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7/25/2019 1xx.pdf http://slidepdf.com/reader/full/1xxpdf 1/42                  . edição – São Paulo – 2011 História do Lori Alice Gressler Mestre em Educação pela Universidade Federal de Santa Maria. Doutora em Educação pela Universidade de Mississípi (EUA). Ex-professora do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Professora dos cursos de graduação e pós-graduação da UFMS. Luiza Mello Vasconcelos Mestre em Linguística pela PUC-PR. Ex-professora do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Professora dos cursos de graduação e pós-graduação da UEMS e da UFMS. Zelia Peres de Souza Kruger Licenciada em História pela UFMS. Mestre em Desenvolvimento Sustentável pelo CDS/UnB. Consultora para assuntos ambientais da UNESCO (2003). HISTÓRIA ./5  ano º . mato grosso DO SL Volume único                  edição Nova

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   U   A   L   D   O

   P   R

   O   F   E   S   S   O   R

1ª. edição – São Paulo – 2011

História do

Lori Alice GresslerMestre em Educação pela Universidade Federal de Santa Maria.

Doutora em Educação pela Universidade de Mississípi (EUA).

Ex-professora do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.

Professora dos cursos de graduação e pós-graduação da UFMS.

Luiza Mello VasconcelosMestre em Linguística pela PUC-PR.

Ex-professora do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.

Professora dos cursos de graduação e pós-graduação da UEMS e da UFMS.

Zelia Peres de Souza KrugerLicenciada em História pela UFMS.Mestre em Desenvolvimento Sustentável pelo CDS/UnB.

Consultora para assuntos ambientais da UNESCO (2003).

HISTÓRIA

4º./5 anoº.

mato

grossoDO S L

Volumeúnico

   M   A   N

   U   A   L   D   O

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ediçãoNova

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índices para catálogo sistemático:  1. Mato Grosso do Sul : História : Ensino

fundamental 372.898171

Gressler, Lori Alice

História do Mato Grosso do Sul, 4º/5º ano :volume único / Lori Alice Gressler, Luiza Mello Vasconcelos, Zelia Peres de Souza Kruger. --

1. ed. -- São Paulo : FTD, 2011.

Nova edição.ISBN 978-85-322-7708-4 (aluno)ISBN 978-85-322-7709-1 (professor)

1. Mato Grosso do Sul - História (Ensino fundamental)I. Vasconcelos, Luiza Mello. II. Kruger, Zelia Peres de Souza.III. Título.

11-02917  CDD-372.898171

História do Mato Grosso do SulCopyright © Lori Alice Gressler, Luiza Mello Vasconcelos, Zelia Peres de Souza Kruger, 2011.Todos os direitos reservados à

EDITORA FTD S.A.Matriz: Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SPCEP 01326-010 Tel. (0-XX-11) 3598-6000Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970Internet: <www.ftd.com.br>

E-mail: [email protected]

Diretora editorialSilmara Sapiense Vespasiano

EditorDébora Lima

Editor assistenteWellington W. Santos

 Assistentes de produção Ana Paula Iazzetto e Lilia Pires

 Assistente Editorial

Cláudia Casseb Sandoval

PreparadoresGeuid Dib JardimJosé Alessandre S. NetoLucila Vrublevicius Segóvia

Edição de texto do Manual do ProfessorJosé Alessandre S. Neto

RevisoraVivian K. Ehara

Coordenador de produção editorialCaio Leandro Rios

Editor de arte e projeto gráfico

Roque Michel Jr.

IlustraçõesIvan Coutinho

CartografiaSonia Vaz

CapaCláudio Cuellar

Foto de capa

Mauricio Simonetti/Pulsar

IconografiaPesquisa

Daniel Cymbalista Assistência

Cristina Mota

Editoração eletrônicaDiagramação

Wilde Velasques KernTratamento de imagens

 Alceu Medeiros Ana Isabela Pithan Maraschin

Gerente de produção gráficaReginaldo Soares Damasceno

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ApresentaçãoEste livro foi preparado para você. Para que você conheça mais sobre a

história do nosso estado e continue a construí-la.A história de um povo é uma obra coletiva, da qual todos nós tomamos

parte, ainda que, na maioria das vezes, de maneira anônima. O que oshistoriadores estudam são as permanências e as transformações que ocorremno tempo.

 Você sabe que o atual estado de Mato Grosso do Sul faz parte do paísem que vivemos, o Brasil. Sabe também que o Brasil faz parte de um espaçomuito maior, formado por continentes e oceanos, conhecido pelo nome de

planeta Terra.O estado de Mato Grosso foidividido em 1977, criando-se entãoum novo estado, Mato Grossodo Sul. Neste livro, trataremosapenas da história de Mato Grossodo Sul, o nosso estado. Porém,como os dois estados estão unidos

pela mesma história, muitas vezesfaremos referência a fatos queocorreram na região do antigoMato Grosso mas que, de algumaforma, relacionam-se ao passado doatual Mato Grosso do Sul.

 Você verá que é fascinante viajar pelo tempo através dos livros

e compreender melhor o mundoque nos rodeia.

Nosso propósito é compartilhar com você esta viagem fantástica no tempo.Com este objetivo, reunimos informações que estão distribuídas nos textos quecompõem este livro.

Bom trabalho!

As Autoras

   I  v  a  n   C  o  u   t   i  n   h  o

3

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Sumário

Capítulo 1 – O estudo da História  ......................7

  Por que estudar o passado? ...........................8

  A história é dinâmica .....................................8

  Fontes de pesquisa em História ...................10

  Atividades ....................................................11

Capítulo 2– Os primeiros ocupantes

da terra  ............................................................12

  O povoamento da América ...........................13

  Os primeiros ocupantes de Mato Grosso

do Sul ..........................................................14

  Os indígenas do território sul-mato-

-grossense ..................................................15

  Situação no passado ...............................15

  Situação no presente ..............................17

  Atividades ....................................................22

Capítulo 3 – O sonho das descobertas   ............23

  As Grandes Navegações ..............................24

  O caminho para as Índias .............................26

  A divisão das novas terras ...........................28

  Atividades ....................................................29

Capítulo 4 – A colonização da América   ...........31

Os espanhóis na América .............................32

  Os portugueses no Brasil .............................35

  As primeiras expedições .........................35

  As capitanias hereditárias .......................37

  Os governos-gerais .................................38

  A economia colonial .....................................39

  O pau-brasil ............................................39

  A cana-de-açúcar ...................................40

  Atividades ....................................................42

Capítulo 5 – A ocupação de Mato Grosso

do Sul: o domínio espanhol  ..............................44

  Uma breve história da evolução

administrativa de nosso estado ....................45

O início do povoamento................................46

  A penetração dos bandeirantes ....................47

  As bandeiras para captura deindígenas ................................................47

  As expedições de busca de

metais preciosos .....................................49

  As monções em busca do ouro ...............50

  Primeiros núcleos de

povoamento ............................................52

  Atividades ....................................................53

Capítulo 6 – A ocupação de Mato Grosso

do Sul: o domínio português  .............................55

  O Tratado de Madri ......................................56

  A criação da Capitania de

Mato Grosso ................................................56

   I  v  a  n   C  o  u   t   i  n   h  o

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  A ocupação paraguaia de

Mato Grosso ................................................79

  A Retirada da Laguna ...................................79

  Consequências da guerra.............................84

  Atividades ....................................................85

Capítulo 9 – Os movimentos pela

emancipação do sul do estado de

Mato Grosso  ....................................................87

  A luta pela autonomia ..................................88

  A República Velha (1889-1930) ....................88

  Nioaque – O berço da divisão.......................90

  O governo Vargas (1930-1945) ....................93

  A formação do estado de

Maracaju (1932) ..........................................94

  O território federal de Ponta Porã

(1943-1946) ................................................96

  A criação do estado de Mato Grossodo Sul ..........................................................97

