Gestão democrática escolar, o sucesso escolar e os indicadores educacionais
2.1 Gestão Da Educação Escolar
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7/26/2019 2.1 Gesto Da Educao Escolar
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2012Cuiab-MT
Gesto em Educao
EscolarLuz Fernandes Dourado
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Brasil. M inistrio da Educao. Secretaria de Educao Profissional e Tecnolgica.
B823 G esto em educao escolar / Luiz Fernandes Dourado, 4 ed. atualizada e
revisada Cuiab: U niversidade Federal de M ato G rosso / Rede e-Tec Brasil
2012
102p.: il Curso tcnico de form ao para os funcionrios da educao.
Profuncionrio)
ISBN 85-6290-46-7
1. G esto da educao. 2. Escola pblica. I D ourado, Luiz Fernandes. II
Ttulo. III Srie.
2012 C D U 371.1 81)
Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)
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Presidncia da Repblica Federativa do BrasilMinistrio da Educao
Secretaria de Educao Profissional e TecnolgicaDiretoria de Integrao das Redes EPT
Este caderno foi elaborado em parceria entre o M inistrio da Educao e a
U niversidade Federal de M ato G rosso para Rede e-Tec Brasil.
Universidade Federal de Mato Grosso UFMT
Coordenao InstitucionalC arlos Rinaldi
Equipe de Elaborao
Coordenao de Produo de Material Didtico Impresso
Pedro Roberto Piloni
Designer Educacional
M arta M agnusson Solyszko
Designer Master
D aniela M endes
Ilustrao
Paulo A lexandre Rodrigues da Silva
Diagramao
Lucien Lescano de Souza
Reviso Cientfica
G uelda C ristina de O liveira A ndrade
Projeto GrficoRede e-Tec Brasil/UFM T
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Prezado estudante,
Bem -vindo Rede e-Tec Brasil!
Voc faz parte de um a rede nacional pblica de ensino, a Rede e-Tec Brasil, instituda pelo
D ecreto n 7.589/2011, com o objetivo de dem ocratizar o acesso ao ensino tcnico pblico, na
m odalidade a distncia. O program a resultado de um a parceria entre o M inistrio da
Educao, por m eio da Secretaria de Educao Profissional e Tecnolgica (SETEC ), as universi-
dades e escolas tcnicas estaduais e federais.
A educao a distncia no nosso pas, de dim enses continentais e grande diversidade regio-
nal e cultural, longe de distanciar, aproxim a as pessoas ao garantir acesso educao de
qualidade, e prom over o fortalecim ento da form ao de jovens m oradores de regies distan-
tes, geograficam ente ou econom icam ente, dos grandes centros.
A Rede e-Tec Brasil leva os cursos tcnicos a locais distantes das instituies de ensino e para a
periferia das grandes cidades, incentivando os jovens a concluir o ensino m dio. O s cursos so
ofertados pelas instituies pblicas de ensino e o atendim ento ao estudante realizado em
escolas-polo integrantes das redes pblicas m unicipais e estaduais.
O M inistrio da Educao, as instituies pblicas de ensino tcnico, seus servidores tcnicos e
professores acreditam que um a educao profissional qualificada integradora do ensino
m dio e educao tcnica capaz de prom over o cidado com capacidades para produzir,
m as tam bm com autonom ia diante das diferentes dim enses da realidade: cultural, social,
fam iliar, esportiva, poltica e tica.
N s acreditam os em voc!
D esejam os sucesso na sua form ao profissional!
M inistrio da EducaoM aro de 2012
N osso contato
etecbrasil@ m ec.gov.br
Apresentao Rede e-Tec Brasil
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Mensagem do professor-autor
Prezado estudante:
Vivenciam os um processo de m udanas nas relaes sociais
capitalistas com im pacto nos diferentes cenrios da sociedade,
nos seus processos de organizao e gesto. N esse contexto,
com preender a lgica de organizao da sociedade e buscar
m ecanism os que contribuam para a sua dem ocratizao funda-
m ental e se efetiva, entre outros, por m eio de processos sistem ticos de
form ao continuada a ser garantida para os diferentes sujeitos sociais.
O Profuncionrio, com o program a de form ao direcionada aos
funcionrios de escola, busca contribuir para a m elhoria de sua atua-
o. N esse contexto, a disciplina G esto da educao escolar, com o
espao sistem tico de form ao, busca contribuir para o desenvolvi-
m ento de m om entos de estudo e reflexo sobre a sociedade, a institui-
o educativa e sua dem ocratizao.
A lm dos contedos, atividades e recursos form ativos, o estudante
contar com o professor tutor responsvel pelo acom panham ento do
seu processo de aprendizagem . C onte com a colaborao desse profis-
sional para enriquecer seu processo form ativo, esclarecer dvidas e,
desse m odo, aperfeioar seu processo form ativo e atuao profissional.
N essa cam inhada a efetiva participao do estudante fundam ental.
O rganize o seu espao e tem po de estudos e navegue nos am bientes
virtuais propostos construindo, desse m odo, o seu papel com o
gestor do conhecim ento.
N este incio do sculo XXI, a acelerao dos avanos tecnolgicos, a
globalizao do capital e as transform aes nas relaes de trabalho,
com o a perda de direitos sociais, trouxeram m udanas para as polticasde gesto e de regulao da educao no Brasil. Tais m udanas interfe-
rem na organizao da escola e nos papis dos diversos atores sociais
que constroem seu cotidiano.
C om preender esse processo e a legislao dele decorrente, bem com o
fortalecer a discusso e as deliberaes coletivas na escola, um desa-
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fio que se coloca para toda a com unidade escolar, para todos os traba-
lhadores que atuam na escola pblica.
Nesse cenrio adverso, foroso agir em outra direo. D em ocratizao
da escola im plica repensar a sua organizao e gesto, por m eio do
redim ensionam ento das form as de escolha do diretor e da articulao e
consolidao de outros m ecanism os de participao. N esse sentido,
fundam ental garantir, no processo de dem ocratizao, a construo
coletiva do projeto pedaggico, a consolidao dos conselhos escolares
e dos grm ios estudantis, entre outros m ecanism os. Isso quer dizer que
a cultura e a lgica organizacional da escola s se dem ocratizaro se
todos que vivenciam seu cotidiano contriburem para esse processo de
m udana.
A o longo do m dulo, vam os refletir sobre a im portncia da participa-
o de todos para a efetivao de um a gesto dem ocrtica e participa-
tiva, que busque cotidianam ente a construo da autonom ia da unida-
de escolar.
N essa direo, fundam ental a com preenso de que a construo da
gesto escolar dem ocrtica sem pre processual. Sendo, ento, um a
luta poltica e pedaggica, para se efetivar, necessrio envolver a
todos: pais, funcionrios, estudantes, professores, equipe gestora e
com unidade local.
Tal processo resulta em , pelo m enos, duas outras frentes articuladas: a
prim eira, de conhecer e intervir, propositivam ente, na legislao educa-
cional. O u seja, preciso conhecer a Lei de D iretrizes e Bases daEducao, as leis que regulam entam os sistem as estaduais e m unicipais
de ensino. Buscar a com preenso desses aparatos jurdicos com o
instrum entos vivos das polticas educacionais, tornando-os aliados na
luta pela dem ocratizao da escola. A segunda frente im plica articular
professores, funcionrios, pais, estudantes, coordenadores, superviso-
res, orientadores educacionais e a com unidade local na construo de
m ecanism os de participao, visando consolidar um novo processo de
gesto, onde o exerccio dem ocrtico seja o m otor de um novo poder e
de um a nova cultura escolar.
Este o desafio para todos. C ontribuir com a construo e efetivaoda gesto dem ocrtica e participativa!
Essa a luta de todos ns!
Luz Fernandes D ourado
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A disciplina de G esto em Educao Escolar busca propiciar a voc
estudante a com preenso das condies objetivas em que se inserem a
instituio educativa, especialm ente a escola pblica. D esse m odo, ao
apresentar e analisar os processos de organizao e gesto da educa-
o e da escola e sua relao com as relaes sociais capitalistas perm ite
a com preenso dos lim ites e possibilidades para a construo de
processos e prticas dem ocrticas na sociedade e na instituio educa-
tiva. N esse processo esperam os que o estudante, por m eio do estudo e
desenvolvim ento das atividades propostas na disciplina, possa rediscu-
tir o seu papel e atuao de m aneira a contribuir para a dem ocratizao
da sociedade, da educao e da escola.
O m dulo 6, G esto em Educao Escolar, com posto de cinco unida-
des e busca contribuir com a form ao continuada dos funcionrios da
educao cujo processo de trabalho, desenvolvido em diferentes
espaos com o os da alim entao, da secretaria, dos m ultim eios, do
m eio am biente e da infraestrutura, contribui para que a escola pblica
cum pra com o seu papel social na form ao dos estudantes.
N o presente m dulo, vam os abordar as diferentes concepes da
adm inistrao capitalista, destacando a especificidade da gesto
educacional, seus desdobram entos, lim ites e possibilidades, no que
concerne aos atuais processos de organizao e gesto. A lm disso,
vam os analisar tam bm os lim ites e as possibilidades de construo de
processos de participao que contribuam para o repensar da gesto da
educao e da escola pblica no pas, envolvendo os diferentes sujeitos
da com unidade local e escolar: estudantes, professores, funcionrios,
pais, equipe gestora e com unidade, dando nfase ao papel dos funcio-
nrios da educao.
A U nidade I busca refletir sobre a adm inistrao ou gesto da escola: as
principais concepes e abordagens, tom ando-a com o um cam po de
disputa de projetos, cujos desdobram entos im plicam form as de organi-
zao e gesto das escolas e a efetivao da educao com o um direito
Apresentao da Disciplina
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social. Essa unidade aborda, ainda, a reform a de Estado brasileiro e as
perspectivas para a gesto escolar, buscando situar a relao entre
educao, escola e Estado no Brasil e as polticas educacionais em curso
no pas. A o m esm o tem po, procura contextualizar as polticas educaci-
onais com a gesto dem ocrtica, para o avano das lutas em prol daeducao pblica com o direito social.
A U nidade II busca analisar a gesto da educao e da escola por m eio
da com preenso da estrutura escolar no Brasil e dos contornos legais de
seu funcionam ento, que revelam conceitos, concepes e significados.
