25 ANOS A INFORMAR E PROMOVER A INDÚSTRIA

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Revista da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais - IACA Janeiro–Fevereiro–Março 2014 (Trimestral) — 3€ (IVA incluído) ANO XXV Nº 87

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Saber que será má a obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe... Tanto me basta, ou me não basta, mas serve de alguma maneira...» in Livro do desassossego, Bernardo Soares, ajudante de guarda- livros na cidade de Lisboa (semi-heterónimo de Fernando Pessoa) A epígrafe acima transcrita é precisamente a que foi utilizada pelo Dr. Jaime Lança de Morais, diretor da Revista “Alimentação Animal” aquando do seu lançamento, em 1989, para «encontrar a abertura e impulso na empresa que agora arriscamos». Decidimos recuperá-la aqui, 25 anos passados, no sentido de renovar e reforçar a ideia de esforço, trabalho e dedicação que o setor nos merece enquanto seus representantes, bem como de fazer o balanço destas duas décadas e meia de atividade. Em 1989, a nossa Associação comemorava o seu 18º aniversário e, ainda utilizando as palavras do diretor de então, a época era propícia a uma «maior amplitude no diálogo

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL EDITORIAL

25 ANOS A INFORMAR E PROMOVER A INDÚSTRIA

«Saber que será má a obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe... Tanto me basta, ou me não basta, mas serve de alguma maneira...»

in Livro do desassossego, Bernardo Soares, ajudante de guarda--livros na cidade de Lisboa (semi-heterónimo de Fernando Pessoa)

A epígrafe acima transcrita é precisamente a que foi utilizada pelo Dr. Jaime Lança de Morais, diretor da Revista “Alimentação Animal” aquando do seu lançamento, em 1989, para «encontrar a abertura e impulso na empresa que agora arriscamos». Decidimos recuperá-la aqui, 25 anos passados, no sentido de renovar e reforçar a ideia de esforço, trabalho e dedicação que o setor nos merece enquanto seus representantes, bem como de fazer o balanço destas duas décadas e meia de atividade.

Em 1989, a nossa Associação comemorava o seu 18º aniversário e, ainda utilizando as palavras do diretor de então, a época era propícia a uma «maior amplitude no diálogo e no esclarecimento» tendo a revista Alimentação Animal preenchido uma lacuna e respondido a uma necessidade premente do setor: informar e promover.À época, muitos foram aqueles que duvidaram do sucesso desta nossa publicação. No entanto, podemos afirmar sem reservas que a “AA” criou, a pulso, o seu espaço e transformou-se num título de referência no setor, com abordagens temáticas e reflexões transversais, que, cumprindo a sua função primordial, em muito ultrapassam as especificidades da nossa Indústria. É essa diversidade que tem conquistado novos públicos e anunciantes, essenciais para o sucesso e sustentabilidade da revista.No ano do lançamento da revista, o mercado dos alimentos compostos para animais era bastante mais fechado, não sofria o impacto das crises alimentares, estava menos exposto à concorrência, os custos de produção eram bastante inferiores, os preços das matérias-primas eram muito mais previsíveis, existia um maior número de animais no país e o impacto da grande distribuição era incipiente, sobretudo se comparado com os dias de hoje. Quando recuperamos a informação de há 25 anos verificamos que então a produção nacional anual de alimentos compostos para animais (associados da IACA) aproximava-se das 3,5 milhões de toneladas, enquanto que hoje temos uma produção global a rondar as 2,9 milhões de toneladas.Ainda a título de curiosidade, a IACA há 25 anos, tinha 85 associados, enquanto hoje temos 51 associados - alimentos compostos e pré misturas.É óbvio concluir que se tem registado um decréscimo de actividade com consequências na reestruturação do sector mas estamos certos que continua a dar resposta às necessidades da fileira agroalimentar e a obter o reconhecimento das instâncias nacionais e europeias.Como será o sector de alimentos compostos para animais daqui a 25 anos? Sem querer fazer futurismo acredito que nos próximos anos a alimentação animal continuará a evoluir, provavelmente com uma maior tendência de verticalização na fileira agroalimentar, com maior concentração e, de certeza, com um nível de exigência produtiva equiparada ao que conhecemos actualmente na alimentação humana.Esta vossa revista não deixará de acompanhar tal evolução e dela dar informação aos associados da IACA e demais leitores, direta ou indiretamente ligados à Fileira agropecuária.

Cristina de Sousa

ÍNDICE03 EDITORIAL

04 TEMA DE CAPA

06 25º ANIVERSÁRIO

24 OGM

28 NORMALIZAÇÃO

30 SFPM

32 INVESTIGAÇÃO

40 NOTÍCIAS DAS EMPRESAS

44 NOTÍCIAS

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA

Revista da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais - IACA

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ANO XXVNº 87

Com este número da Revista “Alimentação Animal” iniciamos o 25º Aniversário de edições regulares da publicação da IACA, o seu “porta-voz” e “órgão oficial”, sendo por isso natural que seja este o Tema de Capa da edição 87.Será essencialmente uma publicação que vai “olhar para dentro” mas sem esquecer de fazer a história e projectar o futuro.Perdoem-nos pois os exageros e as desproporções de quem fala de si mesmo porque fazemos há 25 anos, cada edição, com humildade, mas entusiamo e o carinho de quem dá o seu melhor, sem ser profissional. Uma equipa fantástica que, ao longo de todo este tempo e de todas estas edições, a preparou e levou a todos os operadores e público, ligado, direta ou indiretamente, à alimentação animal e à Fileira Pecuária.As alegrias e as tristezas; as crises alimentares, a desesperança, as conjunturas negativas; os êxitos e insucessos da IACA, a inovação do Setor, as mudanças e transformações, também da própria Sociedade; as posições da IACA e as contrárias às nossas, com a preocupação de fornecer sempre “diferentes olhares” e fazer opinião, dar noticia, formar e informar, sem ter a pretensão de que os nossos pontos de vista eram os únicos, os melhores, ou os que deveriam prevalecer.A única motivação, há 25 anos e tal como hoje, é defender, com argumentos justos e legítimos, com renovado orgulho e dedicação, os interesses de quem representamos: a Indústria da alimentação animal, mais especificamente os fabricantes de alimentos compostos e de pré-misturas.Com a certeza de que ao defender a Indústria estamos a defender a Fileira Pecuária e os produtos de origem animal fabricados em Portugal e a contribuir para que a economia possa crescer, a criar emprego e riqueza, que o Setor possa inovar e a ser cada vez mais competitivo e importante no nosso País.Será uma edição sobretudo de Homenagem àqueles que iniciaram um Projeto em que – como sempre acontece em Portugal – poucos acreditavam.Há 25 anos, em 1989, 3 anos depois da nossa integração na Comunidade Económica Europeia, a Direção de então decidiu lançar uma Revista que titulou de “Alimentação Animal”. Já na altura se acreditava que a comunicação era importante para as empresas, para os Setores e, naturalmente, ao nível das organizações.Comunicar com os Associados, com a Adminis-tração Pública, com as Empresas, os atores da

Fileira, o público em geral. Formar e Informar. Para se conhecer melhor e sem margem para dúvidas o que era (é) o Setor da alimentação animal, a sua importância, corrigir inverdades, desmistificar ideias e conceitos de há muito enraizados. Sem quaisquer bases ou evidências científicas, muitas vezes apenas como resultado de preconceitos ou ideologias.Pedimos aos seus obreiros que nos falassem dos problemas e dos desafios de então.Em discurso direto, os antigos Diretores da Revista e Presidentes da Associação, ex-Diretores e o Homem que mais marcou a IACA – perdoem-me mas não quero desvalorizar ninguém, refiro--me ao Sr. Luís Marques, o primeiro e grande Secretário-Geral da IACA, com quem tanto aprendi – escrevem nestas páginas da “AA”, não só do projeto mas também de como eram os tempos de então, já complicados, outros desafios e necessidades, mas também um olhar para os próximos 25 anos. Estas reflexões, que nesta edição se estendem à FIPA e à CAP, também irão alargar-se a outros nossos parceiros e amigos, ex-dirigentes, personalidades de referência, nas próximas publicações a editar ao longo do ano de 2014. Infelizmente, não podemos contar com a participação de três personalidades a quem a “AA” muito deve: Armanda Severo, Fernando Anjos e Joaquim Rebelo Abranches, que igualmente homenageamos.Permitam-nos mais uma imodéstia, a de destacar, nesta edição especial, duas entrevistas, de alma e coração, de dois Secretários de Estado que são, ao mesmo tempo, dois amigos da IACA e que nos reconhecem. Os Secretários de Estado da Alimentação e Investigação Agroalimentar, Nuno Vieira e Brito, e da Agricultura, José Diogo Santiago Albuquerque, responderam às nossas questões e desafios e projetaram, nas suas áreas, o que poderão ser os próximos 25 anos, para onde o País deverá (terá) de caminhar. O trabalho político de base está a ser construído, quer na vertente de internacionalização, sendo certo que o País precisa de exportar mas também de não deixar de olhar para o mercado interno, quer na parte mais agrária e agroalimentar, com a Reforma da PAC e o próximo Quadro Comunitário de Apoio. É feito o balanço dos respetivos Mandatos mas é evidente que construir o futuro, o nosso futuro, nada tem a ver com política, pelo que estas questões deveriam ser objeto de um Pacto de regime, sem serem politizadas.

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A definição de políticas públicas tem de ser consensualizada, tanto quanto possível, com os parceiros, a quem se destinam e deverão ser constantemente avaliadas e monitorizadas, como de resto ambos os Secretários de Estado reconhecem. A pecuária e as atividades que com ela se prendem, direta ou indiretamente, são reconhecidas e as políticas que estão a ser desenvolvidas no plano interno e, a nível internacional, condicionadas pela PAC, por orientações de Bruxelas ou pelos acordos de comércio livre, estão a ser por nós avaliadas, existindo a preocupação de auscultação dos Setores. As bases estão lançadas, existe vontade e cumplicidade de trabalhar em conjunto, identificar estrangulamentos, mitigar, resolver, encontrar soluções. Saibamos nós estar à altura para poder exigir, com a legitimidade de que tudo foi feito. E, convenhamos, numa altura em que a Agricultura está na moda, o poder político e a opinião pública mais atenta aos problemas do Mundo Rural e da Alimentação, é o melhor momento para que estas questões possam ser trazidas para o centro da agenda política.Há 25 anos, estávamos a entrar na CEE, com as transformações administrativas a que éramos obrigados, designadamente o desmantelamento dos então organismos de coordenação económica como a EPAC ou a Junta Nacional dos Produtos Pecuários. O mercado era relativamente fechado às importações e estas eram centralizadas no Estado. Veio a abertura do mercado, algum liberalismo e duas etapas de adesão, em que a segunda, antecipada pelo Mercado Único, nos abriu as fronteiras porque na primeira etapa (até 1990) estivemos pro-tegidos nas importações de carne, leite e ovos por limites quantitativos. O fim da segunda etapa, com contrapartidas finan-ceiras, inclusive para a nossa Indústria, pelo desmantelamento do elemento fixo, trouxe enormes desafios porque, mais vulneráveis, não tivemos o tempo (ou também o saber) suficiente para nos organizarmos e adap-tarmos. Foi o aumento desmesurado das carnes e leite importados, para satisfazer um consumo sempre em alta, à qual o País dificilmente poderia dar resposta. Seguiram--se as crises alimentares e a mudança de paradigma, em que o consumidor é “rei” e o produtor deixa de ter a capacidade de influenciar o mercado. Integrado ou livre, o nosso empresário começa a olhar para a “prateleira do supermercado”, é aí que

tudo se influencia, de jusante para montante e cada vez mais temos de interiorizar as responsabilidades de cada um ao longo da cadeia alimentar. Todos estamos ligados; os problemas de uns passam a ser de todos.Tudo isto demos conta nas várias edições da “AA” ao longo destes 25 anos.Por último, não gostaríamos de terminar sem agradecer àqueles que permitiram que este Projeto fosse uma realidade e uma marca no Setor: os nossos Anunciantes. São eles que acreditam em nós e que nos fazem ser melhores, com inovação e criatividade, indo ao encontro das necessidades do mercado. Nestes 25 anos, tivemos a honra e o prazer de contar com cerca de 1 500 anúncios de mais de uma centena de Empresas e Entidades,

muitas das quais parceiros da IACA desde a primeira hora. A todos e cada um, o nosso Muito Obrigado.Pese embora o desaparecimento de muitas unidades fabris, num processo não comparável ao que sucedeu por exemplo na moagem ou no arroz, à semelhança do que tem acontecido em toda a Europa, a Indústria soube resistir e continuará a saber enfrentar, com coragem e determinação, os grandes desafios que temos pela frente.Porque, acima de tudo, os tempos de crise abrem oportunidades para as quais nunca tínhamos olhado e, infelizmente, muitas vezes, somos nós próprios o primeiro obstáculo ao nosso desenvolvimento.

Jaime Piçarra

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL 25º ANIVERSÁRIO

Revista “AA” – Como vê a evolução do sector alimentar nos últimos 25 anos e como poderá evoluir nos próximos 25, numa altura em que o consumidor domina claramente as preocupações dos mercados?

Nuno Vieira e Brito

“Portugal oferece segurança alimentar e essa tem de ser a mensagem contínua e tem sido sempre a mensagem que transmito quer a nível nacional quer a nível internacional”

No âmbito dos 25 anos da Revista “Alimen-tação Animal”, o Prof. Doutor Nuno Vieira e Brito, Secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agroalimentar (SEAIAA), concedeu-nos uma entrevista em que faz um balanço do seu Mandato, os objetivos e ambições que tem no âmbito das suas funções e como vê o papel da alimentação no passado e nos próximos 25 anos.À margem da entrevista, elogiando a IACA e o papel que a alimentação animal tem desempenhado na qualidade e competitividade da produção animal, destacou a importância estratégica da Plataforma Peço Português e da QUALIACA, um Projeto que ainda foi discutido nos seus tempos de Diretor Geral da DGAV.Salientou ainda que a abertura de novos mercados é fundamental para dar oportuni-dades às empresas agroalimentares. Tem-se conseguido muito na abertura de mercados mas há que finalizar negociações para que-brar bloqueios e barreiras. Monitorizar essas ações também é importante e isso está a ser feito mas nada vale a pena se as empresas não usufruírem dessas oportunidades. Conta naturalmente com a cumplicidade do Setor o que tem manifestamente sentido, num trabalho que o entusiasma e motiva fortemente pelo que representa para o Pais e para o futuro do Setor agroalimentar.Mais de 2 horas de conversa, tranquila e extre-mamente gratificante, de muita cumplicidade, até pela abordagem de dossiers que nos preocupam, que aqui publicamente agradece-mos. A Indústria de alimentos compostos tem nesta Secretaria de Estado as portas sempre abertas para o que necessitarmos e o Setor pode contar com o Secretário de Estado Nuno Vieira e Brito para apoiar e agilizar as nossas iniciativas.

ENTREVISTA COM SECRETÁRIO DE ESTADO DA ALIMENTAÇÃO E INVESTIGAÇÃO AGROALIMENTAR

Secretário de Estado: A alimentação está hoje muito focada nas preocupações dos consumido-res, que condicionam a produção e a oferta; há 25 anos existia um maior enfoque na produção com estratégias de marketing associadas deter-minantes. Durante todo este período, as crises alimentares conduziram a maiores exigências na qualidade e segurança alimentar, implicando melhores práticas de fabrico, maior exigência na qualidade, reorganização empresarial, adaptando--se ao mercado e valorizando eficiência e custos de produção. O consumidor quer, hoje, produtos inovadores mesmo que a preço superior, pelo que a diferenciação é cada vez mais importante nestes novos hábitos do consumidor.

Revista “AA”: Mas nunca a alimentação foi tão controlada e nunca comemos tão bem e com alimentos mais seguros. Porque temos medo de dizer isto claramente aos consumidores?

Secretário de Estado: É verdade que temos uma história de sucesso, apesar das crises mas quando temos, esporadicamente, operadores que prevaricam e não cumprem as regras, tudo é rapidamente posto em causa. A comu-nicação é feita demasiado pela negativa. Não existe um conhecimento público da verdadeira dimensão nem do impacto das crises e, con-sequentemente, constata-se uma má gestão da comunicação do risco porque, de facto, nunca a alimentação foi tão segura. Temos todos, decididamente, de comunicar melhor e pela positiva com a opinião pública. Por exemplo, existe a percepção de que sistemas mais intensivos são potenciadores de mais situações de crise, sem ter em conta que nestes sistemas o controlo é bastante mais rigoroso (através, por exemplo, do HACCP) do que em sistemas mais tradicionais. No risco tem existido, pois, má gestão da comunicação e uma das minhas preocupações tem sido a de retirar a carga negativa da comunicação. É um esforço que não compete apenas ao Governo e às autoridades competentes, mas também a toda a produção, indústria e distribuição num comunicar melhor e numa mensagem

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comum, a de Qualidade e Confiança. Portugal oferece segurança alimentar e essa tem de ser a mensagem contínua e tem sido sempre a mensagem que transmito quer a nível nacional quer a nível internacional.Como vai ser a alimentação daqui a 25 anos?Creio que vai estar na moda o regresso ao tradicional, porque vamos ficar cansa-dos dos produtos massificados. Será um regresso muito de sabores e sentidos que confluem com grandes avanços tec-nológicos. Será uma aproximação afetiva do produto à origem, com circuitos mais curtos e de maior proximidade. Teremos um papel determinante da biotecnologia e de todo o conhecimento científico que permite valorizar, sob o ponto de vista nutriceutico e de saúde, os alimentos.Acredito que muito dos problemas atuais relacionados com o desperdício alimentar ou mesmo com distúrbios alimentares, seja a obesidade ou outros, em particular nos mais jovens, são desafios a resolver nos próximos anos, com um grande compro-misso de todos os interessados e com uma elevada intervenção pedagógica. Será, ainda, de considerar o envelhecimento da população que vai exigir mais inovação para ir ao encontro das especificidades e exigências de uma alimentação para seniores.Creio, ainda, ser essencial sempre uma boa informação ao consumidor e, como estraté-gia ao longo destes 25 anos, compete-nos valorizar a incorporação de matéria-prima nacional na nossa produção agroalimen-tar, com o devido reconhecimento pelos consumidores. E aqui destaco a vossa Plataforma “Peço Português”, que tem sido elogiada por congéneres europeus sempre que falo desse Projeto que acarinhei desde o início e que tem obrigatoriamente de continuar.

Revista “AA” – Qual o papel da alimentação animal na cadeia alimentar, quer em termos económicos, quer ao nível da segurança alimentar?

Secretário de Estado: A alimentação animal integrando a base da cadeia ali-mentar tem uma importância fundamental com notável repercussão nas restantes fases da mesma cadeia alimentar. Estou necessariamente a referir a abordagens que interferem na produção primária (quer quanto ao tipo quer ao modo), na qualidade e segurança alimentar e, obviamente, na análise económica de toda a cadeia. Entendo que a interligação é tão determinante, tão próxima que interfere, em última análise, com segurança dos alimentos de origem animal, tornando-nos todos como co-responsáveis em todo a cadeia e em todo o sistema.Considero, ainda, necessário e urgente um olhar cuidadoso sobre a produção animal e todo o sector pecuário nacional, no sentido da sua valorização e crescimento, especialmente tendo em consideração o aumento das exportações neste sector específico. Deveremos optimizar todos os recursos, sejam apoios, incentivos ou investimentos, para obter o desígnio da autossuficiência (em valor) com o forte con-tributo do sector Animal. Temos de reduzir todos os obstáculos ao investimento na Pecuária, mesmo com planos específicos e direcionados, bem como reduzir muito dos custos de contexto, para fortalecer este setor.

Revista “AA” – QUALIACA e segurança das matérias-primas, imagem e confiança, cooperação com as autoridades. Como vê esta aliança estratégica?

Secretário de Estado: Na linha do que referi anteriormente, a qualidade da ali-mentação depende de matérias-primas de qualidade e que cumpram as normas higio-sanitárias exigidas pela legislação. Só assim podemos evitar crises e criar confiança nos consumidores. O Projeto QUALIACA, pela cooperação que vai existir entre a IACA e a DGAV, para além de meri-tório no plano do reforço do autocontrolo, insere-se nas novas funções que o Estado tem de ter enquanto regulador e auditor,

reforçando ao mesmo tempo o controlo e a comunicação. É ainda essencial reduzir os estrangulamentos burocráticos, com a criação de mais transparência e valor.

Revista “AA” – Quais as prioridades para a Investigação Agroalimentar e o que vai mudar nos próximos anos? A biotecnologia faz parte da estratégia de inovação e investigação agrárias?

Secretário de Estado: Numa primeira fase, que poderia datar a partir dos anos 60, o Estado apostou numa lógica de investi-gação muito ligada à produção primária e foi pioneiro em estações experimentais e de uma rede de extensão rural de que nos orgulhamos. Depois, durante um longo período, a Agricultura e nele o sector agropecuário, deixou de ser prioritário, pouco acarinhado no discurso político e o Estado e a sua investigação refletiu essas condicionantes. Não existe um país desenvolvido sem investigação e inovação. Hoje precisamos de mais investigação e de melhores resultados, sobretudo ao nível da experimentação e desenvolvimento, com uma maior aplicabilidade ao nosso tecido produtivo e económico. Daí que seja prioritário reorganizar os nossos laboratórios e estações experimentais e, em conjunto com as empresas, autarquias, Universidades e Politécnicos, associações de produtores construir modelos que criem valor e patentes. E temos pessoas bastante qualificadas para o fazer. Acredito que vai ser possível.Nesta prioridade, muito dirigida às neces-sidades das empresas e das associações, consideramos como ação estruturante a criação dos Grupos Operacionais e daí a relevância da participação e empenho das empresas e das suas organizações repre-sentativas. Gostaria, ainda, de destacar como grandes objectivos a concretizar neste sector, a criação de Centros de Competência da carne e do leite, para o qual vos desafio a acompanhar neste percurso difícil mas, seguramente, compensador para Portugal.