  Atividades ....................................................98

Capítulo 10 – A história do cultivo da

erva-mate em Mato Grosso do Sul  ...................99

  O início da exploração ................................100

  O preparo da erva-mate .............................102

  A Companhia Mate Laranjeira ....................103

  O crescimento econômico da

Mate Laranjeira .....................................103

  Acusações e denúncias contra a

Mate Laranjeira .....................................105

  Atividades ..................................................106

  A formação de núcleos de povoamento

de Mato Grosso do Sul .................................57

  Coimbra ..................................................58

  Miranda ..................................................58

  Corumbá .................................................59

  Atividades ....................................................61

Capítulo 7 – Origem e evolução dos municípios

de Mato Grosso do Sul: séculos XIX e XX  ..........62

  A independência do Brasil ............................63

  A expansão do povoamento na Província de

Mato Grosso ................................................64

  A criação de colônias militares e o

surgimento de cidades ............................64

  A pecuária e o aparecimento de

cidades ...................................................65

  Atividades ....................................................69

Capítulo 8 – A região do atual estado

do Mato Grosso do Sul e a Guerra do

Paraguai............................................................73

  O Brasil daquela época ................................74

  A Guerra do Paraguai ...................................74

  O desenvolvimento do Paraguai ..............75

  O início do conflito ..................................76

  Os principais acontecimentos da

Guerra do Paraguai .................................77

   I  v  a  n   C  o  u   t   i  n   h  o

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Capítulo 14 – Nossa gente, nossa

cultura   ...........................................................132

  O que é cultura ..........................................133

  Influências culturais – Usos e costumes .....134

  O índio ..................................................134

  O branco ...............................................135

  O negro .................................................136

  A contribuição dos migrantes e dos

imigrantes .................................................137

  Os migrantes ........................................137

  Os imigrantes .......................................138

  Algumas manifestações artísticas de

Mato Grosso do Sul ....................................142

  A artista plástica Lydia Baís...................142

  O poeta Manoel de Barros .....................143

  O compositor Zacarias Mourão .............146

  Atividades ..................................................147

Capítulo 15 – Memórias da educação em

Mato Grosso do Sul  ........................................148

  Os primeiros professores ...........................149

  Surgem as primeiras escolas .....................149

  As escolas públicas ...................................152

  As condições de trabalho dos

professores ................................................153  Atividades ..................................................155

Sugestões de atividades para

encerrar o ano letivo  ...................................156

Sugestões de leitura ....................................157

Referências bibliográficas  ..........................158

Bibliografia  ..................................................159

Capítulo 11 – O desenvolvimento da pecuária

em Mato Grosso do Sul  ..................................108

  A terra como fator de produção

de riqueza ..................................................109

  A expansão da criação de gado ..................109

  O transporte do gado .................................111

  A organização da comitiva ....................112

  Atividades ..................................................114

Capítulo 12 – A agricultura e a indústria

em Mato Grosso do Sul  ..................................115

  A agricultura de subsistência e a criação

das colônias agrícolas ................................116

  As colônias agrícolas públicas...............117

  As colônias agrícolas privadas ..............120

  O crescimento da agroindústria e da

indústria ....................................................121

  A abertura para o turismoecológico ...................................................124

  Atividades ..................................................125

Capítulo 13 – Transportes e comunicações

em Mato Grosso do Sul  ..................................126

  A evolução dos transportes ........................127

  A Estrada de Ferro Noroeste

do Brasil ...............................................127

  Outros meios de transporte ...................129

  O desenvolvimento das

comunicações ...........................................129

  O telégrafo ............................................129

  Atividades ..................................................131

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4O mil anos

9

   O  s  c  a  r   P  e  r  e   i  r  a   d  a   S   i   l  v  a .   1   9   2   2 .

   M   P   /   U   S   P ,   S   P

Desembarque de Pedro Álvares Cabral onde hoje éPorto Seguro, na Bahia. Quadro de Oscar Pereirada Silva (1867-1939).

Logo após o 7 de setembro, foi composto o Hinoda Independência, com letra de Evaristo da Veigae música de D. Pedro I, como retrata o quadro de

 Augusto Bracet (1881-1960).

Linha de tempo do Brasil

   A  u  g  u  s   t  o

   B  r  a  c  e   t  –   P  r   i  m  e   i  r  o  s   S  o  n  s   d  o

   H   i  n  o   d  a   I  n   d  e  p  e  n   d   ê  n  c   i  a .   1   9   2   2 .   M   H   N ,   R   J

   I  v  a  n   C  o  u   t   i  n   h  o

modificações. Milhares de pessoas viveram antes de nós, de maneiras diferentes eem épocas diferentes.

Compare fotos antigas e recentes de seus avós, de sua cidade, de sua escola. Você vai perceber nelas as transformações que sofreram, mas também observaráa permanência de determinados elementos. Com isso, podemos dizer que o ritmodas mudanças varia, sendo que, enquanto algumas ocorrem de maneira mais lenta,outras acontecem mais rapidamente.

Não podemos modificar o passado. É o conhecimento deste passado que muda.Mudam, portanto, as interpretações e a compreensão dos fatos.

Por exemplo, nas primeiras décadas do século XX, alguns municípios do estadose desenvolveram mais que os outros. Por que hoje esses municípios não são os maisdesenvolvidos? Isso pode ser respondido pela história. Estudamos a história para

compreender o presente. O que esses acontecimentos têm a ver com a realidadedo estado hoje? Como eles ajudam a explicar o que está acontecendo agora?Para estudar as transformações, precisamos nos orientar no tempo, isto é, co-

nhecer o que existiu antes e o que existiu depois. É na linha do tempo que situamosos acontecimentos em seu tempo histórico.

Assim como você, a sua cidade, o nosso estado e o Brasil, país em que vivemos,também tem uma história. Ao longo deste livro, por várias vezes, faremos referênciaaos períodos em que essa história está dividida. Conheça abaixo a linha de tempo

do Brasil.

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Hoje em dia, no entanto, os historiadores vêm ampliando muito o uso de suasfontes de pesquisa. A observação atenta de pinturas e fotografias, por exemplo,pode nos revelar muitos aspectos sobre o passado, como o tipo de roupas que aspessoas usavam, suas formas de moradia e mesmo as diferenças sociais existentes.

Também a história oral tem sido bastante valorizada como forma de se obtereminformações sobre o passado. Assim, por meio dos depoimentos das pessoas que

 vivenciaram os acontecimentos, busca-se reconstituí-los.

   1   5   0   0 .

   A  r  q  u   i  v  o   N  a  c   i  o  n  a   l   d  a   T  o  r  r  e   d  o   T  o   m   b  o ,   L   i  s   b  o  a

 A carta de Caminha é um importantíssimo documentoda História do Brasil. NelaPero Vaz de Caminhaconta ao rei de Portugalsuas impressões sobre aterra a que os portugueses

chegaram em abril de 1500.

Como você vê, a história desta terra que foi chamada de Brasil começa por volta de 40 mil anos atrás, quando, provavelmente, chegaram por aqui os primeirosgrupos humanos. Em 1500, inicia-se o período do Brasil Colônia, com a descobertae a posse das terras brasileiras pela Coroa portuguesa. No ano de 1822, quandoo Brasil torna-se independente de Portugal, abre-se o período do Brasil Império.

Finalmente, de 1889 até hoje, tem lugar o período do Brasil República.

Fontes de pesquisa em HistóriaPara encontrar respostas no passado, utilizamos todos os tipos de documentos

que possam revelar e esclarecer os fatos. Esses documentos são chamados de fonteshistóricas e podem ser: livros, jornais, fotografias, pinturas, entrevistas, músicas,roupas, restos de construções antigas etc.

Os documentos escritos têm sido,

tradicionalmente, os mais utilizados napesquisa histórica. Nem tudo, porém, queestá escrito é verdadeiro.

Por exemplo, como saber sobre a vida dos escravos, se não temos a opiniãodeles em jornais ou livros? Por isso temosde comparar e confrontar documentos equestionar suas afirmações.

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 ATIVIDADES

  1. Por que é importante estudarmos o nosso passado?

  2. “Um povo que não preserva a sua história é como uma árvore sem raízes:qualquer vento a tomba.” Como você explica essa comparação?

  3. O que significa dizermos que a história é dinâmica? Dê um exemplo combase na sua experiência de vida.

  4.  Procure em casa uma foto de seu pai ou de sua mãe quando eramcrianças. Compare-a com o aspecto físico atual deles, observando o quemudou e o que permaneceu igual ou parecido.

  5. A linha do tempo é uma representação ou desenho que nos ajuda a vi-sualizar a passagem do tempo, localizando fatos e períodos históricos.Faça uma linha do tempo da história de sua escola.

  6. O que são fontes históricas? Por que elas são importantes? Se você fosseestudar a história da sua família, cidade, escola, por onde começaria?

Que fontes você utilizaria?  7. A maioria das pessoas não costuma escrever suas experiências, mas elas

podem ter muito que contar sobre os acontecimentos que viveram. Façauma entrevista com uma pessoa idosa. Peça a ela que conte como era,no passado, a cidade onde você mora hoje. Pergunte sobre os meios detransporte, o comércio, as festas e o que mais você quiser saber.

  8. Compare a resposta acima com a de seus colegas e anote em seu cadernoas diferenças e as semelhanças que vocês encontraram nas entrevistas

realizadas.

Por exemplo: é possível conhecer a história de sua escola fazendo-se a coletade informações contidas em documentos escritos, em fotos, vídeos e também combase em registros obtidos por meio da história oral.

