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NEOPLASIAS

Introduo

Conceitos, Histrico, Caractersticas, Nomenclatura e Classificao, Ocorrncia e Epidemiologia, Comportamento.

"Se quisermos encontrar algum que nos diga em realidade o que so as neoplasias, no creio que encontraramos um s homem sobre a terra capaz de diz-lo." RUDOLPH VIRCHOW, 1863

CONCEITOS

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Oncologia/cancerologia: Ramo da patologia que estuda as neoplasias (gr."oykos"= volume, tumor). (gr."oykos"= Neoplasia (gr. "neo" + "plasis" = neoformao): Proliferao local de "neo" "plasis" clones celulares atpicos, sem causa aparente, de crescimento excessivo, progressivo e ilimitado, incoordenado e autnomo (ainda que se nutra as custas do organismo, numa relao tipicamente parasitria), irreversvel (persistente mesmo aps a cessao dos estmulos que determinaram a alterao), e com tendncia a perda de diferenciao celular.

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HISTRICO

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1500 a.C. - Meno no papiro de EBERS. Hipcrates/Teoria humoral da enfermidade - deficincia ou excesso de sangue, bile ou fleuma (muco) localizado. Cornelius Celsus/Galeno - entre 138 a 201 d.C. - batismo do termo ("cncer"/"carkynos") na observao de uma neoplasia mamaria que ("cncer"/"carkynos") morfologicamente lembrava um caranguejo. Marco Aurlio Severinus (1580-1656)- primeira descrio de mixossarcoma, primeira diferenciao entre adenoma e adenocarcinoma de mama, e primeira exrese conjunta de linfonodos axilares no tratamento de tumores mamarias.

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Sennert (1572-1637) em Praga e Lusitano (1642)-"O cncer contagioso. Le Drau (1685-1770)- "Se a linfa cancerosa passasse aos linfonodos adjacentes, estaria contaminado todo o sistema" Percival Potts, em 1775/Londres - observando a grande freqncia de carcinoma de clulas escamosas no escroto de limpadores de chamin, fez a primeira associao entre uma neoplasia e sua provvel causa (foligem carcinognica). Rudolph Virchow, em l860 - Classificao das neoplasias de acordo com a sua estrutura histolgica. Lanou tambm a teoria da irritao do conectivo, apoiado nas observaes de Broussais (1772-1839). Novinsky (1876), na Rssia - Transplantabilidade do tumor venreo canino Julius Conheim (1877), na Alemanha - Teoria do desvio embrionrio. Thiersch, na Alemanha - Teoria do desequilbrio estroma - parnquima. Waldeyer - "tumores secundrios" = conseqncias do crescimento contnuo ao longo de vasos sangneos e linfticos, bem como de embolias de onccitos. Rous (1910) - Transmissibilidade do sarcoma avirio atravs de suspenso livre de clulas. Clunet (19l0)- Neoplasias experimentais com Raio X. Yamamoto (1914) e Ichigawa & Yamagita (1915)- Carcinognese experimental a partir do alcatro de carvo em orelhas de coelhos. Kennaway (1930) - Isolamento do primeiro carcingeno qumico, o dibenzantraceno.

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CARACTERSTICAS

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Progressividade - Crescimento tecidual excessivo e incoordenado, e de intensidade progressiva. Independncia - Ausncia da resposta aos mecanismos de controle. Autonomia. Irreversibilidade - Ausncia de dependncia da continuidade do estmulo.

