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22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 14 a 19 de Setembro 2003 - Joinville - Santa Catarina IX-007 - COMPARAÇÃO DA CARGA DIFUSA EM BACIA URBANA E RURAL Marcio Ferreira Paz(1) Engenheiro Civil pela Universidade Federal de Santa Maria. Mestrando em Engenharia Civil - Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental da UFSM. Bolsista do CNPq/CTHidro. Maria do Carmo Cauduro Gastaldini Engenheira Civil pela Universidade Federal de Santa Maria. Mestre e Doutora em Engenharia Civil – Hidráulica e Saneamento pela EESC-USP. Professora Adjunto do Departamento de Hidráulica e Saneamento da UFSM. Renato Antônio Geller Aluno do Curso de Engenharia Civil da UFSM. Bolsista de iniciação científica da FAPERGS. Endereço(1): Rua André Marques, 375/302 - Centro – Santa Maria - RS - CEP: 97010-041 - Brasil - Tel: (55) 221-4494 - e-mail: [email protected] RESUMO As redes de drenagem veiculam cargas poluidoras que contribuem, substancialmente, para a degradação dos corpos d’água. O uso e ocupação do solo de forma desordenada em áreas urbanas e rurais associado ao escoamento superficial podem gerar cargas poluidoras (cargas difusas) de grande magnitude, que são lançadas nos sistemas de drenagem gerando preocupações crescentes no contexto do controle da poluição e da proteção dos recursos hídricos. Vários trabalhos têm quantificado esta carga difusa e comprovado que a primeira

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22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 14 a 19 de Setembro 2003 - Joinville - Santa Catarina IX-007 - COMPARAÇÃO DA CARGA DIFUSA EM BACIA URBANA E RURAL Marcio Ferreira Paz(1) Engenheiro Civil pela Universidade Federal de Santa Maria. Mestrando em Engenharia Civil - Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental da UFSM. Bolsista do CNPq/CTHidro. Maria do Carmo Cauduro Gastaldini Engenheira Civil pela Universidade Federal de Santa Maria. Mestre e Doutora em Engenharia Civil – Hidráulica e Saneamento pela EESC-USP. Professora Adjunto do Departamento de Hidráulica e Saneamento da UFSM. Renato Antônio Geller Aluno do Curso de Engenharia Civil da UFSM. Bolsista de iniciação científica da FAPERGS. Endereço(1): Rua André Marques, 375/302 - Centro – Santa Maria - RS - CEP: 97010-041 - Brasil - Tel: (55) 221-4494 - e-mail: [email protected] RESUMO As redes de drenagem veiculam cargas poluidoras que contribuem, substancialmente, para a degradação dos corpos d’água. O uso e ocupação do solo de forma desordenada em áreas urbanas e rurais associado ao escoamento superficial podem gerar cargas poluidoras (cargas difusas) de grande magnitude, que são lançadas nos sistemas de drenagem gerando preocupações crescentes no contexto do controle da poluição e da proteção dos recursos hídricos. Vários trabalhos têm quantificado esta carga difusa e comprovado que a primeira

