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DOMINGO, 1 DE JANEIRO DE 2012 Especial Russos enfrentam (e aproveitam) seu inverno rigoroso P. 6 Economia e Mercado Sôtchi-2014 sai caro para a Rús- sia, mas deixará legado à cidade P.5 Política e Sociedade Repressão policial não impe- de flashmobs por todo o país P.3 Publicado e distribuído com The New York Times (EUA), The Washington Post (EUA), The Daily Telegraph (Reino Unido), Le Figaro (França), La Repubblica (Itália), El País (Espanha), Folha de S.Paulo (Brasil), The Economic Times (Índia), Clarín (Argentina), Süddeutsche Zeitung (Alemanha), The Yomiuri Shimbun (Japão) e outros grandes diários internacionais gazetarussa.com.br PRODUZIDO POR RUSSIA BEYOND THE HEADLINES NOTAS Empresários russos e brasileiros se reuni- ram no final de 2011 na Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janei- ro) para o seminário “Oportunidades para o desenvolvimento dos negócios entre Rús- sia e Brasil”. Com a participação de repre- sentantes do Vnesheconombank – equiva- lente ao BNDES russo – e da Transpetro, maior construtora de navios do mundo, o seminário teve como objetivo aprofundar as relações comerciais entre os países. Ape- sar das dificuldades, Brasil e Rússia já fe- charam alguns negócios, como lembrou Andrei Budaev, cônsul-geral do país no Rio de Janeiro, durante a abertura do se- minário. “Gazprom e Petrobras já estão definindo acordos de cooperação em pes- quisa de petróleo e gás”, exemplificou. Para o presidente da Câmara Brasil-Rússia, Gil- berto Ramos, os dois países ainda não se tornaram grandes parceiros comerciais principalmente por causa do desconheci- mento mútuo.“Trabalho com a Rússia desde 1988, mas ainda não vejo uma estratégia de comunicação institucional contunden- te”, disse Ramos. “A demanda do merca- do energético não está sendo atendida, ainda há quase 60% do mercado vago”, concluiu o diretor do GCE Group, Dmítri Lobkov. Leia mais na página 3. Fabricio Yuri Gazprom e Petrobrás prontas para acordo Quem entrou entre abril e maio de 2011 em um dos trens expressos que viajam a cada meia hora para os três prin- cipais aeroportos da capital russa – Sheremêtievo, Domo- dêdovo e Vnúkovo - pôde as- sistir, durante boa parte do percurso, a vídeos de promo- ção turística do Brasil nas TVs ali instaladas. A veiculação do material foi Milhares de vídeos e denún- cias – mais exatamente 7.778 só no site colaborativo Mapa das Fraudes - entupiram a in- ternet no dia das eleições par- lamentares, em 4 de dezem- bro. As imagens mostravam desde canetinhas que se apa- gavam nas seções eleitorais até mesários preenchendo cé- dulas para o partido domi- nante Rússia Unida. Desde então, quatro manifes- tações já foram organizadas na capital russa pela anula- ção das eleições. Mas, enquan- to os manifestantes não têm suas demandas efetivadas, as respostas do governo às mo- vimentações têm agravado ainda mais a situação, com de- tenções massivas e declara- ções despropositadas. Destino Brasil Mesmo sem sucesso em voos diretos entre países, agências não desistem de turistas russos Eleições parlamentares Pouca atenção do governo a pedidos de anulação impulsionou ainda mais protestos Desde o início de 2011, quando foi estabelecido - e descontinuado - um voo direto entre Moscou e Rio de Janeiro, setores público e privado brasileiros querem atrair o turista russo. Depois de presidente dizer que vídeos de fraudes não eram confiáveis e primeiro- ministro que governos estrangeiros financiavam manifestantes, mais russos aderiram a demonstrações. parte de uma ação da em- baixada brasileira na Fede- ração Russa e premiou cinco russos com passagens aére- as e estadia em Fortaleza (CE), com direito a acompanhante. “Esses trens carregam lite- ralmente milhões de passa- geiros toda semana e são exa- tamente nosso público alvo, ou seja, pessoas que viajam de avião, pela razão que seja - passeio, trabalho etc.”, ex- plica o segundo secretário da embaixada, Danilo Teófilo. Como parte da campanha, nos seis primeiros meses do ano foram criados websites, implementadas ações publi- citárias e realizado um even- to de encerramento em um Russos na mira do turismo brasileiro Rússia ainda está longe no ranking de países que mais enviam turistas para o Brasil, mas a procura é crescente Quarta manifestação, na avenida Sakharov reuniu pelo menos 70 mil, segundo monitores independentes. Primeira tinha 5 mil. MARINA DARMAROS GAZETA RUSSA MARINA DARMAROS, VASSÍLI KRILOV GAZETA RUSSA restaurante panorâmico de Moscou. A estudante Elena Gumáro- va, 23, uma das contempla- das, até o ano passado co- nhecia o país só por meio das novelas transmitidas a par- tir dos anos 90 na Rússia. “Talvez tenha sido então que nasceu o sonho de muitos te- lespectadores russos de visi- tarem o ensolarado Brasil”, diz Elena, que levou a irmã Svetlana, 25, como acompa- nhante na viagem. Mercado promissor Com um total anual de cerca de 5 milhões de visitantes, o Brasil conta com a Argenti- na, os Estados Unidos e a Itá- lia como principais emisso- Rússia, porém, não figura no ranking, que lista apenas os 16 maiores emissores mundiais. Mas, no Brasil, tanto a ini- ciativa pública quanto a pri- vada continuam a investir no longínquo mercado russo. CONTINUA NA PÁGINA 4 CONTINUA NA PÁGINA 5 CONTINUA NA PÁGINA 2 ESPECIAL Animador de torcida Medvedev ainda tem muitos desafios para alcançar o car- go de primeiro-ministro EM FOCO Grafite russo em busca de identidade própria Movimento que chegou ao país junto com hip-hop nos anos 90 quer se aperfeiçoar PÁGINA 8 PÁGINA 7 NESTA EDIÇÃO res de turistas para o país, segundo dados do Departa- mento de Polícia Federal e do Ministério do Turismo. Em 2009, segundo relatório conjunto dos dois órgãos, esses países enviaram ao Bra- sil, respectivamente, 25%, 12% e 5% do total de turis- tas recebidos naquele ano. A Novos dezembristas Agricultura Contando com safra recorde de beterraba, país pretende exportar açúcar Indústria açucareira supriu 100% da demanda interna em 2011. Projeção era que país alcançasse 80% do mercado só em 2020, mas ganho de produtividade antecipou a meta. No início de 2011, a Rússia comprava grandes quantida- des de açúcar de Cuba e do Brasil. Maior exportador do produto para o país, o Brasil vendeu para a Rússia, só entre 2010 e abril de 2011, 2,3 mi- lhões de toneladas de açúcar, segundo pesquisa de merca- do do ID Marketing. Atualmente, o país euroasiá- tico é responsável por apenas 2,5% da produção mundial de açúcar, enquanto o Brasil detém 23,5%. Mesmo assim, especialistas do setor acredi- tam que a Rússia poderá pas- sar de importadora a expor- Um doce negócio para Moscou Aumento da produção de beterraba sacarina supriu mercado interno ALEKSÊI KUZMENKO RBC DAILY tadora nos próximos anos. O único impedimento para ampliar o destino do produto russo no mercado internacio- nal, no momento, seria a au- sência da infraestrutura por- tuária necessária. Os países da CEI (Comunidade dos Es- tados Independentes) já come- çaram a ser abastecidos pela indústria açucareira da Rússia. LEGION MEDIA RIA NOVOSTI FABRICIO YURI MICHAEL MORADSOV/FOCUS PICTURES ALAMY/LEGION MEDIA ALEXEY IORSH JAN LIESKE AFP/EAST NEWS Veja slide show em www.gazetarussa.com.br

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Gazeta Russas

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DOMINGO, 1 DE JANEIRO DE 2012

EspecialRussos enfrentam (e aproveitam) seu inverno rigoroso

P. 6

Economia e MercadoSôtchi-2014 sai caro para a Rús-sia, mas deixará legado à cidade

P.5

Política e SociedadeRepressão policial não impe-de flashmobs por todo o país

P.3

Publicado e distribuído com The New York Times (EUA), The Washington Post (EUA), The Daily Telegraph (Reino Unido), Le Figaro (França), La Repubblica (Itália), El País (Espanha), Folha de S.Paulo (Brasil), The Economic Times (Índia), Clarín (Argentina), Süddeutsche Zeitung (Alemanha), The Yomiuri Shimbun (Japão) e outros grandes diários internacionais

gazetarussa.com.br

PRODUZIDO POR RUSSIA BEYOND THE HEADLINES

NOTAS

Empresários russos e brasileiros se reuni-ram no � nal de 2011 na Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janei-ro) para o seminário “Oportunidades para o desenvolvimento dos negócios entre Rús-sia e Brasil”. Com a participação de repre-sentantes do Vnesheconombank – equiva-lente ao BNDES russo – e da Transpetro, maior construtora de navios do mundo, o seminário teve como objetivo aprofundar as relações comerciais entre os países. Ape-sar das di� culdades, Brasil e Rússia já fe-charam alguns negócios, como lembrou Andrei Budaev, cônsul-geral do país no Rio de Janeiro, durante a abertura do se-minário. “Gazprom e Petrobras já estão de� nindo acordos de cooperação em pes-quisa de petróleo e gás”, exempli� cou. Para o presidente da Câmara Brasil-Rússia, Gil-berto Ramos, os dois países ainda não se tornaram grandes parceiros comerciais principalmente por causa do desconheci-mento mútuo.“Trabalho com a Rússia desde 1988, mas ainda não vejo uma estratégia de comunicação institucional contunden-te”, disse Ramos. “A demanda do merca-do energético não está sendo atendida, ainda há quase 60% do mercado vago”, concluiu o diretor do GCE Group, Dmítri Lobkov. Leia mais na página 3.

Fabricio Yuri

Gazprom e Petrobrás prontas para acordo

Quem entrou entre abril e maio de 2011 em um dos trens expressos que viajam a cada meia hora para os três prin-cipais aeroportos da capital russa – Sheremêtievo, Domo-dêdovo e Vnúkovo - pôde as-sistir, durante boa parte do percurso, a vídeos de promo-ção turística do Brasil nas TVs ali instaladas.A veiculação do material foi

Milhares de vídeos e denún-cias – mais exatamente 7.778 só no site colaborativo Mapa das Fraudes - entupiram a in-ternet no dia das eleições par-lamentares, em 4 de dezem-bro. As imagens mostravam desde canetinhas que se apa-gavam nas seções eleitorais até mesários preenchendo cé-dulas para o partido domi-nante Rússia Unida. Desde então, quatro manifes-tações já foram organizadas na capital russa pela anula-ção das eleições. Mas, enquan-to os manifestantes não têm suas demandas efetivadas, as respostas do governo às mo-vimentações têm agravado ainda mais a situação, com de-tenções massivas e declara-ções despropositadas.

Destino Brasil Mesmo sem sucesso em voos diretos entre países, agências não desistem de turistas russos

Eleições parlamentares Pouca atenção do governo a pedidos de anulação impulsionou ainda mais protestos

Desde o início de 2011, quando foi estabelecido - e descontinuado - um voo direto entre Moscou e Rio de Janeiro, setores público e privado brasileiros querem atrair o turista russo.

Depois de presidente dizer que vídeos de fraudes não eram confiáveis e primeiro-ministro que governos estrangeiros financiavam manifestantes, mais russos aderiram a demonstrações.

parte de uma ação da em-baixada brasileira na Fede-ração Russa e premiou cinco russos com passagens aére-as e estadia em Fortaleza ( C E ) , c o m d i r e i t o a acompanhante.“Esses trens carregam lite-ralmente milhões de passa-geiros toda semana e são exa-tamente nosso público alvo, ou seja, pessoas que viajam de avião, pela razão que seja - passeio, trabalho etc.”, ex-plica o segundo secretário da embaixada, Danilo Teó� lo. Como parte da campanha, nos seis primeiros meses do ano foram criados websites, implementadas ações publi-citárias e realizado um even-to de encerramento em um

Russos na mira do turismo brasileiro

Rússia ainda está longe no ranking de países que mais enviam turistas para o Brasil, mas a procura é crescente

Quarta manifestação, na avenida Sakharov reuniu pelo menos 70 mil, segundo monitores independentes. Primeira tinha 5 mil.

MARINA DARMAROSGAZETA RUSSA

MARINA DARMAROS, VASSÍLI KRILOVGAZETA RUSSA

restaurante panorâmico de Moscou.A estudante Elena Gumáro-va, 23, uma das contempla-das, até o ano passado co-nhecia o país só por meio das novelas transmitidas a par-tir dos anos 90 na Rússia. “Talvez tenha sido então que nasceu o sonho de muitos te-lespectadores russos de visi-tarem o ensolarado Brasil”, diz Elena, que levou a irmã Svetlana, 25, como acompa-nhante na viagem.

Mercado promissorCom um total anual de cerca de 5 milhões de visitantes, o Brasil conta com a Argenti-na, os Estados Unidos e a Itá-lia como principais emisso-

Rússia, porém, não � gura no ranking, que lista apenas os 16 ma iores em issores mundiais.Mas, no Brasil, tanto a ini-ciativa pública quanto a pri-vada continuam a investir no longínquo mercado russo.

