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HORTICULTURA NO BAIXO CURSO DO RIO DOCE, ZONA NORTE DO NATAL/RN: AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA POR MEIO DE ENSAIOS ECOTOXICOLÓGICOS WANESSA KALINE DE ARAÚJO MOURA 2010 Natal RN Brasil UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE/PRODEMA

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HORTICULTURA NO BAIXO CURSO DO RIO DOCE, ZONA NORTE DO

NATAL/RN: AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA POR MEIO DE ENSAIOS

ECOTOXICOLÓGICOS

WANESSA KALINE DE ARAÚJO MOURA

2010

Natal – RN

Brasil

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE/PRODEMA

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Wanessa Kaline de Araújo Moura

HORTICULTURA NO BAIXO CURSO DO RIO DOCE, ZONA NORTE DO

NATAL/RN: AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA POR MEIO DE ENSAIOS

ECOTOXICOLÓGICOS

Dissertação apresentada ao Programa Regional de

Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio

Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte (PRODEMA/UFRN), como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do título de

Mestre.

Orientador: Profª. Dra. Raquel Franco de Souza

Co-Orientador: Profª. Dra. Cimone Rozendo de Souza

2010

Natal – RN

Brasil

15

16

Wanessa Kaline de Araújo Moura

Dissertação submetida ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e

Meio Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN),

como requisito para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

Aprovada em:

BANCA EXAMINADORA:

_______________________________________________

Profª. Dra. Raquel Franco de Souza

(Presidente - Orientadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN)

______________________________________________

Profº. Dra. Maria Cristina Basílio Crispim da Silva

(Examinador Externo – PRODEMA/UFPB)

Universidade Federal da Paraíba

_______________________________________________

Prof(a). Dr(a).Eliane Marinho Soriano

(Examinador Interno - PRODEMA/UFRN)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

17

Dedico este trabalho a minha mãe Edna,

minha avó Maria, aos meus irmãos e a Marcelo

Correia que compartilharam dos meus ideais,

incentivando-me a prosseguir quaisquer que

fossem os obstáculos.

Minha eterna gratidão e reconhecimento

de que nos méritos desta conquista há muito da

presença de todos vocês.

DEDICO

18

AGRADECIMENTOS

A Deus, que esteve sempre ao meu lado, dando-me forças e sabedoria nos momentos

de alegria e desânimo.

À minha orientadora, professora Dra Raquel Franco de Souza Lima, por toda

dedicação, ensinamento, paciência e companheirismo. Minha eterna gratidão!!!

À minha co-orientadora, professora Dra Cimone Rozendo de Souza, por todos os

conselhos e apoio.

Ao professor Dr. Guilherme Fulgêncio de Medeiros (Seu Guila), grande colaborador

deste trabalho, por ter aberto as portas do seu laboratório para a realização dos ensaios

ecotoxicológicos.

À CAPES pela bolsa concedida, que possibilitou minha dedicação total durante a

realização deste estudo.

À minha turma de mestrado – PRODEMA 2009.1, pelos momentos de alegria e

realizações compartilhados, especialmente a Priscila Daniele Fernandes Bezerra, amiga de

todas as horas. Valeu amiguinha!!!!

À equipe do LAB-ECOTOX, pelo apoio e parceria, especialmente a Jaísa Marília dos

Santos Mendonça que me ensinou os primeiros passos na área da ecotoxicologia e aos demais

“marujos de água doce” – Mycarla, Samanta, Moriana, Alexandre, Aline e Richely. Obrigada

por tudo!

Aos colegas de orientação, Josiel de Alencar Guedes e Rejane Batista Lopes, por toda

ajuda e companheirismo durante as coletas de água em Gramorezinho.

A Marcelo Correia da Silva pela dedicação e carinho incondicional durante todos esses

anos.

A todos os meus familiares, mãe, avó, irmão e irmãs, por todo apoio e torcida.

Ao meu sobrinho Victor Hugo Moura de Souza e a minha prima Ulana Cristina de

Araújo Tavares pelo apoio de todas as horas.

À amiga Daniele Bezerra dos Santos e ao Professor Francisco de Assis Maia Lima,

Coordenador do curso de Ciências Biológicas - FACEX, pela compreensão e ajuda quando

precisei me afastar do trabalho para as atividades do mestrado, antes de ser contemplada com

a bolsa. Obrigada!

E por fim, a todos que direta ou indiretamente contribuíram para realização deste

trabalho.

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RESUMO

HORTICULTURA NO BAIXO CURSO DO RIO DOCE, ZONA NORTE DO

NATAL/RN: AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA POR MEIO DE ENSAIOS

ECOTOXICOLÓGICOS

O trabalho de pesquisa objeto deste projeto é desenvolvido em áreas de horticultura

no município de Natal, nos bairros de Lagoa Azul, Pajuçara e Redinha, ao longo do Rio Doce,

limite com o município de Extremoz, Rio Grande do Norte. A região da planície fluvial do

Rio Doce localiza-se em Zona de Proteção Ambiental (ZPA-9). Esta ZPA é uma das que

ainda não estão regulamentadas e nela são observados diversos problemas ambientais

decorrentes do uso e ocupação do solo, caracterizando um flagrante desrespeito à legislação

ambiental e cuja proteção é dificultada devido à inexistência de mecanismos legais

específicos. Este trabalho tem por objetivos apresentar um panorama sobre o uso de

agrotóxicos na região do baixo curso do Rio Doce, em Natal, Rio Grande do Norte, bem como

avaliar a degradação ambiental na área por meio de testes de toxicidade crônicos, utilizando o

microcrustáceo Ceriodaphnia dubia Richard, 1894 (Crustacea, Cladocera) como organismo

teste. Foram realizadas visitas à área em 2009 e 2010. Para obtenção de informações foi feito

um diagnóstico da situação local baseado em observação pessoal não participativa e registro

fotográfico, com o intuito de averiguar as características do ambiente, diversidade

populacional e processo de trabalho dos horticultores. Durante as visitas foram escolhidos

quatro pontos distintos do Rio Doce para a coleta de água para ensaios ecotoxicológicos e

para o levantamento de parâmetros físico – químicos (Oxigênio Dissolvido, pH, cloreto,

turbidez, condutividade e temperatura), que foram medidos em campo utilizando Sonda

Multi-paramétrica (TROLL 9500). Os efeitos adversos da utilização dos agrotóxicos na região

do baixo curso do Rio Doce constituem um problema tanto para o meio ambiente quanto para

a saúde humana, uma vez que muitas das substâncias e princípios ativos que compõem os

produtos são moléculas sintetizadas, cujos efeitos somente poderão ser avaliados a partir de

estudos variados sobre as suas atuações e o seu comportamento, de curto, médio ou longo

período.

Palavras-chave: Zona de proteção ambiental. Agrotóxicos. Ceriodaphnia dubia

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ABSTRACT

HORTICULTURE IN THE LOWER COURSE OF THE DOCE RIVER, THE

NORTHERN NATAL / RN: EVALUATION OF WATER QUALITY THROUGH

TESTING ECOTOXICOLOGICAL

The research is developed in areas of horticulture in the city of Natal, in the neighborhoods of

Lagoa Azul, Pajuçara and Redinha, along the Doce River, border area with Extremoz city,

Rio Grande do Norte State. The region of the fluvial plain of Doce River is located in an

Environmental Protection Zone (ZPA-9). This is one of the ZPA which is not under the

regulatory marks and there are several environmental problems caused by use and land

occupation, featuring an evident disregard of environmental laws and whose protection is

hindered by the lack of specific legal mechanisms. This study aims to provide an overview of

the use of pesticides in the lower course of the Doce River, in Natal, Rio Grande do Norte,

and to assess environmental degradation in the area through chronic toxicity tests using the

microcrustaceous Ceriodaphnia dubia Richard 1894 (Cladocera, Crustacea) as test organism.

Visits were made to the area in 2009 and 2010. To obtain information a diagnosis of the local

situation was accomplished based on personal observation and non-participatory photographic

record, with the aim of assessing the environmental characteristics, population diversity and

work processes of horticulturists. During the visits four different points of the Doce River

were chosen to collect water for ecotoxicological tests and survey of physico-chemical

parameters (dissolved oxygen, pH, chloride, turbidity, conductivity and temperature), which

were measured in the field using Multiparameter Probe (TROLL 9500). The adverse effects

of pesticide use in the lower course of the Doce River is a major problem for both the

environmental and human health, since many of the substances and active principles that enter

in the composition of the products are synthesized molecules whose effects can only be

evaluated through different studies on their actions and behavior at short, medium or long

term.

Keywords: Environmental Proctection Zone. Pesticides. Ceriodaphnia dubia

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Ceriodaphnia dubia, Richard, 1894 (Crustacea, Cladocera) .................. 30

Figura 1.1 – Zonas de Proteção Ambiental, Natal/RN ............................................ 49

Figura 1.2 – Pontos de amostragem no Rio Doce ..................................................... 52

Figura 1.3 – Representação gráfica dos parâmetros físico-químicos ...................... 54

Figura 1.4 A e B – Cultivo de plantas medicinais em leiras .................................... 57

Figura 1.4 C – Agricultor com pulverizador e sem uso de EPI ............................... 57

Figura 1.4 D – Embalagens diversas ........................................................................ 57

Figura 1.4 E – Embalagem de fertilizante ................................................................ 57

Figura 1.4 F – Caixa vazia de formicida pó ............................................................. 57

Figura 2.1 – Pontos de amostragem ......................................................................... 72

Figura 2.2 – Parâmetros físico-químicos da água – representação gráfica............. 78

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Resumo das condições de cultivo da Ceriodaphnia dubia ...................... 33

Tabela 1.1 – Agrotóxicos mais utilizados na região do Rio Doce, Natal/RN ........... 60

Tabela 2.1 – Lista dos componentes analisados pelo Instituto Técnico de

Pernambuco - ITEP. ................................................................................................. 73

Tabela 2.2 – Resultado dos ensaios ecotoxicológicos da água do poço (P1) e do

Rio Doce (P3 – P6)..................................................................................................... 74

Tabela 2.3 A - Parâmetros físico-químicos da água do poço, ponto P1 .................. 76

Tabela 2.3 B - Parâmetros físico-químicos da água do Rio Doce, pontos P3 .......... 76

Tabela 2.3 C - Parâmetros físico-químicos da água do Rio Doce, ponto P4 ........... 76

Tabela 2.3 D - Parâmetros físico-químicos da água do Rio Doce, pontos P5 .......... 77

Tabela 2.3 E - Parâmetros físico-químicos da água do Rio Doce, pontos P6 .......... 77

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LISTA DE SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

AGED/MA - Agência Estadual de Defesa Agropecuária do Maranhão

ANDEF – Associação Nacional de Defensivos Agrícolas

ANVISA - Agencia Nacional de Vigilância Sanitária

CE50 – Concentração Efetiva Média

CENO – Concentração de Efeito Não Observado

CEO – Concentração de Efeito Observado

CETESB - Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental de São Paulo

CL50 – Concentração Letal Média

CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente

EPA - Environmental Protection Agency

EPI - Equipamento de Proteção Individual

FAO - Food and Agriculture Organization

FECEAGRO – Fórum Estadual de Combate aos Efeitos dos Agrotóxicos na Saúde do

Trabalhador, no Meio Ambiente e na Sociedade

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDIARN - Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária do Rio Grande do Norte

MAPA - Ministério da Agricultura e Abastecimento

MS - Ministério da Saúde

OD - Oxigênio Dissolvido

PAHO - Pan American Health Organization

PARA - Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos

PPA - Potencial de Periculosidade Ambiental

pH - Potencial Hidrogeniônico

SEMURB - Secretaria Municipal de Urbanismo

SERHID - Secretaria Estadual de Recursos Hídricos

SINITOX - Sistema Nacional de Informações Toxico - Farmacológicas

USEPA - United States Environmental Protection Agency

WRI - World Resources Institute

WSLH - Wisconsin State Laboratory of Hygiene

ZPA - Zona de Proteção Ambiental

ZTE – Zona Especial de Interesse Turístico

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO GERAL ...................................................................................... 13

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................ 16

2.1 AGROTÓXICOS ................................................................................................ 16

2.2 ECOTOXICOLOGIA AQUÁTICA ................................................................... 20

2.2.1 Efeito dos agrotóxicos para o ecossistema aquático ........................................ 24

2.2.2 Cladocera .......................................................................................................... 28

2.2.3 Organismo teste – Ceriodaphnia dubia ............................................................ 30

2.2.3.1 Controle de sensibilidade do organismo-teste .............................................. 31

3. METODOLOGIA GERAL .................................................................................. 32

3.1 ÁREA DE ESTUDO............................................................................................ 32

3.2 O USO DE AGROTÓXICOS NA REGIÃO DO BAIXO CURSO DO RIO

DOCE ........................................................................................................................ 32

3.3 ENSAIOS ECOTOXICOLÓGICOS .................................................................. 33

3.3.1 Cultivo do organismos-teste ............................................................................ 33

3.3.2 Realização dos ensaios ecotoxicológicos .......................................................... 34

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 34

CAPÍTULO 1. Algumas implicações ambientais da horticultura na região do

baixo curso do Rio Doce, ZPA-9, zona norte do Natal/RN ...................................... 45

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 47

2 METODOLOGIA .................................................................................................. 50

2.1 Caracterização da área de estudo ....................................................................... 50

2.2 Parâmetros físico-químicos ................................................................................. 51

2.3 O cultivo de hortaliças e o uso de agrotóxicos..............................................52

3 RESULTADOS ...................................................................................................... 53

3.1 Parâmetros físico-químicos da água ................................................................... 53

3.2 O cultivo de hortaliças e o uso de agrotóxicos ................................................ 55

4 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 58

4.1 O que é possível afirmar a partir dos resultados das análises dos parâmetros

físico-químicos da água do Rio Doce?Quais os agrotóxicos utilizados? .................. 58

4.2 Quais os agrotóxicos utilizados na área e as implicações para a saúde? ........... 59

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 61

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 62

25

CAPÍTULO 2. Avaliação da degradação ambiental por meio de testes de

toxicidade em águas tropicais do Nordeste do Brasil utilizando o cladócero

Ceriodaphnia dubia como organismo teste. .............................................................. 66

RESUMO .................................................................................................................. 67

ABSTRACT ............................................................................................................. 68

INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 69

MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 70

Área de estudo .......................................................................................................... 70

Amostragem .............................................................................................................. 71

Testes de Toxicidade crônicos .................................................................................. 72

Parâmetros Físico-químicos da água ........................................................................ 73

Análise de resíduos de agrotóxicos ........................................................................... 73

RESULTADOS ........................................................................................................ 74

Testes de toxicidade crônico .................................................................................... 74

Parâmetros físico-químicos da água ........................................................................ 75

Análise de resíduos de agrotóxicos .......................................................................... 78

DISCUSSÃO ............................................................................................................. 78

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 81

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 83

CONSIDERAÇÕES FINAIS DA DISSERTAÇÃO................................................. 87

APÊNDICE A – Tabela com os dados dos testes ecotoxicológicos, precipitação e

média e desvio padrão dos parâmetros físico-químicos ........................................... 88

ANEXO 1 – Normas para publicação – Livro temático do PRODEMA: Meio

Ambiente e Saúde Humana ...................................................................................... 91

ANEXO 2 – Normas para publicação – Revista Acta Limnológica Brasiliensia .... 95

ANEXO 3 - Resultado da Análise de Resíduos de Agrotóxicos – ITEP .................. 98

13

1- INTRODUÇÃO GERAL

A relação entre saúde e meio ambiente tornou-se um assunto cada vez mais

importante, não somente para os profissionais que lidam diretamente com este tema, mas para

toda a humanidade, pois a degradação ambiental significa uma ameaça aos sistemas de

suporte à vida, que se referem aos serviços dos ecossistemas dos quais derivam a viabilidade

da vida de todos os seres e sistemas vivos, incluindo os seres humanos (FREITAS e PORTO,

2006).

Conforme a Declaração de Sundsvall (1991), os temas de saúde, ambiente e

desenvolvimento humano não podem ser tratados separadamente, pois o desenvolvimento

implica melhoria da qualidade de vida e da saúde e, ao mesmo tempo, envolve a conservação,

a proteção e a sustentabilidade.

O impacto do uso de agrotóxicos sobre a saúde humana e o meio ambiente é um

problema que tem merecido atenção da comunidade científica em todo o mundo desde há

muito tempo. Este problema é ainda maior nos países em desenvolvimento, onde, sem os

devidos cuidados, estes compostos são amplamente utilizados. Os países em desenvolvimento

são responsáveis por 20% do mercado mundial de agrotóxicos, dentre os quais o Brasil

destaca-se como o maior mercado individual, representando 25% deste montante

(correspondente a 1,1 bilhão de dólares americanos ou 150.000 t/ano) (FAO, 2003).

Segundo a Agência Estadual de Defesa Agropecuária do Maranhão, o Brasil teve

crescimento de 30% no consumo de agrotóxicos em 2008, assumindo a liderança mundial e

superando inclusive os Estados Unidos (AGED-MA, 2009). Somente no ano de 2006, foram

notificados no Brasil cerca de seis mil casos de intoxicação por agrotóxicos, sendo a região

nordeste responsável por aproximadamente mil notificações, respondendo por 17% dos casos

de intoxicação registrados no país naquele ano (SINITOX, 2006).

De acordo com as estimativas do Ministério da Saúde, para cada caso de intoxicação

por agrotóxico notificado, têm-se outros 50 não notificados, o que elevaria o número de

contaminação/ano por estes agentes para algo em torno de 400.000 casos (BRASIL, 2003).

Segundo Peres et al., (2005), estima-se que dois terços da população do país estão

expostos, em diferentes níveis, aos efeitos nocivos desses agentes químicos, seja em função

do consumo de alimentos contaminados, do uso de agrotóxicos para o combate de vetores de

doenças infecto-contagiosas ou pela atividade laboral. Mas nenhum grupo populacional

brasileiro é tão vulnerável a esses produtos quanto os trabalhadores rurais.

14

Ainda, segundo o mesmo autor, este elevado consumo, associado a costumes

peculiares de áreas rurais brasileiras, facilita além da contaminação humana, a ambiental, que

por sua vez, caracteriza-se pela dispersão/distribuição dos agrotóxicos ao longo dos diversos

componentes do meio ambiente: a contaminação das águas, através da migração de resíduos

de agrotóxicos para lençóis freáticos, leitos de rios, córregos, lagos e lagunas próximos; a

contaminação atmosférica resultante da dispersão de partículas durante o processo de

pulverização ou de manipulação de produtos finamente granulados e evaporação de produtos

mal estocados; e a contaminação dos solos.

A contaminação ambiental por agrotóxicos representa a principal fonte de poluição da

água em diversos países e uma ameaça constante à biodiversidade e equilíbrio dos

ecossistemas afetados. O uso indiscriminado de agrotóxicos é um dos principais fatores que

afeta os corpos de água, não só rios, reservatórios e lagos, mas também lençóis freáticos,

causando eutrofização e contaminação desses ambientes, estuários e águas costeiras. A

irrigação agrícola, responsável pela demanda de 70% da água consumida mundialmente

incluindo a desviada dos rios e a bombeada do subsolo, torna-se uma das fontes de

contaminação e poluição mais agressivas aos corpos de água (TUNDISI e BARBOSA, 1995).

Segundo Zebarth (1999) a degradação da qualidade de águas subterrâneas e

superficiais tem sido identificada como a principal preocupação no que diz respeito ao

impacto da agricultura no ambiente. Esta degradação pode ocorrer como resultado do

lançamento de produtos químicos agrícolas, ou organismos biológicos, nas águas superficiais

e a sua movimentação em direção às águas subterrâneas.

Outro impacto causado por alguns agrotóxicos em coleções de água diz respeito à

modificação da biota com a seleção das espécies mais resistentes e à contaminação de peixes,

crustáceos, moluscos e outros animais aquáticos (WRI, 1999).

Para Egler (2002) o problema ainda é agravado dada a grande extensão de terras

ocupadas para atividades agrícolas, o que amplia consideravelmente as chances de espécies

não-alvo (inclusive as populações humanas) serem afetadas.

A contaminação dos recursos hídricos é uma preocupação constante das agências

ambientais e de saúde pública, já que corresponde à principal fonte ampliada de riscos

resultantes do uso de agrotóxicos na agricultura (PERES, 1999).