parte do escoamento superficial é a mais poluída, fenômeno conhecido como carga de lavagem do escoamento superficial. A quantificação destas cargas apresenta grande importância na avaliação do impacto por elas produzido e no projeto de medidas estruturais para o seu controle. Este trabalho apresenta dados comparativos de carga difusa de uma bacia hidrográfica de características rurais com uma bacia de características urbanas. Este estudo é uma primeira avaliação da qualidade das águas da Bacia Hidrográfica Alto da Colina (Santa Maria - RS). As coletas de amostras de água foram realizadas em tempo seco, ausência de chuva, e em tempo úmido, ocorrência de chuva, nas duas seções de amostragem. Os parâmetros de qualidade da água avaliados foram: turbidez, condutividade, pH, DBO (demanda bioquímica de oxigênio), OD (oxigênio dissolvido), temperatura, coliformes totais e fecais. Da análise dos dados é possível distinguir o nível de deterioração na qualidade da água de uma estação para outra devido aos processos de urbanização. A estação AC-I apresentou valores de DBO variando de 11 mg/L em tempo seco a 18,1 mg/L em tempo úmido e níveis elevados de poluição bacteriológica. A estação AC-II apresentou níveis baixos de poluição por matéria orgânica e bacteriológica nas campanhas de tempo seco. Estes níveis aumentaram em período de chuva devido a lavagem do solo provocado pelo escoamento superficial. PALAVRAS-CHAVE: drenagem urbana, carga difusa, qualidade da água. INTRODUÇÃO O crescimento populacional associado ao desenvolvimento urbano, industrial e rural, promove profundas alterações no meio ambiente, as quais refletem-se principalmente na deterioração da qualidade da água dos recursos hídricos disponíveis. O uso e ocupação do solo de forma desordenada em áreas urbanas e rurais associado ao escoamento superficial podem gerar cargas poluidoras (cargas difusas) de grande magnitude, que são lançadas nos sistemas de drenagem gerando preocupações crescentes no contexto do controle da poluição e da proteção dos recursos hídricos. A poluição difusa possui origens bastante diversificadas, englobando também as ligações clandestinas de esgotos, os efluentes de fossas sépticas, a abrasão e desgaste das ruas pelos veículos, o lixo acumulado nas ruas e calçadas, os resíduos orgânicos de pássaros e animais domésticos, as atividades de construção, os resíduos de combustível, óleos e graxas deixados por veículos, poluentes do ar, entre outros (Porto, 1998). Vários trabalhos têm quantificado esta carga difusa e comprovado que a primeira parte do escoamento superficial é a mais poluída, fenômeno conhecido como "carga de lavagem do escoamento superficial" (Deletic, A. (1998), Wu, J.S. et al (1998), Matos, J.S. et al (1998), Porto (2001)). Esta poluição difusa tem sido estudada e quantificada, sendo propostas medidas de controle principalmente em cidades americanas e européias. No Brasil a poluição devido a cargas difusas tem sido pouco estudada, uma vez que os lançamentos orgânicos de esgotos

domésticos ainda não foram suficientemente solucionados. Entretanto, ela veicula concentrações de poluentes algumas vezes superiores aos do esgoto doméstico. A quantificação destas cargas apresenta grande importância na avaliação do impacto por elas produzido e no projeto de medidas estruturais para o seu controle. A previsão dos impactos na qualidade da água e os seus respectivos controles/tratamento encontram barreiras devido a sua grande variabilidade espacial e temporal. As concentrações dos poluentes variam com o tipo de área (residencial, industrial, comercial, rural), com eventos de precipitação e ao longo do mesmo evento. Este trabalho apresenta dados comparativos de carga difusa de uma bacia hidrográfica de características rurais com uma bacia de características urbanas. Este estudo é uma primeira avaliação da qualidade das águas da Bacia Hidrográfica Alto da Colina (Santa Maria - RS). ÁREA DE ESTUDO Os estudos estão sendo realizados na bacia hidrográfica Alto da Colina, situada nos bairros Camobi, São José e Pains, do município de Santa Maria, RS. A bacia hidrográfica Alto da Colina tem área de 1,81 km², constituída por: 19,7% de área urbanizada, 12,3% de mata de eucaliptos, 55,4% de pastagens, e 12,6% de cultivo (soja, milho e feijão). A bacia hidrográfica Alto da Colina está sendo monitorada através de duas estações fluviométricas instaladas, a estação fluviométrica Alto da Colina I com características urbanas e a estação fluviométrica Alto da Colina II com características rurais. Na área urbanizada a bacia hidrográfica Alto da Colina apresenta sistema de esgotamento de águas pluviais e residuárias do tipo combinado, a malha viária é de alvenaria poliédrica e chão batido. Os serviços públicos como luz, água e telefone estão disponíveis. A bacia hidrográfica Alto da Colina possui uma estação pluviográfica provida de pluviógrafo eletrônico com data-logger, que registra continuamente a intensidade de precipitação. A estação fluviométrica Alto da Colina I opera com um registrador eletrônico de nível com data-logger, que possibilita avaliação da vazão. A figura 1 mostra a localização das estações fluviométricas e pluviográfica monitoradas na bacia hidrográfica Alto da Colina. LEVANTAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA As coletas de amostras de água foram realizadas em tempo seco, ausência de chuva, e em tempo úmido, ocorrência de chuva, nas duas seções de amostragem. Para o monitoramento em tempo úmido foram construídos amostradores de nível ascendente (Umezawa, 1979, citado por Paiva (2001)) que possibilitam monitorar a variação da qualidade da água na