N essa busca, perceberem os a discusso da gesto dem ocrtica com o
princpio e m otor nas lutas dos trabalhadores em educao, na con-
quista do direito educao para todos - com o dever do Estado, expres-
so na atuao dos diversos entes federativos: U nio, Estados, D istrito
Federal e os M unicpios.
D essa form a, a U nidade III analisa a gesto dem ocrtica da escola
pblica e aponta concepes, im plicaes legais e operacionais, com
nfase no Projeto Poltico-Pedaggico e no trabalho coletivo na escola.
Essa unidade ressaltar os processos de trabalho na escola, vinculando-
os construo da gesto dem ocrtica.
Por sua vez, a U nidade IV analisa e discute os m ecanism os de participa-
o da unidade escolar e a construo de graus progressivos da sua
autonom ia. A o enfatizar os processos e os m ecanism os de participa-o, essa unidade destaca, entre outros, a escolha de diretores, os
conselhos escolares e os grm ios estudantis, com o espaos de vivncia
e aprendizado do jogo dem ocrtico.
Por fim , a U nidade V retom a a discusso sobre a gesto dem ocrtica e
os trabalhadores da educao, evidenciando conceitos e concepes
trabalhadas ao longo do m dulo. Ela visa, fundam entalm ente, destacar
a ao pedaggica que se realiza na escola por m eio do trabalho docen-
te e no docente e pretende ressaltar a necessidade da efetiva participa-
o dos trabalhadores da educao na construo da gesto dem ocrti-
ca na escola e na garantia da educao com o um direito social.
Objetivo
Espera-se que o funcionrio de escola possa com preender as diferentes
concepes e abordagens da adm inistrao capitalista e a especificida-
de da gesto educacional, bem com o aprenda a identificar as relaes
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entre a reform a do Estado brasileiro e a gesto escolar. D eseja-se, ainda,
que o estudante, no exerccio de seu fazer profissional e nos espaos de
form ao educativa na escola, possa com preender os princpios da
gesto dem ocrtica e, principalm ente, constru-la em seu cotidiano.
Ementa
A dm inistrao e gesto da educao: concepes, escolas e aborda-
gens. A gesto da educao: fundam entos e legislao. Reform a do
Estado brasileiro e gesto escolar. G esto, descentralizao e autono-
m ia. G esto dem ocrtica: fundam entos, processos e m ecanism os de
participao e de deciso coletivos.
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Indicao de cones
O s cones so elem entos grficos utilizados para am pliar as form as delinguagem e facilitar a organizao e a leitura hipertextual.
Ateno:indica pontos de m aior relevncia no texto.
Saiba mais:rem ete o tem a para outras fontes: livro, revista,jornal, artigos, noticirio, internet, m sica etc.
Dicionrio:indica a definio de um term o, palavra ou expressoutilizada no texto.
Em outras palavras:apresenta um a expresso de form a m ais
sim ples.
Pratique:so sugestes de: a) atividades para reforar a com pre-enso do texto da D isciplina e envolver o estudante em sua prti-
ca; b) atividades para com por as 300 horas de Prtica Profissional
Supervisionada (PPS), a critrio de planejam ento conjunto entre
estudante e tutor.
Reflita:m om ento de um a pausa na leitura para refletir/escrever/ conversar/ observar sobre pontos im portantes
e/ou questionam entos.
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Sumrio
Unidade 1 - A administrao ou gesto da escola: concepes e escolastericas ....................................................................................... 17
Unidade 2 - A Reforma do Estado brasileiro: a gesto da educao e da es-cola ............................................................................................. 33
Unidade 3 - Gesto democrtica da escola pblica: concepes e implica-es legais e operacionais ......................................................... 59
Unidade 4 - Democratizao da gesto escolar: mecanismos de participa-o e autonomia da unidade escolar ......................................... 67
Unidade 5 - Gesto democrtica e os trabalhadores em educao ........... 87
Palavras finais .................................................................................................. 97
Referncias ....................................................................................................... 98
Currculo do Professor-Autor .......................................................................... 102
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Unidade 1
A adminstrao ougesto da escola:Concepes e escolas
tericas
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Voc sabia que o processo pedaggico ocorre
nos diferentes espaos e m om entos das
prticas sociais? isso m esm o, esses proces-
sos ocorrem na fam lia, na escola, no sindica-
to, na igreja e em diversos outros espaos.
A ssim , a escola com o um im portante espao
de socializao na vida de crianas, adoles-
centes, jovens e adultos tem o seu cotidiano
m arcado por vrias prticas form ativas. Essas
prticas envolvem a organizao pedaggica, a m erenda, a avaliao,
os processos de participao, entre outros, e traduzem concepes
tericas e prticas explcitas ou no.
O u seja, tudo que ocorre no espao educativo resultado dessasconcepes, vises de m undo. C om preender essas prticas e identificar
as concepes de gesto e organizao que as norteiam fundam en-
tal. D esse m odo, se quiserm os tornar a escola um espao form ativo
significativo para a form ao dos sujeitos devem os refletir, de m aneira
sistem tica, sobre as diferentes prticas, as concepes que as nortei-
am e, assim , vam os com preender a im portncia da organizao dos
espaos e tem pos pedaggicos, das dinm icas de participao que
envolvam todos e cada um na gesto e construo de um a educao
de qualidade.
D iscutir a adm inistrao ou gesto escolar nos leva discusso acerca
do conceito de adm inistrao em geral e, tam bm , a com preender a
histria da gesto, pois as transform aes econm icas e tecnolgicas,
bem com o os princpios, funes e m aneira de gerir interferem nas
prticas sociais e educacionais.
Vam os com ear por algum as concepes sobre a adm inistrao.
Prado(1991) define assim : "a com o processo de
planejar para organizar, dirigir e controlar recursos hum anos, m ateriais,
financeiros e inform acionais visando realizao de objetivos.
Voc pode observar que os conceitos, citados, esto carregados de
term os com o controle, produtividade e eficincia, caractersticos do
m odo de produo capitalista. N o entanto, a adm inistrao enquanto
atividade essencialm ente hum ana nasceu antes de a sociedade se
organizar a partir do ideal capitalista.
administrao
Concepes e escolas tericasRede e-Tec Brasil 18
Administrao - um
conjunto de princpios,normas e funes que tempor f im ordenar os fatoresde produo e controlar a
sua produt ividade eeficincia, para se obterdeterminado resul tado
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N esse sentido, outro autor, Vitor Paro, em seu livro
A dm inistrao Escolar: introduo crtica, ao discutir o
conceito de adm inistrao com o fenm eno universal,
define o term o com o "a utilizao racional de recursos para
a realizao de fins determ inadosAssim , tanto os princpi-os, quanto as funes da adm inistrao esto diretam ente
relacionados aos fins e natureza da organizao social em
qualquer realidade e, ao m esm o tem po, determ inados por
um a dada sociedade.
Por exem plo, na em presa capitalista, que tem com o objetivo a acum u-
lao do capital, a funo da adm inistrao organizar os trabalhado-
res no processo de produo, com a finalidade de ter o controle das
foras produtivas, do planejam ento execuo das operaes, visan-
do m axim izao da produo e dos lucros. J num a sociedadeindgena, a com unidade organiza seus recursos de caa no para obter
lucro, m as com o objetivo de garantir sua sobrevivncia com a abun-
dncia de carnes.
Ento, vam os refletir sobre as m aneiras de organizao construdas
pelos hom ens ao longo de sua histria m ais recente. Para desenvolver-
m os esse exerccio, apresentam os as escolas de adm inistrao que
traduzem concepes, polticas e form as de organizao e gesto.
O s estudiosos apontam vrias abordagens para o entendim ento do
term o adm inistrao. Para auxiliar a com preenso, usam os a seguinte
classificao:
a) escola clssica ou de adm inistrao cientfica;
b) escola de relaes hum anas;
c) escola behaviorista;
d) escola estruturalista.
D iscutirem os, tam bm , o enfoque cultural com o um a alternativa m aisabrangente para a anlise da adm inistrao.
A Escola de A dm inistrao C ientfica tem com o principais representan-
tes H enry Fayol e Frederick W . Taylor. Este ltim o seu principal prota-
Quais so as escolas de administrao?
Escola clssica ou de administrao cientfica
Rede e-Tec Brasil19Unidade 1 - A admini strao ou gesto da escola
Capitalismo umregime econmico esocial, caracterizado pelapropriedade privada dosmeios de produo e dedistribuio, pelal iberdade dos capi tal istaspara gerir os seus bens nosent ido da obteno delucro e pela inf luncia do sdetentores do capi talsobre o poder pol t ico.
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gonista, pois foi quem desenvolveu novos m todos de organizao
racional do trabalho. Taylor criou as linhas de m ontagem , adaptadas
produo em m assa, para o aproveitam ento m xim o do tem po, dos
recursos hum anos e m ateriais.
C om isso, m inim izou gastos e aum entou os lucros.
O princpio que norteia o pensam ento dessa escola pode-se resum ir,
segundo M ota (1973) na afirm ao de que: "algum ser um bom
adm inistrador m edida que planejar cuidadosam ente seus passos, que
organizar e coordenar racionalm ente as atividades de seus subordina-
dos e que souber com andar e controlar tais atividades.
Desse m odo, descreverem os a seguir as ideias centrais dessa abordagem .
Sendo o hom em um ser racional, ao tom ar um a deciso,busca conhecer todos os cursos de ao disponveis e
as consequncias da sua opo. Pode, assim , esco-
lher sem pre a m elhor alternativa e, com ela, m elho-
rar os resultados de sua deciso. Segundo essa
escola, os valores do hom em so tidos, a princ-
pio, com o econm icos.
Para essa escola de adm inistrao, a perspecti-
va dos resultados determ inante da m aneira
correta e eficiente de execuo do trabalho, oque im plica anlise e estudos detalhados de todo o
processo produtivo, para adequ-lo ao m xim o de produo. Para
tanto, a gesto deve intervir desde a seleo e treinam ento do pessoal
at a fixao de um sistem a de incentivos econm icos, passando por
controles da superviso.
A organizao um a form a de se estruturar a em presa, visando ao
m xim o de produtividade e de lucros, no sendo considerados os seus
aspectos sociais. Assim , a funo do adm inistrador , fundam entalm en-
te, determ inar a m aneira certa de executar o trabalho.