CONTINUA NA PÁGINA 4

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ESPECIAL

Animador de torcidaMedvedev ainda tem muitos desafios para alcançar o car-go de primeiro-ministro

EM FOCO

Grafi te russo em busca de identidade própriaMovimento que chegou ao país junto com hip-hop nos anos 90 quer se aperfeiçoar

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NESTA EDIÇÃO

res de turistas para o país, segundo dados do Departa-mento de Polícia Federal e do Ministério do Turismo. Em 2009, segundo relatório conjunto dos dois órgãos, esses países enviaram ao Bra-sil, respectivamente, 25%, 12% e 5% do total de turis-tas recebidos naquele ano. A

Novos dezembristas

Agricultura Contando com safra recorde de beterraba, país pretende exportar açúcar

Indústria açucareira supriu 100% da demanda interna em 2011. Projeção era que país alcançasse 80% do mercado só em 2020, mas ganho de produtividade antecipou a meta.

No início de 2011, a Rússia comprava grandes quantida-des de açúcar de Cuba e do Brasil. Maior exportador do

produto para o país, o Brasil vendeu para a Rússia, só entre 2010 e abril de 2011, 2,3 mi-lhões de toneladas de açúcar, segundo pesquisa de merca-do do ID Marketing.Atualmente, o país euroasiá-tico é responsável por apenas 2,5% da produção mundial de açúcar, enquanto o Brasil detém 23,5%. Mesmo assim, especialistas do setor acredi-tam que a Rússia poderá pas-sar de importadora a expor-

Um doce negócio para Moscou

Aumento da produção de beterraba sacarina supriu mercado interno

ALEKSÊI KUZMENKORBC DAILY

tadora nos próximos anos. O único impedimento para ampliar o destino do produto russo no mercado internacio-nal, no momento, seria a au-sência da infraestrutura por-tuária necessária. Os países da CEI (Comunidade dos Es-tados Independentes) já come-çaram a ser abastecidos pela indústria açucareira da Rússia.

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Gazeta Russawww.gazetarussa.com.brPolítica e sociedadenotas

Depois de negociar por 18 anos sua entrada na OMC (Organização Mundial do Comércio), a Rússia final-mente fará parte da associa-ção comercial internacional. A integração à OMC será re-alizada em etapas ao longo de dez anos, mas empresas russas e companhias estran-geiras que trabalham na Rússia já se preparam para a liberalização do mercado e para a redução alfandegá-ria. Em discurso, o presiden-te russo Dmítri Medvedev, ressaltou a importância da conquista.

nikita Dulnev

O bilionário russo Mikhail Prôkhorov, que tem uma for-tuna avaliada pela Forbes em US$ 18 bilhões, foi apro-vado na primeira fase do pro-cesso de registro como can-didato independente à presidência russa. A Comis-são Eleitoral Central regis-trou representantes de um grupo eleitores que indicou Prôkhorov como candidato à presidência.Agora, seguindo a lei eleito-ral russa, o candidato inde-pendente deve recolher um mínimo de dois milhões de assinaturas de apoio até 18 de janeiro. “Quando tomo um decisão, sempre tenho em vista atingir o resultado máximo”, declarou o candidato. Prôkhorov foi nomeado pre-sidente do liberal-democra-ta partido Causa Justa em junho de 2011. Já em setem-bro, porém, devido a um racha no partido entre apoia-dores e opositores do empre-sário, Prôkhorov abandonou a sigla para criar uma nova força política. Nas últimas eleições parlamentares de 4 de dezembro, o Causa Direi-ta obteve menos de um por cento dos votos.

aleksandr Korolkov

rússia irá ingressar na omc

Prôkhorov para presidente

O acidente na plataforma de petróleo russa que naufra-gou no mar de Okhotsk no dia 18 de dezembro resultou em 53 mortes. A plataforma Kólskaia pertence a uma subsidiária da estatal Gaz-prom e estava localizada entre a península de Ka-mtchatka, no Extremo Orien-te russo, e o norte do Japão.Análises iniciais indicam que a estrutura da plataforma foi danificada pelo gelo e por fortes ondas que a desesta-bilizaram. O resgate foi di-ficultado pelas más condi-ções climáticas e ondas de até quatro metros de altura. A investigação deve explicar por que duas horas após o recebimento do sinal de so-corro não foram tomadas as medidas necessárias para o resgate da tripulação.

Vassíli Krilov

somente 14 resgatados no mar de okhotsk

galeria dos conectados

@MedvedevRussia - Dmítri Medvedev, 45 anos, é presidente da Rússia desde 2008 e um dos mais conectados do mundo, com twitter, blog, facebook etc. Tem prometido o cargo de primeiro-ministro a partir de 2012.

@navalny - Aleksêi Naválni, 35, é advogado e blogueiro. Criou um site chamado RosPil pa-ra denúncias e investigação de casos de cor-rupção no país, o que lhe rendeu o apelido de “Julian Assange russo”.

@MD_Prokhorov - Mikhail Prôkhorov, 46, é o 3° empresário mais rico do país no ranking Forbes. Foi líder do partido Causa Direita de junho a setembro de 2011. Quer concorrer às eleições presidenciais de 2012.

@b_nemtsov – Boris Nemtsov, 52, é ex-vice-premiê (1997-1998), organizador dos protestos de dezembro e cofundador do não registrado Partido da Liberdade do Povo. Conhecido por ser preso em todo tipo de manifestação.

Depois das denúncias de frau-de, cerca de cinco mil pesso-as reuniram-se na praça Tchístie Prudi, na capital russa, um dia depois das elei-ções parlamentares do dia quatro de dezembro para pedir sua anulação. A resposta do governo nesse dia foi transmitida por meio da detenção de aproximada-mente 300 pessoas, entre elas Aleksêi Naválni, blogueiro e ativista anticorrupção, e Iliá Iáshin, presidente da coalizão oposicionista Solidarnost. Os dois foram condenados a 15 dias de prisão por desacato a autoridade, ao caminharem de braços dados rumo à manifestação.No mesmo dia, o presidente russo Dmítri Medvedev de-clarou que as denúncias não eram confiáveis. “Assisti a al-guns vídeos que as pessoas subiram na internet. Lá não tem nada”, disse ele numa reunião com partidários do Rússia Unida. “Apesar de que, claro, em caso de frau-de será necessário esclare-cer”, completou.No dia seguinte, aproxima-damente 5 mil se reuniram na P raça do T r iu n fo, onde“nashistas” a juventude pró-governo manifestavam seu apoio a Medvedev e ao pri-meiro-ministro Vladímir Pútin. Mais uma vez, cente-nas de oposicionistas foram det idos por t ropas de choque.

Precavidos e autorizadosO passo seguinte dado pela oposição foi conseguir auto-rização da prefeitura para re-alizar suas manifestações. De-pois de receber críticas até mesmo do ex-prefeito Iúri Lu-jkov, que ocupou o cargo por 20 anos e foi demitido em se-tembro de 2010, a prefeitura de Serguêi Sobiânin conce-

deu permissão para a reali-zação do evento. A localização inicial, porém, planejada para a Praça da Re-volução foi alterada para a Praça Bolôtnaia, mais distan-te do Kremlin. Isso gerou tal-vez o único racha da hetero-gênea oposição: por enquanto Eduard Limonov, líder do par-tido não registrado Outra Rússia levou seus seguidores ao local inicial e deixou de participar das manifestações seguintes. “No protesto do dia 10 nós fizemos nossas demandas, que eram absolutamente mí-nimas. Não tinha ali nada de

absurdo, mas a reação do go-verno é absolutamente ina-dequada, é uma reação de gente assustada, uma coisa, do tipo ‘vamos esperar, de-pois a gente muda tudo’. É claro que isso é enganação”, disse à Gazeta Russa o co-fundador do não-registrado Partido da Liberdade do Povo, Mikhail Kasianov.A manifestação da Praça Bo-lôtnaia reuniu cerca de 50 mil pessoas, no maior protesto da era Pútin. As demandas eram sobretudo pela demissão de Vladímir Tchurov, o presi-dente da Comissão Eleitoral Central, e pela realização de novas eleições. Mas o trata-mento dado aos opositores nos outros eventos também começou a gerar ali a repul-sa dos manifestantes pelo presidente e pelo premiê.Apesar de terminar de ma-neira pacífica e sem detenções,

de acordo com dados oficiais, mais uma vez as reações do governo incitaram a antipa-tia dos manifestantes. Em seu programa anual te-levisionado de respostas às perguntas da população, no dia 16 de dezembro, Pútin disse que partidos de oposi-ção nunca concordam com os resultados das eleições, e o governante Rússia Unida é o mais popular. Além disso, deu a entender que os mani-festantes eram pagos por go-vernos estrangeiros, seguin-do uma declaração de repúdio à não anulação das eleições russas dada pela secretária

de Estado norte-americana Hillary Clinton, e zombou do símbolo dos opositores - uma fita branca. “Para ser since-ro, quando eu vi na televisão aquela coisa no peito de al-guns, sério, é indecente, mas eu achava que era propagan-da da luta contra a Aids, e que aquilo, descuple, eram contraceptivos pendurados”, declarou.

reformas à vistaAntes das últimas movimen-

tações dos opositores, que so-mavam cerca de 72 mil pes-soas, de acordo com monitores independentes, na avenida Sakharov no último dia 24, o presidente Medvedev pro-feriu sua mensagem anual à Assembleia. “O presidente Medvedev reagiu a nossas de-mandas, parte delas reper-cutiu na sua mensagem, e o primeiro-ministro Pútin também falou sobre isso”, disse o deputado Iliá Pono-mariov, um dos organizado-res das manifestações, à Ga-zeta Russa na avenida Sakharov.O discurso de Medvedev foi permeado de referências a futuras reformas, que inclui-riam eleições diretas para governador -hoje o cargo é nomeado pelo presidente -, entre outras mudanças po-líticas. “Por enquanto essa reação ainda é muito fraca, mas com certeza viu-se que causamos impressão. Eles consideravam que ninguém viria, que haveria menos gente, e agora tem três vezes mais gente do que na Praça B olôt n a i a”, c omple t a Ponomariov.Empossada no último dia 21, a nova Duma (câmara dos deputados) continua, apesar de queda nos votos, a ser li-derada pelo Rússia Unida, que detém 238 cadeiras de um total de 450. Uma nova demonstração está progra-mada para fevereiro, caso as demandas da oposição não sejam efetuadas.

reformar para sobrevivercontinuação Da Página 1

medvedev quer reformas na legislação eleitoral depois de três protestos pela anulação de eleições parlamentares

Enquanto os russos se prepa-ravam para votar nas eleições para a Duma (câmara dos de-putados na Rússia) no dia 4 de dezembro, os blogueiros do país tinham maior influência sobre os eleitores de classe média do que os partidos políticos.A discussão ficou menos cen-trada nas alternativas políti-cas oferecidas pelos partidos concorrentes do que nas for-mas de se opor de maneira mais eficaz ao partido gover-nante Rússia Unida.“Isso definitivamente se deve ao fato de muitos cidadãos ur-banos pensarem sobre o que fazer no dia das eleições dian-te da ausência de uma verda-deira escolha entre os parti-dos”, diz a blogueira Marina Litvinovitch. Famosa por sua página no LiveJournal, Litvi-novitch é também uma mar-queteira política renomada que trabalhou para o Kremlin e para partidos da oposição.Hoje, a discussão política se desenrola principalmente nas redes sociais, e seus partici-pantes concordam que o Li-veJournal, o gerenciador de blogs mais popular no país, é a plataforma mais adequada para tal, já que dá a possibi-lidade de publicação de tex-tos longos, fotos e vídeos. É comum que publicações de blogueiros proeminentes virem assuntos explorados pela mídia convencional.

internet Ativistas pregaram voto em qualquer partido que não o do governo

escolhas dos eleitores podem ter sido definidas por campanhas de blogueiros, assim como manifestações subsequentes.

“Esses talentos transforma-ram Aleksêi Naválni no crème de la crème entre os blogueiros russos e, como partido, o Rússia Unida é in-capaz de concorrer com ele e com outras personalidades semelhantes da internet”, diz Múkhin.Formado em direito pela Uni-versidade Russa da Amizade dos Povos e com extensão em Yale, Naválni vai de um ex-tremo a outro: propagador de um movimento anticorrup-ção, ele tem veio nacionalista e fez campanha, durante as eleições parlamentares, para que os eleitores votassem em qualquer outro partido que não o Rússia Unida. A ação tinha por objetivo chamar a atenção ao incontestável con-trole do partido governante sobre a Duma.Boris Nemtsov, ex-vice-pre-miê e agora líder da oposi-ção, pedia em seu blog para que os eleitores anulassem seus votos, dizendo ser essa a única maneira viável de o público registrar seu desdém pela falta de verdadeiras es-colhas políticas. Uma terceira abordagem po-pular, defendida por vários blogueiros de destaque, foi simplesmente ignorar a vo-tação. Fazendo isso – acre-ditavam eles –, a sociedade diminuiria a legitimidade do pleito como um todo.O instituto de pesquisas de mercado ComScore classifi-cou a Rússia como o maior mercado em número de usu-ários de internet dentre os 18 países europeus analisa-dos em setembro, chegando a 50,8 milhões de pessoas (ver mais na página 5). “Cerca de 30 milhões estão conectados a redes sociais e talvez 5% deles acessem blogs sobre política”, diz Morozov. A diminuição do número de cadeiras do Rússia Unida no parlamento pode ser sinto-ma de que a batalha nos blogs deu certo.

Guerra de blogueiros influencia eleições

nabi abDullaeVmoscow news

enquanto premiê zombou de símbolo dos oposicionistas, presidente falou em reformas urgentes

“A reação é muito fraca, mas causamos impressão”, diz o deputado opositor Iliá Ponomariov

“Não são os partidos que competem pelos corações e mentes na internet, e sim in-divíduos”, afirma Aleksandr Morozov, diretor do Centro de Estudos Midiáticos de Moscou e blogueiro.