Esta gravura foi feita pelo pintorfrancês Debret por volta de 1830,quando ele vivia no Brasil. Por ela podemos ter uma ideia do modo

de vida naquela época. Observe oque estão fazendo e como estãovestidas as personagens: a dona

de casa, a menina branca, asescravas e o escravo, as crianças.

Veja os móveis e objetos.

   D  e   b  r  e   t  –   U  m  a  s  e  n   h  o  r  a   b  r  a  s   i   l  e   i  r  a  e  m  s  e  u   l  a  r .

   S   é  c .   X   I   X .   B   i   b   l   i  o   t  e  c  a   M  u  n   i  c   i  p  a   l

   M   á  r   i  o   d  e   A  n   d  r  a   d  e ,   S   P .   F  o   t  o  :   N  e   l  s  o  n   T  o   l  e   d  o

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Capítulo 2Os primeiros ocupantes da terra

Ivan Coutinho

12

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       M       e

        r        i       d

     i      a      n

       o          d

       e        G

             r       e

       n       n

       w                  i       c        h

Círculo Polar Antártico

Círculo Polar Ártico

Trópico de Câncer 

Equador 

Trópico de Capricórnio

150ºL 150ºO180º 120ºL 120ºO 90ºO 60ºO90ºL60ºL30ºL30ºO   30ºO0º 

0º 

30ºS

60ºS

30ºN 

60ºN 

Fonte: Atlas da história do mundo. 1995.

13

Os seres humanos chegaram à América em várias correntes. A mais importante, mas não aúnica, é a que foi da Ásia para a América do Norte através do estreito de Bering.

O povoamento da América Você sabia que a América já era habitada muito antes da chegada dos europeus,

no final do século XV? Como esses primeiros habitantes chegaram aqui? A explica-ção mais aceita é a de que os primeiros povoadores vieram da Ásia e atravessaramandando o estreito de Bering, que estava congelado. É possível que, algum tempo

depois, outros grupos humanos tenham vindo para a América por mar, provenien-tes da Ásia e da Oceania.

Não se sabe exatamente a data do início do povoamento da América. Acredita--se que isso teria ocorrido entre 70 mil e 20 mil anos atrás, mas novas pesquisas

estão sendo feitas e podem nos trazer dados mais precisos no futuro.

   I  v  a  n

   C  o  u   t   i  n   h  o

   S  o  n   i  a   V  a  z

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30°O 

40°O 

10 ° S 

2 0 ° S

30 ° S

0° 

70°O    60°O    50°O 

14

Sítio arqueológico:

Local onde se encontram vestígios muito antigos de ocupação humana.

Os primeiros ocupantes de Mato Grosso do SulOs primeiros seres humanos a percorrerem o atual território sul-mato-gros-

sense devem ter chegado aqui há cerca de 15 mil anos. Vinham de outras regiões,seguindo o curso dos rios. Existem vestígios dessa presença em vários municípios denosso estado, que conta com cerca de 120 sítios arqueológicos. Os mais antigosdatam de 11 mil anos, na região do rio Sucuriú, no município de Paranaíba.

Em diferentes regiões do Brasil, existem sinais de grupos humanos datados deaproximadamente 10 mil a 40 mil anos. Portanto, em 1500, os portugueses apenastomaram conhecimento da existência do Brasil, que já era habitado havia muitoe muito tempo, sendo que, à época da chegada de Cabral, havia aqui cerca de5 milhões de indígenas.

   S  o  n   i  a   V  a  z

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Outra maneira de sabermos algosobre esses povos são as fontes mate-riais, como, por exemplo, ossadas deseres humanos ou de animais e restosde utensílios domésticos. No municípiode Ladário foi encontrado um esque-leto humano muito antigo, datando decerca de 8 400 anos.

Sabe-se que esses grupos humanos sobreviviam da caça, da pesca e da coletado que poderia lhes servir como alimento. Lascavam e poliam a pedra para produ-zir utensílios e instrumentos de trabalho, como armas, facas, machados, moedores,pontas de flecha e lanças.

Os indígenas do território sul-mato-grossense

Situação no passadoHá pelo menos 5 mil anos que a aprendizagem do cultivo de plantas, a domes-

ticação de animais e as condições de solo e clima favoreceram o desenvolvimentode diversos grupos étnicos que ocuparam o território do atual estado de MatoGrosso do Sul.

Grupo étnico:Grupo de pessoas que compartilha a mesma cultura,especialmente a língua, os comportamentos sociais e as crenças.

Coleta: Atividade característica dos povos que não conhecem a agriculturae vivem de colher frutos e raízes oferecidos pela natureza.

Como os povos pré-históricosnão tinham escrita, um dos meios deconhecermos seu modo de vida sãoos desenhos e pinturas que deixaramnas paredes das cavernas. Em nossoestado, foram encontrados desenhosfeitos na rocha há mais de 2 000 anosem sítios arqueológicos localizados nosmunicípios de Antônio João e Corum-bá, entre outros.

   H  a  r  o

   l   d  o   P  a   l  o   J  r .   /   K   i  n  o

Inscrições encontradas na Lagoa Gaiva, na Serrado Amolar (2008).

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Com o enfraquecimento dos Guarani, outros povos, como os Aruak e osGuaicuru, penetraram na região sul do Pantanal. Os Aruak são hoje representadospelos Terena, enquanto a nação Guaicuru está reduzida atualmente a menos demil índios Guaná ou Kadiwéu. Também estão presentes em Mato Grosso do Sulos Ofayé-Xavante e os Guató, entre outros (consulte neste capítulo, às páginas 19

e 20, o quadro “Localização das terras indígenas”).

Entre os nativos do território sul-mato-grossense, os mais numerosos, no século XVI, eram os Guarani. Excelentes agricultores, plantavam principalmente o milhoe a mandioca, base de sua alimentação.

Eles conheciam também o cultivo e a tecelagem do algodão, para a confecçãode redes e vestimentas. Produziam potes de cerâmica para o armazenamento dealimentos e os utilizavam, inclusive, para o sepultamento de seus mortos. Atual-mente, os Guarani são representados pelos Kaiowá e pelos Ñandeva.

A partir do século XVII, os colonizadores portugueses e espanhóis intensifica-ram seus ataques às aldeias dos Guarani. Eles exploraram a mão de obra indígena,tanto no trabalho agrícola como na mineração.

Indígenas do povo Kaiowá participam de uma refeição comunitária na aldeia Bororó, em Dourados (2003).

   J  u  c  a   V  a  r  e   l   l  a   /   F  o

   l   h  a   I  m  a  g  e  m

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Caçadores e coletores extremamente guerreiros,os Guaicuru dominavam as demais tribos, favorecidospela domesticação do cavalo, introduzido na região peloscolonos espanhóis. Excelentes montadores, até hoje sãoconhecidos como “índios cavaleiros”. Possuem tambémuma arte refinada, que se revela nos belos motivos colo-ridos usados na decoração de seus objetos de cerâmica enas tatuagens realizadas em seus corpos.

Mulher Guaicuru com pintura facial e corporal.O retrato foi feito por volta de 1845 por

Francis Castelnau, que dirigiu uma expediçãofrancesa que percorreu a América do Sul.

Esta gravura de Debret mostra indígenas do povo Guaicuru. Os Guaicurusão conhecidos como “índios cavaleiros”.

   D  e   b  r  e   t  –   C  a  r  g  a

   d  e  c  a  v  a   l  a  r   i  a   G  u  a   i  c  u  r  u .   S   é  c .   X   I   X .   B   i   b   l   i  o   t  e  c  a   M  u  n   i  c   i  p  a   l

   M   á  r   i  o   d  e   A  n   d  r  a   d  e ,   S   P .   F  o   t  o  :   N  e   l  s  o  n   T  o   l  e   d  o

   F  r  a  n  c   i  s   C  a  s   t  e   l  n  a  u  –   I  n   d   i  e  n   G  u  a  y  c  u  r  u .   S   é  c .

   X   I   X .   I   E   B   /   U   S   P ,   S   P .   F  o   t  o  :   N  e   l  s  o  n   T  o   l  e   d  o

Situação no presenteOs indígenas resistiram como puderam à ocupação europeia, mas o resultado

foi o quase extermínio da população nativa. A miscigenação, de certa forma, tam-bém contribuiu para isso. Muitos brasileiros são descendentes dos indígenas que seuniram a pessoas de outras etnias através do casamento e não se consideram índios.

Quando os portugueses aqui chegaram, existiam cerca de 1 300 línguas indí-genas. Desse total, restam hoje em dia apenas cerca de 170 línguas. Isso dá ideia

da grande redução que a população indígena sofreu no Brasil.