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NOMENCLATURA E CLASSIFICAOo

Baseia-se na origem (epitelial, mesenquimal ou embrionria), no comportamento (benigno ou maligno) e na morfologia da neoplasia. Assim, uma neoplasia epitelial ou mesenquimal (no epitelial) benigna denominada utilizando-se um termo designativo do rgo ou tecido afetado acrescido do sufixo "oma". Excees: Em medicina, comum utilizar os termos "Hepatoma", "Hepatoma", "Linfoma" e "Melanoma" como designaes correntes para neoplasias " "Melanoma" Linfoma malignas, ainda que pelo sufixo empregado possa parecer se tratar de neoplasias benignas. Quando a neoplasia epitelial for maligna, utiliza-se o sufixo "Carcinoma". Se a neoplasia maligna for de origem mesenquimal utiliza-se o sufixo "Sarcoma". Quando a neoplasia apresenta componentes epiteliais e mesenquimais igualmente neoplsicos, recebe a denominao "Tumor misto". As neoplasias de origem embrionria podem ser classificadas em "Teratomas" (ou "Embriomas" ou ainda "Tridermomas"),"Mixomas" (ou Teratomas" "Embriomas" "Tridermomas"),"Mixomas" "Meristomas") e blastomas (nefroblastoma, retinoblastoma, etc.). Meristomas")

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Os Teratomas so neoplasias compostas de tecidos oriundos dos trs folhetos embrionrios (endo, meso e ectoderma). Compem-se de vrios tecidos diferentes, estranhos ao local (mistura de dente, cabelo, glndulas, msculos, etc.), sendo mais freqentes nas gnadas ou em tecidos prximos linha mediana. Os Mixomas so neoplasias oriundas de tecido mixomatoso (totalmente indiferenciados, comparveis ao tecido germinativo embrionrio).

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De acordo com o seu grau de diferenciao, a neoplasia pode receber a adjetivao de "Bem diferenciado" ou "Indiferenciado" ou "Anaplsico". "Anaplsico".

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Conforme a sua localizao, a neoplasia pode ser superficial (vegetantes, ulceradas, ou lcero-vegetantes) ou parenquimatosa. Pode ainda receber as parenquimatosa. designaes intramural, submucosa ou subserosa. subserosa. Segundo suas caractersticas morfolgicas, a neoplasia pode receber uma srie de adjetivaes (cstico, papilar, slido, cirroso, ductular, bem diferenciado ou indiferenciado/anaplsico.).

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Excees s regras:

comum tambm encontrar neoplasias denominadas utilizando-se o nome do autor que as estudaram pela primeira vez: Exemplos: "Tumor de Brenner" (ovrio / "Tumor benigno);"Tumor de Wilms" (rim / maligno);"Tumor de Codmam" (osso / benigno);"Tumor de Grawitz" (rim / maligno); "Tumor de Krukemberg" (metasttico ovariano);"Linfoma de Burkitt" (linfcitos / maligno) ; "Doena de Hodgkin" (linfcitos / maligno);"Sarcoma de Ewing" (osso / maligno); "Sarcoma de Kaposi" (pele / maligno / imunodeprimidos); "Tumor de Sticker" (tumor venreo transmissvel / genitlia externa / ces). "Hamartomas" so erros locais do crescimento no qual um tecido se desenvolve mais que o devido, com clulas maduras e normais, mas com arquitetura tissular anormal (gr. "amartao"= faltar). A diferenciao com as amartao"= neoplasias benignas muito difcil e envolve controvrsias (para muitos autores os Hemangiomas, os linfangiomas, os rabdomiomas cardacos, os adenomas hepticos e os nevos pigmentados no so verdadeiras neoplasias e sim hamartomas). "Coristomas" so erros locais congnitos do desenvolvimento no qual um tecido aparentemente normal se desenvolve heterotopicamente (gr. "coristo"= dividir). So "coristo"= freqentemente confundidos tambm com neoplasias benignas. Exemplos: Fragmentos de pncreas nas paredes gstricas, de crtex de adrenal nos rins, nos pulmes, nos ovrios, e de ovrio no tero. Freqentemente se atrofiam, mas podem originar verdadeiras neoplasias, de maneira bem curiosa e paradoxal como Carcinomas de adrenal no ovrio.