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Revista “Alimentação Animal” (“AA”): Qual a importância da Pecuária no contexto da Agri-cultura nacional, quando é notório e evidente um declínio? Por exemplo, a produção de alimentos compostos e o mercado da alimen-tação animal desce pelo 6º ano consecutivo, o que é preocupante.

Secretário de Estado da Agricultura (SEA): Creio que esse declínio, que é uma realidade,

José Diogo Santiago Albuquerque

“Em resumo, com tudo o que foi possível fazer e em conjunto com a IACA e com as organizações ligadas à Fileira, temos a certeza de que estaremos, nos próximos anos, mais sólidos e mais competitivos, com uma melhor produção animal, de Qualidade e de referência, no mercado interno mas também no exterior”

ALIMENTAÇÃO ANIMAL 25º ANIVERSÁRIO

ENTREVISTA COM O SECRETÁRIO DE ESTADO DA AGRICULTURATal como aconteceu com o Secretário de Estado da Alimentação e Investigação Agroalimentar, o Engº José Diogo Santiago Albuquerque, Secretário de Estado da Agricultura, deu-nos o prazer e a honra de conceder uma entrevista para a comemoração dos 25 anos da Revista “Alimentação Animal”.O balanço da sua atuação no Governo, depois da passagem pelo COPA na UE, CAP, Nova Zelândia e pela Comissão Europeia, a visão de quem “observou” a Agricultura de fora do País e que foi confrontado com uma reali-dade diferente, às vezes surpreendente pela positiva, com projetos modernos, inovadores e de ponta, feita de sonhos, resiliência mas também enquadrada, num país onde no seu ponto de vista é necessário mais planeamento, sistematização e organização.Numa altura em que o Setor Agrícola está na moda e é reconhecido pela Sociedade, não esquece a pecuária e a importância do Setor, acredita em Portugal e na capacidade dos empresários em inovar e fazer mais, com menos. Só que temos de ser mais organizados, criar dimensão e maior operacionalização.Sem medo das palavras, com a humildade e o orgulho de que “deu tudo o que tinha” – destaque para o trabalho ao nível da PARCA e as negociações da PAC e do próximo Programa de Desenvolvimento Rural – refere que “não existem setores prioritários mas projetos que devem ser apoiados pela sua mais-valia; é o mercado que tem de definir quais os setores estratégicos” ou “A pecuária é da maior importância para o País. O objetivo 2020 é atingir a autossuficiência, maior concentração de oferta e termos agricultura em todo o território”. Naturalmente que também na Pecuária, que representa 43% do produto agrícola em termos de valor e em que 28% das explorações agrícolas têm atividade pecuária.Uma conversa tão aberta e informal como o interesse que manifestou em visitar rapida-mente uma unidade de alimentos compostos para animais, para se inteirar com mais detalhe dos problemas do Setor e ajudar a encontrar soluções que, sabemos tão bem como ele, terão

de ser aproveitadas pelos empresários. Todos temos de cumprir o nosso papel.Um agradecimento muito especial ao Secre-tário de Estado da Agricultura mas sobretudo ao amigo pessoal de longa data, que, com a humildade e a firmeza do compromisso, que fazem parte do seu carácter, alterou a complicada agenda para nos conceder esta entrevista e pelos elogios que deixou quer à IACA, quer à Revista “Alimentação Animal”.De resto, recordámos a intervenção que fez em Lisboa, em 27 de junho de 2008, no Seminário da IACA “O Balanço da PAC e o Futuro da Fileira Pecuária em Portugal”, na altura em representação da Comissão Europeia/DG AGRI.O Futuro da Agricultura daqui a 25 anos? Para já, as bases estão lançadas, melhor organização, planeamento, sincronismo, moni-torização, cumplicidade com os governos, muito para além desta legislatura. As políticas públicas devem desbloquear os problemas e encontrar as melhores soluções, desenvolver instrumentos e fatores de competitividade; aos empresários compete empreender, inovar, criar valor e riqueza para o País. Com parcerias e cooperação estratégica.Pessoalmente, o meu agradecimento pelo trabalho realizado no Ministério da Agricultura, pela forma como se tem relacionado connosco, por esta entrevista, e pelo voluntarismo e apoio às nossas iniciativas, com a porta do Gabinete sempre “aberta”. E a certeza de que este trabalho, de alguma rutura com o passado, e que nos responsabiliza enquanto Organizações, tem se ser assumido muito para além deste Mandato do governo, sendo obrigatório um “pacto de regime” para a Agricultura.

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não acontece só em Portugal mas em toda a União Europeia que tem muito a ver com a globalização e o problema do modelo europeu (regras de segurança alimentar, constrangimentos ambientais, de saúde e bem-estar animal) que retiram competitividade e o nosso País está inse-rido nesse declínio. É aliás um fenómeno estrutural. No entanto, para Portugal foram tomadas medidas para travar esse declí-nio; veja-se desde logo o ligamento das ajudas à pecuária no quadro da Reforma da PAC. Falta trabalhar muito no domínio comercial, com a criação de economias de escala. A chave está na concentração da oferta. Vamos ter ainda um sistema de majorações no próximo Quadro Comunitário de Apoio (QCA) e apoios às Organizações de Produtores e Interprofissionais. Os setores do arroz e dos cereais, para além do vinho e do azeite, têm tido uma resposta muito positiva, enquanto na pecuária temos menos organizações mas sei que, por exemplo, nos suínos, a FILPORC vai ser uma realidade. A solução é a ligação da cadeia, num trabalho de Fileira.

Revista “AA”: Vão existir apoios suple-mentares a essas organizações? E como ultrapassar os condicionantes ambientais que são um travão aos investimentos na produção animal?

SEA: No quadro da PAC vai haver uma discriminação positiva e sempre nos bate-mos por isso. O objetivo é privilegiar quem esteja nas OP e nos Interprofissionais. Temos apoios que, esperamos, possam estar à altura e que nos permitam ultra-passar os bloqueios. No mercado interno, estamos a criar condições para a concen-tração da oferta, na PARCA, trabalhamos para melhorar as relações com a distribui-ção e nos mercados externos a eliminar barreiras técnicas e comerciais, abrir mercados e levar os produtos nacionais a todo o mundo. Falávamos há pouco nos constrangimentos ambientais e reconheço que existem muitos fundamentalismos que têm de ser ultrapassados. A relação entre a agricultura e o ambiente tem de ser mais equilibrada e hoje no Ministério do

Ambiente há mais pragmatismo e existe um diálogo constante. Apesar da separação da Agricultura, não perdemos a ligação e a cumplicidade e o diálogo com o Ambiente e veja-se a recente problemática dos OGM (milho 1507) que permitiu a abstenção de Portugal, não inviabilizando a proposta de cultivo. O que é importante é catalo-gar as questões e trazê-las ao ambiente. Aliás, temos hoje uma Plataforma – RCAEI (Reunião de Coordenação dos Assuntos Económicos e do Investimento) – que tem o mesmo poder de decisão das reuniões de Secretários de Estado e é um espaço de avaliação, que permitirá ultrapassar os estrangulamentos setoriais. Há que olhar para os projetos de investimento e desbloquear. O vinho vai ser abordado em breve e o setor da pecuária também vai ser tratado. O importante é fazerem-nos chegar os problemas e analisaremos as soluções em conjunto.

Revista “AA” – Que balanço pode fazer destes anos de governação? Vindo de fora, o que mais o surpreendeu?

SEA: É difícil fazer em 4 anos tudo o que devia ser feito. Quando chegámos, havia que regularizar os apoios da PAC, organizar o Ministério, Portugal tinha que devolver dinheiro todos os anos, preparar a Reforma da PAC, a PARCA e agora há que simplificar a legislação para os beneficiários e definir com os Setores os objetivos para 2020. A importância da Agricultura na Sociedade é uma realidade nos últimos 3 anos, a crise económica chamou atenção para a sua importância estratégica e isso tornou-se uma realidade no Governo, com uma boa articulação com os Negócios Estrangeiros, a Economia, sobretudo através do GPP. Por isso existe uma articulação estreita ao nível das negociações como o Mercosul, o TTIP (acordo UE/EUA) e em conjunto com as organizações do agroalimentar. A agricultura portuguesa hoje já não tem que ter uma postura meramente defensiva mas também temos interesses ofensivos a defender. Exemplos como o vinho e o azeite são hoje áreas onde mais se faz sentir essa ação e há que libertar bloqueios

à exportação em todos os setores de atividade.Pela negativa, o que surpreendeu foi encon-trar problemas administrativos e ao nível da implementação da PAC. Tínhamos a ameaça da Comissão de não permitir que Portugal pagasse aos agricultores, contro-los e parcelários em atraso, pagamentos aleatórios e um ProDer com deficit de pagamentos. Existia e ainda existe, em geral, um problema de planear, sincroni-zar e monitorizar. Concentrarmo-nos no essencial e deixar de lado o acessório. Hoje temos um sistema de seguros que funciona e que é pago com investimento comunitário, pagamentos a tempo e horas, uma legislação estabilizada, controlos feitos atempadamente, com pagamentos de RPU antecipados. Um ProDer com uma execução de 2% acima da média da União Europeia e o objetivo de o executar já este ano e temos uma PARCA que se tem preocupado com o problema das relações entre a produção, a indústria e a distribuição. Há agora que fixar objetivos com os Setores para 2020 e é importante que tudo isso seja feito para além deste Governo e desta legislatura.Pela positiva, destaco a modernização em inúmeras explorações e competitividade a nível europeu. Uma notável capacidade de resiliência, inovação e investimento apesar de tudo e das adversidades e dos problemas económico-financeiros. E isso, agora que já demos todos estes passos – muito há ainda a fazer – é muito importante para o futuro. Os exemplos de setores como o milho, tomate, vinho, azeite, leite, os bovinos, com denomi-nações de origem, tudo isso nos deixa esperança no médio e longo prazo. Temos hoje uma franja muito mais competitiva e inovadora do que as pessoas pensam. Uma pequena agricultura que funciona bem e que em conjunto pode ser compe-titiva. Os mercados locais são cada vez mais importantes e temos agricultura em todo o território. Essa diversidade é muito importante e muitas vezes a Comissão Europeia não compreende os nossos problemas.

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL 25º ANIVERSÁRIO

Passamos muito tempo a discutir os pro-blemas e existe pouca operacionalização e essa tem sido a minha preocupação desde que cheguei ao Governo, inverter essa tendência.

Revista “AA” – O Governo considera a pecuária e os investimentos na Fileira como estratégicos para o País?

SEA: Temos hoje uma execução do primeiro Pilar da PAC de 99.7% e do ProDer 78% e muitos desses investimentos são ligados à atividade pecuária. Não queremos nem temos de deixar ninguém para trás mas não temos setores estratégicos mas Projetos estratégicos. Essa foi outra visão errada do passado. O que importa são projetos que criem emprego, valor e riqueza para o País, que tragam mais-valias para o ambiente e para o território. Por exemplo, o Projeto de segmentação de ciclo que nos foi apresen-tado pela FPAS é um bom exemplo do que pretendemos apoiar: tem valor ambiental e de mercado como condições essenciais. Não é o Governo que tem de definir o que é ou não estratégico mas sim o mercado.

Revista “AA” – Qual o impacto da reforma da PAC no setor pecuário?

SEA: Nas negociações da Reforma da PAC, tivemos naturalmente em conta a importân-cia da Pecuária no contexto da agricultura portuguesa e o seu peso expressivo: 28% das explorações agrícolas têm uma orienta-ção para a produção animal, embora menos específicas que a média europeia; 43% do produto agrícola é proveniente da pecuária e 2/3 da nossa Superfície Agrícola Útil (SAL) é ocupada por pastagens permanentes. A Pecuária é muito importante e no objetivo 2020 temos como grande meta atingir a autossuficiência em valor, como é sabido, mais concentração de oferta e agropecuária em todo o território. Queremos que o setor da produção animal continue, que não exista abandono mas queremos um setor mais organizado e que possa criar mais riqueza.

O que fizemos nas negociações da PAC?Defendemos a produção animal, pelo ligamento das ajudas e pela convergên-cia interna. Foi possível conseguir 19% dos pagamentos ligados para as vacas aleitantes e ovinos e caprinos, o que é importante. Defendemos a flexibilização no “greening” para não criar problemas no leite, mantivemos o contingente de

milho de Países Terceiros, vamos pri-vilegiar a capacidade de armazenagem e incentivar o regadio, no sentido de aumentar a produção de matérias-primas para a Indústria. Os fundos estruturais podem financiar o Alqueva e teremos mais regadio para apoiar noutras áreas, criando menor dependência ao nível do aprovisionamento. No entanto, temos de trabalhar melhor esta área em que somos ainda muito vulneráveis e a questão das proteaginosas é um bom exemplo.Em resumo, com tudo o que foi possível fazer e em conjunto com a IACA e com as organizações ligadas à Fileira, temos a certeza de que estaremos, nos próximos anos, mais sólidos e mais competitivos, com uma melhor produção animal, de Qualidade e de referência, no mercado interno mas também no exterior.Os empresários já demonstraram que sabem como ultrapassar as dificulda-des. Só precisamos de organização, pla-neamento, políticas públicas de maior cumplicidade e de acreditar que, em conjunto, somos capazes. Apesar de todos os desafios e dificuldades…

Depois das entrevistas dos Secretários de Estado concedidas ao Secretário-Geral da IACA, num ambiente informal e em jeito de balanço dos respectivos mandatos e que publicamente agradecemos, não só pela cumplicidade mas sobretudo pela disponibilidade, o dossier sobre os 25 anos tinha de incluir a visão dos seus obreiros e de personalidades que marcaram a Revista, a construíram, lhe deram corpo, a fizeram crescer, acarinharam e lançaram as pontes para aquilo que o Projeto é hoje: uma certeza e uma referência no Setor e na Fileira Pecuária. Nas próximas páginas desta edição, com “voz própria” e de coração aberto, os antigos Diretores da Revista “AA” e simultaneamente ex-Presidentes da IACA, mas também o Secretário-Geral e antigos Diretores e entidades que se associaram

a nós, como por exemplo a FIPA e a CAP falam da sua experiência e do seu olhar pelo passado. Ao longo das próximas edições, durante todo o ano de 2014, mais amigos, Organiza-ções e personalidades se juntarão a estes para que seja possível fazer a história dos últimos 25 anos mas sobretudo projectar o Futuro, se possível, para as próximas duas décadas. Porque a única certeza nestes tempos tão incertos e voláteis, é a de que a Revista “Alimenta-ção Animal” saberá adequar-se aos novos tempos e desafios e

que o Setor da alimentação animal saberá adaptar-se aos desafios e necessidades do Mercados, será tão importante como sempre foi: fundamental na economia das explorações pecuárias e na dieta alimentar dos portugueses.

DEPOIMENTOS

Exemplar e Editorial da “AA” nº 1

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Confesso a minha dificuldade em falar do tempo que passei pela IACA, quase há 30 anos, em que as transformações na sociedade portuguesa se fizeram sentir muito rápida e profundamente em função da inúmeras e sucessivas adaptações motivadas pela nossa entrada na União Europeia.Já lá vão tantos anos quanto os que agora comemora a Revista Alimentação Animal.Regozijo-me pela efeméride e por se lem-brarem de mim para dar o meu testemunho, embora curto, sobre a génese da publicação.Como alguém já o afirmou, a única coisa que se pode fazer com o tempo é não o perder.Mas para começar, gostaria de recordar muito rapidamente em preito de home-nagem, a figura do João Viegas Costa, posto que foi ele o homem, nessa altura ainda Presidente da Direcção, que antes de abandonar a Associação por motivos de saúde, fez questão que eu e o Luís Marques, uma vez que era um sonho de todos, nos comprometêssemos a lançar o primeiro número da Revista; o que de resto veio a acontecer, graças ao entusiasmo transbordante e ao empenhamento do secretário-geral e meu amigo o Comendador Luís Marques, que com o seu inigualável espírito de missão e de lealdade, acabou por me empurrar para essa aventura.De resto começou por ser um titubeante labor a dois e só mais tarde, em boa hora, com a colaboração incansável de Jaime

Jaime Lança de Morais*

Piçarra e do Eng.º Rebelo Abranches a revista tomou um aspecto editorial mais formal e informativo de acordo com o que se pretendia ----- um elo de ligação entre a Associação e os seus associados, o que quer dizer com os seus industriais de alimentos compostos para animais.Não foram tempos fáceis…Já se constatava então que havia um número excessivo de unidades fabris, a operar no mercado.Foi uma época de muito trabalho e algumas decepções, muitas alegrias também e porque não dizê-lo, de alguns triunfos, se se tiver em conta o período conturbado que se vivia e de alguns confrontos próprios de uma Associação patronal que se queria actuante e empenhada em descortinar o futuro.A palavra de moda na altura era a da con-corrência aberta, que já se fazia sentir, ainda mais agravada pelas novas regras impostas pelo que viria a ser a nossa adesão à CEE.Não quero deixar passar em branco, pro-positadamente, só para recordar, o papel importante que vieram a ter os portugueses regressados do Ultramar (descolonização exemplar) no desenvolvimento subsequente da indústria e que decididamente ajudaram a impulsionar a pecuária da altura, com novos investimentos e a vontade indómita de triunfar sobre um destino que não tinham escolhido.Esta nova vaga de agricultores e pecuaristas acabou por se traduzir a um aumento sig-nificativo da produção de rações, em que, por tabela, se renovaram algumas fábricas existentes, através de um processo de modernização e que se fez sentir durante mais de duas décadas.A qualidade era, por fim, a palavra de ordem.Daí a necessidade de se recorrer a técnicos de alimentação animal, veterinários e novas administrações, que com espírito jovem e renovador, enfrentaram com sucesso, a adaptação a novas leis e a novas regras de mercado, pondo assim em causa modos de estar e de viver ultrapassados ou ador-mecidos.Lembro-me, por exemplo, que os nossos índi-ces de conversão animal, comparados com os nossos parceiros europeus, eram muito mais altos; mas graças ao empenhamento, ao estudo e à vontade de triunfar, a qualidade das rações portuguesas, em pouco tempo, soube e conseguiu baixar esse índice para

níveis mais que aceitáveis, em confronto com as novas exigências de segurança alimentar, como soube ainda, acertar o passo com o resto da Europa.O mesmo tipo de sucesso se obteve com o consumo per cápita de carne e leite, na altura muito baixos mas mercê de uma politica de marketing e relações públicas rapidamente se atingiram números razoáveis perfeitamente compatíveis e aceitáveis com as estatísticas europeias.Foi de facto, uma época de grandes expecta-tivas e em certa medida, uma época “heróica”.Já para não falar dos novos desafios que tam-bém se fizeram sentir com o nosso acesso ao clube dos países europeus (FEFAC), e em que a IACA através de reuniões, congressos, viagens, e visitas ao estrangeiro, ajudou e incentivou os industriais e pecuaristas para além das suas próprias iniciativas, a confrontarem-se com uma nova realidade até então desconhecida e muito melhor prepa-rada do que a dos empresários portugueses.Tudo isso se venceu com rara capacidade de inovação e coragem demonstradas nos anos seguintes até à adesão ao euro.Não foi fácil e a indústria provou, ao longo do tempo, que sabia reagir aos novos desafios e aos novos ventos que sopravam da Europa.E aí julgo que foi importante o papel desem-penhado pela Revista Alimentação Animal, como vem provar o seu jovem aniversário.Não me compete falar dos tempos actuais, dos quais sei muito pouco, e deste dealbar do século vinte e um, mas só espero e torço para que a Indústria continue e saiba manter-se saudável e rentável, pese embora a crise que em tão má hora atingiu o País e os portugueses.Mas não esqueço esses tempos e é com orgulho que considero um privilégio ter feito parte, através da IACA, de um conjunto de pessoas, quer da Associação quer por todo o interior do País, que soube reagir e que por meio de cumplicidades, fusões e pactos comerciais soube lutar pelo seu lugar ao Sol.Para terminar, parafraseando o escritor bra-sileiro, “podemos não ter nenhuma verdade a dar, a não ser a única verdade possível, que é de buscá-la eternamente”.Estão, pois, a Associação , o seu pessoal, os colaboradores, e a sua revista ,de PARABÉNS. E oxalá assim continue por mais 25 anos.

