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147 Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 29, n. 2, p. 147-163, jan. 2008 EFEITO DE BEBIDA ESPORTIVA CAFEINADA SOBRE O ESTADO DE HIDRATAÇÃO DE JOGADORES DE FUTEBOL ANA PAULA MUNIZ GUTTIERRES Departamento de Nutrição e Saúde, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde – Universidade Federal de Viçosa (UFV) E-mail: [email protected]. KAROLINA GATTI Departamento de Nutrição e Saúde, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde – Universidade Federal de Viçosa (UFV) E-mail: [email protected] JORGE ROBERTO PERROUT LIMA Faculdade de Educação Física e Desportos da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) E-mail: [email protected] ANTÔNIO JOSÉ NATALI Departamento de Educação Física, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde – Universidade Federal de Viçosa (UFV) E-mail: [email protected] RITA DE CÁSSIA GONÇALVES ALFENAS Departamento de Nutrição e Saúde, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde – Universidade Federal de Viçosa (UFV) E-mail: [email protected] JOÃO CARLOS BOUZAS MARINS Departamento de Educação Física, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde – Universidade Federal de Viçosa (UFV) E-mail: [email protected] RESUMO O consumo de bebidas esportivas acrescidas ou não de cafeína tem sido usado por atletas com o objetivo de melhorar o desempenho esportivo. O objetivo deste estudo foi comparar o efeito do consumo da bebida esportiva cafeinada (BEC) em relação à bebida carboidratada comercial (BCC) sobre o balanço hídrico de jogadores de futebol. Em uma partida ingeriram BEC e em outra, BCC, consumindo 5 ml.kg -1 de massa corporal (MC) 20 minutos antes da

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    EFEITO DE BEBIDA ESPORTIVA CAFEINADASOBRE O ESTADO DE HIDRATAO DE

    JOGADORES DE FUTEBOL

    ANA PAULA MUNIZ GUTTIERRESDepartamento de Nutrio e Sade, Centro de Cincias Biolgicas e da Sade

    Universidade Federal de Viosa (UFV)E-mail: [email protected].

    KAROLINA GATTIDepartamento de Nutrio e Sade, Centro de Cincias Biolgicas e da Sade

    Universidade Federal de Viosa (UFV)E-mail: [email protected]

    JORGE ROBERTO PERROUT LIMAFaculdade de Educao Fsica e Desportos da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

    E-mail: [email protected]

    ANTNIO JOS NATALIDepartamento de Educao Fsica, Centro de Cincias Biolgicas e da Sade

    Universidade Federal de Viosa (UFV)E-mail: [email protected]

    RITA DE CSSIA GONALVES ALFENASDepartamento de Nutrio e Sade, Centro de Cincias Biolgicas e da Sade

    Universidade Federal de Viosa (UFV)E-mail: [email protected]

    JOO CARLOS BOUZAS MARINSDepartamento de Educao Fsica, Centro de Cincias Biolgicas e da Sade

    Universidade Federal de Viosa (UFV)E-mail: [email protected]

    RESUMO

    O consumo de bebidas esportivas acrescidas ou no de cafena tem sido usado por atletascom o objetivo de melhorar o desempenho esportivo. O objetivo deste estudo foi comparar oefeito do consumo da bebida esportiva cafeinada (BEC) em relao bebida carboidratadacomercial (BCC) sobre o balano hdrico de jogadores de futebol. Em uma partida ingeriramBEC e em outra, BCC, consumindo 5 ml.kg-1 de massa corporal (MC) 20 minutos antes da

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    partida e 3 ml.kg-1 de MC nos tempos 0, 15, 30 e 45 de cada tempo de jogo. Utilizou-se otest t de Student pareado para verificar as diferenas entre os perodos e antes e pstratamento. Foi utilizado ANOVA com dois fatores para medidas repetidas complementadapelo teste post hoc de Tukey. Foi considerado o nvel de significncia de p < 0,05. Os trata-mentos diferiram significantemente; BEC promoveu maior percentual de perda de peso cor-poral, grau de desidratao, desidratao relativa, desidratao absoluta e maior taxa desudorese. No houve diferena estatstica na quantidade de urina produzida durante o jogo.A ingesto de BEC resultou na reposio de fluido significantemente menor (75,0 13,3%)que em BCC (82,5 13,7%). Apesar de BEC ter promovido um maior impacto sobre osparmetros de desidratao em relao BCC, fisiologicamente, BEC mostrou-se segurapara ser adicionadas em bebidas para atletas.

    PALAVRAS-CHAVE: Sudorese; desidratao; cafena; performance humana.

    INTRODUO

    O principal objetivo de uma bebida esportiva repor os fluidos corporaisperdidos no suor e fornecer substrato energtico, representado normalmente pe-los carboidratos (SHI; GISOLFI, 1998). Uma vez ingerida, a reidratao dependenteda velocidade do esvaziamento gstrico e da absoro intestinal (LEIPER et al., 2001).Uma bebida esportiva deve possuir algumas caractersticas tais como: quantidadede carboidratos apropriada, temperatura e sabor agradvel e pequena quantidadede sdio visando aumentar a palatabilidade, a reteno hdrica, estimular a sede eprevenir hiponatremia em indivduos susceptveis (CASA et al., 2000).