OCORRNCIA E EPIDEMIOLOGIAo

As neoplasias podem afetar todos os seres vivos da natureza, no sendo exclusivas do reino animal. Tambm as plantas padecem desta afeco (ex.: Raiz de couve parasitada com protozoo Plasmodiophora sp e vegetais

infectados com Phytomonas tumefasciens.). Entre os animais, afeta tanto tumefasciens.). os invertebrados (ex.: Melanoma no olho da Drosophila melanogaster) melanogaster) quanto os vertebrados (ex.: Hepatoma nas trutas, Melanoma em peixes, carcinoma renal de Luck em anfbios, alm das neoplasias de aves e mamferos).o

Dentre as espcies domsticas, a galinha a mais sujeita s neoplasias, principalmente s leucoses linfides (3 a 60% das neoplasias dos animais domsticos). Dentre os mamferos, as espcies mais acometidas so as de maior sobrevida (isto , animais de estimao/ces e gatos). As espcies utilizadas comercialmente como os bovinos e sunos geralmente apresentam vida til menor, e como as neoplasias tendem a afetar principalmente a faixa de idade mais avanada, a incidncia relativa das neoplasias nestas espcies menor. Cerca de cinco por cento das neoplasias dos animais domsticos ocorrem nos ces, sendo mais freqentes as neoplasias mamarias, o tumor venreo transmissvel, o mastocitoma, o melanoma, o basolioma, as neoplasias testiculares, o osteossarcoma e o adenoma perineal. Aproximadamente um por cento das neoplasias dos animais domsticos (COTCHIN, 1956) ocorrem em gatos, sendo mais freqentes o linfossarcoma e os carcinomas de pele. Nos bovinos e eqinos (afetados por aproximadamente 0,1% das neoplasias dos animais domsticos), as neoplasias mais freqentes so o linfossarcoma, o carcinoma espinocelular periocular, na base da lngua e na base do chifre, os papilomas de esfago e rumem (bovinos) e o melanoma e o carcinoma espinocelular de pnis (eqinos). Os sunos (espcie mais raramente afetada - 1/40.000) tem como neoplasia mais freqente o nefroblastoma. No homem so considerados fatores de influncia:

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idade (Neuroblastoma/0 a 2 anos; tumor de Wilms/2 a 4 anos; osteossarcoma / 4 a 25 anos; condrossarcoma />50 anos; adenocarcinoma de endomtrio /ps menopausa; adenocarcinoma prosttico / senilidade). hbitos e costumes (Hepatoma nos bants africanos / alimentao com farinha mofada / aflatoxinas; No existncia de carcinoma peniano em judeus / circunciso; carcinoma mamrio nos pases desenvolvidos / no amamentao; carcinoma uterino nos pases subdesenvolvidos / falta de higiene ntima; carcinoma esofagiano nos gachos / chimarro; carcinomas gstricos e intestinais / defumados e enlatados). profisso (linfoma / radiologista e qumicos; carcinoma de escroto nos limpadores de chamin / Percival Potts). nvel scio-econmico e regio geogrfica.

COMPORTAMENTOo

Dependendo do comprometimento orgnico e geral produzidos pela neoplasia, ela classificada em:

Benigna - geralmente pouco agressivas e relativamente

inofensivas (relao semelhante das hiperplasias com o organismo hospedeiro);

Maligna - muito agressivos, representando uma ameaa potencial vida (relao semelhante dos parasitos com o organismo hospedeiro).

Potencialmente malignos, ou de malignidade duvidosa, ou

ainda "Tumores Borderline"- so neoplasias cuja classificao em benigno ou maligno muito difcil, tanto por se tratar de neoplasias com caractersticas benignas e malignas simultaneamente, quanto por poderem se tratar de neoplasias benignas em franco processo de malignizao.o

importante considerar que a agressividade/malignidade pode variar, inclusive com a ocorrncia de neoplasias histologicamente malignas e clinicamente se comportando como benignas (e vice - versa). Um outro aspecto que se deve ter sempre em mente que mesmo uma neoplasia benigna pode evoluir negativamente para o xito letal (ainda que no se malignize) devido aos seguintes fatores:

Localizao em rgos vitais - mesmo uma neoplasia benigna,de crescimento lento, circunscrito e absolutamente desprovido de capacidade invasiva, quando localizada dentro do crnio, ou no corao ou na aorta, acabam por determinar complicaes tais (atrofia compressiva de rgos essenciais, obstruo de fluxos fisiolgicos, e predisposio s infeces) que freqentemente levam morte.