N o que se refere organizao propriam ente dita, esta escola funda-
m enta-se nas seguintes ideias:
a) Quanto mais dividido for o trabalho em uma organizao,mais eficiente ser a empresa;
Concepes e escolas tericasRede e-Tec Brasil 20
Frederick W. Taylor
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b) Quanto mais o agrupamento de tarefas em departamentosobedecer ao critrio da semelhana de objetivos, mais eficien-te ser a empresa;
c) Um pequeno nmero de subordinados para cada chefe e umalto grau de centralizao das decises, de forma que o con-trole possa ser cerrado e completo, tender a tornar as organi-zaes mais eficientes;
A s relaes sociais no m odo de produo capitalista so, sobrem anei-
ra, relaes antagnicas. D e um lado, esto os proprietrios dos
m eios de produo, e de outro, a classe trabalhadora, detentora da
fora de trabalho.
Essas relaes apresentam -se conflitantes e algum as vezes irreconcili-
veis. A Escola de Relaes H um anas, que tem G eorge Elton M ayo com o
seu representante m aior, desloca o foco de interesse da adm inistrao,
da organizao form al, para os grupos inform ais. A ssim , os problem as
sociais, polticos e econm icos, passam para a esfera dos problem as
psicolgicos, ocasionados "pelo relacionam ento no grupo, pela neces-
sidade de participao e autorrealizao (FELIX, 1989). N essa tica, os
princpios norteadores dessa escola esto centrados em outras ideias.
O hom em , alm de racional, essencialm ente social. Seu com porta-
m ento dificilm ente reduzvel a esquem as, sofrendo, portanto,
influncia de condicionam entos sociais e diferenas individuais. A
constatao do grupo inform al dentro da organizao, com o um a
realidade prpria, diferente da organizao form al, exige conhecim en-
tos e tratam entos especiais.
A lm do incentivo m onetrio, para que o hom em se integre de form a
eficiente aos objetivos da organizao form al, fazem -se necessrias
outras m otivaes, com o por exem plo, a participao nas tom adas
de deciso.
Essa escola no v a organizao em sua estrutura form al, m as foca
toda sua ateno para a organizao inform al, ou seja, para as relaes
sociais no previstas em regulam entos ou organogram as.
Escola de Relaes Humanas
Escola Behaviorista
Rede e-Tec Brasil21Unidade 1 - A admini strao ou gesto da escola
Entre 1927 e 1932, opsiclogo industria laustral iano George El tonM ayo prestou suacontribuio Escola dasRelaes Humanasatravs de uma pesquisana Western Eletric Co., nacidade de Hawt orne, ondeas mulheres que l
trabalhavam, executandotarefas rotineiras, eramsubmetidas a di ferentescondies de trabalho. Eleconcluiu que o ato delasse sent i rem observadasfazia com que aumentas-se sua motivao para otrabalho.
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Segundo a Escola ,os princpios adm inistrativos adotados
nas em presas podem ser em pregados em qualquer tipo de organizao
e os problem as adm inistrativos devem ser tratados com objetividade.
O s principais representantes desta escola so H erbert Sim on, C hester
Bernard, Elliot Jacques e C hris Argyris, que se pautam nas ideias m os-
tradas a seguir.
O com portam ento do hom em racional "apenas em relao a um
conjunto de dados caractersticos de determ inada situao; esses
dados, variveis e resultantes do e do da
prpria racionalidade, devem ser no s explicados, m as determ inados
e previstos pela teoria.
O processo de tom ada de deciso, para essa abordagem , exige um
tratam ento m etodolgico especial, tendo em vista a sua im portnciano processo adm inistrativo. O s problem as relacionados autoridade
exigem estudos especiais, pois necessrio um tratam ento que leve
aceitao das norm as e ordens. A ssim , a autoridade, deve ser encarada
com o fenm eno psicolgico e no apenas legal.
A organizao deve ser percebida com o "um instrum ento cooperativo
racional. A realizao e satisfao dos objetivos pessoais se obtm
pela vivncia da cooperao nas organizaes inform ais.
A Escola Estruturalista tem entre seus representantes M ax W eber,
Robert K. M erton, lvin G ouldner e A m itai Etzioni. Segundo o ponto de
vista dessa escola, a organizao do m undo m oderno exige do hom em
um a personalidade flexvel, resistente a frustraes, com capacidade de
adiar a recom pensa e com desejo de realizao pessoal. D iferente das
escolas clssica e de relaes hum anas, que defendiam a harm onia
natural de interesses, e da escola Behavorista, que adm itia a existncia
do conflito, m as acreditava na sua superao por m eio da integrao
das necessidades individuais s organizacionais, os estruturalistasapontam que o conflito, alm de necessrio, inerente a determ inados
aspectos da vida social, tendo em vista as tenses e os dilem as presen-
tes nas organizaes. O s incentivos para o bom desenvolvim ento do
trabalho no podem ser apenas de natureza econm ica ou de natureza
psico-social, m as de am bas, pois elas se influenciam m utuam ente.
Behaviorista
Escola Estruturalista
subjetivismo relativismo
Concepes e escolas tericasRede e-Tec Brasil 22
Behaviorismo Ram o dapsicologia que invest iga o
comportamento com nfaseno estudo objet ivo dosestmulos e reaesverificadas no fsico.
Subjetivismo -
Relativ ismo -
tendncia para reduzirtoda a existncia ao
indivduo, aopensamento individual .
ateoria f i losf ica que se
baseia na relat ividade doconhecimento e repudia
qualquer verdade ouvalor absoluto. Ela partedo pressuposto de que
todo pon to de vista vlido.
M ax Weber, foi umintelectual alemo e um
dos fundadores dasociologia
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O enfoque cultural: uma tentativa de contextualizao da admi-nistrao
A anlise dessas escolas, que retratam ahistria das diferentes concepes de
adm inistrao, revela o norte poltico
que as caracteriza. C om o o eixo de nossa
anlise a adm inistrao escolar, falta
um a concepo que considere as parti-
cularidades da escola. A ssim , Benno
Sander (1995), ao situar a trajetria da
adm inistrao escolar, destaca o carter
assum ido por esta desde o enfoque
essencialm ente norm ativo (que priorizaas norm as e a orientao jurdica),
passando pelas abordagens tecnocrticas e com portam entalistas, at
as abordagens contem porneas que possibilitam , em alguns casos, a
centralidade da dim enso hum ana, favorecendo os processos de
participao dos diferentes atores no cotidiano escolar. N esse sentido,
destaca a im portncia do enfoque cultural, centrado na dim enso
hum ana, com o concepo que contribui para repensar a cultura
escolar e, desse m odo, para a construo da gesto dem ocrtica das
escolas. A seguir, vam os discutir um pouco m ais essa questo, resga-
tando a especificidade da escola.
D iscutim os, anteriorm ente, vrias concepes sobre a teoria da adm i-
nistrao. O nosso objetivo foi possibilitar a voc a com preenso de queexistem vrias form as e m aneiras de se ver e de se organizar a adm inis-
trao de um a instituio social. A o m esm o tem po, enfatizam os o
enfoque cultural com o aquele que possibilita um a ao contextualiza-
da dos processos de gesto. Vam os discutir, em seguida, a adm inistra-
o ou gesto de um a instituio social especfica: a escola.
Rede e-Tec Brasil23Unidade 1 - A admini strao ou gesto da escola
A gesto da escola, entendida com o instituio educati-
va, diferente da adm inistrao de em presas?
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Voc j pode ter visto que, os term os "gesto da educao" e "adm inis-
trao da educaoso utilizados na literatura educacional ora com o
sinnim os, ora com o term os distintos. A lgum as vezes, gesto apre-
sentada com o um processo dentro da ao adm inistrativa, outras vezes
apresenta-se com o sinnim o de gerncia num a conotao neotecnicis-ta dessa prtica e, em m uitos outros m om entos, gesto aparece com o
um a "nova" alternativa para o processo poltico-adm inistrativo da
educao. Entende-se por gesto da educao o processo poltico-
adm inistrativo contextualizado, por m eio do qual a prtica social da
educao organizada, orientada e viabilizada. (BO RD IG N O N ;
G RA C IN D O , 2001). Tendo em vista a anlise feita pelos professores
G enuno Bordignon e Regina G racindo, vam os optar pelo uso do term o
gesto com o substitutivo para o de adm inistrao, quando descreve-
m os os conceitos de gesto de sistem as e de gesto escolar.
N as escolas e nos cursos de form ao, abordam -se conceitos com o:
gesto da educao, gesto da escola, gesto educacional, gesto de
sistem as e adm inistrao escolar. C onvm entender esses conceitos
para, depois, utiliz-los nas escolas, ento, vejam os a seguir duas
abordagens:
A gesto de sistem a im plica ordenam ento norm ativo e jurdico e a
vinculao de instituies sociais por m eio de diretrizes com uns.
A democratizao dos sistemas de ensino e da escola implicaaprendizado e vivncia do exerccio de participao e detom adas de d eciso. Trata-se de um processo a ser construdocoletivamente, que con sidera a especificidade e a po ssibil idadehistrica e cultural de cada sistema de ensino: municipal,distrital, estadu al ou federal de cada escola . (Brasil, 2004 , p.23 )
Gesto de Sistema Educacional
Concepes e escolas tericasRede e-Tec Brasil 24
Voc sabia que as escolas vinculam -se a um sistem a de
ensino? Para com preenderm os m elhor esse processo
vam os apresentar alguns conceitos fundam entais.
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Gesto da Escola Pblica
Trata-se de uma m aneira de organizar o funcionam ento daescola pblica quanto aos aspectos polticos, administrativos,
financeiros, tecnolgicos, culturais, artsticos e pedaggicos,com a finalidade de dar transparncia s suas aes e atos epossibil itar comunidade escolar e local a aquisio deconhecimentos, saberes, ideias e sonhos num processo deaprender, inventar, criar, dialogar, construir, transformar eensinar . (Si lva, 200 3)
A partir desses conceitos, vam os com preender m elhor a escola e sua
funo social, destacar as suas especificidades ao diferenciar a gesto
escolar da adm inistrao em presarial. A escola, com o instituio social,
deve ser adm inistrada a partir de suas especificidades, ou seja, a escola um a organizao social dotada de responsabilidades e particularida-
des que dizem respeito form ao hum ana por m eio de prticas
polticas, sociais e pedaggicas. A ssim , sua gesto deve ser diferencia-
da da adm inistrao em geral, e, particularm ente, da adm inistrao
em presarial.