subida do hidrograma de cheia. A figura 2 mostra o amostrador de nível ascendente instalado na estação fluviométrica Alto da Colina II. A opção pelo uso dos amostradores ANAs (Amostrador de Nível Ascendente) justifica-se pela necessidade de obter-se resultados durante eventos noturnos que são difíceis de monitorar e também por permitir a amostragem simultânea nas duas seções. Paiva (1997), analisando a variação temporal de 2643 eventos chuvosos registrados entre 1963 e 1988 observou que 69% dos eventos chuvosos em Santa Maria ocorreram entre as 0:00 e 6:00 horas, justificando a utilização dos amostradores ANA. Os parâmetros de qualidade da água avaliados foram: turbidez, condutividade, pH, DBO (demanda bioquímica de oxigênio), OD (oxigênio dissolvido), temperatura, coliformes totais e fecais. Figura 1: Estações de monitoramento da bacia hidrográfica Alto da Colina (adaptado de Rampelotto (2001)). AVALIAÇÃO DAS AMOSTRAS DE QUALIDADE DA ÁGUA Os parâmetros analisados em laboratório: pH, condutividade e oxigênio dissolvido e temperatura foram determinados utilizando-se um terminal multiparâmetro InoLab. O parâmetro turbidez foi determinado pelo turbidímetro SL 2K. A concentração de oxigênio dissolvido e temperatura em campo foram determinados através do oxímetro YSI. Na determinação da concentração de oxigênio dissolvido para avaliação da DBO utilizou-se o método de Winkler. Análise bacteriológica: para as concentrações de coliformes fecais e totais utilizou-se o Colilerte 24h, capaz de detecção simultânea, confirmação e enumeração destes em 24 horas, os testes utilizam tecnologia do substrato definido, usando um indicador de nutrientes específico para coliformes e E. Coli. Figura 2: Amostrador de nível ascendente instalado na estação fluviométrica Alto da Colina II. RESULTADOS

Campanha - I: Nas coletas realizadas nos dias 17/04/2003 e 18/04/2003 na estação Alto da Colina I foram realizadas apenas análises de coliformes totais e fecais, devido a problemas ocorridos no equipamento de amostragem. A coleta do dia 17/04/2003 foi realizada durante tempo seco. Na tabela 1 é mostrada a concentração e a carga de coliformes totais e fecais no seu respectivo horário de amostragem. Tabela 1: Resultados da análise de coliformes do dia 17/04/03 na estação AC-I. Horário Concentração (NMP/100mL) Carga (NMP/ha.dia) Colif. Totais Colif. Fecais Colif. Totais Colif. Fecais 09:30 7,40x104 7,40 x104 4,94x109 4,94x109 A coleta do dia 18/04/2003 foi realizada durante ocorrência de chuva. A figura 3 mostra a hidrógrafa do evento do dia 18/04/2003 registrado na estação Alto da Colina I e a localização das respectivas coletas. Foram retiradas quatro amostras de água, sendo três amostras durante o ramo de ascensão e uma durante o ramo de recessão do hidrograma. A tabela 2 mostra a concentração e carga de coliformes totais e fecais no seu respectivo horário de amostragem.

Tabela 2: Resultados da análise de coliformes do dia 18/04/03 na estação AC-I Horário Concentração (NMP/100mL) Carga (NMP/ha.dia) Colif. Totais Colif. Fecais Colif. Totais Colif. Fecais 09:40 51,20x104 4,10x104 3,42x1010 2,74x109 10:30 579,40x104 30,50x104 1,94x1011 1,02x1010 10:45 103,60x104 32,40x104 3,41x1011 1,07x1011 11:10

190,40x104 35,90x104 6,35x1010 1,20x1010 Embora tenha sido um evento de pouca intensidade observou-se um aumento da concentração de coliformes totais e fecais no início da subida do hidrograma, culminando com a maior carga gerada no pico do hidrograma. Observou-se durante o evento um grande transporte de resíduos sólidos (sacolas de plástico, garrafas pets, etc) a medida que o nível d’água subia, denunciando a falta de coleta e disposição adequada dos resíduos sólidos por parte da comunidade local. Há também um evidente aumento de carga de coliformes totais e fecais quando se comparam os dois dias amostrados. Figura 3: Evento do dia 18/04/2003 registrado na estação AC-I. Campanha - II Uma segunda coleta foi realizada no dia 13/05/2003 durante período de tempo seco na estação Alto da Colina I às 10:00h e na estação Alto da Colina II às 10:30h. Nesta coleta analisou-se os seguintes parâmetros: oxigênio dissolvido (OD), demanda bioquímica de oxigênio (DBO), turbidez, pH, condutividade e coliformes totais e fecais. Nesta coleta observou-se uma vazão de 0,014 m3/s na estação Alto da Colina I e 0,007 m3/s na estação Alto da Colina II correspondentes às respectivas vazões de tempo seco observadas nestas estações. Na tabela 3 são mostrados dados de OD, pH, turbidez e condutividade obtidos da coleta nas duas estações. Na tabela 4 são mostradas as concentrações e cargas de DBO5 e coliformes totais e fecais para esta coleta Tabela 3: Parâmetros analisados nas estações AC-I e AC-II no dia 13/05/2003. Parâmetro AC-I