    As pesquisas sobre hidratao so freqentemente conduzidas envolvendoa participao de atletas, que praticam esportes cclicos como corrida, ciclismo enatao, em comparao aos esportes acclicos, como o futebol, voleibol e basque-tebol, por exemplo. Essa condio decorrente, provavelmente, das caractersti-cas dos esportes acclicos que dificultam o controle das condies experimentaisem virtude das diferentes condies tticas e tcnicas a que esses esportes estosubmetidos. Essas variveis de difcil controle podem limitar a interpretao dosdados e criar algumas dificuldades metodolgicas.

    A bebida supostamente ideal para a reposio de fluidos durante o exercciointermitente com mais de uma hora de durao, como o futebol, deve possuirosmolalidade entre 250 e 370mOsmol/kg (SHI; GISOLFI, 1998), conter pelo menosdois monossacardeos, especificamente, glicose e frutose (idem, ibidem; CASA et al.,2000), sendo a ltima limitada a 2-3% j que concentraes maiores podem causardesconforto intestinal (idem). Alm disso, esta deve conter sacarose ou outrodissacardeo e polmero de glicose (maltodextrina), numa concentrao mxima decarboidratos equivalente a 5-7% (SHI; GISOLFI, 1998).

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    Bebidas esportivas carboidratadas podem poupar o glicognio muscular eheptico podendo, com isso, contribuir para o aumento de performance (MAUGHAN;LEIPER, 1994; SHI; GISOLFI, 1998; GUERRA et al., 2004). Tais bebidas podem atenuar adepleo de carboidratos, a elevao da temperatura corporal, a perda de volumeplasmtico, podendo, assim, retardar o aparecimento dos sintomas de fadiga(SHIRREFFS, 2003). Esses benefcios so de grande importncia no futebol, principal-mente em partidas que apresentam prorrogao do tempo de jogo. Alm disso,nas categorias de base existem campeonatos que so caracterizados por jogos su-cessivos, em dias consecutivos ou, ainda, por mais de uma partida por dia. Assim, oconsumo de bebidas esportivas pode contribuir para um menor desgaste fsico e/ou facilitar a recuperao do atleta.

    Recentemente, uma srie de novos elementos vem sendo adicionada sbebidas oferecidas aos atletas, tais como: aminocidos de cadeia ramificada (WATSON;SHIRREFFS; MAUGHAN, 2004; NAGATOMI et al., 2005; MATSUMOTO et al., 2004), glicerol(HITCHINS et al., 1999; KAVOURAS et al., 2005) e cafena (KOVACS; JOS; BROUNS, 1998;YEO et al., 2005; TURLEY; GERST, 2006).

    As pesquisas conduzidas especificamente para avaliar os efeitos da ingestode cafena na performance de esportes coletivos so escassas (STUART et al., 2005;SCHNEIKER et al., 2006). At o presente momento, no temos conhecimento deestudos que avaliaram o impacto da ingesto de bebidas esportivas cafeinadas so-bre o estado de hidratao de jogadores de futebol. Em pesquisa realizada em 3 demaio de 2007, no Pubmed Medline, utilizando as palavras-chave caffeine soccer,sport drink caffeine e sport drink soccer, foram encontrados somente 26 artigos.Em nenhum dos artigos encontrados foi avaliado o efeito da cafena em bebidascarboidratadas durante a realizao de uma partida de futebol.

    Vrios autores relataram o potencial ergognico da cafena em provas delonga durao (COX et al, 2002; BELL; MCLELLAN, 2002; TURLEY; GERST, 2006) etambm na execuo de habilidades especficas de esportes coletivos (STUART et al.,2005; SCHNEIKER et al., 2006). A utilizao dessa substncia tem gerado uma sriede dvidas acerca da sua possvel ao diurtica, uma vez que pode acarretar au-mento no volume de urina e, portanto, uma maior perda hdrica, o que poderiaafetar negativamente a performance. Contudo, Wemple, Lamb e Mckeever (1997)no confirmam a ocorrncia desse efeito durante o exerccio.

    Diante disso, torna-se importante averiguar o efeito da cafena adicionada sbebidas na performance esportiva, sendo necessrio compreender seu impacto sobreo balano hdrico desses atletas, em funo da importncia da manuteno dosfluidos corporais para a execuo de exerccios de alta intensidade.

    Assim, o objetivo foi comparar o efeito do consumo da bebida esportiva

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    cafeinada (BEC) ante a bebida carboidratada comercial (BCC) sobre o balano hdricode jogadores de futebol durante uma situao semelhante de jogo seguindo oprotocolo de hidratao programado.