Aleksêi Múkhin, chefe do Centro de Informações Po-líticas, diz que a comunida-de do LiveJournal atrai bons escritores dispostos a dialo-gar sobre assuntos de inte-resse comum e imediato.

No dia 4 de dezembro, nem haviam começado os traba-lhos nas seções eleitorais quando, às 6h40 da manhã, quando o site da rádio Echo Moskvi saiu do ar. A estação não foi o único alvo de ata-ques naquele dia. Além dela, caíram os sites do jornal on-line Gazeta.ru, do Slon.Ru, da revista Bolshoi Gorod e da The New Times. Em comum, os sites conti-nham links para os também derrubados conteúdos da as-sociação Golos (em russo, a palavra significa “voz” ou “voto”) e da Karta Narushe-ni (“Mapa das Fraudes”), sites criados para denunciar irre-gularidades ocorridas duran-te a eleição legislativa. “Nós, assim como outros co-legas da mídia, reportamos muito ativamente as prepa-rações para as eleições, publi-camos então fraudes ocorri-das, e por isso os fraudadores organizaram o ataque pago”, disse à Gazeta Russa o edi-tor-chefe da Echo Moskvi, Aleksêi Venediktov. Todos os sites paralisados no dia 4 foram alvos de ataques DDoS, recurso empregado ostensivamente no país. Também conhecido como “denial of service attack”, o DDoS consiste na sobregar-

ação consistiu em fazer com que milhares de computadores infectados tentassem acessar os endereços ao mesmo tempo.

ga do servidor de um site. Para efetuar essa sobrecar-ga, hackers infectam milha-res de outros computadores com vírus que os programam para acessar o site atacado simultaneamente.No caso da rádio Echo Moskvi, cerca de 250 mil computado-res acessaram seu site ao mesmo tempo. “Só no meio do dia percebemos o quanto esse ataque era sofisticado. A maior parte dos computado-res usados no ataque estavam no exterior. Em ordem decres-cente, por quantidade de com-putadores infectados, estava em primeiro lugar o Brasil, depois a Índia e a Turquia”, conta Venediktov.O recurso também é um velho conhecido do LiveJournal, a mais utilizada plataforma de blogs russa, que também foi alvo no dia das eleições.“Os ataques DDoS ao Live-Journal iniciados na semana das eleições foram muito mais potentes que os efetuados na última primavera e no verão” diz Ekaterina Pahomchik, porta-voz da SUP - compa-nhia de mídia proprietária da Gazeta.ru e do LiveJournal. “Mas os hackers não estão ata-cando nenhum blogger espe-cífico, e sim o servidor todo, em geral”, completa.“Escrevemos à Procurado-ria Geral, ao comitê inves-tigativo, à administração do presidente e outros ór-gãos, e vamos aguardar os resultados de uma investi-gação paralela”, afirma Venediktov.

sites ligados a monitores são atacados

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GAZETA RUSSAWWW.GAZETARUSSA.COM.BR Política e Sociedade

Em dezembro de 2010, o fo-tógrafo russo Iúri Kôzirev chegou ao Iêmen e se depa-rou com um país à beira do colapso. Pousou na capital Sanaa sem um “� xer”, jar-gão jornalístico para assis-tente local ou intérprete. Va-gando pelas ruas e incapaz de compreender a língua, Kôzirev disse ter trabalhado “na constante iminência do fracasso”.Era um turista estranho e de aparência suspeita. Ainda assim, suas fotogra� as – gru-pos de homens tristes masti-gando khat ao entardecer, mu-lheres nadando com véus e um homem cabisbaixo carregan-do um grande peixe nos om-bros – anunciavam a chegada da guerra civil que em segui-da tomou conta do Iêmen.Em fevereiro de 2011, os edi-tores de Kôzirev na revista Time, onde é fotógrafo con-tratado, deram ordens para que ele partisse rapidamen-te ao Cairo para documen-tar as manifestações na praça Tahrir. De lá, iria para a Líbia, onde permaneceria por aproximadamente dois meses acompanhando os rebeldes que derrubariam Muammar

Retratos da revolução Cobertura no Oriente Médio rendeu dois Bayeux-Calvados e Visa d’Or

Baleado e espancado pela polícia na Líbia, Iúri Kôzirev continua sua longa jornada na carreira de fotorrepórter de guerra, para a qual contribui com lirismo singular.

ANNA NEMTSOVAESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

RAIO XIúri Kôzirev nasceu em Mos-cou, em 1963, e se formou na faculdade de jornalismo da Universidade Estatal de Mos-cou. Em 1986, começou sua carreira como fotojornalista, especializando-se em cobertu-ra de guerra e conflitos na ex-União Soviética. Cobriu ambas as guerras da Tchetchênia, os conflitos do Afeganistão e do Iraque. Viveu em Bagdá entre 2003 e 2009, onde trabalhou como fotógrafo contratado pe-la revista Time. Desde o início de 2011 acompanha a Primave-ra Árabe, viajando pelo Egito, Bahrein, Líbia e Iêmen.

NACIONALIDADE: RUSSO

IDADE: 48 ANOS

FORMAÇÃO: JORNALISTA

Flashmob Manifestações públicas de curta duração geralmente organizadas por meio de redes sociais tomam caráter político no país

Em cinco anos de existência, o coletivo artístico encheu de gatos um McDonald’s de Mos-cou, organizou um banquete em um vagão de metrô, sol-dou placas de aço na entrada do restaurante de um jornalista pró-Kremlin e vestiu um manto clerical por cima de uniformes da polícia.

Voiná mantém ações provocativas

Gadda� . Kôzirev tornou-se um dos cronistas mais � de-dignos dos tumultos no Oriente Médio. Sua reporta-gem, posteriormente publi-cada no livro “The Arab Spring – On Revolution Road” (“Primavera Árabe – Na Estrada da Revolução”, em português), capturou os momentos de ebulição do ano passado no Iêmen, Bahrein, Egito e Líbia.A carreira de Kôzirev come-çou com o colapso da União Soviética, quando começou a fotografar uma sucessão de con� itos na Armênia, Mol-dávia, Tadjiquistão e Geór-gia. Desde então, não parou de registrar con� itos.

Rebelde líbio sobre cano de um tanque destruído em Ajdabiyah, na Líbia, em março de 2011

Fotorrepórter russo é premiado na França por Primavera Árabe

Com apoio do ministério do Desenvolvimento Econômi-co da Rússia, realizou-se no Brasil, de 28 a 29 de novem-bro, um encontro entre em-presários dos dois países que contou com a participação de representantes da Agência de Energia Russa e do ministé-rio da Energia da Rússia, da Gazprom, além de executi-vos de diversas empresas do país. O grupo foi recebido no Brasil pela Firjan (Federa-ção das Indústrias do Esta-do do Rio de Janeiro). Durante a visita, foi realiza-do um fórum empresarial e a apresentação de empresas brasileiras e russas. Essas fa-laram de suas mais recentes conquistas em áreas como consumo inteligente de ener-gia, construção de módulos de energia fotovoltaica, pro-dução de biocombustíveis a partir de matérias-primas di-versas e processamento de gás natural.Um dos importantes resul-tados dos encontros bilate-rais foi o estabelecimento de contatos entre a Agência de Energia Russa e a brasileira Eletrobrás. Ambas reitera-ram a intenção de coopera-ção em e� ciência energética e se mostraram favoráveis a u m m e m o r a n d o d e entendimento. A missão teve também um

Impulso Empresários russos no Rio

encontro muito importante no ministério das Relações Exteriores do Brasil, quan-do se assinalou a necessida-de de elaborar um quadro ju-rídico de cooperação para a modernização econômica dos dois países e memorando de cooperação na área. Foram analisados também os progressos no cumprimen-to das resoluções da 7ª reu-nião da Comissão Rússia-Brasi l de Cooperação Econômica, Comercial, Cien-tí� ca e Tecnológica, realiza-da em Moscou em maio de 2011.O Brasil é um parceiro eco-nômico e comercial muito im-portante para a Rússia, res-ponsável por cerca de 50% do comércio do país com a América Latina. O intercâm-bio comercial entre os dois países deve atingir US$ 7 bi-lhões em 2011. Assim, os dois parceiros estão perto de al-cançar o objetivo � xado por seus governos no aumento do intercâmbio comercial bila-teral para US$ 10 bilhões.

Veronika Nikíchina é diretora do departamento das Américas do Ministério do Desenvolvimento Econômico da Rússia

Energia é tema de encontro no Rio de JaneiroDiscussões sobre cooperação no setor foi um dos assuntos prioritários dos encontros entre estatais e empresários russos e brasileiros.

VERONIKA NIKÍCHINAESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

De espontaneidade a propaganda

nal começou com um caso simples”, conta Dmítri. “Guardas bateram e expul-saram uma menina qualquer, que comia um cachorro-quente em um pátio particu-lar. Depois disso, como ela escrevia suas aventuras no LiveJournal, todos decidiram se vingar por ela. Nós éra-mos muitos, compramos ca-chorros-quentes, fomos até o malfadado pátio e começa-mos a comê-los. Depois de pouco tempo, a menina foi esquecida, mas a ideia de se reunir em determinados lu-gares e fazer algo absurdo agradou”, completa.

Em 2011 foi fundada a pri-meira escola de � ashmob na Rússia. Nela ensina-se a his-tória do � ashmob, técnicas - por exemplo, como fazer a escolha dos locais mais ade-quados e como reunir parti-cipantes para o evento - etc. Professores e advogados dão palestras sobre ações de apoio jurídico, especialistas em re-lações públicas e jornalistas falam sobre métodos adequa-dos de trabalho com a im-p r e n s a e a g ê n c i a s governamentais.Está claro que o � ashmob na sua forma clássica - “diver-são sem sentido” - na Rússia é praticamente impossível. Além dos politic-mobs, nos úl-timos tempos aconteceram vá-rios flashmobs comerciais, onde os participantes anun-ciavam produtos por dinhei-ro. Além disso, a regra núme-ro um, que diz que o � ashmob ideal não deve ser registrado em foto ou vídeos, também parece ter sido esquecida. “Tem gente que chama o � ashmob de ‘zumbi� cante’, mas eu acho que, no mundo de hoje, tudo é ‘zumbi� cado’: os comerciais, a arte, as leis”, arremata Aleksêi.

Pouco tempo antes da Pri-mavera Árabe, ele estava re-tratando a história de pes-soas que escapam das grandes cidades para viver em assen-tamentos na Sibéria. O ci-garro sempre aceso, grandes olhos cheios de vida, viaja de casa em casa, deixando me-mórias aos amigos que faz durante suas viagens. “Iúri elevou o nível das re-portagens sobre con� itos; ele fez com que todos nós repen-sássemos como cobrimos essas histórias”, diz Stanley Greene, colega de Kôzirev na agência de fotogra� a Noor. “Ele é um fotógrafo de guer-ra poético. Suas imagens são cheias de um lirismo e poe-sia que eu nunca tinha visto antes”, completa.Em outubro passado, Kôzi-rev foi o vencedor do pres-tigiado prêmio Bayeux-Cal-vados de Correspondentes de Guerra, levando os títu-los de Melhor Fotógrafo de Guerra e Escolha do Públi-co. Em setembro, foi contem-plado com o prêmio Visa d’Or no festival de fotogra-fia Visa pour l’Image, em Perpignan, também na Fran-ça. Há várias exposições com os trabalhos de Kôzirev por toda a Europa, sem contar as mostras programadas para a Croácia, França, Es-panha e Reino Unido. Além disso, um novo livro de fo-togra� as documentando a guerra do Iraque será publi-cado em 2012.Na Líbia, Kôzirev foi balea-do e espancado pela polícia. Além disso, foi detido em Ba h r e i n e n a A r ábi a Saudita.Ele perdeu colegas, incluindo os amigos Chris Hondros e Tim Hetherington, mortos em abril durante uma missão em Misrata, na Líbia. “Em deter-minado momento, voltei-me para as notícias, e isso foi um grande passo em minha vida. é uma sensação única estar presente enquanto a história acontece”, a� rma.

nos chamam para um � ashmob ou co-mício”, eles se quei-xam. O flashmob como ato espontâneo e informal de manifes-tação social transformou-s e e m a g i t a ç ã o n a Rússia.Na guerra do � ashmob, todos são envolvidos – estudantes, aposentados, membros de partidos políticos e da nova oposição. A ex-diretora-executiva da opositora Frente Unida Civil, Ma-rina Litvinovitch, suge-riu em seu blog mais de uma vez organizar � ash-mobs on-line no servidor oficial do Governo de Moscou. Para oposicionis-tas, o flashmob tornou-se uma forma de protestar tão legítima quanto comícios e manifestações.

Flashmobs em guerraPelo artigo 31 da Constitui-ção da Federação Russa, ma-nifestações de massa nas ruas, assim como o � ashmob, são absolutamente legais. Uma reunião espontânea entre pessoas não é comício, não é cortejo de rua, e não é demonstração ou piquete. Na prática, porém, a realidade é outra.“Quando você participa de um � ashmob na Rússia, deve seguir instruções especiais. É obrigatório levar o passa-porte, por exemplo. Se per-guntarem, se faça de louco e diga ‘todos estavam acenan-do, e eu acenei também’. Nor-malmente funciona, mas é cada um por si. Eu e o Dmí-tri passamos mais de uma noite em delegacias”, lembra Aleksêi.

DÁRIA GONZÁLEZGAZETA RUSSA

Normalmente da temática política, na Rússia o flashmob virou alternativa para oposição às limitações a passeatas de rua.

