2014 - 3a NPC - Gestão Ambiental Empresarial (1)

Professora M.Sc. Carla E. Baracuhy Firmino.

GESTO AMBIENTAL

EMPRESARIAL

Espera-se que as empresas deixem de ser problemas e faam parte

das solues.

(BARBIERE,2007)

As preocupaes ambientais dos empresrios so influenciadas por trs grandes conjuntos de foras que se interagem reciprocamente:

- O governo

- A sociedade

- O mercado

Figura 1: Gesto ambiental empresarial - influncias

Fonte: Barbieri, 2011

As questes socioambientais passaram a ter impactos importantes sobre a competitividade dos pases e de suas empresas.

A gerao de passivos ambientais pelo no cumprimento da legislao pode comprometer a rentabilidade futura de uma empresa .

A intensificao dos processos de abertura comercial expondo produtores com diferenas pronunciadas de custos ambientais e sociais a uma competio mais acirrada e de mbito mundial tem sido uma poderosa fora indutora de regulamentao e autorregulamentao socioambientais.

Considerando o conceito de desenvolvimento sustentvel, uma empresa sustentvel aquela que cria valor de longo prazo aos acionistas ou proprietrios e contribui para a soluo dos problemas ambientais e sociais.

Para Crosbie e Knight (1995), os negcios

ou empresas sustentveis so as que:

Satisfazem as necessidades atuais usando recursos de modo sustentvel;

Mantm um equilbrio em relao ao meio ambiente natural, com base em tecnologias limpas, reuso, reciclagem ou renovao de recursos;

Restauram qualquer dano causado por eles;

Contribuem para solucionar problemas sociais em vez de exacerb-los; e

Geram renda suficiente para se sustentar.

A reputao da empresa um importante ativo intangvel que se relaciona

fortemente com o seu desempenho financeiro e mercadolgico. E no faltam presses para que as empresas adotem medidas de proteo ao meio ambiente.

Abordagem para a gesto ambiental empresarial

Abordagens para a gesto

ambiental empresarial

Dependendo de como a empresa atua em relao aos problemas ambientais decorrentes das suas atividades ela pode desenvolver trs diferentes abordagens, que podem ser descritas como:

- Controle da poluio;

- Preveno da poluio, e

- Estratgica.

Em geral, o controle da poluio tem por objetivo atender s exigncias estabelecidas nos instrumentos de comando e controle s quais a empresa est sujeita e s presses da comunidade.

Controle da poluio


As solues tecnolgicas tpicas dessa abordagem procuram controlar a poluio sem alterar de modo significativo os processos e os produtos que as produziram, podendo ser de dois tipos: -Tecnologias de remediao e -Tecnologia de controle no final do processo (end-of-pipe control).

Controle da poluio


Destinao final dos resduos

slidos

Pela Norma ABNT 10004:2004, resduos slidos so resduos nos estados slido e semisslido, que resultam de atividades de origem industrial, domstica, hospitalar, comercial, agrcola, de servios e de varrio. Ficam includos nesta definio os lodos provenientes de sistemas de tratamento de gua, aqueles gerados em equipamentos e instalaes de controle de poluio, bem como determinados lquidos cujas particularidades tornem invivel o seu lanamento na rede pblica de esgotos ou corpos de gua, ou exijam para isso solues tcnica e economicamente inviveis em face melhor tecnologia disponvel.

Os resduos slidos domiciliares so de responsabilidade das Prefeituras Municipais, bem como o lixo de pequenos estabelecimentos comerciais.

A destinao dos resduos slidos industriais, hospitalares, porturios, aerovirios e outros de responsabilidade dos seus geradores, mesmo quando estes contratam alguma empresa para realizar servios de coleta, manuseio, transporte e disposio final.

Destinao final dos resduos

slidos

De acordo com a NBR 10.004:2004, os resduos slidos so classificados conforme os riscos potenciais ao meio ambiente e sade pblica em duas classes:

classe I e classe II

Gerenciamento de Resduos

Slidos - Classificao



Os resduos classe I, denominados como

perigosos, so aqueles que, em funo de suas propriedades fsicas, qumicas ou biolgicas, podem apresentar riscos sade e ao meio ambiente. Exemplos: leos lubrificantes usados,

borras de tintas, aparas de couro etc.