    MATERIAIS E MTODOS

    Amostra

    A amostra foi constituda por 20 jogadores de futebol da categoria Jnior queparticipam regularmente de competies da Federao Mineira de Futebol em Mi-nas Gerais (Brasil). Habitualmente, a freqncia de treinamento desses atletas cor-respondia a quatro sesses semanais com durao de quatro horas por sesso.Alm disso, os atletas participavam de uma a duas partidas por semana. Os partici-pantes foram informados verbalmente e por escrito por meio do termo de consen-timento livre e esclarecido que relatava os possveis riscos sade. O estudo foiaprovado pelo Comit de tica em Pesquisas com Seres Humanos da Universida-de Federal de Viosa (MG) (UFV), Brasil, respeitando todos os procedimentos bio-ticos propostos pela resoluo do governo brasileiro supervisionado pelo Conse-lho Nacional de Sade (CNS, n. 196/96).

    O estudo ocorreu na UFV, na cidade de Viosa (altitude de 648,74m), MinasGerais, Brasil. Inicialmente, os jogadores foram submetidos avaliao da compo-sio corporal de acordo com o protocolo de Jackson e Pollock (1978), e do con-sumo mximo de oxignio (VO2 mx.) utilizando-se o protocolo de Cooper de2400m (MARINS; GIANNICHI, 1998). As caractersticas fsicas dos avaliados esto ex-pressas na Tabela 1.

    TABELA 1 CARACTERSTICAS FSICAS DOS AVALIADOS

    Variveis Mdia ( DP) Variao

    Idade (anos) 16,1 0,7 15 - 17

    Peso (kg) 66,6 6,1 55,9 - 79

    Estatura (cm) 174,0 6,9 162 - 186

    E 3 dobras cutneas (mm) 21,5 7,7 11,5 - 35,7Gordura corporal (%)(1) 8,0 2,7 3 - 13.7

    VO2 mximo ml (kg.min)-1(2) 50,1 3,2 44,7 - 56,0

    (1) Protocolo de Jackson e Pollock (1978); dobras = trax, trceps e subescapular.(2) Protocolo de 2400m de Cooper (MARINS; GIANNICHI, 1998).

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    Em uma segunda etapa, foram realizadas as partidas de futebol, que ocorre-ram com um intervalo mdio de 48 horas. O campo no qual foram realizadas taispartidas era de grama natural, com dimenses consideradas oficiais de 98,60m decomprimento por 67,60m de largura. As partidas foram realizadas das 11h00 s13h00.

    Desenho experimental

    Trata-se de um estudo duplo-cego em cross-over. Apenas um avaliador tinhaconhecimento das bebidas que cada equipe consumia. Esse avaliador no partici-pou da coleta dos dados, apenas forneceu as garrafas com as respectivas bebidasaos avaliadores responsveis por cada equipe. Os atletas participaram de duas par-tidas de futebol em dois dias distintos ingerindo em cada situao a BEC ou BCC(7% de carboidratos). Os atletas foram orientados quanto aos alimentos fonte decafena, sendo solicitados a evitar tais alimentos por, no mnimo, 36 horas antes dostestes.

    Vinte minutos antes do jogo os atletas ingeriram 5ml.kg-1 de massa corporal(MC) de fluidos e 3ml.kg-1 de MC a cada 15 minutos de jogo, iniciando a ingestono tempo zero (imediatamente antes de comear cada tempo de jogo). Cada joga-dor possua 9 garrafas individuais (1 garrafa com 5ml.kg-1 de MC e 8 com 3ml.kg-1

    de MC) e eles foram instrudos a consumir todo o contedo de suas respectivasgarrafas. Para cada par de jogadores havia um avaliador para monitorar a ingestono tempo estipulado e de forma correta. A ingesto de cafena variou de acordocom a ingesto de lquidos baseada na MC. Assim, o jogador que ingeriu menor emaior quantidades de cafena foi, respectivamente, 6,9 e 7,6mg.kg-1 de MC, o quecorrespondeu a uma ingesto mdia de 7,3 0,1mg.kg de MC. O experimentoocorreu no ms de agosto (inverno no Brasil) e a temperatura e a umidade relativa(UR) do ambiente foram registradas a cada 5 minutos. Nos dias BEC e BCC ascondies ambientais eram, respectivamente: 32,0 3,57oC e 47,8 8,6 UR;32,4 4,8oC e 46,0 11,2 UR.

    Bebidas esportivas

    Foram oferecidas durante o estudo dois tipos de bebidas. Uma era a BEC,cuja formulao foi desenvolvida pelos autores, e outra bebida carboidratadacomercializada no mercado nacional (BCC). A composio da BEC para cada litrofoi 7% de carboidratos, 3,3g de mix de microelementos e cafena (Mix M. Cassab,referncia UFV 4228) (632mg de sdio, 303mg de clcio, 72mg de potssio, 28mcgde selnio, 872mg de cloreto, 57mg de fsforo, 100mg de vitamina C, 27UI de

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    vitamina E, 250mg de cafena e 4g de cido ctrico). A BCC continha 7% decarboidratos, 460mg de sdio, 424mg de cloro, 218mg de magnsio, 120mg depotssio, 12mg de ferro, 6mg de zinco, 1,92mg de mangans, 758mcg de cobre,38mcg de molibdnio, 30mcg de cromo, 28mcg de selnio e 70mg de vitamina C.