A polícia russa tem uma re-lação extremamente delica-da com o � ashmob: a pala-vra no país está diretamente ligada à obra do grupo ar-tístico Voiná (em russo, “guerra”). Em 2011, o grupo recebeu o prêmio de “Inova-ção” do Ministério da Cul-tura pela pintura de um pênis

de 65 metros em uma ponte levadiça de São Petersburgo que, quando erguida, fica bem de frente para o FSB (Serviço de Segurança Fede-ral). Em 2010, os membros do grupo foram investigados pela ação “Golpe do Palácio” – uma demonstração contra a atuação da polícia, quan-

do os jovens deixaram algu-mas viaturas de cabeça para baixo em São Petersburgo.

Multidão da arteA principal ferramenta para a organização de � ashmobs é o LiveJournal, a platafor-ma de blogs mais popular do país. “O boom do LiveJour-

Devido à ação Golpe do Palá-cio, na qual o grupo virou al-gumas viaturas - com policiais dentro! - de cabeça para baixo, os membros do Voiná foram detidos. Mesmo assim o coleti-vo recebeu um prêmio do Mi-nistério da Cultura pela pintura de um enorme pênis em uma ponte de São Petersburgo.

São Petersburgo, estação fer-roviária Moskôvski, 16 de agosto de 2003. São 17h e de-zenas de pessoas esperam a chegada do trem 62, vindo da capital. Em suas mãos, placas com a inscrição “Ta-tiana Lavrúkhina. Socieda-de dos Alcoólatras Anôni-mos”. Ao mesmo tempo, na estação de Moscou, um grupo de pessoas com placas espe-ra um passageiro vindo de São Petersburgo chamado “NzR178qWe”. Em Moscou, os participan-tes inicialmente teriam car-tazes com o nome “Volódia Pútin” (Volódia é apelido de Vladímir, e São Petersburgo é a cidade natal do primei-ro-ministro de mesmo nome, mas essa ideia não tinha ne-nhum contexto político). De todo modo, diversos jorna-listas viram na ação uma mo-tivação política.O que nasceu como uma forma de humor que reunia cerca de 100 pessoas passou a reunir até milhares anos depois. A partir das ações em Moscou e São Petersburgo, todo o país está coberto pelas polit-mobs (mobilizações po-líticas), e o Rússia Unida não � ca de fora. O partido gover-nista tenta se tornar o por-ta-voz dos sentimentos dos jovens por meio de ações so-ciais populares.Os estudantes Aleksêi e Dmí-tri, presentes na iniciativa de 2003, deixaram de participar do que agora chamam “lou-cura flash”. Não só porque terminaram o curso superior e encontraram empregos. “Não dá nem para ir ao tea-tro tranquilamente, porque

Veronika Nikíchina

12 de junho

de 2010

16 de agosto

de 2003

14 de março

de 2010

14 de janeiro de 2011

15 agosto de 2011

Moscou

300 pessoasAção mundial em memória de Michael Jackson: os participantes dançam a música "Thriller"

EMOCIONE O MUNDO

Kaliningrado

300 pessoasEm protesto contra governo, multidão ergue tangerinas -

em russo, as frutas se chamam "mandarim". Ideia era associar

rigidez local com governo chinês.

FEIRA DA TANGERINA

MoscouPara protestar contra a

condenação do curador da exposição “Arte Proibida”, um grupo de artistas espalha 3 mil

baratas nas salas do tribunal

TRIBUNAL DE BARATAS

6.000 usuáriosBlog coletivo dirty.ru divulga paródia da pintura "Surpresa

do Urso", de John Lurie. Na nova versão, dois turistas

fazem sexo na grama enquanto um urso de patas

erguidas grita "Preved!" ("surpresa!").

PREVED!

Moscou

Moscou, P

raça Vermelha

20 pessoas

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PROTESTO DOS

JORNALISTAS

São Petersburgo e Moscou

100 pessoasFlashmobers esperam a chegada de dois passageiros inexistentes

ESTAÇÕES DE TREM

5.000 usuáriosDepois de escrever no LiveJournal que o site tinha um grande número de blogs em idioma incompreensível - o russo -, usuário norte-americano recebe milhares de mensagens com lições de "olbanês".

APRENDA O OLBANÊS

Outubro de 2004

Março de 2006

Os principais flashmobs da Rússia

LUGARES REAIS LUGARES VIRTUAIS

EVGENY CHERNYSHOV/GESTOOR

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Veja slide show emwww.gazetarussa.com.br

Page 4: 2011_12_FO_Ack

Gazeta Russawww.gazetarussa.com.breconomia e mercado

Os russos estão contendo des-pesas. Levantamento do ins-tituto de pesquisas de opi-n ião Rom i r reg i s t rou decréscimo de 1,5% nos gas-tos com alimentos e produ-tos básicos em setembro de 2011 na comparação com o mês anterior. O instituto tam-bém mostrou a diminuição do rendimento médio por usuário (Arpu, na sigla em inglês) gerado para o setor. Em setembro, os russos gas-taram em lojas 1% a menos que em agosto, nível compa-rável ao de fevereiro de 2011. Em relação a setembro de 2010, o Arpu cresceu 8%, mal cobrindo a inflação. O declí-nio é ainda mais surpreen-dente se considerarmos que após o período de férias o consumo normalmente se intensifica.Segundo dados do Rosstat (Comitê Nacional de Estatís-tica), a proporção dos gastos das famílias russas com ali-mentos diminuiu ao longo de quase toda a década de 2000, registrando no período mais próspero, de 2004 a 2007, um declínio recorde de 9 pontos percentuais – passou de 43% para 34%.

orçamento Com a crise, gastos da classe média com produtos não alimentícios subiram só quatro pontos percentuais em três anos

consumidores russos se aproximam de europeus, economizando em comida e gastando mais em outros bens e serviços.

No mesmo período, os gastos com produtos não alimentí-cios subiram 5 pontos per-centuais, de 35% para 40% do orçamento.Ao contrário da década de 2000, quando o crescimento da renda nominal era calcu-lado em números de dois dí-gitos e o crescimento dos ren-dimentos reais às vezes ultrapassava 10% por ano, hoje os rendimentos da po-pulação estão praticamente estagnados ou até diminuin-do em alguns setores econô-micos, de acordo com o Rosstat.

créditos de varejoA variação ocorre num mo-mento em que o volume de negócios cresce e as vendas de produtos não alimentícios aumentam mais rápido do que as de alimentos. Além disso, o aumento con-tínuo do consumo é susten-tado pelo crescimento nos créditos de varejo – que se destinam, naturalmente, às compras de bens duráveis, e não às de alimentos.Em uma pesquisa on-line realizada pelo site Kommer-sant-dêngui, projeto do diário Kommersant, entre 3 e 10 de novembro deste ano, 53,81% dos 2.401 res-pondentes afirmaram eco-nomizar em comida. Segun-do o Finam.Ru, em pesquisa realizada no mesmo perío-do, 52,88% dos 1.180 con-

sultados têm o mesmo comportamento. Considerando-se que o pú-blico-alvo dos sites é sobre-tudo a classe média, a situ-ação se torna ainda mais curiosa. Na próspera déca-da de 2000, a atitude mais característica da classe média era comprar produ-tos alimentícios sem olhar os preços. Essa era conside-rada uma das principais conquistas da política eco-nômica da época.O fato de a classe média se mostrar sensível aos custos dos alimentos é previsível. De acordo com o Rosstat, em 2010 as despesas da classe média com a alimentação foram de 54% do total dos gastos mé-dios de consumo per capita do grupo, em um valor total de 3,2 mil rublos (R$ 186). Já na classe A, as despesas com alimentos foram de 26% do total dos gastos médios de consumo per capita, num valor equivalente a pouco mais de R$ 15 mil. Enquanto isso, os gastos com produtos não ali-mentícios foram de 23% e 53%, respectivamente.

tendênciaMesmo nos grupos de baixa renda, os gastos em produ-tos de fora do grupo alimen-tação, inclusive bens durá-veis, estão crescendo. Entre 2008 e 2011, apesar da crise, o consumo de produtos não alimentícios na faixa de

vendas de varejo de produ-tos não alimentícios: as pes-soas compravam equipa-mentos eletrônicos e carros para se proteger contra a desvalorização do rublo”, explica Alexandr Golovtsov, diretor do setor de pesqui-sas de mercado do banco de investimentos NIKoil. “Esse fator será menos duradouro do que a saturação do mer-cado”, completa.Os resultados do final do ano também serão importantes no fechamento de 2011 das redes varejistas, já que essa é uma das épocas de maio-res lucros, quando se conse-guem vender bens que não são de primeira necessidade por preços salgados.

renda intermediária aumen-tou em quatro pontos percen-tuais, de 19% para 23%. No terceiro trimestre de 2011, o consumo de produtos não ali-mentares cresceu em todos os grupos. “A aquisição de produtos não alimentares nos últimos meses tem sido condicionada à falta de confiança na estabilidade das taxas de câmbio”, afirma Ígor Poliakov, pesquisador-chefe do Centro de Análise Macroeconômica. As compras, em geral, foram efetuadas à custa da redução da taxa de poupança e, muitas vezes, a crédito.“Isso se deveu às expecta-tivas de crise. A prova foi o crescimento mais rápido das

crescem gastos em bens de consumo

gastos da classe a com produtos não alimentícios já alcançam 53% do total do consumo. comida representa 26%.

evguêni sigalkommersant

Em pesquisa feita pelo diá-rio Kommersant, 53,81% dos 2.041 consultados afirmaram economizar em comida, nú-mero comparável ao obtido pelo Finam.Ru, cujos resulta-dos apontam para 52,88% dos 1.180 pesquisados que seguem a mesma tendência. Realizadas entre 3 e 10 de novembro, as enquetes refletem a opinião da classe média russa.

Você economiza em comida?sondagens de opinião pública feitas em novembro revelam que mais da metade dos pesquisados têm tido cuidado com preços

pesquisa

concorrência Grupo empresarial russo conclui criação de joint-venture no Brasil e quer competir com americanos, que dominam o mercado

recém-criada, joint-venture russo-brasileira poderá otimizar uso de instalações de armazenagem de grãos em são paulo, minas gerais e mato grosso.

O grupo empresarial Sodru-gestvo (em russo, “aliança”) firmou, em novembro, uma parceria com a companhia brasileira Campofert. O acor-do marca o avanço da coo-peração russo-brasileira no setor e prevê o uso conjunto de instalações de armazena-mento em todas as regiões do país e sua cessão por ar-rendamento a agricultores e out ros operadores no mercado.“O Brasil é um caldeirão de culturas e nacionalidades, e a Sodrugestvo se instala no país sem arrogância ou de-sejo de conquista. Acredito que nossos consumidores brasileiros estejam conten-tes em encontrar uma alter-nativa aos gigantes america-nos que dominam o mercado”, diz o diretor-geral da Sodru-gestvo, Stefan Frappa.O grupo aumenta, dessa

forma, sua presença no mer-cado brasileiro, onde atua desde abril de 2010, quando firmou uma joint-venture com uma das maiores coo-perativas do Brasil, a Carol. A Sodrugestvo detém 51% da nova empresa, que recebeu o nome de Carol-Sodru.

“A parceria com o grupo Cam-pofert nos permitirá ampliar nossa proposta de uso de ins-talações de armazenamento nos Estados de São Paulo e Minas Gerais e entrar no mer-cado de Mato Grosso”, diz o diretor-geral da Carol-Sodru, Roger Heybittl.

O grupo Sodrugestvo con-cederá também ao grupo Campofert crédito para au-mentar seu capital de giro para as operações de desen-volvimento do cultivo de soja e milho em Minas Gerais.Os contatos com a Carol co-meçaram em 2009, e levaram

à abertura de um escritório de representação em São Paulo que atende toda a América Latina. “O Brasil é um dos países cujo mercado agrícola cres-ce mais rápido no mundo e não poderíamos ignorar seu potencial, considerando nossa estratégia de longo prazo”, afirma Frappa.Um dos objetivos da joint- venture é aumentar para 3 milhões de toneladas a co-lheita de soja na região cen-

tral do Brasil até 2015.Outro passo importante do grupo Sodrugestvo no Bra-sil foi a compra, em agosto deste ano, de 100% das ações da empresa Líder Armazéns Gerais S.A. A aquisição permitiu ao grupo aumentar sua capa-cidade de armazenamento de 600 mil para 870 mil to-neladas em quatro Estados brasileiros e integrar a em-pr e s a L íde r à C a r ol-Sodru.

Alternativa na armazenagem de grãos

aquisição aumentou capacidade de armazenagem de grão para 870 mil toneladas

aleksandr korolkovGazeta russa

atuação do grupo no mundoO grupo empresarial russo So-drugestvo foi fundado em 1994 e desenvolve três tipos de ne-gócios: infraestrutura especia-lizada (incluindo portos marí-timos profundos), logística de vagões ferroviários e instala-ções de armazenagem e pro-cessamento para produção de proteínas e óleos de origem vegetal e animal.No ano passado, o grupo pro-cessou mais de 1,3 milhão de toneladas de sementes de so-ja e de canola e vendeu mais

de 2,3 milhões de toneladas de produtos agrícolas, tornando-se dessa forma elemento im-portante no agronegócio na América do Norte e Central e no Leste Europeu. O grupo possui filiais em 12 países, incluindo a Ucrânia, Di-namarca, Brasil, Estados Uni-dos, Suíça e alguns países do Leste europeu. Suas vendas consolidadas no ano fiscal que terminou em 30 de junho de 2011 atingiram US$ 1,3 milhão.

mil toneladas por dia é a capa-cidade total de processamento de soja de grupo Sodrúgestvo, maior processadora indepen-dente da Europa.

mil toneladas de grãos é a ca-pacidade total de 20 armazéns nos Estados de São Paulo, Mi-nas Gerais e Mato Grosso admi-nistrados pelo grupo Campofert.

mil toneladas é a capacidade das embarcações que podem ser recebidas pelo terminal da Sodrugestvo em Kaliningrado, o único da região equipado para o transporte de óleos vegetais.

