELPA, as vendas externas totais de papis (em quantum) atinge 1.106 toneladas no ano de 2000 e 1.221 toneladas em 2001. A anlise da evoluo das quantidades exportadas por categoria mostra um quadro um pouco mais conservador, no que se refere reestruturao, com as categorias principais mantendo a participao durante o segundo quinqunio.. Em 2001, 52% do quantum exportado pertencem categoria de papis de I&E e 37% de embalagens. Em 1995 as vendas externas de papis de I&E representam cerca de 60% e as de embalagens, de 32%. Em termos de destino, as exportaes de papel aumentam especificamente para algumas regies, no caso a regio da futura ALCA. Em conjunto, as exportaes para os pases das Amricas saltaram de 46,7% em 1995, para 76,9% do valor total da pauta de exportao brasileira de papel, em 2000. Ao mesmo tempo, ainda segundo os dados do SECEX, verifica-se um decrscimo de quase dois teros nas vendas de papel Europia. para a Unio

De 1995 2000, o valor das exportaes para esse destino cai de U$312

milhes para U$108 milhes. Tal perda de competitividade foi uniformemente distribuda entre categorias de papel, sendo que nenhuma delas apresentou crescimento do valor exportado positivo maior que U$2 milhes, em valores absolutos, dentro do perodo de 1995 e 2000. No h dvidas que a criao da EU adicionou mercados para a oferta de papis das empresas integradas (fabricantes celulose e papel integrados) do Continente. Alm disso, as empresas no integradas adquiriam maior escala atravs de um intenso processo de fuses e aquisies, que ocorreu desde o tratado de Maastrich. Alm disso, uma srie de acordos regionais bilaterais garante acesso comercial preferencial dentro do mesmo Bloco, o que coloca os exportadores brasileiros, em princpio, em uma posio desvantajosa O aumento das exportaes do Brasil para os pases da Amrica do Norte e do Sul acompanhou a tendncia disperso dos destinos na pauta de exportaes brasileira, isto , os mercados de destino tambm esto cada vez menos concentrados.

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Tabela 15 - Destino das Exportaes Brasileiras de Papel, 1995/00US$ FOB milhares1995 frica sia Amrica Latina Nafta Unio Europia Mercosul Outros TOTAL 1996 1997 1998 1999 2000 % em 95 % em 98 % em 00 4,5% 7,5% 15,4% 9,2% 25,4% 4,3% 2,7% 18,0% 9,6% 17,2% 2,9% 5,0% 24,1% 11,3% 11,5% 41,5% 3,7% 100,0% 55.532 45.828 50.907 39.993 38.622 27.175 92.428 80.200 61.451 25.303 38.737 47.413 188.849 103.992 147.240 167.031 175.721 227.084 113.122 56.528 64.221 89.502 98.933 105.999 312.295 149.214 152.000 159.548 147.976 108.162

271.945 282.440 328.244 368.916 345.134 390.333 22,1% 39,7% 195.366 145.601 162.241 79.688 55.635 34.840 15,9% 8,6% 1.229.536 863.803 966.304 929.981 900.758 941.005 100,0% 100,0%

Fonte: Bracelpa

Ainda do caso das exportaes para os pases das trs Amricas, as exportaes de papis tipos Kraftliner, Caixas de papelo e Outros Papis, que respondiam por cerca de 15% do valor das exportaes brasileiras para esta rea, cresceram a uma taxa de mais de 10% ao ano durante o perodo. Isso elevou a participao do grupo de produtos para

32,2%, em 2000. Enquanto isso, a categoria lder das exportaes para este conjunto de pases, em 1995 - papis de I&E- mostra participao constante em termos e valor durante o perodo analisado (de U$191 milhes a U$207 milhes de 1995 a 2000). Na realidade, sua participao no total declina de 43% em 1995 para 31% em 2000, dado o crescimento dos valores exportados para esta rea nas demais categorias de papel8 .

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Mais uma vez observe-se que a anlise em quantum revela uma situao mais conservadora.

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V. Novas oportunidades abertas exportao de papel e celuloseNormalmente, a busca de novas oportunidades de comrcio feita pela determinao dos produtos que apresentam tendncia crescente de participao na pauta exportadora do pas e que, ao mesmo tempo, estejam ocupando um espao significativo na demanda mundial crescente. Ou seja, determinam-se os produtos disso, cujas exportaes estejam crescendo e