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RECICLE INFORMAÇÃO: Passe este jornal para outro leitor ou indique o site Ano VIII - Edição 101 - Abril 2016 Distribuição Gratuita Vale do Paraíba Paulista - Litoral Norte Paulista - Região Serrana da Mantiqueira - Região Bragantina - Região Alto do Tietê Recomendados também Página 9 Página 16 MÊS DE ABRIL O Princípio da primavera em PORTUGAL Leia também: Página 5 Exercício da cidadania requer aprendizagem e prática E muito mais... Confira! - Boa música Brasileira - Cultura - Educação - Cidadania - Sustentabilidade Social Agora também no seu www.culturaonlinebrasil.net Baixe o aplicativo IOS www.culturaonlinebrasil.net /// CULTURAonline BRASIL /// www.culturaonlinebr.org Página 2 O ESTADO BRASILEIRO Estado é por si só é um mal necessário para grupos huma- nos, mas o discurso de igualdade e liber- dade tem influencia- do nosso País na tentativa de padroni- zar as formas de pensamentos e essa censura “politicamente correta” tem sido a evolução natu- ral da nossa sociedade e tem gerado o seguinte pensamento entre todos: se você pensa diferente e é oposto às tendências, então querem que se cale para não "contaminar" outras pessoas. Página 3 Todo dia era dia de Índio... Sim. Antes da chega- da dos portugueses ao Brasil, a terra era somente deles. Aqui habitavam diversas tribos, diversos po- vos indígenas, com seus costumes e sua cultura. O contato com os brancos fez com que muitos desses povos perdessem a sua identidade, morressem por causa das doenças e por conta das lutas que travavam com os bran- cos, muitos foram escravizados e povos inteiros dizimados. Página 4 Contra o Ódio: a Arte. Vivemos um tempo aqui neste nosso querido Brasil em que o ódio está se manifestando expli- citamente. Página 12 Quem é que vigia o vigia? Neste período histórico do Brasil, as pessoas es- tão testemunhando mais uma das crises políticas brasileiras. A atual crise é considerada por al- guns ou muitos como uma das mais graves da história do país. Página 10 O BRASIL NUNCA FOI UMA COLÔNIA! PARTE II “A expansão portuguesa não foi, nem fruto do acaso, nem um feito político da Coroa ou de cor- tesão esforçados, antes a missão de uma Ordem iniciática.” Página 15 Capitalismo e democracia na Europa 1º de Abril o dia da mentira e o dia em que as nuvens negras tomaram conta da consciência cidadão do Brasil. Uma data que não devemos esquecer.

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Ano VIII - Edição 101 - Abril 2016 Distribuição Gratuita

Vale do Paraíba Paulista - Litoral Norte Paulista - Região Serrana da Mantiqueira - Região Bragantina - Região Alto do Tietê

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MÊS DE ABRIL O Princípio da primavera em PORTUGAL

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Exercício da cidadania requer aprendizagem e prática

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Página 2

O ESTADO BRASILEIRO Estado é por si só é um mal necessário para grupos huma-nos, mas o discurso de igualdade e liber-dade tem influencia-do nosso País na tentativa de padroni-

zar as formas de pensamentos e essa censura “politicamente correta” tem sido a evolução natu-ral da nossa sociedade e tem gerado o seguinte pensamento entre todos: se você pensa diferente e é oposto às tendências, então querem que se cale para não "contaminar" outras pessoas.

Página 3

Todo dia era dia de Índio... Sim. Antes da chega-da dos portugueses ao Brasil, a terra era somente deles. Aqui habitavam diversas tribos, diversos po-vos indígenas, com seus costumes e sua cultura. O contato com os brancos fez

com que muitos desses povos perdessem a sua identidade, morressem por causa das doenças e por conta das lutas que travavam com os bran-cos, muitos foram escravizados e povos inteiros dizimados.

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Contra o Ódio: a Arte. Vivemos um tempo aqui neste nosso querido Brasil em que o ódio está se manifestando expli-citamente.

Página 12

Quem é que vigia o vigia? Neste período histórico do Brasil, as pessoas es-tão testemunhando mais uma das crises políticas brasileiras. A atual crise é considerada por al-guns ou muitos como uma das mais graves da história do país.

Página 10

O BRASIL NUNCA FOI UMA COLÔNIA! PARTE II

“A expansão portuguesa não foi, nem fruto do acaso, nem um feito político da Coroa ou de cor-tesão esforçados, antes a missão de uma Ordem

iniciática.”

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Capitalismo e democracia na Europa

1º de Abril o dia da mentira e o dia em que as nuvens negras tomaram conta da consciência cidadão do Brasil. Uma data que não devemos esquecer.

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Abril 2016 Gazeta Valeparaibana Página 2

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Gabriel Garcia Marques

O amor é eterno enquanto dura.

(Só vim falar ao telefone).

Sempre falei que envelhecemos mais rápido nos retratos do que na vida

real. (Boa viagem, senhor

presidente).

“A ilusão não se come” – disse ela. “Não se come, mas alimenta”, replicou o

coronel.

Voltarão – disse – A vergo-nha tem memória ruim.

(A hora ruim).

… lembrou-se de um velho provérbio espanhol: “que

Deus não nos dê o que so-mos capazes de suportar”.

Cuide do seu coração… vo-cê está apodrecendo vivo.

(Cem anos de solidão).

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O ESTADO BRASILEIRO

Estado é por si só é um mal necessário para grupos humanos, mas o discurso de igualdade e liberdade tem influenciado nosso País na tentativa de padronizar as formas de pensamentos e essa censura “politicamente correta” tem sido a evolução natural da nossa socie-dade e tem gerado o seguinte pensamento entre todos: se você pensa diferente e é oposto às tendências, então querem que se ca-le para não "contaminar" outras pessoas.

Embora a democracia deva ser transparente e beneficiar o povo, há muito tempo está formado por pessoas interessadas em manter seus cargos e atingir seus objetivos atuando como vende-dores da ordem social e tendo os cidadãos como alvos e meta de faturamento o que favorece senão a eles mesmos.

Da mesma forma que o comércio, o Estado "fabrica" produtos da melhor e pior qualidade e para os menos favorecidos oferecem sempre o de menor qualidade e isso, chama-se jogo de interes-ses. Esse não é nosso pior momento, mas, ainda poderá ser, pois a sociedade sempre suportou o que agora está insuportável e a corrupção se assolou cada vez mais, apoiada em tiranos e em um povo que tem sido “cego-surdo-mudo”, mas, que agora querem gritar!

Por que não temos uma boa educação se temos professores "formados"? Pelo simples fato de nossas escolas não serem bem geridas e não ter a participação da comunidade de acordo com seus próprios valores e necessidades.

Precisamos de pessoas que pensem e não se esqueçam de onde vieram e com liberdade de agir e pensar pode fazer a diferença, desde que ajam não em benefício próprio, mas atentos e co-brando sempre do Estado, quer seja da direita ou da esquerda, sem vendar os olhos para que quando desvendados não comecem a agir como baderneiros cujas consequências são discór-dias ofensivas, revoluções e quebras institucionais.

O Estado e os "mais aptos" tem à mão o moralismo, mérito e prosperidade e os "exclusos" coleti-vismo ineficiente e decadência e isso nos trouxe a um momento onde quem tem dinheiro só ga-nha e quem não tem, por necessidade“gasta”.

Pagamos muitos impostos, a duras penas, em cima do que consumimos e olha que o “povão” não sonega. Mas, é também preocupante a maneira de aceitar o “jeitinho brasileiro” que parece ser a única salvação, mas, no entanto, não precisaria agir dessa forma se soubesse cobrar o que lhe é de direito e devido.

O Estado não tem que prometer e sim trabalhar em prol de todos que acreditaram nele e não cercear a liberdade, induzindo o cidadão a assumir uma postura de direita ou de esquerda sem que saiba realmente o que está acontecendo. Não basta somente informação é preciso que haja educação, formação e conhecimento através da boa escola com todos os direitos e recursos ne-cessários para que isso aconteça.

É necessário persistir na ética e incorporá-la, pois o errado é errado e o certo ainda continua sen-do certo dentro da educação moral. É preciso insistir na punição a quem tiver que ser punido seja qual for a classe social ou patamar que esteja o contraventor.

No final, quando deveria haver reflexão, veem-se manifestações acaloradas com profusão de sons, num momento trágico, sempre com o velho pensamento de que Deus ainda é brasileiro e, cujos problemas, certamente seriam mais bem resolvidos se a Nação estivesse unida e sóbria.

Genha Auga – jornalista – MTB: 15.320

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Abril 2016 Gazeta Valeparaibana Página 3

Povos indígenas Todo dia era dia de Índio... Sim. Antes da chegada dos portugueses ao Brasil, a terra era somente deles. Aqui habitavam diversas tri-bos, diversos povos indígenas, com seus costumes e sua cultura. O contato com os brancos fez com que muitos desses povos perdessem a sua identidade, morressem por causa das doenças e por conta das lutas que travavam com os brancos, muitos foram es-cravizados e povos inteiros dizimados. Acredita-se que por volta do ano de 1500, quando os portugueses aqui chegaram o número de índios ficava entre 1 e 5 milhões. Entre as diversas tribos existentes, duas se

destacavam mais, os Tupis e os Guaranis, que tiveram um contato mais intenso com o homem branco. Atualmente os índios brasileiros somam em torno de 900 mil segundo o censo do IBGE de 2010. São mais de 240 povos que se encontram em áreas rurais e ci-dades espalhados por todos os cantos desse nosso imenso país.

Verdade que temos um dia especial para comemorarmos o dia do Índio, assim como te-mos outras datas que comemoram outros povos também. No Brasil esse dia é celebrado em 19 de abril, dia em que ocorreu o primeiro Congresso Indigenista Interamericano no México em 1940. Interamericano porque tratou da situação dos povos indígenas na Amé-rica do Norte, do Sul e na América Central. Um dia para celebrar os povos indígenas ser-ve para que todos percebam e valorizem a importância da cultura indígena, para que es-ses povos sejam respeitados e recebam os incentivos e a atenção devida do Estado e das pessoas em geral. Essa data passou oficialmente a fazer parte do nosso calendário por um decreto-lei do então Presidente Getúlio Vargas no ano de 1943.

Então, termos um dia para comemorar é bom, porque nos faz agir, pensar e nos torna mais atuantes. Celebrar a data é necessário para que essa conscientização exista, visto que ainda são marginalizados e excluídos. Faz-se necessário também para preservar a cultura indígena e o respeito que esses povos merecem, por tudo que nos foi passado, ensinado, por toda a sabedoria e respeito que possuem pela terra, pelos animais e pela vida.

Alguns perguntam de quem é o Brasil, e aproveitam a data que se aproxima para travar esse debate.

Dos índios que habitavam essas terras? Dos portugueses que descobriram esse territó-rio? Quem já não ouviu dizer que o Brasil é dos índios que já aqui estavam quando ele foi descoberto pelos portugueses. Que depois da chegada deles, o que restou foram esses poucos índios que hoje se encontram espalhados por aí. Acredito que o Brasil é de todos os brasileiros. Somos um país miscigenado, índios, negros, brancos, mulatos, amarelos, enfim, somos a soma de todos esses grupos, de todas essas raças. Formamos a nação Brasileira que é única e possui uma multiculturalidade ímpar. Somos esse país que é de todos os cidadãos brasileiros. Somos um povo alegre, aberto para o mundo e segundo nossa Constituição Federal, sem distinção de cor, raça, credo ou sexo. Um Estado laico, mestiço e bonito por natureza. Somos todos brasileiros, não somos índios, mestiços, ne-gros, brancos ou mulatos apenas, somos a nação brasileira.

Verdade que temos um dia especial para comemorarmos o dia do Índio, pela importância que eles tem, pela contribuição e pelo legado, por suas lutas e conquistas, mas devía-mos ter um dia especial chamado dia dos Brasileiros. Porque ser brasileiro não é só ale-gria futebol e carnaval, mas um povo que luta, que sonha, que se orgulha, e também sen-te vergonha. Ser brasileiro é ter medo de sair de casa, ter vergonha da roubalheira, do mau uso do dinheiro público, é ter vergonha dos políticos que nos representam, é querer uma educação de qualidade, saúde que funcione, é ter participação cidadã, querer um país melhor, cuidar dos nossos idosos, das nossas crianças, do futuro dos nossos jovens. É querer emprego para todos, menos miséria e menos fome. Ser brasileiro é ter orgulho também! Dos nossos cantores/compositores, artistas, escritores maravilhosos, pintores, cientistas,, é ter orgulho da nossa natureza exuberante, da nossa alegria que insiste em não se perder, da esperança que não nos deixa apesar de tudo. É ter orgulho dessa mul-ticulturalidade, das tradições de cada estado, dos costumes, das artes, da música, dos sotaques, das cores. O Brasil de todas as raças, cores amores e dissabores, dos índios, dos brancos e dos negros, de quem nasceu aqui e de quem escolheu esse país para vi-ver.