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números

Somente na feira de turismo Leisure 2011, realizada em setembro, em Moscou, havia 16 agências brasileiras. “As operações estão aumen-tando bastante pelo fato de os dois países fazerem parte dos Brics, por estarem na moda como destino de lazer e pelo fato de o visto não ser mais necessário entre eles. Porém, falta ainda muita pro-moção da Embratur na Rús-sia”, acredita Cláudio del Bianco, diretor da operado-ra Del Bianco, uma das em-presas presentes ao evento.Segundo ele, a procura do país eurasiático pelo Brasil

aumentou recentemente, e tende a crescer ainda mais. Sua própria operadora já tem um volume de negócios com a Rússia que gira em torno de US$ 600 mil a US$ 1 mi-lhão anuais.Para a diretora da Superior Plus, Isabela de Andrade, o cenário poderia estar melhor, não fosse o câmbio. “O Bra-sil está se tornando um des-tino muito caro até para o mercado russo, que nunca se importou em pagar valores altos”, afirma. “Mas agora que chega a alta estação, acreditamos que o crescimen-to se acentue. O Brasil é um destino exótico que desper-ta interesse e o estande do

Brasil é sempre muito pro-curado”, completa.Segundo Carlos Silva, dire-tor da operadora Opco Tours, a feira trouxe à tona uma nova tendência de turistas de poder aquisitivo mais alto, que viajam a negócios e a lazer. “A procura por hotéis de luxo como, por exemplo, o Copacabana Palace, au-mentou bastante”, diz. A ope-radora de Silva traz cerca de 150 turistas russos por ano ao Brasil, contabilizando um volume de negócios de cerca de US$ 300 mil. Para as irmãs Gumarova, que viajaram ao Brasil pela se-gunda vez neste ano – a pri-meira visita foi ao Rio de Ja-

neiro – a ida ao Ceará impressionou não só pela or-ganização e pelas belezas na-turais, mas também pela ex-periência gastronômica. “Fizemos algumas descober-tas culinárias aqui: arroz com feijão, torta de camarão, de frango, pão de queijo, churrasco, todos os frutos do mar possíveis, açaí batido, suco de abacaxi com horte-lã, brigadeiro, mousse de ma-racujá, guaraná e toda a sorte de frutas exóticas”, enume-ra Elena. “No Brasil a cozinha é deli-ciosa por todo lado, até no bar mais barato pode-se comer como em um bom res-taurante”, afirma.

Para operadoras, câmbio inibe vinda de turistas russoscontinuação da página 1

principais países de origem dos turistas

principais países emissores

2008 2009número

de turistas participação % posição número de turistas participação % posição

argentina 1.017.675 20,15 1º 1.211.159 25,22 1º

estados unidos 625.506 12,39 2º 603.674 12,57 2ºItália 265.724 5,26 3º 253.246 5,28 3ºalemanha 254.264 5,03 4º 215.595 4.49 4ºFrança 214.440 4,25 8º 205.860 4,29 5ºuruguai 199.403 3,95 10º 189.412 3,94 6ºPortugal 222.558 4,41 7º 183.697 3,83 7ºParaguai 217.709 4,31 6º 180.373 3,76 8ºespanha 202.624 4,01 7º 174.526 3,63 9ºInglaterra 181.179 3,59 9º 172.643 3,6 10ºChile 240.087 4,75 11º 170.491 3,55 11ºBolívia 84.072 1,66 5º 83.454 1,74 12ºPeru 93.693 1,86 14º 78.010 1,64 13º

Fonte: DePartamento De PolíCIa FeDeral e mInIstérIo Do turIsmo

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Gazeta Russawww.gazetarussa.com.br economia e mercadoJogos de Inverno 2014 Só o viaduto de 48 quilômetros que ligará os dois pólos olímpicos custará R$ 11 bilhões

Projeto já começou de forma exorbitante, propondo olimpíadas de Inverno na limitada região subtropical do país.

A contagem regressiva para os Jogos Olímpicos de Inver-no de 2014 de Sôtchi começou na Rússia e já são visíveis os contornos básicos do projeto para a cidade do sul do país. Quase uma ironia, os jogos internacionais são os primei-ros de inverno recebidos pela Rússia. O projeto olímpico proposto pelo país era exorbitante desde o início. Pela primeira vez na história, as provas de inverno serão realizadas em uma região subtropical. Um resort de esqui completa o ce-nário, a 40 minutos de carro, no litoral do Mar Negro.

mudança de valorUm dos pontos fortes do pro-jeto russo era o preço. Segun-do o plano original, seria ne-cessário investir 316,4 bilhões de rublos (aproximadamente R$ 21,4 bilhões na época), dos quais mais da metade seria proveniente de recursos do orçamento federal e o restan-te, do setor privado. Mais tarde, o orçamento do projeto foi revisto e triplicou, subindo para quase 1 trilhão de rublos (R$ 58 bilhões), valor comparável ao das Olimpía-das de Pequim - considera-das as mais ca ras da história. No entanto, dada a magnitu-de das obras que devem ser realizadas em curto prazo, o preço do projeto pode passar de excessivo a compreensível. Serão 11 instalações olímpi-cas: um complexo de esqui, uma pista de bobsled, um par-que de snowboard, um cen-tro de patinagem, uma rampa para salto de esqui, vários es-tádios de gelo e diversas ou-tras instalações esportivas. As instalações foram distri-

buídas, como nos Jogos Olím-picos de Inverno anteriores, em dois pólos, ou clusters, no jargão dos organizadores.Um está localizado na planí-cie do Imereti e vai sediar as provas de hóquei no gelo, pa-tinação artística, curling e pa-

tinação de velocidade em pista curta. O outro, na região mon-tanhosa de Krásnaia Polia-na, vai ser palco das provas de esqui, bobsled, snowboard etc. Com a proximidade entre eles, pode-se passar de uma paisagem montanhosa com

temperaturas negativas a um clima subtropical costeiro de inverno ameno em minutos.As instalações esportivas foram a parte mais simples do projeto. Quase todas serão inauguradas já em 2012. De acordo com o vice-primeiro-

ministro Dmítri Kozak, elas sediarão em 2013 competições experimentais. Além disso, algumas delas, como o com-plexo de esqui Rosa Khútor, já estão em operação. Desafio muito maior é deixar em ordem a infraestrutura da

região. O que está sendo feito em Sôtchi e seus arredores leva a crer que nunca na his-tória dos Jogos Olímpicos te-nham sido realizadas obras tão grandiosas.

onde mora o problemaUma das chaves para o su-cesso de quaisquer Jogos Olímpicos é uma infraestru-tura de transportes bem de-senvolvida. Mas, antes do início das obras de constru-ção olímpicas, o sistema de transportes de Sôtchi esta-va em estado deplorável e o maior desafio da organiza-ção e ra l iga r o s doi s clusters. Para evitar um colapso no trânsito, decidiu-se pela cons-trução de um viaduto combi-nado de estrada e ferrovia, com extensão de 48 km e um trajeto em túneis ao longo do rio. O orçamento do projeto ultrapassou os R$ 11 bilhões, e fez do viaduto de Sôtchi o mais caro do mundo.

Além disso, pretende-se cons-truir um rodoanel que inclui 15 pontes e cinco túneis. Há ainda outros projetos de menor visibilidade, mas não menos importantes.Entre eles está a construção de uma ligação ferroviária para o transporte de quase 100 milhões de toneladas de carga, de um novo aeroporto (já em andamento), de seis novas usi-nas elétricas e 16 subestações, a montagem de instalações de purificação de água e a refor-ma do porto local. A reforma do complexo hote-leiro também é imprescindí-vel, e sem ela Sôtchi não con-seguirá dar conta do fluxo de turistas durante os jogos. Por isso, já há projetos para a cria-ção de novos hotéis, princi-palmente de três estrelas, que fornecerão à cidade mais 42 mil vagas. Após as Olimpía-das, muitos desses hotéis serão convertidos em habita-ções e negociados no merca-do imobiliário.

sôtchi paga caro pelas olimpíadas

além de estádios, estrutura a ser construida inclui pontes, usinas, hotéis e estações de tratamento cidade abrigará os primeiros jogos de inverno na rússia

aleksandr PetrovESpEcial paRa GazEta RuSSa

A Rússia liderou o ranking dos 18 países europeus com maior número de usuários de internet, alcançando 50,8 milhões de pessoas em se-tembro, de acordo com es-tudo realizado pela empre-sa de pesquisas de mercado ComScore.A Alemanha, que perdeu seu posto de líder, passou ao se-gundo lugar com 50,1 milhões de usuários, enquanto a França e o Reino Unido al-cançaram 42,3 e 37,2 milhões de pessoas, respectivamente, segundo a pesquisa publica-da em novembro. A Itália está em quinto lugar, com 23,7 mi-lhões de usuários.A ComScore realizou o es-tudo com usuários de inter-net acima de 15 anos de idade que têm acesso à rede tanto em casa como no trabalho.“A liderança russa é resul-tado do grande contingente populacional do país com-parado aos demais países europeus”, disse Konstan-tin Tchernichov, analista do banco de investimento russo UralSib Capital.“A penetração da internet no país está crescendo. É na-tural que o número de usu-ários acompanhe esse au-mento”, afirmou o analista, acrescentando que a Rússia deve preservar sua posição nos próximos anos.

on-line Número de usuários chegou a 50,8 milhões

alemanha e França ficaram para trás em número de usuários. marco é animador, porém esperado pelo tamanho da população.

O ministro das Comunica-ções e Imprensa, Igor Schi-ógolev, disse, em outubro, ter expectativa de que o mercado de internet do país se transforme no maior da Europa nos próximos anos, se continuar mantendo seus a t u a i s í n d i c e s d e crescimento.De acordo com o Ministé-rio das Comunicações e Im-prensa, espera-se que o nú-mero total de usuários da rede tenha alcançado me-

tade da população do país (hoje de 142,9 milhões) em 2011.Segundo a ComScore, os usuários gastaram, em média, 22,4 horas on-line em setembro, índice abaixo da média europeia de 26,4 horas. A rede social Vkon-takte.ru foi o site mais po-pular entre os russos.As maiores empresas de in-ternet da Rússia declararam estar estimuladas pelos re-sultados, afirmando que

atingir o maior número de usuários de internet da Eu-ropa é um sinal positivo do desenvolvimento do merca-do no país.“A liderança é também im-portante para as empresas de internet russas que ope-ram fora do país, porque irá fortalecer os negócios com seus parceiros estrangeiros”, disse Andrêi Sebrant, dire-tor de marketing da Yandex, a ferramenta de busca mais usada na Rússia. “Não só o potencial do país, mas tam-bém seu status atual é im-portante”, disse.Em maio de 2011, o Yandex levantou US$ 1,4 bilhão em uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na Nasdaq, a bolsa de empresas de tecnologia. “Ultrapassar os demais pa-íses em número de usuários de internet é um marco para a Rússia, mas o país ainda está bem atrás de seus pares em termos proporcionais”, afirmou o porta-voz do Mail.ru, maior provedor de e-mails da Rússia.“A penetração está próxima ao índice máximo em Mos-cou, São Petersburgo e em outras cidades que possuem um milhão de habitantes, mas algumas das regiões do país quase não possuem co-n e x ã o d e i n t e r n e t ”, completa.“A porcentagem de famílias em toda a Rússia que têm acesso à internet banda larga atingiu 35% no ano passado e é provável que apresente crescimento anual de 10% a 15% ao longo dos próximos dois anos”, disse Aleksandr Kazbegui, ana-lista do banco de investi-mento moscovita Renaissan-ce Capital.As regiões que ainda não apresentam boa penetração devem ser as que mais con-tribuirão para esse cresci-mento, pois o aumento do financiamento de crédito pode fazer com que as pes-soas comprem mais compu-tadores e laptops”, informou o analista.

Maior mercado de internet da Europa é a Rússia

cerca de 35% das famílias têm acesso à banda larga

IrIna FIlatovathE moScow timES

No final de novembro, o vi-ce-primeiro-ministro Víktor Zubkov disse que a Rússia poderia colher 48 milhões de toneladas de beterraba saca-rina em 2011.“Nunca antes tivemos uma safra tão grande. Podemos produzir cerca de 5,5 milhões de toneladas de açúcar, que é o suficiente para nos suprir até a safra do próximo ano”, afirmou Zubkov. A projeção da Doutrina de Segurança Alimentar da Rússia, entretanto, previa que o açúcar de produção nacio-nal cobrisse 80% da deman-da interna só em 2020. Em 2009, o açúcar nacional ocu-pava apenas 55% do merca-do interno.

boa safraA safra recorde e o aumento de capacidade de processa-mento da indústria levarão a Rússia a exportar, no bi-ênio 2011-2012, até 200 mil toneladas de açúcar refina-do produzido a partir da be-terraba. Isso tudo apesar de o país ter estado, há apenas alguns anos, entre os maio-res importadores de açúcar bruto de cana.Segundo a União de Produ-tores de Açúcar da Rússia, o consumo de açúcar no país permanecerá estável até 2020 e não ultrapassará os 39 kg per capita por ano. “Na Rússia, como nos países europeus, o consumo de açú-car apresenta os valores mais altos. Compare: na China, o consumo médio anual per capita é de cerca de 10 kg”, explica o presidente da União de Produtores de Açúcar, An-drêi Bôdin. O consumo de açúcar deve permanecer no nível dos 5,5 milhões de toneladas por vá-rios anos, acrescentou. Com

o atual apoio do governo, o setor agrícola russo poderá dobrar a produção de beter-raba sacarina por meio da ampliação das áreas de plan-tio e do aumento do rendi-mento da cultura. Neste ano, a área de plantio de beterraba sacarina russa foi de cerca de 1,3 milhão de

hectares com beterraba. Esse número pode se ampliar em breve para 3 milhões de hec-tares. O rendimento médio da beterraba aumentou, neste ano, em 25% em rela-ção ao ano de 2009, atingin-do 38 toneladas por hectare. Na Europa, o rendimento médio é de 80 toneladas por hectare.Além disso, planeja-se au-mentar os investimentos na reforma de usinas. Segundo a união de produtores, só a modernização das usinas ab-

sorverá cerca de 80 bilhões de rublos (R$ 4,6 bilhões) entre 2012 a 2014 e permiti-rá aumentar a capacidade em 33% em relação à atual. Mo-dernizadas, as usinas proces-sariam cerca de 420 mil to-neladas de beterraba por dia, contra as 315 mil toneladas atuais. A holding agrícola Razguliai deve investir 5 bilhões de ru-blos (R$ 286,5 milhões) na modernização de suas uni-dades e aumentar sua capa-cidade produtiva para 800 mil toneladas de açúcar por ano. Já a Rusagro pretende aumentar em 25% a capaci-dade de suas refinarias de açúcar até 2016 e ampliar as áreas de plantio. A Rússia copia a experiên-cia da Europa, que, ao abas-tecer seu mercado com açú-car doméstico, passou a exportá-lo e a produzir biocombustível.Os russos já encheram os pa-íses da Comunidade de Es-tados Independentes (CEI) de açúcar, mas não podem exportar para outros países d e v i d o à f a l t a d e infraestrutura.