    Estado de hidratao

    Para a verificao do estado de hidratao dos participantes, foram avaliadosos seguintes parmetros: o peso corporal, a desidratao relativa e absoluta, o graude desidratao, a taxa de sudorese e a densidade da urina. Tais parmetros foramavaliados conforme descrio a seguir.

    Peso corporal, desidratao relativa e absoluta

    O peso corporal foi aferido utilizando uma balana digital, com acurcia de100g (Soehnle, modelo 7820.21, Asimed S.A., Barcelona, Espanha). O registro dopeso corporal permitiu o acompanhamento da desidratao do atleta, tanto deforma relativa (obtida pela subtrao do peso inicial PI menos o peso final PF),como de forma absoluta (obtida pela subtrao do valor obtido pela soma do PI eda quantidade de lquidos ingeridos LI menos a soma do PF e do volume deurina produzido U), alm de observar o percentual da perda hdrica representadapelo percentual de perda de peso corporal. Assim, as equaes utilizadas para acom-panhar a desidratao foram as seguintes:

    Desidratao relativa = PI PF Desidratao absoluta = (PI + LI) (PF+ U)

    Grau de desidratao

    O grau de desidratao foi calculado pela equao proposta por Burke eHawley (1997): % desidratao = (mudana no peso corporal volume urinriodurante o jogo) / peso corporal inicial x 100.

    Taxa de sudorese

    A taxa de sudorese foi verificada pela equao proposta por Horswill (1998):taxa de sudorese = [(peso inicial peso final) + volume de lquido ingerido (volume urinrio + volume fecal) / tempo de exerccio x 60].

    Essa equao permite a representao da taxa de sudorese em l.h-1 e ml.min-1.

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    Densidade da urina

    A urina pr e ps-jogo foi coletada em bolsa coletora com capacidade de300ml. A densidade da urina (DU) foi determinada por um refratmetro ptico (LFEquipamentos, modelo 107/3, So Paulo, Brasil), que foi calibrado com guadeionizada. A DU foi utilizada como marcador do estado de hidratao.

    Anlise estatstica

    Os dados foram expressos em mdia, desvio-padro ( DP) e taxa de varia-o. Os valores de p 0,05 foram aceitos como estatisticamente significativos. Paraanalisar as diferenas no percentual de perda de peso, grau de desidratao, desi-dratao relativa e absoluta, taxa de sudorese, volume de urina e percentual dereposio foi utilizado o Teste t de Student pareado. Para analisar as diferenasentre as mdias de peso corporal, densidade da urina, freqncia cardaca, ndicede percepo do esforo foi utilizado Anova com dois fatores para medidas repeti-das complementada pelo Teste post hoc de Tukey. Anlises de correlao entre asvariveis foram feitas usando o modelo de correlao de Pearson. Os dados foramanalisados pelo programa Statistica verso 6.0.

    RESULTADOS

    Na Tabela 2 esto expressos os comportamentos das variveis relacionadasao balano hdrico dos jogadores com o decorrer da partida.

    Os jogadores no apresentaram diferena na MC antes das duas partidas(BEC = 67,4 5,8kg, 67,3 5,9, p > 0,557). Comparando o perodo ps-jogoentre BEC e BCC, observa-se que em ambas as situaes houve reduo da MCaps as partidas, entretanto, houve uma tendncia da BEC em promover maiorperda de MC no final da partida, tanto em valores absolutos (BEC = 66,5 5,9kg,BCC = 66,7 6,0kg), quanto relativos (BEC = 1,4 0,6%, BCC = 1,0 0,6%).

    Houve diferena significativa entre os tratamentos quanto a desidratao;com BEC, os atletas concluram a partida mais desidratados do ponto de vista dograu de desidratao (BEC = 1,1 0,7%, BCC = 0,7 0,6%, p = 0,018),desidratao relativa (BEC = 0,9 0,4kg, BCC = 0,7 0,4kg, p = 0,005) eabsoluta (BEC = 2,7 0,4kg, BCC = 2,4 0,4, p = 0,017) e tambm na taxa desuor produzida, BEC promoveu maior taxa de sudorese (BEC = 1,6 0,2l.h-1,BCC = 1,5 0,2l.h-1). A Figura 1 ilustra o grau de desidratao apresentado pelosjogadores durante a partida.

