21.11 - Carlos Roberto Nogueira_Sobre as Origens Da Bruxaria

4
Estasinstrw;:6es inquisitoriais que refletem uma preQcu- pa~ao de apart ar a br uxari adas outr as pniti cas nao constitue m uma nova probl ematica. No seculo anterior, a quest ao ja se faz evide nte para a Al emanha, na obra do legista , ja citado , Johann ..Gode lman n que diz em seu prefacio: Mas como nest es muitos gene ros de mal efici os dos ini migo s fanat icos e pe stil eIito s seja m feito s juizos pre cip ita dos ao mai s leve i ndic io de sua exi sten cia, e di gno de lou vor aque le que discri - min are ntre os p rofanos ass im como infame s mag os, feiti cei ras e lamias [br uxa s] que est ao con fun did os e ate aqui sem qua lquer dist in~ao . e per feit o conh ecime nto de seus atos e pron unci amen - tos (N6s Ale maes deno mina mos sem estab elece r difer enc;: a ma- gos , adi vin hos, encant ado res , feiticeiras, esc onj ura dor es, e, na mesma casta os s emidem6n ios deno mina dos saga s, lamias e b ru- xas, "Schwartz kiin stle r, Zaub erer, Hexe n, Unhold en"); por isto, par a que nao se deno min em con fus ame nt e nes te trat ado , e se man ten ham os erros que geram e i mp oem tor mentos , dev em ser sepa rado s em prime iro lugar todo s os I1 1ago se re itic eira s e em se- guid a as bruxa s. 28 As ori gens da bruxari a ain da consti tue m um assunto contr overt ido, que retoma remo s nos capitu los poste rior es; por ora nos con tentamos com a quest ao de seu posi cionamento frente as outras prciticasmagicas. 0termo lJ;ruxaria aparece pela prini eira vez no ana de 589, diz respe ito as campina s e e fund a- menta lmen te no meio rura l que permanece ra local izado , levan - do a qu~ Charles Lancelin, em sua obra La sorcellerie des campa~- nes, afir me: '~Pors ua pr6p ria essen cia,a bruxa ria s6 po de evolmr em um meio·carente de instru ~ao como a popula~ ao camp one- sa. Nao e na cidade onde se enc ontra a verd adeir a bruxa , mas sim nos campo s".30Se u desenvol vime nto e sua conce itua~ ao como pratica magica estao intimamen te ligados ao triunfo do crist ianis mo, e os pr6pr ios inqui sidores a colocavam como uma "nova seita ".Jean Vinet i, que foi inqui sidor em Carc asson e, r : o seu Tract a t us cont ra daem~num invoc a t or e s de ·1450argumenta que 0Canon - que proclamava ~om autoridade irrefutavel a il~- sao d e caval gadas notur nas em companhia de Diana -nada tl- nha a ver com os moder nos heret icos: Para 0ente ndime nto da bnix aria europeia, como vimos, e neces sario ter em mente que esta envolve, a priori, um pacto demon iaco; e uma conti nua legi sla~a o por toda a Europa esfor - ~ou-s e para difer encia "la de outras prci ticas magicas - pois a bruxaria representava 0grande mal, nao sendo apenas uma pra- tica heretica, contraria a reli giao -, mas tamb em a rep udiou , tro- cando a boa o~todoxia pela adoras:ao do Mal, incidindo na abo- mina~ao das abomina~6es, 0nefan do crime de apostasia}9 Pois c om autori dade sufi cient ement e pate nte, 0 qu e esta est a- belecido no capi tulo Episcopi nao trata dos heret icos mode rnos , que nas hora s noturnas invo cam dem6nio s, os ador am, dest es es- peran do e r ecebe ndo resp osta s, aos mesmo s paga ndo tribu:os. e, com selvag eria que ultr apas sa a fe roci dade , imql am aos der r:-0mos algu mas vezes os pr 6pri os filh os e freqii ente ment e os alh elOs ,os vomi tand o e torn ahdo a come- los. 31 28. Op. cit., p. 764. 29 Cf. KRAMER, Heinri ch; SPRENGER, James. Malleus Malefic arum (148 6). Trad. de Mon tagu eSummers. Lond on, 1971.v. III, p . 424" 428. 30 Paris , 1911 . p. 48 -49. 31 Text o em HANSE N, Jose ph. Quellen ... , p. 125.