Meta é passar a exportar açúcar

Federação Russa encheu cEi de açú-car, mas não tem infraestrutura para ir além

contInuação da PágIna 1

exportadores para a rússia

Provas serão realizadas em edificações e nas montanhas de sôtchi

Parque olímpico

nome da estrutura capacidade entrega Função

1 “olympic oval” 8.000 2012 patinação de velocidade

2 “ice cube” 3.000 2012 curling

3 “Bolshoi” 12.000 2012 hóquei no gelo

5 “Shayba” 7.000 2012 hóquei no gelo

5 “Fisht” 40.000 2010 Estádio olímpico

6 “iceberg” 12.000 2011 patinação artística

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Gazeta Russawww.gazetarussa.com.brespecial

para Quebrar o gelo

saiba como a população se adapta para viver

a mítica estação de frio no país

inverno russo

A imagem da Rússia no ex-terior é, quase sempre, asso-ciada ao intenso frio siberia-no. De certa forma, ela faz sentido. Na Rússia o frio é re-almente intenso, embora o clima no país varie muito desde a zona polar até a re-gião subtropical na costa do Mar Negro, onde a tempera-

tura média no inverno é de 15ºC. Sôtchi, por exemplo, compartilha a latitude geográ-fica da cidade de Nice e causa inveja aos habitantes de ou-tras regiões da Rússia, espe-cialmente do pequeno povoa-do de Oimiakon, na Iakútia, extremo nordeste do país, onde a temperatura caiu, no inver-

no passado, para incríveis -72ºC. O inverno tem um im-pacto importante sobre todas as esferas da vida da popula-ção russa, mas é tido pelos ha-bitantes do país como fenô-meno completamente normal e habitual. É isso que você vai ver nesta página especial sobre a estação.

congelados, talvez. entediados, porém, nunca tradições sob temperaturas rígidas, russos têm maneiras de se divertir que vão do radical banho em lago congelado à pescaria

moritz gathmanngazeta russa

Durante o inverno há espaço para escorregar com pranchas pela neve, praticar caminhadas, frenquentar a sauna e andar de trenó ou patins.

A data mais importante na vida de um morsa (“morj”, em russo) é 19 de janeiro. É assim que são chamados os russos convictos de que banhos re-gulares em buracos abertos em lagos congelados – como nos desenhos animados – for-talecem o corpo. E é em 19 de janeiro que essas morsas têm sua grande data: segundo a crença cristã ortodoxa russa, Jesus foi batizado nesse dia.Todos os anos multidões aguardam a meia-noite para o misto de mergulho e batis-mo. Só em Moscou são milha-

adaptados ao frio, mas quase extintos

várejki: luvas levadas à Rús-sia pelos Varegues, daí o no-me várejki. Retêm calor e fre-quentemente são tricotadas por avós para seus netos.

válenki: revestidos de lã de ovelha, esses sapatinhos de fel-tro protegem os pés em tem-peraturas abaixo de -30°C, são impermeáveis e não têm sola, por isso são usados com galo-chas. Anualmente são fabrica-das 4,5 milhões de unidades na Rússia.

uchanka: gorro com abas que protegem as orelhas (em rus-so, “úchi” significa “orelhas”), é um símbolo genuinamen-te russo. A aba protetora da

Quente e elegante

moscovitas na via congelada

mobilidade remoção de neve e adaptação dos carros é indispensável

enquanto em países como a alemanha cinco centímetros de neve geram caos, na rússia são necessários 40 cm para causar danos.

Em novembro de 2010, bas-taram 24 horas para a tem-peratura despencar de nú-meros positivos para -20°C em Moscou. O penúltimo in-verno foi o mais frio dos úl-timos 60 anos, com os ter-mômetros mostrando uma temperatura média de -28°C.Em Moscou, o inverno tem duração de cerca de 4 meses. Desse período, a neve toma aproximadamente 50 dias. À noite, o acúmulo dos cris-tais de gelo chega a aproxi-madamente 40 cm – um de-safio para o serviço municipal de remoção. Quando neva, os limpa-ne-ve vão às ruas. “Três a cinco centímetros de neve não são um problema, são rotina”, diz Piotr Biriukov, secretá-

cotidiano no inverno de moscou: um batalhão de removedores de neve limpa as ruas

inverno no aeroporto: cada aeronave precisa ser descon-gelada antes da decolagem

o abre-alas do polo norteCom cerca de 150 metros e 75 mil cavalos, a embarcação Árti-ca está entre as maiores e mais poderosas do mundo. Desde 1957, quebra-gelos atômicos russos liberam a passagem a Nordeste, o trecho de mar que banha a Europa e o Japão simultaneamente, para que o transporte possa fluir na região.

“Estou indo à bânia, enquan-to isso você põe a petchka e o samovar para esquentar?”, essa seria uma frase tipica-mente russa há 50 anos. A bânia é a sauna russa, a pe-tchka, um grande forno de pedra. O samovar é uma cha-leira gigante e também um símbolo de hospitalidade.Com a crescente urbanização, algumas tradições que sobre-viveram à URSS estão ame-açadas. Hoje na Rússia, por exemplo, só há aquecimento central, sem reguladores in-dividuais, por exemplo. Para amenizar a temperatura am-biente, só abrindo a janela para o frio de bater os den-tes. As moradias são supera-quecidas e o ar seco resultan-te enriqueceu os fabricantes de umidificadores de ar. Uma pesquisa realizada pelas empresas Bosch e Siemens na Rússia aponta que os custos do aquecimento podem ser re-duzidos em até 80% por meio de tecnologias de aquecimen-

O tigre siberiano, também co-nhecido como tigre de Amur, não é apenas o maior da es-pécie, como também o único que vive em um habitat co-berto de neve e gelo. No extremo leste da Rússia, as águas do rio Amur podem atingir -45°C. Como proteção contra o frio letal, o tigre conta com pelagem espessa e uma camada de 5 cm de gor-dura subcutânea. Com a ação do homem sobre a natureza, entretanto, o tigre siberiano está em vias de ex-tinção. Hoje há somente cerca de 500 exemplares do animal vivendo na região fronteiriça

samovar, o antigo ebulidor

edifícios agora contam com aquecimento central

departamento de infraestru-tura da cidade.As pás dos veículos empur-ram a neve para o meio-fio, de onde caminhões remove-dores recolhem o material acumulado para suas caçam-bas e o transportam para um dos 200 derretedores de neve da cidade. Até 300 toneladas diárias de gelo podem ser transforma-das em água por cada uma dessas máquinas. A manu-tenção do batalhão de remo-vedores de neve custa todos os anos o equivalente a mais de R$ 28 milhões à cidade. Por isso o inverno sai caro para os motoristas russos.“Você tem Webasto?” – come-çam a perguntar os guardas de trânsito aos motoristas que optam por deixar seus carros estacionados na rua à noite. Trata-se da empresa alemã de aquecedores Webasto, sem a qual a locomoção a -35°C seria impossível. Além disso, os pneus, ao ro-darem no inverno, inevita-velmente lançam neve para trás, sujando os pára-brisas dos carros seguintes. Daí a necessidade de grande quan-tidade de água para pára-brisa - e de um tipo especial, que não congele com a tem-peratura ambiente extrema. Em um dia de inverno, con-some-se em torno de 5 litros do líquido, que se pode com-prar em cada esquina da capital.

aleksêi knelzgazeta russa

banho em lago congelado tem regras para conservar a saúde

rio municipal de finanças da cidade de Moscou e respon-sável pela organização dos serviços especiais de inver-no. Complicado, segundo ele, é quando a neve é intensa, constante e duradoura, e os limpa-neve precisam voltar à s v i a s a c a d a d e z minutos.Os veículos removedores podem limpar 12 km em uma hora. Além disso, eles tam-bém detectam buracos no asfalto e remetem sua loca-lização eletronicamente ao

uchanka po-de ou não ser usada, porém não é re-comenda-da para homens por ser consi-derada femini-na. Atu-almente, estão dis-poníveis em vários mate-riais, desde pelúcia até a nobre pele de zibe-lina.

res de morsas que esperam os padres consagrarem rios e lagos para em seguida mer-gulhar nas águas. Mesmo no penúltimo inver-no, quando a temperatura em Moscou caiu abaixo dos -20°C, não houve incidente signifi-cativo. De qualquer maneira,

paramédicos ficam a postos.Mas para sobreviver ao mer-gulho congelado, é necessário conhecer e seguir à risca as regras: mergulhar três vezes, enxugar-se e depois vestir roupas quentes ou, ainda me-lhor, seguir para a “bânia” (a tradicional sauna russa).

Outra das atividades favori-tas dos russos no inverno, a bânia, cujas temperaturas va-riam de 80°C a 100°C, é utili-zada durante o ano todo. Mas intercalada ao banho nas águas geladas garante um es-tímulo extra.Enquanto as crianças apro-veitam a estação fria para andar de trenó ou patins, é possível encontrar adultos praticando caminhada nórdi-ca (andar com o auxílio de bastões parecidos com os de esqui) nos bosques – novos-ricos que deixam seus carros de luxo estacionados lado a lado com os Ladas dos apo-sentados, já que nas calçadas são todos iguais.Frequentemente se vêem apo-sentados com suas pranchas de madeira soviéticas para es-corregar na neve – semelhan-tes às de fibra-de-vidro que

os jovens usam hoje descui-dadamente. Em meio ao bos-que costumeiramente se bebe um chá fumegante da garra-fa térmica, e uma garrafa de bolso também pode ser útil contra o frio.Fugindo da desordenada re-alidade, homens russos vão para as águas congeladas le-vando consigo quebra-gelos especiais com os quais abrem seus próprios acessos à água. Bem agasalhados e por vezes protegidos por barracas, eles esperam por horas na neve e no frio impetuoso diante de um buraco de vinte centíme-tros na esperança de que um dos peixes que não hiberna no inverno morda a isca. “Já conseguiu?” ou tentativas semelhantes de travar conver-sa não são recomendadas. A categoria não é falante, sobre-tudo no gelo.

to e i sola mento ma i s modernas.Quanto à água, para não con-gelar os tubos, ela é pré-aque-cida na central de energia elé-trica e precisa ser bombeada diretamente para as casas por meio de tubulações de longo alcance. No verão é que os russos pagam o preço pelo frio, já que nessa época a água quen-te é cortada por um período de até três semanas devido à manutenção que costuma ser feita nas tubulações. (ak)

entre Rússia, China e Coreia do Norte. E o habitat deles encolhe dia a dia.Mais raro ainda é o leopar-do do Cáucaso. A espécie já foi considerada extinta, mas

em 2003 foi descoberto um exemplar do animal, que, acredita-se, imigrou do Irã. Desde então, a World Wil-dlife Foundation (WWF) tenta, com apoio do gover-no russo, restabelecer o pre-dador na região. A eleição do leopardo como mascote dos Jogos Olímpicos de In-verno de 2014 em Sôtchi foi uma surpresa para muitos russos, já que a existência desse animal no país era desconhecida. Assim como o tigre siberia-no, o leopardo do Cáucaso caracteriza-se pela grande capacidade de adaptação, já que o inverno na montanho-sa região do sul da Rússia que lhe dá nome é muito frio e tem nevascas intensas, en-quanto seu verão é quente e seco. (mg)

urbanização aos poucos acaba com tradições de inverno

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Gazeta Russawww.gazetarussa.com.br opinião