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Hoje, a maior concentração de população indígena do Brasil encontra-se naregião amazônica, onde vivem cerca de 250 mil indivíduos (segundo dados daFundação Nacional de Saúde (FUNASA, 2010). No Mato Grosso do Sul, aindasegundo a FUNASA, vivem cerca de 60 mil indígenas, em aldeias ou fora delas.A maioria deles vive em reservas. Alguns se misturam aos marginalizados dasgrandes cidades, na condição de índios desaldeados. Outros indígenas estudamnas universidades, ocupam cargos públicos e trabalham na cidade ou em pro-priedades rurais.

Os únicos indígenas que têm título de posse de suas terras são os Kadiwéu, daReserva da Bodoquena, área de 373 024 hectares localizada no antigo municípiode Corumbá. Essa área foi doada pelo imperador Dom Pedro II como recom-pensa pela participação do grupo na Guerra do Paraguai. Atualmente, segundo oRelatório do Senado Federal sobre Demarcação de Terras Indígenas (2004), essaárea foi ampliada para 538 535 hectares, sendo habitada também por outras etnias,localizando-se nos atuais municípios de Porto Murtinho e Corumbá.

   L  u   i  z   C  a  r   l  o  s   M

  u  r  a  u  s   k  a  s   /   F  o   l   h  a   I  m  a  g  e  m

Memorial da Cultura Indígena, em Campo Grande (2000). O Memorial é formado pela oca central, feita de bambu, e pelo Conjunto Habitacional Marçal de Souza – a primeira aldeia urbana brasileira. A aldeia é habitada por famílias que deixaram a

 mata, pertencentes a diversos povos – Kadiwéu, Kaiowá, Terena, Ofayé-Xavante.

Desaldeados:Indígenas que vivem fora de aldeias.

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O Brasil [...] ainda desconhece a imensa sociodiversidade indígena que existeem seu território. [...]

 A imagem do índio conhecida pela população é a do índio romântico, a do índio selvagem [...]. E existem várias razões para isto.

 A primeira é que existem poucos espaços para a expressão dos índios no cenário

cultural e político do país. Vivendo a maioria deles em locais de difícil acesso, comcondições quase que exclusivamente orais de comunicação e falando geralmente ape-

 nas sua língua, com domínio relativo do português, as diferentes etnias encontramdificuldades para se expressar no mundo dos não índios. Sua cultura e pontos de

 vista são tomados geralmente fora dos contextos onde vivem [...]. Basta mencionar, por exemplo, que das 206 etnias conhecidas [...], no máximo a metade, talvez, foiobjeto de pesquisa [...] e a maior parte dos resultados [...] não está publicada nemé acessível ou o é apenas em línguas estrangeiras.

Rita Amaral. Caçando e pescando, guerreando feliz: representações sobre índios feitas por crianças de uma escola pública de

primeiro grau, na cidade de São Paulo (SP). Os Urbanitas, Revista Digital de Antropologia Urbana. Ano 1, v. 1. n. 2, out. 2003./Extraído do site: <www.aguaforte.com/antropologia/osurbanitas/revista/povosindigenas.html>. Acesso em: 10 jan. 2011.

O estado de Mato Grosso do Sul conta com uma área total de 35 054 800 hec-tares, enquanto a área de reservas efetivamente ocupada soma 50 506 hectares, oque corresponde a cerca de 0,2% das terras do estado. Existem outras áreas indí-genas além das reservas. A demarcação das terras indígenas é uma constante fontede conflitos entre os índios e os fazendeiros. Veja, no quadro a seguir, a localizaçãoatual das terras indígenas de nosso estado.

Localização das terras indígenas

Município Nome da terra Grupo indígena

 Amambaí   Aldeia Limão Verde Guarani-Kaiowá

 Amambaí Guarani-Kaiowá,Guarani-Ñandeva

Jaguari Guarani-Kaiowá,Guarani-Ñandeva

 Anastácio  Aldeinha Terena

 Antônio João  Aldeia Campestre Guarani-KaiowáCerro Marangatu Guarani-Kaiowá

 Aquidauana  Limão Verde Terena

 Taunay/Ipegue Terena

 Aral Moreira  Guasuti Guarani-Kaiowá

Bela Vista  Pirakua Guarani-Kaiowá

Brasilândia  Ofayé-Xavante Ofayé-Xavante

Caarapó Caarapó  Guarani-Kaiowá,  Guarani-Ñandeva

Guiraroka Guarani-Kaiowá

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Município Nome da terra Grupo indígena

Coronel Sapucaia  Sete Cerros Guarani-Kaiowá,Guarani-Ñandeva

 Taquaperi Guarani-Kaiowá

Corumbá  Guató Guató

Camba KambaDois Irmãos do Buriti  Buriti Terenae Sidrolândia

Douradina  Panambi Guarani-Kaiowá

Dourados  Dourados Terena, Guarani-Kaiowá,Guarani-Ñandeva

Panambizinho Guarani-Kaiowá

Eldorado  Cerrito Guarani-Ñandeva,Guarani-Kaiowá

Juti  Jarara Guarani-Kaiowá,

Guarani-Ñandeva Taquara Guarani-Kaiowá

Laguna Carapã  km 20/Barrero Guasu Guarani-Kaiowá

Urucuty Guarani-Kaiowá

Maracaju  Sucuriy Guarani-Kaiowá

Miranda  Cachoeirinha Terena

Lalima Terena e Kinikinau

  Nossa Senhora de Fátima Terena

Pilade Rebuá Terena

Mundo Novo  Porto Lindo Guarani-ÑandevaNioaque  Nioaque Terena

Paranhos  Arroio Corá Guarani-Kaiowá

Potrero Guaçu Guarani-Ñandeva

 Takuaraty/Yvykuarusu Guarani-Kaiowá

Ponta Porã  Guaimbé Guarani-Kaiowá

Gua-y-viri Guarani-Kaiowá

  Kokue-í Guarani-Kaiowá

Lima Campo Guarani-Kaiowá

Rancho Jacaré Guarani-Kaiowá

Porto Murtinho  Kadiwéu Kadiwéu, Kinikinau, Terena

Rochedo  Água Limpa Terena

Sete Quedas  Pirajuí Guarani-Ñandeva

Sombrerito Guarani-Ñandeva

Sidrolândia  Buritizinho Guarani-Kaiowá

Tacuru  Jaguapiré Guarani-Kaiowá

  Sassoró Guarani-KaiowáFonte: Instituto Socioambiental, 2011.

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FIQUE SABENDO

Por meio de seus mitos, os indígenas procuram explicar acriação do mundo e de tudo que nele existe. A mandioca é umalimento fundamental na dieta alimentar indígena. Leia, a seguir,

um mito tupi da origem da mandioca.

 A mandiocaA palavra mandioca significa “casa de Mani”. Segundo uma

lenda tupi, a filha de um chefe indígena engravidou. Nasceu umamenina chamada Mani, que morreu com 1 ano de idade. De seutúmulo, brotou um arbusto desconhecido. A terra então se abriu,deixando à mostra as raízes da planta, que passou a ser conhecida

como “mandioca”, que significa “a casa de Mani”.A mandioca é uma planta típica de regiões quentes,

e sua raiz é muito nutritiva. Existem diversas variedades de mandioca, entre elas amandioca-brava, que é venenosa.A farinha seca é um dos principaisprodutos provenientes da mandiocae é obtida ralando-se a mandiocadescascada. Depois de ralada, amandioca é espremida para queseja retirada a água. Até hojeos indígenas usam grandes

 vasilhas rasas e redondaspara assar a massa seca.A tapioca e o polvilho sãooutros produtos obtidos apartir da mandioca.

21

   I  v  a  n   C  o  u   t   i  n   h  o

Mito:Relato da tradição oral que busca explicarum fenômeno natural ou narrar um

 acontecimento histórico.

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 ATIVIDADES

  1. Observe o mapa da página 13 que mostra a entrada dos primeiros gruposhumanos na América. Segundo a teoria mais aceita, como isso aconteceu?

  2. O Brasil foi descoberto pelos portugueses em 1500, porém ele já era

habitado muito antes disso. Procure no texto elementos que comprovemessa afirmativa.

  3. Onde foram encontrados os sinais mais antigos da presença humana emterritório sul-mato-grossense? Quanto tempo eles têm?

  4.  Veja a foto que mostra incrições pré-históricas feitas na rocha na Serra do Amolar (página 15). Por que é importante o estudo desses registros?

  5. Faça uma história em quadrinhos mostrando algum aspecto do modo devida dos primeiros habitantes de Mato Grosso do Sul.

  6. Com base nas informações do texto, faça um desenho de um índio Guai-

curu, ressaltando nele suas maiores habilidades.  7.  Abaixo você encontrará um importante tema para discussão em grupo.