A instituio escola pblica, criada para ser espao de form ao dos
dirigentes da sociedade, tornou-se hoje o local universal de form ao
de hom ens e de m ulheres, abrigando no m esm o espao seres hum anos
em processo de vir a ser. Lem brem os-nos do dever hum ano, aprofunda-do na prim eira unidade do M dulo 3. L, aprendem os que a transfor-
m ao faz parte de ns e da nossa cultura. Estam os no m undo e por isso
nossas aes o atingem e, a partir disso, construm os nossa educao.
A educao aqui entendida com o processo de criao, inovao e
apropriao da cultura, historicam ente produzida pelo hom em .
D essa form a, a escola torna-se espao privilegiado de produo e
de transform ao do saber sistem atizado. A s prticas e aes
que a organizam devem ser em inentem ente educati-
vas, de form a a atingir os objetivos da instituio:form ar sujeitos participativos, crticos e criativos.
Rede e-Tec Brasil25Unidade 1 - A admini strao ou gesto da escola
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A ssim , vam os fazer um a reflexo sobre as concepes que perm eiam as
discusses acerca da adm inistrao educacional e, assim , identificar e
discutir os argum entos utilizados pelas escolas tericas que defendem a
especificidade da gesto escolar e questionam o em prego linear na
educao dos princpios utilizados na adm inistrao em geral.
Por qu o nosso pas m arcado por intensas desigualdades? Por qu
no garantido a todos o direito social m oradia, assistncia m dica,
odontolgica e educacional? Por qu alguns tem acesso a educao e
outros no?
C om o contribuir para a educao de qualidade de crianas, adolescen-
tes, jovens e adultos?
O que fazer durante nossas atividades na escola para contribuir para a
form ao significativa dos estudantes? Com o os funcionrios podem
contribuir? C om o podem os ser educadores e gestores na escola?
Voc j teve oportunidade de ver as questes acim a no m dulo 2 Educadores e educandos: tem pos histricos. Interessante fazer um a
pausa para refletir sobre ela, por isso a trouxem os novam ente nesse
caderno.
O hom em , no processo de transform ao da natureza, instaura leis que
regem a sua convivncia no grupo, cria estruturas sociais bsicas que se
estabelecem e se solidificam conform e vo se constituindo em espao
de form ao do prprio hom em . A s relaes que os hom ens estabele-cem entre si e a natureza - nas diferentes esferas da vida social, m edia-
das por instituies por eles criadas, tais com o instituies religiosas,
trabalhistas, educacionais, sindicatos, partidos polticos e associaes -
constituem -se em espaos de construo/reconstruo de saberes
sociais e da H istria hum ana.
Qual a funo social da educao e da escola?
Concepes e escolas tericasRede e-Tec Brasil 26
Pensar a dem ocratizao da escola pblica im plica definir
com clareza a funo social dessa instituio. Para que serve a
escola? Q uais so suas funes bsicas?
C om o se posicionar diante de outras funes a ela atribudas?
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A satisfao das m ltiplas e histricas necessidades hum anas s
possvel na m edida em que os hom ens se relacionam entre si. A ssim , o
processo de relao entre os hom ens e a natureza aponta para a necessi-
dade de criar m eios que entrelacem as suas relaes. A ssim podem os
entender que, "o processo de entrar em relaes uns com os outros nos im perativo, pois a satisfao das necessidades hum anas im plica agir,
que im pe inelutavelm ente a presena do outro. (BRU N O , 2004, p. 288)
ao relacionar-se entre si e com a natureza que os homens seconstituem e, nessa relao, constroem saberes, objetos, conhe-cimentos e cultura. Os conhecimentos e os saberes construdoshistoricamente pelos homens, nas relaes que estabelecementre si, nas diferentes esferas da vida social, constituem o quese chama de educao, que, compreendida na perspectiva
ampliada, define-se como prtica social que se d nas relaessociais que os homens estabelecem, nas diversas instituies emovimentos sociais, por eles criados e modificados ao longo desua histria.
M as, por ser produto das relaes estabelecidas entre os hom ens, a
educao tam bm pode ser crivada por concepes m ais restritas ou
m ais com plexas, dependendo de com o se do as relaes na produ-
o/reproduo da vida m aterial, espiritual e na organizao da vida em
sociedade.
A ssim , em um a sociedade em que o hom em tido com o sujeito histri-
co e sua form ao tem com o objetivo o desenvolvim ento fsico, polti-
co, social, cultural, filosfico, profissional e afetivo, a concepo de
educao se d na perspectiva que concebe o hom em na sua totalida-
de. Em contrapartida, em um a sociedade em que o hom em reduzido
a indivduo que vende a sua fora de trabalho, a educao passa a ter
com o finalidade habilitar tcnica, disciplinar e ideologicam ente os
diversos grupos de trabalhadores para servir ao m undo do trabalho.
N essa concepo, a educao lim ita-se preparao de m o de obra,
qualificando o hom em para a subm isso individual e com petitiva esfera econm ica e ao m ercado de poucos em pregos.
A concepo de educao que orienta este mdulo fundamenta-se numa perspectiva crtica que concebe o homem em sua totali-dade, enquanto ser constitudo pelo biolgico, material, afetivo,
Rede e-Tec Brasil27Unidade 1 - A admini strao ou gesto da escola
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esttico e ldico. Nesse sentido, faz-se necessrio que oshomens, no desenvolvimento das prticas educacionais, emsuas mltiplas e histricas necessidades, sejam consideradoscomo sujeitos dos processos educativos. Isso significa que a
educao est sendo compreendida em um sentido mais amplo,ou seja, enquanto prtica social que se d nas relaes que oshomens estabelecem entre si, nas diferentes instituies emovimentos sociais, sendo, portanto, constituinte e constitutivadessas relaes. E a escola, como instituio social, criada peloshomens na busca da construo/reconstruo de um saberhistrico e da sua prpria humanizao por meio das relaesestabelecidas, s se justifica quando cumpre a funo social paraa qual foi criada.
O projeto de educao a ser desenvolvido nas
escolas tem de considerar, portanto, os dife-
rentes segm entos sociais que a com pem ,
bem com o buscar a explicitao de sua identi-
dade social, articulando-se com a realidade.
Precisa prever aes com vistas m elhoria dos
processos educativos, propiciando condies
polticas e culturais para sistem atizar e sociali-
zar os saberes produzidos pelos hom ens. Isso
quer dizer que o projeto de um a unidade escolar, na perspectiva de um a
educao de qualidade e dem ocrtica, deve envolver os diferentes
sujeitos que constroem o cotidiano da escola: funcionrios, estudantes,
professores, pais, equipe de direo e com unidade.
A ssim , a escola, no desem penho de sua funo social de form adora de
sujeitos histricos, constitui-se em um espao de sociabilidade, possibi-
litando a construo e a socializao do conhecim ento vivo, que se
caracteriza enquanto processo em construo perm anente e espao de
insero dos indivduos nas relaes sociais.
im portante no perder de vista que o projeto da escola deve se articu-
lar e contribuir com o projeto pedaggico do sistem a ou rede. A ssim ,
quanto m ais a construo deste for participativa m aiores sero as
possibilidades do projeto da escola contribuir com o conjunto das
instituies educativas que com pem a rede.
Concepes e escolas tericasRede e-Tec Brasil 28
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Logo, voc j deve ter percebido que funo da escola criarprojetos educativos numa perspectiva transformadora e inova-dora, onde os fazeres e prticas no estejam centrados nasquestes individuais, mas sim nas questes coletivas. Isso quer
dizer que, para a escola avanar, fundamental considerar osespaos de formao de todos que trabalham, criam, brincam,sonham e estudam, enfim, de todos aqueles que dela fazemparte. Tambm fundamental no perdermos de vista que aescola faz parte das relaes sociais mais amplas e que as possi-bilidades histricas de sua organizao passam pela sociedadepoltica e civil. Nesse cenrio, os processos de mudana vivencia-dos pelo Estado so um dos indicadores dos limites e das possibi-lidades da gesto escolar.
Vim os com o a concepo de adm inistrao em presarial tem sido
apresentada com o parm etro para a gesto educacional e que a sua
difuso se deu por m eio da corrente de estudiosos que entendem os
problem as da escola com o m eram ente adm inistrativos. Sua soluo,
portanto, estaria no uso de m todos e tcnicas oriundos das teorias das
"escolas" de adm inistrao.
Segundo os defensores dessa concepo, a
gesto entendida com o direo, ou seja, com o
a utilizao racional de recursos na busca da
realizao de determ inados objetivos. Isso
requer um a adequao dos m eios aos fins a
serem alcanados. Logo, se os objetivos so
ganhos im ediatos de novos m ercados e consu-
m idores, as aes da direo da em presa se
pautaro por eles. N o entanto, vim os tam bm
que h outra concepo de gesto educacional,
derivada no dos objetivos do m undo com ercial
e com petitivo, m as da natureza, das funes, dos objetivos e dos
valores das escolas, alicerados no cam po da form ao hum ana e
sociocultural. A m aneira de conduzir um a escola reflete, portanto, os
valores, concepes, especificidades e singularidades que a diferenci-
am da adm inistrao capitalista.
Gesto da educao: tendncias atuais
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A ssim , os objetivos da organizao escolar e da organizao em presari-
al no so apenas diferentes, m as antagnicos. A escola objetiva o
cum prim ento de sua funo de socializao do conhecim ento histori-
cam ente produzido e acum ulado pela hum anidade, ao passo que a
em presa visa expropriao desse saber na produo de m ais valia paraa reproduo do capital, para m anter a hegem onia do m odo de produ-
o capitalista.
A escola, enquanto organizao social, parte constituinte e constituti-
va da sociedade na qual est inserida. A ssim , estando a sociedade
organizada sob o m odo de produo capitalista, a escola enquanto
instncia dessa sociedade, contribui tanto para m anuteno desse
m odo de produo, com o tam bm para sua superao, tendo em vista
que constituda por relaes contraditrias e conflituosas estabeleci-
das entre grupos antagnicos.
A possibilidade da construo de prticas de gesto na escola, voltadas
para a transform ao social com a participao cidad, reside nessa
contradio em seu interior. D esse m odo, a gesto escolar vista por
alguns estudiosos com o a m ediao entre os recursos hum anos,
m ateriais, financeiros e pedaggicos, existentes na instituio escolar, e
a busca dos seus objetivos, no m ais o sim ples ensino, m as a form ao
para a cidadania.