    No houve diferena estatisticamente significante entre a quantidade de uri-na produzida durante o jogo nos diferentes tratamentos (BEC = 236, 4 211,3mle BCC = 211,1 145,4, p = 0,059). No houve diferena nos valores de DU

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    FIGURA 1: GRAU DE DESIDRATAO DOS JOGADORESAPS A PARTIDA COM A INGESTO DA BEC OU BCC

    TABELA 2 PARMETROS DO BALANO HDRICO DOS JOGADORES

    BEC BEC BCC BCC

    Mdia ( SD) Variao Mdia ( SD) Variao

    Peso antes da partida (kg) 67, 4 5,8 58,1-79,0 67,3 5,9 57,9-79,5

    Peso aps a partida (kg) 66,5 5,9a, b 56,3 77,9 66,7 6,0b 56,9 78,0

    Percentual de perda de peso (%) 1,4 0,6a 0,4-2,2 1,0 0,6 0 -1,9

    Grau de desidratao (%) 1,1 0,7a 0,1-3,0 0,71 0,6 -0,1-1,7

    Ingesto total de fluidos (ml) 1954,6 204,3 1624 232 1954,6 204,3 1,6 2,3

    Desidratao relativa (kg) 0,9 0,4a 0,30 -1,80 0,7 0,4 0,0 -1, 5

    Desidratao absoluta (kg) 2,70 0,4a 1,9-3,4 2,4 0,4 1,8-3,3

    Taxa de sudorese (l.h-1). 1,6 0,2a 1,1 2,0 1,5 0,2 1,1 2,0

    Taxa de sudorese (ml.min.-1) 16,2 2,5a 11-20 14, 3 2,1 10-17

    Sudorese total (l) 2,7 0,5a 1,9-3,4 2,4 0,4 1,8-3,3

    Total de urina (ml) 236,4 211,4 40-920 211,1 145,4 40 540

    Densidade da urina antes (g.ml-1) 1021 4,1 1012-1028 1023 5,9 1011-1033

    Densidade da urina depois (g.ml-1) 1021 8,2 1002-1032 1023 7,3 1010-1034

    Percentual reposio (%) 75,0 13,3a 49,5-97,6 82,5 13,8 64,2-111,5

    BEC = bebida esportiva cafeinada; BCC = bebida carboidratada comercial. Jogo com durao de 100 minutos. a

    Diferena estatstica entre antes e depois do jogo (p =

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    O percentual de reposio de fluidos foi estatisticamente significante (p =0,025), sendo que os atletas sob a ingesto de BEC tiveram uma menor reposiode fluidos (75,0 13,3%) em relao BCC (82,5 13,8 %) executando oprotocolo proposto.

    (Sem a medida do gasto energtico das atividades realizadas, o estudo ficainconsistente, pois se sabe que a taxa de sudorese diretamente proporcional aocalor metablico produzido.)

    DISCUSSO

    No presente estudo, os jogadores perderam em mdia 0,9 0,4kg dopeso corporal (desidratao relativa) e o percentual de desidratao variou de 0,1 a3,0% aps ingesto de BEC. Aps o consumo de BCC, tais jogadores perderam0,7 0,4kg e o percentual de desidratao variou de 0,1 a 1,7%. Observa-se naFigura 1 que sob a ingesto de BEC cerca de 60% dos jogadores obtiveram umpercentual de desidratao superior a 1,01%, enquanto com a ingesto de BCCesse valor foi reduzido para 30% dos atletas para o mesmo grau de desidratao.

    A menor perda de peso no presente estudo pode ser explicada pelo fato deos jogadores terem ingerido as bebidas esportivas seguindo o protocolo de hidrataoprogramado em intervalos regulares, em contraposio aos atletas de Shirreffs et al.(2005), que consumiram bebida esportiva e/ou gua ad libitum. importante ob-servar que tanto no presente estudo, como no estudo de Shirreffs et al. (2005),existiu uma grande variabilidade no percentual de desidratao entre os atletas in-dependente da estratgia de hidratao aplicada. Esses resultados indicam a impor-tncia do desenvolvimento de protocolos de hidratao individualizados, visto queo protocolo adotado no presente estudo (5ml.kg -1 de MC de bebida esportivaingerido 20 minutos antes da partida mais 3ml.kg-1 de MC a cada 15 minutos dojogo), baseado no peso corporal de cada jogador, foi mais efetivo para a manuten-o dos fluidos corporais, em relao ao estudo no qual a ingesto ocorreu adlibitum (SHIRREFFS et al., 2005).

    Guerra (2004) submeteu seus avaliados ao protocolo de hidratao propostopelo American College Sports Medicine (ACSM) (1996) (150ml de fluidos, a cada 15minutos de jogo, mais 300ml no intervalo) e observou perda significante de peso apso jogo, em relao ao momento pr-jogo, em todos os tratamentos: bebidacarboidratada, gua flavorizada e controle. A perda mdia foi de 2,3kg, mostrandoque sob severas condies climticas o protocolo de hidratao do ACSM no efetivo. Para atletas de futebol o presente estudo mostrou que uma ingesto de flui-dos individualizada pode ser mais efetiva para evitar a instalao da hipohidratao.

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    No presente estudo, a desidratao relativa, absoluta e o grau de desidrata-o associados ingesto da BEC foram significantemente mais elevadas. A taxa desudorese total promovida por BEC (2,7 0,5l) foi estatisticamente maior que apromovida pela BCC (2,4 0,4l) e no houve diferena na perda de fluidos pelaurina. Dessa forma, parece que esses resultados so devidos a uma maior taxa desudorese ocorrida em resposta BEC.