É, portanto, de extrema relevância que este problema seja alvo de um olhar cuidadoso

e de políticas e estratégias que aproximem a população rural e o conhecimento dos riscos

ambientais e da saúde causados pela má utilização dos agrotóxicos. A contribuição da rota

ambiental é de fundamental importância para o entendimento da contaminação humana por

15

agrotóxicos. Acredita-se que um maior número de pessoas esteja exposta através do ambiente,

em relação à via ocupacional (MOREIRA et al., 2002).

O trabalho de pesquisa objeto deste projeto é desenvolvido em áreas de horticultura no

município de Natal, nos bairros de Lagoa Azul, Pajuçara e Redinha, ao longo do Rio Doce,

limite com o município de Extremoz, Rio Grande do Norte. O local encontra-se próximo à

praia de Jenipabu, ponto turístico conhecido, principalmente, pelas imensas dunas que a

cercam.

A região da planície fluvial do Rio Doce em Natal/RN localiza-se em Zona de

Proteção Ambiental (ZPA-9). Segundo Soares (2006) a ZPA em questão foi criada com o

objetivo de assegurar a perenização do rio e a recarga do aqüífero e de manter o grande

potencial paisagístico e turístico. Esta ZPA é uma das que ainda não estão regulamentadas e

nela são observados diversos problemas ambientais decorrentes do uso e ocupação do solo,

caracterizando um flagrante desrespeito à legislação ambiental e cuja proteção é dificultada

devido à inexistência de mecanismos legais específicos.

Destaque-se nesta paisagem a descaracterização da cobertura vegetal nativa, a qual aos

poucos vai cedendo espaço para o plantio de hortaliças e fruticultura, irrigadas com a água do

Rio Doce - principal atividade entre os moradores da comunidade de Gramorezinho

(AMÉRICO et al., 2007; SOARES, 2006).

Gramorezinho destaca-se como uma das maiores comunidades, possuindo o maior

número de unidades produtoras, de área plantada e conseqüentemente o maior número de

trabalhadores (ALMEIDA, 2001; AMÉRICO, 2006). Esta comunidade é composta

aproximadamente por 800 famílias-de acordo com dados da Secretaria Municipal de

Urbanismo (SEMURB) - provenientes do êxodo rural e que se instalaram há mais de 50 anos

no litoral norte da cidade de Natal. O surgimento da cultura de hortaliças, que até hoje é o

principal recurso econômico para a sobrevivência da comunidade, originou-se devido à

experiência dos agricultores no manuseio com a terra, aliada à necessidade de sobrevivência

"na cidade grande" e, também, à existência de duas lagoas perenes próximas à comunidade

(FREIRE, 2009).

Este trabalho tem por objetivos apresentar um panorama sobre o uso de agrotóxicos na

região do baixo curso do Rio Doce, em Natal, Rio Grande do Norte, bem como avaliar a

degradação ambiental na área por meio de testes de toxicidade crônicos, utilizando o

microcrustáceo Ceriodaphnia dubia Richard, 1894 (Crustacea, Cladocera) como organismo

teste.

16

O cladócero Ceriodaphnia dubia foi escolhido como organismo teste no presente

estudo por pertencer a um grupo taxonômico representativo dos ecossistemas aquáticos;

apresentar facilidade de cultivo e manipulação em laboratório; por apresentar sensibilidade a

uma diversidade de agentes químicos e por ser bastante apropriado para avaliações

ecotoxicológicas da qualidade de águas superficiais (CETESB, 1988).

Diante do exposto, a hipótese levantada neste trabalho é que o uso de agrotóxicos na

região continua intenso e acarretando uma série de implicações para o meio ambiente. No que

diz respeito aos ensaios ecotoxicológicos utilizando amostras de água do Rio Doce espera-se

obter respostas que evidenciem toxicidade para o organismo teste utilizado, visto que a

presença de toxicidade indica a existência de algum tipo de poluição no ambiente aquático.

Em atendimento aos objetivos e conforme padronização estabelecida pelo Programa

Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, esta Dissertação

encontra-se composta por esta Introdução geral, uma Metodologia geral e por dois capítulos

que serão submetidos a publicação. O Capítulo 1 intitulado O uso de agrotóxicos em região

hortigranjeira no baixo curso do Rio Doce, zona norte do Natal/RN, foi preparado para

compor um capítulo do livro temático “Meio Ambiente e Saúde Humana”, ora em

organização pelo PRODEMA/UFRN. O Capítulo 2, intitulado Avaliação da degradação

ambiental por meio de testes de toxicidade em águas tropicais do nordeste do Brasil,

utilizando o cladócero Ceriodaphnia dubia como organismo teste, será submetido ao

periódico “Acta Limnologica Brasiliensia”. Ambos os capítulos estão formatados conforme as

normas dos veículos de divulgação científica aos quais serão submetidos (Anexo 1 e 2). Ao

final apresenta-se a conclusão seguida de algumas recomendações.

2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 - AGROTÓXICOS

Os agrotóxicos são produtos químicos destinados a prevenir ou controlar pragas,

incluindo vetores de doenças que causem prejuízo na produção, armazenamento, transporte e

comercialização dos alimentos (OVIEDO et al., 2002).

Tais produtos recebem denominação diferente conforme a espécie sobre a qual atuam

fundamentalmente. Assim os inseticidas agem sobre os insetos, os fungicidas sobre os fungos,

acaricida sobre os ácaros, herbicidas sobre as ervas, etc. São formulados de uma maneira geral

em duas formas: líquida, compreendendo as soluções e concentrados emulsionáveis e sólida,

compreendendo pó simples, concentrados e granulados (SCHVASTSMAN, 1985). A escolha

17

dos mesmos, para aplicação em determinada cultura vai depender do tipo de praga ou doença

prévia a combater, dos seus meios de ação, da temperatura e ocasião da florada (BIGGI,

1977).

A utilização de agrotóxicos na agricultura teve início no século XX, com os avanços

tecnológicos agrícolas, como resposta à escassez crônica de alimentos ocorrida na Europa

Ocidental, na transição do feudalismo para o capitalismo, proporcionando desta maneira a

superação de dificuldades. Os produtos químicos foram introduzidos no período pós-guerra

(1939), pela descoberta de propriedades inseticidas do Dicloro Difenil Tricloroetano (DDT) e

conseqüentemente a introdução dos inseticidas organofosforados e em seguida do carbamato.

No Brasil, as primeiras amostras de DDT chegaram em 1943, e em 1991 o país participou

como o quinto maior consumidor de agrotóxicos no mundo (MÍDIO e MARTINS, 2000;

OVIEDO et al., 2002).

Estudos revelam que mais da metade da produção mundial de agrotóxicos é

consumida nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, regiões que abrigam cerca de 25% das

terras globais ocupadas com culturas. Por outro lado cerca de 20% dos agroquímicos são

consumidos nos países em desenvolvimento que contam com 55% das terras cultivadas do

mundo (ALVES FILHO, 2004). Segundo o mesmo autor nos países em desenvolvimento, as

estimativas de consumo mundial de agrotóxicos são crescentes, conforme apontado em estudo

realizado pela Organização Mundial de Saúde, através da Divisão de Saúde e Meio Ambiente

da Organização Pan-Americana de Saúde (PAHO). O uso generalizado dos agrotóxicos

aumentou de 1,5 milhões de toneladas no ano de 1970 para cerca de 3 milhões em 1985. Após

10 anos, isto é, em 1995, estimava-se que este uso deveria dobrar, especialmente nos países

em desenvolvimento.

A intensificação do uso de agrotóxicos nas ultimas décadas e os efeitos danosos desses

agentes químicos ao homem e ao ambiente fizeram com que vários países regulamentassem

seu uso e sua produção, com o objetivo de minimizar as conseqüências danosas nos

ecossistemas (ZAGATTO, 2006).

A política de incentivo à agricultura, ocorrida nas décadas de 70 e 80, contribuiu para

a consolidação de pacote tecnológico, onde a clientela preferencial eram os produtores

modernizados. Assim, desde a década de noventa, apesar de reduzido o poder de regulação do

Estado sobre a agricultura, este modelo agrícola, baseado na aplicação de agrotóxicos e

mecanização, manteve-se como forma de garantir a produção e o retorno do capital investido

(REIS FILHO, 2002).

18

O Brasil é o 3.º maior consumidor de produtos agrotóxicos no mundo e o primeiro no

âmbito da América Latina e, embora tenha logrado avanços consideráveis no controle da

produção e consumo desses produtos nos últimos tempos, ainda apresenta condições

sociossanitárias compatíveis àquelas de países em desenvolvimento (ANVISA, 2003).

Segundo dados da Associação Nacional de Defensivos Agrícolas (ANDEF, 2003) o país

representa o quinto maior consumidor mundial de pesticidas, constituindo-se o maior produtor

e consumidor de agrotóxico do terceiro mundo.

O modelo agrícola atual no Brasil, com a modernização da agricultura induzida

tecnologicamente pela indústria, determinou uma prática agrícola predominante, caracterizada

pelo uso abusivo de agrotóxicos associado a uma assistência técnica deficiente, onde nem

sempre se seguem as recomendações dos receituários agronômicos, que contêm informações a

respeito do emprego de agrotóxicos autorizados por lei em determinadas culturas e de sua

aplicação adequada, sendo inevitável além de outras conseqüências a presença de resíduos

tóxicos nos alimentos (REIS FILHO, 2002; NAKANO, 1999).

Segundo os novos dados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em

Alimentos (PARA), divulgados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA,

2010) os agrotóxicos que apresentam alto risco para a saúde da população são utilizados, no

Brasil, sem levar em consideração a existência ou não de autorização do Governo Federal

para o seu uso em determinado alimento.

Rangel (2010) destaca que um dos problemas é o desvio de uso de agrotóxicos, como

no caso de produtos específicos para soja e cana-de-açúcar, que podem ser usados de forma

segura nessas lavouras, mas são desviados para culturas menores, como de hortaliças. Neste

caso, o risco é maior. Para coibir esses desvios, o Ministério incentiva os estados a intensificar

a fiscalização. Ainda segundo o autor nos últimos cinco a dez anos, a agricultura brasileira

ampliou de maneira considerável a produção. Como se trata de uma agricultura tropical há

necessidade de utilização de defensivo para controle de pragas. O uso de agrotóxicos no

Brasil é similar ao de países com o mesmo porte de agricultura, como os Estados Unidos e a

Austrália. Em termos de valor, os dados disponíveis referentes a 2008 mostram que o

mercado brasileiro de agrotóxicos atingiu US$ 7 bilhões, valor praticamente igual ao dos

Estados Unidos.

Os números impressionam, principalmente quando leva-se em consideração a forte

pressão exercida pela indústria internacional (multinacional), responsável pela

produção/distribuição de agrotóxicos, sobre o mercado consumidor (destes produtos)

brasileiro. Tal fato, aliado às dificuldades na assistência do homem do campo, por parte do

19

Poder Público, vem a construir uma situação problemática e até mesmo calamitosa, onde a

principal fonte de informação sobre os perigos da utilização de agrotóxicos, bem como o

treinamento para o seu uso, está nas mãos de técnicos/vendedores ligados à indústria

fabricante e às chamadas “Casas do Produtor” (estabelecimentos comerciais responsáveis pela

distribuição/ comercialização de insumos agropecuários, agrotóxicos inclusive, com forte

ligação com a indústria) (PERES, 1999).

No Brasil, a Lei Federal n.° 7 802, de 11 de julho de 1989 (BRASIL, 1989) e o decreto

nº 4074/02 (BRASIL, 2002), relativos a produtos fitossanitários e outros produtos, instituíram

a exigência de que os mesmos sejam previamente registrados para fins de produção,

importação, exportação, comercialização e utilização, atendidas as diretrizes e exigências dos

órgãos federais responsáveis pelos setores da saúde, da agricultura e do meio ambiente

(ANVISA, 2003).

A Portaria Normativa n° 84, de 15 de Outubro de 1996 do Instituto Brasileiro do Meio

Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA fica responsável em estabelecer

procedimentos a serem adotados para efeito de registro e avaliação do potencial de

periculosidade ambiental (PPA) de agrotóxicos, seus componentes e afins, segundo definições

do Decreto n° 98.816. Nesta Portaria, estabelece-se que a avaliação dos riscos ambientais tem

que ser feita continuamente e não apenas para fins de registro de produto. A classificação

quanto ao potencial de periculosidade ambiental baseia-se nos parâmetros de bioacumulação,

persistência, transporte, toxicidade a diversos organismos, potencial mutagênico, teratogênico,

carcinogênico, obedecendo a seguinte graduação: Classe I - Produto Altamente Perigoso;

Classe II - Produto Muito Perigoso; Classe III - Produto Perigoso; Classe IV - Produto Pouco

Perigoso.

Atualmente, o Brasil alinha-se às melhores legislações quanto ao uso de agroquímicos

no que se refere aos testes solicitados para a sua utilização. Os processos iniciam-se com

protocolos dos dados, simultaneamente, nos três órgãos envolvidos: Ministérios da

Agricultura, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e o Instituto Brasileiro de

Meio Ambiente (IBAMA). Após análises simultâneas a ANVISA envia ao Ministério da

Agricultura e Abastecimento (MAPA) documento sobre a classificação e análise toxicológica

do produto, e o IBAMA envia ao mesmo órgão a avaliação ambiental contendo informações

sobre o Potencial de Periculosidade Ambiental, e a classificação ambiental do produto. O

MAPA aprova o rótulo, a bula e emite o Certificado de Registro para comercialização nos

diversos estados federativos, devendo-se obter cadastro em todos eles (STUTZER e

GUIMARÃES, 2000).

20

Com relação às águas superficiais o parágrafo 4º, artigo 8º, da Resolução CONAMA

nº 357/05 (BRASIL, 2005), requer que as possíveis interações entre as substâncias e a

presença de contaminantes não listados na Resolução vigente, passíveis de causar danos aos

seres vivos, sejam investigadas utilizando-se ensaios ecotoxicológicos (BERTOLETTI E

ZAGATTO, 2006).

Contudo, é importante que as análises periódicas de caráter geral sobre os agrotóxicos

registrados sejam realizadas com freqüência por entidades de pesquisa e pelos próprios órgãos

de controle, o que forneceria subsídios para o aprimoramento da legislação e para o

desenvolvimento de uma política de registro e de controle dessas substâncias que visasse

atender aos anseios da sociedade por maior controle dos agentes e das condições que

degradam a saúde e o ambiente (GARCIA GARCIA et al., 2005).

2.2- ECOTOXICOLOGIA AQUÁTICA

O ambiente aquático é altamente complexo e diverso. Ele compreende vários tipos de

ecossistemas dentre os quais encontram-se os rios, lagos, estuários, mares e oceanos. Todos

esses ecossistemas são produtos dinâmicos de interações complexas entre os componentes

bióticos e abióticos característicos de cada um deles (RAND et al., 1995). Ainda para o autor,

as propriedades físicas e químicas dos ecossistemas aquáticos podem afetar

significativamente a atividade biológica e o impacto dos agentes químicos e outros

xenobióticos.

As substâncias potencialmente tóxicas podem ser degradadas por processos abióticos e

bióticos que ocorrem na natureza. No entanto, algumas delas resistem aos processos de

degradação e por isso são capazes de persistirem no ambiente por longos períodos de tempo.

O descarte contínuo no ambiente de uma substância persistente pode levar à sua acumulação

em níveis ambientais suficientes para resultar em toxicidade (LEBLANC, 2004).

A toxicidade é uma propriedade que reflete o potencial de uma substância em causar

um efeito danoso a um organismo vivo. Ela depende da concentração e das propriedades da

substância química à qual o organismo é exposto e também do tempo de exposição (RAND et

al., 1995).

Nas ultimas décadas, para se adquirir conhecimentos sobre os efeitos dos agentes

químicos na biota aquática têm sido utilizados testes com organismos de águas continentais,

estuarinas e marinhas, sob condições de campo e laboratório, a fim de se verificar a

toxicidades dos compostos (ARAÚJO, 2000).

21

Tradicionalmente, os testes de toxicidade aquática são utilizados para medir os efeitos

tóxicos de substâncias particulares e de águas contaminadas. Os testes com substâncias

específicas são realizados com o propósito de obter informações para registros químicos,

enquanto que os testes com águas contaminadas são utilizados para verificar se há

concordância dos valores obtidos com os padrões permitidos. Neste último caso, as águas

podem ser coletadas em pontos de descarga de efluentes ou no próprio corpo de água receptor

(KENDALL et al., 2001).

Testes de toxicidade aquática, ou ecotoxicológicos, são um procedimento no qual as

respostas dos organismos aquáticos são usadas para detectar e medir os efeitos de uma ou

mais substâncias, resíduos ou fatores ambientais, sozinhos ou em combinação, durante um

determinado tempo (CÉSAR et al., 1997). Para o autor, com estas respostas pode-se estimar,

através de métodos estatísticos, a concentração dessas substâncias, que certamente poderão

causar toxicidade aos organismos representantes dos corpos receptores, assim, a toxicidade

característica inerente de uma substância ou mistura de substâncias químicas evidencia-se

sobre os organismos vivos e torna-se a única variável a ser controlada.

A qualidade da água dos ecossistemas, em geral, pode ser controlada de duas formas

distintas, embora complementares: uma direcionada para a análise química, que busca

identificar e quantificar as substâncias; a outra para a análise biológica que abrange a

Microbiologia, a Limnologia e a Ecotoxicologia, e serve para qualificar os efeitos causados

pelas substâncias (KNEI e LOPES, 2004).

Segundo Zagatto e Bertoletti (2006) a Ecotoxicologia através da caracterização física,

química e toxicológica de efluentes líquidos pode além de detectar os danos ocorridos nos

diversos ecossistemas após contaminação, prever impactos futuros, quando da

comercialização de produtos químicos e/ou lançamento de despejos num determinado

ambiente. Para os autores o objetivo final dessa caracterização é estabelecer limites máximos

permissíveis para a vida aquática, conhecidos como critérios e/ou padrões de emissão de

efluentes líquidos e de qualidade de águas, sendo então utilizados mundialmente como valores

de referência para o monitoramento ambiental. Ainda, segundo os autores, nessa última

década intensificou-se a implementação do uso dos testes ecotoxicológicos no monitoramento

da qualidade das águas, na avaliação de nível de periculosidade e de riscos de substâncias

químicas e no estabelecimento de limites máximos permissíveis de lançamento de efluentes

líquidos nos corpos hídricos.

Diversos autores (ZAGATTO e GHERARDI-GOLDSTEIN (1991); ABEL (1998))

salientam a importância de testes de toxicidade com organismos aquáticos, de análises a partir

22

de material biológico e de complementação dos dados através de projetos de

biomonitoramento no campo, considerando-os como um instrumento de alerta para um

possível problema ambiental. Para Chapman (1990) a execução simultânea de tais

procedimentos pode auxiliar a detecção de agentes tóxicos na água, que por sua vez,

desempenham efeitos, mesmo que sutis, sobre espécies não aquáticas, incluindo os seres

humanos, seja por meio do consumo de água ou através da cadeia alimentar. Neste sentido,

uma atenção especial deve ser dada para alimentos consumidos pelo homem que sejam

provenientes de águas contaminadas, pelos efeitos tóxicos que estes possam causar.

A Constituição Federal e a Lei no 6.938, de 31 de Agosto de 1981 visam controlar o

lançamento de poluentes no meio ambiente, proibindo o lançamento em níveis nocivos ou

perigosos para os seres humanos e outras formas de vida; a Ecotoxicologia é uma das formas

de se avaliar estes impactos ambientais, analisando qualitativa e quantitativamente os

efluentes líquidos que são lançados nas bacias hidrográficas, com o intuito de garantir e

alertar para a questão da saúde do homem e da preservação da biota e do meio ambiente

(MOREIRA, 2007).

De acordo com a resolução do CONAMA de número 357, de 17 de Março de 2005, as

águas da União (doces, salobras e salinas) requerem níveis de qualidade e avaliações

realizadas em condições e padrões específicos para garantir seus usos preponderantes e

estabelece, a cada classe, a verificação do possível efeito tóxico (agudo ou crônico) a

organismos aquáticos, demonstrando uma preocupação e um controle crescente com o

despejo de efluentes (BRASIL, 2005).

A Resolução CONAMA 357/05 ainda possui alguns padrões descritivos referentes aos

ensaios ecotoxicológicos. O artigo 8º, § 4º, indica que as possíveis interações entre

substâncias e a presença de contaminantes não listados na Resolução, passíveis de causar

danos aos seres vivos, possam ser investigadas utilizando-se ensaios ecotoxicológicos

(BRASIL, 2005).