AC-II ODcampo (mg/L) 2,94 7,65 Temperatura (°C) 17,7 16,3 pH 6,99 6,98 Turbidez (uT) 22,41 19,63 Condutividade (µS/cm) 167,2 90,8 Tabela 4: Dados de DBO e Coliformes para as estações AC-I e AC-II no dia 13/05/2003. Parâmetro AC-I AC-II DBO5 (mg/L) 11,5

2,0 Carga (kg/ha.dia) 0,08 0,01 Colif. Totais (NMP/100ml) 26,90x105 52,00x102 Carga (NMP/ha.dia) 1,80x1011 2,36x108 E. Coli (NMP/100ml) 5,20x105 1,00x102 Carga (NMP/ha.dia) 3,48x1010 4,55x106 Na tabela 3 observa-se uma baixa concentração de OD na estação AC-I quando comparado à estação AC-II, fato atribuído aos depósitos de resíduos sólidos, principalmente sacolas de lixo doméstico presentes na água. Quanto ao pH e a turbidez as duas estações apresentaram valores semelhantes. Analisando-se os valores de DBO e coliformes na tabela 4 nota-se uma grande variação entre as duas estações. Esta grande variação é atribuída a contribuição das descargas do esgoto doméstico do loteamento Alto da Colina na estação AC-I. Campanha - III

A terceira coleta foi realizada dia 22/05/2003 durante ocorrência de chuva. A figura 4 mostra a hidrógrafa do evento do dia 22/05/2003 registrado na estação Alto da Colina I e a localização das respectivas coletas. As tabelas 5, 6 e 7 mostram os valores obtidos para os parâmetros avaliados na estação AC-I. Tabela 5: Parâmetros analisados na estação AC-I no dia 22/05/2003. Horário OD (mg/L) Temp (°C) Turb. (uT) pH Cond. (m S/cm) 14:25 2,5 21,0 204,85 7,001 261,0 14:40 3,7 21,0 232,76 6,986 187,3 14:50

6,0 20,8 248,39 6,997 117,0 15:00 6,6 20,6 321,97 6,984 114,4 15:10 6,6 20,2 389,66 6,872 87,2 Observando-se a tabela 5 nota-se um aumento da turbidez na concentração de oxigênio dissolvido com a subida do nível. Os valores de pH mantiveram-se próximos. A condutividade apresentou declínio com a subida do nível d’água. Tabela 6: Dados de Coliformes para a estação AC-I no dia 22/05/2003. Horário Concentração (NMP/100mL)

Carga (NMP/ha.dia) Colif. Totais Colif. Fecais Colif. Totais Colif. Fecais 14:25 658,60x105 70,80x105 5,97x1012 6,42x1011 14:40 260,20x105 50,40x105 1,66x1013 3,22x1012 14:50 90,90x105 21,10x105 5,60x1012 1,30x1012 15:00 68,90x105 24,60x105

5,23x1012 1,87x1012 15:10 142,10x105 44,10x105 2,86x1013 8,88x1012 A tabela 6 indica uma maior concentração de coliformes tanto fecais como totais no início do evento, reduzindo-se com o aumento do nível d’água até as 15:00h e voltando a subir às 15:10h. A maior carga de coliformes localizou-se novamente no nível mais alto amostrado. Figura 4: Evento do dia 22/05/2003 registrado na estação AC-I. Tabela 7: Dados de DBO para a estação AC-I no dia 22/05/2003. Hora DBO (mg/L) Carga (kg/ha.dia) 14:25 14,8 0,13 14:40

18,1 1,16 14:50 17,9 1,10 15:00 17,8 1,35 15:10 17,9 3,61 Os valores de DBO aumentaram com a subida do nível mantendo-se constantes durante as últimas três amostras coletadas. Nesta coleta era evidente a presença de sólidos típicos de sistemas de esgotos combinados na água, os quais conferiam à esta uma cor escura. Após o início do abaixamento do nível da estação AC-I, a equipe deslocou-se para a estação AC-II, para coletar amostras durante o pico do hidrograma nesta estação. A vazão de base foi estimada através da correlação com outro evento de mesma intensidade observado nesta estação. As tabelas 8, 9 e 10 mostram os valores obtidos para os parâmetros avaliados na estação AC-II. Tabela 8: Parâmetros analisados na estação AC-II no dia 22/05/2003. Horário Nível (cm)