Transcript of 21.11 - Carlos Roberto Nogueira_Sobre as Origens Da Bruxaria

Page 1: 21.11 - Carlos Roberto Nogueira_Sobre as Origens Da Bruxaria

8/3/2019 21.11 - Carlos Roberto Nogueira_Sobre as Origens Da Bruxaria

http://slidepdf.com/reader/full/2111-carlos-roberto-nogueirasobre-as-origens-da-bruxaria 1/4

Estasinstrw;:6es inquisitoriais que refletem uma preQcu-pa~ao de apartar a bruxariadas outras pniticas nao constituemuma nova problematica. No seculo anterior, a questao ja se faz

evidente para a Alemanha, na obra do legista, ja citado, Johann..Godelmann que diz em seu prefacio:

Mas como nestes muitos generos de maleficios dos inimigosfanaticos e pestileIitos sejam feitos juizos precipitados ao maisleve indicio de sua existencia, e digno de louvor aquele que discri-minarentre os profanos assim como infames magos, feiticeiras elamias [bruxas] que estao confundidos e ate aqui sem qualquerdistin~ao. e perfeito conhecimento de seus atos e pronunciamen-tos (N6s Alemaes denominamos sem estabelecer diferenc;:a ma-gos, adivinhos, encantadores, feiticeiras, esconjuradores, e, namesma casta os semidem6nios denominados sagas, lamias e bru-xas, "Schwartzkiinstler, Zauberer, Hexen, Unholden"); por isto,para que nao se denominem confusamente neste tratado, e semantenham os erros que geram e imp oem tormentos, devem serseparados em primeiro lugar todos os I11agose reiticeiras e em se-guida as bruxas. 28

As origens da bruxaria ainda constituem um assunto

controvertido, que retomaremos nos capitulos posteriores; porora nos contentamos com a questao de seu posicionamentofrente as outras prciticasmagicas. 0 termo lJ;ruxariaaparece pela

prinieira vez no ana de 589, diz respeito as campinas e e funda-

mentalmente no meio rural que permanecera localizado, levan-

do a qu~ Charles Lancelin, em sua obra La sorcellerie des campa~-nes, afirme: '~Porsua pr6pria essencia,a bruxaria s6 pode evolmr

em um meio·carente de instru~ao como a popula~ao campone-sa. Nao e na cidade onde se encontra a verdadeira bruxa, mas

sim nos campos".30Seu desenvolvimento e sua conceitua~aocomo pratica magica estao intimamente ligados ao triunfo do

cristianismo, e os pr6prios inquisidores a colocavam como uma

"nova seita".Jean Vineti, que foi inquisidor em Carcassone, r :oseu Tractatus contra daem~num invocatoresde ·1450argumenta

que 0 Canon - que proclamava ~om autoridade irrefutavel a il~-

sao de cavalgadas noturnas em companhia de Diana -nada tl-

nha a ver com os modernos hereticos:

Para 0 entendimento da bnixaria europeia, como vimos,e necessario ter em mente que esta envolve, a priori, um pactodemoniaco; e uma continua legisla~ao por toda a Europa esfor-~ou-se para diferencia"la de outras prciticas magicas - pois abruxaria representava 0 grande mal, nao sendo apenas uma pra-tica heretica, contraria a religiao -, mas tambem a repudiou, tro-cando a boa o~todoxia pela adoras:ao do Mal, incidindo na abo-mina~ao das abomina~6es, 0 nefando crime de apostasia}9

Pois com autoridade suficientemente patente, 0 que esta esta-belecido no capitulo Episcopi nao trata dos hereticos modernos,

que nas horas noturnas invocam dem6nios, os adoram, destes es-perando e recebendo respostas, aos mesmos pagando tribu:os. e,com selvageria que ultrapassa a ferocidade, imqlam aos derr:-0mosalgumas vezes os pr6prios filhos e freqiientemente os alhelOs,os

vomitando e tornahdo a come-los. 31

28. Op. cit., p. 764.

29 Cf. KRAMER, Heinrich; SPRENGER, James. Malleus Maleficarum(1486). Trad. de MontagueSummers. London, 1971.v. III, p. 424"428.

30 Paris, 1911. p. 48-49.

31 Texto em HANSEN, Joseph. Quellen ... , p. 125.

Page 2: 21.11 - Carlos Roberto Nogueira_Sobre as Origens Da Bruxaria

8/3/2019 21.11 - Carlos Roberto Nogueira_Sobre as Origens Da Bruxaria

http://slidepdf.com/reader/full/2111-carlos-roberto-nogueirasobre-as-origens-da-bruxaria 2/4

Oito anos depois, Nicholas Jacquerius, inquisidor de Tournay,Bohemia e Lille,em seu Flagellum Haereticorum Fascinariorum

de 1548, ap6s admitir EJueas ilus6es proclamadas pelo Canon

Episcopi nao existem de fato, procura demonstrar que a pre-

sente seita e distinta da dos antigos seguidores de Diana, a que

se refere 0 canone:

E evidente deste modo que as apari~5es [do Diabo] sao reais,nao ocorrendo em sonhos, mas na vigilia. [... ] Portanto, a assem~bleia celebrada pelos perversos bruxos [fascinariorum] nao e fan-

tastica ilusao mas real, corporal, ou pessoalmente exercitam"se em

um culto em presen~ado Demonio. 32

Em 1409, na regiao de Dauphine e nas localidades em

torno do lago de Genebra, a Inquisi~ao acusa a grupos de judeus

e cristaos de praticarem, juntos, rituais contnirios as duas cren-~as. Esta alusao parece apontar no sentido daforma~ao de urn

estere6tipo diab6lico que come~ani a tomar corpo nos trafados

32 Texto em HANSEN, Joseph. Quellen ... ,p. 133-134. Cabe acre scen-tar que Carlo Ginzburg, em suas "Presomptions sur Ie Sabbat",An-nales (ESC),39 (2): 341-354, 1984, apresenta, na p. 342, JohannesNider como 0 primeiro a afirmar a apari~ao de uma nova seita. Se-gundo Ginzburg, Nider, em 1437, a partir da informa~ao de uminquisidor de Evian e de um juiz de Berna (acreditamos que sejaPedro de Berna), tra~a no cap. 4 0 perfil de uma nova seita dotada

de um ritual que continha a homenagem ao Demonio, ja existin-do ha sessenta anos. Contudo, a exemplo do que diz H. C. Lea, em Materials ... ,p. 261-263, nao encontramos em Nider essas afirma-~5es, ficando claro inclusive que Nider acredita no Canon Episco-

pi e que as reuni5es noturnas eram ilus5es. Ver NIDER, Johannes ..Formicarium de maleficis et deceptionibus. In: Malleus M alefica-rum Maleficas et earum ex variis avetoribus compilatus in quator Tomas iuste distributus.T. L Lugduni, Sumptibus Claudii Bour-geat, 1669. p. 301-354, esp. p, 317-320.

Figura 3 - Motivos de bruxaria(Henry Grossius, Magica de Spectris).(A. C.Kors e E. Peters, Witchcraft in Europe1100-1700, p. 302.)

Page 3: 21.11 - Carlos Roberto Nogueira_Sobre as Origens Da Bruxaria

8/3/2019 21.11 - Carlos Roberto Nogueira_Sobre as Origens Da Bruxaria

http://slidepdf.com/reader/full/2111-carlos-roberto-nogueirasobre-as-origens-da-bruxaria 3/4

dos inquisidores, como uma nova forma de maleficio que surge,dotado de urn ritual que preve a homenagem ao Diabo e a pro-fanas;aoda cruz e dos sacramentos cristaos. As noticias mais an-tigas desle culto, cujo prop6sito e servir ao Diabo em seus inten-tos infames e inconfessaveis, aparecem nos processos levados acabo pelos tribunais se~ulares em 1428, no cantao suis;o de Ve-

l~is,q~e.constituem os primeiros registros de uma perseguis;aoSIstematICaa bruxaria. Ali, quando as comunidades aldeas deci-diram, sob a inspiras;ao de seu suser~no, 0 bispo de Sion, queto~o 0 individuo acusado de maleficio por mais de duas pessoassena preso e, em se apurando a culpa, levado a fogueira, apare-ce pela primeira vez - nas confissoes arrancadas sob tortura aosacusados - a imagem da bruxa voadoni que vai nutrir, mais tar-

de, a grande caya as bruxas:33

a imagem do Sabbat.A partir de entao, uma vez eliminados os obstaculos im~

postas pelo antigo canone de Ancyra, constroem -se teorias teo-l~gicas, estabelecem-se discussoes filos6ficas na reconstituis;aoda "seita das bruxas" e seu modus operandi.0 nascimento destaimagem de Uma associayao satanica

enxerta-se entre aquelas do encantador e da feiticeira isolados semsubstitui-los, devendoser considerado como urn capitulo -desti-nado a uma grande fortuna - da segregas:ao ou da expulsao dosgrup,os marginais, que, caracterizam a sociedade europeia a partir

do seculo XlV. As reumoes noturnas de bruxos e bruxas, vindos delugares as vezes mliito longinquos, para urdir seus maleficios dia-b6licos, encarnarao a imagem de urn inimigo organizado, onipre-sente e dotado de poderes sobre.humanos.34

o uso frequente do termo "sinagoga" nos registros dostribunais para designar a assembIeia bruxesca indica como os juizes identificavam urn parentesco pr6ximo das bruxas cotn

outros tipos de infieis-eheretic9s, equiparando0

seu "culto per-verso" a conhecida e odiosa assembleia,dos judeus. Intitulandosinagogas as reunioes e frequentemente denominando de val-denses os seus participantes, a nomenclatura oscila entre.os maispopulares hereticos ou os judeus infieis, terminando pela opyaopor estes ultimos, por sua qualidade demoniaca intrfnseca,co~o traidores e ass, assinos de,Cristo, logo, acirrados inimigos

,. .