Segundo Ronco et al., (2004) e Rand (1995) as espécies utilizadas nos testes

ecotoxicológicos devem apresentar algumas características específicas como: seletividade

constante e elevada aos contaminantes, elevadas disponibilidade e abundância, uniformidade

e estabilidade genética nas populações, representatividade de seu nível trófico, significado

ambiental em relação à área de estudo, ampla distribuição e importância comercial, e

facilidade de cultivo e de adaptação às condições de laboratório. Além disso, devem ser

utilizadas espécies cuja fisiologia, genética e comportamento sejam bem conhecidos, o que

pode facilitar a interpretação dos resultados.

23

Nos testes de toxicidade, os organismos são expostos durante um determinado período

a uma série de concentrações do efluente e do próprio corpo de água receptor, segundo

condições estabelecidas por métodos padronizados, sendo o principal deles no Brasil descrito

pela ABNT (2005).

Este instrumento torna-se de suma importância na busca de generalizações sobre o

grau de toxicidade em vários tipos de corpos hídricos e para a determinação da influência

direta de elementos vindos das atividades antrópicas e/ou naturais (ZAGATTO e

GHERARDI-GOLDSTEIN 1991).

Segundo Rand et al. (1995) esses ensaios permitem avaliar a ação de poluentes a

organismos aquáticos medindo tanto a proporção de organismos afetados, como o grau de

efeito observado sobre as variáveis biológicas como sobrevivência, crescimento,

comportamento e reprodução. Essas variáveis biológicas dependem da espécie e do tipo de

teste utilizado.

Os estudos em toxicologia aquática são qualitativos e quantitativos em relação aos

efeitos tóxicos sobre os organismos aquáticos. Os efeitos tóxicos podem incluir tanto a

letalidade (mortalidade) e efeitos sub-letais, com alterações no crescimento, desenvolvimento,

reprodução, patologia, bioquímica, fisiologia e comportamento. Para os autores, os efeitos

podem ser expressos através de critérios mensuráveis como o número de organismos mortos,

porcentagem de ovos chocos, alterações no tamanho e peso, porcentagem de inibição de

enzima, incidência de tumor, dentre outros (Rand e Petrocelli, 1985).

De acordo com a duração da exposição, ou em função da fase do ciclo vital, os testes

são divididos em agudos e crônicos. Os testes de toxicidade aguda caracterizam-se pelo curto

tempo de exposição (24 a 96 horas) a concentrações geralmente elevadas de uma substância

química; os critérios avaliados são mortalidade, imobilidade ou crescimento, utilizando-se

geralmente a Concentração Letal Média (CL50), a Concentração Efetiva Média (CE50), ou a

Concentração de Inibição Média (CI50). Já os testes de toxicidade crônica permitem avaliar

os possíveis efeitos adversos resultantes de uma exposição prolongada a concentrações sub-

letais de um agente tóxico, abrangendo parte ou todo o ciclo de vida do organismo; os

critérios avaliados são reprodução, crescimento e maturação, utilizando-se, geralmente, a

Concentração de Efeito Não Observado (CENO) e a Concentração de Efeito Observado

(CEO) (RAND et al., 1995).

Estes estudos são realizados utilizando organismos de diferentes níveis da cadeia

trófica, especialmente aqueles cultiváveis em laboratório, tais como microalgas

(Pseudokirchneriella subcapitata), microcrustáceos cladóceros (Daphnia similis ou

24

Ceriodaphnia dubia) e peixes (Danio rerio), sendo que a escolha dos organismos-teste para a

realização destes ensaios deve considerar diversos critérios baseados na resposta que se

pretende obter (LOMBARDI, 2004).

Para Dodson e Frey (1991) os invertebrados constituem os organismos-teste mais

frequentemente utilizados, sobressaindo-se os cladóceros, principalmente por constituírem um

grupo amplamente distribuído em habitats dulcícolas; por ocuparem uma posição estratégica

nas cadeias alimentares, comportando-se como herbívoros através da ingestão de algas e

bactérias e constituindo uma fração significativa da dieta de numerosas espécies de peixes e

outros predadores.

Segundo Moreira (2007) as análises ecotoxicológicas são bastante eficientes para

detectar os efeitos de vários poluentes, comumente lançados no meio aquático, tais como

nutrientes orgânicos, inseticidas, herbicidas, hormônios e antibióticos. É muito importante

para a qualidade ambiental do país a inclusão de novos parâmetros que hoje não são

contemplados em nossa legislação e que são prioritários na legislação internacional, como

também novos métodos, que permitirão um melhor entendimento dos efeitos ecotoxicológicos

nos ecossistemas aquáticos, fornecendo subsídios para estudos de avaliações de risco.

2.2.1 – Efeito dos agrotóxicos para o ecossistema aquático

Os agrotóxicos estão entre os principais instrumentos do atual modelo de

desenvolvimento da agricultura brasileira, mas devido aos efeitos adversos que podem causar

à exposição humana e ao meio ambiente, é crescente a preocupação com esses produtos na

contaminação das águas superficiais e subterrâneas (MARQUES et al., 2007). Com isso,

levantou-se a hipótese de que a utilização de agrotóxicos, em certos casos, poderia gerar

impactos muito maiores do que os benefícios associados aos seus ganhos de produtividade

(TOMITA e BEYRUTH, 2002).

Segundo Veiga et al., (2006) até o final da década de 70, os sistemas hídricos

subterrâneos eram considerados imunes à contaminação por agrotóxicos, pois se acreditava

que os agrotóxicos se degradariam em partículas inofensivas ou ficariam retidos no ambiente

natural antes de contaminá-los. Entretanto, existem diversos estudos que determinam a

presença de agrotóxicos em águas superficiais e subterrâneas (BARCELÓ et al., 1996) assim

como os efeitos de herbicidas sobre organismos aquáticos (TUNDISI, 1990;

RODRIGUES,1993). Estes estudos muitas vezes envolvem compostos que já são apontados

como problemas em potencial para o meio ambiente e saúde. Outros estudos ainda

25

comprovaram (RAMALHO et al., 2000; DORES e DE-LAMONICA-FREIRE, 2001; LIND,

2002) que a presença de agrotóxicos nos sistemas hídricos seria mais comum do que se

imaginava, principalmente nos sistemas hídricos próximos de regiões agrícolas intensivas na

utilização de agrotóxicos.

Dentre os inúmeros casos de problemas ambientais já relatados pela literatura

internacional, destaca-se o caso do DDT, inseticida organoclorado, o primeiro usado em larga

escala a partir de 1945. Após 27 anos, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos

(U.S.E.P.A.) baniu seu uso (METCALF, 1974), por apresentar alta persistência no ambiente e

ser bioacumulado e biomagnificado.

Nimmo (1985) relata inúmeros casos de problemas ambientais com agrotóxicos e

outras substâncias químicas como os polibifenil clorados (PCB’s) que também são compostos

organoclorados, com estrutura química muito similar aos agrotóxicos DDT, dieldrin e aldrin.

Os relatos incluem casos de contaminação da água e de organismos.

Inúmeros outros compostos já foram detectados em águas superficiais, subterrâneas e

de abastecimento (PEREIRA et al., 1996) relacionando atividades urbanas e agrícolas com os

casos de contaminação ambiental. De acordo com Tekel e Kovacicová (1993), na maioria dos

países europeus e nos Estados Unidos, os herbicidas representam mais de 50% de todos os

agrotóxicos usados e, portanto, não é de surpreender que esta classe de composto contribua de

maneira tão significativa para a contaminação do ambiente, particularmente solo, águas

superficiais e subterrâneas. Além do alto volume de uso, muitos dos herbicidas são aplicados

em áreas próximas aos corpos de água e são, portanto, comumente encontrados em águas

superficiais, o que faz com que alcancem águas subterrâneas em função de sua mobilidade em

solo que permite sua migração. Segundo Nimmo (1985) uma vez na água, dependendo das

características físico-químicas o resíduo do agrotóxico pode tanto se ligar ao material

particulado em suspensão, como se depositar no sedimento do fundo ou ser absorvido por

organismos. Eles podem ser transportados através do sistema aquático por difusão nas

correntes de água ou nos corpos dos organismos aquáticos. Para o autor, alguns agrotóxicos

e/ou metabólitos podem também retornar à atmosfera por volatilização. Assim, fica

evidenciado que há uma interação contínua dos agrotóxicos entre sedimento e água,

influenciada pelo movimento da água, turbulência e temperatura. Desta interação, pode

resultar inclusive maior tempo de exposição dos organismos aquáticos aos compostos tóxicos.

Apesar do avanço de tecnologias onde foi possível detectar-se a contaminação por

agrotóxicos em sistemas hídricos, ainda existe muita dificuldade de se avaliar a contaminação

ambiental por agrotóxicos, principalmente em se tratando de organofosforados e carbamatos,

26

que possuem um ciclo de vida pequeno (degradabilidade) quando comparados com

organoclorados (IBGE, 2002; BUTTLER et al., 1998).

Segundo Spacie e Hamelink (1985) os agrotóxicos presentes em corpos de água

podem penetrar nos organismos aquáticos através de diversas portas de entrada e seu grau de

acumulação depende do tipo de cadeia alimentar, da disponibilidade e persistência do

contaminante na água e especialmente de suas características físicas e químicas. Para Nimmo

(1985), os peixes e invertebrados podem acumular os agrotóxicos em concentrações muito

acima daquelas encontradas nas águas nas quais eles vivem, pois estes compostos podem se

ligar ao material particulado em suspensão e ser ingeridos pelos organismos aquáticos, dentre

outros processos.

Dependendo do tipo de exposição à toxicidade serão afetados, por exemplo, os

compostos hidrossolúveis (organofosforados) que estão mais prontamente disponíveis aos

organismos do que aqueles mais lipofílicos (organoclorados) que estarão mais fortemente

adsorvidos ou de alguma maneira ligados às partículas em suspensão, matéria orgânica ou

sistemas biológicos (RAND e PETROCELLI, 1985).

As características do composto químico também influenciam grandemente na

toxicidade, como por exemplo, a sua composição ou grau de pureza, pois as impurezas ou

contaminantes que são consideravelmente mais tóxicos do que o agente propriamente dito

podem estar presentes. Assim, a identidade e a pureza dos compostos químicos são

importantes nos testes de toxicidade. As propriedades físicas e químicas como solubilidade,

pressão de vapor e pH afetam a biodisponibilidade, persistência, transformação, e o destino do

agente químico no ambiente, e também são fatores importantes nos testes de toxicidade

(SILVA e SANTOS, 2007).

De acordo com Filizola et al. (2002), as avaliações preliminares da possibilidade de

contaminação das águas superficiais e subterrâneas por pesticidas de uma dada área agrícola,

podem se constituir em instrumentos importantes para a avaliação de risco ambiental, sendo

vantajoso inclusive devido ao alto custo das análises químicas de resíduo de pesticidas.

Chaim et al. (1999), citam que entre os componentes ambientais de especial risco

estão as nascentes, poços, açudes, lagos, rios, fauna e flora silvestres, solos explorados ou não

para cultivo, a atmosfera e o homem. Onde um produto fitossanitário estiver em uso, existe a

possibilidade de ocorrer contaminação ambiental, seja ela por acidente, descuido, negligência

ou falta de conhecimento, podendo as causas de contaminações ambientais serem devidas a:

1-Manuseio de produtos fitossanitários em locais inadequados; 2- Derramamento e

escorrimento; 3- Deriva (favorecida pelos dias de vento forte e temperatura alta); 4- Perdas na

27

aplicação (regulagem inadequada do pulverizador); 5- Não uso de equipamentos de proteção

individual (EPIs); 6- Não observância do período de carência; 7- Descarte incorreto de águas

usadas para lavagem de equipamentos de aplicação e de proteção individual e 8- Abandono de

embalagens vazias.

De acordo com Garcia, citado por Luna et al. (2004), um levantamento nacional

realizado pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) concluiu que

aproximadamente 10,4% dos 94.600 reservatórios comunitários de água e 4,2% dos

10.500.000 poços domésticos da zona rural apresentam presença de resíduos de agrotóxicos,

sendo que 0,6% acima dos limites permitidos.

No Brasil, praticamente não há vigilância dos sistemas aquáticos, nem monitoramento

ou tratamento de águas de consumo para detectar e/ou eliminar agrotóxicos (LUNA et al.,

2004). De acordo com Wisconsin State Laboratory of Hygiene - WSLH (2005) o uso de

agrotóxicos e seus possíveis efeitos à saúde humana e ambiental tornaram-se uma grande

preocupação, principalmente quando o recurso hídrico potencialmente contaminado é

utilizado para consumo o humano.

Segundo Machado Neto (1991) se a água estiver contaminada por agrotóxicos, pode-

se considerar que todos os demais elementos bióticos e abióticos do ecossistema também

estão ou ficarão contaminados, pois a água está presente em todas as partes. A poluição das

águas constitui um dos mais sérios problemas ecológicos da atualidade.

Mesmo em concentrações baixas, os agrotóxicos representam riscos para algumas

espécies de organismos aquáticos que podem concentrar estes produtos até 1000 vezes,

transferindo os efeitos tóxicos para outros organismos da cadeia alimentar (DORES e DE-

LAMONICA-FREIRE, 2001; VLAMING et al., 2004).

Estudos desenvolvidos em várias regiões do mundo têm mostrado que a porcentagem

dos produtos utilizados na agricultura que atinge os ambientes aquáticos é geralmente baixa

em parte devido ao efeito de diluição. Mas não exclui a possibilidade de que concentrações

muito altas venham a ocorrer após chuvas, especialmente quando as áreas próximas a

córregos foram recentemente tratadas com altas quantidades de agrotóxicos (DORES e DE-

LAMONICA-FREIRE, 2001).

De acordo com Farré et al. (2002), é de extrema importância aliar testes toxicológicos

com organismos e as formas químicas quantitativas e qualitativas, permitindo assim o

levantamento de dados químicos como a concentração e a dose real, juntamente com a

verificação dos efeitos toxicológicos para os organismos, de forma a embasar as avaliações de

forma ampla.

28

2.2.2 – Cladocera

Muitos organismos podem ser utilizados como indicadores de problemas ambientais,

porém uma espécie ou grupo de organismos somente é adotado como organismo-teste se

apresentarem algumas peculiaridades (LAMEIRA, 2008). De acordo com a EPA (2002), os

organismos-testes devem ser de fácil coleta e manutenção no laboratório e devem ser

disponíveis ao longo do ano. Além disso, é de extrema importância o conhecimento do ciclo

de vida e da sensibilidade destes organismos às substâncias de referência, como também a

escolha de organismos autóctones.

Os cladóceros são largamente utilizados como organismos-testes em ensaios de

ecotoxicologia devido à rápida reprodução assexuada e extrema sensibilidade aos tóxicos no

ambiente (SHURIN e DODSON, 1997). As espécies de cladocera mais utilizadas são as

exóticas como Daphnia similis, Daphnia magna e a cosmopolita, Ceriodaphnia dubia.

A utilização de espécies nativas vem se tornando uma prática em diversos Centros de

Pesquisa no Brasil. Autores como Meleti (2003), Silva (2005) e Jaconetti (2005) realizaram

estudos para a introdução de espécies nativas em ensaios ecotoxicológicos com relevância

ecológica em ecossistemas tropicais e subtropicais.

Crustáceos de água doce da ordem Cladocera e do gênero Daphnia, os quais são

vulgarmente conhecidos como pulgas de água, são bastante utilizados em testes de toxicidade

porque são amplamente distribuídos nos corpos de água doce, são importantes em muitas

cadeias alimentares e fonte significativa de alimento para peixes, possuem um ciclo de vida

relativamente curto, são facilmente cultivados em laboratório, são sensíveis a vários

contaminantes do ambiente aquático e porque, devido ao seu pequeno tamanho, necessitam de

menores volumes de amostras-teste e água de diluição do que os testes realizados com algas e

peixes (SHAW e CHADWICK, 1998; COONEY, 1995). Estimativas conservadoras apontam

cerca de 600 espécies ocorrendo em todo o mundo, sendo cerca de 150 as espécies que

ocorrem no Brasil (KOROVCHINSKY, 1996).

Os Cladocera caracterizam-se pela segmentação reduzida do corpo, por apresentarem

tórax e abdômen fundidos em um tronco, no qual estão inseridos quatro a seis pares de

apêndices na porção anterior e que termina em estrutura denominada pós-abdomen, que

contém uma garra terminal (ROCHA e GÜNTZEL, 1999). Apresentam carapaça única,

dobrada na porção dorsal, dando impressão de estrutura bivalve, a qual encerra todo o tronco,

mas usualmente não a parte cefálica. A cabeça é uma peça compacta, na qual a estrutura mais

proeminente é o olho composto, formado por numerosas lentes hialinas circundadas por uma

29

massa de pigmentos granulares; um ocelo, em geral pequeno, situa-se posteriormente ao olho

(BROOKS, 1959).

Os Cladocera são abundantes em água doce, apresentam alta produtividade secundária

e representam, juntamente com outros grupos que compõem o zooplâncton, o elo

intermediário da cadeia alimentar, através do qual a energia armazenada na matéria orgânica

produzida pelos produtores secundários flui para os níveis tróficos superiores, chegando até

peixes, aves aquáticas e o homem, entre outros. Seja via herbivoria direta, seja através do elo

microbiano, os invertebrados são importantes componentes na rede trófica dos sistemas

aquáticos de água doce (ROCHA e GÜNTZEL, 1999).

O ciclo de vida dos Cladocera abrange tanto reprodução assexuada por partenogênese

quanto reprodução sexuada. Na reprodução sexuada, a fertilização geralmente ocorre na

câmara incubadora. Na maioria das famílias, os ovos fertilizados são liberados na água, mas

entre os Daphnidae são mantidos dentro da carapaça, em uma estrutura modificada,

denominada efípio, a qual é liberada durante a muda. Os machos são geralmente produzidos

sob condições adversas, tais quais superpopulação, baixas temperaturas, redução drástica do

nível de água ou escassez de alimento (BRUSCA e BRUSCA, 1990). Devido à formação de

ovos efipiais ou ovos de resistência, na reprodução sexuada, os Cladocera apresentam ampla

distribuição geográfica, alguns sendo realmente cosmopolitas (KOROVCHINSKY, 1992).

Para Maltby e Calow (1989) a reprodução assexuada do tipo partenogenética, permite

a maximização da taxa de crescimento populacional, uma vez que todos os descendentes são

fêmeas, além da preservação das combinações genéticas, obtendo-se populações homogêneas

e com sensibilidade constante; por apresentarem ciclos vitais relativamente curtos e pequena

dimensão corpórea, requerendo pequenos volumes de água, o que facilita o seu cultivo e

manutenção em laboratório; e finalmente por possuírem sensibilidade a um amplo espectro de

substâncias. Esse tipo de reprodução é a ideal durante a realização de ensaios

ecotoxicológicos.

Muitos Cladocera sofrem mudanças sazonais na morfologia do corpo, através de

sucessivas gerações produzidas partenogeneticamente, fenômeno este denominado

ciclomorfose e que é comum entre algumas espécies do gênero Daphnia. Entre as espécies

brasileiras, a ciclomorfose é mais notável em Daphnia gessneri, embora ocorra também em

D. laevis. Os indivíduos gradualmente mudam a forma da cabeça de uma geração para outra,

de arredondada para um capacete pontudo. Os fatores associados a esta variação morfológica

são vários, mas os mais aceitos são o efeito da temperatura e o da predação (ROCHA e

GÜNTZEL, 1999).

30

2.2.3 – Organismo teste – Ceriodaphnia dubia

Diversas espécies de Cladocera são organismos sensíveis e foram mundialmente

padronizados como organismos-teste nos estudos de ecotoxicologia. As espécies Daphnia

magna, Daphnia similis e Ceriodaphnia dubia são exemplos de organismos

internacionalmente padronizados (ROCHA e GÜNTZEL, 1999).

O gênero Ceriodaphnia é um comum representante dos Cladocera, que constitui um

grupo chave em sistemas de água doce capaz de responder aos efeitos tóxicos, motivo que

torna este organismo bastante apropriado para avaliações ecotoxicológicas da qualidade das

águas superficiais (CETESB, 1988)

C. dubia Richard, 1894 (Crustacea, Cladocera), é um microcrustáceo zooplanctônico

de 0,8 mm a 0,9 mm de comprimento, de corpo ovalado e com 8 a 10 espinhos anais, que atua

como consumidor primário na cadeia alimentar aquática e alimenta-se por filtração de

material orgânico particulado (Figura 1). Estes organismos são encontrados na Europa e na

América do Norte (ABNT, 2005).