* Ex-Presidente da IACA e 1º Diretor da Revista

“Cada um é as suas acções e não é mais nem menos”

Padre António Vieira

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“ALIMENTAÇÃO ANIMAL”25 Anos ao serviço da IndústriaÉ com enorme prazer que acedo ao convite que me foi formulado para uma resenha histórica sobre a revista ALIMENTAÇÃO ANIMAL (AA) que, este ano, comemora o seu 25º aniversário.Irei, provavelmente, repetir algumas passagens do artigo que redigi e foi publicado na AA que assinalava os seus 18 anos. Peço me relevem a circunstância.Durante quase 20 anos tive responsabilidades na coordenação e edição da nossa revista que ajudei a nascer e a fortalecer. E é com muito gosto que aqui exprimo que a AA continua com regularidade e sucesso na senda dos objectivos para que foi criada, contribuindo, também, para o prestígio da IACA e do Sector industrial que ela representa.Para tanto tem sido importante e inquestionável a acção meritória de todos os que com trabalho e muita dedicação têm possibilitado as suas edições regulares e já lá vão vinte e cinco anos.Apoio importante têm dado as empresas/entida-des com a sua participação publicitária, condição indispensável que nos apraz registar não obstante a debilidade económica, que esperamos e desejamos transitória, por que tem passado o nosso País nos últimos tempos.Como nasceu a revista ALIMENTAÇÃO ANIMAL.Data do já longínquo ano de 1987, a iniciativa da Direcção da IACA, na altura presidida pelo Sr. Manuel de Sousa Ródo, que apoiou a proposta do então Vice-Presidente, Dr. João Viegas e Costa. Esta, funda-mentada na conclusão dos trabalhos efectuados por um profissional da imprensa e pelo Secretário-Geral da Associação, visava o lançamento da revista da IACA como órgão de comunicação social, que fosse o elo de ligação e comunicação interna e externa da Associação com as Empresas associadas, veiculando, também, as pretensões do Sector em geral e da IACA em especial quer junto do Governo e dos órgãos da Administração Pública como das demais entidades, nestas se incluindo a Agro-Pecuária, quer do público em geral.A proposta do Dr. Viegas e Costa, que sempre defendeu com muito entusiasmo, foi objecto de larga discussão ao longo do ano. Em resultado da sua aprovação, por unanimidade, pelo órgão directivo da IACA, os trabalhos e diligências conducentes à sua criação e planificação iniciaram-se de imediato com o apoio de todos os Dirigentes de então a que se associaram, desde logo, o Secretário-Geral e os Colaboradores da Associação.No ano seguinte, ou seja em 1988, com o Dr. João Viegas e Costa agora na qualidade de Presidente da Direcção, em exercício (cargo que assumiu, nos termos estatutários, face à demissão do Sr. Manuel Ródo por razões de saúde), foi aprovada a designação ALIMENTAÇÃO ANIMAL (AA) como título da revista e nomeados o Dr. Jaime Lança de Morais, como

seu primeiro Director, Luís Elso Marques, como Secretário-Geral/Coordenador e como Redactor principal o jornalista, Sr. João Rosa.Convidados pela Direcção passaram a constituir o Conselho Editorial e Técnico da AA: Dra. Armanda Braz Severo, Engº Joaquim Rebelo Abranches, Dr. João Viegas e Costa, Dr. Henrique Soares Cruz, Engº Rui Silveirinha e Dr. António Lourenço dos Santos.Prosseguiram neste ano de 1988 os trabalhos de preparação, planificação e ensaios e efectuaram-se inúmeros contactos visando o apoio e colaboração de articulistas, nomeadamente de investigadores, técnicos e estudiosos da produção e nutrição animal e da agropecuária, e a angariação de publicidade que suportasse os encargos da publicação (compo-sição e impressão gráficas, distribuição, traduções e assessoria de comunicação). Igualmente se ence-taram diligências com a então Direcção-Geral de Comunicação Social e posterior apresentação do processo para obtenção da competente autorização administrativa e cedência dos números de “Depósito Legal” e de “Registo”.E no início do ano de 1989 é lançado o primeiro número da revista ALIMENTAÇÃO ANIMAL, editada pela Represse – Edições Especializadas, sendo a execução gráfica da Virtus – Publicidade e Artes Gráficas. A tiragem foi de três mil exemplares para uma periodicidade bimestral que apenas foi cumprida nos dois primeiros números passando, a partir do nº 3, para edições trimestrais, pois cedo se concluiu da impossibilidade da publicação de seis números por ano.O nº 1 da AA (Janeiro-Fevereiro 1989) contou com a colaboração do Dr. João Viegas e Costa com o artigo “Passado, presente e futuro das rações para animais” e com a entrevista que concedeu ao jornalista João Rosa na qual define o Sector como “Exigente e importante, estratégico e interessante”. A mesma edição teve o contributo da saudosa Dra. Armanda Severo com o seu artigo “Investigação: maior colaboração entre instituições e empresas”, do nosso amigo Engº Joaquim Rebelo Abranches (Reflexões sobre a qualidade), do Prof. Dr. R. Fernando, membro da Academia Nacional de Medicina de França e Perito da OMS (Aditivos – um forte contributo para a higiene e qualidade), do Engº José Manuel Bual, Presidente da ANPOC (Carta aberta aos nossos clientes), do Dr. A. Lourenço dos Santos (Origens dos excedentes de produção, situação e perspectivas da pecuária) e de Luís E. Marques (Breve apontamento para a história da Indústria e da IACA).Do Editorial do Dr. Jaime Lança de Morais sob o título “Ousamos ter esperança” extraímos, dado o seu significado, a seguinte passagem: “O momento em que surge este primeiro número de “Alimentação Animal” é, todavia, aliado precioso; em particular

Luís Elso S. Marques*

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as transformações radicais que estão em curso, na economia e no enquadramento geral das actividades da agro-pecuária impõem, só por si, uma maior amplitude no diálogo e no esclarecimento e surgem novas vias para as exprimir. Que melhor ocasião, para tanto, do que a véspera da integração da nossa agricultura no Mercado Comum? Eis, portanto, o cenário de fundo de “Alimentação Animal” e o seu serviço: oferecer a todos os intervenientes – Administração, empresas, escolas... – nos circuitos da agro-pecuária, em geral, e nas actividades relacionadas com a alimentação animal, em particular, um espaço para equacionar ideias e factos e confrontar opiniões, tendo em vista preparar, hoje, o futuro da actividade e esclarecer as condições do seu desenvolvimento e da sua expansão”.O nº 2 da AA (Março-Abril 1989) contou com o Editorial do Director denominado “Assegurar a mudança”, sendo o tema de capa dedicado ao assunto do momento “A Política Agrícola Comum”. Esta edição teve o grato prazer de inserir uma mensagem, subscrita especialmente para a AA pelo Ministro da Agricultura de então, Engº Álvaro Barreto, intitulada “Uma atitude correcta de antecipação”, para além dos artigos do Dr. J. P. Carlier, Director Geral da nossa congénere francesa SNIA (Pecado original e perdedores), do amigo e desde sempre apoiante da revista, Prof. Dr. Manuel Chaveiro Soares, que muito contribuiu, também, para a sua divulgação (Aditivos: como escolher?) e dos Engº João Esteves de Carvalho (Evolução do uso de vitaminas), Dr. J.L. Nunes Petisca (A paratuberculose dos bovinos), Dr. José Manuel de Oliveira Carvalho (A mixomatose dos leporídeos) e Engº Martinho Pereira Cou-tinho (Desenvolvimento de fungos em cereais armazenados).Este foi o começo de um importante ciclo da nossa revista que se prolongou por mais dez anos com as edições 3ª (Jun.-Jul.-Ag. 1989) a 34 ª (Out.-Nov.-Dez. 1999), que mereceram o apoio e elogio dos seus leitores, anunciantes e outras entidades, ao mesmo tempo que sairam reforçados o prestígio e a divulgação da Associação e da sua Indústria .A propósito permito-me dar nota de uma referência inserta no Relatório de Actividades da Direcção da IACA referente ao ano de 1989: “Foram compensados os laboriosos trabalhos realizados no sentido de que a Indústria tivesse a sua revista, ideia que foi posta e aceite pela anterior Direcção. Durante o ano editaram-se quatro números, tendo o primeiro saído do prelo em Janeiro. Para tanto muito contribuiram todos aqueles que desde o lançamento da ideia a acarinharam e deram o seu melhor

para que a mesma se concretizasse, bem como as inúmeras empresas anunciantes que nos apoiaram desde o princípio”.O Dr. Jaime Lança de Morais cessa as funções de Director da AA no final de 1999, que exerceu com empenho e competência, mandato que preencheu cumulativamente com os cargos de Vice-Presidente e de Presidente da Direcção (1991-1999).Assumiu a Direcção da AA a partir da 35ª edição (Jan.-Fev.-Março 2000) o Dr. Alberto Araújo de Campos, após ter sido eleito Presidente da Direcção da IACA. Prolongou, com êxito e distinção, o seu cargo na AA até ao nº 81 (Jul.-Ag.-Set. 2012), apesar de ter deixado a presidência da Direcção da IACA em 31/12/2005 para ser Presidente da Mesa da Assembleia Geral no triénio de 2006-2008.O actual Director da AA, desde o seu nº 82 (Out.-Nov.-Dez. 2012) é a Engª Maria Cristina de Sousa, que acumula com as funções de Presidente da Direcção da Associação. As minhas saudações à Engª Cristina e os votos de felicidades no desempenho dos seus cargos.E por que recordar é viver, permito-me trans-crever um exerto do Editorial do Dr. Alberto Campos na AA nº 49 (Maio-Jun.-Jul. – 2004), sob o titulo RECORDAR, por considerar que o ponto de vista expresso corresponde à realidade actual: “... Neste contexto de comunicação com a Sociedade Civil, Administração, Autoridades, Universidades e Público – leia-se Consumidores – é que a revista ALIMENTAÇÃO ANIMAL, que agora comemora também um aniversário elo-quente, o seu 15º, pode desempenhar um meio de divulgação da nossa actividade e da nossa mensagem. Lançada como tribuna e montra da nossa Indústria, depressa se tornou numa publicação lida por um universo crescente de pessoas e individualidades ligadas ao Sector directa ou indirectamente. Para além dos seus objectivos de informação, temos assistido a uma procura grande de interessados em participar com artigos, de índole científica, que apraz registar pela sua elevada qualidade e pelo prestígio que tem trazido à revista. Como seu Director, quero agradecer a todos os Articulistas, Conselho Editorial e Técnico, Secretário-Geral/Coordenador e ao Editor, o contributo prestado para que a Revista tenha tido êxito”.Transcrevo, também, as pertinentes conside-rações que o Engº Pedro Corrêa de Barros, então Presidente da IACA, tece sobre esta publicação em Editorial publicado na AA nº 58 (Out.-Nov.-Dez. 2006) com o tema “Uma Revista...diferente”.“... A IACA tem sido uma excepção a este pano-rama e a sua revista ALIMENTAÇÃO ANIMAL

tem sido o espelho da harmonia e união que tem sido apanágio dos seus associados.... Os problemas que têm afligido a indústria (e não têm sido poucos) sempre foram tratados com total transparência e com conhecimento de todos os associados permitindo-lhes avaliar o empenho que se tem de pôr na procura das soluções e alertar, atempadamente, para o futuro. A ALIMENTAÇÃO ANIMAL tem sido a imagem desse empenho bem vincado nos temas que têm sido abordados revista a revista e que as capas (sempre elucidativas) têm conseguido apelar.É certo que temos a sorte de possuirmos um quadro técnico e administrativo de qualidade superior e, acima de tudo, de um profissiona-lismo e dedicação ímpar (são eles a alma da realização da ALIMENTAÇÃO ANIMAL) o que nos tem permitido manter o nível da Revista.... Penso que a ALIMENTAÇÃO ANIMAL cumpriu o seu papel ... cumpramos nós, dentro das capacidades e possibilidades de cada um, o nosso. Bem hajam os “pais” desta Revista... diferente.”Sobre a AA muito haveria para dizer e sobretudo recordar. É um orgão de comunicação com muito boa aceitação e prestígio, alcançados com verdade, dedicação e muito trabalho ao longo dos seus 25 anos.Apesar das dificuldades deste longo per-curso, que provavelmente continuam, sempre acreditámos no êxito da AA não obstante algumas (des)considerações iniciais antes do seu “nascimento” provavelmente para provo-car, ainda que sem maldade, o desânimo dos pioneiros. Mas a AA nasceu e cresceu e já lá vão 86 edições... e, com certeza, prosseguirá a sua missão por muitos e bons anos com a inteligência, a dedicação e a capacidade de todos quantos colaboram na sua execução e desenvolvimento e com o apoio das Empresas associadas da IACA e dos Anunciantes, sem esquecer quão importante tem sido e será a meritória acção, empenho e dinamismo do nosso Secretário-Geral, Engº Jaime Piçarra, peça fundamental da AA na actualidade como no passado, sem esquecer o labor e a dedicação dos estimados Colaboradores da Associação.Fui e continuo a ser um entusiasta da AA à qual dediquei, mesmo antes do seu nascimento, todo o meu esforço, empenho e dedicação até à altura em que, por ter cessado as funções de Secretário-Geral da IACA em 31/12/2007, passei à situação de assíduo leitor.Parabéns à AA e a todos os que possibilita-ram e contribuiram para que a nossa Revista prosseguisse e atingisse, com sucesso, o seu quarto de século.

* Ex-Secretário-Geral da IACA

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A Revista “Alimentação Animal”, porta-voz da IACA, que agora comemora as suas Bodas de Prata, foi durante estes últimos 25 anos o écran onde se projectou o filme do que mais relevante se passou na Indústria.Por ela passaram os editoriais, testemunhos e artigos de opinião subscritos pelas mais diversas personalidades ligadas ao sector, nomeadamente Directores da Revista, Industriais, Técnicos e Cientistas nacionais e estrangeiros, membros da Administração Pública, entre outros, que no seu conjunto deram à Revista e consequentemente á Indústria, notoriedade, prestígio e fiabilidade.Quando a Revista iniciou a sua publicação já Portugal fazia parte da UE e a IACA da FEFAC impondo-se, assim, que a Indústria dispusesse de um órgão de comunicação social, por em cada momento ser a montra do que se passava de mais importante no País e na UE no domínio do sector.

Evolução tecnológica, segurança alimentar, animal e ambiental, legislação nacional e comunitária, agricultura sustentável e outras problemáticas, foram temas de debate nas suas páginas.Entretanto muita coisa mudou neste quarto se século, dadas as transformações verificadas no tecido empresarial, na sequência de aquisições, fusões e incorporações, como resultado de um processo evolutivo, fruto da nossa integração na UE e dos novos desafios que a economia enfrentou.Face a esta nova conjuntura, o papel a desem-penhar pela Revista continuará a ser da maior importância para todos os que se interessam pela Indústria da Alimentação Animal.

Nota – O subscritor não escreve segundo o Acordo Ortográfico.

* Ex-Presidente da IACA e Ex-Diretor da Revista

Alberto Campos*

Bodas de Prata

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Uma revista … diferente!Tenho que começar por agradecer à IACA o convite para colaborar na Revista “ALIMENTAÇÃO ANIMAL”, comemorativa do 25º aniversário da mesma.Senti com muita emoção esta lembrança pois entendi-a como uma oportunidade de voltar a falar, com sentida saudade, da IACA, interpre-tando-a, no íntimo, quase como um “regresso à casa”.Actualmente encontro-me na situação de refor-mado e afastado das lides da IACA, à qual dediquei cerca de 40 anos da minha actividade. Profissionalmente, iniciei-me na indústria dos alimentos compostos em 1972, numa época que apelido de, “os anos de ouro da indústria”. Nessa altura, grosso modo, as preocupações viravam-se quase exclusivamente para a formulação (feita à mão, com recurso a simples máquinas de calcular) pois era aí que residia o “segredo” do sucesso.Ao tempo, a Indústria dos Alimentos Compostos para Animais, em Portugal, era constituída por dezenas (talvez mais de uma centena (?) de fábricas de dimensão média/pequena, tecnolo-gicamente pouco avançadas.Com os alvores da integração na então CEE, inicia-se uma nova fase no sentido de uma maior concentração da produção, aparecendo fábricas tecnologicamente mais avançadas e de dimensão francamente maior, e com as atenções da indústria a centrarem-se na sanidade animal, nos índices de conversão dos animais, na segurança alimentar e, acima de tudo, na gestão da rentabilidade dos produtos.Criar, em 1989, uma revista especializada virada para a Alimentação Animal, tinha toda a razão de ser mas, com o cepticismo que nos é característico, mais parecia uma aventura votada ao insucesso a curto prazo. Mas não foi pois, o “visionário” Jaime Lança de Morais, muito bem apoiado pelo Luís Marques, o então Secretário-Geral da IACA, e pelo Jaime Piçarra, perceberam que apenas com muita qualidade, esta “aventura” editorial tinha hipóteses de sobrevivência. Se bem o pensaram, melhor o fizeram e foi, com enorme entusiasmo, que meteram mãos à obra.Em 2014, corridos que foram 25 anos, confirma-se que foi uma aposta ganha. A “ALIMENTAÇÃO

ANIMAL” assumiu o papel de veículo do prestígio de uma indústria que ao longo dos últimos 50 anos, cumpriu exemplarmente o seu papel de parceiro, de pleno direito, do sector agropecuário.A IACA tem sido um exemplo de prestígio dentro do movimento associativo e, a sua revista “ALIMENTAÇÃO ANIMAL”, tem sido o espelho da harmonia e união que tem sido apanágio desta Associação.A intensa e bem elaborada comunicação vei-culada na “ALIMENTAÇÃO ANIMAL” dá forma, e conteúdo, à pró-actividade como a IACA tem respondido aos problemas que vão surgindo, quer de carácter técnico, quer de carácter político ou associativo. A forma elegante, profissional e eficiente de abordar os assuntos e a visão imparcial como coloca e defende as opções que interferem com o futuro da indústria dos alimentos compostos, são um importante factor da credibilização da revista.Pela sua acção, e pedindo que me desculpem qualquer omissão, gostaria de lembrar os nomes do Jaime Lança de Morais, do Alberto Campos e do Luís Marques pela dedicação com que cola-boraram na “ALIMENTAÇÃO ANIMAL”, enquanto estiveram ligados à IACA e, muito especialmente, o Jaime Piçarra, a alma omnipresente da AA, pelo entusiasmo e profissionalismo postos, edição após edição, na criação desta revista de que todos nos devemos orgulhar.Mais que um órgão de comunicação, a “ALI-MENTAÇÃO ANIMAL” tem sido um exemplo de persistência de uma equipa devotada à Indústria dos Alimentos Compostos, permanentemente empenhada em a prestigiar, nacional e inter-nacionalmente.Terminaria, repetindo a resposta que dei a uma pergunta numa entrevista recente:“ […] revista [AA] já ultrapassou os 20 anos de edições regulares. O que pensa desta “resistência”?Não chamaria resistência, porque não é disso que se trata, chamaria simplesmente … COMPETÊNCIA”.Bem hajam os “Pais” desta revista … diferente!

* Ex-Presidente da IACA

Pedro Corrêa de Barros*

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Comemorar o 25º aniversário da revista Ali-mentação Animal (AA) implica começar por recordar o lançamento desta publicação, rele-vando o papel decisivo então desempenhado pelo Secretário-Geral da IACA, Sr. Luís Marques, tão mais importante quanto eram vários os associados que, legitimamente, levantavam dúvidas quanto à sustentabilidade do projecto.Mas, felizmente, a iniciativa foi coroada de êxito, na medida que tem vindo a atingir ple-namente os objectivos inicialmente traçados, nomeadamente: i) expressando publicamente o ponto de vista da indústria portuguesa de alimentos compostos, e de outras actividades conexas, acerca da actividade em causa, seus interesses e problemas de índole diversa; ii) difundindo informação científica, técnica ou outra, com interesse para os associados da IACA. Considerando o meritório desempenho alcançado pela revista AA ao longo do último quarto de século, justo é manifestar o nosso reconhecimento, em especial ao comendador Luís Marques pela sua iniciativa e aos associados da IACA, e outros intervenientes no sector dos alimentos compostos, que têm possibilitado a viabilidade económica da revista AA.De salientar que a revista AA – agora dinamizada pelo actual Secretário-Geral da IACA, eng. Jaime Piçarra – tem vindo a interessar-se cada vez mais por uma visão integral das diversas fileiras pecuárias, extravasando assim os limites dos interesses tout court dos fabricantes de alimen-tos compostos para animais e de pré-misturas.Na realidade se, evidentemente, importa abordar na AA temas directamente relacionados com a indústria de alimentos para animais de produção ou outros – como a nutrição, as matérias-primas, a tecnologia, a segurança sanitária dos alimentos, a legislação, etc. –, é hoje unanimamente reconhe-cido que os interesses da referida indústria estão intimamente associados ao sucesso económico dos seus clientes, nomeadamente dos produtores pecuários. Esta perspectiva tem vindo a ser espelhada cada vez mais nas páginas da revista AA, com relevo para as áreas do ambiente e, mais recentemente, da comercialização dos géneros alimentícios de origem animal – leite, carne e ovos.Com efeito, os requisitos de índole ambiental – na UE cada vez mais restritivos – são, não raras vezes, causa de dificuldades de legalização de

antigas explorações pecuárias, de impedimento da instalação de novos estabelecimentos pecuá-rios, e, ainda, responsáveis pelo aumento dos custos da produção animal; não menos grave é o desânimo que as crescentes exigências de cariz ambiental causam em muitos produtores pecuários, conduzindo-os ao abandono da acti-vidade, designadamente em Portugal.No que respeita à comercialização dos bens pecuários, tem-se observado que a crescente expansão de um número restrito de grandes cadeias de distribuição – travando entre si uma forte concorrência pela conquista de maiores quotas de mercado – tem vindo a desequilibrar o poder de negociação entre fornecedores e retalhistas, sendo que estes vêm conseguindo impor condições que esmagam completamente os lucros dos produtores pecuários. Ora, actual-mente, em Portugal verifica-se que estes últi-mos não conseguem um retorno adequado ao investimento, pelo que cumpre corrigir o actual desequilíbrio, pois sem uma comercialização justa e equilibrada assistiremos ao encerra-mento de inúmeras explorações pecuárias, ao desencorajamento de novos investimentos no sector pecuário, e, como consequência final, à redução drástica da produção de alimentos compostos para animais – a actividade que agrega os associados da IACA. De salientar que o eventual definhamento da produção animal em Portugal arrastaria consigo um cortejo de graves consequências sócio-económicas: maior desequilíbrio da balança comercial e aumento da dependência alimentar, desemprego, deser-tificação rural.Considerando tudo o que precede, não se estranhará que o maior investimento no sector agro-pecuário realizado com participação de empresários portugueses venha a ter lugar fora da Europa, envolvendo um montante superior a 500 milhões de dólares.Dito isto e para terminar, formulo um voto para que a revista Alimentação Animal se mantenha uma publicação de referência nos domínios técnico-científicos que abarca e continue a focalizar-se nos temas que realmente interessam aos associados da IACA, numa óptica abrangente, que inclua toda a cadeia alimentar relativa aos géneros alimentícios de origem animal.