de toda cristandade. Tendencia que ja se esboya no inici9 do se"culo, como citado acima, e se tnaterializa definitivamente em1475, em Bressuire, onde alem da adis;ao de um~ nova prcitica

diap6lica - a inicia~ao atraves de urn novo batismo e a outorgade urn novo nome a "bruxa ne6fita" - aparece a primeira refe-rencia ao termo Sabbat, de "rara felicidade" - pois combina 0

antigo e odiado culto com a "nova" e nefanda seita -, que se vin-culou definitivamente a assembIeia das bruxas. Cabe ressaltarque em Brianyon, em 1437, a reuniao das bruxas e levada a caboem uma noite de sabado, evidenciaclara dodesenvolvimento de

uma vinculayao com 0 judaismo.A irrupyao da bruxaria se da no meio rural fundamental-

mente, onde a presenya de antigas tradiyoes e a ausencia da tu-

tela ortodoxa lhepermite exercer as suas atividades, se na" ma-Ieficas (pois 0 mundo circundante nao admite outra conotas;aopara as suas atividades) ao menos magicas. A coletividade do fi-nal da Idade Medi~, influenciada pelo dualismo religioso propa~gada pela heresia Catara, que tornou 0 Mal tao poderoso quan-to 0 Bern, amplia 0 dominio do Mal, ampliando par conseguin-te a as;aodos agentes de Sata, ou seja, a bruxaria, 0 cuho ao De-monio - confirmado e atestado pelos juizes cristaos, testemu-

33 FRUND, Hans. Texto em HANSEN, Joseph. Quellen ... ,p.533-537.

34 GINZBURG, Carlo. Presomptions ... ,p. 342-343.

Page 4: 21.11 - Carlos Roberto Nogueira_Sobre as Origens Da Bruxaria

8/3/2019 21.11 - Carlos Roberto Nogueira_Sobre as Origens Da Bruxaria

http://slidepdf.com/reader/full/2111-carlos-roberto-nogueirasobre-as-origens-da-bruxaria 4/4

nhas eloqiientes da repressao aos poderes malignos. 0 dualismoDeus e Demonio faz parte do proprio universo medieval, ondea sociedade se divide sempre em duas facs:oese~ constante pe-leja em todas as atividades cotidianas e em cada uma delas, e 0

Diabo assume 0 seu lugar em uma hierarquia feudal, aparecen-do como suserano que concede amparo e protes:ao em troca dasubmissao absoluta e entrega total. Deste.modo, a bruxaria en-contra-se em franca rebeliao contra a ortodoxia, 0 que a diferen-cia e afasta da feitis:ariae da magia, apesar destaspniticas vive-rem ao seu lado, quando nao estreitamente interligadas, Os atosmaleficos (maleficium) constituem uma atividade puramentesecundaria naquestao da bruxaria, urn subproduto de uma fal-sa religiao., E a nos:ao de que a bruxa recebe os seus poderes deurn pacto deliberado com 0 Diabo que a distingue das outrasatividades magicas, Em troca deseu juramento de fidelidade, elarecebe os meios de executar sua vingans:a sobrenatural sobre osseus inimigos (ou seja, toda a cristandade). Desse modo, 0 cara-ter essencial da bruxaria nao e 0 dano que.ela causa as outraspessoas,mas 0 seu carater heretico, 0 cuIto ao Demonio, que atransforma no maior dos pecados, pois, renunciando a Deus eadorando ao Diabo, ameas:atoda a cristandade que se ve amea-s:ada da impossibilidade de conclusao da obra do Redentor e

---.:tentapurificar-se, purgando os pecadores atraves do fogo. Ten-do lesado ou nao a outras pessoas, a bruxa merece morrer, porsua trais:ao para com Deus.

A vista do exposto, pode-se dizer que a bruxaria exerceduas funs:oes aparentemente contraditorias e que se completamao nfvel de urn imaginario coletivo: do ponto de vista do statusquo, assume uma funs:ao compensatoria, influindo decisiva-mente no meio social, pela institucionalizas:ao das reas:oes demedo e panico coletivos. Ao nfvel da"realidade" da bruxaria, da-

d'tam bruxos esta e urn "ritual coletivo",naoqueles que se acre 1 ., . dcomo uma ofensa impossivel, pois vivemo~ em urn mundo on e

os desejos adqui!em vida propria, corponfica~-se, :ra,n~pon::

b . de resto J'abastante permeavel- do lmagmano, pa arrelra - p £.. 0 seu devido lugarno cotidiano dos homens, re e-assumlrem .d

rimos eritende-la como urn ato psiquico, como um~ n,ecessl a-de vital a serpreenchida pela companhia do ~emomo ~~obaotica crista ortodoxa), a adoras:ao deste e a pratlca de uma do~-

do 0 que 0 cristianismo· prometla,trina" para obter, nesse mun ,de modo impreciso e distante, em uma vida post-mortem.