Cada grupo deve anotar suas conclusões para depois apresentá-las paraa classe.

Tema: Como explicar que havia 5 milhões de indígenas no Brasil quandoos portugueses aqui chegaram e hoje restam apenas cerca de 700 mil?

  8. Observe o quadro “Localização das terras indígenas” e responda às per-guntas a seguir:

  Existem aldeias e grupos indígenas situados em seu município ou emmunicípios vizinhos ao seu? Quais são eles? Como vivem?  9. Em diferentes épocas, as tatuagens têm significados diversos, podendo

até despertar preconceitos e discriminação. Relacione os desenhos cor-porais dos indígenas com as tatuagens modernas.

10. Observando a foto da página 16, identifique as mudanças ocorridas nomodo de viver dos indígenas.

  Você sabe dizer quais são elas? Anote-as e compare com as respostasdos seus colegas.

11.  Lendo o texto complementar de Rita Amaral, você pode conhecer aimagem que o Brasil faz do índio, segundo a autora. Qual a imagem quevocê tem do índio de Mato Grosso do Sul?

 12.  Você encontrará neste livro algumas palavras de origem indígena.Faça uma pesquisa em dupla sobre outras palavras da mesma origem.

 Anote-as em seu caderno e coloque ao lado o significado de cada umadelas. Veja alguns exemplos:

Catapora – fogo que salta. Mandioca – casa de Mani.

Itaporã – pedra bonita. Tereré – mate preparado

Jacá – cesto feito de taquara ou de cipó. com água fria.

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Capítulo 3O sonho das descobertas

   I  v  a  n   C  o  u   t   i  n   h  o

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As Grandes Navegações Você já teve o sonho de conhecer outros lugares? Pois nunca houve sonho

que tanto seduzisse os homens como o de superar os limites do mundo conhecidoe fazer novas descobertas.

Navegar, no século XV, significava lançar-se à aventura e correr todos os riscos.Nessa época, os dois países com maiores conhecimentos de navegação e com mais

condições econômicas para financiar expedições marítimas eram Espanha e Portugal.O objetivo principal dos espanhóis e portugueses era chegar até as Índias,lugar de onde provinham mercadorias muito consumidas pelos europeus, comotecidos, joias e perfumes.

Sobretudo, era das Índias que vinham as especiarias. Por não haver geladeiras,como existem hoje, naquela época usavam-se especiarias para temperar e conservaralimentos, principalmente carnes. As mais cobiçadas eram a pimenta-do-reino, acanela, o cravo-da-índia, o gengibre, o anis e a noz-moscada.

Neste mapa da América do Sul, desenhado em 1550, o artista representou, com

 imaginação e fantasia, a chegada dos europeus e a resistência dos indígenas.

   P   i  e  r  r  e   D  e  s  c  e   l   i  e  r  s .   1   5   5   0 .   M  u  s  e  u   B  r   i   t   â  n   i  c  o ,   L  o  n   d  r  e  s

Cobiçada:

Desejada.

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   S   é  r  g   i  o   D  o   t   t  a   J  r   /   T   h  e   N  e  x   t

Especiarias: noz-moscada, sementes de mostarda, cravo, canela e pimenta-do-reino.

Escorbuto:Doença causada pela carência devitamina C, que provoca hemorragias.

Cólera:Doença infecciosa aguda, contagiosa,caracterizada por diarreia abundante,

 grande fraqueza e cãibras.

Em navios a vela parecidos comeste os navegadores portugueses atravessaram o Atlântico e oÍndico, alcançando terras da América, da África e da Ásia nos

séculos XV e XVI.   H  a  n  s   D   ü  r  e  r   (  a   t  r   i   b  u   í   d  o   ) .   S   é  c .   X   V   I

Como a água do mar não serve para beber por ser muito salgada, o naviotransportava grande quantidade de barris e pipas com água doce. A distribuiçãoda água e da comida para os marinheiros e oficiais tinha de ser racionada, pois osmantimentos precisavam durar até o final da viagem.

 Água doce: Água que não contém grandes quantidades de cloreto de sódio e outros sais; água das chuvas, das nascentes e dos rios.

Racionada:

Distribuída com critério, de acordo com regras.

Seu comércio era tão lucra-tivo que motivou as chamadasGrandes Navegações dos séculos

 XV e XVI. Assim ficou conhecidoesse período histórico, marcadopor muitas descobertas e con-quistas de novas terras.

Os portugueses reuniram em Sagres, no sul do país, estudiosos dedicados aodesenvolvimento da navegação, inclusive pesquisadores vindos das cidades italianasde Veneza e Gênova. Lá eles conseguiram aperfeiçoar uma embarcação apropriadapara as viagens em alto-mar: a caravela.

Os homens que viajavam em uma caravela precisavam de coragem para atra-

 vessar o Atlântico, como hoje os astronautas precisam dessa coragem para lançar--se ao espaço. As viagens eram longas e perigosas, sendo que mais da metade dosque embarcavam não retornava. Havia muitos naufrágios, e era comum a mortepor doenças, como o escorbuto e a cólera.

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150ºL120ºL120ºO 90ºO   60ºO 90ºL60ºL30ºL30ºO 0º  

0º 

30ºS

30ºN 

   M  e  r   i   d   i  a  n  o

26

O caminho para as ÍndiasPara chegar às Índias, os portugueses e os espanhóis fizeram caminhos dife-

rentes.Os espanhóis optaram por seguir na direção Oeste. Os soberanos espanhóis

Fernando e Isabel financiaram a viagem de Colombo, um hábil navegador genovês.Ele assegurava que a melhor maneira para se chegar às Índias era navegar para oOcidente, e não para o Oriente, como pensavam os portugueses.

A expedição de Colombo era pequena e contava com três caravelas. No dia12 de outubro de 1492, ele chegou a um lugar que imaginou ser as Índias e, porisso, chamou os habitantes que lá encontrou de índios. Na verdade, Colombo haviachegado à América.

Já os navegadores portugueses esperavam atingir as Índias indo na direção Leste e

 viajando pelo oceano Atlântico e pelo Índico. E assim fizeram. Em 1488, conseguiramcontornar o extremo sul do continente africano e, finalmente, em 1498, o navegadorportuguês Vasco da Gama conseguiu chegar à cidade de Calicute, nas Índias.

Essa descoberta do caminho marítimo para as Índias entusiasmou os comer-ciantes e o rei de Portugal, pois abriu-lhes a possibilidade de conseguir grandeslucros com o comércio das especiarias e demais mercadorias orientais.

Assim, em 8 de março de 1 500, partia do Tejo, em Portugal, Pedro ÁlvaresCabral com treze naus e 1 500 homens. Essa era a maior esquadra até então en viada

pelos portugueses ao Oriente. Entretanto, embora a frota devesse navegar para oLeste, ela rumou para o Oeste e, em 22 de abril do mesmo ano, os marinheirosavistaram as costas das terras que mais tarde seriam chamadas de Brasil. Ao desem-barcar em Porto Seguro, no litoral do atual estado da Bahia, Cabral tomou possedaquele território em nome de Portugal.

   S  o  n   i  a   V  a  z

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FIQUE SABENDO

Na esquadra comandada por Cabral estava também oescrivão Pero Vaz de Caminha, que relatou tudo o que viudurante a viagem e depois enviou a carta ao rei de Portugal. Veja

sua impressão sobre os indígenas brasileiros quando os viu pelaprimeira vez:

Dali avistamos uns homens que andavam pela praia. Eram uns sete ou oito [...]. A pele deles é parda, meio avermelhada.Eles têm bons rostos e narizes; e são benfeitos. Andam nus, sem

 nada que cubra seus corpos [...]; e são tão inocentes nisso como ao mostrar o rosto. Ambos tinham os lábios de baixo furados e metido neles um osso branco verdadeiro [...]. Eles os colocam pela parte

de dentro do lábio, e a parte que fica entre o lábio e os dentes é feita como uma torre do jogo de xadrez e é encaixada de maneiraque não os machuque nem os atrapalhe ao falar, comer ou beber.Os cabelos deles são lisos e raspados até para cima das orelhas [...].

Poliana Asturiano e Rodval Matias. A carta de Pero Vaz deCaminha: versão ilustrada em linguagem atual.

São Paulo: FTD, 1999. p. 25-29.

O menino indígena, fotografado por volta de 1880, e o adulto Guarani-Kaiowá(Paulito Aquino, da aldeia Panambizinho), fotografado em 2000, usam no lábio

o tembetá, peça semelhante à que foi descrita na carta de Caminha.