Os ensaios com C. dubia geralmente permitem duas leituras de resultado; toxicidade

aguda e crônica, sendo, portanto, empregado internacionalmente pelas agências ambientais,

especialmente da Comunidade Européia, Estados Unidos, Canadá, Japão e Austrália, para o

controle das inúmeras descargas de efluentes líquidos industriais e municipais em ambientes

aquáticos (NASCIMENTO et al., 2002).

Figura 1 – Ceriodaphnia dubia, Richard, 1894 (Crustacea, Cladocera)

Fonte: www.mblaquaculture.com/.../daphnids.php

31

Segundo Sasson-Brickson e Burton (1991), o microcrustáceo C. dubia (Crustácea,

Cladocera) tem-se mostrado uma espécie com aplicabilidade em avaliações de toxicidade da

água e também do sedimento. De acordo com Munawar et al. (1999), embora não sejam

bentônicos, os microcrustáceos apresentam propensão para habitar a interface água-

sedimento, alimentando-se na superfície do sedimento e com isso aumentando a possibilidade

de contato dos organismos com as partículas tóxicas do sedimento.

2.2.3.1 - Controle de sensibilidade dos organismos-teste

Na realização de testes de toxicidade, a garantia da qualidade dos resultados envolve

práticas de rotina já normalizadas, dentre as quais encontram-se a realização de testes agudos

ou crônicos com substâncias de referência. A utilização destas substâncias permite avaliar a

condição fisiológica dos organismos que serão submetidos a testes. Vários fatores, que são

fundamentais para a manutenção dos organismos-teste, podem afetar a variabilidade dos

resultados dos testes de toxicidade, como a qualidade da água de cultivo, qualidade e

quantidade de alimento, temperatura e oxigênio (SILVA, 2005).

Entre as substâncias de referência mais utilizadas encontram-se o Dicromato de

Potássio (K2Cr207), o Cloreto de Potássio (KCl) e o Cloreto de Sódio (NaCl) (LEE, 1980). A

partir da determinação da faixa de sensibilidade para uma espécie, a sensibilidade da espécie

deverá ser avaliada periodicamente para o controle de qualidade dos cultivos e dos resultados

dos testes. Caso o valor da sensibilidade se encontre fora da faixa estabelecida, o teste será

invalidado, como também o lote de organismos utilizados, havendo a necessidade de ser

novamente realizado com um novo conjunto de organismos (EPA, 2002).

Espécies de cladóceros de água doce como Ceriodaphnia reticulata, C. dubia e

Bosmina longirostris realizam o controle osmótico conservando a sua hemolinfa

hiperosmótica em relação ao meio externo e reabsorvendo sais ingeridos com alimento pela

glândula maxilar. Quando expostos a uma salinidade alta, morrem por não conseguirem

manter o mecanismo osmótico (SILVA, 2005).

Os dados da sensibilidade natural do organismo-teste (C. dubia) são avaliados pelo

Laboratório de Ecotoxicologia – ECOTOX-Lab no Departamento de Oceanografia e

Limnologia – DOL/UFRN, através da carta – controle construída sobre resultados de testes

com a substância de referência NaCl.

Todavia, a carta controle disponível no laboratório diz respeito a dados de toxicidade

aguda; como os ensaios realizados nesta pesquisa são apenas para testes crônicos tais dados

32

não foram utilizados no presente estudo, pois no momento da sua realização, a carta –

controle para testes crônicos ainda não havia sido finalizada.

Mc Nulty et al. (1999) afirmam que os laboratórios devem fazer os testes com

substâncias de referência para avaliar a sensibilidade dos organismos testes; porém, acreditam

que o uso de outros critérios de aceitabilidade de testes, como sobrevivência mínima,

crescimento ou reprodução de organismos no controle experimental ao final do teste,

fornecem informações mais úteis sobre a condição dos organismos-teste do que os dados

gerados por testes de sensibilidade com substâncias de referência.

Sendo assim, os ensaios foram validados no presente estudo quando o grupo controle

apresentou taxa de sobrevivência igual ou superior a 80% nas réplicas.

3- METODOLOGIA GERAL

3.1 ÁREA DE ESTUDO

O presente estudo foi desenvolvido em áreas de horticultura no município de Natal,

nos bairros de Lagoa Azul, Pajuçara e Redinha, ao longo do Rio Doce, limite com o

município de Extremoz, Rio Grande do Norte. O local encontra-se próximo a praia de

Jenipabu, ponto turístico conhecido, principalmente, pelas imensas dunas que a cercam.

A região da planície fluvial do Rio Doce em Natal/RN localiza-se em Zona de

Proteção Ambiental (ZPA-9). Esta ZPA é uma das que ainda não estão regulamentadas e nela

são observados diversos problemas ambientais decorrentes do uso e ocupação do solo,

caracterizando um flagrante desrespeito à legislação ambiental e cuja proteção é dificultada

devido à inexistência de mecanismos legais específicos.

3.2 – O USO DE AGROTÓXICOS NA REGIÃO DO BAIXO CURSO DO RIO DOCE

Foram realizadas visitas à área em 2009 e 2010. Para a obtenção de informações foi

feito um diagnóstico da situação local, baseado em observação pessoal não participativa e

registro fotográfico, com o intuito de averiguar as características do ambiente, diversidade

populacional e processo de trabalho dos horticultores.

Durante as visitas foram escolhidos quatro pontos distintos do Rio Doce para

levantamento de parâmetros físico – químicos (Oxigênio Dissolvido (OD), pH, cloreto,

turbidez, condutividade e temperatura), que foram medidos em campo utilizando Sonda

Multi-paramétrica (TROLL 9500).

33

O levantamento dos parâmetros físico-químicos foi realizado de Julho a Dezembro

de 2010. A sonda é composta de sensores respectivos a cada parâmetro, portanto o dia que

antecedia a ida ao campo era feita a calibração dos sensores no laboratório de

geoquímica/UFRN, utilizando as soluções de calibração individual para cada sensor.

A sonda foi programada para fazer amostragem Linear, onde todos os parâmetros

selecionados foram medidos no mesmo intervalo de medição (a cada minuto), assim em cada

ponto foram realizadas dez leituras para cada parâmetro, dessas leituras foram descartada as

duas primeiras leituras e considerada apenas as demais para análise. Através desse

procedimento de descartar as duas primeiras leituras procuramos eliminar possíveis alterações

que podem ocorrer no momento que a medição em campo é iniciada.

3.3 - ENSAIOS ECOTOXICOLÓGICOS

3.3.1 - Cultivo do organismo-teste

As culturas de C. dubia foram fornecidas pelo Laboratório de Ecotoxicologia da

Universidade Federal de São Carlos, São Paulo, Brasil e mantidas no Laboratório de

Ecotoxicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte com controle de

temperatura, fotoperíodo, utilização de água reconstituída e alimentação diária com uma

suspensão algal de Pseudokirchneriella subcapitata e alimento composto (ração de peixe)

(ABNT, 2005).

As condições técnicas adotadas para a realização do cultivo destes organismos seguem

as recomendações da NBR 13373 (ABNT, 2005) e encontram-se registradas na Tabela 1.

Tabela 1 - Resumo das condições de cultivo da Ceriodaphnia dubia (ABNT, 2005)

Requisitos Condições

Tipo de ensaio Semi-estático

Água de diluição Água reconstituída

Recipiente de cultivo Becker

Volume água reconstituída 600 ml

Idade do organismo-teste 24h a 21 dias

Renovação da água de cultivo A cada dois dias

Número mínimo de organismos por

recipiente

45 a 50 organismos

Alimentação Alimentação diária com ração de peixe* e microalgas (Pseudokirchneriella subcapitata)

Temperatura 23ºC a 27ºC

Fotoperíodo 16h de luz

Efeito observado Sobrevivência e reprodução

Aeração** Não necessária

*A ração de peixe passa 7 dias aerando, para favorecer o crescimento de microorganismos; **A água de cultivo é aerada por aproximadamente 12h antes de sua utilização, para solubilização total dos sais,

saturação do oxigênio dissolvido e estabilização do pH.

34

A água utilizada na manutenção do cultivo assim como nas diluições das amostras nos

ensaios, é a água reconstituída, preparada de acordo com a NBR 13373 (ABNT, 2005), aerada

por 12 horas antes de sua utilização para a solubilização total dos sais, saturação do oxigênio

dissolvido e estabilização do pH, que deve estar entre 7.0 e 7.6 e dureza total de 40mg

CaCO3/L a 48 mg CaCO3/L.

3.3.2 - Realização dos ensaios ecotoxicológicos

Os ensaios ecotoxicológicos foram desenvolvidos no Laboratório de Ecotoxicologia –

ECOTOX-Lab, localizado no Departamento de Oceanografia e Limnologia – DOL/UFRN, a

fim de caracterizar a toxicidade da água do Rio Doce, através de ensaios crônicos, com

filhotes de C. dubia (Crustacea, Cladocera) e seguem as recomendações internacionais para a

padronização de ensaios ecotoxicológicos, cujas orientações encontram-se descritas na NBR

13373 (ABNT, 2005).

Para a realização dos testes crônicos, foram utilizados neonatos de C. dubia com 24h

de vida. Os filhotes foram coletados dos recipientes de cultivo e introduzidos,

individualmente, em tubos de ensaio contendo uma alíquota de 10 ml da amostra teste, cada

tratamento com dez réplicas. Ao longo de sete dias, período que compreende o teste crônico, a

sobrevivência das fêmeas adultas e o nascimento de neonatos foram quantificados. O grupo

controle foi exposto à água reconstituída, a mesma utilizada no seu cultivo.

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45

CAPÍTULO 1 – CAPÍTULO DE LIVRO

ALGUMAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS DA HORTICULTURA NA REGIÃO DO

BAIXO CURSO DO RIO DOCE, ZPA-9, ZONA NORTE DO NATAL/RN.

Autores: Wanessa Kaline de Araújo Moura; Raquel Franco de Souza.

Submetido ao livro temático “Meio Ambiente e Saúde Humana”, ora em organização pelo

PRODEMA/UFRN e, portanto, está formatado de acordo com as recomendações deste livro

(Anexo 1)

46

ALGUMAS IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS DA HORTICULTURA NA REGIÃO DO

BAIXO CURSO DO RIO DOCE, ZPA-9, ZONA NORTE DO NATAL/RN.

Autores: Wanessa Kaline de Araújo Moura1; Raquel Franco de Souza

2.

1Mestre do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte – PRODEMA/UFRN. Rua Abílio Deodato do Nascimento, 2756, Nossa Senhora de Nazaré,

NATAL/RN / CEP: 59062-390, Fones: (0xx84) 3205-5006 / Celular: 9154-6279, E-mail:

[email protected].

2Professora do Departamento de Geologia/UFRN. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de

Ciências Exatas e da Terra - Departamento de Geologia, Campus Universitário - Lagoa Nova - Caixa Postal –

1639, NATAL – RN / CEP 59072-970, Fones: (0xx84) 3215-3812 / 3215-3808 - Ramal 206, FAX: (0xx84)

3215-3806 / Celular: 9136-8464, E-mail: [email protected].

47

1. INTRODUÇÃO

O movimento expansionista em direção à periferia da cidade de Natal, capital do Rio

Grande do Norte, iniciado através da construção de conjuntos residenciais, tem ocorrido de

forma acelerada e desordenada, muitas vezes com a ocupação de áreas que apresentam certa

fragilidade ambiental, gerando, como consequência, a intensificação dos processos de

degradação ambiental, dentre os quais podem ser destacados a diminuição da qualidade das

águas superficiais, assoreamento dos corpos d’água, processos erosivos, enchentes e outros

(SOARES, 2006).

Em busca da preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental foram

criadas em Natal dez Zonas de Proteção Ambiental – ZPAs (Figura 1), sendo estas definidas

como áreas nas quais as características do meio físico restringem o uso e ocupação do solo

urbano, visando à proteção, manutenção e recuperação dos aspectos paisagísticos, históricos,

arqueológicos e científicos (SEMURB, 2008).

Cada uma destas ZPAs tem o objetivo de preservar determinados aspectos físicos em

vários bairros da cidade. Apesar de terem sido instituídas desde 1992, algumas ainda não

foram regulamentadas, o que de fato dificulta a proteção dessas zonas.

O baixo curso da Bacia do Rio Doce em Natal inclui uma planície fluvial cujo leito

ativo do rio é naturalmente perenizado pelas contribuições das águas subterrâneas do sistema

aquífero Dunas-Barreiras, cujas efluências no vale mantém o fluxo de base do rio. Destaca-se

também um complexo de lagoas e dunas fixas e móveis, as quais favorecem a recarga do

aquífero Dunas/Barreiras, controlam as interações águas subterrâneas-águas superficiais, além

de compreender um ambiente de elevado potencial paisagístico e turístico. É considerada uma

região de ocupação emergente, a qual já apresenta um quadro que pode e deve ser

considerado preocupante, tomando-se por base o comprometimento dos padrões de qualidade

da água deste rio e de parte do cordão dunar que o envolve, a aglomeração desordenada da

população ribeirinha, a precariedade de serviços e equipamentos urbanos básicos, dentre

outros aspectos (AMÉRICO, 2006; SOARES, 2006; AMÉRICO et al., 2007).

A bacia hidrográfica do Rio Doce é uma das 14 bacias principais do Estado do Rio

Grande do Norte ocupando uma área de 387,8 km2 (Figura 2) Os afluentes que lhe dão origem

são o rio Guajiru, rio Mudo, rio Doce e a Lagoa de Extremoz (SERHID, 2006), sendo a trama

da drenagem estabelecida pela chegada dos rios do Mudo e Guajiru desaguando na Lagoa de

Extremoz, e esta desaguando no Rio Doce, à jusante. O Rio Doce e o complexo de lagoas a

ele associado formam o sistema flúvio-lacustre que localiza-se na zona limítrofe entre os

48

municípios de Natal e Extremoz, sendo o Rio Doce o principal curso dágua da referida bacia

hidrográfica, a qual recebe o seu nome.

A ZPA-9 (Figura 1) abrange áreas de três bairros adjacentes ao rio Doce (Lagoa Azul,

Pajuçara e Redinha). Esta ZPA foi criada com o objetivo de assegurar a perenização do rio e a

recarga do aquífero além de manter o grande potencial paisagístico e turístico, e dar suporte às

atividades agrícolas. Esta ZPA é uma das que ainda não estão regulamentadas (PLANO

DIRETOR, 2007) e nela são observados diversos problemas ambientais decorrentes do uso e

ocupação do solo, caracterizando um flagrante desrespeito à legislação ambiental, e cuja

proteção é dificultada devido à inexistência de mecanismos legais específicos.

O bairro Lagoa Azul teve os seus limites definidos em 1993 pela Lei nº 4.328, de 05

de abril de 1993. A ocupação desta região foi intensificada a partir da década de 1980 com a

construção dos conjuntos habitacionais Nova Natal, Gramoré, Cidade Praia e Eldorado. Além

dos conjuntos habitacionais, este bairro é formado por diversos loteamentos e pela

comunidade de Gramorezinho. A ocupação do bairro de Pajuçara ocorreu principalmente a

partir da década de 1990, quando aconteceu a construção de diversos conjuntos habitacionais

(NATAL, 2009). O bairro da Redinha foi incorporado ao território da Cidade de Natal pela

Lei nº 603, de 31 de outubro de 1938 (NATAL 2008). Antes, era uma estância balneária no

subúrbio da cidade, e o primeiro registro de sua existência data do ano de 1603, como terra

cedida ao vigário do Rio Grande, Gaspar Gonçalves Rocha, por João Rodrigues Colaço; a

Redinha, registrada oficialmente como praia, já existe há mais de 400 anos (GURGEL, 2003).

Diversos trabalhos de pesquisa realizados na área do Rio Doce em Natal evidenciam a

preocupação com a situação desse sistema flúvio-lacustre, oferecendo contribuições para um

diagnóstico preciso acerca de diversos aspectos relevantes como o uso e ocupação do solo

(CHAGAS, 1997; LIMA, 2005; AZEVEDO, 2005; DIODATO, 2005), aspectos sócio-

econômicos e ambientais (AMÉRICO, 2006; AMÉRICO et al., 2007; SOARES, 2006),

qualidade das águas e recursos hídricos (CASTRO, 2000; SOARES, 2006), a relação entre

ZPAs e distribuição de doenças (PELAGIO, 2008; PELAGIO E LIMA, 2008; PELAGIO E

LIMA, 2009) e o uso de agrotóxicos (ADISSI E ALMEIDA, 1999; ALMEIDA, 2001;

ANJOS, 2009).

49

Apesar da fragilidade sócio-econômico-ambiental evidenciada nos estudos citados, a

região da planície fluvial do Rio Doce, em 1998, era responsável por cerca de 80% das

verduras fornecidas para abastecimento do comércio do Município do Natal (ADISSI;

ALMEIDA, 1999; ALMEIDA, 2001), realidade que se mantém até hoje. Uma parcela

significativa (cerca de 30%) dos moradores das comunidades Pajussara Sítio, Gramoré Sítio e

Gramoré Povoado, adjacentes ao Rio Doce, tem como ocupação o cultivo de hortas

Figura 1.1 – Zonas de Proteção Ambiental, Natal/RN – Fonte: SEMURB (2008)

ZPA – 1: Campos Dunares Pitimbu, Candelária e Cidade Nova

ZPA – 2: Parque Estadual Dunas de Natal e área de tabuleiro

Litorâneo

ZPA – 3: Área entre o Rio Pitimbu e Av. dos Caiapós

(Conjunto Habitacional Cidade Satélite)

ZPA – 4: Campo Dunar dos Guarapes

ZPA – 5: Associação de Dunas e Lagoas do Bairro de Ponta

Negra (Região de Lagoinha)

ZPA – 6: Morro do Careca e Dunas Associadas

ZPA – 7: Forte dos Reis Magos e seu entorno

ZPA – 8: Estuário do Rio Potengi

ZPA – 9: Complexo de Lagoas e Dunas ao longo do Rio Doce

ZPA – 10: Encostas dunares adjacentes ao Farol de Mãe Luíza

50

(AMÉRICO et al., 2007). A produção nas hortas ocorre em pequenas propriedades que

variam de menos de um até seis hectares; a prática cultural empregada é a do plantio de leiras

baixas ou suspensas (balcões) e há a predominância de agricultura familiar. Na maioria das

situações os trabalhadores vestem-se apenas com bermudas, camisas de manga comprida ou

curta e sandálias abertas. As principais culturas são coentro, alface, cebolinha, e as mais

sazonais como pimentão e couve dentre outras. Para irrigar é utilizada a água do rio, sendo de

uso comum os adubos e agrotóxicos (ADISSI; ALMEIDA, 1999; ALMEIDA, 2001). Dentre

os produtos utilizados para o cultivo das hortaliças, os moradores da área utilizam adubo

orgânico (1.5%), adubo bovino (7%) e de galinha (54%), agrotóxicos (27.5%) e outros (10%)

(AMÉRICO et al., 2007).

No que se refere ao uso de agrotóxicos, os produtos são adquiridos no comércio do

bairro do Alecrim e adjacências, diretamente em lojas de produtos agropecuários, sendo

indicados pelo vendedor ou pelos vizinhos, sem cumprir o dispositivo legal do receituário

agronômico (ANJOS, 2009). As lavagens dos equipamentos utilizados nas atividades de

horticultura, quando realizadas, ocorrem, na maior parte das vezes, junto às leiras e aos corpos

d’água. As sobras de caldas costumam servir para reaplicações, fato que pode acarretar

elevação da resistência das pragas o que, por si só, representa um agravante ambiental. No

que diz respeito ao armazenamento das embalagens de agrotóxicos, tal prática costuma

ocorrer em áreas externas das habitações, próximas aos locais do plantio, havendo exceções

de maior risco, para aqueles que utilizam os espaços da própria residência familiar (ADISSI;

ALMEIDA, 1999; ALMEIDA, 2001).

Este trabalho apresenta um panorama atual acerca das implicações da atividade de

horticultura sobre a degradação da qualidade das águas superficiais na região do baixo curso

do Rio Doce, mediante levantamento e avaliações de dados relativos a parâmetros físico-

químicos de água obtidos em diversos pontos de amostragem ao longo do Rio Doce, entre os

meses de julho a dezembro de 2010, complementados por relatos de visitas e observações. O

objetivo é mostrar que a situação da atividade de horticultura descrita em estudos anteriores

permanece inalterada e que os reflexos negativos já são evidentes no corpo hídrico de maior

expressão na área, o Rio Doce.