Então, comemorar o dia do índio é importante, mas não esquecendo que antes de tudo eles são brasileiros. Somos todos brasileiros lutando pela igualdade na desigualdade. Mariene Hildebrando Especialista em Direitos Humanos Email: [email protected]

Calendário

Principais datas comemorativas 01 - Dia da Mentira 02 - Dia Internacional do Livro Infantil 07 - Dia do Jornalista - Dia Mundial da Saúde 08 - Dia Mundial do Combate ao Câncer - Dia Nacional do Sistema Braille 11 - Dia da Escola de Samba 13 - Dia do Hino Nacional Brasileiro 13 - Dia do Jovem - Dia da Carta Régia 15 - Dia Nacional da Conservação do Solo 18 - Dia de Monteiro Lobato - Dia do Amigo 19 - Dia do Índio 21 - Tiradentes - Dia da Latinidade 22 - Descobrimento do Brasil - Dia da terra - Dia da Comunidade Luso-Brasileira 23 - Dia Mundial do Livro 28 - Dia da Educação - Dia da Sogra 30 - Dia Nacional da Mulher

Joaquim José da Silva Xavier

Apelido: Tiradentes

Nascido: 12 - 11 - 1746

Falecido: 21 Abril 1792

Gênero: masculino

Nacionalidade: brasileira

Profissão: dentista, ativista (patriota), militar

Signo do zodíaco: Escorpião

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EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA

A educação para a cidadania significa fazer de cada pessoa um agente de

transformação social, por meio de uma práxis pedagógica e filosófica: uma reflexão/ação dos homens sobre o

mundo para transformá-lo.

Este é um dos objetivo do Jornal

Gazeta Valeparaibana

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Abril 2016 Gazeta Valeparaibana Página 4

Fala maestro

Contra o Ódio: a Arte. Vivemos um tempo aqui neste nosso querido Brasil em que o ódio está se manifestando explicitamente. A polarização das ideias, a rivalidade exacerbada, a falta de amor, de compaixão me fizeram lembrar de uma histó-ria que foi escrita no final do séc. XVI, ou seja há mais de 400 anos. Uma tragédia imortali-zada por aquele que é até hoje considerado o mestre absoluto do Teatro, William Shakespe-are, autor inglês que viveu entre 1564 e 1616. Romeu e Julieta. A Tragédia se difere do Dra-ma na medida em que os personagens so-frem por causa do destino, ou por forças a-lheias às suas próprias. Já no Drama os per-sonagens sofrem as consequências de seus próprios atos. Romeu e Julieta são dois ado-lescentes pertencentes a famílias rivais dentro da cidade de Verona, na Itália. Essas famílias se odeiam sem saber muito o porquê. Os jo-vens das famílias lutam nas ruas, fazem pro-vocações, são como duas “gangues" que des-tilam um ódio secular. Num baile a fantasia organizado pelos pais de Julieta, Romeu e seus amigos entram disfar-çados só para se divertir dentro da casa do “inimigo”. Romeu então conhece Julieta e os dois se apaixonam dando origem a toda con-fusão. Em menos de um dia eles conseguem encontros furtivos, entre eles a famosa cena do balcão onde Romeu embaixo da varanda do quarto de Julieta. O casal procura Frei Lourenço, que luta pela paz entre as famílias, para que ele realize o casamento à revelia dos pais. Enquanto isso a família de Julieta prepara o casamento des-sa com Páris para a mesma noite. A menina, desesperada, procura o frei para que ele o ajude. Ele dá a Julieta uma poção que a faria parecer morta, mas, ela se reanimaria tempos depois. O tempo suficiente para que ela fosse colocada em uma tumba onde Romeu a espe-raria acordar. Frei Lourenço escreve uma carta a Romeu explicando o plano, mas essa carta nunca chega ao jovem apaixonado. Julieta toma a poção antes do casamento e cai desacorda-da. Os parentes a têm como morta e fazem o funeral, como o Frei previra. Mas Romeu, sem saber do plano, se desespera. Assim que o cortejo sai da tumba ele entra, beija Julieta e se mata. Logo depois ela acorda, encontra Romeu morto e acaba se matando também. Uma morte comovente de dois jovens apaixo-nados vítimas do ódio entre as famílias. Esse texto foi escrito há mais de 400 anos e continua sendo atual. Com sua força e men-

sagem forte durante este tempo todo inspirou inúmeras outras obras de arte. Óperas, balés, música incidental, filmes, canções e música simplesmente surgiram inspiradas na tragédia do bardo inglês. Sempre impregnadas de uma forte emoção. Eu, particularmente, dentro do campo musical tenho três preferidas: uma abertura, uma ópe-ra e um balé. Tchaikovsky, um compositor russo que viveu entre 1840 e 1893. Do período romântico da música. Romeu e Julieta, uma Abertura-Fantasia, é uma obra instrumental de aproxi-madamente 20 min. de duração. Não descre-ve a história exatamente mas mostra duas ideias principais com o “peso da tragédia” pai-rando o tempo todo. A primeira ideia é o con-flito entre as famílias e a segunda o amor en-tre os jovens. Na seção do conflito a orques-tra simula algo como uma luta de espadas im-pressionante e é interrompida pela melodia maravilhosa do tema de amor. Inesquecível. E isso vai se alternando até que a tragédia finalmente vence… Aqui está um link para quem quiser ouví-la no YouTube: https://youtu.be/ZxOtYNf-eWE Prokofiev, foi um outro compositor russo que viveu um pouco depois, entre 1891 e 1953. Entre 1935 e 1940, o compositor recebeu a difícil tarefa de musicar a história dos aman-tes de Verona para um balé. Romeu e Julie-ta, balé em 3 atos. Entre as tantas dificulda-des estaria a de escrever um final que fosse coreografável (pudesse ser transformado em dança) já que os amantes na história original não se encontram vivos no mesmo momento. Ele acertou o final na segunda versão do balé e ele até hoje é encenado com sucesso no mundo inteiro. Lindo do começo ao fim o balé consegue se adaptar à dramaturgia (maneira de se construir a peça de teatro e seus perso-nagens para que a história fique compreensí-vel) de Shakespeare e deixa bastante em evi-dencia a parte violenta da narrativa. Num balé onde somente se dança e nenhuma palavra é dita ele consegue emocionar até os mais du-ros espectadores. Um exemplo do balé completo: https://youtu.be/uwpZcae8tsw Uma das cenas mais bonitas pra quem não quer assistir a tudo! A dança dos cavaleiros dentro do baile de mascaras. https://youtu.be/MDHc40aT_AY E a última cena: https://youtu.be/wt8Z8uQFV14 Gounod, foi um compositor francês que viveu entre 1818 e 1893. Gounod escreveu sua ó-pera Roméo et Juliette, em 1867. Diferente de Prokofiev, Gounod centra sua versão no

relacionamento entre os jovens, diminuindo a parte das brigas entre as famílias. Uma ver-são um pouco mais adequada para cantores. Essa ópera é famosa por ter quatro duetos entre os protagonistas, fato bem raro no gê-nero. É sutil e delicada do começo ao fim. Va-le a pena assistir e se emocionar com a histó-ria musicada por um gênio. Mais uma vez o final é um desafio. Difícil terminar a ópera sem um dueto. A solução encontrada foi retar-dar a morte de Romeu, para que eles tenham um encontro antes da morte. Genial. Aqui a cena final: https://youtu.be/w87OkQH3_hk Há outras versões maravilhosas desta histó-ria, posso citar o musical West SideStory, de Bernstein, também as duas versões cinema-tográficas mais famosas: Romeu e Julieta de Zefirelli(1968) e Romeu + Juliet, de B. Luhr-man, com Leonardo di Caprio (1996). Em todas elas podemos sentir na alma e no coração o estrago que o ódio pode trazer na vida das pessoas. O último trecho da peça original diz numa tradução livre: Uma triste paz essa manhã nos traz; O sol, por tristeza, não mostrará sua face; Vão, portanto, conversar sobre estes tristes acontecimentos; Alguns serão perdoados, outro punidos… Pois nunca houve uma história mais triste Que esta de Julieta e seu Romeu Eu gostaria que todos nós refletíssemos atra-vés desta triste história, escrita há mais de 400 anos, e lutássemos para se acabe com o ódio entre famílias, entre grupos, entre na-ções, entre ideais e conseguíssemos com is-so fazer do mundo um lugar melhor. Já nos advertia Shakespeare e ele foi lembra-do e louvado por tantos outros artistas. Acho que devemos fazer a nossa parte. Da minha parte farei sempre arte. A Arte contra o ódio.

Luís Gustavo Petri é regen-te, compositor, arranjador e pianista. Fundador da Or-questra Sinfônica Municipal de Santos. Diretor musical da Cia. de Ópera Curta cria-da e dirigida por Cleber Pa-pa e Rosana Caramaschi. É

frequente convidado a reger as mais impor-tantes orquestras brasileiras, e em sua carrei-ra além de concertos importantes, participa-ções em shows, peças de teatro e musicais.

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Se a música é o alimento do amor não parem de tocar. Dêem-me música em excesso; tanta que, depois de saciar, mate de náusea o apetite.

William Shakespeare

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Abril 2016 Gazeta Valeparaibana Página 5

Cidadania

Exercício da cidadania requer aprendizagem e prática

Transformar princípios e valores em atitudes que beneficiam toda a sociedade é um exem-

plo de cidadania

Atitudes como não jogar lixo na rua, dar lugar ao idoso em meios de transporte coletivo e esperar que as pessoas saiam do metrô an-tes de entrar são questões corriqueiras na vida da população que se encaixam perfeita-mente na concepção de cidadania pretendida pelo cientista jurídico Ovídio Jairo Rodrigues Mendes. "No entanto, pela correria diária, es-sas atitudes não são observadas e acabam por se tornar problemas sociais. E a cidada-nia requer aprendizagem e prática, sob pena de funcionar como mero rótulo", destaca.

Mendes estudou o tema em sua dissertação de mestrado " Concepção da Cidadania", a-presentada em 2010 na Faculdade de Direito (FD) da USP. De acordo com o cientista jurí-dico, simbolicamente, comportar-se como ci-dadão implica em quatro momentos: o surgi-mento do problema social (questões que afe-tam a comunidade), entendimento e análise lógica desta questão, procura racional de u-ma solução adequada para o caso, e a con-

firmação, para o cidadão, de que a solução encontrada satisfaz o problema social enfren-tado.

Para Mendes a questão da cidadania está, hoje, mais vinculada a uma relação de con-sumo do que a um processo de formação de personalidade. "Quando a pessoa vai fazer um documento no Poupatempo, ela pega um pedaço de papel e, com este ato, se conside-ra um pouco mais cidadã. Mas cidadania não é isso: é viver em harmonia com o outro, transformar princípios e valores em atitudes que não beneficiam só interesses individuais, mas interesses coletivos. Por exemplo, eu varro a rua para evitar que o lixo se acumule e prejudique tanto a mim quanto aos meus vizinhos", explica.

Segundo o pesquisador, a concepção de ci-dadania adquire seu formato de acordo com o problema a afligir a comunidade. O jurista argumenta que "talvez por isso seja tão difícil ser cidadão, principalmente em um país de tradição democrática recente como o Brasil e onde a educação formal não é valorada co-mo elemento fundamental na diferenciação entre 'súdito' [aquele que simplesmente se-gue a vontade do governante] e 'cidadão' [-capacidade para procurar e agir de maneira mais autônoma possível em prol de interes-ses próprios, limitado tão somente pelo orde-namento legal e pelo respeito ao bem co-mum]".

A pesquisa de Mendes não teve a intenção de limitar-se à doutrina jurídicas (teorias de direito) e à jurisprudência (decisões do tribu-nais). O foco foi direcionado para "buscar u-ma maneira de elaborar uma teoria que o pú-blico comum e não só cientistas jurídicos ou pessoas esclarecidas se identificassem para uma conceituação do que seja cidadania".

Para realizar o estudo, o cientista jurídico considerou diferentes tipos de narrativa sobre a conceituação de cidadania nas teoria dos filósofos Aristóteles, Thomas Hobbes e Jean-Jacques Rousseau; passando a uma análise das transformações sofridas pela concepção do termo no pós-independência no Brasil Im-pério, no Estado Novo e no processo de re-

democratização do Brasil, considerando questões políticas e econômicas; para, ao final, levantar algumas hipóteses sobre a es-petacularização da cidadania e a transforma-ção dos cidadãos em plateias para projetos de poder de políticos profissionais, principal-mente na fase brasileira atual.

Segundo o pesquisador, o estudo não inten-ciona julgar as sociedades dos teóricos pes-quisados e suas concepções de cidadania, mas sim apenas tê-las como modelo-padrão para a formação de um conceito baseado em valores e princípios simples de vida em soci-edade, como o respeito ao outro e o respeito à liberdade.

Mendes assinala que a concepção de cida-dania para não ser apenas formal, requer a capacidade de a pessoa dispor de objetivos racionalmente possíveis de como tornar con-cretos seus ideais. "Como toda regra, a for-mulação teórica de uma concepção de cida-dania tem como primeiro passo a intuição pa-ra a identificação de regras sobre o assunto dentro da Constituição ou de leis inferiores, tornando a sua definição mais palpável ou palatável ao cidadão comum ", diz.