* Diretor da IACA

Manuel Chaveiro Soares*

Uma publicação de referência

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL 25º ANIVERSÁRIO

Revista Alimentação AnimalSe bem me lembro...Apesar de ter “só” 25 anos a R.A.A. firmou-se e está extraordinariamente bem implantada em toda a fileira pecuária e agro – alimentar.Hoje, tantos anos passados, vou reportar-me às minhas ligações com a IACA e dar um pouco do meu testemunho do passado dum sector que vivi intensamente e que fez desenvolver imenso tudo o que se reporta com a produção animal.À industria dos alimentos compostos se deve que, das 2.218.000, se passassem às actuais 3.037.000 toneladas.Para isso, muito houve que lutar, e aqui tenho de deixar o agradecimento a todos – sem excepção – que muito fizeram para que o País, pudesse vir a resolver a problemática do aprovisionamento de Matérias-primas (princípios da década de 70) e ao tempo impeditivo regime de preços das rações (1975-76), assim como a participação da Associação nas negociações com o Instituto dos Cereais, sobre a má qualidade do milho de importação.Começaram uns anos mais tarde (1979) os con-tactos com todas as organizações Pecuárias do sector. Foi, creio, uma estratégia bem sucedida e por isso perdura.Destas e haveria muitas mais, participei, mas teremos que lembrar uns anos mais à frente e fazer a ligação ao que mudou verdadeiramente o Pais – a integração na Comunidade Económica Europeia.A partir dessa data – como previsível – nada mais foi igual.As mentalidades mudaram e o Mercado Único com a liberalização das trocas comerciais faz abalar profundamente grande parte das estruturas produtivas, a produção de alimen-tos, e ainda mais da produção pecuária, com maior incidência em espécies cuja estrutura e especialização eram mais débeis.Temos que reconhecer que a Indústria de A. C. foi, é e certamente será um forte esteio de suporte da fileira e desse facto sempre a Revista de Alimentação Animal foi dando conta e fazendo uma lúcida visão do que se passava e dos factos marcantes que influenciariam o futuro.Mas, o passado, bem ou mal, já foi e é no presente e no futuro que temos que pensar.

As crises surgem, resolvem-se com mais ou menos tempos e custos, mas os sectores com vitalidade e os seus agentes que sobrevivem progredirão.A Revista AA tem espelhado com oportunidade estes problemas, mas no presente – e já se tem batido bem – não se resolvem os respeitantes aos O.G.M.O “cinismo” e a inoperância das entidades Europeias, têm contribuído para a falta de competitividade dos produtos finais que a pecuária produz.Existem em Portugal sectores pecuários com enorme nível de produção, que o fazem com valores comparáveis ou nalguns casos superiores aos nossos parceiros comunitários.Mas, com as M. Ps. que se dispõem na U.E., como se pode ser competitivo em mercados que são abastecidos com produtos finais oriundos de Países onde tais produtos não têm restrições? E este problema ocorre na própria U.E. que é abastecida em carnes e outros, de tais origens.Mas, se este é um grande e arrastado problema para ser solucionado, haverá um outro com diferentes contornos.O mercado da alimentação animal em Portugal necessita de uma mudança na estrutura das M.Ps. de forma a melhorar a competitividade tanto no preço, como na variedade de produtos. É incompreensível que a actual estrutura da oferta se concentra num reduzido número de operadores, onde o axioma ABC – 80% se aplica na perfeição. Daí advém com frequência, que se recebam partidas de, especialmente cereais, com problemas cuja repercussão nas performances das explorações pecuárias implicam acréscimos dos custos de produção.Assim, e frente ao futuro da tendência de preços das cereais e proteínas, cremos que o modelo de comercialização das matérias-primas no Pais, deveria dar entrada a novos operadores de forma a melhorar o sistema de concorrência e assim poder proporcionar melhores preços, bem como oferecer uma maior gama de produtos.Não se ficam por aqui os actuais problemas com que se debate a Industria de A. C., como a mesma tantas vezes tem levantado. A excessiva dependência do crédito por parte de elevado numero de produtores; a não possibilidade de

Daniel Patacho de Matos*

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inclusão (via legal) de certos componentes que alguma legislação ambiental obriga; o enorme peso da grande distribuição que para os produtores pecuários acarreta diminutas margens (quando existem) nos produtos às mesmas vendidos.A segurança alimentar – pilar e esteio fortíssimo – para a credibilidade e futuro da Industria da A.C. tem feito enormes progressos e aqui há que junto de todas as fileiras agro-pecuárias sustentar tudo aquilo que tem sido feito.E o futuro como será?Lançam o desafio de pensar o Pais, o sector e a revista num horizonte de 25 anos, sempre na óptica de que a AA continuará com a modernidade e a defesa de toda a fileira.Como é obvio, não estarei cá para confirmar, mas há que prever enormíssimas mudanças.A população em todo o Mundo para o final da década de 2030 rondará os 7 biliões de pessoas, mas Portugal deverá vir a ter menos habitantes em relação aos dias de hoje. A nova demografia vai acarretar um aumento, já visível e expectável, de uma população mais velha.Isso, obviamente, vai mudar o perfil alimentar e reforçará os novos hábitos alimentares das populações mais jovens.Os consumos dos produtos finais de pecuária e da indústria agro – alimentar, cujo montante será sempre suportado pela Indústria de Alimentos Compostos, apesar de noutros moldes, só crescerão com ou aumento das populações – o que não se prevê – ou aumento do nível de vida.Alia-se o facto da população ser cada vez mais urbanizada e deslocalizada para o litoral, daí advindo novas perspectivas no que respeita ao consumo de produtos.Cremos, que a avicultura, seguida da suinicultura continuarão a ser os dois tipos de produção que se continuarão a impor,acompanhados pelo previsível aumento da aquacultura.Constrangimentos numerosos aparecerão, mas a produtividade e a genética farão progressos gigantescos, alem de que as estruturas pecuárias devem continuar a concentrarem-se num menor número de operadores.

A cadeia alimentar na produção das MPs – cereais e proteínas, vai certamente mudar imenso. Assim, as fontes serão também noutros locais, além dos três ou quatro tradicionais e será inexorável o desenvol-vimento dos organismos geneticamente modificados, assim como o aparecimento de novas dimensões empresariais (de elevada presença Asiática) que nos imporão um conceito mais “glocal” dos negócios, quer dizer visões globais e decisões locais.A Terra tem recursos finitos e há em todas as actividades de se fazer mais com menos, prevenir os impactos ambientais, gerir a água (bem cada vez mais escasso), e aproveitar as terras com maior potencia-lidade combatendo todas as ineficiências. As indústrias da alimentação animal, estudarão novas M.Ps., aproveitarão sub--produtos (em que hoje nem pensamos ), e essencialmente derivados da revoluçao energética que estamos vivendo), produtos actualmente de uso corrente desapare-cerão quase totalmente e a segurança alimentar irá cada vez mais ter o peso que deve em todos os escalões da fileira.As matérias-primas, onde a biotec-nologia irá fazer a grande revolução serão objecto de acordos mais alarga-dos e as relações bilaterais entre os Países serão cada vez mais abertas. Para o sector primário produtivo quais os grandes desafios?A sanidade animal com a ameaça de novas doenças, com as mudanças climáticas, com a concentração esperada e a especialização das várias produções, se não houver um enorme esforço de controle, fará com que os constrangimentos politico-comerciais façam distorções em mercados regionais alargados. O Bem-estar Animal que se imporá cada vez mais, deverá em principio fazer com que toda a produção o cumpra, e não irá desfavorecer com custos de contexto alguns Países e zonas onde tal implica um aumento dos custos de pro-dução e portanto maiores dificuldades na penetração de mercados.A harmonização das legislações, quer na U.E., quer nacionais é imperativa e aí a nutrição, o bem-estar, e o controle de zoonoses, têm que ter prioridade.

Mas por muito bem que devam ir os dois primeiros escalões da fileira, se não houver uma cadeia de abate, logística e venda competitiva e com uma segurança alimentar eficaz, muito do valor acrescentado anterior pode diluir-se.Os produtos que chegarão ao consumidor, serão de tipo diferente, com imagem saudá-vel, a preços competitivos, com facilidade de aquisição e sem riscos. A pressão dos consumidores será muito mais intensa e cada Pais, num mundo onde a globalização não volta para trás, só sobrevive com a união, com a integração dos sectores e com o apoio (só em controle) dos serviços Estatais.E os próximos anos para Portugal?Estudos feitos para a próxima década, indicam que não serão muito diferentes os crescimentos nas produções pecuárias – aves e suínos, e na aquacultura.Para os bovinos e pequenos ruminan-tes não deverá ser assim – fim das quotas leiteiras e estrutura produtiva em mudança são factores impeditivos. Verificamos que sempre que termina um sistema de subvenções, a produção de um cultivo ou de uma pecuária, a tendência a medio prazo é de rentabilidade desse mesmo. Assim o sentido da futura politica da PAC nessa direção pode ser benefico para Países com deficit de auto-suficiência.Será que neste período Portugal consegue passar da auto-suficiencia em ovos e leite, também para o abastecimento próprio em carne de bovino e porco?Mudem os pontos atrás elencados e o nosso progresso seria sensível e para os outros quinze anos, será difícil/impossível prever, mas melhorar e crescer temos que o fazer.As ideias, conjecturas e propostas serão mais ou menos exequíveis, mas para acompanhar tudo o que a fileira agro--pecuária fará no futuro, contarão todos os seus agentes – como até agora – com a AA na sua missão de levantar proble-mas, defendê-los e propor as soluções reais e eficazes que Portugal tanto e tão rapidamente precisa.

* Ex-Diretor da IACA

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Carta de aniversário Caros Leitores, Colaboradores e Amigos da nossa Revista Alimentação Animal:Ao completar vinte e cinco anos de existência, a Revista Alimentação Animal é detentora de um passado, sobre o qual importa reflectir.Espaço aberto à liberdade crítica, ao espírito criativo, a Alimentação Animal foi e terá de ser, também, o repositório de testemunhos abalizados de um tempo em rápida mudança, rumo a um futuro que se deseja promissor, apesar dos sinais de turbulência económica, financeira, política e social que nos rodeiam e que têm repercussões inevitáveis na nossa Indústria.Como antigo Director da I.A.C.A. e ex-membro do Conselho Editorial da Alimentação Animal, gostaria de dedicar a celebração deste aniversário a todos os que já colaboraram e colaboram, com a sua entrega ao projecto e a generosa disponibilização do seu tempo, sem cujo contributo altruísta, não teria sido possível a sua publicação ao longo destas duas décadas e meia de vida.Antes de mais, aos autores, sem os quais não haveria «os materiais» que permitiram a publicação periódica dos exemplares até agora editados.Entre os autores, pessoas extremamente qualificadas, cujo nome, só por si, contribuiu para a boa credibilidade da Revista e a sua notoriedade, como elemento sério de consulta, de leitura e de informação.Acresce que a grande maioria dos trabalhos publicados foram de valor objectivo e substancial, reconhecido por múltiplas entidades de vários quadrantes e de diversas formações, algumas de reconhecido mérito e às quais é devido agradecimento, pelo estímulo

que muitas vezes nos transmitem com a sua palavra de apreço e estima.Reconhecer e agradecer a todos que com a sua dedicação, têm levado a cabo as funções de Direcção, redactores, tradutores, revisores, secretariado.Bem como a todos os anunciantes que com a sua contri-buição têm permitido a sustentabilidade da publicação, valorizando-a e criando condições de continuidade.Acompanhei de perto os passos da Revista Alimen-tação Animal e como muitos outros contribuí, com a colaboração de alguns textos. Lançar uma Revista é um desafio, mas dar-lhe vida e assegurar a sua continuidade no futuro que se antevê é um atrevimento e um arrojo que só foi, é, e será possível porque esta Revista é de toda a Indústria Nacional de Fabricantes de Alimentos Compostos e de Fabricantes de Pré--misturas e representa um esforço de muitas pessoas do sector e não só, sendo fruto das várias vontades que se têm conjugado e que confluíram para a sua produção e publicação.Este tempo de Aniversário, o vigésimo quinto, é, não apenas a evocação do passado e a celebração do presente, mas sobretudo e principalmente, a saudação do futuro que lesto se avizinha.A publicação periódica da Alimentação Animal, a nosso ver, deverá prosseguir, como espaço de informação, divulgação e reflexão, sendo em simultâneo, teste-munho das múltiplas facetas e da enorme diversidade de temas, problemas e questões com que a I.A.C.A. se preocupa nos mais variados domínios.

* Ex-Diretor da IACA

ALIMENTAÇÃO ANIMAL 25º ANIVERSÁRIO

Carlos Cortes*

Pedro Queirós*

Comemorar o futuro da “Alimentação Animal”Numa altura em que vários projetos editoriais nos deixam sem avisar, muitas vezes pelas mesmas razões, é motivo de orgulho continuar a poder preencher espaço na “Alimentação Animal”, um projeto que se mantém de pé porque está alicerçado numa organização que nos habituou à persistência e ao trabalho realizado. A IACA está intimamente ligada ao sucesso desta publicação, tendo-nos habituado a uma informação séria e apaixonada que é já hoje peça incontornável de relatos históricos, não só do setor dos alimentos compostos para animais mas de toda a indústria agroalimentar. Arriscaria mesmo argumentar que este é um projeto de visão, pois nasce ainda antes da grande explosão das modernas plataformas de comunicação, tendo criado uma rede de empresas, empresários, gestores, técnicos, investigadores e muitos outros parceiros que se foram mobilizando nesta “plataforma” de papel. Os 25 anos revelam a “flor da idade”, inspiram o futuro e permitem a rebeldia, mas são também um pilar da ponte para a maturidade e para a consolidação de um rumo sem, no entanto, deixar para trás aquela permanente inquietação de querer marcar a diferença e conseguir superar-se a cada dia que passa.

Comemorar também é saber parar e olhar para trás. É navegar no tempo, preservando as melhores peças para um “puzzle” que, mais tarde ou mais cedo, se tornará no nosso espelho!A “alimentação animal” encerra hoje um espólio que permite perceber a evolução da indústria agroalimentar em Portugal no último quarto de século!Nos anos 90 acompanhou uma importante intervenção, por parte do movimento associativo, ao nível das negociações do enquadramento legal do setor, numa fase em que o mesmo começou a afastar-se do carácter vertical, onde eram estabelecidos requisitos por produto, e passou a ser caracterizado por uma abrangência mais horizontal, criando regras aplicáveis a toda a indústria agroalimentar. Face aos crescentes desafios que foram sendo colo-cados, muita tinta começou a correr sobre os grandes desafios da segurança alimentar e a necessidade de valorização das especificidades do mercado nacional e dos seus vetores de competitividade diferenciados. A verdade é que a diversidade de dossiês foi ganhando dimensão e temas como a revisão da política agrícola comum, a adoção de uma visão menos agrícola e mais agroalimentar, a necessidade de se encontrarem

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ALIMENTAÇÃO A N I M A L | 21

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL 25º ANIVERSÁRIO

Revista Alimentação Animal:25 Anos de Orgulho Para o Setor Agro-alimentar25 anos de atividade é um marco histórico para qualquer publicação no nosso país, sendo particularmente relevante numa área editorial tão específica quanto é a alimentação animal. Rendo portanto a minha homenagem a todos os que ao longo destas duas décadas e meia contribuíram para manter esta revista num nível de grande qualidade, aproveitando esta ocasião para relembrar alguns factos muito relevantes.A indústria da alimentação animal é um dos setores mais importantes no panorama agro-alimentar nacional, com um volume de negócios de cerca de 1.200 milhões de euros, representando 11% do volume de negócios da agro-indústria. É responsável, com 128 empresas e 3 411 trabalhadores, por 1% do universo empresarial e 4% do volume de emprego do setor agro-alimentar, o que é muito significativo do meu ponto de vista.Em Portugal, este setor é distintamente representado pela IACA – Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais, que integra a maioria dos fabricantes representando mais de 80% da produção nacional destes alimentos. Estamos, portanto, a falar de uma atividade de grande importância para a economia nacional, particularmente nos tempos difíceis

de atravessamos, e de inquestionável relevância para o setor agro-alimentar.Esta indústria mantém estreitas ligações com a pecuá-ria nacional e o seu passado e futuro estarão sempre ligados. A difusão de novos métodos de produção permite substanciais aumentos de produtividade, papel que a IACA tem vindo sistematicamente a assumir. A Confederação integra produtores de cereais, assim como toda a produção pecuária, pelo que esta ligação com a indústria será sempre da maior importância. Os alimentos compostos para animais são essenciais para o funcionamento de grande parte das explorações pecuárias e agro-pecuárias, contribuindo, de uma forma decisiva, para a formação de uma parte substancial dos seus rendimentos finais.Espero assim que a revista Alimentação Animal se mantenha nos elevados padrões de qualidade e interesse editorial a que já nos habituou e felicito tanto a revista quanto a IACA, por este momento de celebração que a todos orgulha.

*Presidente da CAP

mecanismos de maior e melhor integração das fileiras, a volatilidade dos preços das matérias--primas, as novas tecnologias e as preocupações com a sustentabilidade começaram a fazer novos títulos. Mas os desafios não param! No mercado interno, para o qual a maioria das empresas do sector tra-balha, têm-se vivido momentos particularmente difíceis, sobretudo se considerarmos o período pós adesão à comunidade europeia, tendo  muitos dos nossos subsectores regressado a níveis de consumo só registados nos anos 80. E, sem mercado interno, é impossível pensar noutros voos. Sem esse oxigénio é manifesta-mente irrealista supor que as nossas empresas vão ter condições para competir num mercado global, competitivo e onde as maiores empresas portuguesas são manifestamente pequenas face aos seus competidores diretos. É por isso agora o momento de procurar corrigir esta situação e colocar uma verdadeira ambição na construção de alavancas para a internacionalização da nossa indústria agroalimentar, promovendo ao máximo as sinergias, trabalhando para a caracterização dos mercados e a capacitação das empresas.É altura de procurar minimizar os desequilíbrios de uma cadeia de valor caracterizada por uma

excessiva concentração dos operadores da distribuição alimentar, associada a uma crescente dependência deste canal, o que coloca sérias dificuldades ao desenvolvimento de operações industriais sustentáveis em Portugal.É hora de acreditar que só com uma forte aposta nos processos de inovação e com uma investigação e desenvolvimento potenciados em prol da economia, poderá ser expectável dar resposta aos desafios colocados pelos consumidores e pelos mercados.Mas comemorar é, acima de tudo, ser positivo e refazer as malas para continuar a vigem em direção ao futuro! E aqui os desafios são muitos. A indústria agroalimentar terá, nos próximos 25 anos, que reforçar a sua automatização, desenvolver produtos e processos ainda mais sustentáveis, integrar novas características de flexibilidade e novas competências e criar modelos de negócios inovadores. A fim de atender ao imperativo de criar mais valor atra-vés da I&D e investimentos em inovação, um aspeto crítico no atual período de grave crise económica, o “Horizonte 2020” terá que oferecer um apoio mais forte à inovação empresarial e os Grupos Operacionais, que ganharão forma no âmbito do Programa de Desenvolvimento

Rural, terão que ter um foco muito maior na indústria transformadora.Estou certo que vamos ter, no mínimo, mais um quarto de século registado na “Alimentação Animal”. Sabemos, no entanto, que se há área que tem evoluído a grande velocidade é a da comunicação, com novos formatos e novas plataformas. Testemunho aqui o importante papel, por vezes pouco reconhecido, que as associações do setor têm tido na defesa dos principais interesses das empresas. Tem sido um trabalho incansável da FIPA – Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares, mas que não seria possível sem a brilhante atuação setorial das suas associadas entre as quais orgulhosamente contamos com a IACA desde o início da nossa história. Mas o devido reconhecimento só será alcançado se existir uma estratégia de comunicação, com os associados e os parceiros, cada vez mais consolidada. Esse continuará a ser o desafio da “Alimentação Animal”, hoje ainda em papel mas, quem sabe, no futuro na “palma” da nossa mão!