2. METODOLOGIA

2.1 Caracterização da área de estudo

51

A área de estudo encontra-se inserida na ZPA-9 (Figura 1). Está situada na zona

limítrofe entre os municípios de Natal-RN e Extremoz-RN, abrangendo o rio Doce, desde a

lagoa de Extremoz, situada à montante, entendendo-se à jusante por 14 quilômetros, até a sua

desembocadura, no estuário do Potengi/Jundiaí – RN.

A ZPA-9 apresenta cobertura vegetal dos tipos vegetação de tabuleiros e vegetação de

dunas. A mata ciliar do Rio Doce é composta por espécies herbáceas, principalmente, nos

trechos situados às margens do rio Doce e espécies arbustivas e arbóreas, situadas nas

encostas e nos topos das dunas fixas, apresentando, nestas últimas, uma vegetação mais densa

(SOARES, 2006). O clima da região é definido como clima tropical chuvoso quente com

verão seco. O regime climático caracteriza-se por duas estações bem definidas: uma seca

(meses com menos de 60 mm), de setembro a fevereiro ou março, e uma chuvosa, nos meses

de março a julho ou agosto. De acordo com os registros da Estação Climatológica da UFRN, a

precipitação média anual, em 2010, foi de 1.186,1 mm, com a maior precipitação no mês de

Maio (média de 262,6 mm) e a menor precipitação no mês de Novembro (média de 4,2 mm).

A temperatura média anual está em torno de 26,5ºC. As maiores temperaturas concentram-se

de dezembro a março, sendo fevereiro o mês que apresenta a maior temperatura média para o

período, 27,5ºC.

2.2 Parâmetros físico-químicos

O levantamento dos parâmetros físico-químicos foi realizado de Julho a Dezembro de

2010. Os locais de amostragem da água do Rio Doce foram denominados pontos P3, P4, P5 e

P6. As amostras P3, P4 e P5 localizam-se nos bairros Lagoa Azul, Pajuçara e Redinha (Figura

2). O P6 (ponto 6) localiza-se na saída da Lagoa de Extremoz, sendo utilizado como controle

em campo, por ser o ponto mais afastado do cultivo das hortas. O P5 (ponto 5) localiza-se no

encontro do rio Doce com a Avenida Dr. João Medeiros Filho, no Bairro da Redinha, em local

com eventual influência de maré. Os pontos P3 e P4 encontram-se em área de cultivo de

hortaliças, respectivamente nos bairros de Lagoa Azul e Pajuçara.

As visitas de campo mensais foram realizadas em um único dia, de cada mês, sendo

todas as medidas realizadas no período da manhã entre 8h e 12h. Foram escolhidos quatro

pontos distintos do Rio Doce para levantamento dos parâmetros físico – químicos de campo

medidos em águas superficiais (Oxigênio Dissolvido-OD, pH, cloreto, turbidez,

condutividade e temperatura), medidos em campo utilizando uma Sonda Multi-paramétrica

(TROLL 9500). A sonda utilizada é composta de sensores para cada parâmetro, calibrados no

52

dia da ida ao campo, utilizando-se as soluções de calibração individual para cada sensor. Em

cada ponto foram realizadas dez leituras para cada parâmetro; dessas leituras foram

descartadas as duas primeiras, considerando-se as demais para análise. Esse procedimento

objetiva eliminar possíveis interferências que possam ocorrer no momento do início da

medição em campo.

2.3 O cultivo de hortaliças e o uso de agrotóxicos

Para a obtenção de informações sobre a atividade de horticultura foi feito um

diagnóstico da situação local baseado em observação pessoal não participativa e registro

fotográfico, realizados durante visitas à área em 2009 e 2010.

Figura 1.2 – Pontos de amostragem no Rio Doce, para análise da qualidade de água. P6: saída da Lagoa de Extremoz; P3: Lagoa Azul; P4: Pajuçara; P5: Redinha, na confluência do Rio Doce com a área de mangue, na

Avenida João Medeiros Filho. P3 e P4 encontram-se em região com atividade de horticultura.

53

3. RESULTADOS

3.1 Parâmetros físico-químicos da água

A Figura 3 (A, B, C, D, E, F) demonstra o comportamento dos diversos

parâmetros analisados em água em cada ponto de amostragem, no período de julho a

dezembro de 2010, sendo os mesmos ordenados de acordo com a distribuição dos pontos.

Para fins de comparação, na mesma Figura 3 (G, H) são apresentados os dados de

precipitação pluviométrica e temperatura média mensal em Natal, de acordo com os registros

da Estação Climatológica da UFRN. O mês de Julho apresentou a maior precipitação, com

média de 151,5mm, e a menor precipitação observada ocorreu no mês de Novembro, com

média de 4,2 mm. A temperatura média variou de 24ºC no mês de julho a 28ºC no mês de

dezembro.

No período de seis meses a temperatura da água variou de 27,6ºC no mês de julho a

31ºC no mês de dezembro em P6 (Figura 3A). A variação das temperaturas não é significativa

para medidas realizadas em um mesmo mês, mas há uma tendência geral de aumento de

temperatura da água entre os meses de julho e dezembro, fato provavelmente relacionado ao

incremento da temperatura ambiente e à diminuição da precipitação, observados entre julho e

dezembro; deve ser considerado que a velocidade das águas do rio deve decrescer

progressivamente ao longo do período de estiagem, em função da menor contribuição

subterrânea do aquífero freático para o fluxo de base do rio. Observa-se ainda que os pontos

localizados nas áreas que têm hortas (P3 e P4) apresentam, em geral, temperaturas menores

que as registradas nos pontos P5 e P6, provavelmente devido a uma maior utilização pontual

das águas para essas atividades, permitindo maior renovação local do corpo dágua.

Os valores de pH variaram de um mínimo de 5,6 em P3 no mês de novembro a um

máximo de 7,4 em P6 no mês de agosto (Figura 3B). Este parâmetro apresentou poucos

valores inferiores ao limite estabelecido pela Resolução 357/05 do CONAMA para a classe 1

e 2 (6 a 9). As águas do rio Doce nas áreas de hortas (P3 e P4) apresentaram, em geral, pH

menor que os valores registrados em P5 (Redinha) e P6 (saída da Lagoa de Extremoz). Há

uma tendência geral de diminuição do pH da água entre os meses de julho a novembro,

quando há também diminuição da precipitação e aumento da temperatura ambiente. O leve

incremento no pH observado em todos os pontos provavelmente está relacionado ao aumento

da precipitação no mês de dezembro (Figura 3G) .

54

Os níveis de oxigênio dissolvido (OD) (Figura 3C) apresentaram-se abaixo do limite

mínimo recomendado para a Classe 1, de acordo com a Resolução 357/05 do CONAMA

A B

C D

E F

G H

Figura 1.3 – Representação gráfica dos parâmetros físico-químicos da água do Rio Doce (A, B, C, D, E, F), da precipitação média mensal (G) e da temperatura média (H) em Natal, no período de julho a dezembro de 2010. *UNF – Unidades Nefelométricas de Formazina (unidade da turbidez, sonda TROLL 9500).

55

(Classe 1: OD, em qualquer amostra, não inferior a 6 mg/L O2) nos pontos P3 (Setembro a

dezembro) e P4 (julho, setembro, outubro, novembro e dezembro); os valores que se

encontram abaixo de 6 mg/L O2, apresentaram mínimo de 1,6 mg/L O2 (novembro/P3) e

máximo de 5,5 mg/L O2 (setembro/P3). Para um mesmo mês, os valores de OD sempre foram

menores em P3 e P4 quando comparados a P6 e a P5. Ao longo do período de seis meses

estudados observa-se uma tendência geral de diminuição do oxigênio dissolvido na água.

Neste caso, a menor precipitação pluviométrica ao longo do período seco, aliada à menor

recarga do aquífero freático, e menor contribuição subterrânea deste para o fluxo de base,

devem reduzir a velocidade e renovação das águas do rio, que por sua vez é impactado pelo

lançamento de poluentes que promovem o consumo de OD da água.

Os valores do cloreto (Figura 3D) apresentaram-se dentro do limite estabelecido pela

Resolução 357/05 do CONAMA para águas doces de classe 1 que é de 250 mg/L em todos os

pontos de analisados, com valor mínimo de 17 mg/L e máximo de 191,1 mg/L. Este é outro

parâmetro que, acompanha as variações de temperatura, pH e OD ao longo do rio: para um

mesmo mês, em geral, observa-se diminuição nos valores obtidos nas áreas das hortas (pontos

P3 e P4), especialmente nos meses de agosto e outubro. Não há um padrão de aumento ou

diminuição dos teores de cloreto na água ao longo dos meses, no período entre julho e

dezembro.

A condutividade (Figura 3E) apresentou um valor mínimo de 216,17μs/cm, no ponto

P3 no mês de novembro e valor máximo de 512,5 μs/cm, no ponto P6, em agosto. A

condutividade da água é maior no mês de agosto em relação a julho em todos os pontos, mas

decresce gradativamente de setembro até novembro. Em dezembro os valores da

condutividade aumentam, denotando uma relação aparente entre este parâmetro e os dados de

precipitação para o período analisado (Julho-Dezembro; figura 3G). A tendência de aumento

da condutividade elétrica da água, com a respectiva diminuição das chuvas, provavelmente

indica um sensível aumento da salinização condicionado à menor renovação do corpo hídrico

pelas chuvas menos intensas.

A turbidez (Figura 3F) encontra-se na faixa de 0,3 UNF (valor mínimo) no ponto P4

(julho) e máximo de 64,8 UNF no ponto P5 (outubro); este último valor é maior que o

estabelecido pela Resolução 357/05 do CONAMA, para águas doces de classe 1 que é de até

40 unidades nefelométricas de turbidez (UNT).

3.2 O cultivo de hortaliças e o uso de agrotóxicos

56

Durante as visitas à área no ano de 2010, foi possível observar que a situação

apresentada na introdução deste capítulo, conforme descrita por Adissi e Almeida (1999) e

Almeida (2001), pouco se alterou em um período de cerca de dez anos. O Rio Doce recebe

influência antrópica em seu percurso, desde o seu encontro com a Lagoa de Extremoz até o

Bairro da Redinha. As águas do rio continuam sendo utilizadas para suprir as necessidades da

população de diversas formas, tais como lavagem de roupas, carros e animais, atividades

agrícolas e de criação de animais, retirada de areia do leito do rio e como recreação.

Observou-se na localidade que o cultivo de hortaliças continua intenso e crescente,

sendo notável, também, a presença de núcleos familiares envolvidos no trabalho. Em conversa

informal com agricultores no bairro Lagoa Azul, percebe-se essa relação. Um dos agricultores

relatou que chegou na região na década de 1960, “começou a plantar feijão, macaxeira e

frutas; criou os filhos e hoje cada um possui uma parte de terra onde planta e retira o seu

sustento”.

A maioria das hortaliças nesta área é cultivada em balcões; segundo relatos de

agricultores:

“A terra não é boa, e é muito seca, necessitando irrigação várias vezes ao dia”. (Julho, 2009)

O cultivo realizado nos balcões, alguns de alvenaria, outros de madeira, é mais

viável, pois assim pode-se preparar melhor a terra para o plantio além de diminuir a

quantidade de água utilizada. Entre as variedades cultivadas em balcões encontram-se alface,

couve, coentro, cebolinha e até flores. Em área próxima observam-se leiras (no próprio chão)

com plantas medicinais como hortelã, alecrim, mastruz, arruda, quebra-pedra, capim cidreira,

manjericão da folha miúda e da folha grande, entre outras variedades (Figuras 4 A e B).

Apesar de a região contar com abastecimento de água encanada, há locais que não

dispõem com tanta facilidade do serviço; por este motivo utiliza-se a água de poços artesanais

de grande diâmetro (poços amazonas ou cacimbões) para a irrigação das hortaliças e para

consumo dos próprios moradores, sendo esta água captada por bombas elétricas. Deve-se

salientar que esses poços artesanais estão vulneráveis a receberem poluentes pela entrada

direta de materiais, insetos, animais, etc. dentro do poço, podendo acarretar o aparecimento de

doenças. O comprometimento da água do rio já é percebido pelos moradores e usuários:

“A água do Rio Doce está poluída, não oferecendo mais condições para regar os cultivos”.

(Agricultor, Gramoré Sítio - Julho, 2009)

57

A presença de agricultores com pulverizadores, sem qualquer equipamento de

proteção individual, evidencia a utilização de agrotóxicos na área, bem como a falta de

cuidados pessoais (Figura 4 C). Dentre os balcões foram encontradas várias embalagens de

garrafas pet, água sanitária, desinfetante e amaciante. Segundo os agricultores, as embalagens

seriam cortadas e utilizadas para levar mudas de uma área para outra dentro da própria área,

ou para transporte de mudas comercializadas (Figura 4 D). Além dessas embalagens foram

encontrados também sacos de fertilizantes e até caixas de formicida em pó (Figura 4 E e F).

Figura 1.4 - Cultivo de plantas medicinais em leiras (A) e (B); agricultor com pulverizador e sem uso de EPI (C – centro da foto); embalagens diversas (D), embalagem de fertilizante (E) e formicida em pó (F) na área de cultivo

entre os balcões (CORREIA e LIMA, 2009).

A B

C D

E F

58

Fica evidente que o cultivo de hortaliças na região é uma atividade expressiva, o que

constitui um motivo de preocupação, pois quanto mais intensa a prática da agricultura, mais

intensa a utilização de agrotóxicos. A infiltração destes produtos no solo arenoso pode ter

como consequência provável o comprometimento da qualidade da água do rio, com

possibilidade de atingir inclusive o lençol freático pela infiltração através da zona não

saturada até a saturada.

4. DISCUSSÃO

4.1 O que é possível afirmar a partir dos resultados das análises dos parâmetros físico-

químicos da água do Rio Doce?

Verificou-se durante os seis meses de amostragem que as águas do Rio Doce, ao

drenarem a área onde são cultivadas as hortaliças (P3 e P4), de maneira geral, apresentam

características físico-químicas diferenciadas, com valores mais baixos de temperatura, pH,

OD e cloreto, em relação aos pontos mais distantes das hortas (P5 e P6), os quais mostram

valores mais elevados para os mesmos parâmetros. Observou-se ainda uma relação aparente

entre os valores dos parâmetros analisados, principalmente condutividade, pH e OD e os

dados de precipitação para o período analisado (Julho-Dezembro de 2010, Figura 3 G). Entre

os meses de julho e novembro, a diminuição na precipitação pluviométrica foi acompanhada

por diminuição nos valores de pH, OD e condutividade (Figura 3 B, C e E). De maneira

análoga, o aumento na precipitação no mês de dezembro refletiu no aumento dos mesmos

parâmetros (pH, OD e condutividade). Com relação à temperatura, verificou-se que não há

relação entre a variação deste parâmetro na água (Figura 3 A) e a temperatura média mensal

(Figura 3 H).

Segundo Esteves (1998) a condutividade da água tende a aumentar com a elevação da

temperatura e com a maior concentração de íons dissolvidos, que pode ocorrer a partir da

entrada de matéria orgânica no corpo hídrico. Por outro lado a decomposição desta matéria

orgânica reduz o pH. Na área de estudo a matéria orgânica encontrada é proveniente da

retirada da vegetação local dos terrenos que serão utilizados para o plantio das hortas, da

limpeza das leiras e balcões onde são cultivadas as hortaliças, de esgotos clandestinos e ainda

dos resíduos de embalagens de fertilizantes e agrotóxicos e descarte das sobras das caldas

destes produtos.

59

O OD é uma das variáveis ambientais mais importantes na dinâmica e caracterização

dos corpos hídricos. Segundo Rodgher et al (2005) esta variável é influenciada por alterações

sazonais na precipitação e temperatura. Os baixos níveis de OD podem ser resultantes da

intensa decomposição de matéria orgânica nos rios e reservatórios. Para Thomaz et al (1997)

e Esteves (1998) os baixos níveis de oxigênio são um fator negativo na qualidade da água,

porque, em tais condições, os compostos químicos nos sedimentos, tendem a ser liberados

para a água, contribuindo inclusive para a eutrofização de rios e reservatórios, e podendo

provocar a eliminação da fauna aquática, principalmente os peixes.

O monitoramento de parâmetros de qualidade da água revela muito sobre a presença

de componentes bióticos e abióticos neste ecossistema. As alterações desses parâmetros

alertam para a possibilidade de vários fatores que possam estar afetando a qualidade dos

recursos hídricos de maneira adversa. Segundo Townsend e Riley (1999) as características

físicas, químicas e biológicas da água, resultam da interação entre o uso e a ocupação do solo,

nas bacias hidrográficas.

Ao longo do Rio Doce os resultados dos parâmetros físico-químicos, apresentaram em

geral valores mais baixos (temperatura, pH, OD e cloreto) ao atravessarem a área onde são

cultivadas as hortaliças, indicando que a atividade de horticultura pode ser um dos fatores que

altera a qualidade do corpo hídrico.

Ao longo dos meses, a inexistência de esgotamento sanitário, a implantação de

esgotamento in situ em fossas, e a atividade contínua da horticultura contribuem para o aporte

contínuo de matéria orgânica. Com a diminuição da precipitação entre julho e novembro e a

consequente diminuição no volume de água, do fluxo de base e da velocidade do rio, ocorre

um provável aumento do teor de matéria orgânica, o que explicaria os menores valores de pH,

OD e condutividade nos meses em que chove menos.

4.2 Quais os agrotóxicos utilizados na área e as implicações para a saúde?

A tabela 1 apresenta uma lista dos agrotóxicos mais utilizados na região do baixo

curso do Rio Doce, de acordo com os estudos realizados por Adissi e Almeida (1999) e Anjos

(2009). Além dos nomes comerciais encontrados na primeira coluna, são listados a classe de

uso, grupo químico, classificação toxicológica (CT) e classificação ambiental (CA). As siglas

referentes às classificações toxicológica e ambiental são detalhadas na porção inferior da

tabela.

60

Verifica-se que dentre os agrotóxicos utilizados, poucos são recomendados para as

culturas e a maioria deles faz parte do grupo químico dos organofosforados, cuja maioria se

enquadra na classe toxicológica I, II e III – medianamente a extremamente tóxicos, como o

Folidol e o Malathion. No levantamento mais recente (ANJOS, 2009) verifica-se que novos

agrotóxicos passaram a ser usados nas hortas, como Barrage (piretróide) e Folisuper

(organofosforado).

Tabela 1.1 - Agrotóxicos mais utilizados na região do Rio Doce, Natal/RN.

Nome

Comercial Classe de uso Grupo químico CT

1 CA2

Agridion* Inseticida organofosforado IV - PT SC

Azodrin* Acaricida - inseticida organofosforado II - AT I - PAP

Barrage** Carrapaticida - inseticida Piretróide IV - PT III - PP

Decis*/** Inseticida Piretróide III - MT I - PAP

Dithane* Acaricida - fungicida ditiocarbamatos III - MT II - PMP

Folidol* Inseticida organofosforado I - ET III - PP

Folisuper**

Acaricida – inseticida organofosforado I - ET SC

Malathion* Inseticida organofosforado III - MT III - PP

Manzate*

Fungicida ditiocarbamatos III - MT SC Tamaron

*/** Acaricida - inseticida organofosforado II - AT II - PMP

*(Adissi e Almeida, 1999), **(Anjos, 2009); 1CT = classificação toxicológica. 2CA = classificação ambiental

Almeida (2001) em sua pesquisa já destacava o fato de o manuseio dos agrotóxicos na

região da planície fluvial do Rio Doce ser feito tanto para a preparação como para as

aplicações, sem nenhum tipo de equipamento de proteção individual. Na maioria das

situações descritas pela autora, os trabalhadores vestiam-se apenas com bermudas, camisas de

manga comprida ou curta e sandálias abertas. Esta situação também foi constatada na presente

pesquisa. Almeida (2001) ainda enfatizava que para as preparações das caldas eram utilizadas

medidas que costumam acompanhar as embalagens de agrotóxicos, em geral, são copos

plásticos de 50 ml com indicações de 5 em 5 ml. No entanto, os agricultores preferiam adotar

medidas bastante distintas das indicadas. E a maioria das formulações empregadas não era

indicada para a cultura tratada, resultando, em superconcentrações. Tal comportamento, além

de causar sérios danos ao meio ambiente e à saúde dos trabalhadores também pode favorecer

as pragas, aumentando a sua resistência a determinados agrotóxicos, levando o agricultor a

procurar produtos cada vez mais fortes.

1Classificação Toxicológica (CT):

I - Extremamente Tóxico (ET)

II - Altamente Tóxico (AT)

III - Medianamente Tóxico (MT)

IV - Pouco Tóxico (PT)

2Classificação Ambiental (CA):

PAP - Produto Altamente Perigoso

PMP - Produto Muito Perigoso PP - Produto Perigoso

PPP - Produto Pouco Perigoso

SC - Sem classificação até o momento.