A gesto, num a concepo dem ocrtica, efetiva-se por m eio da partici-pao dos sujeitos sociais envolvidos com a com unidade escolar, na
elaborao e construo de seus projetos, com o tam bm nos processos
de deciso, de escolhas coletivas e nas vivncias e aprendizagens de
cidadania.
novam ente do professor Paro a afirm ao de que:
" o carter mediador da adm inistrao manifesta-se de formapeculiar na gesto educacional, porque a os fins a seremrealizados relacionam-se emancipao cultural de sujeitos
histricos, para os quais a apreenso do saber se apresentacomo elemento decisivo na construo de sua cidadania .(1999, mimeo).
A ssim , a gesto escolar voltada para a transform ao social contrape-
se centralizao do poder na instituio escolar e nas dem ais organi-
zaes, prim ando pela participao dos estudantes, funcionrios,
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professores, pais e com unidade local na gesto da escola e na luta pela
superao da form a com o a sociedade est organizada.
Isso im plica repensar a concepo de trabalho, as relaes sociais
estabelecidas no interior da escola, a form a com o elaest organizada, anatureza e especificidade da instituio escolar e as condies reais de
trabalho pedaggico, discusso que farem os no prxim o tpico.
Escolha de cinco a sete pessoas entre pais, mes, professores,colegas funcionrios e estudantes, e faa as seguintes pergun-tas: quais so as funes da escola hoje em dia? O que a escolarepresenta para a cidade, para o bairro? A conversa deve serregistrada em seu Memorial.
Rede e-Tec Brasil31Unidade 1 - A admini strao ou gesto da escola
RESUMO
Nessa Unidade voc conheceu quatro escolas de
Administrao so elas: a)escola clssica ou de adminis-
trao cientfica; b) escola de relaes humanas; c) escola
behaviorista; d) escola estruturalista e o conceito de cada
uma. Conheceu, ainda, o enfoque cultural e as discussesmais recentes sobre gesto e gesto escolar com destaque
para a discusso sobre a funo social da educao e da
escola.
Com base no texto a seguir reflita sobre a importncia da
construo de processos que contribuam para a democra-
tizao da gesto escolar incluindo, nesse contexto, uma
reflexo sobre a funo social da escola e a importncia de
aes e prticas pedaggicas direcionadas a aprendiza-
gens significativas de crianas, adolescentes, jovens e
adultos.
A gesto democrtica, entendida, portanto, como
espao de deliberao coletiva (estudantes, funcionrios,professores, pais ou responsveis), precisa ser assumidacomo base para a melhoria da qualidade da educao eaprimoramento das polticas educacionais, enquantopolticas de Estado articuladas com as diretrizes nacionais
para todos os nveis e modalidades de educao/ensino.(DOURADO; AMARAL. 2011, p.303).
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Rede e-Tec Brasil21Nome da Aula
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Nome do Curso TcnicoRede e-Tec Brasil 22
Unidade 2
A reforma doEstado brasileiro:a gesto da educao e da
escola
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Caro/a est udant e
Na unidad e anteri or, situam os as concepes sobre admi nistraoem geral e destacamos o papel, a impo rtncia e a especific idadeda gesto da escola. Discutimos, ainda, que no existe apenas
uma nica lgica de admi nistrao ou g esto, o que coloca comodesafio a reflexo sobre o t ipo de escola que queremo s e sob q ueconcepo de gesto buscamos constru-la. Visando propiciarmais elementos para a nossa anlise, vamos discutir a seguir arelao entre a reforma do Estado e a gesto da educao e daescola n o Brasil.
N as ltim as dcadas, no Brasil, vivenciam os um processo
de m udanas, causadas pelo increm ento das relaes
sociais capitalistas, pelo expressivo avano tecnolgi-co e pela globalizao do capital e do trabalho. Essas
alteraes societrias redim ensionaram o papel da
educao e da escola, e encontraram terreno frtil no
cam po das polticas educacionais, im plem entadas no
pas. O s processos de regulao da educao e de gesto
da escola por m eio de aes centralizadas interferiram ,
sobrem aneira, na lgica organizativa da escola e nos papis e
processos de trabalho dos profissionais da educao.
A partir dos anos 90, ocorre a consolidao de um processo de reform ado Estado, centrado na m inim izao de seu papel, no tocante s
polticas pblicas. N a rea educacional, vivenciam -se, em toda a
A m rica Latina, m udanas no papel social da educao e da escola, por
m eio de um conjunto de m edidas que alteram o panoram a da educa-
o bsica e superior.
N o Brasil, intensificam -se as aes polticas e reform as educacionais em
sintonia com a orientao de organism os internacionais, expressas por
vrios dispositivos da nova Lei de D iretrizes e Bases da Educao
N acional (Lei n. 9394/1996).
A nova apresenta alguns avanos m as tem com o lgica estrutural
a nfase nas concepes de produtividade, eficincia e qualidade total.
Essas orientaes, ao redirecionarem as form as de gesto, os padres
de financiam ento, a estrutura curricular, o esquem a de profissionaliza-
A reforma do Estado e a educao no Brasil
LDB
a gesto d a educao e da escolaRede e-Tec Brasil 34
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o, a com posio dos nveis de ensino na educao bsica e na educa-
o superior, possibilitaram , ao m esm o tem po, m ecanism os de descen-
tralizao (m unicipalizao, escolarizao) e novas form as de centrali-
zao e controle por parte do poder central, com o os instrum entos
nacionais de avaliao.
, a lei destaca o princpio da gesto dem ocrtica, j
presente na C onstituio de 1988 e cuja im plantao s se concretiza
se a gesto dos processos prim ar pela participao ativa de todos os
atores e instituies intervenientes no processo educacional. nesse
espao contraditrio que devem os pensar os lim ites e as possibilidades
da dem ocratizao da escola, ou seja, entender a educao enquanto
prtica social constitutiva e constituinte das relaes sociais m ais
am plas. A ssim , com preender a im portncia de outros espaos de
form ao no interior da escola e neles buscar a construo de novoshorizontes para a gesto da educao e da escola, envolvendo a com u-
nidade local e escolar. Isso se tornou tarefa m par. U m dos prim eiros
elem entos para essa construo im plica identificar na legislao -
C onstituio Federal, LD B, C onstituies Estaduais e Leis O rgnicas
M unicipais - os princpios que norteiam a gesto escolar.
N a dcada de 1990, predom inou a retom ada conservadora dos gover-nos em penhados com o crescim ento do capital financeiro internacio-
nal. O correram , ento, im portantes alteraes no m undo do trabalho e
da produo, resultantes do expressivo avano tecnolgico, da flexibili-
zao das leis trabalhistas e da globalizao do capital financeiro,
sobretudo, especulativo.
Em escala m undial, essas transform aes societrias redim ensionaram
o papel das polticas pblicas, particularm ente, da educao e da
escola. N o cam po educacional, intensifica-se um a tendncia de reto-
m ada da Teoria do Capital Humanoe de proposies gerenciais
com o norte para as questes escolares, sobretudo, dos processos de
regulao, financiam ento e gesto.
A teoria do capital hum ano, desenvolvida pelo grupo de estudos
coordenado por Theodoro Schultz, nos Estados U nidos, na dcada de
70, com preende,
Paradoxalmente
A Gesto escolar no contexto da reforma de Estado: concepesem disputa
Rede e-Tec Brasil35Unidade 2 - A reforma do Estado brasileiro
PARADOXALMENTEContradio, pelo menos naaparncia.Concei to que ou parececontrrio ao comum:contrasenso.
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a ideia-chave de que a um acrscimo m arginal de instruo,treinamento e educao, corresponde um acrscimo marginalde capacidade de produo. Ou seja, a ideia de capital hum ano uma ' quant idade' ou um grau de educao e de qual i f icao,
tomando como ind icat ivo de um determinado volume deconheciment os, habi l idades e at i tud es adquiridas que fun cio-nam como potencial izadoras da capacidade de trabalho e deproduo. Dessa suposio deriva que o investimento emcapital human o um dos mais rentveis,tanto no plano geraldo desenvolvimento das naes, quant o no plano da mo bi l i -dade ind ividual. (FRIGOTTO, 19 99 , p. 41)
N esse cenrio de m udanas, a reduo da educao escola, em
m uitos casos, um indicador da viso "pragm atista" e "redentorista
que passa a orientar as polticas na rea, por m eio de forte interlocuoe induo dos organism os m ultilaterais.
A interveno desses organism os, por m eio de financiam ento de
projetos e assistncia tcnica, na definio de polticas para a educao
pblica expressa a m aneira sutil dos governos federal, estaduais e
m unicipais reconfigurarem a educao atravs da lgica dos negcios
com erciais.
A ssim , em 1995, criou-se o M inistrio da A dm inistrao Federal e
(M A RE), com o objetivo de redefinir as funestpicas do Estado, com o regulao, fiscalizao e gerncia. Tal perspec-
tiva im plicava transferir para o setor privado as atividades ligadas
sade, educao e cultura ou, pelo m enos, torn-las aes "concorren-
tes" com a iniciativa estatal.
N esse perodo, foram propostas reform as na educao bsica, profissio-
nal, tecnolgica e superior. im portante destacar a adoo de polticas
focalizadas no ensino fundam ental e o crescente processo de privatiza-
o da educao superior na dcada de 1990.
A partir de aes da sociedade civil organizada, especialm ente os
m ovim entos envolvendo os profissionais da educao e suas entidades,
novas perspectivas tm se efetivado nas polticas educacionais, sobre-
tudo a partir da adoo de aes e program as direcionadas para am pli-
ao de toda a educao bsica com destaque para a am pliao da
obrigatoriedade e universalizao da educao de quatro a 17 anos,
Reforma do Estado
a gesto d a educao e da escolaRede e-Tec Brasil 36
Leia sobre o Plano diretorda reforma do estado no
l i nkh t tp : / /www.p lane jamento .g
ov.br/GESTAO/conteudo/publ icacoes/plano_diretor/portu
gues.htm
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novos m arcos do financiam ento, polticas de incluso, adoo de aes
afirm ativas visando assegurar m aior justia social, entre outras.
Ento, a partir do que foi exposto podem os perceber que as polticas do
Estado para a educao so resultantes das aes e dos com prom issosassum idos entre as instituies financeiras internacionais e as foras
econm icas nacionais; da capacidade das entidades, associaes,
organizaes e sindicatos de fazer avanar seus projetos e propostas na
direo alm ejada; das prticas sociais e pedaggicas criadas e inventa-
das no interior da escola, em que se conjugam histrias, valores, cultu-
ras, identidades e saberes. Portanto, no m eio das contradies que
som os educadores e fazem os a PO LTIC A .