*Secretário-Geral da FIPA

João Machado*

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ALIMENTAÇÃO A N I M A L | 23

Custo do Alimento

17 18 19 20 21 22 23

Optim

o

Calculo do óptimo económico da relaçãoSID triptofano:lisina (%) em alimentos para porcos crescimento

Optimizar o nível de L-Triptofano em alimentos para porcos crescimentopara reduzir o custo do alimento

Contact: INDUKERN PORTUGAL, LDACentro Empresarial Sintra Estoril II – Rua Pé de Mouro – Edif. C Apartado 53 – Estr. de Albarraque, 2710-335 SINTRATelef.: 219248140 – Fax: 219248141 – [email protected]

Resposta do GMD e do IC (%)

SID Trp:Lys (%)

+6,0% GMD

-3,5% IC

Acesso livre a toda a informação em: www.ajinomoto-eurolysine.com

☛ enisyloruE otomonijA ad satsinoicirtuN

S.A.S. demonstraram recentemente que as necessidades da relação SID Trp:Lys em porcos crescimento (>25 kg P.V.) são de 20%.

☛ etnemaviserpxe artsuli atierid á ocifárg O que formular abaixo das necessidades afecta negativamente o crescimento e o Índice de Conversão, resultando numa performance inferior.

☛ oãçalumrof an onafotpirT-L o raredisnoC optimizada ao menor custo possibilita uma maior �exibilidade na utilização das matérias primas para satisfazer as restrições nutricionais.

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL OGM

O IMPACTO DAS APROVAÇÕES DE OGM NA COMPETITIVIDADE DE UM GRUPO INTEGRADO DE RAÇÕES E ALIMENTOS NOS AÇORES

4

Importações de Matérias-primas (Ton.) – 2002 a 2012

O Setor dos Laticínios nos Açores

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

70.000

80.000

90.000

100.000

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Cereals  for  Feed By-­‐products  for  Feed Total  Cereals  and  By-­‐products Bread  Wheat

Fonte: DRAIC; FINANÇOR

José Romão Leite Braz Growing Voices 22.01.2014

Cereais para Rações Subprodutos

para Rações Total Cereais e Subprodutos

Trigo Panificável

2 Fonte: SREA

Produção de leite cru (Ton.) - 2001 a 2012

495.427491.276

547.577

525.848

400.000

420.000

440.000

460.000

480.000

500.000

520.000

540.000

560.000

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Raw  Milk  (Ton)

28% de Portugal

O Setor dos Laticínios nos Açores

José Romão Leite Braz Growing Voices 22.01.2014

Leite Cru (Toneladas

3

Fonte: SREA

Laticínios (Kg) - 2007 a 2012

84.068.506

114.240.478

108.373.011

14.324.047 17.110.812

28.700.407 28.255.710

138.032.875

168.380.172163.514.716

0

20.000.000

40.000.000

60.000.000

80.000.000

100.000.000

120.000.000

140.000.000

160.000.000

180.000.000

2007 2008 2009 2010 2011 2012Milk  -­‐  Liter Cream  -­‐  Kg Milk  Powder  -­‐  Kg Butter  -­‐  Kg Cheese  -­‐  Kg Yougurt  -­‐  Kg Total

50% de Portugal

O Setor dos Laticínios nos Açores

José Romão Leite Braz Growing Voices 22.01.2014

Leite - Litros Natas - kg Leite em Pó - kg Manteiga - kg Queijo - kg Iogurte - kg

5

Produção de Silagem do Milho (Ton.) – 2002 a 2012

O Setor dos Laticínios nos Açores

Fonte: SREA

0,0

50.000,0

100.000,0

150.000,0

200.000,0

250.000,0

300.000,0

350.000,0

400.000,0

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Maize  Silage

José Romão Leite Braz Growing Voices 22.01.2014

Silagem do Milho

Indústria: •  Fábrica de Rações e Fábrica de Farinha de Trigo; •  Unidade de Produção de Biogás; •  Unidade de Produção de Bolachas; •  Unidade de Produção de Lixívia e Garrafas; Produção de Gado: •  Vacas leiteiras e bovinos de corte; •  Produção de carne suína; •  Reprodução de Frangos de Carne; Frangos de Carne; Galinhas

Poedeiras; Processamento de Carne: •  Desossagem e processamento de carne de porco, carne de

vaca e frango;

Finançor Agro – Alimentar

José Romão Leite Braz Growing Voices 22.01.2014

50,6%

9,4%

10,0%5,0% 7,8%

4,2%

1,0%

3,9%1,8%1,6%

1,3% 1,0%2,3%

0,1%

Animal  Feed

Chicken  Meat

Pork  Meat

Processed  Pork

Wheat  Flour

Beef

Processed  Beef

Grains  and  oilseeds  by-­‐products

Milk  production

Eggs

Fish  and  Seafood

Biscuits  and  Pasta

Other  fresh  and  frozen  food

Bleach

7

Finançor Agro – Alimentar

José Romão Leite Braz Growing Voices 22.01.2014

Rações Carne de Frango Carne de Porco Carne de Porco Processada Farinha de Trigo Carne de vaca Carne de vaca processada Cereais e subprodutos oleaginosas Produção de Leite Ovos Peixe e Marisco Bolachas e Massa Outros alimentos frescos e congelados Lixívia

José Romão Leite Braz

Vice-Presidente da Finançor, SGPS, SA

Membro do Conselho da FEFAC

Growing Voices: Alimentos Saudáveis – a história não contada das colheitas GM Bruxelas, 22 de janeiro de 2014

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ALIMENTAÇÃO A N I M A L | 25

•  Apenas por navio: a granel ou em contentores; •  Silos e armazéns são propriedade privada e pertencem

às Fábricas; •  Em média, 3 ou 4 meses de stocks; •  Se tivermos uma interrupção nos fornecimentos, não

existe alternativa; •  Não temos o porto de Roterdão perto de nós ou o milho,

a cevada e o trigo franceses ou a cevada e o trigo britânicos;

•  Temos que poder comprar em qualquer ponto para sermos competitivos;

•  A economia dos Açores representa cerca de 2% da economia de Portugal e Portugal representa cerca de 1,5% da UE;

Fornecimento e Logística nos Açores

José Romão Leite Braz Growing Voices 22.01.2014

9

30%

13%

7%

10%

40%

Origem dos Cereais e Subprodutos

José Romão Leite Braz Growing Voices 22.01.2014

•  América do Norte (EUA): 30% do total de importações; •  América do Sul (Brasil): 13% das importações; •  Farinha de Soja (FS): 11% •  Milho: 13%; •  Rações à base de Glúten de Milho (RBGM): 19% •  Não tivemos Milho nem RBGM entre 2007 e 2009; •  Entre janeiro e abril de 2002, comprámos o primeiro e

único navio de RBGM para a Europa (contrato muito especial)!

•  Até agora conseguimos comprar FS aos EUA ou Brasil e Argentina! Mas durante quanto tempo?

Importância da América do Norte e da América do Sul

José Romão Leite Braz Growing Voices 22.01.2014

Cenário com Milho e Subprodutos de Milho: •  Os mesmos preços em todas as outras agro-mercadorias ─ Aumento de preço na ração: 8 para 15 Eur/Ton (1M€ para

2M€) (1); •  Mas, com certeza, os preços subiriam como vimos no final

de 2013 devido à falta de Farelo de Colza e Farelo de Girassol;

Cenário sem Milho e Subprodutos de Milho: •  Ajustamentos de mercado nas outras agro-mercadorias

com colheitas normais: ─ Aumento de preço na ração: 40 para 60 Eur/Ton (5M€ para

8M€) (1); Cenário sem Milho, Subprodutos de Milho e FS: •  É impensável!!!

Impacto da Aprovação Assíncrona nos Preços

(1) Simulação de multi-formulação, impacto para um ano de operação.

José Romão Leite Braz Growing Voices 22.01.2014

Cenário com segregação em FS: •  Os mesmos preços em todas as outras agro-mercadorias ─  Aumento de preço na FS: 55 para 65 Eur/Ton(2); ─  Aumento de preço na ração: 11 para 20 Eur/Ton (1,4M€

para 2,6M€); Cenário com segregação em FS e Milho: •  Os mesmos preços em todas as outras agro-mercadorias ─ Aumento de preço na FS: 55 para 65 Eur/Ton(2); ─ Aumento de preço no Milho: 40 para 50 Eur/Ton(2); ─ Aumento de preço na ração: 25 para 45 Eur/Ton (3,3M€

para 5,9M€); Sem repercutir os custos é impossível!

Impacto da Segregação nos Preços

(2) Este custo inclui prémio não-OGM e custos extra de logística (frete e silos). José Romão Leite Braz Growing Voices 22.01.2014

•  Nas variedades aprovadas para importação para a UE, os Estados Membros deveriam permitir o cultivo dessas culturas GM;

•  Devido à perceção negativa das culturas GM na Europa, o Governo Autónomo dos Açores aprovou uma Lei no Parlamento Regional que proíbe o cultivo de sementes GM nos Açores, tendo conhecimento da importância das importações (incluindo OGM) para o setor;

•  Para a produção de vacas leiteiras, a silagem do milho é essencial, colocar os Açores fora das melhorias biotecnológicas corresponde a limitar a competitividade do setor;

Quadro Regulamentar

José Romão Leite Braz Growing Voices 22.01.2014

•  As colheitas GM não irão esperar que a Europa as aceite, as melhorias biotecnológicas são uma necessidade para se alimentar o mundo;

•  Tendo em conta o desenvolvimento contínuo de novas colheitas GM e o sistema de aprovação da UE mais lento, são necessárias novas soluções;

•  Não sou cientista, mas acredito na ciência e, na Europa, temos a EFSA que estuda a segurança dos OGM;

•  A minha empresa tem que ser competitiva numa pequena e pobre região de um pequeno e pobre país, que tem dificuldade em ser competitivo contra os países mais ricos da Europa;

•  As negociações com o Mercosur e o Acordo de Comércio Livre com os EUA irão aumentar a necessidade de sermos ainda mais competitivos;

Conclusões

José Romão Leite Braz Growing Voices 22.01.2014

•  Os clientes devem ter a escolha de exigir rações não OMG, mas os custos têm que ser repercutidos. Disponibilizar circuitos não OMG envolve muitos custos ocultos;

•  Aceitamos vários produtos importados (carnes) de animais cujas rações foram fabricadas com Milho GM e FS que não podemos comprar ou usar como colheita;

•  Devemos ter a liberdade de comprar em qualquer ponto do mundo e utilizar, na Europa, colheitas GM seguras, sob pena de, brevemente, todos perdermos este setor para outros países, tal como temos vindo a perder outros por toda a Europa;

MUITO OBRIGADO!

Conclusões

José Romão Leite Braz Growing Voices 22.01.2014

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL OGM

Numa altura em que tanto se fala de competi-tividade, inovação e sustentabilidade, em que se negoceia um importante acordo comercial, transatlântico, entre a União Europeia e os Estados Unidos, em que todos estamos a discutir e a preparar os Grupos Operacionais, Projetos no quadro do Programa Europeu para a Investigação (PEI), Horizonte 2020, é importante falar novamente de Biotecnologia.Por outro lado, vivemos um momento particular-mente tenso e ao mesmo tempo carregado de simbologia política, que pode alterar, em definitivo, o atual “status quo”, pelo que nunca a participação da Sociedade Civil foi tão importante.De facto, na sequência da decisão do Tribunal Europeu de Justiça de condenar a Comissão pelo atraso na decisão da aprovação de um milho geneticamente modificado para cultivo (1507 da Pioneer), o Comissário Borg decidiu acelerar o processo, tanto mais que este evento já tinha desde há muito tempo o parecer científico positivo da EFSA.Como era previsível, as reações não se fizeram esperar.Do lado do Parlamento Europeu, foi aprovada uma Resolução que apela ao Conselho que rejeite a proposta da Comissão e, pasme-se, de não aprovar qualquer OGM até que estejam clarificadas as metodologias utilizadas nos processos de avaliação. Em relação aos Estados-membros, divididos como sempre, as tentativas de criar minorias de bloqueio estão na ordem do dia, os anti-GM mobilizam-se, enquanto se espera uma votação, já adiada, até ao próximo dia 12 de fevereiro, data limite para que os Estados-membros se pronunciem. Para além desta grande questão – seria o primeiro OGM para cultivo depois do único milho que está autorizado e da batata, que, infelizmente, nunca viu a “luz do dia” – temos alguns eventos para importação, de milho e soja, cultivados em larga escala em países como Brasil e os Estados Unidos, grandes exportadores para a Europa, que, se não forem aprovados em Bruxelas, podem criar dificuldades de aprovisionamento de milho e soja para a Indústria e Pecuária europeias ainda em 2014.O mundo parece avançar num caminho e a Europa prefere ficar refém, aparentemente, de lógicas fundamentalistas e demagógicas, criando, pelas suas contradições e incoerências, perceções erradas na opinião pública. A propósito destas “conversas”, um amigo lembrava-me os tempos

da Idade Média em que se rejeitava a ciência e os avanços mas nessa altura era o tempo do obscurantismo e da ignorância, dos “monstros”. Hoje, nos regimes democráticos e com todo o acesso à informação, exige-se naturalmente uma outra postura, sobretudo da parte de quem decide. Há um tempo para debate mas este não se pode eternizar, há que decidir e assumir os riscos, com base nas evidências científicas. Afinal, para que servem a Investigação e o Conhecimento?Recentemente, no passado mês de novembro, teve lugar em Lisboa, uma Conferência mundial sobre Coexistência e Biotecnologia, organizada por um conjunto de organizações (ESAS/IP Santarém, ISA, ANPROMIS, FIPA e IACA) e que reuniu cerca de 200 participantes, cientistas e investigado-res, representantes de associações, nacionais e internacionais, de produtores e de setores da agro-indústria, entidades reguladoras, Comissão Europeia e empresas públicas e privadas (ver mais informações e detalhes da Conferência em www.gmcc13.org).Tratou-se de um momento importante que permitiu, ao longo de 3 dias, a partilha de experiências nos diferentes países do mundo, tendo em vista a promoção de um melhor conhecimento sobre a Coexistência e Biotecnologia Agrícola.Falar de Coexistência é reconhecer que é possível termos diferentes tipos de Agricultura: conven-cional, biológica e com o recurso a Organismos Geneticamente Modificados. Ao partilharmos as visões dos académicos e cientistas, das Filipinas ao Brasil, Austrália, Nova Zelândia, Índia, Estados Unidos… em culturas tão diferentes como o milho, soja, papaia, algodão, batata, colza, arroz (para quando o arroz dourado?) e mesmo ao nível das espécies florestais, ainda é mais difícil entender a postura da União Europeia? Em nome de quê e de quem? Dos consumidores, da opinião pública? Como entender a recusa a populações carencia-das, da parte dos respetivos governantes em determinados países, de alimentos transgénicos, aprovados cientificamente, a não ser em nome de motivações políticas?Há que reconhecer que a Biotecnologia é uma fer-ramenta que permite a melhoria das produtividades agrícolas e a competitividade dos sistemas de produção, ao mesmo tempo que poderá satisfazer as diferentes necessidades dos consumidores. Que permite produzir mais com menos.

BIOTECNOLOGIA: CORAGEM PARA DEFINIR UMA NOVA POLÍTICA PARA OS OGM NA UNIÃO EUROPEIA

Jaime Piçarra

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ALIMENTAÇÃO A N I M A L | 27

No entanto, como qualquer nova tecnologia, tem de ser avaliada e monitorizada, com base em critérios científicos. Seguramente que não põe em causa a diversidade, multifun-cionalidade, os valores da agricultura e dos cidadãos europeus porque a escolha deve ser sempre livre e consciente.Durante a Conferência discutiu-se a temática da Coexistência sobre diferentes ângulos e perspetivas mas é evidente que as discussões têm de ter um “timing” e limites, não se podem eternizar, desviar do essencial, e é importante procurar respostas para o mercado e os operadores. O Mercado é hoje global, pelo que urge encontrar soluções harmonizadas, o que é tanto mais importante quando olhamos para o “pipeline” de novos eventos para os próximos anos.A atual legislação europeia em matéria de transgénicos estrangula a inovação na agricultura e na cadeia alimentar, aumenta os custos para o setor agropecuário (5 biliões de €). Por outro lado, não podemos usar matérias-primas que foram aprovadas

nos EUA, Brasil, Argentina ou Canadá, não podemos importar produtos que cada vez são mais cultivados, e produzidos, fora da União Europeia mas, ao mesmo tempo, a União Europeia abre as portas à importação de leite, carne e ovos provenientes de animais alimentados com matérias-primas que nos são negadas.Enfrentamos uma concorrência desleal com os nossos parceiros no mercado mundial e, apesar de ser uma evidência e dos nossos alertas, nada acontece. Não é uma situa-ção sustentável e há que mudar a atitude dos legisladores e a posição dos Estados--membros.Precisamos, urgentemente, de acelerar os processos de aprovação de OGM na União Europeia, desde que tenham um parecer positivo da parte da EFSA e alargar a chamada “solução técnica” (Low Level Presence) à alimentação humana, uma vez que é aplicável apenas à alimentação animal.Devemos reter a recente decisão do Tribunal Europeu sobre o milho 1507 e esperamos

que os Estados-membros assumam as suas responsabilidades, levantando as proibições ao cultivo de milho transgénico no espaço europeu. E que, em nome da inovação e da sustentabilidade mas sobretudo do bom senso e da coerência, aprovem este novo evento.Em todo este processo, apesar dos diferentes pontos de vista e posições antagónicas, a favor ou contra, não existem vencedores nem ven-cidos. Todos somos perdedores e pagaremos bem caro a fatura se nada se alterar.Apenas defendemos uma outra política na União Europeia, baseada na ciência e não nas emoções. Na informação responsável e no direito à escolha da parte dos produtores, industriais e consumidores. Acreditamos que, desta forma, teremos uma Sociedade mais justa, mais responsável, mais sustentável.Uma política baseada ou condicionada pelos rumores e pelo ruído e a falta de liderança e a incoerência dos decisores na União Europeia, não pode constituir um obstáculo à educação e ao conhecimento. Ao Desenvolvimento.

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A atividade normativa é regida por regras e procedimentos originados por organismos internacionais, europeus e nacionais, e fornece mecanismos para a troca de informação, facili-tando o comércio e equipando a sociedade com instrumentos fiáveis para aferir a qualidade dos produtos. Desde 1948 que Portugal desenvolve uma atividade normativa estruturada. A Norma-lização é a atividade que, de forma organizada, viabiliza a elaboração das normas.

As normas são documentos de caráter voluntá-rio que definem requisitos técnicos aos quais respondem a:

• Produtos, tais como a segurança de brinque-dos-NP EN 71, os capacetes de segurança industrial-NP EN 397 ou os telefones móveis--NP  EN 50360;

• Métodos de ensaio como a contagem de bactérias termorresistentes-NP 462;

• Processo de produção, nomeadamente fun-ções e instrumentação para a medição e controlo de processos industriais-NP ISO 3511-1.

A Normalização nasce da necessidade de dar resposta a problemas de natureza técnica. A Normalização propicia a redução de custos através da redução de erros e de desperdícios maximizando a eficiência produtiva, o aumento da transparência do mercado, assegurando um determinado grau de qualidade ao serviço ou produto em questão, segurança e respeito pelo ambiente. Permite ainda facilitar as trocas comerciais, reduzindo assimetrias de infor-mação entre a procura e a oferta e o acesso a novos mercados onde podem significar uma garantia de qualidade e prevenindo barreiras comerciais.

O IPQ tem a capacidade de qualificar e reconhe-cer Organismos de Normalização Sectorial (ONS) para exercer atividades de Normalização num dado domínio, no âmbito do Sistema Português da Qualidade. Os Organismos de Normalização Setorial (ONS) são entidades com estatuto jurídico muito diversificado (público, privado ou misto), e que abrangem diversos domínios,

nomeadamente, ambiente, área alimentar, área ferroviária, brinquedos, calçado, cerâmica, cimentos, comunicações, construção naval, cortiça, edifícios, embalagens, equipamentos de elevação, fotografia, gestão da qualidade, higiene e segurança no trabalho, informação e documentação, manutenção industrial, máqui-nas, responsabilidade social e ética, segurança, serviços funerários, soldadura, tabaco, entre muitos outros. Estes organismos dinamizam a atividade normativa no domínio para o qual estão qualificados, na coordenação e acompanhamento das Comissões Técnicas (CT).

A Comissão Técnica de Normalização (CT) é um órgão técnico que visa a elaboração de documentos, a emissão de pareceres normativos e a cooperação em ensaios interlaboratoriais, no qual participam, em regime de voluntariado, entidades interessadas nas matérias em causa.

A CT 37 é a Comissão Técnica de Normalização responsável pela Alimentação Animal tendo sido constituída em 1972.

O trabalho da CT 37 incide na elaboração de Normas Portuguesas relacionadas com a carac-terização de matérias-primas e determinação de contaminantes e aditivos nesses produtos, em pré-misturas e em alimentos compostos para animais.

A Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais (IACA) passou a ser membro da CT 37 em 1978 pela mão do Eng. Joaquim Rebelo Abranches. Mais tarde a CT 37 pôde também contar com a colaboração sempre útil da Drª Armanda Severo. Em 1984 foi organizada em Lisboa a Reunião Internacional da ISO – Organização internacional de normalização (International Standard Organization – ISO), entidade máxima responsável pela normalização a nível mundial, reunião essa que foi organizada pela IACA pelo Instituto da Qualidade Alimentar e Direção Geral da Qualidade. Só nos anos 90 é que a IACA foi reconhecida pelo governo português como coordenadora da CT 37, passando esta a funcionar na sede da IACA, em Lisboa. A escolha prendeu-se com o facto de esta associação

A NORMALIZAÇÃO E A SUA IMPORTÂNCIA NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL (CT 37)

ALIMENTAÇÃO ANIMAL NORMALIZAÇÃO

Ana Cristina Monteiro

Assessora Técnica

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ALIMENTAÇÃO A N I M A L | 29

ser a representante dos industriais de alimentos compostos para animais, estando intimamente ligada à alimentação animal.