61

Os inseticidas organofosforados atuam inibindo as colinesterases, principalmente a

acetilcolinesterase, uma enzima que atua como mediador químico (neurotransmissor). Em

mamíferos, estes efeitos caracterizam-se principalmente por lacrimejamento, salivação,

sudorese, diarréia, tremores e distúrbios cardiorrespiratórios. Estes últimos são decorrentes de

broncoconstrição, aumento das secreções brônquicas e bradicardia, bem como de depressão

do sistema nervoso central, sendo as principais causas de morbidade e mortalidade por tais

produtos (ECOBICHON; JOY, 1991).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que ocorram aproximadamente três

milhões de envenenamentos humanos por pesticidas em todo o mundo ao longo de um ano,

com mais de 220.000 mortes relatadas. No Brasil, a ocorrência de intoxicações por pesticidas

do grupo dos organofosforados continua sendo alta, apesar da diminuição no seu uso em

relação à década dos anos oitenta (CAVALIERE et al, 1996).

Esses inseticidas são absorvidos pelo organismo humano através de todas as vias

possíveis, incluindo a via dérmica, o trato gastrointestinal, a via respiratória e as membranas

mucosas. A absorção dérmica é a via principal de penetração nos envenenamentos

ocupacionais, naqueles indivíduos que aplicam produtos sob a forma de pulverização ou

naqueles que lidam nas plantações após a aplicação de produtos organofosforados, para fazer

colheita, catações, poda, dentre outros (LIMA et al., 2001).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os reflexos da atividade de horticultura na água do Rio Doce ficam evidenciados

através dos resultados dos parâmetros físico-químicos, medidos ao longo de seu percurso e

que apresentaram em geral valores mais baixos (temperatura, pH, OD e cloreto) na passagem

das águas do rio ao longo da área onde são cultivadas as hortaliças. Por outro lado, as

variações na precipitação pluviométrica mensal apresentam relação com a variação dos

parâmetros físico-químicos pH, OD e condutividade: precipitações decrescentes entre os

meses de julho a novembro acarretam aumento nos teores de matéria orgânica, com

consequente diminuição de pH, OD e condutividade.

Os problemas mais graves que afetam a qualidade da água do corpo hídrico são

decorrentes da ação antropogênica. Apesar da estreita relação entre valores menores de

temperatura, pH, OD e cloreto nos pontos com atividade de horticultura, quando comparados

aos valores mais elevados dos mesmo parâmetros nos outros pontos investigados, é precoce

afirmar que estas alterações sejam exclusivamente devidas às práticas agrícolas deficientes.

62

Considerando a ausência de atividade industrial, pode-se afirmar que a degradação encontrada

talvez esteja relacionada também à falta de saneamento básico e ao lançamento de esgotos no

rio, dentre outros fatores.

Os efeitos adversos da atividade de horticultura na região do baixo curso do Rio Doce

constituem um problema tanto para o meio ambiente quanto para saúde humana e seus efeitos

somente poderão ser avaliados a partir de estudos sistemáticos e de caráter multidisciplinar,

que contemplem aspectos sócio-econômicos-ambientais e sua relação com a saúde humana, a

curto, médio e longo prazo.

Agradecimento: A CAPES, pela concessão da bolsa de mestrado à primeira autora.

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66

CAPÍTULO 2 – ARTIGO CIENTÍFICO

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL POR MEIO DE TESTES DE

TOXICIDADE EM ÁGUAS TROPICAIS DO NORDESTE DO BRASIL

UTILIZANDO O CLADÓCERO CERIODAPHNIA DUBIA COMO ORGANISMO

TESTE

Autores: Wanessa Kaline de Araújo Moura; Raquel Franco de Souza Lima;

Este artigo será submetido ao Acta Limnologica Brasiliensia e, portanto, está formatado de

acordo com as recomendações desta revista (Anexo 2)

67

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL POR MEIO DE TESTES DE

TOXICIDADE EM ÁGUAS TROPICAIS DO NORDESTE DO BRASIL

UTILIZANDO O CLADÓCERO CERIODAPHNIA DUBIA COMO ORGANISMO

TESTE

RESUMO

A região da planície fluvial do Rio Doce em Natal/RN localiza-se em Zona de Proteção

Ambiental (ZPA-9) não regulamentada. A principal atividade na maioria das comunidades

existentes na região do Rio Doce é o cultivo de hortaliças, baseado nos preceitos modernos de

produção, o que acarreta a utilização de agrotóxicos de forma intensiva, e consequentemente

infiltração desses produtos químicos no solo comprometendo a qualidade da água aí

disponível. O objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade da água do Rio Doce e de um poço

para captação de água subterrânea por meio de testes de toxicidade utilizando Ceriodaphnia

dubia Richard, 1894 (Crustacea, Cladocera) como organismo teste e da análise de parâmetros

físico-químicos. As amostragens foram realizadas mensalmente de Janeiro a Dezembro de

2010, compreendendo um período chuvoso e outro seco Os locais de amostragem foram

denominados Ponto 1 (P1), amostra de água de poço, e os demais pontos (P3, P4, P5 e P6),

amostras da água do Rio Doce, localizados ao longo da ZPA – 9, nos bairros Lagoa Azul,

Pajuçara e Redinha. Nos mesmos pontos de amostragem, um levantamento dos parâmetros

físico-químicos foi realizado de Julho a Dezembro de 2010. Parâmetros como Oxigênio

Dissolvido (OD), pH, cloreto, turbidez, condutividade e temperatura foram medidos em

campo utilizando Sonda Multiparâmetro TROLL 9500. Os ensaios dos testes de toxicidade

crônica indicaram a existência de toxicidade, para o microcrustáceo Ceriodaphnia dubia, em

todos os pontos amostrados. A área onde são cultivadas as hortaliças, de maneira geral,

apresentaram valores mais baixos de OD e pH, enquanto que nos pontos mais afastados das

hortas os valores de OD e pH eram mais elevados. Estes dados demonstram que as atividades

de horticultura e o uso de agrotóxicos podem estar contribuindo para as variações observadas

nos parâmetros medidos.

Palavras-chave: Zona de Proteção Ambiental. Rio Doce. Cultivo de hortaliças.

68

EVALUATION OF ENVIRONMENTAL DEGRADATION THROUGH TOXICITY

TESTS IN TROPICAL WATERS OF NORTHEASTERN BRAZIL USING

CLADOCERAN CERIODAPHNIA DUBIA AS TEST ORGANISM

ABSTRACT

The region of the fluvial plain of the Doce River in Natal / RN is located in an Environmental

Protection Zone (ZPA-9) which is not under the regulatory marks. The main activity in most

communities in the region of the Doce River is the culture of vegetables, based on the

precepts of modern production, which entails the intensive use of pesticides and the

consequent infiltration of these chemicals in the soil, affecting the quality of the available

water. The aim of this study was to evaluate the water quality of the Doce River and a well to

obtain groundwater, through toxicity tests using Ceriodaphnia dubia Richard 1894

(Cladocera, Crustacea) as test organism and the analysis of physico-chemical parameters.

Samples were collected monthly from January to December 2010, comprising a rainy and a

dry season. Sampling sites were designated Point 1 (P1), sample of well water; the remaining

points (P3, P4, P5 and P6), water samples of the Doce River, located along the ZPA - 9, on

the Lagoa Azul, Pajuçara and Redinha neighborhoods. In the same sampling points, a survey

of physico-chemical parameters was carried out from July to December 2010. Parameters

such as Dissolved Oxygen (DO), pH, chloride, turbidity, conductivity and temperature were

measured in the field by using TROLL 9500 Multiparameter Probe. The tests on chronic

toxicity tests indicated the existence of toxicity to the microcrustaceous Ceriodaphnia dubia

in all the sampled points. The area where vegetables are grown, generally displayed lower

values of DO and pH, whereas points further away from the horticulture area showed higher

values of DO and pH. These data demonstrate that the culture activities and the use of

pesticides may be contributing to the observed variations on the measured parameters.

Keywords: Environmental Protection Zone. Rio Doce. Cultivation of vegetables.

69

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL POR MEIO DE TESTES DE

TOXICIDADE EM ÁGUAS TROPICAIS DO NORDESTE DO BRASIL

UTILIZANDO O CLADÓCERO CERIODAPHNIA DUBIA COMO ORGANISMO

TESTE

INTRODUÇÃO

A bacia hidrográfica do Rio Doce é uma das 14 bacias principais do Rio Grande do

Norte, sendo o Rio Doce o principal desta bacia que recebe o seu nome. (Serhid, 2006). A

principal atividade na maioria das comunidades existentes na região do Rio Doce é o cultivo

de hortaliças, baseado nos preceitos modernos de produção, o que acarreta na utilização de

agrotóxicos de forma intensiva (Adissi e Almeida, 1999).

Verifica-se que dentre os agrotóxicos utilizados, poucos são recomendados para as

culturas e a maioria deles faz parte do grupo químico dos organofosforados que tem classe

toxicológica I, II e III – medianamente a extremamente tóxicos, como o Tamaron, o Folidol e

o Malathion. O levantamento mais recente (Anjos, 2009) relata que, em comparação com as

informações de cerca de uma década atrás (Adissi e Almeida, 1999) novos agrotóxicos

passaram a ser de uso nas hortas, como Barrage e Folisuper.

Agroecossistemas aquáticos em regiões tropicais são relatados como áreas que

representam especial risco aos efeitos dos agrotóxicos, devido à grande quantidade de

pesticidas que escoam durante a irrigação e também da precipitação (Castillo et al. 1997; Van

Den Brink et al. 2003). Além disso, os pesticidas são aplicados nas proximidades dos corpos

de água, resultando em níveis relativamente altos, em função do processo de pulverização.

Devido à importância econômica da disponibilidade de águas superficiais de boa

qualidade nas bacias hidrográficas, o destino dos pesticidas aplicados nos campos agrícolas é

de grande interesse (Cooman, et al, 2005).

Segundo Moses et al. (1993), cerca de 90% de pesticidas aplicados na agricultura

nunca atinge apenas as pragas que prejudicam o cultivo; ao invés disso são dispersos através

do ar, solo e água, pelo processo de pulverização, afetando uma série de outros seres vivos,

inclusive o homem.

Para Kreuger (1995), riachos dentro de uma bacia hidrográfica agrícola são bastante

susceptíveis aos riscos do uso de pesticidas, principalmente após períodos de chuva. Outros

problemas freqüentemente observados são o armazenamento destes produtos de forma

inadequada, aplicações desnecessárias e de maneiras excessivas e lavagem dos equipamentos

70

de aplicação próximos aos corpos de água, o que demonstra, muitas vezes a falta de

compreensão dos agricultores com relação às informações apresentadas nos rótulos dos

pesticidas (Satapornvanit, 2004).

Segundo estudos na região do Rio Doce (Adissi e Almeida, 1999; Almeida, 2001) as

lavagens dos equipamentos, ocorrem, na maior parte das vezes, próximo a área de cultivo. Já

as sobras de caldas, costumam servir para reaplicações, que acarretam a elevação da

resistência das pragas o que, por si só, representa um agravante ambiental. No que diz respeito

ao armazenamento das embalagens de agrotóxicos, tal prática costuma ocorrer em áreas

externas das habitações, próximas aos locais do plantio, havendo exceções de maior risco,

para aqueles que utilizam os espaços da própria residência familiar.

A Resolução CONAMA nº 357/05 no parágrafo 4º, artigo 8º, com relação às águas

superficiais (Brasil, 2005), requer que as possíveis interações entre as substâncias e a presença

de contaminantes não listados na Resolução vigente, passíveis de causar danos aos seres

vivos, sejam investigadas utilizando-se ensaios ecotoxicológicos (Bertoletti e Zagatto, 2006).

Assim o objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade da água do Rio Doce e de um

poço para captação de água subterrânea por meio de testes de toxicidade utilizando

Ceriodaphnia dubia Richard, 1894 (Crustacea, Cladocera) como organismo teste e da análise

de parâmetros físico-químicos.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo

O presente estudo foi desenvolvido na região da planície fluvial do Rio Doce em

Natal/RN que localiza-se em Zona de Proteção Ambiental (ZPA-9) não regulamentada; esta

área faz parte de um complexo de lagoas e dunas que serve como recarga do aqüífero

Dunas/Barreiras e compreende um ambiente de potencial paisagístico e turístico. A principal

atividade na maioria das comunidades existentes na região do Rio Doce é o cultivo de

hortaliças, com uso de agrotóxicos de forma intensiva, o que acarreta a infiltração desses

produtos químicos no solo, com possibilidade do comprometimento da qualidade da água aí

disponível.

Apesar da região contar com abastecimento de água encanada, há locais que não

dispõem com tanta facilidade do serviço, e que por este motivo utilizam a água de poços

artesanais para regar as hortaliças e para consumo dos próprios moradores, sendo a água

captada por bombas elétricas.

71

Amostragem

As amostragens foram realizadas mensalmente de Janeiro a Dezembro de 2010,

compreendendo um período chuvoso e outro seco.

Os locais de amostragem foram denominados Ponto 1 (P1) amostra de água de poço, e

os demais pontos (P3, P4, P5 e P6) amostras da água do Rio Doce, localizados ao longo da

ZPA – 9, nos bairros Lagoa Azul, Pajuçara e Redinha (Figura 2.1); o ponto 6 (P6) é o único

que não faz parte da ZPA – 9 e localiza-se na saída da Lagoa de Extremoz, sendo utilizado

como controle em campo, por ser o ponto mais afastado do cultivo das hortas. O ponto 5 (P5)

localiza-se na confluência do Rio Doce com a Avenida Dr. João Medeiros Filho, no Bairro da

Redinha.

Nos mesmos pontos de amostragem, um levantamento dos parâmetros físico-químicos

foi realizado de Julho a Dezembro de 2010. Parâmetros como Oxigênio Dissolvido (OD), pH,

cloreto, turbidez, condutividade e temperatura foram medidos em campo utilizando Sonda

Multiparâmetro TROLL 9500.

As amostras coletadas para os ensaios ecotoxicológicos foram acondicionadas em

garrafas plásticas (2 litros de capacidade), previamente descontaminadas ABNT (2005). O

transporte ao laboratório foi realizado em caixas isotérmicas refrigeradas. As amostras foram

colocadas em freezer, conforme protocolo recomendado pela NBR 13373 ABNT (2005), visto

que não há diferença nos resultados do ensaio quando a amostra é refrigerada ou congelada

(Aragão e Bertoletti, 2006). Antes de iniciar o ensaio, as amostras são descongeladas e

permanecem refrigeradas para posterior aclimatação durante o período do ensaio.

72

Testes de Toxicidade crônicos

Para a realização dos testes crônicos foram utilizados neonatos de Ceriodaphnia.

dubia com 24h de vida. Por se tratar de uma amostra ambiental, as soluções – teste nos

ensaios foram compostas de 100% de amostras de água do rio Doce e da água de poço.

Os filhotes foram coletados dos recipientes de cultivo e introduzidos, individualmente,

em tubos de ensaio contendo uma alíquota de 15 ml da solução-teste, cada tratamento com

dez réplicas. Ao longo de sete dias, período que compreende o teste crônico, a sobrevivência

das fêmeas adultas e o nascimento dos neonatos em cada amostra foram comparados ao total

Figura 2.1 – Pontos de amostragem, para análise da qualidade de água. O ponto 6 localiza-se na saída

da Lagoa de Extremoz; P1,P3 e P4 encontram-se em região com intensa atividade de horticultura e o

ponto 5 localizado na Avenida João Medeiros Filho.

73

produzido pelo grupo controle. Foi considerada tóxica a amostra cuja sobrevivência e o

número de neonatos produzidos apresentou-se estatisticamente inferior ao observado no grupo

controle.

Parâmetros Físico-químicos da água

A sonda utilizada é composta de sensores respectivos para cada parâmetro, que eram

calibrados no dia que antecedia a ida ao campo, utilizando-se as soluções de calibração

individual para cada sensor. A amostragem programa na sonda foi a Linear, onde todos os

parâmetros selecionados foram medidos no mesmo intervalo de medição (a cada minuto).

Assim, em cada ponto foram realizadas dez leituras para cada parâmetro; dessas leituras

foram descartadas as duas primeiras, considerando-se as demais para análise. Esse

procedimento objetiva eliminar possíveis interferências que possam ocorrer no momento do

início da medição em campo.

Análise de resíduos de agrotóxicos

Amostras de água do Rio e do poço foram coletadas nos mesmos pontos de

amostragem para os testes ecotoxicológicos e parâmetros físico-químicos, durante o mês de

dezembro, e posteriormente enviadas para análise de resíduos de agrotóxicos. A análise foi

realizada pelo Instituto Técnico de Pernambuco, através do método Standard Methods for the

Examination of Water and Wastewater, com Limite de quantificação do método de 0,03 μg/L

e procedimento analítico utilizando cromatógrafo a líquido de alto desempenho LC-MS/MS.

A tabela 2.1 apresenta a lista com os compostos analisados.

Tabela 2.1 – Lista dos compostos analisados pelo Instituto Técnico de Pernambuco - ITEP

GRUPO QUÍMICO INGREDIENTE ATIVO

ORGANOFOSFORADOS

Acephate, Fenitrothion, malaoxona, Acetamiprid, Esfenvarelate, Methidathion

Azinphos-ethyl, Fenpropathrin, Malathion, Azinphos-methyl, clorfenvinfós, Methamidophos, Carbofenothion, Ethoprophos, Monocrotophos

Cypermethrin, Disulfoton, Fenthion, Diazinone, Ethion, Mevinphos

Dichlorvos, Etrimfos, Pyridaphenthion, Dimethoate, Fenamiphos, Pyrifenox

Etiofencarbe, Fosthiazate, Omethoate, Chlorpyrifos-methyl, Heptachlor

Heptachlor epoxide, Paraoxona metílica, Parathion-ethyl, Parathion-methyl

Paraoxona etílica, Pyrazophos, Pirimiphos-ethyl, Pirimiphos-methyl

Profenofos, Phosalone, Terbufos, Triazophos, Trichlorfon

ORGANOCLORADO

Aldrin, DDT total, Dicofol, Chlordane, Dieldrin Endrin, Lindane, HCl, Iprovalicarb

PIRETRÓIDE

Binfenthrin , Carbaryl, Deltamethrin, Cyfluthrin

Etofenprox, Lambda-cyhalothrin, Fenvarelate

Permethrin, Triazophos, Vamidotiona, Vinclozolin

74

RESULTADOS

Testes de Toxicidade crônica

Os resultados dos testes crônicos neste estudo indicaram a existência de toxicidade em

todos os pontos amostrados.

A Tabela 2.2 apresenta os resultados dos ensaios ecotoxicológicos da água do poço

(P1) e do Rio Doce (P3 – P6). Os dados demonstram variação na toxicidade com oscilações

no decorrer dos meses.

O ponto P1 apresentou toxicidade em todos os meses de coleta; o ponto P3 apresentou

toxicidade para a maioria dos meses, com exceção dos meses de abril, outubro novembro e

dezembro. Nos meses de outubro e dezembro, os quais compreendem período seco, os pontos

de amostragem não demonstraram toxicidade nas amostras de água do Rio Doce, exceto o

ponto P1 (água do poço).

Pontos de

amostragem

Meses de coleta

Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

P1 T T T T T T T T T T T T

P3 T T T NT T T T T T NT NT NT

P4 T T T T T T NT T T NT T NT

P5 T T NT T T T NT NT T NT T NT

P6 - - - - - - NT NT T NT T NT

*Precipitação 70.9 81,4 69,9 191,0 262,6 155,2 151,5 95,3 38,5 8,2 4,2 57,4

T= Tóxico; NT= Não Tóxico; *Precipitação mensal em Natal no período de janeiro a dezembro de 2010. Fonte:

Estação climatológica da UFRN.

O ponto P4 não apresentou toxicidade nos meses de julho, outubro e dezembro e o P5

nos meses de março, julho, agosto outubro e dezembro. O ponto P6 apresentou toxicidade

apenas nos meses de setembro e novembro. Os dados apresentados na tabela 2.2 foram

classificados como tóxico e não tóxico de acordo com os dados da taxa de sobrevivência e da

média de reprodução obtidos através dos ensaios ecotoxicológicos (Apêndice A).