Os resduos classe I So caracterizados por

possurem uma ou mais das seguintes propriedades:

Inflamabilidade Corrosividade Reatividade Toxicidade Patogenecidade





Os resduos classe II denominados no perigosos so subdivididos em duas classes:

classe II-A e classe II-B



Os resduos classe II-A - no inertes podem ter as seguintes propriedades:

biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em gua; e

Os resduos classe II-B - inertes no apresentam nenhum de seus constituintes solubilizados a concentraes superiores aos padres de potabilidade de gua, com exceo dos aspectos cor, turbidez, dureza e sabor. Exemplos: rochas, tijolos, vidros, cestos plsticos e

borrachas.

A preveno da poluio requer mudanas em processos e produtos a fim de reduzir ou eliminar os rejeitos na fonte e aumentar a produtividade da empresa.

Preveno da poluio


A preveno da poluio no elimina completamente a abordagem de controle, mas reduz sua necessidade.

Preveno da poluio


A preveno da poluio combina duas preocupaes ambientais bsicas:

Uso sustentvel dos recursos e

Controle da poluio.

Preveno da poluio


Os instrumentos tpicos para o uso sustentvel dos recursos podem ser sintetizados pelas seguintes atividades conhecidas como 4Rs, nessa ordem de prioridade:

Reduo da poluio na fonte

Reuso

Reciclagem

Recuperao energtica

Preveno da poluio



Figura 2: Preveno da poluio - Prioridades

Embora benfica ao meio ambiente medida que reduz as necessidades de

matrias-primas originais, a reciclagem tambm gera problemas ambientais se no for realizada de modo adequado.

Por estratgia pode-se entender o estabelecimento de objetivos e aes que alcancem efeitos no ambiente de negcios em que a empresa atua ou pretende atuar, colocando-a numa posio de vantagem.

Abordagem estratgica


Segundo North, a gesto ambiental pode proporcionar os seguintes benefcios:

melhoria da imagem institucional;

renovao do portflio de produtos;

produtividade aumentada;

maior comprometimento dos funcionrios e melhores relaes de trabalho;

criatividade e abertura para novos desafios;

melhores relaes com autoridades pblicas, comunidade e grupos ambientalistas ativistas;

acesso assegurado aos mercados externos; e

maior facilidade para cumprir os padres ambientais.


As expresses lavagem verde e maquiagem verde referem-se s prticas das empresas de se

apropriarem do discurso ambiental indevidamente.


O que caracteriza a lavagem verde a inteno deliberada de cuidar mais da imagem da empresa

que do meio ambiente.



Quadro 1: Gesto ambiental na empresa - Abordagem

Na fase inicial da gesto ambiental as exigncias estabelecidas pela legislao ambiental so vistas como um custo interno adicional.

Na fase seguinte visto como meio para aumentar a produtividade.

E por fim, a questo ambiental considerada como questo estratgica.

Comparao com a gesto da qualidade


Modelos de gesto ambiental

Os modelos de gesto ambiental devem ser entendidos como construes conceituais que orientam as atividades administrativas e operacionais para alcanar objetivos definidos.


As empresas podem criar seus prprios modelos de gesto ambiental ou se valer dos diversos modelos genricos ou especficos para empresas de um dado setor que comearam a ser criados a partir da dcada de 1980.


O programa de Atuao Responsvel se tornou obrigatrio a partir de 1998 para todas as empresas associadas Abiquim*.

um programa amplo de autorregulamentao, envolvendo sade, segurana e meio ambiente, baseado no conceito de preveno da poluio, apoiado na melhoria contnua e no envolvimento com as partes interessadas.

* Abiquim Associao Brasileira da Indstria Qumica


Programa Atuao responsvel

O Total Quality Environmental Management (TQEM) foi criado por uma ONG constituda por 21 grandes empresas multinacionais (Kodak, IBM e Coca-cola) que considera que o atendimento das expectativas dos clientes a base do sucesso empresarial, a qualidade ambiental a superao das expectativas dos clientes internos e externos em termos ambientais e tem como meta poluio zero.