Visão egocêntrica de mundo

O pesquisador, no entanto, não se limita a questões individuais. "Muitas decisões gover-namentais não privilegiam a sociedade como um todo, mas o interesse de setores da po-pulação", conta. Ele cita o atual discurso de muitos meios de comunicação, sobre diver-sos acontecimentos cotidianos, como aciden-tes, enchentes, crimes. "Esse discurso vale-se de argumentações opinativas e não da lógica, e só acabam por inflamar a teia de queixas e reclamações vazias. Assim, os 'cidadãos' reclamam da ausência do Estado porque precisam encontrar um culpado pois pagam impostos e, por isso, devem ser servi-dos; enquanto que, do outro lado, o Estado se defende das reclamações, acusando os cidadãos de serem os provocadores para to-das as desgraças cotidianas", destaca.

Da redação

Porque precisamos fazer a Reforma Política no Brasil?

Seus impostos merecem boa administração. Bons políti-cos não vem do nada. Para que existam bons políticos

para administrar o país, toda a sociedade precisa colaborar para que eles possam nascer e terem sucesso. É preciso um sistema eleitoral moderno para melhorar a qualidade da política. Os políticos "tradicionais" tem horror à reforma política, porque ela pode mudar a situa-ção atual onde eles usam e manipulam o eleitor e são pouco cobrados !

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DESIGUALDADES

Os contrastes sociais são responsáveis por todas as desigualdades raciais, étnicas e interculturais. Mesmo em tempos pós emancipação quem tem muita melanina, na maioria das vezes, é olhado de canto, é temido. Julgado e culpado. Prostrado à marginalização e banalidade. Jogado à sorte do destino. É triste ver que muitos são obrigados a sobreviver com pouca coisa, enquanto poucos riem e fazem de tudo um

circo, vivendo bem e muito bem, "com muitas coisas"

O problema da desigualdade social não é a falta de dinheiro para muitos, e sim o excesso na mão de poucos.

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Política

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Nelson Rodrigues

Falta ao virtuoso a feérica, a irisada, a multicolorida variedade do vigarista.

Hoje é muito difícil não ser canalha. Todas as pressões trabalham para o nosso avil-

tamento pessoal e coletivo.

Hoje, o sujeito prefere que lhe xinguem a mãe e não o chamem de reacionário.

Invejo a burrice, porque é eterna.

Jovens: envelheçam rapidamente!. Muitas vezes é a falta de caráter que deci-de uma partida. Não se faz literatura, polí-

tica e futebol com bons sentimentos…

Na mulher, certas idades constituem, digamos assim, um afrodisíaco eficacíssi-

mo. Por exemplo:- 14 anos!

Nada nos humilha mais do que a coragem alheia.

Não acredito em honestidade sem acidez,

sem dieta e sem úlcera.

Não admito censura nem de Jesus Cristo.

Não damos importância ao beijo na boca. E, no entanto, o verdadeiro defloramento é

o primeiro beijo na boca. A verdadeira posse é o beijo na boca, e repito: – é o

beijo na boca que faz do casal o ser único, definitivo. Tudo mais é tão secundário, tão

frágil, tão irreal.

Não existe família sem adúltera.

Não há nada que fazer pelo ser humano:o homem já fracassou.

Não se apresse em perdoar. A misericór-

dia também corrompe.

Nem toda mulher gosta de apanhar. Só as normais.

Nossa ficção é cega para o cio nacional. Por exemplo: não há, na obra do Guima-

rães Rosa, uma só curra.

Nunca a mulher foi menos amada do que em nossos dias.

Abril 2016 Gazeta Valeparaibana Página 6

Radicalização Política

Por: Rogério Marcus

Estou farto de ler sobre o tal processo de radi-calização "de ambos os lados". A radicalização existe, mas não provém "de ambos os lados".

Comparemos.

Um lado publica um texto sensato e razoável. Algumas dezenas, com sorte centenas, de compartilhamentos. O outro lado publica boa-tos, calúnias, mentiras óbvias. Dezenas de mi-lhares de compartilhamentos.

Um lado distribui adesivos na eleição, para quem quiser aderi-los. O outro lado cola seus adesivos nos passantes e hostiliza quem não os quiser, chegando mesmo a agredir quem estiver usando outros adesivos.

Um lado ensina suas crianças a agredir e trau-matizar crianças que estiverem com uma cami-sa vermelha, ainda que da Suíça. O outro lado nem mesmo concebe dizer a seus filhos que agridam crianças posando com a Polícia Mili-tar.

Um lado agride um cadeirante por estar fazen-do campanha para o outro lado. O outro lado gestou, embalou, debateu e praticou o concei-to de acessibilidade nas gestões públicas.

Um lado agride um cachorro porque sua dona o enfeitou com um lenço vermelho. Houvesse correlato do outro lado, e veríamos fotos e ví-deos de tucanos torturados nas redes sociais.

Um lado xinga, berra, escreve em CAIXA AL-TA, personaliza o debate. O outro lado argu-menta, e por isso mesmo é menos popular e acessível.

Um lado é o menino mimado, o dono da bola. Não aceita o resultado das urnas e quer a dita-dura de volta. O outro lado se criou sob a dita-dura, lutando contra ela.

Um lado pretende sequestrar como símbolo seu a bandeira nacional que o outro lado de-fende de fato ao militar causas que seu anta-gonista desconhece ou repudia.

Um lado tem a mídia. O outro lado também, mas sempre contra.

Um lado tem o senso comum, assimilável facil-mente. O outro lado tem a análise a exigir es-forço intelectual.

Um lado importou seu discurso de laboratórios estrangeiros de interferência sociopolítica. O outro lado gerou o seu a partir do debate.

Um lado tem o taxista tagarela, soldado incan-sável do senso comum. A dona na fila de ban-co e o que ela viu na televisão. A massa de manobra nadando fácil na direção que a mídia quer. O outro lado tem o estudante, o profis-sional, o professor cansado de enxugar o gelo da ignorância, de nadar contra a corrente da burrice, de corrigir imprecisões ou cortar a ca-beça da mentira que logo a repõe com mais duas ou três.

Um lado tem o familiar inculto, agressivo, abu-sivo, gritalhão e sem memória. O outro lado já se retirou da mesa pra evitar o mal estar.

Um lado tem soluções brutais, simplórias e rá-pidas para os bodes expiatórios que a mídia grande o fez acreditar serem os problemas da sociedade. O outro lado se debruça sobre a complexidade sem apelo emocional e sem mí-dia do que realmente é problema.

Um lado racionaliza a defesa violenta de suas idéias porque as tomou como suas. O outro tomou as suas idéias por suas depois de usar a razão.

Um lado vê televisão, o outro lê livros.

Um lado tem fetiches com a imagética militar. O outro lado milita pela via civil.

Um lado é emoção, mas racionaliza. O outro lado é razão, embora se emocione.

Um lado dá carteirada no cinema, o outro lado vê bons filmes.

Um lado descobriu a corrupção ontem. O outro lado sempre a combateu.

Um lado é machista, o outro não.

Um lado é racista, o outro não.

Um lado é o que o ser humano sempre foi, o outro lado é trabalho interno e superação rumo a uma nova etapa civilizatória.

Pra um lado é fácil, pro outro é difícil.

Então não.

Não é um conflito só de lados, horizontal, mas de comportamentos, vertical.

Então fora com a "isenção" do discurso do "ambos os lados". Abaixo o discurso fácil do "ambos os lados".

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Abril 2016 Gazeta Valeparaibana Página 7

Contos, Poesias e Crônicas

VIDAS POR UM FIO

Genha Auga

Vidas são ligadas por um fio.

Não! Por vários fios agora.

Contada nessa última versão...

U.T.I. – Unidade de Terapia Intensiva – última morada.

Os fios que ligam o aparelho por onde respira.

Fio do acesso injetado na veia para sobreviver.

Fio que o alimenta pela sonda gástrica.

E a morte ronda incansavelmente puxando-o a cada dia, tentando tirar-lhe ora a respira-ção, ora as batidas do coração.

Pensamentos que não podem mais serem compartilhados...

Essa sombra maléfica e indesejável o puxa para levá-lo e se agarrando a um fio de vida, puxando ao contrário tentando ficar,assim, devagarinho, esgotando suas forças irá vencer e partirás.

Mas, não se preocupe porque do outro lado do fio está um “Ser” maior que a morte a espe-rá-lo e então, “Ele”, sem mazelas, o libertará.

Nessa nova morada, não haverá dúvidas e nem medos, descobrirá que a morte é somente a ponte inevitável para ir de encontro a um lugar reservado, escolhido por anjos que segui-ram seus passos aqui na terra e que recompensarão com amor, todo sofrimento que pas-sou.

Acabada a dor e através da luz divina,continuarão olhando pelos seus que aqui ficaram.

Amém!

Faço um pedido a Deus que o tem agora:

- Permita, por favor, que essa pessoa tão amada, que exemplo e saudade deixou não se desprenda do único fio que restou e nos une que é o fio do amor...

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MARIAS

Se fosses eleger uma Maria, qual delas esco-lheria?

- A que sofreu por seu único e santo filho

entregue a Deus para morrer na cruz.

- Oh! Virgem Maria! -

- Maria Madalena que os homens amaram na calada da noite e a quem o povo apedrejou

quando a Jesus se juntou.

- Ou Maria Bonita que soldados degolaram pa-ra por fim ao cangaço de Lampião que ela tan-

to amou.

- Maria lavadeira que a vida inteira, sem can-saço roupa lavou e a quem o sol a pele aver-

melhou.

- Poderia ser Maria que os passos de Joãozi-nho seguiu e a maldade conheceu na bruxa

que quase a engoliu.

- Maria Antonieta, rainha da França, forte em sua trajetória e assim sua história se deu.

- Ou, Maria dos prazeres – que de luxúrias vi-veu com homens que em seu corpo deleitaram

-se e acalentaram problemas sem fim.

- Seria Maria Sem-Vergonha mal falada e por sua beleza cobiçada pelas princesas nos jar-

dins.

-Três Marias de fama universal pelas águas do “Velho Chico” -abriu se a porta para o céu e lá

ficaram num encanto e magia -

- Maria Bethânia, Maria Rita, Maria das Gra-ças! As famosas Marias dos nossos dias.

Seja qual for a Maria, haverá nela o olhar do cansaço e de luta, ventre rasgado pela

continuação da vida na Terra. Haverá nelas o amor entre Deus e o Diabo!Servirão como mães – amigas – prostitutas – virgens e

amantes.

Assim se doarão e todas terão seu homem, como destino.

Qual dessas Marias o homem escolheria?

Deus é quem sabe – segredo dele e das Marias...

GENHA AUGA

Escrevo como se estivesse dormindo e sonhando: as frases desconexas como no sonho. É difícil ,estando acordado, sonhar livremente nos meus

remotos mistérios.

Clarice Lispector

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Abril 2016 Gazeta Valeparaibana Página 8

Estrangeirismos

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Chato, cricri e zung-zung POR: Mouzar Benedito.

No guichê do banco, a moça me pediu que digitasse a senha do cartão. Perguntei: “Os seis algarismos ou só quatro?”. Ela fez cara de espanto. E brinquei: “Epa! Usar a palavra algaris-mo é coisa de velho, né? Entrega a idade da gente. Vocês usam dígito”. Ela sorriu: “Até que gostei. Vou usar também”. Saí do banco pensando num monte de palavras que ninguém mais usa. Alguém ainda fala da repartição em que trabalha? E do ordenado que recebe? Algumas palavras, com certeza, jovens nem imaginam o que significam. Carapina, por exemplo, que vem do tupi e era usada como sinônimo de carpinteiro. Ceroula, ninguém mais usa: nem a vestimenta nem a palavra. Assim como capote, que virou sobretudo e agora ninguém mais usa. Nunca mais vi ninguém de sobretudo, nestas terras tropicais – em países de clima frio, usam. – E correia em vez de cinto ou cinta? Nunca mais ouvi. A palavra “chato” está aí, presente no dia a dia, mas houve uma época em que criaram uma outra para um chato mais chato, um chato que incomoda até o chato. E a palavra era cricri: esse seria o nome do bichinho que daria nos pelos públicos do chato. E nos pelos púbicos do cricri, segundo inventaram depois, teria o zung-zung. O chato do chato do chato. Vai ser chato!… Alguém aí ainda fala carro de praça? Nem mesmo nos con-fins do interior, onde ninguém usava a palavra táxi.

E falando em praça, quem entrava na polícia dizia que sen-tou praça. Custoso era coisa difícil de se fazer. Marmota é um bicho que a gente vê em filmes sobre animais, mas antes era tam-bém o mesmo que palerma, bobalhão. Campear, originalmente, era procurar algo (geralmente a cavalo) no campo ou no mato, mas usava-se essa palavra como sinônimo de procurar qualquer coisa em qualquer lu-gar. Algumas palavras ainda usadas, mas raramente, como é o caso de frugal (simples), que hoje parece sofisticada, e me-rendar (lanchar), que, ao contrário, parece coisa de caipira.

No futebol, a bola costumava ser chamada de pelota, e a chuteira, na gíria, às vezes era chamada de chanca, que originalmente é um calçado com sola de madeira, o mesmo que tamanco (aliás, quem usa tamanco hoje em dia?).

A molecada gostava era da fuzarca (bagunça) e de arreme-dar ou remedar (imitar) os adultos. E as mães ainda adula-vam (paparicavam) os pestinhas. Não sei se era para diferenciar do sentido político, mas para o vermelho usava-se a palavra encarnado. Coisa que entrava na moda de maneira forte e rápida, uma moda ostensiva do momento, era coqueluche. Algumas pessoas, em vez de pedir “por favor”, pediam “por obséquio”.