   M  a  r  c   F  e  r  r  e  z   /   A  c  e  r  v  o   I  n  s   t   i   t  u   t  o   M  o  r  e   i  r  a

   S  a   l   l  e  s

                        O                  s                  m                  a                   r 

                        A                         l                  v

                  e                  s                       d

                  o                  s

                        S                  a                   n                       t                  o                  s

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150ºL   180º 150ºO180º 120ºL120ºO 90ºO 60ºO 90ºL60ºL30ºL30ºO   0º 

0º 

30ºS

60ºS

30ºN 

60ºN 

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A divisão das novas terras Você já deve ter acompanhado, pela TV ou pelos jornais, conflitos entre paí-

ses sobre a posse de territórios e tentativas fracassadas de acordos. No século XV,Portugal e Espanha disputavam os novos territórios. Os portugueses, que já vinhamrealizando expedições marítimas pelo oceano Atlântico desde o começo do século

 XV, acreditavam ter direito sobre as novas terras encontradas por Colombo e apos-sadas pela Espanha.

Para evitar conflitos, Portugal e Espanha fizeram um acordo, dividindo entre sias terras descobertas ou por descobrir. Em 1494, foi assinado um tratado, na cidadeespanhola de Tordesilhas, que estabelecia uma linha imaginária, o meridiano deTordesilhas, situada a 370 léguas (aproximadamente 2 mil quilômetros) das ilhas deCabo Verde. Ficaram então demarcados os territórios de Portugal e da Espanha:as terras a Leste do meridiano pertenceriam a Portugal, e as terras a Oeste seriamda Espanha.

De acordo com o Tratado de Tordesilhas, firmado, como vimos, seis anosantes de Cabral chegar ao Brasil, parte do atual território brasileiro já pertenciaaos portugueses, e o restante aos espanhóis. Como você poderá observar no mapaa seguir, o atual território sul-mato-grossense situava-se em domínio pertencenteà Espanha, visto que a linha imaginária ia da atual cidade de Belém do Pará a La-guna, em Santa Catarina.

Imaginária:

Criada pela imaginação.

   S  o  n   i  a   V  a  z

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 ATIVIDADES

  1. Por que Portugal e Espanha foram os dois países que iniciaram as Gran-des Navegações?

  2. Que importância tinham as especiarias na Europa do século XV e de onde

elas eram trazidas?  3. Pergunte em sua casa como as especiarias (cravo, canela, gengibre,

pimenta-do-reino, anis, noz-moscada) são utilizadas para temperar algunsdos alimentos que você come. Anote tudo e conte para sua classe.

  4. Para encontrar um caminho marítimo para as Índias, os navegadoresportugueses e os navegadores espanhóis fizeram opções diferentes.Explique cada uma delas.

  5. Construa uma linha do tempo onde constem as seguintes datas: 1492,1494, 1498 e 1500. Em seguida, localize nela os fatos que correspondema cada data.

  6. Para que foi firmado o Tratado de Tordesilhas (1494) entre Portugal eEspanha?

  7. Se o Tratado de Tordesilhas tivesse sido respeitado pelos portugueses,que língua estaríamos falando hoje em Mato Grosso do Sul? Por quê?

  8. Sob o ponto de vista dos europeus, a América foi descoberta por eles.

Em sua opinião, qual seria o ponto de vista dos indígenas?  9. O que a viagem de Cabral mudou na vida das pessoas que viviam no

Brasil (os indígenas) e em Portugal (os europeus)?

10. Os navegadores do século XV sonhavamcom o desconhecido. Imaginavam o queexistiria do outro lado do oceano Atlântico.

 Tiveram de enfrentá-lo para descobrirque lá havia novas terras e seres hu-manos como eles. Escreva em seucaderno sobre algumas grandesaventuras que você gostariade realizar e explique por quevocê as considera interessan-tes. Em seguida, apresente-asa seus colegas para conversaremsobre elas. 

   I  v  a  n   C  o  u   t   i  n   h  o

29

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150ºL 180º  150ºO180º 120ºL120ºO 90ºO 60ºO 90ºL60ºL30ºL30ºO 0º  

0º 

30ºS

60ºS

30ºN 

60ºN 

30

11. Observe o mapa e responda:

•  Qual a cor da região fornecedora de especiarias?

•  Qual a cor do caminho percorrido por Vasco da Gama para chegar àsÍndias?

  Em que cor está assinalada a viagem de Colombo?•  Em que cor está assinalada a viagem de Cabral?

•  Qual a cor da África, continente que os portugueses tiveram de con-tornar para chegar às Índias?

•  Qual a cor do continente americano, descoberto por Cristóvão Colombo?

•  Em que cor está assinalada a linha do Tratado de Tordesilhas?

   S  o  n   i  a   V  a  z

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Capítulo 4A colonização da América

Ivan Coutinho

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Os espanhóis na AméricaAinda hoje, as riquezas de um país despertam a cobiça de outros, que procu-

ram controlá-las às vezes pela força, outras pela influência política. Isso se aplica aopetróleo, às minas de diamantes, às reservas de minerais, como ferro e manganês,

e até a Amazônia.Entre os séculos XVI e XVIII, acreditava-se que a riqueza de um país eramedida pela quantidade de ouro e prata que ele possuísse. Por isso, explica-se aenorme avidez dos conquistadores europeus pela busca de metais preciosos nasnovas terras descobertas.

Os espanhóis encontraram metais preciosos em abundância nas suas colô-nias americanas, logo que nelas chegaram em 1492. Por essa razão, a mineração

foi a atividade econômica mais importante da economia colonial espanhola atéo século XVIII.Nas Antilhas, por meio do trabalho escravo indígena, foi extraída uma grande

quantidade de ouro, prontamente enviada à Espanha na forma de impostos paraenriquecer os cofres do rei. Porém, o grande impulso à mineração na América es-panhola ocorreu quando os conquistadores espanhóis dominaram os impérios Incae Asteca na primeira metade do século XVI. Aí foram descobertas as riquíssimasminas de prata nas regiões de Potosi (Bolívia) e de Zacatecas (México).

A exploração das minas era autorizada pelo rei aos colonos espanhóis naAmérica em troca do pagamento de taxas. Essas taxas cobradas sobre a minera-ção foram a principal forma de arrecadação de riquezas da Coroa espanhola atéo século XVIII.

 Avidez: Ambição, ansiedade.

   G  u  a  m  a  n   P  o  m  a   d  e   A  y  a   l  a .   E  m    E

   l   P  r   i  m  e   i  r   N  u  e  v  a   C  o  r   ó  n   i  c

  a  y   B  u  e  n   G  o  v  e  r  n  o .   1   6   1   5   /   1   6   1   6

Os povos que habitavam as regiões dacordilheira dos Andes (oeste da América

do Sul) na época da chegada dos

espanhóis tinham uma agricultura muitodesenvolvida. Eles cultivavam muitas

variedades de batata e também milho,feijão, amendoim, mandioca, pimentão,

 algodão e várias espécies de frutas,verduras e cereais.O desenho, feito por

um escritor da época, mostra o imperador acompanhando o início do plantio. Os

 agricultores usam um pau de plantar com

 apoio para o pé.

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Esta ilustração mostra a batalha entre espanhóis e incas, nos arredores de Cuzco, no Peru.

Cuzco foi o centro político e religioso do império Inca, até sofrer o domínio espanhol, em 1533.

   S   é  c .   X   V   I   I .   E  m    H

   i  s   t  o  r   i  a

  n  o  v   i  o  r   b   i  s

Em torno das zonas mineradoras, desenvolveram-se também a agriculturae a criação de animais para abastecê-las. Além desse comércio interno, os colonostinham interesse na venda de produtos agrícolas para o mercado europeu.

Cultivavam-se as plantas nativas da América, como batata, milho, tabacoe cacau, por exemplo, e aquelas introduzidas pelos europeus, como a cana-de--açúcar.

Os colonos exploraram o trabalho dos indígenas americanos tanto nas atividadesagrícolas como nas de mineração. Uma das formas de exploração foi a “encomienda”,principalmente na agricultura. O rei espanhol permitia ao colono a utilização dotrabalho de indígenas em suas terras. Em contrapartida, os trabalhadores deveriamreceber instrução religiosa e comida, o que, no entanto, nem sempre era cumprido.

Nas minas, os indígenas eram obrigados ao trabalho por meio da “mita”. As

autoridades espanholas enviavam às minas de prata trabalhadores (os  mitayos)que deveriam, temporariamente, servir aos colonos em troca de um pagamento de valor muito baixo ou mesmo como escravos.