    Diferentemente do presente estudo, Kovacs, Jos e Brouns (1998) no en-contraram diferena na perda de suor entre bebidas carboidratadas com diferentesconcentraes de cafena (150, 225 e 320mg.l1) e bebida carboidratada sem cafe-na. O estudo de Falk et al. (1990) tambm no encontrou diferena na perda degua corporal total e na taxa de sudorese em indivduos que se exercitaram de 70a 75% do VO2 mximo aps a ingesto de doses agudas de cafena ou placebo. Adiferena encontrada na taxa de suor pode ser devida ao fato de que as condiesambientais do presente estudo se apresentaram severas (32,04oC e 47,81% UR) ej no estudo de Falk et al. (1990) o ambiente era termoneutro (25oC e 50% UR).Dessa forma, parece que sob severas condies ambientais a cafena pode promo-ver uma maior taxa de sudorese em relao a climas com condies amenas.

    Outra questo que deve ser observada o tipo de atividade. Tanto no estu-do de Kovacs, Jos e Brouns (1998) quanto no de Falk et al. (1990) a atividadeexecutada tinha caracterstica cclica. J no presente estudo, o esporte praticado eraacclico, o que pode ter contribudo para essa diferena na taxa de sudorese aps aingesto de BEC. Assim, parece que o tipo de atividade praticada pode potenciali-zar os efeitos da cafena sobre a taxa de sudorese. Contudo, mais estudos sonecessrios para que se chegue a uma concluso mais precisa a respeito do efeitoda cafena sobre a sudorese. A maior perda de suor ocorrida em BEC pode explicara menor reposio de fluidos em relao BCC.

    A taxa de suor mdia observada foi em BEC de 1,6 0,2l.h-1 ou 16,2 2,5ml.min-1 e em BCC de 1,6 0,2l.h-1 ou 14, 3 2,1ml.min-1. A taxa de sudoresena situao BCC a mesma encontrada no estudo de Shirreffs et al. (2005), no qualos jogadores apresentaram uma taxa de suor mdia exatamente de 1,46 0,24l.h-1

    sob a ingesto de bebidas carboidratadas e/ou gua. Em outros esportes coletivostambm foram observadas taxas de sudorese prximas do valor apresentado nopresente estudo. Vimeiro-Gomes e Rodrigues (2001) registraram taxa de suor emjogadores de vlei durante o treino de 15,1 4,6ml.min-1. Assim, apesar da especi-ficidade de cada esporte, a caracterstica intermitente presente na maioria do esportescoletivos pode explicar a semelhana na taxa de suor produzida pelos atletas.

    O volume total de suor apresentado pelos atletas no presente estudo foimais elevado (BEC=2,7 0,4l; BCC=2,4 0,4l) do que o do estudo de Shirreffs

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    et al. (2005), que foi de 2,2 0,4l (1,7-3,1l). Essa diferena pode ter ocorrido pelofato de os atletas do estudo de Shirreffs et al. (2005) realizarem 90 minutos detreinamento e no uma partida de futebol na ntegra. J a taxa de suor do estudo deAragon-Vargas et al. (2005) foi de 4.448 1.216ml (2.950-6.224ml). Em virtudedas semelhantes condies ambientais entre o presente estudo e o de Aragon-Vargas et al. (2005), a diferena na taxa de sudorese pode ser devida a vrios outrosfatores, como as diferenas individuais, diferenas na intensidade do exerccio, esta-do de aclimatizao, roupas, nvel basal de hidratao (CASA et al., 2000) e formasde hidratao (ad libitum ou programada).

    A produo de urina no diferiu entre os tratamentos, mostrando que acafena presente em BEC no foi capaz de aumentar a diurese. Em consenso como presente estudo, Wemple, Lam e Mckeever (1997) estudaram o efeito de umabebida esportiva hidroeletroltica carboidratada (Plac) sobre a diurese, comparadacom outra bebida com as mesmas caractersticas, porm acrescida de cafena (CAF),em situao de repouso e de exerccio. Foi observado que em repouso CAF pro-moveu maior diurese (1843 166ml) do que Plac (1.411 181ml).

    J durante o exerccio, a diferena entre CAF (398 32ml) e Plac (490 57ml) no foi significativa. Kovacs, Jos e Brouns (1998) tambm no observaramdiferenas no volume de urina produzido quando diferentes concentraes de ca-fena foram adicionadas a bebidas e carboidratadas, ingeridas durante o exerccio.Os autores de ambos os estudos propuseram que a maior liberao de catecolaminasdurante o exerccio pode ter contraposto ao efeito diurtico observado no repou-so. Adicionalmente, as catecolaminas podem ser capazes de promover uma maiorabsoro de sdio e cloro nos tbulos renais proximais e distais por afetar oshormnios antidiurtico e/ou aldosterona, resultando em conservao de gua(BELLO-REUSS, 1980). Assim, parece que durante o exerccio a cafena no exerceseu papel diurtico, no promovendo efeitos prejudiciais a um satisfatrio estadode hidratao.