Para negar de forma radical uma coisa dita sobre ele ou algo parecido, falava-se bravo: “É uma pinóia!”. Agora imaginem a música de Roberto Carlos: “De agora em diante, eu vou mo-dificar o meu modo de vida…”. Não daria certo usar “doravante” com o sentido de “de agora em diante”. Quem fala doravante? E já que citei Roberto Carlos, uma gíria femi-nina dos tempos da Jovem Guarda, para falar que um sujeito era bonito: “Ele é um pão”. Aí alguns que não estavam nessa categoria começaram a gozar: “É mesmo. Pra ser bom, o pão tem que ser fresco”.

Ladrão era chamado de “amigo do alheio”. Para dinheiro, havia a palavra mango, que acredito ter sido importada do lunfardo, a gíria dos malandros de Buenos Aires. Mas falava-se também uma palavra vinda do francês, que até mesmo os caipiras mais renhidos usavam, pronunciando corretamente “larjan”, que deriva de l’argent (a prata, o dinheiro). Mas ain-da há quem use prata: “Custou cem pratas”. E outra pouco lembrada hoje era cobre. “Aquele carro velho eu passei nos cobres”.

Ludopédio e muito mais

Imagine alguém contando essa historinha: “Depois de rece-ber uma premagem, o ludâmbulo desligou o lucivelo, colocou o focale, chamou o cinesíforo e foi ao local da runimol de que teve notícia por um amigo alvissareiro”. Assim seria contada essa historinha se se tivesse adotado a proposta de Antônio Castro Lopes, filólogo que viveu de 1827 a 1901 e, entre os vários livros que publicou, um de 1889, chama-se “Neologismos indispensáveis e barbarismos dis-pensáveis”, e tem essas palavras todas. Ele odiava o que hoje chamaríamos de imperialismo cultural que impunha um vocabulário cheio de vocábulos estrangeiros para nós. Na época, os fãs dos estrangeirismos (que ele chamava de bar-barismos) tinham o francês como língua inspiradora, assim como os gringófilos de hoje adoram o inglês. Só que há uma diferença: os barbarismos que ele citava eram em grande parte palavras novas, sem equivalentes em português. Hoje, substituem palavras do português, que funcionam muito bem, por outras do inglês, e neste caso são desnecessárias. Bom, mas voltemos à historinha. Os neologismos que ele propôs, como ludâmbulo, focalo e cinesíforo não pegaram. Então podemos contar hoje a mesma historinha assim: “Depois de receber uma massagem, o turista desligou o aba-jur, colocou o cachecol, chamou o motorista e foi ao local da avalanche de que teve notícia por um amigo repórter”. Acho muito estranho nessas palavras a proposta de usar “alvissareiro” em vez de repórter. Alvíssaras é uma palavra sempre relacionada a boas notícias, o que não é bem o caso da maioria do que ouvimos ou lemos dos repórteres.

Volto ao Castro Neves. Ele criou um monte de neologismos, inspirados no latim e no grego, propondo banir as palavras importadas. Mas quase nenhuma pegou. Duas que sei que são usadas: cardápio, em vez do francês menu, e, menos usada, convescote em vez de piquenique.

Agora algumas que não pegaram, além das citadas na histo-rinha: preconício no lugar de reclame (palavra que já não usamos hoje – foi substituída por anúncio, propaganda ou publicidade), nasóculos no lugar de pincenê (óculos sem hastes que se prendem ao nariz por uma mola – não se usa mais nem o dito-cujo nem a palavra), ancenúbio (nuance), castelete (chalé), joalheira (bijuteria), entrosagem (engrenagem) e vanaplauso (claque). Chofer, derivada do francês “chauffeur” foi nome de uma profissão por muito tem-po, até cair em desuso de vez, mas não substituída pelo ci-nesíforo que ele propôs, virou motorista. Ou, no caso de competições, piloto. Por falar nisso, já citei o carro de praça, expressão substituída por táxi. Quem conduzia o carro de praça era o chofer de praça, o atual taxista. É atribuída a Castro Neves, também, a criação do neologis-mo ludopédio, que não pegou, para substituir futebol. Mas não sei se é dele mesmo ou de outra pessoa. Em 1889, épo-ca da publicação do livro “Neologismos…”, pelo menos, não havia futebol por aqui. E em 1901, quando morreu ainda era uma novidade.

Falando em futebol, no início e pelo menos até a década de 1950, o palavreado em inglês era dominante. Sobraram a própria palavra futebol (de football), pênalti (de penalty), dri-ble (de dribbling) e gol (de goal). No meu tempo de criança, no interior mineiro, ainda se falava córner no lugar de escan-teio, e no rádio ouvíamos falar do “escore” em vez de placar. Havia ainda quem chamasse goleiro pelo nome inglês, adap-tado: goalkeeper, que pelos confins do Brasil pronunciava-se golquipa ou golquipe (na roça, gorquipe). Os zagueiros de hoje eram beques, os laterais “alf” (não sei se era assim que se escrevia), mas no interior pronunciavam arfe ou arfo. Arfo esquerdo e arfo direito. No meio de campo recuado, o cente-rarfo…

Outros nacionalismos

Lima Barreto, em seu genial “O triste fim de Policarpo Qua-resma” tinha nesse personagem um nacionalista extremo, que propunha algo mais radical: a adoção do tupi como lín-gua do Brasil. Há alguns anos, o então deputado Aldo Rebelo propôs uma lei que, se adotada, redundaria em multa para quem usasse estrangeirismos desnecessariamente. Levou pancada de todo lado. Uma vez, encontrei um assessor dele e brinquei (mas até que não era tão brincadeira assim) propondo algo diferente: que se cobrasse taxas pelo uso de estrangeirismos desnecessários. Dei um exemplo: já existiam centros comerciais no Brasil, antes de um deles, o Iguatemi (em São Paulo) ser criado com o nome Shopping Center. Era preciso adotar esse no-me? Acredito que não. Então que se cobrasse uma taxa anu-al, por metro quadrado, para manter a denominação shop-ping center, ou simplesmente shopping. E cada loja dentro dele, se adotasse nomes estrangeiros também, pagaria mais uma taxa por metro quadrado. Dupla tributação! Daria uma baita renda, não? Só na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, seria arrecadado dinheiro suficiente para os governos nada-rem na grana. Muitas palavras do nosso cotidiano “antigo” foram excluídas para dar lugar a outras, em inglês, como citei lá em cima. A primeira que me lembro, e que na época me irritava, foi o insight. Usávamos aqui a palavra estalo, com o mesmo senti-do, mas um certo pessoal achava mais chique falar em in-glês. E vieram os sanduíches… hot-dog (no início traduzido, ca-chorro-quente), hamburger, cheeseburger, chese-egg, sendo que o cheese (queijo) acabou virando X: X-burguer… Faço um parêntese para me lembrar de uma vez que estava na periferia de Osasco, nos anos 1980, numa padaria, e um sujeitinho metido a besta pediu um “pão com egg”. O chapei-ro ficou olhando pra ele sem entender e ele ainda esnobou: “Você é burro? Não entende? É aquilo ali”… e mostrou um ovo pra ele. Ah, agora com a onda de imitação de gringos, até a carroci-nha de cachorro-quente perdeu a vez. Agora veículos maio-res, exibidos, ostentam o nome food-truck e não se limitam a vender sanduíches (tá aí outro estrangeirismo: vem do inglês – da Inglaterra mesmo – sandwich). E vieram os computadores, a internet… Claro, muitas pala-vras usadas nessas coisas não existiam antes, foram cria-das. E como a criação foi em terras de língua inglesa, normal que se esparramem com esses nomes, adaptando-se aos vernáculos ou não. Mas há exageros, né? Ninguém apaga mais nada, deleta. Não baixa arquivos, faz download. Até imprimir já perde a vez para printar. Para terminar, penso sempre – com aprovação – nos nomes de certos países e cidades que só são aportuguesados por-que herdamos dos portugueses, mais ciosos da importância do vernáculo do que nós brasileiros. Com a mania brasileira de querer falar os nomes de países e cidades como se esti-véssemos falando na língua deles, ou em inglês, acredito que logo vão abandonar nomes adaptados pelos portugue-ses e macaquear os gringos, falando empombado em Lon-don, England, Germany, Sweden, Swiss, Endland, Neder-land… Só quero ver, se resolverem falar de acordo com a língua do próprio país e não do nome dado a ele em inglês, como vão se enrolar para falar da Hungria (Magyarország, em húnga-ro), do Iêmen (Al-Jumhuriyya Al-Yamaniyya), do Reino da Dinamarca (Kongeriget Danmark), da Croácia (Hrvatska) e da já citada Suécia que em inglês é Sweden, mas, em sueco, o Reino da Suécia é Konungariket Sverigee. Mas sei que não há esse risco: a língua padrão é o inglês, de preferência fala-do com sotaque dos Estados Unidos.

Aliás, muitos já falam América para se referir aos Estados Unidos, como se só lá fosse América. E até sonham ser colo-nizados pelos “americanos”. Já eu preferiria que devolvêsse-mos o Brasil aos índios e nos adaptássemos a eles. Falaría-mos línguas da família tupi-guarani, do macro-jê, aruaque, tikuna, tukano, aruaque, ianomâmi, baniwa, bororo…

Viva Policarpo Quaresma! Rê-rê…

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Abril 2016 Gazeta Valeparaibana Página 9

Educação em debate

Os Servidores de Guarulhos mais uma vez foram afetados pela má gestão dos recursos públicos e pela ingerência do seu prefeito. A bola da vez foi o Decreto municipal nº 33226 de 25/02 que estabelece medidas de racionali-zação dos gastos públicos com pessoal. Pois bem, a princípio o decreto parece ser bem intencionado, uma vez que o município passa por diversos problemas financeiros e realmente precisa de algum tipo de reforma, entretanto, uma leitura mais atenta e uma bre-ve articulação com outras informações nos permitem a refletir um pouco mais a fundo. Basicamente o decreto estabelece a suspen-são de contratação de pessoal (sobretudo os comissionados), criação de novos cargos, li-cença de interesse particular, licença prêmio, ampliação de carga horária, horas extras e de-signações para funções gratificadas, além de estabelecer o corte de 20% dos cargos comis-sionados. Como foi dito anteriormente o decreto não de-veria causar estranheza, uma vez que o muni-cípio realmente atravessa um período difícil, porém, há que se ressaltar que o próprio po-der executivo contratou funcionários comissio-nados no final de 2015 e fez nova contratação após a apresentação deste mesmo decreto. Ora, como o poder executivo baixa um decreto e não cumpre o que ele mesmo baixou? Qual é a função desses funcionários comissiona-dos? Será que essa contenção de custos com todas as forças e a contratação desses comis-sionados tem alguma relação com as eleições municipais que se aproximam? O fato é que o decreto citado prejudica imedia-tamente os servidores da Educação. Professo-res, diretores, vice-diretores, coordenadores, cozinheiras e pessoal de secretaria, seriam os primeiros afetados por essa medida. Maiores explicações sobre essa construção da greve dos servidores de Guarulhos e do decreto 22332/16 você pode encontrar no YouTube, no canal do Programa E Agora José? Em que realizamos uma grande entrevista com as pro-fessoras Viviane Lourenço da Silva, Paula Ge-raldelli e Sara Santana, que representaram o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (STAP).

Os servidores (principalmente da educação) deflagraram então a greve que iniciou e termi-nou no dia 21/03/2016. Sim, isso mesmo, um dia em greve. Mas o que houve com que aca-basse em um dia. No decorrer deste dia de greve, os servidores foram para as ruas protestar contra o decreto. Outro grupo formado pelo sindicato e por ou-tros representantes dos servidores tiveram u-ma reunião com o TRT para tratar das negoci-ações. A ata da reunião está publicada no jor-nal Guarulhos web (http://goo.gl/MoIpG0) e também nas páginas do STAP e da Prefeitura. Após o fim da greve, vários servidores se ma-nifestaram pelas redes sociais demonstrando sua indignação com o fim da greve. Entretan-to, do ponto de vista estratégico de uma nego-ciação, é preciso ter sangue frio, já que não é fácil negociar com o poder público. Minha experiência com o poder público (sobretudo na área da educação) me permite afirmar que os servidores de Guarulhos acei-taram a luz no fim do túnel que foi apresenta-do. Também seria imprudente que o prefeito prometesse aquilo que claramente não poderi-a cumprir (ainda que isso foi feito durante sua campanha eleitoral). De qualquer forma, pos-so compartilhar com o leitor minha experiência com o Governo do Estado de São Paulo, que em 2015 realizamos 92 dias em greve sem que houvesse absolutamente nenhuma pro-posta. E assim foi, 92 dias em greve, sem pro-posta e sem reajuste (inclusive considerando o dissídio) desde então. Os professores da rede pública paulista já partem para o segun-do ano sem absolutamente nada de reajuste salarial. Voltando ao caso dos servidores de Guaru-lhos, após a reunião com o TRT houve uma outra assembleia, com os ânimos acirrados,e foi decidido que a greve acabaria. A maioria votou e a maioria ganhou. Do ponto de vista estratégico, garantir mais 2 ou 3 dias em gre-ve seria inviável, uma vez que o movimento perderia sua força e a prefeitura não precisaria mais ceder a nenhum ponto reivindicado. O que ficou acordado entre o STAP e a Prefei-tura?