Vazão (m3/s) OD (mg/L) Temp (°C) Turb. (uT) pH Cond. (m S/cm) 15:40 30,5 0,220 7,7 19,1 377,58 7,233 80,7 15:45 42,0 0,369 7,3 19,1 319,51 - -

15:48 55,0 0,564 7,4 19,0 317,32 6,618 66,5 15:52 66,0 0,747 - - - - - 15:54 69,0 0,799 7,3 19,1 349,85 6,646

70,4 15:57 75,0 0,862 - - - - - 16:00 78,0 0,893 - - - - - 16:05 80,0 0,913 7,5 19,1 399,82 6,568

70,2 Nota-se na tabela 8 um aumento da turbidez com a subida do nível associado ao aumento do transporte de sedimentos. A condutividade apresentou um decaimento com a subida do nível e valores inferiores se comparados aos da estação AC-I. Os valores de oxigênio dissolvido mantiveram-se próximos. Tabela 9: Dados de Coliformes para a estação AC-II no dia 22/05/2003. Horário Concentração (NMP/100mL) Carga (NMP/ha.dia) Colif. Totais Colif. Fecais Colif. Totais Colif. Fecais 15:40 >2419,20x102 214,20x102 - 3,06x1010 15:48 2419,17x102 204,60x102 8,86x1011 7,50x1010

15:54 1986,28x102 307,60x102 1,03x1012 1,60x1011 16:05 >2419,20x105 >2419,20x102 - - Os valores de coliformes observados na tabela 9 superaram por duas vezes o valor máximo do equipamento de determinação, sugerindo assim uma maior diluição para eventos de maior intensidade. Tabela 10: Dados de DBO para a estação AC-II no dia 22/05/2003. Hora DBO (mg/L) Carga (kg/ha.dia) 15:40 7,0 1,00 15:48

3,2 1,17 15:54 2,1 1,09 16:05 8,1 4,80 Nota-se na tabela 10 um decréscimo nos valores de DBO e um subseqüente aumento com o passar do tempo, comportamento semelhante aos valores de coliformes apresentados na tabela 9 durante o mesmo evento. Neste evento o amostrador de nível ascendente instalado na estação AC-II recolheu quatro amostras durante a subida do nível. Na tabela 11 são mostrados os resultados obtidos. Tabela 11: Amostras coletadas com o amostrador de nível ascendente da estação AC-II no dia 22/05/2003. Garrafa Nível (cm) pH Cond. (m S/cm) Temp (°C) Turb. (uT) 1

25 6,952 83,5 15,5 454,48 2 40 6,866 66,7 14,8 414,94 3 55 6,650 71,4 15,3 377,04 4 70 6,785 69,7 14,5 439,87

Observa-se na tabela 11 valores mais altos de turbidez nas coletas do amostrador ANA quando comparado os valores obtidos nas coletas manuais mostrados na tabela 8. Os valores de condutividade e pH apresentaram valores semelhantes aos valores das amostras coletadas manualmente como mostrado na tabela 8. Campanha - IV No dia 02/06/2003 realizou-se uma quarta campanha de amostragem nas estações AC-I e AC-II às 10:30h e 11:30h respectivamente, em período de tempo seco. Na tabela 11 são mostrados dados de OD, pH, turbidez e condutividade obtidos na coleta realizada nas duas estações. Na tabela 4 são mostradas as concentrações e cargas de DBO e coliformes totais e fecais para esta coleta. As duas estações apresentavam vazão de base, característica de tempo seco. Tabela 12: Parâmetros analisados nas estações AC-I e AC-II no dia 02/06/2003. Parâmetro AC-I AC-II ODcampo (mg/L) 3,79 4,74 Temperatura (°C) 22,1 20,9 PH 7,1 6,9 Turbidez (NTU)

58,73 50,67 Condutividade (µS/cm) 143,4 61,7 Tabela 13: Dados de DBO e Coliformes para as estações AC-I e AC-II no dia 02/06/2003. Parâmetro AC-I AC-II DBO5 (mg/L) 11,0 2,2 Carga (kg/ha.dia) 0,07 0,01 Colif. Totais (NMP/100mL) 9,80x105 387,30x102 Carga (NMP/ha.dia) 6,55x1010 1,76x109 E. Coli (NMP/100mL)