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FIQUE SABENDO

Essa violenta exploração dos indígenaspelos espanhóis na América foi denunciadapelo padre dominicano Bartolomeu de

las Casas (1484-1566), logo no começoda colonização. Veja o que ele diz sobre omodo desumano como os conquistadoresespanhóis trataram os indígenas americanos:

[...] os espanhóis, esquecendo que eleseram homens, trataram essas inocentescriaturas com crueldade digna de lobos, de

 tigres e de leões famintos. Há quarenta e

dois anos não deixaram de os perseguir, deos oprimir, de os destruir com todos os meioscriados pela cobiça humana e por outrosque estes tiranos chegaram a imaginar; hoje

 não se conta senão duzentos indígenas na ilha Espanhola (São Domingos) que outroraabrigava três milhões [...].

As terras e as populações americanas dominadas pelos espanhóis foramconsideradas como pertencentes à Coroa. Assim, a administração de todo oterritório colonial e a organização da exploração econômica ficaram sob suaresponsabilidade.

Para ocupar a América, o rei da Espanha, no início da colonização, passoua conceder determinada quantidade de terras a particulares, conferindo-lhes otítulo de adelantados. Eles dispunham de amplos poderes para administrá-las.Os adelantados deveriam ter condições financeiras para implantar a extração demetais preciosos, uma vez que os custos para isso eram muito altos.

Porém, a partir de 1540, aproximadamente, a Coroa espanhola, na tentativade diminuir o poder desses particulares, decidiu restringir as concessões de terrase centralizar a administração em suas mãos. Sua intenção era controlar de uma

forma mais eficiente a arrecadação dos impostos.

Tirano:Pessoa que abusa de sua autoridade.

   I  v  a  n   C  o  u   t   i  n   h  o

Bartolomeu de Las Casas. História das Índias. Citado por  AQUINO, Rubim S. L. e outros.História das sociedades: das sociedades modernas às sociedades atuais.

Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico. [s.d.] p. 63.

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N

S

LO

quilômetros

0 1110 2220

Portobelo

Vera Cruz

Cartagena

VICE--REINADODA NOVA 

ESPANHA 

VICE-

-REINADO DA 

NOVA

GRANADA 

VICE-

-REINADO

DO RIO

DAPRATA 

VICE-

-REINADODOPERU

CAPITANIA GERAL DE CUBA 

CAPITANIA GERAL

DA GUATEMALA 

CAPITANIA

GERALDO

CHILE

CAPITANIA GERAL DA 

VENEZUELA 

OCEANO

PACCO

OCEANO ATLNTCO

T   r ó  p  i c o  d e  C â  n c e  r 

Equador 0

1 20O   90O   6 0  O 

 30O

3 0  N  

 3 0 S

30ºO

 T r ó p i c o  d e C a

 p r i c ó r n io

1 2 0  O 

Fonte: Atla hitórico do undo Editora Konemann, 1999.

América colonialespanhola – 1540

35

Monumento aos Descobrimentos, em Lisboa,Portugal (2005). Construída em 1960, aobra comemora as grandes viagens que os navegadores portugueses realizaram nosséculos XV e XVI, chegando a terras longínquas

que os europeus nunca tinham alcançado.

   P   h  o   t  o   d   i  s  c   /   G  e   t   t  y   I  m  a  g  e  s   /

   S  o  n   i  a   V  a  z

O imenso território colonial ameri-cano foi então dividido em quatro vice--reinos e quatro capitanias, cada qualgovernado por um nobre diretamenteligado ao rei. Observe no mapa ao ladoessa divisão política da América colonialespanhola.

Os portugueses no Brasil

 As primeiras expediçõesAs novas terras apropriadas pelos

países europeus eram denominadas colô-nias, e os países conquistadores eram con-siderados suas metrópoles. As metrópolestinham controle político e econômico totalsobre suas colônias. O comércio colonialsó podia ser feito com as suas respectivasmetrópoles, ainda que outros países ofe-recessem melhores preços.

Dessa forma, o Brasil era colônia dePortugal, que, por sua vez, era metrópo-le do Brasil. Na época em que as terrasda América foram apropriadas, Portugalmantinha um comércio muito intenso comas Índias e obtinha grandes lucros com a

 venda das especiarias e outros produtos

orientais para o resto da Europa. Por isso,de início, não mostrou muito interesse porsua nova colônia.

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As duas expedições de reconhecimento, enviadas pelo rei português em 1501 e1503 para percorrer as costas brasileiras, voltaram sem novidades sobre a existênciade metais preciosos, o que desapontou bastante os conquistadores portugueses.Entretanto, as expedições comprovaram que havia por aqui uma valiosa madeirachamada pau-brasil, de onde se extraía uma tintura vermelha muito útil para otingimento de tecidos.

Como os portugueses tinham grande dificuldade para fiscalizar o imenso litoralbrasileiro, os franceses, aproveitando-se disso, passaram a invadi-lo com frequência.Seu objetivo era o contrabando do pau-brasil para revendê-lo na Europa a um altopreço.

Os portugueses começaram então a preocupar-se com a ocupação e a coloni-zação do Brasil. Mas isso não era nada fácil. Foi enviada uma expedição, chefiada

por Martim Afonso de Sousa, que percorreu a costa brasileira de norte a sul. Apor-tando no litoral do atual estado de São Paulo, em 1532, Martim Afonso fundou aprimeira vila do Brasil, São Vicente. No entanto, não era suficiente uma única vilapara defender um território tão vasto: era preciso, de fato, povoá-lo.

   B  e  n  e   d   i   t  o   C  a   l   i  x   t  o  -   M  a  r   t   i  m   A   f  o  n  s  o   d  e   S  o  u  s  a  n  o   P

  o  r   t  o   d  e   P   i  a  ç  a  g  u  e  r  a .

   P  a   l   á  c   i  o   d  e   S   ã  o   J  o  a  q  u   i  m ,   R   J .

   F  o   t  o  :   G   i   l  s  o  n   R   i   b  e   i  r  o

Este quadro de Benedito Calixto mostra Martim Afonso no

 porto de Piaçaguera, no litoral paulista, em 1532.

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30°O 40°O 

10 ° S 

2 0 ° S 

0° 

70°O    60°O    50°O 

Fonte: Atla hitórico ecolar . FAE, 19.

 1534-1759

37

   S  o  n   i  a   V

  a  z

 As capitanias hereditáriasA solução encontrada pelo rei de Portugal foi dividir o Brasil em quinze faixas

horizontais de terras denominadas capitanias e entregá-las aos chamados donatários,que deveriam, com seus próprios recursos, povoar, administrar, defender e explorarsuas terras. Essas capitanias doadas pelo rei eram hereditárias, isto é, passariam depai para filho.

Para diminuir suas despesas e conseguir mais lucros, Portugal decidiuinvestir no cultivo da cana-de-açúcar em sua nova colônia. Esse produto erabastante raro na Europa e, por isso, alcançava preços altíssimos. A expediçãocolonizadora de Martim Afonso de Sousa trouxe para o Brasil as primeiras mu-das de cana-de-açúcar no início da década de 1530. Os donos das capitaniashereditárias deveriam, então, introduzir o plantio da cana em seus domínios.

O sistema de capitanias representou a primeira forma de divisão administra-tiva do Brasil colonial, implantada em 1534. Mas o legítimo dono era o governoportuguês, a quem os donatários prestavam contas e pagavam impostos. Como

 você já viu antes, de acordo com a divisão estabelecida pelo Tratado de Tordesi-lhas, a região abrangida hoje por nosso estado não pertencia a Portugal, pois erade domínio espanhol. Portanto, observando o mapa a seguir, você vai verificarque, nessa época, Mato Grosso do Sul não fazia parte das capitanias hereditárias.

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Os governos-gerais

Entretanto, com o passar do tempo,embora servisse para dar início à ocupa-ção efetiva do imenso território brasileiro

por meio do plantio da cana-de-açúcar, osistema de divisão em capitanias não foibem-sucedido.

A comunicação, tanto entre as capi-tanias como com Portugal, era muito difí-cil. Apenas duas das quinze prosperaram:a de São Vicente e a de Pernambuco. Paramelhorar a administração da colônia bra-

sileira, o governo português, sem excluiras capitanias hereditárias, tentou outrassoluções.

Inicialmente, o poder foi centrali-zado nas mãos de um único governador--geral, que deveria organizar a defesa etambém contribuir para o desenvolvimen-to econômico das capitanias. Entre 1549

e 1572, o Brasil teve três governadores--gerais: Tomé de Sousa, Duarte da Costae Mem de Sá.

A capitania da Bahia foi escolhida para sede do governo-central por causade sua privilegiada situação geográfica, pois, além de não estar tão distante dePortugal, ficava aproximadamente na metade do caminho entre as demais capi-tanias do norte e do sul.