Pagamento, a partir de 1/06/2016, aos profes-sores de educação infantil da parcela final da equiparação salarial com os professores da educação básica. Pagamento, a partir de 1/06/2016, da altera-ção da carga horária aos professores. O debito em atraso referente aos itens 1 e 2 será quitado parceladamente, segundo as ne-gociações que devem ocorrer com a Comis-são Permanente de Negociação. Manutenção da data base para maio/2016. Garantia ICV-DIEESE. Manutenção de todas as gratificações conce-didas aos servidores anteriormente à edição do Decreto. Manutenção do decreto 33226, desde que não contrarie o que foi acordado diante do TRT. Abono do dia 15/03 e compensação do dia 21/03, com critérios a serem estabelecidos pe-la Comissão Permanente de Negociação. A insatisfação daqueles que se manifestaram contra está presente, principalmente, no fato de a Prefeitura não retirar o Decreto. De qual-quer forma, pelo pouco que entendo, vejo que os direitos foram garantidos, e a jornada do professor será paga. Ai fica a pergunta: e se o prefeito retirasse o decreto, ele não abriria u-ma brecha para poder contratar mais comis-sionados? Lições que aprendemos com a greve dos Ser-vidores: Se não concorda com o que é decidido em assembleia, participe da assembleia. Fazer greve não significa ficar em casa assis-tindo TV. Fazer greve é atuar em diferentes frentes para trazer a público as discussões so-bre o movimento da greve e para pressionar o governo para negociar. Entenda que negociar significa ceder. Cada um cede um pouco de cada lado para que no final haja o mínimo de consenso. Se o governo não cumprir com o que foi acor-dado, volta-se à rua para cobrar o que é de responsabilidade de cada um acordado diante do TRT. Participar de uma greve não é fácil. Os confli-tos que se estabelecem são múltiplos. É preci-so convencer a comunidade, os colegas de trabalho e até os membros da própria família. Os ânimos se acirram e os conflitos aconte-cem. De qualquer forma, entendemos que é preciso que haja uniformidade, discussões co-letivas e participação ativa. Diferentemente do que houve no ano passado com os professo-res da rede pública estadual de São Paulo, os servidores de Guarulhos demonstraram uma grande força para fazer valer a sua voz. Que sirva de lição para o próximo prefeito que vier.

Ivan Claudio Guedes Geógrafo e Pedagogo. [email protected]

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Abril 2016 Gazeta Valeparaibana Página 10

Cultura simbólica (artigo continuado) O BRASIL NUNCA FOI UMA COLÔNIA!

PARTE II

“A expansão portuguesa não foi, nem fruto do acaso, nem um feito político da Coroa ou de cortesão esforçados, antes a missão de

uma Ordem iniciática.”

Manuel J. Gandra Barbara Freitag (in: Capitais migrantes e po-deres peregrinos, 2009, p.43) cita a obra de Nestor Goulart Reis Filho e seus colaborado-res Beatriz Piccolato Siqueira Bueno e Paulo Júlio Valentino Bruna (Imagens das vilas e cidades do Brasil colonial, 2001) que reescre-ve a formação da sociedade colonial alertan-do para um fato inédito ou pouco conhecido:

Poucos sabem que quase todas as vilas e ci-dades mais antigas tiveram muros e portas, como grandes fortalezas. Poucos sabem tam-bém que muitas delas foram traçadas por en-genheiros militares e tinham formas geométri-cas regulares. E muito poucos tiveram notí-cias sobre as aulas de Arquitetura Militar, que formaram esses engenheiros e partir de 1696, inicialmente na Bahia e em Pernambuco e, depois, também no Rio de Janeiro e no Pará.

Freitag afirma que os estudiosos do período colonial negligenciaram o estudo das cidades do período colonial, disseminando a crença de que os portugueses teriam sido “semeadores” sem projeto e racionalidade de ocupação territorial na ocupação do espaço urbano brasileiro: “já começa a haver consen-so entre pesquisadores brasileiros e portu-gueses de que havia uma atividade planeja-dora regular do mundo luso-brasileiro nos tempos de colônia”.

À parte as providenciais “negligências”, tanto Freitag quanto Reis Filho alertam para uma “atividade planejadora regular” da Coroa no período colonial. Tal planejamento evidencia as características “militares” das cidades da “colônia”, corroborando a tese das feitorias (futuras vilas e cidades) como “colônias” mili-tares, de Tito Lívio, o que incita, evidentemen-te, a ampliar o olhar sobre a forma de admi-nistração da Coroa.

Quanto a isto, é pertinente perguntar sobre a origem e razão do “caráter militar” desse pla-nejamento, porque, o argumento que se as-senta sobre a idéia de “defesa” do território comunga uma visão reducionista do assunto. Isto porque, é consabido que Portugal não foi um império de conquista, portanto, o número de homens em armas era bastante reduzido. Ademais, é deveras sintomático o fato de ter

sido a Ordem de Cristo a autora, patrocinado-ra e mentora dos Descobrimentos Portugue-ses, autêntica sucessora da Ordem do Tem-plo de Portugal, esta, de consabido cariz mili-tar e monástico. A Ordem do Templo foi uma cavalaria espiritual à conquista do mundo. A sua fama militar e monástica tem uma verten-te exterior e uma vertente individual, contem-plativa, ascética. Portanto, o testemunho mili-tar deve ser consoante a missão assumida pela milícia templária. Concerne investigar criteriosamente o quanto da missão templária foi transposta (e se o foi e como) para o povo-amento e formação do Brasil. Some-se a isso a relevante questão de a Ordem de Cristo ter exercido uma influência notável no povoa-mento e na formação do Brasil e, de ser o Brasil patrimônio da Ordem de Cristo, e não da Coroa Portuguesa:

“D. João II, rei de Portugal, e o rei de Castela assinam o Tratado de Tordesilhas, em 07 de Junho de 1494[…] E assim, seis anos antes da viagem de Pedro Álvares Cabral, já Portu-gal reivindicava a posse da terra do Brasil, para o patrimônio da Ordem de Cristo, segun-do as bulas anteriores dos Papas D. Martinho V., D. Nicolau V e D. Calixto III, porque os descobrimentos portugueses eram custeados pelas rendas da Ordem de Cavalaria de Nos-so Senhor Jesus Cristo, isto é, a Ordem de Cristo[…]

Traçada a fronteira ideal das terras perten-centes a Castela e das terras adjudicadas à Ordem de Cristo, pelo Tratado de Tordesi-lhas, em 1494, quatro anos mais tarde, em 1498, Duarte Pacheco Pereira, mandado por D. Manuel I, cruza o Atlântico de norte a sul, para localizar geograficamente o patrimônio ultramarino da Ordem de Cristo, no novo con-tinente e chega até o cabo de Santo Agosti-nho, no litoral do atual Estado da Paraíba. E o Papa Calixto III, pela Bula de 13 de março de 1455, “declarara inerentes ao mestrado da Ordem de Cristo em Portugal a administração e padroado das terras adquiridas e por adqui-rir, desde o Cabo Bojador até à Índia (Ásia) e Xisto IV confirmara ao rei D. João II (de Portu-gal) as bulas de seus predecessores”(Cf. Francisco Adolpho de Varnhagen. “História Geral do Brasil”, T. 1- p.69).

O diagnóstico acima separa as jurisdições pertencentes à Ordem de Cristo das da Coroa Portuguesa (igualmente, lança luz sobre o Pacto do Padroado e sobre o fato de a maiori-a dos reis portugueses – de 19 dos 34- terem sido excomungados pela Igreja de Roma, o que rebate a verdade aceita da absoluta cato-licidade de Portugal!). É consabido o fato de no ano de 1420, o Infante D. Henrique, duque de Viseu, filho de D. João I, foi colocado à frente da Ordem de Cristo. Todos reconhe-cem neste nome o autor das descobertas e das colônias europeias; o que menos se sabe fora de Portugal, é que estas descobertas e-ram feitas à custa desta Ordem e em seu pro-veito. Os reis de Portugal, para animar estes cavaleiros, lhe concederam a princípio a pro-priedade dos países que poderiam adquirir,

reservando para si a soberania. Foram tão rápidos os seus progressos e tão considerá-veis as suas aquisições, que, mesmo em vida do Infante, a prudência exigiu outros contra-tos. Em vez da propriedade dos países adqui-ridos, que volveu à Coroa, concederam-lhes a jurisdição civil, certa superioridade militar, os dízimos e a jurisdição eclesiástica, com o con-sentimento dos papas. Anos depois, a boa política pediu que a supremacia de uma Or-dem, tão rica e poderosa, fosse para sempre anexada à pessoa do rei, como de feito se conseguiu. Desde o cabo Bojador, onde tive-ram princípio estas descobertas, não era per-mitida a navegação a navio algum português que não hasteasse a bandeira da Ordem; a-lém deste cabo os portugueses não usavam outra” (Abade Correia da Serra. Os verdadei-ros sucessores dos templários e o seu estado em 1805. In: Cadernos da Tradição. Lisboa: Hugin, 2000, p.59-70). O rei de que se trata foi D. João III. Tal política coincide com o iní-cio da decadência nacional propiciada pelo enfraquecimento da Ordem de Cristo, motiva-da pela supracitada reforma, conduzida por frei António de Lisboa, a mando do rei D. Jo-ão III, em 1529, que mandou incendiar e des-truir todos os documentos respeitantes à Or-dem de Cristo.

Manuel J. Gandra (in: O Projecto Templário e o Evangelho Português, 2013, p. 24), de-monstra que, ao contrário, Portugal assumiu, em nome da Ordem do Templo, um compro-misso ecumênico, interrompido (ou adultera-do) pelo incensado D. João II, que depois de assassinar o Grão-Mestre da Ordem de Cristo assume para si esse cargo, bem como, a ju-risdição sobre o rico patrimônio da Ordem, subvertendo a missão da milícia templária:

“Recordo que foi o mesmo monarca que, pela sua própria mão, assassinou o Grã-Mestre da Ordem de Cristo (seu cunhado), certamente, porque este não tencionava abdicar daquilo que, até do ponto de vista canônico, constituí-a o cerne moral e religioso da Milícia.

Além disso, D. João II promoveu, em 1485, a reforma do brasão real. A chamada operação de endireitar o escudo (i. e., os escudetes das ilhargas) terá subvertido irremediavelmente o significado das peças que empunham as ar-mas nacionais, as quais na sua configuração original representavam a Alma do Mundo, de acordo com Plotino: os três escudetes superi-ores voltados para a Inteligência (ou seja, pa-ra o interior) e o do meio e o inferior, voltados para a matéria (i. e., para o exterior). Ao pre-ceder assim, D. João II terá entregue ao Cor-po do Mundo a direção do destino nacional, transformando-o, doravante, numa mera questão de “Secos e Molhados.

POR: Loryel Rocha

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Abril 2016 Gazeta Valeparaibana Página 11

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Tradicionalmente, 1 de abril é considerado o dia da mentira. Você sabe por quê?

São muitas as explicações para o 1 de a-bril ter se transformado no dia da menti-ra ou dia dos bobos. De acordo com uma versão, a brincadeira surgiu na França do século XVI. Nessa época, o ano novo era comemorado dia 25 de março e as festivi-dades só terminavam no dia 1 de abril. Quando em 1564, o rei Carlos IX da França adotou o calendário gregoriano e determi-nou que o ano novo seria comemorado no dia 1 de janeiro. Zombadores passaram a ridicularizar o dia 1 de abril, enviando pre-sentes esquisitos e convites para festas que não existiam.

Outras justificam o dia da mentira com a ideia de que a data foi inspirada na natureza, que costumava enganar as pessoas na virada de março para abril com mudanças climáticas repentinas. Ao serem feitas de bobas pelo tempo, as pessoas re-solveram também adotar a brincadeira.

No Brasil, o primeiro a adotar a brincadeira foi o periódico “A Mentira”, em 1º de abril de 1848. O informativo transmitiu a notícia sobre o falecimento de D. Pedro, fato que não havia acontecido e só desmentiu no dia seguinte.

No imaginário de crianças e adultos, a mentira está associada à figura de Pinó-quio, personagem que apareceu pela pri-meira vez em 1883, no romance As aventu-ras de Pinóquio, escrito pelo italiano Carlo Collodi. Depois de inúmeras adaptações, o personagem foi imortalizado no filme homô-nimo de Wall Disney. Toda vez que o bone-co de madeira mente seu nariz cresce, co-

mo uma forma de evidenciar que a verdade sempre aparece.

A comemoração do 1 de abril se espalhou pelo o mundo, ficando conhecida como o dia da mentira. “Poisson d’avril” é o nome recebido na França e na Itália esse dia é conhecido como “pesce d’aprile”, ambos significando peixe de abril. E você, já enga-nou alguém hoje? Seja criativo, mas cuida-do com o que vai dizer, uma mentira bem contada pode se transformar numa falsa verdade, com consequências imprevisíveis.

VERDADE

A porta da verdade estava aberta,

mas só deixava passar

meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,

porque a meia pessoa que entrava

só trazia o perfil de meia verdade.