    O volume de urina produzido (Tabela 2) pelos jogadores do presente estudoapresentou valores superiores aos dos atletas do estudo de Aragon-Vargas et al.(2005), que produziram 82 119ml (0-512ml) sob ingesto de fluidos ad libitumdurante a partida. Esse maior valor apresentado no presente estudo pode ser expli-cado pela menor necessidade dos jogadores em preservar gua corporal, fato quepode ser explicado pela menor perda de peso corporal e menor percentual dedesidratao atingido por esses jogadores, em relao queles alcanados pelosatletas do estudo de Aragon-Vargas et al. (2005) (perda de peso corporal 2.58 0.88kg; percentual de desidratao 3.38 1.11 %). Parece que o corpo sofreadaptao medida que o nvel de desidratao aumenta com o objetivo de con-

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    servar gua corporal para compensar o processo agudo de desidratao. Assim,como o percentual de desidratao atingido pelos atletas no presente estudo foiinferior ao do estudo de Aragon-Vargas et al. (2005), no houve a necessidade deque o corpo desses indivduos se adaptasse para manter os nveis dos fluidos corpo-rais adequados, o que pode explicar uma maior produo de urina.

    Considerando os valores de DU pr-jogo, 55,6% dos jogadores em BEC e83,3% em BCC iniciaram a partida hipohidratados (DU > 1.020g.ml-1), segundoCasa et al. (2000). Esse resultado est de acordo com o do estudo de Guerra(2004), que verificou a ocorrncia de valores de DU pr-jogo acima de 1.021g.ml-1,em todos os participantes de sua pesquisa. No entanto, esse resultado diverge doresultado do estudo de Aragon-Vargas et al. (2005), no qual os atletas iniciarambem hidratados 1.018 0.008g.ml-1. O fato de a grande maioria dos atletas apre-sentarem valores basais de DU que representam um estado de hipohidratao mais um argumento que refora a falta de aconselhamento desses atletas a respeitode estratgias efetivas de hidratao aps jogos e treinos, para evitar-se um estadode hipohidratao crnica.

    A DU aps cada tratamento no demonstrou diferena estatisticamentesignificante entre as bebidas. Para alguns autores a mudana no peso corporal considerada um instrumento de maior acurcia na avaliao do estado de hidratao(VERSEY et al., 2006). Assim, a maior perda de massa corporal dos atletas em BECsugere que eles estavam mais desidratados e, por isso, deveriam apresentar maio-res valores de DU. Contudo, os ndices urinrios, como a DU, parecem identificarmudanas no status de desidratao mais acuradamente durante desidratao pro-longada do que em desidratao aguda, como o caso do presente estudo.

    Mudanas pequenas no peso corporal, como, por exemplo, 1% de desidra-tao, so mais adequadamente avaliadas por meio da osmolaridade plasmtica(POPOWSKI et al., 2001). Com a ingesto aguda de fluidos, como ocorre no presenteestudo, os rins no so capazes de regular efetivamente a absoro de gua, pro-movendo excessiva filtrao glomerular, mascarando, dessa forma, o real nvel dedesidratao dos atletas quando esse avaliado por meio de ndices urinrios (idem).Mais estudos devem ser conduzidos para avaliar o estado de hidratao dos atletassob ingesto aguda de fluidos, utilizando os diferentes meios de verificao(osmolaridade e densidade da urina, osmolaridade do plasma, gua corporal total,peso corporal e outros).

    Visto que a hipohidratao parece potencializar os efeitos do estresse trmi-co e prejudicar severamente a capacidade dos indivduos em tolerar o exerccio(CHEUNG; MCLELLAN; TENAGLIA, 2000), deve-se considerar que tal condio umfator que predispe o organismo ocorrncia de leses pelo calor, principalmente

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    quando exerccio prolongado executado em ambientes de alta temperatura (COYLE,2004). No presente estudo, o estado de hipohidratao dos jogadores, conside-rando os valores de DU antes dos jogos, era bastante variado. Os atletas apresenta-ram casos extremos de boa hidratao (BEC = 1,012g.ml-1; BCC = 1,011g.ml-1) ecasos que apontaram um quadro de desidratao significante (BEC = 1,028g.ml-1)e desidratao severa (BCC = 1,033g.ml-1). Assim, estratgias efetivas e individua-lizadas de hidratao aps treinos e jogos so importantes, para que o indivduorestabelea o balano dos fluidos corporais, no permitindo a instalao de umquadro crnico de hipohidratao que comprometa sua performance esportiva.

    O presente estudo possui algumas limitaes metodolgicas, como a dife-rena apresentada nas concentraes dos compostos constituintes de cada formu-lao. Assim, os efeitos promovidos na desidratao no deve ser atribudo exclusi-vamente presena ou no de cafena na formulao, mas s bebidas consumidas,BEC ou BCC. Outra limitao que a ingesto de fluidos foi baseada na MC, va-riando, tambm, a quantidade de cafena consumida por cada atleta. O jogadormais leve consumiu 1,68l de bebida, o que correspondeu a uma ingesto de cafenade 6.9mg.kg-1de MC e o mais pesado consumiu 2,32l, o que correspondeu a7,6mg.kg-1de MC.