Em 2003, a IACA passa a ser reconhecida como ONS, assumindo a responsabilidade do funcionamento deste comissão técnica perante o Instituto Portuguesa de Quali-dade (IPQ). Fazem parte integrantes desta CT elementos de associações industriais, laboratórios de empresas/empresas do sector, instituições do sistema científico e tecnológico, laboratórios prestadores de serviços e organismos da administração pública. Podem ainda fazer parte da CT técnicos de reconhecida competência a título individual.

No âmbito da sua atividade a CT 37 deve:

• Elaborar Normas Portuguesas de acordo com as Diretivas CNQ 1 e CNQ 3;

• Emitir pareceres sobre questões ine-rentes à publicação e aplicação das Normas Portuguesas;

• Participar em ensaios interlaboratoriais para validação de métodos;

• Pronunciar-se do ponto de vista técnico sobre os documentos remetidos pelo Organismo de Normalização Sectorial (Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais--IACA), nomeadamente projetos de diplomas legais;

• Participar na elaboração de normas de organismos internacionais ou regionais de normalização, como a ISO e o CEN (European Committee for Standar-dization), através da elaboração de pareceres relativos a documentos téc-nicos produzidos pelos órgãos técnicos desses organismos, nomeadamente sobre projetos de normas internacionais ou europeias, com vista à preparação do respetivo voto nacional, ou fazendo-se representar nas reuniões desses órgão técnicos e/ou apresentando propostas de conteúdo para projetos de normas internacionais e europeias;

• Participar, por intermédio dos seus vogais, em atividades relacionadas com o seu âmbito de trabalho quando for solicitado pelo ONS/IACA.

A normalização assume um papel impor-tante na alimentação animal, nomea-damente na necessidade de existirem metodologias padrão utilizadas nos vários laboratórios nacionais e internacionais, permitindo a comparação de resultados interlaboratoriais.

Por outro lado, evita a duplicação de aná-lises às matérias-primas ou alimentos compostos, diminuindo os custos analíticos e permitindo assim maior eficiência, nomea-damente na gestão dos recursos internos de cada empresa. Por outro, assegura que as empresas agem em conformidade com as políticas de segurança alimentar em vigor. Um exemplo prende-se com a importação das matérias-primas, as quais no caso da análise a metais pesados ou compostos organoclorados realizadas na origem, evita a necessidade de serem novamente efetuados no destino. Este aspeto assume primordial importância, numa altura em que a qualidade das maté-rias-primas é determinante em alimentação animal tendo em conta os alertas cada vez mais frequentes, principalmente no que diz respeito à contaminação de cereais, nomeadamente de milho, com aflatoxinas B1, em toda a Europa. Matérias-primas de qualidade são essenciais pois são o início da cadeia alimentar e uma matéria-prima não conforme pode resultar num produto final com risco para a saúde humana. Usando novamente o exemplo da aflatoxinas B1, as quais são produzidas pelo fungo do género Aspergillus, e que metabolizadas no fígado dão origem a aflatoxinas M1, as quais passam para o leite, tendo efeito nocivo na saúde humana visto serem potencialmente cancerígenas.

Por este motivo, é de extrema importância o controlo dos produtos começar o mais cedo possível, evitando disseminação da contaminação e contribuindo para elevados padrões de segurança alimentar.

Para além da garantia de que os perigos são identificados e controlados o outro papel fundamental da normalização e consequentemente da certificação prende--se com a relação com os consumidores transmitindo-lhes confiança e reforçando

a imagem no mercado da empresa, do produto ou do processo. A qualidade alimentar é um assunto sensível para os consumidores visto contatarem com esta diariamente nas suas rotinas. Por serem tão banais estas preocupações muitas vezes não são tidas em conta sendoé esquecido o facto de que um alimento até chegar às mãos de um consumidor passar por vários intervenientes ao longo da cadeia alimentar, a qual começa com a produção primária. Neste caso, produtores e fabricantes, distribuidores, transpor-tadores, fornecedores de embalagens e matérias-primas e prestadores de serviços diversos, são todos corresponsáveis pela qualidade do produto final que chega aos consumidores.

Este fato torna os intervenientes no processo produtivo mais conscientes das suas responsabilidades e a normalização existe precisamente para ajudar este processo.

Trabalhos desenvolvidos durante o ano de 2013Norma NP EN ISO 16472 – Alimentos para animais – Determinação do teor de fibra detergente neutra tratada com amilase (aNDF) – Processo finalizado

Norma NP EN ISO 6492 – Alimentos para animais – Determinação do teor de gordura – Aguarda resposta do IPQ

Trabalhos a desenvolver durante o ano de 2014NP ISO 5984:2014 – Alimentos para ani-mais – Determinação do teor de cinza total

NP ISO 12099: 2014 – Alimentos para animais, cereais e produtos cerealíferos –Linhas de orientação para aplicação de espetrofotometria de infra vermelho

Constituição da Comissão Técnica

Presidente – Maria Ilídia Felgueiras

Secretária técnica – Ana Cristina Monteiro

Vogais – Clara Cruz (INIAV); Elsa Martins (Silliker); Isabel Antão (TNA); Isabel Lopes (Eurocereal); José Manuel Costa (DGAV); Olga Moreira (INIAV); Sofia Silva(Iberol)

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL SFPM

SFPM

SECÇÃO DOS FABRICANTES DE PRÉ-MISTURAS

XXV ANIVERSÁRIO DA REVISTA “ALIMENTAÇÃO ANIMAL”Em nome da SFPM – Secção de Fabricantes de Pré-Misturas, queremos felicitar a IACA pelos 25 anos da sua revista Alimen-tação Animal (AA), publicação de referência da Indústria de Alimentação Animal (IAA) portuguesa. Graças ao esforço continuado da Associação, envolvendo no tempo um alar-gado número de colaboradores, a AA tem sido um dos grandes elos de ligação com os seus associados. Ler todos os números da revista é revisitar pessoas e temas que fizeram a história desta Indústria. A todos aqueles que contribuíram para a sua existência e divulgação, o nosso agradecimento e homenagem.A SFPM procurou nos últimos anos colaborar mais ativamente na AA, aproveitando o espaço que lhe tem sido proporcionado e que desde já agradecemos. Infelizmente, por várias razões, as empresas de pré-misturas não tem colaborado como gosta-ríamos, desperdiçando oportunidades de comunicar ideias, divulgar produtos. Situação a rever, sobretudo se um alargamento do número de associados se concretizar num futuro próximo.Falando de futuro, que revista AA vamos ter nos próximos anos? Necessariamente adaptada à evolução da IAA mundial/europeia/portuguesa e da própria IACA, caso esta venha a representar todos os operadores da IAA em Portugal. Este novo conceito de “Setor”, em que os interesses comuns serão mais importantes que as divergências, pode vir a associar diferentes empresas numa estrutura forte e organizada como a IACA, de forma a relacionarem-se com as áreas envolventes como a administração pública ou as diferentes fileiras da produção animal. Neste novo enquadramento, a revista AA terá uma particular importância na comunicação com os seus diferentes associados, com uma responsabilidade acrescida no formar e informar.

Pedro Folque

*Nota:Fez no passado mês de Fevereiro, um ano do desaparecimento do dr. Fernando Anjos, a quem a revista AA muito deve. Com muita saudade, também para ele a nossa recordação e homenagem.

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

Durante os últimos anos têm sido obtidos grandes progressos na produção de frango como consequên-cia dos programas de selecção genética aplicados. Desde então, o frango actual tem merecido uma maior atenção ao longo de todas as fases relacio-nadas com o ciclo de produção, desde a própria ave reprodutora passando pela fase de incubação, procurando a qualidade do pinto do dia e atendendo igualmente ao alojamento e maneio do mesmo no aviário. Porém, o processo não termina aqui, já que a qualidade da carcaça pode ser afectada nos processos que se seguem à fase do aviário durante a carga e a descarga das aves assim como durante as fases de atordoamento, abate, escaldão, depena, etc. que ocorrem durante o processamento do mesmo no matadouro.Um aspecto importante a ter em conta na produção de frango é a alimentação das aves: a nutrição deve satisfazer as necessidades dos nutrientes que são exigidas para melhorar a genética das mesmas. A maioria das empresas de genética oferece orienta-ções claras em relação aos principais nutrientes a incluir na dieta do frango (energia, aminoácidos...). Hoje em dia, no entanto, a discussão gira em torno de alguns dos outros grupos de nutrientes, por exemplo, a disponibilidade de microminerais e da sua função no desenvolvimento e na qualidade do produto final.Este artigo trata de novos progressos neste campo e do grande potencial que apresenta a inclusão de microminerais quelados com metionina hidroxia-naloga, melhorando tanto o desenvolvimento do pinto, como a qualidade do frango.

Sobre o papel dos microminerais na qualidade do frango.Dentro do grupo dos microminerais, o zinco, o cobre e o manganês desempenham funções específicas na síntese das estruturas básicas e essenciais para o desenvolvimento dos tecidos, em particular o tecido ósseo, a casca de ovo, as cartilagens, o colagénio e a elastina. Estas funções estão resumidas na Tabela 1.Diversos estudos sustentam que a biodisponibi-lidade dos minerais varia de forma considerável

BENEFÍCIOS DA INCLUSÃO DOS QUELATOS DE MINERAIS COM METIONINA HIDROXIANALOGA SOBRE A QUALIDADE DO FRANGO DESDE A AVE REPRODUTORA ATÉ À FASE FINAL DE PROCESSAMENTO.

com a fonte dos mesmos (óxidos vs. sulfatos). Wedekind e Baker (1990) demostraram que a biodisponibilidade do Zn na forma de ZnO era apenas de 0,44 vs. os sulfatos em testes realizados com pintos. Actualmente, o interesse centra-se na inclusão de fontes de minerais que se encontram unidos, frequentemente, a uma ligação orgânica tendo como resultado microminerais com uma maior biodisponibilidade. Existe uma fonte de MMO (microminerais orgânicos) resultante da formação de um quelato com um metal e duas moléculas de metionina hidroxianaloga, quimicamente bem definida, na qual é possível demonstrar a sua estabilidade levando a uma melhoria na biodispo-nibilidade do micromineral. Richards et al., (2010) mostraram que a biodisponibilidade do Zn, na forma de quelato, comparado com o Zn proveniente do sulfato encontra-se entre 160 e 250%. O aumento da biodisponibilidade dos microminerais orgânicos (MMO) deve-se provavelmente à redução de reac-ções antagónicas com outros constituintes da dieta no tracto gastrointestinal.

Impacto da utilização de quelato na qualidade do ovo e o desenvolvimento do embrião. Qualidade do pinto do dia.As malformações no desenvolvimento ósseo podem começar em etapas prematuras e manifestar-se mais tarde como o resultado de um problema do meio ambiente ou infeccioso. Portanto, para alcançar uma óptima qualidade do pinto do dia, é essencial assegurar ao embrião uma disponibilidade adequada dos nutrientes principais através da ave reprodutora

Tabela 1. Função dos microminerais principais no desenvolvimento de tecidos conjuntivos.

Micromineral Função no desenvolvimento de tecidos conjuntivos

Zn Regulação da síntese de colagénio

Cu Ligação entrecruzada de colagénio e elastina para oferecer resistência à tracção (mecânica)

Mn Formação de mucopolissacáridos, as unidades básicas para a formação de cartilagem

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com o objectivo de se alcançar o desenvolvimento prematuro dos tecidos tais como o osso e o colagénio. As enzimas que catalisam estes processos dependem de Zn, Cu e Mn dada a sua actividade biológica tal como já se mencionou anteriormente.Diversos ensaios com poedeiras e reprodutoras demostraram que o estado de mineralização da gema é sensível à fonte de micromi-nerais incluída na dieta. Para esse efeito, os níveis de Zn, Cu ou Mn inorgânicos foram substituídos e reduzidos da dieta pelos mesmos quelados com metionina hidroxianaloga para avaliar o efeito da fonte no conteúdo mineral na gema do ovo (Qiujuan et al., 2012). Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 2.

Tabela 2. Impacto da utilização de quelatos HMTBa no conteúdo de microminerais no ovo.

Mineral na gema

MMIZn:Cu:Mn30:10:30

Quelatos HMTBaZn 20 ou Cu 10

ou Mn 20

Diferença% Valor P

Zn mg/kg 40 42 + 5% 0,036Cu mg/kg 2,6 3,2 + 23% 0,060Mn mg/kg 0,85 0,91 + 7% NS

Num segundo ensaio comercial com aves reprodutoras no qual Zn: Cu: Mn (MMI) em 100:10:100 mg/kg respectivamente foram substituídos por quelatos de HMTBa em 50:10:65, foram recolhidas amostras dos ovos nas 42, 57 e 77 semanas e medido o conteúdo em microminerais na gema. Os dados recolhidos mostraram de novo como a inclusão do quelato de metionina hidroxianaloga provoca um aumento do conteúdo de Zn na gema de 33,5 mg/kg a 38,8 mg/kg (+ 16%, p=0,12). O conteúdo de Cu apresentou um aumento em termos de números enquanto que, como resultado da inclusão do quelato, no conteúdo de Mn na gema não houve nenhuma alteração. Estes ensaios demonstram que, incluindo microminerais altamente biodisponíveis na forma de quelato, é possível melhorar a disponibilidade destes minerais para os tecidos, neste caso para o conteúdo na gema, enquanto é reduzido o conteúdo mineral da dieta e, garantindo-se, assim, a disponibilidade destes três microminerais principais para o pinto.Estes dados são reforçados por um terceiro ensaio publicado recentemente (Torres and Korver, 2011) no qual as aves reprodutoras foram alimentadas mediante três tratamentos minerais diferentes. As medidas foram recolhidas em pintos de um dia, provenientes de aves de 33 semanas depois de terem sido alimentadas com diferentes dietas durante 11 semanas. Os tratamentos de dieta foram (Zn:Cu:Mn mg/kg): Controlo MMI (Microminerais inorgâni-cos) 100:10:120, Alto MMI 140:30:160, Controlo MMI + quelato de HMTBa (total 140:30:160), quelato de HMTBa 50:10:60. Mediu-se a espessura da tíbia e do fémur (Figura 1), onde se confirma que o aumento da disponibilidade dos três microminerais na forma MMI não teve nenhum efeito no desenvolvimento ósseo do pinto. Ao acrescentar uma baixa concentração da fonte micromineral na forma de quelato de HMTBa em relação à dose de controlo de inclusão de MMI, foi obtido um conteúdo de microminerais equivalente ao tratamento MMI alto. Isto causou uma melhoria em termos de números na espessura do fémur. Contudo, quando os quelatos foram utilizados unicamente a uma concentração mais baixa que a das outras dietas, houve um aumento significativo na

espessura tanto da tíbia como do fémur. Estes dados das aves reprodutoras são sustentados por um estudo similar em galinhas poedeiras (Manangi et al, 2012b).

Figura 1. Impacto das dietas das aves reprodutoras com diferentes fontes microminerais na espessura do fémur e da tíbia em pintos de um dia.

Sobre o papel da nutrição mineral no desenvolvi-mento do frango durante a fase de crescimento.Para obter a máxima qualidade e rendimento durante a fase de crescimento é necessário partir de uma óptima qualidade do pinto do dia, de algumas condições de maneio adequadas para alcançar um óptimo estado de saúde e, mesmo assim, confrontamo-nos com determinados problemas na forma de stress, cortes, aranhões, pododermatite, falta de uniformidade, etc. que podem repercutir-se na qualidade do produto final.A inclusão na dieta de microminerais quelados com metionina hidroxianaloga substituindo as fontes inorgânicas e a redução dos níveis destes demonstraram que é possível ajudar o desenvolvimento das aves através da dieta dado o papel que o Zn, o Cu e o Mn desempenham nos diferentes problemas.Durante as diferentes fases de produção é necessário controlar o stress oxidativo ao qual as aves são submetidas, de modo a prevenir diferentes ineficiências incluindo uma diminuição do rendimento produtivo, comprometendo a função imune, aumentando a morbilidade e provocando uma perda de qualidade da carne. (Buckley et al., 1995; Iqbal et al., 2004; Sheehy et al., 1994; Spears and Weiss, 2008). Isto pode acontecer quando a ave é submetida a um problema através da dieta pela presença de substâncias, tais como as micotoxinas ou gorduras de baixa qualidade, por factores do meio ambiente como o calor ou uma má ventilação, por deficiências em minerais, vitaminas ou simplesmente pela alta necessidade metabólica associada ao rápido crescimento. (Bottje et al., 1998; Dibner et al., 1996; Georgieva et al., 2006; Lin et al., 2006; Song et al., 2009; Surai and Dvorska, 2005).Minerais como o Zn, o Cu e o Mn participam na manutenção do balanço oxidativo nas células e nos tecidos (Powell, 2000; Song et al., 2009; Underwood and Suttle, 1999).

Page 34: 25 ANOS A INFORMAR E PROMOVER A INDÚSTRIA

34 | A L IMEN TAÇÃO A N I M A L

Num ensaio interno levado a cabo pela Novus, foi testada a capacidade de diferentes fontes de microminerais para reduzir o stress oxidativo no frango. A experiência foi levada a cabo com quatro tratamentos: um controlo negativo ou o controlo negativo suplementado com 30 ppm de zinco, 20 ppm de manganésio e 5 ppm de cobre na forma inorgânica, como complexos ou como quelatos de HMTBa. Como indicador do stress oxidativo foi recolhida a concentração de gorduras oxidadas (hidroperóxidos lipídicos [LPO]) medidas no plasma das aves. Os resultados (Figura 2) mostraram como as aves alimentadas com os quelatos de HMTBa obtinham níveis de LPO significativamente menores que as restantes fontes indicando um menor stress oxidativo. No ambiente produtivo manter um melhor controlo do stress oxidativo ajuda a obter melhores rendimentos produtivos, uma melhoria na qualidade da carne e na saúde dos animais.

Figura 2. Peroxidação dos lípidos do plasma.

A resistência estrutural dos tecidos vê-se reforçada com a utilização dos quelatos de metionina hidroxianaloga tal como foi possível confirmar num teste realizado na Universidade de São Paulo, em 2012, onde foram comparados os resultados aos 42 dias de idade de 720 machos Cobb 500 alimentados com níveis normalizados de Zn, Cu e Mn de 100/6/100 ppm respectivamente, em relação a outra dieta onde foram reduzidos e substituídos por 50 ppm Zn: 8 ppm Cu: 50 ppm Mn na forma de quelato de HMTBa ( metionina hidroxianaloga) com um metal. A dieta incluiu centeio e não foi adicionada fitase alguma para não causar nenhum problema real às aves na forma de cama húmida. Na mesma dieta foi observada uma tendência para o aumento no rendimento da carcaça de 1,97% (P=0,06) e na resistência da tíbia (871 vs. 921,63 kgf/cm2; P=0,03). Os resultados estão resumidos na Figura 3.

Noutro teste realizado na Universidade de Leuven, na Bélgica, em 2011, levado a cabo com 420 machos Ross 307 foram incluídos 3 tratamentos onde o grupo 1 foi suplementado com MMI a 60 ppm Zn:15 ppm Cu: 80 ppm Mn; o grupo 2 com MMI a 32 ppm Zn: 8 ppm Cu: 32 ppm Mn (programa de redução vs. grupo 1) e o grupo 3 com quelatos de HMTBa: 32 ppm Zn: 8 ppm Cu: 32 ppm Mn: Aos 42 dias de idade foram medidas (% em comparação com os QUELATOS DE HMTBA) a uniformidade do lote e as lesões plantares. Os resultados são apresentados na Figura 4.

Figura 4. Uniformidade e estado plantar.

A resistência dos tecidos resulta na qualidade da carcaça e reduz as incidências e as lesões na pele, tal como foi possível confirmar num teste realizado com um investigador em matéria de integração, onde foi avaliado o efeito de substituir metade da dose que estava a ser empregue de Zn, Cu e Mn, (100/12.5/120 ppm respectivamente na forma inorgânica) pelos respectivos minerais na forma de quelatos de HMTBa. As melhorias observadas estão resumidas na Tabela 3., onde é observada uma redução na incidência de dermatite, arranhões, lesões plantares e percentagem de carcaças de segunda categoria no grupo suplementado com os quelatos.

Resultados na qualidade da pele e as lesões plantares no matadouro

Controlo Quelatos de HMTBa

Vantagem com quelatos de

HMTBa

Dermatite no peito 0,88% 0,56% – 0,32%

Arranhões novos 12,3% 10,0% – 2,3%

Arranhões velhos 7,05% 6,07% – 0,98%

Lesões plantares 15,7% b 8,1% a – 7,6%

Segundas 8,2% b 6,6% a -1,6%

Tabela 3. Impacto da utilização de quelatos HMTBa na percentagem de carcaças de primeira categoria.