A ssim , as polticas educacionais, enquanto
polticas pblicas, cum prem o papel de inte-grao e qualificao para o processo produti-
vo, criando estruturas norteadas por interesses
e prioridades nem sem pre circunscritos
esfera educacional, m as voltadas para o
cam po dos negcios com erciais e em presaria-
is. A o m esm o tem po, as polticas educacionais
se situam e so com preendidas no m bito das
dem ais polticas sociais, portanto, com o um
direito social. a partir desse carter contradi-
trio das polticas que devem os ocupar espa-os em defesa do direito educao e
participao cidad.
N esse cenrio, a educao entendida com o prtica social, cuja especi-
ficidade (a ao educativa) no lhe confere autonom ia. A educao no
se confunde com a escolarizao, que consiste em um a das m odalida-
des da ao educativa, m as tem na escola o seu lugar privilegiado -
espao de institucionalizao processual do pensar e do fazer.
A educao escolar configura-se, portanto, em ato poltico e pedaggi-
co na m edida em que requer sem pre um a tom ada de posio. A ao
educativa e, consequentem ente, a poltica educacional em qualquer
das suas feies no possuem apenas um a dim enso poltica, m as so
sem pre polticas, j que no h conhecim ento, tcnica ou tecnologias
neutras, pois todas so expresses e form as conscientes, ou no, de
engajam ento das pessoas na sociedade.
Rede e-Tec Brasil37Unidade 2 - A reforma do Estado brasileiro
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7/26/2019 2.1 Gesto Da Educao Escolar
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A seguir vam os aprofundar a discusso sobre a gesto dem ocrtica na
C onstituio Federal e na LDB.
N a C onstituio Federal, prom ulgada em 5 de
outubro de 1988, alguns avanos sociais foram
sinalizados, com o a garantia do acesso ao ensino gratui-
to e obrigatrio, consubstanciado no direito pblico
subjetivo; a gesto dem ocrtica do ensino pblico; a vincula-
o de im postos educao, pela qual cabe U nio aplicar
18% e aos Estados, m unicpios e D istrito Federal, 25% .
A criao e as aes do Frum N acional em D efesa da Escola Pblica,
enquanto espao de articulao e de luta poltica em defesa de um a
educao cidad e, portanto, gratuita, de qualidade social e dem ocrti-
ca, foram fundam entais para a form ulao de um projeto para a Lei de
D iretrizes e Bases da Educao N acional. Por m eio dele, o ento
D eputado O ctvio Elysio apresentou C m ara dos Deputados o
projeto de lei de diretrizes e bases da educao nacional antecipando-
se ao poder Executivo.
A tram itao do referido projeto se deu lentam ente, em m eio a difceis
e com plexas negociaes. Isso retratou a com posio heterognea do
C ongresso N acional e os diversos interesses em jogo, principalm ente o
histrico em bate entre os defensores do ensino pblico e os defensores
do setor privado.
N essa cam inhada, aps vrios retrocessos, foi
aprovado o substitutivo redigido pelo senador D arcy
Ribeiro, com vrias em endas que restauraram
dispositivos da C m ara e at introduziram novos
avanos. A pesar das m udanas no texto por fora
dos acordos do grupo governam ental, algum asreivindicaes de setores organizados da sociedade
civil, particularm ente, algum as bandeiras do Frum
N acional em D efesa da Escola Pblica foram efetiva-
das na redao final da Lei n 9.394, de 20 de dezem bro de 1996,
com o por exem plo:
A construo da gesto democrtica na Constituio Federal e
na Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional
a gesto d a educao e da escolaRede e-Tec Brasil 38
A const i tu io brasi le i rade 1988 a st ima areger o Brasil desde a
sua Indepen dncia. Trata-se de Carta Magna d o
Estado Brasileiro que sedestacou por ampl iar o sdireitos sociais, dentre aeducao. importante
ressal tar que important esalteraes foram feitas
na Constituio Federalpor m eio de Emendas
Const i tucionais que emalguns casos suprimiram
alguns avanos e emoutros ampl iaram
conquistas. A EmendaConst i tucional 59/2009
avana ao aprovar aeducao obrigatria dos
quatro aos 17 anos. AGarant ia da efet ivao
desse direito devemobi l izar toda a
sociedade e se constituiobrigao do Estado
Brasileiro.
Darcy Ribeiro
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39/102
concepo de educao: concepo am pla, entendendo a educa-
o para alm da educao escolar, para alm da escolarizao;
fins da educao: educao com o instrum ento para o exerccio da
cidadania;
educao com o direito de todos e dever do Estado: "garantiada
universalizao da educao bsica (educao infantil, fundam ental
e m dia);
gratuidade do ensino pblico em todos os nveis, assegurada pela
destinao de im postos vinculados da U nio, dos Estados, do
D istrito federal e dos M unicpios, repassados de dez em dez dias ao
rgo da educao;
articulao entre os sistem as de ensino da U nio, dos Estados, do
D istrito Federal e dos M unicpios;
instituio do , garantindo
a representao de setores organizados da sociedade civil;
gesto dem ocrtica nas instituies pblicas.
C onsiderando esse processo e, ainda, entendendo que a gesto dem o-
crtica no se decreta, m as se constri coletiva e perm anentem ente,
alguns desafios se colocam para sua efetivao nos sistem as de ensino.
N essa direo, os processos form ativos escolares que acontecem em
todos os espaos da escola revelam a construo de um a nova gesto
pautada pela efetivao de canais de participao, de descentralizao
do poder e, portanto, de exerccio de cidadania.
D esse m odo, a construo da gesto dem ocrtica passa pela garantia
de alguns princpios fundam entais, quais sejam : a participao poltica;
a gratuidade do ensino; a universalizao da educao bsica; a coor-
denao, planejam ento e a descentralizao dos processos de deciso
e de execuo e o fortalecim ento das unidades escolares; a operao
dos conselhos m unicipais de educao, enquanto instncia de consul-
ta, articulao com a sociedade e deliberao em m atrias educaciona-
is; o financiam ento da educao; a elaborao coletiva de diretrizes
gerais, definindo um a base com um para a ao e a form ao dos
trabalhadores em educao e a exigncia de planos de carreira que
propiciem condies dignas de trabalho.
Conselho Nacional de Educao (CNE)
Rede e-Tec Brasil39Unidade 2 - A reforma do Estado brasileiro
O Conselho Nacional deEducao um rgocolegiado integrante daestrutura deadministraodireta do M EC e foi criadonos termos da Lei 9.131 ,de 24 de novembro de1 9 9 5 .
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A gora que voc j est inform ado sobre com o est configurada a
construo da gesto dem ocrtica na C onstituio Federal e na LD B
vam os, discutir m ais am plam ente quais so os princpios da gesto
dem ocrtica a serem efetivados com base na LDB.
N a Lei n. 9.394/1996, a gesto dem ocrtica, enquanto princpio,oaparece no artigo 3 , inciso VIII: "G esto dem ocrtica do ensino pbli-
co, na form a desta lei e da legislao dos sistem as de ensino. Sobre os
princpios norteadores da gesto dem ocrtica nas escolas pblicas de
educao bsica, a LD B dispe: A rt. 14 - O s sistem as de ensino definiro
as norm as de gesto dem ocrtica do ensino pblico na educao
bsica, de acordo com as suas peculiaridades e conform e os seguintes
princpios:
I - participao dos profissionais da educao na elaborao do Projeto
Poltico-Pedaggico da escola;
II - participao das com unidades escolar e local em conselhos escolaresou equivalentes.
D e acordo com a legislao vigente, cabe aos sistem as de ensino
regulam entar a gesto dem ocrtica por m eio de dois instrum entos
fundam entais ao increm ento da participao:
a) Projeto Poltico-Pedaggico da escola, elaborado por profissionais daeducao;
b) conselhos escolares que incluam m em bros da com unidade escolar elocal. Portanto, nem o Projeto Poltico-Pedaggico da escola pode serdesenvolvido sem o envolvim ento dos profissionais da educao,nem o conselho escolar pode prescindir dos professores e dos funcio-nrios.
Pensar esses princpios implica alterarmos a escola que temos ebuscarmos a construo de uma nova escola que seja pblica epopular, com processos de participao e de gesto envolvendoa comunidade. Professores, coordenadores, supervisores, orien-
tadores educacionais, funcionrios, pais e alunos tomam asdecises, construindo coletivamente a autonomia da escola.
Os princpios da gesto democrtica
Nesse sentido, fundamental superar a lgica de gesto adota-da por algumas administraes pblicas, caracterizada por ummodelo gerencial em que autonomia se reduz administraodos recursos financeiros com eficincia e produtividade.
a gesto d a educao e da escolaRede e-Tec Brasil 40
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Autonomia significa gesto democrtica construda por meio doconselho escolar, do Projeto Poltico-Pedaggico como expres-so da cultura e da comunidade escolar.
Tal m udana s ser possvel se todos os segm entos da escola buscarema efetiva participao. U m a das prim eiras lutas, nesse processo, refere-
se garantia do direito educao. Vam os lutar pelo direito educao
para todos?
Polticas educacionais: a relao entre os entes federados e a
garantia do direito educao
D o ponto de vista da organizao e gesto, o atual sistem a brasileiro de
ensino resultado de m udanas im portantes no processo de reform a
do Estado e fruto de alteraes introduzidas em 1988 pelaC onstituio da Repblica Federativa do Brasil, em 1996 pela Lei de
D iretrizes e Bases da Educao N acional e em 2001 pelo Plano N acional
de Educao (PN E).
estabelece diretrizes, objeti-
vos e m etas a serem im plem entadas nas diversas etapas e m odalidades
da educao bsica e superior, de m odo a garantir o acesso, a perm a-
nncia e a gesto dem ocrtica alm da qualidade do ensino. Essas
aes esto vinculadas busca do cum prim ento dos com prom issos
coletivos assum idos pelo Brasil no Frum M undial sobre Educao deD akar, em abril de 2000, que diz respeito garantia de educao para
todos. N o Brasil, a coordenao dessas aes e polticas, que visa
garantir a educao com o um direito social do cidado, papel da
U nio, por m eio do M inistrio da Educao (M EC ), em articulao com
os poderes pblicos estaduais e m unicipais. Em 2010 foi realizada a
C onferncia N acional de Educao (C onae) que foi precedida por
conferncias estaduais, regionais e m unicipais. Essa conferncia contou
com am pla participao da sociedade civil organizada. A s deliberaes
da C onae trouxeram im portantes contribuies para a educao
nacional e para o Plano N acional de Educao.