Foi possível observar que os meses com menor precipitação (outubro e dezembro) não

apresentaram toxicidade para os pontos P3, P4, P5 e P6; enquanto que os meses com maior

precipitação (maio e junho) apresentaram toxicidade em todos os pontos amostrados do Rio

Doce. Os meses de janeiro e fevereiro, os quais são característicos pelas chuvas de verão,

também apresentaram toxicidade em todos os pontos do Rio Doce.

CARBAMATO

Aldicarbe (sulfona, sufóxido), Carbofuran, Methomyl, Pirimicarb-desmethyl

Propoxur, Carbosulfan, 3-hidroxi-carbofurano, l-naftol, Thiodicarb

Tabela 2.2 – Resultado dos ensaios ecotoxicológicos da água do poço (P1) e do Rio Doce (P3 – P6).

75

Parâmetros físico-químicos da água

Os valores encontrados para os diversos parâmetros analisados em água no período de

julho a dezembro de 2010 estão expressos nas tabelas 2.3 (A, B, C, D e E). Na primeira

coluna encontram-se os parâmetros físico-químicos, na segunda os valores máximos

permitidos pela Resolução 357/05 do CONAMA e as demais colunas representam os valores

nos pontos de amostragem e os respectivos meses nos quais esta foi realizada.

A figura 2.2 demonstra as alterações dos diversos parâmetros analisados em água em

cada ponto de amostragem, no período de julho a dezembro de 2010, sendo os mesmos

ordenados de acordo com a distribuição dos pontos.

Os parâmetros foram medidos no período da manhã entre 8h e 12h. Neste período a

temperatura da água variou de 27,6ºC no mês de julho, para todos os pontos a 31ºC no mês

de dezembro (P6). Observa-se que as temperaturas permanecem relativamente constantes

entre os pontos analisados, mas há uma tendência geral de aumento de temperatura da água de

julho a dezembro.

Os valores de pH variaram de um mínimo de 4,7 (P1), abaixo do recomendado pela

Resolução 357/05 do CONAMA, a um máximo de 7,4 (P6). O gráfico do pH (Figura 2.2)

apresenta a variação desse parâmetro, o qual teve valores próximos ao limite estabelecido

pelo CONAMA nos pontos P3 (outubro a dezembro) e P4(outubro e novembro); no ponto P1,

que corresponde a água do poço, o nível de pH apresentou-se ácido variando de 4,7 a 4,9

(agosto a dezembro), com exceção do mês de julho com valor 7,4.

Os níveis de oxigênio dissolvido apresentaram-se abaixo do limite mínimo

recomendado pela Resolução 357/05 do CONAMA nos pontos P3 (Setembro a dezembro), P4

(Julho, Outubro a dezembro) e (P1) (novembro); esses valores apresentaram valor mínimo de

1,6 mg/L O2 (novembro/P3) e máximo de 5,5 mg/L O2 (setembro/P3) . Nos demais pontos

(P5 e P6) apresentaram valores de acordo com o estabelecido pelo CONAMA, com valor

mínimo de 6,6 mg/L O2 (julho) e máximo de 9,5 mg/L O2 (dezembro).

Os valores do cloreto apresentaram-se dentro do limite estabelecido pela Resolução

357/05 do CONAMA em todos os pontos de analisados, com valor mínimo de 17 mg/L e

máximo de 191,1 mg/L.

A condutividade apresentou um valor mínimo de 197,4 μs/cm, no ponto 1 no mês de

setembro e valor máximo de 512,5 μs/cm, no ponto 6, em agosto.

Os valores da turbidez estiveram na faixa de 0,3 FNU (valor mínimo) nos pontos

P1(Agosto e novembro) e P4 (julho) e 16,2 FNU (valor máximo) no p4 (outubro). O ponto P5

76

(outubro) apresentou valor de turbidez maior (64,8 FNU) que o estabelecido pelo CONAMA

que é ate 40 unidades nefelometrica de turbidez (UNT).

Tabela 2.3 A - Parâmetros físico-químicos da água do poço, ponto P1.

Parâmetros CONAMA

357/05

Classes 1 e 2

P1

Jul Ago Set Out Nov Dez

Temperatura ----- 27,6 ± 0,1 28,8 ± 0, 011 28,9 ± 0,03 29,7 ± 0,1 29,6 ± 0,1 29,3 ± 0,04

pH 6 a 9 7,4 ± 0,50 4,7* ± 0, 018 4,6* ± 0,21 4,9* ± 0,05 4,8* ± 0,01 4,9* ± 0,12

OD >6 e >5 mg/L 9,2 ± 0,15 7,9 ± 0,41 8,7 ± 0,19 8,4 ± 0,57 4,4* ± 0,17 6,9 ± 0,7

Cloreto 250 mg/L 34,7 ± 4,02 69,2 ± 2,92 43,8 ± 7,6 62,8 ± 0,2 37,9 ± 0,93 28,4 ± 1,3

Condutividade ----- 462,9 ± 4,2 332,2 ± 0,40 197,4 ± 0,4 288,5 ±10,5 295,7 ± 4,1 297,6 ± 0,9

Turbidez 40 UNT 1,02 ± 0,2 0,3 ± 0,40 8,7 ± 0,1 1,3 ± 0,8 0,3 ± 0,2 0,2 ± 0,1

*Precipitação ----- 151,5 95,3 38,5 8,2 4,2 57,4

*Valores abaixo do recomendado pela Resolução 357/05 do CONAMA. *Precipitação média mensal em Natal no período de julho a

dezembro de 2010. Fonte: Estação climatológica da UFRN.

Tabela 2.3 B – Parâmetros físico-químicos da água do Rio Doce, pontos P3.

*Valores abaixo do recomendado pela Resolução 357/05 do CONAMA. *Precipitação média mensal em Natal no período de julho a

dezembro de 2010. Fonte: Estação climatológica da UFRN.

Tabela 2.3 C – Parâmetros físico-químicos da água do Rio Doce, pontos P4.

*Valores abaixo do recomendado pela Resolução 357/05 do CONAMA. *Precipitação média mensal em Natal no período de julho a

dezembro de 2010. Fonte: Estação climatológica da UFRN.

Parâmetros CONAMA

357/05

Classes 1 e 2

P3

Jul Ago Set Out Nov Dez

Temperatura ----- 27,2 ± 0,01 27,2 ± 0,03 27,3 ± 0,01 27,8 ± 0, 009 27,8 ± 0,02 28,5 ± 0,05

pH 6 a 9 6,3 ± 0,04 6,4 ± 0,09 6 ± 0,07 5,6* ± 0,09 5,5* ± 0,02 5,7* ± 0,2

OD >6 e >5 mg/L 8,6 ± 0,52 6,9 ± 0,68 5,5* ± 0,05 1,8* ± 0,75 1,6* ± 0,11 2,1* ± 0,2

Cloreto 250 mg/L 25,9 ± 1,34 111,9 ± 7,94 51,7 ± 3,29 59,4 ± 7,51 25,02 ± 1,1 20,6 ± 0,3

Condutividade ----- 385,7 ± 1,86 401,9 ± 37,1 303,3 ± 3,48 230,3 ±1,34 216,1 ± 1,06 262,9 ± 2,6

Turbidez 40 UNT 3,1 ± 1,2 1,1 ± 0,56 3,1 ± 0,05 2,3 ± 0,15 2,8 ± 0,4 1,6 ± 0,4

*Precipitação ----- 151,5 95,3 38,5 8,2 4,2 57,4

Parâmetros CONAMA

357/05

Classes 1 e 2

P4

Jul Ago Set Out Nov Dez

Temperatura ----- 27,0 ± 0,20 26,9 ± 0,02 27,1 ± 0,02 27,7 ± 0,02 27,8 ± 0,01 28,6 ± 0,04

pH 6 a 9 6,3 ± 0,17 6,3 ± 0,06 6,0 ± 0,03 5,8* ± 0,05 5,8* ± 0,03 6,0 ± 0,1

OD >6 e >5 mg/L 4,4* ± 0,21 6,4 ± 1,4 6,0 ± 0,14 5,4* ± 0,20 5,1* ± 0,04 4,9* ± 0,1

Cloreto 250 mg/L 22,6 ± 1,23 117,0 ± 9,95 52,1 ± 1,95 65,1 ± 9,7 25,3 ±1,84 22,5 ± 2,8

Condutividade ----- 386,8 ± 0,34 420,4 ± 0,88 316,4 ± 0,40 329,4 ± 1,4 333,3 ± 0,5 383,7 ± 0,9

Turbidez 40 UNT 0,3 ± 0,22 1,5 ± 1,3 3,4 ± 0,36 16,2 ± 0,82 1,04 ± 0,2 1,3 ± 0,3

*Precipitação ----- 151,5 95,3 38,5 8,2 4,2 57,4

77

Tabela 2.3 D – Parâmetros físico-químicos da água do Rio Doce, pontos P5.

Parâmetros CONAMA

357/05

Classes 1 e 2

P5

Jul Ago Set Out Nov Dez

Temperatura ----- 27,07 ± 0,12 27,2 ± 0,04 27,8 ± 0,41 27,8 ± 0,05 28,4 ± 0,04 29,5 ± 0,06

pH 6 a 9 6,4 ± 0,33 6,48 ± 0,15 6,4 ± 0,61 6,3 ± 0,46 6,01 ± 0,04 6,1 ± 0,08

OD >6 e >5 mg/L 6,6 ± 0,16 7,9 ± 0,68 8,3 ± 0,82 6,9 ± 0,18 7,5 ± 0,1 7,3 ± 1,2

Cloreto 250 mg/L 24,9 ± 1,31 191,1 ± 84,7 56,4 ± 9,12 100,3 ±12,5 26,4 ± 1,7 17,0 ± 1,1

Condutividade ----- 389,7 ± 0,49 469,5 ± 48,2 311,2 ± 30,2 386,6 ± 5,66 387,3 ± 0,7 426,4 ± 1,1

Turbidez 40 UNT 1,6 ± 0,24 1,6 ± 1,83 1,6 ± 0,66 64,8** ± 2,69 7,7 ± 1,27 11,4 ± 3,9

*Precipitação ----- 151,5 95,3 38,5 8,2 4,2 57,4

** Valores acima do recomendado pela Resolução 357/05 do CONAMA. *Precipitação média mensal em Natal no período de julho a

dezembro de 2010. Fonte: Estação climatológica da UFRN.

Tabela 2.3 E – Parâmetros físico-químicos da água do Rio Doce, pontos P6.

Parâmetros CONAMA

357/05

Classes 1 e 2

P6

Jul Ago Set Out Nov Dez

Temperatura ----- 27,6 ± 0,1 27,6 ± 0,06 28,2 ± 0,15 30,8 ± 0,26 30,6±0,05 31,7 ± 0,1

pH 6 a 9 7,4 ± 0,50 7,3 ± 0,44 7 ± 0,80 6,4 ± 0,06 6,3 ± 0,05 6,3 ± 0,1

OD >6 e >5 mg/L 9,2 ± 0,15 9,2 ± 0,11 9,3 ± 0,1 8,6 ± 0,29 9,4 ± 0,1 9,5 ± 1,1

Cloreto 250 mg/L 34,7 ± 4,02 173,4 ± 25,7 83,0 ± 10,3 75,2 ± 1,72 37,3 ± 1,5 34,3 ±1, 008

Condutividade ----- 462,9 ± 4,23 512,5 ± 0,75 390,3 ± 51,5 307,1 ±3,88 371,2 ± 0,86 368,9 ± 3,2

Turbidez 40 UNT 1,02 ± 0,2 0,92 ± 0,20 4,9 ± 0,91 3,0 ± 0,49 7,6 ± 1,01 5,0 ± 1,05

*Precipitação ----- 151,5 95,3 38,5 8,2 4,2 57,4

*Precipitação média mensal em Natal no período de julho a dezembro de 2010. Fonte: Estação climatológica da UFRN.

78

Análise de resíduos de agrotóxicos

Dentre os compostos analisados pelo Instituto de Tecnologia de Pernambuco, nenhum

deles foi encontrado nas amostras de água do Rio Doce nem do poço (Tabela 2.1 e Anexo 3).

DISCUSSÃO

Atualmente, a qualidade ambiental dos corpos hídricos é um tema central em função

do aumento das atividades agrícolas e industriais, o uso e derramamento intensivo de

Figura 2.2 - Parâmetros físico-químicos da água do Rio Doce e de um poço para água de captação subterrâena – representação gráfica. *UNF – Unidades Nefelométricas de Formazina (unidade da turbidez, sonda TROLL 9500)

79

agrotóxicos e substâncias tóxicas no meio aquático, que acabam por contribuir para a

contaminação de rios, lagos, lagoas e represas (Straskraba e Tundisi, 1999).

Segundo Rodgher et al. (2003) a avaliação de um ambiente necessita de algo mais

complexo e o melhor caminho seria a utilização de uma abordagem que integra dados físicos,

químicos e biológicos, isso porque os ecossistemas tendem a ser muito complexos e essa

complexidade afeta o destino, os efeitos dos poluentes e sua toxicidade para os organismos.

Resultados de ensaios crônicos com presença de toxicidade indicam a existência de algum

tipo de poluição no ambiente aquático. Os resultados dos testes de toxicidade crônica

indicaram a existência de toxicidade em todos os pontos amostrados, apresentando, entretanto

oscilações de acordo com os meses e com a precipitação.

A toxicidade de um rio cuja bacia é fortemente industrializada e urbanizada pode ser

causada por vários fatores; além disso, os componentes tóxicos presentes podem se concentrar

e se dispersar em diferentes períodos durante o ano (Viganó et al.,1996).

Segundo Magallona (1994) dentre os elementos básicos responsáveis pela dissipação

de agrotóxicos e outros compostos químicos, a chuva é um dos principais por ser a

responsável pela lavagem do solo carreando partículas e diversos compostos para dentro dos

corpos de água.

Segundo Nimmo (1985) uma vez na água, dependendo das características físico-

químicas o resíduo do agrotóxico pode tanto se ligar ao material particulado em suspensão,

como se depositar no sedimento do fundo ou ser absorvido por organismos. Eles podem ser

transportados através do sistema aquático por difusão nas correntes de água ou nos corpos dos

organismos aquáticos. Para o autor, alguns agrotóxicos e/ou metabólitos podem também

retornar à atmosfera por volatilização. Assim, fica evidenciado que há uma interação contínua

dos agrotóxicos entre sedimento e água, influenciada pelo movimento da água, turbulência e

temperatura. Desta interação, pode resultar inclusive maior tempo de exposição dos

organismos aquáticos aos compostos tóxicos.

Para Burton e Macpherson (1995) os agentes tóxicos não afetam as mesmas variáveis

biológicas e podem resultar em diferentes efeitos. Assim é importante escolher as variáveis

adequadas de avaliação (sobrevivência, reprodução, crescimento, mobilidade). Além disso, a

toxicidade de amostras ambientais nem sempre depende de um composto químico simples; a

interação entre os diferentes compostos e substâncias podem resultar na redução ou aumento

dos efeitos tóxicos (Branco, 1999).

Efeitos de toxicidade crônica podem ser causados por agentes físicos ou químicos

afetando uma ou várias funções biológicas dos organismos, tais como sobrevivência,

80

reprodução, crescimento e/ou comportamento, em um período de exposição que pode

abranger a totalidade de seu ciclo de vida ou parte dele (BRASIL, 2005).

Com relação aos parâmetros físico-químicos analisados neste estudo o oxigênio

dissolvido (OD) e o pH foram os que apresentaram valores próximos (P3 e P4) e abaixo (P1)

do limite recomendado pela Resolução 357 do CONAMA (Tabela 2.3 – B, C e A). A NBR

13373 ABNT (2005) recomenda que o pH da água de cultivo da Ceriodaphnia dubia deve

estar entre 7,0 e 7,6. Portanto um dos fatores que podem ter levado à toxicidade no ponto P1

deve estar relacionado com os baixos valores de pH encontrado.

Os valores de oxigênio dissolvido estiveram entre 1,6 (novembro) e 5,5 (setembro)

para o ponto P3 e entre 4,9 (dezembro) e 5,4 (outubro) para o ponto P4. O ponto 6 (P6) está

localizado na saída da Lagoa de Extremoz; os pontos seguintes P3 e P4 encontram-se em

região com atividade de horticultura, enquanto que o ponto extremo a jusante P5 localiza-se

na Av. João Medeiros Filho, próximo ao local onde o Rio Doce deságua no estuário do Rio

Potengi. Os parâmetros que mais se destacam na figura 1.2 são OD (oxigênio dissolvido) e

pH (potencial hidrogeniônico). Verificou-se que as águas que abastecem o Rio Doce na saída

da Lagoa de Extremoz apresentam valores de OD acima de 8 e pH entre 6 e 8 durante todos

os meses amostrados. Estas águas, ao atravessarem a área onde são cultivadas as hortaliças

(P3 e P4), de maneira geral, tendem a apresentar valores mais baixos de OD e pH. Em P5,

após o trecho do rio onde são cultivadas as hortas, OD e pH são mais elevados. Isto significa

que as atividades de horticultura e o uso de agrotóxicos podem estar contribuindo para as

variações observadas.

A concentração de oxigênio dissolvido é uma das variáveis ambientais mais

importantes na dinâmica e caracterização dos ecossistemas aquáticos. Segundo Rodgher et al.

(2005), esta variável é influenciada por alterações sazonais na precipitação, temperatura e

vazão de água; os baixos níveis de OD podem ser resultantes da intensa decomposição de

matéria orgânica nos rios e reservatórios.

Para Viswanathan e Krishna Murti (1989) a solubilidade do oxigênio dissolvido

diminui com o aumento da temperatura, podendo causar efeito direto sobre os organismos de

forma que pode influenciar a resposta dos organismos aos componentes tóxicos,

principalmente as espécies tropicais. A solubilidade de muitos componentes químicos

depende do pH. Em determinadas condições este parâmetro, contribui para a precipitação de

elementos químicos tóxicos como metais pesados (Eaton et al., 1995). Este também é um

aspecto que pode influenciar na resposta dos organismos aos componentes tóxicos.

Segundo Esteves (1988) os ecossistemas aquáticos com baixo pH podem apresentar

81

altas concentrações de ácidos orgânicos; o autor ainda enfatiza que o pH pode sofrer

influência sazonal e apresentar baixos valores nos períodos de chuva, isso devido a água da

chuva ser normalmente ácida com pH entre 5 e 6. Outros fatores como descarte de restos de

mineração e a decomposição plantas também podem causar acidez das águas superficiais.

Os efeitos de toxicidade apresentados nesse estudo podem estar relacionados com uma

série de fatores; no entanto devido à atividade de horticultura com intensa utilização de

agrotóxicos na região do Rio Doce, um dos fatores que possivelmente poderiam comprometer

a qualidade da água deste rio e do poço para captação de água subterrânea estaria relacionado

dentre várias substâncias químicas oriundas da presença de resíduos de agrotóxicos. No

entanto, amostras de água do Rio e do poço coletadas nos mesmos pontos de amostragem para

os testes ecotoxicológicos e parâmetros físico-químicos foram enviadas para análise de

resíduos de agrotóxicos. Dentre os compostos analisados (tabela 2.1 e anexo 3), nenhum foi

encontrado nas amostras submetidas a análise.

Apesar do avanço de tecnologias onde é possível detectar se há contaminação por

agrotóxicos em sistemas hídricos, ainda existe muita dificuldade de se avaliar a contaminação

ambiental por agrotóxicos, principalmente em se tratando de organofosforados e carbamatos,

que possuem um ciclo de vida pequeno (degradabilidade) quando comparado com

organoclorados (IBGE, 2002; Buttler et al., 1998).

Estudos desenvolvidos em várias regiões do mundo têm mostrado que a porcentagem

dos produtos utilizados na agricultura que atinge os ambientes aquáticos é geralmente baixa

em parte devido ao efeito de diluição. Mas não exclui a possibilidade de que concentrações

muito altas venham a ocorrer após chuvas, especialmente quando as áreas próximas a

córregos foram recentemente tratadas com altas quantidades de agrotóxicos (Dores e De-

Lamonica-Freire, 2001).

CONCLUSÃO

Os ensaios dos testes de toxicidade crônica indicaram a existência de toxicidade, para

o microcrustáceo Ceriodaphnia dubia, em todos os pontos amostrados, apresentando,

entretanto oscilações de acordo com os meses de coleta.

A atividade de horticultura é ininterrupta na área de estudo no decorrer do ano.