E sua segunda metade

voltava igualmente com meio perfil.

E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.

Chegaram ao lugar luminoso

onde a verdade esplendia seus fogos.

Era dividida em metades

diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.

Nenhuma das duas era totalmente bela.

E carecia optar. Cada um optou conforme

seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

Carlos Drummond de Andrade

FRASES SOBRE MENTIRAS FRASES SOBRE MENTIRAS FRASES SOBRE MENTIRAS FRASES SOBRE MENTIRAS

E MENTIROSOSE MENTIROSOSE MENTIROSOSE MENTIROSOS

1º de Abril

Xiquote: “Não é difícil dizer sempre a verdade; difícil é conseguir que sempre nos acreditem”.

* * *

Bernardo Pereira de Vasconcellos: “A verdade é a mentira muitas vezes repetidas”.

* * *

Adolf Hitler: “As grandes massas cairão mais facilmente numa grande mentira do que numa

mentirinha”. * * *

Camilo Castello Branco: “A verdade é às vezes mais inverossímil que a ficção”.

* * *

Lucille Ball: “O segredo para permanecer jovem é viver honestamente, comer devagar e mentir a

idade”. * * *

Camilo Castello Branco, de novo: “A verdade é algumas vezes o escolho de um romance”.

* * *

Florbela Espanca: “Quem disser que pode a-mar alguém durante a vida inteira é porque

mente”. * * *

Benjamin Disraeli: “Há três espécies de menti-ras: mentiras, mentiras deslavadas e estatísti-

cas”. * * *

Leon Kaseff: “Na conquista da verdade, não e-xistem vencedores nem vencidos, mas, apenas,

convencidos”. * * *

Humberto de Campos: “Em literatura, e em mo-ral, repete-se o fenômeno: a verdade, nua, é,

pela sua uniformidade, fatigante, enfadonha, fas-tidiosa”.

* * *

José Américo: “Há muitas formas de dizer a verdade. E talvez a mais persuasiva seja a que

tem a experiência da mentira”. * * *

Pereira da Silva: “As verdades de quase dois mil anos caducam como as senhoras respeitá-

veis de mais de cem”. * * *

Dia da mentira

As pessoas que falam muito, mentem sempre, porque acabam esgo-tando seu estoque de verdades.

Millôr Fernandes ****

As verdades podem ser nuas - mas as mentiras precisam de estar vestidas.

Textos Judaicos ****

As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras.

Friedrich Nietzsche

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Abril 2016 Gazeta Valeparaibana Página 12

Brasil - Política Quem é que vigia o vigia? Neste período histórico do Brasil, as pessoas estão testemunhando mais uma das crises políticas brasileiras. A atual crise é considera-da por alguns ou muitos como uma das mais graves da história do país.

Caro leitor e cara leitora. Muitos acham que o problema se restringe ao PT, que remover a Dilma da presidência e forçar a extinção do PT, tudo vai ser limpo. Outros que foram be-neficiados ou testemunharam benefícios aos menos favorecidos da sociedade defendem a Dilma e o Lula, estão indignados com o que estão vendo acontecer. A minha interpretação da realidade política brasileira é assim. O Lu-la, a Dilma, os políticos petistas em geral, não vão viver para sempre. O Aécio Neves e o pessoal do PSDB também não. O Eduardo Cunha, o Renan Calheiros, o Michel Temer e o pessoal do PMDB também não. São todos efêmeros. Essa geração de políticos vai pas-sar, e outras gerações virão. Então, eu enten-do que a sociedade civil brasileira podia se apegar menos a partidos e a personalidades políticas, e se atentar ao verdadeiro problema da política brasileira, que é o sistema no qual o Brasil funciona. As pessoas que estão con-tra a Dilma e as pessoas que defendem a Dil-ma não vão conseguir chegar a um consenso, a um acordo que satisfaça ambas as partes. Isso ficou claro para mim. A sociedade vai permanecer dividida e, o lado que tiver mais força vai prevalecer. E no futuro, o filme vai ser um remake do atual, ou seja, o mesmo filme com atores diferentes.

A sociedade, as pessoas deviam parar para pensar melhor, para refletir. Por que tais coi-sas conseguem acontecer no Brasil? Onde é que está a falha? Ou as falhas? O problema é cultural? É econômico? É religioso? Quais são as causas? Identificadas as causas, a so-

ciedade devia procurar soluções, recursos, métodos, algo que impeça “a história se repe-tir”. Petrolão, Lava Jato, Mensalão... já está impregnada na história do Brasil. Não há co-mo apagar isso da História brasileira. A cor-rupção é um defeito moral do ser humano, não há como extinguir a corrupção em abso-luto. Tem gente honesta, mas tem gente que não vê motivos para ser honesta. E isso é mundial, não é só no Brasil. Eu acredito que uma fiscalização mais rigorosa ajudará a re-duzir muito o problema da corrupção. O Poder Público que, em nome da sociedade, fiscaliza o Governo é o Legislativo. Nos Municípios é a Câmara dos Vereadores. Nos Estados é a As-sembléia Legislativa e a nível federal é o Con-gresso Nacional. Isso, nós já sabemos. Mas, quem vigia os vigias? Quem monitora o fun-cionamento do Legislativo? Quem fiscaliza o fiscal?

Muitos dizem que é obrigação do eleitor fisca-lizar o eleito. Muitos outros dizem que o elei-tor não tem tempo e nem recursos para isso, tem que trabalhar, tem família para cuidar, contas para pagar, etc. Eu tenho algumas i-déias para compartilhar. Uma, o Ombudsman é uma pessoa encarregada pelo Estado de defender os direitos dos cidadãos, recebendo e investigando queixas e denúncias de abuso de poder ou de mau serviço por parte de fun-cionários ou instituições públicas. Nas em-presas, indivíduo encarregado do estabeleci-mento de um canal de comunicação entre consumidores, empregados e diretores. O po-vo brasileiro precisa de magistrados tipo om-budsman para atuar no Poder Legislativo. Ou-tra, o Ministério Público Eleitoral passar a ter, em nome dos eleitores, poder de processar criminalmente os legisladores eleitos em ple-no mandato. Outra, a criação de uma impren-sa especializada em política ligada à Justiça Eleitoral e ao Ministério Público Eleitoral. É

claro que não servem a Globo, o SBT, a Band, a Record, etc. Tem que ser imprensa pública. Outra, o Recall Político. Outra, mem-bros do STF e outros tribunais deixarem de ser escolhidos pelo Executivo e Legislativo. O Judiciário deve ser um Poder totalmente inde-pendente dos outros dois.

Eu sei que não vou alcançar duzentos mi-lhões de brasileiros, mas quem lê o que eu escrevo, eu desejo que esse reflita no que es-crevo. Que pense a respeito. Talvez o leitor ou a leitora tenha idéias melhores do que as minhas. O real problema político do Brasil es-tá na sociedade, e é a sociedade que precisa ser transformada. O político brasileiro é um reflexo da sociedade brasileira. A sociedade precisa se conscientizar de que mudanças profundas e amplas são necessárias. São muitos os detalhes a serem corrigidos. Não adianta a sociedade ficar brigando por causa de PT e PSDB, por causa de pessoas que o-cupam cargos políticos, que tal contenda não vai promover mudanças. Nenhum governo, independente de partido, vai conseguir agra-dar todos os membros da sociedade. Um go-verno que tenta promover mudanças acaba tendo que afrontar interesses de gente que está satisfeita com o status quo, e isso gera inimizades e conflitos, disputas. Quem é be-neficiado pelo atual não quer novidades, não quer mudança. Então, toda tentativa de mu-dança vai sempre encontrar resistência de quem está sendo beneficiado pelo atual. E, quem não está sendo beneficiado, vai sempre querer que as coisas mudem, que o sistema mude, por querer passar a ser beneficiado.

João Paulo E. Barros

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Conhecimento A história do patrimônio da Igreja Católica No século 7, a Igreja já era a maior proprietária de terras do Ocidente. Hoje, a Santa Sé opera no vermelho, mas é dona de um patrimônio bilionário e alvo de denúncias de corrupção

POR: Eduardo Szklarz

O papa Leão XIII controlava de perto as finanças da Santa Sé. Tanto que guardava o dinheiro, o ouro e as joias do papado dentro de uma arca de ferro debaixo de sua cama. Quando ele morreu, em 1903, foi um deus nos acuda: ninguém sabia onde estava o baú. O pânico aumentou quando os empregados do Vaticano protestaram por melhores salários - os membros da Guarda Suíça até ameaçaram renunciar. Os assessores encontraram apenas 82 mil liras e joias. Mal dava para cobrir 10% do custo do conclave que tinha eleito o novo papa, Pio X. A agrura só terminou um mês depois, quando o monsenhor Nazareno Marzolini se apresentou com o cofre. Ele explicou que havia recebido instruções para demorar a entregar o dinheiro de modo a lembrar ao novo papa que ele deveria administrar bem o patri-mônio da Santa Sé.

O alerta faz sentido. A Igreja sempre penou para lidar com sua riqueza de forma equilibrada. Com o agravante de que vários líderes não foram tão es-crupulosos como Leão XIII. No século 11, por exemplo, o papa Bento IX vendeu o cargo por 680 kg de ouro. Foi condenado por simonia (o comércio de sacramentos e postos eclesiásticos) em 1049. Apenas no século 20, a Igreja começou a contratar profissionais para administrar suas finanças - mas volta e meia surge um escândalo. O grande alvo das denúncias tem sido o Banco do Vaticano, que já foi acusado de participar de esquemas de propina de políticos e até de lavagem de dinheiro para a máfia. Em setem-bro de 2010, as autoridades italianas colocaram sob suspeita 30 milhões de dólares depositados numa conta. Em resposta, o papa Bento XVI criou a Autoridade de Informação Financeira - uma espécie de cão de guarda, que chega com a função de prevenir delitos e garantir mais transparência aos negócios papais. Há pelo menos uma década, a Santa Sé tem um orçamen-to deficitário.

"Quando Pedro precisou pagar o imposto do templo, Jesus fez um milagre para ele. Desde então, os papas têm rezado por milagres para conseguir seus objetivos", diz o padre Thomas J. Reese, autor de O Vaticano por Den-tro.

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Abril 2016 Gazeta Valeparaibana Página 13

Justiça - Brasil

Observações sobre o Judiciário

Por Marcelo Barbosa Numa democracia representativa, assentada sobre um sistema de tripartição de poderes, cabe ao judiciário exercer uma função estabi-lizadora do sistema político. Em importante medida porque seus membros desfrutam de vitaliciedade nos cargos. Isto é, não estão su-jeitos à ação das maiorias de ocasião que, por vezes, empolgam o executivo e o legislati-vo. Nessa modelagem, a que o Brasil aderiu desde antes do advento da Constituição de 1988, os agentes públicos do Judiciário guar-dam fidelidade ao Estado e não aos gover-nos, tornando a instituição menos permeável à pressão econômica, política e social. Ou pelo menos em teoria, deveria ser assim. Mas, não vem sendo. Com o recrudescimento da luta política – sinalizadora do conflito de classes – as disputas em curso na sociedade, cada vez mais, se veem transferidas para o interior do aparelho de Estado, atingindo, em cheio, o judiciário e os corpos públicos oriun-dos de outros poderes, mas com os quais se relaciona, entre os quais a Polícia Federal e o MP. Por óbvio, não parece possível – e nem reco-mendável – “blindar” os tribunais de tudo a-quilo que acontece no mundo à sua volta. Ma-gistrados também têm direito de opinião. So-frem influência das ideologias de centro, es-querda e direita em estoque na sociedade. É inevitável, inclusive, que acabem expressan-do essas preferências em suas sentenças e despachos. Só não podem (conforme ocorre, ao momento), ser recrutados pela política par-tidária, pois isso corrói os alicerces da Repú-blica. Infelizmente, por motivos diametralmente dis-tintos, o comportamento perante o judiciário das duas parcelas mais influentes da esquer-da e da direita, no país, agrava esses fenô-menos de partidarização. Expressão presumível dos interesses de grande capital, exibindo nítida filiação à ideo-logia neoliberal, o PSDB trata, em sua matriz doutrinária, o judiciário como mais um episó-