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as matérias publicadas na página opinião expõem os pontos de vista dos autores, e não necessariamente representam a posição editorial da gazeta russa ou da rossiyskaya gazeta

seria errado concluir que o presidente Dmí-tri Medvedev espera que lhe deem de ban-

deja o cargo de primeiro-mi-nistro em 2012 como paga-mento pelos serviços e por sua lealdade. Na verdade, o atual presidente está traba-lhando duro para conquistar essa posição.Ainda em novembro de 2011, Medvedev participou de três eventos no Extremo Oriente. Presidiu em Khabarovsk uma sessão do Conselho de Estado que discutiu o aumen-to do papel das regiões na modernização da economia, encontrou-se com a impren-sa do Extremo Oriente, tam-bém em Khabarovsk, e visi-tou o comitê público formado por partidários e membros regionais do Rússia Unida, em Iakútia. As três reuniões foram pra-ticamente idênticas, e fecha-das pelo encontro do Rússia Unida. A coletiva a jorna-listas foi anunciada como a primeira de uma série a ser realizada ao longo do mês. A principal ideia passada

como lobistas regionais du-rante a campanha eleitoral, são um slogan apropriado para a debate sobre moder-nização. O presidente disse: “A Rússia é um país onde é impossível sobreviver sem grandes projetos que ajam como um motor para o desenvolvimento”. Embora seja discutível se são realmente “motores do de-senvolvimento”, é inegável que projetos tais como o Nord Stream (o gasoduto do mar Báltico), os Jogos Olímpicos de Sôtchi 2014 e os planos para a chamada “Grande Moscou” (que vão transferir os prédios administrativos do governo para fora do cen-tro da capital) fornecem um mecanismo pelo qual Pútin pode canalizar as receitas de gás e petróleo do país às con-tas bancárias de seus amigos oligarcas.Do mesmo modo, o plano para desenvolver o turismo no Cáucaso do Norte é uma maneira eficaz para o go-verno de Moscou comprar a lealdade das elites políticas locais e seus amigos. A prática tornou-se marca registrada do mandato Pú-tin-Medvedev. Os benefícios foram distribuídos de modo

a satisfazer o apetite cada vez maior da elite empresarial fiel a Pútin, tais como o em-presário do setor energético Guennádi Timtchenko, Arká-di e Boris Rotenberg, e o di-retor do Banco Rossia, Iúri Kovaltchuk. Esses indivídu-os, conhecidos como “oligar-cas negros”, cuja prosperida-de depende de suas estreitas alianças com o Kremlin, têm ganhado força considerável desde 2008.Enquanto isso, o mesmo pe-ríodo foi marcado por con-tratempos para os “oligarcas brancos” da velha guarda, proprietários de grandes em-p r e s a s r e c o n h e c i d a s internacionalmente.Eles receberam uma impor-tante injeção de fundos do Estado durante a crise eco-nômica, mas pagaram por

isso com a sensível perda de controle sobre seus ativos. Durante a reunião de Med-vedev com os governadores da região oriental da Rússia –encontro que era basica-mente uma reunião do Con-selho Federal –, vários ou-tros grandes e extremamente onerosos projetos foram mencionados: uma ferrovia de alta velocidade de Mos-cou a Iekaterinburgo, uma terceira linha na ferrovia Transiberiana, uma ponte para a ilha Sakhalin, entre outros. Nenhum oligarca tem inte-resses instituídos em muitos desses projetos clientelistas, aparentemente transforman-do-os em “programas do povo” a serem explorados pela elite política regional. E, como todos sabem, esses

Medvedev, o aniMador de torcida

projetos não são concebidos para serem implantados, mas para criar a impressão de que as propostas de todos vêm sendo ouvidas e levadas a sério.O que é impressionante é a forma como esses projetos, no valor de bilhões de dóla-res, se materializam repen-tinamente pouco antes das eleições para satisfazer o crescente apetite da elite po-lítica e econômica. Aplicar dinheiro de forma imprudente em projetos de alto valor como esses tam-bém acaba reduzindo o con-flito entre os clãs políticos, que seriam resultado da dis-puta por recursos limitados – sobretudo porque o dinhei-ro é prometido em nível re-gional, e não federal.O importante é que Medve-

dev, seja na qualidade de vi-ce-primeiro-ministro, quan-do dirigiu projetos nacionais de 2006 a 2008, ou como pre-sidente, passou anos como uma espécie de diretor de re-lações públicas trabalhando dentro da limitada autorida-de que lhe é concedida. E nada mudou agora que ele é o principal candidato a pri-meiro-ministro.Seu papel continua o mesmo no sistema político domina-do por um único indivíduo: seu cargo pode mudar, mas, na essência, ele permanece-rá um mero animador de tor-cida para os projetos execu-tados pela “Rússia Ltda.”, liderada por Pútin.

Nikolai Petrov é acadêmico do Centro Carnegie de Mos-cou.

nikolai petrov

analista político

konstantin von eggert

comentarista político

voz das urnas é clara e pede Mudanças

ao aparecerem na te-levisão russa na noite após as elei-ções da Duma, o

presidente Dmítri Medvedev e o primeiro-ministro Vla-dímir Pútin não conseguiram esconder em suas expressões e sorrisos tensos a decepção em relação ao resultado ob-tido. O partido Rússia Unida, do qual fazem parte, foi des-prezado pelos russos e sua participação na eleição na-cional caiu de aproximada-mente 64% para cerca de 50%, com resultados pífios principalmente em Moscou e São Petersburgo. Partidos da oposição, ana-listas eleitorais e jornalistas acusaram os governos regio-nais russos e a polícia de co-

o Ministério da Defe-sa dos Estados Uni-dos anunciou um novo e ambicioso

programa espacial para mon-tar uma rede de satélites em torno da Terra. O projeto po-derá incluir 288 satélites GPS e de comunicação de órbita t e r r e s t r e b a i x a L E O Iridium. Intenção semelhante foi anun-ciada por Serguêi Jukov, di-retor de telecomunicações do projeto de inovação russo Skôlkovo. Segundo ele, a Rús-sia estuda a possibilidade unir diversos sistemas para criar u m f ut u ro e sc udo de satélites. Em primeiro lugar, essas cons-

telações de satélites eviden-temente serão usadas para fins militares. Os satélites são o núcleo das forças armadas modernas em países desenvol-vidos. No futuro, o principal objetivo de uma guerra será não tanto a tomada do terri-tório inimigo, mas golpes exa-tos em seus pontos fracos. No conceito de armas estra-tégicas, a ênfase se desloca da clássica tríade nuclear para sistemas de armas convencio-nais de alta precisão. Toda-via, seu emprego requer ele-mentos de apoio orbital, como satélites de reconhecimento, previsão, comunicação, nave-gação e identificação de alvos. Ainda em 2004, o chefe do Centro de Estudos Militares e Estratégicos do Estado-Maior Russo, Vladímir Slíp-

Segundo as declarações ofi-ciais dos EUA, o ataque ao sa-télite foi impulsionado pela preocupação com a seguran-ça dos habitantes da Terra. Note-se que o satélite foi atin-gido a uma altitude de 247 km com um míssil Sm-3, que faz parte dos sistemas de apoio ao futuro escudo antimíssil europeu.Se existe a possibilidade de destruir alvos no espaço, mais cedo ou mais tarde surgirá a necessidade de se colocarem armas para defendê-los. O ex-secretário de Defesa norte-americano Robert Gates já de-clarou que a proteção de seus veículos espaciais é uma prio-ridade para o Ministério da Defesa dos EUA. Quando ainda desempenha-vas as funções de comandan-te das Tropas Espaciais da

Militarização do espaço cada vez Mais próxiMa da realidade

Rússia, o atual presidente da Roscosmos (Agência Espacial Russa), Vladímir Popóvkin, disse: “Se alguém decidir ins-talar armas no espaço, tere-mo s que r e s ponde r à altura”. Em 2007, o vice-primeiro-mi-nistro russo Serguêi Ivanov mandou construir um escudo único com funções de defesa aérea, antimíssil e antiespa-cial e designou o consórcio Al-maz-Antei como responspa-vel pelo projeto. O escudo deve ficar pronto até 2015 e com-

binar sistemas de combate e envio de informação com sis-temas já existentes para ga-rantir a defesa antiaérea, an-timíssil e antiespacial da Rússia. É difícil dizer qual caminho tomarão os EUA para defen-der seus satélites, mas todos nós nos sentiríamos mais se-guros se as rampas de lança-mento de mísseis permane-cessem em terra.

Andrêi Kisliakov é analista da rádio Voz da Rússia

andrêi kisliakov

analista militar

chenko, disse, em entrevista ao autor deste artigo, que “o principal objetivo dos EUA não é construir um escudo an-timíssil nacional, mas ensaiar o uso de sua infraestrutura orbital de informação para a condução de guerras sem contato”.De acordo com o general, até 2020 o número de armas de alta precisão em posse dos pa-íses desenvolvidos poderá che-gar a 70 mil ou 90 mil. Ima-gine quantos satélites serão necessários para servi-las. Portanto, centenas de satéli-tes aparentemente inofensi-vos se tornarão parte inte-grante dos sistemas de armas de alta precisão, principal meio de combate do século 21.Por outro lado, os satélites são o calcanhar de Aquiles des-

ses sistemas, e também pode-rão ser atacados. Já em plena Guerra Fria, os EUA e a URSS realizavam experiências de combate a alvos transatmosféricos, sus-pensas somente no fim da dé-cada de 1980 por medo de que fragmentos dos objetos des-truídos pudessem atingir sa-télites militares e outros em operação. Hoje, a humanidade parece estar voltando à ideia de guer-ras espaciais. Em 11 de janei-ro de 2007, a China atacou e abateu seu próprio satélite me-teorológico. Um ano depois, em 21 de fevereiro de 2008, o cruzador norte-americano Lake Erie, em missão no Pa-cífico, derrubou com um mís-sil interceptor um satélite es-pião dos EUA prestes a cair descontroladamente.

2011. Até 2016, quando o pró-ximo ciclo eleitoral começar, de 75% a 80% dos eleitores terão acesso à rede.Desmascarar a fraude elei-toral teria sido impossível sem smartphones, Facebook ou Twitter. Na verdade, uma política de verdade pressu-põe sempre a interação com as pessoas. Porém, desta vez o ativismo on-line tornou a organização off-line não só possível, mas eficaz. É por esse motivo que o governo poderá tentar introduzir uma legislação restritiva re-ferente a internet – um pro-cesso a ser observado ao longo de 2012. Isso nos leva à quarta con-clusão. Essa foi a primeira eleição russa em que a nas-cente “classe média” na faixa dos 30 anos – autossu-ficiente, falante de inglês e habituada a tecnologias di-

autoridades recorrerem ao uso da força, mais oposição irão produzir.Com a política de volta ao consciente coletivo, os rus-sos percebem que ainda não há muita alternativa ao redor. Não há forças políti-cas sólidas de centro-direi-ta, e os quase 30% de elei-t o r e s n a c i o n a l i s t a s moderados não têm ninguém a quem apoiar, deixando um terreno fértil para populis-tas e demagogos. O maior perigo para a Rús-sia agora é o potencialmen-te perigoso vazio que pode-ria surgir se medidas para modernizar o obsoleto e ine-ficiente sistema político do país não forem tomadas em breve.

Konstantin von Eggert foi diretor do bureau da BBC em Moscou

por Medvedev é que a Rús-sia já avançou muito em seu esforço rumo à moderniza-ção e poderia conquistar mais ainda por meio de um desenvolvimento econômico inovador, reduzindo a depen-dência do país por matérias-primas e melhorando suas instituições políticas. Em todas essas reuniões, Medvedev não se comportou nem como presidente, nem como primeiro-ministro.Enquanto o premiê Vladímir Pútin atribuiu recursos fi-nanceiros do governo e fez promessas concretas quando presidiu minicongressos do Rússia Unida, o papel de Medvedev tem sido pintar um quadro positivo da atual con-juntura e agir como “o motor moral do desenvolvimento”, como ele mesmo diz. As regalias que Medvedev proporciona custam pouco e são, em sua maioria, de na-tureza simbólica – como, por exemplo, dar anualmente aos aposentados e estudantes do Extremo Oriente viagens grátis à porção europeia da Rússia, algo que Pútin havia prometido vários anos atrás – sem entregar. As palavras de Medvedev aos governadores, que atuam

laborar para a manipulação de votos. Se não fosse pela fraude nas eleições, o parti-do poderia ter terminado em terceiro lugar nas duas prin-cipais cidades russas. O chefe do comitê executivo do Rússia Unida, Andrêi Vo-robiov, não quis falar em en-

trevistas sobre a perda de quase 15% pontos percen-tuais. Assim como seus co-legas, ele estava realmente perplexo com o resultado da eleição. O que os russos tes-temunharam no dia 4 de de-zembro foi o retorno da po-

lítica na Rússia – quando todos pensavam que ela já estava morta. Várias conclu-sões podem ser tiradas a par-tir desse resultado.Primeiro, mesmo que os re-sultados oficiais fossem con-siderados impecáveis (o que definitivamente não são), um sinal muito sério foi envia-do para a classe dominante do país. Diferentes pessoas votaram contra o partido go-vernante por razões distin-tas, mas todas deram um sinal de que a população está cansada do monopólio polí-tico do Rússia Unida e da corrupção associada a ele. Em segundo lugar, é verda-de que muitos no país ainda acreditam que o Rússia Unida é uma quadrilha de “caras malvados” na corte do “bom tsar” Vladímir Pútin. Entretanto, também está claro que para uma

grande quantidade de pes-soas essa foi a chance de mostrar sua insatisfação es-pecificamente em relação a Pútin. Nesse aspecto, a vo-tação de dezembro pode ser vista como uma espécie de “primeiro turno” das elei-ções presidenciais da Rús-sia, previstas para março de 2012.Havia grandes expectativas que Pútin fosse eleito para exercer seu terceiro manda-to, mas a recente eleição lan-çou uma sombra de dúvida sobre isso. Em terceiro lugar, essa foi a última eleição em que a te-levisão estatal desempenhou um papel decisivo. A pene-tração da internet na Rús-sia cresce massivamente: o antigo índice de 32 milhões de usuários por mês em 2008 alcançou a marca de 50 mi-lhões de usuários diários em

não fosse pelas fraudes, rússia unida poderia terminar em terceiro lugar nas eleições em moscou

versas – realmente foi às urnas. Foi a geração que mais se beneficiou da “dé-cada de vacas gordas” – os dois primeiros mandatos de Vladímir Pútin como presi-dente, entre 2000 e 2008.O período registrou um boom do petróleo, que enriqueceu

muitas dessas pessoas. Mui-tos ignoravam por completo o jogo político e apoiaram Pútin e o Rússia Unida. No entanto, a crise econômica, a corrupção e a estagnação política tirou-os da apatia. Finalmente, quanto mais as

a internet cresceu no país, e foram as últimas eleições em que a tv estatal teve papel importante

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RECEITAOkrochka, a clássica (e magra) sopa de verão

Meu marido está sofrendo com os excessos da semana passada. Alimentou-se mui-to mal, bebeu demais, não fez exercício suficiente e es-tá trabalhando longas horas sem descansar o suficiente. Ele diz se sentir péssimo.“Basta!”, disparou no domin-go à noite, enquanto me via limpando a geladeira e fa-zendo a próxima lista de su-permercado.Ele bateu no balcão da co-zinha e gritou: “Kefir e hal-teres!” Fiz um gesto com a cabeça concordando distrai-damente e acrescentei kefir (coalhada) à lista. Já temos os halteres.“Kefir e halteres” é o eterno grito de guerra de domingo à noite dos homens russos, de Kaliningrado a Iujno-Sakha-linsk: homens que sentem a necessidade de virar uma no-va página e começar uma vi-da saudável. As mulheres são intimadas a encher a casa com frutas frescas, vegetais e kefir, o leite fermentado, que, segundo os europeus orien-tais e dos Balcãs, contém propriedades místicas mais poderosas que a penicilina.