AUMENTO NAS CARCAÇAS DE PRIMEIRA CATEGORIAIntegração do Broiler no Brasil

– Controlo (MMI): 100ppm Zn; 12,5 ppm Cu, 120 ppm Mn– QUELATOS DE HMTBA: 50% MMI + 50% QUELATOS DE HMTBA,

mesma inclusão total que o grupo MMI

ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

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ALIMENTAÇÃO A N I M A L | 35

® and MINTREXare trademarks of Novus International, Inc., and are registered in the United States and/or other countries.TM SOLUTIONS SERVICE SUSTAINABILITY is a trademark of Novus International, Inc. ©2014 Novus International, Inc. All rights reserved. | 140402 JJ

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Page 36: 25 ANOS A INFORMAR E PROMOVER A INDÚSTRIA

36 | A L IMEN TAÇÃO A N I M A L

Como ajuda a nutrição mineral durante o processo no matadouro?A correcta manipulação das aves durante a fase de carga e transporte, assim como a descarga e a pendura são importantes para preservar a qualidade da carcaça mas, tal como já foi mencionado em etapas anteriores, o Zn, o Cu e o Mn participam na formação dos diferentes tecidos pelo que a integridade estrutural de ossos, tendões, patas, intestinos, pele, assim como o seu papel na cicatrização de feridas fazem com que a disponibilidade dos três microminerais seja importante para promover a correcta formação dos mesmos o que resultará na resistência durante estas etapas e, portanto, na qualidade do frango.Como já observámos em testes anteriores, é possível aumentar a resistência dos tecidos mediante a inclusão nas dietas de minerais quelados com HMTBa. Num teste realizado em Israel, em 2012, procurou-se avaliar o efeito que era produzido ao substituir as fontes inorgânicas e ao reduzir os níveis de Zn, Cu e Mn por minerais quelados com o HMTBa sob as condições de escaldamento da parte do cliente (onde não é permitida a utilização de água quente durante esta fase). Os resultados apresentaram uma diminuição no número de arranhões no peito de 23,5%, uma redução na percentagem de cortes na pele do peito de 37,5%, assim como uma diminuição de 30,69% no número de arranhões na parte traseira e uma melhoria no número de asas partidas de 36,61%, confirmando-se uma maior resistência dos tecidos quando as aves são alimentadas com uma fonte mineral mais biodisponível.Além disso, para preservar a qualidade da carcaça, é necessário manter as condições higiénicas adequadas durante a fase de preparação, em particular durante a fase de evisceração onde o conteúdo intestinal pode contaminar o resto da carcaça. Nesta fase não só é importante ter realizado a retirada correcta do alimento das aves no aviário e uma formação adequada dos funcionários da instalação no momento de manipular as carcaças e a maquinaria a empregar, como também é através da nutrição que podemos ajudar a manter estas condições com a manutenção do tecido intestinal, tal como o confirmaram Richards et al (2005) numa experiência onde se pretendia avaliar o efeito da inclusão dos quelados com HMTBa na resistência do tecido intestinal (kg) do jejuno no dia 27. Os resultados mostram como perante o mesmo nível de inclusão de Zn (40pppm) a resistência varia com a fonte. Figura 5.

Figura 5. Resistência intestinal do jejuno.

Conclusões

O zinco, o cobre e o manganésio são essenciais para a

manutenção da saúde e a produtividade das aves assim

como a qualidade da futura carcaça. As fontes minerais

de alta biodisponibilidade conseguem estes efeitos

em concentrações mais baixas na dieta melhorando o

impacto geral nas explorações no meio ambiente. Contudo,

durante os últimos anos gerou-se uma grande confusão

e desinformação em torno dos microminerais orgânicos e

a sua efectividade, pelo que é importante relembrar que

nem todos os minerais orgânicos são mais disponíveis que

as fontes inorgânicas e, portanto, não se deve esperar o

mesmo rendimento.

A estratégia da Novus de REDUZIR E SUBSTITUIR permite

o desenvolvimento e a melhoria no bem-estar do animal,

enquanto reduz a contaminação por microminerais do

meio ambiente (cama, solo, água). Os diferentes testes

levados a cabo pela Novus com diferentes empresas de

genética concluem que a inclusão de quelatos de metionina

hidrxianaloga nas dietas provoca o aumento dos níveis do

mineral na gema do ovo onde se encontram disponíveis

para o desenvolvimento futuro do pinto. Como resultado,

a formação dos tecidos estruturais importantes tais como

o colagénio e o osso é melhorada da mesma forma que

a sobrevivência do pinto, ajudando a expressar o seu

potencial genético completo.

O papel que o Zn, o Cu e o Mn desempenham como co-

-factores de enzimas como a glutationa peroxidase e a

superóxido dismutase como integrantes importantes na

defesa contra o stress oxidativo demonstra o interesse

de introduzir Quelatos de HMTBa nas dietas de frangos

o que resulta na melhoria do rendimento produtivo, na

qualidade da carcaça e na saúde dos animais.

A alimentação do frango com os quelatos de metionina

hidroxianaloga revelou, através de diferentes testes,

que ajuda a melhorar a mineralização óssea, reforça a

resistência dos tecidos reduzindo as incidências na pele

do frango e oferece uma maior resistência intestinal que

contribui para preservar a qualidade do frango.

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

Page 37: 25 ANOS A INFORMAR E PROMOVER A INDÚSTRIA

ALIMENTAÇÃO A N I M A L | 37

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Page 38: 25 ANOS A INFORMAR E PROMOVER A INDÚSTRIA

38 | A L IM ENTAÇÃO A N I M A L

ALIMENTAÇÃO ANIMAL INVESTIGAÇÃO

De acordo com o definido no Regulamento (CE) N. 1831/2003 do Parlamento Europeu e do Conselho, o termo «Pré-misturas» designa misturas de aditivos para a alimentação animal ou misturas de um ou mais desses aditivos com matérias-primas para a alimentação animal ou água usadas como excipiente, que não se destinam à alimentação direta de animais.Diz-nos no entanto a nossa experiencia, que o fabrico de pré-misturas não é a simples mis-tura de produtos, o fabrico de pré-misturas é uma “arte”! Esta “arte” tem em conta critérios rigorosamente definidos como as necessidades nutricionais dos animais a que se destinam, as características físicas/químicas de cada aditivo e do excipiente, as sinergias ou antagonismos entre os diferentes constituintes e a homogeneidade da mistura entre outros.

O fabrico de pré-misturas requer uma escolha criteriosa e cuidadosa dos aditivos e excipientes, escolhas incorretas podem levar a problemas no fabrico e obtenção de resultados analíticos não conformes. É importante que os fabricantes de pré-misturas tenham meios para que, de forma precisa, possam controlar a qualidade e as propriedades dos aditivos que utilizam e das pré-misturas que fabricam, maioritariamente por duas razões:

1 – A eficácia biológica desses produtos é um fator determinante para a performance da pré-mistura e do alimento onde esta vai ser utilizada;

2 – A eficiência tecnológica é um dos fatores que contribui para uma maior produ-tividade nas fábricas de produção de pré-misturas.

Tabela 1 – Sensibilidade das diferentes vitaminas a vários agentes agressores.

VITAMINAS Tº H2O Luz O2 e oxidação Redução Oligoelementos pH: ácido pH : básico

Vitamina A † †† †† †† 0 †† †† 0

Vitamina D3 † †† † †† 0 †† †† 0

Vitamina E 0 † † 0 0 † † ††

Vitamina K3 †† ††† † † † ††† †† †

Vitamina B1 † †† 0 † † † 0 ††

Vitamina B2 0 † †† 0 † 0 0 †

Vitamina B6 † † † 0 0 † † †

Vitamina B12 † † † † †† † † †

Pantotenato † †† 0 0 0 0 † 0

Vitamina PP 0 † 0 0 0 0 0 0

Ácido Fólico † † †† 0 † † †† 0

Biotina † 0 0 0 0 0 † 0

Vitamina C 0 †† † †† 0 ††† 0 ††

0 Resistente; + pouco sensível; ++ sensível; +++ muito sensível

PRÉ-MISTURAS À LUPA

Carla Aguiar

INVIVONSA Portugal, S.A.

Page 39: 25 ANOS A INFORMAR E PROMOVER A INDÚSTRIA

ALIMENTAÇÃO A N I M A L | 39

O controlo da qualidade das pré-misturas baseia-se principalmente na avaliação de três critérios:

EstabilidadeA estabilidade de um produto é a sua capa-cidade para manter ao longo do tempo as suas propriedades físico/químicas originais.Alguns aditivos, nomeadamente as vita-minas, são moléculas complexas muito sensíveis principalmente a reações de oxidação redução (redox). Estas reações são comuns em pré-misturas e alimentos onde está presente simultaneamente água livre (proveniente de alguns cons-tituintes) e compostos “redox” tais como oligoelementos, ácidos orgânicos, etc (Ver tabela 1).

Facilidade UtilizaçãoA facilidade de utilização de uma pré--mistura é determinada pela sua capa-cidade de ser removida da embalagem, transferida e medida eficientemente numa fábrica de alimentos para animais. Na prática a facilidade de uso de uma pré-

-mistura melhora a eficiência numa fábrica pela redução de pó, melhoria da fluidez no armazenamento e nos sistemas de transporte e na eliminação de resíduos na linha. Uma pré-mistura com uma boa facilidade de utilização contribui para reduzir os riscos de contaminação cruzada e aumenta a proteção dos operadores e equipamentos (diminuição do risco de explosão).

ConclusãoDo fabrico de uma pré-mistura deve resultar não só uma mistura de vários componentes, mas sim uma mistura de diferentes aditivos e excipiente, que vai cumprir eficientemente o objetivo para o qual foi concebida ou seja, chegar ao animal via alimento, exatamente como foi formulada, fornecendo-lhe os nutrientes na quantidade e qualidade inicialmente definidos, sem perdas nem interações que alteram a estabilidade e disponibilidade dos seus constituintes.

Bibliografia:M. Coelho, Stability of vitamins afected by feed processing Feedstuffs, July 29, 1996M. Coelho, Vitamin Stability, Feed Management, Vol 42, N.º 10, 1991Vitamin stability and commercial product forms, World Poultry, Vitamins special, 2001U. Altemueller and M. Gadient, Ensuring Vitamin Stability, Feed International, March 2008T. Costigan, Controlling premix reactivity, Feed International, September 2001Tools for assessing the efficacy of vitamins, Adisseo Guide

HomogeneidadeA homogeneidade é uma característica muito importante no fabrico de pré-misturas e depende não só das características dos aditivos e do suporte (tamanho da partícula, peso especifico, incorporação, ) mas também do misturador. A eficiência de um misturador é definida pela sua capacidade em dispersar os aditivos de forma homogénea na pré--mistura ou no alimento.

AF_raporal_anuncio_148x210mm.pdf 1 14/04/14 18:26

Page 40: 25 ANOS A INFORMAR E PROMOVER A INDÚSTRIA

40 | A L IMEN TAÇÃO A N I M A L40 | A L IMEN TAÇÃO A N I M A L

ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS DAS EMPRESAS

No dia 13 de Fevereiro, a Soja de Portugal assinou um

protocolo com a Universidade do Porto, assumindo colaborar

no âmbito de projetos de investigação de interesse comum,

designadamente através de concurso, destinado a projetos

pluridisciplinares para o estímulo à iniciação de atividades

de investigação pelos estudantes desta Universidade, com o

objetivo de promover a investigação científica e a inovação, e

a integrar os estudantes em grupos de investigação. A Soja de

Portugal tem vindo a promover iniciativas que se enquadram

na política de investigação, desenvolvimento e inovação da

Universidade do Porto e mantém uma relação de proximidade

com a universidade e outras entidades do sistema cientifico

e tecnológico nacional no sentido de obter e desenvolver o

know how para muitos dos projetos de Inovação e Desen-

volvimento Tecnológico, quer ao nível de novos produtos e

matérias-primas, como também nos processos, sistemas e

infra-estruturas industriais. O objeto deste protocolo, que

tem a duração de cinco anos, assenta na colaboração mútua

das duas entidades no que respeita à atribuição de bolsas a

projetos de investigação subordinados a temas que tenham

uma relação intrínseca com as atividades integradas no

objeto social da Soja de Portugal. Este protocolo vem no

seguimento do protocolo de colaboração geral assinado entre

a Soja de Portugal e a Universidade do Porto, a 4 de janeiro

de 2013. O protocolo geral prevê a colaboração na atribuição

de bolsas a projetos de investigação; na colaboração na

organização e patrocínio de bolsas e estágios para estudantes

da Universidade do Porto; no desenvolvimento de projetos em

SOJA DE PORTUGAL ASSINA PROTOCOLO COM UNIVERSIDADE DO PORTO

parceria ou consórcio, dos quais poderão resultar protótipos ou

produtos; na exploração dos ativos resultantes dos referidos

projetos; e na definição do modelo de titularidade e proteção

da propriedade intelectual.

A necessidade de promoção da aproximação entre o

meio universitário e a realidade empresarial é uma ine-

vitabilidade, e a Soja de Portugal, aposta cada vez mais

na área da inovação tecnológica e no desenvolvimento

de projetos em parceria com universidades e centros

de investigação.

Soja de Portugal publica primeiro Relatório de SustentabilidadeDando continuidade ao seu

Projeto de Sustentabilidade,

a Soja de Portugal publicou

o seu primeiro Relatório de

Sustentabilidade.

Este relatório abrange o

desempenho económico, social

e ambiental das 5 principais

áreas de negócio do Grupo. A

Soja de Portugal é a primeira

empresa portuguesa do setor

de alimentos compostos para

animais e de produção de carne

de aves a fazer o report de

sustentabilidade.

Page 41: 25 ANOS A INFORMAR E PROMOVER A INDÚSTRIA

ALIMENTAÇÃO A N I M A L | 4 1

A Soja de Portugal, com as suas marcas Sojagado e Pronutri, esteve, mais uma vez, presente na Feira Anual da Trofa. Considerando este certame um dos mais relevantes do setor, foram apresentadas algumas importantes novidades. Este ano, a presença da Sojagado foi assinalada por uma imagem renovada, com a apresentação da nova imagem da marca. O reforço da estratégia da marca passa também pelas novas embalagens apresentadas em primeira mão neste evento. Foi lançada a nova embalagem de 30kg, que está no mer-cado desde o início do mês de março. Esta embalagem vem substituir as embalagens de 25kg e 40kg, quer na marca Pronutri, quer na Sojagado.A empresa acredita que estas novas emba-lagens vão de encontro às necessidades dos seus clientes, satisfazendo plenamente as suas expectativas. A direção desta área de

negócio do Grupo relembra que estas inova-ções são importantes para garantir a solidez da proposta de valor: “Conceber, produzir e comercializar alimentos de qualidade que aumentam a rentabilidade das explorações pecuárias, suportados em soluções integradas e à medida, assistência técnica personalizada e praticando sólidas relações de parceria.” É neste sentido que dispõe de um conjunto de técnicos qualificados que acompanham os seus clientes de perto, de forma a compreender as suas principais necessidades e oferecer soluções à medida de cada situação.O facto de pertencer a um conjunto de empre-sas no setor da indústria agroalimentar, com áreas geradoras de sinergias, permite um maior conhecimento técnico das soluções mais adequadas na alimentação animal e das suas matérias-primas, originando numa melhor relação qualidade-preço na sua oferta.

SOJAGADO COM NOVA IMAGEM E NOVAS EMBALAGENS

MERCOMIND OBTÉM CERTIFICAÇÃO“É com muito prazer que a Revista “Alimentação Animal” divulga a certificação da empresa Mercomind, nosso parceiro em alguns eventos e que, esperamos, possa vir a consolidar a sua ligação à IACA e aos nossos associados, no sentido de mitigar a volatilidade dos preços e formar as empresas nas suas áreas de atuação.Agradecemos igualmente, numa altura em que a validação e quali-ficação de fornecedores e de clientes é cada vez mais importante, independentemente dos mercados e negócios em que atuam, o apoio e colaboração da empresa para com a nossa Associação e com a Revista “Alimentação Animal”.Parabéns à Mercomind pela certificação em qualidade segundo a norma ISO 9001:2008”

Page 42: 25 ANOS A INFORMAR E PROMOVER A INDÚSTRIA

42 | A L IMEN TAÇÃO A N I M A L

ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS DAS EMPRESAS

A Alltech levou a cabo um levantamento

exaustivo das colheitas de verão quanto

aos desafios de micotoxinas com que se

deparam este ano os produtores e os

fabricantes de rações por toda a Europa

e América do Norte.

O estudo avaliou as colheitas de trigo

e milho em 14 países europeus e alguns

estados dos EUA e Canadá. A empresa

analisou 83 amostras de trigo e 24 amos-

tras de milho das colheitas deste ano

em termos de 38 micotoxinas usando

a tecnologia UPLC-MS/MS (Programa

37+ da Alltech), que lhe permite avaliar

com maior rigor a contaminação por

micotoxinas dos ingredientes ou produtos

acabados das rações.

A análise revelou um risco continuado de

micotoxinas no milho e trigo, originando

uma menor qualidade alimentar e uma

redução do desempenho generalizadas,

pelo que é necessário tomar medidas.

Embora, em algumas áreas, os resultados

tenham sido semelhantes aos detetados

no ano anterior, a situação tinha-se agra-

vado em outras regiões e o levantamento

ilustra a necessidade contínua dos produ-

tores e fabricantes de rações continuarem

em alerta total. “Uma mensagem essencial

a reter deste levantamento é que 99% das

amostras de grãos de cereais continham

micotoxinas e que 83% destas amostras

continham diversas micotoxinas,” afirmou

Nick Adams, Diretor de Vendas Globais

da Equipa de Gestão de micotoxinas da

Alltech.

A presença de micotoxinas é um risco

inerente que os produtores e fabrican-

tes de rações têm de continuar a gerir

para assegurar que conseguem obter os

melhores resultados possíveis das suas

rações e do seu gado.

“No trigo europeu e canadiano, os Tricote-

cenos do Tipo B (grupo DON) dominavam

o mix das micotoxinas, ao passo que, no

milho, as aflatoxinas e as fumonisinas

foram detetadas em níveis mais elevados,

em conjunto com outros grupos como

os Tricotecenos do Tipo B”, afirmou Dr.

Adams.

Na Europa do Norte, todas as amostras,

à exceção de uma, continham diversas

micotoxinas e os Tricotecenos do Tipo B

atingiam níveis de risco elevado em um

terço das amostras. As associações com

outras micotoxinas em níveis mais baixos

aumentavam os desafios e o levantamento

permitiu verificar que a quantidade de

risco equivalente (REQ) era criada em

“risco elevado” no caso dos suínos e

“precaução” no caso dos ruminantes. Era

também aconselhada “precaução” para

todas as aves.

Este levantamento detetou também um

nível elevado de diversas micotoxinas

na Europa de Leste, representando as

aflatoxina um risco para a maioria das

espécies.

Nesta zona, a REQ era criada em “elevado

risco” para os suínos e “precaução” para

os ruminantes e aves.

Concentração 18 vezes superiorEntretanto, no sudoeste da Europa,

foram detetados níveis particularmente

elevados de Tricotecenos do Tipo B e

de fumonisinas, contendo uma amostra

fumonisinas numa concentração 18 vezes

superior à média da UE. Aqui, a REQ

era criada em “elevado risco” para os

suínos, ruminantes e todas as aves. Este

“elevado número” de diferentes famílias

de micotoxinas por toda a Europa em

particular poderá contribuir para reduzir

a qualidade alimentar em toda a região,

alertou o Sr. Adams.

Impacto na saúde animalEncarando o possível impacto do poten-

cial desafio das micotoxinas na saúde e

desempenho dos animais este ano e no

futuro, poder-se-ão identificar alguns

sintomas mais comuns como a redução

do consumo de alimentos, levando a um

aumento de peso corporal mais lento e,

portanto, poderá aumentar o número de

dias até à comercialização, problemas

gastrointestinais, incluindo digestão de

fibras ou diarreia (ficando desta forma

mais suscetíveis a doenças), apresentando

também uma menor resposta a tratamen-

tos de saúde porque os seus sistemas

imunitários ficam mais enfraquecidos.

O cenário delineado pelos resultados do

levantamento às últimas colheitas aponta

para estes sintomas mais subtis, como

redução da ingestão de alimentos e efi-

ciência, bem como redução da imunidade,

e não para as respostas agudas que se

notam frequentemente quando os animais

consomem níveis elevados de micotoxinas.

“Estes sintomas de exposição crónica

poderão não ser facilmente observados em

contraste com as respostas agudas que se

verificam quando os animais consomem

níveis elevados de micotox inas, pelo que

é importante que os produtores vigiem de

perto o seu gado para que possam detetar

problemas e estarem preparados para agir

para remediar a situação, se necessário”,

finalizou Dr. Adams.

Para mais informações contacte a Alltech

Portugal

ESTUDO FEITO PELA ALLTECH SOBRE COLHEITAS DE 2013 REVELA FORTE CONTAMINAÇÃO POR MICOTOXINAS

Page 43: 25 ANOS A INFORMAR E PROMOVER A INDÚSTRIA

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Foi com grande orgulho e enorme prazer que assistimos, no passado mês de janeiro,  à entrega dos Prémios Agricultura 2013 – uma iniciativa do Correio da Manhã e do BPI  -  confirmando que 3 empresas do nosso Universo de associadas (Finançor, Zêzereovo, Lusiaves) ganharam prémios e o reconhecimento público do seu trabalho e esforço, apesar das dificuldades e, não raras vezes, contra ventos e marés.

A IACA congratula-se naturalmente com este facto, o que prova que para além de resilientes, estamos vivos, ativos, dinâmicos, inovadores e que o Setor se recomenda.      

Parabéns aos responsáveis das empresas associadas, nas pessoas dos Senhores Avelino Gaspar, Jorge Fernandes e José Romão Braz que são igualmente membros dos Órgãos Sociais da nossa Associação.      