Em dezem bro de 2010, o executivo federal, por m eio do M inistrio da
Educao (M EC ) encam inhou ao C ongresso N acional um projeto de Lei
para o Plano N acional de Educao . Este projeto encontra-se em
tram itao no C ongresso N acional, recebeu um substitutivo do
O PNE, fixado pela Lei n. 10.172/2001,
Rede e-Tec Brasil41Unidade 2 - A reforma do Estado brasileiro
Leia na ntegra a Lein .10 .172/2001 no l i nkhttp: / /pedagogiaemfoco.pro.b r / l 10172_01.h tm
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D eputado A ngelo Vanhoni e se encontra em tram itao em um a
com isso especial criada para avaliar o PN E.
A respeito do Projeto de Lei 8.035/2010 D ourado (2011:39) destaca
que as diretrizes do plano sinalizam polticas educacionais de visoam pla que articulam a universalizao do atendim ento escolar
m elhoria da qualidade, form ao para o trabalho e, tam bm , a um a
concepo abrangente de form ao, respeito diversidade e prom o-
o da sustentabilidade socioam biental, reafirm ando o princpio da
gesto dem ocrtica e acenando, claram ente, com o princpio, para a
valorizao dos profissionais da educao.
O utro aspecto inovador em um plano nacional, am parado pelo art. 214
(EC 59/2009), refere-se ao estabelecim ento da m eta de aplicao de
recursos pblicos em educao com o proporo do produto internobruto (PIB), o que poder resultar em aceno im portante de garantia de
financiam ento para o cum prim ento das m etas, no prazo de vigncia do
PN E, com o preconizado no art. 3, apesar de o patam ar de investim en-
to pblico previsto, de 7% do PIB para educao nacional, na m eta 20,
ser inferior ao deliberado pela C O N A E.
O referido autor destaca, todavia, lim ites presentes no referido Projeto
de Lei sobretudo no que diz respeito as m etas e estratgias direcionadas
ao financiam ento, avaliao, form ao, m odalidades educativas,
gesto dem ocrtica, entre outros. N essa direo afirm a (D ourado,2011:51-52)
A s anlises do PL 8.035/2010 revelam alguns avanos em relao ao
PN E 2001-2010, m as, ao m esm o tem po indicam lim ites de concepes,
articulao interna, bem com o a secundarizao de algum as tem ticas
de grande im portncia na proposta de Lei e, sobretudo, no anexo
com posto por 20 m etas e 170 estratgias.
C onsiderando o m om ento poltico, seus lim ites e suas possibilidades,
inclusive conjunturais com o PL 8.035/2010, para avanar na constru-
o de um plano nacional de educao com o poltica de Estado com preendido com o Estado am pliado, portanto, resultante da articula-
o e disputa entre sociedade civil e sociedade poltica e, nesse cenrio,
no se reduzindo ao governo , com preende-se que o cam inho para
buscar rom per com a tradio histrica do Estado Brasileiro passa pela
efetiva participao da sociedade civil e poltica.
a gesto d a educao e da escolaRede e-Tec Brasil 42
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A C onstituio Federal do Brasil de 1988 declara a educao com o um
direito social, visando ao pleno desenvolvim ento da pessoa, seu prepa-
ro para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho.
Estabelece, portanto, a base da organizao educacional do pas ao
firm ar direitos e deveres, delim itar com petncias e atribuies, regularo financiam ento e definir princpios com o: , liberdade egesto dem ocrtica.
Exige-se, assim , dos governos com o prioridades polticas e de gesto
que garantam o envolvim ento e a participao da sociedade civil na
form ulao e im plantao de aes e program as voltados para a
universalizao da educao bsica e para a m elhoria da educao nos
diferentes nveis e m odalidades. N essa direo, vrios encontros,
sem inrios, audincias e outros espaos de participao e dem ocratiza-
o tm sido estabelecidos com o canais de discusses coletivas noencam inham ento de proposies, projetos e estratgias e solues
para a garantia da educao para todos, em sintonia com os dispositi-
vos legais e com as m etas do Plano N acional de Educao.
A s aes dos poderes pblicos, especialm ente das esferas estaduais e
m unicipais, associadas a m ovim entos estruturais com o a urbanizao e
circulao de riqueza pelos cofres do Estado, tiveram com o consequn-
cia um a conquista histrica na rea da educao no Brasil: a dem ocrati-
zao do acesso ao ensino fundam ental. A tualm ente, segundo dados
do Inep/2010, 99,7% das crianas com idade entre 6 e 14 anos esto
pluralismo
Rede e-Tec Brasil43Unidade 2 - A reforma do Estado brasileiro
Pluralismo umpensamento, doutrina ouconjunto d e ideiassegundo as quais ossistemas pol ticos, sociais e
cul turais podem serinterpretados como oresul tado de umamult ip l icidade de fat oresou concebidos comointegrados por umaplural idade de gruposautnomos, porminterdependentes.
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na escola. N o entanto, h m uito que fazer. necessrio garantir a
m elhoria dos processos de ensino e aprendizagem e, desse m odo,
otim izar a perm anncia desses estudantes no sistem a escolar, rom pen-
do com a cultura do fracasso escolar. N outras frentes, o pas vem
adotando aes no com bate s altas taxas de analfabetism o e deam pliao do acesso educao infantil, educao de jovens e
adultos e ao ensino m dio.
M as os avanos se fazem necessrios no s no acesso, m as tam bm na
perm anncia com qualidade social e na superao do fracasso escolar.
Para tanto, urgente a m elhoria da qualidade na educao em todos os
nveis.
Voc sabia que o desem penho dos estudantes brasileiros, aferido por
m eio dos exam es de avaliao do M inistrio da Educao, dem onstra
que a aprendizagem dos alunos ainda est abaixo de padres adequa-
dos? Esse baixo desem penho possui vrias causas, internas e externas
escola.
A lm das questes sociais e econm icas, estruturais em um pas conti-
nental com o o Brasil, necessrio perceber com o os processos de
organizao e de gesto pedaggicas interferem na produo do
fracasso escolar: deficincias no processo de ensino-aprendizagem ,
estruturas inadequadas das redes de ensino para dar conta dos aum en-
tos de dem anda, carncia de profissionais qualificados, de recursos
pedaggicos e bibliotecas.
Todas essas questes se articulam com as condies objetivas da
m aioria da populao, em um pas historicam ente m arcado por perver-
sas desigualdades sociais. So necessrias polticas pblicas m ais
am plas que incluam a garantia de m elhoria dos indicadores de acesso,
perm anncia e gesto com qualidade social na educao bsica.
Recriar e dem ocratizar a escola so processos fundam entais na lutas
pela qualidade do ensino e pela m elhoria das condies de vida da
populao brasileira. N esse sentido, vam os apresentar a seguir a
organizao do sistem a educacional brasileiro, as com petncias dos
entes federados e a discusso de alguns indicadores educacionais.
Vam os l?
Educao e condies sociais desiguais no Brasil
a gesto d a educao e da escolaRede e-Tec Brasil 44
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7/26/2019 2.1 Gesto Da Educao Escolar
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Sistema educacional brasileiro: estrutura, competncias e res-ponsabilidades
O sistem a educacional brasileiro est legalm ente regulam entado pela
C onstituio Federal de 1988, incluindo a Em enda C onstitucional n 53de 2006, e pela Lei de D iretrizes e Bases da Educao N acional, entre
outras.
A LDB, de 1996, define os nveis e m odalidades que com pem a educa-
o nacional, alm da sua form a de organizao. O artigo 21 define
que a educao escolar com posta pela educao bsica (que abrange
educao infantil, ensino fundam ental e ensino m dio) e pela educa-
o superior.
A Lei define, ainda, as com petncias e responsabilidades de cada ente
federado - U nio, Estados, D istrito Federal e M unicpios - com relao
oferta da educao, em seus diferentes nveis, etapas e m odalidades,
destacando o que devero organizar, em regim e de colaborao, em
seus respectivos sistem as de ensino.
D e acordo com a legislao vigente, com petncia dos M unicpios
atuarem prioritariam ente na educao infantil e ensino fundam ental;
dos Estados assegurarem o ensino fundam ental e oferecer, prioritaria-
m ente, o ensino m dio. N o caso do D istrito Federal, oferecer toda a
educao bsica. A U nio se incum be de m anter sua rede de educao
superior e profissional e de dar apoio tcnico e financeiro aos dem ais
entes federados.
Quadro 1: Estrutura do sistema educacional brasileiro - Lei n.
9.394/1996
Fonte: Lei n 9.39 4, de 20 de dezembro de 1 996.
Rede e-Tec Brasil45Unidade 2 - A reforma do Estado brasileiro
Nveis e Subdivises Durao Faixa Et r ia
Educao Bsica
Educao infanti lCreche 4 anos De 0 a 3 anos
Pr-esco la 2 anos De 4 a 5 anos
Ensino fundam ental (obrigatrio ) 9 anos De 6 a 14 anos
Ensino mdio3 anos ou
maisDe 15 a 17
anos ou mais
Educao Superior Cursos e programas (graduao,ps-graduao) por rea Varivel Acima de 17anos
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7/26/2019 2.1 Gesto Da Educao Escolar
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A nalise a seguir o quadro com o nm ero de m atrculas da educao
bsica no Brasil no ano de 2005.
Fonte: Inep, 2005.
A gora veja os dados relativos as m atrculas na educao bsica no ano
de 2011.
Fonte: M EC /Inep/D eed
N otas:
1) N o inclui m atrculas de atendim ento com plem entar e atendim ento educacional especializa-
do (A EE).
2) O m esm o aluno pode ter m ais de um a m atrcula.
3) Ensino Fundam ental: inclui m atrcula de turm as do ensino fundam ental de 8 e 9 anos.
4) Ensino m dio: inclui m atrculas no ensino m dio integrado educao profissional e no
ensino m dio norm al/m agistrio.
5) Educao especial: inclui m atrculas de escolas exclusivam ente especializadas e/ou educao
de jovens e adultos.