Disendocrinias - uma neoplasia de glndulas endcrinas, mesmo de comportamento benigno (as neoplasias malignas raramente so bastante diferenciadas para secretar hormnios, e com freqncia levam a hiposecreo) pode acarretar inmeros problemas para o organismo, em virtude de hipersecreo.

Produtos de clulas tumorais, fisiologicamente ativos, e seus efeitos nos animais. Origem da clula tumoral Neoplasia Produto ativo do tumorProtease, histamina, heparina, serotonina Tireoxina Adrenalina ACTH Imunoglobuli nas Eritropoietina Insulina Estrognio Estrognio

Sinais clnicoslceras G.I.; Choque hemorragias Hipertireoidis mo Taquicardia edema S. Cushing Hemorragias Policitemia Hipoglicemia Hiperplasia cstica do endomtrio Feminilizao e alopecia

Mastcito s Tireide Adrenal Hipfise Plasmcit os Rim Pncreas Ovrio Testculo

Mastocitoma cutneos Adenomas Feocromocito ma Adenoma basof Plasmocitom a Carcinoma R Adenocarcino ma de ilhotas pancreticas TCGranulosa Sertolioma

(HARDY, W. D., Jr. Current concepts of canine and feline tumors. J. Am. Animal Hospital Assoc., 12:295,1976).

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Complicaes acidentaisRuptura de tumores (hemangiomas, cistadenomas papilferos de ovrio);

Obstruo do lume de rgos tubulares;

Ulceraes, hemorragias, infeces secundrias; Neoplasias pedunculadas (lipoma de mesentrio, p.ex.) podem estrangular alas intestinais.

CARACTERSTICAS DIFERENCIAIS ENTRE NEOPLASIAS BENIGNAS/MALIGNAS. Caractersticas Clnicas/anatomopat gicasTipo de Crescimento Velocidade de Crescimento Evoluo Limites Ulceraes Metstases Recidivas Anemia/caquexia Alteraes concomitantes Degeneraes necroses/hemorra gias Funo orgnica Implicaes clnicas Caractersticas histolgicas e citolgicas Estrutura tissular Vascularizao Freqncia de mitoses Tipo de mitoses Celularidade Tamanho e forma celular Citoplasma

NEOPLASIA S BENIGNASExpansivo/compres sivo Usualmente lento Pode estacionar ou regredir Ntidos, as vezes com cpsula(ou pseudocap.) Pouco freqentes Ausentes Quase sempre ausentes Quase sempre ausentes Atrofia compressiva Escassas ou ausentes Freqentemente conservada Por: Localizao Acidentes Disendocrinias NEOPLASIAS BENIGNAS Tpica do tecido de origem Quase normal Raras Normais Normal ou aumentada Regular e isomorfa (homeotipia/monot onia celular). Semelhante ao da

NEOPLASIAS MALIGNASInfiltrativo/destrutivo Geralmente rpido Raramente estaciona geralmente progressivo at o xito letal Imprecisos e no encapsulados Quase constantes Freqentes Freqentes Freqentes Infiltrao/destruio Muito freqentes Geralmente abolida Prognstico desfavorvel se no tratado precocemente NEOPLASIAS MALIGNAS Atipia tissular/perda de polarizao e desestruturao celular Aumentada e ainda assim deficiente Numerosas (at 6/campo de maior aumento Tri ou multipolares, e assimtricas Muito aumentada (principalmente - em sarcomas Pleomorfismo (atipia celular). Escasso, basfilo (>RNA ou

Ncleo Relao Ncleo/ citoplasma Discarioses (alteraes cromossmicas)

clula de origem Semelhante ao da clula de origem Semelhante ao do tecido de origem Raras

abundante e aquoso Atpico, hipercromtico discaritico, pleomrfico, com maior qtd de nuclolos Aumentada Freqncia relaciona-se com a intensidade da atipia, e cresce de acordo com a idade da neoplasia (onccitos so geneticamente instveis)

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