    Diante dos aspectos apresentados, imprescindvel que tcnicos,preparadores fsicos e atletas tenham conhecimento da composio das bebidasesportivas, para que possam escolher aquelas que proporcionam melhor disponibi-lidade de fluidos, buscando evitar os sintomas da desidratao, visto que as oportu-nidades de ingesto de fluidos durante a partida so escassas. Apesar de a BEC(75,0%) ter promovido uma menor reposio de fluidos em relao BCC (82,5%),ainda assim apresentou uma reposio satisfatria quando comparada ingesto adlibitum (SHIRREFFS et al., 2005). Como o impacto da BEC no balano hdrico foiaceitvel torna-se indispensvel a realizao de estudos que visem verificar os efei-tos ergognicos de bebidas esportivas cafeinadas sobre o desempenho fsico dejogadores de futebol.

    CONCLUSO

    Comparando o efeito das duas bebidas sobre o balano hdrico dos jogado-res, apesar de a BEC ter promovido uma maior perda de peso corporal, maiorpercentual de desidratao e maior taxa de sudorese, ainda assim o protocolo dehidratao estipulado foi eficaz para promover nveis de reposio hdrica satisfatriosao estado saudvel. A bebida cafeinada no promoveu diurese durante o exerccio,sendo vivel o consumo de BEC para que o atleta possa usufruir de seus possveis

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    efeitos ergognicos tanto por sua capacidade de repor fluidos e eletrlitos comopela presena da cafena em sua composio.

    Effect of a caffeinated sports drink on thehydration status of Brazilian soccer players

    ABSTRACT: The consumption of sports drinks with or without caffeine has been used by athletesfor improving sport performance.The purpose of this study was to compare the effect of theconsumption of a caffeinated sports drink (CSD) and of a commercial carbohydrate drink(CCD) on soccer players hydration balance. In one game they ingested CSD, and in the otherCCD, consuming 5 ml.kg-1 of body weight (BW) 20 minutes before the game started, and 3ml.kg-1 of BW at 0, 15, 30 e 45 minutes after the beginning of the game. The test used is tStudent paired to verify the differences between periods and before and after treatment.ANOVA Two Way was used with for repeated measures supplemented by the Tukey post hoctest. Study treatments differed significantly; CSD led to greater rates of body weight loss,dehydration degrees, relative dehydration, absolute dehydration, and sweating. There was nostatistical difference in the amount of urine eliminated during the game. CSD ingestion led tosignificantly lower fluid replenishment (75,0 13,3%) than CCD consumption (82,5 13,7%). Although BEC had a greater impact on the parameters of dehydration on the BCC,physiologically it has proven to be safe when added to athletes beverages.KEY WORDS: sweating; dehydration; caffeine; human performance.

    Efecto de una bebida deportiva con cafena sobrela hidratacin en jugadores brasileos de ftbol

    RESUMEN: Las bebidas deportivas acrecidas (o no) de cafena son consumidas por atletascon el objetivo de mejorar su desempeo deportivo. El objetivo de este estudio fue comparar elefecto del consumo de una bebida deportiva con cafena (BDC) frente a una bebida comer-cial con carbohidrato (BCC) sobre el equilibrio hdrico de jugadores de ftbol. En un partidoellos ingirieron BDC y en otro BCC, consumiendo 5 ml.kg-1 de masa corporal (MC) 20 minu-tos antes del partido y 3 ml.kg-1 de MC al empezar , o sea, a lo cero, 15, 30 y 45 minutos decada tiempo del partido. La prueba utilizada fue la t de Student emparejados para verificarlas diferencias entre los perodos, as como antes y despus del tratamiento. Se utiliz ANOVAcon dos factores de medidas repetidas complementado por test post hoc de Tukey. Las bebi-das presentaron diferencias significativas; BDC caus mayor porcentaje de prdida de MC,grado de deshidratacin, deshidratacin relativa, deshidratacin absoluta y mayores sudores.No hubo diferencia estadstica en la cantidad de orina producida durante el partido. El con-sumo de BDC result en reposicin de fluidos significantemente menor (75,0 13,3%) queen BCC (82,5 13,7%). A pesar de BDC haber promocionado un mayor impacto sobre losparmetros de la deshidratacin en el BCC, fisiolgicamente, BDC se mostr ms seguropara ser aadido a las bebidas para deportistas.PALABRAS CLAVES: sudores; deshidratacin; cafena; desempeo humano.

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    Recebido: 31 maio 2007Aprovado: 10 set. 2007

    Endereo para correspondnciaAna Paula Muniz Guttierres

    Av. Antnio Guimares Peralva, 26 Barbosa LageJuiz de Fora-MGCEP 36085-170