Associa-se ao fenômeno de escoamento subterrâneo, mas principalmente ao escoamento

superficial, a presença de toxicidade nos meses de maior precipitação. Os diversos compostos

químicos que compõe os agrotóxicos e as partículas de sedimento que são carreados para a

82

drenagem podem contribuir para o comprometimento da qualidade da água do Rio Doce nos

meses em que ocorre precipitação. Analogamente, os meses de menor precipitação geralmente

denotam ausência de toxicidade para o organismo teste.

A análise dos parâmetros físico-químicos evidenciou, durante os seis meses de

amostragem, que as águas do Rio Doce, ao atravessarem a área onde são cultivadas as

hortaliças, de maneira geral, apresentaram valores mais baixos de OD e pH. E nos pontos

mais afastados das hortas os valores de OD e pH eram mais elevados.

Os resultados sugerem que as atividades de horticultura e o uso de agrotóxicos podem

estar contribuindo para as variações observadas, mesmo não sendo possível, neste estudo,

confirmar a presença de agrotóxicos na água do Rio Doce e do poço.

83

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Toxicidade crônica – Método de ensaio com Ceriodaphnia spp (Crustácea, Cladocera), São

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Chichester. 1989. pp 139–154.

87

CONSIDERAÇÕES FINAIS DA DISSERTAÇÃO

Sabe-se que o processo de crescimento de uma região ocorre a partir de seu

crescimento econômico e de sua capacidade de organização social aliada à preservação dos

recursos naturais. Assim a situação na região do Rio Doce merece total atenção da

comunidade científica, dos gestores dos setores público e privado, e da população, de forma

possam ser desenvolvidas ações planejadas que minimizem os danos ao meio ambiente e a

saúde humana; estas ações devem contemplar por exemplo, a proteção das fontes de água

subterrânea e superficiais, a gestão e o manuseio correto dos agrotóxicos em áreas de

produção das hortaliças e programas de educação ambiental que priorizem a preservação da

biodiversidade e dos recursos naturais.

Há necessidade também da realização de um monitoramento a longo prazo, com a

realização de análises dos parâmetros físico-químicos em água, conjugadas com ensaios de

toxicidade e análise de metais, tanto no compartimento água, quanto no sedimento. Sugere-se

também a realização de testes de toxicidade crônica com organismos aquáticos de outras

espécies, inclusive espécies nativas, a fim de fornecer resultados complementares a respeito

do impacto sofrido por este ecossistema.

88

APÊNDICE A - Tabela com os dados dos testes ecotoxicológicos (taxa de sobrevivência e média de filhotes), precipitação (janeiro a dezembro

de 2010) e média e o desvio padrão dos parâmetros físico-químicos (julho a dezembro de 2010).

P1 Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Taxa de sobrevivência 80 70 90 70 60 70 0 0 30 70 0 80

Média de filhotes 0,4 0,1 0 0 0 0 0 0 0 0,9 0 0,2

Precipitação 70,9 81,4 69,9 191 262,6 155,2 151,5 95,3 38,5 8,2 4,2 57,4

Temperatura 27,6 ± 0,01 28,8 ± 0, 011 28,9 ± 0,03 29,7 ± 0,1 29,6 ± 0,1 29,3 ± 0,04

pH 7,4 ± 0,50 4,7 ± 0, 018 4,6 ± 0,21 4,9 ± 0,05 4,8 ± 0,01 4,9 ± 0,12

OD 9,2 ± 0,15 7,9 ± 0,41 8,7 ± 0,19 8,4 ± 0,57 4,4 ± 0,17 6,9 ± 0,7

Cloreto 34,7± 4,02 69,2 ± 2,92 43,8 ± 7,6 62,8 ± 0,2 37,9 ± 0,93 28,4 ± 1,3

Condutividade 462,9± 4,23 332,2 ± 0,40 197,4 ± 0,4 288,5 ± 10,5 295,7 ± 4,1 297,6 ± 0,9

Turbidez 1,02 ± 0,28 0,3 ± 0,40 8,7 ± 0,1 1,3 ± 0,8 0,3 ± 0,2 0,2 ± 0,1

P3 Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Taxa de sobrevivência 30 50 50 60 50 50 40 100 40 90 60 90

Média de filhotes 0,3 1,2 0,4 0 1,2 0,3 0 0,4 0 2,5 0,8 0,7

Precipitação 70,9 81,4 69,9 191 262,6 155,2 151,5 95,3 38,5 8,2 4,2 57,4

Temperatura 27,2 ± 0,01 27,2 ± 0,03 27,3 ± 0,01 27,8 ± 0, 009 27,8 ± 0,02 28,5 ± 0,05

pH 6,3 ± 0,04 6,4 ± 0,09 6 ± 0,07 5,6 ± 0,09 5,5 ± 0,02 5,7 ± 0,2

OD 8,6 ± 0,52 6,9 ± 0,68 5,5 ± 0,05 1,8 ± 0,75 1,6 ± 0,11 2,1 ± 0,2

Cloreto 25,9 ± 1,34 111,9 ± 7,94 51,7 ± 3,29 59,4 ± 7,51 25,02 ± 1,1 20,6 ± 0,3

Condutividade 385,7 ± 1,86 401,9 ± 37,1 303,3 ± 3,48 230,3 ±1,34 216,1 ± 1,06 262,9 ± 2,6

Turbidez 3,1 ± 1,2 1,1 ± 0,56 3,1 ± 0,05 2,3 ± 0,15 2,8 ± 0,4 1,6 ± 0,4

89

P4 Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Taxa de sobrevivência 40 50 20 50 50 30 80 40 0 100 20 100

Média de filhotes 0,1 0,5 0,1 0,2 0 0 0,5 0 0 2,4 0,2 2,2

Precipitação 70,9 81,4 69,9 191 262,6 155,2 151,5 95,3 38,5 8,2 4,2 57,4

Temperatura 27,0 ± 0,20 26,9 ± 0,02 27,1 ± 0,02 27,7 ± 0,02 27,8 ± 0,01 28,6 ± 0,04

pH 6,3 ± 0,17 6,3 ± 0,06 6,0 ± 0,03 5,8 ± 0,05 5,8 ± 0,03 6,0 ± 0,1

OD 4,4 ± 0,21 6,4 ± 1,4 6,0 ± 0,14 5,4 ± 0,20 5,1 ± 0,04 4,9 ± 0,1

Cloreto 22,6 ± 1,23 117,0 ± 9,95 52,1 ± 1,95 65,1 ± 9,7 25,3 ±1,84 22,5 ± 2,8

Condutividade 386,8 ± 0,34 420,4 ± 0,88 316,4 ± 0,40 329,4 ± 1,4 333,3 ± 0,5 383,7 ± 0,9

Turbidez 0,3 ± 0,22 1,5 ± 1,3 3,4 ± 0,36 16,2 ± 0,82 1,04 ± 0,2 1,3 ± 0,3

P5 Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Taxa de sobrevivência 50 0 60 40 50 50 100 60 30 90 20 90

Média de filhotes 0,3 0 0,2 0,2 0 0 2,5 0 0 2,8 0,3 0,8

Precipitação 70,9 81,4 69,9 191 262,6 155,2 151,5 95,3 38,5 8,2 4,2 57,4

Temperatura 27,07 ± 0,12 27,2 ± 0,04 27,8 ± 0,41 27,8 ± 0,05 28,4 ± 0,04 29,5 ± 0,06

pH 6,4 ± 0,33 6,48 ± 0,15 6,4 ± 0,61 6,3 ± 0,46 6,01 ± 0,04 6,1 ± 0,08

OD 6,6 ± 0,16 7,9 ± 0,68 8,3 ± 0,82 6,9 ± 0,18 7,5 ± 0,1 7,3 ± 1,2

Cloreto 24,9 ± 1,31 191,1 ± 84,7 56,4 ± 9,12 100,3 ±12,5 26,4 ± 1,7 17,0 ± 1,1

Condutividade 389,7 ± 0,49 469,5 ± 48,2 311,2 ± 30,2 386,6 ± 5,66 387,3 ± 0,7 426,4 ± 1,1

Turbidez 1,6 ± 0,24 1,6 ± 1,83 1,6 ± 0,66 64,8 ± 2,69 7,7 ± 1,27 11,4 ± 3,9

90

P6 Jul Ago Set Out Nov Dez

Taxa de sobrevivência 10 10 0 9 30 100

Média de filhotes 1,5 0,2 0 0,4 0,1 2

Precipitação 151,5 95,3 38,5 8,2 4,2 57,4

Temperatura 27,6 ± 0,1 27,6 ± 0,06 28,2 ± 0,15 30,8 ± 0,26 30,6 ± 0,05 31,7 ± 0,1

pH 7,4 ± 0,50 7,3 ± 0,44 7 ± 0,80 6,4 ± 0,06 6,3 ± 0,05 6,3 ± 0,1

OD 9,2 ± 0,15 9,2 ± 0,11 9,3 ± 0,1 8,6 ± 0,29 9,4 ± 0,1 9,5 ± 1,1

Cloreto 34,7 ± 4,02 173,4 ± 25,7 83,0 ± 10,3 75,2 ± 1,72 37,3 ± 1,5 34,3 ±1, 008

Condutividade 462,9 ± 4,23 512,5 ± 0,75 390,3 ± 51,5 307,1 ±3,88 371,2 ± 0,86 368,9 ± 3,2

Turbidez 1,02 ± 0,2 0,92 ± 0,20 4,9 ± 0,91 3,0 ± 0,49 7,6 ± 1,01 5,0 ± 1,05

91

ANEXO 1 – Normas para publicação - Capítulo de livro

LIVRO TEMÁTICO DO PRODEMA: MEIO AMBIENTE E SAÚDE HUMANA

(ABRANGÊNCIA GEOGRÁFICA: RIO GRANDE DO NORTE)

INFORMAÇÕES GERAIS:

O LIVRO: o objetivo da obra é apresentar à comunidade questões voltadas à compreensão da

relação entre o meio ambiente e a saúde humana em nível local, considerando as dimensões

sócio-econômica e do desenvolvimento. O conteúdo deve ser de caráter técnico, mas

apresentado em linguagem relativamente compreensível, em uma perspectiva de abordagem

multidisciplinar.

SUBMISSÃO DO TÍTULO: 24 de janeiro de 2011

PRAZO DE ENVIO: 28 de fevereiro de 2011

- O texto deverá ser digitado em tamanho de papel A4, fonte arial, tamanho da fonte 12,

espaço 1,5 linha, coluna simples e alinhamento justificado. As margens esquerda e direita

deverão ser de 3 cm, e as superior e inferior de 2,5 cm.

- Cada capítulo deve conter o mínimo de 15 (quinze) e o máximo de 20 (vinte) páginas; -

Deve ser enviado em meio digital para o endereço [email protected], com aviso de envio

para [email protected], em formato Word, incluindo as figuras e tabelas,

conforme formatação descrita a seguir.

FORMATAÇÃO DOS TEXTOS/CAPÍTULOS

A PÁGINA DE ROSTO DEVE CONTER, NESTA ORDEM:

1) Título do capítulo: escrito com letras maiúsculas, centralizado e em negrito;

2) Nome(s) do(s) autor(es): escrito com maiúsculas, centralizado e com respectivos

algarismos arábicos indicativos de respectivos vínculo(s) institucional(is) ou acadêmicos e de

seu(s) endereço(s) completo(s), incluindo o eletrônico;

ORGANIZAÇÃO DO TEXTO

O capítulo pode ter a estrutura de um artigo científico (Introdução; metodologia; resultados;

discussão; conclusão; referências) ou artigo de revisão (Introdução; delimitação do

problema; revisão bibliográfica sobre o tema; conclusões/considerações finais; referências).

92

As estruturas sugeridas são flexíveis, ou seja, os autores podem subdividir em itens ou não; no

entanto, os organizadores do livro reservam-se o direito de devolver o manuscrito para

eventual reestruturação. Recomenda-se que os capítulos contenham (na introdução ou revisão

bibliográfica) uma contextualização consistente do problema, sendo o assunto apresentado a

partir de aspectos gerais, no âmbito global ou nacional, para os aspectos locais específicos.

ILUSTRAÇÕES (FIGURAS)

- Deverá ser utilizada a denominação de “Figura” para designar fotografias, desenhos,

gráficos, mapas e esquemas no corpo do texto;

- As legendas das figuras devem estar numeradas com algarismos arábicos, como as

chamadas das mesmas no corpo do texto. As legendas deverão ser feitas com fonte arial,

tamanho da fonte 10, espaço 1,0 linha, justificadas e inferiores à figura, obedecendo aos

limites da área de impressão previamente estabelecidos;

- Quando da existência de figuras em mais de uma folha do texto, as mesmas deverão ser

chamadas no corpo do texto e agregadas no final do trabalho em uma prancha. O(s) autor(es)

poderá(ão) incluir 3 pranchas por capítulo, (correspondendo a 3 folhas do máximo de 20

permitidas por capítulo); serão aceitas figuras coloridas.

- As Fotografias devem ser nítidas, com bom contraste e com suas respectivas escalas gráficas

(vertical ou horizontal) na própria figura, quando necessário. No momento da digitalização

utilizar as seguintes definições mínimas de resolução: 300 ppp para fotos preto e branco; 600

ppp para desenhos a traço.

TABELAS

- As Tabelas devem ser geradas a partir dos recursos de tabela do editor de texto utilizado;

- As legendas das tabelas devem estar numeradas com algarismos arábicos, assim como as

chamadas das mesmas no corpo do texto. As legendas deverão ser colocadas acima das

tabelas, com fonte arial, tamanho da fonte 10, espaçamento entre linhas 1,0 e justificadas,

obedecendo os limites da área de impressão previamente estabelecidos.

AGRADECIMENTOS

Agradecimentos e indicações de financiamento devem ser relacionados antes do item

Referências, e deve ser restrito a pessoas e instituições financiadoras que apresentaram

estreita relação com o trabalho. O espaço destinado a este item será contabilizado para análise

do tamanho do manuscrito.

93

REFERÊNCIAS

- Citações bibliográficas devem ser feitas das seguintes formas: Smith (1990), Lent e Jurberg

(1965), Guimarães et al. (1983), (Smith 1990), (Lent e Jurberg 1965) e (Guimarães et al.

1983).

- Artigos de um mesmo autor (primeiro autor) devem ser arrolados primariamente em ordem

crescente do número de autores e secundariamente em ordem cronológica. Não incluir

referências de artigos não publicados (p. ex., relatório técnico, boletim de divulgação, texto

em jornal, e similares); monografias de conclusão de curso do CEFET e da UFRN podem ser

citadas.

As Referências mencionadas no texto devem ser arroladas no final do trabalho, obedecendo as

seguintes normas:

1) Periódicos

Carneiro, A.P.S.; Campos, L.O.; Gomes, M.F.C.F.; Assunção, A.A. 2001 Perfil de 300

trabalhadores expostos a sílica atendidos no ambulatorialmente em Belo Horizonte. Jornal de

Pneumologia, São Paulo, 28(6): 329 a 334.

Carneiro, A.P.S; Santos, M.A.M.; Maia, P.V. 2002 Lung cancer in workers exposed to silica.

Jornal de Pneumologia, São Paulo, 28: 233-236.

2) Livros

T.F. Glick. 1974.. The comparative reception of Darwinism. Austin, University of Texas,

505p.

3) Capítulo de livro

Hull, D.L. 1974. Darwinism and historiography, p. 388-402. In: T.F. Glick (Ed.). The

comparative reception of Darwinism. Austin, University of Texas, 505p.

4) Publicações eletrônicas

ILO 1999. Social and labour issues in small-scale mines - Report for discussion at the

Tripartite Meeting on Social and Labour Issues in Small-scale Mines. Geneva, 17-22 May.

Disponível na World Wide Web em:

http://www.ilo.org/public/english/dialogue/sector/techmeet/tmssm99/tmssmr.htm#N_1_

(05/06/2008)

94

RESPONSABILIDADE

A veracidade é de inteira responsabilidade do(s) autor(es); o teor gramatical,

independentemente de idioma, e científico dos artigos, passará por revisão, bem como a

formatação.

ATENÇÃO

Trabalhos enviados fora do prazo ou que não atendam às normas de formatação estabelecidas

terão a submissão desconsiderada.

95

ANEXO 2 – Normas para publicação – Artigo científico

Acta Limnologica Brasiliensia

Chief Editor Antonio Fernando Monteiro Camargo - [email protected]

Dept. Zoology, Institute of Biosciences, UNESP, P.O.

Box 510, ZIP Code:18618-000 Botucatu, SP, Brazil

Instructions to Authors

Preparing the Manuscript: Manuscripts submitted to ACTA LIMNOLOGICA

BRASILIENSIA should be original and not being considered for publication elsewhere. An

electronic version (in Word for Windows) of the manuscript, including tables and .figures

should be sent in one file to the Chief Editor. Manuscripts should be submitted in English and

an abstract in Portuguese must also be included. Authors whose native language is not

English are strongly advised to have their manuscript checked by an English-speaking

colleague prior to submission. Manuscripts must be typed in A4 paper, 17 x 23 cm, double-

spaced with wide margins. All the pages should be numbered; the same should be made for

all the lines of each page. Manuscripts should be examined by two peer reviewers.

Text: The following order must be used. First page: title in English (in bold type) and

Portuguese, authors, addresses (including e-mail addresses). All the authors should be

identified by a superscript number. Second page: Abstract (in English and Portuguese) and

keywords. Third and following pages: text of the article (Introduction, Material and Methods,

Results, Discussion, Acknowledgements and References). The following information should

accompany all species cited in the text: a) for zoology, the author name and the publication

date of the original description should be given the .first time that species is cited in the

article; and b) for botany, only the name of the author who made the description should be

given the first time that species is cited in the article.

Abstract: A concise abstract (250-300 words) should include the objectives, methods, major

results and conclusions. Four to .five keywords should be supplied. The same must be done

for the abstract in Portuguese.

Tables and Figures: Tables should be numbered consecutively with the Arabic numeration.

Each table must be typed on a separate sheet (using .doc extension for Word for Windows,

separated of the text). Figures should be numbered consecutively using the Arabic numeration

96

and typed on separate sheets ( using original version extension files, separated of the text).

Photographs in color can be used, but will be subjected to payment of charges. Tables and

figures must be mentioned in the text.

Units, Symbols: For decimal numbers use commas "," when the article is in Portuguese (10,5

m) and point "." when the article is in English (10.5 m). Use the International System Units

(SI), separating the units from the value with a space (except in the case of percentages); use

abbreviations always when possible. For compost units use exponentials and not bars (Ex.:

mg.day-1

instead of mg/day, Xmol.min-1

instead of Xmol/min). Do not add spaces to change

the line if a unit does not fit in the line.

References: Citation in the text:

Use the name and year system:

Silva(1989);

(Silva, 1980);

(Silva and Cardoso, 1994).

For more three authors use "et al."

Citations from the list of references in line with ISO 690/1987: All references cited in the

text should be listed alphabetically in capital letters according to the first authors, References

should start on a separate sheet.

Examples:

Journal:

The academic paper references must be presented in the correct established way: name of the

author abbreviated (surname, given name), title of work, journal title abbreviated according to

CCN - Catálogo Coletivo Nacional (http://ccn.ibict.br/ busca.jsf ), publishing date, issue

number, and page numbers without the omission of any relevant information. TERRA, NR.,

FEIDEN, IR., FACHEL, JMG., LEMOS, CT. and NUNES, EA. Ecotoxicological evaluation

of sediment and water samples from Sinos River, Rio Grande do Sul, Brazil, using Daphnia

magna and V79 cells. Acta Limnol.Bras., 2008, vol. 20, no. 1, p. 63-72.

Chapter or Section in Book:

YUNES, J., MATTHIESEN, A., CARNEIRO, C., BECKER, V. and CARVALHO, MC.

Florações de cianobactérias tóxicas : Mãos à obra ao problema. In: Roland, F., César, D. and

Marinho, M. (eds.). Lições de limnologia. São Carlos:RimaEditora, 2005. p. 299-323.

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Book:

ESTEVES, FA. Fundamentos de Limnologia. 1a ed. Rio de Janeiro: Interciência - FINEP,

1988; 545 p.

Thesis:

MARINHO, M. Dinâmica da comunidade fitoplanctônica de um pequeno reservatório

densamente colonizado por macrófitas aquáticas submersas (açude do Jacaré, Mogi-Guaçu,

São Paulo, Brasil). Universidade de São Paulo - USP, São Paulo, 1994. [Master thesis in

Botany]

Offprints:

One complimentary copy of the issue and thirty o. prints will be sent to the first author of the

article. In case the Brazilian Society of Limnology have no available funds for the

publication, a payment of page cost will be charged from authors of the article.

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ANEXO 3 – Resultado da Análise de Resíduos de Agrotóxicos – ITEP

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