O primeiro governador-geral, Tomé de Sousa, desembarcou na Bahia em 1549e lá fundou Salvador. Em seu governo, procurou incentivar o desenvolvimento daprodução açucareira, além de introduzir o gado no país e organizar expedições àprocura de metais preciosos.

Duarte da Costa foi o segundo governador-geral e administrou o Brasil entre1553 e 1558. Finalmente, o terceiro governador-geral, Mem de Sá, ficou no po-der entre 1558 e 1572. Em seu governo, fundou-se a cidade do Rio de Janeiro noano de 1565 e foram expulsos os invasores franceses que haviam tomado a baía da

Guanabara na administração anterior.

   B   i   b   l   i  o   t  e  c  a   M   á  r   i  o   d  e   A  n   d  r  a   d  e ,   S   P

Chegada de Tomé de Sousa à Bahia,em 1549.

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   L  o  p  o   H  o  m  e  m .

  c .   1   5   1   9 .   M  a  p  o   t  e  c  a   d  o   M   i  n   i  s   t   é  r   i  o   d  a  s   R  e   l  a  ç   õ  e  s   E  x   t  e  r   i  o

  r  e  s ,   R   J

Nativo: Aquele que é nascido no lugar; natural da terra.

Mapa desenhado pelo cartógrafo português Lopo Homem, por volta de1519. Observe as ilustrações, que mostram o trabalho dos indígenas na

coleta do pau-brasil.

No entanto, como ainda persistiam os problemas administrativos, Portugal fezuma nova tentativa e separou o Brasil em dois governos no ano de 1572. A sededo governo do Norte ficava em Salvador, e a do Sul, na cidade do Rio de Janeiro.Como essa experiência também fracassou, em 1578 o Brasil voltou a ser governadoa partir de um único centro, situado na cidade de Salvador.

A economia colonialO pau-brasil

Durante a primeira metade do século XVI, o pau-brasil foi o principal produtocomercial explorado pelos portugueses e vendido no mercado europeu. Os carre-gamentos da madeira retirados do litoral foram tão grandes que foi preciso seguircada vez mais para o interior. Com o tempo, isso causou um enorme desmatamento

da faixa litorânea do Brasil, ocupada pela Mata Atlântica.Os colonos portugueses exploraram a mão de obra dos indígenas na extração do

pau-brasil. Eles os convenciam a trabalhar em troca de produtos de pequeno valor,como espelhos, peças de roupas, canivetes e colares de contas coloridas. Eram osnativos que derrubavam as árvores, cortavam a madeira em toras e as embarcavamnos navios em direção à Europa.

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Diante da exploração a que foram submetidos e da invasão de suas terras, osindígenas tentaram reagir, mas seus meios de luta eram inferiores às armas de fogodos portugueses. Teve início assim um grande processo de extermínio das naçõesindígenas em nosso país, apesar de ainda hoje a resistência de seus descendentesestar presente nas lutas que travam, por exemplo, pela demarcação de suas terrasem vários estados brasileiros, inclusive em Mato Grosso do Sul.

 A cana-de-açúcarPorém, o grande impulso à economia colonial foi dado com o cultivo da cana-

-de-açúcar. Essa foi a principal riqueza do Brasil durante os séculos XVI e XVII.As lavouras que mais se destacaram foram as do Nordeste, especialmente as dePernambuco.

Inicialmente, os colonos portugueses tentaram continuar utilizando o escravoindígena nas plantações de cana. Porém, logo apareceram algumas dificuldades.

Uma delas eram as constantes fugas dos índios, pois, por serem conhecedoresdo território, eles embrenhavam-se frequentemente pelo interior, o que tornavadifícil sua captura. Também havia a oposição dos padres jesuítas à escravização dosindígenas (veja o capítulo 5). Além disso, o aumento da produção açucareira exigiamais trabalhadores.

Houve ainda um forte motivo econômico para a substituição da mão de obra

indígena. A Coroa portuguesa incentivou o comércio de africanos para virem tra-balhar como escravos no Brasil. Esse comércio humano trouxe lucros altíssimospara os traficantes de escravos e para a Coroa.

O número de africanos escravizados logo superou o de indígenas. Calcula-seque de 3 a 5 milhões de escravos tenham sido trazidos da África para o Brasil entre1530 e 1850, quando o tráfico foi finalmente proibido.

Devido ao alto custo dos escravos africanos, as capitanias do Sul não consegui-ram comprá-los e, assim, continuaram utilizando o trabalho forçado dos indígenas.

Porém, para capturá-los, os colonos tiveram de organizar expedições para o interiordo Brasil.A grande propriedade açucareira chamava-se engenho. A produção de açúcar

para exportação era a principal atividade econômica dos engenhos. Ela exigia umagrande quantidade de terras e de trabalhadores, além de equipamentos caros,como a moenda para a moagem da cana e as fornalhas. O investimento era muitoalto e, por isso, para tornar-se um senhor de engenho, era preciso ter um grandecapital. Capital:

Riqueza.

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   G  e  o  r  g   M  a  r  c  g  r  a   f  –

   E  n  g  e  n   h  o   d  e  a  ç   ú  c  a  r .   1   6   4   8 .

   E  m    H

   i  s   t  o  r   i  a   N  a   t  u  r  a   l   i  s   B  r  a  s   i   l   i  a  e  –   A  m  s   t  e  r   d   ã

Esta gravura, de1648, mostra negros

escravizados trabalhando na fabricação de açúcar:

 mexendo a calda quefervia em grandes tachos

e cuidando das formas emque eram moldados os

 pães de açúcar.

   F  r  a  n  s   P  o  s   t  e   G .   M  a  r  c  g  r  a   f .  c .   1   6   4   7 .   F  o   t  o  :   M  a  n  o  e   l   N  o  v  a  e  s

Detalhe de mapada capitania dePernambucocom ilustração deengenho decana-de-açúcar.

Para a alimentação dos moradores do engenho, havia as plantações de subsis-tência, como as de feijão, mandioca, milho, legumes, frutas, bem como a criaçãode gado e animais domésticos. Por isso, dizemos que os engenhos eram autos-suficientes, isto é, produziam a maioria dos produtos que consumiam.

Embora a produção do açúcar fosse feita no Brasil e a venda na Europa pelosportugueses, boa parte dos lucros ficava com os banqueiros holandeses. Eram elesos principais financiadores do capital necessário para que os senhores de engenhobrasileiros expandissem seus negócios. Além disso, os holandeses lucravam tambémcom o refinamento (branqueamento) e mesmo com a distribuição comercial doaçúcar no mercado europeu.

Hoje sabemos que o açúcar mascavo, escuro, tem maior valor nutricional queo açúcar refinado.

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 ATIVIDADES  1. Consulte o texto e responda:

a) Por que as metrópoles europeias, como Portugal e Espanha, desejavammuito encontrar metais preciosos em suas colônias?

b) Por qual motivo, no caso das colônias americanas conquistadas pelaEspanha, a mineração foi a atividade econômica de maior importânciadesde o início da colonização?

c) Onde os espanhóis encontraram ouro e prata na América?  2. Pesquise como os impostos arrecadados com a mineração eram gastospelo governo espanhol e compare com a utilização dos recursos arreca-dados com os impostos atuais.

  3. Em torno das zonas mineradoras, desenvolveram-se a agricultura e a criaçãode animais para abastecê-las. Desenhe três plantas nativas da América.

No entanto, entre 1580 e 1640, Portugal e Espanha estiveram sob o comandode um mesmo rei, resultando na União Ibérica. Como os holandeses eram inimigosdos espanhóis, ficaram impedidos de participar do comércio do açúcar brasileiro.Dispostos a não perder essa importante fonte de lucros, os holandeses invadiramparte do Nordeste do Brasil e aqui ficaram entre 1624 e 1654. Porém, após a suaexpulsão do Brasil, partiram para suas colônias nas Antilhas e lá implantaram umaprodução açucareira que passou a concorrer com a brasileira. Como os holandesespossuíam mais capital e técnica superior, conseguiram produzir um açúcar de melhorqualidade, além de vendê-lo na Europa a um preço mais baixo do que o brasileiro.

Com isso, a exportação açucareira do Brasil entrou numa crise progressiva, apartir das últimas décadas do século XVII. A decadência dos senhores de engenho,por sua vez, prejudicou a monarquia portuguesa, pois provocou uma diminuiçãosignificativa na arrecadação dos impostos por ela cobrados de sua colônia brasileira.

A solução encontrada por Portugal para superar essa crise econômica foi oincentivo às expedições de busca de metais preciosos em direção ao interior doBrasil. Como veremos, esse movimento de expansão contribuiu para o alargamentodo território sob o domínio português, acabando por incorporar a região que hojecorresponde ao estado de Mato Grosso do Sul.