Como referiu a Ministra Assunção Cristas durante o evento, a Agricultura é um setor muito vivo e dinâmico, realçando a 2ª edição deste Prémio e a importância da divulgação de Boas Práticas, do que de bom fazemos em Portugal, no reconhecimento do Agroalimentar como motor da economia nacional.   Para os organizadores, trata-se de uma iniciativa considerada estratégica.          

Aqui ficam os agradecimentos da Revista “Alimentação Animal” pelo trabalho, que também nos honra e dignifica enquanto Associação.

Premiados:

Prémio Grandes Empresas Agrícolas – Finançor (Vencedor) e Lusiaves (Menção Honrosa) Prémio PME Agrícolas – Zêzerovo (Vencedor)

Foram ainda atribuídos prémios nas categorias de Jovem Agricultor, Startups e Associações/Cooperativas, destacando-se a Menção Honrosa para a Agromais.

PRÉMIOS AGRICULTURA 2013

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44 | A L IM ENTAÇÃO A N I M A L

ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS

CONCLUSÕES

• A abordagem aos efluentes suinícolas tem

de deixar de assentar numa lógica de pro-

blema e ser avaliada numa perspetiva de

melhoria e incentivo à produção agrícola.

• É necessário desenvolver um programa

integrado de suinicultores com agricul-

tores de modo a potencializar o uso dos

efluentes em benefício de todos.

• Para isso são necessárias políticas coe-

rentes com uniformidade de critérios em

todo o país que permitam desenvolver

uma solução sustentada.

• Esta conversão não é possível fazer de

um dia para o outro, pelo que é neces-

sário e urgente lançar as bases de um

programa nacional que envolva não só os

operadores como o Estado e as Universi-

dades de modo a potencializar o efluente

suinícola como um fertilizante, reduzindo

a aplicação de adubos químicos.

• É necessário compatibilizar as Normativas

do Licenciamento com a atividade exis-

tente e desenvolver programas de futuro.

• Um destes será a “Segmentação do Ciclo” que permitirá a sustentabilidade do

setor, deslocalizando fases do processo

produtivo, fomentando a especialização

dos recursos humanos, melhorando o

estatuto sanitário das explorações e

obtendo um melhor desempenho ambien-

tal com a redução do efluente produzido,

aproximando-o do local de utilização

(valorização agrícola).

• Aproveitando o exemplo dado pelos

palestrantes Holandeses, as autoridades

Portuguesas devem passar a ter uma

atitude proactiva e não complicativa,

baseando as decisões por consensos

práticos com os produtores, agricultores

e Universidades.

SEMINÁRIO A SUINICULTURA E O AMBIENTE19 de Novembro de 2013 – Auditório INIAV – Quinta do Marquês – OeirasOrganização: FPAS e Embaixada dos Países Baixos

IntroduçãoO setor suinícola em Portugal apresenta um grau de autoabastecimento na ordem dos 65%, sendo que, aquando da nossa adesão à Comunidade Europeia, essa percentagem atingia praticamente os 100%.Não obstante, e passadas que foram as dificuldades do impacto inicial da abertura das fronteiras, o setor consegue hoje, apresentar desempenhos técnicos competitivos com qualquer bacia de produção mundial.Problemas ao nível do Ordenamento do Território, do Ambiente e de todo o processo de licenciamento, aliados a diversas crises económicas, tem impedido que o setor tenha acompanhado as necessidades de consumo interno.Pretende-se com o presente documento apresentar soluções, que permitam resolver problemas Ambientais e de Ordenamento Territorial, deslocalizando as explorações para regiões defensáveis, estruturando-as e

redimensionando-as de forma a aumentar a sua competitividade económica, diminuindo o grau de dependência externa do país, garan-tindo postos de trabalho, compatibilizando-a com os instrumentos de gestão territorial e Ambiental, privilegiando como destino dos efluentes a valorização agrícola, na perspetiva de devolver ao solo os componentes minerais e matéria orgânica necessários ao desen-volvimento vegetal, promovendo a redução da necessidade de adubações minerais e minimizando os impactes negativos desses efluentes sobre o ambiente.

Atual estrutura produtiva da Sui-nicultura Intensiva nacionalReprodução

– Desde a cria de reprodutoras até ao parto das mesmas e desmame de leitões com 28 dias de idade

– Zona Multifase com área de recria e adaptação de jovens reprodutoras

– Zona de desmame/cobrição, área de gestação em bem-estar e maternidade

– Zona de maior ocupação de recursos humanos, conhecimento, formação pro-fissional, tecnologia

– Zona de maior investimento numa explo-ração de suínos, por todo o equipamento e instalações especificas necessárias à reprodução de suínos

– Zona da exploração com baixo índice de produção de efluentes

Recria– Desde o desmame com 28 dias (7kgs)

até aos 70 dias (20 kgs) – necessidades específicos de espaço, temperatura e ventilação

– zona de atenção aos animais jovens com complexas necessidades após o desmame onde se pretende preparar os animais para a próxima fase com necessidades de temperatura de 29ºC ao início desta fase até 23ºC no final desta fase

SEGMENTAÇÃO DE CICLO NA SUINICULTURA PORTUGUESAQuadro Comunitário de apoio 2014/2020

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ALIMENTAÇÃO A N I M A L | 4 5

Acabamento– Fase desde 70 dias (20 kgs) até ao abate

com cerca de 180 dias (110 kgs)

– temperatura entre 24ºC e 20ºC desde o início até ao final

– máxima necessidade de espaço de alo-jamento

– máxima produção de efluentes

Toda a produção estará assim segmentada, pelo que será fácil separá-la estruturalmente em várias unidades de produção o que, aliás, já é feito pelos líderes da produção mundial.

A suinicultura Nacional foi estruturada nos últimos 40 anos por razões culturais, facili-dades de adaptação à legislação nacional e por exigências sanitárias em EXPLORAÇÕES SUINÍCOLAS EM CICLO FECHADO onde, num mesmo local se concentravam todas as fases de produção (Fase 1 até Fase 3).

A atual evolução do sector levou à concen-tração da produção que procura a eficiência Global, onde as atuais estruturas de ciclo fechado impedem o aumento da eficiência pois é difícil a especialização de atividades, formação específica de recursos humanos e

rentabilização de meios e investimento em novas tecnologias.

A utilização de novas tecnologias apenas se conseguem rentabilizar com o aumento dos lotes de animais por atividade.

Muitas das atuais explorações de suinicultura encontram-se impossibilitadas de se expandi-rem por estarem indexadas a lotes de terreno, títulos de produção ou limitações ambientais que integram todas as 3 fases de produção.

A transformação destas explorações em Fase 1 e 2, ou sómente em fase 3, permitem a especialização, aumentando a eficiência global da produção.

Este tipo de maneio pretende também limitar vários problemas sanitários associados à existência de animais de múltiplas idades num mesmo local, sendo que a segmentação permite colocar barreiras físicas a estes problemas limitando as consequências dos mesmos.

No entanto, as enormes demoras no licencia-mento de novas unidades e o elevado custo de novas explorações tornam a evolução muito lenta e demasiado cara.

PROPOMOS:– A construção de fases de acabamento

(fase 3) em zonas defensáveis sob o ponto de vista ambiental, com valorização do efluente suinícola na fertilização de solos agrícolas, diminuindo a utilização de adubos sintéticos nesses solos.

– As atuais explorações de ciclo fechado seriam transformadas em fase 1 e 2 (ou em fase 1 ou 2) aumentando a eficiência das mesmas, rentabilizando o conheci-mento específico e diminuindo a produção de efluentes suinícolas nesse local.

– Deslocalização integral das explorações sem defesa territorial ou ambiental.

Exemplo de cálculo de cabeças normais em transformação de unidade produtiva de 200 reprodutoras de ciclo fechado versus explo-ração de 450 reprodutoras, índice utilizado para calcular o enquadramento jurídico para atribuição de licença de utilização, processo REAP, quanto à parte ambiental.

Calculo 450 Reprodutoras(fase 1 e 2)

Calculo 200 Reprodutoras (fase 1, 2 e 3)

CN Nº animais Total CN Nº animais Total CN

Bácoro/leitão Desmamado ou 7 kg a 20 kg pv 0,05 1263 63,17 562 28,08

Porco em Acabamento (20 kg e os 110 kg pv) 0,15 0 1284 192,61

Varrasco em atividade ou porco destinado a reprodutor 0,30 2 0,60 2 0,60

Porca Reprodutora – todas em gestação, lactação ou após desmame 0,35 450 157,50 200 70,00

Total cálculo de Cabeças Normais (CN) 221,27 291,28

Este exemplo revela que, de uma forma simples, se reduz a capacidade poluente da atual estrutura de produção em cerca de 25%, aumentando a capacidade produtiva da exploração em 2,25 vezes.

Conclusão:• Modernização e aumento de rentabilidade das instalações na fase 1 e 2, rentabilizando estruturas já existentes

• Diminuição da concentração animal e de produção de efluentes nas explorações existentes

• Aumento da eficiência da fase 3 com possíveis sinergias com a produção agrícola Nacional

• Diminuição da utilização de adubos químicos na agricultura

• Ligação da produção de carne à de cereais, com consequente redução de importações

• Melhoria generalizadas da saúde animal

• Aumento da rentabilidade da atividade

• Aumento da eficiência energética

• Contribuição para o desígnio Nacional “Auto-suficiência em 2020”

Para que se atinjam os legítimos objetivos acima, solicita-se que os mesmos possam ser contemplados pelo próximo Quadro Comunitário de Apoio

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46 | A L IM ENTAÇÃO A N I M A L

ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS

AS DISPONIBILIDADES DOS CEREAIS FRANCESES PARA PORTUGAL EM 2013Sofitel Lisboa 25 de outubro de 2013

FranceAgriMer, organismo do Ministé-

rio da Agricultura Francês, organizou

em conjunto com a Ubifrance (Serviço

Comercial da Embaixada de França), uma

conferência – debate, cujo tema foi «  As

disponibilidades dos cereais franceses

para Portugal em 2013  ».

De um modo geral, a crise económica serviu

de pano de fundo para as observações dos

participantes que não deixaram de evocar

a recessão que se instalou desde 2011,

sendo que não se vislumbram melhores

perspectivas para 2014. Tal contexto é,

obviamente, desfavorável ao sector dos

Cereais. Para além disso, foi evocada a

perda de competitividade da França em

relação aos cereais provenientes de certos

países de Leste e da China.

Todavia, a qualidade dos cereais fran-

ceses continua um argumento de peso

em comparação com os cereais ucra-

nianos, por exemplo, cuja qualidade é

nitidamente inferior. Mesmo perante

variações de qualidade de um ano para o

outro, a França é um fornecedor impor-

tante para Portugal. Foi notado que na

Europa poucos se dedicam à produção

de centeio de biscoito o que constitui

um nicho de mercado a explorar. Foi

igualmente apontada a volatilidade dos

preços dos cereais que variam todos os

anos. Contudo, é de ressalvar que vários

esforços são feitos pelos vendedores

franceses no sentido de prevenir tal

volatilidade.

Por fim, foram evidenciados os contratos a

prémio por permitirem uma melhor gestão

dos intervalos entre as compras e as

vendas, dando espaço de manobra aos

industriais no sentido de melhor organiza-

rem a sua logística e reservar volumes sem

terem de fixar um preço. Na medida em

que os industriais da moagem portugueses

não dispõem de grande capacidade de

armazenamento, os contratos referidos

anteriormente representam uma boa

solução, porque ao comprarem antecipa-

damente, estes trabalham em condições

mais favoráveis.

Para concluir, foi relembrado que apesar

das condições climatéricas difíceis, a oferta

francesa de cereais, nomeadamente de

centeio, continua constante em relação a

outros países exportadores. A quantidade

oferecida mantem-se boa apesar de mais

fraca em termos da qualidade. É de referir,

ainda, que a diminuição do teor de proteína

nos cereais é uma questão que preocupa

todos os intervenientes do sector a nível

europeu. A este respeito, foi lançado um

plano conjunto explorando três vertentes

distintas: a genética, a formação agronó-

mica e a relação comercial.

Fica a advertência final de que os com-

pradores portugueses se devem precaver,

gerindo melhor as suas necessidades face

aos exportadores.

Page 47: 25 ANOS A INFORMAR E PROMOVER A INDÚSTRIA

ALIMENTAÇÃO A N I M A L | 4 7

Page 48: 25 ANOS A INFORMAR E PROMOVER A INDÚSTRIA

48 | A L IMEN TAÇÃO A N I M A L48 | A L IMEN TAÇÃO A N I M A L

ALIMENTAÇÃO ANIMAL NOTÍCIAS

No dia 25 de março e com o apoio da Plataforma Bestsupplier, teve lugar em Fátima, no Dom Gonçalo Hotel & SPA, mais uma Reunião Regional da Indústria, dirigida especificamente aos associados da IACA e que contou com  a presença de mais de 60 participantes. A reunião foi uma das mais participadas dos últimos anos, o que demonstra bem as preocupações do Setor relativamente à Qualidade e Segurança Alimentar, uma vez que os temas centrais da reunião foram os Alimentos Medica-mentosos, o Plano de Ação Nacional para a Redução dos Antibióticos nos Animais (PANRUAA), que envolve muitas entidades, entre as quais a IACA e a apresentação do Projeto QUALIACA, para além da Pla-taforma Bestsupplier.Presidida por Cristina de Sousa, Presi-dente da IACA que deu as boas-vindas

REUNIÃO REGIONAL DA INDÚSTRIA

aos participantes, em nome da Direção da IACA, interveio Ana Cristina Monteiro que apresentou o Projeto QUALIACA, um projeto assente num Protocolo a desenvol-ver com a DGAV e que visa o controlo de qualidade das matérias-primas que chegam ao nosso País, provenientes de Países Terceiros. Aliás, na edição anterior da Revista “AA” aprofundámos bastante esta temática, a qual gerou um amplo debate e viva discussão entre os associados da IACA. Trata-se de um projeto estruturante para o Setor e um olhar diferente para o relacionamento entre as empresas e os seus fornecedores. Em seguida, interveio Maria João Fradinho, responsável pela área dos alimentos medi-camentosos na Divisão de Alimentação Animal na DGAV e que apresentou o tema “Alimentos Medicamentosos: Requisitos

Legais para o Fabrico e Distribuição”, onde foram relembrados os aspetos legais e a necessidade do cumprimento de todos os requisitos. Numa altura em que em Bruxe-las se discute a revisão da legislação e em que muitos são os que defendem que os medicamentos não devem ser fornecidos nos alimentos mas sob outras formas, como na água de bebida, foi importante atualizarmos a informação e saber  a posi-ção das autoridades nacionais. Seguiu-se a intervenção de Helena Ponte, Diretora de Serviços da DGAV e responsável pelos medicamentos e produtos fitossanitários e que nos apresentou o PANRUAA. Como é sabido, o problema da resistência antimi-crobiana é atual e preocupante. Será que somos responsáveis e que a opinião pública tem a verdadeira perceção do problema? Existe uma consciência e uma aposta

Cristina de Sousa

Helena Ponte Cláudia Ferreira João Petrucci Sousa

Ana Cristina Monteiro Maria João Fradinho

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ALIMENTAÇÃO A N I M A L | 4 9

na redução da utilização de antibióticos nos animais mas também nos humanos. Responsável pela coordenação do Pro-grama, falou de todos estes aspetos, numa atitude de grande cumplicidade com a Indústria.  Depois destas excelentes inter-venções, Cláudia Ferreira e João Petrucci Sousa, apresentaram a Plataforma Bestsu-pplier.  Numa altura em que a Qualidade é tão importante, assume especial relevância a avaliação e qualificação dos fornecedores nas diferentes áreas do negócio. Com experiência em áreas como a saúde ou a construção civil, a Plataforma Bestsupplier pode ajudar a melhorar a relação com os nossos fornecedores e a competitividade da nossa Indústria. Está em estudo uma parceria com a IACA. A finalizar o evento, Jaime Piçarra apresentou a Conjuntura do Setor, referindo que, depois da relativa estabilidade em janeiro, registou-se em fevereiro uma quebra de 2.2%, o que ficou a dever-se fundamentalmente às diminuições nas aves (-8.6%) e outros animais (-9.1%), que não compensaram as subidas nas produções de alimentos para bovinos (7.5%) e suínos (4.5%). Em termos acumulados, com base na amostra representativa da IACA, regista-se uma contração na produção de 1.2%, com redu-ções nas aves (-6.7%) e outros animais (-8.9%) e um incremento nos alimentos para bovinos (8.8%) e suínos (3.1%). Outra nota de destaque na conjuntura prende-se com a forte capacidade de resiliência do chamado “mercado livre” face ao mercado integrado, com uma tendência contrária ao mercado global. De acordo com as nossas estimativas e dentro da amostra,

as integrações representam cerca de 60% do mercado. Foi ainda referido o problema dos preços das matérias-primas, designa-damente os cereais e a soja, que continua em alta, apesar da oferta histórica, as preocupações que decorrem das tensões na Ucrânia e as dificuldades em repassar os custos ao longo da cadeia alimentar e que põem em causa a viabilidade da Fileira Pecuária Nacional.Uma vez mais, obrigado aos nossos asso-ciados pela forte presença em Fátima,

pelas questões que colocaram, pelo debate vivo, franco e aberto e uma palavra de agradecimento e muito especial aos pales-trantes e à DGAV e Plataforma Bestsupplier que nos apoiaram e ajudaram a formar e informar os nossos sócios. De resto, as intervenções estão disponíveis no nosso website e chamamos a atenção para o Manual de Boas Práticas sobre o Fabrico, Distribuição e Utilização de Alimentos Medicamentosos, apresentado e distribuído pela DGAV nesta reunião.

Page 50: 25 ANOS A INFORMAR E PROMOVER A INDÚSTRIA

50 | A L IM ENTAÇÃO A N I M A L

ALIMENTAÇÃO ANIMALRevista da Associação Portuguesa

dos Industriais de Alimentos Compostos

para Animais – IACA

NIPC - 500835411

TRIMESTRAL ‑ ANO XXV Nº 87Janeiro / Fevereiro / Março

DIRETORCristina de Sousa

CONSELHO EDITORIAL E TÉCNICOAna Cristina Monteiro

Germano Marques da Silva

Jaime Piçarra

Pedro Folque

Manuel Chaveiro Soares

COORDENAÇÃOJaime Piçarra

Amália Silva

Serviços da IACA

ADMINISTRAÇÃO, SEDE DE REDAÇÃO E PUBLICIDADE(incluindo receção de publicidade,

assinaturas, textos e fotos)

Amália Silva

IACA - Av. 5 de Outubro, 21 - 2º E

1050 -047 LISBOA

Tel. 21 351 17 70

Telefax 21 353 03 87

[email protected]

SITEwww.iaca.pt

EDITORAssociação Portuguesa dos Industriais

de Alimentos Compostos para Animais – IACA

EXECUÇÃO GRÁFICASersilito - Empresa Gráfica, Lda.

Travessa Sá e Melo, 209

4471 -909 Gueifães - Maia

PROPRIETÁRIOAssociação Portuguesa dos Industriais de

Alimentos Compostos para Animais - IACA

Av. 5 de Outubro, 21 - 2º E

1050 -047 Lisboa

DEPÓSITO LEGALNº 26599/89

REGISTONº 113 810 no ICS

FICHA TÉCNICA AGENDA DE REUNIÕES DA IACA

Data JANEIRO 2014

7 Reunião Interprofissional da Fileira do PorcoReunião na DGAV Projeto QUALIACA

8 Visita à Alirações

17 Apresentação da Plataforma   SKAN – Sharing Knowledge Agrifood Networks   no INIAV

22Reunião da CT 37Reunião da Comissão ExecutivaIntervenção da IACA (engº Romão Braz)no evento da Europabio em Bruxelas

23 Reunião da Direção

28 Audição no Parlamento Europeu sobre as do acordo entre a União Europeia e os Estados Unidos (TTIP)

29 Grupo Consultivo da Comissão Europeia sobre Energia e Biocombustíveis

30 Apresentação do “Plano de Ação Nacional para a Redução do Uso de Antibióticos nos Animais-PANRUAA”

Data FEVEREIRO 2014

5 Reunião da Comissão Executiva

6 Visita à Promor

13 Colégio dos Diretores Gerais

19 Workshop “Investigação e Inovação em Saúde Animal”Comissão Executiva

20 Reunião da Direção

21 Sessão de Trabalho Práticas Restritivas do Comércio (PIRC)

Data MARÇO 2014

5G.T. “Plano de Ação Nacional para a Redução do Uso de Antibióticos nos animais” (PANRUAA) - Reunião de RelatoresSeminário Elanco/DGAV sobre Antibióticos

6 Reunião na     DGAV sobre projeto QUALIACA

11 Comité Pré-Misturas da FEFAC

11 Seminário Brandsweet

12 Comité Nutrição Animal

13 Grupo Consultivo sobre os Acordos Comerciais

14 e 15 VI Jornadas de Bovinicultura da UTAD

17 Visita à Provimi

24 Reunião da Comissão Executiva

25 Reunião da DireçãoReunião Regional da Indústria

26Conselho Consultivo da FIPA  com os Presidentes das AssociaçõesCongresso da APEDReunião da CT37

27 Assembleia Geral Ordinária da FIPA

28 Grupo Consultivo dos Cereais (Comissão Europeia/ DGAGRI)

31 Reunião com a ASEMAC em Madrid

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