6) Educao de jovens e adultos: inclui m atrculas de EJA presencial, sem ipresencial e EJA
integrado educao profissional de nvel fundam ental e m dio.
a gesto d a educao e da escolaRede e-Tec Brasil 46
Matrculas
Educao Bsica
1.1 - Nmero de matrculas de educao bsica, por etapas e modal idade, segundo a regiogeogrf ica e a un idade da federao, em 30/3 /200 5
Unidadeda
FederaoTotal
M atrcula de Educao Bsica
Ed.Infantil
EnsinoFundamental
EnsinoMd io
Ed.Especial
Ed. deJovens eAdu l t os
Ed.Profissional
Brasil 56.471.622 7.205.013 33.534.561 9.031.302 378.074 5.615.409 707.263
Matrculas
Educao Bsica
1.2 - Nmero de matrculas de educao bsica por modal idade e etapa de ensino, segundo adepend ncia administrativa - Brasil 201 1
Unidadeda
FederaoTotal
M atrcula de Educao Bsica
Ed.Infantil
EnsinoFundamental
EnsinoMd io
Ed.Especial
Ed. deJovens eAdu l t os
Ed.Profissional
Brasil 51.531.039 6.980.052 30.358.640 8.400.689 752.305 4.046.166 993.187
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A s m atrculas no ano de 2005, se com paradas populao que
dem anda educao nas diferentes idades, revelam que o Sistem a
Educacional Brasileiro avanou no processo de universalizao do
ensino fundam ental. Tais constataes revelam , ainda, a adoo de
polticas focalizadas direcionadas a esta etapa da educao bsica emdetrim ento das dem ais.
Em relao a de crianas e adolescentes de 6 a 14 anos, existiam
33.534.562 estudantes no ensino fundam ental em 2005, em 2011
esse nm ero 30.358.640. Por que ser? U m a das explicaes est na
reduo da distoro idade- srie e, portanto, na m elhoria do fluxo no
ensino fundam ental.
Se considerarm os a perspectiva de universalizao da educao obriga-
tria at 2016 para a populao de quatro a 17 anos tem os grandes
desafios, sobretudo em relao a educao infantil (4-5 anos) e ao
ensino m dio (15 a 17 anos).
O s dados de 2011 sinalizam , ainda, com o tendncia, nos ltim os anos,
para um a reduo das m atrculas no ensino m dio. Refletir sobre esse
processos e adotar m edidas visando garantir a expanso com qualida-
de desta etapa da educao bsica em articulao com a educao
profissional um a necessidade basilar aos processos de gesto da
educao nacional.
Rede e-Tec Brasil47Unidade 2 - A reforma do Estado brasileiro
Im agine agora os m ilhes de jovens e adultos analfabetos ou
que no concluram o ensino fundam ental. Eles no tm direito
a estudar?
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7/26/2019 2.1 Gesto Da Educao Escolar
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Esses dados revelam o grande esforo a ser feito pela U nio, Estados,
D istrito Federal e m unicpios para universalizar toda a educao bsica.
Vam os agora visualizar a ao das diversas esferas adm inistrativas:
Fonte: Inep, 2005
Fonte: Inep, 2012
O s dados do C enso Escolar de 2005 dem onstram que as m atrculas na
educao bsica esto concentradas nas redes pblicas m unicipais, que
respondem por 25.286.243 alunos, e nas estaduais, responsveis por
23.571.777. A rede privada possui 7.431.103 m atrculas e a rede
federal tem atuao predom inante na educao superior.
O s dados do C enso Escolar de 2011 dem onstram que as m atrculas na
educao bsica esto concentradas nas redes pblicas m unicipais, que
respondem por 23.312.980 alunos, e nas estaduais, responsveis por
19.483.910. A rede privada possui 7.918.677 m atrculas e a rede
federal tem atuao predom inante na educao superior, tendo em
a gesto d a educao e da escolaRede e-Tec Brasil 48
Matrculas
Educao Bsica
1.3 N m ero de m atrculas de educao bsica, por dependncia adm inistrativa,segundo a regio geogrfica e a unidade da federao, em 30/03/2005
U nidadeda
FederaoTotal
M atrculas de Educao Bsica
D ependncia Adm inistrativa
Federal Estadual M unicipal Privada
Brasil 56.471.622 182.499 23.571.777 25.286.243 7.431.103
Matrculas
Educao Bsica
1.4 N m ero de m atrculas de educao bsica, por dependncia adm inistrativa,segundo a regio geogrfica e a unidade da federao, em 2011
U nidade
daFederao
Total
M atrculas de Educao Bsica
D ependncia Adm inistrativa
Federal Estadual M unicipal Privada
Brasil 50.972.619 257.052 19.483.910 23.312.980 7.918.677O Censo Escolar coleta
anualmenteinformaes sobre a
educao bsica,abrangendo todas as
suas etapas/nveis(educao infant i l ,
ensino fundamental emdio) e modal idades
(ensino regular,educao especial,
educao de jovens eadul tos e educao
profissional de nveltcnico). uma pesquisadeclaratria respondida
pelo(a) di retor(a) ouresponsvel de cada
estabelecimentoescolar.
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7/26/2019 2.1 Gesto Da Educao Escolar
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vista que responde apenas por 257.052 m atrculas na educao bsica.
M erece ser destacado, ainda, o predom nio de m atrculas da educao
superior no ensino privado.
O s indicadores de m atrculas para a educao bsica revelam a necessi-dade de regulam entao do regim e de colaborao entre os entes
federados, bem com o a m aior participao da U nio na assistncia
tcnica e financeira aos sistem as de ensino estadual, distrital e m unicipal.
N o que tange aos processos avaliativos, o Brasil desenvolve desde a
dcada de 1990 diversos m ecanism os de avaliao em todos os nveis
educacionais. N o caso especfico da educao bsica, esto em vigor
dois instrum entos: o Exam e N acional de Ensino M dio (Enem ), que
avalia os alunos concluintes do ensino m dio, e o Sistem a de A valiao
da Educao Bsica (Saeb), cujo objetivo levantar indicadores para o
m onitoram ento do processo ensino-aprendizagem e, nesse sentido,
contribuir para a form ulao de polticas, por parte dos entes federa-
dos, visando m elhoria da qualidade do ensino. O s participantes doa
Saeb so alunos do 5 e 9 ano do ensino fundam ental e da 3 srie doensino m dio, que fazem provas de lngua portuguesa e de m atem ti-
ca.
Voce sabia que o sistem a de A valiao da Educao Bsica com posto
por duas avaliaes com plem entares? im portante conhecer essas
avaliaes que so im plem entadas nas escolas de educao bsica.
A seguir, veja com o o M EC apresenta estas avaliaes
O Sistem a de A valiao da Educao Bsica com posto por duas
avaliaes com plem entares.
A prim eira, denom inada Aneb Avaliao N acional da Educao
Bsica, abrange de m aneira am ostral os estudantes das redes pblicas e
privadas do pas, localizados na rea rural e urbana e m atriculados no 5
e 9 anos do ensino fundam ental e tam bm no 3 ano do ensino m dio.
Rede e-Tec Brasil49Unidade 2 - A reforma do Estado brasileiro
Por que a grande m aioria das escolas pblicas m unicipal? Em
nossa com unidade assim ?
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N esses estratos, os resultados so apresentados para cada U nidade da
Federao, Regio e para o Brasil com o um todo.
A segunda, denom inada A nresc - Avaliao N acional do Rendim ento
Escolar, aplicada censitariam ente alunos de 5 e 9 anos do ensinofundam ental pblico, nas redes estaduais, m unicipais e federais, de
rea rural e urbana, em escolas que tenham no m nim o 20 alunos
m atriculados na srie avaliada. N esse estrato, a prova recebe o nom e de
Prova Brasil e oferece resultados por escola, m unicpio, U nidade da
Federao e pas que tam bm so utilizados no clculo do Ideb.
A s avaliaes que com pem o so realizadas a cada dois anos,
quando so aplicadas provas de Lngua Portuguesa e M atem tica, alm
de questionrios socioeconm icos aos alunos participantes e com uni-
dade escolar.
O que o ID EB ?
o ndice de D esenvolvim ento da Educao Bsica foi criado em
2007 para m edir a qualidade de cada escola e de cada rede de ensino. O
indicador calculado com base no desem penho do estudante em
avaliaes do Inep e em taxas de aprovao. A ssim , para que o Ideb de
um a escola ou rede cresa preciso que o aluno aprenda, no repita o
ano e frequente a sala de aula.
O ndice m edido a cada dois anos e o objetivo que o pas, a partir do
alcance das m etas m unicipais e estaduais, tenha nota 6 em 2022
correspondente qualidade do ensino em pases desenvolvidos.
C onsiderando as dim enses, particularidades e a diversidade dos
sistem as educativos, h m uitos questionam entos a essas avaliaes
padronizadas. Por outro lado, aprim orar as avaliaes direcionando-as
a m elhoria das instituies educacionais m uito im portante. D esse
m odo, as avaliaes poderiam subsidiar program as e polticas educaci-
onais na adoo as aes governam entais direcionadas a m elhoria dosprocessos educativos.
Todavia, tais inform aes tm sido apenas parcialm ente utilizadas na
proposio e na avaliao de polticas que objetivem a m elhoria da
qualidade, eficincia e igualdade da educao brasileira. Increm entar
esse cenrio avaliativo, buscando retratar, m ais porm enorizadam ente,
Saeb
(Ideb)
a gesto d a educao e da escolaRede e-Tec Brasil 50
Saeb disponvel emhttp:/ /portal . inep.gov.br/we
b/prova-brasi l -e-saeb/prova-brasil-e-saeb, acesso em
05.04 .12)
Para mais informaesacesse
http:/ /portal .mec.gov.br/ index.php?opt ion=com_conten t&view=ar t i c le& id=180&I te
m i d = 3 3 6 .
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as especificidades de M unicpios e escolas e, desse m odo, contribuir
para a m elhor com preenso dos fatores condicionantes dos processos
de ensino e aprendizagem , um dos desafios com os quais se deparam
o M inistrio da Educao, as secretarias estaduais e m unicipais e as
escolas pblicas.
N os estudos desenvolvidos, tem assum ido grande centralidade a
criao de um sistem a nacional de avaliao da educao bsica,
envolvendo os esforos da U nio, dos Estados, dos m unicpios e do
D istrito Federal. Essa rede propiciaria um a m aior articulao entre as
diretrizes gerais da educao nacional, as especificidades e o ac