1,00x105 24,90x102 Carga (NMP/ha.dia) 6,68x109 1,13x108 Da tabela 12 observa-se uma baixa concentração de OD na estação AC-I e o menor valor para a estação AC-II já registrado. Quanto ao pH e a turbidez as duas estações apresentaram valores semelhantes. Analisando-se os valores de DBO e coliformes na tabela 13 nota-se novamente uma grande variação entre as duas estações, porém semelhantes quando comparadas às campanhas de tempo seco. CONCLUSÕES Este trabalho corresponde a uma primeira avaliação da qualidade das águas da bacia hidrográfica Alto da Colina. Analisou-se dados de quatro campanhas realizadas nas estações ACI e AC-II. Foram coletados dados de qualidade d’água em tempo seco ocorrência de chuva, caracterizando o impacto na qualidade das águas da bacia provocado pelo escoamento superficial. Da análise dos dados é possível distinguir o nível de deterioração na qualidade d’água de uma estação para outra devido aos processos de urbanização. Os resultados mostram uma maior contaminação das águas das estação AC-I pela presença de maior conteúdo orgânico e bacteriológico resultante da descarga do sistema de esgotos combinados do loteamento Alto da Colina no corpo d’água. Durante eventos de precipitação observou-se uma maior concentração de coliformes totais e fecais no início do escoamento. Os valores de DBO variam de 11 mg/L em tempo seco a 18,1 mg/L em tempo úmido. A estação AC-II apresentou níveis baixos de poluição por matéria orgânica e bacteriológica nas campanhas de tempo seco. Estes níveis aumentaram em período de chuva devido a lavagem do solo provocado pelo escoamento superficial. Das campanhas realizadas obteve-se na estação AC-I as cargas de DBO variando de 0,07 Kg/ha.dia em tempo seco a 3,61 Kg/ha.dia em tempo úmido. Na estação AC-II as cargas de DBO variaram de 0,01 Kg/ha.dia em tempo seco a 4,80 Kg/ha.dia em tempo úmido.

As cargas de coliformes totais na estação AC-I variaram de 4,94x109 NMP/ha.dia em tempo seco a 2,86x1013 NMP/ha.dia em tempo úmido e os coliformes fecais de 4,94x109 NMP/ha.dia em tempo seco a 8,88x1012 NMP/ha.dia em tempo úmido. As cargas de coliformes totais na estação AC-II variaram de 2,36x108 NMP/ha.dia em tempo seco a 1,03x1012 NMP/ha.dia em tempo úmido e os coliformes fecais de 4,55x106 NMP/ha.dia em tempo seco a 1,60x1011 NMP/ha.dia em tempo úmido. AGRADECIMENTOS Ao CTHIDRO pela bolsa concedida ao primeiro autor e auxilio à pesquisa e à FAPERGS pelo auxilio a pesquisa e bolsa de iniciação científica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DELETIC, A. The First Flush Load of Urban Surface Runoff. Water Resource. v. 32, n. 8, p. 2462-2470, 1998. PAIVA, E.M.C.D.; PAIVA, J.B.D.; COSTAS, M.F.T. & SANTOS, F.A. Concentração de Sedimentos em Suspensão em uma Pequena Bacia Hidrográfica em Urbanização In: 21º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, João Pessoa, 2001. PAIVA, J. B. D. Padrão das Precipitações em Santa Maria-RS In: XII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos ES, Vitória, 1997. PORTO, M.F.A. Aspectos Qualitativos do Escoamento Superficial em Áreas Urbanas. In: BRAGA, B.; TUCCI,C.E.M.; TOZZI,M. Drenagem Urbana: gerenciamento, simulação, controle. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS/ABRH, 1998, p.387-428. PORTO, M. & MASINI, L.S. Avaliação Preliminar na Carga Difusa na Bacia do Rio Cabuçu de Baixo. In: I SEMINÁRIO DE DRENAGEM URBANA DO MERCOSUL, Porto Alegre, 2001. MATOS, J.S.; DAVID, L.M. & PAVÃO, L. Qualidade de Escorrências Pluviais em Zonas Urbanas e Impacte em Meios Receptores. In: VIII SIMPÓSIO LUSO-BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL. João Pessoa: Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, v. II, p. 334-348, 1998. RAMPELOTTO, G., PAIVA, E. M. C. D., MELLER, A. Monitoramento da bacia hidrográfica Alto da Colina In: I SEMINÁRIO DE DRENAGEM URBANA DO

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