Na terça-feira, ao me deparar com a geladeira cheia de ke-fir e vegetais, uma coisa veio imediatamente a minha cabe-ça: okrochka. A okrochka combina pedaços de vegetais frescos com car-ne e ovos para criar uma sopa que é ao mesmo tempo refres-cante e nutritiva. As receitas tradicionais variam muito em relação aos ingredientes, o que, na minha opinião, ressal-ta esse aspecto original da so-pa de “pegar tudo que estiver sobrando na despensa e jogar na panela”. As preferências regionais tam-bém predominam: algumas usam língua e linguiça, en-quanto outras, peixe defumado e presunto. Todas as versões contêm pepinos frescos, ce-bolinha, dill, rabanetes e ovos cozidos.A okrochka da quaresma é uma combinação de frutas, co-mo maçãs e cerejas. Algumas receitas levam batatas cozi-das, mas eu costumo deixá-las de fora, pois dão à sopa uma consistência pesada que aca-ba com a muito bem-sucedida mistura de texturas suaves e crocantes.

Jennifer Eremeieva

ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

Ingredientes:• 1 litro de kefir (pode ser substituído por coalhada natu-ral batida);• 1 xícara de água gelada;• 300 gramas de carne verme-lha ou peixe em cubos;• 1 pepino sem casca e se-mentes em cubos;• 6 rabanetes em cubos;• 4 cebolinhas em fatias finas;• ½ xícara de dill;• 1 colher de sopa de açúcar;• 1 colher de sopa de sal;• 2 colheres de sopa de mos-tarda Dijon;• 2 ovos.

Modo de preparo:1. Cozinhe os ovos em água fervente com sal por 17 mi-nutos. Mergulhe os ovos em uma tigela com água gela-da por 7 minutos. Isso irá aju-dar a separar as claras das gemas, bem como preservar a tonalidade amarelada des-sas gemas. Tire a casca e fa-tie os ovos, separando a gema da clara. Corte as claras em cubos e reserve.2. Coloque as gemas numa ti-gela grande (você pode des-cartar uma delas se estiver preocupado com colesterol) e acrescente mostarda, açúcar e sal. Usando a parte de trás de uma colher, misture os ingre-dientes até formar uma pasta.3. Com a batedeira, misture lentamente o kefir e a água até atingir uma consistência pastosa; assegure-se de que os ingredientes foram bem misturados.4. Obs.: uma generosa por-ção de creme azedo ou creme de leite fresco é acrescentada nessa hora nas receitas tradi-cionais de okrochka. Como es-tamos tentando manter quan-tidades mínimas de calorias e gordura, pulei essa parte. O “sour cream” torna a sopa mais encorpada, e confere sa-

bor e textura cremosa adorável. Mas você pode substituí-lo por iogurte grego, que proporcio-na os mesmos benefícios sem aquelas calorias extras. 5. Adicione o resto dos ingre-dientes e deixe descansar por pelo menos duas horas antes de servir.

Variações:A melhor coisa da okrochka é que não é preciso seguir nada à risca em sua receita. Já vi pelo menos vinte receitas diferentes de okrochka, usando tanto kvass (bebida à base de pão fermen-tado) como kefir como base. Eu encorajo a experimentá-la com seus sabores e texturas preferi-dos e criar uma nova versão! Possivelmente polonesa: mistu-re linguiça bolonhesa (uma es-pécie de mortadela, embora não seja exatamente a mesma coi-sa), kielbasa (linguiça polone-sa) cozida ou língua, ervilhas e beterrabas descascadas com os tradicionais pepinos frescos, ce-bolinha, rabanetes e dill. Decore com picles.Surpreendentemente espanhola: combine presunto ou chouriço com pimentões vermelhos as-sados, aspargos e maçãs. Deco-re com tomates picados e man-jericão. Maravilhosa báltica: misture ca-marão, salmão defumado e outros peixes defumados em lascas, agrião e alho-poró refo-gado, coberto com suco de li-mão, creme de leite azedo (ou creme de leite fresco) e bastan-te dill.Vá de grego: substitua as claras de ovo por uma boa quantidade de iogurte grego, alho, uma xí-cara de suco de limão e azeite.Maravilha de frutas: mix de mo-rangos, cerejas, pêssegos e ou-tras frutas selvagens com pe-pinos e um pouco de suco de limão. Substitua o dill por horte-lã e estragão picados!

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CALENDÁRIO CULTURA E NEGÓCIOS

ÍCONES RUSSOS NO MUSEU DE ARTE SACRAMOSTRA DE LONGA DURAÇÃO, DE TER. A DOM. DAS 10H ÀS 18H, GRÁTIS AOS SÁB., SÃO PAULOA montagem de longa duração do museu apresenta peças do acervo como esculturas de Aleijadinho e ícones russos do século 17.

www.museuartesacra.org.br ›

PRODEXPO 2012DE 13 A 17 DE FEVEREIRO, EXPOCENTER, MOSCOUEm sua 19° edição anual, a feira de produtos alimentícios, bebidas (inclusive alcóolicas) e matérias-primas para sua fabricação é a maior da Rússia e do Leste europeu, e tem definido os hábitos alimentares do país.

www.prod-expo.ru ›

9° DENTAL REVIEWDE 20 A 23 DE FEVEREIRO, CROCUS EXPO, MOSCOUA exibição atrai de 150 a 170 expositores e cerca de 9 mil visitantes todos os anos, e visa a conectar revendedores, compradores e profissionais da área e exibir novas tecnologias médicas e ortodônticas.

www.dental-expo.com ›

8° VELO PARKDE 24 A 26 DE FEVEREIRO, CROCUS EXPO, MOSCOUA feira é a única do gênero em Moscou, onde se expande o interesse por bicicletas. Aberta a comerciantes e consumidores, oferece a oportunidade de contato entre fabricantes, revendedores e representantes.

www.mosboatshow.ru ›

5° MOSCOW BOAT SHOWDE 20 A 25 DE MARÇO, CROCUS EXPO, MOSCOUA exposição de barcos e iates reunirá 180 expositores de 16 diferentes regiões da Rússia, além de 12 países estrangeiros. Ocupando 30 mil m2, é uma plataforma para novos produtos, tendências de mercado e novas parcerias.

www.mosboatshow.ru ›

CONFIRA MAISno calendário online www.gazetarussa.com.br

Análise Num período de um ano e meio, Brasil trouxe Adolf Shapiro e montou várias peças

A rapidez com que se intensificaram as relações culturais bilaterais, pelo menos no teatro, foi inesperada.

De meados de 2010 para cá, isto é, mais ou menos no pe-ríodo de um ano e meio, a cena teatral brasileira já con-tou com visitas de alguns dos nomes mais representativos do teatro russo contemporâ-neo. Entre eles estão Adolf Shapiro, que estreou em 2010 com uma experiência cênica na Funarte - SP e se prepa-ra para montar, com a Mun-dana Companhia, sua pró-pria adaptação de Pais e Filhos, de Turguêniev. Há ainda Iúri Alschitz, que

acaba de estrear em Belo Ho-rizonte o espetáculo Eclipse com o Grupo Galpão, com-pletando assim a Viagem à Tchekhov iniciada pelo grupo com Tio Vânia: Aos Que Vie-rem Depois de Nós, dirigido ainda neste ano por Yara de Novaes.Outro aspecto da nova rela-ção que se estabelece é a pe-dagógica: nota-se que é cres-cente o número de brasileiros interessados em estudar artes dramáticas em Moscou ou São Petersburgo. Desde o co-meço da década, Moscou é o destino de grupos de atores e diretores brasileiros, que partem para cursos curtos com o objetivo de ter uma visão panorâmica do teatro e da pedagogia teatral russa.

Teatro russo em palcos brasileiros

Cena de Tio Vânia, peça de Tchekhov montada no Brasil

DIEGO MOSCHKOVICHESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

Quando se fala em educação a longo prazo, no entanto, as coisas mudam de � gura. Com uma pedagogia teatral base-ada fortemente na tradição do teatro de repertório, o cur-

rículo das universidades de teatro russas é composto por quatro anos de dias letivos integrais, com um desenvol-vimento do ator voltado quase exclusivamente para o domí-

nio do sistema proposto por Stanislávski (o método de in-terpretação criado por Kons-tantin Stanislávski, reforma-dor do teatro russo no início do século 20).Não é de hoje o interesse e a ligação do teatro brasileiro com sua contraparte russa. Eugênio Kusnet, lituano que imigrou para o Brasil em 1926, foi o desbravador desta área: sistematizou em por-tuguês as bases do Sistema Stanislávski e de sua meto-dologia, a Análise Ativa da Peça e do Papel.Mas ainda não se sabe se o teatro russo está preparado para abrir sua fortaleza a todas as pesquisas do teatro brasileiro. Trata-se de uma pergunta que deve ser res-pondida na prática.

Na extinta União Soviética, o grafite surgiu ainda nos idos de 1980 como um dos chamados “quatro elemen-tos do hip-hop” (que incluem ainda breakdance, o DJing e o rap). Mas só no � nal dos anos 90 e início dos 2000 essa cultura saiu da clandestini-dade para entrar na moda. O grande apogeu dessa arte deu-se há cerca de cinco anos, quando o gra� te se tornou, de repente, realmente popu-lar. Gra� teiros iniciantes co-meçaram a interferir em todas as áreas possíveis da cidade para desenhar. O es-

Contracultura Pouco conhecida mundo afora, arte de rua ainda limita-se a copiar Ocidente

Moscou está pontilhada com obras de grafiteiros, artistas empenhados em se apossar de um pedaço do espaço urbano.

paço à volta do monumento aos “Agentes do Serviço de Guarda de Fronteiras”, situ-ado no local de con� uência dos rios Iáuza e Moscou, virou ponto de encontro dos gra� teiros. O gra� te deixou de ser visto

PRÓKHOR KÓLOSSOVGAZETA RUSSA

Grafite em busca da própria identidade

na sociedade como algo ir-relevante ou mera contraven-ção. “A imprensa passou a falar sobre o grafite como arte urbana. Isso ajudou a mudar a atitude da socieda-de para com essa cultura. A internet também deu sua

contribuição”, explica o ati-vista do movimento de pin-tores de rua Kirill Kto, em entrevista ao portal Code Red. “Ampliou-se a noção do que é a arte e das formas que ela pode assumir para não per-der o contato com a socieda-de”, completa.

Urbano versus designAproximadamente nessa época muitos gra� teiros se voltaram à arte urbana. “Re-centemente o gra� te passou a ser utilizado por muitos partidos políticos marginais e o� ciais e movimentos so-ciais para � ns de propagan-da política, o que não acon-tece, por enquanto, com os artistas de rua, embora pre-cedentes já existam”, diz Kirill. Retratando esse período, a mostra anual russa Faces & Laces completa cinco anos dedicando-se à arte contem-porânea alternativa. Mas a arte do gra� te se tor-nou fugaz. Quando as ima-gens e inscrições nas ruas da cidade se tornaram quase tantas quanto as da Nova

York do � nal dos anos 1970, a prefeitura declarou guerra aos gra� teiros, removendo, quase todos os dias, sua arte dos espaços públicos. Muitos gra� teiros e artistas de rua apontam, porém, outro problema: a quantidade au-menta, mas a qualidade dos gra� tes no país, não. “Só veri� camos o aumento do número de jovens gra� -teiros e dos produtos em lojas de gra� te. No que se refere aos novos talentos, infeliz-mente, não temos o que dizer”, disse ao site Look At Me o grafiteiro moscovita Ask, um dos primeiros rus-sos a ter suas obras publica-das regularmente em álbuns europeus e americanos de de-sign grá� co.“Na melhor das hipóteses, os jovens gra� teiros aprendem a copiar ou a criar suas va-riações sobre temas explora-dos por gra� teiros ocidentais conhecidos”, completa. Como muitos de seus colegas, Ask deixou de desenhar nas ruas e se voltou ao design. A his-tória mundial do gra� te co-nhece muitos casos como esse.

Imprensa e internet ajudaram a disseminar a arte no país

Manifestação artística alcançou apogeu há cerca de cinco anos na Rússia e pas-sou a ser combatido por prefeituras

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