dio na rotina de um Estado dito “inchado” e ”ineficiente”. Um leviatã consumidor de exces-sivas verbas públicas. Cuja principal esfera de atividade – a prestação da justiça – deveri-a ser resolvida por mecanismos de intermedi-ação (e conciliação) de demandas, sempre preservada a autonomia de vontade das par-tes envolvidas em litígios. Nessa chave de compreensão, era melhor que o judiciário ou não existisse – utopia inalcançável até na óti-ca dos discípulos de Friedman – ou pelo me-nos, ocupasse um papel bem menor na vida social. Claro, essa descrição do pensamento tucano em relação ao judiciário – exposta aqui em tom de caricatura – não encontra abrigo na realidade. Para fins práticos, os neoliberais buscam cooptar a justiça*. A indicação dos nomes dos ministros a compor os quadros do STF representa o evento culminante dessas práticas. Mas, não o único. Pois, desde os seus níveis elementares, a magistratura, re-fletindo a origem de classe de seus agentes – e com as naturais dissidências progressistas ou conservadoras – vai sendo adestrada para viabilizar um impasse: a reprodução de um regime de liberdades políticas sem correspon-dência no plano da luta pela igualdade social. Isto é, progressistas (na média), em matéria de costumes, direito de minorias, descrimina-lização das drogas leves, entre outros tópi-cos, os juízes costumam a ser conservadores na preservação dos direitos de propriedade (no que caminham a contrário sentido da Constituição de 1988, carta comprometida com a noção de caráter social do direito de propriedade.) Esses mecanismos de formação de um pen-samento hegemônico nos quadros do judiciá-rio – marcados, repita-se, pelo uso de ferra-mentas de cooptação – serviu sem abalos, até a irrupção do esgarçamento social abriga-do nos protestos de 2013. Desde então, ao que tudo indica, vai se verificando – e as prá-ticas do juiz Moro o comprovam – um enfra-quecimento do compromisso da magistratura com preservação dos direitos e garantias indi-viduais e coletivas. As informações veicula-das nas mídias, tanto nas redes sociais quan-to nas cadeias monopolistas de informação, atestam o declínio da observância aos princí-pios da inocência presumida, do acesso ao habeas corpus, da obediência à competência territorial, vistos na qualidade de estorvos à prestação da justiça e subterfúgios para be-neficiar “a impunidade” (sic). Na narrativa da linha dura judiciária, em face do crescimento endêmico da corrupção, só resta apelar à Providência e confiar no envio à Terra de uma personalidade ou de várias personalidades justiceiras encarregadas de “passar a limpo o país” (sic). Um enredo gasto e responsável pela entrada na cena da vida pública brasilei-ra de personagens no figurino de um Collor

de Mello ou de um Janio Quadros. E que ago-ra serve de senha para o exibicionismo autori-tário de parcelas do Ministério Público. Por sua vez, a esquerda, principalmente a-quela ocupante do poder (ou seja, o Partido dos Trabalhadores e seus aliados), mesmo após a sua condução ao governo Federal, ja-mais se deu ao trabalho de desmontar os me-canismos de cooptação. Pelo contrário, inten-tou colocar esse processo a seu serviço. Não agiu assim por oportunismo. Em seu corpo teórico de fundação, o PT, coerente com cer-ta vulgarização do marxismo, concebia o judi-ciário e o direito dentro do estatuto de super-estrutura da ditadura de classe burguesa. Um espaço da dominação estamental dado, de antemão, por perdido, em vista do conserva-dorismo congênito das instituições jurídicas. Caberia buscar o realismo, portanto. Reduzir os interesses do executivo à tomada de deci-sões que provocassem impacto direto no go-verno, sobretudo as de natureza orçamentá-ria, mas sem nunca adotar uma agenda de objetivos de longo prazo para o judiciário. Mesmo quando resolveram fixar objetivos me-nos imediatos em relação à administração da justiça, as iniciativas dos governos do PT ob-jetivaram apenas promover as expectativas da população em relação aos tribunais: ou seja, criação de mecanismos de controle ex-terno do judiciário, diminuição da morosidade nos processo ou democratização do acesso à prestação jurisdicional, para mencionar as a-ções mais rumorosas. O aspecto da formação valores capazes de orientar a prática dos ma-gistrados no rumo do aprofundamento da de-mocracia e da igualdade – temas que servem de coluna vertebral da Constituição de 1988 – permaneceu intocado. O vácuo da necessária politização do judiciário foi ocupado pela pro-paganda partidária. A resultante de tais processos? O risco do poder judiciário continuar rumando – à mar-cha batida – para assumir, no presente e no futuro, o papel desempenhado pelas Forças Armadas no passado: o de veículo de insatis-fação permanente das camadas médias, ope-rador da desestabilização da democracia. * O método da cooptação remete a uma he-rança das velhas elites territoriais, ainda ati-vas porém em franca decadência, presentes em boa parte, na estrutura do PMDB. Marcelo Barbosa é advogado, doutor em Li-teratura Comparada pela UERJ e diretor-coordenador do Instituto Casa Grande e au-tor, entre outros, de “A Nação se concebe por ciência e arte – três momentos do ensaio de interpretação do Brasil no século XIX”

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O juiz não é nomeado para fazer favores com a justiça, mas para julgar segundo as leis. Platão

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Abril 2016 Gazeta Valeparaibana Página 14

Um conto (matéria continuada)

Ao fundo uma oliveira (Parte I) POR: Joel Neto Lisboa [email protected]

Por muitas vidas que vivesse a seu lado, aquela mulher jamais compreenderia o que significava para o seu homem que agradecessem por ele - que lhe afagassem a cabeça e depois sorrissem nas suas costas para o cavalheiro do outro lado da barricada, com um trejeito cúmplice de quem diz: "Não ligue"

Agora que José voltava a olhá-lo, estacionado sem glória sob o toldo azul do talho, o Volkswa-gen não lhe parecia tão brilhante como o imagina-ra nos muitos anos em que o vira passar, lento, imperial e nas mãos de outro, durante as intermi-náveis tardes de domingo da cidade. Sentado ao volante de um Renault 5 creme, com o jornal a-berto a toda a largura do pára-brisas, um homem pode ser especialmente obsessivo nos seus ritu-ais de ciúme - mas assim que adquire o objecto do seu desejo, seja maior ou menor a engenharia financeira envolvida, metade do prazer morreu com o sonho. Ali, visto da janela, às cavalitas do passeio e com carros dos vários tamanhos a toda a extensão do seu horizonte, o Golf vermelho, o carro de todos os seus desejos, parecia-lhe um automóvel absolutamente normal - os faróis efe-minados, um rabo farto de preta velha e umas ro-das fininhas de bicicleta, esmagando-se sob o pe-so daquela estrutura arredondada de metal e vi-dros foscos. Tinha ainda o ar gordo de um sargen-to do exército, o semblante sério e autoritário dos homens poderosos, mas era como se a estrada lhe fugisse debaixo dos pés, deixando-o ali muito nu, com as calças na mão, perante um pelotão histérico que escarnece do seu ridículo.

Então o vulto de Edite cresceu no peitoril da jane-la, muito devagar, e José chegou-se para trás a vê-la caminhar - primeiro apenas a nuca acima do parapeito, meneando em esforço por entre os cai-xotes do lixo, depois o pescoço ressequido, as costas curvadas, enfim as pernas tortas insinuan-do-se sem vergonha sob a saia castanha encon-trada nalgum cartão antigo do quarto de arrumos. Trinta e oito anos haviam passado sobre o dia em que se juntara àquela mulher, oferecendo-lhe uma aliança de ouro e duas juras de amor eterno, e o mínimo que se podia dizer era que Edite envelhe-cera - envelhecera no aspecto e envelhecera nos modos, mas envelhecera sobretudo na maneira desesperada como, subitamente, decidira recupe-

rar uma juventude que há muito a abandonara. O pior, possivelmente, teria sido a partida dos filhos, os sucessivos casamentos, mas havia de certeza algo mais - tinha de haver mais. O cabelo pintado de caju, a constante vontade de partir, a condes-cendência perante as mais variadas aberrações dos tempos - tinha de haver muito mais por detrás da inesperada reviravolta no comportamento da-quela mulher boa e incapaz de um desejo, de u-ma altercação, de uma falta, e José sentia que a partir de algum momento haviam começado am-bos a viver em comprimentos de onda muito pró-prios, muito diferentes, encontrando-se às refei-ções para trocar os silêncios da idade e afastando-se à noite nas bordas opostas da cama.

- Então, vamos embora? - cantou Edite, de volta ao intercomunicador do prédio, atestado o Golf de velharias e desnecessidades para viagem tão cur-ta.

José rodou o trinco, pegou na mala grande, pen-durou ao ombro o saco da Singer e deu uma últi-ma olhadela pelo corredor. E, ao olhar aquela divi-são exígua, o seu tecto carunchoso e as molduras barrocas que adornavam as fotografias nas pare-des, sentiu o peito inundar-se-lhe de saudade - uma saudade imensa, não do que ficava, mas de abandoná-lo uma e outra vez, repetida e repetida-mente, até que da sua ligação àquelas coisas e àquelas pessoas não restasse mais do que uma breve memória, um daguerreótipo esbatido como as imagens fortuitas da primeira infância. Ali esta-va toda a sua vida: por aquela porta entrara um dia com Edite ao colo, naquele hall o abraçara três vezes uma parteira desdentada, congratulan-do-o pelo nascimento dos filhos, ali tinham chora-do os cinco pelo encerramento da fábrica de cho-colates, ali haviam entoado juntos um cântico de vitória por causa de um cinco-mais-um no Totolo-to, mais tarde consumado num prémio desconso-lado que mal dera para substituir as canalizações da cozinha - ali estava a sua vida e o que noutras circunstâncias ela poderia ter sido, a sua história e respectiva negação, lado a lado, melodia e contra-canto afinadas pela mesma tónica, para não en-vergonhar o maestro.

Edite, impaciente, voltou a premir a campainha.

- José?! Vamos embora!

Era curioso como ela o dizia: "José", as duas síla-bas muito bem torneadas, como mandava a anti-ga instrução primária. Para muitos, ele não fora nunca mais do que "Zé", quando muito um "Zé Manel", mas para aquela mulher conservava o

nome intacto, continuava a ser o José que uma noite lhe aparecera junto a uma marcha de Lisbo-a, atestado de brilhantina e declamando promes-sas de rebentar com o mundo, passear com ela sobre os seus escombros e depois plantar-lhe um manjerico à beira-Tejo. Um José, sim, um homem igual a tantos outros, um vendedor de chocolates que escolhera a mulher numa noite de Santo An-tónio - mas ainda assim o toiro vigoroso que des-pia a camisa por um pobre com frio e dava a vida em troca da sua palavra, afiando ele próprio a gui-lhotina ao verdugo, se preciso fosse.

E, ao pensá-lo, José voltou a sentir vontade de partir, partir de novo e novamente, cerrando os dentes às fotografias com a promessa de que nunca mais voltaria. Meteu o polegar ao interco-municador e disse:

- Já vou.

E depois desceu, sem remorsos.

A estrada é larga, e, visto de longe, o Volkswagen Golf parece ainda mais raquítico do que sob o tol-do azul do talho - pouco mais do que um carrinho avançando devagar na faixa direita da via, assus-tado com os camiões de exteriores e as comitivas de Estado que o ultrapassam velozes, quase o fazendo rodopiar sobre si próprio.

Desconcentrado, esforçando-se por destacar a sua própria importância ao volante de um carro novo em folha, para mais inacessível à maioria dos homens da sua condição, José desentendeu-se com o sistema de pagamento de portagens e foi parar ao guichet do concessionário da auto-estrada, de boina na mão, muito tremente, menos em respeito pelo trabalho dos outros do que en-vergonhado da sua própria velhice. O funcionário, pode dizer-se, foi simpático. Recebeu-o com um boa-tarde solidário, comentou vagamente a queda da ponte, trezentos quilómetros acima, e falou por momentos das sucessivas comitivas de Estado que continuavam a passar na estrada e dos cor-pos que não havia maneira de aparecerem no rio e de Deus que permanecia dormindo no Céu. De-pois deu a volta ao balcão e apontou o telheiro esverdeado que se estendia ao longo das dez pis-tas da via:

- Para a próxima, tem de parar em frente à caixa amarela, carregar no botão e agarrar num cartão-zinho que ela lhe vai dar. Depois, à saída da auto-estrada, entrega o cartãozinho ao portageiro e paga o valor correspondente.

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Numa sociedade movida à dinheiro e hipocrisia, encontramos pessoas propensas aos mais diversos rumos incluindo-se a devassidão. Cuidado com quem andas, pois tua companhia sumariza quem és. Não tenha medo de lutar pelo que acredita, apenas seja você mesmo nos mais divergentes momentos que possam surgir. Fazendo isto, certamente afetará os que estão à tua volta que não gostam do que veem. Saberão fazer a triagem do joio e do trigo. Só tome cuidado com o lado com que ficará, pois uma escolha errada pode te afetar drasticamente. Pense no seu futuro. Sua escolha hoje, será o seu futuro amanhã. Seja feliz, haja com honestidade sempre. Mas acima de tudo, cuidado com o que te tornarás!

Filipe de Sousa

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Abril 2016 Gazeta Valeparaibana Página 15

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EUROPA hoje e ontem (artigo continuado)

Por: Michael Löwy Sociólogo, é nascido no Brasil, formado em Ciências Sociais na Universidade de São Paulo, e vive em Paris desde 1969. Diretor emérito de pesquisas do Centre National de la Recherche Scientifique

(CNRS). Homenageado, em 1994, com a medalha de prata do CNRS em Ciências

Sociais, é autor de Walter Benjamin: aviso de incêndio (2005), Lucien Goldmann ou a dialética da totalidade (2009), A teoria da

revolução no jovem Marx (2012) e organizador de Revoluções (2009) e Capitalismo como religião (2013), de

Walter Benjamin

Capitalismo e democracia na Europa

PARTE IV

A ELAS tinha libertado dezenas de aldeias e se tornado um governo paralelo, administrando diversas partes do país, onde o Estado literalmente desaparecia. Em inícios de 1943, Aris Velouchiotis foi convocado pelo Comitê Central (CC) do PC grego, que o acusou de “levar adiante uma guerra de classes” (e não uma guerra nacional) e de “exterminar os proprietários feudais”, assim como de provocar o confronto militar com a EDES do general Zervas: Velouchiotis foi “posto sob o controle” do CC. No mesmo ano, a agonizante Internacional Comunista (dissolvida por Stalin em 1943) criticava o líder comunista iugoslavo Tito por “conferir um caráter comunista ao movimento de resistência”.