Administrao da Qualidade Ambiental Total (TQEM)

ADMINISTRAO DA QUALIDADE TOTAL (TQM) Qualidade como dimenso estratgica Liderana da alta administrao Foco no cliente Abordagem por processo Participao de todos os nveis Melhoria contnua Meta: defeito zero

ADMINISTRAO DA QUALIDADE AMBIENTAL TOTAL (TQEM) Qualidade como dimenso estratgica Liderana da alta administrao Foco no cliente Abordagem por processo Participao de todos os nveis Melhoria contnua Meta: resduos zero

Figura 3: TQM e TQEM - similares Fonte: Barbieri, 2011

O ciclo Plan-Do-Check-Act (PDCA) permite elaborar planos de trabalhos para qualquer rea problema de modo contnuo, tornando-se desse modo uma metodologia bsica para se alcanar permanentemente novos padres de desempenho.


Figura 4: Ciclo PDCA genrico

CUSTOS AMBIENTAIS

Custos de preveno;

Custos de avaliao ou de verificao da conformidade ambiental;

Custos de falhas internas;

Custos de falhas externas.

Ver Quadro 4.4, pg. 124.

Produo Mais Limpa uma estratgia ambiental preventiva aplicada a processos, produtos e servios para minimizar os impactos sobre o meio ambiente.


Produo Mais Limpa

De acordo com o CNTL*, produo mais limpa significa a aplicao contnua de uma estratgia econmica, ambiental e tecnolgica integrada aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficincia no uso de matrias-primas, gua e energia, por meio da no-gerao, minimizao ou reciclagem de resduos gerados.

* CNTL Centro Nacional de Tecnologias Limpas


Produo Mais Limpa

Produo Mais Limpa (P+L) foi definida, em um seminrio realizado pelo PNUMA, em 1990, como uma abordagem de proteo ambiental ampla que considera todas as fases do processo de manufatura ou ciclo de vida do produto, com o objetivo de prevenir e minimizar os riscos para os seres humanos e o meio ambiente a curto e a longo prazo


Produo Mais Limpa

As mudanas nos processos objetivaram reduzir todo tipo de perda nas fases de produo, e se realizam por meio de:

boas prticas operacionais;

Substituio de materiais;

Mudanas na tecnologia.


Produo Mais Limpa

Fonte: CNTL/SENAI-RS. Produo mais limpa: uma abordagem ambiental e econmica para a indstria. TECBAHIA Revista Baiana de Tecnologia, Camaari, BA, n. 14(2), p. 62, maio/ago. 1999.

Figura 4: Produo mais limpa Nveis de intervenes

Ecoeficincia vista como uma proposta promissora para as empresas, os governos e as

famlias reduzirem a poluio e o uso de recursos nas suas atividades.


Ecoeficincia

A ecoeficincia baseia-se na ideia de que a reduo de materiais e energia por unidade de produto ou servio aumenta a competitividade da empresa, ao mesmo tempo em que reduz as presses sobre o meio ambiente.


Ecoeficincia

De acordo com Barbieri (2007) uma empresa se tornaria ecoeficiente por meio de prticas voltas para:

- minimizar a intensidade de materiais nos produtos;

- minimizar a intensidade de energia nos produtos e servios;

- minimizar a disperso de qualquer tipo de material txico pela empresa;

- aumentar a reciclabilidade dos seus materiais;

- maximizar o uso sustentvel dos recursos renovveis;

- aumentar a durabilidade dos produtos da empresa; e

- aumentar a intensidade dos servios nos seus produtos e servios.

Modelos de gesto ambiental Ecoeficincia

O Projeto para o Meio Ambiente baseia-se em inovaes de produtos e processos que reduzam a poluio em todas as fases do ciclo de vida.

Sua ideia bsica atacar os problemas ambientais na fase de projeto, pois as dificuldades e, consequentemente, os custos para efetuar modificaes crescem medida que as etapas de processo se consolidam.


Projeto para o meio ambiente

Como cada modelo de gesto ambiental apresenta pontos fracos, possvel combinar seus elementos e criar um

modelo prprio, uma vez que eles no so mutuamente exclusivos.


Combinando modelos

Auditoria ambiental,

Avaliao do ciclo de vida,

Estudos de impactos ambientais,

Sistemas de gesto ambiental,

Relatrios ambientais,

Rotulagem ambiental,

Gerenciamento de riscos ambientais,

Educao ambiental empresarial...

So alguns entre muitos instrumentos de que as empresas podem se valer para alcanar objetivos ambientais.

Referncias

BARBIERI, J. C. Gesto Ambiental Empresarial Conceitos, Modelos e Instrumentos. 3 Edio. So Paulo: Saraiva, 2011.

DIAS, Reinaldo. Gesto Ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. 2 Edio. So Paulo: Atlas, 2011.

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