O movimento popular de luta antinazista, no entanto, ganhou seu próprio impulso e dinâmica. Em Atenas, a 20/21 de dezembro de 1942, os operários em greve eram 40 mil. Eles participaram no dia seguinte de uma mobilização de rua convocada pela EAM. Em fevereiro do ano seguinte, greves e manifestações urbanas conseguiram impedir o deslocamento de mão de obra grega para a Alemanha; os funcionários públicos chegaram a obter um aumento de salários. As forças ocupantes alemãs e os colaboracionistas ficaram rodeados nas cidades pelas “fortalezas vermelhas” das periferias, onde as tropas e milícias nazistas só conseguiam realizar pequenas operações, retirando-se de imediato. Já havia 40 mil andartes nas montanhas e nas zonas rurais. O prestigioso coronel Sophoulis, escolhido pelos ingleses para unificar a “resistência nacional antinazista” em concorrência com a EAM-ELAS, capturado por Aris Velouchiotis foi convencido por este, e se passou com 700 oficiais gregos, armas e bagagens, para a EAM. A 18 de abril de 1944, nas montanhas, o PC grego (EKK) constituiu um “Comitê Político de Libertação Nacional” (PEEA) com caráter de governo provisório, sob o controle do próprio PC.

Depois da retirada alemã, no entanto, a ELAS manteve seus 50 mil guerrilheiros armados fora da capital e, em maio de 1944, aceitou a

vinda de tropas britânicas e a submissão dos seus homens ao comando do general inglês Ronald Scobie. No país vizinho ao norte, diante da iminência da derrota nazista na Europa, a Liga Comunista da Iugoslávia, liderada por Josip Broz-Tito, tornou a colocar no tapete político internacional a questão da unidade política dos países dos Bálcãs. A URSS se interpôs nesse objetivo, contrário aos acordos celebrados pelo Kremlin com os EUA e Inglaterra em Yalta e Potsdam, preanunciando o conflito e a ruptura Stalin-Tito de 1948. Em geral, a colaboração da burocracia do Kremlin com os imperialismos “aliados” foi decisiva para desarmar os elementos de guerra civil com que o segundo conflito mundial culminou em vários países da Europa, que possuíam um potencial suscetível de envolver todo o continente.[8] Foi a intervenção política do Kremlin, através das direções dos partidos comunistas, ou diretamente, a que permitiu o desarmamento dos partigiani italianos, que tinham participado decisivamente da derrubada da ditadura de Mussolini, assim como a desmobilização e desarmamento das forças guerrilheiras (maquis) da resistência antinazista francesa.

Na Grécia, diversamente, a resistência antinazista chegou a se desdobrar em guerra civil revolucionária: “A revolução grega de dezembro de 1944, apesar do controle total do país pelas tropas da ELAS, foi esmagada pela intervenção das tropas britânicas, depois da capitulação dos dirigentes stalinistas da ELAS que devolveram as armas, aplicando as diretivas de Stalin de unificação das forças patrióticas numa Frente Nacional”.[9] A medida foi parte de um acordo internacional da URSS com as potências ocidentais: “As decisões de Yalta sobre a organização interna dos países da Europa oriental se inspiravam na fórmula de Frentes Nacionais (Frentes Patrióticas, Frentes Populares) lançadas pela URSS e aprovada pelos ocidentais durante a guerra… A aliança anglo-americana-soviética devia se desdobrar em cada nação europeia em uma aliança das forças políticas, dos comunistas até a direita nacional antialemã”.[10] Pouco antes da entrada das forças inglesas em Atenas, o PEEA se reuniu com os representantes do governo monárquico no exílio; em que pese o descontentamento dos chefes andartes e do próprio CC do KKE, sob a pressão dos enviados ingleses e da missão soviética encabeçada pelo coronel Popov, o PEEA capitulou diante das exigências hegemônicas do governo grego no exílio.

Na Grécia, o acordo aliado revelou de cara seu caráter completamente reacionário: “Em Atenas, o Exército Britânico, ainda em guerra com a Alemanha, abriu fogo (e deu armas aos elementos locais que haviam colaborado com os nazistas para que também o fizessem) sobre uma multidão de civis que manifestava a favor dos partisans. Para colocar de novo o rei grego no poder e manter o comunismo à distância, Churchill mudou as alianças para passar a estar do

lado dos apoiadores de Hitler, contra aqueles que haviam sido seus aliados contra ele. Quando 28 civis foram assassinados em Atenas, a responsabilidade não foi dos nazistas, mas dos ingleses… ‘Ainda consigo ver muito claramente, não me esqueci’, afirma Titos Patríkios. ‘A Polícia de Atenas disparou sobre a multidão, do telhado do Parlamento, na Praça Syntagma. Os jovens homens e mulheres jaziam em poças de sangue, toda a gente corria escada abaixo, tomada de choque, em pânico total’. ‘Eu estava profundamente convicto de que venceríamos (os nazistas)’: a vitória não chegou nesse dia, Grécia, libertada do Reich de Hitler havia umas meras seis semanas, estava agora a caminho de uma sangrenta guerra civil…

“O poeta recorda, cada cena, cada disparo, o que aconteceu na praça principal da vida política grega, na manhã de 3 de dezembro de 1944. A multidão levava bandeiras gregas, norte-americanas, inglesas e soviéticas, e gritava ‘Viva Churchill, Viva Roosevelt, Viva Stálin’. Vinte e oito civis, na maioria jovens, foram mortos e centenas foram feridos. ‘Pensávamos que seria uma manifestação como qualquer outra. O nosso trabalho do costume. Ninguém esperava um banho de sangue’. A lógica dos ingleses era pérfida e brutal: o primeiro-ministro Winston Churchill considerava que a influência do Partido Comunista no movimento de resistência que ele próprio apoiara durante a guerra (a Frente de Libertação Nacional, EAM) se fortalecera mais do que ele havia calculado, o suficiente para prejudicar seu plano de colocar de novo o rei grego no poder e manter o comunismo à distância. Portanto mudou as alianças para passar a estar ao lado dos apoiadores de Hitler”.

Os acordos de Yalta e Potsdam tiveram por objetivo fundamental fornecer o quadro legal para a política contrarrevolucionária das potências capitalistas e da burocracia da URSS: “Depois do ataque nazista à URSS, o problema das esferas de influência foi posto sobre a mesa, desde o primeiro momento, nas negociações entre os ‘três grandes’ e, também desde o primeiro momento, foi a c o m p a n h a d o d a i n t e n s i f i c a ç ã o propagandística acerca dos objetivos reais perseguidos pelos ‘três’”.[12] Os acordos previam as seguintes “taxas de influência” por país para os aliados ocidentais e para a URSS, respectivamente: Hungria: 50%-50%; Iugoslávia: 50%-50%; Romênia: 10%-90%; Bulgária: 25%-75%; Grécia: 90%-10%.

Grécia ficava reservada para o imperialismo inglês, como potencial plataforma de ataque militar ao Oriente Médio, dividido ainda em mandatos britânico e francês, obtidos depois da Primeira Guerra Mundial. As pretensões do imperialismo norte-americano ao aceitar a Europa Oriental como uma zona de influência soviética ainda não eram claras. E tampouco as de Stalin.

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Abril 2016

Edição nº. 101 Ano VIII

Sustentabilidade Social e Ambiental - Educação - Reflorestamento - Desenvolvimento Sustentável - Cidadania

Mantido o texto original em português de Portugal

MÊS DE ABRIL O Princípio da primavera em PORTUGAL

Lembramos a Revolução de 25 de Abril, de-nominada por alguns Revolução dos Cravos, refere-se a um período da história de Portugal resultante de um movimento social, ocorrido a 25 de Abril de 1974, que depôs o regime dita-torial do Estado Novo, vigente desde 1933, e iniciou um processo que viria a terminar com a implantação de um regime primaveril e de-mocrático com a entrada em vigor da nova Constituição a 25 de abril de 1976, com uma forte orientação socialista na sua origem.

Esta acção foi liderada por um movimento mi-litar, o Movimento das Forças Armadas (MFA), que era composto na sua maior parte por capitães que tinham participado na Guer-ra Colonial e que tiveram o apoio de oficiais milicianos. Este movimento surgiu por volta de 1973, baseando-se inicialmente em reivin-dicações corporativistas como a luta pelo prestígio das forças armadas, acabando por atingir o regime político em vigor. Com reduzi-do poderio militar e com uma adesão em massa da população ao movimento, a resis-tência do regime foi praticamente inexistente e infrutífera, registando-se apenas 4 civis mortos e 45 feridos em Lisboa pelas balas da P.I.D.E – D.G.S.

O movimento confiou a direção do País à Junta de Salvação Nacional, que assumiu os poderes dos órgãos do Estado. A 15 de maio de 1974, o General António de Spínola foi no-meado Presidente da República. O cargo de primeiro-ministro seria atribuído a Adelino da Palma Carlos.] Seguiu-se um período de grande agitação social, política e militar co-nhecido como o PREC (Processo Revolucio-

nário Em Curso), marcado por manifestações, ocupações, governos provisórios, nacionaliza-ções e confrontos militares que, terminaram com o 25 de Novembro de 1975.

Estabilizada a conjuntura política, prossegui-ram os trabalhos da Assembleia Constituinte para a nova constituição democrática, que entrou em vigor no dia 25 de Abril de 1976, o mesmo dia das primeiras eleições legislativas da nova República. Na sequência destes e-ventos foi instituído em Portugal um feriado nacional no dia 25 de Abril, denominado co-mo "Dia da Liberdade".

Assim, todos os anos se comemora pro todo o país esta data, principalmente nas localida-des com maior ímpeto anti-fascista.

EM ALMADA

Homenagem aos resistentes antifascistas, as comemorações da Revolução dos Cravos têm início na Praça do MFA, onde se depositam coroas de flores junto ao monumento «Os Perseguidos»..

A assinalar a Revolução dos Cravos, André Santos & Mob Ensemble trazem «O Barco Azul»

Os Norma D'alma sobem ao palco do Teatro-Estúdio António Assunção em celebração da Revolução de Abril.

Exposição «E Agora Somos Nós - As lutas estudantis nos anos de 1960 e 1990» O fio condutor desta exposição é a resistência e a reivindicação, como uma acção colectiva, an-tes e depois de 1974, com particular destaque para os períodos de maior contestação – dé-cadas de 1960 e de 1990.

Recordo que neste dia de 25 de Abril de 1974 o povo português colocava cravos vermelhos nas espingardas dos militares, estes ficavam estupefactos porque o povo é sereno, mas este acto não foi mais do que imitar a acção espontânea de Celeste Caeiro que trabalha-va num restaurante na Rua Braancamp de Lisboa, que iniciou a distribuição dos cravos vermelhos pelos populares que os oferece-ram aos soldados. Por isso se chama ao 25 de Abril de 74 a "Revolução dos Cravos" e não de sangue.

Com o decorrer das décadas faço um balanço desta revolução e concluo que a revolução dos Cravos continua a dividir a sociedade portuguesa, sobretudo nos estratos mais ve-

lhos da população que viveram os aconteci-mentos, nas facções extremas do espectro político e nas pessoas politicamente mais em-penhadas. A análise refere-se apenas às divi-sões entre estes estratos sociais.

Extremam-se entre eles os pontos de vista dominantes na sociedade portuguesa em re-lação ao 25 de abril. Quase todos reconhe-cem, de uma forma ou de outra, que a revolu-ção de Abril representou um grande salto no desenvolvimento político-social do país.

À esquerda, pensa-se que o espírito inicial da revolução se perdeu. O PCP lamenta que não se tenha ido mais longe e que muitas das chamadas "conquistas da revolução" se te-nham perdido. Os sectores mais conservado-res de direita tendem a lamentar o que se passou. De uma forma geral, uns e outros la-mentam a forma como a descolonização foi feita. A direita lamenta as nacionalizações no período imediato ao 25 de abril de 1974, afir-mando que a revolução agravou o crescimen-to de uma economia já então fraca. A esquer-da defende que a o agravamento da situação económica do país é consequente de medi-das então programadas que não foram aplica-das ou que foram desfeitas pelos governos posteriores a 1975, desfeitas as utopias da construção de um socialismo democrático.

Hoje em Portugal, comparado com muitos ou-tros países espalhados pelo mundo, vive-se num ambiente de paz com muito sol e belos mares para espraiar , mas infelizmente tanto pela esquerda ou direita política é somente corrupção, malabarismos, artimanhas, frau-des á sombra de uma Europa governada por quem não tem capacidade de governar os seus próprios governos mas que impõe condi-ções governativas “ na casa dos outros” isto é, os povos dos países mais pequenos e eu-ropeus que paguem a crise semeada pelo po-der dos banqueiros.

Como tal?

QUE VENHA UM NOVO 25 DE ABRIL, mas sem cravos.

Autor: Alberto Blanquet Portugal

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